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ANÁLISE NUMÉRICO-EXPERIMENTAL DA UTILIZAÇÃO DE COLUNAS DE ÁGUA

OSCILANTES PARA CONTROLE DE PITCH DE FPSO

Daniel de Oliveira Costa

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro.

Orientador: Antonio Carlos Fernandes

Rio de Janeiro

i
Julho de 2017

ANÁLISE NUMÉRICO-EXPERIMENTAL DA UTILIZAÇÃO DE COLUNAS DE ÁGUA


OSCILANTES PARA CONTROLE DE PITCH DE FPSO

Daniel de Oliveira Costa

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE


ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL.

Banca Examinadora:

_______________________________________________________
Prof. Antonio Carlos Fernandes, Ph.D., DENO – UFRJ

_______________________________________________________
Prof. Carlos Antonio Levi da Conceição, Ph.D. , DENO – UFRJ

_______________________________________________________
Dr. Allan Carré de Oliveira, D.Sc., CENPES – PETROBRAS

_______________________________________________________
Dr. Joel Sena Sales Jr. D.Sc., LOC – UFRJ

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

ii
JULHO DE 2017

Costa, Daniel de Oliveira

Análise Numérico-Experimental da Utilização de


Colunas de Água Oscilantes para Controle de Pitch de
FPSO / Daniel de Oliveira Costa. – Rio de Janeiro: UFRJ /
Escola Politécnica, 2017.

XI, 69 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Antonio Carlos Fernandes

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/


Curso de Engenharia Naval e Oceânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 68-69

1. 2. Resposta em Ondas de Casco com Moonpools. 3.


Colunas de Água Oscilantes. I. Fernandes, Antonio Carlos.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola
Politécnica, Departamento de Engenharia Naval e Oceânica.
III. Análise Numérico-Experimental da Utilização de
Colunas de Água Oscilantes para Controle de Pitch de
FPSO.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha família por todo incentivo e apoio dado em toda minha
vida, em especial durante os anos de minha graduação. Pela compreensão nos períodos mais
complicados e estressantes e por terem me dado a oportunidade de seguir em busca de meus
objetivos. À minha mãe, pela sua entrega incondicional em criar e educar seus filhos, a meu
irmão e à minha irmã por estarem sempre presentes, aos meus tios e tias pelo amparo nos
momentos mais difíceis, e aos meus avós por todo ensinamento e experiência proporcionados.

À minha namorada, Larissa, por todo apoio na reta final deste trabalho, pelo incentivo e
compreensão nas vezes em que estive ausente, e pelos momentos de carinho e descontração que
ajudaram a seguir em frente.

Aos amigos mais antigos, agradeço por todo incentivo e suporte durante estes anos, pelos
momentos de diversão e distração e pela amizade. Um agradecimento especial para Aline W. S.
Pinto, Bernardo Abad, Carlos Estevão B. C. Filho, Gabriela C. Paletta, Maria C. Hennies, à
minha prima e amiga Ursula W. de C. Costa e Wu Ta Wei por terem participado de muitas das
minhas experiências e criado tantas boas memórias, renovando minhas energias por várias
ocasiões.

Agradeço também aos meus colegas do curso de Engenharia Naval da UFRJ, inclusive
àqueles que optaram por seguir outros caminhos, por terem me acompanhado ao longo de minha
formação acadêmica, compartilhando conhecimento e momentos de lazer. Em especial, aos
amigos Bernardo de M. Kahn, Diana V. Moreira, Jonas H. B. Filho, Rachel V. Khalil e Victor de
Q. Alves pelo apoio e amizade ao longo destes anos.

A todos do Laboratório de Ondas e Correntes da UFRJ pelo auxílio em todas as ocasiões


necessárias durante os anos em que tive a felicidade de fazer parte desta equipe. Aos amigos
Júlio C. C. da Silva, Lucas Machado, Igor S. Carvalho, Joel S. S. Junior e Luiz A. Ferreira por
todo aprendizado, pela paciência em explicar e ajudar nos diversos momentos, pelo apoio e pelos
momentos de descontração e lazer.

Ao Professor Antonio Carlos Fernandes, não somente pela orientação e estímulo na


execução deste trabalho, mas principalmente por todo conhecimento passado a mim e por todas
as oportunidades dadas para que eu pudesse me desenvolver academicamente, tornando minha
passagem pela universidade mais proveitosa, satisfatória e enriquecedora.

Agradeço por fim a todos aqueles não citados diretamente nestes parágrafos, mas que,
direta ou indiretamente, contribuíram em minha formação acadêmica, profissional e pessoal. A
todos, meu reconhecimento e gratidão!

iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Naval e Oceânica
da Escola Politécnica, UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de
Engenheiro Naval.

ANÁLISE NUMÉRICO-EXPERIMENTAL DA UTILIZAÇÃO DE COLUNAS DE ÁGUA


OSCILANTES PARA CONTROLE DE PITCH DE FPSO

Daniel de Oliveira Costa

Julho/2017

Orientador: Antonio Carlos Fernandes

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Plataformas do tipo FPSO, devido às suas características geométricas usuais, possuem


resposta natural concentrada na faixa mais energética habitualmente encontrada em mares,
gerando respostas acentuadas em Heave e Pitch. Por consequência, ocorrem amplitudes de
movimentos em seus extremos bastante intensas. Esses movimentos acentuados acarretam
dificuldades operacionais, tanto por motivos de segurança quanto por motivos de integridade
estrutural dos risers, devido a problemas por fadiga.

O presente trabalho pretende prosseguir com o estudo do uso de Colunas de Água


Oscilantes, unindo-o ao conceito de dissipadores de energia, para tentar reduzir as amplitudes do
movimento em Pitch. Os estudos foram realizados através de análises teóricas, análise
experimental, com testes realizados no Laboratório de Ondas e Correntes (LOC) da UFRJ,
análise numérica por meio do código WAMIT.

v
Abstract of Undergraduate Project presented to the Department of Naval Architecture and Ocean
Engineering of POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Naval
Architect and Ocean Engineer.

NUMERICAL-EXPERIMENTAL ANALYSIS OF THE USE OF OSCILLATING WATER


COLUMNS FOR THE CONTROL OF PITCH RESPONSE OF FPSO PLATFORMS

Daniel de Oliveira Costa

July/2017

Advisor: Antonio Carlos Fernandes

Course: Naval Architecture and Ocean Engineering

FPSO platforms, due to their usual geometric characteristics, have a natural response
concentrated in the most energetic range usually found in the ocean, resulting in large amplitudes
of Heave and Pitch responses. Consequently, the overall movement in the platform extremes can
be very intense. These severe motions lead to operational difficulties, both for safety reasons and
for structural integrity of risers, due to fatigue problems.

The present study intends to continue with the research on the use of Oscillating Water
Columns, joining it to the concept of Energy Dissipators, in order to reduce the Pitch response
amplitudes. The studies were conducted through theoretical, experimental and numerical
analysis, with experiments performed at the Waves and Currents Laboratory (LOC) of UFRJ,
and the numerical approach done through WAMIT code.

vi
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................1
2. CONCEITO PROPOSTO....................................................................................................................4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................5
3.1. Colunas d’Água Oscilantes – OWC.............................................................................................5
3.2. Geração de Energia com uso de OWC.........................................................................................7
4. MÉTODO ADOTADO.....................................................................................................................10
4.1. APARATOS UTILIZADOS..............................................................................................................12
5. ANÁLISE DO CASCO ÍNTEGRO...................................................................................................15
5.1. Análise Teórica – Resposta em Ondas do Casco Íntegro...........................................................15
5.2. Modelo Físico............................................................................................................................21
5.3. Análise Experimental.................................................................................................................25
5.4. Simulação Numérica – WAMIT.................................................................................................31
5.5. Estudo de Caso..........................................................................................................................35
6. ESCOA MENTO EM MOONPOOLS – ESTUDO EM CILINDROS..............................................40
6.1. Formulação Teórica...................................................................................................................40
6.2. Análise Experimental.................................................................................................................42
6.3. Dispositivo Dissipador de Energia (DDE).................................................................................43
7. ESTUDO DOS CASCOS MODIFICADOS......................................................................................46
7.1. Resposta em Ondas de modelo com Moonpools........................................................................46
7.2. Definição dos Cascos Modificados............................................................................................47
7.3. Estudo simplificado – Geometria Prismática.............................................................................50
7.4. Resposta do Casco Modificado com Moonpools para β = 0º.....................................................52
7.5. Resposta do Casco Modificado com Moonpools para β = 12º..................................................56
7.6. Resposta do Casco Modificado com Moonpools e DDE’s para β = 0º.......................................58
7.7. Resposta do Casco Modificado com Moonpools e DDE’s para β = 12º....................................61
8. CONCLUSÕES.................................................................................................................................63
9. ESTUDOS FUTUROS......................................................................................................................68
10. REFERÊNCIAS................................................................................................................................69

vii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Esquema operacional de um FPSO..............................................................................................1


Figura 2- Unidades FPSO em operação ao redor do mundo [1]..................................................................2
Figura 3 - Esquema ilustrando comportamentos usuais de diferentes unidades flutuantes e estado de mar.3
Figura 4 - Sistema proposto.........................................................................................................................4
Figura 5 - Relação entre a resposta do sistema e o coeficiente de amortecimento do absorvedor dinâmico
[16]..............................................................................................................................................................5
Figura 6- Geometria ótima (de maiores amplitudes de resposta) encontrada em [10].................................8
Figura 7- Ilustração de um dos modelos estudados em [11], com moonpool...............................................9
Figura 8 - Resultados obtidos em [11] para resposta em Heave, Pitch e movimento relativo entre casco e
superfície livre dos moonpools....................................................................................................................9
Figura 9 - Fluxograma esquemático do método sugerido..........................................................................12
Figura 10 - Canal de Ondas do LOC.........................................................................................................13
Figura 11 - Arranjo utilizado para medição de elevação da superfície livre: Wave Probes com QuantumX /
HBM..........................................................................................................................................................14
Figura 12 - Sinal obtido para elevação da Superficie Livre com o sistema utilizado. Sinal completo à
esquerda, e à direita sinal truncado no intervalo de interesse.....................................................................15
Figura 13 - Sistema massa-mola-amortecedor [16]...................................................................................16
Figura 14 - Resposta típica de um sistema massa-mola-amortecedor a uma força periódica [16].............17
Figura 15 - Graus de Liberdade de uma embarcação.................................................................................18
Figura 16 - Função de densidade espectral geral de um mar irregular [17]...............................................19
Figura 17 - Modelo de FPSO usado no projeto..........................................................................................21
Figura 18 - Modelo flutuando sem trim ou banda aparentes......................................................................22
Figura 19 - Medição do centro de gravidade, com uma célula de carga à esquerda, e com uma balança à
direita........................................................................................................................................................22
Figura 20 - Ensaio bifilar do Casco Íntegro sem lastro..............................................................................23
Figura 21 - Resultados do Ensaio Bifilar com reta ajustada......................................................................24
Figura 22 - Ensaio do Modelo Íntegro.......................................................................................................26
Figura 23 - Séries temporais para resposta em Pitch do modelo, completa e truncada..............................26
Figura 24 - Série temporal de elevação da onda........................................................................................26
Figura 25 - RAO de Heave para Casco Íntegro.........................................................................................27
Figura 26 - RAO de Pitch para o Casco Íntegro........................................................................................27
Figura 27 - Série temporal do ensaio de decaimento em Heave.................................................................28
Figura 28 - Função espectral da resposta em Heave do modelo em decaimento........................................29
Figura 29 - Série temporal da resposta em Heave do modelo para uma onda de 0.8 s de período.............29
Figura 30 - Série temporal do ensaio de decaimento em Pitch..................................................................30
Figura 31 - Modelo computacional do Casco Íntegro................................................................................31
Figura 32 - RAO's de Heave e Pitch obtidos através do WAMIT..............................................................32
Figura 33 - Reprodução do corpo e suas imagens, com paredes do canal..................................................33
Figura 34 - RAO's de Heave e Pitch obtidos para modelo em canal..........................................................33

viii
Figura 35 - Região Correspondente aos dados utilizados e Distribuição das alturas de ondas observadas
em função de sua direção...........................................................................................................................35
Figura 36 – RAO’s de Heave do Casco Íntegro mais energéticos para cada quadrante.............................36
Figura 37 – RAO’s de Pitch do Casco Íntegro mais energéticos para cada quadrante...............................37
Figura 38 - Resposta em Heave do Casco Íntegro para cada quadrante.....................................................37
Figura 39 - Resposta em Pitch do Casco Íntegro para cada quadrante.......................................................37
Figura 40 - Casco Íntegro com ângulo de aproamento..............................................................................38
Figura 41 - RAO de Heave para Casco Íntegro e variação de aproamento................................................39
Figura 42 - RAO de Pitch para Casco Íntegro e variação de aproamento..................................................39
Figura 43 - Cilindro de Acrílico utilizado nos ensaios de decaimento de OWC. Á direita, superfície livre
com deslocamento, prestes a iniciar o ensaio.............................................................................................42
Figura 44 - Série temporal do ensaio de decaimento da OWC. À direita, série truncada e envoltória
estimada.....................................................................................................................................................43
Figura 45 - DDE's utilizados nos experimentos.........................................................................................44
Figura 46 - Séries temporais obtidas nos ensaios de decaimento - DDE's.................................................45
Figura 47 - Coeficiente de amortecimento x DDDE / DOWC...................................................................46
Figura 48 - Modelo Modificado em ensaio, com DMP = 100 mm...............................................................48
Figura 49 - Medição do Momento de Inércia com a Pitching Table..........................................................49
Figura 50 - Geometrias prismáticas utilizadas no estudo simplificado de impacto dos parâmetros...........50
Figura 51 - Influência do Diâmetro do moonpool em geometria prismática na resposta em Heave...........51
Figura 52 - Influência do Diâmetro do moonpool em geometria prismática na resposta em Pitch............52
Figura 53 - Resposta em Heave para Casco Modificado com moolpools, ondas de proa...........................53
Figura 54 - Resposta em Pitch para Casco Modificado com moolpools, ondas de proa............................53
Figura 55 - Séries Temporais para movimento da coluna d'água no inteior dos moonpools de proa e popa
..................................................................................................................................................................55
Figura 56 - RAO`s dos moopools, sem DDE`s e onda de proa..................................................................55
Figura 57 - Resposta em Heave para Casco Modificado com moonpools, β = 12º....................................56
Figura 58 - Resposta em Pitch para Casco Modificado com moonpools, β = 12º......................................57
Figura 59 - RAO`s dos moonpools, sem DDE`s e β = 12º.........................................................................58
Figura 60 - Resposta em Heave para Casco Modificado com moonpools e DDE`s para onda de proa......59
Figura 61 - Resposta em Pitch para Casco Modificado com moonpools e DDE`s para onda de proa........60
Figura 62 - RAO`s dos moonpools, com DDE`s e β = 0º...........................................................................60
Figura 63 - Resposta em Heave para Casco Modificado com moonpools e DDE`s, β = 12º.....................61
Figura 64 - Resposta em Pitch para Casco Modificado com moonpools e DDE`s, β = 12º......................62
Figura 65 - RAO`s dos moonpools, com DDE`s e β = 12º.........................................................................62
Figura 66 – Comparação das Respostas em Heave entre Casco Íntegro e Cascos Modificados e onda de
proa............................................................................................................................................................64
Figura 67– Comparação das Respostas em Pitch entre Casco Íntegro e Cascos Modificados e onda de
proa............................................................................................................................................................65
Figura 68 - Comparação das Respostas em Heave entre Casco Íntegro e Cascos Modificados e β = 12º. .66
Figura 69 - Comparação das Respostas em Pitch entre Casco Íntegro e Cascos Modificados e β = 12º....67

ix
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação das dimensões entre FPSO e Semissubmersível....................................................2


Tabela 2 - Dados dos modelos usados em [11]............................................................................................7
Tabela 3 - Principais parâmetros do conceito proposto.............................................................................10
Tabela 4 – Dimensões da plataforma adotada e seu modelo em escala reduzida.......................................20
Tabela 5 - Tabela de períodos medidos em ensaio bifilar do Casco Original sem lastro...........................23
Tabela 6 - Propriedades geométricas e de distribuição de massa do Modelo Íntegro................................24
Tabela 7 - Coeficientes de amortecimento vs DI/DE para T = 7 cm............................................................44
Tabela 8 - Características dos Modelos Modificados................................................................................48

x
LISTA DE SÍMBOLOS

OWC – Coluna d’Água Oscilante (do inglês, Oscillating Water Column) ;

FPSO – Floating Production Storage and Offloading vessel ;

LOC – Laboratório de Ondas e Correntes;

DDE – Dispositivo Dissipador de Energia;

RAO – Response Amplitude Operator;

L¿ – comprimento submerso da OWC;

La – comprimento adicional da OWC;

ω n – frequência natural angular;

K – número de onda;

T – período de onda;

A – amplitude da onda;

x G – posição longitudinal do centro de gravidade do modelo a partir do seu extremo à ré;

z G – posição vertical do centro de gravidade do modelo a partir da linha de base;

m – massa do modelo;

I 5– momento de inércia em relação ao eixo transversal do modelo;

η3 – amplitude do movimento de Heave do modelo;

η5 – amplitude do movimento de Pitch do modelo;

xi
1. INTRODUÇÃO

Plataformas do tipo FPSO, do inglês Floating, Production, Storage and Offloading, são
unidades flutuantes projetadas para extração, armazenamento e escoamento do petróleo
proveniente de poços petrolíferos localizados no leito marinho. O petróleo é elevado do poço à
plataforma através de dutos denominados risers, armazenado nos tanques da plataforma e então
transferido para embarcações aliviadoras para ser transportado para a costa. A Figura 1 ilustra
um esquema para a operação de um FPSO.

Figura 1- Esquema operacional de um FPSO


Inicialmente, as primeiras plataformas do tipo FPSO eram construídas a partir da
conversão de navios do tipo VLCC (Very Large Crude Carrier), que são embarcações petroleiras
de grandes dimensões construídas ao longo da década de 1970. A primeira FPSO a ser instalada
no mundo foi a Shell Castellon, em 1976 na Espanha. No Brasil, a primeira plataforma FPSO foi
construída a partir da conversão do petroleiro Presidente Prudente Moraes, que foi iniciada em
1977. Em 1979, a FPSO PP Moraes começou a operar no campo de Garoupa.

Hoje, as plataformas FPSO são largamente utilizadas ao redor do mundo, em especial ao


longo da costa brasileira. Como ilustração, das 45 unidades flutuantes operadas pela Petrobras
atualmente, 29 são do tipo FPSO, representando quase 66% do total. Na Figura 2, obtida no
website offshore-mag [1], é possível verificar o número de plataformas FPSO instaladas e
operando ao redor do globo, com destaque para a costa brasileira, que possui a grande maioria
das unidades.

1
Figura 2- Unidades FPSO em operação ao redor do mundo [1]
Como consequência da larga utilização, algumas das plataformas FPSO atuais são
projetadas como unidades flutuantes estacionárias o que altera a geometria de seu casco,
otimizando seu comportamento em ondas e reduzindo a preocupação com a sua resistência ao
avanço.

O diferencial deste tipo de plataforma de petróleo é que ela é capaz, ao contrário das
outras unidades, de armazenar óleo produzido em tanques internos, o que facilita a lógica de
escoamento além de possibilitar sua operação em poços mais distantes da costa. Para isto, há
uma necessidade maior de volumes internos para possibilitar esse armazenamento, o que acarreta
em dimensões maiores para este tipo de plataforma. A Tabela 1 apresenta uma comparação entre
as plataformas Cidade Saquarema, do tipo FPSO, com a P-52, uma das maiores
semissubmersíveis já produzidas.

Tabela 1 - Comparação das dimensões entre FPSO e Semissubmersível

Plataforma Comprimento Largura (m) Produção


(m) (barril/dia)
Cidade Saquarema 346,5 58,00 150.000
P-36 125,0 110,00 180.000

2
As dimensões apresentadas na Tabela 1 ilustram a grande diferença entre as geometrias
usuais de plataformas do tipo FPSO e semissubmersíveis, onde as primeiras são bem mais
esbeltas e, em geral, apresentam maior área de convés. Os volumes submersos e as áreas na
lâmina d’água costumam ser bastante diferentes entre as plataformas, em geral são maiores nas
plataformas FPSO.

A consequência dinâmica destas características geométricas é uma resposta natural deste


tipo de unidade flutuante se concentra na faixa mais energética habitualmente encontrada em
mares. Ou seja, a faixa de períodos de excitação em que as plataformas tendem a ter respostas
mais acentuadas se concentra na mesma faixa de períodos de maior amplitude encontradas no
mar. A Figura 3 apresenta um esquema comparando as respostas usuais dos diferentes tipos de
unidades flutuantes e com um espectro generalizado de estado de mar. Podemos perceber que as
respostas das FPSO’s estão contidas na mesma faixa de maior energia do mar. Considerando
ainda o comprimento, que em geral é bastante maior para as FPSO’s, as amplitudes de
movimentos verticais nos extremos de plataformas FPSO são muito mais intensas.

Figura 3 - Esquema ilustrando comportamentos usuais de diferentes unidades flutuantes e


estado de mar

Os movimentos mais intensos nas extremidades também são acompanhados por maiores
velocidades e acelerações nas FPSO’s em relação às semissubmersíveis. Esses movimentos

3
acentuados acarretam em dificuldades operacionais, tanto por motivos de segurança quanto por
motivos de integridade estrutural dos risers, devido a problemas por fadiga.

Tendo em vista os problemas apresentados acima, há um interesse em minimizar as


amplitudes da resposta em Pitch de plataformas do tipo FPSO. Silva [2], Guimarães [3] e
Medeiros [4] estudaram a tentativa do controle da resposta em Pitch através do uso de Sistema
de Colunas d’Água Oscilantes (OWC), sendo o primeiro uma análise inicial e os dois últimos
uma tentativa de conciliar o conceito de OWC ao conceito de absorvedores dinâmicos.

O presente trabalho pretende prosseguir com o uso de OWC, desta vez unindo-o ao
conceito de dissipadores de energia para tentar aumentar o momento restaurador da plataforma,
reduzindo as amplitudes do movimento. Os estudos foram realizados através de análise
experimental, com testes realizados no Laboratório de Ondas e Correntes (LOC) da UFRJ, e a
análise numérica foi feita por meio do código WAMIT, que faz uso da Teoria Potencial para
realizar as simulações.

2. CONCEITO PROPOSTO

Assim como proposto por Guimarães [3] e Medeiros [4], o sistema consiste no
posicionamento de dois moonpools, um a vante e outro a ré da embarcação, representando duas
Colunas d’Água Oscilantes. A diferença é que, no presente projeto, adiciona-se um elemento de
dissipação de energia em cada um dos moonpools. A Figura 4 apresenta uma ilustração do
sistema proposto.

Wave Moment OWC Moment

Energy Absorption Devices

Figura 4 - Sistema proposto


O sistema permite a movimentação da superfície livre interna aos moonpools devido à
passagem de ondas, gerando fluxos tanto de água quanto de ar. A expectativa é que os
moonpools intensifiquem a resposta em Heave e Pitch do casco devido à redução de inércia e
amortecimento. O uso de dissipadores de energia tende a reduzir tais amplitudes. Com o
dimensionamento e posicionamento correto dos moonpools e dos dissipadores de energia,
4
espera-se gerar um momento oposto àquele gerado pelas ondas, reduzindo, portanto, as
amplitudes das respostas.

A consequência dinâmica da instalação dos moonpools no casco pode ser analisada


através do conceito de Absorvedores Dinâmicos de Vibração, como apresentado por Medeiros
[4]. As diferentes frequências naturais introduzidas no sistema, que passa a ter outros graus de
liberdade correspondentes aos movimentos das Colunas d’Água Oscilantes. Os Dispositivos
Dissipadores de Energia, portanto, têm por objetivo alterar os amortecimentos das oscilações das
colunas d’água no interior de cada moonpool.

Como proposto por Rao [16], a resposta do sistema estudado depende dos coeficientes de
amortecimento dos absorvedores dinâmicos, aqui representados pelos moonpools. Ou seja,
espera-se que com a escolha adequada dos coeficientes de amortecimento dos DDE’s instalados
nos moonpools seja possível provocar uma redução em Pitch da embarcação. A Figura 5 ilustra a
relação entre a resposta do sistema e o coeficiente de amortecimento do absorvedor dinâmico.

Figura 5 - Relação entre a resposta do sistema e o coeficiente de amortecimento do


absorvedor dinâmico [16]

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Colunas d’Água Oscilantes – OWC

O conceito de Coluna d’Água Oscilante (OWC) consiste em uma estrutura que apresenta
em seu interior dois fluidos, na prática água e ar, apresentando, portanto, uma superfície livre
interna, e com uma de suas extremidades submersas se conectando com um campo de ondas
exterior. Este conceito é bastante aplicado na geração de energia elétrica para aproveitar a

5
energia disponível das ondas externas, usando o fluxo de ar gerado pela variação da elevação de
sua superfície interior para movimentar turbinas.

A frequência natural de uma OWC pode ser calculada através da expressão (1),
apresentada abaixo. Esta formulação geral está presente em todas as referências que abordam o
assunto e pode ser obtida realizando o estudo dinâmico da coluna fluida considerando apenas o
peso como força restauradora.

√ g (1)
ω n=
L¿

Diversos estudos já foram conduzidos a fim de obter melhor compreensão da capacidade


do uso de OWC’s e suas características. Lighthill [5] realizou um dos primeiros estudos acerca
do assunto, criando a hipótese de que há um campo de pressões adicional que eleva a pressão do
fluido interno ao moonpool, definindo ainda que este aumento é proporcional à largura do
moonpool. Em seu estudo, Lighthill propõe o conceito de comprimento adicional da OWC (L a),
reduzindo sua frequência natural apresentada na expressão (1) através do aumento do
denominador. Este valor pode ser entendido como consequência de uma força inercial
hidrodinâmica se opondo ao movimento da coluna fluida, ou seja, uma “massa adicional” da
coluna d’água.

√ g (2)
ω n=
L¿ + La

Evans [6] deu continuidade à análise de OWC’s, atribuindo uma condição de contorno à
superfície livre com pressão harmônica. Evans apresentou ainda uma estimativa de uma
condição de ressonância para corpos rígidos oscilantes, ocorrendo quando:

K∗L¿=1.0 (3)

Embora Evans [6], em seu trabalho, tenha desconsiderado o efeito de comprimento


adicional da coluna fluida, suas propostas para determinação do campo de pressões e condição
de ressonância possibilitaram a modelagem da oscilação da superfície livre através de cálculos
numéricos em teoria potencial.

Para aplicação no código Wamit, Lee, Newman e Nielsen [7], baseados nas hipóteses de
Evans [6], desenvolveram o modo pistão (piston mode), que consiste em adicionar uma
superfície no interior do moonpool simulando sua superfície livre, como uma tampa (lid). Este
modelo permite a adição de valores externos de inércia, amortecimento e restauração, permitindo
então inserir os valores de amortecimento “extra”, relacionados à viscosidade do escoamento,
não previsto nos códigos de Teoria Potencial e influentes na região interna de moonpools. Neste
modo pistão, o WAMIT considera apenas movimentos verticais da superfície livre interna aos

6
moonpools, ajudando a prever sua elevação e, por isso, pode ser uma ferramenta para realizar
simulação de OWC’s, já testada por Guimarães [3] e Medeiros [4].

Em trabalho experimental, Fukuda [8] sugere a seguinte formulação para estimativa do


comprimento adicional de moonpools para uma geometria qualquer de seção transversal
(experimentos realizados com a presença do casco):

La=0.410 √ A (4)

Oliveira [9] realizou experimentos a fim de obter o comprimento adicional da OWC, bem
como a parcela viscosa do amortecimento, estimado entre 4% e 6% do amortecimento crítico.
Após análise dos resultados de seus experimentos, Oliveira sugere a seguinte expressão para o
cálculo do comprimento adicional para OWC’s de seção circular:

La ≅ 0.849 R=0.479 √ A (5)

A pequena diferença entre as formulações desenvolvidas por Fukuda e Oliveira pode ser
justificada pelas diferentes propostas, visto que Fukuda desenvolve sua expressão para um
formato qualquer de seção transversal, enquanto que Oliveira o faz para uma seção circular.
Além disso, Fukuda realiza seus experimentos para moonpools, ou seja, com a presença do casco
ao redor da OWC, e Oliveira realiza sua análise para uma OWC sem casco ao redor. Conclui-se,
portanto, que o casco não influi de maneira significativa na frequência natural da OWC.

3.2. Geração de Energia com uso de OWC

Buchner e Jaouen [10] apresentaram em seu estudo o conceito do “Inverse Concept”,


uma unidade flutuante projetada para geração de energia elétrica a partir da energia das ondas,
denominado desta maneira, pois, para este conceito, deseja-se maximizar as amplitudes de
resposta de modo a gerar mais energia. Dentre as diferentes formas que existem para aproveitar a
energia das ondas, o Inverse Concept pode ser classificado em três grupos:

 Overtopping, por ser projetada para ocorrência de alagamento do convés devido à


incidência de ondas, coletando o escoamento no convés em um reservatório e
encaminhando-o a uma turbina que, ao ser movimentada, gera energia elétrica;
 Heaving, por converter o movimento de Heave da unidade em movimento
rotacional, acionando geradores elétricos;
 Pitching, por usar o movimento de Pitch da unidade provocando movimento
relativo entre estruturas que bombeiam óleo a um gerador elétrico.
No estudo [10], uma análise detalhada de diferentes geometrias foi feita, chegando à
forma final, escolhida por apresentar maiores amplitudes de Heave e Pitch tendo, portanto, maior
potencial de geração de energia elétrica. A forma escolhida é apresentada na Figura 6.

7
Figura 6- Geometria ótima (de maiores amplitudes de resposta) encontrada em [10]
Em publicação posterior, Helder, Schmittner e Buchner [11] seguiram com o estudo do
Inverse Concept para geração de energia, mas, desta vez, usando o conceito de OWC através de
moonpools posicionados no casco da unidade. Diferentes geometrias e dimensões foram
analisadas para os moonpools além da geometria da unidade, conforme apresentado na Tabela 2,
onde modelo “0” representa a forma final definida no estudo anterior [10], usada como forma
inicial neste estudo [11].

Tabela 2 - Dados dos modelos usados em [11]

Redução Freq. Natural La


MP Área Kyy Deslocamento
Modelo de Área OWC (Fukuda)
(m²) - (rad/s) (m) (m) (t)
0 - 0% - - 8 2056
1 19.5 13.77% 1.09 1.81 8 1738
2 29.3 20.69% 1.07 2.22 8 1594
3 38.6 27.25% 1.05 2.55 8 1450
4 49.2 34.74% 1.03 2.88 6 1307
5 49.2 34.74% 1.03 2.88 7 1307
6 49.2 34.74% 1.03 2.88 8 1307

Os valores de área para cada moonpool adotados para o estudo [11] variaram de 6% até
17% da área do convés, aproximadamente, gerando as reduções apresentadas na Tabela 2.
Percebe-se também que seu raio de giro em Pitch (Kyy) foi alterado, mas isto foi feito sem alterar
as dimensões principais de cada modelo. A queda no deslocamento observada entre os modelos
deve-se à perda de volume deslocado provocada pelo aumento da área dos moonpools.

8
A Figura 7 apresenta um dos modelos estudados, onde se pode observar a geometria dos
moonpools adotados, enquanto que a Figura 8 ilustra alguns dos resultados obtidos pelos autores
[11] em seu estudo.

Figura 7- Ilustração de um dos modelos estudados em [11], com moonpool

Figura 8 - Resultados obtidos em [11] para resposta em Heave, Pitch e movimento


relativo entre casco e superfície livre dos moonpools

9
Diversas conclusões podem ser tiradas a partir dos resultados expostos na Figura 8.
Primeiramente, observa-se que o uso de moonpools como OWC no casco provocam o aumento
das amplitudes de resposta tanto em Heave quanto em Pitch da unidade.

Para a resposta em Heave, a única influência aparente é na amplitude da resposta, mas a


frequência natural parece permanecer igual, ou ao menos muito próximo do valor observado para
o casco original. Para a resposta em Pitch, além do aumento na amplitude do movimento
percebe-se também uma alteração no valor da frequência natural, tendendo a diminuir com o
aumento do diâmetro do moonpool.

Finalmente, os dois gráficos inferiores mostram o movimento relativo entre casco e


fluido para o moonpool posicionado à vante (esquerda) e à ré (direita), com amplitudes
consideravelmente grandes e numa banda de frequência bastante extensa. Observa-se a
existência de três picos de amplitude nas respostas de movimento relativo, apontados pelos
autores como consequência das frequências naturais encontradas para o casco em Heave e Pitch,
e também da frequência natural encontrada para o movimento absoluto da superfície livre
(omitida neste resumo, mas apresentada em [11]).

Assim como observado na resposta em Pitch, os picos de maior e menor frequência


deslocam-se para a esquerda conforme a área do moonpool aumenta, o que não é observado
apenas para o pico central, onde todas as curvas se aproximam. Os autores apontam que o motivo
para isso é o fato de o pico central estar relacionado com a frequência natural em Heave dos
modelos, onde o mesmo fenômeno foi visualizado, ou seja, não houve alteração de sua
frequência natural.

Diversas outras conclusões são apresentadas pelos autores em seu estudo [11], mas para o
presente projeto os pontos de importância foram os citados acima. Conclui-se que o uso de
moonpools tende a aumentar as amplitudes de resposta do casco, exatamente o oposto ao

10
desejado para o presente projeto, porém entende-se que seu dimensionamento correto pode gerar
menor impacto na resposta, sugerindo que o uso de dissipadores de energia pode ser promissor,
gerando uma resposta final de menor amplitude.

4. MÉTODO ADOTADO

4.1. Descrição do Método

A primeira etapa do projeto foi definida como a análise de um modelo geral de


plataforma FPSO sem moonpools instalados em seu casco, chamado ‘Casco Íntegro’. Esta etapa
foi executada por meio de estudo numérico, através do código WAMIT [12], e através de
experimentos realizados no Laboratório de Ondas e Correntes (LOC) da UFRJ. Um estudo
teórico também foi realizado para melhor compreensão do fenômeno.

A análise mencionada acima possibilitou a definição das características de


comportamento em onda do casco estudado em uma situação específica, considerando apenas
um sistema de ondas alinhado com a proa da embarcação, ou seja, com ângulo de incidência em
de 0º em relação à proa (180º na referência adotada pelo WAMIT). No presente trabalho, o
ângulo da onda incidente em relação à proa do modelo é definido pela variável β , por convenção.
Considerando o ângulo β como outro parâmetro a ser analisado, um Estudo de Caso foi feito,
definindo uma segunda configuração a ser analisada para validar o conceito proposto em um
cenário definido a partir de um estudo de condições ambientais possíveis enfrentados por uma
plataforma instalada na Bacia de Campos, apresentado no item 5.5 deste trabalho.

A fim de melhor entender o comportamento do fluido no interior dos moonpools, um


estudo do escoamento no interior de cilindros foi feito, simulando os casos desejados,
correspondendo à segunda fase do projeto. Para tal, propôs-se uma abordagem teórica para
compreensão do problema, seguido de extensa bateria de experimentos realizados no LOC. Nesta
etapa também foi realizado o estudo do efeito dos Dispositivos Dissipadores de Energia (DDE’s)
sobre o escoamento, especialmente sobre o coeficiente de amortecimento observado na oscilação
da superfície livre.

A partir do conhecimento do comportamento em ondas do Casco Íntegro e do


movimento fluido no interior de cilindros, sem e com DDE’s, a terceira etapa consistiu na
aplicação do conceito proposto, modificando a geometria do casco através da instalação de
moonpools em seus extremos de vante e ré. As análises desta etapa foram realizadas através de
experimentos, conduzidos no Canal de Ondas do LOC, e computacionalmente, através do código
WAMIT. Maiores detalhes da execução desta fase são apresentados ao longo do item 8, deste
relatório.

11
A metodologia proposta sugere que, seguindo as 3 etapas apresentadas acima, seja
possível obter uma configuração ótima que reduza a resposta em Pitch da embarcação. Logo, a
última etapa consiste em uma fase de otimização do Casco Modificado, com análise de vários
resultados obtidos através de várias configurações. A iteratividade desta fase pode ser explicada
pelos vários parâmetros que influenciam no resultado final, que dependem não somente do casco
inicial, a ser otimizado, mas também das características do moonpool.

Tabela 3 - Principais parâmetros do conceito proposto

Parâmetros Símbolo
Casco Inicial -
Ângulo de incidência da onda em relação ao casco β
Geometria dos Moonpools -
Diâmetro (área seccional) dos Moonpools DMP
Posição longitudinal dos Moonpools xMP
Distância entre os Moonpools ΔxMP
Amortecimento dos conjuntos Moonpool + DDE ζ

A Tabela 3 apresenta uma lista simplificada dos diversos parâmetros que podem
influenciar na resposta final do Casco Modificado. A solução mais adequada para uma
determinada geometria seria obtida após a variação e a análise do grau de impacto de cada
parâmetro sobre sua resposta, resultando, portanto, em um elevado número de configurações a
serem estudadas.

A metodologia proposta para obtenção de um casco otimizado a partir de uma forma


inicial e de uma geometria definida para os moonpools pode ser ilustrada através do esquema
apresentado na Figura 9.

12
Estudo do Comportamento em Ondas do Estudo do escoamento no interior da
Casco Íntegro OWC

Definição das variações a serem


realizadas nos parâmetros

Estudo do Comportamento em Ondas do


Casco Modificado e do escoamento no
interior dos moonpools

Alteração dos parâmetros conforme


estabelecido

Seleção da configuração mais adequada

Figura 9 - Fluxograma esquemático do método sugerido

4.2. Aparatos Utilizados

Parte das ferramentas usadas ao longo deste projeto consiste em softwares


computacionais utilizados para modelagem 3D e para cálculos numéricos em hidrodinâmica. O
software utilizado para modelar a geometria dos cascos foi o Rhinoceros.

Para realização dos cálculos de comportamento em ondas dos modelos foi utilizado o
programa WAMIT [12], cuja licença foi fornecida pelo LOC, que consiste em um código em
Teoria Potencial para cálculo das pressões atuantes ao longo da superfície das geometrias
estudadas no domínio da frequência, gerando os chamados Response Amplitude Operators
(RAO’s). As respostas fornecidas pelo programa, como informado em seu manual [12], são
adimensionalizadas da seguinte forma:

ξi (6)
RAOi = n
A /L

13
Na expressão acima, ξ i corresponde à resposta do modelo estudado no Grau de Liberdade
i, A representa a amplitude da onda incidente, L um comprimento de referência relacionado ao
modelo estudado e n é um parâmetro que é igual a 0 para os movimentos de translação (i = 1,2,3,
correspondendo aos movimentos de Surge, Sway e Heave), e igual a 1 para as rotações (i = 4,5,6,
correspondendo aos movimentos de Roll, Pitch e Yaw).

Todos os equipamentos e estruturas utilizados na realização dos experimentos deste


projeto foram fornecidos pelo LOC. A principal estrutura do LOC utilizada neste projeto foi seu
Canal de Ondas, que consiste em um tanque de 30 m de comprimento por 1 m de largura, com
um batedor de ondas do tipo Flap em uma de suas extremidades e uma praia passiva na outra.

Batedor

Região de Ensaio

Praia Passiva

Figura 10 - Canal de Ondas do LOC

O batedor do canal possui capacidade de geração de ondas regulares ou irregulares, e é


capaz de gerar ondas de maneira confiável de períodos entre 0.5 s até 2.0 s, como se verificou em
alguns ensaios de calibração. Neste projeto, optou-se pelo uso de ondas incidentes regulares,
mesmo tendo capacidade de gerar ondas irregulares ou transientes com o batedor.

A verificação das ondas foi feita por meio de equipamentos de medição de elevação da
superfície livre, ou Wave Probes. Como explicado por Steen [13], estes equipamentos consistem
em um fio condutor estendido ao longo de uma haste e ligado a um circuito alimentador. A
resistência oferecida pelo fio condutor é inversamente proporcional à parcela em contato com a
água, de maneira que, quanto maior sua parcela submersa, maior a corrente medida pelo
aparelho.

14
A calibração do equipamento pode ser feita de maneira estática, ou seja, cria-se uma
relação entre uma unidade de comprimento de deslocamento vertical do aparelho (alteração da
parcela submersa) e a variação da corrente medida por ele.

Para transmissão e leitura dos dados medidos pelo circuito dos Wave Probes foi
necessário o uso de um sistema de aquisição chamado QuantumX, da empresa HBM [14] e
também fornecido pelo LOC. O hardware recebe os sinais dos circuitos dos sensores, amplifica-
os e, através do software associado a este hardware, o Catman Easy, apresenta leitura em tempo
real e permite a gravação dos sinais obtidos. A Figura 11 apresenta um arranjo utilizado para
medição das ondas para fins de verificação e calibração do batedor.

QuantumX/HBM

Wave Probes

Figura 11 - Arranjo utilizado para medição de elevação da superfície livre: Wave Probes
com QuantumX / HBM

Com o uso de Wave Probes e do QuantumX, a leitura da elevação da superfície livre do


canal foi possível, permitindo a calibração e verificação do batedor. A Figura 12 apresenta uma
série temporal da leitura realizada para uma onda regular de período de 1.4 segundos. É possível
perceber que, após uma fase inicial transiente, o sinal apresenta comportamento periódico, de
período de 1.4 segundos, como o ajuste de uma curva senoidal ao sinal mostrado no lado direito
da Figura 12.

15
T = 1.4 s
15

10

5
wp1 (mm)

-5

-10
0 20 40 60 80 100 120 140
t (s)

Figura 12 - Sinal obtido para elevação da Superficie Livre com o sistema utilizado. Sinal
completo à esquerda, e à direita sinal truncado no intervalo de interesse

Para o ensaio de resposta em ondas dos modelos, foi necessário ainda utilizar um
equipamento que permitisse a leitura de seu movimento. As câmeras Oqus do sistema de
aquisição Qualysis [15], também fornecidas pelo LOC, foram utilizadas para tal. Este conjunto
de câmeras possui a capacidade de capturar com alta precisão as posições de diferentes
marcações de referência, registrando suas posições ao longo do tempo. Através de seu software
de apoio, o QTM, é possível não apenas obter um sinal temporal da posição de cada referência,
mas também definir corpos em que estas referências estão aderidas e calcular seus movimentos.

5. ANÁLISE DO CASCO ÍNTEGRO

5.1. Análise Teórica – Resposta em Ondas do Casco Íntegro

O estudo de comportamento em ondas de uma embarcação é a análise de sua resposta


dado um sistema de ondas incidente sobre a mesma. A análise leva em conta as características
cinemáticas induzidas pelas ondas sobre o casco. Logo, a onda atua como um forçante sobre o
casco e sua atuação, tanto em intensidade como em direção, varia ao longo do tempo. De forma
extremamente simplificada, o conjunto casco-onda pode ser entendido como um sistema massa-
mola-amortecedor, como mostrado na Figura 13, extraída de Rao [16].

16
Figura 13 - Sistema massa-mola-amortecedor [16]
Na Figura 13, o bloco de massa m representa a embarcação e sua inércia, seja qual for a
direção do movimento; a mola k representa a força restauradora do casco, que depende da
interação entre gravidade e o empuxo atuantes sobre o casco e da direção do movimento
analisado; o amortecedor c representa o amortecimento da embarcação, com suas parcelas
viscosa e potencial do fenômeno; e F(t) é a força imposta sobre o bloco (navio) em função do
tempo, representando a ação da onda sobre o casco.

Embora a representação por um sistema massa-mola-amortecedor com um grau de


liberdade seja bastante simplificada, muitos dos conceitos aplicados ao caso real de análise de
comportamento em ondas são válidos neste modelo.

Para o sistema massa-mola-amortecedor com 1 grau de liberdade, assumindo uma força


periódica do tipo F=F 0 cos ⁡(ωt) atuando sobre bloco, a resposta do bloco é dada pela equação
(7), onde X representa a amplitude de resposta.

X 1 (7)
=
F 0 ( k −mω ² )2 + ( c ω )2

A expressão acima pode ser apresentada também em sua forma adimensional em função

de sua frequência natural (ω n=

amortecimento (ζ ).
√ k
m
), frequência de excitação (ω ) e seu coeficiente de

kX 1 (8)
=

( )
F0 ω²
2
2
1− + ( ζω )
ωn ²

17
kX
A razão adimensional pode ser chamada de RAO, do inglês Response Amplitude
F0
Operator, e fornece a razão entre a amplitude da resposta do sistema e a força F(t). A Figura 14,
obtida de [16], mostra uma curva típica de um adimensional RAO em função da frequência da
excitação.

Figura 14 - Resposta típica de um sistema massa-mola-amortecedor a uma força periódica


[16]
Outro ponto a ser mencionado das expressões que relacionam o movimento induzido no
bloco por uma força periódica é o conceito de Ressonância, que é o fenômeno de aumento
exponencial da resposta do sistema dado um forçante pelo fato de a frequência de excitação ser
igual à sua frequência natural de oscilação, ou seja, da frequência apresentada por um sistema ao
oscilar livremente e sem amortecimento. Em sistemas ideais, sem amortecimento, a resposta da
massa a uma frequência de oscilação igual à sua frequência natural tenderia ao infinito.

Ao inserir o fator de amortecimento a resposta de oscilação possui um valor máximo,


dependente exatamente deste fator, mas ainda assim a resposta pode atingir amplitudes bastante
significativas. Outra consequência de considerar o amortecimento do sistema é que a frequência
em que o fenômeno da ressonância ocorre é um pouco diferente da frequência natural, diferença
esta que também depende do valor do fator de amortecimento.

Todos os conceitos apresentados acima, embora explicados de forma simplificada no


sistema oscilatório mais simples possível, também são válidos em embarcações oscilando devido
ao movimento das ondas. Na prática, o estudo é mais complexo que o simples sistema massa-
mola adotado. Primeiramente, toda a explicação foi desenvolvida para um sistema de apenas 1
grau de liberdade, já em uma embarcação, como mostrado na Figura 15, há 6 graus de liberdade,
que correspondem aos seus movimentos de rotação e translação.

18
Figura 15 - Graus de Liberdade de uma embarcação
Outro fator que torna a análise de comportamento em ondas mais complexa que um
sistema massa-mola é que a força, além de não ser harmônica, não é bem conhecida. Como
mencionado acima, a força oscilatória atuante sobre o casco é uma composição de seu peso e das
pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas atuando sobre sua superfície, que dependem da
distribuição de pesos na embarcação e da geometria submersa, respectivamente.

Ainda que seja possível, embora seja complexo, obter as forças atuantes no casco e com
isso obter o valor de F 0, as forças variam no tempo de forma aleatória, tanto em intensidade
quanto em seu período. Isso porque as ondas incidentes no casco, que provocam as forças que
atuam sobre ele, o fazem de maneira também aleatória.

Na teoria de ondas, chama-se de Mar Regular aquele que a elevação das ondas em um
ponto fixo pode ser representada fielmente por uma expressão periódica:

ζ (t)=ζ a cos ⁡(ωt+ ε ) (9)

Na realidade, a expressão acima pouco representa um estado de mar real. Para


caracterizar mais corretamente o estado de mar, visto que na realidade tanto a amplitude quanto o
período das ondas variam com o tempo, considera-se que a superfície do mar pode ser descrita
como a superposição de diversas (teoricamente infinitas) ondas regulares de pequenas
amplitudes, como uma série de Fourier:

ζ (t)=∑ ζ a ,i cos ⁡(ω i t+ ε i ) (10)

Tal abordagem, embora ajude a modelar mais precisamente a superfície do mar e, com
isso, a obter com maior precisão a força F (t) atuante no casco, dificulta a solução da equação. A
abordagem mais usual é o cálculo no domínio da frequência.

Desta forma, uma análise estatística dos dados de elevação do mar irregular é feita, e o
mesmo é então caracterizado por uma função de densidade espectral. A Figura 16, extraída de
[17], ilustra uma forma geral de uma função de densidade espectral de um mar irregular.

19
Figura 16 - Função de densidade espectral geral de um mar irregular [17]
Nota-se no espectro demonstrado acima que o período (frequência) das ondas de maior
ocorrência corresponde ao pico do espectro. No caso ilustrado, o espectro possui apenas um pico,
o que indica que existe maior ocorrência de uma determinada onda, de altura e período
específicos, mas é possível que em determinados casos haja mais de um pico no espectro,
indicando maior ocorrência de diferentes ondas.

Historicamente foram desenvolvidas expressões matemáticas que representam espectros a


partir de diversos registros do mar com o intuito de se determinar o estado de mar de modo mais
fácil e ágil, sem haver a necessidade de um estudo detalhado a todo o momento. Dentre eles se
destacam os espectros de Neumann, Pierson-Moskowitz, o espectro padrão da ITTC e o espectro
de JONSWAP. Em todos os casos, a partir de informações básicas como altura significativa de
onda, período aparente ou velocidade do vento é possível determinar a função de espectro de
onda.

Ainda que o espectro indique as ondas de maior ocorrência, é imprudente avaliar apenas
tal onda. Isto porque a probabilidade de ocorrência de outras ondas é relevante e a resposta da
embarcação em outras ondas pode ser ainda mais significante, dependendo de sua frequência
natural.

Logo, a partir de um dado estado de mar, caracterizado por sua função de densidade
espectral ( S ( ω )), e uma unidade flutuante, com sua função RAO conhecida, a resposta da
embarcação é dada pelo produto da curva RAO da embarcação pelo espectro de densidade da
onda.
2
Snavio ( ω )=S ( ω )| H ( ω )| =S ( ω )∗RAO (11)

Há ainda outra complexidade no estudo dinâmico de sistemas flutuantes excitados


hidrodinamicamente por consequência do que pode chamar de acoplamento dos diferentes graus
de liberdade.

20
O movimento do navio provoca reações hidrodinâmicas proporcionais ao deslocamento,
sua velocidade e sua aceleração. Assim, a segunda Lei de Newton aplicada à unidade flutuante,
dada uma força aleatória pode ser escrita como apresentado na equação (12), onde [M]
representa a matriz de inércia do corpo, η seu movimento e as matrizes [A], [B] e [C]
representam os coeficientes hidrodinâmicos proporcionais à sua aceleração, velocidade e
deslocamento.

∑ ⃗F ext = [ M ] { η̈ }=−[ A ] { η̈ }− [ B ] { η̇ }−[ C ] { η } (12)

Para fins de simplificação da análise, Neves [17] denomina de movimentos simétricos


aqueles em que o plano da Linha de Centro da embarcação permanece inalterado, ou seja,
movimentos de Surge, Heave e Pitch. Por consequência, antissimétricos são os movimentos que
movimentam o plano central, ou seja, movimentos de Sway, Roll e Yaw.

Considera-se que há um acoplamento dos movimentos simétricos entre si, bem como dos
antissimétricos entre eles. Assim, a movimentação da unidade flutuante em uma das direções
induz movimentos nas outras direções acopladas, se não houver qualquer restrição a esses
movimentos. Isso quer dizer que, uma força aleatória agindo sobre o casco induz movimentos em
pelo menos três direções. Considera-se ainda que o movimento de Surge, por não haver
deslocamento vertical, possui baixo acoplamento com os movimentos de Heave e Pitch.

Portanto, considerando uma onda monocromática incidindo sobre o casco, a segunda Lei
de Newton pode ser aplicada apenas nas direções de Heave e Pitch.

{m∗η¨3 =−A 35∗η¨5−b35∗η̇5− A33∗η̈3−b 33∗η̇3−C35∗η5−C 33∗η3 + F 03∗cos ( ω∗t+ ε 3 ) (1


m∗η¨5 =−A 35∗η¨3−b35∗η̇3− A55∗η̈5−b 55∗η̇5−C35∗η3−C 55∗η5 + F 05∗cos ( ω∗t+ ε 5 ) 3)

A expressão acima indica que, fossem conhecidos os coeficientes hidrodinâmicos, seria


possível obter a resposta da embarcação para o caso de uma onda monocromática. Por se tratar
de Equação Diferencial Ordinária não homogênea de segunda ordem, entende-se que as
respostas apresentadas pela embarcação estão sintonizadas com a excitação, ou seja, possuem
movimento harmônico de mesma frequência, apresentando diferentes ângulos de fase.

Como mencionado acima, a dificuldade de expressar a força gerada pela onda sobre o
casco junto do fato de uma onda monocromática pouco representar um estado de mar real torna a
análise no domínio do tempo mais complexa, justificando a realização da análise no domínio da
frequência através das funções de densidade espectral.

Porém, o entendimento das forças atuantes sobre o casco íntegro (sem moonpools) é
válida para que seja possível entender os efeitos provocados alteração de sua geometria, através
da implementação de moonpools, terão em sua resposta.

21
5.2. Modelo Físico

Como mencionado, o presente projeto é, de certa forma, uma continuidade do estudo do


efeito do uso do conceito de OWC’s em FPSO’s para minimização de sua resposta em Pitch. Por
isso, a geometria utilizada neste projeto é a mesma usada por Guimarães [3] e Medeiros [4],
representando um casco geral de uma plataforma FPSO, como apresentado na Figura 17.

Figura 17 - Modelo de FPSO usado no projeto

O casco utilizado representa um modelo em escala reduzida de 1:300 de um casco


representativo de um FPSO. A Tabela 4 apresenta as dimensões principais do FPSO e do modelo
empregado. Na Figura 17, também é possível observar 4 esferas prateadas, as marcações de
referência usadas para captação do sistema Qualisys.

Tabela 4 – Dimensões da plataforma adotada e seu modelo em escala reduzida

Escala Real Modelo


Comprimento (m) 339 1.13
Boca (m) 56.8 0.17
Calado (m) 20.9 0.07
Pontal (m) 36.6 0.12

Neste projeto, foi determinado que o estudo fosse realizado para uma embarcação com
posição de equilíbrio estático sem inclinações, ou seja, a distribuição deveria ser tal que não
houvesse condição de banda ou trim. Esta escolha, aliada à determinação de seu calado,
condiciona a quantidade e posição do lastro a ser inserido.

22
Figura 18 - Modelo flutuando sem trim ou banda aparentes

Assim, dois parâmetros relacionados à distribuição de massa do modelo relevantes para o


projeto ainda ficaram em aberto: a posição vertical de seu centro de massa ( z G) e seu momento
de inércia em torno do eixo transversal ( I 5). Estas variáveis são fatores importantes na resposta
em Pitch do casco, mas a princípio não há uma forma de determiná-las. Estes valores foram,
portanto, arbitrados de acordo distribuições de massa factíveis neste projeto, e considerando
valores usualmente encontrados em embarcações.

Em relação à posição vertical do centro de gravidade, as formulações apresentadas por


Schneekluth e Bertram [18] sugerem que seu valor é de aproximadamente metade do pontal da
embarcação. Para o momento de inércia ao redor do eixo transversal, alguns autores, como
Bhattacharyya [19], sugerem que ele pode ser expresso em função de seu raio de giro, que
apresenta valores de aproximadamente 25% do comprimento do navio ou modelo.

Experimentalmente, as medições da posição do centro de gravidade e do momento de


inércia foram conduzidas no LOC. As posições longitudinal e vertical foram realizadas de duas
formas distintas, mas sempre usando o conceito de momento de uma força ao redor de um ponto:
a primeira delas através de uma célula de carga, apoiando o modelo de forma mais aproximada
de um suporte pontual A segunda forma foi semelhante, mas utilizando uma balança para
medição.

Figura 19 - Medição do centro de gravidade, com uma célula de carga à esquerda, e com
uma balança à direita

23
A medição do momento de inércia transversal foi feita através do ensaio bifilar, como
sugerido por Steen [13]. Neste ensaio, estende-se o modelo através de dois cabos de
comprimentos conhecidos e iguais (L) e de distância também conhecida (R), e impõe-se um
pequeno deslocamento angular na direção em que se deseja obter o momento de inércia.

Figura 20 - Ensaio bifilar do Casco Íntegro sem lastro

Steen [13] sugere que o período pode ser calculado pela seguinte expressão:

√ I 5∗LCABO (14)
T =2 π
m∗g∗R ²

Após aplicação do logaritmo neperiano e rearranjo da expressão, pode-se expressar o


período com uma reta em função do comprimento L:

24
( √ )
I 1 (15)
ln ( T )=ln 2 π 2
+ ∗ln ( L )=b+ a∗ln ⁡(L)
m∗g∗R 2

O período médio foi obtido através do valor médio encontrado após 10 oscilações do
modelo, com 5 repetições para cada comprimento do cabo. A partir da expressão (15), foi
possível ajustar uma reta aos pontos obtidos experimentalmente e apresentados na Tabela 5, onde
o coeficiente linear desta reta (b) é diretamente proporcional ao momento de inércia desejado.

Tabela 5 - Tabela de períodos medidos em ensaio bifilar do Casco Original sem lastro

L (m) 10*T1 (s) 10*T2 (s) 10*T3 (s) 10*T4 (s) 10*T5 (s) Tm (s)
1.42 38.37 38.34 38.22 38.31 38.25 3.83
1.33 36.84 36.81 36.66 36.97 36.84 3.68
1.17 34.35 34.22 34.37 34.21 34.25 3.43
1.09 33.69 33.47 33.63 33.47 33.37 3.35
0.92 29.94 30 29.97 29.88 30.19 3.00

A Figura 21 apresenta a plotagem de ln(T) em função de ln(L), com os valores obtidos


por regressão.

1.4
Dados Experimentais
Reta Ajustada
1.35

1.3

1.25
ln(T)

1.2

1.15

1.1

1.05
-0.1 -0.05 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
ln(L)

Figura 21 - Resultados do Ensaio Bifilar com reta ajustada

25
Com isso, o momento de inércia transversal obtido para o Casco Íntegro sem lastro foi de
0.378 kg.m², muito abaixo do valor sugerido por Bhattacharyya [19]. Por conta disto, o lastro foi
posicionado próximo à proa e popa do modelo, resultando em um aumento do momento de
inércia.

Depois de lastrado, o modelo apresentou condição de equilíbrio estática sem banda ou


trim, como ilustrado na Figura 18, e seus valores de altura de centro de gravidade e momento de
inércia transversal foram de: z G=0.046 m e I 5 = 1.089 kg.m², valores próximos dos sugeridos e,
portanto, mantidos. A Tabela 6 sumariza as características do Modelo Íntegro.

Tabela 6 - Propriedades geométricas e de distribuição de massa do Modelo Íntegro

Comprimento (m) 1.13


Boca (m) 0.17
Calado (m) 0.07
Pontal (m) 0.12
xG (m) 0.575
zG (m) 0.046
I5 (kg.m²) 1.089

5.3. Análise Experimental

Para a determinação do RAO do modelo. A abordagem escolhida foi de compor seu RAO
a partir de casos de ondas incidentes regulares, varrendo o espectro ponto a ponto.

Como mencionado no item 5 deste relatório, o batedor de ondas do LOC possui


capacidade de geração de ondas de período entre 0.5 s até 2.0 s com boa confiabilidade. Na
escala real, as ondas correspondentes teriam período entre 8.66 s e 34.64 s, abrangendo
praticamente toda região energética usualmente encontrada nos mares.

Os períodos de onda utilizados nos ensaios foram escolhidos dentro do intervalo


mencionado. As alturas das ondas incidentes foram estimadas para ter aproximadamente 2% de
seu comprimento com um limite máximo de 3 cm (6 m, na escala real), valores adotados para
não extrapolar os limites da teoria linear. O canal foi mantido com uma profundidade de 0.8 m
durante os ensaios.

O modelo foi posicionado aproximadamente na metade do comprimento do tanque, com


uma distância de 15 m do batedor. Seu sistema de amarras foi simulado através de um conjunto
de molas metálicas macias presas às paredes do canal. Um Wave Probe foi posicionado à vante
do modelo para servir de verificação das ondas geradas pelo batedor para o cálculo do RAO. A
Figura 22 ilustra a configuração usada durante os ensaios. O sistema de captação da Qualisys,
apresentado no item 5 deste relatório, foi utilizado para medição da resposta do modelo.

26
Câmeras
da
Qualisys

Modelo

Wave Probes

Figura 22 - Ensaio do Modelo Íntegro

As análises das séries temporais obtidas do Qualisys e do QuantumX foram feitas através
de rotinas em Matlab. As Figuras 23 e 24 ilustram duas séries temporais obtidas para a resposta
em Pitch do modelo e de elevação da superfície livre com uma onda incidente.
TONDA = 1.4 s T =1.4 s, Aonda =26 mm
1.5 1.5
Dados
5 =1.1*sin(4.5*t +1.1)
1 1
Resposta emPitch (º)

0.5 0.5
pitch (rad)

0 0

-0.5 -0.5

-1 -1

-1.5 -1.5
0 20 40 60 80 100 120 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80
t(s) t (s)

Figura 23 - Séries temporais para resposta em Pitch do modelo, completa e truncada


TONDA = 1.4 s
15

10

5
Elevação (mm)

-5

-10

-15
0 20 40 60 80 100 120 140
t(s)

Figura 24 - Série temporal de elevação da onda

27
Cada uma das ondas experimentadas foi repetida ao menos uma vez, para reduzir a
margem de incerteza experimental. Os RAO’s de Heave e Pitch foram calculados a partir das
expressões (16) e (17), que dependem da amplitude média de oscilação em Heave (η3) e Pitch (η5
), respectivamente, bem como da amplitude da onda incidente (A) e, no caso de Pitch, do número
de onda (K).

η3 (16)
RAO3 =
A
η5 (17)
RAO5 =
K∗A
Os valores de η3 e η5 foram obtidos tanto por meio do desvio padrão dos sinais quanto
por ajuste de curvas senoidais, abordagens que se mostraram equivalentes. Os resultados obtidos
para os RAO’s de Heave e Pitch são apresentados nas Figuras 25 e 26.

Figura 25 - RAO de Heave para Casco Íntegro

Figura 26 - RAO de Pitch para o Casco Íntegro


28
Analisando a curva apresentada na Figura 25, é possível visualizar um grande número de
picos. A sensação inicial é que o primeiro pico, para uma onda incidente de período igual a 0.60
s, aparentemente corresponde ao período natural da embarcação para o movimento de Heave. Os
outros picos aparentam estar relacionados com o algum efeito de bloqueio sofrido pela
embarcação pela proximidade das paredes do canal ou alguma causa não hidrodinâmica, como o
sistema de molas utilizado para evitar a deriva do modelo. Os altos valores do RAO fortalecem
esta tese.

Uma análise mais cuidadosa se fez necessária para uma melhor compreensão dos picos
encontrados através de um ensaio de decaimento do modelo. A Figura 27 mostra uma série
temporal para a resposta em Heave do modelo em decaimento.

15

10
Resposta em Heave (mm)

-5

-10

-15
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t(s)

Figura 27 - Série temporal do ensaio de decaimento em Heave


A princípio, o sinal parece bastante ruidoso e pouco sugere uma resposta típica de
decaimento. Porém, considerando a hipótese levantada de efeitos de bloqueio ou mecânicos
experimentados pelo modelo durante seus ensaios em onda, é compreensível que tais efeitos
também sejam evidentes em seu ensaio de decaimento. Portanto, fez-se uma análise espectral do
sinal para identificar as frequências mais ocorrentes, cujo gráfico é apresentado na Figura 28.

Pela Figura 28, apresentada abaixo, dois picos de frequência são observados no sinal
espectral, um de 1.27 Hz, que corresponde a um período de aproximadamente 0.78 s, e outro de
1.61 Hz, correspondente a um período de aproximadamente 0.62 s. Se voltarmos ao RAO em
Heave do modelo, na Figura 25, percebe-se que ambos os períodos estão ligados aos picos do
RAO, sugerindo que um deles, ou até ambos, correspondem a seu período natural.

29
35

30

25

FFTHeave 20

15

10

0
0.5 1 1.2695 1.6113 2 2.5
f (Hz)

Figura 28 - Função espectral da resposta em Heave do modelo em decaimento


Relembrando o estudo conceitual apresentado ao longo do item 6.1 deste relatório, a
teoria linear do comportamento em ondas prevê apenas 1 período natural para cada grau de
liberdade do modelo, mas considera-se que há um alto grau de acoplamento entre os movimentos
de Heave e Pitch do modelo.

O sinal temporal da resposta do modelo em Heave para uma onda incidente de período
igual a 0.80 s apresenta algo semelhante a um batimento, fenômeno característico de um sistema
quando excitado próximo de seu período natural, como define Rao [16], o que não é verificado
para uma onda de período igual a 0.60 s ou 0.65 s.

30

20
Resposta em Heave (mm)

10

-10

-20

-30
0 20 40 60 80 100 120 140
t(s)

Figura 29 - Série temporal da resposta em Heave do modelo para uma onda de 0.8 s de
período

30
Voltando ao RAO de Pitch do modelo, apresentado na Figura 26, percebe-se um pico de
resposta para uma onda incidente de período igual a 0.6 s, correspondente a seu período natural.
Seu ensaio de decaimento, apresentado na Figura 30, segue abaixo.

1.5

0.5
Resposta em Pitch (º)

-0.5

-1

-1.5

-2
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t(s)

Figura 30 - Série temporal do ensaio de decaimento em Pitch


Assim como observado para o decaimento em Heave do modelo, o sinal não possui a
aparência típica de ensaios de decaimento, com mesmos picos presentes em sua análise espectral.

Outra característica interessante observada nos RAO’s de Heave e Pitch do modelo é que
as curvas possuem característica assintótica em 1, ou seja, para períodos tendendo ao infinito,
tais curvas tendem a se aproximar de 1. Isto é justificado pelo fato de ondas de grandes períodos
terem grandes comprimentos, fazendo com que o modelo se mova acompanhando o movimento
da superfície livre.

O valor encontrado experimentalmente para o período natural em Pitch do modelo é de,


aproximadamente, 0.60 s, o que corresponde a um período de 10.39 s na escala real. No caso de
Heave, dois picos foram encontrados, em 0.80 s e 0.60 s, correspondendo a períodos de 13.86 s e
10.39 s na escala real. Não houve conclusão sobre qual dos valores corresponde ao período
natural em Heave do modelo, se houve alguma intensificação do acoplamento entre Heave e
Pitch do modelo por conta de efeitos de bloqueio ou se houve influência mecânica do sistema de
molas utilizado nos ensaios.

31
5.4. Simulação Numérica – WAMIT

A geometria correspondente ao Casco Íntegro foi modelado através do Rhinoceros, e


depois exportado para o formato ‘.gdf’, que é o formato utilizado pelo WAMIT para leitura da
geometria a ser analisada. Para utilização no WAMIT, foi necessário modelar apenas a parte
submersa do casco, visto que o programa utiliza Teoria Potencial Linear em seus cálculos,
expandindo a elevação da superfície livre ao seu redor.

Figura 31 - Modelo computacional do Casco Íntegro

Dentre os diversos métodos possíveis para realizar as simulações, o método High-Order


com a geometria descrita através de Splines foi o escolhido. As simulações iniciais foram feitas
considerando os efeitos de radiação e difração, para ondas de período localizado entre 0.5 s e 2.0
s, mesmo intervalo utilizado para os experimentos. Considerou-se inicialmente ondas de proa,
com ângulo de incidência de 180º de acordo com o convencionado no WAMIT, ou para β=0 o,
como convencionado neste trabalho.

Os RAO’s exportados pelo WAMIT são definidos conforme a expressão (6) apresentada
no item 5.1deste relatório. Os resultados obtidos são apresentados nas Figuras 31 e 32. Quanto ao
RAO de Heave, percebe-se a existência de apenas 1 pico localizado a um período de
aproximadamente 0.70 s, não correspondendo a nenhum daqueles encontrados
experimentalmente. Esta diferença pode ser explicada pela impossibilidade em reproduzir as
condições ideias usadas no WAMIT, visto que nem o sistema de molas nem as paredes do canal
foram introduzidas na simulação, além de outros possíveis motivos.

32
RAO 3 x T(s) RAO 5 x T(s)
1.4 0.8

1.2 0.7

0.6
1

RAO5 = 5 / (K*A)
0.5
0.8
RAO3

0.4
0.6
0.3

0.4
0.2

0.2
0.1

0 0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
T (s) T (s)

Figura 32 - RAO's de Heave e Pitch obtidos através do WAMIT


Quanto ao RAO de Pitch do modelo, percebe-se que também há uma diferença entre as
curvas encontradas experimentalmente e através do WAMIT, e os motivos provavelmente são os
mesmos. É possível observar uma pequena elevação na curva para valores de período próximos a
0.60 s, o que corresponde ao período natural do modelo. Porém, a curva fornecida pelo WAMIT é
bem menos acentuada que a experimental, apresentada na Figura 26, e o motivo pode ser,
novamente, o que distorceu as curvas obtidas experimentalmente. Percebe-se que, assim como
em Heave, o comportamento geral das curvas de Pitch é semelhante à encontrada através dos
ensaios, se desconsideradas estas diferenças numéricas e for analisado o comportamento da
curva.

Para investigar se as diferenças encontradas para os RAO’s de Heave entre as abordagens


numérica e experimental poderiam ser consequência de um possível efeito de bloqueio, como
proposto anteriormente, foi realizada uma nova simulação no WAMIT. A princípio, não há uma
abordagem direta disponível no software que permita este tipo de simulação, mas diferentes
técnicas foram propostas para tal.

Newman [20] sugere três diferentes possibilidades para simular os efeitos de bloqueio em
um modelo sobre ação de ondas em um canal, que consistem em utilizar uma combinação finita
de imagens do modelo, como se as paredes do canal fossem ‘espelhos’, inserir paredes reflexivas
de comprimento finito e sem espessura como novos corpos e sem geração de ondas por
Irradiação, ou resolver as funções de Green para as imagens do modelo. A terceira possibilidade,
de acordo com Newman [20], representa a abordagem mais precisa em relação às outras, mas
requer mais esforço. Ainda de acordo com Newman [20], ambas as alternativas propostas
apresentam resultados são consistentes, mesmo que tenham mais limitações de aplicação.

Para o presente projeto, foi utilizada a primeira alternativa proposta por Newman [20],
utilizando um número par de imagens do modelo com espaçamento igual à largura do canal (1

33
m), através da análise multicorpos disponível no WAMIT. A princípio, quanto maior número de
imagens mais precisa tende a ser a resposta obtida através desta abordagem, mas, para os valores
de período de onda estudados, Newman [20] indica que 2 imagens se mostram bastante
adequadas, visto que um maior número de corpos resultaria em um esforço computacional
consideravelmente maior, sem grandes alterações nos resultados obtidos. Vale reforçar que,
fossem os períodos analisados inferiores ao do presente projeto, seria necessário um número
maior de imagens para capturar adequadamente os efeitos de bloqueio sobre o modelo.

Figura 33 - Reprodução do corpo e suas imagens, com paredes do canal

RAO3 x T(s) RAO5 x T(s)


SemMoonpool - WAMIT SemMoonpool - WAMIT
1.4 0.8
Nimagens = 0 Nimagens = 0
1.2 Nimagens = 2 0.7 Nimagens = 2

0.6
1
RAO5 = 5/(K*A)

0.5
RAO3 = 3/A

0.8
0.4
0.6
0.3

0.4
0.2

0.2 0.1

0 0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
T(s) T(s)

Figura 34 - RAO's de Heave e Pitch obtidos para modelo em canal


O RAO de Heave obtido para o modelo confinado, como mostrado ao lado esquerdo da
Figura 34, nos permite concluir que, embora os efeitos de bloqueio tenham provocado pequena
amplificação em sua resposta para períodos entre 0.9 s e 1.5 s, os picos observados
experimentalmente nesta faixa não parecem ser consequência deste fenômeno, como esperado.

34
Percebe-se uma pequena alteração no pico correspondente ao seu período natural, que na
simulação sem original era para um período de onda de 0.7 s, e passou a ser de 0.65 s,
correspondendo a um dos picos encontrados experimentalmente.

Por um lado, isto sugere certa compatibilidade entre os resultados numérico e


experimental para os resultados em Heave, visto que ambos preveem um pico na resposta do
modelo para este período. O argumento utilizado acima, de que a proximidade do modelo com as
paredes do canal possam ter amplificado o acoplamento entre seus movimentos de Heave e Pitch
parece lógico, visto que se observa também numericamente uma coincidência entre os picos em
ambos os graus de liberdade.

Por outro lado, vai contra o deduzido para o período natural do modelo através dos
experimentos, pois, além de o pico correspondente ao período de 0.8 s não estar presente na
resposta obtida através do WAMIT, a ocorrência do fenômeno de batimento, observada e
apresentada na Figura 29, não parece ser de natureza hidrodinâmica.

A partir deste resultado, conclui-se que este pico de resposta pode estar relacionado com
outros motivos, possivelmente de natureza não hidrodinâmica. A primeira possibilidade a ser
testada seria a variação do modelo de simulação do sistema de ancoragem, ou seja, a troca das
molas utilizadas para manter o modelo em sua posição. Embora tenham sido utilizadas molas de
baixa rigidez, motivo pelo qual se desconsiderou que este tenha sido motivo da resposta
inesperada, os resultados apresentados na Figura 34 indicam que possivelmente o motivo não
tenha sido hidrodinâmico, restando, a princípio, esta opção.

Outros pontos que indicam que esta possa ter sido a causa da resposta observada são os
altos valores experimentados para resposta em Heave, e não apenas a aparição de um novo pico,
e o fato do fenômeno não ter sido observado na resposta em Pitch do modelo. O segundo
argumento pode ser explicado pela simetria induzida ao serem utilizadas 4 molas, de maneira
que as molas posicionadas na proa geraram momentos que se opuseram ao momento gerado
pelas molas de popa, minimizando, ou até cancelando, os efeitos do sistema de mola na resposta
em Pitch.

Portanto, estudos mais aprofundados devem ser conduzidos a fim de verificar a influência
do sistema de ancoragem nas respostas de Heave e Pitch do modelo. Porém, no presente projeto,
como os ensaios foram realizados todos com o mesmo sistema de molas e, o objetivo principal é
o de validar o conceito proposto para minimização da resposta em Pitch do modelo, optou-se por
prosseguir com a metodologia proposta. Sugere-se, porém, que em estudos futuros sejam
realizadas investigações mais a fundo na restauração induzida pelo sistema de molas e que, se
necessário, tais valores sejam inseridos nas simulações do WAMIT para melhor comparação entre
os resultados simulados e experimentados.

35
5.5. Estudo de Caso

As respostas obtidas para o modelo até esta fase do projeto correspondem ao seu
comportamento em ondas de proa, ou seja, cujo ângulo de incidência com a proa é β=0 o. Esta
situação corresponde a um cenário bastante restrito, e desconsidera a possibilidade de a resposta
ser mais intensa para outros aproamentos. Por conta disto, foi desenvolvido um Estudo de Caso,
numa tentativa de representar um cenário mais realista de uma plataforma em alto mar.

O caso escolhido foi o de uma plataforma FPSO atracada na Bacia de Campos, com sua
proa direcionada para a direção Sudoeste. Este caso foi escolhido por representar um cenário
factível, correspondente à realidade encontrada na região selecionada.

Para análise das condições de mar, foram utilizados os dados METOCEAN da Bacia de
Campos divulgada pela PETROBRAS para serem usados em projetos de unidades a serem
instaladas na região.

Figura 35 - Região Correspondente aos dados utilizados e Distribuição das alturas de ondas
observadas em função de sua direção
Como mostrado na Figura 35, as ondas que possuem maior repetibilidade são as oriundas
da direção Nordeste, enquanto que as ondas de maiores alturas vem da direção Sul-Sudoeste.
Desta forma, como no cenário estudado a plataforma está direcionada para a direção Sudoeste, as
ondas de proa estão inseridas no quadrante SSW, que corresponde aos ângulos de incidência
entre β ≅−11.25 o até β ≅ 11.25 o, lembrando que β é o ângulo entre a onda incidente e a proa da
embarcação. As ondas de maiores alturas que incidem sobre a plataforma possuem ângulo de
incidência de, aproximadamente, β=12o , com possíveis variações dentro do quadrante Sul-
Sudoeste.

36
A análise foi feita então para determinar o pior cenário para o projeto, verificando se as
ondas de proa, de fato, representam a pior situação. Como argumentado na motivação do projeto,
grande parte do interesse em reduzir a resposta em Pitch de FPSO’s justifica-se pela tentativa de
minimizar os esforços sobre as linhas de ancoragem e risers, aumentando sua vida em fatiga. Por
este motivo, foram usadas ondas anuais para a análise, ou seja, ondas com período de repetição
de 1 ano.

A abordagem para o problema foi simular, através do código WAMIT, diversos ângulos
de aproamento da embarcação e obter seus respectivos RAO’s de Heave e Pitch. Em seguida,
obter o espectro de resposta através do produto entre os RAO’s e os espectros das ondas
incidentes, como apresentado na equação (11) do item 6.1 deste relatório. O critério estabelecido
foi o de maiores pico e energia para os espectros de resposta em Pitch, comparando com as
respostas em Heave para verificação e possível critério de desempate.

Como cada direção definida pelo METOCEAN corresponde a um quadrante, e a


distância entre os quadrantes é de 22.5º, a abordagem foi feita procurando pelos RAO’s de maior
energia para cada um dos quadrantes. As Figuras 36 e 37 apresentam os RAO’s de maior energia
para cada quadrante, para Heave e Pitch, respectivamente.

Figura 36 – RAO’s de Heave do Casco Íntegro mais energéticos para cada quadrante

37
Figura 37 – RAO’s de Pitch do Casco Íntegro mais energéticos para cada quadrante
Finalmente, realizando os produtos entre os RAO’s e os espectros do mar para cada
quadrante, a resposta final obtida é apresentada nas Figuras 38 e 39.

Figura 38 - Resposta em Heave do Casco Íntegro para cada quadrante

Figura 39 - Resposta em Pitch do Casco Íntegro para cada quadrante

38
A partir da Figura 39 é possível concluir que as direções cujas respostas em Pitch são
mais intensas são correspondentes aos ângulos de aproamento β=0 o, β=12o , β=−12o , ou seja,
ondas das direções Sudeste (ondas de proa), Sul-Sudoeste e Sul. Dada a simetria do modelo, a
avaliação dos RAO’s para β=± 12o é a mesma. Por isso, o segundo cenário a ser estudado, para
avaliar o impacto que o ângulo de aproamento tem sobre o conceito proposto, é o de β=12o .

Figura 40 - Casco Íntegro com ângulo de aproamento


Novos experimentos foram conduzidos, agora com o modelo apresentando uma
inclinação em relação às paredes do canal, como mostrado na Figura 40. A inclinação foi feita
através da alteração do sistema de molas utilizado, modificando seus comprimentos de modo que
o modelo apresentasse a inclinação desejada. A configuração dos equipamentos utilizados
permaneceu a mesma, como mostrado na Figura 40.

Os resultados obtidos através dos experimentos, em comparação com os resultados


obtidos para ondas de proa são apresentados nas Figuras 41 e 42, abaixo.

39
Figura 41 - RAO de Heave para Casco Íntegro e variação de aproamento

Figura 42 - RAO de Pitch para Casco Íntegro e variação de aproamento

Pela Figura 41 é possível perceber uma diferença além do esperado para os RAO’s de
Heave para o modelo alinhado com o canal e com um pequeno aproamento, pois, como mostrado
na Figura 34, os RAO’s calculados pelo WAMIT para Heave não são bastante parecidos para os
casos experimentados.

Para a resposta em Pitch, porém, percebe-se grande semelhança entre os RAO’s do


modelo alinhado e aproado, conforme esperado, como ilustrado na Figura 42. As curvas
apresentadas nas Figuras 41 e 42 foram utilizadas como referência para validação do conceito
proposto para mitigação da resposta em Pitch do modelo.

40
6. ESCOA MENTO EM MOONPOOLS – ESTUDO EM CILINDROS

6.1. Formulação Teórica

A compreensão dos efeitos de uma geometria com moonpool em sua resposta dependem
do entendimento das forças hidrodinâmicas atuantes no moonpool, que podem ser explicadas
pelo estudo do escoamento interno a um cilindro.

Assumindo que as forças atuantes no cilindro, durante o decaimento, são devidas ao


cisalhamento em sua parede, à variação da quantidade de movimento em seu interior, ao fluxo
em sua superfície de contorno (superfície inferior) e à restauração por conta da gravidade, chega-
se à expressão (18).

[∫ ] ∫
L ¿ +z ❑ ❑ L¿ +z
∂ (1
F CIL=FCISALHAM . + F VOL. + F FLUXO + F REST . = ∫ τ dA ' +C ż ρ d ∇ + ż ρ|ż|dS+ ∫ ρgdA
0 ∂t ∇ S 0 8)

A expressão acima é bastante geral e pode ser simplificada. Considerando que a área
seccional é constante ( A0 ), que o fluxo se dá apenas pela base do cilindro e fluido newtoniano,
ou seja, que a tensão cisalhante é proporcional à derivada da velocidade na direção radial:

[∫ ]
L ¿+ z L ¿ +z

F CIL= ∫
0
( )
μ
∂ ż
∂r
2 πR dz +C

∂t 0
ρ A 0 ż d z + A 0 ż |ż|+ ρg A0 z (19)

Assumindo movimento oscilatório no interior do cilindro e que, por isso, as velocidades


são baixas o suficiente para manter escoamento em regime laminar, assumimos perfil parabólico
para velocidade.

[∫ ]
L ¿+ z L ¿ +z

F CIL= ∫ ( μ ( f 1| ż|+ f 2 ) ) 2 πR dz +C ρ A 0 ż d z + A 0 ż|ż|+ ρg A 0 z (20)
0
∂t 0

Por conservação de massa, sendo o fluindo incompressível e a área seccional constante, a


velocidade vertical é constante ao longo de seu comprimento. Assim, integrando os termos
restantes:

F CIL=μ ( f 1|ż|+ f 2 ) 2 πR ( L¿ + z ) +C ( L¿ + z ) ρπ R z̈ + ρπ R ż |ż|+ ρgπ R z


2 2 2
(21)

Rearranjando os termos:

F CIL=2 f 1 μπR ż |ż| z+ 2 f 2 μπR ż z +2 f 1 μπR L¿ ż|ż|+2 f 2 μπR L¿ ż +Cρπ R L¿ z̈ +Cρπ R z(22)
z̈ + ρπ R ż |ż|+ ρgπ R
2 2 2 2

A expressão desenvolvida acima é geral, incluindo termos de terceira ordem.


Desprezando tais termos, chegamos à expressão final proposta para as forças atuando sobre o
cilindro:

41
F CIL=Cρπ R2 L¿ z̈+2 f 2 μπR ż z + ( 2 f 1 μπR L¿ + ρπ R2 ) ż |ż|+2 f 2 μπR L¿ ż + ρgπ R2 z (23)

A expressão obtida sugere que as forças atuantes sobre o cilindro possuem uma parcela
proporcional à aceleração, indicando uma componente inercial, uma parcela proporcional ao
deslocamento, correspondendo à restauração hidrostática, e três diferentes parcelas proporcionais
à velocidade: uma quadrática, uma linear e uma terceira proporcional ao produto de
deslocamento e velocidade. Estes três termos podem ser entendidos como amortecimentos,
termos que provocam a redução da amplitude de movimento com o passar do tempo.

Para termos de exercício, assumindo a OWC em modo pistão, ou seja, considerando toda
a coluna d’água como um corpo rígido de mesma massa descrevendo um movimento oscilatório
vertical, pode-se aplicar a segunda Lei de Newton sobre ele, onde a expressão (18) representa o
módulo das forças atuantes sobre ele em situação de decaimento.

−F CIL=−( Cρπ R L¿ z̈ +2 f 2 μπR ż z + ( 2 f 1 μπR L¿ + ρπ R ) ż|ż|+ 2 f 2 μπR L¿ ż + ρgπ R z )=m(24)


2 2 2
TOT z̈

Substituindo a massa total do pistão pelo volume de coluna d’água multiplicado por sua
massa específica:

(1+C) ρπ R 2 L¿ z̈ +2 f 2 μπR ż z + ( 2 f 1 μπR L¿ + ρπ R 2 ) ż|ż|+2 f 2 μπR L¿ ż+ ρgπ R 2 z=0 (25)

Utilizando o conceito de frequência natural, definido como a raiz quadrada da razão


entre o coeficiente de restauração e o termo inercial, é possível definir a frequência natural a
partir da expressão (25):

ω n=
√ ρgπ R2
2
(1+C) ρπ R L¿
=
g

(1+C) L¿
(26)

É possível perceber que o resultado obtido para frequência natural (20) a partir do estudo
teórico desenvolvido é equivalente àquele consagrado em estudos anteriores, apresentado na
equação (2), onde C∗L¿ =La. Conclui-se, portanto, que o comprimento adicional representa um
percentual do comprimento submerso da OWC e, como é possível perceber no desenvolvimento
da expressão (25), surge de efeitos inerciais atuantes sobre a coluna d’água, sendo proporcional à
sua área seccional.

O resultado obtido, embora não valide a abordagem proposta, é um indicativo de sua


validade.

6.2. Análise Experimental

A aplicação do conceito proposto para mitigar a resposta em Pitch depende das


características do escoamento no interior dos moonpools, em especial, o amortecimento

42
enfrentado pelo escoamento. Por este motivo, foram conduzidos ensaios de decaimento de
colunas d’água oscilante para determinar estes coeficientes.

Novamente, os ensaios foram conduzidos no LOC, com um cilindro de acrílico com um


Wave Probe instalado em seu interior, com diâmetro interno de 4.5 cm e com calado de 7 cm. No
topo do cilindro, o circuito alimentador dos cabos do Wave Probe, que foi ligado ao sistema
QuantumX da HBM para leitura dos dados. Na lateral cilindro, como mostrado na Figura 43,
uma saída de ar que, quando necessário, é vedada com uma rolha.

Circuito Alimentador
do Wave Probe Saída de Ar
Vedada

Wave Probe

Estrutura de
Suporte Superfície Livre
deslocada

Superfície Livre
externa

Figura 43 - Cilindro de Acrílico utilizado nos ensaios de decaimento de OWC. Á direita,


superfície livre com deslocamento, prestes a iniciar o ensaio

O procedimento experimental consistiu no deslocamento vertical do cilindro, seguido da


vedação da saída de ar em sua lateral. Desta forma, o deslocamento vertical do cilindro provoca
um deslocamento da superfície livre, visto que a pressão em seu interior é mantida constate. O
cilindro é retornado então à sua posição original, com calado de 7 cm, e a rolha é retirada
provocando o decaimento da superfície livre, que oscila ao redor da posição de equilíbrio,
igualando-se ao nível de água fora do cilindro.

Este ensaio permite estimar o amortecimento enfrentado pela coluna d’água ao oscilar e
também o período de oscilação que, junto do coeficiente de amortecimento, permite o cálculo da
frequência natural de oscilação da OWC. A Figura 44 apresenta uma série temporal obtida em
um dos ensaios, com seu respectivo ajuste de envoltória.

43
40 20
Amortecimento:0.0213
15
20

10
0
5
Elevação (mm)

Elevação (mm)
-20
0

-40 -5

-10
-60
-15
-80
-20

-100 -25
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t (s) t (s)

Figura 44 - Série temporal do ensaio de decaimento da OWC. À direita, série truncada e


envoltória estimada

Através dos gráficos apresentados na Figura 44, diversas conclusões podem ser retiradas.
Primeiro, observa-se um comportamento de decaimento bastante semelhante ao esperado para
um sistema linear, mostrando que os termos não lineares, apresentados na equação (25) deste
relatório, pouco influenciam na resposta, porém, observa-se que a aderência não é total, o que
pode ser justificado por tais termos. Para uma OWC a 7 cm de calado, com diâmetro interno de
4.5 cm e sem DDE’s instalados, o coeficiente de amortecimento médio encontrado após diversos
experimentos foi de, aproximadamente, 3%. Os coeficientes de amortecimento foram obtidos
através do enquadramento de uma exponencial envoltória, a partir do termo expoente da curva
ajustada.

Oliveira [9], em seu estudo sobre OWC’s, observou que os coeficientes de


amortecimento das oscilações no interior de cilindros variam entre 4% e 6%, valores superiores
aos encontrados no desenvolvimento deste trabalho. O motivo desta diferença pode ser creditado
à diferença de calados em que os experimentos foram realizados. No presente projeto, os
experimentos foram conduzidos para um calado de 7 cm, enquanto que Oliveira [9] o fez para
calados de 20 cm, 30 cm e 40 cm, ou seja, para razões diâmetro – calado bastante inferiores à
utilizada no presente estudo. Neste trabalho, portanto, foi utilizado um coeficiente de
amortecimento igual a 3% para os moonpools, visto que os ensaios através dos quais este valor
foi obtido são mais condizentes com o caso estudado.

6.3. Dispositivo Dissipador de Energia (DDE)

O conceito proposto para redução da resposta em Pitch do modelo consiste em unir os


efeitos da instalação de moonpools no casco, analisados por meio da teoria de Colunas D’Água
Oscilantes nos itens anteriores, com Dispositivos Dissipadores de Energia, ou DDE’s. A forma

44
escolhida para simular os DDE’s nos experimentos foi através de chapas finas com orifícios em
seus centros, como mostrado na Figura 45.

Figura 45 - DDE's utilizados nos experimentos

A ideia por trás do modelo adotado é de impor uma perda de carga no escoamento interno
à OWC, representando com isso um amortecimento no escoamento. Diversos experimentos
foram conduzidos a fim de avaliar os efeitos da razão entre os diâmetros interno e externo sobre
o amortecimento experimentado pela coluna d’água. Para isso, novamente foram realizados
ensaios de decaimento através do mesmo procedimento ilustrado ao longo do item anterior.

Os ensaios foram feitos com diâmetros internos dos DDE’s variando de 3 mm até 29 mm,
ou 6.7% até 64.4% do diâmetro externo. Para cada diâmetro interno, ao menos 6 ensaios foram
conduzidos para aumentar o espaço amostral. Para valores de diâmetro interior menores do que
10 mm, ou de razão entre diâmetros interno e externo de 22%, observou-se um comportamento
semelhante ao regime superamortecido, ou seja, valores de coeficiente de amortecimento
superiores a 1.

Como os modelos utilizados representam DDE’s a serem utilizados em escala real,


considerou-se que os casos superamortecidos pouco representariam um sistema de
amortecimento a ser utilizado na realidade. Por isso, foram pré-selecionados apenas os DDE’s
cujo coeficiente de amortecimento fosse inferior a 1, correspondendo a casos subamortecidos.

A Tabela 7 apresenta os diâmetros utilizados e os valores médios obtidos para o


coeficiente de amortecimento.

45
Tabela 7 - Coeficientes de amortecimento vs DI/DE para T = 7 cm

La Freq. Natural
DI DI/DE ζ b
(Fukuda) OWC
(mm) - (cm) (rad/s) - (kg/s)
10 22.2% 0.36 11.54 0.43 1.03
12 26.7% 0.44 11.49 0.39 0.93
13.5 30.0% 0.49 11.44 0.37 0.89
16 35.6% 0.58 11.38 0.28 0.67
18 40.0% 0.65 11.32 0.22 0.53
22 48.9% 0.80 11.22 0.17 0.41
26 57.8% 0.94 11.11 0.13 0.31
29 64.4% 1.05 11.04 0.09 0.22

A Figura 46 apresenta duas séries temporais obtidas nos ensaios, à esquerda para uma
razão de diâmetros igual a 13.3%, cuja aparência assemelha-se bastante a uma curva de
decaimento superamortecido, e à direita para uma razão de diâmetros de 48.9%, com aparência
típica de uma curva de decaimento subamortecido.

Decaimento EED - DI/DE =0.133 Decaimento EED - DI/DE =0.489


18 6

16
4
14

12
2
Elevação (mm)
Elevação (mm)

10

8 0

6
-2
4

2
-4
0

-2 -6
0 5 10 15 20 25 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t(s) t(s)

Figura 46 - Séries temporais obtidas nos ensaios de decaimento - DDE's

A partir dos valores apresentados na Tabela 7, é possível ajustar uma reta ao redor dos
pontos, chegando a uma forma empírica de estimar o amortecimento presente em um escoamento
em função do diâmetro do DDE, apresentado na Figura 47, abaixo.

46
0.45
Dados Experimentais
0.4 Curva ajustada:  =-0.825*DDDE/DOWC +0.596

0.35

0.3

0.25

0.2

0.15

0.1

0.05
0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.6 0.65
DDDE/DOWC

Figura 47 - Coeficiente de amortecimento x DDDE / DOWC

Pela Figura 47, é possível perceber que o coeficiente de amortecimento decresce


linearmente com a razão de diâmetros entre o DDE e a OWC, apresentando coerência. É
intuitivo imaginar que, ao diminuir o diâmetro do DDE, o escoamento sofra maior perda de
carga e, com isso, o coeficiente de amortecimento linear correspondente seja maior.

Por outro lado, percebe-se que o termo livre da reta obtida, ou seja, o valor do coeficiente
de amortecimento para razão de diâmetros nula é superior ao coeficiente de amortecimento
obtido para o ensaio de decaimento de OWC sem DDE. Este comportamento pode ser justificado
pelo fato de, ao inserir o DDE, uma pequena zona de baixa velocidade ser imposta ao
escoamento nas proximidades do DDE e longe da passagem do escoamento.

7. ESTUDO DOS CASCOS MODIFICADOS

7.1. Resposta em Ondas de modelo com Moonpools

A partir das abordagens realizadas anteriormente, é possível sugerir um modelo


matemático que descreva a resposta da embarcação dada uma onda monocromática de frequência
ω . A proposta é que, além das forças hidrodinâmicas já descritas no item 6.1, apresentadas na
equação (13), há também as forças e momentos gerados pelo escoamento no interior dos
moonpools. Embora as forças hidrodinâmicas sejam de mesma natureza, os coeficientes
hidrodinâmicos de inércia, amortecimento e restauração são modificados devido à alteração no
casco. Além disto, a matriz de inércia também é modificada.

47
Assim, as equações de movimento acopladas em Heave e Pitch para o casco modificado
podem ser expressas da seguinte forma:

{ m∗η¨3=− A35∗η̈5−b 35∗η̇5− A 33∗η̈3−b33∗η̇3 −C35∗η5−C 33∗η3 +¿ F 03∗cos ( ω∗t+ ε 3 )−F MP 1−F MP 2
(27)
m∗η¨5 =−A 35∗η¨3−b35∗η̇3− A55∗η̈5−b 55∗η̇5−C35∗η3−C 55∗η5 +¿ F 05∗cos ( ω∗t +ε 5 )−x 1∗F MP 1−x 2∗F MP 2

Na expressão (27), os termos F MP 1e F MP 2 representam as forças geradas pelo movimento


fluido no interior de cada um dos moonpools, e seguem o modelo proposto na equação (23). A
correção deve ser feita, porém, considerando o movimento relativo entre a coluna d’água e o
casco da embarcação. Ainda assim, como argumentado no item 6.1, o fato de o forçante ser
harmônico sugere que a resposta também o seja. Também neste caso, a complexidade do termo
forçante e a aleatoriedade do estado de mar real fazem com que uma análise no domínio da
frequência, através de funções de densidade espectral e RAO da embarcação, seja mais
adequada.

7.2. Definição dos Cascos Modificados

Após o estudo do comportamento em ondas do casco original, tanto por meio numérico
quanto experimental, e do escoamento no interior de OWC’s, foram feitas as modificações no
casco para avaliação do conceito proposto. Como apresentado no item 4 deste relatório, diversos
parâmetros associados à inserção dos moonpools no casco podem exercer influência em seu
comportamento em ondas. Os principais são:

 Geometria dos moonpools;


 Diâmetro ou área seccional;
 Posição longitudinal e distância entre moonpools;
 Coeficiente de amortecimento;

A análise completa do impacto de cada um desses parâmetros sobre a resposta, bem


como a influência combinada entre eles, acarretaria em um número bastante elevado de modelos
a serem construídos e estudados. No presente projeto, algumas simplificações foram adotadas
para avaliação de menos parâmetros. Para um estudo inicial, foi definido que os moonpools a
serem instalados no casco teriam seção circular.

A posição e distância dos moonpools a serem instalados foram definidas através da


resposta em Pitch mais crítica obtida no estudo de casos apresentado no item 6.5 deste relatório,
correspondendo a uma onda de período igual a 0.94 s, cujo comprimento correspondente é 1.37
m, como ilustrado na Figura 39.

Assumiu-se que a situação em que o sistema proposto seria mais eficiente seria o caso em
que a distância entre os moonpools fosse igual à metade do comprimento da onda incidente, pois,

48
desta maneira, os escoamentos nos moonpools teriam direções opostas, facilitando a geração de
um momento oposto ao gerado pela onda incidente.

Definiu-se então que os moonpools seriam instalados com uma distância igual à metade
da onda crítica obtida no estudo de casos, cujo valor arredondado é de 70 cm, e que suas
posições seriam simétricas em relação ao centro de gravidade, de modo a não alterar a posição
do centro de carena do modelo.

Com esta abordagem, apenas 2 dos parâmetros tidos influentes sobre a resposta do
modelo modificado sofreram variação no estudo: o diâmetro dos moonpools e o coeficiente de
amortecimento em cada um, sendo o último parâmetro representado neste projeto pela razão
entre os diâmetros do moonpool e do DDE a ser instalado.

Figura 48 - Modelo Modificado em ensaio, com DMP = 100 mm

Um dos modelos modificados é apresentado na Figura 48, com moonpools de diâmetro


igual a 100 mm e sem DDE’s instalados. Wave Probes foram instalados no interior dos
moonpools para analisar o comportamento da coluna de água em seu interior. Os resultados
obtidos serão apresentados adiante, no item correspondente.

Por conta da instalação dos moonpools, o lastro inserido no modelo teve de ser alterado,
de modo a manter suas características de flutuabilidade. Definiu-se que os modelos modificados
deveriam apresentar mesmo calado que o Casco Íntegro, bem como condição de equilíbrio sem
trim ou banda.

Assim, foi necessário realizar novas medições para definir massa do modelo com lastro,
posição do centro de gravidade e momento de inércia. Devido às posições dos moonpools, o
posicionamento do lastro teve de ser alterado, impactando nos valores da posição vertical do
centro de gravidade e momento de inércia em Pitch, como apresentado na Tabela 8. A alteração

49
das configurações dos Modelos Modificados, devido à modificação dos moonpools ou dos
DDE’s, não resultou em alterações significativas na distribuição de massa do modelo.

Tabela 8 - Características dos Modelos Modificados

Comprimento (m) 1.13


Boca (m) 0.17
Calado (m) 0.07
Pontal (m) 0.12
xG (m) 0.575
zG (m) 0.059
I5 (kg.m²) 1.750

Desta vez, o ensaio para obtenção do momento de inércia ao redor do eixo transversal do
modelo foi feito por meio de uma Pitching Table, como mostrado na Figura 49. Neste ensaio, de
maneira similar ao bifilar realizado para o Casco Íntegro, o modelo é posto em oscilação e seu
período é medido.

Através do conhecimento da massa (m0), altura (H0) e do momento de inércia (I0) da


Pitching Table e da posição do centro de gravidade vertical do modelo, seu momento de inércia é
obtido através da expressão 28, oriunda do um rearranjo da relação entre período e momento de
inércia de um pêndulo físico, subtração do momento de inércia da Pitching Table (I0) e do
Teorema dos Eixos Paralelos. Foram realizas 5 medições de 10 períodos em cada análise.

( )
2
T 2 (28)
I 5= ∗( m0+ mMODELO )∗h∗g−I 0−m MODELO∗( H 0−z G )

Figura 49 - Medição do Momento de Inércia com a Pitching Table

50
7.3. Estudo simplificado – Geometria Prismática

A fim de obter maior compreensão dos efeitos gerados na resposta característica do casco
por conta da instalação de moonpools, realizou-se um estudo simplificado a partir de uma
geometria prismática. Assim, um casco prismático de mesmas dimensões que o modelo a ser
estudado foi modelado computacionalmente e, com ele, foram realizadas simulações no WAMIT
nas mesmas condições a serem simuladas e experimentadas no modelo do FPSO.

As simulações foram realizadas para um prisma sem moonpools, e com um par de


moonpools instalados, com diâmetros de 50 mm, 75 mm e 100 mm. A Figura 50 apresenta a
geometria prismática utilizada nas simulações.

Figura 50 - Geometrias prismáticas utilizadas no estudo simplificado de impacto dos


parâmetros

O estudo foi realizado para verificar apenas o efeito que a instalação dos moonpools tem
nas respostas em Heave e Pitch do modelo, comparando-as com a original. Foram analisados,
portanto, 4 casos.

As Figuras 51 e 52 apresentam os resultados obtidos, considerando apenas a influência do


diâmetro dos moonpools na resposta. Observa-se que, na resposta em Heave, o aumento do
diâmetro do moonpool não significa, necessariamente, um aumento na resposta. O pico
observado no RAO, correspondendo provavelmente à frequência natural do prisma em Heave,
foi alterado com a instalação dos moopools. Observa-se que, para os moonpools de 100 mm de
diâmetro, o pico encontra-se em um período de 0.6 s, enquanto que para os outros diâmetros
encontra-se próximo de 1.0 s, indicando que o diâmetro dos moonpools pode afetar o período
natural do modelo.

51
Para períodos entre 0.9 s e 1.8 s, que correspondem a ondas de comprimento entre 1 e 5
vezes o comprimentos do modelo, aproximadamente, a presença dos moonpools parece reduzir
sua resposta em Heave., ou se apenas correspondem a este caso específico.

RAO3 x T(s)
0.016
DMP = 0
0.014 DMP = 50 mm
DMP = 75 mm
0.012
DMP = 100 mm

0.01
RAO3 = 3/A

0.008

0.006

0.004

0.002

0
0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 51 - Influência do Diâmetro do moonpool em geometria prismática na resposta em


Heave

Para a resposta em Pitch dos prismas, apresentada na Figura 52, observa-se que a
instalação de mooinpools provoca aumento da resposta em praticamente todo espectro, em
relação ao casco sem moonpools. Percebe-se também que o aumento do diâmetro dos
moonpools, uma vez já instalados, provoca redução na resposta em Pitch, o oposto ao proposto
por Buchner [11] e apresentado na Figura 8.

Os picos das respostas encontradas em Pitch para as geometrias com moonpools também
sofreram alterações, se deslocando para períodos bastante altos. Percebe-se ainda que, para
períodos inferiores a 1 s ou comprimentos de onda inferiores a 1.4 vezes o comprimento do
modelo, a resposta em Pitch dos modelos com moonpools é inferior à resposta do casco sem
moonpools.

52
RAO5 x T(s)
0.045
DMP = 0
0.04 DMP = 50 mm
DMP = 75 mm
0.035
DMP = 100 mm
0.03
RAO5 = 5/(K*A)

0.025

0.02

0.015

0.01

0.005

0
0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 52 - Influência do Diâmetro do moonpool em geometria prismática na resposta em


Pitch
7.4. Resposta do Casco Modificado com Moonpools para β = 0º

A abordagem experimental adotada para verificação da influência da instalação de


moonpools no casco do modelo da FPSO foi análogo à utilizada para o Casco Íntegro,
apresentada ao longo do item 6.3, a menos do fato de que, nesta etapa, foram utilizados Wave
Probes para que a movimentação das colunas d’águas no interior dos moonpools fosse medida.
Desta forma, o mesmo aparato e as mesmas técnicas foram aplicados.

Os RAO’s de Heave e Pitch obtidos são mostrados nas Figuras 53 e 54, abaixo,
comparando os resultados do Casco Íntegro com os resultados dos diferentes diâmetros de
moonpool instalados, para o caso sem aproamento, ou seja, para os ensaios realizados com ondas
de proa. Para o moonpool de diâmetro igual a 75 mm, infelizmente, ouve perda de parte dos
dados e, por isso, os RAO’s estão incompletos. Ainda assim, foi possível montar parte dos
RAO’s e a análise será feita com os dados restantes.

53
RAO3
 = 0º
2
Sem Moonpool
1.8 DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 0%

1.6 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 0%

1.4

1.2
RAO3 = 3/A

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 53 - Resposta em Heave para Casco Modificado com moolpools, ondas de proa

RAO5
 = 0º
2
Sem Moonpool
1.8 DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 0%
1.6 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 0%

1.4
RAO5 = 5/(K*A)

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)
Figura 54 - Resposta em Pitch para Casco Modificado com moolpools, ondas de proa

54
Pela Figura 53, percebe-se que a simples instalação dos moonpools provocou a redução
da resposta em Heave do modelo. Houve um aumento do período natural do modelo, como
previsto na análise da geometria prismática, mas de maneira bem mais atenuada. O número de
picos reduziu, tendo um pico para um período de 0.65 s e outro para 0.8 s.

Como mostrado na Figura 34, no item 6.4, concluiu-se que o período natural em Heave
do modelo foi de 0.65 s e que o efeito de batimento apresentado na Figura 29 aparentou ser
causado por um fenômeno não hidrodinâmico, como argumentado no fim do item 6.4, mas que
gerou um pico na resposta de 0.8 s. A partir da expressão (2) deste relatório, que relaciona o
período natural de uma OWC com seu comprimento submerso e comprimento adicional e
lembrando que Fukuda [8] demonstrou que este valor não é influenciado pelo casco ao redor da
OWC, estima-se um período natural para cada moonpool de, aproximadamente, 0.65 s e 0.63 s,
para os diâmetros de 100 mm e 75 mm, respectivamente.

Assim, os 2 picos observados na Figura 53 podem ser explicados pelos períodos naturais
dos moonpools e da resposta em Heave do modelo, que coincidem em aproximadamente 0.65 s,
e pelo pico observado para T = 0.8 s na resposta em Heave do Casco Íntegro, que, como
deduzido ao fim do item 6.4, pode ser consequência do sistema de molas utilizado.

Para a resposta em Pitch, apresentada na Figura 54, observa-se que a aplicação de


moonpools no modelo provocou um aumento em seus valores, como proposto por Buchner [11].
A diferença entre os valores experimentados para o modelo com moonpools de diâmetros de 100
mm e 75 mm aparenta ser pequena, sendo um pouco maior para o maior diâmetro, o que não
significa necessariamente que este padrão seja sempre encontrado, já que os resultados
apresentados na Figura 52 sugerem o oposto. Conclui-se, portanto, que a implementação de
moonpools no modelo provocou um aumento em sua resposta em Pitch, como era esperado a
partir do estudo bibliográfico.

Como mencionado, Wave Probes foram instalados no modelo para capturar a


movimentação da coluna d’água no interior dos moonpools. A Figura 55 apresenta as séries
temporais obtidas para o ensaio conduzido com o moonpool de 100 mm de diâmetro com ondas
incidentes de períodos iguais a 0.7s e 1 s, para os moonpools de proa e de popa.

De maneira análoga ao feito para a resposta do modelo, pode-se gerar um RAO para a
oscilação da superfície livre no interior dos moonpools relacionando sua amplitude (η MP ) com a
amplitude da onda incidente (A), através da expressão (29).

η MP (29)
RAO MP=
A

55
 = 0º, DMP = 100 mm, DEAD/DMP = 0%; T =0.7(s)  = 10º, DMP = 100 mm, DEAD/DMP = 0%; T =1(s)
15 10
Moonpoolproa Moonpoolproa
8
Moonpoolpopa Moonpoolpopa
10
6

5 4

2
 (mm)

 (mm)
0
0

-5 -2

-4
-10
-6

-15 -8
60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80
t(s) t(s)

Figura 55 - Séries Temporais para movimento da coluna d'água no inteior dos moonpools
de proa e popa

Através dos RAO’s apresentados na Figura 56 que os moonpools de vante apresentam


amplitudes de movimentos superiores aos de ré, como também ilustrado pelas séries temporais
apresentadas na Figura 55. Percebe-se também o aumento do diâmetro dos moonpools provocou
aumento na resposta da coluna d’água em seu interior, por sofrer menos restrições.

1
Moonpoolproa, DMP = 100 mm
0.9
Moonpoolpopa, DMP = 100 mm

0.8 Moonpoolproa, DMP = 75 mm


Moonpoolpopa, DMP = 75 mm
0.7

0.6
RAO = MP/A

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
T(s)

Figura 56 - RAO`s dos moopools, sem DDE`s e onda de proa

56
Em todos os casos observa-se um pico nas proximidades de 0.6 s e outro nas
proximidades de 0.8 s. É importante frisar os RAO’s apresentados correspondem ao movimento
relativo entre a coluna d’água e o modelo, visto que os Wave Probes estavam fixos no casco.
Lembrando dos resultados apresentados na Figura 25, os picos estão presentes nos mesmos
períodos que aqueles encontrados no RAO de Heave, do Casco Íntegro.

7.5. Resposta do Casco Modificado com Moonpools para β = 12º

De maneira análoga à apresentada no item anterior, foram conduzidos ensaios com o


modelo apresentando um pequeno ângulo de aproamento de 12º em relação ao canal para
verificar seu comportamento em ondas com moonpools quando inclinado, sem a presença de
DDE’s. Os RAO’s de Heave e Pitch para esta condição são apresentados nas Figuras 57 e 58.

RAO3
 = 12º
2.2
Sem Moonpool
2
DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 0%
1.8
DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 0%
1.6

1.4
RAO3 = 3/A

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 57 - Resposta em Heave para Casco Modificado com moonpools, β = 12º

A influência dos moonpools sobre a resposta em Heave do modelo se inverte quando há


aproamento, com a resposta do Casco Íntegro apresentando menos intensidade em quase todo
espectro. Observa-se que ainda há um aumento do período natural do modelo, mas de maneira
menos intensa, permanecendo abaixo de 1 s. Novamente vale comentar que, infelizmente, houve
perda de dados nos ensaios do modelo com moonpools de 75 mm de diâmetros e sem DDE.
Neste caso, o aumento do diâmetro do moonpool parece reduzir a resposta em Heave.

57
RAO5
 = 12º
2.2
Sem Moonpool
2
DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 0%
1.8 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 0%
1.6
RAO5 = 5/(K*A)

1.4

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 58 - Resposta em Pitch para Casco Modificado com moonpools, β = 12º

Para a resposta em Pitch, percebe-se que o aproamento não alterou significativamente o


padrão de resposta, com os cascos com moonpools instalados apresentando respostas mais
intensas. Percebe-se que o pico das curvas permaneceu próximo do período de 1 s, cujo
comprimento de onda correspondente é igual a 1.2 vezes o comprimento do modelo,
aproximadamente. Neste caso, é mais visível que a redução do diâmetro dos moonpools provoca
um aumento da resposta em Pitch.

Pela Figura 59, percebe-se comportamento semelhante na resposta das colunas d’água no
interior dos moonpools quando o modelo apresenta aproamento. As respostas são mais intensas
para diâmetros maiores, e visivelmente superiores nos moonpools de vante. Reforçando que,
assim como na Figura 56, os RAO’s apresentados na Figura 59 representam o movimento
relativo entre a coluna d’água e o modelo.

58
1
Moonpoolproa, DMP = 100 mm
0.9
Moonpoolpopa, DMP = 100 mm

0.8 Moonpoolproa, DMP = 75 mm


Moonpoolpopa, DMP = 75 mm
0.7

0.6
RAO = MP/A

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
T(s)

Figura 59 - RAO`s dos moonpools, sem DDE`s e β = 12º

Conclui-se, portanto, que a implementação de moonpools no modelo provocou um


aumento em sua resposta em Pitch, como era esperado a partir do estudo bibliográfico, tanto para
ondas de proa quanto para o caso de aproamento analisado.

7.6. Resposta do Casco Modificado com Moonpools e DDE’s para β = 0º

Assim como feito para verificar influência do diâmetro dos moonpools no


comportamento em ondas do modelo, verificou-se apenas 1 modelo de DDE para verificação do
coeficiente de amortecimento na resposta. Como mencionado, o esperado é que a instalação do
DDE provoque redução das amplitudes de movimento em relação à resposta do modelo com
moonpools e, no caso otimizado, que a resposta seja inferior inclusive à do Casco Íntegro.

Os RAO’s de Heave e Pitch foram obtidos para ondas de proa e DDE com razão de
diâmetros igual a 50%, com coeficiente de amortecimento correspondente igual a 18.35%, de
acordo com expressão obtida e apresentada na Figura 47.

Os RAO`s de Heave para os modelos e com moonpool e DDE com 18.35% de coeficiente
de amortecimento são apresentados na Figura 60. Percebe-se ao longo de todo espectro o modelo
possui resposta abaixo daquela medida para ambos os diâmetros, com valores ligeiramente
inferiores para o diâmetro de 100 mm. Lembrando que, como mostrado na Figura 53, para
modelos sem DDE, este padrão já era observado, mas agora a redução experimentada foi ainda

59
maior. Os períodos correspondentes aos picos permaneceram em 0.65 s e 0.8 s, o que demonstra
que mesmo introduzindo amortecimento no sistema, os DDE’s não alteram os períodos naturais
do mesmo.

RAO3
 = 0º
2
Sem Moonpool
1.8 DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 50%

1.6 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 50%

1.4

1.2
RAO3 = 3/A

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 60 - Resposta em Heave para Casco Modificado com moonpools e DDE`s para onda
de proa

A análise dos RAO`s de Pitch para o modelo com moonpool e DDE, apresentados na
Figura 61 é um pouco mais complexa e de maior interesse neste projeto. É possível perceber que,
para períodos inferiores a 0.8 s, as respostas dos ensaios com DDE são inferiores à resposta do
Casco Íntegro. Porém, a partir de 0.8 s a situação se inverte, com o Casco Íntegro apresentando
resposta consideravelmente inferior aos Modelos Modificados.

Como mencionado no item 8.2, o casco utilizado no presente projeto foi modificado com
base num estudo de caso, no qual indicou um período crítico de 0.94 s, mas foi uma tentativa de
estimar a melhor composição. Não foi realizado um estudo aprofundado para verificação da
influência da distância entre os moonpools e sua posição. Ainda assim, percebe-se que houve
redução considerável do pico da resposta do modelo na região de período natural.

Assim como em Heave, este comportamento já se fez presente com a simples instalação
dos moonpools no modelo, e novamente percebe-se que o uso de DDE’s reduz a amplitude, mas
agora apenas para períodos próximos ao período natural. Para períodos elevados, porém, todos os
modelos modificados apresentaram resposta superior ao do Casco Íntegro para ondas de proa,
reforçando a ideia de que é necessário um processo de otimização para que se obtenha uma
melhora no intervalo de períodos desejado.

60
RAO5
 = 0º
2
Sem Moonpool
1.8 DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 50%

1.6 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 50%

RAO5 = 5/(K*A) 1.4

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 61 - Resposta em Pitch para Casco Modificado com moonpools e DDE`s para onda
de proa

1
Moonpoolproa, DMP = 100 mm
0.9
Moonpoolpopa, DMP = 100 mm

0.8 Moonpoolproa, DMP = 75 mm


Moonpoolpopa, DMP = 75 mm
0.7

0.6
RAO = MP/A

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
T(s)

Figura 62 - RAO`s dos moonpools, com DDE`s e β = 0º

61
Em relação às respostas das colunas d’água no moonpools do modelo, o efeito da
aplicação dos DDE’s é bastante visível. O padrão de se encontrar respostas mais acentuadas nos
moonpools de vante permanece, mas observa-se um deslocamento visível no pico da resposta
relativa da coluna d’água, especialmente para o diâmetro de 75 mm, enquanto que se verifica
uma redução considerável no movimento relativo para o diâmetro de 100 mm.

Percebe-se ainda que houve redução considerável das amplitudes experimentadas para o
movimento da coluna d’água em relação aos casos sem aplicação de DDE, indicando que houve
forte dissipação de energia ao instalar os dispositivos. A Figura 62 sugere ainda que há grande
dependência entre o intervalo de maior dissipação de períodos por parte dos DDE’s e o diâmetro
dos moonpools, indicando que há possibilidade de otimização do sistema.

7.7. Resposta do Casco Modificado com Moonpools e DDE’s para β = 12º

Os RAO’s de Heave, Pitch e de oscilação das colunas d’água no interior dos moonpools
são apresentados nas Figuras 63, 64 e 65.

RAO3
 = 12º
2.2
Sem Moonpool
2
DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 50%
1.8 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 50%
1.6

1.4
RAO3 = 3/A

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 63 - Resposta em Heave para Casco Modificado com moonpools e DDE`s, β = 12º

62
RAO5
 = 12º
2.2
Sem Moonpool
2
DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 50%
1.8 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 50%

1.6

1.4
RAO5 = 5/(K*A)

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 64 - Resposta em Pitch para Casco Modificado com moonpools e DDE`s, β = 12º

1
Moonpoolproa, DMP = 100 mm
0.9
Moonpoolpopa, DMP = 100 mm

0.8 Moonpoolproa, DMP = 75 mm


Moonpoolpopa, DMP = 75 mm
0.7

0.6
RAO = MP/A

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
T(s)

Figura 65 - RAO`s dos moonpools, com DDE`s e β = 12º

63
Para o modelo aproado, percebe-se que instalação de moonpools e DDE’s provoca
aumento nas respostas de Heave e Pitch. No primeiro caso, o aumento é observado em todo
espectro de resposta, enquanto que para Pitch a resposta obtida para os ensaios com DDE’s
instalados é inferior à do Casco Íntegro, invertendo para períodos acima de 1 s. Novamente, o
comportamento observado nos ensaios com DDE’s instalados não foi alterado em relação ao
caso em que havia apenas moonpools, como ilustrado nas Figuras 57 e 58, onde as respostas dos
Cascos Modificados se mostraram superiores às do Casco Íntegro.

Assim como verificado para o modelo alinhado ao canal, a resposta em Pitch nas
proximidades do período natural foi reduzida, se comparada com a resposta do Casco Íntegro,
também em pequenas proporções.

Para o caso aproado, houve mais semelhança para a resposta da oscilação da coluna
d’água no interior dos moonpools do que o observado para o modelo alinhado ao canal, mas
mantem-se o padrão de resposta no moonpool de ré inferior ao de vante. Observa-se, porém, que
a resposta relativa entre a coluna d’água e o casco é mais intensa, neste caso, para o moonpool de
menor diâmetro, se opondo ao resultado exposto na Figura 62.

8. CONCLUSÕES

As Figuras 66 e 67 apresentam a sobreposição dos RAO’s em Heave e Pitch para o Casco


Íntegro e os Cascos Modificados com moonpools, com ou sem DDE instalado, para ondas de
proa, enquanto que as Figuras 68 e 69 apresentam os mesmos resultados para o modelo aproado.

64
RAO3
 = 0º
2
Sem Moonpool
1.8 DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 0%
DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 50%

1.6 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 0%


DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 50%
1.4

1.2
RAO3 = 3/A

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 66 – Comparação das Respostas em Heave entre Casco Íntegro e Cascos


Modificados e onda de proa

Verificou-se um comportamento fora do esperado para a resposta em Heave,


principalmente para o Casco Original, apresentando diversos picos de resposta e fenômenos de
batimento fora do período natural em Heave do modelo.

Ao contrário do esperado inicialmente, os efeitos de bloqueio não aparentam justificar a


resposta obtida em Heave, como ilustrado na Figura 34 e discutido ao fim do item 6.4. Supôs-se
por fim que a causa da resposta inesperada tenha sido de origem mecânica, e não hidrodinâmica,
com suspeitas recaindo sobre o sistema de molas utilizado para evitar a deriva do modelo durante
os ensaios. Para uma avaliação mais concreta, novos experimentos são necessários, variando a
composição das molas utilizadas.

Comparando as respostas para mesmo diâmetro com ou sem DDE’s instalados, percebe-
se que há redução da resposta em Heave para períodos inferiores a 1 s, e que as respostas quase
se sobrepõem para períodos superiores, com resposta mais amena que a do Casco Original.

65
RAO5
 = 0º
2
Sem Moonpool
1.8 DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 0%
DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 50%
1.6 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 0%
DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 50%
1.4

1.2
RAO5 = 5/(K*A)

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 67– Comparação das Respostas em Pitch entre Casco Íntegro e Cascos Modificados
e onda de proa

Para a resposta em Pitch, Não se observou- o comportamento anormal verificado em


Heave, e o motivo provável é a simetria do sistema de molas utilizado nesta direção.

As diferenças entre os Modelos Modificados são pequenas para pequenos períodos, com
todos apresentando amplitudes menores que à do Casco Íntegro. Para períodos maiores, as
diferenças entre os modelos com e sem DDE’s instalados se intensificam um pouco, mas todos
os Modelos Modificados apresentam respostas superiores às do Casco Íntegro.

Comparando Figuras 56 e 62 para o movimento no interor dos moonpools com as Figuras


66 e 67, percebe-se que a redução no movimento da coluna d’água no interior dos moonpools,
correspondendo a uma dissipação de energia por parte dos DDE’s, foi mais responsável por
diminuir a resposta em Heave do modelo que em Pitch. Por um lado, isto parece sugerir que o
conceito proposto pode de fato ser utilizado para redução da movimentação de plataformas,
sendo uma questão de otimização.

66
RAO3
 = 12º
2.2
Sem Moonpool
2
DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 0%
1.8 DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 50%
DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 0%
1.6
DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 50%
1.4
RAO3 = 3/A

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 68 - Comparação das Respostas em Heave entre Casco Íntegro e Cascos


Modificados e β = 12º

A resposta em Heave do Casco Íntegro não se mostrou tão atípica quanto à observada
para o modelo alinhado. Considerando que o efeito observado tenha sido consequência do
sistema de molas utilizado, pode-se entender que, ao inclinar o modelo, a influência vertical das
molas tenha sido minimizada, ao passo que a componente horizontal tenha se intensificado.

Para o modelo aproado, porém, todas as respostas em Heave obtidas se mostraram


superiores às do Casco Íntegro. Maiores investigações devem ser feitas quanto à influência do
sistema de molas na resposta do modelo, que aparentemente introduz maior rigidez e, com isso,
restauração em sua resposta.

67
RAO5
 = 12º
2.2
Sem Moonpool
2
DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 0%
1.8 DMP = 100 mm, DDDE/DMP = 50%

1.6 DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 0%


DMP = 75 mm, DDDE/DMP = 50%
1.4
RAO5 = 5/(K*A)

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
T(s)

Figura 69 - Comparação das Respostas em Pitch entre Casco Íntegro e Cascos Modificados
e β = 12º

Para o Casco Íntegro, a resposta em Pitch não foi do modelo não se mostrou tão diferente
entre os diferentes ângulos de aproamento, sugerindo que, qualquer que tenha sido o motivo que
afetou a resposta em Heave, não o fez em Pitch.

Assim como o visualizado para o casco alinhado, percebe-se que para pequenos períodos
de onda, abaixo de 0.8 s, a resposta dos Cascos Modificados foi ligeiramente inferior à do Casco
Íntegro. Este período corresponde a um comprimento de onda de aproximadamente 90% do
comprimento do modelo. Para valores de período maiores que 0.8 s os resultados obtidos
mostram respostas mais intensas para os Cascos Modificados. Isto sugere que a abordagem
realizada para definir a posição e distância ótimas dos moonpools não foi a adequada, tornando
necessária a investigação do impacto destes parâmetros na resposta dos Cascos Modificados.

Como argumentando anteriormente, isto demonstra que há uma faixa em que, devido à
implementação do sistema, ocorre diminuição da resposta em Pitch. A comparação do
movimento da coluna d’água entre os casos sem e com DDE’s para o casco aproado, assim como
para o casco alinhado, demonstrou que houve dissipação de energia, o que pode ser verificado
através da comparação das Figuras 59 e 65.

68
Os experimentos realizados sugerem que há possibilidade de o sistema proposto ser
eficaz na mitigação da resposta em Pitch através da otimização da resposta pela variação de
todos os parâmetros envolvidos. Há ainda a possibilidade do aumento do amortecimento
introduzido no modelo por meio dos DDE’s. É preciso, porém, considerar que a implantação
deste sistema acarreta em perda de volume interno da FPSO e possíveis problemas estruturais,
que devem ser levados em conta em análises mais detalhadas da viabilidade do conceito.

9. ESTUDOS FUTUROS

A resposta atípica obtida para a resposta em Heave do modelo, especialmente no Casco


Íntegro, gerou grandes dúvidas sobre o procedimento experimental adotado. Após rápida análise,
chegou-se a conclusão de não haver, a princípio, influência dos efeitos de bloqueio sobre o
modelo, com as suspeitas recaindo sobre o sistema de molas utilizado. Logo, uma análise mais
detalhada sobre a influência do sistema de molas adotado sobre a resposta do modelo deve ser
conduzida, a fim de determinar se, de fato, este foi o motivo da resposta obtida.

Em paralelo, o estudo dos efeitos de bloqueio sobre o ensaio abriu um novo horizonte
sobre o projeto que não constava nos planos iniciais. As técnicas apresentadas por Newman [20]
para estimativa de tais efeitos através de código em Teoria Potencial se mostraram atraentes, mas
é interessante investigação mais aprofundada para conhecer suas limitações, bem como expandir
a capacidade de realização de experimentos em canais estreitos.

Poucos parâmetros foram investigados neste projeto relacionados ao conceito proposto.


Deve-se, portanto, investigar os efeitos que o posicionamento e a distância entre os moonpools
geram na resposta do casco modificado. Além disto, outras geometrias podem ser testadas para a
seção transversal dos moonpools além das circulares, bem como outras formas de moonpool
além dos verticais de seção constante, utilizado neste estudo.

Um breve estudo foi realizado a respeito do coeficiente de amortecimento de OWC’s, e


verificou-se uma ligeira diferença entre os resultados obtidos neste trabalho e os de Oliveira [9],
sugerindo que pode haver relação entre o amortecimento no decaimento da coluna d’água e a
razão entre diâmetro e calado do cilindro. Portanto, cabe uma investigação mais detalhada, tanto
por meios experimentais como numéricos.

Não houve conclusão clara sobre os efeitos da implantação de moonpools no casco sobre
seu comportamento em onda, havendo contradições em alguns casos. Sugere-se, portanto, que
um estudo mais aprofundado seja realizado a fim de se obter respostas mais conclusivas sobre o
assunto.

Verificou-se ao longo dos ensaios maior movimentação da coluna d’água no moonpool


de vante em relação ao de ré, padrão observado em todos os casos, mas não houve alguma

69
conclusão conceitual precisa sobre o fenômeno. Uma breve relação entre a resposta e o Centro
Instantâneo de Rotação em Pitch do modelo foi considerada, mas não houve tempo de investigar
com detalhes.

10. REFERÊNCIAS

[1] http://www.offshore-mag.com – acessado em 22/07/2017;

[2] SILVA, Edílson Alves – ”Coluna de Água Ressonante (CAR) aplicada ao Controle de
Movimentos de Unidades FPSO". Rio de Janeiro, 2009;

[3] GUIMARÃES, Hélio Baily – "Efeito de Moon Pool no Comportamento de


Embarcações Estacionárias em Operações Offshore". Rio de Janeiro, 2012;

[4] MEDEIROS, Jõao Seixas – “Redução do Movimento de Pitch de FPSO’s com


Sistema Inovador de Colunas de Água Oscilante”. Rio de Janeiro, 2014;

[5] Lighthill, J. – “Two-dimensional analyses related to wave-energy extraction by


submerged resonant ducts”. Journal of Fluid Mechanics, 1979;

[6] Evans, D. – "Wave Power Absorption by Systems of Oscillating Surface Pressure


Distributions", 1982;

[7] Lee, C. H.; Newman, J. N.; Nielsen, F. G. – "Wave Interactions with and Oscillating
Water Column". Los Angeles: The International Society of Offshore and Polar Engineers, 1996;

[8] Fukuda, K. – “Behavior of water in vertical well with bottom Opening of Ship, and its
Effects on Ship-Motion”, Journal of Society of Naval Architects of Japan, 1977;

[9] Oliveira, Eleandro Meira de. – “Investigação de Modelos Teóricos e Experimentais de


Sistemas de Absorção de Energia das Ondas do Mar do Tipo OWC”, Trabalho de Formatura,
Departamento de Engenharia Naval e Oceânica – UFRJ, 2003;

[10] Buchner, B. and Jaouen, F. – “Inverse Concept: Wave Energy Generation by Motion
and Green Water Maximisation”, OMAE2009-79579, OMAE 2009, Hawaii;

[11] Helder, J. A.; Schmittner, C.; Buchner, B. – “On the Further Optimization of the
‘Green Water Concept’ for Wave Energy Conversion”, OMAE2012-83882, OMAE 2012Rio de
Janeiro, Brazil;

[12] WAMIT. User’s Manual, Version 6.4PC. Cambridge, 2006;

[13] Steen, Sverre – Experimental Methods in Marine Hydrodynamics – Lecture Notes


from the Faculty of Engineering Science and Technology – NTNU TRONDHEIM, 2014;

70
[14] https://www.hbm.com – acessado em 22/07/2017;

[15] http://www.qualisys.com/ – acessado em 22/07/2017;

[16] Singiresu, R. – "Vibrações Mecânicas". 4a. ed. São Paulo: Pearson Educational, v. 4,
2008;

[17] Neves, Marcelo – “Dinâmica do Navio” - Apostila da disciplina Hidrodinâmica


Aplicada II, Engenharia Naval e Oceânica UFRJ;

[18] Schneekluth, H., Bertram, V. – “Ship Design for Efficiency and Economy”, 1998;

[19] Bhattacharyya, R. – “Dynamics of Marine Vehicles”. New York: John Wiley and
Sons Inc., 1978;

[20] Newman J.N. – “Channel wall effects in radiation-diffraction analysis”, 31st


International Workshop on Water Waves and Floating Bodies, Plymouth, MI, 2016.

71

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