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Método de Interpretação - Hermenêutica

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RESUMO SOBRE OS MÉTODOS CLÁSSICOS E OS MODOS DE

INTERPRETAÇÃO

A interpretação é uma tarefa importante da Hermenêutica, de alcance mais


prático, que se presta a entender o real sentido e significado das expressões
contidas nos textos da lei, e, para que isso seja possível, é necessária a
utilização dos preceitos da hermenêutica.

A interpretação utiliza-se de métodos que são instrumentos variados,


utilizados para a melhor retenção de entendimento de um texto legislativo. De
acordo com Tércio Sampaio Ferraz, “Os chamados métodos de
interpretação são, na verdade, regras técnicas que visam à obtenção de
um resultado. Com elas procuram-se orientações para os problemas de
decibilidade dos conflitos”.

Assim, os métodos são os instrumentos facilitadores da interpretação. A


classificação das espécies de interpretação de dá a partir de critérios segundo
a origem, a natureza e os efeitos.

Quanto à origem ou fonte, a interpretação pode ser pública ou privada.

De acordo com Glauco Barreto Magalhães Filho, Interpretação pública é a


interpretação legal ou legislativa, aquela oriunda do próprio órgão que
favoreceu a lei, órgãos do poder público (o Estado_, ao passo que a
interpretação privada é aquela ligada a uma questão de direito científico,
realizada pelo doutrinador e jurisconsultos que, por meio de pesquisas,
apresentam significado sobre o assunto interpretado.

Os MÉTODOS CLÁSSICOS de interpretação se dividem, quanto à natureza,


em Interpretação literal ou gramatical, lógica, Sistemática, Filológica, Histórica,
Teleológica e sociológica.

O método de interpretação literal ou gramatical é aquele que permite ao


intérprete conhecer o sentido da norma a partir do sentido dicionarizado, de
ordem léxica. É o sentido mais primário que se encontra nas normas jurídicas.
Um exemplo que justifica bem esse tipo de interpretação está contido no Art.
5º, XXIV da CF, que prevê: “a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos nesta Constituição”. Note-se que, para se interpretar a norma por
meio do método literal, basta interpretá-la literalmente, extraindo-se seu
sentido primeiro, dicionarizado, daí essa interpretação ser sintática. Literal
vem do latim "littera", que significa "letra". O intérprete que adota a
interpretação literal, não pode fugir do sentido geral e amplo do texto. Esse, é
um dos motivos pelos quais essa interpretação não seja tão prestigiada por
juristas contemporâneos.

Interpretação lógica faz com que o intérprete possa resolver as contradições


de termos presentes em uma mesma norma jurídica. Pelo método lógico, que
tem como escopo evitar contradições, dois termos iguais não podem
significar, ao mesmo tempo, coisas diferentes. Exemplo: Artigo 150, § 4º e 5º
do Código Penal, em que o legislador traz definições da palavra casa, de
modo a evitar contradições.

Método sistemático, por sua vez, analisa a norma jurídica em relação às


outras normas do ordenamento jurídico. Vê o ordenamento jurídico como um
sistema coerente, ordenado de normas, de modo que cada norma não vale
isoladamente, mas cada parte compõe um todo. Exemplo: 171 do Código
Penal, que, ao tratar de “vantagem ilícita”, está se referindo à vantagem
patrimonial.

Já o método histórico é aquele que remete ao contexto histórico na época


em que a norma foi erigida. O intérprete, ao utilizar o método histórico, tenta
descobrir os costumes do povo na época em que a norma foi criada. Para
saber a intenção do legislador (Mens legislatoris) existem meios como por
meio das atas do parlamento, resgate dos debates do parlamento em torno do
da norma jurídica e ainda por meio da Exposição de motivos, que é a parte
onde o legislador registra os motivos da criação do artigo. É um método que
olha para o passado.

Quanto ao método teleológico, pode-se dizer que esse é o instrumento


interpretativo mais prestigiado pelos tribunais brasileiros na atualidade. Esse
método dá relevante valor à finalidade, ao objetivo que a norma tem. Por
exemplo, se uma norma tem como principal objetivo a concessão de um lar
de qualidade para as famílias carentes, a interpretação teleológica vai se ater
a isso, procurando cumprir este propósito.

Método Sociológico, como o próprio nome sugere, tem um olhar para o


presente, diferentemente do método histórico. Interpretam-se as normas do
passado com os valores atuais. Um exemplo é o estabelecimento do salário-
mínimo do trabalhador, contido no Art. 7º, IV da Constituição Federal de 1988,
mas que são trazidos para a realidade vigente, por meio da interpretação
sociológica.

Método Teleológico ou finalístico busca realizar a finalidade das normas


constitucionais, muitas vezes superando a realidade descrita na norma. A
interpretação teleológica se desenvolve sobre tudo sobre os princípios
constitucionais Ex: no sentido da expressão “casa” para a inviolabilidade do
domicílio, pode ser estendida a qualquer domicílio, inclusive profissional, ex:
escritório de advocacia.

Os modos ou tipos de interpretação quanto aos efeitos se dividem em


declarativa, extensiva, restritiva, modificativa e ab-rogante.

Interpretação declarativa é usada em textos legais muito obscuros. Esse


método procura desvendar o real significado da lei, de modo que o intérprete
dá à norma uma interpretação exatamente de como está na lei, nem
ampliando, nem reduzindo o sentido.

Interpretação extensiva, como sugere o próprio nome, é aquela que amplia o


significado da norma, que tratou pouco do assunto. Quando uma lei, por
exemplo, que proíbe o estacionamento de carros pode ser ampliada e
alcançar a proibição do estacionamento de motocicletas, estamos diante de
uma interpretação extensiva. Determinados ramos do Direito têm como regra
geral a interpretação extensiva, como as normas dispositivas do Direito Civil
que, por razões históricas, funcionam como normas supletivas no contexto do
Direito Privado.

Por outro lado, a interpretação restritiva é utilizada quando o texto expressa


mais do que se pretende dizer. Esse método "reduz" o alcance da norma.
Uma lei pode, por exemplo, utilizar a palavra recurso para significar vários
objetos. Sua interpretação pode reduzir o alcance da palavra traduzindo-a
como apelação, um tipo específico de recurso.

A interpretação modificativa pode ser de duas espécies: atualizadora e


corretiva. A primeira é resultado da interpretação sociológica e ocorre quando
o intérprete se vê na necessidade de atualizar a norma diante de uma nova
realidade que não foi prevista pelo legislador, quando da edição da norma.

A segunda ocorre quando duas normas estão em antinomia no ordenamento


jurídico, a fim de evitar a exclusão de uma e aplicação de outra pela
autoridade.

Por fim, a interpretação ab-rogante é aquela que se aplica quando o preceito


normativo é mau construído e não consegue dizer com clareza mínima as
hipóteses que se pretende alcançar com a norma. Quando houver entre duas
disposições legais uma contradição insanável, podendo-se eliminar uma das
regras e aplicar a outra (ab-rogação simples) ou eliminar as duas e aplicar
uma terceira (dupla ab- rogação).

Depreende-se, a partir do estudo dos métodos de interpretação, que se


constituem em ferramentas de relevante importância para a interpretação do
direito em sintonia com a situação cultural, social, política e jurídica de uma
determinada sociedade, objetivando, com isso, a realização do bem comum.

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