A Hermenêutica-Juridica
A Hermenêutica-Juridica
A Hermenêutica-Juridica
A hermenêutica é uma importante ferramenta a ser compreendida pelos estudiosos do direito, vez que,
os operadores muitas das vezes recorrem a tal ferramenta, pois, no trabalho de palavras sempre há
interpretações e no mundo do direito em sua essência.
A hermenêutica pode ser entendida como ciência da interpretação, é uma área da filosofia responsável
por estudar a teoria da interpretação, a hermenêutica é a disciplina da interpretação e a ciência que
expõe os princípios, investiga as leis do pensamento e da linguagem e classifica os seus acontecimentos
e consequências. Em sua forma tradicional, a hermenêutica está relacionada ao estudo da interpretação
de textos escritos das áreas da literatura, direito e religião.
Podemos conceituar a hermenêutica como sendo o conjunto de teorias voltadas para a interpretação de
algo, não somente um texto escrito, mas de tudo o qual se possa atribuir significado e sentido.
Hermenêutica Jurídica
A hermenêutica jurídica é o ramo da hermenêutica que se ocupa da interpretação das normas jurídicas,
estabelecendo métodos para a compreensão legal. Utilizando-se do círculo hermenêutico, o jurista
coteja elementos textuais e extra-textuais para chegar-se a uma compreensão.
Na área jurídica, hermenêutica é a ciência que forma as regras e métodos para interpretação das
normas, fazendo com que elas sejam divulgadas com seu sentido e alcance.
A hermenêutica jurídica tem a finalidade de interpretar as normas e leis jurídicas, determinando
métodos para o entendimento legal, ela é baseada na argumentação e pode ser considerada como um
sistema humanístico de pesquisa.
Segundo Pereira, a Hermenêutica tem por finalidade o estudo e a sistematização dos processos
aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito. (PEREIRA, 2014)
Assim, resta-se entendido que, no mundo jurídico, é possível interpretar a hermenêutica como método
de interpretação de textos jurídicos, retirando-lhes o sentido objetivamente válido e determinando seus
alcances.
A constante busca pelo conhecimento e no intuito de aclará-lo no âmbito das ciências sociais, torna-se,
segundo Reale (2001), “insustentável o propósito de uma teoria da interpretação cega para o mundo
dos valores e dos fins e, mais ainda, alheia ou indiferente à problemática filosófica”.
Ao adentrarmos no campo das ciências jurídicas, faz-se necessária a constante interpretação das
normas, fazendo com que essas sejam conhecidas na plenitude de seu sentido e alcance. Porquanto, a
lei por está escrita, gera a necessidade de ser interpretada e que ela sempre será falha e incompleta e
nunca abrangera por si só os complexos sociais.
Neste ponto, deparamo-nos com a hermenêutica jurídica, ciência que, ao utilizar-se de métodos na
interpretação dos textos legais, conduz à aplicação da melhor forma de direito, não se restringindo à
rigidez textual do legislador.
A Lei, por ser escrita, precisa ser interpretada. A palavra é ambígua e para uma boa aplicação da Lei
torna-se necessário interpretá-la.
A Lei sempre será incompleta e falha, nunca conseguirá abranger todos os casos.
Avalia o grau de liberdade que um juiz tem ao interpretar uma norma jurídica
Revelar o sentido a norma – não apenas das palavras, mas da própria Lei em si, tentando compreender a
intenção do legislador.
Estabelecer o alcance das normas – demarcar seu âmbito de atuação no quadro social.
A expressão “In claris cessat interpretatio” – Uma interpretação clara de lapsos; sintetiza o
entendimento de que a lei não precisa ser interpretada quando ela for clara ("na clareza, cessa a
interpretação"). Ocorre que, o conceito de clareza é subjetivo, palavras aparentemente claras podem
ser ambíguas entre seus sentidos comuns e técnicos.
O Sistema Jurídico possui finalidades, uma lei não pode se opor a essas finalidades, portanto uma
lei clara precisa ser interpretada para reconhecermos se isso não vai contra os princípios defendidos
pelo nosso próprio Direito.
(V.g.) O advogado, utilizando o círculo hermenêutico, compara elementos que estão contidos no
texto e elementos extratextuais para chegar a um entendimento completo da questão.
A hermenêutica jurídica apresenta as seguintes características:
Ela se manifesta por meio da linguagem e através dela constrói a interpretação do texto jurídico. A
linguagem é, portanto, um instrumento que possibilitará ao jurista a compreensão do texto.
É necessário que todos os elementos contidos na norma jurídica sejam analisados na compreensão do
texto jurídico. Em grande parte das vezes, a doutrina dispõe de processos, métodos, formas ou
elementos de interpretação para se referir às ferramentas hermenêuticas.
Ao analisar o texto legal, é preciso buscar a compreensão do sentido que ele expressa, dentro de um
argumento lógico.
O uso da hermenêutica está relacionado a busca do significado e o alcance das normas jurídicas. Com a
hermenêutica, o jurista pode encontrar a solução que mais se adequa à aplicação do direito, além de lhe
possibilitar argumentos válidos para a embasar sua decisão.
Toda lei e todos os fatos podem sofrer interpretações, uma vez que são considerados fenômenos sociais
e jurídicos. A compreensão deste conjunto de ideias que idealiza a interpretação do Direito simboliza a
evolução de sua história.
Interpretação jurisprudencial ou Judicial: A resultante do conjunto das decisões proferidas pela Justiça,
por meios de sentenças, acórdãos e súmulas dos Tribunais; e que são baseados no argumento legal ou
litígio que se reflete na regra a ser compreendida.
Interpretação doutrinária: é a interpretação oriunda da doutrina, isto é, pelos estudiosos do direito. Tais
estudiosos inserem os dispositivos legais em diversos contextos, como no escopo histórico, no
entendimento jurisprudencial, entre outros.
Interpretação Administrativa: Elaborada pela própria administração, só possui poder vinculante para as
autoridades administrativas, por isso as interpretações de terceiros podem ser diferentes de acordo com
seus interesses.
Literal ou gramatical: tem como ponto de partida o alcance e significado dos elementos que compõem
seu texto. Seu sentido encontra-se restrito a base da lei. Esta interpretação, por si só, é insuficiente para
conduzir o intérprete a um resultado conclusivo, sendo necessário a articulação de outras espécies de
interpretações a fim de propiciar o resultado almejado. (FRANÇA, 1988).
Lógico-sistemática:
Lógica = busca a lógica dentro da Lei; é aquela que se leva a efeito, mediante a perquirição do sentido
das diversas locuções e orações do texto legal, bem assim através do estabelecimento da conexão entre
os mesmos.
Sistemática = busca a lógica no sistema jurídico; na interpretação sistemática a norma jurídica pode e
deve ser pesquisada em conexão com todo o sistema legislativo. A interpretação sistemática busca
manter a coerência entre as normas, e isso se torna ainda mais adequado em sistemas como o nosso
que segundo Herkenhoff (1999, apud TEIXEIRA, 2014) possui “constituições pormenorizadas, exaustivas,
regulando matérias atinentes aos mais diversos campos do Direito”.
Histórica: analisa a história e cultura; aquela que indaga as condições e o momento de elaboração da
norma, bem como, leva em consideração as causas pretéritas da solução dada pelo legislador. (FRANÇA,
1988)
Interpretação Restritiva: o texto de lei delimita a disposição legal (verba legis) é a interpretação cujo
resultado leva a afirmar que o legislador usou expressões aparentemente mais amplas que seu
pensamento, restringindo o sentido da norma ou limitando sua incidência. (FRANÇA, 1988).
Interpretação Extensiva: é quando a intenção da Lei é mais conclusiva que seu texto. Nesses casos, o
significado literal é ampliado para que se obtenha o efeito prático. Conclui que a abrangência semântica
da regra é mais ampla que seus termos. Deste modo, afirma-se que o legislador escreveu menos do que
realmente intencionava dizer e o intérprete, por sua vez, amplia a incompletude da regra. (TEIXEIRA,
2014)
Interpretação Declarativa ou Especificadora: ocorre quando o texto da Lei e seu sentido são compatíveis
(in claris cessat interpretativo). Esta espécie limita a declarar ou especificar o pensamento expresso ou
contínuo de forma explicativa da norma jurídica, sem para tanto, estendê-la a casos não previstos ou
restringi-la mediante a exclusão de casos inadmissíveis, constatando, o intérprete, tão somente o que as
palavras expressam. (TEIXEIRA, 2014)
Ab-rogante: quando o texto da Lei se prova inconstitucional ou foi revogado secretamente e, por isso,
não pode ser aplicado.
Teorias da Hermenêutica:
Teorias Objetivas – a interpretação da Lei está nela mesma, em sua letra, independe do legislador.
Escolas de Interpretação: São modos de pensamento que surgiram no século XIX, em virtude das
grandes codificações, e influenciaram subjetivamente certas épocas, procurando estabelecer a forma
ideal de relacionamento entre a norma e seu aplicador, buscavam solucionar casos de lacuna do direito
e avaliar o grau de liberdade judicial.
Artigo 4º LINDB “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito”.
Artigo 5º“ LINDB "Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências
do bem comum”.
A sociedade é um corpo biológico em que esta em constante desenvolvimento seguindo as
premissas darwinianista-evolutiva e ao pensar de Émile Durkhein, necessitando do Estado exercer a sua
evolução jurisdicional em prol da sociedade.
Vale ressaltar que a burguesia, classe dominante à época, vinha de um período de sofrimento,
por vezes praticado pelo arbítrio judicial, razão pela qual levavam às últimas consequências a teoria da
separação dos poderes, e achavam que se o juiz tivesse liberdade de interpretação, haveria a
possibilidade da tirania regressar, por isso faziam do magistrado um vassalo do legislador. (TEIXEIRA,
2014)
Legalismo Exegético:
A Escola da Exegese surge na França, logo após a entrada em vigor do Código Civil Napoleônico (1804);
Seu surgimento pode ser explicado a partir de cinco fatores, consoante ensina BOBBIO (O Positivismo
Jurídico, p. 78/82), a saber: (a) a ocorrência da codificação; (b) a mentalidade dos juristas dominada pelo
princípio da autoridade (obediência à vontade do legislador); c) a doutrina da separação dos poderes (o
juiz deve ser apenas a boca da lei); d) princípio da certeza do direito e e) a pressão exercida pelo regime
napoleônico a fim de que fosse ensinado apenas o direito positivo;
A escola da Exegese deve seu nome à técnica adotada pelos seus primeiros expoentes no estudo e
exposição do Código de Napoleão, técnica que consiste em, assumindo o mesmo sistema de distribuição
da matéria seguido legislador, comentar, artigo por artigo, o próprio Código.
Seus principais expoentes foram autores franceses do Séc. XIX, dentre os quais se destacaram Aubry e
Rau, Demolombe e Duranton;
e) compreensão da atividade do juiz como uma atividade neutra e o mais objetiva possível;
Decadência do Legalismo Exegético: crise das codificações e crescimento da complexidade social com as
revoluções industriais.
Escola Histórico-Evolutiva:
Ao contrário do que pensavam os exegetas, essa escola dizia que a lei se reveste de vida própria e se
desprende totalmente do legislador; deixando-se de buscar a “mens legislatoris”, a intenção do
legislador, para se buscar a “mens legis”, ou seja, o espírito da própria lei, extraída pelo aplicador em
qualquer tempo. (TEIXEIRA, 2014). O relevante não é mais “o que o legislador queria no momento da
elaboração”, mas sim “o que ele iria querer se vivesse no momento e contexto atuais.” A ideia era
adaptar a velha lei aos novos tempos, “dando vida aos Códigos”, porém os magistrados ainda ficavam
restritos as leis. (HERKENHOFF, 1999. P. 43)
Occasio legis (ocasião da lei), ela contém lacunas. O interprete pode interpretá-la, mas nunca contrariar
a Lei; Seu diferencial estava no fato de aceitar outras fontes, não somente a lei, ela só teria cabimento
no caso de lacuna das fontes formais do direito e não quando a norma fosse considerada injusta.
Deferida a plena liberdade do juiz no momento de decidir litígios, podendo confrontar ate mesmo o que
reza a lei, decidindo até se for o caso “contra legem”; a excessiva liberdade judicial destrói o princípio da
segurança jurídica. Para essa escola o ordenamento jurídico não deve estar apenas vinculado apenas ao
Estado, mas ser livre em sua realização e constituir-se de convicções numa relação de tempo e espaço,
deixando de ser uma imposição estatal para ser legitimado pela sociedade em razão de suas
necessidades. O juiz pode decidir através de sua livre convicção pessoal ele terá o animus de aplicação
da norma (legal spiritus).
Segundo Mello Filho “o que realmente destaca o movimento do direito livre é a liberação do jurista em
relação ao estatismo e, portanto, a liberação do intérprete da submissão absoluta aos textos legais, que
inclusive poderá deixar de lado em certas oportunidades”.
A grande máxima dessa escola é “fiat justitia, pereat mundus”, que quer dizer “faça-se justiça, ainda que
o mundo pereça”. (TEIXEIRA, 2014)
Necessidade Interpretativa:
Kelsen afirma que “O que interessa ao Sócrates platônico é a comprovação de que a opinião corrente,
segundo a qual um homem amante da verdade seria incapaz de mentir, é equivocada. A verdade a
serviço de qualquer outra coisa que não a própria verdade já não é realmente verdade alguma”.
Sócrates sustenta e defende sempre o ideal de uma verdade objetiva, absoluta e universal. Mas o único
universo que ele conhece, e ao qual se referem todas as suas indagações, é o universo do homem. Sua
filosofia – se é que ele possui uma filosofia – é estritamente antropológica.
Desde que a ciência se tornou menos arrogante quanto à possibilidade de conhecimento, descobrimos
que só estão acessíveis a verdades parciais: versões dos fatos.
Ferraz Jr elucida que: “Postulado universal da ciência jurídica: a tese de que não há norma sem
interpretação, ou seja, toda norma é passível de interpretação... Interpretar o direito significa a inserção
da norma em tela na totalidade do sistema”.
Gadamer determina que “A linguagem não é somente uma dentre muitos dotes atribuídos ao homem
que está no mundo, mas serve de base absoluta para que os homens tenham um mundo, nela se
representar o mundo”. A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar as coisas, para
a comunicação entre as pessoas e para a expressão de ideias, valores e sentimentos.
Segundo Chauí é instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas
emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é
influenciado, a base mais profunda da sociedade humana.
Para Kelsen, “quando o Direito é aplicado por um órgão jurídico, este necessita de fixar o sentido das
normas que vai aplicar, tem de interpretar estas normas”. (Teoria Pura, p. 387); A fixação de sentido das
normas acompanha o processo de aplicação do Direito no seu progredir de escalão superior para um
escalão inferior. Nesse progredir, há sempre uma determinação ou vinculação das normas do escalão
superior (Constituição e leis p. ex), em relação às normas de escalão inferior (sentença, que para Kelsen
produz uma norma individual e concreta).
Kelsen realça, contudo, que essa determinação ou vinculação nunca é completa, pois não é possível
vincular em todas as direções o ato através do qual a norma superior é aplicada. Sempre fica uma
margem, um espaço de livre apreciação, inclusive porque as palavras com as quais se expressa o
legislador são, na maioria das vezes, plurívocas.
A margem de apreciação que resulta da aplicação de uma norma superior a um caso concreto é o que
Kelsen chama de “moldura” ou quadro, que será preenchido no momento da aplicação.
Kelsen considera que o Direito a aplicar “forma uma moldura dentro da qual existem várias
possibilidades de aplicação, pelo que é conforme ao Direito todo ato que se mantenha dentro deste
quadro ou moldura, que preencha essa moldura em qualquer sentido possível.” (Teoria Pura, p. 390).
Recusa, desse modo, que haja apenas uma única interpretação correta. Afirma que, na verdade, várias
interpretações possíveis, dentro da “moldura” formada pelas leis de escalão superior e que a escolha,
por parte do juiz, de uma entre as várias interpretações possíveis é um ato de vontade e que não pode
ser tachado de certo/errado.
Pode-se enumerar como sendo quatro aspectos principais de uma visão pragmatista de jurisprudência: a
importância do contexto; a não consideração de diversas teorias como sendo certas e imutáveis; a
natureza instrumental do Direito; e, por fim, a inevitável presença de diferentes perspectivas.
A decisão do juiz pragmatista pode levar em consideração a própria experiência do magistrado como
fruto do conhecimento do sistema jurídico obtido pela prática.
O que hoje podemos entender como Pragmatismo Jurídico é que esta forma de pensamento apresenta
um teor essencialmente prático: volta-se para o futuro, analisa as necessidades humanas presentes e
futuras, e é avesso a princípios fechados, característicos do racionalismo. O juiz pragmatista, ao seguir
estes passos, tem como objetivo primordial a escolha da melhor decisão.
Tipos ou espécies de palavras de uma lei:
Discricionárias= Há uma gradação que deve ser preenchida no momento da análise do caso.
Disposições finais:
O ordenamento jurídico nada mais é do que a disposição hierárquica das normas jurídicas (regras e
princípios) dentro de um sistema normativo.
Referências Bibliográficas:
PALMER, Richard E. “Hermenêutica”. Trad. Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa: Edições 70, 1969, p. 23.
DINIZ, Maria Helena. “Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada”. 13. Ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2007.
GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretação / aplicação do direito. São Paulo,
Malheiros.
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro : Freitas
Bastos : Forense.
REALE, Miguel. “Lições Preliminares de Direito”. 25. Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.
STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da construção do
direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado.
FRANÇA, R. Limongi “Hermenêutica Jurídica”. 2. Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1988.
2. INTRODUÇÃO
A norma jurídica seria o fenômeno, tendo em vista que norma é algo que para ser conhecido, no
sentido da interpretação, tem de haver uma construção desse conhecimento. Isso significa que o
conhecimento da norma passa pela compreensão da mesma, não como um exercício de mera
apreensão da dogmática jurídica, mas da interpretação criativa, critica, onde o sujeito, determinado por
sua cultura será capaz de dar conta da interpretação/hermenêutica como processo de compreensão do
direito. Nesse sentido, podemos dizer que a Hermenêutica Jurídica e a arte da interpretação jurídica
Deste modo, ao interpretar uma norma jurídica, o jurista terá compreensão desse fenômeno
jurídico, mediante um instrumento que irá proporcionar essa compreensão. Tal instrumento é a
linguagem, que possibilita a interpretação da norma jurídica.
3. INTERPRETAÇÃO JURÍDICA
A norma jurídica sempre necessita de interpretação. A clareza de um texto legal é coisa relativa.
Uma mesma disposição pode ser clara em sua aplicação aos casos mais imediatos e pode ser duvidosa
quando se aplica a outras relações que nela possam enquadrar e às quais não se referem diretamente, e
a outras questões que, na prática, em sua atuação, podem sempre surgir.
Assim, a interpretação tem o caráter concreto, seguindo uma via preestabelecida, em caráter
abstrato, pela Hermenêutica. Pode-se dizer que a interpretação somente se dá em confronto com o
caso concreto a ser analisado e decidido pelo judiciário. A Hermenêutica, ao contrário é totalmente
abstrata, isto é, não tem em mira qualquer caso a resolve.
Não se quer que o intérprete coloque sua opinião, mas sim que ele seja capaz de oferecer o
conteúdo da norma jurídica de acordo com o enunciado ou formas de raciocínios explícitos,
previamente traçados e aceitos de maneira mais ou menos geral, advindos de determinadas ciência,
mas sem necessariamente com isto estar-se fazendo ciência. ”
Assim a interpretação é nada mais nada menos, que a aplicação ao caso concreto de enunciados
já estabelecidos pela ciência da Hermenêutica. Uma coisa é interpretar a norma geral, outra coisa é
refletir e criar as formas pelas quais serão feitas as interpretações jurídicas. Interpretar é descobrir o
sentido de determinada norma jurídica ao aplicá-la ao caso concreto. A vaguidade, ambiguidade do
texto, imperfeição, falta da terminologia técnica, má redação, obrigam o operador do direito, a todo
instante, interpretar a norma jurídica visando a encontrar o seu real significado, antes de aplicá-la a caso
sub judice. Mas não é só isso. A letra da lei permanece, mas seu sentido deve, sempre, adaptar-se às
mudanças que o progresso e a evolução cultural do vocábulo imputam à sociedade. Interpretar é,
portanto, explicar, esclarecer, dar o verdadeiro significado da lei, extrair da norma tudo o que nela se
contém, revelando seu sentido apropriado para a vida real e conducente a uma decisão.
4. CARACTERÍSTICAS DA HERMENÊUTICA
Na análise do texto legal, busca-se conhecer o sentido que ele expressa. Tenta-se encontrar para
o texto, um sentido que faça sentido, de acordo com o argumento lógico. Manifesta-se pela linguagem,
e com ela constrói um mundo de interpretação.
5. CONCLUSÃO
Desde a antiguidade grega até os dias atuais e utilizada em qualquer campo, a Hermenêutica é a grande
arte de interpretar. Dessa forma, podemos tocar na essencial e necessária importância para o Direito,
onde é classificada de Hermenêutica Jurídica e responsável pela leal e fidedigna transmissão do que
propõem as leis e jurisprudências, para facilitar a aplicação do Direito na sociedade, obtendo dessa
forma a harmonia geral.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1947.
in GUIMARÃES, Arianna Stagni.
MAGALHÃES FILHO, Glauco Barreira. Hermenêutica Jurídica Clássica. Belo Horizonte: Mandamentos,
2002.
AmbitoJuridicoOld AmbitoJuridicoOld
51 anos atrás
Resumo: Este presente trabalho propõe-se a analisar a Hermenêutica Jurídica e a Teoria dos Valores,
fornecendo um conjunto de Elementos e de Instrumentos de reflexão epistemológica e axiológica dos
conhecimentos científicos e sua relação Jurídica.[1]
Palavras-chave: Hermenêutica Jurídica. Teoria dos Valores.
Abstract: The present study aims to examine the Legal Hermeneutics and the Theory of Values,
providing a set of elements and instruments of the epistemological and axiological scientific knowledge
and its legal relationship.
1. Noções introdutórias
O termo saber tem hoje, por força das coisas e pela realidade do uso, um sentido bem mais amplo que
ao termo ciência. É considerado saber, hoje em dia, todo um conjunto de conhecimentos
metodicamente adquiridos, mais ou menos sistematicamente organizados de serem transmitidos por
um processo pedagógico de ensino. O conceito de “saber” poderá ser aplicado à aprendizagem de
ordem prática e, ao mesmo tempo, às determinações de ordem propriamente intelectual e teórica.
Por ciência, no sentido atual do termo, deve ser considerado o conjunto das aquisições intelectuais, de
um lado, das matemáticas, do outro, das disciplinas de investigação do dado natural e empírico, fazendo
ou não uso das matemáticas, mas tendendo mais ou menos à matematização.
Por epistemologia, no sentido bem amplo do termo, podemos considerar o estudo metódico e reflexivo
do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de
seus produtos intelectuais. Há três tipos de epistemologia: global (geral), particular e específica.
“Epistemologia global (geral), quando se trata do saber globalmente considerado, com a virtualidade e
os problemas do conjunto de sua organização, quer sejam “especulativa”, quer “científico”.
Epistemologia particular, quando se trata de levar em consideração um campo particular do saber, quer
seja “especulativa”, quer “científico”.
Epistemologia específica, quando se trata de levar em conta uma disciplina intelectualmente constituída
em unidade bem definida do saber, e de estudá-la de modo próximo, detalhado e técnico, mostrando
sua organização, seu funcionamento e as possíveis relações que ela mantém com as demais disciplinas.”
– Notório, em que se dispensam provas; é o conhecimento que possui certeza elementar; É notório o
fato cujo conhecimento faz parte da cultura normal própria de pessoas de um determinado grupo social,
no tempo em que é proferida a decisão, e sobre o qual é dispensável a controvérsia sobre sua
ocorrência. A notoriedade é a qualidade de certos fatos que os tornam reconhecidamente conhecidos e
indiscutíveis, de maneira que produzir sua prova em nada aumentaria a convicção que o juiz e as partes
têm quanto a sua veracidade;
Fatos notórios são de conhecimento geral, perceptível por qualquer pessoa de mediano entendimento.
No dizer de Calamandrei, citado por Moacyr Amaral Santos, fatos notórios são aqueles cujo
conhecimento faz parte da cultura normal própria de determinada esfera social no tempo em que
ocorre a decisão.
Para Alcides Mendonça Lima, o fato notório é aquele que, por sua relevância, não precisa ser provado.
Mas isso – prossegue este autor – depende das condições sociais, culturais, psicológicas, enfim, da
formação de cada pessoa. Cabe ao juiz aquilatar o fato ante o caso concreto.
– Provado, em que requer a evidência da certeza. Não deve ser só em função da notoriedade, de que é
revestido o fato, que o juiz irá dispensá-lo da atividade de ser provado. Notoriedade e verdade nem
sempre estão caminhando juntas.
O método da análise fenomenológica tem como função descrever reflexivamente o que se apresenta à
consciência. Numa análise fenomenológica, parte-se da afirmação de que todo o conhecimento surge
com uma relação entre o sujeito e o objeto. Esta análise pretende saber o que é ser objeto de
conhecimento, ser sujeito cognoscente, apreender o objeto, etc.
Entre o sujeito e o objeto “conhecido” há uma correlação, ou seja, uma relação em que eles são pólos
inseparáveis. A correlação essencial entre estes dois extremos do ato de conhecimento não se mantém
ao nível das funções que cada um desempenha nesse ato. A função do sujeito é apreender o objeto, e a
função do objeto é ser apreendido pelo sujeito. A relação não é permutável.
2. Classificação
Há pelo menos quatro tipos de conhecimento, cada um referindo-se ao tipo de apropriação que o ser
humano faz da realidade. Esses tipos são: conhecimento empírico, conhecimento científico e
conhecimento filosófico.
Conhecimento Empírico: é o que resulta da experiência comum e ocasional dos fenômenos da vida
cotidiana. É denominado também conhecimento vulgar, cotidiano, espontâneo. É aquele adquirido
através da observação sensível e casual da realidade cotidiana e circunstancial; faz-se através de
tentativas e erros. Sem método (ametódico e assistemático), é de nível intelectual inferior, mas de
enorme utilidade prática como base do conhecimento. Baseia-se no senso comum, que para Dirce
Eleonora Nigro Solis, caracteriza-se como um conjunto desagregado de idéias e opiniões difusas e
dispersas que fazem parte de um pensamento genérico de uma época ou de um certo ambiente
popular. Nesse sentido pode-se dizer que o senso comum é histórico, ou seja, são exemplos, as
crendices que passam de geração para geração, entre outras as lendas e os remédios caseiros indicados
pelas vovós.
Conhecimento Científico: é aquele que procura descobrir as causas imediatas das coisas. Tem por objeto
a busca da Certeza. O conhecimento científico vai além da visão empírica, preocupa-se não só com os
efeitos, mas principalmente com as causas e leis que o motivaram, esta nova percepção do
conhecimento se deu de forma lenta e gradual, evoluindo de um conceito que era entendido como um
sistema de proposições rigorosamente demonstradas e imutáveis, para um processo contínuo de
construção, onde não existe o pronto e o definitivo, “é uma busca constante de explicações e soluções e
a reavaliação de seus resultados”. Este conceito ganhou força a partir do século XVI com Copérnico,
Bacon, Galileu, Descartes e outros.
Conhecimento Filosófico: é o que se aplica à descoberta das causas mais profundas, universais e
mediatas das coisas. A ciência não é suficiente para explicar o sentido geral do universo. Por isso, o
homem busca essa explicação através da filosofia, estabelecendo uma concepção geral do mundo. A
capacidade de reflexão mental do homem dá origem ao conhecimento filosófico. Seu único instrumento
é, pois, o raciocínio lógico. Procura interpretar a realidade tendo como tema central o homem e suas
relações com o universo. É através de seu raciocínio que ele ultrapassa os limites da Ciência, uma vez
que não há necessidade de comprovação concreta para a interpretação da realidade em sua totalidade.
A concepção filosófica é especulativa e não oferece soluções definitivas para as várias questões
formuladas pela mente humana. Exemplos são os textos filosóficos
– Acrítico: não admite dúvidas a respeito do conhecimento sensível. Não se detém na validade desse
conhecimento;
– Superficial: conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando
junto das coisas;
– Sensitivo: referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;
– Subjetivo: é o próprio sujeito que organiza as suas experiências a conhecimentos, tanto os que
adquirem por vivência própria quanto os “por ouvir dizer”.
– Especulativo: busca a essência, a natureza dos fenômenos, isto é, as causas remotas de tudo que
existe;
– Crítico: nada aceita sem o exame prévio da reflexão, visando à coerência, consistência e
fundamentação rigorosa dos termos.
De forma geral podemos dizer que o conhecimento é o distintivo principal do ser humano, são virtude e
método central de análise e intervenção da realidade. Também é ideologia com base científica a serviço
da elite e/ ou da corporação dos cientistas, quando isenta de valores. E finalmente pode ser a
perversidade do ser humano, quando é feito e usado para fins de destruição.
3. A Hermenêutica
A crítica é a parte da interpretação jurídica concernente à existência e força obrigatória do texto legal,
analisando dialeticamente. É o fruto da reflexão que os próprios cientistas estão fazendo sobre a ciência
em si mesma. Trata-se de uma reflexão histórica feita pelos cientistas sobre os pressupostos, os
resultados, a utilização, o lugar, o alcance, os limites e a significação sócio-culturais da atividade
científica. Há duas séries de forças atuantes: as forças Externas e as forças Internas.
A epistemologia crítica, pois, tem por objetivo essencial interrogar-se sobre a responsabilidade social
dos cientistas e dos técnicos. Essa interrogação torna-se hoje uma das questões cruciais de nossa
cultura. Há algumas décadas atrás, nem mesmo os intelectuais mais extremistas, ousavam criticar a
ciência. Diante desta situação, que é nova, os cientistas começam a reagir. E é a esta interrogação sobre
a significação real da ciência que podemos chamar de “epistemologia crítica”. “Na hermenêutica jurídica
temos a compreensão, a interpretação estrito senso e a crítica como os três processos necessários para
a interpretação” (Regina Toledo Damião).
O trabalho do aplicador do Direito – do juiz, especialmente – pode ser dividido em duas partes:
descobrir a solução legal adequada para o caso e convencer um determinado auditório de que a solução
escolhida pelo intérprete-aplicador é mesmo adequada. É neste momento que a Hermenêutica Jurídica
entra, pois, é com ela a compreensão de que se dá o sentido à norma. A hermenêutica jurídica, como
arte da interpretação jurídica, é um processo de construção e re-construção.
Carlos Maximiliano define hermenêutica da seguinte forma: “Consiste em enquadrar um caso concreto
na norma jurídica adequada”.
– “A Hermenêutica Jurídica tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos que devem ser
aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito”.
– “Interpretar uma expressão de Direito não é simplesmente tornar claro o respectivo dizer,
abstratamente falando; é sobretudo, revelar o sentido apropriado para a vida real, e conducente a uma
decisão reta”.
Clóvis Bevilacqua define hermenêutica da seguinte forma: “É revelar o pensamento que anima suas
palavras”. Algumas regras elaboradas por Alexandre Alvares, constantes nas lições de Clóvis B.:
“1º. Quanto aos institutos inalterados, deve o interprete aplicar as regras jurídicas tais quais o legislador
as ditou, e seguir o processo tradicional da interpretação, mas, respeitando o texto legal, deve dar-lhe o
sentido mais conforme ás exigências atuais.
2º. Quanto aos institutos parcialmente modificados, a interpretação deve seguir a nova tendência que
neles se manifesta e que se revela, claramente, nos fatos.
3º. Se o instituto se transformou inteiramente, as relações jurídicas devem ser interpretadas segundo
sua feição atual.
4º. Se o instituto foi criado após o aparecimento de uma determinada lei ou de um código, não deve ser
explicado á luz de uma ou de outro, mas sim á luz dos princípios contemporâneos.”
4. Características da Hermenêutica
– É a busca do significado e alcance das normas jurídicas. Permite ao intérprete encontrar a solução
mais adequada para aplicação do Direito e fornecer-lhe argumentos “válidos” para sustentar sua
decisão; É o argumento gramatical.
– A análise deve envolver todos os princípios contidos na norma, e não apenas um isoladamente. Quase
sempre a doutrina fala em métodos, processos, elementos ou formas de interpretação, para referir-se
às ferramentas hermenêuticas;
– Todo Fato e Lei são passíveis de interpretação, considerando tratar-se de fenômenos sociais e
jurídicos. A compreensão dos sistemas de idéias a respeito da interpretação do Direito pressupõe
alguma noção sobre a evolução da história do Direito;
– Na análise do texto legal, busca-se conhecer o sentido que ele expressa. Tenta-se encontrar para o
texto, um sentido que faça sentido, de acordo com o argumento lógico;
Deste modo, ao interpretar uma norma jurídica, o jurista (sujeito) terá a compreensão desse objeto,
desse fenômeno jurídico, mediante um instrumento que irá proporcionar essa compreensão. Tal
instrumento é a linguagem. Note-se, entretanto, que a linguagem, como instrumento para a
compreensão e interpretação não é um terceiro elemento, um ente à parte nessa relação sujeito-objeto,
mas condição de possibilidade de interpretação da norma jurídica.
Diante disto, conceitua-se valor, primeiramente, como a ‘não diferença’ de alguma coisa para um sujeito
ou uma consciência motivada ou incentivada; em segundo lugar, como uma relação, um produto entre o
sujeito dotado de uma necessidade qualquer e um objeto ou algo que possua uma qualidade ou
possibilidade real de satisfazê-lo.
– No sentido Econômico, o valor é medido pelo preço. Ele decorre na relação entre a utilidade e a
quantidade disponível do bem, do qual resulta que, quanto mais escasso o bem mais ele tem valor. O
valor neste sentido se reflete no preço e é o que predomina no mercado, em que nos deparamos
cotidianamente.
– No sentido de Atribuições, o valor é dito como preferência. Como ensina a Axiologia, a aceitação ou
não, a apreciação ou, em suma, a avaliação de qualquer objeto, toma o valor como critério subjetivo,
intersubjetivo ou objetivo de avaliação. Desta forma, o valor como critério de avaliação de um objeto vai
refletindo, do ponto de vista ideal, a convergência das tendências históricas, sendo esta a razão pela que
os valores ou, pelo menos, a escala de suas aplicações preferenciais, mudam com tempo e no espaço, de
conformidade com a constituição cultural. Outro aspecto, do ponto de vista cultural, é que os valores
têm apresentado uma forma de manifestação bipolar e, assim, comportam necessariamente, na
percepção de cada sociedade, componentes positivos e negativos: éticos / antiéticos, justos / injustos,
honestos / desonestos.
Valores são os atributos conferidos e concedidos pelo Ser Humano. Consistem em qualidades subjetivas
que se encontram na realidade cultural e que são atribuídas aos objetos dessa mesma qualidade. São
características são as seguintes:
– O Valer, no campo Ontológico, é o Ser; no campo axiológico, é o Valer. Os objetos naturais são; os
objetos culturais, valem;
– Subjetividade significa que depende das preferências individuais. Valor é algo subjetivo, é interesse;
– A Dependência ocorre porque existe necessariamente a aderência de um valor a uma coisa. Os valores
fazem referência a um ser, ou seja, constituem predicações;
– Polaridade, porque é dotado de 2 pólos: um só Juízo de valor pode levar a 2 conclusões diferentes;
Para o Direito, a conduta não somente é, sentido de existência, mas também vale, a conduta jurídica já
consagra determinados valores; o ordenamento jurídico, formal, já representa a realização desses
valores.
Por fim, a classificação de Carlos Cóssio para a valoração é de que é o fruto do socius, da cultura que o
reproduz e, sobretudo, do esforço do homem em transcender-se a si mesmo e à sua situação histórica.
A origem do valor humano está na origem do homem, e conformam-se as duas, na estrutura da moral e,
mais tarde, da ética que, por sua vez, embasa o Direito como valor ancorado num outro valor qual seja a
Justiça como fim do Direito.
6. Considerações finais
Na axiologia jurídica, portanto, não há valor mais desejado que a justiça e a paz, a despeito de
Aristóteles e dos pensadores helênicos terem considerado a justiça como um hábito. A justiça é uma
igualdade, o equilíbrio; a injustiça é uma desigualdade, um desequilíbrio, afirma Aristóteles. A essência
de justiça é a igualdade, acrescenta S. Tomás. Eis, pois, a relevância da Justiça como valor humano que,
junto a outros valores, como a família, a saúde, a fé e o amor, formam a estrutura valorativa do Direito
Natural, ao qual o Direito positivo se curva.
Embora se reconheça que a segurança é um legítimo valor, um valor “fundante” – expressão de Carlos
Cóssio –, só satisfaz quando devidamente equacionado com os demais valores jurídicos, principalmente
com as exigências éticas da justiça. Isso significa que a vontade contida na lei e garantida pela sanção
“deve estar relacionada à razão superior de um sistema de valores”. É o que diz categoricamente Carl
Friedrich.
Referências bibliográficas
Juris Poiesis. Revista do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá. Disponível em:
<www.estacio.br/graduacao/direito/revista/revista3.htm> Acesso em: 10 fev. 2010.
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. São Paulo: Revista Forense, 1999 (1924).
JAPIASSU, Hilton. Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves,
1979.
MORA, José Ferrater. Dicionário de filosofia (Vol. 2). São Paulo: Edições Loyola, 2000.
TEIXEIRA, Maria Luisa Mendes. Valores Humanos e Gestão: Novas Perspectivas. São Paulo: Senac, 1899.
VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Ética e Direito. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro, Editora Forense.
Nota:
[1] Trabalho orientado pelo prof. Alexandre Cavalcanti Andrade de Araújo, Doutorando pela UMSA
Universidad del Museo Social Argentino. Especialista em Direito Constitucional pela ESA – Escola
Superior da Advocacia. Especialista em Direito Penal pela FESMIP Fundação Escola Superior do
Ministério Público. Assessor Jurídico da Secretaria de Comunicação do Estado da Paraíba – SECOM.
Professor da FESP Faculdades de Ensino Superior da Paraibana na disciplina Deontologia Jurídica.
Professor da FPB – Faculdade Potiguar da Paraíba, nas disciplinas Filosofia Jurídica, Hermenêutica
Jurídica e Ética. Professor Convidado pela Universidade Federal da Paraíba, para disciplina Ética e
Legislação Odontológica.
Deixar um comentário
Âmbito