Ata 1 Reunião Ordinária 2018

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COMITÊ INTERSETORIAL DA POLÍTICA MUNICIPAL PARA A

POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA CLAUDIO LOPES – CIAMP RUA.

Aos vinte e seis dias do mês de janeiro de 2018 (26/01/2018), às oito horas e trinta minutos, no
Auditório da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania – SASC, foi realizada a
primeira reunião do COMITÊ INTERSETORIAL DA POLÍTICA MUNICIPAL PARA A
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA CLAUDIO LOPES – CIAMP RUA, tendo como pauta o
Regimento Interno e o planejamento das ações. Além dos conselheiros nomeados pelo Decreto
Municipal 1654/2017, participaram também instituições convidadas, conforme lista de presença em
anexo. A reunião foi aberta pela secretária municipal de assistência social, Sra. Marta Kaiser, que
deu boas vindas a todos e reiterou o compromisso do governo municipal em estruturar ações através
do Comitê, que garantam a proteção social a estas pessoas. Informou sobre os encaminhamentos
realizados para a mudança do Centro Pop de local. Em seguida, leu o Decreto de Nomeação para
que os integrantes do Comitê se apresentassem, bem como os demais participantes. Na sequência
lembrou a pauta, sendo proposto que o Regimento Interno seja analisado com antecedência e
aprovado na próxima reunião. A profa Ana Lucia Rodrigues pediu a palavra para o representante do
movimento da população em situação de rua, considerando sua participação um marco importante,
uma vez que dá voz as pessoas que estão nas ruas, que representa os usuários. O Sr. Leonildo
Monteiro, representante do Movimento Nacional da População em Situação de Rua – MNPR do
Paraná, Sr. Leonildo Monteiro, realizou uma explanação sobre alguns avanços em municípios que
estão atuando de acordo com o Decreto Federal No 7.053, de 23 de dezembro de 2009 que institui a
Política Nacional para a População em Situação de Rua. Destacou que a necessidade de avançar em
ações estruturantes para essa população como acesso à moradia e emprego. Informou que na cidade
de São Paulo está disponibilizando 467 casas para a população em situação de rua e discutindo a
implantação de repúblicas. Que o MNPPR defende uma avaliação na política atual de acolhimento
com vistas a avançar em novas modalidades, como a República, Bolsa Moradia e Aluguel Social.
Destacou que os serviços de acolhimento, no Brasil todo, são insuficientes para atender a demanda,
só vagas para 8000 pessoas e que são serviços que oferecem apenas o
pernoite, deixando a pessoa na rua o dia todo. Quanto a geração de renda, apresentou a Revista
OCAS, com experiência bem sucedida. Informou ainda que estava voltando de Umuarama, onde
participou de reunião com as secretarias municipais sobre a criação do Comitê, que foi mobilizado
pela Defensoria Pública frente a possíveis ações higienistas na cidade. Leonildo destacou que o
Movimento Nacional contribui com o monitoramento dos serviços, pois estão com as pessoas
atendidas e identificam situações como Centro Pop que tem como porta de entrada a segurança
publica ou que apenas são espaços para ver TV e comer, sem ações que promovam a saída das ruas.
Este diagnóstico será discutido em um grupo de trabalho nacional, envolvendo diversas políticas
publicas com objetivo de qualificar as ações. Falou sobre a conquista do Ciamp Estadual quanto
acesso a Carteira de Trabalho para a população em situação de rua sem comprovante de endereço;
falou que o município de Maceio tem se destacado em ações protetivas para esta população, que
Inrua realizou uma capacitação para mais de 200 trabalhadores da assistência social e 94 cadetes,
que integram a guarda municipal, tendo ainda uma Delegacia para Vulneráveis; Londrina que
oferece uma bolsa moradia de R$ 280,00 para pessoas em situação de rua. Por fim, destacou a
contribuição e apoio do Ministério Público do Paraná, através do Dr Olimpio e Marcos Fouler, que
sempre apoiaram a organização das pessoas em situação de rua. Agradeceu ainda a UEM, na pessoa
da Profa Ana Lucia, e o MP de Maringá, na pessoa do Dr. Kalasch e de Lucilene, assistente social;
bem como Ricardo e equipe do Centro Pop. Que ficava feliz por ver que atual secretária de
assistência social, Marta, deu continuidade a discussão iniciada anteriormente e assumiu a frente da
instituição do Ciamp Maringá. Destacou que Maringá passa a integrar essa rede de proteção e que
irá contribuir com o fim do turismo no sentido de que os municípios distribuem passagens para as
pessoas em situação de rua, a exemplo de Curitiba que distribui em 2017 oito mil passagens. Após
sua fala foi aberto o debate, que centrou no tema população de rua e uso abusivo de álcool e outras
drogas. O Sr. , que já viveu em situação de rua, defendeu a ideia de que se faz necessário um
tratamento anterior a cessão da moradia, pois sem o devido preparo a pessoa não da conta de sair da
rua, falando especialmente de quem enfrenta a dependência química. Em contraposição foi
lembrado da política de redução de danos que deve ser implementada nos municípios através da
saúde. Destacou-se a fragilidade dos Caps e de experiências como o Intervidas em Curitiba. Sr.
Leonildo expôs sobre possível fonte de recursos na SENAD para custear hotel para aqueles que
estejam em tratamento no Caps. Que em Curitiba o Consultório na Rua chega em locais onde a
assistência social não chega Questionou ainda as ações da segurança no combate as drogas junto
aos moradores de rua, abordagens violentas e não são efetivas, pois trata de usuários e não de
traficantes. Que o controle sobre as ações violentas e higienistas por vezes resultam em ações de
extermínio promovida por comerciantes das grandes cidades. Expôs sobre a experiência de
República, Condomínio Social de Curitiba que custou em torno de R$ 3.600,00 por morador,
atendendo 125 pessoas, e que as pessoas voltaram para as ruas. O Sr retomou a palavra para afirmar
sua posição a necessidade do indivíduo estar preparado e de querer tratar-se, antes de acessar
moradia e trabalho. Foi destacado que ha propostas para geração de renda, como a garantia de
percentual de trabalhadores que estejam nas rua em contratação de obras públicas. Também de
geração de trabalho em atividades que gerem renda imediata e sem necessidade de qualificação
profissional, como ações imediatas. Destacou-se que está tramitando no Senado Federal projeto que
prevê a contratação de 2% de população em situação de rua, projeto do Senador Paulo Teixeira. A
profa Ana Lucia fez uso da palavra para destacar a importância da política da saúde no Comitê e da
necessidade de ampliar as ações do Consultório na Rua de Maringá. Para contribuir com o debate.
Propôs apresentar o relatório qualitativo da pesquisa que o Observatório das Metrópoles realizou
em 2017, sendo a terceira edição. Informou que em torno de 93% das pessoas entrevistadas
afirmaram ter o desejo de sair das ruas e querem emprego e moradia. Avaliou que em Maringá o
problema não é grande, pois há aproximadamente 300 pessoas, logo é possível avançar em
respostas efetivas. Para tanto, não pode haver paralelismo e o Comitê deve ser o espaço que
centralize as discussões, que agregue os diferentes atores da sociedade, como por exemplo, a
associação comercial, para que não sejam dadas respostas pontuais a um grupo de comerciantes,
mas que a resposta atende aos interesses de todos. Por fim, destacou que há pesquisas em curso, que
o Ricardo (mestrando em políticas publicas) e a Anai (doutoranda em enfermagem), que através da
pesquisa vão aprofundar o conhecimento sobre o perfil dessa população, contribuindo com a
construção da política e o plano municipal. O Sr. Leonildo manifestou-se para dizer que o Plano
deve ser operacional, deu como exemplo o plano de Maceió. Retomou a importância de garantir o
acesso a justiça a população de rua, pois muitos não buscam o serviço pois tem pendências com a
justiça. Essa questão é tratada no âmbito de um Grupo de Trabalho Intersetorial que conta com a
defensoria pública. Salientou que outros não acreditam mais em nada, e limitam-se a sobrevivência.
Disse ainda que é importante se atentar para a situação das mulheres, que é quem mais sobre
violência nas ruas, por isso se vinculam a companheiros na expectativa de se protegerem um pouco.
Apresentou o exemplo de um programa em Brasília que ofereceu moradia em nome das mulheres e
quando acessaram a casa, romperam com os companheiros. Informou ainda que haverá um
Seminário em Foz do Iguaçu envolvendo o governo federal e tratará da tripice fronteira. Que
eventos e discussões estão ocorrendo no Brasil todo, como em Goiânia, em São Paulo, em Lauro de
Freitas, e que a troca de experiência é fundamental para a elaboração de um plano. Que em Curitiba
foi criado uma Diretoria na atual gestão e terá recursos da UNESCO para a FAS desenvolver ações
que visem a porta de saída. Propôs ainda que é fundamental investir em capacitação das equipes e
gestores. Na sequência o Promotor de Justiça, M Kalash, fez uso da palavra. Iniciou sua fala
dizendo que reconhecia o esforço de todos os envolvidos na instituição do Comitê, e que a “chuva
de ideias” é importante para iniciar o trabalho eque deve permanecer. Disse que há um desafio a ser
superado que não é exclusivo de Maringá, trata-se de modelo de gestão autocentrada, pouco
comunicativa, uma cultura de gestão que não traz resultados. Que é fundamental ir além das boas
intenções, para tanto é preciso metodologia, que as reuniões tenham pauta, objetivos, tempo de
duração e atas. Destacou que vivemos um ambiente de muita intolerância, de violência contra e
entre a população em situação de rua, que inclusive recebeu notificação extrajudicial , que um
síndico de um prédio notificou o MP para tirar pessoas da frente do prédio. Retomou a importância
do planejamento, que é preciso ter e-mail convidando com notificação de recebimento, registro de
ausência, pois “vou acompanhar” os trabalhos e cobrar os envolvidos para as devidas respostas. Que
é importante a participação da Associação Comercial, por exemplo, e que irá cobrar a presença.
Destacou que o Comitê não pode ser um fim em si mesmo, mas um meio. Que não pode cair em
disfuncionalidades, e que é preciso cuidar para que não haja rotatividade dos representantes e falta
de comunicação se se quer resultados. Que o Comitê tem que ouvir a população em situação de rua.
Expôs ainda que é preciso adequar os instrumentos, a rede às necessidades da população, garantindo
atendimento preferencial. Reiterou a proposta de saturar a oferta de serviços nos momentos de
sobriedade, seguindo a “pedagogia da mesa”, destacou que esta proposta foi apresentada para atuar
junto a situação da R. Fernão Dia. Disse que não é possível tratar a questão no gerúndio, mas sim
definir metas e prazos. Que é preciso envolver o terceiro setor e valorizá-lo. Propôs ainda que seja
criado um e-mail do Comitê para ouvir a população sobre o tema. Por fim, propôs que o inverno
como prazo para resultados das ações do Comitê, que no inverno não haja desabrigo em Maringá.
Antes da secretária Marta passar para as considerações finais e encaminhamentos, foi esclarecido
que nem todos as entidades que estão como possíveis convidados no Comitê receberam convite para
a primeira reunião, como por exemplo a ACIM. O representante do Albergue esclareceu que já
estão oportunizando espaço para reflexão junto aos usuários do Albergue, bem como
encaminhamentos para o mundo do trabalho. Retomando a palavra a secretária Marta pactou com o
grupo que a próxima reunião será dia 09/02 às 8h30 no Auditório da SASC, tendo como pauta a
aprovação do Regimento Interno e a apresentação de propostas por parte das entidades que
compõem o Comitê ouvindo as pessoas em situação de rua que atendem. Sem mais, lavro a presente
ATA.

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