Tese ThiagoSilvaTeles Versao Final
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net/publication/361511270
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Campo Grande
Abril 2020
Metacomunidade de Chrysomelidae (Coleoptera) em remanescentes
florestais e sua relação com atributos locais e da paisagem
Aos meus orientadores, Danilo Bandini Ribeiro e Josué Raizer, pelo apoio, atenção e
pelas orientações, não somente acadêmicas, mas as relacionadas à vida pessoal. Muito obrigado
amparado durante todos estes anos dedicados aos estudos e por ter me presenteado com nossa
filha, Maria Eduarda, que veio nos fortalecer ainda mais. Amo vocês.
Aos meus familiares pelo apoio e incentivo que me deram ao longo dos anos: Juliano
Aos amigos que ajudaram nas coletas, saídas de campo, triagem e organização dos dados
Luana Leichtweis Vieira, Fernanda Delben, Clarissa de Araújo Martins, Samuel Duleba,
Aos amigos residentes, ou não, em Campo Grande que abriram as portas de suas
residências e me receberam com muito carinho: Guilherme Dalponti e Ellen Maciel; Matheus
florestais.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, pela oportunidade de
A todos vocês, muito obrigado por confiarem e acreditarem em mim. Um forte abraço
a todos.
Índice
Resumo geral .............................................................................................................................. 1
Introdução geral.......................................................................................................................... 5
Resumo ....................................................................................................................................... 9
Abstract .................................................................................................................................... 10
Introdução................................................................................................................................. 11
Métodos .................................................................................................................................... 11
Análise de dados....................................................................................................................... 15
Resultados ................................................................................................................................ 15
Discussão .................................................................................................................................. 27
Resumo ..................................................................................................................................... 30
Abstract .................................................................................................................................... 31
Introdução................................................................................................................................. 32
Métodos .................................................................................................................................... 35
Resultados ................................................................................................................................ 41
Caracterização da paisagem e do habitat .................................................................................. 41
Discussão .................................................................................................................................. 56
Literatura citada........................................................................................................................ 60
Resumo geral
Mudanças na cobertura e uso do solo têm sido uma grande ameaça à biodiversidade por reduzir
fragmentação de habitat. Nesta tese, meu objetivo é compreender os efeitos das características
floresta semidecídua em uma paisagem com intensa prática agrícola. No primeiro capítulo
apresento uma descrição da região de estudo, da assembleia destes besouros quanto a sua
estudo. Ao todo, foram capturados 610 indivíduos de 135 espécies pertencentes a sete
relacionada aos atributos da paisagem e do habitat, mas sim às estruturas espaciais, indica que
e do habitat. Sendo assim, esta assembleia deve se organizar de acordo com a dinâmica de
manchas, na qual as manchas de habitat são relativamente homogêneas (na perspectiva das
2
espécies) e a dispersão é o fator mais importante que pode estar estruturando esta
metacomunidade.
3
General abstract
Changes in land use and land cover have been a major threat to biodiversity by reducing areas
of natural habitat (habitat loss) and by changing the dynamics of original (meta) communities,
via habitat fragmentation. In this thesis, my objective is to understand the effects of landscape
semideciduous forest in a landscape with intense agricultural practice. In the first chapter I
present a description of the study region, the assembly of these beetles in terms of their richness
and composition, and the spatial and temporal patterns of distribution in the area and period of
study. Altogether, 610 individuals of 135 species belonging to seven subfamilies were captured
in 18 forest remnants. Galerucinae and Eumolpinae showed the greatest richness and
abundance. The highest peak of abundance and richness occurred in October 2017, while the
lowest values were recorded in February 2018. In the second chapter, I describe the effects of
landscape and habitat on the richness and composition of chrysomelid beetles. The results show
that the richness of Chrysomelidae depends on characteristics of the landscape and spatially
structured processes, which are independent of the characteristics of the habitat and landscape
features. As for species composition, the results show the importance of spatially structured
processes on a broad scale (the entire study area), these processes being responsible for
characteristics explained the variation in species composition. My results indicate that the
assembly of leaf-beetles is not structured by the attributes of the landscape and habitat, but are
related to spatial structures, indicating that there are spatially structured processes that are
independent of the characteristics of the landscape and the habitat. Based on results, I can
observe that there is evidence that this assembly is in agreement with a patch dynamics, which
4
predicts that habitat patches are relatively homogeneous (from the perspective of species) and
dispersion is the most important factor that may be structuring this metacommunity.
5
Introdução geral
Modificações das paisagens naturais provocadas por ações antrópicas, que incluem mudanças
na cobertura e uso do solo, são as principais ameaças à biodiversidade por trazerem dois
processos distintos atrelados: perda e fragmentação de habitat (Fischer & Lindenmayer 2007).
Habitat pode ser amplamente definido como a variedade de ambientes adequados para uma
espécie (Fischer & Lindenmayer 2007), por exemplo habitat florestal, campestre ou aquático.
perturbações nos remanescentes (Fahrig & Jonsen 2008). No processo de fragmentação em si,
para uma dada quantidade de habitat em uma paisagem, manchas de habitat original são
subdivididas em áreas menores isoladas em algum grau umas das outras (Fahrig et al. 2019).
Essas manchas ficam imersas em uma matriz circundante que influencia o deslocamento dos
organismos entre essas áreas. Obviamente, neste processo de fragmentação há perda de habitat,
que limita a permanência de espécies especialistas em relação ao habitat original (Haddad et al.
2015).
Dentre os diversos tipos de habitat que estão sendo perdidos em todo planeta, os habitats
florestais são os mais impactados. De 2000 a 2012 houve redução de cerca de 2,3 milhões km²
em florestas no mundo, sendo as florestas tropicais o sistema que mais perdeu cobertura
anualmente, além de sofrer com o processo de fragmentação (Hansen et al. 2013). Estima-se
que cerca de 70% dos remanescentes de florestas tropicais estejam em fragmentos distantes das
grandes áreas naturais de florestas (Haddad et al. 2015). Neste cenário, o Brasil é o país que
apresentou a maior perda de cobertura florestal (Hansen et al. 2013). Mais de 27% da perda
conversão permanente e de longo prazo de sistemas florestais em sistemas de uso não florestal,
muito pequenas e isoladas (Ribeiro et al. 2009). Como resultado, populações animais e vegetais
são isoladas em fragmentos imersos numa matriz circundante inadequada para sobrevivência e
Além dos fatores deletérios diretos à biodiversidade, como a perda de habitat e sua
fragmentação, alterações causadas por mudanças no uso e cobertura do solo podem gerar
com estas características é a região centro-sul de Mato Grosso do Sul, região conhecida como
“Zona Serra de Maracajú”. Esta região abrange 33 municípios e constitui a região desse Estado
com a menor cobertura vegetal nativa (cerca de 13%), predominando áreas destinadas à prática
agrícola e pecuária, sendo a região com maior grau de antropização (Mato Grosso do Sul/ZEE
2015). Nessa paisagem há predomínio de extensas áreas cultiváveis com poucos e pequenos
Cenários como o visto na região, apesar de haver pouca e fragmentada vegetação nativa,
podem abrigar uma parcela muito rica da fauna, por exemplo, de besouros crisomelídeos (Teles
et al. 2019), devido ao processo de substituição espacial de espécies (alta diversidade beta) entre
2004). Este arcabouço teórico está basicamente centrado ao redor de quatro modelos teóricos
7
idealizados de metacomunidades (sensu Leibold et al. 2004, Zheng et al., 2015): dinâmica de
manchas (patch dynamics), ordenação de espécies (species sorting), efeito de massa (mass
effects) e modelo neutro (neutral model). O modelo de dinâmica de manchas (patch dynamics)
composição de espécies difere pela habilidade de dispersão dos organismos e pela demanda
sorting) e efeito de massa (mass effect) assumem que o ambiente é heterogêneo e que a
capacidade de dispersão pode ser “intermediária” (permitindo que espécies possam se agregar
estabeleçam em um habitat sumidouro devido à imigração contínua - mass efect). Por fim, o
modelo neutro (neutral model) assume que as espécies não diferem em habilidade competitiva
habitat quanto a paisagem em que a mancha de habitat está inserida (Cotennie & Cottenie 2005,
Logue et al. 2011). Apesar de estar implícito nos modelos teóricos de dinâmica de
metacomunidades, poucos estudos têm relacionado as características das paisagens com estas
dinâmicas (Biswas & Wagner 2012, Almeida-Gomes et al. 2020), mesmo estas características
(estruturais e composicionais) sendo importantes para diferentes taxa, como lagartos (Ryberg
& Fitzgerald 2016) e besouros coccinelídeos (Woltz & Landis 2014). Nesta tese eu testo a
estrutural).
8
Chrysomelidae é uma das principais famílias de besouros fitófagos que compõe a fauna
de insetos de diversos ecossistemas terrestres, com exceção das regiões polares (Baselga &
Novoa 2006, Aslan et al. 2009, 2012, Linzmeier & Ribeiro-Costa 2013, Bouzan et al. 2015,
Sánchez-Reyes et al. 2016). Estes insetos respondem às alterações estruturais do habitat (Teles
et al. 2019) bem como às diferentes fitofisionomias (Ohsawa & Nagaike 2006, Pimenta & De
Marco 2015) e, dessa forma, têm apresentado grande potencial como bioindicadores (Sánchez-
Reyes et al. 2019). Assim, por serem organismos sensíveis às alterações ambientais, minha
(diferentes tipos de uso do solo e cobertura, como área florestada natural e área agrícola, por
paisagem, sensu Ryberg & Fitzgerald 2016) e ao isolamento irão influenciar a dinâmica das
remanescentes florestais em uma paisagem com intensa prática agrícola, é composta por
guiadas por processos espacialmente estruturados e que são independentes das características
da paisagem e do habitat.
9
Resumo
Mudanças na cobertura original e no uso da terra têm gerado paisagens com intensa perda de
habitat e com remanescentes de habitat imersos em uma matriz inóspita para as espécies
originais. Apesar da baixa prioridade de conservação de áreas com intensa perda de habitat e
com poucas e dispersas manchas de habitat natural, estas manchas relictuais podem abrigar
em uma matriz antropizada (intensa prática agrícola), tanto em escala regional quanto em escala
local (fragmento). Amostrei 18 fragmentos florestais com armadilhas Malaise, entre os meses
de outubro de 2017 e março de 2018. Encontrei 610 indivíduos de 137 (morfo)espécies e sete
subfamílias, sendo Galerucinae a mais rica e abundante. A maioria das espécies apresentou
apenas um indivíduo (singleton) representando 58% da riqueza total, e apenas uma espécie
Abstract
Changes in original land cover and land use have generated landscapes with intense habitat loss
and remnants of habitat immersed in an inhospitable matrix for the original species. Such
landscapes may have a low conservation priority, generating gaps in the knowledge of species.
In this chapter, aiming to contribute to filling such gaps, I accessed to the Chrysomelidae
anthropogenic matrix (intense agricultural practice), regarding its structure and composition,
both on a regional scale and on a local scale (fragment). I sampled 18 forest fragments with
Malaise traps, from October 2017 to March 2018, during the first week of each month. I found
610 individuals and 137 (morpho)species and seven subfamilies, with Galerucinae being the
richest and most abundant. Most species presented only one individual (singleton) representing
58% of the total richness, and only one species presented more than 70 individuals (15% of the
total abundance). In comparison with the information available in the literature, I conclude that
the region has a remarkably diverse fauna of Chrysomelidae, which included first records of
Introdução
(Fischer & Lindenmayer 2007). Estes processos estão relacionados à conversão e uso do solo,
onde vários tipos de habitat, mas principalmente os florestais, dão espaço à agricultura (Curtis
et al. 2018). Dessa forma, os remanescentes geralmente ficam imersos em uma matriz muito
diferente da original, com área reduzida e isolados dos demais fragmentos e das grandes
florestais pode interferir negativamente na dinâmica de dispersão das espécies (Biz et al. 2017),
fazendo com que espécies permaneçam isoladas, provocando assim, a redução das populações
cerca de 36.000 espécies descritas (Bouchard et al. 2017) e estimativas de que possa haver mais
60.000 (Jolivet 2015). Para o Brasil, há registros de mais de 6.000 espécies pertencentes a mais
de 550 gêneros (Sekerka et al. 2017), entretanto esta fauna é subestimada, tendo em vista que
do Sul que, apesar dos recentes esforços em listar sua fauna (Graciolli et al. 2017) e flora
(Farinaccio et al. 2018) poucos estudos abordaram a fauna de Chrysomelidae no estado (mas
Aqui meu objetivo foi caracterizar a fauna de besouros Chrysomelidae (Coleoptera) que
ocorrem em remanescentes florestais imersos em uma matriz agrícola. Para isso descrevi os
Métodos
Área de estudo
12
O estudo foi conduzido no município de Dourados, Mato Grosso do Sul. O município localiza-
se na porção do estado compreendida pela Região Hidrográfica do Rio Paraná, na região com
federal durante a década de 1940 (Santana-Junior 2009) e a falta de planejamento para tal
expansão, a maior parte da vegetação nativa foi suprimida, cedendo espaço para culturas
agrícolas e pastagens (Martins 2001), restando apenas fragmentos de floresta estacional aluvial
e de cerrado imersos em uma matriz agrícola (SEMAC, 2011). O clima da região, segundo a
classificação de Köpen, é do tipo Cwa, mesotérmico úmido, com verão úmido e inverno seco
(Fietz & Fisch 2008) com predomínio de Latossolo Vermelho Distrófico (Latossolo Vermelho-
Amostrei 18 remanescentes florestais com área média de 81ha (± 62ha), com mínimo
de 14.47ha e máximo de 252.9ha localizados na transição entre área urbana e rural (Fig. 1),
entre os meses de setembro de 2017 e fevereiro de 2018. Este período corresponde com o
Ribeiro-Costa 2013).
Coleta de dados
Cada fragmento foi amostrado durante a primeira semana de cada mês utilizando armadilhas
m da borda em direção ao interior do fragmento. Cada coleta contou com sete dias de exposição
em diante), utilizando como classificação aquela proposta por Reid (2000, 1995). Os vouchers
13
Análise de dados
composição de espécies, tanto em escala regional quanto para cada fragmento amostrado.
Utilizei o framework proposto por Chao et al. (2014) que se baseia nos números de Hill, para
gerar uma curva de rarefação de espécies bem como uma curva de cobertura amostral,
amostrados. Para saber quantas espécies potencialmente podem ocorrer na região bem como
em cada fragmento e que não foram evidenciadas pelo método de coleta, utilizei o estimador
espécies com apenas um indivíduo; 2) doubletons: espécies com dois indivíduos; 3) raras:
Todas as análises foram realizadas no programa R (R Core Team & Team 2019). A
riqueza e a abundância foram acessadas utilizando o pacote “BiodiversityR” (Kindt & Coe
Resultados
Encontrei 610 besouros Chrysomelidae de 135 espécies em seis subfamílias (Tab. 2). A curva
de acumulação de espécies indicou que em 95% das vezes que dobrássemos o esforço amostral,
medido pela acumulação de indivíduos, o número médio das espécies de Chrysomelidae (276
espécies) estaria entre 211 e 398 espécies (Fig. 2a). A curva de cobertura amostral indicou que
cerca de 87% (intervalo de confiança de 95% = 84% - 90%) dos indivíduos na comunidade
pertenceriam às espécies amostradas (Fig. 2b), sendo estas aproximadamente 47% das espécies
Cassidinae
Baliosus sp.1 1 1 1
Chalepini sp.1 1 1 1
Charidotella (Metrionaspis) rubincuda (Guérin, 1 1 1
1844)*
Charidotis auroguttata Boheman, 1855* 1 1 1
Charidotis fugitiva Spaeth, 1936** 1 1 1
Charidotis furunculus (Boheman, 1855)* 3 3 3
Charidotis quadrioculata (Boheman, 1855)** 2 1 2
Clinocarinispa sp.1 1 1 1
Clinocarinispa sp.2 1 1 1
Heterispa sp.1 1 1 1
Hybosa fornicata Boheman, 1855* 2 2 2
Ischnocodia annulus (Fabricius, 1781)* 3 3 5
Microctenochira achardi (Spaeth, 1926)* 2 2 3
Octhispa sp.1 2 2 2
Oxychalepus sp.1 3 2 3
Oxychalepus sp.2 3 2 5
Oxychalepus sp.3 3 3 3
Oxychalepus sp.4 2 2 3
Paraselenis (Spaethiechoma) flava (Linnaes, 1 1 1
1758)*
Syngambria bisinuata (Boheman, 1855)* 1 1 1
Temnocthispa sp.1 1 1 1
Chrysomelinae
Chrysomelinae sp.1 1 1 1
17
Chrysomelinae sp.2 1 1 1
Criocerinae
Lema sp.1 2 2 2
Lema sp.2 1 1 1
Lema sp.3 1 1 1
Lema sp.4 1 1 1
Cryptocephalinae
Cryptocephalinae sp.1 1 1 1
Cryptocephalinae sp.2 1 1 1
Cryptocephalinae sp.3 1 1 1
Cryptocephalinae sp.4 1 1 1
Cryptocephalinae sp.5 1 4 4
Cryptocephalinae sp.6 1 1 1
Cryptocephalinae sp.7 1 1 1
Cryptocephalinae sp.8 1 1 1
Cryptocephalinae sp.9 1 1 1
Cryptocephalinae sp.10 1 1 3
Eumolpinae
Antitypona sp.1 9 7 19
Colaspis sp.1 6 5 70
Colaspis viridilimbata Lefèvre, 1877 7 7 10
Endocephalus suffriani paraguayensis 2 2 90
(Jacoby, 1900)
Eumolpus sp.1 2 2 2
Eumolpinae sp.1 4 2 9
Eumolpinae sp.2 3 3 6
Eumolpinae sp.3 1 1 1
Eumolpinae sp.4 1 1 3
Eumolpinae sp.5 1 1 1
Eumolpinae sp.6 1 1 1
Eumolpinae sp.7 1 1 1
Eumolpinae sp.10 3 3 3
Eumolpinae sp.11 1 1 1
Eumolpinae sp.12 1 1 1
Eumolpinae sp.14 3 3 5
Eumolpinae sp.15 1 1 2
Eumolpinae sp.16 1 1 1
Eumolpinae sp.17 1 1 1
Eumolpinae sp.18 4 4 6
Eumolpinae sp.19 1 1 1
Eumolpinae sp.20 2 2 2
Eumolpinae sp.22 2 2 2
18
Eumolpinae sp.23 2 2 2
Eumolpinae sp.24 1 1 1
Eumolpinae sp.25 1 1 1
Eumolpinae sp.26 1 1 1
Eumolpinae sp.27 1 1 1
Eumolpinae sp.28 1 1 2
Eumolpinae sp.29 1 1 1
Eumolpinae sp.30 1 1 1
Eumolpinae sp.31 1 1 1
Eumolpinae sp.32 1 1 1
Eumolpinae sp.34 2 1 2
Eumolpinae sp.35 1 1 1
Eumolpinae sp.36 1 1 1
Eumolpinae sp.37 1 1 1
Eumolpinae sp.38 1 1 2
Eumolpinae sp.40 1 1 1
Taimbezinhia sp.1 8 8 11
Galerucinae
Alticini sp.1 1 1 1
Alticini sp.2 1 1 1
Alticini sp.4 2 2 6
Alticini sp.6 3 3 3
Alticini sp.7 2 2 3
Alticini sp.8 4 3 12
Alticini sp.9 2 1 2
Alticini sp.10 1 1 1
Alticini sp.12 2 2 2
Alticini sp.13 1 1 1
Alticini sp.14 1 1 1
Alticini sp.15 1 1 1
Alticini sp.17 1 1 2
Alticini sp.18 1 1 1
Alticini sp.19 1 1 1
Alticini sp.20 2 2 2
Alticini sp.21 3 3 12
Alticini sp.22 2 2 2
Alticini sp.23 2 2 15
Alticini sp.24 1 1 1
Alticini sp.25 2 2 2
Alticini sp.26 2 2 2
Alticini sp.27 3 3 6
Alticini sp.28 1 1 1
Alticini sp.29 1 1 4
Alticini sp.30 1 1 1
19
Alticini sp.31 1 1 1
Alticini sp.32 1 1 1
Alticini sp.33 1 1 1
Alticini sp.34 1 1 1
Alticini sp.35 1 1 1
Alticini sp.36 1 1 1
Alticini sp.37 1 1 1
Alticini sp.38 1 1 1
Asphaera hilaris Jacoby, 1905 11 8 27
Brasilaphthona sp.1 8 7 61
Galerucinae sp.2 4 4 14
Galerucinae sp.3 3 3 5
Galerucinae sp.10 1 1 1
Galerucinae sp.13 2 2 2
Galerucinae sp.19 1 1 1
Galerucinae sp.20 1 1 1
Galerucinae sp.24 1 1 1
Galerucinae sp.34 1 1 1
Galerucinae sp.38 1 1 1
Galerucinae sp.42 1 1 1
Galerucinae sp.47 1 1 1
Galerucinae sp.48 1 1 1
Galerucinae sp.49 1 1 1
Galerucinae sp.53 1 1 1
Galerucinae sp.54 1 1 1
Heikertingerella sp.1 10 6 16
Heikertingerella sp.2 1 1 4
Wanderbiltiana dilecta (Jacoby, 1894) 20 13 30
* novo registro para Mato Grosso do Sul; ** novo registro para o Brasil
20
atividade agrícola. Linha sólida = valor observado; linha tracejada = valor extrapolado;
Endocephalus suffriani paraguayensis (Jacoby, 1900) com 15% da abundância total, enquanto
Wanderbiltiana dilecta (Jacoby, 1894) foi a espécie com maior frequência de captura (presente
em 20 das 108 coletas) e a espécie mais amplamente distribuída entre os fragmentos, presente
em 13 dos 18 fragmentos amostrados. Asphaera hilaris Jacoby, 1905 foi a única espécie que
Mais da metade das espécies de Chrysomelidae (79 espécies, 58% do total) tinham
(18,4%) raras, 11 (8,1%) comuns e apenas uma espécie (0,73%) muito comum. Esta espécie
besouros crisomelídeos.
24
sp. (3,1%); g) Heikertingerella sp. (2,6%); h) Alticini sp. (2,5%); i) Galerucinae sp.
(2,3%); j) Acanthonika sp. (2%); k) Aticini sp.; l) Taimbezinha sp. (1,8%); m) Colaspis
Amostrei em média 34 indivíduos por fragmento (desvio padrão = 26), sendo que dois
fragmentos tiveram menos de 10 indivíduos, enquanto o fragmento mais abundante teve 102
por fragmento, sendo que o fragmento mais rico tinha 24 espécies e os quatro fragmentos mais
espécies (± 21) por mês de coleta. O mês de outubro de 2017, apesar de ter sido o mês que
apresentou a maior abundância (353 indivíduos) e a maior riqueza (67 espécies), apresentou o
Discussão
paisagem com grande perda de habitat e alta fragmentação. A riqueza de espécies é alta, quando
conservação (Linzmeier & Ribeiro-Costa 2012, 2013, Sánchez-Reyes et al. 2014, Bouzan et al.
2015). Essa alta diversidade não se repete localmente nos fragmentos de floresta. Como
fragmentos florestais com pequenas áreas (tais como os que estudei) suportam poucas espécies
por conta da relação espécies-área e pelos efeitos relacionados à ampliação de bordas (efeito de
borda). Estudos recentes indicam que o conjunto das áreas florestadas em paisagens altamente
fragmentadas tem riqueza de espécies igual ou superior àquela encontrada em uma única
floresta com área igual à soma das áreas desses fragmentos (Fahrig et al. 2019).
Outro fato que pode contribuir para a alta riqueza e abundância de Chrysomelidae é o
locais mais abertos, com maior luminosidade, que apresentem mais herbáceas e plantas de sub-
Teles et al., 2019). Os remanescentes florestais da região ainda carecem de um estudo para
coletas e pelo histórico de ocupação e uso da terra na região (Santana-Junior 2009) é que estas
áreas apresentam densidade de plantas reduzida, seja pela extração seletiva de madeira, seja
Aqui registrei uma grande quantidade de espécies (50% do total) com um único
(e.g. Kirmse & Chaboo 2018, Gatti & Carneiro 2019, Guedes et al. 2019), mesmo que de modo
geral a abundância desses besouros seja relativamente alta (Linzmeier & Ribeiro-Costa 2013).
28
A grande quantidade de espécies com apenas um ou dois indivíduos também têm sido frequente
número de singletons pode ser reflexo tanto do método de coleta quanto das características das
próprias espécies. Armadilhas Malaise são passivas e dependem da atividade dos insetos para
captura e podem capturar muitas espécies transitórias, podendo assim, influenciar no número
e diversidade ocorrem no início da época das chuvas, o que coincide com o início da primavera
dos alimentos está diretamente relacionada a esse padrão, tanto que insetos herbívoros
geralmente preferem folhas mais jovens, com maior quantidade de nutrientes e de água, maior
teor de nitrogênio e menos defesas químicas como taninos e resinas (Jolivet 1988). Além disso,
a maior abundância de flores nas estações da primavera e verão favorece besouros que incluem
estruturas florais em sua dieta, tal como os Eumolpinae (e.g. Basset & Samuelson 1996).
Composição de espécies
baixa resolução taxonômica (e.g. Teles et al. 2019). Este fato se deve principalmente à carência
revisão das subfamílias, em especial para a região Neotropical (Michael Geiser, comunicação
pessoal). Para o estado de Mato Grosso do Sul, apenas um estudo (Teles et al. 2019) apresenta
29
algum registro mais recente sobre as espécies encontradas na região do município de Dourados,
apresentam uma resolução taxonômica mais refinada, contando com catálogo disponível on-
line (Borowiec & Swietojanska 2018). Neste caso, há informação farta, mas muitos registros
apresentam incongruências. Por exemplo, algumas espécies com ocorrência no estado de Mato
Grosso, são na verdade, registros para o estado de Mato Grosso do Sul. Um destes exemplos é
registra para Mato Grosso, quando na verdade foi encontrada em Corumbá, Mato Grosso do
Sul.
Neste estudo a maioria das espécies de Cassidinae são novos registros para o estado de
Mato Grosso do Sul e algumas delas, novos registros para o Brasil. Com base nas espécies de
1000 metros de altitude, e por Microctenochira achardi com ocorrência registrada para
atividade agrícola
Resumo
O processo de mudança do uso e cobertura do solo além de promover a perda de habitat, pode
Encontrei resultados que mostram que a metacomunidade está espacialmente estruturada por
processos que ocorrem em ampla escala (toda região de estudo) e que são independentes das
histórico pode ser muito relevante, fazendo com que os efeitos das características da paisagem
Abstract
The process of changing land use and land cover, in addition to promoting habitat loss, can also
generate fragmentation by altering the structural characteristics of landscapes and thus influence
the dynamics of metacommunities. In this chapter, my goal is to find out if the characteristics
of the landscape and habitat influence the Chrysomelidae metacommunity. I found results that
show that the metacommunity is spatially structured by processes that occur on a large scale
(throughout the study region) and that are independent of the characteristics of the landscape
and habitat. In landscapes with intense agricultural activity, the historical factor can be very
quantity and quality of habitat play a less relevant role in the dynamics of relictual
metacommunities.
32
Introdução
Mudanças no uso da terra podem ser consideradas significativas ameaças à biodiversidade, por
geralmente serem precedidas de dois processos distintos, porém muitas vezes atrelados: a perda
de habitat e a fragmentação (Fischer & Lindenmayer 2007, Didham et al. 2012, Püttker et al.
2020). A perda de habitat pode ser considerada a principal causa do declínio da biodiversidade
por apresentar consistentes efeitos negativos para diferentes populações ao redor do planeta
(Fahrig 2003). Estes efeitos negativos estão relacionados à redução da área de habitat e
consequente perda de recursos levando, por exemplo, à diminuições das cadeias tróficas,
A fragmentação de habitat é um processo que ocorre quando uma extensa área de habitat
nativo é transformada em um número de manchas de habitat de menor área, isoladas uma das
outras por uma matriz diferente da original (Fahrig 2003). Este processo apesar de ser pensado,
muitas vezes, como um processo envolvendo tanto a perda de habitat, quanto a separação do
espacial entre paisagens (Fahrig 2017). A fragmentação pode ser gerada naturalmente, porém,
a maior preocupação quanto aos efeitos da fragmentação de habitat sobre a biodiversidade está
nos efeitos das causas antrópicas, como a abertura e conversão de áreas de vegetação nativa em
que as manchas de habitat nativo estão imersas em uma matriz muitas vezes inóspitas para as
espécies locais, isolando populações e criando uma rede de pequenas comunidades locais. Tais
paisagens permitem compreender os fatores que norteiam comunidades habitantes das manchas
de habitat remanescentes, bem como a dinâmica destas espécies em escala regional no contexto
comunidades locais que se conectam através de processos de dispersão (Leibold et al. 2004). A
sugeridos por Leibold et al. (2004): patch dynamics (dinâmica de manchas), species-sorting
(ordenação de espécies), mass effects (efeito de massa) e neutral dynamics (dinâmica neutra).
diversidade local é limitada pela capacidade de dispersão das espécies. As dinâmicas espaciais
espécies preencham os nichos dentro das áreas de habitats por diferenciação de nicho. No
suficiente para que espécies possam imigrar de locais onde são pouco competitivas para locais
onde possam se sobressair frente às outras espécies menos competitivas. Por fim, no modelo
neutral dynamics as espécies não diferem no seu fitness nem no nicho, sendo a deriva ecológica
o principal fator que orienta as mudanças na composição de espécies. Tais paradigmas não são
excludentes e as assembleias podem ser estruturadas por uma combinação de processos fazendo
com que possam ser atribuídas não apenas a um, mas dois ou mais modelos teóricos (Cotennie
(Biswas & Wagner 2012). Estas duas abordagens (ecologia de paisagens e metacomunidades),
apesar de possuírem raízes teóricas semelhantes e sobreposição de conceitos, ainda são pouco
Recentemente, Ryberg & Fitzgerald (2016) integraram os conceitos destas duas áreas para
habitat sobre a fauna de Chrysomelidae, aqui meu objetivo é conhecer os efeitos das
variação em composição de espécies desta assembleia. Estudos prévios (Teles et al., 2019,
Sandoval-Becerra et al. 2018) mostram que a riqueza destes besouros está relacionada à área e
respondem aos diferentes tipos fitofisionômicos (Ohsawa & Nagaike 2006, Pimenta & De
Marco 2015). Assim, por serem organismos que apresentam grande afinidade com
características ambientais e, por serem organismos com capacidade de dispersão limitada, como
sugerem Chapman et al. (2007), esta assembleia deve estar de acordo com o modelo teórico de
diferença na demografia local das espécies e nos resultados das interações entre estas espécies.
35
Métodos
A coleta dos besouros bem como a caracterização da área de estudo, foram descritas no capítulo
florestais caracteriza-se por ser uma comunidade muito diversa (610 indivíduos pertencentes a
135 espécies, capítulo 1 desta tese), com predomínio das subfamílias Galerucinae e
Eumolpinae. Aqui neste capítulo, considerei apenas aquelas espécies que ocorreram em pelo
menos dois fragmentos, totalizando assim 47 espécies. Assim, reduzi a quantidade de duplos
zeros, o que poderia interferir nas análises inferenciais (Legendre & Legendre 2012).
Utilizei como unidade de paisagem um buffer circular de 1000 m de raio (314 ha) traçado a
partir do ponto central de cada fragmento (Fig. 7). Optei por tal área de buffer porque, apesar
das informações escassas sobre a capacidade de dispersão desses besouros, ao menos um estudo
(Chapman et al. 2007) indica que a distância máxima de dispersão de uma espécie, Chrysolina
graminis (Linnaeus, 1758), é pouco mais de 850 m. Neste buffer, utilizando imagens de satélite
matas ripárias, matas ciliares), 2) área cultivável (plantações de soja, milho, cana-de-açúcar),
Considerei a classe “cobertura florestal” como a classe que representa a quantidade de hábitat.
Para o mapeamento e classificação das paisagens, utilizei o programa ArcGis 10.5 (ESRI 2016).
36
(proporções de área florestada, área cultivável, área de pastagem e área de campo sujo em
florestais (índice de conexão). Esse índice de conexão foi a proporção de conexões funcionais
(distância de até 50 m entre os fragmentos) entre todas as manchas de habitat a partir da borda
do fragmento. Calculei estas métricas com o programa Fragstats 4.2 (McGarigal & Ene 2015).
Usei essas métricas de paisagem porque servem para descrever e quantificar os padrões
espaciais e os processos ecológicos ao longo do tempo e espaço (Turner & Gardner 2015). Estas
métricas podem refletir as diversas características das paisagens, tais como sua composição
(proporção dos diversos tipos de usos do solo e/ou habitats) e configuração (disposição espacial
1) área total do fragmento (ha); 2) índice de forma [mede a complexidade da forma da mancha
de habitat comparada à uma forma padrão (quadrado) de mesmo tamanho; calculado pela
divisão do perímetro da mancha alvo (metros) pelo perímetro (m) de uma mancha quadrada
com mesma área; assim, o índice é igual a 1 para manchas quadradas de qualquer tamanho e
aumenta sem limite à medida que a mancha se torna cada vez mais complexa geometricamente];
3) índice de proximidade (calculado como a soma de cada tamanho da mancha de habitat, dentro
de um raio de 1000 m da mancha focal, dividido pelo quadrado da distância até a borda da
apliquei uma análise de componentes principais (PCA) das correlações entre essas variáveis em
cada uma das matrizes (paisagem e habitat) e utilizei os eixos destas PCAs como variáveis
independentes nas análises inferenciais. Utilizei os três primeiro eixos da PCA referente à
paisagem (76% da variação dos dados – ver resultados) e os dois primeiros eixos da PCA
referente ao habitat (70% da variação dos dados), como variáveis preditoras juntamente com as
variáveis espaciais descritas no item "Estruturas espaciais" mais abaixo. Estas análises foram
realizadas no programa R (R Core Team & Team 2019) e com o pacote vegan (Oksanen et al.
2019).
distâncias de Bray-Curtis, com a função metaMDS do pacote vegan. Para isso utilizei uma
matriz de abundância de espécies composta apenas por espécies que apresentaram mais de uma
ocorrência entre os fragmentos, totalizando assim uma matriz com 47 espécies. Dessa forma,
reduzi a ocorrência de duplos zeros, o que poderiam afetar os resultados das análises
inferenciais (Legendre & Legendre 2012). Apliquei a transformação de Hellinger que reduz a
assimetria entre as abundâncias das espécies, calculando a raiz quadrada das abundâncias
Estruturas espaciais
distance-based Moran’s eigenvectors map) (Dray et al. 2006, Legendre & Legendre 2012), com
a função dbMEM do pacote adespatial (Dray et al. 2019) para R. Nesta abordagem são
produzidos autovetores ortogonais que representam a relação espacial entre os pontos amostrais
(Dray et al. 2012). Estes autovetores podem ser associados à autocorrelação ambiental (fatores
esta análise cria uma matriz de conectividade truncada baseada na distância euclidiana. Utilizei
a menor distância em uma árvore de extensão mínima (minimum spanning tree) que mantém
dois fragmentos conectados (10,5 km) como limite para truncar a matriz de distância. Este
procedimento gerou 17 eixos (dbMEMs daqui em diante), sendo selecionado quatro que
dois primeiros autovetores descrevem a variação espacial em escala ampla e o terceiro e quarto
uma escala mais fina (Material Suplementar, Fig. S1). O primeiro eixo (dbMEM1 – autovalor
= 0,27) capturou uma estrutura entre os fragmentos mais centrais e os mais à direita no plano
espacial (Material Suplementar, Fig. S2-1); o segundo eixo (dbMEM2 = 0,19; Material
Suplementar, Fig. S2-2), entre os fragmentos centrais e mais à esquerda; o terceiro eixo
(dbMEM3 = 0,09; Material Suplementar, Fig. S2-3), entre os fragmentos inferiores à esquerda;
distâncias. Utilizando a matriz de ocorrência das 47 espécies com pelo menos duas ocorrências
como variável resposta, apliquei uma regressão linear com as distâncias geográficas
(coordenadas XY) como variáveis preditoras e utilizei os resíduos desta análise para gerar uma
matriz sem a influência (porção da variação explicada) da posição espacial (Legendre &
40
Análises inferenciais
Para conhecer à influência das variáveis do habitat, da paisagem e espaciais sobre a riqueza de
rarefy do pacote vegan (Oksanen et al. 2019) para R, utilizando a abundância mínima
encontrada nos fragmentos (oito indivíduos) como subamostra. Realizei uma seleção de
variáveis pelo método “forward selection” com duplo critério de seleção (Blanchet et al. 2008)
com a função foward.sel do pacote adespatial (Dray et al. 2019), para reduzir o número de
Tipo I. Este procedimento, resultou na seleção de duas variáveis (R² ajustado acumulado =
0,45): o terceiro eixo da PCA da paisagem (p = 0,02), que representa um gradiente entre
quantidade de pasto e conexão da paisagem (ver resultados) e o primeiro eixo das variáveis
espaciais (dbMEM1; p = 0,02), que representa uma variação mais ampla. Em seguida utilizei
os valores da rarefação para cada fragmento como variável resposta em uma análise de
regressão linear múltipla com as variáveis selecionadas (PCA 3 Paisagem e dbMEM1) como
variáveis preditoras.
Antes das análises para saber a influência da paisagem, do habitat e das variáveis
fatores de inflação de variação das variáveis (VIF – variable’s variance inflation factors) e
retirei das análises aquelas variáveis que apresentaram valores de VIF > 10 (Borcard et al.
2018). Assim, excluí duas variáveis, uma referente ao habitat (PCA2 do Habitat) e uma
PCA), das variáveis da paisagem (segundo e terceiro componentes principais da PCA) e das
Chrysomelidae através de uma análise de partição de variação (Peres-Neto et al. 2006) baseada
em uma análise de redundância parcial (pRDA; Legendre & Legendre 2012). Testei a
significância dos resultados com um teste de permutação de Monte Carlo com 1000 iterações.
Utilizei a matriz contendo 47 espécies (espécies que ocorreram em pelo menos, mais de dois
fragmentos), como resposta na partição de variação baseada em uma pRDA com a função
varpart do pacote vegan para R. Esta análise possibilita saber a proporção da variação na
a fração da variação compartilhada entre estas variáveis e a fração residual da variação (Peres-
Neto et al. 2006). Neste caso, utilizei três conjuntos de variáveis preditoras (habitat, paisagem
e estruturas espaciais). Desse modo, obtive oito frações: [a] variação explicada apenas pelas
variáveis do habitat, [b] variação explicada apenas pelas variáveis da paisagem, [c] variação
explicada apenas pelas variáveis espaciais, [d] variação compartilhada entre as variáveis do
[f] variação compartilhada entre as variáveis do habitat e espaciais, [g] variação compartilhada
entre os três conjuntos de variáveis (habitat, paisagem e espaciais) e [h] variação residual (não
Resultados
total (± 19%), enquanto as áreas de cobertura florestal somaram 30% (± 18%). Pastagem e
paisagem (314 ha) havia em média cinco fragmentos florestais, com cerca de 19% de conexões
correlacionada com a proporção de campo sujo e o terceiro eixo a proporção de pastagens por
áreas de conexão entre manchas de floresta na paisagem (Fig. 8). Já em relação ao habitat local,
o primeiro eixo de outra PCA recuperou um gradiente entre o índice de forma e a distância
euclidiana para o fragmento florestal mais próximo e o segundo eixo entre o índice de forma e
circulares de área numa região com intensa prática agrícola, pelos três primeiros eixos
paisagem. Os três primeiros eixos capturaram 76% da variância nos dados. a) Biplot
intensa prática agrícola, pelos dois primeiros eixos de uma análise de componentes
(NMDS) em duas dimensões (R² linear = 0,73; Stress = 0,21). Os círculos representam
aquelas com correlações absolutas maiores que 0,4 com, ao menos, uma dimensão
da ordenação).
48
variação em composição de espécies (Fig. 10), obtive um correlograma de Mantel com nove
Mantel (rM) = -0,15; p = 0,019; rM = -0,18; p = 0,038, respectivamente (Fig. 11)]. As quatro
Figura 11. Correlograma de Mantel entre nove classes de distância (3.390m entre
< 0,05).
50
Nessa amostra de besouros o número rarefeito de espécies foi em média de 5,73 ± 1,56 (erro
padrão residual = 1,16; GL = 15; R² = 0,45, P = 0,004). Esta variação foi associada
positivamente ao terceiro eixo da PCA da paisagem (PCA 3 Paisagem; t = 2,93; p = 0,01; Fig.
12a) e negativamente ao primeiro eixo das variáveis espaciais (dbMEM1; escala ampla; t = -
2,53; p = 0,02; Fig. 12b). O terceiro eixo da PCA da paisagem está positivamente associado à
8b). Assim, pode-se assumir que o número de espécies nos fragmentos teve relação negativa
com a quantidade de pastagem e positiva com a conexão da paisagem. Ou seja, quanto maior a
remanescentes florestais. Por outro lado, quanto mais conexões florestais na paisagem, maior
paisagem com intensa prática agrícola. Em a, parciais para os efeitos do terceiro eixo
(paisagem e habitat) e a estrutura espacial dos fragmentos florestais (R² ajustado = 0,1; F =
1,26; P = 0,02; Fig. 13). Os dois primeiros eixos da RDA capturaram 46% da variação em
composição de espécies, sendo que o primeiro eixo explicou 27% dessa variação e o segundo
eixo 19%. As variáveis que mais contribuíram para a formação do primeiro eixo da RDA foram
dbMEM1, referente à variação espacial de escala mais ampla, e dbMEM3, escala mais fina da
estrutura espacial. Ao longo desse eixo RDA a variação em composição de espécies se deu,
Suplementar, Tab. S3). Nesse padrão obtido pela RDA, as variáveis espaciais explicaram 9%
explicaram esta variação significativamente (Fig. 14). Apenas a variável dbMEM1, responsável
pela variação espacial em escala mais ampla (toda área de estudo) apresentou efeito
Figura 13. Projeção das variáveis preditoras (setas) de uma RDA na matriz de
correlação das suas abundâncias com o plano da ordenação (apenas correlações >
0,2).
55
intensa atividade agrícola (R2 total = 0,1). Números representam os valores ajustados
Discussão
matriz dominada por intensa prática agrícola está estruturada espacialmente por processos que
características da paisagem juntamente com a estrutura espacial de escala mais ampla estão
(remanescentes florestais) não tem efeito significante na estrutura dessa comunidade. Assim,
rejeito a hipótese inicial de que características do habitat e da paisagem sejam responsáveis por
importantes fatores para diferentes taxa animais. Por exemplo, para lagartos a composição da
paisagem é mais importante que a conectividade entre manchas de habitat (Ryberg & Fitzgerald
vegetação local (e.g. Griotti et al. 2017), e a riqueza de besouros crisomelídeos em fragmentos
florestais está relacionada com estrutura e área do habitat (Teles et al. 2019). Entretanto aqui,
tal efeito não foi evidenciado, mostrando que as características da paisagem e do habitat nem
sempre tem efeitos significativos sobre a variação na composição de espécies desses besouros.
remanescentes florestais possivelmente é consequência dos processos que integram outros dois
habitat são ambientalmente homogêneas, sendo a diversidade local determinada por processos
demograficamente (Hubbell 2001). Apesar de observar que há diferenças estruturais tanto nas
57
crisomelídeos que habitam tais remanescentes florestais, podem, na perspectiva destas espécies,
considerar que tais manchas apresentam certa homogeneidade nas características ambientais.
Assim, estas espécies não respondem às diferenças estruturais em ambas escalas. Em adição,
fitness. Desse modo, espera-se que estas espécies compartilhem características semelhantes e
sejam tolerantes às mesmas condições ecológicas e ambientais (Wiens & Graham 2005, Suzán
et al. 2015).
Por outro lado, as espécies que compões esta metacomunidade, estão relacionadas à uma
estrutura espacial que capturou uma relação entre as manchas de habitat em uma escala mais
pelas características da matriz e pelo tamanho e forma das manchas de habitat (Biswas &
Neto 2010). Aqui não encontrei evidências de que a qualidade da matriz (calculada por sua
composição) ou do habitat (forma e tamanho), nem que a intensidade de isolamento (via índice
de proximidade para manchas, nem índice de conexão para paisagem) possa exercer influência
onde ambas perspectivas, dinâmica neutra e dinâmica de manchas se ajustam bem, espécies e
em virtude do aumento da distância entre elas (Nekola & White 1999), aqui encontrei relação
contrária. Apesar de não haver efeito explícito das características da paisagem e do habitat que
espacial positiva entre os fragmentos mais distantes. Isso indica que a composição de espécies
entre remanescentes florestais próximos é mais diferente, uma alta substituição espacial de
espécies entre os fragmentos adjacentes. Essa diferença entre locais próximos pode ser
como as grandes extensões de área cultivável entre os fragmentos, sendo que a maioria das
espécies que permanecem nestas áreas podem ser habitantes relictuais e que ficaram isolados
observarmos a semelhança entre fragmentos que se encontram mais distantes, vemos uma
semelhança na composição de espécies entre estas áreas. Isso pode indicar que, apesar de haver
restrições de dispersão dos crisomelídeos entre as áreas mais próximas, este padrão de
Conclusão geral
de matriz ambiental com intensa prática agrícola, são compostas por muitas espécies que
estruturados em ampla escala, mas que são independentes das características da paisagem e do
habitat.
60
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Habitat configuration, life history, and movement shape an herbivore community on oak.
Material suplementar
Figura suplementar 2. Mapa das quatro estruturas espaciais modeladas pelo método
representam valores ajustados para cada local. Círculos pretos representam valores
Distância ao
(m)
3 132,1862 1,6864 0 0
17 182,0302 1,6588 0 0
74
agrícola