DISSERTAÇÃO Josivaldo Rodrigues Sátiro
DISSERTAÇÃO Josivaldo Rodrigues Sátiro
DISSERTAÇÃO Josivaldo Rodrigues Sátiro
Recife
2021
JOSIVALDO RODRIGUES SÁTIRO
Recife
2021
Catalogação na fonte
Bibliotecária Margareth Malta, CRB-4 / 1198
UFPE
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria de Lourdes Florêncio dos Santos (Orientadora)
Universidade Federal de Pernambuco
_____________________________________
Prof. Dr. António João Carvalho de Albuquerque (Examinador externo)
Universidade da Beira Interior
_____________________________________
Prof.ª Dr.ª Bruna Scandolara Magnus (Examinadora interna)
Universidade Federal de Pernambuco
Aos meus pais e ao meu pai espiritual Padre Hachid Ilo (in memoriam), por nunca
deixarem de acreditar em mim.
AGRADECIMENTOS
À FACEPE, FINEP, CAPES, CNPq, INCT ETEs Sustentáveis e Fibra Técnica Ltda
pelo apoio ao Laboratório de Saneamento Ambiental (LSA) da UFPE. Em especial a FACEPE,
por ter me contemplado com a bolsa de pesquisa.
À UFPE por todas oportunidades e portas abertas durante os dois anos de pesquisa,
obrigado a todos que fazem parte desta instituição pela acolhida.
À UEPB que foi minha segunda casa durante a graduação e foi nesta instituição que
iniciei meu amadurecimento como pessoa, pesquisador e profissional. Gratidão a todos que
fizeram parte dessa fase.
À Compesa e BRK Ambiental pela cooperação técnica científica e por autorizar a
operação do sistema na ETE-Mangueira.
À SEAL Ambiental por ter cedido o inóculo para start do sistema operacional.
À minha orientadora, Prof.ª Lourdinha Florencio, obrigado pela acolhida, pelo carinho
e cuidado. E por todos os ensinamentos, a senhora sempre será uma referência para mim.
À minha coorientadora, Prof.ª Bruna Fernandes, por ter sido tão paciente e empática na
minha reta final de mestrado, obrigado por todos os ensinamentos.
À meu amigo e companheiro desta jornada Antônio Gustavo, por ter me ensinado tanto
nesta trajetória, cada palavra, cada “já deu certo”, obrigado Toinho você é um exemplo de
pessoa e profissional.
Ao Prof. Wanderli Rogério, que foi o primeiro contato no PPGEC e LSA, por ter aberto
as portas e sempre acreditado no meu potencial. À Prof.ª Bruna Magnus, que sempre se mostrou
disponível para ajudar, obrigado por toda contribuição.
Aos professores Dr. Mário Kato, Drª. Sávia Gavazza e Dr. Fabricio Motteran, pela
disponibilidade e dedicação de sempre ajudar a todos.
Aos técnicos do LSA-LABIOTA, em especial, a Ronaldo e Iago, que sempre
estenderam a mão para ajudar e solucionar os problemas.
À Andrea Negromonte e Cleide, secretárias da Pós-graduação de Engenharia Civil da
UFPE, pela atenção e presteza.
Aos meus amigos e irmãos de caminhada de Campina Grande, Erbertt, João Paulo,
Moab, Nayara, Larissa, Diego, Mayza, Sabrina, Mateus, Rafaela, Sérgio, Sheila, Patricia por
todas as orações e cuidado mesmo distantes fisicamente.
Aos meus amigos da graduação, Camilla, Yuri, André e Renata, obrigado pela presteza
e pelas palavras inspiradoras.
Aos meus amigos do LSA, em especial, Júcelia e Henrique, que sempre foram suporte
e companheiros de jornada. E nunca pouparam esforços para ajudar nos experimentos. E aos
demais amigos, Elissandra, Marília, Paulinho, Bárbara, Talita, Alfredo, Tatiane, pelas boas
conversas e risadas.
Ao meu grupo Algas, Éven, Anny, Kamila e João Lucas, vocês foram fundamentais
nesta trajetória, obrigado por toda ajuda.
À minha família, que são meu porto seguro, minha base e fortaleza, todas as conquistas
e vitórias são por vocês.
À minha esposa, companheira e amiga, Maria Luiza, obrigado por nunca ter deixado eu
desistir, por ser sempre meu ombro amigo em todos os momentos, te amo.
À meu pai espiritual e amigo, Padre Hachid Ilo (in memoriam), por ter sido tão
importante nesta fase da minha vida, da escolha de vir para Recife, obrigado por todos os
ensinamentos, intercede por mim aí do céu.
Por fim, à Deus o autor da minha vida e história, sem Ele eu não teria conseguido chegar
até aqui. Obrigado pelo conforto e por guiar cada passo meu. Obrigado por me sustentar nos
dias escuros e mais difíceis. Gratidão.
“Por isso não temas, pois estou com você, não tenha medo, pois eu sou o seu Deus. Eu
o fortalecerei e o ajudarei. Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa. ” (Isaías 41,10)
RESUMO
The deterioration of aquatic bodies, resulting from the release of untreated sewage, can
be mitigated with the use of biological treatment processes, reducing the concentration of
organic matter, nutrients, among other pollutants. Systems that use microalgae-bacteria
aggregate are considered promising and sustainable alternatives, as they do not require artificial
aeration and represent the possibility of producing value-added products, such as lipids, which
can be used in the production of biofuels. In this context, the main objective of this work was
to investigate the influence of factors such as inoculation, water depth and system start-up on
microalgae bioflocculation; as well as evaluating its stability, sedimentability, lipid production
and removal of organic matter and nutrients in high-rate lagoons operated with sanitary sewage.
The work was carried out on a pilot scale. As a starting strategy, three lagoons were operated,
being: LAT 1, LAT 2 and LAT 3, with heights of 0.30 m, 0.30 m and 0.50 m, respectively.
LAT 1 was not inoculated, while LAT 2 and LAT 3 were inoculated with activated sludge.
These were operated by two sequential batches to obtain the aggregate and then were operated
in a continuous regime, with a hydraulic detention time of 4 days. Regarding the results, it was
observed the stabilization of the biomass and the stationary phase of the system after 20 days
of continuous phase operation, mainly in lakes LAT 2 and LAT 3. LAT 1, LAT 2 and LAT 3
achieved total nitrogen removal of 83.5%, 84.2% and 77.9% and organic matter removal
evaluated in COD of 51.6%, 74.7% and 72.03%, respectively. Regarding the sedimentability
of biomass, in LAT 2 and LAT 3 an increase in biomass particles and in flocculation efficiency
was observed, as the microalgae-bacteria aggregate system was stabilized. For example, after
28 days of the continuous operating regime, around 70% of the LAT 2 and LAT 3 particles
were larger than 0.20mm in size, with flocculation efficiency above 90%, indicating good
biomass sedimentation and relevance in the use of inoculum and the two sequential batches at
the start of the lagoons. The LAT 1 biomass characteristics varied throughout the operational
phase, relating to the seasonality and dilution of the effluent during the operation period.
However, inoculated lakes were less susceptible to seasonality. Furthermore, LAT 3 had a
higher percentage of lipids in the biomass, with 18.4%, while LAT 1 and LAT 2 had values of
10.5 and 11.2% respectively, variations associated with the predominant microalgal species in
the medium. In this perspective, this study with microalgae-bacteria aggregate showed results
for the removal of organic matter and high nutrients, especially in LAT 2, with a water depth
of 0.30 m, demonstrating the relevance of starting the systems through batches sequential, using
the inoculum and different heights of the water depth for the stability of the systems, as well as
in the formation and harvesting of biomass to generate products with added value.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 19
2 OBJETIVOS .................................................................................................... 21
2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 21
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 21
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 22
3.1 SISTEMAS AERÓBIOS PARA TRATAMENTO DE ESGOTOS
SANITÁRIOS ................................................................................................... 22
3.1.1 Lagoas aeradas ................................................................................................. 25
3.1.2 Lodos ativados ................................................................................................. 26
3.1.3 Filtros biológicos .............................................................................................. 27
3.1.4 Lagoas de Alta Taxa (LATs) ........................................................................... 29
3.1.4.1 Oxigênio dissolvido e pH ................................................................................... 30
3.1.4.2 Temperatura e Radiação ..................................................................................... 31
3.2 AGREGADOS MICROALGA-BACTÉRIA (AMABS) .................................... 33
3.2.1 Remoção de matéria orgânica e nutrientes a partir do AMABs .................... 35
3.2.2 Produtividade lipídica a partir do AMABs..................................................... 36
3.2.3 Características dos lipídios gerados a partir do AMABs ............................... 39
3.3 CONFIGURAÇÃO DE SISTEMAS .................................................................. 42
3.3.1 Reatores de fluxo contínuo (RFC) ................................................................... 42
3.3.2 Fotobiorreatores em bateladas sequenciais (FRBS) ....................................... 45
3.3.3 Lagoas de Alta Taxa (LATs) ........................................................................... 48
4 METODOLOGIA ............................................................................................ 51
4.1 IDENTIFICAÇÃO DA LOCALIZAÇÃO .......................................................... 51
4.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.............................................................. 52
4.3 CARACTERIZAÇÃO DAS LAGOAS DE ALTA TAXA ................................. 53
4.4 MISTURA DO EFLUENTE E FUNCIONAMENTO DOS ROTORES ............. 54
4.5 CARACTERIZAÇÃO DO INÓCULO .............................................................. 56
4.6 CARACTERIZAÇÃO DO SUBSTRATO ......................................................... 57
4.7 OPERAÇÃO DOS SISTEMAS EM BATELADA ............................................. 58
4.8 OPERAÇÃO DO SISTEMA EM REGIME CONTÍNUO .................................. 58
4.9 PERFIL DE MONITORAMENTO .................................................................... 60
4.10 VARIAÇÕES METEOROLÓGICAS ................................................................ 60
4.11 MÉTODOS ANALÍTICOS................................................................................ 60
4.12 ANÁLISE DE FORMAÇÃO DE BIOMASSA .................................................. 61
4.12.1 Série de Sólidos ................................................................................................ 62
4.12.2 Clorofila-a (CHLA).......................................................................................... 62
4.12.3 Granulometria ................................................................................................. 62
4.12.4 Índice volumétrico de lodo (IVL) .................................................................... 63
4.12.5 Eficiência de floculação ................................................................................... 64
4.12.6 Substâncias poliméricas extracelulares ........................................................... 64
4.12.6.1 Polissacarídeos (PN)........................................................................................... 64
4.12.6.2 Proteínas (PN) .................................................................................................... 65
4.12.7 Determinação de lipídios totais ....................................................................... 65
4.12.8 Identificação e contagem das células ............................................................... 66
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 68
5.1 VARIAÇÕES CLIMÁTICAS ............................................................................ 68
5.2 PARTIDA DO SISTEMA – BATELADAS SEQUENCIAIS ............................. 69
5.3 REGIME CONTÍNUO ...................................................................................... 76
5.3.1 Parâmetros de controle de campo ................................................................... 76
5.3.2 Variação do pH ................................................................................................ 77
5.4 DESEMPENHO DAS LAGOAS DE ALTA TAXA .......................................... 78
5.4.1 Remoção da matéria orgânica ......................................................................... 79
5.4.2 Remoção de nitrogênio .................................................................................... 82
5.4.3 Remoção de fósforo .......................................................................................... 85
5.5 AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO E COMPOSIÇÃO DA BIOMASSA ............. 87
5.5.1 Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) .................................................................... 88
5.5.2 Clorofila-a (CHLA).......................................................................................... 91
5.5.3 Eficiência de Floculação (EDF) ....................................................................... 93
5.5.4 Índice Volumétrico de Lodo (IVL) .................................................................. 95
5.5.5 Distribuição granulométrica ........................................................................... 96
5.5.6 Composição da biomassa ................................................................................. 98
5.5.6.1 Polissacarídeos (PS) e Proteínas (PN) ................................................................. 98
5.5.7 Extração de óleo/lipídios ................................................................................ 100
5.5.8 Identificação e quantificação das espécies de microalgas ............................. 101
5.5.9 Comportamento do agregado microalga-bactéria ........................................ 105
5.6 PERFIL DE MONITORAMENTO .................................................................. 106
6 CONCLUSÕES .............................................................................................. 109
7 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................ 110
REFERÊNCIAS............................................................................................. 111
19
1 INTRODUÇÃO
A poluição das águas superficiais causada pelas descargas excessivas de esgotos brutos
e tratados parcialmente, bem como pelo lançamento excessivo de nutrientes a partir das
atividades antropogênicas tornou-se uma grave ameaça aos recursos hídricos e à
sustentabilidade ecológica em todo mundo (VON SPERLING et al. 2009; PARRA-
SALDIVAR et al. 2020). Visando a diminuir os impactos gerados, a aplicação de processos
biológicos aeróbios é amplamente utilizada no cenário mundial (BRANCO, 1978; GOLI et al.
2019).
As estações convencionais de tratamento de esgoto sanitário deparam-se com limitações
técnicas, de alto custo operacional, para remover nutrientes e carga orgânica (GODOS et al.
2010). As lagoas de alta taxa (LATs) surgem com uma configuração de sistema que não
demanda aeração artificial, uma vez que as microalgas produzem o oxigênio necessário ao
processo de tratamento (PICOT et al. 1991; QUIJANO et al. 2017).
Dentre as principais vantagens dessas lagoas estão o baixo custo de manutenção, design
compacto e facilidade de operação, além da redução dos custos energéticos (CRAGGS, 2003;
UGGETTI et al. 2018; KOHLHEB et al. 2020). Entretanto a colheita da biomassa nesses
sistemas ainda é um desafio, tendo em vista que se estima um custo de 20 a 30% da produção
total (ABINANDAN & SHANTHAKUMAR, 2015; NIRMALAKHANDAN et al., 2019).
Além dos aspectos econômicos e da remoção de nutrientes, os sistemas que utilizam a
biofloculação microalgas e bactérias, na forma de agregados microalga-bactéria (AMABs),
mostra-se com potencial para recuperação de recursos, colaborando com a economia circular
do tratamento de esgotos sanitários (SUTHERLAND et al. 2020; CHEN et al. 2003). Os
autores Hende et al. (2014) apontam que os sistemas de tratamento de esgoto sanitário que
utilizam agregados de microalga-bactéria são eficientes para crescimento de biomassa,
viabilizando uma maior sedimentação e colheita da biomassa.
A partir da separação e colheita da biomassa, pode-se empregá-la como alternativa para
fonte de energia, produção de ração animal, produção de fertilizantes e geração de
biocombustíveis, como biodiesel, bioetanol e bio-hidrogênio (CHISTI, 2007; GHARABAGHI
et al. 2015; ASSIS et al. 2020). Contudo ainda são escassos os estudos sobre o comportamento
e a estabilidade do agregado microalga-bactéria em sistemas contínuos, como as lagoas de alta
taxa (ARCILA & BUITRÓN, 2016).
Nesse contexto, observando a necessidade de suprir algumas lacunas deixadas pelo
processo aeróbio, como o alto custo energético e a onerosidade da colheita da biomassa, a
20
2 OBJETIVOS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As lagoas aeradas são reatores aeróbios de grande escala, nos quais os aeradores
mecânicos são instalados para fornecer oxigênio (O2), com o intuito de substituir ou
complementar o produzido pelas algas (GLOYNA, 1971) e sustentar os microrganismos
aeróbios misturados e em suspensão na massa líquida para obter uma alta taxa de remoção de
nutrientes e degradação biológica (ABBAS et al., 2006). Segundo Jordão & Pessoa (1995), as
lagoas aeradas são classificadas em torno do comportamento e da cinética do processo,
distinguindo-se em lagoas de mistura completa ou lagoas facultativas.
Esse processo de tratamento pode ser aplicado tanto para efluentes domésticos, como
para efluentes industriais com elevado teor de substâncias biodegradáveis. Ainda, essa
tecnologia pode reduzir significativamente nutrientes, amônia, DBO e odor presentes nos
esgotos sanitários. Porém necessita-se de um alto investimento com os aeradores, o processo
de instalação, a operação e a manutenção (RAMADAN & PONCE, 1999). Na Tabela 2, podem-
se observar alguns resultados obtidos para o tratamento de efluente com lagoas aeradas. Os
resultados apresentados na Tabela 2 mostram remoções de matéria orgânica superiores a 70%,
independente do efluente. Com isso, observa-se a eficiência de tratamento das lagoas aeradas
tanto para efluente doméstico quanto para efluente industrial.
26
TIPO DO DESEMPENHO DO
DIMENSÕES OBSERVAÇÃO REFERÊNCIAS
EFLUENTE TRATAMENTO
Sistemas de lagoas
Remoção de 77% de aeradas, modeladas em
Industrial 800 m³/dia DQO; Remoção de 70% termos dos parâmetros Godini et al., 2020
de SST; pH de 7,8; de desempenho.
As lagoas aeradas
apresentam efluente
Remoção de 70% de
com melhor qualidade Mujeriego et al.,
Doméstico 4700 m³/dia nitrogenio; Remoção de
físico-química, quando 2000
50% de fósforo;
comparado as lagoas
de estabilização.
Na Tabela 3, são abordados artigos que utilizam essa tecnologia, evidenciando a elevada
remoção de matéria orgânica, superior a 87% para demanda química de oxigênio (DQO), além
de elevadas remoções de nitrogênio e fósforo, ambas superiores a 80%.
TIPO DO DESEMPENHO DO
DIMENSÕES OBSERVAÇÃO REFERÊNCIAS
EFLUENTE TRATAMENTO
Indica-se que o sistema
Remoção de 87% de DQO; pode trabalhar com
Gnida et al.,
Remoção de 95,5% de maiores tempos de
Doméstico 40000 m³/dia DBO5; Remoção de 87,8% retenção de lodo. 2021
de Fósforo; Remoção de Aumentando a
81,4% de nitrogênio; quantidade de biomassa
no reator.
19 cm de Aponta-se que a
diâmetro; remoção de fenol
Remoção de 96% de DQO;
37 cm de presente em águas Mareai et al.,
Remoção de 85% de
Sintético profundidade; residuais farmacêuticas 2020
amoniacal;
9 litros volume acoplando aos lodos
total; ativados um tanque com
carvão ativado para
adsorção do composto.
Os filtros biológicos surgem como uma tecnologia compacta para tratamento de águas
residuais, com a operacionalização simples e com baixo custo. Nesse tratamento, a matéria
orgânica é reduzida após o contato direto com os microrganismos aderidos ao material suporte
(QIAN et al., 2021). Essa tecnologia tem a aplicação para tratamento de águas urbanas, esgoto
doméstico, esgoto industrial e tratamento avançado de esgoto (SCHMIDT et al., 2019).
Von Sperling (1996) destaca, como desvantagem desse sistema, o entupimento dos
espaços vazios, quando operados com elevadas cargas orgânicas, devido ao crescimento
excessivo da película biológica. De acordo com Santos (2015), os filtros biológicos
percoladores são sistemas baseados no princípio da oxidação bioquímica aeróbia do substrato
orgânico presente nos esgotos. Por meio da transformação de substâncias coloidais e dissolvidas
28
TIPO DO DESEMPENHO DO
DIMENSÕES OBSERVAÇÃO REFERÊNCIAS
EFLUENTE TRATAMENTO
Altura de 45 cm; Os filtros biológicos
64,8% de remoção de DQO;
Camadas de 5 também se apresentam
Industria de cm; 79,5% degradação de na combinação com
Qian et al., 2021
corante corante; outros tratamentos para
TDH= 6 dias; remoção de compostos e
9,3 mg/L de OD;
matérias orgânica.
No ano de 1963, as lagoas de alta taxa (LATs) foram desenvolvidas e denotadas pelo
professor William J. Oswald, da Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA (PICOT et al.,
1991). Considerado um método avançado e mais sofisticado em relação às lagoas de
estabilização, esse tipo de sistema favorece a produção de algas e as lagoas podem ser
classificadas como reatores com baixa exigência de energia, baixo custo de operação,
facilitando a capacidade de expansão e diminuindo a demanda de área para implantação
(YOUNG et al., 2019). Em especial, as lagoas de alta taxa são caracterizadas por profundidade
rasa de 0,30 a 0,60 m, mistura mecânica contínua e tempos de detenção curtos de 4 a 10 dias
(dependendo das condições climáticas) (PICOT et al., 1991).
A utilização dessas lagoas permite a recuperação de recursos, ou seja, a produção de
produtos com valor agregado, através da biomassa das algas que concede a reutilização e o
direcionamento para outras atividades. Isso contribui para a bioeconomia circular no tratamento
de águas residuais (SUTHERLAND et al., 2020). No entanto, para que o tratamento aconteça
em condições benéficas, é importante que as lagoas sejam cultivadas com a presença de luz
solar, permitindo, assim, que as microalgas e as bactérias presentes estejam em simbiose
(ORON et al., 1979).
Para que o tratamento nas lagoas ocorra, existe uma relação mutualística e simbiótica
entre esses organismos, na qual o oxigênio produzido pela fotossíntese das algas é utilizado
pelas bactérias para oxidar matéria orgânica; enquanto o dióxido de carbono para algas é
fornecido pelo metabolismo das bactérias na lagoa (COGGINS et al., 2020). A Figura 2
apresenta uma performance básica das lagoas de alta taxa.
30
Afluente
Colheita
Por fim, o desempenho das LATs é influenciado por diversos fatores externos e internos,
tais como o oxigênio dissolvido, pH, temperatura e radiação (SUTHERLAND et al., 2017).
Sendo assim, essas variáveis serão abordadas a seguir.
A luz é utilizada como principal fonte de energia nas reações fotoquímicas e afeta
diretamente o desempenho das microalgas nas lagoas de alta taxa. Nas plantas superiores e
algas verdes, a coleta da luz fotossintética ocorre nas membranas tilacoides e nos cloroplastos,
nos quais a luz é capturada por complexos especializados de pigmentos (FERRO, 2019). A
penetração da luz é expressa como porcentagem da radiação que invade a superfície do licor
misto nas lagoas de alta taxa. Simultaneamente, coexistem a zona clara e a zona escura; assim,
a referida radiação representa o volume iluminado fornecido com a luz e o volume escuro não
iluminado, este último, por sua vez, não contribui para a atividade fotossintética (RAZZAK et
al., 2013).
Segundo Arcila & Buitrón (2017), os níveis de radiação solar também influenciam nas
propriedades de sedimentação, remoção de matéria orgânica e nutrientes. Ainda, a radiação
solar pode afetar a estrutura, integridade e função biológica das células das microalgas (Figura
32
3), além dos efeitos nos ácidos nucleicos, proteínas e lipídios. A alta incidência é um fator pode
também alterar uma série de funções biológicas desses microrganismos, bem como levar a
mortalidade, diferenciação celular, crescimento e desenvolvimento das células, alteração na
produtividade e na pigmentação, metabolismo enzimático, entre outros (RASTOGI et al.,
2020). Em tempo, altos níveis de radiação solar podem danificar a estrutura celular das
microalgas, esse fenômeno é conhecido como fotoinibição (COUTO et al., 2015).
da intensidade da luz; por outro lado, com o fornecimento constante, sua biomassa não obteve
mudanças significativas (CHEAH et al., 2015).
As lagoas de alta taxa podem ser mais eficientes à medida do quanto melhor for a relação
de comensalismo estabelecida entre as microalgas e as bactérias e sua capacidade de
permanência no sistema. Apesar das pesquisas nessa temática iniciarem na década de 60,
segundo a revisão realizada por Lee e Zhongfang (2019), as pesquisas sobre o tema ainda estão
no estágio inicial, apresentando um vasto campo de exploração.
Os sistemas de agregados de microalgas e bactérias constituem uma forma simbiótica
do consórcio desses elementos e podem ser aplicados ao tratamento de esgoto (LEE & LEI,
2019). Tais sistemas não demandam adição de oxigênio artificial, em contrate aos sistemas de
lodos ativados ou lodo granular aeróbio, que demandam alto custo energético, devido à inserção
de oxigênio artificial e por se tratarem de processos operacionalmente complexos (SU et al.,
2012, SUN et al., 2018).
A grande vantagem do sistema AMABs é a produção do oxigênio fotossintético, que é
utilizado pelas bactérias aeróbias para oxidação da matéria orgânica, reduzindo a necessidade
de introdução de oxigênio artificial para o sistema. Por outro lado, as bactérias liberam CO2
proveniente do processo de respiração, em que são assimilados na forma de HCO 3- pelas
microalgas no processo de assimilação (KAMPSCHREUR et al., 2009), como reportado na
Figura 4.
34
A remoção de nutrientes é influenciada pelos valores de pH, uma vez que processos
como a volatilização do nitrogênio amoniacal e a precipitação química de fósforo são
favorecidos em valores elevados. Em lagoas de alta taxa com agregado microalga-bactéria, se
faz necessária a realização das conversões desses nutrientes solúveis dentro da biomassa
particulada (CALIJURI et al., 2016). Essa biomassa compreende algas, bactérias, zooplâncton
e detritos, que assimilam nutrientes, e degradam e oxidam a matéria orgânica (TAYLOR et al.,
2021).
Sendo assim, microalgas assimilam nutrientes inorgânicos, como a amônia e o fósforo,
consequentemente removendo esses compostos indesejáveis na fase líquida do efluente final,
reduzindo os níveis de concentrações que diminuem o risco de eutrofização dos corpos
receptores (PEARSON, 1987). Carbono, nitrogênio e fósforo são os principais nutrientes
limitantes para o crescimento destas microalgas. Durante o crescimento fotoautotrófico, o
carbono necessário para o crescimento desses organismos é fornecido principalmente na forma
de CO2. Por outro lado, na fase de absorção do CO2, o OH- normalmente se acumula no meio,
devido à dissociação do HCO3-, levando ao aumento do pH (GROBBELAAR, 2015;
TALAIEKHOZANI & REZANIA, 2017). Esses mecanismos de consumo de carbono
observam-se nas equações a seguir.
36
A formação dos
Volume = 5L; Área grânulos se deu no
(Para TDH de 6 dias)
superficial de 0, 26m²; período contínuo. A
Lagoas de alta taxa Inoculo de lodo ativado; 9% lipídios; Arcila &
Iluminação 12 h fase presença das
(escala de bancada) Inóculo de 16% de carboidratos; Buitón, 2016
clara 12 h fase escura; diatomáceas ajudaram
69% de proteínas;
Mistura com 10 rpm; na sedimentabilidade
dos agregados.
Os autores Leite et al. (2013) indicam que o consumo mundial de diesel foi de quase
1460 trilhões de litros em 2011 e, ainda, preveem um crescimento de até 40% entre os anos de
2010 e 2040. Segundo Shuba & Kifle (2018), estima-se que a taxa de consumo de petróleo é
105 vezes mais rápida do que a natureza possa repor. Por isso, a busca por energia limpa e
renovável tornou-se um desafio, com ênfase na produção de biocombustíveis como fonte
energética.
As microalgas podem ser capazes de atender à demanda global de combustíveis
renováveis, pois a produtividade de óleo de muitas microalgas excede a produtividade de óleo
das melhores culturas oleaginosas. Algumas espécies de microalgas como a Chlorella sp. e
Scenedesmus sp. podem estocar até 100 vezes mais óleo do que o mesmo conteúdo em biomassa
seca de uma espécie vegetal de grande porte (CHISTI, 2007).
A biomassa algal é composta predominantemente por três componentes: carboidratos,
proteínas e lipídios (ARCILA & BUITRÓN, 2016). Para serem consideradas uma biomassa
como matéria-prima para biocombustíveis, as microalgas devem ser ricas em lipídios, ou seja,
espécies oleaginosas. Esses organismos são capazes de sintetizar e acumular uma variedade de
moléculas de alta energia, incluindo os ácidos graxos e os triglicerídeos, que são os principais
indicadores de matéria-prima para produção do biodiesel (LEITE et al., 2013).
Segundo Chen et al. (2015) os combustíveis gerados de microalgas fazem parte da
terceira geração de biocombustíveis, os quais congregam biodiesel, bioetanol e bio-hidrogênio
gerados de biomassa. Os combustíveis de 1ª geração são produzidos a partir de espécies
vegetais oleaginosas de grande porte, também utilizadas como espécies alimentícias; e os de 2ª
geração utilizam os açúcares, amido ou óleos de espécies alimentares, semelhante aos de 1ª
geração.
A produção de biocombustíveis a partir das microalgas tem como principais vantagens:
não competir por áreas agricultáveis, não precisar de água doce e/ou potável para crescer,
apresentar altas taxas de crescimento da biomassa com elevado teor lipídico, além de poder ser
inserida a partir do tratamento de efluentes domésticos e industriais, utilizando o carbono e os
nutrientes dissolvidos em seu metabolismo (CHOI et al., 2020). Ainda, esses organismos
fotoautrotófos e fotossintéticos, apresentam a vantagem de crescerem mais rápido que culturas
terrestres, contribuindo para uma produção de óleo mais rápida. Durante a fase de pico de
crescimento, algumas espécies de microalgas podem duplicar-se a cada 3,5 h em média,
havendo casos de tempos ainda mais curtos.
40
O teor de óleo de 30% é bastante comum na maioria das espécies, podendo ainda,
observar algumas espécies com teores mais elevados como a Nannochloris sp. (56%), Chlorella
sp. (58%) e a Neochloris oleabundans (65%). Porém é importante ressaltar que as espécies que
possuem teores maiores de lipídios tendem a crescer mais lentamente que as cepas com baixos
teores (SAJJADI et al., 2018). De acordo com Deng et al. (2009), as microalgas que contém
80% de óleo crescem 30 vezes mais devagar que aquelas espécies que contêm 30% de óleo.
Existem alguns fatores que influenciam a biossíntese de lipídios, tais como:
disponibilidade de nutrientes, salinidade, pH; além de fatores físicos, como intensidade
luminosa, temperatura, entre outros. As condições que comumente proporcionam o aumento da
produção de lipídios são desfavoráveis às que promovem a alta produtividade de biomassa.
Dessa forma, é importante que haja um equilíbrio entre crescimento de biomassa e produção de
lipídios (AZEVEDO, 2012).
Adicionalmente, a salinidade é um fator que influencia na composição lipídica das
microalgas. Por exemplo, Meng et al. (2020) detectaram que a Nitzschia aumentou sua
porcentagem de lipídios de 9,9% para 27,2% quando a salinidade foi aumentada de 0% para
3%. Ainda em relação às condições e fatores que influenciam diretamente na produção lipídica,
estudos destacam a importância de controlar a relação nitrogênio e fósforo (N/P) em intervalos
de 5:1 a 8:1 para propiciar um aumento de conteúdo lipídico nas espécies (SAJJADI et al.,
2018).
O tempo de retenção de sólidos (TRS) tem uma influência significativa na composição
dos lipídios e ácidos graxos. Um TRS alto causa um aumento na biomassa das algas, o que
resulta na remoção de nutrientes e favorece a formação de lipídios de boa qualidade, desejável
para produção de biocombustíveis (KATAM & BHATTACHARYYA, 2020). Os ácidos
graxos, que são compostos sintetizados pelas microalgas, devem ser levados em consideração
quando se trata de sua composição e do processo de obtenção. No geral, a biossíntese de lipídios
pelas microalgas produz, principalmente, ácidos graxos de 16 e/ou 18 átomos de carbono. Esses
ácidos são armazenados principalmente na forma de triacilglicerol e podem ser acumulados ao
decorrer do tempo sob condições adversas (HU et al., 2008).
42
Na Tabela 7, são abordados alguns estudos que utilizaram os RFC com aplicação do
AMABs. Os autores Ahmad et al. (2017) compararam duas formas de operação do RFC com o
agregado microalga-bactéria e um segundo com recirculação. Os resultados da comparação
evidenciaram melhor performance no reator com microalgas, alcançando remoções de DQO,
NT e PT de 100%, 98% e 64% respectivamente. Ainda, o sistema RFC apresentou maior
eficiência energética quando comparado aos reatores em bateladas sequenciais (RBS) com
consórcio microalga-bactéria utilizado no estudo de Huang et al. (2015).
Observa-se também na Tabela 7 (a seguir), que outro parâmetro importante do ponto de
vista operacional é o tempo de detenção hidráulica (TDH), uma vez que altos TDHs, da ordem
de 24 horas, resultam em maiores custos operacionais. Ahmad et al. (2017) conseguiram
estabelecer AMABs em RFC com TDH de 6 horas, no entanto tratando efluente com baixa
concentração de matéria orgânica e nutrientes (DQO: 300mg/L; N-NH4: 100mg/L; P-PO4:
10mg/L). Alguns estudos apontam a necessidade de uma zona de sedimentação interna em RFC
a fim de evitar a lavagem da biomassa, sendo que a pressão aplicada deve estar associada com
a velocidade de sedimentação das partículas. Nesse sentido, apenas a biomassa de pouca
sedimentação será lavada do reator no efluente final (KENT et al., 2018).
Outro aspecto importante do RFC é o nível de OD injetado no sistema, que deve permitir
o crescimento da biomassa heterotrófica e ser suficiente para promover os processos aeróbios
esperados, como degradação da matéria orgânica e nitrificação. Como mencionado
anteriormente, na simbiose microalga-bactéria, existe a assimilação de oxigênio fotossintético,
no entanto a produção está relacionada com a maior/menor intensidade luminosa aplicada.
Além disso, uma maior intensidade luminosa favorece a formação de flocos de microalgas e
43
bactérias com boa sedimentabilidade (KANG et al., 2018; TRICOLICI et al., 2014). Portanto,
é necessário definir bem parâmetros como TRS, OD e intensidade luminosa no planejamento
dos sistemas com reatores de fluxo contínuo.
Embora os fotobiorreatores em bateladas sequenciais sejam mais utilizados nos dias
atuais para tratamento de esgoto sanitário utilizando o agregado microalga-bactéria (VAN DEN
HENDE et al., 2014; YE et al., 2018), os RFC destacam-se com algumas vantagens. Estas são:
baixo custo de instalação e operação, quando comparado ao sistema em batelada, e uma
operação mais simples (AHMAD et al., 2017). Contudo, quando aplicados em sistemas com
agregado microalga-bactéria, existe uma maior preocupação e cautela com o controle da
alimentação, para garantir integridade estrutural da biomassa em sua forma estratificada
(CORSINO et al., 2016).
44
Espécies de
Tipo de tratamento Dimensões do reator e Característica da
Performance do tratamento microalgas Observações Referencias
concentração (mg/L) condições operacionais biomassa
presentes
Esgoto sintético
A simbiose diminuiu
(50% glicose e 50% Diatomea,
o tamanho médio e a
acetato de sódio) Volume = 3,6L; Iluminação Grânulos verdes Chlorophyceae,
capacidade de
natural; TDH = 12h. escuros foram Chrysophyceae e
- sedimentação do He et al., 2018
DQO = 200; observados no dia 7 Trebouxioplyceae
grânulo, mas
N-NH4 = 20; Taxa de fluxo de 300 mL/min. de operação. (algas que crescem
estimulou a
PT = 5; naturalmente)
bioatividade.
Volume = 0,92 L; Intensidade
Esgoto sintético Melhor desempenho DQO/N
de iluminação 7200 lux (12 h MLVSS = 3,21 g/L.
(acetato de sódio) = 8 para remoção de nutrientes
fase clara e 12 h fase escura; Grânulos verdes
e matéria orgânica. Resultados
TDH = 7,5 horas; escuros bem Zhao et al.,
DQO = 50-400; - satisfatórios com
formados, com 2018
N-NH4 = 50; 96% remoção de DQO; DQO/N = 1
Taxa de fluxo de ar de 0,55 diâmetro médio 2,5
P-PO4- = 10; 100% eficiência de
cm/s através de uma bomba de mm.
nitrificação;
ar na parte inferior do reator
As algas direcionadas
mantêm o domínio
Esgoto sintético
Volume = 2 L; Intensidade de durante o
(glicose)
iluminação 200-6000 lux (12 experimente.
MLVSS = 28,9 Chlorella sp. and
h fase clara e 12 h fase escura; 98,4% remoção de N-NH4+; Liu et al.,
DQO = 300; mg/L; Scenedesmus sp.
50,2% remoção de P-PO4-3; O consórcio 2018
N-NH4 = 35; IVL5 = 24 mL/g; (Targeted algae)
Introdução de ar na parte apresentou melhor
P-PO4- = 10;
inferior do reator desempenho na
eficiência de remoção
de nutrientes.
Fonte: O Autor (2021).
48
Como já reportado em capítulos anteriores, lagoa de alta taxa consiste em uma lagoa
aberta e rasa, com um sistema de rotores para a movimentação da massa líquida, podendo ser
considerado fotobiorreator aberto que combina tratamento de esgoto e crescimento de
microalgas (GARCÍA et al., 2006). Porém ainda faltam estudos que comprovem a viabilidade
econômica da colheita da biomassa, e pouco se sabe a respeito do comportamento dos
agregados. Quando comparadas aos RFC e aos FRBS, as lagoas de alta taxa destacam-se como
sistemas eficientes na produção de biomassa algal (ARCILA & BUITRÓN, 2016; QUIJANO
et al., 2017).
A Tabela 9 aborda estudos recentes com agregados microalga-bactéria e em lagoas,
aplicando TDH de 2, 6 e 10 dias, com o intuito de avaliar qual condição promove uma melhor
estruturação dos agregados. Constatou-se, então, que, com o TDH de 2 dias, os agregados
entraram em colapso, não conseguindo obter a formação de grânulos estáveis (ARCILA &
BUITRÓN, 2016), até que identificou-se como TDH ótimo entre 6 e 10 dias.
De acordo com Arcila & Buitrón (2017), a sedimentabilidade está relacionada com a
velocidade de sedimentação, sólidos suspensos totais do efluente e eficiência de sedimentação,
observando que o aumento do TDH, para faixas entre 6 e 10 dias, também melhora a
sedimentação da biomassa. Outro parâmetro avaliado foi a radiação solar. Quijano et al. (2017)
avaliaram o efeito da radiação solar em LATs, testando níveis de radiação de 3800 Wh.m-2.d-1
e 2700 Wh.m-2.d-1. Os referidos autores observaram que, com esses níveis de radiação,
obtiveram-se agregados estáveis, com microalgas verdes, diatomáceas, cianobactérias
filamentosas e fungos.
Su et al. (2012) avaliaram a sedimentabilidade através de medições de sólidos suspensos
totais (SST) da biomassa não sedimentada. Tais pesquisadores observaram uma redução de 1.64
para 0.05 g.L-1 no consórcio microalga-bactéria, enquanto a biomassa apenas com microalgas
possuía o SST acima de 0.8 g.L-1. Wang et al. (2016) avaliaram o índice volumétrico do lodo
(IVL), obtendo valores de 76,8 g.L-1 para sistemas apenas com lodo ativado; e de 42,55 g.L-1
para co-cultivo com Chlorella sp.. Já Leong et al. (2018) avaliaram a sedimentabilidade através
da eficiência de floculação, obtendo valores de 88%, 42% e 1,23% para a biomassa somente de
bactérias, co-cultivo microalga-bactéria e sistema com microalgas apenas, respectivamente,
demonstrando a relevância da formação do agregado para promover uma maior retenção de
microalgas.
49
4 METODOLOGIA
Neste capítulo são apresentados os materiais e métodos utilizados durante todo período
experimental.
Figura 6 - Mapa de localização da ETE-Mangueira e dos bairros que contribuem com o esgoto
doméstico
O desenvolvimento experimental seguiu as seguintes etapas (Figura 7), das quais as três
primeiras – esgoto bruto doméstico, tratamento preliminar e reator UASB – fazem parte do
processo de tratamento de esgoto disposto pela ETE/Mangueira.
Primeira batelada
(11 dias)
Start up do sistema;
Surgimento das espécies iniciais;
Fase de adaptação das microalgas e bactérias;
Segunda batelada
(13 dias)
Alimentação contínua
(70 dias)
A Tabela 10 apresenta os parâmetros construtivos das lagoas. Cada lagoa foi numerada
conforme sua altura de projeto, sendo a LAT 1 aquela com altura máxima de lâmina d’água 0,3
m; a LAT 2 com 0,5 m; e a LAT 3 com 0,7 m.
As três lagoas foram construídas com fibra de vidro, idênticas em área superficial e
altura da borda livre (0,2 m), mas distintas em profundidade (0,3, 0,5 e 0,7 m). Nas Figuras 8 e
9, podem-se observar as medidas correspondentes das LATs.
54
agitação excessiva que promova danos às células das microalgas. Por esse motivo, foi assumida
uma rotação de 0,5 m/s nas três lagoas, admitindo que a biomassa ficaria suspensa em toda a
coluna d’água das lagoas.
Para a movimentação da massa líquida, foi utilizado um sistema motor-redutor, ligado
a um quadro de comando por meio do qual é possível controlar a velocidade dos motores através
de três inversores de frequência (Figura 10). Os valores de rotação adotados para cada LAT ―
1, 2 e 3 ― foram de 15.92, 9.55 e 6.82, respectivamente. Esses valores, representados em
rotação por minutos (RPM), levaram a uma velocidade de 0,5 m/s, como sugerido na literatura
citada previamente.
As Lagoas de Alta Taxa (LATs) foram alimentadas com efluente doméstico tratado por
um reator anaeróbio de fluxo ascendente com manta de lodo (reator UASB), em escala real. O
reator UASB possui vazão diária de projeto de 31,86 L/s, com a vazão máxima horária de
operação de 51,11 L/s e tempo de detenção hidráulica (TDH) de 8 horas. Em sequência ao
tratamento anaeróbio, parte do efluente previamente tratado é direcionado para as lagoas de alta
taxa, tendo as seguintes características médias (Tabela 13):
Com o intuito de garantir o TDH de 4 dias, aplicou-se a estratégia de Sutherland et. al.
(2014) com pulsos de alimentação de esgoto doméstico ao longo do dia, complementada com
as abordagens descritas por Miao et al. (2018) e Kampschreur et al. (2009), os quais apontam
que a atividade fotossintética das microalgas e maior parte da liberação do CO2 das bactérias
acontecem na fase clara de operação. Admitiram-se, neste trabalho, alimentação contínua de
esgoto durante 16 horas por dia, predominantemente na fase clara, como descrito na Tabela 15.
A operação desta fase contínua teve início no dia 12 de abril de 2021 e encerrou-se no
dia 21 de junho de 2021. Foi empregada a alimentação contínua e intermitente citada
anteriormente (Tabela 6), aplicando um TDH de 4 dias, com vazão de 1,7 L/min para as LAT
1 e LAT 2, que operaram com altura de 0,3 m, e a vazão de 2,8 L/min para a LAT 3, que atribuía
uma lâmina d’água de 0,5 m.
60
Visando ao monitoramento dos sistemas, três vezes por semana, eram analisados os
parâmetros de campo descritos na Tabela 16. As avaliações das características do efluente e da
biomassa eram realizadas com frequência semanal, predominantemente no primeiro dia útil da
semana, com coleta entre as 10 horas e as 14 horas. Para acompanhamento da capacidade de
remoção de matéria orgânica e nutrientes do sistema operacional, as análises eram sempre
realizadas com o efluente bruto e solúvel, conforme a Tabela 17. Sob outra perspectiva, para
avaliação das características de formação e estabilidade da biomassa, as análises foram
realizadas conforme o capítulo 4.12.
61
A análise de sólidos suspensos voláteis (SSV) foi realizada conforme o método padrão
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2017). Para essa
variável, foram realizadas análises em triplicatas de cada lagoa de alta taxa, com a finalidade
de observar a biomassa ao longo do período de operação. Amostras do licor misto eram
coletadas dentro de cada uma das lagoas.
Em que:
V = volume da amostra utilizado;
V1 = volume da acetona a 90% utilizado;
Chla = valor de clorofila-a detectado na amostra em mg/L.
4.12.3 Granulometria
foi realizado com 4 tamanhos de partículas, utilizando 3 peneiras de aço inoxidável com
aberturas de 0,250, 0,500 e 1,000 mm e um recipiente de aço para coletar amostra com
partículas menores de 0,250 mm (Figura 11).
𝑉𝐿𝑆 𝑥 1000
𝐼𝑉𝐿 𝑇 = (5)
𝑆𝑆𝑇
Em que:
IVLt = índice volumétrico de lodo coletado no tempo t;
t = tempo de sedimentação (min);
VLS = volume de lodo sedimentado (ml/L);
64
Para realizar o teste de sedimentação, seguiu-se a metodologia citada por Leong et al.
(2018), na qual uma alíquota de 50 mL da amostra do licor misto era retirada e efetuava em
seguida a homogeneização, com a agitação suave.
A seguir, era medida a densidade óptica no comprimento de onda de 650 nm. Logo após,
a amostra era colocada em repouso por 20 min e novamente tinha sua densidade óptica medida
no mesmo comprimento de onda (a nova alíquota era extraída até no máximo 2,5 cm da
superfície). A eficiência (%) de floculação da biomassa está disposta na Equação 6:
𝐹
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑓𝑙𝑜𝑐𝑢𝑙𝑎çã𝑜= (1 − 𝐼 ) . 100 (6)
Em que:
Para a extração das substâncias poliméricas extracelulares (EPS) foi utilizado ácido
clorídrico durante 1 hora a 90ºC, conforme Arcila & Buitrón, (2017). Inicialmente, 40 mL do
licor misto era colocado para centrifugar por 20 minutos a 4000 rpm. Logo após, retirava-se o
sobrenadante, adicionavam-se 15 mL de soro fisiológico e o licor era levado para agitação no
vórtex. Na próxima etapa, deixavam-se as amostras no banho-maria a uma temperatura de 90ºC
por 60 minutos. Em seguida, cada amostra era centrifugada por mais 20 minutos a 4000 rpm.
E, por fim, filtrava-se em membrana de 1,2 mm.
Depois de cumprir as etapas supracitadas, a amostra seguia para análise de
polissacarídeos (PS) e proteínas (PN), segundo os autores Dubois et al. (1956) e Lowri et al.
(1951), respectivamente, conforme se verá a seguir.
coletava-se uma alíquota de 0,5 mL do EPS extraído e colocava-se em tubos de ensaio de vidro
rosqueáveis de 15 ml. Logo após, 0,5 mL de fenol a 5% p/v e 2,5 mL de ácido sulfúrico
concentrado era adicionado nos tubos de ensaio de vidro rosqueáveis de 15 ml. Em seguida, os
tubos eram levados para o processo de homogeneização no vórtex.
Após a preparação com os reagentes citados, era realizada a leitura no
espectrofotômetro, com o comprimento de onda de 490 nm. Esse procedimento analítico era
realizado em triplicata para cada amostra. A Equação 7 indica a obtenção do valor final de
polissacarídeos por mg/L (Equação baseada na curva de calibração empregada).
𝑚𝑔
𝑃𝑂𝐿𝐼𝑆𝑆𝐴𝐶𝐴𝑅Í𝐷𝐸𝑂𝑆 ( ) = (83,183 𝑥 𝐴𝐵𝑆490) − 2,9047 (7)
𝐿
Para realização desta análise, foi necessária previamente a execução da extração dos
EPS de cada amostra. Inicialmente, era preparado o reagente combinado como segue: i) 0,52
mL da solução A (carbonato de sódio); ii) 0,04 da solução B (sulfato de cobre); (iii) 0,04 mL
da solução C (tartarato de sódio e potássio); iv) 0,2 mL da solução D (hidróxido de sódio); v)
0,2 mL da solução E (SDS).
Posteriormente, retirava-se uma alíquota de 2 mL do EPS extraído e adicionava-se 2 mL
do reagente combinado descrito anteriormente. Após 10 minutos em repouso, era inserido 1,0
mL do reativo de Folín, a solução era agitada no vórtex e deixada em repouso por mais 30
minutos em temperatura ambiente, no escuro. Essa análise sempre era realizada em triplicata.
Por fim, as amostras eram lidas em espectrofotômetro a um comprimento de onda de 750 nm.
O cálculo final de proteínas em mg/L era realizado conforme a Equação 8.
𝑚𝑔
𝑃𝑅𝑂𝑇𝐸Í𝑁𝐴𝑆 ( ) = (208,15 𝑥 𝐴𝐵𝑆750) − 2,4878 (8)
𝐿
𝑊𝐿
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑝í𝑑𝑖𝑜𝑠(%) = * 100 (9)
𝑊𝐷𝐴
Em que:
WL = peso do lipídio em gramas
WDA = peso da biomassa seca na membrana em gramas
𝑁 𝐴𝑐 + 𝑉
𝐷= sendo, 𝑉𝑐 = (10)
𝑉𝑐 𝐴𝑡
Em que:
D = Densidade específica (cel.mL-1);
N = Número de células contadas;
Vc = Volume contado (mL);
Ac = Área contada;
67
Em que:
n = número de indivíduos de cada táxon;
N = número total de indivíduos de todos os táxons.
A dominância dos organismos foi classificada em: i) maior que 50% (dominante); ii)
maior que 30% até 50% (abundante); iii) maior que 10% até 30% (pouco abundante); iv) menor
que 10% (rara).
Adicionalmente, para indicar a frequência de ocorrência dos organismos, ou seja, a
representatividade do número de vezes de determinado táxon nas amostras, serviu de base a
metodologia de Mateucci & Colma (1982), como na Equação 12:
𝑃 𝑥 100
𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (%) = (12)
𝑝
Em que:
P = número de amostras contendo a espécie;
p = número total de amostras examinadas.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos nos experimentos com as três
lagoas, LAT 1, LAT 2 e LAT 3. Iniciou-se pela partida (start up) do sistema, com a realização
de duas bateladas sequenciais para o desenvolvimento e estabilização do agregado microalga-
bactéria. Nessa fase, o desenvolvimento e estabilização do AMABs foi avaliado temporalmente
pelo aumento da clorofila-a, pelo crescimento e biofloculação do agregado nas lagoas dois e
três que foram inoculadas.
Em seguida, são expostos os resultados do sistema operando em regime contínuo,
observando sua estabilidade por meio dos parâmetros de processo, como SSV, remoção de
matéria orgânica e nutrientes, crescimento da biomassa e produção de lipídios. Nessa fase,
foram observadas variações nas características da biomassa, decorrente das precipitações
ocorridas durante o período experimental. Por fim, ao atingir o estágio estacionário do sistema,
caracterizado pela remoção da matéria orgânica e nutrientes constantes, foram realizados dois
perfis temporais, com intuito de observar o comportamento do pH e OD durante o período de
8 a 19 horas.
Figura 13 - Imagens das bateladas: a) Características do final da primeira batelada das LAT 1, LAT 2
e LAT 3; b) Início da formação dos agregados na segunda batelada LAT 1, LAT 2 e LAT 3
a) b)
Além do exposto acima, a produção de sólidos nas LATs foi observada não somente
pelo crescimento das microalgas, mas concomitantemente com o crescimento de outros
microrganismos como as bactérias e o zooplâncton conforme observado na Figura 14 e
posteriormente reportado na Tabela 19. Com 11 dias iniciais da primeira batelada, foi analisado
que rapidamente houve a remoção de matéria orgânica e nutrientes, porém, com baixos valores
de clorofila-a, 0,20, 0,32 e 0,26 mg.L-1, para LAT 1, LAT 2 e LAT 3, respectivamente. Sun et
al. (2018), reportam que valores iniciais de clorofila-a de 5 mg.L-1 são observados em sistemas
com agregado microalga-bactéria.
No final da segunda batelada houve uma diminuição na concentração de SSV de 148,00,
521,00 e 655,00 mg.L-1 para 130,00, 188,50 e 51,50 mg.L-1 para as LAT 1, LAT 2 e LAT 3,
respectivamente, essa redução da concentração de sólidos, em parte influenciada pela estratégia
de partida da segunda batelada que renovou – 50% para LAT 1 e 2 com altura de 0,30m e 70%
para LAT 3 com altura de 0,50m – do esgoto para sua partida, porém não refletiu em aumento
significativo de clorofila-a de 0,26, 1,03 e 0,13 mg.L-1 como mostra a Figura 14. Os altos índices
de chuva podem ter dificultado a formação de biomassa algal, propiciando a diluição das LATs,
os resultados de eventos extremos de chuvas foram abordados no capítulo 5.1.
74
O crescimento da biomassa pode ter sido limitado pois como existiam menos
abundância de microalgas, o CO2 liberado pelas microalgas foi facultativo, tendo em vista que
esse fator é essencial para o crescimento das bactérias. Em um trabalho com lodo ativado e
microalgas, os autores Zhu et al. (2019) avaliaram que em regime de batelada, quando o
carbono orgânico era esgotado, as bactérias não conseguiam se desenvolver no meio. Desse
modo, as microalgas se sobressaiam no meio por serem organismos fotoautrotóficos que captam
o CO2 atmosférico para continuarem se multiplicando.
700 1.2
600 1
CHLA (mg/L)
500
SSV (mg/L)
0.8
400
0.6
300
0.4
200
100 0.2
0 0
LAT 1 LAT 2 LAT 3
SSV (inicial) SSV (final) CHLA (inicial) CHLA (final)
Avaliando a LAT 2 e LAT 3, que foram inoculadas com lodos ativados, observou-se
que no fim das bateladas, a lagoa 2 obteve melhor relação SSV e CHLA, com valores de 188,5
mg.L-1 e 1,03 mg.L-1, nesta ordem, que pode ser devido a menor altura da lâmina d’água
definida em projeto de 0,30 m. Na LAT 1 o crescimento algal foi de forma natural, de acordo
com as condições de fonte de carbono disponível as espécies iam se desenvolvendo. Na LAT
3 observou-se uma baixa concentração de clorofila-a, 0,13 mg.L-1, quando comparada às outras
lagoas, isso pode estar relacionado a quantidade ainda de sólidos em suspensão nesta LAT,
dificultando a penetração da radiação solar na coluna d’água, além de possível auto
sombreamento da própria lagoa, devido à altura de projeto.
Como não houve inoculação de microalgas em nenhuma das LATs, todo o crescimento
algal foi de forma natural como pode-se observar na Tabela 19, as imagens apresentadas foram
realizadas ao longo das duas bateladas. Inicialmente as imagens apresentam as características
75
do lodo ativado que foi utilizado como inóculo na LAT 2 e LAT 3, posteriormente, o dia 3
referente ao terceiro dia após a mistura das três lagoas, observa-se o aparecimento de
microalgas. Em seguida, no dia 11 correspondente ao fim da primeira batelada, as microalgas
mostram-se mais abundantes. E, por último com dia 24, que representa o fim da segunda
batelada e início do regime contínuo, microrganismos filamentosos essenciais para a formação
do AMABs são observados.
Tabela 19 - Imagens com ampliação de 10x e 40x das LATs (Barra = 200µm)
LODO
10x 40x
03
Golenkinia sp.
Chlorella sp.
11
Chlorella sp.
Cyclotella sp.1
24
a Planktothrix sp., e as diatomáceas, como a Cyclotella sp., que são utilizadas como base e
fixação de pequenas colônias e, apoiam a formação e estabilização do agregado microalga-
bactéria (ARCILA & BUITRÓN, 2017). Com isso, constatando a presença destes organismos
filamentosos e diatomáceas, e ainda, com o aumento na CHLA e SSV citados anteriormente,
concluiu-se que os agregados microalgas-bactérias estavam presentes e estruturados permitindo
iniciar o regime contínuo de operação das lagoas.
Tabela 20 - Valores obtidos no monitoramento dos parâmetros de controle de campo das lagoas
durante a operação em regime contínuo
VARIÁVEL AFLUENTE LAT 1 LAT 2 LAT 3
OD (mg/L) 0,25 ± 0,15 15,79 ± 3,81 12,8 ± 2,89 7,93 ± 2,40
TEMPERATURA (ºC) 29,3 ± 1,10 29,3 ± 1,33 29,0 ± 2,10 28,0 ± 1,66
POTENCIAL REDOX (mV) -285,3 ± 52,70 37,6 ± 50,17 72,85 ± 39,90 103,15 ± 56,22
CONDUTIVIDADE (µS/cm) 1171,5 ± 211,47 722,0 ± 307,0 681,0 ± 235,8 778,0 ± 255,0
SALINIDADE (%o) 0,52 ± 0,09 0,35 ± 0,15 0,31 ± 0,11 0,34 ± 0,11
Fonte: O Autor (2021).
Observa-se o oxigênio dissolvido no meio da LAT 1 em torno de 15,79 mg.L -1,
indicando uma presença maior de atividade fotossintética, ou seja, um crescimento maior das
microalgas, enquanto na LAT 2 e LAT 3 os valores médios encontrados de OD foram 12,8 e
7,93 mg.L-1. Os valores inferiores observados na LAT 2 e LAT 3, podem estar relacionados
com o consumo de oxigênio requerido pelas bactérias aeróbias presentes no agregado, tendo
77
em vista, que essas duas lagoas apresentaram melhor formação de AMABs, conforme
apresentado no capítulo das bateladas. Esse indicativo pode ser justificado com a contribuição
dos autores Coggins et al. (2020) que afirmavam que na relação mutualística e simbiótica em
sistemas que trabalhavam com agregado microalga-bactéria, os organismos heterotróficos são
responsáveis pelo consumo do CO2 no meio gerado pelas microalgas.
Os valores médios de temperatura encontrados nas lagoas foram 29,3, 29,0 e 28,0 ºC,
para LAT 1, LAT 2 e LAT 3, respectivamente, valores mais elevados foram observados para
as lagoas operadas com coluna d’água de 0,30 m de altura. Lembrando que a operação das
lagoas de alta taxa foi em ambiente aberto, ao ar livre, sujeito ao intemperismo, como as
variações de precipitações, umidade do ar, variação de radiação e temperatura. Contudo, ainda
obteve-se uma boa adaptação das espécies, conforme resultados apresentados nos capítulos
seguintes e, com predominâncias das espécies variando de acordo com a temperatura ótima de
crescimento e a relação entre as variações citadas.
Adicionalmente, para melhor entender a variação de temperatura, serão abordados em
capítulos posteriores dois perfis de monitoramento em relação ao oxigênio dissolvido e
temperatura, e, um gráfico apresentando um comportamento da temperatura (ºC) nas três lagoas
durante todo o período de monitoramento do sistema.
5.3.2 Variação do pH
NTK 33,05±6,10 4,98±2,98 84,85±8,63 4,62±1,29 85,79 ± 5,58 4,79 ± 2,11 86,13 ± 7,04
NH4+ 21,1±6,26 2,60±2,43 88,79±10,8 1,82±1,56 91,75 ± 11,98 1,98 ± 1,50 89,04 ± 12,82
NO2- 0,005±0,009 0,04±0,05 - 0,12±0,08 - 0,10 ± 0,07 -
PT 4,39±1,50 1,26±0,44 71,40±20,2 1,69±0,53 62,69 ± 25,41 2,43 ± 0,52 54,98 ± 22,56
N/P 7,76 4,39 - 7,53 - 7,38 -
Fonte: O Autor (2021).
NT = nitrogênio total; NO2- = nitrito; NO3- = nitrato; PT = fósforo total; NH4+ = nitrogênio
amoniacal; N/P = relação nitrogênio e fósforo;
As remoções médias de DQO da LAT 1, LAT 2 e LAT 3, foram na faixa de 51,62, 74,67
e 72,03 %, nesta ordem. As LATs que operaram com a inoculação de lodo ativado, com o
intuito de acelerar o processo de formação de agregado microalga-bactéria, alcançaram valores
superiores à lagoa sem inoculação. Ainda, observa-se que na LAT 1 houve uma variação maior
de remoção total de DQO durante o tempo operacional, que pode ser devido a uma menor
agregação, que é abordada no capítulo de formação da biomassa, com consequente lavagem
maior do sistema, mostrando ser o sistema mais suscetível às variações diversas, como de
alimentação, precipitação, temperatura, radiação entre outras variáveis.
As remoções de matéria orgânica observadas nas LAT 2 e LAT 3 corroboram com a
taxa de consumo de matéria orgânica das bactérias que é bem mais acelerada que as microalgas.
81
Além disso, Tang et al. (2016) apontam a característica de interação dos AMABs, que
contribuem com avaliação da LAT 2 e LAT 3 com inoculação de lodos ativados, onde, nestes
sistemas de agregado microalga-bactéria há liberação do CO2 pelas microalgas proporciona o
aumento da biomassa, que gera concentrações de DQO solúvel inferior.
Contudo, os valores obtidos neste trabalho, de remoções de DQO foram inferiores as
remoções de DQO obtidas em sistemas similares de lagoas de alta taxa com AMABs,
reportados por Arcila & Buitrón (2017) e Robles et al. (2020) que alcançaram remoções na
faixa de 90% de demanda química de oxigênio, entretanto, estes sistemas operaram as LATs
por mais tempo e recirculando a biomassa, que pode ter contribuído para uma maior
incorporação e remoção do material carbonáceo.
Nas Figuras 18 e 19 são apresentados os valores médios da demanda biológica orgânica
(DBO) nas três LATs.
A seguir são abordados os desempenhos das LATs para remoção de nitrogênio para as
três lagoas durante o regime contínuo (Figura 20).
83
a)
b)
c)
84
A seguir são abordados os desempenhos das LATs para remoção de fósforo. O afluente
que é direcionado para as LATs dispõe de concentrações de fósforo na faixa de 4,39 ± 1,50
mg.L-1. No geral, as remoções médias na LAT 1, LAT 2 e LAT 3 são similares. Na Figura 21
e 22 são apresentados os valores encontrados de fósforo total nas lagoas.
radiação solar na coluna d’água, e consequentemente uma maior assimilação de fósforo por
microalgas.
Dentre as lagoas de alta taxa monitoradas, a LAT 1 se sobressai em relação a remoção
de fósforo, que ainda pode estar associado com a precipitação química de fosfatos que
acontecem em meios altamente alcalinos, com pH acima de 9,5, que é o caso da LAT 1. De
acordo com Lei et al. (2018), com pH acima de 9,5 no meio, o fósforo tende a precipitar na
forma de hidroxiapatita ou estruvita, e ainda, esse processo pode deixar no sistema pequenos
cristais.
É importante salientar que, as três LATs operadas neste sistema, mostraram-se com
desempenho superior ao reportado por Arcila & Buitron, (2016) com sistema de lagoas de alta
taxa similares, operando com recirculação de biomassa e, com TDH 6 e 10, obtiveram remoção
de fósforo em torno dos 30%, esses autores operaram com concentração inicial de P-PO43- de
14,3 mg.L-1 e com a faixa de pH em torno de 8,2. Em tempo, Arbib et al. (2013) trabalhando
com LATs com profundidade de 0,30 m, alcançaram remoção de fósforo na faixa de 41,4 a 53,2
%, valores de remoção total inferiores quando comparado ao encontrado neste trabalho.
A relação N/P média da LAT 1, LAT 2 e LAT 3 encontradas durante todo o regime
contínuo foram de 4,39, 7,53 e 7,38. Wang et al. (2010) e Arcila & Buitón, (2016) avaliaram
que a proporção ideal para obtenção de boas remoções de fósforo nos sistemas com agregado
microalga-bactéria encontra-se entre 6 e 10. Com isso, as LAT 2 e LAT 3 puderam manter boas
remoções de fósforo por assimilação de biomassa, possivelmente com menor incidência da
remoção química.
Para observar o enquadramento na portaria vigente para lançamento de efluentes, a
legislação CONAMA 357/05 preconizava valores estipulados para lançamento de carga
orgânica e nutrientes, no entanto, recentemente foi publicada a Resolução CONAMA 430/11
que preconiza os padrões de lançamento para efluentes tratados em corpos receptores da classe
II, a presente portaria eliminou o nitrogênio amoniacal e fósforo dos parâmetros de atendimento
para esgotos sanitários tratados, como observa-se na Tabela 22.
87
Figura 23 - Concentração de sólidos suspensos durante todo o período experimental: a) LAT1; b) LAT
2; c) LAT 3
REGIME EM BATELADAS REGIME CONTÍNUO
a)
b)
c)
90
b)
a)
92
Figura 26 - Gráfico Boxplot apresentando os valores médios de CHLA durante o regime contínuo de
operação
concentração de 0,28 ± 0,64 mg.L-1. Segundo Couto et. al. (2015) os valores de concentrações
de clorofila-a indicam o crescimento da composição da biomassa algal produzida nas lagoas.
Nas LATs que operaram com agregado microalga-bactéria, avaliaram-se que após sua
estabilização, não houveram perdas significativas de microrganismos e estabilidade após os
eventos chuvosos extrema (acima de 50 mm) dos dias 46, 47, 55, 56, 57 e 70, citados no capítulo
de variações climáticas. Essa condição pode ter sido obtida, de acordo com o abordado por
Zhao et al. (2018), devido a boa formação de agregados, que após sua formação aumentam de
tamanho e ficam cada vez mais densos e compactos, sendo assim, existe uma probabilidade
menor de perda de biomassa a partir de eventos sazonais nos sistemas com agregado microalga-
bactéria.
A concentração de clorofila-a em lagoas de alta taxa, sistemas abertos de tratamento de
esgoto sanitário, deve ser abordada com cautela, uma vez que não necessariamente está
relacionada com o crescimento de SSV. De acordo com Sutherland et al. (2014) a biomassa
total em LATs é composta por diversos microrganismos. Ainda, em trabalhos com LATs de
0,45 m e 0,30 m de coluna d’água, os autores Craggs et al. (2003) encontraram maiores de
concentrações de SSV na LAT com 0,45 m, e por outro lado, ambas LATs dispunham de
concentrações de clorofila semelhantes, os autores atribuíram esta variação ao crescimento da
biomassa de espécies específicas bacterianas. Por exemplo, em algumas Clorofíceas a clorofila-
b predomina em relação a clorofila-a, sugerindo que além da clorofila-a deveria ser monitorada
a clorofila-b.
da biomassa para recuperação de recursos. Em um trabalho similar, os autores Arcila & Buitrón,
(2016) avaliaram a porcentagem de sedimentação – em lagoas de alta taxa com TDH de 10, 6
e 2 dias, alcançando valores de 98,3, 92,7 e zero %, respectivamente. Desse modo, os valores
satisfatórios na floculação e sedimentação da biomassa que utiliza agregado microalga-bactéria
por ser atribuído a partida do sistema por meio das duas bateladas sequenciais, bem como a
presença das diatomáceas, normalmente encontradas nos agregados, tendo em vista, que a
parede celular desses organismos é formada de sílica, ajudando na sedimentação da biomassa.
100%
granulométrica(%)
80%
Distribuição
60%
40%
20%
0%
24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
LAT 02 <0,25mm 0,25-0,50mm 0,50-1mm >1mm
100%
granulométrica (%)
80%
Distribuição
60%
40%
20%
0%
24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
100%
granulométrica(%)
80%
Distribuição
60%
40%
20%
0%
24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
98
400
300
200
100
0
24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
400
300
200
100
0
24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
400
300
200
100
0
24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
99
A LAT 3 operando com TDH de 4 dias e altura de lâmina d’água de 0,50 m, obteve teor
de lipídio superior a LAT 1 e LAT 2, com 18,37 ± 6,59% de conteúdo lipídico no regime
contínuo de operação. Isso pode ter ocorrido por conta das espécies presentes nesta lagoa, uma
vez que, algumas espécies têm uma capacidade maior de estoque de lipídios em suas células.
Segundo Salian & Strezov, (2017) o tempo de duplicação rápido das microalgas, ajudam a
produção e armazenamento alto de lipídios neutros que estão saturados e, geram maior
rendimento de biomassa para produção de biocombustíveis. Por outro lado, valores inferiores
de teores de lipídios da LAT 1 e LAT 2, operando com TDH de 4 dias, foram de 9,58 ± 1,34 e
11,5 ± 0,48 %, respectivamente, esses valores estão próximos aos valores obtidos por Arcila &
Buitrón, (2016) com conteúdo lipídico de 9% em TDH de 10, 6 e 2 dias.
A referida variação está relacionada com a abundância das espécies nas lagoas, por
exemplo, no dia 87 operacional, os teores de lipídios obtidos foram 10,52, 11,84 e 23,03 %,
para a LAT 1, LAT 2 e LAT 3, respectivamente. Nesse dia, destaca-se a presença da microalga
Chlorella sp. que apresentou-se com abundância relativa de 71,4 % na LAT 3, enquanto para a
LAT 1 e LAT 2 os valores de abundância estavam em torno de e 37,9 e 43,30 %,
respectivamente. Corroborando com essa discussão acima, os autores Sajjadi et al. (2018)
indicaram que a produção lipídica da Chlorella sp. pode chegar até 58% de teor de óleo.
Portanto, associando com a boa colheita da biomassa, estes resultados de produtividade lipídica
apontam como vantajosos para a produção de produtos com valor agregado. No próximo
capítulo são apresentados resultados da diversidade e abundância relativa das microalgas.
As abundâncias relativas das espécies presentes nas três lagoas de alta taxa são
apresentadas na Figura 32 e na Figura 33 com a identificação da taxonomia de cada espécie
presente em todo período experimental. Na LAT 1 há predominância é das Clorofíceas que se
adaptaram ao meio de acordo com as condições oferecidas. Nessa LAT existia uma maior
incidência solar e uma altura de coluna d’água de 0,30m, que proporciona uma maior incidência
solar dentro da lagoa.
Por outro lado, na LAT 2 e LAT 3, observa-se uma maior distribuição na abundância
relativa das espécies, salienta-se que, as diatomáceas são organismos essenciais na formação
do agregado microalga-bactéria, estes organismos ajudam na estabilidade do agregado e por ter
sua parede celular formada de sílica potencializam na sedimentação das partículas. A presença
102
das cianobactérias nessas duas lagoas referidas, foram identificadas espécies filamentosas que
auxiliam na estruturação do agregado.
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
3 11 19 24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
Diatomáceas Clorofíceis Cianobactérias Outras espécies
LAT 2
Regime de bateladas Regime contínuo
100%
Abundância relativa (%)
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
3 11 19 24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
LAT 3 Diatomáceas Clorofíceis Cianobactérias Outras espécies
Regime de bateladas Regime contínuo
100%
90%
Abundância relativa (%)
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
3 11 19 24 38 45 52 61 66 74 81 87 94
Tempo operacional (dias)
103
Por fim, é importante salientar que a contagem das células de microalgas em agregado
microalga-bactéria, ainda é um desafio, visto que se trata de uma metodologia ainda não
consolidada, pois existe a dificuldade de contagem das espécies que ficam na parte interna do
grânulo, para obter um resultado mais satisfatório foi necessário realizar diluições de até 12
vezes. O desenvolvimento de metodologias que corroborem na quantificação de espécies de
microalgas ainda é um gargalo a ser desenvolvido e estudado em sistemas com AMABs.
38
52
94
106
O perfil de monitoramento das LATs aconteceu em dois dias distintos com condições e
características de radiação e precipitação diferentes. O primeiro perfil, foi no dia 25 de maio
de 2021, dia que dispunha de boas condições de temperatura média de 29,3 ºC e sem
precipitações no referido dia, de acordo com o monitoramento da APAC. O segundo perfil foi
no dia 08 de junho de 2021, com condições inferiores de temperatura com valores médio de
26,2 ºC e, com presença de precipitação média de 2 mm e com o céu nublado ao longo do dia,
de acordo com dados da APAC.
Neste primeiro dia avaliado (Figura 34), observaram-se valores superiores de OD e pH
para a LAT 1, que não teve inoculação de lodo ativado. O pH e OD inicial às 8:00 horas foram
de 8,73 e 14,11 mg.L-1, respectivamente. Com o aumento na atividade fotossintética, como
principal mecanismo a produção de oxigênio dissolvido, entre 13:00 e 14:00 horas, horário de
maior radiação solar, os valores de pH e OD chegaram a marca de 9,43 e 20,77 mg.L-1, nesta
ordem, reduzindo gradativamente com o aumento da respiração ao entrar na fase escura e
mesmo com a assimilação do nitrogênio amoniacal pelos microrganismos.
O segundo perfil (Figura 35) resultou em valores inferiores de radiação e atividade
fotossintética. O pH e OD inicial para a LAT 1 neste dia era de 8,91 e 13,81 mg.L-1,
respectivamente. Durante este perfil não houveram alterações significativas de pH e OD até às
14:00 h, corroborando com as condições climáticas adversas, principalmente a baixa
temperatura e a presença de chuva durante o monitoramento.
Para a LAT 2 o valor médio máximo nos dois perfis de pH e OD foram de 8,46 e 11,67
mg.L-1, respectivamente. Na mesma perspectiva, a LAT 3 teve um comportamento com valores
médios de 7,5 e 6,5 mg.L-1, nesta ordem. Valores menores de pH e OD na LAT 3, podem estar
relacionados com o sombreamento da radiação solar na lagoa, por conta da altura da coluna
d’água aplicada ou pela maior presença de sólidos em suspensão. Na mesma via, para tentar
explicar este fato, pode-se relacionar com o que Dokulil (1994) encontrou em seu estudo, onde,
a diminuição da efetividade de radiação solar na LAT implica em menores valores de
temperaturas do efluente, e em consequência, propicia menores taxas de respiração da
biomassa.
Nesta avaliação de variação de pH e OD, em ambos perfis, observa-se que no período
da fase clara, onde se tinha maior radiação solar houve um aumento na atividade fotossintética.
No período de fase escura, a partir das 17:00 horas onde a radiação é bruscamente diminuída,
107
ocorre a diminuição dessas variáveis, podendo justificar com a fase que predomina a respiração
dos microrganismos.
a)
b)
c)
108
a)
b)
c)
109
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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