Embargos A Execu

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 5º JUÍZO DA UNIDADE

ESTADUAL DE DIREITO BANCÁRIO – SC

Autos nº 5004064-84.2020.8.24.0175
Embargante: Neli Giordani Magro e outros
Embargado: Cooperativa de Crédito, Poupança e Investimento do Sul do Estado de
Santa Catarina – SICREDI Sul SC

NELI GIORDANI MAGRO, brasileira, casada, administradora, inscrita no


CPF sob nº 780.185.449-72, endereço eletrônico desconhecido, residente e domiciliada
à Rua Fernandino Martignado, n°93, bairro Santo Antônio, Ap 502, Edifício Monalisa,
cidade de Criciúma – SC, CEP 88.809-330, por intermédio de seus procuradores
devidamente qualificados, comparecem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, na
AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO, que lhe move COOPERATIVA DE
CRÉDITO, POUPANÇA E INVESTIMENTO DO SUL DO ESTADO DE SANTA
CATARINA – SICREDI SUL SC, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº
03.793.242/0001-78, com sede na Rua Henrique Lage, 2120, sala 01, Santa Barbara,
Criciúma - SC, para apresentar:

EMBARGOS À EXECUÇÃO

1 – DOS FATOS

Trata-se de Ação de Execução fundada em Título Executivo


Extrajudicial em face da empresa MIQ.MAGRO INDUSTRIA QUIMICA LTD ME,
visando recuperar um suposto crédito valorado em R$ 153.011,04 (cento e cinquenta e
três mil, onze reais e quatro centavos), sendo que o valor atualizado foi valorado
em R$171.144,27 (cento e setenta e um mil, cento e quarenta e quatro reais e vinte
e sete centavos).

Avenida Getúlio Vargas, 250 – Ed. Santa Bárbara -Sala 21 – Centro – Criciúma/SC – CEP 88801-500 – Fone/fax (48) 3439-3735
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A suposta dívida busca cobrar o valor acima informado, decorrente da
Cédula de Crédito Bancário nº B90932543-8, alegando a Embargada que a Embargante
descumpriu com as obrigações pactuadas.

Em que pese os argumentos trazidos, os mesmos são carentes de


amparo legal e desprovidos de fundamentos jurídicos. Razão pela qual a Ação de
Execução deverá ser julgada improcedente, senão vejamos:

2. DO MÉRITO

A Ação de Execução não poderá prosperar, em virtude de a Embargada


ter praticado durante o relacionamento modus operandi abusivo. Exigiu, e continua a
exigir, mesmo em juízo, pagamentos não amparados em Lei, o que restará comprovado.

2.1) DA RELAÇÃO DE CONSUMO

Contrato pressupõe equilíbrio da relação. Quando uma das partes


sobrepuja a outra ocorre desequilíbrio. Surge então a necessidade de intervenção do
Estado-Juiz.

Trata-se o presente caso de relação de consumo, consoante o art. 3º, §


2º. Da Lei 8.078/90, Súmula 297/STJ e Adin 2.591, cuja vocação é de natureza
Constitucional conforme inciso XXXII do art. 5º. Combinado com o artigo 170-III da
CF/88.

XXXII – O Estado promoverá, na forma da Lei, a defesa do


consumidor.

O Código de Defesa do Consumidor preceitua critérios específicos para


o funcionamento dos contratos e serviços bancários, pois estes devem estar sujeitos
às normas de ordem pública e de interesse social prevista no diploma legal.

Muito embora o dinheiro em si mesmo, não seja objeto de consumo, ao


funcionar como elemento de troca, a moeda adquire a natureza de bem de consumo.
As operações de crédito ao consumidor são negócios de consumo por conexão,

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compreendendo-se nessa classificação todos os meios de pagamento em que ocorre
deferimento da prestação monetária, como cartões de credito e cheques. Esta, pois
em harmonia com o sistema considerar serviços de consumo as atividades bancarias,
financeiras e securitárias.

Portanto, o Embargante utilizou serviços e produtos da Embargada,


devem ser considerado consumidor. Como a Embargada prestou serviços de natureza
bancária expressamente o que está previsto no ordenado jurídico, deve ser
considerada fornecedora. Não há duvidas de que o Código de Defesa do Consumidor
devera regular a relação das partes aqui em discussão.

Nelson Abraão, após enfatizar a necessidade da aplicação da legislação


protetiva dos consumidores aos contratos bancários, registra que:

Sendo o lucro o objetivo fundamental estrutural da instituição


financeira, contratos existem dos quais as regras pendem para o
lado econômico e sucessivamente se interpolam cálculos
aritméticos e financeiros nocivos ao consumidor, que não tem outra
fonte alternativa. (Direito Bancário, 5º ed. Saraiva 1999, pág.264)

Na sequência, expõe:

O estabelecimento dessa condição chama a atenção no


pressuposto de se compatibilizar um sistema de freios em harmonia
com aquela tendência de absorção de direitos e garantias
individuais, daí deflete valida a estimulação proveniente do Código
de Defesa do Consumidor ao irradiar seus afeitos na atividade
bancaria.

Da mesma forma, Alberto do Amaral Júnior, ressalta a amplitude do


conceito de fornecedor utilizado pela questionada Codificação, Leciona:

Igualmente, não é correto o entendimento segundo o qual o Código


de Defesa do Consumidor ‘não se aplicaria as instituições
financeiras, porque não se concebe a possibilidade de ser usado o
dinheiro ou o credito pelo destinatário final, pois os valores
monetários se destinam, pela sua própria natureza, á circulação’
(Arnoldo Wald). Para o Código, consumidor não é apenas o
adquirente, mas o mero usuário. A utilização do produto tem, aqui,
sentido mais amplo que o da simples fruição, abrangendo a
possibilidade de sua disposição. Desse modo, o consumidor que
celebra um contrato de mutuo com meio de satisfazer as suas
necessidades.

Nesse sentido é o entendimento da Jurisprudência:


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“A jurisprudência mais recente, inclusive do STJ, vem consagrando
o entendimento de que mesmo os bancos devem pautar-se pelas
diretrizes do Código de Defesa do Consumidor. O produto, nesse
caso, é o dinheiro ou o credito bem juridicamente consumível,
sendo o banco fornecedor; e consumidor o mutuário ou creditado.”

“CONTRATO BANCÁRIO – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


– APLICABILIDADE – “Os bancos, como prestadores de serviços
especialmente contemplados no artigo 3º, parágrafo segundo, estão
submetidos ás disposições do Código de Defesa do Consumidor”.

Diante desta circunstância, aplica-se ao caso que se examina o preceito do


art.6º, inc. VII da Lei n.8.078/90 que trata da possibilidade de inversão do ônus da prova,
nesse sentido:

Código de Defesa do Consumidor. Aplicação ás instituição


financeiras. Inversão do ônus da prova. Possibilidade.

A jurisprudência mais recente, inclusive do STJ, vem consagrando


o entendimento de que mesmo os bancos devem pautar-se pelas
diretrizes do Código de Defesa do Consumidor. O produto, nesse
caso, é o dinheiro ou o credito bem juridicamente consumível,
sendo o banco fornecedor; e consumidor o mutuário ou creditado.

Em face do caráter de ordem publica das normas de direito do


consumidor, pode-se operar, ainda que de oficio, a inversão do
ônus da prova. Exegese do art.6º, inc. VIII, c/c art. 1º, do CDC.

O enunciado n. 297 da Súmula do STJ, dispõe: O Código de Defesa do


Consumidor é aplicável às instituições financeiras.

A propósito, Nelson Nery Junior e Rosa Maria Andrade Nery


consignaram:
Todas as operações e contratos bancários se encontram sob o
regime jurídico do Código de Defesa do Consumidor. Não só os
serviços bancários, expressamente previstos no Código de Defesa
do Consumidor 3º, § 2º, mas qualquer outra atividade, dado que o
banco é sociedade anônima, reconhecida sua atividade como sendo
de comercio, por expressa determinação do Código Comercial em
seu Artigo 119. Assim, as atividades bancárias são os de comércio,
e o comerciante é fornecedor conforme prevê o caput do Código de
Defesa do Consumidor no 3º. Por ser comerciante, o banco é
sempre fornecedor de produtos e serviços.

Devemos nos ater ainda ao fato de que o Código de Defesa do


Consumidor introduziu dois princípios elementares do novo direito dos contratos, quais
sejam: o principio da boa fé e da justiça contratual.

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O contrato, não é mais visto como algo estático e individual, mas como
algo dinâmico e social, necessário para o comércio jurídico e satisfação de interesses
legítimos. Deve ser o instrumento de necessidades individuais e coletivas, e não mais
a supremacia de um contratante sobre o outro com o intuito de enriquecimento de um
em detrimento da miséria do outro.

No princípio da boa-fé é onde se encontra maior consonância,


justamente por atingir os contratos de adesão, afinal os maiores abusos ocorrem
nesse tipo de contrato, simplesmente pela impossibilidade da alteração do seu
conteúdo.

Portanto, a boa-fé na relação de consumo procura dar equilíbrio ao


contrato, afastando a prevalência, nas cláusulas, da vontade de um em detrimento do
outro, restabelecendo a posição de equivalência entre o fornecedor e o consumidor. Diz
respeito à consciência das partes contratantes, à sua intenção. Visa, por conseqüência,
limitar os desvios na relação contratual de consumo.

Com efeito, dispõe o inciso IV do art. 51, da Lei 8.078/90, São nulas de
pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais que sejam incompatíveis com
a boa-fé.

No CDC (art. 4º. III) à “boa-fé é equilíbrio nas relações entre


consumidores e fornecedores”, como princípio básico das relações de consumo, além
da proibição das cláusulas que sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade (art.
51, nº. IV) devendo reger toda e qualquer espécie de relação de consumo, de contato
de consumo.

As regras de proteção do Código de Proteção ao Consumidor são


aplicáveis aos contratos firmados entre as instituições financeiras e os usuários de seus
serviços (art.3º, § 2º. Da Lei nº. 8.078/90), importando a declaração de nulidade das
cláusulas abusivas pactuadas (art. 51, § 1º.) por excesso de onerosidade ao
consumidor. Dentre outros, o CDC sufraga o principio da inversão do ônus da prova em
benefício do consumidor (art. 6º, inc. VIII, o art. 51, inc. VI).

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Conforme assevera João Bosco Leopoldino Fonseca:

“O controle jurídico das condições contratuais gerais, e mais


especificamente das cláusulas abusivas, tem por finalidade, de um
lados, conter o excessivo poder econômico da empresa e, por
outro, proteger a parte economicamente mais fraca na relação
contratual estabelecida nos moldes dos contratos de massa. Não se
pode restringir esse tipos de controle aos contratos realizados entre
fornecedores e consumidores”.

Sob a ótica da Resolução 2878 do Banco Central do Brasil, da Portaria


03/2001 da secretária de Direito Econômico do Ministério da Justiça e sob a égide das
normas do Código de Defesa do Consumidor, as cláusulas de cunho abusivo contida
nos contratos bancários devem ser declaradas nulas de pleno direito.

As cláusulas abusivas mencionadas no artigo 51 do CDC, aplicáveis tanto


aos contratos de adesão quanto aos contratos paritários são sempre consideradas
nulas, prevendo a norma geral de proibição de cláusulas contra a boa-fé.

Além do previsto no artigo 51, o CDC, em seu artigo 6º, institui como um
direito do consumidor, a possibilidade de modificação de cláusulas contratuais no
sentido de restabelecer o equilíbrio da relação entre o consumidor e o fornecedor.
Dessa forma, o consumidor poderá solicitar que o juiz de direito altere o conteúdo
negocial de uma cláusula considerada abusiva.

Assim sendo, requer desde já seja reconhecida à qualidade de


consumidor ao Embargante e de fornecedor a Embargada, determinando-se a
aplicação do CDC para regular a relação e os contratos em debate, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a favor do consumidor ora Embargante.

Diante dos excessos praticados pelo Embargado, seja pela exigência de


juros capitalizados pelo regime composto ou em taxa que não guarda relação com a
média pratica pelo Mercado Financeiro, esta ação não poderá permissa vênia,
prosperar.

2.2) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

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Com relação à produção de provas, além das produzidas, requer-se, nos
termos do art. 6°, VIII do CDC que a Embargada junte aos autos todos os extratos da
conta corrente, bem como todas as duplicatas que deram origem as operações e o
relatório de pagamento dos títulos para que se verifique efetivamente a condição de
inadimplência e a totalidade do valor já adimplido pelo Embargante.

No ensinamento de Zuliane, abaixo transcrito, tal benesse é aplicada a


este caso:

A inversão do ônus da prova é assunto de direto processual, [o autor sita a


autora Sandra Aparecida Sá dos Santos, que afirma ser a inversão do ônus
da prova facilitador na defesa dos interesses do consumidor.]o juiz sentindo
a vulnerabilidade da parte e intuindo que essa sua inferioridade terminará
prejudicando suas expectativas processuais (como a de conseguir prova do
fato constitutivo de seu direito, tal como disciplinado no art. 333, do CPC),
altera as regras do embate probatório, transferindo para o réu a iniciativa, os
encargos e obrigação de demonstrar um fato jurídico de seu interesse e da
própria causa. A inversão é um expediente de inegável vantagem para
favorecer o consumidor nas ações em que se discute, por exemplo, o valor
das prestações em financiamentos bancários e hipotecários (casa própria),
dada a complexibilidade de se provar a exatidão dos cálculos de
reajustamento das parcelas. Nessa situação e até em alguma hipótese de
erro médico, a inversão constitui a única alternativa para que o processo
civil consiga atingir a sua função de revelar ao juiz a realidade fática (prova
justa) que permitirá a expedição de sentença quantitativa. (ZULIANI, 2003,
p. 134).

Caso a Embargada negue-se a trazer os documentos, que Vossa


Excelência imponha multa diária, até que se cumpra a obrigação, caso não seja
possível, que então sejam considerados verdadeiros todos os fatos narrados pelo
Embargante, nos moldes do art. 400 do novo Código de Processo Civil.

2.3) – DO TÍTULO EXECUTIVO

O valor Executado não está correto, líquido e exigível, haja vista que não
foram apurados devidamente, nos termos do art. 783 do Código de Processo Civil:

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Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em
título de obrigação certa, líquida e exigível.

Ora, para que o título de crédito tenha plena validade é necessário que
este possua todos os requisitos essenciais à sua formação, do contrário será nulo de
pleno direito.

Assim, a obrigação é certa e líquida quando houver certeza de sua


existência e liquidez quanto à prestação devida. A liquidez da dívida é aquela
determinada em seu montante, apurada e demonstrada pelo seu valor líquido.

Desta forma, para que um crédito seja exequível integralmente se faz


necessária a existência dos requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade. O que não
está demonstrado no presente Cumprimento de Sentença, ante a evidente ausência de
liquidez do título extrajudicial, este que deverá ser julgado extinto, por não ter atendido
ao comando legal da sentença.

2.4) DA NECESSIDADE DE REVISÃO DE TODA A RELAÇÃO


CONTRATUAL HAVIDA ENTRE AS PARTES

Pretende o Embargante ter revisada toda a relação contratual havida com


a instituição Embargada, vez que não restam dúvidas acerca da cobrança de juros
indevidos e taxas elevadas, bem acima da taxa média de mercado, em todo o período
de duração do contrato.

No caso em tela, deve ser revista toda a relação jurídica entre as partes, e
do contrato descritos acima, visto que se encontra com juros e encargos acima da taxa
média de mercado.

2.5) DAS IRREGULARIDADES PRATICADAS

A) DA COBRANÇA ILEGAL DAS TARIFAS BANCÁRIAS

No caso em apreço, foram identificadas as cobranças de tarifa de


liquidação antecipada, o que se mostra completamente abusivo já que coloca o
consumidor em excessiva onerosidade (art. 51, IV, do Código de Defesa do
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Consumidor). Pois, ao conceder o credito, a Casa Bancária já é remunerada pelos juros,
cujo cálculo engloba as despesas operacionais, assim como o risco envolvido na
operação.

Sendo que a tarifa de liquidação antecipada (TLA) passou a ser ilegal a


partir de dezembro de 2007, quando o Conselho Monetário Nacional editou a Resolução
3.516, segundo o artigo 1º da referida resolução:

Art. 1º Fica vedada às instituições financeiras e sociedades de


arrendamento mercantil a cobrança de tarifa em decorrência de liquidação
antecipada nos contratos de concessão de crédito e de arrendamento
mercantil financeiro, firmados a partir da data da entrada em vigor desta
resolução com pessoas físicas e com microempresas e empresas de
pequeno porte de que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro
de 2006.

Sendo que o Superior Tribunal de Justiça quando analisou o tema, decidiu


que as cobranças só seriam permitidas dos contratos bancários celebrados até
dezembro de 2007, desde que expressamente identificado no extrato de conferência,
conforme julgamento do RESP 1.392.449.

Por sua vez, o contrato objeto em questão foi pactuado em 2020, o que
torna a cobrança ilegal, vejamos:

Portanto, importante ressaltar que há outras irregularidades que permeiam


o contrato celebrado entre as partes, sendo necessário um parecer contábil detalhado
sobre todas as abusividades realizadas pelo banco.

B) ENCARGOS MORATÓRIOS E DESPESAS DE COBRANÇA E HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS

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Caso reste vencida a tese de nulidade da cláusula que fixa a comissão de
permanência como índice de remuneração pelo capital emprestado e como forma de
reparar pela mora do consumidor, a requerida e seu representante legal rogam pela
declaração de nulidade da cláusula que prevê a incidência da comissão de permanência
em conjunto com outras taxas remuneratórias, bem como a cobrança antecipada ilegal
de despesas processuais.

Note-se que o contrato prevê para o caso de impontualidade ou


inadimplência a cobrança de forma capitalizada, o que é proibido no ordenamento
jurídico brasileiro, nos seguintes termos:

Sobre o atraso de pagamento e multa previstos no contrato:

Observe-se no presente caso, contudo, que a instituição financeira cobra,


além dos juros moratórios, capitalização de juros e mais um valor a título de honorários
no importe de 10% sobre o valor do débito e também “20% sobre o total da dívida
apurada”, ou seja, cobra honorários advocatícios no âmbito extrajudicial e mais 20% no
âmbito judicial.

Como se vê, trata-se de cláusula abusiva, que deve ser declarada nula por
este respeitável Juízo. Se o contrato já prevê a capitalização de juros, a cobrança de
encargos de 10% em caso de cobrança extrajudicial mais 20% em relação a cobrança
judicial caracteriza um “bis in idem”, com incidência sobre o saldo devedor calculado
com as penalidades anteriores.
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No que se refere à fixação dos honorários advocatícios, nota-se que a
competência para tanto é privativa do magistrado ao proferir a sentença condenatória,
não podendo tal competência ser usurpada pelo contratante, o qual incluiu tal cláusula
leonina no contrato por adesão assinado pela requerida.

Este é o entendimento do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª região


sobre a impossibilidade de o contrato fixar a cobrança antecipada de despesas
contratuais e honorários advocatícios:

REVISIONAL. CRÉDITO EDUCATIVO. ART. 285-A DO CPC.


APLICABILIDADE DO CDC. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS.
TABELA PRICE. MORA. MULTA CONTRATUAL. PENA CONVENCIONAL.
DESPESAS JUDICIAIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. REGISTRO EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES. DEPÓSITO JUDICIAL. HONORÁRIOS.
1. O art. 285-A do CPC foi introduzido na legislação processual com o
objetivo de economia de tempo, buscando evitar a repetição de demandas
que envolvam questões já pacificadas, não afrontando os princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 2. Tendo em vista que o
FIES é uma continuação do Crédito Educativo, considero inaplicáveis os
princípios e regras dispostos no Código Consumerista ao contrato sub
judice. 3. A capitalização mensal de juros é admitida somente em casos
específicos, previstos em lei, v.g., cédulas de crédito rural, comercial e
industrial, incidindo, portanto, a letra do art. 4º do Dec. nº 22.626/33, bem
como a Súmula nº 121 do STF. (...).

É nula a cláusula contratual que prevê a possibilidade de cobrança


antecipada de despesas processuais e honorários advocatícios, uma vez que as
despesas processuais de cobrança serão aquelas efetivamente despendidas na
presente demanda e a sua cobrança estaria acarretando bis in idem. (...)” (TRF4, AC
2006.71.00.041882-7, 4ª Turma, unânime, Relatora Marga Inge Barth Tessler, D.E.
19/11/2007)

Saliente-se que se trata de contrato de adesão, com cláusulas pré-fixadas


e que não foram, em momento algum, discutidas. Assim, considerando o caráter leonino
das cláusulas ora mencionadas, impostas pela parte economicamente mais forte, é de
direito que sejam devidamente discutidas e reconhecidas como abusivas.
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Na hipótese de caracterização de abusividade das taxas cobradas pelo
Embargado, solicita-se a revisão de toda relação contratual, pois tais cláusulas colocam
o consumidor em desvantagem exagerada, nos termos do art. 51, § 1º, do Código de
Defesa do Consumidor.

B) DO EXCESSO DE EXECUÇÃO/ DO PROSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO DA FORMA


MENOS ONEROSA

Vale ressaltar que, a execução deve desenrolar-se de forma menos


gravosa ao devedor, nos termos do art. 805 do Novo Código de Processo Civil “quando
por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça
pelo modo menos gravoso para o executado”.

É sabido que, de um lado, deve haver a proteção ao devedor, dada


inteligência do artigo supra, de forma a assegurar as suas prerrogativas constitucionais,
a execução continua a correr, mas, porém, por um mecanismo menos áspero, e da
forma menos onerosa ao devedor.

Logo, faz-se necessário a apuração dos valores por meio de um laudo


técnico entabulado por profissional capacitado, eis que nitidamente há a averiguação de
excesso de execução.

2.6) DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO ATRAVÉS DO ART. 940 DO CÓDIGO CÍVIL.

Pelo que se infere facilmente dos fatos narrados, o Embargado usa e


abusa de sua superioridade econômica para extrair do Embargante mais até de que seu
dinheiro. Extrai-lhe também a dignidade; a convicção na decência e na moralidade; e na
honestidade comercial. Não há mais dúvidas e isto está abundantemente dito na
doutrina e na jurisprudência sobre a iminente abusividade de instituições financeiras que
avançam sobre o patrimônio sob a capa da liberdade contratual.

Recomenda-se, meritíssimo, uma leitura minuciosa de todo o teor do


contrato em questão: há de se verificar o quão explorador pretende ser o Embargado,

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desde a imputação do foro de eleição até a abusividade de certas taxas cobradas. Muito
distante da realidade que requer o consumidor, a efetivação do negócio se transforma
numa armadilha escondida sob o contrato de adesão que acaba por dilapidar o seu já
escasso patrimônio. É assim que enriquece rapidamente a instituição. É assim que o
seu poderio econômico invade nocivamente a economia popular.

Observamos no decorrer das relações jurídicas entre o Embargante e o


Embargado, inúmeras irregularidades, dentre juros e multas do valor a título de
contraprestação. Ressalta a doutrina pátria ao afirmar que:

Afirma o artigo 940 do Código Civil:

Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte,
sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará
obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver
cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver
prescrição.
No entanto, o que resulta na conclusão deste item é a possibilidade de o
Embargante questionar os fatores econômicos que integram as prestações, inclusive acerca
dos juros, conforme parecer econômico financeiro analisado.

Dessa forma o Embargado provoca, desde o princípio, um enorme


desequilíbrio contratual. Nítida a má-fé é possível facilmente concluir, com base em tudo já
alegado, a desproporcionalidade dos reajustes e dos juros cobrados.

3.7) DO EFEITO SUSPENSIVO

Excelência, relevantes são os motivos trazidos nesse petitório que


ratificam a necessidade da concessão do efeito suspensivo da Ação de Execução.
Inicialmente, pela impossibilidade da sua tramitação sem que existam condições para o
seu desenvolvimento, haja vista não existir indícios reais e convincentes da dívida em
comento.

Ademais, a continuidade do feito sem a concessão de efeito suspensivo,


permitirá que a execução prossiga quando há probabilidade de grave dano, ao passo

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que a execução não se encontra líquida, certa e exigível. Sendo portanto, suscetível de
causar dano até que se tenha o valor correto a ser apurado.

Diante disso, requer a suspensão da Ação de Execução, eis que se faz


necessário valor líquido, certo e exigível, e ante as abusividades apontadas, não há
valor líquido nem certo a ser exigido.

5. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência:

a) O reconhecimento da relação de consumo entre as partes;


b) a inversão do ônus da prova;
c) seja reconhecido que não há liquidez, certeza e exigibilidade do título,
eis que há valores a serem revisados na negociação;
d) seja determinado ao Embargado que apresente todos os contratos,
extratos e demais documentos que compuseram a relação havida
entre as partes;
e) o reconhecimento da ilegalidade da cobrança da tarifa de liquidação
antecipada;
f) o reconhecimento a ilegalidade da cobrança dos encargos moratórios
e despesas de cobrança e honorários advocatícios ante o princípio non
bis in idem;
g) o reconhecimento do excesso de execução;
h) a determinação da repetição do indébito;
i) o deferimento do efeito suspensivo ante a falta de liquidez e
exigibilidade do título;
j) o deferimento da dilação de prazo pelo período de 30 dias no intuito de
apresentar parecer técnico contábil.

Dá a causa o valor de R$171.144,27 (cento e setenta e um mil, cento e


quarenta e quatro reais e vinte e sete centavos).

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Termos em que,
Pede deferimento.

Criciúma/SC, 28 de setembro de 2021.

JÚLIO CÉSAR KAMINSKI


OAB/SC 23.540

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