In Icial
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DA JUSTIÇA GRATUITA
O autor é pobre na forma da lei e requer os benefícios da justiça gratuita por não
ter condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem
prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos da lei 1.060/50 e arts. 98 e 99
do CPC.
DOS FATOS
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No entanto, devido à fragilidade da segurança nos sistemas da empresa,
administradora do cartão, foi realizada várias compras de forma fraudulenta por
terceiros no cartão do autor. Os valores das compras fraudulentas são de R$ 2.411,88
(dois mil, quatrocentos e onze reais e oitenta e oito centavos).
Ao tentar resolver a situação amigavelmente o autor não obteve êxito, razão pela
qual ajuizou ação judicial sob o nº 0800937-47.2021.8.10.0014, na qual a ré foi
condenada a desconstituir a dívida referente à compra fraudulenta.
Ocorre que após a empresa ré ser condenada, na ação citada acima, o autor ao
realizar uma compra no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) e foi surpreendido com o
bloqueio de seu cartão de crédito, informado pelo caixa do estabelecimento comercial
nesta capital.
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Da narrativa dos fatos a única conclusão que se pode chegar é de que as
empresas requeridas cancelaram o cartão do autor pelo fato deste ter ajuizado ação no
judiciário para desconstituir uma dívida fraudulenta em sua fatura do cartão de crédito,
sendo que a culpa da fraude é da própria ré que utiliza sistema de segurança frágil não
evitando, assim, fraude nos cartões de seus clientes.
Diante do exposto, o autor não viu outro meio senão vir a este juízo para que as
empresas requeridas sejam compelidas a regularizar a situação enviando um novo cartão
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com nova senha para o autor, restabelecendo o status quo ante bem como pagar
indenização pelo dano extrapatrimonial que causaram.
DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
Da solidariedade passiva
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Apesar da clareza meridiana que o Código trata dessa questão, os Bancos sempre
procuraram pôr-se à margem das normas protetivas das relações de consumo sob os
mais diversos argumentos.
Do mérito
Muito embora não haja prova nos autos que permita concluir seguramente que o
cartão do consumidor foi cancelado, é ônus das empresas requeridas demostrar ao
contrário, haja vista que não tem como o autor produzir prova nesse sentido (Art. 5º da
Lei 9.099/95), portanto, cabe à parte requerida demonstrar que em momento algum
houve o cancelamento ou bloqueio, anexando aos autos prova de que o consumidor
permanece utilizando regularmente o cartão de crédito, e se houve
cancelamento/bloqueio deverá explicar o motivo pelo qual tomou tal atitude.
Do dano moral
No caso em exame resta configurado o dano moral que o autor foi obrigado a
suportar, haja vista que não deu causa ao cancelamento de seu cartão, sofreu
constrangimento ao realizar suas compras e enfrentou uma verdadeira via crucis na
tentativa de resolver a situação amigavelmente, sem obter êxito, e, ainda teve que
contratar advogado para tentar garantir seus direitos.
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Ademais, é sério o constrangimento pelo qual passa o consumidor ao ter uma
venda negada sob a informação de que o cartão de crédito está cancelado, uma vez que
frustra sua legítima expectativa de utilizá-lo como meio de pagamento de compras
quando adimplente com suas obrigações contratuais. São transtornos e
constrangimentos que afetam a imagem do consumidor, escapando à esfera dos meros
dissabores do cotidiano.
A obrigação de indenizar encontra respaldo nos artigos 186 e 187 cumulado com
artigo 927, todos do Código Civil, senão vejamos:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 1870), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”
A falha na prestação de serviço é tratada pelos arts. 14 e 20, CDC, estes que
preveem indenização pelos danos causados por aquele que prestou serviço de forma
insuficiente, abusiva ou simplesmente não o prestou devidamente.
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APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. SUSPENSÃO DO LIMITE DO CHEQUE ESPECIAL, CARTÃO
DE CRÉDITO. SEM AVISO PRÉVIO AO CORRENTISTA.
INTERRUPÇÃO DE LINHA DE CRÉDITO CONCEDIDO A CLIENTE
DURANTE ANOS. INADIMPLÊNCIA NÃO CONFIGURADA.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO CONSEGUE JUSTIFICAR
EXCLUSÃO ABRUPTA DAS LINHAS DE CRÉDITO. AÇÃO
ANTERIORMENTE AJUIZADA CONTRA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
DANO MORAL EXISTENTE. R$ 3.000,00. PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. Ainda
que diante da autonomia da instituição bancária, reputo como incoerente e
inaceitável a conduta do Banco que durante anos seguidos fornece limites de
crédito ao cliente através das mais diversas linhas de crédito, tais como
Cheque Especial e limites de crédito de em conta bancária, fazendo incutir no
mesmo as legítimas expectativas de confiança na utilização dos referidos
serviços, para, a partir de uma dita avaliação interna, sem explicação
plausível e ausente qualquer configuração de mora pela autora, retirar-lhe
abruptamente tais linhas de crédito, causando-lhe inegável abalo de crédito;
(TJMA. ApCiv 0800269-09.2018.8.10.0038, Rel. Desembargador(a) JAMIL
DE MIRANDA GEDEON NETO, 3ªCâmara Cível, julgado em 21/11/2019)
II. Presente a conduta ilícita deve ser determinada o retorno das linhas de
crédito à autora tal como se encontrava antes da injustifica interrupção. III.
dano moral. Fixação no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), para compensar
os danos morais sofridos pela parte apelante mostra-se razoável, em
coerência com as circunstâncias do caso concreto, em especial à falha dos
serviços prestados e ao grau de culpa do réu, à gravidade do dano, à
capacidade econômica das partes e à reprovabilidade da conduta. IV. Apelo
conhecido e parcial provimento ao apelo para condenar o Banco apelado para
que promova o desbloqueio do limite do cheque especial do apelante, bem
como o desbloqueio do cartão de crédito, restabelecendo os limites, bem
como condenar ao pagamento de indenização por dano moral no valor de R$
3.000,00 (três mil reais), com juros de mora de 1% ao mês a partir da citação
(art. 240, CPC) e correção monetária a partir desta data (Súmula n.º 362 do
STJ). APELAÇÃO CÍVEL Nº 0806406-64.2019.8.10.0040 – SÃO LUÍS,
RELATOR: DES. RAIMUNDO JOSÉ BARROS DE SOUSA, SESSÃO
VIRTUAL NO PERÍODO DE 28/09/2020 A 05/10/2020.
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RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. CANCELAMENTO DE LIMITE DE CRÉDITO EM CONTA
CORRENTE. AUSÊNCIA DE AVISO PRÉVIO. FALHA NA PRESTAÇÃO
DOS SERVIÇOS. DANO MORAL CARACTERIZADO. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. RECURSO DO AUTOR PELA MAJORAÇÃO DOS
DANOS MORAIS. INDENIZATÓRIO ADEQUADO ÀSQUANTUM
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE IGUALMENTE
ATENDIDOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA PELOS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR - 2ª
Turma Recursal - 0000537-74.2017.8.16.0132 - Peabiru - Rel.: Juiz Rafael
Luis Brasileiro Kanayama - J. 27.11.2018) (g.n)
Desta forma, fica evidente o dano moral sofrido pelo autor e a obrigação dos
réus de repará-lo como medida punitiva e para desestimular a ocorrência dos mesmos
fatos.
Para que não pairem dúvidas sobre a irregularidade cometida pelas promovidas,
mister a inversão do ônus da prova em favor do autor, nos termos do inciso VIII do
artigo 6º do CDC, pois a relação jurídica havida entre as partes está sujeita à tutela do
CDC.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
O autor irá sofrer prejuízos irreparáveis como a própria mantença, sendo privado
de comprar alimentos para sua família caso a prestação jurisdicional venha a ser
concedida apenas ao final da ação.
DO PEDIDO
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a) Conceder os benefícios da justiça gratuita, nos termos da lei 1.060/50 e arts. 98 e
99 do CPC;
c) Inverter o ônus da prova em favor do autor, nos termos do inciso VIII do artigo
6º do CDC;
Nestes Termos,
Pede deferimento.
São Luís/MA, 17 de janeiro de 2022.
JULIO CESAR PRIMEIRO OLIVEIRA TEIXEIRA
OAB/MA 13.719
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