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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO

9° JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA


COMARCA DE SÃO LUÍS/MA.

BRUNO AMADEU COUTO DA SILVA, Brasileiro, Solteiro, Policial Penal,


inscrito no RG sob o nº 1770664 ITEP/RN e no CPF sob o nº 072.294.634-16, residente
e domiciliado na Rua Fernando de Noronha, 100, Condomínio Tropical, Etapa 1, Bloco
3, Apto 304, Cohama, São Luís/MA, CEP: 65073-280, vem, perante V. Exa., por meio
de seu advogado, in fine assinado, propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA DE


URGÊNCIA C/C DANOS MORAIS

Em face da WILL FINANCEIRA S.A. CREDITO, FINANCIAMENTO E


INVESTIMENTO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº
23.862.762/0001-00, com endereço situado na Rua Eugênio de Medeiros, 303, Conjunto
1001 C, Condomínio Nações Unidas, Torre III, 10° Andar, Pinheiros, São Paulo/SP,
CEP: 05425-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

DA JUSTIÇA GRATUITA

O autor é pobre na forma da lei e requer os benefícios da justiça gratuita por não
ter condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem
prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos da lei 1.060/50 e arts. 98 e 99
do CPC.

DOS FATOS

O autor possui um cartão de crédito “MEU PAG”, o qual utiliza regularmente,


tomando todos os cuidados em relação à segurança do cartão bem como da senha do
mesmo.

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No entanto, devido à fragilidade da segurança nos sistemas da empresa,
administradora do cartão, foi realizada várias compras de forma fraudulenta por
terceiros no cartão do autor. Os valores das compras fraudulentas são de R$ 2.411,88
(dois mil, quatrocentos e onze reais e oitenta e oito centavos).

Ao tentar resolver a situação amigavelmente o autor não obteve êxito, razão pela
qual ajuizou ação judicial sob o nº 0800937-47.2021.8.10.0014, na qual a ré foi
condenada a desconstituir a dívida referente à compra fraudulenta.

Ocorre que após a empresa ré ser condenada, na ação citada acima, o autor ao
realizar uma compra no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) e foi surpreendido com o
bloqueio de seu cartão de crédito, informado pelo caixa do estabelecimento comercial
nesta capital.

Após o ocorrido o autor tentou entrar no aplicativo do cartão de crédito, o qual


pretendia questionar o motivo do bloqueio, tendo em vista que o cartão e totalmente
gerido pelo aplicativo. Ocorre que o autor também foi excluído do aplicativo, não
podendo ter acesso ao seu cartão de nenhuma maneira, como podemos ver a abaixo.

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Da narrativa dos fatos a única conclusão que se pode chegar é de que as
empresas requeridas cancelaram o cartão do autor pelo fato deste ter ajuizado ação no
judiciário para desconstituir uma dívida fraudulenta em sua fatura do cartão de crédito,
sendo que a culpa da fraude é da própria ré que utiliza sistema de segurança frágil não
evitando, assim, fraude nos cartões de seus clientes.

Ressalte-se que não há qualquer motivo para o cancelamento do cartão do autor,


haja vista que este sempre efetua o pagamento das faturas regularmente. Tanto é
verdade que a empresa de tempos em tempos aumentava o limite de crédito do
demandante.

Diante do exposto, o autor não viu outro meio senão vir a este juízo para que as
empresas requeridas sejam compelidas a regularizar a situação enviando um novo cartão

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com nova senha para o autor, restabelecendo o status quo ante bem como pagar
indenização pelo dano extrapatrimonial que causaram.

DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Da solidariedade passiva

A regra geral, na lei de proteção ao consumidor, é a responsabilidade solidária de


todos os agentes envolvidos na atividade que coloca produto ou serviço no mercado de
consumo. Portanto, a responsabilização abrange não apenas o vendedor ou comerciante,
que manteve contato direto com o consumidor, mas também os demais fornecedores
intermediários que tenham participado da cadeia de produção e circulação de bens ou
serviços (parágrafo único, do art. 7º do CDC).

Portanto, não há divergência acerca da legitimidade de ambas as empresas, ora


rés, para figurarem no polo passivo desta ação.

Da sujeição das financeiras ao código de defesa do consumidor

O Código de Defesa do Consumidor em seu art. 2º define como consumidor,


“toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços”.

Fornecedor, consoante o mesmo diploma legal, é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.

Produto, de acordo com a Lei Consumerista, é qualquer bem móvel ou imóvel,


material ou imaterial, enquanto serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (CDC. art.
3, §§ 1ª e 2ª).

O CDC rege as relações bancárias, inclusive as de abertura de crédito e de


mútuo, por serem relações de consumo. O produto do Banco é o dinheiro ou crédito,
bem juridicamente consumível, sendo, destarte, fornecedor a instituição financeira; e
consumidor o creditado.

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Apesar da clareza meridiana que o Código trata dessa questão, os Bancos sempre
procuraram pôr-se à margem das normas protetivas das relações de consumo sob os
mais diversos argumentos.

Entretanto, neste diapasão o Superior Tribunal de Justiça sumulou a questão não


deixando dúvidas sobre a aplicação do CDC às instituições financeiras, in verbis:

“STJ Súmula nº 297 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às


instituições financeiras.”

Portanto, a teor da doutrina e da jurisprudência mais abalizada, não há dúvida de


que bancos ou instituições financeiras são fornecedores de produtos e serviços
bancários, sujeitando-se às regras protetivas do Código de Defesa do Consumidor.

Do mérito

Muito embora não haja prova nos autos que permita concluir seguramente que o
cartão do consumidor foi cancelado, é ônus das empresas requeridas demostrar ao
contrário, haja vista que não tem como o autor produzir prova nesse sentido (Art. 5º da
Lei 9.099/95), portanto, cabe à parte requerida demonstrar que em momento algum
houve o cancelamento ou bloqueio, anexando aos autos prova de que o consumidor
permanece utilizando regularmente o cartão de crédito, e se houve
cancelamento/bloqueio deverá explicar o motivo pelo qual tomou tal atitude.

Caso a ré não demonstre de forma contrária é imperioso considerar-se verídica a


versão narrada nesta peça, no sentido de que o requerente teve seu cartão cancelado sem
motivo justo e sem prévia comunicação, em manifesto abuso do fornecedor de serviços,
uma vez inexistente mora ou inadimplemento do consumidor, evidenciando o defeito na
prestação do serviço, uma vez que o consumidor não solicitou o cancelamento do cartão
e sempre esteve adimplente com suas obrigações.

Do dano moral

No caso em exame resta configurado o dano moral que o autor foi obrigado a
suportar, haja vista que não deu causa ao cancelamento de seu cartão, sofreu
constrangimento ao realizar suas compras e enfrentou uma verdadeira via crucis na
tentativa de resolver a situação amigavelmente, sem obter êxito, e, ainda teve que
contratar advogado para tentar garantir seus direitos.

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Ademais, é sério o constrangimento pelo qual passa o consumidor ao ter uma
venda negada sob a informação de que o cartão de crédito está cancelado, uma vez que
frustra sua legítima expectativa de utilizá-lo como meio de pagamento de compras
quando adimplente com suas obrigações contratuais. São transtornos e
constrangimentos que afetam a imagem do consumidor, escapando à esfera dos meros
dissabores do cotidiano.

O autor sentiu-se extremamente humilhado e abalado psicologicamente diante da


sensação de impotência diante de duas grandes empresas que só lhe dispensaram o
desprezo quando este buscou resolver a situação. A angustia e o sofrimento suportado
pelo autor não pode ser comparado com o mero dissabor do dia a dia, pois atinge a
esfera do dano moral indenizável.

A obrigação de indenizar encontra respaldo nos artigos 186 e 187 cumulado com
artigo 927, todos do Código Civil, senão vejamos:

“Art.186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art.187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, exercê-


lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico
ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 1870), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”

A falha na prestação de serviço é tratada pelos arts. 14 e 20, CDC, estes que
preveem indenização pelos danos causados por aquele que prestou serviço de forma
insuficiente, abusiva ou simplesmente não o prestou devidamente.

Os requisitos da responsabilidade civil são: a conduta danosa (ato ilícito), o dano


(patrimonial e/ou extrapatrimonial sofrido) e o nexo de causalidade (liame subjetivo)
entre eles, e, estes foram devidamente comprovados pela parte demandante.

O Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão entende de forma uníssona que, no


caso das instituições financeiras cancelarem de forma unilateral o cartão de crédito dos
consumidores e SEM PRÉVIO AVISO, é fato gerador de dano moral, senão vejamos;

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APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. SUSPENSÃO DO LIMITE DO CHEQUE ESPECIAL, CARTÃO
DE CRÉDITO. SEM AVISO PRÉVIO AO CORRENTISTA.
INTERRUPÇÃO DE LINHA DE CRÉDITO CONCEDIDO A CLIENTE
DURANTE ANOS. INADIMPLÊNCIA NÃO CONFIGURADA.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO CONSEGUE JUSTIFICAR
EXCLUSÃO ABRUPTA DAS LINHAS DE CRÉDITO. AÇÃO
ANTERIORMENTE AJUIZADA CONTRA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
DANO MORAL EXISTENTE. R$ 3.000,00. PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. Ainda
que diante da autonomia da instituição bancária, reputo como incoerente e
inaceitável a conduta do Banco que durante anos seguidos fornece limites de
crédito ao cliente através das mais diversas linhas de crédito, tais como
Cheque Especial e limites de crédito de em conta bancária, fazendo incutir no
mesmo as legítimas expectativas de confiança na utilização dos referidos
serviços, para, a partir de uma dita avaliação interna, sem explicação
plausível e ausente qualquer configuração de mora pela autora, retirar-lhe
abruptamente tais linhas de crédito, causando-lhe inegável abalo de crédito;
(TJMA. ApCiv 0800269-09.2018.8.10.0038, Rel. Desembargador(a) JAMIL
DE MIRANDA GEDEON NETO, 3ªCâmara Cível, julgado em 21/11/2019)
II. Presente a conduta ilícita deve ser determinada o retorno das linhas de
crédito à autora tal como se encontrava antes da injustifica interrupção. III.
dano moral. Fixação no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), para compensar
os danos morais sofridos pela parte apelante mostra-se razoável, em
coerência com as circunstâncias do caso concreto, em especial à falha dos
serviços prestados e ao grau de culpa do réu, à gravidade do dano, à
capacidade econômica das partes e à reprovabilidade da conduta. IV. Apelo
conhecido e parcial provimento ao apelo para condenar o Banco apelado para
que promova o desbloqueio do limite do cheque especial do apelante, bem
como o desbloqueio do cartão de crédito, restabelecendo os limites, bem
como condenar ao pagamento de indenização por dano moral no valor de R$
3.000,00 (três mil reais), com juros de mora de 1% ao mês a partir da citação
(art. 240, CPC) e correção monetária a partir desta data (Súmula n.º 362 do
STJ). APELAÇÃO CÍVEL Nº 0806406-64.2019.8.10.0040 – SÃO LUÍS,
RELATOR: DES. RAIMUNDO JOSÉ BARROS DE SOUSA, SESSÃO
VIRTUAL NO PERÍODO DE 28/09/2020 A 05/10/2020.

Segue também jurisprudência de outros Tribunais de Justiça, no mesmo


sentido;

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RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. CANCELAMENTO DE LIMITE DE CRÉDITO EM CONTA
CORRENTE. AUSÊNCIA DE AVISO PRÉVIO. FALHA NA PRESTAÇÃO
DOS SERVIÇOS. DANO MORAL CARACTERIZADO. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. RECURSO DO AUTOR PELA MAJORAÇÃO DOS
DANOS MORAIS. INDENIZATÓRIO ADEQUADO ÀSQUANTUM
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE IGUALMENTE
ATENDIDOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA PELOS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR - 2ª
Turma Recursal - 0000537-74.2017.8.16.0132 - Peabiru - Rel.: Juiz Rafael
Luis Brasileiro Kanayama - J. 27.11.2018) (g.n)

RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO – TUTELA DE


URGÊNCIA – BLOQUEIO/CANCELAMENTO UNILATERAL DE
LIMITE DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE – AUSÊNCIA DE AVISO
PRÉVIO - LIMINAR DEFERIDA NA ORIGEM – REQUISITOS DA
TUTELA JUDICIAL DEMONSTRADOS – DECISÃO MANTIDA –
RECURSO DESPROVIDO. I - A rigor do artigo 300 do Código de Processo
Civil, a obtenção da tutela de urgência, antecipada ou não, depende do grau
de probabilidade do direito invocado e do perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo. II - Por mais que até seja admitida a manutenção
das restrições internas a respeito dos próprios clientes, a diminuição e,
principalmente, a eliminação dos limites de crédito do pacote de serviços
bancários deve ser realizada de forma paulatina, com prévio aviso ao cliente,
a fim de permitir que o correntista tenha tempo para acomodar a nova
realidade de escassez de recursos. (TJ-MT - AI: 10023673620198110000 MT,
Relator: SERLY MARCONDES ALVES, Data de Julgamento: 08/05/2019,
Quarta Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/05/2019) (g.n)

Desta forma, fica evidente o dano moral sofrido pelo autor e a obrigação dos
réus de repará-lo como medida punitiva e para desestimular a ocorrência dos mesmos
fatos.

O que nota-se é que a conduta dos réus é puramente baseada na VINGANÇA,


por ter o autor ajuizado uma demanda anterior nesse 9º Juizado. Percebe-se ainda que o
cancelamento unilateral e sem aviso ao consumidor somente se deu após a intimação
dos réus da sentença de procedência em favor do autor.

Portanto a conduta da ré não é apenas uma ofensa aos direitos personalíssimos


do autor, mas também uma afronta ao Poder Judiciário, haja vista que tão somente pela
sentença de procedência houve o cancelamento do cartão.
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Em relação à aferição do dano moral, O professor MIGUEL REALE ressalta, neste
particular, o poder discricionário que é dado ao Juiz, em face da inexistência de um critério
concreto, na legislação civil. Informa o respeitável jurista que, nesta matéria (inciso X, do art. 5º
da Constituição Federal de 1988), a prudência é o melhor termômetro para a aferição e
quantificação desejadas. É a sua ponderação de que:

“... a fixação do valor da indenização, por dano moral, não


pode deixar de atender à situação econômica do agente do
dano, sob pena de ser apenas aparente ou ilusória a sanção
penal que (...) integra também a reparação exigível.

Desta forma, deve o magistrado levar em conta a repercussão do dano na esfera


pessoal da vítima, o desgosto causado, as dificuldades na solução do problema a que
não deu causa, a condição econômica do autor do dano, devendo-se sempre ter o
cuidado para que o valor da reparação não seja tão alto, a ponto de tornar-se instrumento
de vingança ou enriquecimento sem causa do prejudicado, nem tão baixo de maneira a
se mostrar indiferente à capacidade de pagamento do ofensor.

Assim, a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) se mostra razoável e


proporcional para atingir o objetivo punitivo e reparatório, proposto por esta ação,
desmotivando as empresas rés para que não voltem a praticar tais atos.

Da inversão do ônus da prova

Para que não pairem dúvidas sobre a irregularidade cometida pelas promovidas,
mister a inversão do ônus da prova em favor do autor, nos termos do inciso VIII do
artigo 6º do CDC, pois a relação jurídica havida entre as partes está sujeita à tutela do
CDC.

Consoante o melhor entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante sobre


o tema, a hipossuficiência deve ser aferida não em relação à vulnerabilidade econômica,
mas em relação aos conhecimentos técnicos específicos da atividade do fornecedor.

Desta forma, requer, que Vossa Excelência se digne a determinar a inversão do


ônus da prova, por ser medida necessária para que se faça justiça.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

O autor requer que V. Exa. se digne a conceder a tutela de urgência para


determinar que as requeridas regularizem imediatamente a situação enviando um novo
cartão com nova senha para o autor restabelecendo o status quo ante nos exatos termos
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contratados.

O pedido do autor encontra amparo no art. 300 do CPC, in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,


conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para
ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a
caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou


após justificação prévia.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será


concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos
da decisão.

No caso em exame, estão presentes todos os requisitos para a concessão da


medida liminar, quais sejam:

O fumus boni iuris diante da verossimilhança das alegações apresentadas e


probabilidade do direito vindicado.

O perículum in mora está evidente diante da elevada quantia indevida que o


autor terá de pagar, sem ter condições para tal, haja vista que já vem passando por sérias
dificuldades financeiras.

O autor irá sofrer prejuízos irreparáveis como a própria mantença, sendo privado
de comprar alimentos para sua família caso a prestação jurisdicional venha a ser
concedida apenas ao final da ação.

Ademais, não existe o risco de irreversibilidade da decisão, na remota hipótese


de ser comprovada a regularidade das cobranças.

DO PEDIDO

Por todo exposto, requer que V. Exa. se digne a:

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a) Conceder os benefícios da justiça gratuita, nos termos da lei 1.060/50 e arts. 98 e
99 do CPC;

b) Conceder o pedido de tutela de urgência para determinar que as rés regularizem


imediatamente a situação enviando um novo cartão com nova senha para o autor
restabelecendo o status quo ante nos exatos termos contratados;

c) Inverter o ônus da prova em favor do autor, nos termos do inciso VIII do artigo
6º do CDC;

d) Ao final julgar a ação totalmente procedente para condenar as rés ao pagamento,


em dobro, dos valores cobrados indevidamente, além da condenação no valor de
R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por danos morais,
atualizados com juros e correção monetária;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes Termos,
Pede deferimento.
São Luís/MA, 17 de janeiro de 2022.
JULIO CESAR PRIMEIRO OLIVEIRA TEIXEIRA
OAB/MA 13.719

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