Máquina de Corrente Contínua

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 53

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE

CONVERSÃO DE ENERGIA II

MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

Prof. Rubem Cesar Rodrigues Souza

Manaus-AM
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
PARTE I

MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA

1. Introdução

De todas as máquinas que utilizam os fenômenos eletromagnéticos para a realização de


transformações de energia, as que ocupam o primeiro lugar por motivos históricos são, sem
dúvida, as máquinas de corrente contínua e são, por isso, as que serão abordadas em primeiro
lugar.
Inicialmente estudar-se-á a constituição das máquinas de corrente contínua - CC, as quais
possuem a mesma constituição, quer se destine a funcionar como gerador quer como motor.
Deve-se, entretanto, assinalar desde já a importância da máquina CC. Devido a sua ótima
regulagem de velocidade os motores CC são empregados em todos os setores industriais que tem
tal exigência. Como por exemplo, pode-se citar a tração elétrica em geral. Exige-se, para a
alimentação desses motores fontes de CC de potência elevada e é onde aparecem os geradores de
CC.
Também nas usinas de geração de energia elétrica em corrente alternada, torna-se
necessário a presença dos geradores de CC para a alimentação dos circuitos excitadores dos
alternadores, onde recebem a designação de excitatriz principal.

2. Partes construtivas principais de uma máquina CC

A máquina CC é constituída por duas partes principais:


1) uma parte fixa destinada fundamentalmente à criação do fluxo magnético indutor e;

2) uma parte móvel, designada por induzido, na qual se processa a conversão de energia
mecânica em elétrica (gerador elétrico) ou a conversão de energia elétrica em mecânica
(motor elétrico).

As partes fixas e móveis estão separadas uma da outra por um entreferro.

A parte fixa contém: a) os pólos indutores ou pólos principais, destinados a criar o fluxo
magnético indutor; b) os pólos auxiliares de comutação, situados entre os pólos principais,
destinados a conseguir o funcionamento sem chispas (faíscas) no contato escova coletor (no caso
de escassez de espaço, em máquinas de pequena potência, não se instalam pólos auxiliares; c) a
carcaça.
O induzido tem a forma cilíndrica e gira no espaço entre os pólos, sendo constituído por:
d) uma armadura ranhurada; e) o enrolamento, colocado na armadura e; f) o coletor.

A máquina possui ainda os porta-escovas com as respectivas escovas.


Em seguida, apresenta-se uma breve descrição das principais partes construtivas da
máquina CC.

a) Pólos principais. Como pode ser visto na Figura 1 o pólo principal compreende um "núcleo
polar" 1, em chapa de aço magnético de 1 mm de espessura. Na extremidade voltada para o
induzido existe uma expansão polar 2, que serve para facilitar a passagem do fluxo magnético
através do entreferro. No núcleo polar coloca-se a bobina de excitação 3, na qual passa uma

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 1


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
corrente contínua. A bobina enrola-se sobre um mandril 4, feito em chapa de aço de 1-2 mm
de espessura; ou em material plástico ou ainda papel plastificado. Nas máquinas de pequena e
média potência, as bobinas dos pólos principais são muitas vezes montadas em mandril.
Objetivando diminuir a higroscopicidade e aumentar a condução de calor, as bobinas têm um
enchimento ou são impregnadas à quente com vernizes vários e, em seguida, secadas em
estufa. Para melhorar o arrefecimento das bobinas, dividem-se estas, segundo a altura, em
duas ou mais partes, entre as quais se deixam canais de ventilação de largura suficiente. A
fixação dos pólos à carcaça 5 faz-se por meio de parafusos especiais.

Figura 1. Pólo principal.

As peças polares são sempre usadas em pares. Elas sustentam os enrolamentos de campo que são
usados para produzir um pólo norte de um lado da carcaça e um pólo sul do outro lado. Por vezes
usa-se mais de um par de pólos para obter um campo mais intenso. Quando isso acontece os
pólos são sempre dispostos alternadamente norte e sul. Na Figura 2 pode-se observar a
disposição correta e incorreta dos pólos.

Figura 2. Disposição dos pólos.

b) Pólos auxiliares. Como se pode observar na Figura 3 o pólo auxiliar, tal como o pólo
principal, consta do núcleo polar 1, que termina numa expansão polar com variadas formas e
da bobina 2, enrolada em volta do núcleo. Os pólos auxiliares colocam-se a meia distância
entre os pólos principais.
Geralmente, os pólos auxiliares são maciços, mas nas máquinas que em serviço ficam sujeitas
a cargas bruscamente variáveis são chapeadas (em chapa de aço).

Figura 3. Pólo auxiliar.

c) Carcaça. Chama-se carcaça a parte fixa da máquina que sustenta os pólos principais e os
pólos auxiliares e por meio da qual a máquina é fixada a fundação. A parte da carcaça por
onde circula o fluxo dos pólos principais e dos pólos auxiliares, chama-se “culaça”.
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 2
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

d) Induzido. O induzido de uma máquina de CC é o circuito no qual é gerada a corrente elétrica


(gerador) ou aplicada corrente elétrica (motor). Via de regra, em todas as máquinas CC, o
induzido é a parte rotórica, ou seja, o rotor, sendo assim, o estator se constitui no circuito
indutor.

A escolha do tipo e dimensões do induzido, bem como de toda a máquina, depende de


muitos fatores, dentre os quais a finalidade da mesma. Porém, sempre se leva em conta a maneira
que proporciona maior rendimento.

Dois tipos de "induzidos" se destacam, o "anel de Grame" e o em "tambor", que podem ser
vistos na Figura 4. O primeiro não oferece bom rendimento, devido às partes internas da espira
não gerarem fem, custando, pois, proporcionalmente mais caro do que o tipo em tambor, que é o
tipo universalmente empregado. Eles são ranhurados em tambor, feitos em chapa de aço
magnético com 0,5 mm de espessura, para uma freqüência de magnetização do induzido normal
nas máquinas de corrente contínua (50-60 Hz). As chapas de aço são empilhadas na direção axial
da máquina e, para reduzir as perdas por correntes parasitas, isolam-se umas das outras com
verniz ou papel de 0,03-0,05 mm de espessura. As máquinas de CC de potência pequena
fabricam-se vulgarmente com um sistema de ventilação axial como se pode observar na Figura 5.

(a) Anel de Grame

(b) Tambor

Figura 4. Tipos de induzidos.

Figura 5. Chapa de aço de induzido em tambor com sistema axial de ventilação.

e) Enrolamento do induzido. Do mesmo modo que as outras partes da máquina, o enrolamento


do induzido das máquinas CC sofreu igualmente uma evolução. Os enrolamentos em tambor
que se empregam atualmente são realizados em seções (Figura 6), feitas vulgarmente em
moldes especiais e colocadas nas ranhuras do induzido.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 3


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 6. Seção do enrolamento.

Na Figura 7 mostra-se um induzido, por bobinar, de uma máquina de CC de potência


pequena.

Figura 7. Induzido por bobinar de uma máquina CC.

f) Coletor. O enrolamento do induzido é ligado ao coletor, cuja execução depende,


principalmente, da potência da máquina e da sua velocidade de rotação. Na Figura 8 mostra-
se o tipo mais simples de coletor cilíndrico. Geralmente, o coletor é construído por lâminas de
forma trapezoidal 1 isoladas entre si e da massa por meio de calços e placas de micanite. A
ligação do enrolamento do induzido ao coletor pode efetuar-se de diversas maneiras: se a
diferença entre induzido e o coletor não é muito grande, os terminais das seções do
enrolamento são soldados diretamente às lâminas do coletor, se a diferença entre os diâmetros
é considerável, a ligação é feita por meio de ligadores apropriados como mostra a Figura 8.

Figura 8. Coletor.

g) Escovas e conjunto suporte. Para a captação de corrente do coletor e para a condução de


corrente ao coletor usa-se um dispositivo especial, que consta de: a) escovas, b) porta-
escovas, c) hastes de fixação dos porta-escovas, d) coroa porta-escovas, e) barras coletoras.
Na Figura 9 mostra-se uma das estruturas típicas do porta-escovas de uma máquina CC. Nas
máquinas modernas empregam-se, quase exclusivamente escovas grafíticas ou de carvão e
metal (estas últimas usadas nas máquinas CC de baixa tensão). Mesmo em funcionamento
normal os segmentos do coletor e as escovas se gastam com o tempo. A mola permite ajustar
a pressão da escova sobre o coletor para compensar este desgaste. A mola deve aplicar o
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 4
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
mínimo de pressão necessária para estabelecer uma boa ligação elétrica entre escova e
coletor. A transmissão de corrente entre escova e suporte da escova é obtida por fios
trançados de cobre que formam uma ligação flexível e de baixa resistência entre escova e o
suporte da escova.
A composição das escovas depende do tipo e das condições de funcionamento da máquina.
As escovas de grafita são facilmente reconhecidas pela sua cor prateada e consistência macia.
Este tipo de escova é utilizado para fins gerais. As escovas de carvão são usadas em geradores
de baixa velocidade de rotação e baixa corrente de saída.
As escovas eletrografita são feitas da mesma substância que as escovas de carvão, mais são
tratadas em altas temperaturas em um forno elétrico. Este processo aumenta a capacidade da
escova de conduzir tanto energia elétrica como energia térmica. Essas escovas não são
abrasivas e não se aquecem muito. Seu atrito é muito pequeno, e tem maior capacidade de
corrente que as escovas de carvão.
As escovas de cobre grafita são feitas de uma mistura de cobre em pó e grafita em pó,
comprimida e cozida em baixa temperatura. Este tipo de escova é usado em geradores de
baixa tensão.

Figura 9. Escovas e conjunto suporte.

3. Gerador de corrente contínua

Geradores de corrente contínua, também conhecidos como dínamos, são máquinas que
recebem energia mecânica no eixo e fornecem energia elétrica sob a forma de corrente contínua.
Diferem, portanto, fundamentalmente dos diversos dispositivos retificadores, onde não
intervém a energia mecânica.
Apenas o resultado obtido é o mesmo: energia elétrica de polaridade constante e de
intensidade fixa no tempo.

3.1 Princípio de funcionamento do gerador CC

O princípio de funcionamento de um gerador CC é muito simples. A máquina consta de


um circuito destinado a criar um campo magnético, cujo fluxo corta um outro circuito, este
destinado a gerar corrente elétrica. Todo funcionamento é então, baseado na “Lei de Lenz”.
Fazendo-se com que ocorra variação do fluxo magnético, aparecem fem’s induzidas no circuito,
que tendem a se opor à variação de fluxo. Essas fem’s, quando ligadas a um circuito externo
originam a passagem de corrente elétrica. Na Figura 10 tem-se um gerador elementar.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 5


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Figura 10. Gerador elementar.

Na Figura 10 pode-se observar uma espira colocada entre dois pólos magnéticos, um Norte
e outro Sul. Girando-se a espira em torno de seu eixo, cria-se um movimento relativo entre o
campo e a espira, ou seja, entre indutor e induzido. A espira fica, então, sujeita a um fluxo
magnético variável, que faz com nela apareça uma fem induzida. Aparece, portanto, uma
diferença de potencial entre os pontos a e b, que pode alimentar um circuito externo.

3.2 Expressão e forma da FEM induzida

Agora é apresentado como obter o valor da fem induzida num gerador de CC.
Sabe-se que:
dφ − 8
e = −N .10 ( volts) [1]
dt
onde:
e: força eletromotriz induzida (Volts)
N: número de espiras.
φ: fluxo magnético (Weber).
O fluxo magnético é dado por:
→ →
φ = µH. S [2]

onde: µ é a permeabilidade do meio, H é a intensidade de campo magnético, e S a área normal ao


fluxo.
Num determinado instante, no qual a bobina faz um ângulo α com a normal ao campo, o
fluxo vale:
φ = µHS cos α [3]

Porém, como a variação do fluxo se dá pela rotação da espira vale a expressão:

α = ωt [4]
Substituindo-se [4] em [3] tem-se:
φ = µHS cos(ωt ) [5]
Ou seja, o fluxo magnético na espira é um fluxo variável no tempo.
Substituindo-se [5] em [1] tem-se:

e = − N .10 − 8 = NµHSω.10 − 8 sen ωt [6]
dt
e = E max sen ωt [7]
A fem induzida é, portanto, alternada, variando no tempo seguindo a lei senoidal.
Assim, mesmo nos geradores CC, a fem induzida ou gerada nas bobinas é da forma
alternada.
Como nos terminais do gerador a tensão é da forma contínua, pode-se concluir que existe
um dispositivo que permite a transformação de energia elétrica alternada em contínua. Esse
dispositivo recebe o nome de “coletor”.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 6


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
3.3 O coletor – dispositivo para retificação

Com a rotação da espira, a fem induzida sofre variação partindo de zero, vai até um valor
máximo, decresce até zero, atinge um valor máximo em sentido oposto e novamente volta a zero.
Assim, para uma máquina de dois pólos como será visto mais adiante, para cada rotação da
espira tem-se um ciclo na onda da fem.
Para retirada da tensão da bobina que está girando, usa-se o dispositivo mostrado na Figura
11.

Figura 11. Dispositivo utilizado para retirar a tensão da bobina.

Cada extremidade da espira é soldada em um anel. Peças condutoras de carvão,


denominadas “escovas” são encostadas aos anéis em giro, transferindo para o circuito externo a
tensão gerada. Os anéis recebem o nome de “anéis coletores”.
Entretanto, empregando-se apenas o dispositivo anterior, a tensão no circuito externo seria
alternada.
Se, no entanto, for empregado o dispositivo da Figura 12, consegue-se fazer com que a
tensão externa tenha polaridade fixa, apesar de ter módulo pulsante.

Figura 12. Dispositivo usado para a retificação.

Utiliza-se apenas um anel separado em duas partes eletricamente isoladas. Cada


extremidade da bobina é conectada a uma parte do anel. As escovas devem ser reguladas de
modo que cada uma faça contato em um lado do anel de maneira que exatamente quando a fem
passar por zero as escovas estejam em contato com a separação do anel.
Assim, tem-se num determinado meio-ciclo, uma escova positiva e outra negativa.
Quando, no semiciclo seguinte, o sentido da fem se inverte, a espira terá efetuado meia rotação e
a escova positiva ficará em contato com a outra parte do anel que estará positiva. O mesmo
ocorre com a escova negativa.
A forma de onda da tensão, assim obtida é mostrada na Figura 13. Pode-se observar que é
uma tensão pulsante.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 7


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 13. Forma de onda gerada com retificação.


A energia elétrica obtida ainda não é do tipo “corrente contínua constante”. Porém, foi
analisado o caso de apenas uma espira. Utilizando-se duas espiras, perpendiculares, e um anel
dividido em quatro partes, tem-se o dispositivo apresentado na Figura 14 sendo a forma de onda
produzida por este dispositivo apresentado na Figura 15.

Figura 14. Gerador elementar com duas espiras.

Figura 15. Forma de onda da tensão em um gerador com duas espiras.

Quanto maior o número de espiras mais próximo da corrente contínua estar-se-á,


podendo-se dizer que em todas as máquinas práticas a corrente obtida é perfeitamente contínua.
Assim, as máquinas utilizam o induzido composto de várias espiras, sendo que cada espira
é ligada a uma parte do anel. Este anel recebe o nome de “coletor”.
O coletor é então uma parte importantíssima da máquina de corrente contínua, pois, é
graças a ele que se pode obter a corrente contínua. Ele é usado também para a identificação de
uma máquina. Se uma máquina possuir coletor esta será sem dúvida de corrente contínua.

3.4 Enrolamento da máquina CC

Existem basicamente duas categorias de enrolamento do induzido, quais sejam:


a) O enrolamento “imbricado”, ou “paralelo”, cujo esquema pode ser visto na Figura 17, onde os
terminais de cada bobina são ligados a lâminas vizinhas. Para máquinas multipolares com esse
tipo de enrolamento vale a relação:
a=p
onde:
a: número de pares de vias de enrolamento.
P: número de pares de pólos da máquina.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 8


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Obs: via de enrolamento é um caminho elétrico através do qual se estabelece ligação entre uma
escova positiva e uma negativa.

Figura 17. Enrolamento imbricado ou paralelo.

b) Enrolamento “ondulado”, ou “série”, neste enrolamento os terminais de cada bobina não estão
ligados a lâminas adjacentes. Na Figura 18 pode-se ver um esquema desse tipo de
enrolamento. Para máquinas multipolares com este enrolamento vale a relação:
a = 1 para qualquer valor de p.

Figura 18. Enrolamento ondulado ou série.

3.5 Força eletromotriz em função dos parâmetros da máquina

Para calcular a fem na máquina CC, aplica-se a lei de Faraday aos condutores ativos do
→ →
induzido, de comprimento ativo l , animado de uma velocidade periférica u , e influenciado

pela indução B do circuito de campo. A expressão da fem produzida pode ser vista na
expressão [8].

→ ⎛→ →⎞
e = B .⎜ l x u ⎟ [8]
⎜ ⎟
⎝ ⎠

• MÁQUINA BIPOLAR

Na Figura 16 pode-se ver o esquema de uma máquina bipolar.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 9


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Figura 16. Esquema da máquina bipolar.

Seja o rotor da máquina bipolar girando a uma velocidade de ω rd/s, ou N rpm.


Designando-se de R o raio do rotor, a velocidade periférica do condutor “u” será dada pela
expressão [9].
u = R∗ω = R∗
(2πN ) [9]
60
Tomando-se a componente radial da indução, como Bn = B.cosθ (ver Figura 16), a fem
induzida em cada condutor será, pela Lei de Faraday, dada pela expressão [10].

2πN
e = B. cos θ(l .u ) = B n .l .R . [10]
60
A grandeza Bn.l.R.π que aparece na expressão [10] nada mais é do que o fluxo que
atravessa o induzido por pólo (fluxo por pólo). Sendo assim, pode-se escrever a expressão [10]
como:
→ → ⎛1⎞
φ = B . S = B n ∗ S = B n ∗ l ∗ ⎜ ⎟ ∗ 2π ∗ R = B n ∗ l ∗ R ∗ π [11]
⎝ 2⎠

Pode-se então escrever a fem induzida em cada condutor como:

2φN
e= [12]
60
Designando-se por Z o número de condutores “ativos”, e considerando-se que esses Z
condutores são divididos por 2 vias de enrolamento (Z/2 condutores em série em cada via), a
fem da máquina será dada pela expressão [13].
Z Z
E = ∗e = − ∗φ∗N [13]
2 60

• MÁQUINA MULTIPOLAR

Tomando-se uma máquina multipolar com 2p pólos, a fem induzida em cada condutor será
multiplicada por p (com efeito, o fluxo cortado no mesmo intervalo de tempo e para a mesma
velocidade será p vezes maior). Designando-se por φ o “fluxo por pólo”, tem-se:
2pφN
e= [14]
60

Sendo Z o número de condutores ativos, e 2a o número de vias de enrolamento em


paralelo, tem-se então, Z/2a condutores em série em cada via. Considerando-se que em cada
condutor tem-se uma fem “e” dada pela expressão [14], a fem nos terminais da máquina será:

Z Z 2pφN
E= ∗e = ∗ [15]
2a 2a 60

3.6 Pólos de comutação

Quando o gerador CC está operando com carga, isto é, está fornecendo corrente elétrica a
um circuito externo, esta ao percorrer o enrolamento do induzido cria um campo magnético que
tende a contrariar o campo indutor. O campo indutor ficaria então, reduzido e cairia o
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 10
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
rendimento do gerador. Para evitar a interferência do campo induzido no campo indutor,
fenômeno conhecido como “reação do induzido”, existe os pólos de comutação. Estes são
enrolamentos semelhantes aos pólos principais, os quais são ligados em série com o circuito da
armadura, ou seja, em série com a carga. Assim, a corrente de carga circulando por estes
enrolamentos faz com que apareça um campo anulando o campo magnético criado pelo
induzido, ficando o campo indutor sem sofrer nenhuma alteração, ou nos casos práticos, uma
interferência mínima, que não influi no rendimento da máquina.
É importante frisar também que as máquinas CC são dotadas ainda de um grande número
de particularidades técnicas que podem ser encontradas em qualquer livro referente ao assunto.
Menciona-se neste texto somente as partes fundamentais para o curso sendo, portanto,
recomendada a leitura complementar de livros especializados.

3.7 Distribuição de fluxo magnético – formato real da FEM induzida

No início deste estudo verificou-se que a fem induzida segue a lei senoidal. Agora,
observando-se com maior critério, será mostrado que na realidade o fluxo e a fem não são
senoidais, apesar de, para efeitos de cálculos, ser perfeitamente válida a suposição feita.
Para que a fem fosse perfeitamente senoidal seria necessário que a distribuição de fluxo
fosse perfeitamente simétrica e na direção radial. Acontece, porém, que o fluxo não tem a mesma
distribuição em toda a máquina sendo alterado por efeito da reação do induzido, fluxos
dispersos, etc.
Considerando-se inicialmente que o fluxo seja radial e distribuído simetricamente na
máquina, só haverá fluxo magnético partindo das sapatas polares em direção ao induzido. Logo a
espira só gera fem quando passa sob os pólos. Na região entre dois pólos não há campo e, por
conseguinte, não há geração da fem. Esta fem teórica teria então o aspecto apresentado na Figura
19.

Figura 19. Forma de onda da fem teórica.

Entretanto, com o emprego das sapatas polares, consegue-se uma melhor distribuição de
fluxo, que fica quase que uniformemente distribuído na máquina. Consegue-se assim, que a
região de não geração da fem fique reduzida a apenas uma linha, chamada linha neutra. A Figura
20 mostra a curva da fem e o induzido de uma máquina de dois pólos destacando a linha neutra.

Figura 20. Curva da fem induzida com a linha neutra.


Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 11
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

É possível observar na Figura 20 que os condutores situados na zona neutra (linha neutra)
não sofrem ação do fluxo magnético, não gerando, pois, fem. A forma de onda mostrada na
Figura 20 pode perfeitamente ser encarada como senoidal.
Esta distribuição de fluxo é, entretanto, uma distribuição teórica, pois não foi levado em
conta os fluxos dispersos nem a reação do induzido. Ela representa a distribuição de fluxo do
gerador funcionando a vazio, já que neste caso não existe reação do induzido e o fluxo disperso é
mínimo.
Quando for estudado o gerador com carga ficará evidente que o efeito da reação do
induzido faz com que a linha neutra sofra um pequeno deslocamento no sentido de giro do rotor.
A curva da fem também sofre variação ficando como na Figura 21.

Figura 21. Curva da fem quando ocorre a reação da armadura.

Como já mencionado, as escovas devem fazer contato com o coletor sempre curto-
circuitando os condutores que não estejam com fem, apenas servindo de caminho a fem gerada
nos demais condutores, para levá-la ao circuito externo. Logo as escovas devem ser ajustadas
exatamente na linha neutra. Se as escovas não estiverem na linha neutra, estas curto-circuitarão
uma ou mais espiras com fem induzida. Haverá então, uma grande corrente circulando pela
escovas o que produzirá um intenso faiscamento no coletor. Assim, quando o gerador receber
carga as escovas devem ser deslocadas para a nova linha neutra.

3.8 Magnetismo remanescente e tensão remanente

Sendo os pólos indutores constituídos de bobinas enroladas sobre núcleos de ferro, eles
sempre conservarão uma pequena imantação, devido ao ciclo de histerese do ferro. Esse pequeno
magnetismo produz um pequeno valor de fluxo. Quando o gerador é posto para funcionar sem
alimentação do campo, esse pequeno fluxo faz com que o mesmo gere nos seus terminais um
pequeno valor de tensão.
Essa tensão é conhecida como tensão remanescente ou remanente e é, como será visto
posteriormente, extremamente importante para o funcionamento dos geradores CC auto-
excitados, ou seja, com a alimentação do campo feito pela própria máquina.
A tensão remanescente pode ser medida conectando-se um voltímetro nos terminais da
armadura do gerador, que é posto a funcionar com o circuito de campo desligado.

3.9 Tipos de geradores

Uma vez que já foi visto o funcionamento básico do gerador CC, pode-se analisar agora
cada tipo de máquina que, como já mencionado, é caracterizado pela maneira de se alimentar o
campo magnético.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 12


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Distinguem-se dois tipos de geradores CC quanto a alimentação do campo magnético: os
de excitação independente e os auto-excitados.
O gerador de excitação independente tem seu campo magnético alimentado por uma fonte
externa CC.
Nos geradores auto-excitados, a tensão e corrente aplicadas ao campo são originadas no
próprio gerador. O funcionamento do gerador é conseguido graças à tensão remanescente, que é
aplicada ao campo, aumentando o magnetismo da máquina e fazendo com que ela gere mais
tensão. O processo evolui até que a máquina atinja as condições nominais de funcionamento.
Nestas máquinas, o campo pode ser ligado em série com a carga, em paralelo com a carga ou das
duas maneiras ao mesmo tempo. Tem-se então, incluindo o gerador de excitação independente,
quatro tipos de geradores CC que serão estudados separadamente a seguir.

• GERADOR DE EXCITAÇÃO INDEPENDENTE

No gerador de excitação independente os terminais de campo são conectados a uma fonte


CC, sendo incluído no circuito um reostato a fim de limitar o valor da corrente de excitação e
permitir a variação da mesma. Através da variação da corrente de campo, altera-se o valor do
fluxo indutor e, conseqüentemente, a tensão gerada sofre também variação. A corrente de campo
é limitada pela máxima corrente que o enrolamento pode suportar sem se aquecer em demasia.
Como não há influência do magnetismo residual, os terminais de campo podem ser ligados
à fonte de corrente contínua com qualquer polaridade. Porém, deve-se notar que ao se inverter a
polaridade do campo também fica invertida a polaridade da tensão gerada, já que o sentido de
rotação do induzido não se alterou. Se for invertido o campo e o sentido de rotação do induzido,
a polaridade da tensão gerada permanece a mesma.
Na Figura 22 aparece a representação esquemática do gerador de excitação independente,
no qual o circuito indutor foi separado do circuito induzido para melhor visualização.

Ia
If

Carga

Figura 22. Representação esquemática do gerador


de excitação independente.

A corrente Ia é a corrente de carga, chegando a altos valores nas máquinas de grande


potência. A corrente de excitação If é de intensidade bem menor sendo, no entanto, suficiente
para produzir uma grande fem devido ao grande número de espiras no campo. Estas espiras são
de fio fino e, por conseguinte, a resistência do campo é relativamente alta.
Uma aplicação importante desse tipo de gerador é na excitação de alternadores,
constituindo-se na excitatriz principal, cujo campo é alimentado pela excitatriz piloto que é um
gerador auto-excitado. Ambas as excitatrizes são acopladas ao eixo da turbina.
Na representação convencional o f está associado aos parâmetros do circuito indutor, e o
índice a aos parâmetros do circuito do induzido. A quantidade E representa a fem. Ela é

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 13


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
proporcional tanto ao fluxo do indutor φ, como a velocidade de rotação N. Fazendo-se
p Z
K e = . , E será expresso por:
a 60
E = K e .φ.N [16]

Para determinar experimentalmente, faz-se girar a máquina a uma velocidade No constante,


e mede-se a tensão no circuito aberto (Ia = 0) para diversos valores de corrente de excitação If.
A curva obtida chama-se “característica a vazio”, e está representada na Figura 23, onde é
possível observar os 3 fenômenos seguintes:
a) Os valores de E são ligeiramente diferentes conforme If cresce ou decresce.
b) Quando If é nula a fem não é nula.
c) Para pequenos valores de If a fem média lhe é proporcional.
E

If

Figura 23. Característica a vazio do gerador CC.

Quando a máquina está funcionando a tensão entre os bornes do induzido é menor que E,
pois há perdas no circuito da armadura dada por RaIa onde Ra é a resistência de armadura, além
das perdas por reação do induzido (δ), tem-se então:

Va = E - δ - RaIa = E - δt [17]

A quantidade δt = δ + RaIa representa a reação total do induzido. A curva representando Va


em função da corrente gerada Ia é chamada “característica externa” (ver Figura 24).
V N e If cte

E Ra.Ia
δ

Icg
Figura 24. Característica externa de um gerador CC.

Para determinar a característica externa faz-se If e No constantes e para um determinado


valor de E se tem os valores de Va com a variação de Ia.

• GERADOR DERIVAÇÃO OU SHUNT

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 14


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
O gerador shunt é um gerador CC auto-excitado no qual a tensão aplicada ao campo é a
própria tensão gerada nos terminais da máquina. O campo funciona então, ligado em paralelo
com a carga alimentada pelo gerador, vindo daí a denominação de gerador derivação ou shunt.
O campo shunt é bastante parecido com o campo do gerador de excitação independente.
Na prática, o gerador independente e o shunt podem ser a mesma máquina. Isto é, pode-se
alimentar o campo da mesma com uma tensão externa ou com a própria tensão gerada. O campo
é então, como visto, percorrido por uma corrente relativamente baixa, sendo constituído de um
número muito grande de espiras feitas de fio fino. A resistência de campo shunt é, portanto,
relativamente grande. Também nesse caso, é introduzido um reostato no circuito de campo para
limitação e controle da corrente de excitação, e conseqüentemente, da tensão gerada.
Para o funcionamento do gerador shunt é imprescindível a presença do magnetismo
remanescente. Este gera a tensão remanescente, que aplicada ao campo, aumenta a excitação. A
máquina vai gerando tensões cada vez maiores a partir do valor remanescente, até atingir a
tensão nominal de trabalho. É, portanto, sempre necessário que o campo seja concordante com o
campo remanescente para que haja aumento da excitação. Diz-se neste caso que a máquina está
“amorçada” ou “escorvada”. Se o campo shunt não concordar com o magnetismo remanescente,
ao se ligar o gerador, há uma oposição de campos que faz com que a excitação magnética se
anule. O gerador evidentemente não consegue gerar tensão. Ocorrendo isto, para o amorçamento
ou escorvamento da máquina, os terminais do campo shunt devem ser invertidos. Os campos
ficam concordantes e o gerador consegue gerar a tensão nominal.
A relação de tensão nesta máquina é dada pela expressão [18].

Va = Vf = V [18]
Onde, V é a tensão nos bornes da máquina.
O movimento do rotor cria uma fem, Erem (ver Figura 25), esta faz circular uma corrente If1
no circuito indutor, que provoca o aumento do fluxo que reforça a fem, etc. Assim, a fem produz
nos bornes do circuito indutor uma corrente If capaz de auto se manter, dizendo-se assim, que o
gerador está amorçado. Na Figura 25 representa-se todos os valores da corrente induzida durante
o amorçamento ou escorvamento, até o ponto σ, definido pela interseção da fem E e a “reta dos
indutores” RfIf (desprezando-se Ra, que é muito menor que Rf). Sendo assim, E é dado pela
expressão [19].

E = Rf.If [19]

É necessário que 3 condições sejam satisfeitas para que haja o amorçamento ou


escorvamento.
a. É preciso que haja um fluxo remanente.
b. A corrente do indutor deve agir de tal sorte que seu fluxo se some ao fluxo remanente.
c. A resistência Rf do circuito indutor não deve ser muito grande. Considerando-se que, se
a reta RfIf encosta na curva E (e não passa abaixo como mostra a Figura 25), o ponto σ
se restringirá pela inclinação de E dentro da zona linear, e a condição para amorçamento
será:

Rf < Rc

Quando o gerador está amorçado ele pode fornecer corrente para uma carga externa, sendo
assim, a relação entre as correntes é dada pela expressão [20].

I = Ia - If [20]

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 15


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 25. Curva de escorvamento ou amorçamento do gerador CC.

• GERADOR SÉRIE

O gerador série é um gerador CC auto-excitado no qual a própria corrente gerada pela


máquina e entregue a carga, circula pelo enrolamento de campo produzindo excitação. O campo
funciona ligado em série com a carga, compreende-se daí que o gerador série só funciona com
carga, pois se o circuito da carga for interrompido, interrompe-se também o circuito de campo e
o gerador fica sem excitação.
A corrente no campo série é bem elevada, pois é a própria corrente de carga. Assim, o
campo é constituído por poucas espiras de fio relativamente grosso. Sua resistência é, portanto,
baixa. A resistência do campo sendo baixa, a queda de tensão no mesmo também o é, não
prejudicando a tensão nos terminais da carga. O campo não possui reostato em seu circuito, já
que não tem sentido a variação da corrente de carga, pois esta depende da carga.
O funcionamento inicial do gerador série é também baseado no magnetismo remanescente
sendo também imprescindível o amorçamento ou escorvamento da máquina, que também é
conseguido com a inversão dos terminais do campo série.
O amorçamento de um gerador série efetua-se como para um gerador shunt, graças ao
fluxo remanente da carcaça. Entretanto, é claro que o amorçamento não pode ocorrer sem que o
gerador esteja conectado a uma carga externa Re.
A “característica em carga” V (I) é deduzida da fem E considerando-se a reação do
induzido δ, e as queda ôhmicas (Ra + Rs).I (ver Figura 26). Sendo assim, a relação de tensão é
dada pela expressão [21].

V = E – (Ra + Rs).I - δ [21]

Figura 26. Característica de um gerador série.


Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 16
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Para a alimentação de uma carga externa Re, o ponto de funcionamento está em M, que é a
interseção de V com a reta de carga ReI. Considerando-se que seja aumentado o valor de Re, o
valor limite para o gerador escorvar está representado aproximadamente pela parte linear Rc de
E. Uma outra condição necessária para que haja o escorvamento é:

Re < Rc

• GERADOR COMPOUND

O gerador compound é um gerador CC auto-excitado que pode ser encarado como uma
mistura dos dois tipos vistos anteriormente. Ele é um misto de gerador série e shunt. Existem
dois campos magnéticos distintos, o série e o shunt, que são enrolados conjuntamente em cada
peça polar. Vale dizer que os campos série e shunt conservam suas características particulares, já
vistas. Os dois campos trabalham simultaneamente para produzir a excitação da máquina. Se os
campos forem concordantes, o gerador é dito “compound aditivo”, caso contrário, tem-se o
“compound subtrativo”. Existe ainda outra classificação, quanto ao modo de ligar o campo. Se o
campo shunt for ligado antes do série tem-se o “compound curta-derivação”, se for feito o
contrário, tem-se o “compound longa-derivação”.
Evidentemente o gerador compound só funciona em carga, pois se esta for desligada, o
campo série deixa de atuar e o gerador se torna simplesmente shunt. Ao estudar o gerador
compound em regime de carga poderá ser observado que o mesmo pode elevar a tensão, manter
constante ou abaixar seu valor, com o aumento da carga, sendo então denominado hiper-
compound, compound normal e hipo-compound, respectivamente.
Nos esquemas mostrados na Figura 27 e Figura 28 pode-se ver o gerador compound longa
e curta-derivação.

Figura 27. Gerador compound longa-derivação.

Figura 28. Gerador compound curta-derivação.

Deve-se observar que no compound longa-derivação, se a carga for retirada, os campos


série e shunt ficam em série funcionando como um campo shunt. No compound curta-derivação,
como já mencionado, se a carga for retirada ele se torna um gerador shunt.
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 17
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
As máquinas de excitação composta permitem a obtenção de características elétricas ou
mecânicas diferentes daquelas das máquinas série ou shunt, e melhor adaptando-se ao tipo de
utilização desejada.
A Figura 29 mostra uma comparação das características em carga de 4 tipos de geradores,
com a mesma velocidade e a mesma fem E. Pode-se observar que o gerador “composto fluxo
aditivo” mantém uma tensão bastante constante em função da carga em relação aos outros.

Aditivo

Shunt

Subtrativo
I (A)

Figura 29. Comparação das características em carga de


4 tipos de geradores CC.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 18


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
3.10 Característica do funcionamento com carga dos geradores CC – independente, shunt e
série

• CARACTERÍSTICA INTERNA

Conhecida a corrente e tensão que um gerador deve alimentar uma carga é, em alguns
casos, interessante conhecer de antemão qual a corrente de excitação necessária para o ponto de
operação.
Para este fim utiliza-se a característica interna, que nada mais é que uma curva obtida com
os pares de valores da tensão nos terminais da carga e da corrente de excitação, mantendo-se
fixos os valores da velocidade e da corrente de carga.
Sabe-se que ao ligar uma carga aos terminais de um gerador, a tensão líquida local, que era
igual a fem induzida cai para um valor menor, devido às quedas:

⇒ Reação do induzido;
⇒ Queda de tensão nas escovas (geralmente 2 V)
⇒ Queda de tensão = Σ R . Ia

Uma vez que, para a característica em estudo, Ia é constante, conclui-se que a queda de
tensão total será aproximadamente constante para qualquer ponto da curva, sendo, portanto,
válido dizer que a característica interna é de mesma natureza que a curva a vazio, porém
deslocada como poderá ser observado posteriormente.
A restrição anteriormente feita, onde se escreveu aproximadamente deve-se ao fato da
queda por reação da armadura ou induzido na realidade depender dos seguintes parâmetros:

⇒ corrente Ia (considerada anteriormente);


⇒ estado de saturação da máquina (ponto de operação dado pela característica a
vazio, que não foi considerado).

Para o traçado da característica interna em função da característica a vazio supõe-se, no


entanto, que a saturação seja a mesma que ocorre no cotovelo da curva a vazio (região de
operação do gerador), consideração esta que simplifica o problema e conduz a uma curva
aproximada, sendo real para a região anteriormente denominada por cotovelo.
Vejamos agora os aspectos para os três geradores citados:

a) Gerador de excitação independente

Para traçar a característica interna do gerador com excitação independente deve-se montar
um sistema de acordo com a Figura 30.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 19


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Figura 30. Esquema para o traçado da característica interna
do gerador de excitação independente.

Deve-se observar que na obtenção da curva V = f(If) deve-se manter a velocidade e a


corrente de carga constantes. Assim, ao aumentar-se a corrente de excitação, isto ocasionaria um
aumento da tensão de saída de Rcg, aumentando-se seu valor até que Icg retorne ao seu valor
fixado (normalmente a corrente nominal do gerador).
Antes de esboçar-se a curva a ser obtida, é oportuno fazer uma análise do primeiro ponto a
ser lançado. Facilmente pode-se concluir que, sendo Icg = cte, as quedas de tensão serão também
constantes para qualquer ponto da curva, deste modo, existirá um certo valor mínimo de If que
produzirá uma fem exatamente igual a soma das citadas quedas, de maneira que um voltímetro
nos terminais do gerador indicaria para esta mínima If, V = 0. E o aspecto da característica
interna seria o apresentado na Figura 31.

Figura 31. Característica interna do gerador de excitação independente.

b) Gerador Auto-excitado Shunt

Para obtenção da característica interna em um gerador auto-excitado shunt, o processo


seria análogo ao do gerador excitação independente, salvo o esquema que seria o apresentado na
Figura 32.

Figura 32. Esquema para o traçado da característica interna


do gerador auto-excitdado shunt.

Para análise do formato da curva a ser obtida, nota-se que fazendo Icg = cte e aumentando a
corrente If = Icg – Ia, tem-se um acréscimo de Ia que por sua vez ocasiona aumento das quedas de
tensão, não correspondendo precisamente deste modo ao problema estudado. Entretanto, como
Icg >> If, é natural desprezar-se a influência de If em Ia o que resultaria Icg ≅ Ia, sendo assim
válida a análise anteriormente feita ficando também verdadeiro o esboço apresentado.
Com o propósito de complementação do resumo teórico, uma pergunta bastante comum
que se costuma fazer é a respeito do ponto de operação de um gerador auto-excitado, cujo
funcionamento como se sabe baseia-se no fato de que com o aumento de tensão nos terminais do

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 20


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
gerador há um aumento da corrente de excitação, que, por sua vez, aumenta a tensão, etc. E até
quando isto ocorrerá?
Para a resposta, basta lembrar que a tensão registrada num voltímetro nos terminais da
armadura corresponde a:
- Fem induzida E = f(If)
- Tensão aplicada ao campo E = (Rd + Rsh).If
Logicamente, como a tensão é única corresponderia a solução do sistema E = f(If) e E
= (Rd + Rsh).If, cuja solução é efetuada graficamente como pode ser visto na Figura 33.

Figura 33. Característica interna do gerador auto-excitado shunt.

A característica linear é denominada “Linha de Resistência do Campo” sendo denominada


“Linha de Resistência Crítica do Campo”, que conduziria a uma tensão do gerador com valor
indeterminado.

c) Gerador Auto-excitado Série

Como no caso, Icg = If, não há significado para tal característica aplicada ao gerador série.

• CARACTERÍSTICA EXTERNA

Esta curva é de grande interesse para a determinação da regulação para diferentes correntes
de carga para um determinado valor de If e rotação. Esta é definida por V= f(Icg).
Para o levantamento da característica externa, como Icg é agora uma variável, o seu
aumento corresponderia a um acréscimo das quedas de tensão que proporcionaria as curvas a
serem esboçadas.

a) Gerador de Excitação Independente

Para obtenção da característica externa no gerador de excitação independente deve-se


montar o esquema da Figura 34.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 21


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 34. Esquema para o traçado da característica externa


do gerador de excitação independente.

O gerador é conectado a uma resistência variável, possibilitando assim variar a carga (Icg).
Considerando-se uma posição fixa de Rd isto corresponderia a um determinado valor de If que
induzirá uma fem na armadura, sendo esta indicada por um voltímetro ali inserido (estando o
gerador a vazio). Um determinado valor de Icg (gerador em carga) proporciona as conhecidas
quedas, resultando numa indicação menor no voltímetro visto que If permaneceu constante.
Essas quedas de tensão correspondem aos efeitos anteriormente citados. Assim procedendo-se
para outros valores de carga, surgem novas indicações no voltímetro, que são menores com o
aumento de Icg. E, fazendo-se as devidas correções de velocidade para cada ponto, de modo a
manter-se constante seu valor para todos os pontos obtidos no ensaio, tem-se a curva da Figura
35.

Figura 35. Característica externa do gerador de excitação independente.

b) Gerador auto-excitado shunt

De modo semelhante ao gerador de excitação independente, a característica externa no


gerador auto-excitado shunt é definido por V = f(Icg), sendo que neste caso o elemento que
permanece constante é a velocidade, pois com o aumento da carga (Icg), aumenta-se as quedas
resultando numa tensão menor de saída, que também é a voltagem aplicada ao campo (cuja
resistência deve ficar inalterada) e isto evidentemente ocasionaria uma diminuição de If cuja
influência seria a queda do fluxo que por sua vez diminuiria a fem.
Assim, no caso do gerador shunt deve-se notar uma maior inclinação descendente na
característica externa, visto que no caso em análise tem-se com o aumento da carga os seguintes
efeitos:
- Queda por reação da armadura;
- Queda R . Ia;
- Queda nas escovas - 2V’;
- Diminuição da corrente de excitação (que não ocorreu no caso devido à independência
do circuito de campo).
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 22
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

O aspecto para a característica externa para o presente caso é apresentado na Figura 36.

Figura 36. Característica externa do gerador auto-excitado shunt.

Assim, como no caso anterior nota-se que para um aumento da corrente de carga, ocorre
queda na tensão de saída do gerador, sendo que, entretanto, para um certo valor de Icg
denominada “Corrente Crítica de Carga” (ponto C na Figura 36), há deste ponto em diante
predominância do efeito das quedas que não permitiriam que, com o valor da tensão de saída,
pudessem existir correntes maiores que I crítica, sendo que a queda de maior influência é devida
a reação da armadura.
Como se pode observar na Figura 36, caso houvesse a intenção de solicitar maiores
correntes, isto faria com que a característica se invertesse e obedecesse a curva apresentada.
Nota-se, portanto, que existe um certo ponto onde, para V = 0 há uma corrente Icg = corrente de
curto circuito. A condição do valor da tensão nula aplicada ao enrolamento, ou ao circuito de
campo corresponde a If = 0, e, como se observa, há uma corrente fornecida ao gerador. A
justificativa desse fenômeno fica evidente ao lembrar da existência do fluxo residual da máquina,
responsável pela alimentação do curto. Surge daí a idéia de que o gerador em análise apresenta
ótimas condições perante o curto, pois a corrente (Icg) não cresce indefinidamente, entretanto, a
prática demonstrou que somente as condições transitórias do curto (não analisadas no problema)
poderiam comprometer a máquina.
Surge após esta análise o pensamento do perigo da proximidade com o ponto C (devido à
instabilidade), e, assim é definida pela Figura 36, a região de operação até um ponto B a uma
certa distância de segurança do ponto C. Este ponto B define a corrente nominal além da qual a
máquina não estaria em condições de operar.

c) Gerador Auto-excitado Série

A característica externa do gerador série sofre uma pequena alteração em sua definição.
Considerando-se que Icg = If resulta que a curva a ser levantada seria:

V = f(Icg) para n = cte (não tem significado a afirmação If = cte)

Assim, como nos casos do gerador independente e shunt para levantamento da curva, o
gerador alimenta uma resistência variável, sendo que um amperímetro e um voltímetro
forneceriam Icg e V desejados.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 23


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 34. Esquema para o traçado da característica externa


do gerador auto-excitado série.

O formato da curva será um tanto diferente das anteriores, pois, para Icg = 0, V≠ 0 (pois
existe uma pequena tensão devido ao fluxo remanente), e, para um determinado trecho um
aumento de Icg proporciona acréscimo de V. A partir de um certo ponto, começa a haver
predominância das quedas de tensão e, aumentos de Icg acarretam diminuições das tensões de
saída. Essa característica pode ser observada na Figura 38.

Figura 38. Característica externa do gerador auto-excitado série.

• CARACTERÍSTICA DE REGULAÇÃO

A regulação do gerador mede a capacidade de sustentar o valor da tensão a vazio, quando


lhe é adicionada carga. Entretanto, quando a tensão cai, para elevá-la tem-se de aumentar a
corrente de campo. Assim, para ter sempre o mesmo valor de tensão nos terminais, para cada
aumento de corrente de carga, deve-se aumentar a corrente de excitação.
Deste modo, a característica de regulação exprime:

If = f(Icg) para V e N constantes.

a) Gerador de excitação independente

Para o traçado da curva de regulação do gerador de excitação independente deve-se


aumentar uma carga variável. Um aumento de Icg tenderia a diminuir V, sendo que a sua
conservação seria conseguida por atuação em Rd para que um aumento de If retorne V ao seu
valor desejado constante (que corresponde normalmente à tensão nominal da máquina).
O aspecto da referida curva é apresentado na Figura 39.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 24


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 39. Característica de regulação do gerador de excitação independente.

Deve-se observar que quanto mais a mesma se afasta da horizontal (que está tracejada na
Figura 39), menos a máquina sustenta a tensão em seus terminais com o aumento da carga.

b) Gerador auto-excitado shunt

Seria aproximadamente a mesma curva do gerador de excitação independente, onde o


termo aproximado deve-se ao fato da corrente de excitação percorrer a armadura. Como já
mencionado anteriormente, considerando-se Icg muito maior que If, é comum desprezar-se tal
influência e a característica seria a mesma do item a correspondente.

c) Gerador auto-excitado série

Como If = Icg, não há significado para a característica de regulação.

3.11 Características dos geradores compound

a) Característica a Vazio

Como a vazio Icg = 0, a corrente no enrolamento série para o shunt-curto, será nula, ao
passo que para o shunt-longo haveria uma pequena corrente em Rse. Porém, desprezando-se tal
influência, a característica a vazio corresponderia ao shunt, já estudado. A conclusão é válida
para o aditivo e o subtrativo.

b) Característica Interna

Lembrando que para o traçado da característica interna, a corrente de carga deve


permanecer constante, a influência do enrolamento série (que é percorrido pela corrente Icg ou Ia)
será a de produzir um fluxo constante, que no caso do aditivo estará no mesmo sentido que o do
shunt, e para o subtrativo o contrário.
A influência do fluxo criado pelo enrolamento série pode ser observada na Figura 40, onde
se apresenta a curva para: somente shunt, compound aditivo e compound subtrativo.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 25


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 40. Característica interna do gerador compound.

Nota-se através da Figura 40 que o efeito do campo série é de afastar a curva para o caso
subtrativo, ao passo que o aditivo o efeito é o contrário.

c) Característica Externa

A característica externa de um gerador compound corresponde à relação V = f(Icg), sendo


que no caso, devido ao aumento de carga, a corrente do enrolamento série também aumenta, e, o
seu efeito seria:

c1) Compound Aditivo

Com o aumento da corrente de carga o fluxo devido ao enrolamento série também sofre
incrementos e, como para este caso há concordância de φsh e φse, a máquina tenderia, de acordo
com as características do enrolamento série a:

- aumentar a tensão (hiper-compound)


- manter a tensão praticamente constante (compound normal)
- diminuir a tensão menos que no caso do gerador shunt (hipo-compound).

A Figura 41 ilustra essas situações.

Figura 41. Característica externa do gerador compound aditivo.

c2) Compound Subtrativo

Neste caso a queda de tensão seria maior do que no caso do gerador ligado como
simplesmente shunt, pois a influência do campo série é no sentido de diminuir o fluxo existente
na máquina, sendo que o fluxo resultante (φsh - φse) induziria pequenas tensões. A influência
construtiva tal como o número de espiras maior ou menor (que produziu os 3 casos anteriores),
seria o de produzir uma maior ou menor queda. A curva característica pode ser vista na Figura
42.
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 26
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 42. Característica externa do gerador compound subtrativo.

3.12 Determinação do número de espiras da bobina série em geradores compound

Verificou-se que a introdução de um certo número de espiras ligadas em série com o


circuito de carga faz com que a tensão mantenha-se aproximadamente constante, (compound
aditivo), entretanto, uma dúvida prática que sempre surge é, quantas espiras serão necessárias
para obter-se compound hipo, normal ou hiper?
Para a solução desse problema, deve-se observar o esquema da Figura 43.

Figura 43. Esquema do gerador compound.

Supondo-se inicialmente o efeito apenas do campo shunt, para um certo If1 tem-se uma
tensão V nos terminais da armadura. Ao ligar-se uma carga, naturalmente a tensão assumiria um
valor inferior a V. Desejando-se, entretanto, que a voltagem permaneça inalterada, pode-se atuar
no reostato Rd de modo que a corrente de excitação cresça a um valor If2 proporcionando o
restabelecimento de V.
A diferença entre as duas correntes multiplicada pelo número de espiras do enrolamento
shunt, corresponderia ao acréscimo da fem necessária para restaurar a antiga tensão ou para
compensar as quedas devidas a corrente de carga fornecida. Pensando-se, entretanto, em
produzir essa fem por um outro enrolamento (série), que é percorrido pela corrente Icg, é
necessário atender a seguinte condição:

femsh = femse

ou: Nsh. (If2 – If1) = Nse.Icg de onde se obtém a expressão [22].

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 27


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
If 2 - If 1
N se = N sh . [22]
I cg
A expressão [22] fornece, para o ponto calculado, uma tensão igual à em vazio. Caso haja
interesse em um valor maior, aumenta-se na mesma proporção Nse, e, um valor menor é obtido
diminuindo-se o valor de Nse.
Neste momento é oportuno frisar um importante fato a considerar-se relacionado com a
informação que pode ser obtida através da característica de regulação do gerador shunt.
Como foi verificada anteriormente a característica de regulação do gerador shunt é uma
curva que relacionava Icg = f(If) para a tensão e velocidade constantes.
Supondo-se conhecida tal característica para um valor de tensão igual a do problema
analisado curva esta apresentada na Figura 44.

Figura 44. Característica de regulação do gerador compound.

Aplicando-se a expressão [22] tem-se:

I f1 - I f2 BC
N se = N sh . = N sh . [23]
I cg CA
Esta é uma das aplicações da característica de regulação, pois, para a determinação de Nse
não é necessário, desde que a curva seja conhecida, a colocação da máquina em operação para
após determinar o número de espiras do campo série.

3.13 Isolamento de uma máquina CC

O gerador de CC, como toda a máquina elétrica, possui isolamento das partes sujeitas a
tensão. O valor desta tensão determina o tipo e dimensões do isolamento empregado. Além
disso, o isolamento deve ser capaz de suportar as variações de temperatura, esforços mecânicos,
etc., sem danificar-se.
O tipo de material a ser empregado na isolação de um gerador CC, depende de muitos
fatores. Dependendo da finalidade e do local de uso. Existe uma grande variedade de materiais
que são empregados. Isto, entretanto, pode ser encontrado em qualquer revista especializada.
Interessa-nos muito mais, o teste do isolamento para saber se o mesmo é satisfatório ou não. Este
teste de isolamento deve ser obrigatório em máquinas novas, em máquinas que estiverem em
reparos, em máquinas que estiveram longo tempo inativas e, de maneira geral, sempre que haja
dúvida quanto ao bom funcionamento. O ideal é o teste fazer parte da manutenção de rotina.
O teste do isolamento é feito medindo-se a resistência de isolamento com um megôhmetro
e comparando-se o resultado com valores tabelados. Nos geradores de CC, as medidas mais
importantes a serem feitas são entre o induzido e a carcaça (massa), entre esta e o indutor e entre
o indutor e o induzido. Como se pode deduzir, não pode haver contato elétrico entre carcaça,
induzido e indutor. A única ligação admissível deve ser de natureza magnética.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 28


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Para comparação com valores tabelados é importante que sejam feitas as correções de
temperatura e que seja levado em consideração a tensão do megôhmetro usado. Costuma-se
definir o “estado de umidade” do isolamento pelo chamado “índice de polarização”. Este vem a
ser a relação entre a resistência de isolamento medida durante 1 minuto. Dependendo do estado
do isolante, essas medidas variam e pode-se fazer a comparação, com valores tabelados. De um
modo geral, diz-se que se R10min/R1min é maior que 2,5 o isolamento está bom sob o ponto de
vista de umidade.
A expressão [24] fornece o valor mínimo admissível para a resistência de isolamento das
máquinas de CC.
Ri = V/ (kW + 1000) [24]
onde:
Ri: resistência de isolamento em MΩ à 75o C.
V: tensão nominal da máquina.
kW: potência útil da máquina.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 29


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
4. MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

4.1 Princípio de Funcionamento

Naturalmente o princípio de funcionamento do motor CC, também é baseado no fenômeno


do eletromagnético: um condutor percorrido por uma corrente elétrica situado num campo
magnético fica sujeito a uma força com módulo e sentido perfeitamente determináveis. Sendo
que o módulo, de maneira simplista, é dado pela expressão [25].

F = B∗i∗l ( 24)
onde:
F: força no condutor.
i: corrente que percorre o condutor.
l: comprimento do condutor.
B: indução magnética.

O sentido da força pode ser obtido utilizando-se a regra da mão esquerda. No entanto, a
máquina real não tem uma única espira, mas uma série delas, ligadas convenientemente tal como
o enrolamento do induzido dos geradores já estudados.
Assim, se ao enrolamento da armadura (rotor) de uma máquina CC for aplicado uma
tensão, desde que exista o fluxo produzido pelos pólos, ela funcionará como motor, convertendo
energia elétrica em energia mecânica.
Como é possível observar pela expressão [25], a força que aparece em um condutor
depende da corrente no mesmo e da indução B, a qual está relacionada diretamente com o fluxo
φ existente na máquina. Imaginando-se o condutor “l” da Figura 45, a força neste, provocará um
momento ou torque com relação ao centro do rotor, dado pela expressão [26].

d
T = F∗ [26]
2

Figura 45. Força em um condutor.

Simetricamente ao condutor l (lado da bobina) haverá um outro l’ no qual existirá também


uma força F (de mesmo valor que em l), fazendo com que apareça um binário que irá girar o
rotor até que l e l’ fiquem na mesma horizontal, onde então, o braço do binário seria zero. Nota-
se com isto dois inconvenientes, primeiramente, o torque ou o binário começa num máximo
(condutores numa mesma vertical) e caem a um mínimo, portanto, a máquina de apenas uma
espira teria um torque pulsante.
Evidentemente, com os motores construídos, nota-se a não existência desse problema,
visto não existir uma única espira, mas sim várias sobre o rotor como indica a Figura 45, fazendo
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 30
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
com isso que o torque desenvolvido seja praticamente constante, sendo este dado pela expressão
[27].

T = 0,973.C1.φ.Ia [27]

Na expressão [27] observa-se o aparecimento de constantes que englobariam


características de um determinado rotor, e ainda o φ e Ia correspondentes ao fluxo e a corrente
referidos anteriormente como os fatores que influenciariam o conjugado desenvolvido.
O segundo inconveniente será tratado no próximo item.

4.2 O comutador no motor de corrente contínua

Seja a espira anterior ( l-l’), disposta em três posições e ligadas a anéis contínuos como na
Figura 46.

(a) (b) (c)


Figura 46. Anéis contínuos para alimentação da armadura.

Na Figura 46, verifica-se que no caso (a) o torque ou o conjugado é máximo, em (b) é nulo
e em (c) tem um valor, porém tendendo a provocar um deslocamento contrário ao caso (a). Nota-
se, deste modo, que em (a) existe um conjugado que tenderá a girar a bobina no sentido indicado.
Em (b) ela não para devido à inércia da massa girante, entretanto, em (c) existe um torque que
forçará uma oscilação até o movimento cessar, permanecendo o suposto motor em repouso. Este
é o segundo problema mencionado anteriormente, ou seja, após a passagem pela horizontal o
torque inverte de sentido, e, mesmo considerando-se a existência de outros condutores, tem-se
oposição de ações, o que não é interessante para o caso.

O problema é facilmente solucionado se, uma vez ultrapassada a região de repouso (devido
à inércia), a corrente for invertida, o que pode ser facilmente resolvido utilizando-se o comutador
da máquina CC. A Figura 47 ilustra esse dispositivo.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 31


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 47. O comutador.

No caso (c), da figura 47, os dois lados da bobina, l e l’, tem polaridades trocadas, e a
corrente através delas se inverte. As escovas são fixas e as teclas também sofreram permutação.
Com o esquema da figura 47 pode-se notar a continuidade de movimento.

4.3 Torque eletromagnético em função dos parâmetros da máquina

Para calcular o torque eletromagnético de uma máquina CC aplica-se a lei de LAPLACE


(dF = i dl x B) nos condutores ativos do induzido. Na Figura 48 pode-se observar uma situação
esquemática para determinar o torque de uma máquina CC.

Figura 48. Cálculo do torque eletromagnético.

Para uma máquina bipolar, a corrente Ia, que percorre a armadura, divide-se em Ia/2 para
cada via de enrolamento. Nos condutores ativos, de comprimento l, surge uma força elementar
dada pela expressão [28].
I → →
fa = a . l x B [28]
2
Essas forças fa estão no plano perpendicular ao eixo de rotação, e assim, perpendiculares à
B (ver figura 48). Logo, em cada condutor cria-se um torque elementar dado pela expressão [29].

I
Te = f t xR = a .l .R .B. cos θ [29]
2
e, sobre os Z condutores ativos tem-se um torque resultante dado pela expressão [30].

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 32


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
I
T = Z.Te = Z. a .l .R .B. cos θ [30]
2
Substituindo-se na expressão [30] a componente normal ou radial da indução dada por: Bn
= B. cos θ, e o “fluxo por pólo” dado por: φ = Bn.l.R.π, se obtém a expressão [31].

Z
T= .φ.I a [31]

Para uma máquina multipolar, com 2p pólos e 2a vias de enrolamento, a corrente em cada
I I
via será a (ao invés de a ) e a quantidade de condutores que criarão um torque elementar é
2a 2
proporcional a p. O torque resultante será então dividido por a e multiplicado por p. Sendo
assim, a expressão para o torque é a [32].
p Z
T = . .φ.I a [32]
a 2π

4.4. Energia transformada

A partir da expressão [15] e [32] pode-se deduzir diretamente o “princípio da conversão de


energia”. Com efeito, dividindo-se a relação [15] pela relação [32], tem-se:

E ⎛ Z 2pφN ⎞ ⎛ 2π a 1 ⎞
=⎜ ∗ ⎟∗⎜ . ⎟
T ⎝ 2a 60 ⎠ ⎜⎝ Z p φ.I a ⎟⎠
Sendo assim, obtém-se:
E 2π N ω
= . =
T 60 I a I a

E.I a = T.ω [33]

A expressão [33] mostra que a potência elétrica (consumida ou fornecida através do


induzido) é igual à potência mecânica (fornecida ou consumida pelo induzido).

OBS: Unidades
1 cv 736,0 W (Europeu)
1 HP 745,7 W (Americano)
1 FORCE 1 HP (Canadense).

4.5. Força contraeletromotriz da armadura

Quando o rotor do motor corta um campo magnético, uma fem é gerada nos condutores da
armadura. A direção desta fem é determinada pela Lei de Lenz, e será oposta a tensão de linha.
Por este motivo é denominada força contra eletromotriz - fcem, pois funciona como uma
queda de tensão. A Figura 48 auxilia o entendimento.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 33


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

N
φ
Corrente suprida pela fonte,
portanto, mesmo sentido desta

fcm gerada pelo condutor ao


cortar as linhas de campo

Figura 48. FCEM induzida em um condutor.

A tensão aplicada, a fcem e as quedas de tensões na armadura e nas escovas estão


relacionadas pela expressão [34].
V = E + ∑ R. I a + 2 V , [34]

O efeito da reação da armadura será analisado posteriormente e, 2V’ é comumente


desprezada.
Assim, como no caso de geradores, esta fcem depende da velocidade da máquina e do
fluxo que corta a armadura. A expressão correspondente é a seguinte:

E = C1. n.φ [35]

onde:
C1 é a constante que depende das características construtivas do motor.
n é a velocidade.
φ é o fluxo magnético.

Na partida a fcem é nula, pois n = 0, trabalhando-se então com a equação [34] e


V
desprezando-se a queda nas escovas pode-se dizer que I a = , e como ∑R é muito pequeno,
∑R
tem-se na partida uma elevadíssima corrente Ia que poderia ser bastante prejudicial a máquina; o
que não ocorreria com o motor já em funcionamento, pois haveria a fcem E que difere muito
pouco de V, e a corrente Ia = (V-E)/Ra, teria um valor compatível.
Devido ao problema da alta corrente de partida adiciona-se em série com a armadura uma
resistência de modo a limitá-la a um valor permitido pela máquina. Tal resistência, usualmente
toma a forma de um reostato, chamado de reostato de partida e é construído de fios de niqueline
ou constantam.
O reostato tem sua resistência gradualmente diminuída à medida que o motor alcança
velocidade, chegando a zero quando a fem assume seu valor normal. Uma análise mais detalhada
sobre partida de motores será feita mais adiante.

4.6. Reação da armadura em motores CC

A reação da armadura em motores CC deve-se aos mesmos fatores responsáveis pelo efeito
nos geradores (ver Figura 48).
Desde que o motor gira em sentido contrário ao do gerador, para uma mesma direção de
corrente de armadura, o efeito da reação da armadura poderá ser de alguma forma diferente.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 34


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
a. A densidade de fluxo será diminuída em uma parte do pólo, e aumentada na outra. A partir
da expressão [35], tem-se:

n=
E
=
(V − ∑ R.I a )
[36]
φ.C1 φ.C1

A expressão [36] mostra que a velocidade poderá sofrer influência, pois a diminuição do
fluxo elevará a velocidade. Pensando, entretanto, num efeito total do aumento de Ia, verificou-
se, entretanto, que um aumento de Ia aumenta a reação do induzido e, conseqüentemente,
diminui o φ. Por outro lado, as quedas ∑ R.Ia também crescem e, o efeito total sobre a
velocidade seria:
a) se n cresce significa predominância da reação do induzido.
b) se n permanece constante significa que há equilíbrio entre a diminuição de E
(devido ao aumento de ∑ R.Ia) e a diminuição do φ.
c) se n decresce significa que há predominância do numerador da equação, ou
seja, das quedas ∑ R.Ia.

b. Tal como nos geradores a linha neutra é deslocada no sentido contrário ao de rotação
de um ângulo que depende a carga (Ia). Sendo necessário, portanto, efetuar-se um
deslocamento das escovas de modo a não haver faiscamento, cujas desvantagens são
conhecidas. Deve-se notar que no caso dos geradores o deslocamento das escovas era
em sentido coincidente com o de rotação.
Sejam as duas situações da Figura 49, onde se tem um gerador e um motor de CC,
ambos com a corrente da armadura em um mesmo sentido.

Figura 49. Sentido de rotação e reação da armadura.

Para o gerador o sentido de rotação é o horário, ao passo que para o motor o sentido é anti-
horário. Analisando-se o efeito da reação do induzido, vê-se que em ambos os casos têm o
sentido igual devendo, portanto, ser a escova deslocada em um único sentido. Sendo assim, no
gerador deve-se deslocar as escovas no mesmo sentido de rotação, enquanto no motor as escovas
devem ser deslocadas em sentido contrário ao de rotação.

4.7. Tipos de motores CC

• Motores Shunt - Funcionamento e características

O motor shunt com seu reostato de partida comutado a armadura é mostrado na Figura 50.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 35


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 50. Motor shunt.

Como o enrolamento de campo é ligado em paralelo com a linha (V), o fluxo produzido na
máquina para uma determinada resistência será constante. E, segundo a equação [36], deve-se
cuidar para que seja produzido um fluxo suficiente para o funcionamento do motor, pois sua
diminuição causaria acréscimo de velocidade, que poderia produzir danos por um excesso de
rotação. Por esse motivo a mesma equação estabelece que ao dar partida em um motor shunt,
deve-se cuidar para que o campo seja ligado antes ou no mesmo instante da alimentação da
armadura.
Segundo a equação do conjugado desenvolvido, T= 0,973.C1.φ.Ia, verifica-se que a fim de
obter a partida com baixo Ia (lembrar que ainda é maior que a nominal), torna-se necessário um
grande φ de modo a vencer a carga e a inércia do sistema. Isto seria conseguido ligando-se o
campo como nos indica a Figura 50, onde, no momento inicial tem-se a tensão total alimentando
o circuito responsável pelo fluxo (deve-se observar onde estão ligados os terminais do campo em
relação à Rp).
Quando um motor shunt funciona em regime permanente, uma parte If da corrente
consumida passa no indutor e cria um fluxo φ, e a outra parte Ia passa pelo induzido e cria o
campo. Assim a relação entre as correntes é a seguinte:
I = Ia + I f [37]

p Z
O torque pode ser escrito, fazendo-se K t = . , como:
a 2π

T = K t .φ.I a [38]

e a tensão de alimentação será dada pela expressão [39], desprezando-se a reação do


induzido.

V = E + Ra.Ia [39]

Quando o motor funciona a vazio, a corrente Ia é muito pequena.


Quando é colocada carga, surge um torque resistente, a corrente Ia assume um valor tal que
a potência eletromecânica compensa a potência mecânica.
Vejamos agora as características para este motor.

a) Característica Velocidade x Corrente de carga


Para traçar tal característica, seja a equação da velocidade:

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 36


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
V − ∑ R. I a
n= [40]
C1. φ

De modo a observar-se o comportamento de n com a carga, seja a máquina operando num


certo ponto e que subitamente ocorra um acréscimo de carga. Instantaneamente, devido ao
aumento de solicitação do motor, o mesmo reduz a sua velocidade (tentando fazer a alimentação
da carga a custas de sua energia cinética). Como conseqüência, visto que E = C1. φ.n, a queda de
n diminui E e, considerando-se E = V - ΣR.Ia isto seria conseguido com um aumento de Ia. Nota-
se deste modo o efeito do aumento de carga, onde o aumento da mesma corresponde a um
aumento de Ia e diminuição da velocidade n. A análise feita corresponde à situação de fluxo
constante da máquina.
Por outro lado à medida que Ia cresce, a reação da armadura aparece, tendendo a diminuir o
fluxo e em conseqüência aumenta a velocidade, fazendo com que a consideração dos dois efeitos
analisados quase que se compensem e o motor giraria com velocidade praticamente constante, ou
mesmo a máquina aumentasse sua rotação.
As curvas poderiam ser como na Figura 51.

Figura 51. Característica n x Ia para motores shunt.

Da curva 3, pode-se, por exemplo, obter a regulação de velocidade, definida como:

Regulação de velocidade =
(ca − ba) .100 = cb .100 [41]
ba ba

b) Característica Torque x Corrente de Carga

Como já mostrado um aumento da carga (exigindo maior torque) é conseguido por um


aumento de Ia, conclusão esta que pode ser obtida pela expressão [42].

T = 0,973. C1. φ.Ia [42]

Nota-se pela expressão anterior que para φ = constante, o T será linear em relação a Ia,
entretanto, quando a corrente Ia começar a manifestar uma reação do induzido capaz de diminuir
o φ, então já não mais existirá linearidade entre T e Ia e, a curva tomaria o aspecto apresentado
na Figura 52.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 37


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 52. Torque x corrente de carga para motores shunt.

• Motores série - funcionamento e características

O esquema do motor série é mostrado na Figura 53.

Figura 53. Esquema do motor série.

Neste caso, os enrolamentos da armadura e de campo estão ligados em série, ocorrendo daí
uma mesma corrente nos dois enrolamentos, o que permite dizer que o enrolamento série deve
ser constituído de um pequeno número de espiras e de condutores de bitolas relativamente
grossas.
Para o presente motor, existe uma diferença fundamental relativa ao motor shunt que é o
problema do fluxo, sendo que para o primeiro era admitido como independente da carga (a não
ser o efeito da reação da armadura), ao passo que para o série vale a seguinte relação:

φ = f (Ia)

O problema de um alto valor de Ia na partida é idêntico e é, como anteriormente,


solucionado pela resistência de partida indicada na Figura 54.
Seja um motor série funcionando em regime permanente, a tensão V compensa a fcem e as
quedas ôhmicas, desprezando-se a reação do induzido, tem-se a expressão [43].

V = E + (Ra + Rs).I [43]

O torque eletromagnético é proporcional a corrente I que passa no induzido, e ao fluxo


indutor φ: tomando-se o fluxo proporcional a corrente I, ou seja, desprezando-se a saturação,
pode-se expressar o torque como:

T = K.I2 [44]

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 38


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
A seguir pode-se observar o formato de suas características.

a) Característica velocidade x corrente de carga

A equação a ser considerada é a mesma usada anteriormente para motores shunt, com a
restrição que o fluxo é agora diretamente ligado a Ia.

V − ∑ R. Ia
n=
C1. φ

A parcela ∑R.Ia mais a queda nas escovas (não considerada na equação) é para máquinas
construídas, de 4 a 10% da tensão nominal, onde os menores valores são correspondentes as
maiores máquinas. Embora tenha um pequeno valor, no caso do motor shunt, devido ao fluxo
quase constante, tem valor significativo. Já, para o série, a influência do denominador é
preponderante e, seu efeito conjuntamente com o numerador permite afirmar, que a diminuição
de Ia aumenta a velocidade e, no caso de aumento de Ia, a velocidade cai consideravelmente.
Sendo assim, a curva é a apresentada na Figura 54.

Figura 54. Curva de velocidade x corrente de carga para motores série.

O aspecto da curva da Figura 54, hipérbole eqüilátera, era esperado, pois como visto
anteriormente, pode-se escrever aproximadamente que a velocidade é inversamente proporcional
a corrente Ia, matematicamente tem-se:

⎛ 1 ⎞
N = f ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ Ia ⎠

Sobre o problema do aumento de Ia com o aumento de carga, vide mesma consideração


feita anteriormente onde se constatou que um aumento de carga era caracterizado por uma
diminuição de rotação e assim por diante.
Pela mesma curva pode-se ainda dizer que um motor série nunca deve ser ligado a uma
linha caso haja possibilidade de perder totalmente sua carga, pois como se pode observar para
pequenos valores de Ia a velocidade vai para cresce demasiadamente, o que também pode ser
observado pela equação da velocidade. Mesmo na partida do motor série deve-se tomar certo
cuidado para garantir um torque em oposição para as baixas correntes, impedindo que a
velocidade atinja valores muito altos, apesar da resistência de partida.
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 39
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

b) Característica torque x corrente de carga

Também para motores série, a equação do torque desenvolvido é T = 0,973.C1.φ.Ia.


Saturado, a equação acima poderia ser representada por:

T = f(Ia2)

O formato da curva seria, portanto, uma parábola cujo vértice passa pela origem.
Entretanto, a partir de um certo valor de Ia o circuito magnético satura-se ficando o φ
praticamente constante. Sendo assim, tem-se: T = f(Ia), ou seja, uma reta. A Figura 55 ilustra o
que foi mencionado.

Figura 55. Característica torque x corrente de carga para motores série.

• Motores compound - características

Anteriormente, quando se estudou as características dos motores shunt e série, notou-se,


por exemplo, que este último apresenta certas vantagens como também, a desvantagem de
disparar no caso de perda de carga. O presente estudo tem como objetivo procurar um meio
de evitar tais inconvenientes além de analisar as características do novo motor.
O motor compound é mostrado na Figura 56, onde se observa, tal como nos geradores de
mesmo nome, dois enrolamentos responsáveis pela produção do campo, um shunt e o outro série.

Figura 56. O motor compound.

Conforme o sentido relativo dos dois fluxos, tem-se:

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 40


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

a) compound aditivo - aumento.


b) compound subtrativo - diminuição.

A seguir será analisado cada um desses casos.

a) Motor compound aditivo

Como referido este motor apresenta, à medida que a carga vai aumentando, um aumento
do fluxo total, pois no caso:
φ = φsh + φse

Observando-se a equação da velocidade:

V − R.I a
n= [45]
C1 .(φ sh + φ se )
Constata-se que embora com o aumento de o numerador diminua, o que poderia aumentar
a velocidade, o acréscimo de Ia ao mesmo tempo aumenta o denominador, fazendo que a
velocidade diminua. Assim, a velocidade resultante dependeria daquele fenômeno que
predominar.
Conforme se pode observar no caso do gerador shunt, fez-se a consideração do efeito de Ia,
no numerador e no denominador, pois, embora no numerador devido Req ser pequeno o efeito de
Ia é pequeno, também no denominador o efeito de Ia, alterando o fluxo devido a reação do
induzido é pequeno. Já para motores série, o fluxo (denominador) varia diretamente com Ia, de
modo que é válida a análise do motor considerando apenas o efeito de Ia no fluxo.
Aproveitando a mesma idéia, é comum estudar o comportamento do motor compound
aditivo, considerando-se apenas o efeito de Ia no fluxo existente na máquina (φsh + φse).
Assim, pode-se afirmar que, com o aumento de Ia, a velocidade de um motor compound
aditivo cai mais rapidamente que se o mesmo fosse apenas shunt. A vantagem disto é aquela
apresentada por um motor série, onde a queda de velocidade fazia com que os mesmos
apresentassem um elevado binário-motor para aumento brusco de carga. Além desta vantagem
(com relação ao motor série) no caso da perda de carga, o motor não dispararia, pois, mesmo que
Ia passe a um valor muito pequeno (baixo φse), existe ainda o φsh, para garantir uma velocidade
compatível para o motor em operação. A Figura 57 ilustra comparativamente a característica: n x
Ia, para um motor shunt e o mesmo motor com um enrolamento série.

Figura 57. Característica n x Ia para motores compound aditivo.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 41


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Graças a estas vantagens os motores compound aditivos se prestam a um grande número de
aplicações.
Para o estudo da característica T x Ia, deve-se observar, antes de tudo, a equação [46].

T = 0,973. C1. (φse + φsh ).Ia [46]

Desenvolvendo-se esta última equação tem-se:

T = 0,973. C1. φse.Ia + 0,973. C1. φsh.Ia [47]

Na expressão [47] observa-se que o torque desenvolvido seria o correspondente aos dois
motores (série e shunt). Deve-se observar que para esboçar a curva T x Ia um cuidado com a
saturação da máquina é importante, pois existindo um maior fluxo na máquina, a saturação do
circuito magnético ocorrerá com menores valores de Ia (que é responsável pelo aumento de φse).
A Figura 58 ilustra tal característica.

Figura 58. Característica T x Ia para motores compound aditivo.

A curva da Figura 58 permite dizer que, para a mesma Ia tem-se para os motores compound
maiores torques desenvolvidos, o que se constitui em uma vantagem, pois no caso de se
necessitar de um certo T, utilizando-nos de motores compound aditivo necessitaríamos de uma
menor Ia.

b) Motor compound subtrativo

Neste motor tem-se o campo série em oposição ao shunt, de modo que a característica de
velocidade em função da corrente de armadura tomaria um outro aspecto.
Da equação da velocidade, tem-se:

V − R.I a
n= [48]
C1.(φsh − φse )

Da expressão [48] constata-se que à medida que Ia vai aumentando, também o φse = f(Ia),
experimentará esse acréscimo. Com isto o denominador diminuirá e a velocidade com o aumento
de Ia tomará o aspecto crescente como mostra a Figura 59.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 42


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 59. Característica n x Ia para motores compound.

O motor tem um grave inconveniente que é a sua instabilidade. Considere o motor


funcionando em um determinado ponto, ao aumentar a carga, a sua velocidade sofre uma
redução e com isto E cai, pois se sabe que E = C1. n. Com a diminuição de E tem-se um aumento
de Ia, pois E = v - ∑R. Ia. Com o aumento de Ia o fluxo total na máquina diminui (φ = φsh - φse ) e,
com isto tem-se:
- aumento de velocidade
- diminuição de E.

Isto acarretará maior Ia, e assim tem-se um fenômeno cíclico que poderia produzir efeitos
bastante prejudiciais, tais como:

- velocidade exagerada.
- grandes Ia.

Devido a problemas como estes, os motores subtrativos não são normalmente usados a não
ser com um pequeno enrolamento série cujo efeito é de simplesmente manter a velocidade de um
motor ainda mais próxima daquela em vazio. Nesse caso o motor é algumas vezes denominado
de MOTOR SHUNT ESTABILIZADO.
No caso de se por em marcha o motor compound subtrativo, o campo série precisa ser
colocado em curto-circuito, pois devido às altas correntes (Ia) de partida, pode-se ter neste
instante um φse > φsh, fazendo com isto que o motor tendesse a arrancar em sentido contrário.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 43


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
5. PERDAS E RENDIMENTO EM MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

5.1 Introdução

As máquinas de corrente contínua como qualquer outro tipo de conversor de energia, ao


efetuar a transformação de uma potência, por exemplo, mecânica em potência elétrica, o faz com
perdas das mais diferentes origens acarretando um rendimento inferior a 100%.
Além do fato de existir esse consumo desnecessário, estas perdas como se sabe são
transformadas em calor, cuja intensidade produz um maior ou menor aquecimento dos
componentes da máquina, sendo seu efeito bastante prejudicial ao isolamento da máquina. Este
último, como não admite altas temperaturas, define as condições normais de funcionamento,
fixando deste modo a potência nominal da máquina.

5.2. Perdas nas máquinas de corrente contínua

As perdas nas máquinas de corrente contínua seriam as mesmas tanto funcionando como
gerador quanto como motor (para uma mesma máquina). Sendo que em seu funcionamento este
consumo interno poderia ser dividido em 3 grupos básicos.
- Perdas pela produção e existência do fluxo.
- Perdas devido a corrente de armadura.
- Perdas mecânicas.

A seguir será analisado cada grupo.

a) Perdas pela produção e existência do fluxo

Seja o esquema de uma máquina de corrente contínua tipo compound para uma
generalização do problema, como pode ser observado na Figura 60.

Figura 60. Máquina de corrente contínua compound.

Considerando-se a máquina da Figura 60, o fluxo na mesma é produzido pelo enrolamento


shunt percorrido por If e por Ia circulando pelo enrolamento série. Assim, para a produção do
fluxo teríamos as perdas por efeito Joule.
- Rse.Ia2 - perda no enrolamento série (que também poderia ser encarada como pertencente
ao próximo item).
- Rsh.If2 - perda no enrolamento shunt.
- Rd.If2 - perda no reostato de campo shunt.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 44


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Além dessas perdas inerentes a produção do fluxo, tem-se ainda que considerar que,
estando o núcleo do induzido em movimento de rotação, ocorrem perdas neste, tais como as
devidas a HJSTERESE E CORRENTES DE FOUCAULT, que se pode evitar através dos
seguintes recursos: laminação, uso do silício, etc.
As perdas por histerese e Foucault - Phf, podem ser determinadas por gráficos do tipo Phf
[W/kg] em função da indução. A Figura 61 ilustra.

Figura 61. Curvas para a determinação de P [W/kg] e ilustração das correntes induzidas.

A expressão e as curvas apresentadas são verdadeiras para uma distribuição senoidal do


fluxo no entreferro. No caso de máquina de corrente contínua, a distribuição toma a forma
apresentada na Figura 62.

Figura 62. Distribuição do fluxo no entreferro.

Esta desuniformidade é um fator que contribui para um aumento das perdas no núcleo,
sendo que as mesmas sofrem acréscimos de:
- histerese: aumento de 5 a 30%.
- Foucault: aumento de 20 a 80%.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 45


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
Além deste fenômeno, outros produzem efeitos de aumento de Phf que podem ser no total
representados por um aumento de perdas no ferro de 40 a 60%.
Um outro efeito interessante é devido às ranhuras. A primeira vista parece que a sapata
polar deveria ser construída maciça, pois o fluxo ali seria constante. Entretanto, devido à
diferença de relutância dos circuitos magnéticos mostrados tem-se na sapata uma distribuição do
fluxo ou indução do tipo mostrado na Figura 63.

Figura 63. Distribuição de fluxo na passagem da sapata para o induzido.

Isto faz com que, estando o induzido em rotação, o fluxo na sapata seja ondulado, pois, o
mesmo tende a acompanhar os caminhos de menor relutância que são móveis. Assim, existem
perdas nas sapatas que são da ordem de 15 a 40% daqueles Phf determinadas pelos gráficos.
Nota-se com isto a necessidade de laminar a sapata de modo a diminuir as perdas bem como o
uso do silício na liga. Perdas como estas e as demais caracterizam as perdas adicionais (PAD).

b) Perdas devido a corrente de armadura

Consistem do efeito Joule produzido por Ia junto a Ra (resistência de armadura) e a Rpc


(resistência dos pólos de comutação) bem como nas escovas. Sendo, portanto:
- Ra.Ia2: perda no enrolamento da armadura.
- Rpc.Ia2: perda no enrolamento correspondente aos pólos de comutação.
- V.Ia: perda nas escovas.

Considerando-se ainda que Ra seria uma resistência medida a corrente contínua e, que Ia
dentro do induzido é alternada, o efeito pelicular faz com que haja um aumento de Ra, isto é
responsável por um aumento de 5 a 25% das perdas Ra.Ia2. Deve-se observar ainda, que as
resistências deverão sofrer correções de temperatura.
Estas perdas devido ao efeito skin (pelicular), bem como outras tais como as perdas de
potência nos enrolamentos curto-circuitados, formam as conhecidas PERDAS
SUPLEMENTARES DE CARGA (PS), sendo que no total poderiam ser encaradas como 1% da
potência de saída, exceto para máquinas de 200 HP, 576 rpm e menores, para as quais não
necessitam ser consideradas.

c) Perdas mecânicas

Correspondem àquelas inerentes ao movimento de rotação da máquina, sendo qualificadas


em:

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 46


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
c1) Perdas por atrito

Tais perdas ocorrem nos mancais, cujo valor depende da pressão, velocidade periférica, do
uso no mancal e do coeficiente de atrito entre mancal e eixo.
Atrito nas escovas. Nas máquinas de corrente contínua, devido ao comutador tem-se por
este efeito perdas que atingem altos valores, que por sua vez dependem da pressão das escovas,
da velocidade periférica do comutador e do coeficiente de atrito entre comutador e escova.

c2) Perdas por ventilação

Dependem da velocidade periférica do rotor, do diâmetro do rotor, do comprimento do


núcleo e, especialmente da construção da máquina. Enquanto as demais perdas mecânicas podem
ser perfeitamente determinadas, estas deverão ser estimadas por ensaios.
Na Figura 64 tem-se para pequenas e grandes máquinas, curvas que fornecem valores
médios das perdas mecânicas.

Figura 64. Perdas por atrito e ventilação.

5.3. Influência do regime de funcionamento

No item anterior, procurou-se desenvolver um estudo sobre todos os tipos de perdas


existentes no funcionamento de uma máquina. Entretanto, o importante para a determinação do
rendimento num determinado ponto de funcionamento é o valor total do consumo interno.
Assim, considerando-se o estado de funcionamento da máquina, pode-se dividir todo estudo
apresentado em dois grandes grupos.

a) perdas em vazio (Ia pequeno e φ nominal)


- Phf: histerese e Foucault.
- Rsh.If2: enrolamento shunt.
- Rd. If2: reostato de campo.
- PAD: adicionais.
- Pm : perdas mecânicas.
:

Estas perdas são aquelas independentes da carga cujo total de perdas poderia ser
representadas por:
Po = perdas em vazio.

b) Perdas em carga
- Ra.Ia2: enrolamento do induzido.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 47


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
- Rse.Ia2: enrolamento de campo série.
- Rpc.Ia2: enrolamento do pólo de comutação.
- V.Ia: nas escovas.
- PS: perdas suplementares (que podem ser admitidas como constantes e iguais a 1% da
potência de saída, sendo possível desprezá-las em alguns casos).
Chamando Ra + Rse + Rpc = R, tem-se que:

Pc (perda em carga) = R.Ia2 + V’.Ia + PS [49]

Deste modo, determinando-se a potência consumida por carga pode-se perfeitamente


determinar Po e Pc.

5.4. Rendimento

Como para toda máquina o rendimento é dado pela expressão [50].

P
η% = 2 .100 [50]
P1
onde:

P2: potência de saída.


P1: potência de entrada.

Sendo que P1 e P2 estariam relacionadas por P1 = P2 + P’.


onde: P’ perdas = Po + Pc.

Considerando-se a máquina funcionando como motor, a potência de mais fácil


determinação é P1 = V.Icg. Assim, substituindo-se P2 em [50] por P1 – P’, tem-se:

1 − (Po + R.I a2 + V'.I a + PS)


η% = .100 [51]
V.I cg

considerando-se ainda que: Icg = Ia + If, tem-se:

1 − (Po + R.I a2 + V'.I a + PS)


η% = .100 [52]
V.(I a + I ex )

NOTA: Como Icg ≅ Ia, pois, é comum desprezarmos If e adotarmos Ia = Icg que passará
naturalmente por um valor máximo. Valor este, conforme nos mostra a figura 65, onde
a corrente correspondente a tal ponto deveria ser a nominal.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 48


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

Figura 65. Rendimento x corrente de armadura.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 49


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
LISTA DE EXERCÍCIOS

1) Uma máquina de corrente contínua de dois pólos tem uma densidade de fluxo de 0,4 T. Tem, também, um
comprimento axial de l = 0,2 m e um rotor com o raio de r = 0,1 m. O rotor é equipado com uma única
bobina de 20 espiras. Uma corrente de 5 A é fornecida à bobina.
(a) Calcule o fluxo máximo, em Weber, que pode ser enlaçado pela bobina.
(b) Quando na bobina circulam 5 A, calcule o torque desenvolvido, em N.m.
(c) Assumindo que o torque produzido no item (b) resulta de uma velocidade de 900 rpm, determine
a fem induzida na bobina.
(d) Obtenha o resultado do item (c) por meio de outro procedimento.
(e) Qual a potência mecânica desenvolvida, em Watts?

2) Um gerador composto aditivo de 50 kW, 500 V, equipado com um desviador, entrega a corrente de carga
nominal a uma carga, na tensão nominal. Essa condição é obtida pelo ajuste adequado da resistência do
desviador e do reostato de campo. Referir à figura, que mostra o campo em derivação colocado diretamente
nos terminais da carga (chamada de conexão de derivação longa). As correntes medidas através do
enrolamento de campo e do desviador são 4 A e 21 A, respectivamente. As resistências de enrolamento de
armadura e de campo série são 0,1 e 0,02 Ω, respectivamente.

(a) Qual é a corrente de campo série?


(b) Calcule a resistência do desviador.
(c) Calcule a tensão de armadura gerada.

3) A curva de magnetização de um gerador de cc em derivação auto-excitado de 10 kW, 250 V, acionado a


1.000 rpm., está indicada na Figura abaixo. Cada divisão vertical representa 20 V e cada unidade
horizontal representa 0,2 A. A resistência do circuito de armadura é 0,15 Ω e a corrente de campo é 1,64 A,
quando a tensão terminal é 250 V, com carga nominal. Também, as perdas rotacionais são conhecidas
como iguais a 540 W. Calcule, para a carga nominal, (a) a fem induzida de armadura, (b) o torque
desenvolvido, (c) o rendimento. Considere na operação a velocidade constante.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 50


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua

4) Um motor em derivação de 20 HP, 230 V e 1150 rpm, equipado com um enrolamento de compensação,
tem uma resistência do circuito de armadura total de 0,188 Ω. Na saída nominal, o motor solicita uma
corrente da rede de 74,6 A e uma corrente de campo de 1,6 A.
(a) Calcule a velocidade quando a corrente da rede de entrada for 38,1 ª
(b) Qual a velocidade em vazio, se IL = 1,9 A?
(c) Determine a regulação de velocidade.

5) O motor do exercício anterior tem também um enrolamento de campo série, com uma resistência de 0,06
Ω. Quando operando como um motor em derivação, a saída nominal é obtida com uma corrente de
armadura de 73 A. O mesmo torque constante deve ser fornecido quando esta máquina é colocada para
operar como um motor composto aditivo. Nesta condição de carga, o enrolamento de campo série contribui
com um aumento de 25% no fluxo por pólo.
(a) Calcule a corrente de armadura, para o modo composto de operação.
(b) Qual é a velocidade do motor composto?
(c) Calcule a regulação de velocidade (RV), considerando que o efeito do campo série em vazio é
desprezível.

6) Um motor série de 250 V, 25 HP, 600 rpm, solicita uma corrente de armadura de 85 A, com torque de
carga nominal de 314 N.m. A resistência do circuito de armadura é 0,12 Ω e a resistência de enrolamento
de campo série é 0,09 Ω. Perdas rotacionais são desprezíveis. Calcule a velocidade do motor quando a
solicitação de torque no eixo do motor é reduzida a 20 N.m.

7) Um motor em derivação com 20 HP, 230 V, 1.150 rpm, tem quatro pólos, quatro percursos de armadura
paralelos e 882 condutores de armadura. A resistência do circuito de armadura é 0,188 Ω. Na velocidade
nominal e saída nominal, a corrente de armadura é 73 A e a corrente de campo é 1,6 A. Calcule: (a) o
torque eletromagnético, (b) o fluxo por pólo, (c) as perdas rotacionais, (d) o rendimento, (e) a carga no
eixo.

8) A carga no eixo do motor do exemplo anterior permanece fixa, mas o fluxo de campo é reduzido a 80% do
seu valor por meio do reostato de campo. Determine a nova velocidade de operação.

9) Um motor série de 250 V, 25 HP, produz um torque de 150 N.m, a uma velocidade de 868 rpm. As
resistências do enrolamento de armadura e do enrolamento de campo são 0,12 Ω e 0,09 Ω,

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 51


Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
respectivamente. Para uma carga de torque constante, calcule a nova velocidade quando uma resistência
desviadora de 0,09 Ω for calculada em paralelo com o enrolamento de campo série.

10) Para o motor do exemplo anterior considere o mesmo ponto inicial de operação. Calcule a resistência
externa necessária para produzir o mesmo torque de 150 N.m, a uma velocidade de 400 rpm.

Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 52

Você também pode gostar