Máquina de Corrente Contínua
Máquina de Corrente Contínua
Máquina de Corrente Contínua
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE
CONVERSÃO DE ENERGIA II
Manaus-AM
Conversão de Energia II – Máquina de Corrente Contínua
PARTE I
1. Introdução
2) uma parte móvel, designada por induzido, na qual se processa a conversão de energia
mecânica em elétrica (gerador elétrico) ou a conversão de energia elétrica em mecânica
(motor elétrico).
A parte fixa contém: a) os pólos indutores ou pólos principais, destinados a criar o fluxo
magnético indutor; b) os pólos auxiliares de comutação, situados entre os pólos principais,
destinados a conseguir o funcionamento sem chispas (faíscas) no contato escova coletor (no caso
de escassez de espaço, em máquinas de pequena potência, não se instalam pólos auxiliares; c) a
carcaça.
O induzido tem a forma cilíndrica e gira no espaço entre os pólos, sendo constituído por:
d) uma armadura ranhurada; e) o enrolamento, colocado na armadura e; f) o coletor.
a) Pólos principais. Como pode ser visto na Figura 1 o pólo principal compreende um "núcleo
polar" 1, em chapa de aço magnético de 1 mm de espessura. Na extremidade voltada para o
induzido existe uma expansão polar 2, que serve para facilitar a passagem do fluxo magnético
através do entreferro. No núcleo polar coloca-se a bobina de excitação 3, na qual passa uma
As peças polares são sempre usadas em pares. Elas sustentam os enrolamentos de campo que são
usados para produzir um pólo norte de um lado da carcaça e um pólo sul do outro lado. Por vezes
usa-se mais de um par de pólos para obter um campo mais intenso. Quando isso acontece os
pólos são sempre dispostos alternadamente norte e sul. Na Figura 2 pode-se observar a
disposição correta e incorreta dos pólos.
b) Pólos auxiliares. Como se pode observar na Figura 3 o pólo auxiliar, tal como o pólo
principal, consta do núcleo polar 1, que termina numa expansão polar com variadas formas e
da bobina 2, enrolada em volta do núcleo. Os pólos auxiliares colocam-se a meia distância
entre os pólos principais.
Geralmente, os pólos auxiliares são maciços, mas nas máquinas que em serviço ficam sujeitas
a cargas bruscamente variáveis são chapeadas (em chapa de aço).
c) Carcaça. Chama-se carcaça a parte fixa da máquina que sustenta os pólos principais e os
pólos auxiliares e por meio da qual a máquina é fixada a fundação. A parte da carcaça por
onde circula o fluxo dos pólos principais e dos pólos auxiliares, chama-se “culaça”.
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Dois tipos de "induzidos" se destacam, o "anel de Grame" e o em "tambor", que podem ser
vistos na Figura 4. O primeiro não oferece bom rendimento, devido às partes internas da espira
não gerarem fem, custando, pois, proporcionalmente mais caro do que o tipo em tambor, que é o
tipo universalmente empregado. Eles são ranhurados em tambor, feitos em chapa de aço
magnético com 0,5 mm de espessura, para uma freqüência de magnetização do induzido normal
nas máquinas de corrente contínua (50-60 Hz). As chapas de aço são empilhadas na direção axial
da máquina e, para reduzir as perdas por correntes parasitas, isolam-se umas das outras com
verniz ou papel de 0,03-0,05 mm de espessura. As máquinas de CC de potência pequena
fabricam-se vulgarmente com um sistema de ventilação axial como se pode observar na Figura 5.
(b) Tambor
Figura 8. Coletor.
Geradores de corrente contínua, também conhecidos como dínamos, são máquinas que
recebem energia mecânica no eixo e fornecem energia elétrica sob a forma de corrente contínua.
Diferem, portanto, fundamentalmente dos diversos dispositivos retificadores, onde não
intervém a energia mecânica.
Apenas o resultado obtido é o mesmo: energia elétrica de polaridade constante e de
intensidade fixa no tempo.
Na Figura 10 pode-se observar uma espira colocada entre dois pólos magnéticos, um Norte
e outro Sul. Girando-se a espira em torno de seu eixo, cria-se um movimento relativo entre o
campo e a espira, ou seja, entre indutor e induzido. A espira fica, então, sujeita a um fluxo
magnético variável, que faz com nela apareça uma fem induzida. Aparece, portanto, uma
diferença de potencial entre os pontos a e b, que pode alimentar um circuito externo.
Agora é apresentado como obter o valor da fem induzida num gerador de CC.
Sabe-se que:
dφ − 8
e = −N .10 ( volts) [1]
dt
onde:
e: força eletromotriz induzida (Volts)
N: número de espiras.
φ: fluxo magnético (Weber).
O fluxo magnético é dado por:
→ →
φ = µH. S [2]
α = ωt [4]
Substituindo-se [4] em [3] tem-se:
φ = µHS cos(ωt ) [5]
Ou seja, o fluxo magnético na espira é um fluxo variável no tempo.
Substituindo-se [5] em [1] tem-se:
dφ
e = − N .10 − 8 = NµHSω.10 − 8 sen ωt [6]
dt
e = E max sen ωt [7]
A fem induzida é, portanto, alternada, variando no tempo seguindo a lei senoidal.
Assim, mesmo nos geradores CC, a fem induzida ou gerada nas bobinas é da forma
alternada.
Como nos terminais do gerador a tensão é da forma contínua, pode-se concluir que existe
um dispositivo que permite a transformação de energia elétrica alternada em contínua. Esse
dispositivo recebe o nome de “coletor”.
Com a rotação da espira, a fem induzida sofre variação partindo de zero, vai até um valor
máximo, decresce até zero, atinge um valor máximo em sentido oposto e novamente volta a zero.
Assim, para uma máquina de dois pólos como será visto mais adiante, para cada rotação da
espira tem-se um ciclo na onda da fem.
Para retirada da tensão da bobina que está girando, usa-se o dispositivo mostrado na Figura
11.
b) Enrolamento “ondulado”, ou “série”, neste enrolamento os terminais de cada bobina não estão
ligados a lâminas adjacentes. Na Figura 18 pode-se ver um esquema desse tipo de
enrolamento. Para máquinas multipolares com este enrolamento vale a relação:
a = 1 para qualquer valor de p.
Para calcular a fem na máquina CC, aplica-se a lei de Faraday aos condutores ativos do
→ →
induzido, de comprimento ativo l , animado de uma velocidade periférica u , e influenciado
→
pela indução B do circuito de campo. A expressão da fem produzida pode ser vista na
expressão [8].
→ ⎛→ →⎞
e = B .⎜ l x u ⎟ [8]
⎜ ⎟
⎝ ⎠
• MÁQUINA BIPOLAR
2πN
e = B. cos θ(l .u ) = B n .l .R . [10]
60
A grandeza Bn.l.R.π que aparece na expressão [10] nada mais é do que o fluxo que
atravessa o induzido por pólo (fluxo por pólo). Sendo assim, pode-se escrever a expressão [10]
como:
→ → ⎛1⎞
φ = B . S = B n ∗ S = B n ∗ l ∗ ⎜ ⎟ ∗ 2π ∗ R = B n ∗ l ∗ R ∗ π [11]
⎝ 2⎠
2φN
e= [12]
60
Designando-se por Z o número de condutores “ativos”, e considerando-se que esses Z
condutores são divididos por 2 vias de enrolamento (Z/2 condutores em série em cada via), a
fem da máquina será dada pela expressão [13].
Z Z
E = ∗e = − ∗φ∗N [13]
2 60
• MÁQUINA MULTIPOLAR
Tomando-se uma máquina multipolar com 2p pólos, a fem induzida em cada condutor será
multiplicada por p (com efeito, o fluxo cortado no mesmo intervalo de tempo e para a mesma
velocidade será p vezes maior). Designando-se por φ o “fluxo por pólo”, tem-se:
2pφN
e= [14]
60
Z Z 2pφN
E= ∗e = ∗ [15]
2a 2a 60
Quando o gerador CC está operando com carga, isto é, está fornecendo corrente elétrica a
um circuito externo, esta ao percorrer o enrolamento do induzido cria um campo magnético que
tende a contrariar o campo indutor. O campo indutor ficaria então, reduzido e cairia o
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rendimento do gerador. Para evitar a interferência do campo induzido no campo indutor,
fenômeno conhecido como “reação do induzido”, existe os pólos de comutação. Estes são
enrolamentos semelhantes aos pólos principais, os quais são ligados em série com o circuito da
armadura, ou seja, em série com a carga. Assim, a corrente de carga circulando por estes
enrolamentos faz com que apareça um campo anulando o campo magnético criado pelo
induzido, ficando o campo indutor sem sofrer nenhuma alteração, ou nos casos práticos, uma
interferência mínima, que não influi no rendimento da máquina.
É importante frisar também que as máquinas CC são dotadas ainda de um grande número
de particularidades técnicas que podem ser encontradas em qualquer livro referente ao assunto.
Menciona-se neste texto somente as partes fundamentais para o curso sendo, portanto,
recomendada a leitura complementar de livros especializados.
No início deste estudo verificou-se que a fem induzida segue a lei senoidal. Agora,
observando-se com maior critério, será mostrado que na realidade o fluxo e a fem não são
senoidais, apesar de, para efeitos de cálculos, ser perfeitamente válida a suposição feita.
Para que a fem fosse perfeitamente senoidal seria necessário que a distribuição de fluxo
fosse perfeitamente simétrica e na direção radial. Acontece, porém, que o fluxo não tem a mesma
distribuição em toda a máquina sendo alterado por efeito da reação do induzido, fluxos
dispersos, etc.
Considerando-se inicialmente que o fluxo seja radial e distribuído simetricamente na
máquina, só haverá fluxo magnético partindo das sapatas polares em direção ao induzido. Logo a
espira só gera fem quando passa sob os pólos. Na região entre dois pólos não há campo e, por
conseguinte, não há geração da fem. Esta fem teórica teria então o aspecto apresentado na Figura
19.
Entretanto, com o emprego das sapatas polares, consegue-se uma melhor distribuição de
fluxo, que fica quase que uniformemente distribuído na máquina. Consegue-se assim, que a
região de não geração da fem fique reduzida a apenas uma linha, chamada linha neutra. A Figura
20 mostra a curva da fem e o induzido de uma máquina de dois pólos destacando a linha neutra.
É possível observar na Figura 20 que os condutores situados na zona neutra (linha neutra)
não sofrem ação do fluxo magnético, não gerando, pois, fem. A forma de onda mostrada na
Figura 20 pode perfeitamente ser encarada como senoidal.
Esta distribuição de fluxo é, entretanto, uma distribuição teórica, pois não foi levado em
conta os fluxos dispersos nem a reação do induzido. Ela representa a distribuição de fluxo do
gerador funcionando a vazio, já que neste caso não existe reação do induzido e o fluxo disperso é
mínimo.
Quando for estudado o gerador com carga ficará evidente que o efeito da reação do
induzido faz com que a linha neutra sofra um pequeno deslocamento no sentido de giro do rotor.
A curva da fem também sofre variação ficando como na Figura 21.
Como já mencionado, as escovas devem fazer contato com o coletor sempre curto-
circuitando os condutores que não estejam com fem, apenas servindo de caminho a fem gerada
nos demais condutores, para levá-la ao circuito externo. Logo as escovas devem ser ajustadas
exatamente na linha neutra. Se as escovas não estiverem na linha neutra, estas curto-circuitarão
uma ou mais espiras com fem induzida. Haverá então, uma grande corrente circulando pela
escovas o que produzirá um intenso faiscamento no coletor. Assim, quando o gerador receber
carga as escovas devem ser deslocadas para a nova linha neutra.
Sendo os pólos indutores constituídos de bobinas enroladas sobre núcleos de ferro, eles
sempre conservarão uma pequena imantação, devido ao ciclo de histerese do ferro. Esse pequeno
magnetismo produz um pequeno valor de fluxo. Quando o gerador é posto para funcionar sem
alimentação do campo, esse pequeno fluxo faz com que o mesmo gere nos seus terminais um
pequeno valor de tensão.
Essa tensão é conhecida como tensão remanescente ou remanente e é, como será visto
posteriormente, extremamente importante para o funcionamento dos geradores CC auto-
excitados, ou seja, com a alimentação do campo feito pela própria máquina.
A tensão remanescente pode ser medida conectando-se um voltímetro nos terminais da
armadura do gerador, que é posto a funcionar com o circuito de campo desligado.
Uma vez que já foi visto o funcionamento básico do gerador CC, pode-se analisar agora
cada tipo de máquina que, como já mencionado, é caracterizado pela maneira de se alimentar o
campo magnético.
Ia
If
Carga
If
Quando a máquina está funcionando a tensão entre os bornes do induzido é menor que E,
pois há perdas no circuito da armadura dada por RaIa onde Ra é a resistência de armadura, além
das perdas por reação do induzido (δ), tem-se então:
Va = E - δ - RaIa = E - δt [17]
E Ra.Ia
δ
Icg
Figura 24. Característica externa de um gerador CC.
Va = Vf = V [18]
Onde, V é a tensão nos bornes da máquina.
O movimento do rotor cria uma fem, Erem (ver Figura 25), esta faz circular uma corrente If1
no circuito indutor, que provoca o aumento do fluxo que reforça a fem, etc. Assim, a fem produz
nos bornes do circuito indutor uma corrente If capaz de auto se manter, dizendo-se assim, que o
gerador está amorçado. Na Figura 25 representa-se todos os valores da corrente induzida durante
o amorçamento ou escorvamento, até o ponto σ, definido pela interseção da fem E e a “reta dos
indutores” RfIf (desprezando-se Ra, que é muito menor que Rf). Sendo assim, E é dado pela
expressão [19].
E = Rf.If [19]
Rf < Rc
Quando o gerador está amorçado ele pode fornecer corrente para uma carga externa, sendo
assim, a relação entre as correntes é dada pela expressão [20].
I = Ia - If [20]
• GERADOR SÉRIE
Para a alimentação de uma carga externa Re, o ponto de funcionamento está em M, que é a
interseção de V com a reta de carga ReI. Considerando-se que seja aumentado o valor de Re, o
valor limite para o gerador escorvar está representado aproximadamente pela parte linear Rc de
E. Uma outra condição necessária para que haja o escorvamento é:
Re < Rc
• GERADOR COMPOUND
O gerador compound é um gerador CC auto-excitado que pode ser encarado como uma
mistura dos dois tipos vistos anteriormente. Ele é um misto de gerador série e shunt. Existem
dois campos magnéticos distintos, o série e o shunt, que são enrolados conjuntamente em cada
peça polar. Vale dizer que os campos série e shunt conservam suas características particulares, já
vistas. Os dois campos trabalham simultaneamente para produzir a excitação da máquina. Se os
campos forem concordantes, o gerador é dito “compound aditivo”, caso contrário, tem-se o
“compound subtrativo”. Existe ainda outra classificação, quanto ao modo de ligar o campo. Se o
campo shunt for ligado antes do série tem-se o “compound curta-derivação”, se for feito o
contrário, tem-se o “compound longa-derivação”.
Evidentemente o gerador compound só funciona em carga, pois se esta for desligada, o
campo série deixa de atuar e o gerador se torna simplesmente shunt. Ao estudar o gerador
compound em regime de carga poderá ser observado que o mesmo pode elevar a tensão, manter
constante ou abaixar seu valor, com o aumento da carga, sendo então denominado hiper-
compound, compound normal e hipo-compound, respectivamente.
Nos esquemas mostrados na Figura 27 e Figura 28 pode-se ver o gerador compound longa
e curta-derivação.
Aditivo
Shunt
Subtrativo
I (A)
• CARACTERÍSTICA INTERNA
Conhecida a corrente e tensão que um gerador deve alimentar uma carga é, em alguns
casos, interessante conhecer de antemão qual a corrente de excitação necessária para o ponto de
operação.
Para este fim utiliza-se a característica interna, que nada mais é que uma curva obtida com
os pares de valores da tensão nos terminais da carga e da corrente de excitação, mantendo-se
fixos os valores da velocidade e da corrente de carga.
Sabe-se que ao ligar uma carga aos terminais de um gerador, a tensão líquida local, que era
igual a fem induzida cai para um valor menor, devido às quedas:
⇒ Reação do induzido;
⇒ Queda de tensão nas escovas (geralmente 2 V)
⇒ Queda de tensão = Σ R . Ia
Uma vez que, para a característica em estudo, Ia é constante, conclui-se que a queda de
tensão total será aproximadamente constante para qualquer ponto da curva, sendo, portanto,
válido dizer que a característica interna é de mesma natureza que a curva a vazio, porém
deslocada como poderá ser observado posteriormente.
A restrição anteriormente feita, onde se escreveu aproximadamente deve-se ao fato da
queda por reação da armadura ou induzido na realidade depender dos seguintes parâmetros:
Para traçar a característica interna do gerador com excitação independente deve-se montar
um sistema de acordo com a Figura 30.
Para análise do formato da curva a ser obtida, nota-se que fazendo Icg = cte e aumentando a
corrente If = Icg – Ia, tem-se um acréscimo de Ia que por sua vez ocasiona aumento das quedas de
tensão, não correspondendo precisamente deste modo ao problema estudado. Entretanto, como
Icg >> If, é natural desprezar-se a influência de If em Ia o que resultaria Icg ≅ Ia, sendo assim
válida a análise anteriormente feita ficando também verdadeiro o esboço apresentado.
Com o propósito de complementação do resumo teórico, uma pergunta bastante comum
que se costuma fazer é a respeito do ponto de operação de um gerador auto-excitado, cujo
funcionamento como se sabe baseia-se no fato de que com o aumento de tensão nos terminais do
Como no caso, Icg = If, não há significado para tal característica aplicada ao gerador série.
• CARACTERÍSTICA EXTERNA
Esta curva é de grande interesse para a determinação da regulação para diferentes correntes
de carga para um determinado valor de If e rotação. Esta é definida por V= f(Icg).
Para o levantamento da característica externa, como Icg é agora uma variável, o seu
aumento corresponderia a um acréscimo das quedas de tensão que proporcionaria as curvas a
serem esboçadas.
O gerador é conectado a uma resistência variável, possibilitando assim variar a carga (Icg).
Considerando-se uma posição fixa de Rd isto corresponderia a um determinado valor de If que
induzirá uma fem na armadura, sendo esta indicada por um voltímetro ali inserido (estando o
gerador a vazio). Um determinado valor de Icg (gerador em carga) proporciona as conhecidas
quedas, resultando numa indicação menor no voltímetro visto que If permaneceu constante.
Essas quedas de tensão correspondem aos efeitos anteriormente citados. Assim procedendo-se
para outros valores de carga, surgem novas indicações no voltímetro, que são menores com o
aumento de Icg. E, fazendo-se as devidas correções de velocidade para cada ponto, de modo a
manter-se constante seu valor para todos os pontos obtidos no ensaio, tem-se a curva da Figura
35.
O aspecto para a característica externa para o presente caso é apresentado na Figura 36.
Assim, como no caso anterior nota-se que para um aumento da corrente de carga, ocorre
queda na tensão de saída do gerador, sendo que, entretanto, para um certo valor de Icg
denominada “Corrente Crítica de Carga” (ponto C na Figura 36), há deste ponto em diante
predominância do efeito das quedas que não permitiriam que, com o valor da tensão de saída,
pudessem existir correntes maiores que I crítica, sendo que a queda de maior influência é devida
a reação da armadura.
Como se pode observar na Figura 36, caso houvesse a intenção de solicitar maiores
correntes, isto faria com que a característica se invertesse e obedecesse a curva apresentada.
Nota-se, portanto, que existe um certo ponto onde, para V = 0 há uma corrente Icg = corrente de
curto circuito. A condição do valor da tensão nula aplicada ao enrolamento, ou ao circuito de
campo corresponde a If = 0, e, como se observa, há uma corrente fornecida ao gerador. A
justificativa desse fenômeno fica evidente ao lembrar da existência do fluxo residual da máquina,
responsável pela alimentação do curto. Surge daí a idéia de que o gerador em análise apresenta
ótimas condições perante o curto, pois a corrente (Icg) não cresce indefinidamente, entretanto, a
prática demonstrou que somente as condições transitórias do curto (não analisadas no problema)
poderiam comprometer a máquina.
Surge após esta análise o pensamento do perigo da proximidade com o ponto C (devido à
instabilidade), e, assim é definida pela Figura 36, a região de operação até um ponto B a uma
certa distância de segurança do ponto C. Este ponto B define a corrente nominal além da qual a
máquina não estaria em condições de operar.
A característica externa do gerador série sofre uma pequena alteração em sua definição.
Considerando-se que Icg = If resulta que a curva a ser levantada seria:
Assim, como nos casos do gerador independente e shunt para levantamento da curva, o
gerador alimenta uma resistência variável, sendo que um amperímetro e um voltímetro
forneceriam Icg e V desejados.
O formato da curva será um tanto diferente das anteriores, pois, para Icg = 0, V≠ 0 (pois
existe uma pequena tensão devido ao fluxo remanente), e, para um determinado trecho um
aumento de Icg proporciona acréscimo de V. A partir de um certo ponto, começa a haver
predominância das quedas de tensão e, aumentos de Icg acarretam diminuições das tensões de
saída. Essa característica pode ser observada na Figura 38.
• CARACTERÍSTICA DE REGULAÇÃO
Deve-se observar que quanto mais a mesma se afasta da horizontal (que está tracejada na
Figura 39), menos a máquina sustenta a tensão em seus terminais com o aumento da carga.
a) Característica a Vazio
Como a vazio Icg = 0, a corrente no enrolamento série para o shunt-curto, será nula, ao
passo que para o shunt-longo haveria uma pequena corrente em Rse. Porém, desprezando-se tal
influência, a característica a vazio corresponderia ao shunt, já estudado. A conclusão é válida
para o aditivo e o subtrativo.
b) Característica Interna
Nota-se através da Figura 40 que o efeito do campo série é de afastar a curva para o caso
subtrativo, ao passo que o aditivo o efeito é o contrário.
c) Característica Externa
Com o aumento da corrente de carga o fluxo devido ao enrolamento série também sofre
incrementos e, como para este caso há concordância de φsh e φse, a máquina tenderia, de acordo
com as características do enrolamento série a:
Neste caso a queda de tensão seria maior do que no caso do gerador ligado como
simplesmente shunt, pois a influência do campo série é no sentido de diminuir o fluxo existente
na máquina, sendo que o fluxo resultante (φsh - φse) induziria pequenas tensões. A influência
construtiva tal como o número de espiras maior ou menor (que produziu os 3 casos anteriores),
seria o de produzir uma maior ou menor queda. A curva característica pode ser vista na Figura
42.
Prof. Dr. Rubem Cesar Rodrigues Souza 26
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Supondo-se inicialmente o efeito apenas do campo shunt, para um certo If1 tem-se uma
tensão V nos terminais da armadura. Ao ligar-se uma carga, naturalmente a tensão assumiria um
valor inferior a V. Desejando-se, entretanto, que a voltagem permaneça inalterada, pode-se atuar
no reostato Rd de modo que a corrente de excitação cresça a um valor If2 proporcionando o
restabelecimento de V.
A diferença entre as duas correntes multiplicada pelo número de espiras do enrolamento
shunt, corresponderia ao acréscimo da fem necessária para restaurar a antiga tensão ou para
compensar as quedas devidas a corrente de carga fornecida. Pensando-se, entretanto, em
produzir essa fem por um outro enrolamento (série), que é percorrido pela corrente Icg, é
necessário atender a seguinte condição:
femsh = femse
I f1 - I f2 BC
N se = N sh . = N sh . [23]
I cg CA
Esta é uma das aplicações da característica de regulação, pois, para a determinação de Nse
não é necessário, desde que a curva seja conhecida, a colocação da máquina em operação para
após determinar o número de espiras do campo série.
O gerador de CC, como toda a máquina elétrica, possui isolamento das partes sujeitas a
tensão. O valor desta tensão determina o tipo e dimensões do isolamento empregado. Além
disso, o isolamento deve ser capaz de suportar as variações de temperatura, esforços mecânicos,
etc., sem danificar-se.
O tipo de material a ser empregado na isolação de um gerador CC, depende de muitos
fatores. Dependendo da finalidade e do local de uso. Existe uma grande variedade de materiais
que são empregados. Isto, entretanto, pode ser encontrado em qualquer revista especializada.
Interessa-nos muito mais, o teste do isolamento para saber se o mesmo é satisfatório ou não. Este
teste de isolamento deve ser obrigatório em máquinas novas, em máquinas que estiverem em
reparos, em máquinas que estiveram longo tempo inativas e, de maneira geral, sempre que haja
dúvida quanto ao bom funcionamento. O ideal é o teste fazer parte da manutenção de rotina.
O teste do isolamento é feito medindo-se a resistência de isolamento com um megôhmetro
e comparando-se o resultado com valores tabelados. Nos geradores de CC, as medidas mais
importantes a serem feitas são entre o induzido e a carcaça (massa), entre esta e o indutor e entre
o indutor e o induzido. Como se pode deduzir, não pode haver contato elétrico entre carcaça,
induzido e indutor. A única ligação admissível deve ser de natureza magnética.
F = B∗i∗l ( 24)
onde:
F: força no condutor.
i: corrente que percorre o condutor.
l: comprimento do condutor.
B: indução magnética.
O sentido da força pode ser obtido utilizando-se a regra da mão esquerda. No entanto, a
máquina real não tem uma única espira, mas uma série delas, ligadas convenientemente tal como
o enrolamento do induzido dos geradores já estudados.
Assim, se ao enrolamento da armadura (rotor) de uma máquina CC for aplicado uma
tensão, desde que exista o fluxo produzido pelos pólos, ela funcionará como motor, convertendo
energia elétrica em energia mecânica.
Como é possível observar pela expressão [25], a força que aparece em um condutor
depende da corrente no mesmo e da indução B, a qual está relacionada diretamente com o fluxo
φ existente na máquina. Imaginando-se o condutor “l” da Figura 45, a força neste, provocará um
momento ou torque com relação ao centro do rotor, dado pela expressão [26].
d
T = F∗ [26]
2
T = 0,973.C1.φ.Ia [27]
Seja a espira anterior ( l-l’), disposta em três posições e ligadas a anéis contínuos como na
Figura 46.
Na Figura 46, verifica-se que no caso (a) o torque ou o conjugado é máximo, em (b) é nulo
e em (c) tem um valor, porém tendendo a provocar um deslocamento contrário ao caso (a). Nota-
se, deste modo, que em (a) existe um conjugado que tenderá a girar a bobina no sentido indicado.
Em (b) ela não para devido à inércia da massa girante, entretanto, em (c) existe um torque que
forçará uma oscilação até o movimento cessar, permanecendo o suposto motor em repouso. Este
é o segundo problema mencionado anteriormente, ou seja, após a passagem pela horizontal o
torque inverte de sentido, e, mesmo considerando-se a existência de outros condutores, tem-se
oposição de ações, o que não é interessante para o caso.
O problema é facilmente solucionado se, uma vez ultrapassada a região de repouso (devido
à inércia), a corrente for invertida, o que pode ser facilmente resolvido utilizando-se o comutador
da máquina CC. A Figura 47 ilustra esse dispositivo.
No caso (c), da figura 47, os dois lados da bobina, l e l’, tem polaridades trocadas, e a
corrente através delas se inverte. As escovas são fixas e as teclas também sofreram permutação.
Com o esquema da figura 47 pode-se notar a continuidade de movimento.
Para uma máquina bipolar, a corrente Ia, que percorre a armadura, divide-se em Ia/2 para
cada via de enrolamento. Nos condutores ativos, de comprimento l, surge uma força elementar
dada pela expressão [28].
I → →
fa = a . l x B [28]
2
Essas forças fa estão no plano perpendicular ao eixo de rotação, e assim, perpendiculares à
B (ver figura 48). Logo, em cada condutor cria-se um torque elementar dado pela expressão [29].
I
Te = f t xR = a .l .R .B. cos θ [29]
2
e, sobre os Z condutores ativos tem-se um torque resultante dado pela expressão [30].
Z
T= .φ.I a [31]
2π
Para uma máquina multipolar, com 2p pólos e 2a vias de enrolamento, a corrente em cada
I I
via será a (ao invés de a ) e a quantidade de condutores que criarão um torque elementar é
2a 2
proporcional a p. O torque resultante será então dividido por a e multiplicado por p. Sendo
assim, a expressão para o torque é a [32].
p Z
T = . .φ.I a [32]
a 2π
E ⎛ Z 2pφN ⎞ ⎛ 2π a 1 ⎞
=⎜ ∗ ⎟∗⎜ . ⎟
T ⎝ 2a 60 ⎠ ⎜⎝ Z p φ.I a ⎟⎠
Sendo assim, obtém-se:
E 2π N ω
= . =
T 60 I a I a
OBS: Unidades
1 cv 736,0 W (Europeu)
1 HP 745,7 W (Americano)
1 FORCE 1 HP (Canadense).
Quando o rotor do motor corta um campo magnético, uma fem é gerada nos condutores da
armadura. A direção desta fem é determinada pela Lei de Lenz, e será oposta a tensão de linha.
Por este motivo é denominada força contra eletromotriz - fcem, pois funciona como uma
queda de tensão. A Figura 48 auxilia o entendimento.
N
φ
Corrente suprida pela fonte,
portanto, mesmo sentido desta
onde:
C1 é a constante que depende das características construtivas do motor.
n é a velocidade.
φ é o fluxo magnético.
A reação da armadura em motores CC deve-se aos mesmos fatores responsáveis pelo efeito
nos geradores (ver Figura 48).
Desde que o motor gira em sentido contrário ao do gerador, para uma mesma direção de
corrente de armadura, o efeito da reação da armadura poderá ser de alguma forma diferente.
n=
E
=
(V − ∑ R.I a )
[36]
φ.C1 φ.C1
A expressão [36] mostra que a velocidade poderá sofrer influência, pois a diminuição do
fluxo elevará a velocidade. Pensando, entretanto, num efeito total do aumento de Ia, verificou-
se, entretanto, que um aumento de Ia aumenta a reação do induzido e, conseqüentemente,
diminui o φ. Por outro lado, as quedas ∑ R.Ia também crescem e, o efeito total sobre a
velocidade seria:
a) se n cresce significa predominância da reação do induzido.
b) se n permanece constante significa que há equilíbrio entre a diminuição de E
(devido ao aumento de ∑ R.Ia) e a diminuição do φ.
c) se n decresce significa que há predominância do numerador da equação, ou
seja, das quedas ∑ R.Ia.
b. Tal como nos geradores a linha neutra é deslocada no sentido contrário ao de rotação
de um ângulo que depende a carga (Ia). Sendo necessário, portanto, efetuar-se um
deslocamento das escovas de modo a não haver faiscamento, cujas desvantagens são
conhecidas. Deve-se notar que no caso dos geradores o deslocamento das escovas era
em sentido coincidente com o de rotação.
Sejam as duas situações da Figura 49, onde se tem um gerador e um motor de CC,
ambos com a corrente da armadura em um mesmo sentido.
Para o gerador o sentido de rotação é o horário, ao passo que para o motor o sentido é anti-
horário. Analisando-se o efeito da reação do induzido, vê-se que em ambos os casos têm o
sentido igual devendo, portanto, ser a escova deslocada em um único sentido. Sendo assim, no
gerador deve-se deslocar as escovas no mesmo sentido de rotação, enquanto no motor as escovas
devem ser deslocadas em sentido contrário ao de rotação.
O motor shunt com seu reostato de partida comutado a armadura é mostrado na Figura 50.
Como o enrolamento de campo é ligado em paralelo com a linha (V), o fluxo produzido na
máquina para uma determinada resistência será constante. E, segundo a equação [36], deve-se
cuidar para que seja produzido um fluxo suficiente para o funcionamento do motor, pois sua
diminuição causaria acréscimo de velocidade, que poderia produzir danos por um excesso de
rotação. Por esse motivo a mesma equação estabelece que ao dar partida em um motor shunt,
deve-se cuidar para que o campo seja ligado antes ou no mesmo instante da alimentação da
armadura.
Segundo a equação do conjugado desenvolvido, T= 0,973.C1.φ.Ia, verifica-se que a fim de
obter a partida com baixo Ia (lembrar que ainda é maior que a nominal), torna-se necessário um
grande φ de modo a vencer a carga e a inércia do sistema. Isto seria conseguido ligando-se o
campo como nos indica a Figura 50, onde, no momento inicial tem-se a tensão total alimentando
o circuito responsável pelo fluxo (deve-se observar onde estão ligados os terminais do campo em
relação à Rp).
Quando um motor shunt funciona em regime permanente, uma parte If da corrente
consumida passa no indutor e cria um fluxo φ, e a outra parte Ia passa pelo induzido e cria o
campo. Assim a relação entre as correntes é a seguinte:
I = Ia + I f [37]
p Z
O torque pode ser escrito, fazendo-se K t = . , como:
a 2π
T = K t .φ.I a [38]
V = E + Ra.Ia [39]
Regulação de velocidade =
(ca − ba) .100 = cb .100 [41]
ba ba
Nota-se pela expressão anterior que para φ = constante, o T será linear em relação a Ia,
entretanto, quando a corrente Ia começar a manifestar uma reação do induzido capaz de diminuir
o φ, então já não mais existirá linearidade entre T e Ia e, a curva tomaria o aspecto apresentado
na Figura 52.
Neste caso, os enrolamentos da armadura e de campo estão ligados em série, ocorrendo daí
uma mesma corrente nos dois enrolamentos, o que permite dizer que o enrolamento série deve
ser constituído de um pequeno número de espiras e de condutores de bitolas relativamente
grossas.
Para o presente motor, existe uma diferença fundamental relativa ao motor shunt que é o
problema do fluxo, sendo que para o primeiro era admitido como independente da carga (a não
ser o efeito da reação da armadura), ao passo que para o série vale a seguinte relação:
φ = f (Ia)
T = K.I2 [44]
A equação a ser considerada é a mesma usada anteriormente para motores shunt, com a
restrição que o fluxo é agora diretamente ligado a Ia.
V − ∑ R. Ia
n=
C1. φ
A parcela ∑R.Ia mais a queda nas escovas (não considerada na equação) é para máquinas
construídas, de 4 a 10% da tensão nominal, onde os menores valores são correspondentes as
maiores máquinas. Embora tenha um pequeno valor, no caso do motor shunt, devido ao fluxo
quase constante, tem valor significativo. Já, para o série, a influência do denominador é
preponderante e, seu efeito conjuntamente com o numerador permite afirmar, que a diminuição
de Ia aumenta a velocidade e, no caso de aumento de Ia, a velocidade cai consideravelmente.
Sendo assim, a curva é a apresentada na Figura 54.
O aspecto da curva da Figura 54, hipérbole eqüilátera, era esperado, pois como visto
anteriormente, pode-se escrever aproximadamente que a velocidade é inversamente proporcional
a corrente Ia, matematicamente tem-se:
⎛ 1 ⎞
N = f ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ Ia ⎠
T = f(Ia2)
O formato da curva seria, portanto, uma parábola cujo vértice passa pela origem.
Entretanto, a partir de um certo valor de Ia o circuito magnético satura-se ficando o φ
praticamente constante. Sendo assim, tem-se: T = f(Ia), ou seja, uma reta. A Figura 55 ilustra o
que foi mencionado.
Como referido este motor apresenta, à medida que a carga vai aumentando, um aumento
do fluxo total, pois no caso:
φ = φsh + φse
V − R.I a
n= [45]
C1 .(φ sh + φ se )
Constata-se que embora com o aumento de o numerador diminua, o que poderia aumentar
a velocidade, o acréscimo de Ia ao mesmo tempo aumenta o denominador, fazendo que a
velocidade diminua. Assim, a velocidade resultante dependeria daquele fenômeno que
predominar.
Conforme se pode observar no caso do gerador shunt, fez-se a consideração do efeito de Ia,
no numerador e no denominador, pois, embora no numerador devido Req ser pequeno o efeito de
Ia é pequeno, também no denominador o efeito de Ia, alterando o fluxo devido a reação do
induzido é pequeno. Já para motores série, o fluxo (denominador) varia diretamente com Ia, de
modo que é válida a análise do motor considerando apenas o efeito de Ia no fluxo.
Aproveitando a mesma idéia, é comum estudar o comportamento do motor compound
aditivo, considerando-se apenas o efeito de Ia no fluxo existente na máquina (φsh + φse).
Assim, pode-se afirmar que, com o aumento de Ia, a velocidade de um motor compound
aditivo cai mais rapidamente que se o mesmo fosse apenas shunt. A vantagem disto é aquela
apresentada por um motor série, onde a queda de velocidade fazia com que os mesmos
apresentassem um elevado binário-motor para aumento brusco de carga. Além desta vantagem
(com relação ao motor série) no caso da perda de carga, o motor não dispararia, pois, mesmo que
Ia passe a um valor muito pequeno (baixo φse), existe ainda o φsh, para garantir uma velocidade
compatível para o motor em operação. A Figura 57 ilustra comparativamente a característica: n x
Ia, para um motor shunt e o mesmo motor com um enrolamento série.
Na expressão [47] observa-se que o torque desenvolvido seria o correspondente aos dois
motores (série e shunt). Deve-se observar que para esboçar a curva T x Ia um cuidado com a
saturação da máquina é importante, pois existindo um maior fluxo na máquina, a saturação do
circuito magnético ocorrerá com menores valores de Ia (que é responsável pelo aumento de φse).
A Figura 58 ilustra tal característica.
A curva da Figura 58 permite dizer que, para a mesma Ia tem-se para os motores compound
maiores torques desenvolvidos, o que se constitui em uma vantagem, pois no caso de se
necessitar de um certo T, utilizando-nos de motores compound aditivo necessitaríamos de uma
menor Ia.
Neste motor tem-se o campo série em oposição ao shunt, de modo que a característica de
velocidade em função da corrente de armadura tomaria um outro aspecto.
Da equação da velocidade, tem-se:
V − R.I a
n= [48]
C1.(φsh − φse )
Da expressão [48] constata-se que à medida que Ia vai aumentando, também o φse = f(Ia),
experimentará esse acréscimo. Com isto o denominador diminuirá e a velocidade com o aumento
de Ia tomará o aspecto crescente como mostra a Figura 59.
Isto acarretará maior Ia, e assim tem-se um fenômeno cíclico que poderia produzir efeitos
bastante prejudiciais, tais como:
- velocidade exagerada.
- grandes Ia.
Devido a problemas como estes, os motores subtrativos não são normalmente usados a não
ser com um pequeno enrolamento série cujo efeito é de simplesmente manter a velocidade de um
motor ainda mais próxima daquela em vazio. Nesse caso o motor é algumas vezes denominado
de MOTOR SHUNT ESTABILIZADO.
No caso de se por em marcha o motor compound subtrativo, o campo série precisa ser
colocado em curto-circuito, pois devido às altas correntes (Ia) de partida, pode-se ter neste
instante um φse > φsh, fazendo com isto que o motor tendesse a arrancar em sentido contrário.
5.1 Introdução
As perdas nas máquinas de corrente contínua seriam as mesmas tanto funcionando como
gerador quanto como motor (para uma mesma máquina). Sendo que em seu funcionamento este
consumo interno poderia ser dividido em 3 grupos básicos.
- Perdas pela produção e existência do fluxo.
- Perdas devido a corrente de armadura.
- Perdas mecânicas.
Seja o esquema de uma máquina de corrente contínua tipo compound para uma
generalização do problema, como pode ser observado na Figura 60.
Figura 61. Curvas para a determinação de P [W/kg] e ilustração das correntes induzidas.
Esta desuniformidade é um fator que contribui para um aumento das perdas no núcleo,
sendo que as mesmas sofrem acréscimos de:
- histerese: aumento de 5 a 30%.
- Foucault: aumento de 20 a 80%.
Isto faz com que, estando o induzido em rotação, o fluxo na sapata seja ondulado, pois, o
mesmo tende a acompanhar os caminhos de menor relutância que são móveis. Assim, existem
perdas nas sapatas que são da ordem de 15 a 40% daqueles Phf determinadas pelos gráficos.
Nota-se com isto a necessidade de laminar a sapata de modo a diminuir as perdas bem como o
uso do silício na liga. Perdas como estas e as demais caracterizam as perdas adicionais (PAD).
Considerando-se ainda que Ra seria uma resistência medida a corrente contínua e, que Ia
dentro do induzido é alternada, o efeito pelicular faz com que haja um aumento de Ra, isto é
responsável por um aumento de 5 a 25% das perdas Ra.Ia2. Deve-se observar ainda, que as
resistências deverão sofrer correções de temperatura.
Estas perdas devido ao efeito skin (pelicular), bem como outras tais como as perdas de
potência nos enrolamentos curto-circuitados, formam as conhecidas PERDAS
SUPLEMENTARES DE CARGA (PS), sendo que no total poderiam ser encaradas como 1% da
potência de saída, exceto para máquinas de 200 HP, 576 rpm e menores, para as quais não
necessitam ser consideradas.
c) Perdas mecânicas
Tais perdas ocorrem nos mancais, cujo valor depende da pressão, velocidade periférica, do
uso no mancal e do coeficiente de atrito entre mancal e eixo.
Atrito nas escovas. Nas máquinas de corrente contínua, devido ao comutador tem-se por
este efeito perdas que atingem altos valores, que por sua vez dependem da pressão das escovas,
da velocidade periférica do comutador e do coeficiente de atrito entre comutador e escova.
Estas perdas são aquelas independentes da carga cujo total de perdas poderia ser
representadas por:
Po = perdas em vazio.
b) Perdas em carga
- Ra.Ia2: enrolamento do induzido.
5.4. Rendimento
P
η% = 2 .100 [50]
P1
onde:
NOTA: Como Icg ≅ Ia, pois, é comum desprezarmos If e adotarmos Ia = Icg que passará
naturalmente por um valor máximo. Valor este, conforme nos mostra a figura 65, onde
a corrente correspondente a tal ponto deveria ser a nominal.
1) Uma máquina de corrente contínua de dois pólos tem uma densidade de fluxo de 0,4 T. Tem, também, um
comprimento axial de l = 0,2 m e um rotor com o raio de r = 0,1 m. O rotor é equipado com uma única
bobina de 20 espiras. Uma corrente de 5 A é fornecida à bobina.
(a) Calcule o fluxo máximo, em Weber, que pode ser enlaçado pela bobina.
(b) Quando na bobina circulam 5 A, calcule o torque desenvolvido, em N.m.
(c) Assumindo que o torque produzido no item (b) resulta de uma velocidade de 900 rpm, determine
a fem induzida na bobina.
(d) Obtenha o resultado do item (c) por meio de outro procedimento.
(e) Qual a potência mecânica desenvolvida, em Watts?
2) Um gerador composto aditivo de 50 kW, 500 V, equipado com um desviador, entrega a corrente de carga
nominal a uma carga, na tensão nominal. Essa condição é obtida pelo ajuste adequado da resistência do
desviador e do reostato de campo. Referir à figura, que mostra o campo em derivação colocado diretamente
nos terminais da carga (chamada de conexão de derivação longa). As correntes medidas através do
enrolamento de campo e do desviador são 4 A e 21 A, respectivamente. As resistências de enrolamento de
armadura e de campo série são 0,1 e 0,02 Ω, respectivamente.
4) Um motor em derivação de 20 HP, 230 V e 1150 rpm, equipado com um enrolamento de compensação,
tem uma resistência do circuito de armadura total de 0,188 Ω. Na saída nominal, o motor solicita uma
corrente da rede de 74,6 A e uma corrente de campo de 1,6 A.
(a) Calcule a velocidade quando a corrente da rede de entrada for 38,1 ª
(b) Qual a velocidade em vazio, se IL = 1,9 A?
(c) Determine a regulação de velocidade.
5) O motor do exercício anterior tem também um enrolamento de campo série, com uma resistência de 0,06
Ω. Quando operando como um motor em derivação, a saída nominal é obtida com uma corrente de
armadura de 73 A. O mesmo torque constante deve ser fornecido quando esta máquina é colocada para
operar como um motor composto aditivo. Nesta condição de carga, o enrolamento de campo série contribui
com um aumento de 25% no fluxo por pólo.
(a) Calcule a corrente de armadura, para o modo composto de operação.
(b) Qual é a velocidade do motor composto?
(c) Calcule a regulação de velocidade (RV), considerando que o efeito do campo série em vazio é
desprezível.
6) Um motor série de 250 V, 25 HP, 600 rpm, solicita uma corrente de armadura de 85 A, com torque de
carga nominal de 314 N.m. A resistência do circuito de armadura é 0,12 Ω e a resistência de enrolamento
de campo série é 0,09 Ω. Perdas rotacionais são desprezíveis. Calcule a velocidade do motor quando a
solicitação de torque no eixo do motor é reduzida a 20 N.m.
7) Um motor em derivação com 20 HP, 230 V, 1.150 rpm, tem quatro pólos, quatro percursos de armadura
paralelos e 882 condutores de armadura. A resistência do circuito de armadura é 0,188 Ω. Na velocidade
nominal e saída nominal, a corrente de armadura é 73 A e a corrente de campo é 1,6 A. Calcule: (a) o
torque eletromagnético, (b) o fluxo por pólo, (c) as perdas rotacionais, (d) o rendimento, (e) a carga no
eixo.
8) A carga no eixo do motor do exemplo anterior permanece fixa, mas o fluxo de campo é reduzido a 80% do
seu valor por meio do reostato de campo. Determine a nova velocidade de operação.
9) Um motor série de 250 V, 25 HP, produz um torque de 150 N.m, a uma velocidade de 868 rpm. As
resistências do enrolamento de armadura e do enrolamento de campo são 0,12 Ω e 0,09 Ω,
10) Para o motor do exemplo anterior considere o mesmo ponto inicial de operação. Calcule a resistência
externa necessária para produzir o mesmo torque de 150 N.m, a uma velocidade de 400 rpm.