1 - Impugnação Ruido

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EXMO (A). SR (A). DR (A). MM (A).

JUIZ (A) DA 1° VARA DO TRABALHO DE PAULINIA - SP

PROCESSO: 010237-47.2024.5.15.0087
Reclamante: Sidney Ferreira dos Santos
Reclamada: Usina Açucareira Ester S. A.

Felipe Ferreira Guilherme, Técnico de Segurança do Trabalho, Assistente Técnico da 2° reclamada,


devidamente qualificado nos autos do processo em referência, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, requerer a juntada de seu Laudo Pericial.

Termos em que,
P. Deferimento
Cosmópolis, 22 de Julho de 2024

Felipe Ferreira Guilherme


Assistente Técnico
MTE: 0119967/SP
PARECER TÉCNICO – DADOS GERAIS

PROCESSO: 010237-47.2024.5.15.0087
RECLAMANTE: Sidney Ferreira dos Santos
RECLAMADA: USINA AÇUCAREIRA ESTER S.A.
PERITO: Francisco José Strazzacapa Santucci
DATA DA PERÍCIA: 04/06/2024

ACOMPANHANTES DA PERÍCIA:

POR PARTE DA RECLAMANTE:

• Sidney Ferreira dos Santos - RECLAMANTE

POR PARTE DA RECLAMADA:

Felipe Ferreira Guilherme – TÉC DE SEGURANÇA

Jefferson Rodrigo Breschiotti – LÍDER DE MANUTENÇÃO

1. LEGISLAÇÃO VIGENTE
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A Seção XIII da Consolidação das Leis Trabalhistas, Art. 189 a 197 estabelece que a competência
para a regulamentação das atividades e operações insalubres ou perigosas será do Ministério do
Trabalho, o qual deverá expedir quadro que informe a caracterização da insalubridade ou
periculosidade, os agentes agressivos, os limites de tolerância, quais os meios de neutralização,
eliminação e proteção do trabalhador (EPIs e EPCs) e o tempo máximo de exposição.

Para o exercício de uma atividade insalubre, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo
Ministério do Trabalho, o Art. 192 da CLT estabelece que:

“O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de


tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a
percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento),
20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região,
segundo se classifiquem nos graus: máximo, médio e mínimo. ”

Do mesmo modo o Art. 193 da CLT fixa que o Ministério do Trabalho deverá apontar as atividades
ensejadoras da periculosidade, através do contato permanente com inflamáveis ou explosivos em
condições de risco acentuado:
“O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de
periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou
integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo
Ministério do Trabalho.”
1.2 NR 15 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES
São consideradas atividades e operações insalubres, as que se desenvolvem:
a) acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos de números 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12, a
saber:
- Anexo 1: ruído contínuo;
- Anexo 2: ruído de impacto;
- Anexo 3: calor;
- Anexo 4: ergonomia;
- Anexo 5: radiações ionizantes;
- Anexo 8: vibrações
- Anexo 11: agentes químicos;
- Anexo 12: poeiras minerais.

b) nas atividades mencionadas nos Anexos de números 6, 13 e 14, a saber:


- Anexo 6: trabalhos sob pressões hiperbáricas;
- Anexo 13: atividades com agentes químicos;
- Anexo 14: agentes biológicos.
c) comprovadas através de Laudo de Inspeção do local de trabalho, também constantes dos
Anexos de números 7, 9 e 10, a saber:

- Anexo 7: radiações não ionizantes;


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- Anexo 9: frio;
- Anexo 10: umidade.
O exercício de trabalho em condições de insalubridade, de acordo com os itens anteriores,
assegura ao trabalhador o direito a percepção do adicional de insalubridade, incidente sobre o salário-
mínimo da região, equivalente a:

- 40% para insalubridade de grau máximo;


- 20% para insalubridade de grau médio;
- 10% para insalubridade de grau mínimo.

No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas considerado o de grau


mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa.

A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer, nos termos da NR 15, item 15.4.1:
a) com a adoção de medidas de ordem geral, que conservem o ambiente de trabalho
dentro dos limites de tolerância;
b) com a utilização de Equipamentos de Proteção Individual.
As “Responsabilidades do Empregador” com relação aos EPIs, estabelecidas no item 6.6, NR 6 da
Portaria 3214/78 são as seguintes:

- Adquirir o EPI adequado;


- Exigir o seu uso;
- Fornecer somente EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho;
- Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado;
- Substituir imediatamente quando danificado ou extraviado;
- Responsabilizar-se pela sua higienização;
- Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
- Registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema
eletrônico. (incluído em agosto de 2009).

As “Responsabilidades do Trabalhador”, estabelecidas no item 6.7 da NR 6 são as seguintes:

- Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;


- Responsabilizar-se pela sua guarda e conservação;
- Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para o uso;
- Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

2. PARECER DE AVALIAÇÃO E LAUDO PERICIAL


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Em síntese, conclui o Sr. Perito em seu Laudo Pericial que a atividade do reclamante é
considerada insalubre por exposição aos agentes Químico.

A seguir, considerando as caracterizações realizadas, este assistente técnico passa a expor


questionamentos quanto a diligencia pericial e ao Laudo Pericial apresentado, de modo a resguardar os
direitos da reclamada, objetivando assim o aclaramento do trabalho realizado.

Entretanto, apesar de ter conduzido a perícia com profissionalismo perante a reclamante e


reclamada, entende a reclamada que o Sr. Perito não considerou em sua avaliação situações que
influenciam diretamente no resultado e conclusão de uma caracterização/descaracterização de trabalho
salubre/insalubre.

Com objetividade aos fatos e discordâncias descritas no Laudo do Sr. Perito, desenvolve o
presente parecer em suas seguintes páginas.

3. IMPUGNAÇÃO AO LAUDO PERICIAL

No dia 04/06/2024, data da perícia, o Sr. Perito juntamente com o Reclamante, bem como a
reclamada, se reuniram inicialmente nas dependências da Usina Açucareira Ester S.A. para que o
profissional da justiça pudesse colher os depoimentos das partes interessadas a respeito das atividades
que o reclamante exerceu durante o período prescrito, onde ouviu-se reclamante e reclamada quanto
as atividades exercidas pelo mesmo. Não houve grandes divergências sobre os relatos.

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• Exposição a Quimico

O Mecânico Automotivo realiza vários tipos de atividades conforme descrito no Laudo Pericial:

As manutenções não seguem a descrição acima, elas são realizadas conforme a OS (Ordem de
Serviço) recebida da área da Oficina de tratores, realiza intervenções nos equipamentos, muitas vezes
só quando um equipamento quebra, dependendo do tipo do equipamento ele passa horas testando e
analisando o defeito problema até chegar em um diagnostico para depois iniciar a intervenção,
trabalhando para desmontar e retirar um equipamento, para realizar manutenção corretiva.

Isso demonstra que a exposição ao agente Químico ocorre de maneira eventual e não Habitual
conforme citado pelo Sr, Perito.

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Na avaliação das fichas de EPIs, consta o fornecimento de luvas de proteção a agentes quimicos
nos seguintes períodos de 2018 a 2021, que conforme constatado existia uma frequência na entrega
destes EPIs.

- 20/07/2022 - Creme de proteção para mão contra óleo e agua CA 10931


- 26/07/2022 - Creme de proteção para mão contra óleo e agua CA 10931
- 31/08/2022 - Luva CA28011
- 07/06/2023 - Creme de proteção para mão contra óleo e agua CA 10931
- 31/10/2023 - Creme de proteção para mão contra óleo e agua CA 10931
- 16/11/2023 - Creme de proteção para mão contra óleo e agua CA 10931

Conforme ficha técnica das luvas ela tem validade de 5 anos e dos cremes protetores para mãos
tem a validade de 1 ano sendo necessário sua troca quando danificada, portanto, a proteção e o contato
com o produto químico é neutralizado com uso do EPI LUVA, não caracterizando atividade insalubre.

NA avaliação da FDS do produto MULTIFAK EP 2 (Graxa)

Conforme análise da FDS, o composto do produto acima citado não possui enquadramento normativo
para a perceção do adicional de insalubridade. Com relação ao óleo mineral, cabe uma explicação
técnica. Nem todo óleo mineral é considerado como insalubre. Para a caraterização de insalubridade, o

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óleo mineral precisa conter substância cancerígenas, como os hidrocarbonetos aromáticos (Benzeno,
Xileno e Tolueno por exemplo).

Na avaliação da FDS do produto IPITUR HLP 68, este produto não está classificado como
cancerígeno para seres humanos pela ACGIH (American Conference of Governmental Industrial
Hygienists).

Portanto o contato com o produto não caracteriza atividade insalubre, apesar de ser neutralizado
pelo uso da Luva.

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4. CONCLUSÃO

Apresento razões que demonstram e deixam evidente que a caracterização de insalubridade


para a atividade no período citado pelo Sr. Perito, é descabida e indevida, e por estes motivos, a
impugnamos.

A impugnação a insalubridade indevida para o reclamante quanto a exposição ao agente Químico:

Período de trabalho exposto a químico sendo neutralizado pela entrega dos EPIs, com entrega
regular, o EPI tem prazo de validade de 5 anos, sendo necessário sua troca somente quando estiver
danificada.
A impugnação a insalubridade indevidamente deliberada para o reclamante, quanto a exposição
ao agente Químico, pois o contato com químico é esporádico e conforme demonstrado na análise
das FDS dos produtos não são classificados como cancerígenos.

Em função de todos os pontos abordados, por fatos esclarecidos, IMPUGNAMOS O LAUDO PERICIAL.

As informações e objeções neste documento contidas, não devem em nenhuma forma ser
considerados como uma campanha difamatória ao honroso Auxiliar da Justiça, este assistente técnico
passa a apresentar sua Impugnação, a qual o Sr. Perito avalie que equivocadamente concluiu pela
insalubridade.

Felipe Ferreira Guilherme


Técnico de Segurança do Trabalho
Assistente Técnico - MTE: 0119967/SP

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