Tese de Doutorado - Letícia Thays Bessa Silva 2023
Tese de Doutorado - Letícia Thays Bessa Silva 2023
Tese de Doutorado - Letícia Thays Bessa Silva 2023
SÃO CARLOS
2023
LETÍCIA THAYS BESSA SILVA
SÃO CARLOS
2023
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha mãe por todo amor e cuidado, e por ter me ensinado sobre como
demonstrá-los também, agradeço pelos chás de erva cidreira nos momentos em que me sentia
ansiosa acompanhados de “eu te amo e vai dar tudo certo”.
Agradeço ao meu pai que desde criança me incentivava a estudar e me dizia que
conhecimento é a única coisa que ninguém tira de nós, por todas as ligações durante os dias em
que eu estava em São Carlos ou em Brasília.
À Geovanna, por ser a melhor companhia em todos os momentos, por ser a pessoa que
mais confio no mundo, que sorte a minha ter você como irmã. Nunca vou deixar de te proteger.
À Maria Fernanda Moura, pela amizade inabalável durante todos esses anos e por
sempre adicionar atos de amizade aos muitos já praticados. Eu realmente não sabia onde nossas
brincadeiras sobre voarmos nos levaria, você é minha dupla da vida.
À Anabel e à Graciana, por me acolherem e acreditarem sempre nas minhas
potencialidades. Vocês são minha família em São Carlos.
À Isabella Olmos, pela companhia nos dias em São Carlos, por ter sido a melhor home
sister, por me dar força e me ensinar que bancar os próprios sonhos não é nada fácil, que nossa
amizade dure tanto quanto os vários quilômetros que insistem em nos separar atualmente.
À Natália Alves e ao Ian Alves, por terem me ensinado que, quando construímos algo,
temos um carinho eterno pelo que foi construído.
Aos amigos do Ensino Médio, tenho muito orgulho de cada um de vocês, vocês são
meus exemplos diários.
Aos amigos do inglês, vocês são o melhor grupo que eu poderia encontrar, obrigada
por toda parceria e companheirismo.
Ao Guilherme Teles, ao Lucas Craveiro e à Maísa Rabelo, pelos momentos
compartilhados, por cada abraço e confiança.
Aos amigos e colegas do Instituto Ninar, pela confiança durante estes anos.
Agradeço à Prof.ª Gerusa, por todos os ensinamentos, confiança, por toda calma,
sensatez, dedicação. Eu tive muita, muita sorte de ganhar na loteria dos orientadores e uma
amiga para a vida.
Agradeço aos colegas e professores do Programa de Pós-Graduação em Educação
Especial da Universidade Federal de São Carlos por todas as trocas de conhecimento,
contribuições, companheirismo e compromisso.
Aos profissionais do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da
Universidade Federal de São Carlos, por todo compromisso e ética.
Agradeço aos professores constituintes da banca de qualificação e de defesa, as
contribuições de vocês foram imprescindíveis.
Agradeço às mães participantes deste estudo, meu muito obrigada.
Sou extremamente grata a cada um de vocês.
RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) impacta tanto as crianças diagnosticadas quanto suas
famílias. Os domínios atingidos com maior frequência são aqueles relacionados à comunicação
e à interação social, bem como padrões restritivos e repetitivos de interesses ou atividades.
Esses padrões se manifestam antes da idade escolar e podem resultar em déficits em várias áreas
do desenvolvimento. Este estudo sugere que uma intervenção online, voltada para o ensino de
habilidades sociais, pode trazer benefícios significativos para as mães de crianças com TEA.
Isso pode resultar em melhorias no conhecimento sobre o TEA, aumento da confiança em suas
habilidades parentais e uma melhoria substancial nas interações familiares. A abordagem online
proposta tem a vantagem de ser acessível, superando barreiras geográficas e logísticas. Isso é
particularmente relevante em contextos nos quais os recursos para intervenção presencial
podem ser limitados, tornando a pesquisa uma maneira eficaz de explorar opções acessíveis e
eficazes. Este estudo busca preencher uma lacuna na pesquisa e fornecer evidências empíricas
sobre uma intervenção online específica para mães de crianças com TEA. A pesquisa foi
delineada como um estudo de intervenção. Ao focar nas mães e suas habilidades parentais, este
estudo reconhece a importância de um ambiente de apoio e compreensão para as mães de
crianças com TEA. O objetivo geral consiste em analisar uma intervenção online sobre
habilidades sociais para mães de crianças com TEA. Os objetivos específicos deste estudo são:
descrever necessidades comuns de mães de crianças com TEA; analisar a frequência de
coocorrência das classes de habilidades sociais e temas nas sessões de intervenção; analisar a
validade social da intervenção e; analisar os efeitos secundário da intervenção sobre o repertório
de Habilidades Sociais das crianças. A amostra de participantes foi não probabilística, do tipo
por conveniência, com a participação de seis mães. Os instrumentos utilizados foram:
Formulário de Identificação; Critério de Classificação Econômica Brasil; Inventário de
Habilidades Sociais, Problemas de Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças;
Questionário de Validação Social e; Questionário de Acompanhamento com as mães. A
obtenção de dados envolveu a realização de seis sessões formativas individuais com cada mãe,
nas quais a pesquisadora orientou sobre estratégias personalizadas para cada criança. Além
disso, incluiu o envio de materiais de apoio e feedback contínuo através de um aplicativo de
mensagens instantâneas. Os registros foram realizados a partir da aplicação dos instrumentos:
diários de campo da pesquisadora, gravação de todos os encontros realizados, materiais e vídeos
compartilhados pelas mães. Para a análise, houve a tabulação dos resultados específicos por
instrumento e os dados descritivos, organizados de forma temática. Utilizou-se para análise dos
dados o software ATLAS TI. Os resultados do Inventário de Habilidades Sociais, Problemas
de Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças apontam que houve mudanças na
classificação das habilidades sociais dos filhos a partir da intervenção realizada com as mães.
Ocorreu uma análise temática, a qual permitiu um diálogo com o referencial teórico em quatro
temas: necessidade das mães de orientações de como mediar a interação com os pares; melhorar
a relação família-escola; dificuldade em controlar o tempo de tela das crianças e; dificuldade
em relatar o que ocorreu na escola. Os resultados do software ATLAS TI apontam que a
“comunicação” foi a habilidade mais citada e a “afetividade/cooperação” a menos citada, ficou
evidenciado que há menor coocorrência entre “responsabilidade” e “fazer e manter amizades”
e “responsabilidade” e “afetividade/cooperação”, havendo maior coocorrência entre
"comunicação" e "desenvoltura social", bem como entre "comunicação" e "resolução de
problemas interpessoais". Assim, os dados obtidos atendem aos objetivos propostos,
conseguem indicar aspectos positivos da intervenção online de curta duração proposta,
principalmente a partir do discurso das mães e dos resultados da validação social, e sugerem
que pesquisas futuras sejam realizadas.
The Autism Spectrum Disorder (ASD) impacts both diagnosed children and their families
significantly. Domains frequently affected include communication, social interaction, and
restrictive and repetitive patterns of interests or activities. These patterns manifest before school
age and may result in deficits in various areas of development. This study suggests that an
online intervention aimed at teaching social skills may bring significant benefits to mothers of
children with ASD. This can result in improvements in knowledge about ASD, increased
confidence in their parenting skills, and substantial improvement in family interactions. The
proposed online approach has the advantage of being accessible, overcoming geographical and
logistical barriers. This is particularly relevant in contexts where resources for in-person
intervention may be limited, making research an effective way to explore accessible and
effective options. This study seeks to fill a gap in research and provide empirical evidence on a
specific online intervention for mothers of children with ASD. The research was designed as
an intervention study. By focusing on mothers and their parenting skills, this study
acknowledges the importance of a supportive and understanding environment for mothers of
children with ASD. The overall objective is to analyze an online intervention on social skills
for mothers of children with ASD. The specific objectives of this study are: to describe common
needs of mothers of children with ASD; to analyze the frequency of co-occurrence of social
skills classes and themes in intervention sessions; to analyze the social validity of the
intervention; and to analyze the secondary effects of the intervention on children's Social Skills
repertoire. The participant sample was non-probabilistic, convenience type, with the
participation of six mothers. The instruments used were: Identification Form; Brazil Economic
Classification Criterion; Social Skills, Behavior Problems, and Academic Competence
Inventory for Children; Social Validation Questionnaire; and Follow-up Questionnaire with
mothers. Data collection involved conducting six individual training sessions with each mother,
during which the researcher provided guidance on personalized strategies for each child.
Additionally, it included sending support materials and continuous feedback through an instant
messaging application. Records were made from the application of the instruments: researcher's
field diaries, recording of all meetings held, materials, and videos shared by the mothers. For
analysis, there was tabulation of specific results per instrument and descriptive data, organized
thematically. ATLAS TI software was used for data analysis. The results of the Social Skills,
Behavior Problems, and Academic Competence Inventory for Children indicate that there were
changes in the classification of children's social skills based on the intervention conducted with
the mothers. Thematic analysis occurred, which allowed dialogue with the theoretical
framework in four themes: mothers' need for guidance on how to mediate interaction with peers;
improving the family-school relationship; difficulty controlling children's screen time; and
difficulty reporting what happened at school. The results of the ATLAS TI software indicate
that "communication" was the most cited skill and "affection/cooperation" the least cited. It was
evident that there is less co-occurrence between "responsibility" and "making and maintaining
friendships" and "responsibility" and "affection/cooperation", with greater co-occurrence
between "communication" and "social poise", as well as between "communication" and
"interpersonal problem solving". Thus, the data obtained meet the proposed objectives, manage
to indicate positive aspects of the proposed short-term online intervention, especially from the
mothers' discourse and the results of social validation, and suggest that future research be
conducted.
Keywords: Special education. Children. Social skills. ASD.
LISTA DE FIGURAS
APRESENTAÇÃO
Após concluir o ensino médio, iniciei o curso de Nutrição, mas logo no primeiro ano,
senti um desejo de auxiliar as pessoas de uma maneira diferente. Como sempre fui curiosa, em
2013, ao final do primeiro ano de Nutrição, realizei a mudança para o curso de Psicologia.
Comecei o curso de Psicologia em 2014 e, no segundo ano, escolhi cursar tanto o Bacharelado
quanto a Licenciatura. No terceiro ano, optei pela ênfase clínica. Minha orientadora no
Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (PIVIC) enfatizou a importância da
pesquisa, especialmente em um projeto relacionado à educação, cultura e psicologia. Na
disciplina de Psicologia e Educação, fui introduzida na educação especial e na inclusão escolar,
o que me deixou fascinada pelas oportunidades que a inclusão oferece às crianças, apesar dos
desafios históricos da verdadeira inclusão social.
Essas descobertas inspiraram minha participação em projetos, eventos, programas
voluntários, ligas acadêmicas e no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID). Durante a graduação, minha ênfase na inclusão se destacou. Ao longo do curso, li
vários livros, artigos e textos, e compartilhei conhecimento com colegas em diálogos,
discussões de casos clínicos e atividades extracurriculares. Entre o terceiro e o quarto ano,
conheci o campo teórico das Habilidades Sociais (HS) em uma conversa com uma colega. No
início do quinto ano, estagiei como Acompanhante Terapêutica (AT) em uma escola, aplicando
o que havia estudado. Com base nesse percurso, no último ano da graduação, cursar o mestrado
tornou-se uma possibilidade real.
Escolhi a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) devido ao Programa de Pós-
Graduação em Educação Especial (PPGEEs). Durante o primeiro ano do mestrado, enfrentei
desafios, incluindo a elaboração de um novo projeto de pesquisa intitulado Avaliação Funcional
e de Habilidades Sociais de Adolescentes com Paralisia Cerebral. A coleta de dados começou
em dezembro de 2019, mas foi interrompida em março de 2020 devido à pandemia de COVID-
19. A análise de dados, qualificação e defesa ocorreram com os dados já coletados. Em outubro
de 2020, iniciei o processo seletivo para o doutorado na UFSCar e todos os procedimentos
estavam sendo conduzidos remotamente. Em fevereiro de 2021, defendi meu mestrado e, em
maio de 2021, recebi uma oferta para retornar à prática clínica em uma clínica especializada no
atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Coincidentemente, na
mesma semana, fui informada de que havia sido aprovada no doutorado. Durante os anos do
doutorado e os anos na prática clínica, houve a realização de orientações parentais, sendo que
a presença majoritária durante esse processo era de mães.
15
Ademais, após assumir o novo cargo, surgiu uma oportunidade para ministrar aulas em
um programa de Pós-Graduação em Análise do Comportamento, voltado para o Autismo e
outras Neurodivergências. Portanto, foi durante essa jornada que me aproximei da temática da
pesquisa atual. Os anos de equilíbrio entre prática clínica, ensino e pesquisa foram desafiadores,
mas também enriquecedores. Olhar para essa trajetória e perceber o progresso alcançado, a
capacidade de avançar e, mais importante, de auxiliar as pessoas ao longo do caminho, faz toda
a diferença. Hoje, estou comprometida em preparar outros artigos, continuar estudando e
aprendendo para celebrar o caminho percorrido até agora.
16
INTRODUÇÃO
1
O termo utilizado no presente estudo será TEA devido a terminologia utilizada no DSM-5-TR. No entanto, o
atual posicionamento do Movimento Social protagonizado por autistas, não apenas no Brasil, mas em todo o
mundo, adota a abordagem da "Identity First", perspectiva a qual entende que o termo "pessoa autista" reconhece
o Autismo como uma condição intrínseca e indissociável, uma parte integral da identidade do indivíduo que está
presente ao longo de toda a sua vida.
17
intervenção em outras áreas além da psicologia, sendo que, em quatro, a intervenção era
comportamental. O monitoramento dos resultados da intervenção era geralmente conduzido
pelos pais dos participantes, com base em medidas indiretas, como escalas. No que diz respeito
às HS, frequentemente abordadas, o estudo destacou a ênfase no desenvolvimento da habilidade
de iniciar e/ou manter conversações, com os procedimentos de ensino mais comuns sendo o
ensaio comportamental e o feedback. Quanto à metodologia, o delineamento de grupo pré e
pós-teste, sem grupo controle, foi o mais utilizado, enquanto o delineamento de sujeito único
predominante foi a linha de base múltipla. As sessões de intervenção ocorriam geralmente uma
vez por semana, com duração variando de 10 a 20 sessões, cada uma com uma duração superior
a 60 minutos. Embora tenham sido encontrados poucos estudos (2%) que envolviam o
treinamento de familiares com intervenções analítico-comportamentais para o desenvolvimento
de HS, a maioria das intervenções era conduzida por terapeutas (48%). Quanto ao local de
realização das intervenções, o ambiente mais comum foi o centro de atendimento, como
hospitais, instituições acadêmicas ou clínicas, entre os cinco ambientes disponíveis (escola,
casa, ambiente ao ar livre, ambiente simulado e centro de atendimento). O estudo também
identificou que o follow up foi utilizado em 65% dos estudos, com um período variável de um
a três meses entre o término da intervenção e o início do acompanhamento (Andreozzi, 2017).
Os resultados e as limitações de programas de intervenção em HS de crianças com TEA
foram notáveis no estudo realizado por Oliveira e Quiterio (2022), as quais conduziram uma
revisão de literatura abordando programas de intervenção em HS de crianças com TEA,
baseando-se em uma revisão de literatura abrangente, cujo objetivo principal consistiu em
descrever os procedimentos empregados nas intervenções, incluindo a caracterização dos
participantes e o delineamento da pesquisa, bem como apresentar os resultados e as limitações
dos programas de intervenção. Foi realizada uma busca de publicações nas bases de dados
SciELO, Periódicos Capes, Banco de Teses Capes, Lilacs, PsycNET e Corpus HS. A seleção
de descritores em português e inglês incluiu termos como "transtorno do espectro autista",
"autismo" e "habilidades sociais", sendo encontrados 15 artigos. A avaliação das pesquisas
demonstrou que os programas de intervenção foram direcionados a crianças e adolescentes
diagnosticados com TEA, abrangendo idades que variaram de 4 a 18 anos, sendo que essas
intervenções geralmente seguiram delineamentos quase experimentais. Os resultados
apontaram melhoria no repertório de HS após as intervenções. Contudo, a análise da literatura
enfatizou a carência de estudos adicionais neste campo, especialmente com foco em
investigações em nível nacional. Em última análise, sublinha-se a relevância de criar
18
1. CAPÍTULO I
Neste capítulo são apresentados conceitos relacionados ao TEA, HS, HSE, TEA e HS e
Estudos de THS para pais de crianças com TEA, com a finalidade de apresentar as justificativas
à questão do estudo estabelecida.
Os estudos prospectivos validam que, na maior parte dos casos, o início do TEA associa-
se com a redução de comportamentos sociais e comunicacionais de forma crítica,
principalmente nos dois primeiros anos de vida (American Psychiatric Association, 2023). As
pesquisas contemporâneas sobre TEA concentram-se na identificação dos sinais nos primeiros
meses de vida dos bebês. Reduzir a idade de diagnóstico aumenta as oportunidades de
21
intervenções precoces, geralmente iniciadas aos três anos, consideradas tardias em comparação
com a possibilidade de intervenção a partir de um ano de idade (Aiello, 2002).
Quanto à definição, diversas nomenclaturas já foram utilizadas para definir o TEA,
principalmente na última década, ocorreram mudanças significativas na forma como foi
definido, nos critérios ao longo de um espectro em vez de diagnósticos individuais baseados
em grupos de critérios. Estas mudanças proporcionaram que a triagem e o diagnóstico fossem
realizados de forma precoce, garantindo, assim, que os indivíduos com déficits recebam as
intervenções dentro do tempo previsto (Chahin et al., 2020).
Com o decorrer do tempo e visando atender à crescente demanda da triagem precoce,
houve aprimoramento das ferramentas e avaliações de triagem. O processo de avaliação e
diagnóstico do TEA envolve uma grande bateria de instrumentos, incluindo entrevistas e
formulários a serem respondidos pelos pais para a obtenção de uma imagem completa do que
está sendo vivenciado pelo avaliado. A partir do momento em que ocorre o diagnóstico do TEA,
a equipe intervencionista, médicos e clínicos auxiliam a família a encontrar os recursos e o
plano de tratamento apropriados. Há várias intervenções e terapias baseadas em evidências que
auxiliam na melhora da qualidade de vida de indivíduos com diagnóstico de TEA (Chahin et
al., 2020).
É crucial que os profissionais de saúde estejam bem-informados sobre o TEA, a fim de
realizar um diagnóstico precoce e iniciar intervenções comportamentais imediatamente quando
necessário. Programas de treinamento em serviço podem desempenhar um papel fundamental
na promoção desse conhecimento, além de ajudar a desmistificar conceitos errôneos e aumentar
a conscientização sobre o TEA. Quanto aos fatores de risco e prognóstico, estes incluem a
ausência ou presença de transtorno do desenvolvimento intelectual e comprometimento da
linguagem associados, condições de saúde como epilepsia, fatores ambientais “como idade
avançada dos pais, prematuridade extrema ou exposição intrauterina a certas drogas ou agentes
teratogênicos, como Ácido Valpróico, podem contribuir em grande parte com o aumento do
risco” (American Psychiatric Association, 2023, p.64). Em relação aos fatores genéticos e
fisiológicos, não há um consenso que os achados “podem ser aplicados a todas as etnias, dada
a inclusão limitada em pesquisas genéticas de comunidades afro-americanas, nativas
americanas, asiáticas, latinas, entre outras” (American Psychiatric Association, 2023, p.64).
Ademais, quanto ao sexo e ao gênero, o diagnóstico ocorre “de três a quatro vezes mais
frequentemente no sexo masculino do que no feminino, e, em média, a idade em que a pessoa
é diagnosticada é mais tardia para o sexo feminino” (American Psychiatric Association, 2023,
p.65).
22
Segundo Del Prette e Del Prette (2017a), o Desempenho Social compreende a totalidade
dos comportamentos emitidos nas interações sociais. Já as HS são os comportamentos
valorizados socialmente em cada cultura, aprendidos durante toda a vida, que apresentam alta
probabilidade de fornecer resultados favoráveis para quem se comportou e que contribuem para
um desempenho socialmente competente. Portanto, as HS constituem um construto descritivo
que engloba esses comportamentos.
24
A aprendizagem das HS é contínua ao longo do ciclo vital, mas, de acordo com Caballo
(2012), o período crítico para a sua aquisição é na infância, além disso, as HS devem ser
consideradas dentro de um contexto cultural específico. A apresentação das HS pode variar em
classes e subclasses. De acordo com Del Prette e Del Prette (2005a; 2017a), as principais
habilidades identificáveis na literatura e significativas para os papéis sociais adquiridos ao
longo da vida são: (A) Comunicação; (B) Civilidade; (C) Fazer e Manter Amizade; (D)
Empatia; (E) Assertividade; (F) Autocontrole; (G) Autocontrole e Expressividade Emocional;
(H) Expressar Solidariedade; (I) Manejar Conflitos e Resolver Problemas Interpessoais; (J)
Acadêmicas; (K) Expressar Afeto e Intimidade; (L) Afetividade; (M) Cooperação; (N)
Desenvoltura Social; (O) Responsabilidade; (P) Coordenar Grupo e; (Q) Falar em Público. No
entanto, diversas taxonomias são possíveis a depender do interesse, dada a possibilidade de as
classes apresentarem funções complementares estas podem ser agrupadas.
A emissão das HS e as classes de comportamento apresentam um objetivo ou função
similar que permitem ser agrupadas, reagrupadas e apresentadas de diversas formas. A partir
do reagrupamento dos comportamentos em novos conjuntos, estes passam a ser classificados
em subclasses de comportamento. Os autores Del Prette e Del Prette (2017b) exemplificam o
dado citado, por meio da classe de comportamentos “expressar sentimentos”, que passa a ser
uma subclasse de comportamentos ao ser dividida e/ou reagrupada em sentimentos positivos e
negativos.
No que diz respeito à população infantil e adolescente, não existe um consenso na
literatura em relação a um único sistema de classificação das subclasses de HS (Del Prette; Del
Prette, 2005a). No presente estudo, a classificação listada e trabalhada está de acordo com as
HS na infância e aprimoradas durante o desenvolvimento e com os papéis sociais assumidos ao
longo da vida, havendo o agrupamento de taxonomias de diferentes publicações (Bandeira et
al., 2009; Del Prette; Del Prette, 2005a; 2017a).
Quanto às principais habilidades identificáveis na literatura e significantes para os
papéis sociais adquiridos ao longo da vida, as classes e subclasses podem assumir função
semelhante, no entanto, podem variar a topografia de emissão como descrito a seguir:
paralinguísticos: latência, intervalo entre fala e resposta; duração, tempo de fala; volume, altura
da voz; velocidade, quantidade de palavras ditas no tempo de fala; ritmo, variância de pausas e
entonações da fala; tonalidade, qualidade do som da fala e; fluência, qualidade da dicção e
modulação da fala (Caballo, 2012; Del Prette; Del Prette, 2009a; 2017a).
De acordo com Caballo (2012), o olhar/contato visual, as qualidades da voz, o tempo de
conversação e o conteúdo verbal são os componentes das HS usados com maior recorrência. A
forma ou topografia do desempenho das HS são retratados por meio dos CNPV (Del Prette; Del
Prette, 2017a). Em relação às modificações no modo de desempenho, estas podem auxiliar ou
atrapalhar os resultados em tarefas interpessoais e estão ligadas à topografia e à função dos
comportamentos (Del Prette; Del Prette, 2009a), portanto:
Os componentes (olhar, gestos etc.) e os processos (tomar a palavra, escolher a ocasião
apropriada etc.) operam de maneira presumivelmente integrada em um indivíduo hábil
e necessitamos saber quais são os componentes e processos relevantes e como estão
organizados. Isto é, por um lado, é preciso estabelecer a quantidade ótima de um
componente para que contribua com um comportamento socialmente hábil. Muito
contato visual, por exemplo, pode ser tão inapropriado como um contato visual
escasso (Caballo, 2012, p.23).
Com base na explanação sobre o campo teórico-prático das HS, é possível tecer
reflexões sobre as abordagens educativas dos pais no que diz respeito às HSE, estas consistem
em uma classe de HS e se referem a ações intencionais direcionadas ao crescimento e à
aprendizagem de outra pessoa, como definido por Del Prette e Del Prette (2001) e por Cia,
Pereira, Del Prette e Del Prette (2007). De acordo com o estudo de Silva (2000), HSE são
relevantes para a educação de seus filhos, dado que abrange a capacidade de estabelecer limites,
o que implica em HS diversas, tais como a habilidade de recusar, pedir alterações de
comportamento e levar em conta elementos não-verbais e paralinguísticos. Portanto, o
entendimento de HSE contribui para uma compreensão mais profunda de diversos aspectos das
relações entre pais e filhos, bem como das estratégias educacionais empregadas.
De acordo com Bolsoni-Silva e Marturano (2002), dentre as estratégias empregadas
estão: (A) A interação interpessoal está vinculada às regras que são estabelecidas pela própria
pessoa, ou seja, auto regras; (B) A maneira como são percebidos os próprios papéis e os papéis
do outro desempenha um papel fundamental na promoção de relações positivas entre pais e
filhos; (C) A assertividade pode ser um requisito fundamental para facilitar a comunicação entre
pais e filhos e encontrar soluções de maneira construtiva e eficaz; (D) Promover a aprendizagem
social pode contribuir para o aprimoramento dos laços entre os integrantes da família; (E)
Desenvolver a capacidade de ler o ambiente social é benéfico para uma percepção mais precisa
e essa habilidade pode ser adquirida; (F) A manifestação de emoções positivas contribui para a
construção de uma autoimagem positiva na criança (Bolsoni-Silva; Marturano, 2002).
31
4. Monitorar positivamente:
4.1 Manifestar atenção a relato;
4.2 Solicitar informações;
4.3 Expressar concordância;
4.4 Apresentar feedback positivo;
4.5 Elogiar;
4.6 Incentivar;
4.7 Demonstrar empatia;
4.8 Remover evento aversivo;
4.9 Estabelece sequência de atividade;
4.10 Expressar discordância/reprovação;
4.11 Promover a autoavaliação.
contexto de sua família e o repertório em HS dos pais, a fim de orientar o ensino dessas
habilidades para os filhos.
utilizada na literatura sobre TEA, mas que comportamentos parentais encontrados em artigos
em língua inglesa correspondem às categorias do SHSE.
O segundo estudo realizado por Agostini (2020) teve como objetivo caracterizar o
repertório de HSE dos pais/cuidadores de 62 crianças com TEA da microrregião do Campo das
Vertentes (Minas Gerais) e investigar a correlação e o grau de predição entre as HSE dos
cuidadores principais e as HS de seus filhos. Os resultados indicaram que o desempenho das
crianças com TEA em HS foi abaixo da amostra normativa dos instrumentos. Além disso, foi
observada uma correlação positiva entre as HSE dos pais e as HS de suas crianças com TEA.
As categorias de responsabilidade, afetividade/cooperação, civilidade e desenvoltura social das
crianças foram relacionadas com o estabelecimento de limites e a indução de disciplina pelos
pais. Finalmente, a habilidade de conversar/dialogar foi apontada como uma possibilidade de o
diálogo assumir funções basilares dentro da parentalidade, seja de instrução, modelação ou
modelagem do comportamento infantil. Portanto, de acordo com Agostini (2020), as SHSE dos
pais desempenham um papel fundamental no estabelecimento de um repertório de HS em seus
filhos com TEA.
O estudo realizado por Feltrin (2007) investigou como o convívio com irmãos com TEA
afeta as HS e as interações familiares de crianças. O estudo incluiu 10 crianças de ambos os
sexos, com idades entre 7 e 12 anos, divididas em dois grupos: o primeiro, composto por
crianças com Desenvolvimento Típico (DT) que têm um irmão com TEA e o segundo grupo
com crianças com DT que têm irmãos sem nenhuma deficiência diagnosticada. Utilizando o
relato verbal e três instrumentos de avaliação, Formulário de Informação do Irmão com TEA,
Inventário de Rede de Relações e Inventário Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças, os
resultados indicaram que ambos os grupos de crianças apresentaram HS acima da média geral
da população. Embora o Grupo 2 tenha obtido pontuações ligeiramente mais altas que o Grupo
1, ambos destacaram mais aspectos positivos do que negativos em seus relacionamentos
familiares, sem diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos.
No entanto, a autora também observou algumas dificuldades na condução desses
programas e ressaltou a importância de utilizar instrumentos de avaliação adequados. Além
disso, foi identificado que os programas com maior tempo de duração podem ter um efeito
melhor para alunos com menor desempenho e que houve aumento da assiduidade de todos os
alunos após iniciados os programas com as mães. Dessa forma, é necessário que os profissionais
da área estejam atentos a essas questões e busquem oferecer um suporte adequado às famílias
nesse momento tão importante (Martins, 2006). A seguir, são apresentados alguns estudos de
treinamentos para pais a fim de analisá-los à luz do THS e das HS.
35
O THS está ligado ao treinamento parental, uma área crucial da psicologia que se
concentra no desenvolvimento de habilidades e estratégias para pais e cuidadores a fim de
promover um ambiente familiar saudável, apoiar o bem-estar das crianças e possibilitar
aumento da qualidade de vida da família. No âmbito desse treinamento, as HS desempenham
um papel fundamental, uma vez que propiciam a interação eficaz com os filhos, neste contexto,
a Prática Baseada em Evidência (PBE) se torna pedra angular, garantindo que as abordagens e
técnicas utilizadas no treinamento parental sejam fundamentadas em pesquisas sólidas e
resultados comprovados.
Este enfoque baseado em evidências foi apresentado no estudo realizado por Hume, et
al. (2021). Houve a revisão sistemática, a qual descreve um conjunto de práticas que apresentam
evidências de efeitos positivos em crianças e jovens com TEA. O estudo consiste em uma
revisão da área de intervenção, a qual inclui artigos publicados entre 1990 e 2017. A revisão
sistemática incluiu cinco fases: busca, triagem, avaliação da qualidade, extração e síntese de
dados, seguindo a estrutura conceitual PICO. Os bancos de dados utilizados na busca
foram: Academic Search Premier, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
(Índice Cumulativo de Literatura de Enfermagem e Saúde Relacionada) (CINAHL), EMBASE,
ERIC, PsycINFO, Social Work Abstracts, PubMed, Thomson Reuters (ISI), Web of Science,
and Sociological Abstracts. Os artigos incluídos nesta revisão foram publicados em revistas de
língua inglesa, revisadas por pares. Inicialmente, as nove bases de dados geraram um total
inicial de 61.147 artigos, mas após a remoção dos duplicados houve uma redução para 31.779,
as subsequentes triagem e avaliação resultaram em 567 estudos, os quais foram revisados e 545
foram selecionados como estudos primários. Combinado com a revisão anterior (n = 427
estudos), foram sintetizados 972 artigos, nos quais os autores encontraram 28 práticas de
intervenção focadas que atendiam aos critérios para PBE. A população participante dos estudos
deveria ter idade entre o nascimento e 22 anos e foram identificados como tendo TEA, Autismo,
Síndrome de Asperger, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento - não especificado ou Autismo de Alto Funcionamento2. As cinco novas
práticas encontradas nesta revisão foram: Behavior Momentum Intervention, Direct Instruction,
Music-Mediated Intervention, Sensory Integration e Augmentative and Alternative
2
Esta terminologia não está em conformidade com as atualizações do DSM-5-TR.
36
3
O estudo utiliza a termo “telepractice”, a tradução para o português é "teleprática". O termo se refere à prestação
de serviços de saúde, terapia, educação ou outros tipos de intervenção à distância, por meio de tecnologias de
comunicação, como videoconferência, telefone, ou outros meios online.
38
uma maior variedade de opções de serviços e de reduzir as barreiras de acesso aos serviços
(Garnett; Davidson; Eadie, 2022).
O estudo de Vismara et al. (2018) teve como objetivo comparar o treinamento de pais
em telessaúde4 do Early Start Denver Model (Modelo Denver de Estimulação Precoce) (ESDM)
com um programa de intervenção precoce de tratamento comunitário, por meio de um estudo
controlado randomizado. Os pais foram randomizados para participar de sessões semanais de
videoconferência P-ESDM ou sessões mensais de videoconferência com recursos alternativos
para apoiar a intervenção. Os resultados indicam que o treinamento de telessaúde foi eficaz em
facilitar maiores ganhos de fidelidade dos pais e satisfação com o programa em comparação
com o grupo comunitário, além de apresentar melhora nas habilidades de comunicação social
das crianças em ambos os grupos. Conclui-se, portanto, que o treinamento de telessaúde é viável
e pode ser utilizado para melhorar a intervenção dos pais e satisfação com o programa.
No ano de 2021, Beaumont et al. (2021) conduziram um ensaio clínico com o propósito
de examinar a eficácia dos jogos de computador na promoção do desenvolvimento de HS em
crianças diagnosticadas com TEA. O estudo englobou a participação de 70 díades, cada uma
composta por um pai ou mãe e uma criança, sendo 60 meninos e 10 meninas com idades
compreendidas entre 7 e 12 anos. Esta pesquisa foi realizada na Austrália e os participantes
foram atribuídos aleatoriamente a dois grupos distintos: o grupo denominado Secret Agent
Society (SAS) e o grupo do Programa de treinamento cognitivo apoiado por cuidadores
(Caregiver-supported cognitive skills training game) (CIA). O programa SAS consistiu em uma
abordagem multimídia voltada para o desenvolvimento de HS e emocionais, projetado com o
intuito de estimular a aplicação prática das habilidades adquiridas. Por outro lado, o grupo CIA
não incorporou elementos relacionados a HS ou emocionais (Beaumont et al., 2021).
Os resultados foram avaliados em três momentos distintos: antes do início da
intervenção, imediatamente após a intervenção (10 semanas após o início) e seis semanas após
o término da intervenção. Os critérios de inclusão estipularam que os participantes não
deveriam estar envolvidos em qualquer outra forma de terapia voltada para o aprimoramento
de habilidades socioemocionais durante o período do estudo. Entre os participantes, 24,3%
deles apresentavam TDAH, enquanto a maioria dos pais que participaram do estudo eram mães
(91,4%). A intervenção consistiu em sessões semanais de treinamento com os pais, conduzidas
4
A telessaúde é um campo da saúde que utiliza tecnologias de informação e comunicação (TIC) para fornecer
serviços de saúde a distância. Ela engloba uma variedade de serviços e atividades que podem incluir consultas
médicas online, monitoramento remoto de pacientes, educação a distância para profissionais de saúde, acesso a
informações médicas via internet, entre outros.
39
online e com uma duração máxima de 30 minutos por sessão. Para a avaliação dos resultados,
uma variedade de instrumentos foi empregada, incluindo o Social Skills Questionnaire5 (SSQ),
Emotion Regulation and Social Skills Questionnaire6 (ERSSQ), Spence Children's Anxiety
Scale - Parent7 (SCAP-S), Eyberg Child Behavior Inventory – Parent (ECBI) e um Program
Satisfaction Ratings8, utilizando uma escala de classificação tipo Likert (Beaumont et al.,
2021).
Os resultados da pesquisa indicaram que as crianças que participaram do grupo SAS
apresentaram um desempenho superior em termos de HS, emocionais e comportamentos
problemáticos, conforme avaliado pelos pais, em comparação com os participantes do grupo
CIA. Estes achados sugerem que a intervenção pode representar uma abordagem terapêutica
prática e economicamente viável, especialmente em situações de restrição no acesso aos
serviços presenciais, como ocorreu durante a pandemia de COVID-19. Em resumo, o estudo
oferece evidências significativas para respaldar a implementação de intervenções baseadas em
jogos de computador, visando a melhoria das HS e emocionais em crianças com TEA. Pesquisas
futuras podem se concentrar na replicação desses resultados e na avaliação da eficácia dessas
intervenções a longo prazo (Beaumont et al., 2021).
Ao sair da pré-adolescência e ao considerar a adolescência, o estudo de Mirzaei et al.
(2022) consiste em uma revisão sistemática dos programas de treinamento de HS para
adolescentes com TEA de alto funcionamento. Houve a revisão de três bancos de dados:
PubMed, Scopus e ProQuest, nos quais foram encontrados e analisados 20 estudos. Os
resultados apontaram que o dado mais importante é o envolvimento dos pais. Outros dados
importantes que foram inferidos são: o ensaio e a prática de HS, atenção às trajetórias de
desenvolvimento, pontos fortes e fracos do indivíduo e uso de ferramentas quantitativas e
qualitativas. Conclui-se que pode ser útil ter em consideração oportunidades de melhoria,
generalização e durabilidade das HS.
Em Li et al (2022), o objetivo foi avaliar a eficácia de um programa de oito semanas do
Project Improve Parents as Communication Teacher9 (Projeto ImPACT), o qual consiste em
um programa de treinamento de HS baseado em evidências e mediado pelos pais. Foi realizado
de forma online, para crianças com TEA e seus pais na China, durante a pandemia da COVID-
19. Os critérios de inclusão consistiram em: as crianças terem um diagnóstico de TEA de acordo
5
Referido em português como: Questionário de Habilidades Sociais.
6
Não possui uma tradução oficial em português.
7
Referida em português como: Escala Spence de Ansiedade Infantil.
8
Avaliação do Programa realizada pelos pais.
9
Tradução para o português: Projeto Melhorar os Pais como Professores de Comunicação.
40
com o DSM-V; idade entre 2 e 6 anos; os pais terem entre 20 e 50 anos; pais com acesso à
internet para sessões; os pais tinham que residir com os filhos diagnosticados durante o período
de intervenção. Quanto ao programa de intervenção, devido à pandemia e à longa lista de espera
para serviços de intervenção, o programa passou por adaptações, de 12 semanas com uma hora
de duração passaram a ser oito semanas com sessões de 1h30m.
Os instrumentos utilizados foram: Questionário Demográfico, Social Responsiveness
Scale10 (SRS), Autism Treatment Evaluation Checklist11 (ATEC), Parenting Stress Index-Short
Form The Parenting Stress Index-Short Form12 (PSI-SF) e Parental Self-Efficacy of
Competence Scale The Parental Self-efficacy of Competence Scale13 (PSOC), a análise de dados
ocorreu por meio do software SPSS 24.0. O estudo piloto foi não randomizado com um grupo
controle e um grupo de lista de espera, os quais foram separados de acordo com a ordem de
recrutamento, ao todo participaram 68 crianças. Os resultados apontam que o programa Project
ImPACT melhorou significativamente a comunicação social relatada pelos pais, o
envolvimento dos pais no programa de treinamento produziu uma redução no estresse parental
e um aumento na competência percebida no papel parental. O programa foi classificado pelos
pais como aceitável em termos de cronograma curricular, conteúdo da sessão, tarefas de casa e
feedback do terapeuta. Conclui-se que é um programa de treinamento de HS viável e eficaz para
famílias de crianças com TEA (Li et al., 2022).
Um dos meios para consecução da classe de iniciar e manter amizades pode ser realizado
por meio das brincadeiras. Com isto, Raulston et al (2020) realizaram uma intervenção com
brincadeiras, as quais foram implementadas pelos pais para crianças pequenas com TEA e seus
respectivos pares. O estudo apresentou um delineamento de linha de base múltipla, composto
por três tríades pai-criança-par. Visando avaliar os efeitos do treinamento, após a intervenção,
houve avaliação, pelos pais, da validade social da intervenção. Os resultados apontaram que
dois dos três pais atingiram o critério proposto inicialmente e a terceira tríade necessitou de
uma modificação durante o procedimento, visto que o comportamento desafiador da criança foi
uma hipótese para a implementação da intervenção com ela.
(B) Estudos de treino parental e estudos de ensino de Habilidades Sociais que mediram
qualidade de vida e redução de estresse.
10
Referida em português como: Escala de Responsividade Social.
11
Referida em português como: Lista de Verificação de Avaliação do Tratamento do Autismo.
12
Referido em português como: Índice de Estresse Parental – Forma Curta.
13
Referida em português como: Escala de Autoeficácia Parental de Competência.
41
conclusão de que este programa online, combinando ABA e práticas de redução de estresse,
tem como consequência resultados positivos para crianças com TEA e suas famílias. Apesar da
amostra ser pequena, este estudo inicial forneceu a possibilidade de entregar esta abordagem de
intervenção combinada de forma eficaz e online. Portanto, o treinamento de pequenos grupos
de pais em um formato online pode ser um método viável e eficiente de prestação de serviços
(Pennefather et al., 2018)
Kuravackel et al. (2018) conduziram um estudo com o propósito de avaliar a eficácia
do programa COMPASS for Hope (C-HOPE) no treinamento e suporte aos pais de crianças com
TEA. O programa compreendeu uma intervenção parental com duração de oito semanas,
oferecendo a opção de telessaúde ou atendimento presencial. Após a conclusão da intervenção,
os pais relataram uma diminuição no estresse parental, um aumento na sensação de competência
e uma redução nos problemas de comportamento infantil em comparação com os níveis
anteriores à intervenção, bem como em relação ao grupo de controle em lista de espera.
Os autores Kaiser et al. (2022) realizaram um programa de treinamento para pais negros
com filhos com TEA, os autores levaram em consideração que o Treinamento de Pais é escasso
no que tange a modelos culturalmente fundamentados, as barreiras para realização do
diagnóstico, na aquisição de serviços e inclusão de populações sub-representadas, incluindo
famílias negras, portanto, visando o aumento do conhecimento e do empoderamento destes. O
primeiro passo deste programa consiste em abordar a falta de inclusão. O treinamento foi
implementado com base no programa de Treinamento de Pais, denominado Spectrum of Care14,
após o processo de implementação do programa, feedbacks foram fornecidos pelos pais. A
partir dos resultados, inferiu-se que estratégias culturalmente respaldadas podem promover o
engajamento e o empoderamento das famílias negras, há a necessidade de pesquisas que
atendam a desconfiança dos pais e examinem mais de perto as estratégias culturalmente
fundamentadas.
Os resultados apontam para um aumento do sentimento de empoderamento dos pais no
ensino de habilidades para os filhos. Os autores apontam que a maioria dos treinamentos de
pais e intervenções que envolvem pais foi desenvolvida sem considerar as necessidades únicas
de comunidades sub-representadas, como a comunidade negra. Apontam, ainda, que crianças
negras com TEA não são apenas diagnosticadas erroneamente ou não são diagnosticadas, mas
também não estão acessando os serviços da mesma forma que seus pares brancos, os pais
14
Desenvolvido pela organização comunitária The Color of Autism Foundation, o programa foi baseado em dois
objetivos principais: (1) criar um círculo de apoio para os pais se conectarem e se curarem de traumas raciais
contínuos e históricos e (2) usar pais de crianças negras com autismo como os principais facilitadores.
43
15
Denominado: Training Program For Parents of Children From Preschool to Pre-adolescent age with Autism
Spectrum Disorder
44
16
Traduzido para o português como: Deficiências do desenvolvimento.
45
17
Referida em português como: Ferramenta de fidelidade dos pais.
18
Referida em português como: Escala de Observação Diagnóstica do Autismo.
19
Não possui um nome oficial em português amplamente reconhecido, no entanto, pode ser referida como
Entrevista Diagnóstica para o Autismo, Revisada.
20
Referida em português como: Escala de Comportamento Adaptativo Vineland.
21
Referida em português como: Índice de Estresse Parental, quarta edição.
22
Referida em português como: Escala de Empoderamento Familiar.
46
aumentar a integridade do tratamento dos pais no curso do tratamento padrão, ou seja, visando
facilitar o aprendizado dos pais durante a sessão de treinamento, houve a implementação de um
treinamento de sujeito único, sendo que cada família recebia dois pacotes: (1) Treinamento
Parental Manualizado [PT-Alone] e; (2) Treinamento Parental Manualizado com um
componente de suporte parental [PT-Plus]). O treinamento ocorreu durante 18 semanas, cinco
famílias com crianças com idade média de 32 semanas participaram das 11 sessões principais
do manual de Treinamento de Pais para Comportamentos Disruptivos da Rede de Unidades de
Pesquisa em Intervenção Comportamental em Autismo, seguindo três observações iniciais. O
componente de suporte aos pais consistiu em aproximadamente 15 minutos de terapia de
suporte, momento no qual havia apoio para os pais, que visava aliviar o estresse parental que
dificultava a aquisição de habilidades. Os resultados apontam que o acréscimo do componente
de suporte aos pais influenciou no aumento do envolvimento dos pais e das habilidades
parentais aprendidas, portanto mudanças de comportamento parental e a inclusão de suporte
aos pais consistem em uma prática eficaz para o treinamento parental (Cartwright; Mount,
2022).
Em relação às modalidades de treinamento, tradicionalmente, estes eram realizados de
forma presencial, no entanto, atualmente, e principalmente com a pandemia da COVID-19,
muitos passaram a ser realizados de forma online. Os autores Sadeghi, Pouretemad e Shalani
(2022) realizaram um estudo comparativo entre treinamento de intervenção realizado online
versus presencial para pais de crianças pequenas com tempo excessivo de tela e sintomas
semelhantes ao TEA. O objetivo do estudo foi comparar os resultados entre ambas as
intervenções. Participaram 40 díades mãe-crianças, as quais foram separadas em dois grupos:
(1) Intervenção baseada na internet e; (2) intervenção presencial. Ambos os grupos receberam
intervenção de uma sessão por semana durante sete semanas. Os instrumentos utilizados foram:
Gilliam Autism Rating Scale23 (GARS-2), Repetitive Behavior Scale-Revised24 (RBS-R) e
Parenting Stress Index25 (PSI). A análise dos dados das escalas não demonstrou diferença
significativa entre os grupos para qualquer uma das medidas pré e pós-intervenção. No entanto,
após a intervenção, inferiu-se alterações significativas dos sintomas em comparação com antes
da intervenção e que o estresse parental foi significativo relacionado aos sintomas de TEA da
criança e à gravidade dos comportamentos repetitivos. O estudo apontou que ambas as
modalidades de intervenção são igualmente benéficas. Logo, os resultados apontam para a
23
Referida em português como: Escala de Classificação de Autismo de Gilliam - segunda edição.
24
Referida em português como: Escala de Comportamento Repetitivo Revisada.
25
Referida em português como: Índice de Estresse Parental.
47
possibilidade do uso da internet como meio para intervenções de treinamento parental (Sadeghi;
Pouretemad; Shalani, 2022).
Outro estudo realizado durante a pandemia da COVID-19 ocorreu no Irã e foi realizado
por Samadi et al. (2020), considerando o isolamento social e, consequentemente, o fechamento
das clínicas. Os autores pesquisaram sobre o uso da teleprática para apoiar pais de crianças com
TEA durante o isolamento da COVID-19. Houve a participação de funcionários de 30 creches,
os quais se ofereceram para participar de um treinamento e suporte online, de dois meses, para
336 cuidadores de crianças com TEA de diferentes idades. O treinamento contou com
informações visuais e escritas, sessões de vídeo síncronas e orientações aos pais sobre os
objetivos de aprendizagem planejados para as crianças. A coleta de dados ocorreu por meio de
dados qualitativos e quantitativos para avaliar a aceitabilidade do uso da teleprática e os
resultados alcançados. Dentre os resultados encontrados estão: baixa taxa de desistência e
feedback positivo advindos dos pais. O estudo conclui que, independente do uso da teleprática
durante a pandemia da COVID-19 ou de períodos de isolamento social, esta prática pode ser
considerada para incentivar maior participação dos pais ou com famílias que moram em áreas
sem creches. Entretanto, novos estudos são necessários para comparar a teleprática com as
intervenções presenciais usuais em creches e documentar seu impacto e seu custo-benefício
para pais e criança.
Gao et al. (2020) realizaram um estudo com o objetivo de investigar o efeito do
treinamento parental baseado no modelo ESDM combinado com treinamento intensivo no
resultado do tratamento de crianças com TEA e seu impacto no estresse parental. Participaram
70 crianças com TEA, com idade entre 2 e 5 anos, as quais foram divididas aleatoriamente em
dois grupos: grupo ESDM (n=35) que recebeu treinamento intensivo baseado em ESDM e
grupo de treinamento parental (n=35) que, além do treinamento intensivo baseado em ESDM,
recebeu treinamento em habilidades ESDM pelos pais. Ambos os grupos foram avaliados pelo
Autism Behavior Checklist26 (ABC), Childhood Autism Rating Scale (CARS), ATEC e pelo
PSI-SF antes e após uma intervenção de três meses. Após a intervenção, os resultados
mostraram que ambos os grupos apresentaram uma diminuição significativa nos escores totais
de ABC, CARS e ATEC (P<0,05). Além disso, houve uma diminuição significativa nos escores
totais do PSI-SF nos dois grupos (P<0,05). No entanto, não houve diferença significativa entre
os dois grupos em relação aos escores totais de ABC, CARS, ATEC e PSI-SF antes e após a
intervenção (P>0,05). O grupo ESDM apresentou uma diminuição significativa nos escores da
26
Referida em português como: Lista de Verificação de Comportamentos do Autismo.
48
TEA. Com o objetivo de aumentar o suporte aos irmãos, foi realizado um estudo com
treinamento de pais e irmãos, no qual os pais aprenderam técnicas, como instruções,
modelagem, ensaio e feedback, para estimular e reforçar comportamentos pró-sociais em seus
filhos com DT. Os efeitos do treinamento foram examinados em uma linha de base múltipla em
todo o projeto de famílias e os resultados mostraram que o estímulo e o reforço dos pais aos
comportamentos pró-sociais dos irmãos com DT aumentaram, resultando em um aumento
desses comportamentos, como compartilhar e conversar com seu irmão com TEA. Esses
resultados fornecem informações úteis para apoiar famílias de crianças com TEA por meio de
intervenções de treinamento entre pais e irmãos, que poderiam ser estendidas para análises mais
longas, ajustes e relacionamentos de todos os membros da família, bem como as características
dos irmãos que podem influenciar a resposta ao treinamento.
Nesse contexto, Waddington et al. (2020) realizaram um estudo com cinco mães que
participaram de um programa de treinamento de pais de 12 semanas, a fim de investigar o uso
de técnicas específicas do modelo ESDM pelas mães e sua relação com o engajamento e a
linguagem expressiva dos filhos. Foram coletadas amostras de dez minutos de brincadeiras
antes, durante e um mês após o programa de treinamento, as quais foram codificadas para
identificar o uso das 18 técnicas específicas do modelo ESDM pelas mães. Os resultados
demonstraram um aumento no número de técnicas utilizadas pelas mães desde a linha de base
até o final do treinamento, bem como correlação moderada ou forte entre algumas técnicas e o
engajamento da criança e sua linguagem expressiva. Entretanto, houve variação significativa
nos resultados de cada díade mãe-filho. Os autores destacaram que esses resultados
preliminares têm implicações importantes para o treinamento dos pais em intervenções para
crianças pequenas com TEA.
Assim, a partir da revisão de literatura destacada e dos conceitos apresentados,
organizou-se uma pesquisa interventiva descrita no capítulo seguinte, a qual tem como objetivo
geral analisar intervenção online sobre habilidades sociais para mães de crianças com TEA. Os
objetivos específicos deste estudo são: descrever necessidades comuns de mães de crianças com
TEA; analisar a frequência de coocorrência das classes de habilidades sociais e temas nas
sessões de intervenção; analisar a validade social da intervenção e; analisar os efeitos
secundário da intervenção sobre o repertório de HS das crianças. O presente estudo é algo
inovador por ser realizado, em seis encontros, com mães de crianças com TEA. A quantidade
de encontros foi escolhida com base na quantidade de habilidades do instrumento Inventário de
Habilidades Sociais, Problemas de Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças
(SRSS-BR) (Bandeira et al., 2009) e na experiência prática, momento no qual ocorreu a
51
observação da assiduidade e adesão das mães (começaram a ocorrer muitas faltas, os encontros
começaram a ficar espaçados), dado este que poderia prejudicar o vínculo entre as mães e a
pesquisadora.
52
2. CAPÍTULO II
2.1. MÉTODO
O método utilizado neste estudo foi o delineamento de intervenção, do tipo pré e pós
teste (A-B), tratando-se de uma pesquisa quantitativa e qualitativa. Quanto à análise
quantitativa, houve a precisa descrição das características por meio da utilização de
instrumentos padronizados de coleta de dados, como questionários e formulários, que
resultaram em dados de caráter quantitativo (Gil, 2008). Quanto à análise qualitativa,
considerou-se que as informações coletadas fossem agrupadas e categorizadas, sendo os dados
submetidos a: (a) redução dos dados, em que os dados obtidos foram organizados de acordo
com os objetivos da pesquisa; (b) apresentação, na qual, a partir da organização, foi possível
analisar as semelhanças e diferenças entre os dados e; (c) conclusão, na qual ocorreu uma
revisão dos dados com o intuito de verificar os significados e explanações (Gil, 2008).
procedimentos em qualquer etapa da pesquisa realizada de forma online, visto que existiam
riscos característicos do ambiente virtual e dos meios eletrônicos, considerando que não são
realizadas de modo presencial mas, sim, por meio eletrônicos, e, com isso, geram limitações as
quais estão estritamente ligadas às limitações das tecnologias utilizadas (BRASIL, 2021).
Dentre as possíveis limitações que poderiam ocorrer estavam: instabilidade na conexão da
internet e; risco de as informações serem compartilhadas sem a autorização e o controle da
pesquisadora. Portanto, há limitações dos pesquisadores para assegurar total confidencialidade
e potencial risco de sua violação (BRASIL, 2021), no entanto, os cuidados referentes aos
procedimentos éticos foram tomados.
A caracterização geral das mães participantes está contida no Quadro 1, o qual sintetiza
informações sobre a configuração familiar, filhos e idades destes, estado, CCEB, tempo médio
57
P1 P2 P3 P4 P5 P6
Configuração
Nuclear Nuclear Nuclear Nuclear Nuclear Nuclear
familiar
Estado Bahia São Paulo São Paulo São Paulo Paraná São Paulo
CCEB** A B2 C1 B2 C2 B2
Já receberam
ou
participaram
Não Não Não Não Não Não
de programas
de orientação
parental?
*As participantes foram codificadas com a letra P.
** Critério de Classificação Econômica Brasil.
Fonte: Dados do estudo (2023)
C1 C2 C3 C4 C5 C6
Nível de
Nível 2 Nível 1 Nível 1 Nível 1 Nível 2 Nível 1
apoio
Fono: 1 hora
Psicopedagogia:
Fono: 1 hora
3 horas TO: 6
Fono***: 1 TO: 1 hora TO: 2
Terapias Psicologia: 2 horas
hora Psicopedagogia: horas
(especialidade horas Fono: 6 Não
TO***: 1 hora 1 hora Fono: 1
e quantidade Ludoterapia: 1 horas realiza.
Psicopedagogia: Psicologia: 1 hora
de horas) hora Psicologia:
2 horas hora
Educador 6 horas
especial: 2
horas
Durante a
Momentos de Final de
escola, aos Na escola Na escola
interação com Durante a Durante a semana,
sábados no e nas e final de
outras escola escola na casa da
clube, em terapias semana
crianças avó
brinquedoteca
Houve a organização de seis encontros para cada família, a quantidade de encontros foi
definida inicialmente com base na quantidade de habilidades que são avaliadas pelo SRSS-BR,
versão em que os respondentes são os pais, no entanto, ao longo do tempo, e com a distância
temporal entre os encontros, notou-se que o vínculo entre a pesquisadora e as mães também
poderia ficar impactado. A duração média dos encontros foi de 45 minutos e 56 segundos.
Os dados obtidos a partir do primeiro encontro forneceriam o direcionamento para as
orientações dos demais encontros, no entanto, a primeira família solicitou que houvesse um
encontro a mais. Em todos os encontros foram realizados:
• 1º Momento: Acolhimento com as mães, atualização sobre como havia sido a
semana da família e os comportamentos do filho durante a semana.
• 2º Momento: Instruções precisas, embasadas no documento compartilhado com as
mães (APÊNDICE F), bem como o fornecimento de apoio emocional, sendo estes
elementos essenciais no processo de formação dos responsáveis. Cada um desses
recursos de orientação foi encaminhado aos participantes após cada encontro.
• 3º Momento: Momento em que a pesquisadora solicitava que as mães expressassem
alguma demanda eventual ou solicitação a ser trabalhada ou que necessitavam de
apoio e orientação.
Quanto à intervenção, a construção do vínculo se desdobrou ao longo dos encontros,
com a fase inicial de cada encontro destinada ao tempo de fala das mães. Para a realização dos
encontros, foram tomadas precauções, incluindo ambientes silenciosos e a minimização de
quaisquer interferências, elementos que são considerados cuidados metodológicos.
Adicionalmente, foi implementado um monitoramento assíncrono por meio do aplicativo
WhatsApp, uma vez que a ausência dessa opção de comunicação assíncrona poderia ter
implicado em uma dinâmica de vínculo mais restrita. Ao longo da semana, as dúvidas eram
retiradas por meio de aplicativo de mensagens instantâneas (WhatsApp), foi mantido contato
semanal e individual com cada participante.
A intervenção se baseou em roteiros escritos, contendo diretrizes que incluíram tanto
orientações verbais (instrucional) quanto feedback, sendo aplicados em todos os encontros.
Além de fornecer as instruções, a pesquisadora ofereceu modelos por meio de exemplos de
61
a descrição dos participantes e do repertório de HS. Esta etapa se fez necessária, visto que a
participação das mães e a caracterização do repertório das crianças são basilares no processo de
intervenção e consistem no ponto de partida, pois, a partir da aplicação do SRSS, foram
elencadas as classes de HS a serem trabalhas com as mães em cada encontro.
O formulário de informações sobre a família foi construído exclusivamente para esta
etapa. Em seguida, houve a aplicação do CBEE e do SRSS. Os encontros foram realizados em
horário escolhido previamente pela família. O primeiro encontro teve duração de 45 minutos
para P1, P3 e P5, de 44 minutos para P2 e P4 e de 42 minutos para P6. Com a finalização dos
encontros, foi enviado às mães participantes o instrumento Questionário de Validação Social
por meio de um link para que pudessem avaliar a intervenção sob o seu ponto de vista. Ademais,
a etapa de follow up foi realizada com o Questionário de Acompanhamento, enviado por meio
de um link, para que as participantes do estudo pudessem responder sobre a aplicabilidade das
orientações desde a finalização das intervenções.
A seguir, serão expostos os Quadro 5 a Quadro 16 com detalhamento do que foi
realizado durante os encontros com as participantes, os quadros foram subdivididos por uma
questão didática e estética. O Quadro 5 conta com a caracterização da intervenção para P1 e
com a descrição dos encontros 01 ao 03.
Documento
com
orientações Enviado Enviado Enviado
sobre o tema
do encontro
Respondendo aos vídeos
Respondendo aos vídeos enviados: (1) Como no
enviados: (1) C1 imita os pares, vídeo C1 apresenta
podemos aproveitar essa dificuldade em encontrar,
habilidade para ensinar outras, por em casa, você pode realizar
Tipo de
exemplo, imitar os colegas brincadeiras similares com
material
durante um jogo de interação ele; (2) A brincadeira
fornecido pela
como pique, pega.; (2) C1 não tem realizada no vídeo também
pesquisadora
Mensagem Confirmando o resistência em pegar nas mãos dos é uma brincadeira que seria
escrita próximo encontro colegas, você pode mediar possível realizar em casa e,
brincadeiras como “meu mestre como consequência por ter
mandou”; (3) C1 se expressa bem achado a letra, vocês
verbalmente, você poderá fornecer poderiam brincar juntos no
o modelo verbal para ele quando pula, pula; (3) Vocês
alguma precisa de ajuda para podem brincar de "Com que
solucionar algo, como: Mamãe, letrar começa?" quando
me ajuda? verem alguma palavra, por
exemplo, supermercado.
Tipo de
Fotos Não houve envio Não houve envio Não houve envio
material
fornecido pela
mãe Mãe enviou mensagem sobre a
aula de judô: “Eu falei que eu não
queria nenhuma faixa preta, o
judô era para disciplina, um pouco
pela questão motora, ele ia ser
Mensagem faixa branca para mim o resto da Mensagem solicitando para
Não houve envio
escrita vida, mas o professor não adiar o encontro
entendia, C1 começou a dormir na
hora do judô porque não queria ir,
a natação eu tirei porque ele está
com uma inflamação na adenoide,
por isso eu tirei”.
Informações
sobre a Não houve Não houve Não houve
rotina
64
Acolhimento, retirada de
Acolhimento, retirada de dúvidas,
Apresentação do que dúvidas, compartilhamento
compartilhamento de tela com o
Atividade seria realizado, da tela com o documento
documento fornecido pela
realizada aplicação dos fornecido pela
pesquisadora, leitura dele e
instrumentos. pesquisadora, leitura dele e
orientações para a mãe.
orientações para a mãe.
Respondeu a todos os
A mãe aproveitou o espaço
Aspectos instrumentos utilizados Participação, interesse e retirada
para demonstrar sua
positivos para obtenção de de dúvidas por parte da mãe.
preocupação com o filho.
informações.
Fornecer previsibilidade
para C2 sobre as Antes de ir aos ambientes,
mudanças na rotina. P2 poderá relatar para C2 o Me envie mensagens caso tenha
Instruções realizadas pela
Orientação de que levem que ela terá direito de alguma demanda ao longo do
pesquisadora
algum item de interesse escolher, por exemplo, tempo.
para C2 brincar durante somente uma caneta.
as saídas em família.
Fonte: Dados do estudo (2023)
P3 apresentou a
Receberam convite para o preocupação sobre C3
Informações
aniversário de um colega de brincar ou não com outras
gerais
C3. crianças. "Ele só corre entre
as crianças".
Início das provas escolares
Relato da mãe novamente e a dificuldade
em estudar. "Ele quer pular
Informações
para o final". Relato sobre
sobre a Aumento da medicação
um momento em que estava
rotina
com dificuldade na
atividade de português e
chorou.
Acolhida, retirada de
dúvidas, compartilhamento
Acolhimento, retirada de Acolhimento, retirada de de tela com o documento
dúvidas, compartilhamento dúvidas, compartilhamento fornecido pela
Atividade de tela com o documento de tela com o documento pesquisadora, reaplicação
realizada fornecido pela pesquisadora, fornecido pela pesquisadora, do SRSS, realização do
leitura dele e orientações leitura dele e orientações combinado do envio do
para a mãe. para a mãe. Questionário de Validação
Social via WhatsApp e
Forma como finalização do encontro.
os encontros
A pesquisadora solicitou
foram Não houve envio de Não houve envio de
Dificuldades duas vezes para que o
conduzidos mensagens e vídeos no mensagens e vídeos no
encontradas Questionário fosse
intervalo entre os encontros. intervalo entre os encontros.
respondido.
Participação, interesse e Participação, interesse e Participação, interesse e
Aspectos
retirada de dúvidas por parte retirada de dúvidas por parte retirada de dúvidas por
positivos
da mãe. da mãe. parte da mãe.
Envio de vídeos para o Envio de vídeos para o
Expectativas
próximo encontro e próximo encontro e Seguimento das orientações
para a
seguimento das orientações seguimento das orientações fornecidas.
semana
fornecidas. fornecidas.
Fornecer previsibilidades
para o filho quando ocorrer
situações de dificuldade
Anotar caso perceba como, "Filho, você pode
mudança de comportamento encontrar alguma Me envie mensagens caso
Instruções realizadas pela
com o aumento da dificuldade, mas podemos tenha alguma demanda ao
pesquisadora
medicação e que leve ao pensar em uma solução longo do tempo.
médico. juntos"; "Filho, quando você
pede ajuda, eu consigo te
ajudar". Fracionar as
atividades.
Fonte: Dados do estudo (2023)
Tempo de exposição às
telas, a mãe respondeu “É Baixa constância no A mãe informou que C3 está
Informações
super errado, mas a gente comportamento de cumprimentar interessada no livro o
gerais
não controla, ela almoça as pessoas. Cachorrinho Samba.
Relato da mãe
assistindo”.
Informações
Não teve aula da sala de Não houve aula da sala de
sobre a C4 ficou doente e não foi à aula.
recurso e "ficou agitada". recurso.
rotina
Forma como Acolhimento, retirada de
Apresentação do que seria Acolhimento, retirada de
os encontros Atividade dúvidas, compartilhamento de
realizado, aplicação dos dúvidas, compartilhamento de
foram realizada tela com o documento
instrumentos. tela com o documento fornecido
conduzidos fornecido pela pesquisadora,
74
Tempo de exposição às
telas, a mãe relatou que
Relato da mãe
está tentando tirar, eles
Informações
moram no sítio e para a Presença do avô na casa da
sobre a Não houve
mãe conseguir fazer algum família.
rotina
serviço, ele fica na
televisão por volta de 3
horas.
Acolhimento, retirada de Acolhimento, retirada de
dúvidas, compartilhamento de dúvidas, compartilhamento
Apresentação do que seria
Atividade tela com o documento de tela com o documento
realizado, aplicação dos
realizada fornecido pela pesquisadora, fornecido pela
instrumentos.
leitura dele e orientações para pesquisadora, leitura dele e
a mãe. orientações para a mãe.
Conexão com a internet. A
mãe utilizava o
Uma profissional da clínica
computador e a rede de
Dificuldades entrou no ambiente em que
Forma como internet da clínica que o Não houve
encontradas a mãe estava realizando o
os encontros filho fazia terapia
encontro.
foram ocupacional, a internet
conduzidos oscilou.
Respondeu a todos os
Participação, interesse e Participação, interesse e
Aspectos instrumentos utilizados
retirada de dúvidas por parte retirada de dúvidas por
positivos para obtenção de
da mãe. parte da mãe.
informações.
a folha no chão", e
mensagem confirmando o
horário, minutos antes do
horário marcado.
A mãe relatou que ele finge
chorar para conseguir o que
deseja. “Para ele ganhar as
Segundo a mãe, na escola,
Dificuldade em guardar os coisas, ele fala estou triste, às
Informações tem uma amiga que gosta
brinquedos após finalizar a vezes, ele nem está chorando
gerais bastante dele e o busca
brincadeira. e fala, estou chorando, ele
para brincar com o grupo.
sabe que se ficar triste, a
Relato da mãe gente fica com dó e vai
ceder”.
A mãe relatou uma visita na
casa de uma amiga em que
Informações
C5, ao chegar, solicitou o
sobre a C3 ficou doente Não houve
celular, mas ela mostrou os
rotina
animais de brinquedo e ele
aceitou brincar com estes.
Acolhida, retirada de
dúvidas, compartilhamento
Acolhimento, retirada de Acolhimento, retirada de de tela com o documento
dúvidas, compartilhamento dúvidas, compartilhamento fornecido pela pesquisadora,
Atividade de tela com o documento de tela com o documento reaplicação do SRSS,
realizada fornecido pela pesquisadora, fornecido pela realização do combinado do
leitura dele e orientações pesquisadora, leitura dele e envio do Questionário de
para a mãe. orientações para a mãe. Validação Social via
Forma como WhatsApp e finalização do
os encontros encontro.
foram
Dificuldades A mãe entrou atrasada no
conduzidos Conexão com a internet Não houve
encontradas encontro.
Participação, interesse e Participação, interesse e Participação, interesse e
Aspectos
retirada de dúvidas por parte retirada de dúvidas por retirada de dúvidas por parte
positivos
da mãe. parte da mãe. da mãe.
Envio de vídeos para o Envio de vídeos para o
Expectativas
próximo encontro e próximo encontro e Seguimento das orientações
para a
seguimento das orientações seguimento das orientações fornecidas.
semana
fornecidas. fornecidas.
Inicialmente, propor uma
brincadeira para que os Mediar com dicas para que Me envie mensagens caso
Instruções realizadas pela
brinquedos sejam guardados C5 também busque pelos tenha alguma demanda ao
pesquisadora
como: vamos ver quem colegas para interagir. longo do tempo.
guarda mais?
Fonte: Dados do estudo (2023)
Documento
com
orientações Enviado Enviado Enviado
sobre o tema
do encontro
Resposta a mensagem: "P6,
Tipo de
quando C6 para de fazer a
material
atividade, ele fica bem,
fornecido pela
então, antes de iniciar as
pesquisadora A pesquisadora acolheu a
Mensagem tarefas, fragmente em
Confirmando o encontro demanda da mãe e o
escrita pedaços menores para que
encontro foi remarcado.
ele consiga ir finalizando as
partes que foram
fragmentadas até chegar ao
todo" .
Vídeo Não houve Não houve Não houve
Fotos Não houve Não houve Não houve
"Ele tinha que ler um texto
Tipo de para responder umas
material questões referentes ao texto.
"Desculpa, estou com muito
fornecido pela Mensagem E a tia disse que não era para
trabalho e por causa do
mãe Não houve copiar, que tinha que
escrita feriado, podemos deixar para
escrever um texto. E ele
a semana que vem?".
sofreu muito. Não acabou a
tarefa. Depois que ele para
de fazer, ele fica bem".
Diagnóstico ocorreu
quando a filha mais nova
começou a desenvolver HS
A mãe relatou que ela e o pai
e P6 percebeu que havia
Informações de C6 também possuem “Foi libertador contar para
algo diferente com C6. Ao
gerais dificuldade na expressão de ele sobre o diagnóstico”.
ser iniciado o processo
sentimentos.
terapêutico, C6 passou 10
sessões sem conversar com
Relato da mãe
a psicóloga.
Não foi à aula porque
haveria atividade sobre
P6, no período vespertino,
Informações socioemocional. Segundo a
realiza as atividades Viagem da família para outro
sobre a mãe, "ele não se sente bem
escolares com C6 e com a estado durante o feriado.
rotina com essas atividades, ele
prima.
custou falar te amo pela
primeira vez para o pai".
Acolhimento, retirada de Acolhimento, retirada de
dúvidas, compartilhamento dúvidas, compartilhamento
Apresentação do que seria
Atividade de tela com o documento de tela com o documento
realizado, aplicação dos
realizada fornecido pela pesquisadora, fornecido pela pesquisadora,
instrumentos.
leitura dele e orientações leitura dele e orientações
para a mãe. para a mãe.
A mãe solicitou que o
Forma como Dificuldades encontro fosse deixado para Atraso da mãe em entrar no
Não houve
os encontros encontradas a semana seguinte devido ao link.
foram feriado.
conduzidos Respondeu todos os
Participação, interesse e Participação, interesse e
Aspectos instrumentos utilizados
retirada de dúvidas por parte retirada de dúvidas por parte
positivos para obtenção de
da mãe. da mãe.
informações.
Envio de vídeos para o Envio de vídeos para o Envio de vídeos para o
Expectativas
próximo encontro e próximo encontro e próximo encontro e
para a
seguimento das orientações seguimento das orientações seguimento das orientações
semana
fornecidas. fornecidas. fornecidas.
Grave e envie vídeos e
Ao final do dia, perguntar se
mídias de C6 em contextos Reforçar nos momentos em
gostou de alguma atividade
Instruções realizadas pela com outras crianças, que interage com os primos
no dia e como se sentiu
pesquisadora interagindo com as pessoas com quem não tem
realizando-a. Fazer uma
com quem convive ou em convivência diária
aproximação gradual sobre a
momentos que você tem
80
Seguindo essa trajetória, ocorreram, nos primeiros meses de 2023, procedimentos que
envolveram a coleta e transcrição de dados, categorização temática, seguido por análises e
interpretações. Os referidos dados foram extraídos de entrevistas conduzidas através de um
formulário de identificação, posteriormente transcritas. A verificação do CCEB foi realizada de
forma individual e manual, seguindo os critérios estabelecidos no próprio instrumento. Por
outro lado, a verificação do SRSS-BR foi automatizada com base em um manual específico.
Todos os procedimentos realizados se basearam nos relatos das participantes, nos temas
identificados pela pesquisadora, nos exemplos fornecidos pelas responsáveis e nos feedbacks
fornecidos ao longo do processo. Esse conjunto permitiu uma análise temática aprofundada.
82
De acordo com Gomes (2002) e Minayo (2004), a análise temática é composta por três
etapas distintas e interligadas:
I. Pré-análise: fase inicial que consiste na organização do material a ser analisado,
levando em consideração os objetivos e as questões de estudo. Nessa etapa, são
definidos: a unidade de registro, a unidade de contexto, trechos significativos e
elaboração de categorias. Para isso, é necessário realizar uma leitura do material
a fim de compreender sua estrutura, identificar direcionamentos para a análise e
registrar impressões sobre a mensagem transmitida (Gomes, 2002).
II. Exploração do material e tratamento dos resultados obtidos: Esta etapa é o
momento em que se realiza uma análise mais detalhada do conteúdo, explorando-
o de maneira minuciosa e procedendo ao tratamento dos resultados obtidos. Esta
fase envolve a codificação, organização e identificação de padrões ou tendências
dentro do material analisado (Gomes, 2002).
III. Interpretação: etapa final do processo, na qual ocorre a interpretação dos
resultados obtidos. É o momento de relacionar as descobertas, identificar
conexões entre as categorias estabelecidas, buscar significados subjacentes e
elaborar conclusões a partir do material analisado (Gomes, 2002).
Aprofundando na etapa II, foi aplicada pela pesquisadora uma exploração quantitativa
dos dados, com apoio em pesquisa bibliográfica. Em seguida, o software Atlas TI foi utilizado
para uma análise qualitativa dos dados.
No primeiro momento, foram apurados quais temas sobre demandas comuns das mães
das crianças possibilitam uma análise dos dados do percurso vivenciado por cada família.
Ocorreu por meio de uma análise categorial temática, tal como explicitada no método, a partir
de um diálogo com o referencial teórico.
No segundo momento, o software apoiou para compreender e interpretar os diferentes
dados de HS, temáticas de todos os encontros. Esse processo empregou uma série de métodos
qualitativos para coletar e analisar dados não numéricos, como palavras e contextos, tendo
como objetivo gerar compreensões aprofundadas e contextualizadas sobre os dados em estudo.
Considerando que a investigação quantitativa é caracterizada pela sua natureza
exploratória, interpretativa e sensível ao contexto, além de ser, frequentemente, processada por
meio da tecnologia, ainda assim, demanda interação e interpretação humanas para coletar e
analisar dados. Portanto, o presente trabalho aplicou o seguinte método para análise desses
dados:
83
• Passo 1 - Conversão dos vídeos para texto: Os encontros foram conduzidos com
os participantes por meio da plataforma Google Meet, garantindo a interação em
tempo real e a captura do conteúdo das conversas. Os vídeos gravados foram
convertidos para arquivos de áudio, possibilitando uma análise mais eficiente do
conteúdo oral das interações. Os arquivos de áudio foram transcritos
automaticamente por um sistema de reconhecimento de fala, convertendo o
conteúdo oral em texto.
• Passo 2 - Elaboração de um formato padrão para os encontros: Os textos
transcritos foram estruturados em um padrão por mãe/encontro. Essa estruturação
permite uma análise sistemática e facilita a categorização do conteúdo.
• Passo 3 - Utilização de Inteligência Artificial (IA) para definição de palavras-
chave: Utilização da IA do software Atlas TI, chamado de “AI Coding”, para gerar
automaticamente os códigos (palavras-chaves), sugerindo relações complexas entre
as citações e os códigos, abrangendo sobreposições, ocupações parciais de áreas
mais amplas e sequenciamentos distintos em relação aos textos padronizados. Para
tanto, utilizou-se um algoritmo de processamento de linguagem natural para
identificar palavras-chave relevantes em cada segmento de texto, a partir de uma
análise semântica, considerando o contexto das conversas.
• Passo 4 – Realização de Triagem das Palavras-chaves: realização de triagem das
palavras-chave apuradas pela IA a fim de convergir para as habilidades sociais e
temáticas elencadas na exploração quantitativa.
Por fim, para avaliação da intervenção proposta, foram triangulados, no Capítulo 3, os
dados da primeira e da segunda aplicação do SRRS-RS, os resultados qualitativos, os resultados
obtidos no Questionário de Validação Social e no Questionário de Acompanhamento aplicados
com as mães.
84
3. CAPÍTULO III
3.1. RESULTADOS
Cada caso retrata a realidade de uma mãe dentro de uma amostra de seis díades mãe-
filho que fizeram parte deste estudo. Quanto às informações colhidas pelo SRSS-BR, houve
verificação se as mães assimilaram as informações que foram comunicadas, sendo um
indicativo desse aprendizado a manifestação dos resultados observados nos filhos, mas não
houve garantia de que as mudanças ocorreram exclusivamente devido à intervenção realizada,
visto que são crianças que estão inseridas em contextos como terapia e escola, ou seja, as
alterações no SRSS-BR das crianças constituem uma variável secundária. A seguir, serão
apresentados os resultados comparativos da primeira e da segunda aplicação do SRRS-BR com
cada criança, respectivamente. O Quadro 17 é referente à aplicação do resultado comparativo
do SRSS da C1.
1ª Aplicação 2ª Aplicação
1ª Aplicação 2ª Aplicação
1ª Aplicação 2ª Aplicação
1ª Aplicação 2ª Aplicação
1ª Aplicação 2ª Aplicação
1ª Aplicação 2ª Aplicação
Os temas sobre demandas comuns das mães das crianças possibilitam uma análise dos
dados do percurso vivenciado por cada mãe por meio de uma análise categorial temática, como
explicitada no método. A partir de um diálogo com o referencial teórico, este consistiu em
quatro temas: (A) Necessidade das mães de orientações de como mediar a interação com os
pares; (B) Melhorar a relação família-escola; (C) Dificuldade em controlar o tempo de tela das
crianças e (D) Dificuldade em relatar o que ocorreu na escola.
(A) Necessidade das mães de orientações de como mediar a interação com os pares
Neste ponto, houve dificuldade no que tange ao contato das crianças com outras
crianças, duas das crianças tinham oportunidade de interagir com outras crianças somente no
ambiente da escola, local em que os pais não possuem a oportunidade de mediar as relações
sociais diretamente. Ademais, nos momentos em que interagem com outras crianças, relatos de
frustração estão presentes, como posto a seguir:
Relato de P1: “Ele gosta de estar com os meninos, pede para ir à piscina, gosta de
jogar futebol, legos, semáforos, carros, gosta de ficar no gol, e não gosta de deixar a
bola passar, quando é realizado gol por alguém, C1 se frustra e desiste da brincadeira,
fala que não quer brincar mais” (Encontro 2).
Relato de P3: “Ele não sabe me responder se ele brincou com as crianças” (Encontro
3).
Relato de P4: “C4 empurrou a colega de sala porque a menina quis mudar a
brincadeira, e empurrou a colega. C4 nem sempre respeita a opinião dos colegas, às
vezes, quer continuar só com a vontade dela” (Encontro 3).
Relato de P6: “Ele fica chateado por não ser tão amigos dele” (Encontro 1).
Apesar de P1 relatar que, aos finais de semana, possui oportunidade de interagir com
outras crianças, ela afirma que “C1 não gosta de sair e tem um melhor amigo na escola”.
Anteriormente, segundo a mãe de C1, “ele não entrava em brinquedotecas e ficava muito
preocupado com os meninos maiores”. Houve o relato de que C4 possui dificuldade em aceitar
as sugestões de brincadeiras de outros colegas. Ademais, há o relato de que C6 fica chateado
por um colega em específico não ser tão próximo dele nas interações que ocorrem na escola,
fora do ambiente escolar, as crianças com as quais mais interage é a irmã mais nova e a prima
da mesma idade. Em relação à escola, a interação com os pares é acessada por meio dos relatos
da equipe escolar.
Relato de P1: “A professora de educação física relata que ele participa com a turma,
mas que antigamente, ele brincava com crianças de idade menor que a dele, mas que
não tem brincado mais com crianças de idade menor que a dele” (Encontro 3).
89
Relato de P6: “Na escola, eu acho que não é tão restrita a questão da amizade dele”
(Encontro 5).
As mães indicam que, apesar de terem acesso aos relatórios da equipe, não identificam
a escola como um ambiente que realiza a mediação das relações para a promoção de atividades
interacionais entre os colegas, uma tendência observada nos discursos das mães que
participaram do estudo, como exposto a seguir:
Relato de P1: “A escola não colabora com a interação social de C1 porque as aulas de
futebol que são oferecidas na escola, é no mesmo horário das aulas de reforço que a
escola oferece” (Encontro 4).
Relato de P1: “No carnaval da escola, ele estava jogando e correndo com os meninos,
ele estava perto das crianças, mas não brincando com as outras crianças, ele chegava
perto só de uma tia para pegar aquelas coisas de carnaval para jogar” (Encontro 5).
Relato de P2: “Ela não estava legal e não tinha ninguém que ela conhecia, ou eram
crianças muito pequenas ou muito maiores, ela ficou bastante sozinha, o que a deixou
triste, as crianças já estavam dentro dos seus núcleos, uma que é amiguinha da outra,
acho que ela ficou deslocada e começou a se esconder, e foi complicado porque o
comportamento dela se arrastou durante toda a festa e eu e meu marido quem
interagimos com ela na maior parte do tempo” (Encontro 3).
Relato de P2: “Ela pergunta se vai ter amigos na terapia” (Encontro 4).
Relato de P3: “Ele fala C3 sentou sozinho, C3 comeu sozinho” (Encontro 3).
Relato de P6: “Para ele é o terror falar dos sentimentos na frente das pessoas”
(Encontro 2).
Ou seja, apesar de C1 ficar em paralelo aos pares, no entanto, não compartilha e não
brinca com os pares. Em relação a este ponto, a pesquisadora orientou a mãe sobre um ambiente
propício para a interação social e o desenvolvimento de HS, para a realização de combinados
para que C1 realize as atividades propostas em sala de aula. De acordo com P2, C2 busca tomar
conhecimento sobre a presença de outras crianças na terapia, enquanto C3 relata que se sentou
sozinho para lanchar no intervalo das aulas. Ademais, C6 possui dificuldades a ponto de não
frequentar as aulas que se referem à exposição de sentimentos e emoções.
No que tange às situações de jogos e brincadeiras, foi orientado que sejam fornecidos
modelos de como pode se comportar caso perca em algum jogo ou seja o último a terminar a
atividade. Portanto, em contexto escolar, pode-se considerar a intervenção realizada por adultos
fundamental para a diminuição de déficits de desempenho na classe de iniciar e manter
amizades, desenvoltura social, civilidade, afetividade e cooperação e responsabilidade.
No que tange à parceria com a escola, as mães apresentam que há uma dificuldade na
leitura e na interpretação de textos, a qual se faz presente durante diversos encontros, como
pode ser observado a seguir:
Relato de P1: “Ele ainda não lê, e isso me preocupa.” ... “A principal demanda é a
alfabetização, é a minha principal angústia desde o ano passado” ... "Na primeira
semana de aula chorei, e na terceira semana de aula procurei um advogado porque na
escola eu não havia conseguido um monitor para o C1.” ... “no dia do baile de
carnaval, na escola, eu cobrei o PEI27 da diretora” (Encontro 1).
Relato de P2: “Ela não estava preparada, não tinha alfabetizado ainda, decidimos por
repetir novamente o primeiro ano do ensino fundamental.” ... “Ela tem dificuldade na
interpretação de texto e formulação de texto, em alguns momentos não consegue
entender a pergunta” (Encontro 1).
Relato de P2: “Eu percebo uma evolução na escola, mas ela tem uma dificuldade na
interpretação em atividades mais complexas” (Encontro 4).
Relato de P2: “Na semana passada, ela conseguiu decorar versinhos, percebo que
agora ela está mais segura” (Encontro 6).
Relato de P3: “Dificilmente ele lê, só ser for por obrigação” (Encontro 1).
Relato de P3: “Mas na hora de ler e interpretar ele teve muita dificuldade” ... “Ele me
olhava e chorava, eu dava a sugestão de parar para acalmar e retomar mais tarde, mas
ele dizia: eu não quero parar, eu não estou chorando” (Relato referente à interpretação
de um conto africano) (Encontro 6).
Relato de P1: “Ele foi para a escola feliz, cantando, mas passou pouco tempo na escola
e logo depois a escola me mandou mensagem falando que C1 havia “desregulado” ...
eu não entendo por que há dois anos na escola ele não “desregulava”, e ele dá sinais
quando isso vai acontecer” ... “Ele chegou em casa e eu perguntei o que tinha
acontecido, ele não quis falar, mas foi brincar com o cachorro, à tarde foi para a aula
de reforço e não teve mais nenhum comportamento nem parecido com o que a escola
me descreveu” ... “Eu já pedi o Plano Político Pedagógico da escola, eles me
mandaram uma lauda, uma lauda” (Encontro 2).
Relato de P1: “Ele chegou na porta da escola e disse que não entraria, aí eu disse “você
não vai entrar, mas vai em casa e não vai mexer no celular e no tablet”, ele ficou bem
o resto do dia e ainda me ajudou a fazer o almoço. No dia seguinte, foi para a escola
cantando e sem reclamar, foi para a sala de inglês sem reclamar também. Na escola,
a auxiliar o abraça e o beija, mas C1 não gosta desse tipo de contato físico” (Encontro
4).
Relato de P1: “Queria entender o que a escola tem feito para desorganizar C1, porque
ele estuda lá há três anos e nunca havia acontecido essas situações, e somente este mês
ocorreram duas vezes” (Encontro 5).
Relato de P1: “Eu estou tão frustrada, tão desanimada, eles não primam pelo
desenvolvimento do C1” (Encontro 7).
Relato de P6: “Ele chega da escola exausto porque ele tem que se esforçar tanto
porque ele quer estar dentro do padrão como os outros”; “Ele chega da escola, vai
para o tablet, vai para a cama e fica quietinho, mas logo depois do tablet, ele vai lá
para fora e vai cuidar do galinheiro, e da égua.”; “Aí parece que dá uma descarregada
melhor” (Encontro 2).
Relato de P6: “Quando ele tem que fazer lição, fala: ‘eu estou com medo’, fica com
medo de fazer a lição e errar, ele chora antes de fazer a lição.” (Encontro 3).
Relato de P6: “Ontem à noite ele falou que estava com medo e disse ‘porque amanhã
tem inglês’, mas eu acho que não é isso, acho que ele elegeu o inglês, porque é a coisa
que incomoda e que está claro que incomoda” (Encontro 5).
Relato de P2: “No início do ano, a C2 relatou por uns três dias que estava lanchando
sozinha, aí eu fui lá, conversei com a professora e ela chegou em casa contando que
lanchou “todo mundo junto” (Encontro 3).
Relato de P3: “Na escola anterior ele falava: ‘C3 lanchou sozinho hoje’” (Encontro
3).
Relato de P1: “C1 fica menos do que uma hora quando está estudando, no entanto,
nas férias, passa mais de 10 horas em frente às telas.” ... “Ele tem “fissura” por trem,
que reveza entre trem e telas, nas férias” (Encontro 1).
Relato de P2: “Os canais do Youtube estão me incomodando porque eu não gosto que
a P2 fique vendo, porque ela começa a repetir as falas fora de contexto” (Encontro 3).
Relato de P3: “O tempo de exposição a telas é grande, é um sacrifício para tirar ele de
frente as telas, principalmente, o celular, eu não sei nem falar quanto tempo ele fica
em frente às telas, ele tem o celular dele e fica muito tempo com as avós, então, elas
deixam” (Encontro 1).
Relato de P5: “Em alguns momentos ele quer pegar o celular da professora, mas às
vezes, ele precisa sair um pouco da sala de aula” (Encontro 1).
Relato de P5: “C5 tem buscado muito pelo celular” (Encontro 2).
Relato de P5: “Quando saímos C5 fica de olho no celular das outras pessoas”
(Encontro 5).
Relato de P3: “Quando ele quer muito o celular, eu falo para gente contar as
temporadas e capítulos” (Encontro 3).
Relato de P3: “Ele ganhou livros e isso está chamando a atenção dele, e isso prende a
atenção dele, mas eu tenho deixado ele ficar no celular para evitar o estresse dele,
porque ele teve uma crise que eu nunca tinha visto” ... “Se o celular trava ou se ele
quer comprar um jogo e não pode, ele se irrita.” ... “Ele também fica editando vídeos”
(Encontro 4).
93
Relato de P3: “No feriado ficamos em casa e eu levei o computador para poder
trabalhar um pouco, quando ele viu, ele falava ‘você trouxe meu computador para
casa, mamãe’ porque ele adora o Photoshop que tem no meu computador, é um parque
de diversões para ele, aí ele mudou um pouco o foco nesses dias, ficou menos no
celular, quando levei embora, todo dia ele pergunta ‘onde está a mala do meu
computador?’” (Encontro 5).
Relato de P5: “Tenho tentado oferecer a televisão em vez do celular” (Encontro 5).
Dentre as dificuldades relatadas pelas mães está o fato de as crianças não narrarem o
que ocorreu durante o dia a dia, principalmente, no contexto escolar, como pode ser observado
a seguir:
Relato de P2: “Outra preocupação é a falta dela trazer os relatos do que aconteceu na
escola, como com quem lanchou, esses dias ela falou que lanchou sozinha, aí eu tentei
ignorar porque isso me machuca. Ela apresenta pouco relatos e os relatos, às vezes,
me deixa triste, ela consegue relatar eventos passados que foram mais marcantes para
ela” (Encontro 2).
Relato de P2: “Eu pergunto ‘como foi seu dia?’, ela diz ‘foi muito legal’, mas não
conta como foi” (Encontro 3).
Relato de P3: “Tenho medo dele regredir, ele não descreve os eventos passados e
futuros, fala com poucas palavras, há períodos em que ele fala muito, depois para de
falar e depois volta a falar novamente” (Encontro 1).
Relato de P3: “Ele não conta o que aconteceu na escola, mas quando fui conversar
com os pais de dois alunos da sala dele, eles me falaram que os filhos respondem de
forma objetiva também” (Encontro 4).
Relato de P3: “Ele não sabe me responder se ele brincou com as crianças” ... “Ele não
é muito bom em narrar, a fonoaudióloga tem trabalhado isso com ele” (Encontro 5).
Relato de P6: “C6 não conta o que aconteceu na escola, a irmã e a prima chegam
contando tudo” (Encontro 1).
Relato de P6: “Ele repete a mesma história que já aconteceu” (Encontro 2).
Com base nos resultados provenientes dos encontros com as mães, nos quais se pôde
apurar as diferentes habilidades sociais (tópico 3.1.1) e, a partir dos desfechos resultantes da
análise temática que permitiu uma abordagem categorial (tópico 3.1.2), foi possível, com o uso
do software ATLAS TI, estabelecer a associação entre palavras-chave, referidas pelo software
como “código”, e os trechos dos encontros, denominados pelo software como “citações”,
resultando, como exposto no
Gráfico 1 referente às HS, no seguinte:
Autocontrole 7 18 63 51 14 61 23
Civilidade 9 18 50 37 19 18 8
Comunicação 22 63 50 88 40 66 23
Desenvoltura Social 19 51 37 88 48 42 27
Fazer e Manter
15 14 19 40 48 19 6
Amizades
Resolução de Problemas
9 61 18 66 42 19 20
Interpessoais
Responsabilidade 7 23 8 23 27 6 20
Desenvolvimento Escolar -
Dificuldade em Relatar o 15 5 0
que Aconteceu na Escola
Desenvolvimento Escolar -
15 14 3
Relação Familía-Escola
Tempo de Exposição de
0 3 4
Tela
Legenda: GRHS= Magnitude das citações; Coe= indicação de força da relação entre os códigos. Valor varia entre
0 e 1, sendo que 0 indica a não relação e 1 indica que eles estão sempre relacionados. (c=GR/(n1+n2-GR).
Fonte: Dados do estudo (2023)
Legenda: GRT= Magnitude das citações; Coe= indicação de força da relação entre os códigos. Valor varia entre
0 e 1, sendo que 0 indica a não relação e 1 indica que eles estão sempre relacionados. (c=GR/(n1+n2-GR).
Fonte: Dados do estudo (2023)
28
A pontuação neste item variava entre 1 (um) e 3 (três).
101
Em relação às perguntas abertas, a primeira pergunta foi “Qual o seu feedback sobre a
intervenção?”, as respostas consistiram em:
Resposta de P3: “Foi bom. Os pontos que abordamos eram comuns na vida do meu
filho. Com fácil entendimento”
Resposta de P4: “Fiquei muito satisfeita com todas as contribuições e com tudo que
construímos no período dos encontros”
Resposta de P5: “Gostei bastante pois incentiva nós pais a estar sempre estimulando
em todas as situações nossos filhos e as várias habilidades sociais”
Resposta de P6: “Eu gostei tanto que gostaria de mais encontros, talvez alguns
encontros mensais após os encontros semanais”
A segunda pergunta consistiu em “Você tem alguma sugestão do que pode ser realizado
de forma diferente e/ou mudado na intervenção para os pais?”, as respostas estão dispostas a
seguir:
Resposta de P1: “Treinar os docentes/coordenador e diretor para que a inclusão saia
do papel”
Resposta de P2: Acho importante, como envolve crianças avaliar possíveis formas de
participação das mesmas em algum encontro”
Resposta de P3: “Se puder fazer com pai e mãe juntos. Em alguns casos é possível. E
a criança participar um dia. Tem mães que imaginam os filhos de uma maneira que
não são. Na terapia que acompanho meu filho mesmo, sempre ouço alguns falando
sobre a cura do TEA. E que o filho só é meio agitado”
Resposta de P4: “Poderia ser para professor de alunos autistas, professor de apoio”
Resposta de P3: “Está acontecendo. Estou aplicando. Afinal, estamos falando de uma
criança autista, rotinas não são quebradas tão facilmente. Mas, aos poucos, o que a
102
pesquisadora me orientou está mudando as coisas por aqui, sim. Sou muito grata por
isso”
Resposta de P5: “Sim, ele já está conseguindo me chamar, vem, vem brincar mamãe.
O combinado está funcionando de guardar os brinquedos”
Os resultados são restritos pela extensão da amostra, contudo, até o momento presente,
é possível inferir que as mães manifestaram satisfação em relação aos efeitos da intervenção,
acompanhado de um acréscimo nas experiências positivas com os colegas.
Resposta de P1: Sim, usei muito e passei para a escola, principalmente para equipe
pedagógica da escola que é nada inclusiva e os docentes totalmente despreparados
para inclusão em sala de aula. A orientação me direcionou para questões do dia a dia,
C1 que se encontrava em crise, desregulando todos os dias, eu estava tão desorientada
(desesperada só chorava), a pesquisadora foi luz que me direcionou muito, me ajudou
no olhar mais direcionado nas questões práticas. E cobrança mais assertivas. Sugestão:
Os encontros deveriam ser de 24 meses, maravilhoso.
Resposta de P1: Sim, todos os modelos fornecidos são seguidos pela nova escola e
auxiliar os docentes e terapeutas do C1. O comportamento melhorou muito, o coração
de mãe é de choro de alegria, estou no caminho certo.
A terceira pergunta era referente ao fato de as mães terem recorrido aos materiais após
a finalização dos encontros. A resposta de P2 foi que “Não com frequência”, a resposta de P6
foi “não”, no entanto, a resposta de P1 foi que “Sim, várias vezes. É muito bom”. A quarta e
última pergunta do formulário de acompanhamento era referente ao fato de que, após o tempo
103
decorrido desde o final dos encontros, se as mães teriam feedbacks sobre o que foi orientado,
as respostas consistiram em:
Reposta de P1: “Sim, hoje quando ele fala “estou muito triste ou chateado” e vai
relatando, é uma sensação maravilhosa, o vocabulário aumentou muito e a
argumentação também, sou muito grata a pesquisadora por toda ajuda, confesso que
fiquei triste quando ela falou que a pesquisa estava encerrando, ela me auxiliou muito,
sou grata a ela por toda paciência e dedicação, o dia a dia escolar de criança TEA é
difícil, principalmente no interior da Bahia”
Resposta de P2: “Gostei de participar das pesquisas, torcendo para que contribua na
conscientização das dificuldades que tanto autistas como familiares”
Resposta de P6: “Eu mudei minhas atitudes perante algumas dificuldades e isso
ajudou muito”
3.2. DISCUSSÕES
Assim como realizado no presente estudo, os autores Garnett, Davidson e Eadie (2022),
Li et al. (2022), Sadeghi, Pouretemad e Shalani (2022), Pennefather et al. (2018) e Vismara et
al. (2018) abordam a viabilidade da teleprática e intervenções online para a realização de
intervenções com pais. Ao contrário de Beaumont et al. (2021), em que nos critérios de inclusão
estipularam que os participantes não deveriam estar envolvidos em qualquer outra forma de
terapia voltada para o aprimoramento de habilidades socioemocionais durante o período do
estudo, no presente estudo, os filhos poderiam estar envolvidos em qualquer outra forma de
terapia.
No presente estudo, o levantamento de literatura realizado apresenta resultados de
intervenções que foram realizadas com a população TEA, como Feltrin (2007), Beaumont et
al. (2021), Agostini (2020) e Martins (2006). É crucial salientar que o desenvolvimento das HS
pode ser uma esfera de intervenção valiosa para indivíduos com TEA, com o intuito de
aprimorar suas interações sociais e a qualidade de vida. Esse contexto está intrinsecamente
relacionado à área da Educação Especial, conforme discutido por Del Prette e Del Prette
(2008b). Realizar ensino sobre HS aos pais de crianças que são o Público-Alvo da Educação
Especial (PAEE), como é o caso das crianças com TEA, pode propiciar o planejamento e a
implementação de intervenções que facilitem a inclusão social.
Com o objetivo de promover a inclusão das crianças PAEE, conforme enfatizado por
Del Prette e Del Prette (2008b), essas crianças são consideradas um grupo prioritário para a
implementação de programas de intervenção em habilidades sociais. Estes programas abrangem
não apenas os professores, mas também os pais e cuidadores.
104
(2020), a habilidade de conversar/dialogar foi apontada como uma função basilar dentro da
parentalidade e em Andreozzi (2017) a habilidade enfatizada foi de iniciar e/ou manter
conversações.
Tanto no presente estudo quanto em Andreozzi (2017), os encontros ocorreram uma vez
por semana. Assim como em Andreozzi (2017), na presente pesquisa, as mães participantes
foram responsáveis por avaliar os resultados da intervenção realizada a partir de medidas
indiretas, houve um delineamento pré e pós-teste sem grupo controle.
Em Andreozzi (2017), Oliveira e Quiterio (2022) e no presente estudo ocorreram
intervenções, no entanto, em Oliveira e Quiterio (2022) as intervenções foram direcionadas a
crianças e adolescentes diagnosticados com TEA, enquanto no presente estudo foi direcionado
para as mães das crianças diagnosticas com TEA. No entanto, em ambos se inferiu resultados
notáveis na melhoria no repertório de HS após as intervenções.
Assim como em Haraguchi e Inoue (2022), no presente estudo, durante o período de
intervenção, em geral, os responsáveis pelas crianças conseguiram implementar as orientações
direcionadas aos filhos. Em Waddington et al. (2020), houve a participação de cinco mães e os
autores destacaram que esses resultados preliminares têm implicações importantes para o
treinamento dos pais em intervenções para crianças pequenas com TEA, assim sendo, o
presente estudo corrobora os achados de Waddington et al. (2020).
Como apontado por Silva (2000), o ensino de HSE (classe de HS) proporciona o
aprendizado dos padrões comportamentais e tem papel significativo dos pais como exemplos,
motivando seus filhos a expressarem seus sentimentos, opiniões e críticas de maneira assertiva
(Silva, 2000). No presente estudo, as mães foram significativas em proporcionar modelos para
os respectivos filhos sobre HS, o que se soma ao posto por Freitas e Del Prette (2013), que o
aprimoramento das HS pode ocorrer de acordo com o contexto em que a criança está inserida
e com as intervenções que recebe.
Em Samadi et al. (2020), dentre os resultados encontrados estão: baixa taxa de
desistência e feedback positivo advindos dos pais, dado este consonante com os obtidos através
do Questionário de Validação Social do presente estudo. Assim como houve em Raulston et al.
(2020), também houve a avaliação pelos pais da validade social da intervenção.
Os feedbacks referentes ao Questionário de Validação Social estão consonantes com o
estudo realizado por Kuravackel et al. (2018) no treinamento e apoio aos pais de crianças com
TEA. A presente intervenção contou com a duração de sete semanas com P1 e seis semanas
com P2, P3, P4, P5 e P6, enquanto o programa realizado por Kuravackel et al. (2018) consistiu
em uma intervenção parental com duração de oito semanas. Após a intervenção, os pais
106
4. CAPÍTULO IV
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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parental support group in managing autism spectrum disorder. Journal of Psychosocial
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APÊNDICES
116
Olá,
Meu nome é Letícia Thays Bessa Silva, sou doutoranda do Programa de Pós-graduação em
Educação Especial da UFSCar, sob a orientação da Prof. Drª Gerusa Ferreira Lourenço. A
minha tese de doutorado consiste em uma Intervenção Online sobre Habilidades Sociais para
mães de crianças com TEA, Níveis 1 e 2 de apoio, devido ao apoio necessário sendo o Nível 1
“Exigindo apoio”; Nível 2 “Exigindo apoio substancial”; entre 6 e 13 anos, por estarem do 1º
ao 5º ano do Ensino Fundamental. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
em Seres Humanos (CEP) da UFSCar (parecer nº5.557.422). Os interessados em participar da
pesquisa deverão responder o questionário online via Google Forms. Serão vagas limitadas e
por ordem de inscrição.
Dessa maneira, solicito, por gentileza, a sua colaboração para envio e divulgação deste
formulário de inscrição para os e-mails de alunos e servidores do seu departamento e enfatizo
a importância da sua ajuda, para que o maior número de participantes seja alcançado. Sua ajuda
é muito importante para o sucesso da pesquisa.
Link:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf4DMYnBo8Jj2im6kDpmaJxXc8ywhklAa1a-
HVNMFgeLqOsHg/viewform?usp=pp_url
Link curto:
https://forms.gle/XJZfqR1G7axJckLx5
Agradeço a sua colaboração e aguardo seu retorno sobre a possibilidade de fazer a divulgação.
Atenciosamente,
117
Você está sendo convidado para participar de uma pesquisa sobre “Intervenção Online sobre
Habilidades Sociais para mães de crianças com TEA”, sob responsabilidade da doutoranda
Letícia Thays Bessa Silva e pela Professora Doutora Gerusa Ferreira Lourenço. O objetivo geral
consiste em analisar intervenção online sobre habilidades sociais para mães de crianças com
TEA. Os objetivos específicos deste estudo são: descrever necessidades comuns de mães de
crianças com TEA; analisar a frequência de coocorrência das classes de habilidades sociais e
temas nas sessões de intervenção; analisar a validade social da intervenção; e analisar os efeitos
secundário da intervenção sobre o repertório de HS das crianças.Você foi selecionado porque
atende aos seguintes critérios de seleção dos participantes: Aceitar participar do estudo; ser pai
e/ou mãe de crianças entre 6 e 13 anos com diagnóstico de TEA, e ter acesso à internet. O
estudo envolve a aplicação do instrumento Inventário de Habilidades Sociais, Problemas de
Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças (SSRS-BR) de forma online, a partir
do recurso Google Meet. Para conceder sua participação e autorizar o uso dos dados por você
fornecidos, basta selecionar o item “Li e concordo com os termos apresentados”, apresentado
na primeira sessão do formulário online que será disponibilizado aos participantes da pesquisa.
Ao selecioná-lo, você está autorizando o uso e divulgação das respostas, contudo, atendendo
aos preceitos éticos, garantindo sigilo e anonimato do respondente. Caso não aceite participar,
basta fechar a página. Caso desista de participar da pesquisa enquanto estiver respondendo,
basta fechar a página, pois assim suas respostas não ficarão salvas. Ao aceitar o termo, você
receberá, por e-mail, uma cópia idêntica e integral do termo. Caso haja preferência, você pode
assinar o termo e imprimir, como comprovante. As pesquisadoras se atentaram ao teor das
perguntas, no cuidado de estas serem minimamente invasivas à intimidade dos participantes,
abrangendo somente questões sobre informações sociodemográficas gerais e de sua rotina e
envolvimento familiar. Se, durante a pesquisa, você sofrer qualquer tipo de desconforto ou
inconveniente, a mesma poderá ser interrompida, se assim desejar. A sua recusa na participação
não acarretará nenhum prejuízo em sua relação com as pesquisadoras. A presente pesquisa
contempla as orientações apresentadas na CONEP, a qual consiste na instância máxima de
avaliação ética em protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, sobre os procedimentos
em qualquer etapa de pesquisa realizada em ambiente virtual. Visto que, existem riscos
característicos do ambiente virtual e meios eletrônicos, de atividades que não são realizadas de
modo presencial, e que são realizadas por meio eletrônicos, características as quais estão
estritamente ligadas às limitações das tecnologias utilizadas. Dentre as possíveis limitações que
podem ocorrer estão: instabilidade na conexão da internet, risco de as informações serem
compartilhadas sem a autorização e o controle das pesquisadoras. Portanto, existem limitações
dos pesquisadores para assegurar total confidencialidade e potencial risco de sua violação.
Destaca-se também que o estudo será desenvolvido de acordo com os parâmetros das
Resoluções do Conselho Nacional de Saúde Nº 466, de 12 de dezembro de 2012, que
regulamentam pesquisas envolvendo seres humanos e ciências sociais aplicadas, e Nº 510 de
07 de abril de 2016, este prevê sobre a autorização do uso das respostas dos participantes,
desistência da pesquisa em qualquer momento e retirada do consentimento, sem que isso
acarreta nenhum prejuízo. De acordo com a resolução nº510 de 07 de abril de 2016, a pesquisa
é apenas com os pais e/ou responsáveis das crianças com TEA, as crianças não participaram de
quaisquer etapas da coleta de dados. Além disso, o participante tem livre arbítrio para não
responder qualquer pergunta, sem necessidade de explicação ou justificativa. De acordo com
118
Art 9, são direitos dos participantes: I – saber sobre a pesquisa, portanto, espera-se que os
participantes respondam ao inventário, conceda informações e autorize as gravações. As etapas
as quais consistem na coleta de dados são: Convite via WhatsApp ou e-mail; 3 encontros; sendo
um encontro somente o participante e a pesquisadora para fins de coleta dos dados do SRSS-
BR, sendo o tempo da coleta de dados em média de 30 minuto para a aplicação do instrumento,
outros dois encontros com os pequenos grupos de 5 pais e/ou responsáveis, com duração de 60
minutos cada encontro, ou seja, ao final o participante precisará dispor de 150 minutos para se
dedicar a coleta de dados. Vale ressaltar que o número de sessões poderá ser ajustado conforme
a preferência dos participantes ou demais ajustes de cronograma da coleta de dados. Será
mantido contato semanal e individual com cada participante de forma individual por meio de
e-mails e via WhatsApp. No entanto, os cuidados referentes aos procedimentos éticos estão e
continuarão sendo realizados. Serão tomados todos os cuidados para garantir um tratamento
ético aos participantes. No caso de divulgação dos dados da pesquisa, serão adotados nomes
fictícios ou letras caso os participantes precisem ser referenciados, garantindo aos participantes
a confidencialidade das informações pessoais, de acordo com a Resolução CNS nº 510 de 2016,
Art9º, Incisivo IV. Existe a garantia ao participante de ser indenizado pelo dano decorrente da
pesquisa nos termos da lei, de acordo com a Resolução CNS nº 510 de 2016, Art9º, Incisivo
IV. Há a garantia ao participante do ressarcimento das despesas diretamente decorrentes de sua
participação na pesquisa (embora não sejam previstas), de acordo com a Resolução CNS nº 510
de 2016, Art9º, Incisivo VII. A forma de acompanhamento caso sejam solicitadas pelos
participantes da pesquisa poderá ocorrer por meio de e-mail e contato telefônico (mensagens e
ligações) de acordo com a Resolução CNS nº 510 de 2016, Art9º, Incisivo V. De acordo com a
Resolução CNS nº 510 de 2016, Art9º, Incisivo V, a assistência garantida aos participantes da
pesquisa poderá ser solicitada pelos participantes por e-mail e contato telefônico (mensagens e
ligações) diretamente com a pesquisadora principal da pesquisa. De acordo com a Resolução
CNS nº 510 de 2016, Art9º, Incisivo VI, os participantes têm garantia ao acesso dos resultados
da pesquisa. De acordo com a Resolução CNS nº 510 de 2016, Art9º, Incisivo VI, os
participantes têm garantia de ressarcimento quanto a possíveis danos decorrentes da
participação na pesquisa. A pesquisa não prevê danos, mas caso ocorram danos emocionais, os
participantes terão suas demandas acolhidas pela equipe de pesquisa. As dúvidas que tiver
poderão ser esclarecidas a qualquer momento por meio de contatos que as pesquisadoras lhe
oferecerão (e-mail). Os benefícios da pesquisa ao público participante se referem,
primeiramente, ao desenvolvimento do ensino de HS. Além disso, a partir dos dados obtidos,
as pesquisadoras pretendem organizar e elaborar um material de devolutiva aos familiares,
visando orientá-los e auxiliá-los neste processo, de modo a possibilitar melhorias. Os dados
coletados durante o estudo serão analisados e apresentados sob a forma de relatórios e serão
divulgados por meio de reuniões científicas, congressos e/ou publicações, com a garantia de
seu anonimato. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética – CAAE (parecer nº5.557.422)
119
Você está sendo convidado(a) a responder ao questionário com o objetivo de saber seu grau de
satisfação, dificuldade e discordância quanto aos procedimentos realizados durante o
desenvolvimento do Intervenção Online sobre Habilidades Sociais para mães de crianças com
TEA”. É importante que você responda com sinceridade, pois estes dados serão utilizados para
aperfeiçoar a intervenção implementada.
1. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1: Muito ruim e 5: Muito bom, qual sua satisfação sobre as
orientações recebidas?
Atribua uma nota de 1 a 5 em relação ao grau de satisfação sendo: 1 - Muito ruim; 2 - Ruim; 3
- Normal; 4 - Bom; 5 - Muito bom.
3. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1: Muito ruim e 5: Muito bom, qual sua satisfação sobre o
formato online da intervenção?
Atribua uma nota de 1 a 5 em relação ao grau de satisfação sendo: 1 - Muito ruim; 2 - Ruim; 3
- Normal; 4 - Bom; 5 - Muito bom.
4. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1: Muito ruim e 5: Muito bom, qual sua satisfação sobre o
tempo de duração de cada encontro da intervenção?
Atribua uma nota de 1 a 5 em relação ao grau de satisfação sendo: 1 - Muito ruim; 2 - Ruim; 3
- Normal; 4 - Bom; 5 - Muito bom.
5. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1: Muito ruim e 5: Muito bom, qual sua satisfação sobre a
quantidade de encontros da intervenção?
Atribua uma nota de 1 a 5 em relação ao grau de satisfação sendo: 1 - Muito ruim; 2 - Ruim; 3
- Normal; 4 - Bom; 5 - Muito bom.
6. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1: Muito ruim e 5: Muito bom, qual sua satisfação sobre as
temáticas dos encontros?
Atribua uma nota de 1 a 5 em relação ao grau de satisfação sendo: 1 - Muito ruim; 2 - Ruim; 3
- Normal; 4 - Bom; 5 - Muito bom.
7. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1: Muito ruim e 5: Muito bom, qual sua satisfação sobre os
materiais fornecidos durante os encontros?
Atribua uma nota de 1 a 5 em relação ao grau de satisfação sendo: 1 - Muito ruim; 2 - Ruim; 3
- Normal; 4 - Bom; 5 - Muito bom.
9. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1: Muito ruim e 5: Muito bom, qual sua satisfação sobre a
intervenção no geral?
121
Atribua uma nota de 1 a 5 em relação ao grau de satisfação sendo: 1 - Muito ruim; 2 - Ruim; 3
- Normal; 4 - Bom; 5 - Muito bom.
11. Você tem alguma sugestão do que pode ser realizado de forma diferente e/ou mudado na
intervenção para as mães?
12. Na sua opinião houve modificações no repertório de habilidades sociais do seu (sua) filho
(a) com base nas orientações recebidas?
122
Você está sendo convidado(a) a responder a este questionário com o objetivo de realizarmos
um acompanhamento sobre a continuidade das orientações que foram realizadas durantes os
encontros. É importante que você responda com sinceridade, pois estes dados serão utilizados
para aperfeiçoar a pesquisa.
2. Você conseguiu aplicar no cotidiano o que foi orientado e ensinado durante os encontros
por exemplo, fornecendo modelo de cumprimento para que seu/seu filho(a) possa
imitar? Caso não tenha usado porque não a utilizou?
3. Após a finalização dos encontros você recorreu aos materiais fornecidos durante os
encontros?
4. Após o tempo decorrido desde o final dos encontros você teria algum feedback sobre o
que foi orientado?
123
Desempenho Social
Habilidades Sociais
Competência Social
ANEXOS
129