1 - Língua Portuguesa-1

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TSE + TRES - CONCURSO

UNIFICADO
Língua Portuguesa
Presidente: Gabriel Granjeiro
Vice-Presidente: Rodrigo Calado
Diretor Pedagógico: Erico Teixeira
Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi
Gerência de Produção de Conteúdo: Bárbara Guerra
Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes

BRUNO PILASTRE

Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. É autor de obras didáticas


de Língua Portuguesa (Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva).
Pela Editora Gran Cursos, publicou o “Guia Prático de Língua Portuguesa” e o “Guia
de Redação Discursiva para Concursos”. No Gran Cursos Online, atua na área de
desenvolvimento de materiais didáticos (educação e popularização de C&T/CNPq:
http://lattes.cnpq.br/1396654209681297).
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Língua Portuguesa
Bruno Pilastre

SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Língua Portuguesa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Conteúdos de Língua Portuguesa mais Cobrados nas Últimas Provas da Banca
Cebraspe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Provas Analisadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Grau de Relevância da Disciplina no Concurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Compreensão e Interpretação de Textos e Sentidos do Texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Coesão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Coerência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Semântica; Sinonímia e Antonímia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Tipologias e Gêneros Textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Ortografia e Acentuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Formação de Palavras (Morfologia) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Classes de Palavras - Verbos e Conjunções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Análise das Estruturas Linguísticas do Texto/Morfossintaxe do Período Simples. . 21
Crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Concordância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Morfossintaxe do Período Composto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Funções do “que” e do “se” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Equivalência, Substituição, Reorganização e Transformação de Palavras ou
Trechos do Texto/Reescrita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Questões de Concurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Gabarito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Gabarito Comentado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

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APRESENTAÇÃO
Nesta aula, meu objetivo é tornar a sua preparação mais eficiente. A primeira coisa que
farei é analisar o edital que normatiza o processo seletivo para o Concurso Público Nacional
Unificado da Justiça Eleitoral (CPNUJE). Você observará que o conteúdo programático
de Língua Portuguesa abrange muitos tópicos.
De modo a extrair os tópicos mais relevantes, direcionando a sua preparação para o que
é mais importante, analiso as últimas provas da banca CEBRASPE (últimos quatro anos).
A análise será quantitativa e qualitativa, de modo a traçar um quadro fiel sobre a banca.
Essa segunda etapa é fundamental, pois conhecer o examinador (o perfil da banca e da
prova) é indispensável para a sua aprovação. Para isso, trarei muitas questões anteriores,
além de questões elaboradas por mim.

Obs.: Apenas uma observação: esta aula pressupõe uma articulação com os conteúdos
abordados em meu curso de Língua Portuguesa (aulas autossuficientes em PDF,
Gran Cursos Online). Partimos da abordagem mais ampla dos conteúdos (abarcando
todos os tópicos do edital) para, aqui, otimizarmos ao máximo sua preparação,
direcionando as suas forças para os conteúdos mais avaliados pela banca.
A seguir, faço a análise dos conteúdos mais abordados nas provas anteriores da
banca examinadora. Na sequência, apresento didaticamente os conteúdos teóricos mais
importantes. Por fim, trabalho as questões essenciais, ilustrando o modo como cada um
dos conteúdos é abordado pela banca.

Obs.: Segundo o subitem 8.2 do edital, “Cada prova objetiva será constituída de itens para
julgamento, agrupados por comandos que deverão ser respeitados. O julgamento
de cada item será CERTO ou ERRADO, de acordo com o(s) comando(s) a que se
refere o item. Haverá, na folha de respostas, para cada item, dois campos de
marcação: o campo designado com o código C, que deverá ser preenchido pelo
candidato caso julgue o item CERTO, e o campo designado com o código E, que
deverá ser preenchido pelo candidato caso julgue o item ERRADO.” Tendo em vista
essa informação, considerarei essa modalidade de questão em minha análise das
provas anteriores.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CONTEÚDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA MAIS COBRADOS


NAS ÚLTIMAS PROVAS DA BANCA CEBRASPE

PROVAS ANALISADAS
A minha análise fundamenta-se nos dados extraídos da nossa plataforma Gran Questões
(área Assuntos Frequentes):
https://questoes.grancursosonline.com.br/
Trabalho com os seguintes filtros:
• Banca CEBRASPE;
• Nível superior;
• 4 últimos anos (2024, 2023, 2022 e 2021).
Aplicados os filtros, o resultado da busca mostra que a banca organizadora aplicou
815 questões de Língua Portuguesa! E todas estão disponíveis em nossa plataforma Gran
Cursos Questões!
Agora precisamos saber quais conteúdos de Língua Portuguesa são mais avaliados pela
banca. O gráfico a seguir nos mostra exatamente isso!

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GRAU DE RELEVÂNCIA DA DISCIPLINA NO CONCURSO

Professor, agora eu conheço um pouco mais o perfil da banca. Talvez seja a hora de
analisar o grau de relevância da disciplina de Língua Portuguesa em meu concurso. O
que você acha?

Perfeito! É exatamente isso o que deve ser feito: como há muitas disciplinas e muitos
tópicos, é natural ficarmos perdido(a)s! Bom, vamos lá!
Em uma análise do número de questões de cada conteúdo programático, a área de Língua
Portuguesa sempre possui destaque. Especificamente para a banca CEBRASPE, a média de
questões para essa disciplina fica entre 10 e 20 na parte de conhecimentos básicos.

Obs.: Vale lembrar que os conteúdos de Língua Portuguesa que você já estudou, está
estudando e vai estudar serão sempre aproveitados em diversos concursos. Eles
são cumulativos e, à medida que você segue os seus estudos (desistir nunca!), a
familiaridade e a facilidade no trato com os assuntos é cada vez maior.
Unindo a análise sobre o perfil da banca e a análise sobre o grau de relevância de Língua
Portuguesa neste concurso, chegamos a esta ordem de prioridade do edital:
Relevância Conteúdo listado no edital
• 1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.
• 2 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.
• 3 Domínio da ortografia oficial.
• 4 Domínio dos mecanismos de coesão textual.
• 4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de
conectores e de outros elementos de sequenciação textual.
• 4.2 Emprego de tempos e modos verbais.
• 5 Domínio da estrutura morfossintática do período.
• 5.1 Emprego das classes de palavras.
ALTA • 5.2 Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração.
MÉDIA • 5.3 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração.
BAIXA • 5.4 Emprego dos sinais de pontuação.
• 5.5 Concordância verbal e nominal.
• 5.6 Regência verbal e nominal.
• 5.7 Emprego do sinal indicativo de crase.
• 5.8 Colocação dos pronomes átonos.
• 6 Reescrita de frases e parágrafos do texto.
• 6.1 Significação das palavras.
• 6.2 Substituição de palavras ou de trechos de texto.
• 6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto.
• 6.4 Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade.

É claro que os termos acima não dizem muito sobre como cada conteúdo é abordado.
Bom, é justamente aqui que realizo o mapeamento e o detalhamento de cada conteúdo/
tópico, direcionando a sua aprendizagem para o que é realmente fundamental.

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Após a exposição sobre os conteúdos mais relevantes, comento um conjunto de questões


recentes da banca, além de comentar questões de minha autoria (inéditas). Essas questões
ilustram de maneira muito como você será avaliado(a) no dia da prova.
Sei que a apresentação foi longa, mas você percebeu o quanto você avançou no
conhecimento do perfil da banca em relação à abordagem dos conteúdos de Língua
Portuguesa? Agora só nos resta ir ao conteúdo e às questões. Ao trabalho!

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS E SENTIDOS


DO TEXTO
Em questões de Compreensão e interpretação de textos, a banca explora os pressupostos
e subentendidos do texto.
A operação de pressuposição ocorre quando uma marca linguística nos permite inferir
uma informação não expressa verbalmente no texto. Essa marca linguística pode ser
realizada mediante (ATENÇÃO!):
• o uso de pontuação expressiva, como aspas, reticências, exclamação, interrogação
(perguntas retóricas);
• o uso de formatação especial (itálico, negrito, caixa-alta, maiúscula, minúscula);
• o uso de vocabulário específico ( jargões técnicos, coloquialismos, gírias);
• o uso de recursos morfológicos expressivos, como diminutivo, aumentativo etc.; ou
• o uso de padrões sintáticos, como voz passiva, impessoalizações e inversões sintáticas.
Diferentemente da pressuposição, um subentendido de um texto não pode ser
identificado por marcas linguísticas. Subentender algo é realizar uma espécie de “cálculo”
de sentidos, o qual nos leva a um “resultado” (desse resultado, extraímos uma informação
não explícita). Um exemplo de cálculo é a comparação entre ideias. O autor apresenta uma
ideia (que possui uma relação de causa e consequência, por exemplo) e, em seguida, aplica
essa mesma relação a outra ideia.
Nas questões analisadas por mim (conferir sequência da aula), você verificará a
banca trabalhando com essas duas operações (pressuposição, com marcas linguísticas;
subentendidos, sem marcas linguísticas).

Professor, como eu posso aperfeiçoar minha capacidade de realizar essas operações


(isto é, conseguir ler os “pressupostos” e os “subentendidos” de um texto)?

A resposta é uma só: PRÁTICA, MUITA PRÁTICA. Somente lendo textos e resolvendo
questões será possível realizar essas operações com rapidez e eficiência. À medida que
você for praticando (resolvendo questões lá no Gran Questões), a identificação de marcas
linguísticas vai se tornando mais e mais automática, bem como as operações de inferência
acerca das informações de um texto.

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Professor, e quando a banca avalia o conteúdo denominado “sentidos do texto”. Isso


aparece em alguns comandos de questões...

É verdade! Quando se avaliam os “sentidos do texto”, a abordagem é direcionada para a


noção de “manutenção dos sentidos do texto”. Vamos analisar a ideia por trás de sentido.
No léxico (isto é, no nível das palavras), sentido é a relação que se estabelece entre
um significante e um significado. Traduzindo: quando eu digo “celular”, esse registro (oral
ou escrito, um significante) faz referência a uma entidade (um aparelho para estabelecer
comunicação, o significado).
Bom, essa mesma relação ocorre no âmbito textual. Um texto também possui um sentido:
estabelece-se uma relação entre o que está registrado (na escrita) e o que esse registro
significa. Se eu digo: “A Ana doou apenas um brinquedo para a creche”, essa sequência de
palavras forma um enunciado, o qual diz algo sobre o mundo. Se eu realizar alguma modificação
nessa sequência de palavras, o que é dito sobre o mundo pode ou não continuar o mesmo:

(i) “A Ana doou apenas um brinquedo para a creche”


(ii) “Apenas a Ana doou um brinquedo para a creche”

A mudança de posição da palavra “apenas” altera o sentido original do enunciado,


porque agora a restrição (o “apenas”) é aplicada a quem doou para a creche (originalmente,
restringe-se a coisa doada).
Então, isso é o sentido do texto. Em questões, é preciso ficar atento ao que se afirma:
se se disser, por exemplo, “ao se substituir X por Y, são preservadas a correção gramatical e
a coerência textual”, NÃO HÁ QUE SE CONSIDERAR O SENTIDO ORIGINAL DO TEXTO, porque
o comando fala apenas em correção gramatical e coerência textual. Coerência está ligada a
outros fatores, como violações às relações de causa e consequência, de premissa e conclusão,
de existência no mundo etc. Agora, se se disser “ao se substituir X por Y, preservam-se a
correção gramatical e os sentidos originais do texto”, estamos diante de uma questão que
avalia OS SENTIDOS DO TEXTO.

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COESÃO
Dois tipos de coesão são avaliados em questões de concurso: (i) coesão sequencial; (ii)
coesão referencial.
A coesão sequencial é aquela que permite que o texto progrida, que o texto avance
– além, é claro, de estabelecer as relações lógicas entre as partes (conclusão, oposição,
concessão etc.).
A coesão referencial é aquela que permite a referenciação interna (elementos linguísticos)
e externa (enunciativos, biossociais etc.).

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As questões sobre coesão sequencial trabalham dois pontos centrais:


(i) os valores semântico-discursivos dos conectores (subordinativos e coordenativos); e
(ii) a possibilidade de substituição de um conector por outro. O mapa a seguir sintetiza
os conectores:

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As questões sobre coesão referencial abordam dois mecanismos: a anáfora e a catáfora.


A anáfora ocorre quando uma forma pronominal (ou uma elipse) é capaz de RETOMAR um
referente interno ao texto. A catáfora, por sua vez, é uma forma pronominal capaz de
ANTECIPAR um referente interno ao texto.
Na anáfora, o conhecimento das formas pronominais é muito relevante, principalmente
o papel dos pronomes pessoais retos de terceira pessoa (ele(a)(s)), os pronomes oblíquos,
os pronomes possessivos (meu, minha, seu, sua) e os pronomes demonstrativos (este, isso,
aquilo). Outro conhecimento importante é o da flexão verbal: por meio dela, é possível
recuperar o referente da predicação (em estruturas de sujeito desinencial/elíptico/oculto).
Uma outra forma de se realizar a referenciação em um texto é por meio de sinônimos,
hipônimos e hiperônimos. Nesse caso, a retomada não é feita pronominalmente, mas
semanticamente.

COERÊNCIA
A noção de Coerência textual, por sua vez, está ligada à ideia de Integração:

Integração é o conjunto de procedimentos necessários à articulação significativa das unidades


de informação do texto em função de seu significado global.
(Azeredo, 2008)

É a partir da integração que as frases que compõem o texto se distribuem e se concatenam


a fim de realizar uma combinação aceitável (possível, plausível) de conteúdos. Quando a
articulação significativa depende de algum conhecimento externo (por exemplo, a cultura
dos interlocutores e a situação comunicativa), a integração recebe o nome de Coerência.
Isso quer dizer que, em um nível intratextual (nível interno ao texto), as partes do texto
(frases, períodos, parágrafos etc.) devem ser solidárias entre si (isto é, estar integradas),
para assim se chegar ao significado global do texto.

SEMÂNTICA; SINONÍMIA E ANTONÍMIA


Em provas de concurso, a identificação de sinonímia deve ser realizada com base na ideia
de que os termos são intercambiáveis: tanto o termo X quanto o termo Y podem ocorrer
naquele contexto – e essa substituição não compromete o significado global do texto/trecho.
Caso os termos não sejam intercambiáveis, não temos mais uma relação de sinonímia. Fique
atento(a), então, a essa possibilidade de substituir uma forma por outra (sempre considerando
o contexto morfossintático de ocorrência e a preservação (ou não) dos sentidos originais).
A relação semântica de antonímia, por sua vez, é a de oposição de sentido. Essa oposição
pode ser do tipo “gradação” (grande/pequeno; velho/novo) ou do tipo “reciprocidade”
(comprar/vender; perguntar/responder). A ideia é que, na antonímia, os termos sejam
opostos dentro de um universo semântico.

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TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS


As questões de tipologia textual (e gêneros) são formuladas de forma muito semelhante: a
banca afirma que o texto em análise possui características de uma das tipologias: dissertativa,
argumentativa, descritiva, narrativa ou injuntiva. Na afirmativa, por vezes, aparece a justificativa
para a classificação proposta. Em questões de múltipla escolha, a dinâmica é mais simples:
apresenta-se o enunciado central e, na sequência, as tipologias nas alternativas.
Na síntese a seguir, registro as principais características das tipologias textuais:
Principais características das tipologias textuais
TIPOLOGIA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Na narração, há seres que participam de eventos em determinado tempo e espaço.
Os participantes desses eventos são os personagens, os quais podem ser reais ou
fictícios. O evento (uma espécie de ação) é denotado por verbos nocionais, como
NARRATIVA cantar, correr, beijar, nadar, ouvir etc. O tempo da narrativa é tipicamente o passado,
mas pode ser o presente (a narração de um jogo de futebol) ou o futuro (obras
proféticas, por exemplo). Em uma narrativa, o espaço pode ser físico (uma cidade,
uma casa, uma escola) ou psicológico (mente do personagem ou do narrador).
Em uma descrição, apresentamos uma série de característica de determinado ser/objeto/
espaço, formando na mente do leitor/ouvinte a imagem do que está sendo descrito.
DESCRITIVA Na descrição, essa apresentação de características é verbal (oral ou escrita).
Linguisticamente, a descrição é tipicamente formada por predicações nominais (Sujeito
+ Verbo de ligação + Predicativo) ou por adjetivação (Substantivo + adjetivo (atributivo)).
No tipo textual dissertativo expositivo, o autor do texto expõe/apresenta ideias,
DISSERTATIVA-
fatos, fenômenos. Por ser de caráter expositivo, não se busca convencer o leitor
EXPOSITIVA
em relação ao ponto de vista - pressupõe-se, assim, que a dissertação expositiva
(EXPOSITIVA)
apenas apresenta a ideia, o fato ou o fenômeno.
No tipo textual dissertação argumentativa, diferentemente da dissertação
DISSERTATIVA-
expositiva, procura-se formar a opinião do leitor ou ouvinte, objetivando convencê-
ARGUMENTATIVA
lo de que a razão (o discernimento, o bom senso, o juízo) está com o enunciador,
(ARGUMENTATIVA)
de que quem enuncia é que está de posse da verdade.
A propriedade básica do tipo textual injuntivo é: ensinar/orientar/instruir o leitor/
INJUNTIVA ouvinte/espectador a realizar uma tarefa. Os textos injuntivos são tipicamente
estruturados por formas verbais no infinitivo ou no modo imperativo.

As questões sobre tipologia são, então, do tipo classificatórias. Você deve observar o
texto, identificar as propriedades textuais (em termos de tipologia) e realizar o “enquadro”
em determinada classificação.

Os textos são predominantemente de um tipo textual (o examinador pode usar o termo


“essencialmente”). Isso porque pode haver, em um mesmo texto, uma narração, uma
descrição e uma argumentação. O que determina a predominância é a função do texto:
se a função é argumentar (defender um ponto de vista) e, para isso, faz-se uso de uma
narração, o texto será predominantemente argumentativo.

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Para encerrar este assunto (e nossa síntese dos conteúdos mais relevantes), vejamos
as características dos gêneros discursivos mais recorrentes em provas:
• Editorial: nesse gênero, discute-se uma questão, apresentando o ponto de vista do
jornal, da empresa jornalística ou do redator-chefe. É um gênero pertencente ao tipo
textual dissertativo-argumentativo.
• Artigo de opinião: neste gênero, busca-se convencer o leitor em relação a uma
determinada ideia. O autor do artigo de opinião não representa o ponto de vista do
veículo que publica o texto. Esse também é um gênero pertencente ao tipo textual
dissertativo-argumentativo. Pode ocorrer o uso da primeira pessoa do singular,
marcando o posicionamento individual do articulista (aquele que escreve o artigo
de opinião).

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ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO
Bom, sobre ortografia e acentuação, é válido destacar dois pontos:
Para ortografia, a banca costuma cobrar o reconhecimento de desvios ortográficos.
Nesse sentido, é necessário conhecer a grafia correta de palavras, especialmente as palavras
com as letras “s”, “sc”, “xc” e “ç”.

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Para acentuação gráfica, importa lembrar as seguintes regras (sintetizadas em


mapas mentais):

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FORMAÇÃO DE PALAVRAS (MORFOLOGIA)


O conteúdo “formação de palavras” é avaliado de maneira muito objetiva. O foco é
identificar o processo: se sufixação, prefixação, parassíntese etc. Para identificar o processo,
é necessário conhecer a unidade básica morfema.

O assunto mais recorrente é a distinção entre (i) derivação sufixal e prefixal; e (ii) derivação
parassintética. Em ambas, há junção de um afixo e um prefixo a uma base. No entanto,
apenas na derivação parassintética a junção “prefixo + sufixo” ocorre simultaneamente.

CLASSES DE PALAVRAS - VERBOS E CONJUNÇÕES


São muitas as classes de palavras em português (10, segundo a Nomenclatura Gramatical
Brasileira). Em concursos, há duas classes que devem ser especialmente lembradas: as
conjunções e os verbos.

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Começamos pela classe dos verbos, sintetizada a seguir:

Classe de palavra - verbo

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O que é fundamental para a prova: os valores semântico-discursivos dos modos e dos


tempos verbais, também sintetizados a seguir:
Modo Significado
Os fatos verbais relatados pelo falante são certos,
INDICATIVO
reais, verídicos (ou são tidos como tais).
Os fatos verbais relatados pelo falante são incertos,
SUBJUNTIVO
irreais, hipotéticos.
Há uma exigência (ordem, mando), exortação,
IMPERATIVO orientação ou pedido de súplica do falante em
relação à necessidade de o sujeito realizar o evento.

O tempo presente é comum, por exemplo, em textos científicos e teóricos (e dissertações


filosóficas). O tempo passado (pretérito) é comum em narrativas, reportagens e notícias
(que reportam eventos já ocorridos).
O aspecto verbal também é objeto de avaliação: diferenciar o perfeito (ação tida como
conclusa, encerrada) do imperfeito (ação tida como inconclusa, não encerrada).
A classe de palavras “conjunção”, por sua vez, possui duas propriedades morfológicas
importantes: (i) são invariáveis (isto é, não flexionam); e (ii) é fechada (o número de conjunções
é limitado e relativamente estável).
Na sintaxe, as conjunções relacionam termos, expressando relações de sentido (como
adversão, adição, conclusão, explicação etc.).
Em termos textuais, as conjunções são articuladores coesivos sequenciais. A coesão
sequencial é aquela que permite que o texto progrida, que o texto avance – além, é claro,
de estabelecer as relações lógicas entre as partes (como eu já disse, de conclusão, oposição,
concessão etc.).
Na seção sobre coesão textual, você pode conferir o mapa mental com as conjunções
coordenativas e as conjunções subordinativas.
Para encerrar a análise das classes de palavras, cobra-se com frequência o modo como
um substantivo é modificado por adjetivos: via modificação interna ao sintagma nominal (por
adjuntos adnominais) ou via predicação (predicativo do sujeito ou predicativo do objeto).

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ANÁLISE DAS ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DO TEXTO/MORFOSSINTAXE DO PERÍODO
SIMPLES
A seguir, você pode relembrar os principais termos do período simples:

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Nas provas, duas noções são fundamentais: a tipologia do sujeito (isto é, os tipos de
sujeito) e a tipologia do predicado verbal (isto é, os tipos de predicado verbal).
Sobre os tipos de sujeito, é necessário conhecer a técnica para identificá-los: pergunte
ao predicado “quem é que [predicado]?”. Essa técnica funciona para sujeitos em posição
canônica (tipo S-V) e para sujeitos em posição pós-verbal. Destaque para o fato de que a
banca exige recorrentemente a identificação de sujeitos pospostos.
Eu também destaco a indeterminação do sujeito, que ocorre de duas maneiras:
• - terceira pessoa do plural (sem referente anterior)
• - terceira pessoa do singular com I. I. DO SUJEITO (SE). Essa estrutura é comum em
verbos transitivos indiretos e intransitivos.

Nos predicados verbais, é preciso identificar os tipos de complemento dos verbos


transitivos (direto, indireto; oracional). Essa identificação pode ser feita pela fórmula:
• quem [verbo], [verbo] COMPLEMENTO

- Verbo “comprar”: quem compra, compra ALGO


- Verbo “entregar”: quem entrega, entrega ALGO a ALGUÉM

Quando o verbo é transitivo indireto, é preciso atenção se a preposição exigida for “a”,
como em “entregou o medicamento a [alguém]”. Nesse caso, se o objeto indireto (regido
pela preposição “a”) tiver como núcleo um termo determinado por artigo definido feminino,
a crase ocorre:

Entregou o medicamento à paciente do leito 38.

Nesse caso, “a paciente do leito 38” é termo feminino de natureza definida, e por isso
o artigo “a” o antecede.
Lembre-se: não ocorre crase (SEMPRE se avalia esse tipo de conhecimento) quando o
termo introduzido pela preposição “a” é um verbo, um pronome pessoal ou qualquer forma
que não aceite artigo definido feminino (por exemplo, todo e qualquer termo masculino).
Outro ponto de destaque ligado à transitividade verbal é a transposição voz ativa<>voz
passiva. Nesse caso, APENAS verbos que selecionem objeto direto na ativa podem apassivar.
Além disso, é bom destacar que, na passiva sintética (aquela com a partícula apassivadora
“se”), o verbo flexiona de acordo com o sujeito (que tipicamente está posposto).
Na morfossintaxe do período composto, lembre-se de diferenciar as orações subordinadas
adjetivas restritivas das explicativas: estas sempre ocorrem separadas por vírgula.

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CRASE
Vejamos a síntese sobre o fenômeno de crase: casos facultativos, casos proibitivos e
casos obrigatórios.

CRASE: casos facultativos, casos proibitivos e casos obrigatórios

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CONCORDÂNCIA
Vejamos o conteúdo sobre concordância. Nos mapas mentais a seguir, você pode
observar os principais casos de concordância verbal e concordância nominal:

Casos de concordância verbal

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Casos de concordância nominal

MORFOSSINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO


Na morfossintaxe do período composto (sintetizada no mapa mental a seguir), lembre-
se de diferenciar as orações subordinadas adjetivas restritivas das explicativas: estas
sempre ocorrem separadas por vírgula. Outra função subordinada sempre recorrente é a
substantiva subjetiva (função de sujeito). Por fim, destaco as subordinadas adverbiais,
as quais são quase sempre abordadas sob a perspectiva dos valores semântico-discursivos
das conjunções subordinativas.

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Morfossintaxe do período composto

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FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE”


As funções das formas “que” e “se” (nos períodos simples e composto) também são
importantes. Confira o mapa mental a seguir:

Funções do “que” e do “se”

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PONTUAÇÃO
Avalia-se de duas maneiras o emprego dos sinais de pontuação:
(i) valor expressivo da pontuação (como uso das aspas); e
(ii) correção gramatical.
A pontuação de um texto é capaz de trazer diversos matizes discursivos, além de ampliar
consideravelmente a expressividade. Por exemplo, a pontuação (juntamente com o deslocamento) é
capaz de dar destaque a certos itens da frase:

a) Fabiano caminhava com extrema dificuldade.


b) Com extrema dificuldade, Fabiano caminhava.

Na frase em (b), o adjunto adverbial “com extrema dificuldade” foi deslocado de sua
posição final (canônica) para o início do período. A posição inicial é mais privilegiada em termos
informacionais (o leitor presta mais atenção nesse comecinho), por isso o deslocamento é
um recurso de destaque ( juntamente com a pontuação, que marca o deslocamento).
Trabalharei dois sinais, os quais são muito recorrentes em provas: as aspas e a vírgula.
O uso mais comum das aspas é o de delimitar uma citação textual. Também se utilizam
as aspas para identificar, dentro de um texto, títulos (de obras, textos, capítulos e mídias
em geral), palavras estrangeiras e metalinguagem.
Outro uso muito comum das aspas é do tipo subjetivo, em que o autor, ao adotar as
aspas em determinado texto, indica ironia, descrença, malícia, imprecisão etc. Para
que a interpretação do valor semântico-discursivo das aspas torne-se mais clara, sugiro
realizar a leitura global do texto. Nessa leitura, é possível depreender o “tom” adotado
pelos enunciadores (e, consequentemente, qual valor é veiculado pelo emprego das aspas).
No emprego da vírgula, importa saber o seguinte:

Casos em que o emprego da vírgula é PROIBIDO

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Casos em que o emprego da vírgula é OBRIGATÓRIO

Casos de emprego opcional da vírgula

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EQUIVALÊNCIA, SUBSTITUIÇÃO, REORGANIZAÇÃO E


TRANSFORMAÇÃO DE PALAVRAS OU TRECHOS DO TEXTO/
REESCRITA
Em questões de “Equivalência, substituição, reorganização e transformação de palavras
ou trechos do texto”, a banca pode avaliar:
• a preservação de estrutura gramatical (norma culta);
• a preservação de sentido original do texto;
• a preservação da estrutura gramatical E do sentido original do texto;
• a preservação de organização textual (períodos, parágrafos etc.) (no âmbito da
coerência e da coesão).

Professor, então nas questões de reescrita a banca pode avaliar qualquer conteúdo
de Língua Portuguesa?

EXATAMENTE! Eu costumo chamar a denominação “reescrita” como termo coringa para


se cobrar todo e qualquer conteúdo de gramática, semântica ou texto. É um desafio, eu sei.
Você precisa articular bem seus conhecimentos de gramática aos conhecimentos de texto
(tipologia, gêneros, níveis de formalidade, coesão, coerência, estrutura do parágrafo etc.).

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Em relação à estrutura gramatical, os principais tópicos avaliados em questões de reescrita são estes:

Tópicos recorrentes em questões de reescrita

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Na Interpretação de Textos, a reescrita é tratada como um fenômeno de paráfrase,


definida como “diferentes formas de dizer a mesma coisa; frase sinônima”. Assim, a paráfrase
é o recurso linguístico de dizer a mesma coisa de diferentes formas. A frase declarativa a
seguir pode ter diversas paráfrases:

O João Gabriel comprou aquela guitarra na Amazon.

Paráfrases:

(i) Foi na Amazon que o João Gabriel comprou aquela guitarra. [clivagem]
(ii) Aquela guitarra foi comprada na Amazon pelo João Gabriel. [apassivação]
(iii) O João Gabriel comprou, na Amazon, aquela guitarra. [deslocamento]
(iv) Ele a comprou lá. [pronominalização]

Há diversas formas de se realizar paráfrases. As principais são estas:

Tipos de paráfrases mais recorrentes

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Professor, e quando a banca usa o termo “correção”?

Por correção gramatical, entende-se apenas a estrutura morfossintática do período (e


sua pontuação). Em uma questão que trata apenas a correção gramatical, não se considera
a manutenção de sentidos originais. Por correção gramatical, então, devemos considerar
as regras da gramática normativa, aquelas que enunciam, por exemplo, que “não se separa
com vírgula o sujeito de seu predicado”.
São raras as questões que trabalham apenas a correção gramatical. O mais comum é a
questão que avalia a “correção gramatical” e “os sentidos originais do texto”.

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QUESTÕES DE CONCURSO

001. (CEBRASPE/AUDITOR/CGE-RJ/2024) Quando se trata da construção da imagem de uma


organização, ressalta-se o papel dos veículos de imprensa. Esses veículos, ao publicarem
uma notícia, atuam na associação e formação das crenças, das ideias, dos sentimentos e
das impressões que uma pessoa ou um grupo tem ou passa a ter sobre aquela organização.
Não obstante, a migração desses meios de comunicação para a Internet aumenta o volume
de informações em circulação e eleva o seu poder de influência, uma vez que é possível
acessar dados e informações de qualquer lugar e a qualquer momento, de modo a expandir
a comunicação entre as pessoas e as organizações.
Carolina Coelho da Silveira, Carla Bonato Marcolin e Carlos Henrique Rodrigues. Como somos vistos? Análise
da imagem organizacional pública utilizando ciência de dados. Internet: (com adaptações).

Julgue os itens a seguir, relativos a aspectos linguísticos do texto precedente.


No primeiro período, a partícula “se”, em ambas as suas ocorrências, indica que é indeterminado
o sujeito sintático de cada uma das orações que formam o período.
Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para
classificar as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança
pública, infraestrutura, sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade
ambiental, eficiência da máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco
não mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e
Santa Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste
são os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e
auxílio na escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que,
além de ajudar políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem
robusta — ou seja, como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser
um bom indicador da gestão pública da região. São referências adotadas pelo ranking que
apresentam novos parâmetros para os estados brasileiros.
Internet: (com adaptações).

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Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue os seguintes itens.

002. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) A forma pronominal “Essa”, em “Essa é a pergunta”


(início do primeiro parágrafo), estabelece coesão por substituição.

003. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) No trecho “apenas cinco não mudaram de posição”


(segundo parágrafo), foi utilizada a estratégia de coesão por elipse.

004. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) No primeiro período do último parágrafo, a palavra


“robusta” está empregada com o mesmo sentido de arrojada.
Texto CB1A1
Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo
com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá
ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento
da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado
de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia,
têm levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis.
Partindo desse panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo
(USP), e Helena Hirata, do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França,
identificaram, em estudo, o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam
amparar indivíduos com distintos níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas
com deficiência. Enquanto, em algumas nações, o papel do Estado é preponderante, em
outras, a atuação de instituições privadas se sobressai. Na América Latina, o protagonismo
das famílias representa o aspecto mais marcante.
Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve
dois tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as
indiretas, como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional,
se desenvolve na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”,
diz Guimarães. Ela relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as
ciências sociais há cerca de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença
em linhas de investigação em áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia
política. “Com isso, a discussão sobre essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do
cuidado limitavam-se à ideia de que ele era uma necessidade nas situações de dependência,
mas tal entendimento se ampliou. Hoje, ele é visto como um trabalho fundamental para
assegurar o bem-estar de todos, na medida em que qualquer pessoa pode se fragilizar
e se tornar dependente em algum momento da vida”, explica a socióloga. Os avanços da
pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é distribuída de forma desigual
na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres.

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Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual


Wayne, nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada
de que o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser
prestado gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de
construção cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino.
Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua
participação no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina
saltou de 18% para 50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
“Consideradas provedoras naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar
mais intensamente fora de casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou
o que tem sido analisado como uma crise no provimento de cuidados que, em países do
hemisfério norte, tem se resolvido com uma mercantilização desses serviços, além de uma
maior atuação do Estado, por meio da criação de instituições públicas de acolhimento,
expansão de políticas de financiamento, formação e regulação do trabalho de cuidadores”,
conta a socióloga.
Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas
famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras
de crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado
oferece serviços de cuidado que compensam a escassa presença do Estado.
Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: <https://revistapesquisa.fapesp.
br/economia-do-cuidado> (com adaptações).

Em relação a aspectos estruturais do texto CB1A1 e às informações por ele veiculadas,


julgue os itens subsequentes.

005. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) Os serviços de cuidados fornecidos na América Latina


diferenciam-se dos providos em países do hemisfério norte.

006. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) A profissionalização do trabalho de cuidados nos


últimos anos remodelou a essência do conceito de cuidado.

007. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-DF/2020) Dada a regência do verbo “tender”, é facultativo


o emprego do sinal indicativo de crase no vocábulo “a” em “tendem a ser menos efetivas”.

008. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-DF/2020)
Além disso, apenas 10% das empresas estão conseguindo captar o valor total da
sustentabilidade, enquanto muitas companhias restam presas na “divulgação”.
Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto, a forma verbal “restam”
poderia ser substituída por “mantém-se”.

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009. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-AL/2020) Tem meia dúzia de atendentes, conheço dois


ou três pelo nome, e o dono do lugar é sempre simpático comigo. Sabe que gosto do seu
negócio, que, se me mudasse de novo para lá, seria seu freguês. Mas também sei que me
vê como um tipo que há vinte anos vive na capital, que a essa altura é mais metropolitano
que interiorano, um cara talvez meio esquisito, ou apenas ridículo, que se interessa por
coisas de que não precisa, coisas das quais não entende.
A expressão “um cara talvez meio esquisito” é empregada pelo narrador para caracterizar
“o dono do lugar”.

010. (CEBRASPE/PROCURADOR/PEF.BOA VISTA/2019)

As formas verbais “Acesse”, “conheça” e “consulte” caracterizam-se por uma uniformidade


na flexão de modo e de pessoa.

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011. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) “Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte


o teu direito a dizê-lo.” É com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo
francês, que Nigel Warburton principia o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade
de expressão — entendida em sentido amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças
teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre outros — é um
direito consagrado no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao
ponto de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão,
nenhum governo seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa
é a perspectiva defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das
condições de um governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham
sido adotadas por meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se
o governo impediu alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas
leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas relações
com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem
ser postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de
expressão se coloca a questão dos seus limites.
No texto, sugere-se que a liberdade de expressão pode ser usada em favor da mentira e
da manipulação.

012. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) A primeira celebração do Dia Mundial da Segurança


dos Alimentos das Nações Unidas, que ocorreu em 7 de junho de 2019, tinha como objetivo
fortalecer os esforços para garantir que os alimentos que comemos sejam seguros. A cada
ano, quase uma em cada dez pessoas no mundo (cerca de 600 milhões de pessoas) adoece
e 420 mil morrem depois de ingerir alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas
ou substâncias químicas.
Alimentos não seguros também dificultam o desenvolvimento em muitas economias de baixa
e média renda, que perdem cerca de US$ 95 bilhões em produtividade devido a doenças,
incapacidade e morte prematura de trabalhadores.
Nas Américas, estima-se que 77 milhões de pessoas sofram um episódio de doenças
transmitidas por alimentos a cada ano — metade delas são crianças com menos de 5 anos
de idade. Os dados disponíveis indicam que as doenças transmitidas por alimentos geram
de US$ 700 mil a US$ 19 milhões em custos anuais de saúde nos países do Caribe e mais
de US$ 77 milhões nos Estados Unidos da América.

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Na celebração do Dia Mundial da Segurança dos Alimentos de 2019, discutiu-se que a


segurança dos alimentos é responsabilidade de todos. A inocuidade dos alimentos contribui
para a segurança alimentar, a saúde humana, a prosperidade econômica, a agricultura, o
acesso ao mercado, o turismo e o desenvolvimento sustentável.
Embora seja um problema mundial, a contaminação dos alimentos ocorre de forma mais
severa nos países do continente americano, de acordo com o texto.

013. (CEBRASPE/PROCUR./PR.CAMPO GRANDE/2019) A jurisdição constitucional na


contemporaneidade apresenta-se como uma consequência praticamente natural do Estado
de direito. É ela que garante que a Constituição ganhará efetividade e que seu projeto não
será cotidianamente rasurado por medidas de exceção desenhadas atabalhoadamente. Mais
do que isso, a jurisdição é a garantia do projeto constitucional, quando os outros poderes
buscam redefinir os rumos durante a caminhada.
Os sentidos e a correção gramatical do texto seriam mantidos caso se substituísse a forma
verbal “garante” por “assegura”.

014. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-AM/2019) Szabo propôs os contratos inteligentes nos anos


90 do século passado. Mas, durante muito tempo, a proposta ficou só na ideia. Até que, em
2014, um jovem russo-canadense de 19 anos de idade, Vitalik Buterin, lançou a Ethereum,
uma legaltech que mantém registro compartilhado com a rede bitcoin, mas tem linguagem
de programação mais sofisticada que permite a gravação de contratos inteligentes. Os
contratos inteligentes prometem automatizar muitas das ações que historicamente
se fizeram por meio de sistemas legais, com redução de seus custos e aumento de sua
velocidade e segurança.
Ainda que o segmento esteja em fase inicial, aos poucos vão surgindo mais legaltechs para
aplicar contratos inteligentes em diferentes setores da economia. Um dos principais desafios
está no ambiente regulatório — em particular, no reconhecimento legal desses contratos.
A expressão “Ainda que” poderia ser substituída por “Embora”, sem alteração dos sentidos
e da correção gramatical do texto.

015. (CESPE/ANALISTA/TRF 1ª/2017) A prática empreendedora vem crescendo no Brasil,


sobretudo entre a população negra. Atualmente a maioria dos empreendedores negros
são mulheres que abriram seus negócios por oportunidade, contrariando a crença geral
de que as pessoas das camadas com menor poder aquisitivo procuram abrir seus negócios
mais por necessidade ou devido ao desemprego.
A palavra “oportunidade” retoma a expressão “prática empreendedora”.

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016. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) “Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte


o teu direito a dizê-lo.” É com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo
francês, que Nigel Warburton principia o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade
de expressão — entendida em sentido amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças
teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre outros — é um
direito consagrado no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao ponto
de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão, nenhum
governo seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa é a perspectiva
defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das condições de um
governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham sido adotadas por
meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se o governo impediu
alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas relações
com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem
ser postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de
expressão se coloca a questão dos seus limites.
A expressão “suas relações” refere-se às relações da “democracia ateniense”.

017. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) A primeira celebração do Dia Mundial da Segurança


dos Alimentos das Nações Unidas, que ocorreu em 7 de junho de 2019, tinha como objetivo
fortalecer os esforços para garantir que os alimentos que comemos sejam seguros. A cada
ano, quase uma em cada dez pessoas no mundo (cerca de 600 milhões de pessoas) adoece
e 420 mil morrem depois de ingerir alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas
ou substâncias químicas.
Alimentos não seguros também dificultam o desenvolvimento em muitas economias de baixa
e média renda, que perdem cerca de US$ 95 bilhões em produtividade devido a doenças,
incapacidade e morte prematura de trabalhadores.
Nas Américas, estima-se que 77 milhões de pessoas sofram um episódio de doenças
transmitidas por alimentos a cada ano — metade delas são crianças com menos de 5 anos
de idade. Os dados disponíveis indicam que as doenças transmitidas por alimentos geram
de US$ 700 mil a US$ 19 milhões em custos anuais de saúde nos países do Caribe e mais
de US$ 77 milhões nos Estados Unidos da América.
Na celebração do Dia Mundial da Segurança dos Alimentos de 2019, discutiu-se que a
segurança dos alimentos é responsabilidade de todos. A inocuidade dos alimentos contribui
para a segurança alimentar, a saúde humana, a prosperidade econômica, a agricultura, o
acesso ao mercado, o turismo e o desenvolvimento sustentável.
Sem alteração dos sentidos originais do texto, a palavra “transmitidas” poderia ser substituída
por “transmissíveis”.

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018. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) Não há conclusões unânimes, mas a ciência e


os especialistas caminham para o entendimento de que o preconceito seja um conceito
aprendido. Por definição, o preconceito é uma opinião formada antes da aquisição dos
conhecimentos adequados; um sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou
independente de experiência ou razão. Assim, foge da postura típica dos animais, que só
passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da experiência adquirida. O racismo prevê
uma superioridade racial independente da experiência pessoal.
Um estudo neurológico realizado pela pesquisadora Eva Telzer, da Universidade de Illinois,
analisou a reação de uma estrutura cerebral chamada amígdala, ligada a sensações como
medo e ansiedade, em crianças e adolescentes de 4 a 16 anos. O estudo mostrou que a
amígdala não responde à questão racial em crianças: a sensação de medo começa a aparecer
ao longo da adolescência, o que pode indicar que o racismo é aprendido ao longo da vida.
Já as pesquisas na área de psicologia experimental, que muitas vezes estudam o
comportamento dos animais, poderiam encontrar uma explicação para o racismo de bases
evolutivas — apesar de não existirem, nos animais, traços de preconceito ou discriminação
propriamente dita. “Nós não identificamos em animais um correlato exato ao preconceito,
especialmente porque preconceito é uma construção verbal e social típica das culturas
humanas”, diz Patrícia Izar, professora doutora do departamento de psicologia experimental
da Universidade de São Paulo (USP). “O que existe tipicamente entre os primatas, os macacos,
é um comportamento de proteger o grupo ao qual eles pertencem; em geral, um grupo
com alto grau de parentesco contra outro grupo.”.
O geneticista Sérgio Pena não concorda com estudos evolutivos: “Ao postular a existência
de uma natureza humana evolutivamente moldada para ser etnocêntrica, paroquial,
bairrista e chauvinista, esses discursos geralmente terminam por atribuir ao racismo uma
inevitabilidade natural. Isso não é verdade. Pelo contrário, as ‘raças’ e o racismo não têm
nenhuma justificativa biológica e não passam de uma invenção muito recente na história
da humanidade.”.
O verbo “postular” está empregado no texto com o mesmo sentido de “pressupor”.

019. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020 “Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte


o teu direito a dizê-lo.” É com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo
francês, que Nigel Warburton principia o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade
de expressão — entendida em sentido amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças
teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre outros — é um
direito consagrado no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao
ponto de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão,

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nenhum governo seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa
é a perspectiva defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das
condições de um governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham
sido adotadas por meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se
o governo impediu alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas
leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas relações
com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem
ser postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de
expressão se coloca a questão dos seus limites.
O terceiro parágrafo do texto é essencialmente descritivo, porque caracteriza a liberdade
de expressão.

020. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-DF/2020) Grandes companhias globais falam muito em


sustentabilidade ambiental e descarbonização de sua produção, mas o que fazem na prática
é insuficiente. A implementação de programas de sustentabilidade corporativa tem sido
lenta, conforme estudo de dois professores do International Institute for Management
Development (IMD), instituto de administração sediado na cidade suíça de Lausanne.
Dos executivos consultados em outra pesquisa realizada pelo IMD, 62% consideram estratégias
de sustentabilidade necessárias para serem competitivos atualmente, e outros 22% dizem
que isso será importante no futuro. Sustentabilidade é vista como uma abordagem de
negócios para criar valor a longo prazo, levando-se em conta como uma companhia opera
nos ambientes ecológico, social e econômico.
Em pesquisa com dez setores industriais ao longo de três anos, os dois professores do IMD
concluíram que, ao contrário do otimismo gerado pelo Acordo de Paris para combater a
mudança climática e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas,
as iniciativas nas empresas deixam a desejar. Na pesquisa, eles constataram que menos de
um terço das companhias desenvolveram casos de negócios claros ou proposições de valor
apoiadas em sustentabilidade. Além disso, apenas 10% das empresas estão conseguindo
captar o valor total da sustentabilidade, enquanto muitas companhias restam presas na
“divulgação”. Alguns setores têm melhores resultados na implementação de programas
de sustentabilidade, como o setor de material de construção, em comparação ao de
telecomunicações.
Os professores alertam que o tempo está esgotando. Estudos mostram que a poluição de
carbono precisa ser cortada quase pela metade até 2030 para evitar 1,5 grau de aquecimento
do planeta. Isso requer revisões ainda mais drásticas das indústrias globais e dos governos.

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Os dois professores destacam que os investidores reconhecem cada vez mais o impacto,
para a sociedade, das empresas nas quais investem. Eles notam que a necessidade de
desenvolver modelos de negócios mais sustentáveis está aumentando tão rapidamente
quanto os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. E sugerem um forte senso de foco
que chamam de “vetorização”, que inclui programas de sustentabilidade corporativa mais
acelerados.
Os pesquisadores alertam que companhias que trabalham em boas causas sem relação
com seus negócios centrais tendem a ser menos efetivas.
O texto é um artigo de opinião, em que predomina o tipo argumentativo, haja vista a presença
de diversos argumentos para sustentar a ideia defendida por seu autor.

021. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) A correção gramatical e os sentidos originais


do texto seriam mantidos caso o período “A inocuidade dos alimentos contribui para a
segurança alimentar, a saúde humana, a prosperidade econômica, a agricultura, o acesso
ao mercado, o turismo e o desenvolvimento sustentável.” fosse reescrito da seguinte
forma: A integridade dos alimentos contribuem com a segurança alimentar, saúde humana,
prosperidade econômica, agricultura, acesso ao mercado, turismo e desenvolvimento
sustentável.

022. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) Não há conclusões unânimes, mas a ciência e


os especialistas caminham para o entendimento de que o preconceito seja um conceito
aprendido. Por definição, o preconceito é uma opinião formada antes da aquisição dos
conhecimentos adequados; um sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou
independente de experiência ou razão. Assim, foge da postura típica dos animais, que só
passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da experiência adquirida. O racismo
prevê uma superioridade racial independente da experiência pessoal.
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso o período “Assim, foge
da postura típica dos animais, que só passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da
experiência adquirida.” fosse reescrito da seguinte forma: Assim, o preconceito foge da
postura típica dos animais, que rejeitam aquilo que é prejudicial a partir da experiência
adquirida.

023. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) Não há conclusões unânimes, mas a ciência e


os especialistas caminham para o entendimento de que o preconceito seja um conceito
aprendido. Por definição, o preconceito é uma opinião formada antes da aquisição dos
conhecimentos adequados; um sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou
independente de experiência ou razão. Assim, foge da postura típica dos animais, que só
passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da experiência adquirida. O racismo prevê
uma superioridade racial independente da experiência pessoal.

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Um estudo neurológico realizado pela pesquisadora Eva Telzer, da Universidade de Illinois,


analisou a reação de uma estrutura cerebral chamada amígdala, ligada a sensações como
medo e ansiedade, em crianças e adolescentes de 4 a 16 anos. O estudo mostrou que a
amígdala não responde à questão racial em crianças: a sensação de medo começa a aparecer
ao longo da adolescência, o que pode indicar que o racismo é aprendido ao longo da vida.
Já as pesquisas na área de psicologia experimental, que muitas vezes estudam o
comportamento dos animais, poderiam encontrar uma explicação para o racismo de bases
evolutivas — apesar de não existirem, nos animais, traços de preconceito ou discriminação
propriamente dita. “Nós não identificamos em animais um correlato exato ao preconceito,
especialmente porque preconceito é uma construção verbal e social típica das culturas
humanas”, diz Patrícia Izar, professora doutora do departamento de psicologia experimental
da Universidade de São Paulo (USP). “O que existe tipicamente entre os primatas, os macacos,
é um comportamento de proteger o grupo ao qual eles pertencem; em geral, um grupo
com alto grau de parentesco contra outro grupo.”.
O geneticista Sérgio Pena não concorda com estudos evolutivos: “Ao postular a existência de
uma natureza humana evolutivamente moldada para ser etnocêntrica, paroquial, bairrista e
chauvinista, esses discursos geralmente terminam por atribuir ao racismo uma inevitabilidade
natural. Isso não é verdade. Pelo contrário, as ‘raças’ e o racismo não têm nenhuma justificativa
biológica e não passam de uma invenção muito recente na história da humanidade.”.
O emprego de aspas no vocábulo ‘raças’ (último parágrafo), na fala do geneticista Sérgio
Pena, reproduz a intenção desse pesquisador de demonstrar a inadequação da palavra no
contexto apresentado por ele.

024. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) “Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte


o teu direito a dizê-lo.” É com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo
francês, que Nigel Warburton principia o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade
de expressão — entendida em sentido amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças
teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre outros — é um
direito consagrado no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao ponto
de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão, nenhum
governo 13| seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa é a
perspectiva defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das condições
de um governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham sido adotadas
por meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se o governo impediu
alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas leis e políticas”.
A correção gramatical e a coerência do texto seriam mantidas caso fosse inserida a expressão
“por isso”, isolada por vírgulas, entre as palavras “e” e “não”, na linha 13 – “e, por isso, não”.

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025. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) Já as pesquisas na área de psicologia experimental,


que muitas vezes estudam o comportamento dos animais, poderiam encontrar uma
explicação para o racismo de bases evolutivas — apesar de não existirem, nos animais,
traços de preconceito ou discriminação propriamente dita.
A correção gramatical do texto seria mantida caso a forma “existirem” fosse substituída
por “existir”.

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GABARITO

1. E
2. C
3. C
4. E
5. C
6. E
7. E
8. E
9. E
10. C
11. C
12. E
13. C
14. C
15. E
16. C
17. E
18. C
19. E
20. E
21. E
22. E
23. C
24. C
25. E

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GABARITO COMENTADO

001. (CEBRASPE/AUDITOR/CGE-RJ/2024) Quando se trata da construção da imagem de uma


organização, ressalta-se o papel dos veículos de imprensa. Esses veículos, ao publicarem
uma notícia, atuam na associação e formação das crenças, das ideias, dos sentimentos e
das impressões que uma pessoa ou um grupo tem ou passa a ter sobre aquela organização.
Não obstante, a migração desses meios de comunicação para a Internet aumenta o volume
de informações em circulação e eleva o seu poder de influência, uma vez que é possível
acessar dados e informações de qualquer lugar e a qualquer momento, de modo a expandir
a comunicação entre as pessoas e as organizações.
Carolina Coelho da Silveira, Carla Bonato Marcolin e Carlos Henrique Rodrigues. Como somos vistos? Análise
da imagem organizacional pública utilizando ciência de dados. Internet: (com adaptações).

Julgue os itens a seguir, relativos a aspectos linguísticos do texto precedente.


No primeiro período, a partícula “se”, em ambas as suas ocorrências, indica que é indeterminado
o sujeito sintático de cada uma das orações que formam o período.

Apenas o primeiro “se” é índice de indeterminação do sujeito. A segunda forma (ressalta-


se) é partícula apassivadora. Note que, neste último caso, o verbo é transitivo direto e
há uma contraparte analítica (o papel foi ressaltado). Por essa razão, o gabarito deve ser
marcado como errado.
Errado.

Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para
classificar as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança
pública, infraestrutura, sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade
ambiental, eficiência da máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco
não mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e
Santa Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste
são os menos competitivos do país.

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Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e


auxílio na escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que,
além de ajudar políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem
robusta — ou seja, como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser
um bom indicador da gestão pública da região. São referências adotadas pelo ranking que
apresentam novos parâmetros para os estados brasileiros.
Internet: (com adaptações).

Em relação aos aspectos gramaticais do texto precedente, julgue os seguintes itens.

002. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) A forma pronominal “Essa”, em “Essa é a pergunta”


(início do primeiro parágrafo), estabelece coesão por substituição.

A coesão por substituição ocorre quando um vocábulo (principalmente pronomes) substituem


outro termo (e, como isso, realizam a retomada). É exatamente o que ocorre em “Essa é a
pergunta”, em que o pronome “Essa” substitui toda a oração interrogativa “Você mora em
um lugar competitivo?”.
Certo.

003. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) No trecho “apenas cinco não mudaram de posição”


(segundo parágrafo), foi utilizada a estratégia de coesão por elipse.

A elipse ocorre quando se pode depreender a existência de um termo suprimido. Isso ocorre
no trecho em análise, pois é possível depreender a forma “estados” está subentendida em
“apenas cinco [estados] não mudaram de posição”.
Certo.

004. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023) No primeiro período do último parágrafo, a palavra


“robusta” está empregada com o mesmo sentido de arrojada.

Os vocábulos “robusta” e “arrojada” não são sinônimos. Por isso, não são intercambiáveis
(um não pode substituir o outro no contexto em análise). A diferença de significado é esta:
“robusto” significa algo de constituição física muito forte, vigoroso; “arrojado” denota que
aquilo que apresenta características inovadoras, progressistas; ousado.
Errado.

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Texto CB1A1
Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo
com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá
ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento
da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado
de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia,
têm levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis.
Partindo desse panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo
(USP), e Helena Hirata, do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França,
identificaram, em estudo, o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam
amparar indivíduos com distintos níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas
com deficiência. Enquanto, em algumas nações, o papel do Estado é preponderante, em
outras, a atuação de instituições privadas se sobressai. Na América Latina, o protagonismo
das famílias representa o aspecto mais marcante.
Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve
dois tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as
indiretas, como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional,
se desenvolve na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”,
diz Guimarães. Ela relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as
ciências sociais há cerca de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença
em linhas de investigação em áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia
política. “Com isso, a discussão sobre essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do
cuidado limitavam-se à ideia de que ele era uma necessidade nas situações de dependência,
mas tal entendimento se ampliou. Hoje, ele é visto como um trabalho fundamental para
assegurar o bem-estar de todos, na medida em que qualquer pessoa pode se fragilizar
e se tornar dependente em algum momento da vida”, explica a socióloga. Os avanços da
pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é distribuída de forma desigual
na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres.
Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual
Wayne, nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada
de que o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser
prestado gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de
construção cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino.
Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua
participação no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina
saltou de 18% para 50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
“Consideradas provedoras naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar
mais intensamente fora de casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou

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o que tem sido analisado como uma crise no provimento de cuidados que, em países do
hemisfério norte, tem se resolvido com uma mercantilização desses serviços, além de uma
maior atuação do Estado, por meio da criação de instituições públicas de acolhimento,
expansão de políticas de financiamento, formação e regulação do trabalho de cuidadores”,
conta a socióloga.
Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas
famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras
de crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado
oferece serviços de cuidado que compensam a escassa presença do Estado.
Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: <https://revistapesquisa.fapesp.
br/economia-do-cuidado> (com adaptações).

Em relação a aspectos estruturais do texto CB1A1 e às informações por ele veiculadas,


julgue os itens subsequentes.

005. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) Os serviços de cuidados fornecidos na América Latina


diferenciam-se dos providos em países do hemisfério norte.

Ao longo do texto, observamos fatos que denotam a distinção entre os serviços de cuidados
fornecidos por outros países (em especial, do hemisfério norte) e por países da América
Latina.
Certo.

006. (CEBRASPE/TÉCNICO/INSS/2022) A profissionalização do trabalho de cuidados nos


últimos anos remodelou a essência do conceito de cuidado.

O que remodelou a essência do conceito de cuidado está descrito no terceiro período do


primeiro parágrafo. Nele, não se encontra a profissionalização de cuidados como fator
gerador de mudança na essência do conceito de cuidado.
Errado.

007. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-DF/2020) Dada a regência do verbo “tender”, é facultativo


o emprego do sinal indicativo de crase no vocábulo “a” em “tendem a ser menos efetivas”.

Segundo a banca examinadora, “considerando o termo a que se liga a expressão “tendem


a”, o emprego do acento grave indicativo da crase seria inadequado em termos de correção
gramatical.” Traduzindo: o verbo “tender”, no texto, é transitivo indireto (preposição “a”).

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Isso não basta para haver crase. É necessário, também, que o termo introduzido pela
preposição seja antecedido por artigo definido feminino (ou formas pronominais, como
“aquele(a)(s)”). Isso não pode acontecer com formas verbais, como “ser”, que não aceitam
artigos. Dizendo de forma mais clara: NÃO OCORRE CRASE DIANTE DE VERBOS. Pronto,
agora sabemos o porquê de a questão estar errada: o emprego do sinal indicativo de crase
no vocábulo “a” não é facultativo, mas PROIBIDO!
Errado.

008. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-DF/2020) Além disso, apenas 10% das empresas estão


conseguindo captar o valor total da sustentabilidade, enquanto muitas companhias restam
presas na “divulgação”.
Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto, a forma verbal “restam”
poderia ser substituída por “mantém-se”.

Segundo a banca examinadora, “a forma verbal sugerida apresenta flexão de singular


(mantém-se) em vez de plural (mantêm-se), o que implica erro de concordância verbal no
período; logo, a correção gramatical ficaria prejudicada com a substituição.” Mais uma vez,
uma questão que aborda um fenômeno de concordância. Para não ficar dúvida:
mantÉm (acento agudo)>sujeito no singular;
mantÊm (acento circunflexo)>sujeito no plural.
Como “restam” está flexionado na terceira pessoa do plural, a forma adequada para
substituí-la é “mantÊm-se”.
Errado.

009. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-AL/2020) Tem meia dúzia de atendentes, conheço dois


ou três pelo nome, e o dono do lugar é sempre simpático comigo. Sabe que gosto do seu
negócio, que, se me mudasse de novo para lá, seria seu freguês. Mas também sei que me
vê como um tipo que há vinte anos vive na capital, que a essa altura é mais metropolitano
que interiorano, um cara talvez meio esquisito, ou apenas ridículo, que se interessa por
coisas de que não precisa, coisas das quais não entende.
A expressão “um cara talvez meio esquisito” é empregada pelo narrador para caracterizar
“o dono do lugar”.

Para resolver a questão corretamente, é preciso ler todo o parágrafo. Outro ponto muito
relevante para resolver a questão é identificar o tipo de narrador. Pelas formas verbais e
pronominais, vemos ser um narrador em primeira pessoa do singular (EU “conheço”, “gosto”,
“sei”; “comigo”; “me”). Esse narrador apresenta o dono do lugar (que é simpático com o

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narrador). Na sequência do texto, o narrador em primeira pessoa passa a se perceber pelos


olhos do dono do lugar. Nessa nova perspectiva, passa a se apresentar em terceira pessoa
– e é justamente nessa nova perspectiva que o narrador em primeira pessoa se projeta
como “um cara talvez meio esquisito”. Assim, “um cara meio esquisito” não faz referência
ao dono do lugar, mas ao próprio narrador (que se projeta sob a suposta perspectiva do
dono do lugar) – e é por isso que a questão está errada.
Errado.

010. (CEBRASPE/PROCURADOR/PEF.BOA VISTA/2019)

As formas verbais “Acesse”, “conheça” e “consulte” caracterizam-se por uma uniformidade


na flexão de modo e de pessoa.

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Depois da classe das conjunções, a classe dos verbos é a mais explorada pela banca CEBRASPE.
Nessa questão, exige-se a classificação das formas verbais “acesse”, “conheça” e “consulte”.
Note que o texto é uma peça publicitária, a qual tem por objetivo o convencimento do
interlocutor. Nesse gênero textual, o uso de formas verbais no modo imperativo é muito
adequado (pois o modo imperativo expressa comando, ordem, pedido, súplica). A pessoa
do discurso comum às três formas é a terceira do singular. Como essa classificação é a
proposta na redação da questão (as três formas são semelhantes em pessoa e modo), o
gabarito é certo.
Certo.

011. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) “Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte


o teu direito a dizê-lo.” É com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo
francês, que Nigel Warburton principia o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade
de expressão — entendida em sentido amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças
teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre outros — é um
direito consagrado no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao
ponto de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão,
nenhum governo seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa
é a perspectiva defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das
condições de um governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham
sido adotadas por meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se
o governo impediu alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas
leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas relações
com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem
ser postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de
expressão se coloca a questão dos seus limites.
No texto, sugere-se que a liberdade de expressão pode ser usada em favor da mentira e
da manipulação.

Observe que a afirmativa da questão é sobre o texto. Em alguma parte dele, haverá (ou
não) a sugestão de que a liberdade de expressão pode ser usada em favor da mentira e da
manipulação. No primeiro parágrafo, observamos a introdução à temática e a definição
do conceito. Em seguida, o texto mostra o valor da liberdade de expressão e apresenta a

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perspectiva de Ronald Dworkin. Por fim, no último parágrafo observamos uma comparação,
a qual coloca em evidência o fato de uma noção (a argumentação e a retórica) ser utilizada
para um mal (a mentira e a manipulação). Nessa comparação, estabelece-se um paralelo com
a liberdade de expressão, a qual também pode ser usada para o mal (ultrapassando-se, assim,
os seus limites). Como estamos diante de uma comparação, é adequado dizer que o texto
“sugere que a liberdade de expressão pode ser usada em favor da mentira e da manipulação”).
Os “cálculos” de sentido exigidos na resolução de uma questão de interpretação não são simples.
Notamos claramente que é preciso partir do elemento textual para se chegar a uma conclusão
(por inferência). Com a experiência, realizar esses “cálculos” acaba se tornando mais fácil, ok?
Certo.

012. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) A primeira celebração do Dia Mundial da Segurança


dos Alimentos das Nações Unidas, que ocorreu em 7 de junho de 2019, tinha como objetivo
fortalecer os esforços para garantir que os alimentos que comemos sejam seguros. A cada
ano, quase uma em cada dez pessoas no mundo (cerca de 600 milhões de pessoas) adoece
e 420 mil morrem depois de ingerir alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas
ou substâncias químicas.
Alimentos não seguros também dificultam o desenvolvimento em muitas economias de baixa
e média renda, que perdem cerca de US$ 95 bilhões em produtividade devido a doenças,
incapacidade e morte prematura de trabalhadores.
Nas Américas, estima-se que 77 milhões de pessoas sofram um episódio de doenças
transmitidas por alimentos a cada ano — metade delas são crianças com menos de 5 anos
de idade. Os dados disponíveis indicam que as doenças transmitidas por alimentos geram
de US$ 700 mil a US$ 19 milhões em custos anuais de saúde nos países do Caribe e mais
de US$ 77 milhões nos Estados Unidos da América.
Na celebração do Dia Mundial da Segurança dos Alimentos de 2019, discutiu-se que a
segurança dos alimentos é responsabilidade de todos. A inocuidade dos alimentos contribui
para a segurança alimentar, a saúde humana, a prosperidade econômica, a agricultura, o
acesso ao mercado, o turismo e o desenvolvimento sustentável.
Embora seja um problema mundial, a contaminação dos alimentos ocorre de forma mais
severa nos países do continente americano, de acordo com o texto.

A redação da questão precisa de atenção: temos uma conjunção concessiva (Embora), a


qual liga duas afirmações: (i) o problema da contaminação dos alimentos é mundial; (ii)
esse problema ocorre de forma mais severa nos países do continente americano. O uso do
“embora” estabelece a seguinte relação: certo, o problema da contaminação é mundial,
mas, apesar de ser mundial, o problema ocorre mais severamente nos países do continente
americano.

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A análise realizada pela questão, no entanto, é diferente do que lemos no texto. Não há
indicação de que “a contaminação dos alimentos ocorre de forma mais severa nos países
do continente americano”. O terceiro parágrafo apenas ilustra o caso das Américas, não
estabelecendo qualquer tipo de gradação (a contaminação ocorrer de maneira mais ou
menos severa). De acordo com o texto, a contaminação é um fenômeno mundial (e as regiões
são tratadas de maneira ampla, não especificada): “quase uma em cada dez pessoas no
mundo”; “dificultam o desenvolvimento em muitas economias de baixa e média renda”;
“a segurança dos alimentos é responsabilidade de todos”.
Errado.

013. (CEBRASPE/PROCUR./PR.CAMPO GRANDE/2019) A jurisdição constitucional na


contemporaneidade apresenta-se como uma consequência praticamente natural do Estado
de direito. É ela que garante que a Constituição ganhará efetividade e que seu projeto não
será cotidianamente rasurado por medidas de exceção desenhadas atabalhoadamente. Mais
do que isso, a jurisdição é a garantia do projeto constitucional, quando os outros poderes
buscam redefinir os rumos durante a caminhada.
Os sentidos e a correção gramatical do texto seriam mantidos caso se substituísse a forma
verbal “garante” por “assegura”.

Gramaticalmente, as formas “garante” e “assegura” são uniformes em flexão (modo-tempo


e número-pessoa) e em transitividade (ambas são transitivas diretas). Falta, então, verificar
se são uniformes em termos semânticos. Segundo o Dicionário Houaiss (2009), “garantir”
significa “afiançar a veracidade de; asseverar, atestar; assegurar”. Ora, vemos claramente
na definição do dicionário que “garantir” tem como sinônimo o termo “assegurar”. Assim, a
questão está certa: a substituição de “garante” por “assegura” mantém a correção gramatical
e os sentidos do texto.
Certo.

014. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-AM/2019) Szabo propôs os contratos inteligentes nos anos


90 do século passado. Mas, durante muito tempo, a proposta ficou só na ideia. Até que, em
2014, um jovem russo-canadense de 19 anos de idade, Vitalik Buterin, lançou a Ethereum,
uma legaltech que mantém registro compartilhado com a rede bitcoin, mas tem linguagem
de programação mais sofisticada que permite a gravação de contratos inteligentes. Os
contratos inteligentes prometem automatizar muitas das ações que historicamente
se fizeram por meio de sistemas legais, com redução de seus custos e aumento de sua
velocidade e segurança.

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Ainda que o segmento esteja em fase inicial, aos poucos vão surgindo mais legaltechs para
aplicar contratos inteligentes em diferentes setores da economia. Um dos principais desafios
está no ambiente regulatório — em particular, no reconhecimento legal desses contratos.
A expressão “Ainda que” poderia ser substituída por “Embora”, sem alteração dos sentidos
e da correção gramatical do texto.

A classe das conjunções é sem dúvida a mais avaliada pela banca CEBRASPE. O modo de
avaliar essa classe é este: propõe-se uma substituição da conjunção presente no texto por
uma outra conjunção que exerça (ou não) a mesma função coesiva sequencial. Na questão
em análise, “ainda que” possui valor concessivo (isto é, a conjunção inicia uma oração
que exprime uma oposição ao que é dito na oração principal, não sendo capaz, porém, de
anular ou impedir o fato mencionado. O grupo das conjunções concessivas é formado pelos
seguintes itens: “ainda que”, “mesmo que”, “EMBORA”. Como a questão propõe a substituição
de “Ainda que” por “Embora”, o gabarito é certo ( já que ambas são concessivas).
Certo.

015. (CESPE/ANALISTA/TRF 1ª/2017) A prática empreendedora vem crescendo no Brasil,


sobretudo entre a população negra. Atualmente a maioria dos empreendedores negros
são mulheres que abriram seus negócios por oportunidade, contrariando a crença geral
de que as pessoas das camadas com menor poder aquisitivo procuram abrir seus negócios
mais por necessidade ou devido ao desemprego.
A palavra “oportunidade” retoma a expressão “prática empreendedora”.

Em questões de coesão, a banca avalia sua capacidade de identificar a forma como os


itens do texto estão conectados. Em muitas (mas muitas questões mesmo), avalia-se o
candidato da seguinte forma: o item X retoma/faz referência ao termo Y.
Na questão que estamos comentando, vemos que a palavra “oportunidade” não retoma
nenhum referente anterior. No texto, “por oportunidade” significa “circunstância oportuna,
favorável para a realização de algo”. É por isso que o gabarito da questão é errado, porque
“oportunidade” não retoma “prática empreendedora”.
Errado.

016. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) “Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte


o teu direito a dizê-lo.” É com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo
francês, que Nigel Warburton principia o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade
de expressão — entendida em sentido amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças

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teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre outros — é um


direito consagrado no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao ponto
de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão, nenhum
governo seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa é a perspectiva
defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das condições de um
governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham sido adotadas por
meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se o governo impediu
alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas relações
com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem
ser postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de
expressão se coloca a questão dos seus limites.
A expressão “suas relações” refere-se às relações da “democracia ateniense”.

Outra questão padrão de coesão: solicita-se a identificação de como os itens no texto


se relacionam em termos de referência. A pergunta a ser feita sobre a expressão “suas
relações” é: relações de quem com a argumentação e a retórica? A resposta será “democracia
ateniense”. Em outras palavras: “são sobejamente conhecidas as relações da democracia
ateniense com a argumentação e a retórica”. Como vemos, a reescrita torna transparente
o modo como a referência é estabelecida (“suas relações” faz referência a “democracia
ateniense”). Como a afirmativa da questão é adequada, o gabarito é certo.
Certo.

017. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) A primeira celebração do Dia Mundial da Segurança


dos Alimentos das Nações Unidas, que ocorreu em 7 de junho de 2019, tinha como objetivo
fortalecer os esforços para garantir que os alimentos que comemos sejam seguros. A cada
ano, quase uma em cada dez pessoas no mundo (cerca de 600 milhões de pessoas) adoece
e 420 mil morrem depois de ingerir alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas
ou substâncias químicas.
Alimentos não seguros também dificultam o desenvolvimento em muitas economias de baixa
e média renda, que perdem cerca de US$ 95 bilhões em produtividade devido a doenças,
incapacidade e morte prematura de trabalhadores.
Nas Américas, estima-se que 77 milhões de pessoas sofram um episódio de doenças
transmitidas por alimentos a cada ano — metade delas são crianças com menos de 5 anos
de idade. Os dados disponíveis indicam que as doenças transmitidas por alimentos geram
de US$ 700 mil a US$ 19 milhões em custos anuais de saúde nos países do Caribe e mais
de US$ 77 milhões nos Estados Unidos da América.

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Na celebração do Dia Mundial da Segurança dos Alimentos de 2019, discutiu-se que a


segurança dos alimentos é responsabilidade de todos. A inocuidade dos alimentos contribui
para a segurança alimentar, a saúde humana, a prosperidade econômica, a agricultura, o
acesso ao mercado, o turismo e o desenvolvimento sustentável.
Sem alteração dos sentidos originais do texto, a palavra “transmitidas” poderia ser substituída
por “transmissíveis”.

Qual é o valor semântico expresso por “transmitidas”? A resposta que podemos dar é:
transmitido é algo que já ocorreu; é uma transmissão realizada. Tudo bem quanto a essa
análise? Beleza.
“Transmissível”, por sua vez, possui valor semântico de algo “passível de ser transmitido”.
Em outras palavras, “transmissível” é algo que pode (em hipótese, em possibilidade) ser
transmitido. Não temos a certeza, na leitura semântica desse termo, se a transmissão
ocorreu ou não, se ela se efetivou ou não.
Como vemos, há uma diferença semântica muito clara entre os termos (um denota evento
realizado; o outro, evento que tem possibilidade de ocorrer). Por essa razão, haveria mudança
dos sentidos originais com a substituição proposta. Gabarito errado, portanto.
Errado.

018. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) Não há conclusões unânimes, mas a ciência e


os especialistas caminham para o entendimento de que o preconceito seja um conceito
aprendido. Por definição, o preconceito é uma opinião formada antes da aquisição dos
conhecimentos adequados; um sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou
independente de experiência ou razão. Assim, foge da postura típica dos animais, que só
passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da experiência adquirida. O racismo prevê
uma superioridade racial independente da experiência pessoal.
Um estudo neurológico realizado pela pesquisadora Eva Telzer, da Universidade de Illinois,
analisou a reação de uma estrutura cerebral chamada amígdala, ligada a sensações como
medo e ansiedade, em crianças e adolescentes de 4 a 16 anos. O estudo mostrou que a
amígdala não responde à questão racial em crianças: a sensação de medo começa a aparecer
ao longo da adolescência, o que pode indicar que o racismo é aprendido ao longo da vida.
Já as pesquisas na área de psicologia experimental, que muitas vezes estudam o
comportamento dos animais, poderiam encontrar uma explicação para o racismo de bases
evolutivas — apesar de não existirem, nos animais, traços de preconceito ou discriminação
propriamente dita. “Nós não identificamos em animais um correlato exato ao preconceito,
especialmente porque preconceito é uma construção verbal e social típica das culturas

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humanas”, diz Patrícia Izar, professora doutora do departamento de psicologia experimental


da Universidade de São Paulo (USP). “O que existe tipicamente entre os primatas, os macacos,
é um comportamento de proteger o grupo ao qual eles pertencem; em geral, um grupo
com alto grau de parentesco contra outro grupo.”.
O geneticista Sérgio Pena não concorda com estudos evolutivos: “Ao postular a existência
de uma natureza humana evolutivamente moldada para ser etnocêntrica, paroquial,
bairrista e chauvinista, esses discursos geralmente terminam por atribuir ao racismo uma
inevitabilidade natural. Isso não é verdade. Pelo contrário, as ‘raças’ e o racismo não têm
nenhuma justificativa biológica e não passam de uma invenção muito recente na história
da humanidade.”.
O verbo “postular” está empregado no texto com o mesmo sentido de “pressupor”.

Mais uma questão de semântica. A afirmativa diz que as formas “postular” e “pressupor”
são sinônimas no contexto de ocorrência (Ao postular a existência [...]). Ambas as formas
expressam a ideia de “admitir como postulado; fazer supor a existência de (no campo das
hipóteses)”.
Questões de semântica são complexas porque exigem nuances nos sentidos de cada
vocábulo. Uma forma adequada de resolvê-las é identificar o valor da palavra no contexto
de ocorrência (é justamente esse contexto que esclarece o valor semântico da palavra).
Outra estratégia é voltar ao texto e substituir a palavra conforme proposto na afirmativa
da questão: “Ao pressupor a existência de uma natureza [...]”. Como vemos, a substituição
não altera os sentidos originais do trecho, mantendo o valor de “lançar como hipótese”.
Questão certa, portanto.
Certo.

019. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) “Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte


o teu direito a dizê-lo.” É com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo
francês, que Nigel Warburton principia o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade
de expressão — entendida em sentido amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças
teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre outros — é um
direito consagrado no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao
ponto de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão,
nenhum governo seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa
é a perspectiva defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das
condições de um governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham

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sido adotadas por meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se


o governo impediu alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas
leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas relações
com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem
ser postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de
expressão se coloca a questão dos seus limites.
O terceiro parágrafo do texto é essencialmente descritivo, porque caracteriza a liberdade
de expressão.

O terceiro parágrafo não é a caracterização da liberdade de expressão. Na verdade, o autor


discute esse conceito (liberdade de expressão) de modo a defender um ponto de vista
(o de que “se coloca a questão dos limites da liberdade de expressão”). Uma descrição/
caracterização do que seja a liberdade de expressão é apresentada o terceiro período do
primeiro parágrafo.
Errado.

020. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-DF/2020) Grandes companhias globais falam muito em


sustentabilidade ambiental e descarbonização de sua produção, mas o que fazem na prática
é insuficiente. A implementação de programas de sustentabilidade corporativa tem sido
lenta, conforme estudo de dois professores do International Institute for Management
Development (IMD), instituto de administração sediado na cidade suíça de Lausanne.
Dos executivos consultados em outra pesquisa realizada pelo IMD, 62% consideram estratégias
de sustentabilidade necessárias para serem competitivos atualmente, e outros 22% dizem
que isso será importante no futuro. Sustentabilidade é vista como uma abordagem de
negócios para criar valor a longo prazo, levando-se em conta como uma companhia opera
nos ambientes ecológico, social e econômico.
Em pesquisa com dez setores industriais ao longo de três anos, os dois professores do IMD
concluíram que, ao contrário do otimismo gerado pelo Acordo de Paris para combater a
mudança climática e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas,
as iniciativas nas empresas deixam a desejar. Na pesquisa, eles constataram que menos de
um terço das companhias desenvolveram casos de negócios claros ou proposições de valor
apoiadas em sustentabilidade. Além disso, apenas 10% das empresas estão conseguindo
captar o valor total da sustentabilidade, enquanto muitas companhias restam presas na
“divulgação”. Alguns setores têm melhores resultados na implementação de programas
de sustentabilidade, como o setor de material de construção, em comparação ao de
telecomunicações.

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Os professores alertam que o tempo está esgotando. Estudos mostram que a poluição de
carbono precisa ser cortada quase pela metade até 2030 para evitar 1,5 grau de aquecimento
do planeta. Isso requer revisões ainda mais drásticas das indústrias globais e dos governos.
Os dois professores destacam que os investidores reconhecem cada vez mais o impacto,
para a sociedade, das empresas nas quais investem. Eles notam que a necessidade de
desenvolver modelos de negócios mais sustentáveis está aumentando tão rapidamente
quanto os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. E sugerem um forte senso de foco
que chamam de “vetorização”, que inclui programas de sustentabilidade corporativa mais
acelerados.
Os pesquisadores alertam que companhias que trabalham em boas causas sem relação
com seus negócios centrais tendem a ser menos efetivas.
O texto é um artigo de opinião, em que predomina o tipo argumentativo, haja vista a presença
de diversos argumentos para sustentar a ideia defendida por seu autor.

Segundo a banca, “o texto é predominantemente dissertativo, uma vez que se estrutura


em termos de apresentação de resultados e conclusões de estudos realizados sobre o tema
da sustentabilidade”. Amplio a análise da banca da seguinte forma: para ser um artigo de
opinião, predominando o tipo argumentativo, seria necessário que o autor tivesse empregado
argumentos de modo a convencer o leitor. A apresentação de resultados e conclusões de
estudos tem por finalidade apenas informar o leitor. Por isso, a questão está errada.
Errado.

021. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) A correção gramatical e os sentidos originais


do texto seriam mantidos caso o período “A inocuidade dos alimentos contribui para a
segurança alimentar, a saúde humana, a prosperidade econômica, a agricultura, o acesso
ao mercado, o turismo e o desenvolvimento sustentável.” fosse reescrito da seguinte
forma: A integridade dos alimentos contribuem com a segurança alimentar, saúde humana,
prosperidade econômica, agricultura, acesso ao mercado, turismo e desenvolvimento
sustentável.

Em questões de equivalência, substituição, reorganização e transformação de palavras


ou trechos do texto, a banca CEBRASPE pode cobrar todo e qualquer conteúdo de Língua
Portuguesa. Especificamente nessa questão, temos uma reescrita com um desvio de
concordância verbal: “a integridade dos alimentos contribuem”. Por que a concordância
está inadequada? Isso mesmo: o núcleo do sujeito é um termo singular (integridade), e por
isso o verbo deve estar também no singular (contribui). Isso bastaria para julgar a questão
como errada, mas podemos avançar na análise.

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A substituição do termo “inocuidade” por “integridade” não é adequada, pois os sentidos


não são equivalentes (aquele significa “qualidade do que é inofensivo, do que, por sua
natureza física, não pode produzir lesão”; este significa “estado ou característica daquilo
que está inteiro, que não sofreu qualquer diminuição; plenitude, inteireza”).
Por fim, falta paralelismo na reescrita, já que, na coordenação, apenas o termo “segurança”
é acompanhado por artigo definido (o adequado seria que todos os termos fossem
acompanhados por artigo).
E então, observou como a banca pode avaliar todo e qualquer conteúdo de Língua Portuguesa?
Apenas nessa questão, observamos três tópicos: concordância, sinonímia e paralelismo.
O interessante é que você precisa apenas encontrar uma (1) inadequação para julgar a
questão como errada.
Errado.

022. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) Não há conclusões unânimes, mas a ciência e


os especialistas caminham para o entendimento de que o preconceito seja um conceito
aprendido. Por definição, o preconceito é uma opinião formada antes da aquisição dos
conhecimentos adequados; um sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou
independente de experiência ou razão. Assim, foge da postura típica dos animais, que só
passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da experiência adquirida. O racismo
prevê uma superioridade racial independente da experiência pessoal.
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso o período “Assim, foge
da postura típica dos animais, que só passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da
experiência adquirida.” fosse reescrito da seguinte forma: Assim, o preconceito foge da
postura típica dos animais, que rejeitam aquilo que é prejudicial a partir da experiência
adquirida.

A reescrita propõem que o termo elíptico “o preconceito” passe a ocorrer manifesto, o que
é adequado. A inadequação (que torna a questão errada) é a substituição de “que só passam
a rejeitar aquilo” por “que rejeitam aquilo”. A expressão original denota uma condição para
que os animais passem a rejeitar algo; a reescritura, por sua vez, denota que é da natureza
dos animais rejeitar algo.
Além disso, o “algo” rejeitado também é diferente. No original, temos que o que se rejeita
é “aquilo que os prejudica” (isto é, o que prejudica os próprios animais); na reescrita, o que
se rejeita é “aquilo que é prejudicial” (isto é, prejudicial a qualquer coisa), expressão mais
genérica em relação à original.
Note que a reescrita não traz desvios gramaticais, mas mudança no sentido original.
Errado.

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023. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) Não há conclusões unânimes, mas a ciência e


os especialistas caminham para o entendimento de que o preconceito seja um conceito
aprendido. Por definição, o preconceito é uma opinião formada antes da aquisição dos
conhecimentos adequados; um sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou
independente de experiência ou razão. Assim, foge da postura típica dos animais, que só
passam a rejeitar aquilo que os prejudica a partir da experiência adquirida. O racismo prevê
uma superioridade racial independente da experiência pessoal.
Um estudo neurológico realizado pela pesquisadora Eva Telzer, da Universidade de Illinois,
analisou a reação de uma estrutura cerebral chamada amígdala, ligada a sensações como
medo e ansiedade, em crianças e adolescentes de 4 a 16 anos. O estudo mostrou que a
amígdala não responde à questão racial em crianças: a sensação de medo começa a aparecer
ao longo da adolescência, o que pode indicar que o racismo é aprendido ao longo da vida.
Já as pesquisas na área de psicologia experimental, que muitas vezes estudam o comportamento
dos animais, poderiam encontrar uma explicação para o racismo de bases evolutivas — apesar de
não existirem, nos animais, traços de preconceito ou discriminação propriamente dita. “Nós não
identificamos em animais um correlato exato ao preconceito, especialmente porque preconceito
é uma construção verbal e social típica das culturas humanas”, diz Patrícia Izar, professora doutora
do departamento de psicologia experimental da Universidade de São Paulo (USP). “O que existe
tipicamente entre os primatas, os macacos, é um comportamento de proteger o grupo ao qual
eles pertencem; em geral, um grupo com alto grau de parentesco contra outro grupo.”.
O geneticista Sérgio Pena não concorda com estudos evolutivos: “Ao postular a existência de
uma natureza humana evolutivamente moldada para ser etnocêntrica, paroquial, bairrista e
chauvinista, esses discursos geralmente terminam por atribuir ao racismo uma inevitabilidade
natural. Isso não é verdade. Pelo contrário, as ‘raças’ e o racismo não têm nenhuma justificativa
biológica e não passam de uma invenção muito recente na história da humanidade.”.
O emprego de aspas no vocábulo ‘raças’ (último parágrafo), na fala do geneticista Sérgio
Pena, reproduz a intenção desse pesquisador de demonstrar a inadequação da palavra no
contexto apresentado por ele.

Primeiramente, é preciso analisar a pontuação (uso das aspas) dentro do parágrafo. Dentro
desse parágrafo, o autor do texto insere a fala de uma autoridade, o geneticista Sérgio
Pena (e essa fala está isolada por aspas). Na fala de Sérgio Pena, o uso das aspas é uma
marcação do modo como o geneticista enxerga o uso do termo raças, para ele inadequado.
Esse ponto de vista sobre o uso do termo pode ser confirmado no próprio conteúdo da
declaração: “não têm nenhuma justificativa biológica e não passam de uma invenção muito
recente na história da humanidade”.
Assim, fica clara a importância de se analisar a pontuação dentro do contexto de ocorrência.
Certo.

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024. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) “Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte


o teu direito a dizê-lo.” É com essa afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo
francês, que Nigel Warburton principia o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade
de expressão — entendida em sentido amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças
teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias, os cartuns, as pinturas, entre outros — é um
direito consagrado no artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao
ponto de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão,
nenhum governo 13| seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático.
Essa é a perspectiva defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das
condições de um governo legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham
sido adotadas por meio de um processo democrático, e um processo não é democrático se
o governo impediu alguém de exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas
leis e políticas”.
A correção gramatical e a coerência do texto seriam mantidas caso fosse inserida a expressão
“por isso”, isolada por vírgulas, entre as palavras “e” e “não”, na linha 13 – “e, por isso, não”.

A inserção do elemento coesivo (sequencial) “por isso” é adequada em termos de coerência


e correção gramatical. Em termos de coerência, a relação de “conclusão” entre as orações
(nenhum governo seria de todo legítimo > não deveria ser denominado democrático) pode
ser mediada pela expressão “por isso”. Em termos de correção gramatical, o termo “por
isso” deve estar entre vírgulas por ser uma expressão intercalada na oração – exatamente
como proposto pela banca.
Note que a banca é explícita no comando: “A correção gramatical e a coerência do texto
seriam mantidas”. Não se fala, assim, em manutenção dos sentidos originais – fala-se sobre
manutenção de correção gramatical e de coerência.
Certo.

025. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020) Já as pesquisas na área de psicologia experimental,


que muitas vezes estudam o comportamento dos animais, poderiam encontrar uma
explicação para o racismo de bases evolutivas — apesar de não existirem, nos animais,
traços de preconceito ou discriminação propriamente dita.
A correção gramatical do texto seria mantida caso a forma “existirem” fosse substituída
por “existir”.

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A questão aborda um tópico de morfossintaxe do período simples: a identificação do


sujeito da forma verbal. Eu sempre dou destaque ao fato de que muitas vezes o sujeito
está em posição pós-verbal (isto é, ocorre depois do verbo). Esse destaque é importante,
porque a posição típica do sujeito é antes do verbo (posição S-V). Como a banca sabe que
a ocorrência de sujeitos pospostos é mais restrita, as questões sobre essa construção são
recorrentes (porque se trata de um tópico mais complexo).
Como resolver, então, esse problema de encontrar um sujeito posposto? Basta utilizar a
mesma estratégia usada para encontrar o sujeito em posição “normal” (dita canônica, do
tipo Sujeito-Verbo): pergunte ao verbo “quem é que [verbo]?”. Na questão: o que é que
“não existirem”? A resposta será: “traços de preconceito ou discriminação propriamente
dita”. Como o núcleo desse sujeito é simples e está no plural e o verbo é pessoal (existir), a
concordância é obrigatória: traços existirem. Então a questão está errada, pois propõe a
substituição de uma forma no plural (adequada) por uma forma no singular (inadequada).
Errado.

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