Conceitos Do Direito

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Teoria Geral do Direito

Conceitos de Direito

• Complexo;
• Conjunto de normas de conduta social imposta coercitivamente pelo Estado;
• Leva em consideração a ideologia política e pessoal da pessoa no tempo em que ela
vive.
• Convergências entre os filósofos do direito: a definição do direito não pode ser válida
para toda a humanidade e para todo o tempo, pois o ordenamento jurídico está em
constante fluxo. (relatividade histórica)

Hans Kelsen (1881-1973)

Esse jurista austríaco, que muitos consideram como o mais importante do século XX, foi vítima da
perseguição nazista contra os judeus e, após várias aventuras, encontrou refúgio nos Estados
Unidos.

Kelsen realizou em suas obras uma leitura exclusivamente jurídica do direito. Seu pensamento foi
exposto com particular clareza na obra Teoria pura do direito, publicada em primeira edição em
1934 (Kelsen, 2000).

Kelsen é partidário do positivismo jurídico. Em sua opinião, a tarefa da ciência jurídica é explicar
como funciona o ordenamento jurídico. As normas em vigor devem ser estudadas pelos juristas
sem interferência de outras disciplinas, tais como a sociologia, a história, a ciência política, a
psicologia, a teologia ou a filosofia. Essas disciplinas são úteis para entender e avaliar o direito
positivo, mas não devem intervir no seu estudo, que deve ser “puro”, como diz o título de sua
principal obra.

Kelsen define o direito como organização da força ou ordem de coação. As normas jurídicas são
obrigatórias e aplicam-se mesmo contra a vontade dos destinatários por meio do emprego de força
física.

O direito vigora em determinado território porque consegue ser politicamente imposto e


reconhecido pela maioria da população. Entretanto, o estudioso do direito não deve interessar-se
pelas razões sociais da validade do direito, mas tão somente pelos mecanismos jurídicos.

Miguel Reale (1910-2006)

A Teoria Tridimensional do Direito, no Brasil mais conhecida pelo seu formulador original, mas não
exclusivo, o professor Miguel Reale, foi concebida como uma proposta de construção do
pensamento jurídico e uma das principais inovações no estudo e compreensão deste fenômeno.
Conforme proposta pelo professor Reale, a teoria correlaciona três fatores interdependentes que
fazem do Direito uma estrutura social axiológico-normativa. Esses três elementos são:
• Fato ( sociologia – o direito como fato social )
• Valor ( filosofia – princípios fundamentais e a natureza científica do direito )
• Norma ( tgd – dogmática jurídica )

Importa, desde logo, afirmar que esses três elementos devem estar sempre referidos ao plano
cultural da sociedade onde se apresentam.

Na óptica tridimensional fato ,valor e norma são dimensões essenciais do Direito, o qual é, desse
modo, insuscetível de ser partido em fatias, sob pena de comprometer-se a natureza
especificamente jurídica da pesquisa.

Convergências entre os conceitos

• Relatividade histórica: a definição do direito não pode ser válida para toda a humanidade e
para todos os tempos. Como dizia um autor do começo do século XX, “o ordenamento
jurídico encontra-se em permanente fluxo” (Kohler, 1919, p. 2). O direito que conhecia
Platão era diferente do direito cristão medieval e este último é diferente do direito capitalista
da atualidade. Por essa razão, afirmar que o direito atual decorre da vontade de Deus é tão
equivocado como dizer que o direito romano-canônico decorre da vontade popular. Isso
simplifica o problema da definição do direito. A nossa definição deve especificar a qual
período e a qual ordenamento jurídico nos referimos, levando em consideração a
relatividade histórica do fenômeno jurídico.
O reconhecimento das mudanças do direito no tempo e no espaço, isto é, de sua
relatividade, esconde uma divergência de opiniões sobre a universalidade do direito. Os
partidários da universalidade sustentam que o direito se encontra em todas as sociedades
humanas, desde os primórdios da humanidade até os nossos dias, e possui algumas
características fundamentais comuns. A grande maioria dos juristas adota essa posição e
acrescenta que o direito é imprescindível em qualquer forma de organização social

• O direito como dever ser social: todos concordam que o direito é composto de normas que
regulamentam o comportamento das pessoas na sociedade. O direito não descreve aquilo
que acontece na realidade nem se interessa pelas ideologias, opiniões, sentimentos ou
desejos das pessoas enquanto estes não se exteriorizam. O direito é um conjunto de regras
que indicam aquilo que devemos (ou não devemos) fazer. Em outras palavras, o direito
estabelece sempre um dever ser, uma série de mandamentos que devem ser seguidos
pelos destinatários. Observemos que o termo “dever ser” é utilizado muito frequentemente
nos estudos jurídicos porque indica uma característica essencial do direito. O direito não
descreve aquilo que realmente acontece, não estuda aquilo que “é”. Descreve e impõe
aquilo que deve acontecer, aquilo que “deve ser”.

• Direito e coerção: as pessoas devem respeitar os mandamentos incluídos nas normas


jurídicas, existindo mecanismos de coerção dos transgressores, podendo usar força física.
Quando o médico diz ao paciente “pare de fumar” dá uma ordem muito diferente daquela
emitida pela lei que proíbe fumar nos edifícios públicos. O médico formula um dever ser,
uma regra de conduta que está no interesse do paciente. No entanto, o médico não tem a
possibilidade (nem a vontade) de cobrar a sua execução: o paciente é livre para seguir ou
ignorar as recomendações médicas. O direito é um dever ser particularmente forte e
ameaçador. Sua aplicação não só pode ser exigida, mas é também imposta mediante a
ameaça de penalidades que implicam, se for necessário, a utilização de violência física. Os
indivíduos, a comunidade e o próprio Estado devem respeitar os mandamentos incluídos
nas normas jurídicas, existindo mecanismos de coerção dos transgressores. O direito é,
então, um dever ser, cuja aplicação é garantida pela ameaça de penalidade, aplicáveis
pelas autoridades estatais.

Conceito Normativo

Cada um deve defender sua própria posição, indicando a melhor forma para definir o direito
e justificando o porquê. Essa é uma forma de definição denominada normativa (ou
estipulativa), já que o autor indica aquilo que deve ser entendido como direito e não
simplesmente aquilo que os demais entendem como tal. Em nossa opinião, para definir o
direito devemos adotar a postura neutra. A origem do direito moderno é estatal. Sua forma é
quase sempre escrita. Seu conteúdo é mutável no tempo, decorre sempre da vontade
política dominante em determinado momento e garante fundamentalmente a hierarquia
social, apesar da existência de muitas normas igualitárias. Sua aplicação é garantida por
uma combinação de ameaça de punição e de consenso. Disso resulta a seguinte definição
do direito (no sentido do direito objetivo): O direito das sociedades modernas é um conjunto
de normas que objetiva regulamentar o comportamento social.
Suas normas possuem seis características:

a) são criadas, aplicadas, modificadas e extintas por autoridades que possuem a


competência para tanto. Essa competência lhes é conferida mediante uma norma jurídica,
proveniente da vontade política dominante que exprime o Estado;

b) são escritas e veiculadas em publicações oficiais a cargo do Estado;

c) objetivam a manutenção da estrutura social, mesmo se, muitas vezes, promovem


interesses dos mais fracos;

d) são, geralmente, respeitadas nas relações sociais, possuindo um grau satisfatório de


eficácia social;

e) sua eficácia social é garantida pela ameaça de coação, ou seja, por meio da possível
imposição de sanções;

f) são reconhecidas como vinculantes pela maioria da população que acredita na


legitimidade do direito estatal

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