Tecnologias Educacionais 4º
Tecnologias Educacionais 4º
Tecnologias Educacionais 4º
Direção Administrativa
Eloane Coimbra Lima
Secretaria Acadêmica
Ginoã das Graças Coimbra Lima
Coordenação
Cleidinalva Maria Barbosa de Oliveira
Coordenação do Nead
Tiago Soares Da Silva
MELO, Eduardo Cardoso.
Tecnologias Educacionais. 1ª ed. Água Branca; Isepro – Cursos de Graduação. 190p.
Bibliografia
Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Isepro.
Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao autor.
5
Tecnologias Educacionais
Sumário
Unidade 3
Novos Gêneros do Discurso nos Ambientes Digitais ............................................... 97
Módulo 1
A comunicação, a educação e as novas tecnologias ................................................ 99
Módulo 2
Processo de formação docente com linguagens comunicacionais........................... 106
Módulo 3
Diferentes tipos de softwares utilizados na educação .............................................. 112
Módulo 4
Impacto da tecnologia na educação através das ferramentas Web 2.0 ................... 120
Resumo .............................................................................................................. 144
Exercícios de Aprendizagem .............................................................................. 145
Unidade 4
Formação Online de Educadores: Limites e Possibilidades ..................................... 151
Módulo 1
O que é Educação a Distância (EaD) ........................................................................ 153
Módulo 2
A formação docente em EaD .................................................................................... 163
Módulo 3
A formação de professores tutores........................................................................... 170
Módulo 4
Mídias e tecnologia para EaD ................................................................................... 177
Resumo .............................................................................................................. 185
Exercícios de Aprendizagem .............................................................................. 186
6
Ementa
7
Currículo Resumido do Professor
9
Bibliografia Utilizada
Bibliografia Básica:
MARQUES, Mara Rubia Alves (Orgs.) LDB - Balanços e perspectivas para a educação
Brasileira. Campinas: Alineia, 2013
Bibliografia Complementar:
FERRAREZI JÚNIOR, Celso. Sintaxe para a educação básica. 1 ed. São Paulo: Contexto,
2012.
PILETTI, Nelson. Educação básica: da organização legal ao cotidiano escolar. 1 ed. São
Paulo: Ática, 2010.
11
UNIDADE 1
Concepções e Abordagens de Uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação
UNIDADE 1 13
MÓDULO 1
UNIDADE 1 15
Tecnologias Educacionais
16 UNIDADE 1
da qualidade do ensino por computador. multidirecional, interativa.
É conveniente frisar que o foco central A informática, vista neste material como
desta discussão está no domínio do união de elementos da computação, das
conhecimento pedagógico. Busca-se telecomunicações e das artes técnicas
o exame dos termos em que o gráficas e visuais, assume um papel de
diálogo ocorre, ou seja, visa analisar destaque neste movimento de utilização
o comportamento do emissor ante a do espaço/tempo pedagógico de novas
transmissão de conteúdos e os níveis de formas de pensar a educação e, por
intervenção do educando na recepção, consequência, nas suas implicações para
produção e circulação do conhecimento. o trabalho docente.
Porém, esta não é uma questão de
todo nova, e tampouco surgida pelo A tecnologia teleinformática, por sua vez,
aparecimento de tecnologias disponíveis. traz inscrita a possibilidade de permitir
Pelo contrário, compõe não é de hoje, a intercâmbios diretos entre dois ou mais
discussão de grande parte das teorias de estudantes, dispersos geograficamente,
aprendizagem e suas correspondentes proporcionando-lhes um espaço comum
práticas pedagógicas. de discussão, trabalho e construção de
conhecimento. Através desta tecno-
As relações estabelecidas a partir da logia, o aluno tem possibilidade de
sala de aula refletem o conjunto das sair de seu isolamento e aprimorar sua
características dos alunos e de seus aprendizagem graças a diálogos efetiva-
professores, inclusive da possível mistura mente interativos, quer dizer, através da
de ambos (aluno e mestre). Hoje em dia, produção de um material multimídia que
muito se discute a provável interatividade de fato componha estes meios no ato
e interação que os sistemas tele pedagógico como um todo.
educativos são capazes de proporcionar
à relação pedagógica, tendo como No esforço de determinar o alcance
princípio o tripé aluno, professor e destas tecnologias da comunicação
conhecimento. Nesta ótica, a informação e informação, inúmeros teóricos
se reduz somente a um serviço que buscam descrevem seus efeitos sobre
se presta unilateralmente ao usuário- as sociedades, nas variadas esferas da
receptor; ou de outra forma se constitui vida humana. Incontáveis metáforas
num processo de interação entre alunos, foram usadas por estes autores para
professores, grupos e comunidades, explicar a configuração da sociedade
que assim podem estabelecer uma contemporânea partindo destas
comunicação plena e de fato dinâmica, tecnologias, algumas tendo inclusive se
UNIDADE 1 17
Tecnologias Educacionais
18 UNIDADE 1
cognitivos são acionados no processo de conhecimento.
aprendizagem, que lhe permitem passar
de um estado de menos complexidade do No âmbito da psicologia genética, trata-
conhecimento a outro, de complexidade se de um processo de (re)construção,
mais acentuada, para enfim transformar ou seja, de um trabalho que o sujeito
quantidade em qualidade? Qual papel realiza sobre as coisas. Ou para expressar
cabe à informática, ou se preferirem, ao diferentemente: o sujeito trabalha e
computador, neste contexto? E, por fim, atua, prática e conceitualmente, sobre
como ele poderia atuar, efetivamente, as coisas, promovendo transformações
como ferramenta pedagógica inserida nos nelas. Por esta transformação, ele (re)
princípios da interação? constrói o conhecimento socialmente
compartilhado, em igual tempo que se
Para se chegar às respostas buscadas, e (re)constrói como sujeito.
a partir delas imaginar as metodologias
de ensino necessárias, deve se As representações (das coisas e dos
considerar que são as ações cognitivas, fatos) não estão armazenadas na cabeça
de fato realmente trabalhadas pelo do sujeito, sendo utilizados diretamente
ambiente social que proporcionam ao nas situações vivenciadas, porém são
sujeito a capacidade de elaboração do
UNIDADE 1 19
Tecnologias Educacionais
20 UNIDADE 1
MÓDULO 2
UNIDADE 1 21
Tecnologias Educacionais
Aqui, neste tópico, enfocamos uma Não se almeja ver a escola como um
destas formas, que altera não só a sistema operacional. Ela tem sua vida
estrutura e funcionamento da sociedade cultural ligada à pessoa humana sob
como chega ao limite de alterar a todos os aspectos, expressões e sentido.
dinâmica da vida – as novas tecnologias O que se busca é sinalizar para a realidade
de informação e comunicação. Nossa contemporânea de uma escola que
atenção estará centralizada na escola progride em meio a determinada estrutura
como sendo um lugar cultural, e onde funcional digitalizada, reclamando,
esta boa nova emerge como sinal de por isto, por uma adaptação e união
transformação de formas e métodos, entre gerações, que entendemos como
assim constituindo um fato social de resultados desafiadores e marcantes de
extremo significado para a instituição um fato social.
denominada escola.
A escola, entendida como lugar social,
realiza sua ação educadora, que como
ação ideológica é capaz de edificar
uma nova cultura educacional, sob
os mais amplos aspectos. O presente
tópico objetiva, além de demonstrar
como andam os avanços tecnológicos,
também ajudar na compreensão das
forças transformadoras embutidas na
relação dialética (de argumentação)
e estabelecimento de um novo lugar
cultural, nascido do entendimento
entre a escola tradicional e os avanços
tecnológicos modernos, como
igualmente estabelecer (no contexto) o
lugar do ser humano, via análise do local
onde estuda. Através desta investigação
sociológica pretende-se chegar à ação
pedagógica coletiva da escola como
realmente um fato social.
22 UNIDADE 1
alteração dos métodos de se educar, teimem em retardar a incidência das
agora cada vez mais atrelados a tecnolo- novas tecnologias. Tal procedimento traz
gias como marcas identificadoras de uma como risco o desestímulo aos estudantes
geração que se educa, por isto mesmo e o afrouxamento institucional, daí provo-
denominada geração digital. Identidade cando incapacidade de comunicação
esta a ser absorvida pela instituição interna. Em caso de ocorrência, este
como um processo de coerção do modo procedimento funcionaria como desestí-
operacional do estar no tempo (atualizar- mulo e negação à ação cultural do tempo.
se). Neste aspecto, esse novo perfil Algo nada sadio nem recomendável.
estenderá tal “obrigatoriedade” também
sobre uma geração que ainda não tem Sob este enfoque, o mundo digital quer
nessa modernidade sua marca prática, garantir o crescimento de uma nova
contudo participando de um processo cultura educacional. Dessa maneira é
educacional em fase de transição. Assim que se faz patente o quanto os ambien-
se explica a coerção exercida sobre o tes escolares vêm se guarnecendo de
indivíduo, a sociedade, a instituição, e equipamentos de informática, para res-
tanto exterior como interior. ponderem positivamente às aspirações
relativas ao tema exigidas pelos tempos
Ao tempo em que se fala da escola, atuais. Não há excesso em afirmar que o
destacando-lhe a dimensão de vida social mundo digital tem relevância para ado-
e vitalidade cultural, fica estabelecida lescentes e crianças que frequentam as
também a base reflexiva a respeito do escolas hoje, em igual proporção a tarefa
perfil temporal acerca do qual se procura de educar representa para a escola,
orientar um foco analítico, que através presentes os termos de proporcionar
deste texto se refere à cultura digital, uma educação sólida onde se busca a
cada vez mais disseminada na vida do superação de todos os desafios.
estudante, e por via de consequência
na da escola, local esse onde se comu- Não por outro motivo, o desafio de
nica especialmente suas realidades adaptação do ato de educar, inerente
existenciais. às culturas, ambientes e lugares já foi
ressaltado pelo conhecido educador
Realça-se, portanto, desta maneira, a Paulo Freire, como necessidades efetivas
força coercitiva como uma realidade de a tais atos, ou seja, uma possibilidade
que a instituição escola não está imune, para se alcançar sucesso mais expressivo
uma vez que pelo tempo histórico já na ação educadora reside na constância,
se tornou um processo real de vida e que ainda segundo o mestre se reforça
existência, ainda que alguns indivíduos na prática, como fonte de aprendizado.
UNIDADE 1 23
Tecnologias Educacionais
24 UNIDADE 1
Um fato relevante no quadro atual, é Numa perspectiva prática, estamos capa-
que devido à formação (antiga), parcela citados a anunciar que é perfeitamente
considerável do professorado apresenta possível um casamento da cultura de
sensível desatualização (quando não formação do professorado (da geração
repulsa) no campo das ações digitais. X, de 30 a 45 anos, mais ou menos, ou
Tal posição seguramente compromete o de gerações acima desta idade), com
nível de aproveitamento desejado para a cultura das gerações das crianças e
o ensino. Neste sentido, implementar adolescentes (gerações chamadas I e Y,
a inclusão digital como elemento de 0 a 29 anos, mais ou menos).
curricular na preparação do professor,
deve se somar à facilitação do gestor da Na prática, esse casamento é
escola visando também uma formação caracterizado por vantagens que se
continuada, que de igual modo continue desdobram em ações pedagógicas,
servindo de maior estímulo a quem se como a de um professor que conduz o
dedique ao professorado. A adequada trabalho por meio de seu conhecimento
formação do professor é uma questão e didática. Em igual tempo, os estudantes
central e importantíssima, sobretudo no associam suas capacitações próprias de
que diz respeito à união da tecnologia operacionalização das novas tecnologias,
com a ação pedagógica. finalizando a ação pedagógica com maior
elevado no aprendizado. Em reforço
destas posições, faremos a seguir breves
Ao mesmo tempo, é preciso considerar
as abordagens de formação desses
menções a experiências de campo que
professores, que vão além de simples podem ser aplicadas para alcançar estes
instrumentalização, englobam também a objetivos.
articulação entre tecnologia e as respostas
pedagógicas. É fundamental pensar Na primeira, se aborda uma mudança
em iniciativas inovadoras, que além de na ação pedagógica em duas fases do
transferirem para a máquina o que o currículo programático, de turmas com
livro didático apresenta, explorem as crianças dos anos iniciais do ensino
potencialidades tecnológicas diante das fundamental. Na aula de geografia é
necessidades pedagógicas e que ainda sugerido que tratem da questão dos
discutam o novo papel que o professor meios de comunicação, centrando o
ocupa no espaço escolar, não mais como
foco no envio de correspondências
transmissor de informações, e sim, como
escritas. As crianças seriam motivadas a
organizador do processo de aprendizagem,
escrever cartas para amigos e familiares,
fazendo a articulação entre as experiências
envelopá-las e postá-las, podendo
dos alunos e o saber já sistematizado pela
serem, inclusive, levadas em passeio
cultura. (ALMEIDA, 2000, p. 16)
UNIDADE 1 25
Tecnologias Educacionais
26 UNIDADE 1
Pelos exemplos demonstrados de ação agora está no bolso ou na bolsa dos estu-
pedagógica numa unidade escolar, é dantes; sem mais as limitações físicas das
possível ver que os professores devem velhas salas de laboratórios (que estão
associar os recursos didáticos às novas sendo derrubadas). Sem este controle,
tecnologias da informação e comuni- com acesso livre, seja dos serviços wifi
cação. Porém é bom destacar que se (internet sem fio), seja dos provedores
está apenas no começo e que muito há das operadoras de telefonia móvel,
pra se fazer, notadamente no que diz crianças e adolescentes, andam, quer
respeito ao currículo para formação dos dizer, navegam por onde desejarem,
professores, além de estímulos e facilita- inclusive para muito distante das salas e
ções que possibilitem sua atualização. pátios da escola.
UNIDADE 1 27
Tecnologias Educacionais
28 UNIDADE 1
Esse, em resumo, é o mundo digital que indicativo do quanto é errôneo querer
responde aos costumes e onde as crianças interpretar a geração dos jovens que
nascidas a partir de 1990 (a denominada cresceram com o mundo das novas tecno-
geração I, i de internet) têm apresentado logias, pelos parâmetros de comparação
como o seu jeito de ser. Até uns anos com a geração de seus pais, professores,
atrás, quando se tirava uma fotografia, principalmente procurando distinguir e
tinha que se esperar o final do filme, destacar uma geração da outra. Por outro
para serem revelados todos os retratos lado, não há exagero em dizer que o uso
contidos nele. Hoje, com os diversos das tecnologias digitais está influenciando
instrumentos fotográficos acessíveis e no modo de pensar e agir das pessoas,
à disposição, uma foto pode ser vista e como poucas ou talvez nenhuma vez
avaliada instantaneamente, inclusive por antes se viu, com tamanha intensidade.
crianças, e aquela que não corresponda às
expectativas, ou apresente defeitos pode Exatamente este novo indivíduo é que a
ser descartada/apagada imediatamente. escola tem por missão educar. Portanto,
Em se desejando, uma nova pose pode na educação desta geração, mais do
ser feita a seguir. Isto para não dizer que nunca a escola precisa compreender
que de posse de câmeras e celulares as que deve transmitir valores humanos
crianças hoje, no jardim de infância, já e referências pessoais, para que não
produzem suas próprias fotos e postam se perca o convívio da vida social, mais
nas redes. íntimo do que aquele conseguido através
dos chats (sala de bate-papo), ou das
Como pode ser visto é uma geração sui salas de jogos virtuais; que se cuide em
generis, como todas nas gerações na oferecer calor e contato humano para
história da humanidade. Isto deve ser um além dos contatos virtuais.
UNIDADE 1 29
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 3
30 UNIDADE 1
Eis porque se justifica plenamente falar cada vez mais problemática – até ao limite
da internet como recurso educativo. de hoje se falar, mesmo, em conflito entre
Contudo, tratar desta questão implica uma e outros. Quanto a saber quais as
cuidar, primeiro, de uma questão mais razões que tornam cada vez mais proble-
geral que: a da relação entre a educação mática tal relação – e quando –, parece
ou, mais precisamente, entre a escola e os haver, pelo menos, razões fundamen-
meios de comunicação. Por conseguinte, tadas para a admitirmos como hipótese
o presente tópico será dividido em prática. Principalmente, referimos à coin-
três partes para melhor discussão e cidência entre, por um lado, a evolução
entendimento deste assunto. das mídias eletrônicas, em particular da
televisão, após a II Guerra Mundial e, por
Na primeira, intitulada “A relação outro lado, a crise da escola (e também
problemática entre a escola e os meios da universidade), que começa a ser mani-
de comunicação”, serão tratadas as festada no Ocidente a partir desta época,
principais razões que explicam como o para finalmente explodir nos finais da
convívio entre a escola e os meios de década de 1960. Acrescente-se, ainda, a
comunicação se tornou problemático, concepção de que a televisão tem efeitos
sobretudo nas últimas décadas do século profundos sobre o conjunto da sociedade
XX. Na segunda, chamada “A internet e da cultura e, assim, sobre a escola.
como recurso educativo”, nos referiremos
às principais especificidades que Pode-se argumentar que as mídias,
caracterizam este meio de comunicação incluindo a televisão, fornecem todo um
como recurso educativo e a distinção de conjunto de informações que acabam por
outros meios eletrônicos, especialmente a ampliar, e muito, a informação fornecida
televisão. Na última e terceira parte deste pela escola. Tome-se o exemplo do que
tópico, sob o título “Os riscos associados acontece com canais temáticos, como
ao uso da Internet”, abordaremos alguns o National Geographic e o Futura.
dos mais destacados riscos relativos ao Os meios de comunicação parecem
uso da internet por estudantes, sejam constituir, dessa forma, um verdadeiro
eles jovens, crianças ou adultos. complemento à escola.
UNIDADE 1 31
Tecnologias Educacionais
32 UNIDADE 1
da TV. Porém, isto não quer dizer que Mais objetivamente, a internet pode ser
a escola não possa utilizar as mídias utilizada como:
em seu favor, como, aliás, já tem feito.
No que tange efetivamente à utilização Fonte de informação
educativa na internet, devido às suas
características específicas enquanto meio Conforme sua natureza digital, interativa
de comunicação, ela permite não uma e colaborativa, a internet é vista,
revolução, como muitas vezes se anuncia, praticamente desde seu início, como
mas sim a ampliação e aprofundamento uma espécie de biblioteca universal,
de cada uma das possibilidades onde podemos encontrar tudo o que
educativas já permitidas há muito tempo desejamos nas várias enciclopédias
por meios como rádio e televisão. digitais, nas diversas bibliotecas
temáticas, nos inúmeros portais ou através
de incontáveis meios de busca. A internet
pode ser utilizada, assim, de forma
perfeita, como fonte de informação, como
também ponto de partida dos temas a
tratar de maneira mais aprofundada e/
ou alternativa pela própria escola. Neste
particular, projetos como a Wikipedia ou
o Youtube têm assumido, nos últimos
anos, uma relevância crescente tanto no
que se refere à quantidade e qualidade
dos conteúdos disponibilizados, como
ao número sempre crescente de seus
visitantes e utilizadores.
Recurso pedagógico-didático
UNIDADE 1 33
Tecnologias Educacionais
A internet pode ser e já vem sendo Verdade é que, como aqui já nos refe-
utilizada, seja em nível de turma, seja em rimos, meios como o rádio ou a televisão
nível de escola, para dar vida a projetos são, não é de agora, objetos destes
digitais como um jornal, uma rádio ou quatro tipos de utilização. Entretanto, as
uma televisão escolar, para construir uma características próprias da internet,
página, fazer um blog, etc. Projetos deste enquanto meio de comunicação, possibi-
tipo são uma ótima maneira de motivar litam que esses tipos de utilização se
os alunos e levá-los a desenvolver a desenvolvam de uma forma que aqueles
sociabilidade e a capacidade de trabalhar meios não permitam, transformando-a
em grupo, a aprender de forma autônoma num meio mais amigável para a escola e
e a aprofundar seus conhecimentos. sua cultura escrita de base humanista.
Fique atento!
O computador pode ser utilizado para a resolução mecânica de exercícios –
segundo Castillo (1998), exercícios e problemas são distintos, neste caso, o uso
do computador para a resolução de exercícios poderia se constituir em prática que
reforça a reprodução de conteúdo, à qual está veiculada a ideia de ensino mecânico
e de uma Matemática cujo conhecimento está dado, não se constrói.
34 UNIDADE 1
Destacamos, aqui, as seguintes de um modo que nenhum dos outros
características: meios eletrônicos faz, aproximando mais
a internet da escola e da cultura escrita
Comunicação interativa do que os demais meios.
UNIDADE 1 35
Tecnologias Educacionais
36 UNIDADE 1
que se classifica como desnecessário, como no caso da conversa on-line que
fonte confiável e fonte suspeita. O acabamos de nos referir, o sério risco de
presente risco pode ser contornado ou se criar certo vício que leva os jovens a
pelo menos suavizado pelo professor se esbanjarem tempo e dinheiro que bem
este selecionar previamente e indicar aos pode redundar em acentuado problema
alunos determinados sites de informação envolvendo apostas, como admitido em
e pesquisa, um processo de reconhecida certos jogos disponíveis.
eficácia que previne efetivamente a
ocorrência de plágios.
O desvio e a tagarelice
O jogo e o vício
UNIDADE 1 37
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 4
38 UNIDADE 1
conhecimento – tem se mostrado cada Torna-se, portanto, progressivamente
vez mais frágil, sendo muitas vezes difícil mais desafiadora a preparação do aluno
entender com exatidão a que mundos para o mundo do trabalho. Cada vez
pertencem as práticas que estão sendo mais se exige maior empenho e conheci-
utilizadas para aprender, trabalhar e até mento. A educação tem, pois, um papel
para divertir. ímpar no desenvolvimento pessoal e
social e pode ser vista ainda como um
Com a difusão do uso das redes de dos principais meios disponíveis para
computadores e dos inumeráveis incrementar uma forma de progresso
recursos de software, atividades ligadas humano mais duradouro e profundo na
à diversão, trabalho e aprendizado busca de conhecimento e habilidades,
acontecem quase ao mesmo tempo, daí levando a reduzir a pobreza, igno-
assim alterando substancialmente as rância e exclusão.
tradicionais formas de buscar informação,
produzir um bem, executar um trabalho, Ao mesmo tempo, outro aspecto de
promover conhecimento ou usufruir realce a ser considerado nesta análise é
momentos de lazer. o conjunto de iniciativas em andamento,
UNIDADE 1 39
Tecnologias Educacionais
40 UNIDADE 1
algum processo ou operação sobre direito à educação como centro desta
certo tipo de informação, constitui uma questão.
tecnologia de informação.
A sociedade de informação se firma na
No tempo presente, é inevitável a utilização intensiva das novas tecnolo-
associação da expressão “tecnologia gias, especialmente, as tecnologias da
da informação” com “rede de informação e da comunicação e é cons-
computadores”, “banco de dados”, tituída de organização social moderna,
“multimídia”, “internet” e outros recursos onde as redes de comunicações e os
oferecidos pelo computador. As demais recursos de tecnologia da informação
tecnologias (TV, rádio, telefone, áudio, são extremamente desenvolvidos, o
vídeo, etc.), que antes eram utilizados acesso equitativo e onipresente às
separadamente, hoje se encontram informações, o conteúdo apropriado,
integradas por meio do computador em formatos acessíveis e comunicação
e seus periféricos – câmeras de vídeo, eficiente devem possibilitar que todas as
impressoras, conexão à internet, dentre pessoas consigam o seu potencial pleno.
outros. Esta integração possibilitou o O domínio e o controle dessas tecnolo-
armazenamento da informação sob as gias têm alterado e decidido a sorte das
mais diferentes formas e nos mais diversos sociedades. (CHAHIN et al., 2004)
meios, assim como sua transformação
de uma forma em outra com extrema Esta mesma sociedade de informação
facilidade, transformando o computador deve ainda ter um viés inclusivo, onde
no centro de processamento que torna todas as pessoas tenham possibilidade
possível todas estas operações. de ter liberdade e condições para
criar, compartilhar, receber, e utilizar
informações e conhecimentos por meio
Sociedade da Informação da educação. Outros questionamentos
podem surgir, dentre eles: como a
Por definição, sociedade da informação aplicação e uso dessas tecnologias na
é um sistema sociopolítico e econômico escola podem, efetivamente, contribuir
no qual o conhecimento e a informação para criar a sociedade de informação?
constituem fontes fundamentais de Existem metodologias que possam ser
bem-estar e progresso. O florescimento aplicadas de forma genérica?
desta nova sociedade exige a prática de
princípios fundamentais como o respeito Tanto no Brasil quanto no
aos direitos humanos, no âmbito de seu mundo, inúmeros governos estão
contexto mais amplo. É justo colocar o implementando programas de reforma e
UNIDADE 1 41
Tecnologias Educacionais
42 UNIDADE 1
produção e de difusão do conhecimento, informática em horário de aulas (o efeito
permitindo o acesso à tecnologia. da utilização de apenas uma hora por
Contudo, o simples acesso à tecnologia, semana, de uso de computadores em
em si, não é o item mais importante, laboratório, significa pouco ou nada).
mas sim, a criação de novos ambientes
de aprendizagem e de novas dinâmicas
sociais a partir do uso dessas ferramentas. Alunos
UNIDADE 1 43
Tecnologias Educacionais
Professores
possibilidades superando, em todos os
sentidos, as limitações de antigamente. Relativamente às novas tecnologias,
Além do mais, tanto professores os professores têm visões pessimistas,
quanto alunos podem contribuir para otimistas ou indiferentes. Sob a visão
adicionar informações às bases de dados otimista eles consideram as numerosas
existentes, de modo simples e rápido, seja facilidades oferecidas pela TI e projetam
publicando eletronicamente resultados para o futuro um mundo de maravilhas.
de seus trabalhos, seja pela criação Contudo, a questão do uso sistemático
de páginas próprias de informação na e organizado da TI na educação não
internet, modificando substancialmente é tão simples como aparenta. A falta
o panorama educacional em vigência. de contexto, a quantidade e a veloci-
dade da informação e a virtualidade
dos novos meios de informação estão
Escolas exigindo do professor um trabalho de
acompanhamento e orientação muito
O ritmo ou compasso de atuação das esco- mais intenso e profundo. Pelo novo
las está distante de assimilar as mudanças contexto tecnológico, o professor passa
na mesma velocidade em que as mesmas a ter um destaque ainda maior, frente a
ocorrem no mundo em seu redor. Por esta questionamentos do tipo: como ensinar
razão, encontram-se diante da angustian- a administrar as inúmeras possibilidades
te e urgente necessidade de promover a de receber informações a qualquer hora
alfabetização digital de seus professores e lugar? Como formar no aluno a capa-
e técnicos, exigência de vital importância cidade analítica e seletiva sobre as infor-
para introduzir efetivamente as novas tec- mações que recebe? Como aprimorar os
nologias no ambiente educacional. O pro- processos intelectivos de transformação
blema, contudo, não se resolve somente da informação em conhecimento?
com a simples aquisição de tecnologia,
na sua dimensão física, representada pela
compra de equipamentos, construção ou As novas tecnologias e a metodologia
adaptação de novas instalações e, até de projetos
mesmo, com a contratação de equipes
especializadas para esta finalidade. A A implantação da TIC na educação
experiência demonstra que pouco resolve básica tem possibilidade de ser
simplesmente instalar computadores nas significativamente enriquecida, se
escolas, se as pessoas não aprenderem complementada pela Metodologia de
como integrá-los às variadas atividades Projetos – MP. Os pressupostos e as
curriculares.
44 UNIDADE 1
diretrizes da MP possuem elementos A ajuda principal que essa metodologia
seguros para evitar muitos problemas, proporciona para a implantação da TIC
bem como para resolver outros de no ensino pode ser notada tanto no
costume, encontrados nas ações de desenvolvimento de aulas e laboratórios
implantação dessas tecnologias, como especializados de informática, como
também em programas de informática na realização de atividades de ensino,
aplicada à educação. A implantação da pesquisa e estudo dos conteúdos curri-
MP neste contexto exige um esforço culares. Neste aspecto, estamos levando
complementar, no sentido de conhecer em conta as aplicações da TIC em
com segurança e profundidade razoável o diversas instâncias: em aulas específicas
significado e as diretrizes da metodologia de informática, destinadas à aprendi-
de projetos. Tem-se, contudo, que este zagem dos recursos correspondentes;
trabalho a mais é compensado pelas no desenvolvimento de projetos de
vantagens trazidas com a aplicação trabalho; em atividades complementares
segura de uma metodologia com e extracurriculares diversas; e, principal-
potencial extraordinário de mudanças mente, na utilização da informática nas
importantes ao processo educacional. disciplinas gerais do currículo.
UNIDADE 1 45
Tecnologias Educacionais
Fundamentos da Metodologia de
• Definição de um período de
Projetos
tempo limite para a concretização
Inúmeras publicações e experiências do projeto, como fator relevante no
escolares apontam para o potencial da seu desenvolvimento e concretização
MP como contribuição para a melhoria (geralmente, períodos de 2 a 6 meses);
do processo educativo, notadamente
no que se refere à implantação de uma • A forma de escolha dos temas
aprendizagem significativa, em oposição dos projetos, oferecendo liberdade
à aprendizagem tradicional do tipo para os alunos (com negociação entre
verbal, livresca, retórica, com destaque professores e alunos visando deter-
para a teoria e descontextualizada. minar múltiplos objetivos e interesses);
46 UNIDADE 1
numa nova abordagem/conceituação de exposição excessiva e sem controle a
saberes; proporcionam uma nova con- fontes de informação, cujo conteúdo
cepção de avaliação; são apresentadas é bastante superior à capacidade de
como um desafio aos alunos; e possuem assimilação pelos usuários dos sistemas
uma abrangência coletiva. de informação, com destaque para a
internet. Esta realidade cria necessidade
Assim, a valorização das atividades de do desenvolvimento de filtros para
desenvolvimento de projetos, por parte adaptá-la aos processos mentais, que são
de alunos e professores, poder ser ativados para sua utilização proveitosa.
uma forma relevante de compensar ou
equilibrar a tendência da nova era de (re) Excessos podem ser contornados quando
valorização da informação, na medida situações mais favoráveis ao processo
em que tais atividades promovam uma de construção do aprendizado são
interação determinante. admitidas, como aquelas em que o aluno
participa realmente do planejamento
A tendência atual na direção de das atividades com objetivos claramente
valorização da chamada dimensão determinados, ainda que as tarefas e seu
“virtual”, associada fortemente ao significado venham a se modificar ao
elemento “informação”, pode no longo da execução do projeto negociado
âmbito do desenvolvimento educacional com a turma. Quanto mais intenso o grau
dos jovens, induzir a dificuldades e de comprometimento do aprendiz com
problemas complexos relacionados à o processo de aprendizagem, com os
necessidade de formação integral do ser objetivos de seu conhecimento, maiores
humano. Assim, a conjunção harmônica também as possibilidades de êxito.
entre princípios da MP e as proposições
e demandas relativas à TIC, revestem-se Sozinha, a tecnologia tem pouca signi-
de uma importância capital, no âmbito ficação na educação. Por outro lado,
do tema levantado. unilateralmente, a informação igualmente
carece de utilidade. Para ocupar seu papel
a informação precisa suprir processos
A MP utilizada como recurso para mentais de entendimento, análise,
inserção da TIC na educação compreensão, decisão, criação e, em
instância mais elevada, conduzir a ações
Estudos recentes mostram o aparecimento concretas atribuídas ao valor do contexto
de um novo tipo de distúrbio chamado da informação. Todas estas ponderações
“fadiga da informação”. Ela diz reforçam a importância de sempre se
respeito a um problema resultante da investir mais e mais no fator humano.
UNIDADE 1 47
Tecnologias Educacionais
48 UNIDADE 1
implantação de informática nas escolas para só depois decidir que rumo tomar.
através de equipes especializadas tem O número de estudos ainda a serem
se mostrado pouco eficaz e produ- desenvolvidos nesta área, se compara ao
tivo em termos educacionais. Outro esforço exigido na reinvenção de novo
aspecto a ser ressaltado é a ênfase sistema educacional, o que realmente
nos aspectos de infraestrutura física, está por ser feito. Os impactos das
como aquisição de máquinas, equi- novas tecnologias de informação e
pamentos, softwares, etc. sem iguais comunicação na educação carecem de
cuidados com os recursos humanos, o estudos mais alentados e definitivos.
que via de regra tem levado a resul- Os computadores decididamente
tados pouco animadores. estão chegando às escolas, porém a
contribuição que se espera deles em
A velocidade das mudanças tecnológicas, âmbito educacional é pouco significativa,
estranhamente, tem promovido certo até agora. Há que se considerar, também,
entorpecimento (acomodação) nos os pressupostos de que programas de
educadores e gestores do sistema, e-Gov podem favorecer na adoção da
que ficam paralisados, como que na TIC, à medida que tais programas se
expectativa do próximo movimento tornem uma realidade para todos.
neste cenário repleto de novidades,
UNIDADE 1 49
Tecnologias Educacionais
RESUMO
50 UNIDADE 1
situação. Além disso, esta metodologia
tem como pressuposto fundamental
a consideração de situações reais que
devem se relacionar com o objeto central
do projeto em desenvolvimento, fator
que certamente estimula positivamente
a participação e o envolvimento dos
alunos.
UNIDADE 1 51
Tecnologias Educacionais
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
II. Os efeitos da tecnologia na sociedade são limitados, podendo ser contidos mediante
a troca dos recursos utilizados em sala de aula.
52 UNIDADE 1
3. Diversos são os aspectos que determinam as potencialidades e a efetividade
das tecnologias no ambiente educacional que utiliza a informática como recurso
didático no processo de ensino e aprendizagem.
4. Em relação aos desafios enfrentados pela área educacional para se adaptar aos
novos tempos de uso intensivo da tecnologia, é possível afirmar que:
UNIDADE 1 53
Tecnologias Educacionais
6. Qual das atividades abaixo contribuiria mais para a geração de novos conhecimentos
pelos alunos, no ambiente escolar, com o auxílio da tecnologia?
54 UNIDADE 1
7. O modelo de ação pedagógica atualmente vigente irá enfrentar muitas dificuldades,
dentre as quais podemos citar:
8. Marque a opção abaixo que apresenta um dos motivos para alguns educadores
entenderem como problemática a relação existente entre a escola e os meios de
comunicação:
UNIDADE 1 55
Tecnologias Educacionais
Neste sentido, marque a opção abaixo que não apresenta uma forma de utilização
da internet como recurso educativo:
10. Sabendo que a utilização da internet oferece vários riscos, analise as afirmações
abaixo e marque aquela que apresenta uma informação verdadeira:
b) Por ser de alcance mundial, todas as informações veiculadas na internet são confiáveis.
d) O tempo gasto com jogos on-line não é capaz de impactar na rotina dos alunos.
56 UNIDADE 1
UNIDADE 2
O Papel do Professor na Sociedade do Conhecimento.
UNIDADE 2 57
MÓDULO 1
UNIDADE 2 59
Tecnologias Educacionais
As mudanças na educação
com sucesso esta transição. É fato que
a escola precisa passar por ajustes e Assim como ocorre em outras áreas,
melhorias para se adequar aos novos a educação é um serviço que deve,
tempos e às demandas dos novos alunos. na medida do possível, se adequar às
O que é discutível (e essa discussão deve normas existentes na sociedade onde
ser amplamente realizada por todos os é oferecido. Sendo assim, ela enfrenta
envolvidos, escola, alunos, professores, as mesmas transformações que outros
pais e sociedade em geral) é qual a segmentos da sociedade passam.
profundidade desta mudança e como os
novos meios de aprendizagem podem Com o surgimento dos sistemas de
auxiliar os envolvidos na obtenção de produção em massa, a educação também
conhecimentos. teve que se adequar para alcançar um
público maior de pessoas em um tempo
As mudanças na educação passam menor. Para que isso fosse possível,
diretamente pela melhor qualificação foi adotada a ideia de “empurrar” a
oferecida aos professores. É importante informação para o aluno. Fazendo uma
que eles saibam criar situações onde o comparação com o modelo de produção
aluno deverá desenvolver o seu raciocínio Fordista, a escola era vista como uma
para obter a informação necessária para linha de montagem, onde os alunos
resolver o problema apresentado, e eram os produtos que estavam sendo
não apenas mostrá-lo a forma de fazer “montados” (ou educados) e os profes-
isso. Apenas a posse da informação não sores eram os “montadores”, isto é, os
significa o domínio do conhecimento, funcionários responsáveis pela adição de
pois este exige além do processamento informação aos “produtos”. Existia ainda
de informações diversas, a aplicação das uma estrutura de controle do processo
informações processadas na resolução de “produção” dos alunos, composta por
de situações e análise dos resultados diretores e supervisores que verificavam
alcançados. Este tipo de atuação exigirá se a produção estava sendo executada
do aluno o entendimento do que ele está de maneira a alcançar os objetivos da
fazendo para saber tomar as decisões organização (neste caso, referindo-se
mais adequadas perante cada problema a métodos, currículos e disciplinas). Se
apresentado. A educação deve, pensarmos bem, até hoje a educação
portanto, se basear no fazer que leva praticada em muitas escolas funciona
ao compreender, e não na execução de desta maneira, se preocupando apenas
tarefas para sempre obter um resultado em repassar as informações para os alunos
igual ao encontrado no final do livro ou e não valorizando o fazer individual que
apostila. efetivamente gera conhecimentos.
60 UNIDADE 2
Ao analisarmos a organização dos controlar a produção ao invés de agregar
currículos, podemos entender que valor ao “produto” que está sendo
ela é feita com base no paradigma da montado.
produção em massa. Os conteúdos
considerados mais complexos são É importante ressaltarmos que esta
divididos, categorizados, hierarquizados educação em massa foi fundamental
e ministrados em ordem crescente de para que a sociedade passasse de uma
complexidade, dentro de um prazo educação artesanal e restrita a poucas
determinado. O professor deve, pessoas para um modelo mais acessível
portanto, cumprir o que lhe é solicitado e democratizado. Entretanto, diante
e certificar-se que o conteúdo está sendo das mudanças recentemente ocorridas
passado para os alunos de forma objetiva na sociedade, ela tem se mostrado
e equivalente. As provas são o meio ineficiente, disponibilizando ao mercado
mais comum utilizado pelos professores um profissional com pouca qualidade e
para realizarem esta certificação de que não consegue atuar plenamente na
“aprendizagem”. Encerrando este sociedade do conhecimento.
processo, espera-se que o aluno seja
capaz de assimilar diversas informações
fragmentadas e transformá-las em
conhecimento para auxiliar na resolução
de problemas do mundo real.
UNIDADE 2 61
Tecnologias Educacionais
Diversas propostas de uma nova Para que o aluno seja crítico, se envolva
pedagogia têm sido apresentadas e participe de atividades diversas
paralelamente às mudanças na na sociedade em que vive, assuma
sociedade, mas a maioria delas ainda se responsabilidades e desenvolva novas
mantém fiel à ideia de transmissão de habilidades, é fundamental que ele
informações por meio da estrutura de compreenda o que está fazendo e não
disciplinas e conteúdos padronizados. seja apenas um executor de tarefas
Além disso, muitas ideias não incorporam propostas. Considerando o ponto de
o uso das tecnologias da informática e vista pedagógico, o que deve nortear a
comunicação como um recurso auxiliar na mudança na educação é a passagem do
criação de ambientes de aprendizado que fazer para o compreender, de acordo
enfatizem a construção do conhecimento com a visão piagetiana. Neste contexto,
pelos envolvidos. o fazer se torna menos relevante e o que
importa é a habilidade de compreender
Para que a educação esteja adequada determinada situação, ser capaz de
ao ambiente vivenciado na sociedade tomar decisões e criar novas soluções
moderna, o ideal é que a escola seja capaz para os problemas apresentados.
de equilibrar e atender as demandas dos
alunos. Os professores, em conjunto Piaget observou que há uma diferença
com os maiores interessados, os alunos, entre o fazer com sucesso e o
devem possuir responsabilidade e compreender o que foi feito. Muitos
autonomia para definir o que será processos educacionais utilizados
abordado nas aulas e como isso será atualmente se restringem a solicitar que
executado. O aluno deve apresentar o aluno desenvolva atividades, as quais
uma postura mais crítica, utilizando podem ser feitas com sucesso ou não.
constantemente a reflexão para que seja Entretanto, pode acontecer de o aluno
possível alcançar níveis mais sofisticados ter sido bem sucedido na tarefa, mas não
de ações e ideias. É importante que eles compreender o que foi feito.
também sejam capazes de trabalhar em
equipe e desenvolvam, ao longo de sua Neste sentido, o importante não é mais o
formação, uma rede de pessoas que fazer e o chegar a uma resposta, mas sim
os auxiliem na análise e resolução de a interação com o que está sendo feito,
problemas complexos. Em relação ao permitindo as transformações dos
conteúdo, é fundamental que não ocorra esquemas mentais dos envolvidos. Para
sua fragmentação em partes muito auxiliar neste processo, as atividades e
pequenas e descontextualizadas da objetos devem ser estimulantes para que
realidade experimentada pelos alunos. o aluno esteja envolvido com o que faz.
62 UNIDADE 2
Além disso, devem possibilitar diversas Em relação ao novo papel do professor, é
oportunidades, permitindo ao aluno necessário repensá-lo de maneira ampla,
explorá-las e auxiliando o professor a considerando não apenas o seu desem-
desafiar os alunos, incrementando a penho junto à classe, mas também em
qualidade das interações realizadas. relação ao currículo e ao contexto escolar.
A mudança necessária nos professores
envolve um aspecto muito mais abran-
Curiosidade: gente, o da mudança escolar. Esta sim
Em lugar de comunicar-se, o deve abranger todos os envolvidos no
educador faz ‘comunicados’ e
processo educativo (professores, alunos,
depósitos que os educandos,
meras incidências, recebem
diretores e comunidade) e contar com
pacientemente, memorizam e repetem. o suporte de especialistas externos,
Eis a concepção ‘bancária’ da educação, quando for necessário, para o desen-
em que a única margem de ação que se volvimento da forma mais adequada de
oferece aos educandos é a de receberem
atuação da escola.
os depósitos, guardá-los e arquivá-los.
(Paulo Freire, 1981, p. 66)
Dentre as mudanças necessárias para
a introdução de melhorias na escola,
uma que podemos considerar como
As mudanças na escola
fundamental é o resgate do espaço escolar
Você já deve ter notado que um como ambiente educativo, situação que
dos maiores desafios educacionais se perdeu nos últimos tempos. A escola
a ser enfrentado é a implantação hoje não é mais vista como referência de
de mudanças na escola, capazes de qualidade, como acontecia antigamente.
adequá-la às exigências da sociedade Isso se deve, em partes, por causa do
do conhecimento. Porém, a escola é um processo tradicional de ensino, onde
espaço complexo, que envolve diversos os alunos obtêm a mesma informação
fatores além dos professores e alunos, o por meio da palavra oral, é necessária a
que faz com que a implantação de novas presença do professor e dos alunos no
ideias não seja uma tarefa fácil e rápida. mesmo espaço físico e os horários de
Além disso, para que as mudanças sejam aulas são rígidos.
efetivas e duradouras, elas devem ser
acompanhadas de maior autonomia Se quisermos uma escola que estimule
para a tomada de decisões, alteração de o compreender de seus alunos, a
currículos, desenvolvimento de propostas questão do tempo e do espaço deveria
de trabalho em equipe e utilização de ser revista. Cada aluno pode estar
novas tecnologias de informação. desempenhando uma atividade, que
UNIDADE 2 63
Tecnologias Educacionais
64 UNIDADE 2
do aluno no processo de resolução de imprescindível que o professor conheça
problemas. Tenha em mente que essa seus alunos, incentivando em cada um a
“consultoria” também deve possuir crítica e a reflexão e permitindo que eles
momentos para ocorrer a transmissão identifiquem seus próprios problemas
direta de informações para os alunos. na formação e busquem soluções para
Entretanto, o seu foco deve ser o de resolvê-los.
propiciar ao aluno a possibilidade
de processar a grande quantidade O professor deve, ainda, desempenhar
de informações que ele recebe em um papel de desafiador, despertando
conhecimento aplicável à sua vida e a e mantendo vivo o interesse dos alunos
seus interesses. pelas situações trabalhadas nas aulas.
Caberá a ele também o incentivo às
Outro papel do professor consiste relações sociais, fazendo com que os
em incentivar o processo de melhoria alunos aprendam uns com os outros e
contínua dos alunos, tendo consciência saibam trabalhar em grupo gerando
de que a construção plena do resultados compartilhados por todos.
conhecimento só é alcançada com muita
depuração do conhecimento que o aluno Podemos entender que este novo papel
já possui. Para que isso seja possível, é do professor não será de fácil execução,
ainda mais se considerarmos que ele
deverá trabalhar entre extremos, ou seja,
por um lado transmitir informações e, por
outro, deixar o aluno buscar seu próprio
desenvolvimento. Atuar nos extremos
é ineficiente enquanto abordagem
educacional. Por isso, o grande desafio
do professor neste novo ambiente educa-
cional é identificar onde se posicionar em
cada situação e em qual momento isso
deve acontecer. Não existe uma receita
para que o professor possa seguir e atuar
com plenitude neste novo ambiente de
aprendizagem, mas ele deve realizar um
questionamento constante sobre os resul-
tados do trabalho com o aluno para, em
seguida, identificar melhorias possíveis e
aprimorar a sua atuação.
UNIDADE 2 65
Tecnologias Educacionais
Neste novo contexto da educação, o suas ideias e ações possa continuar sem
papel do aluno também deve ser repen- estar vinculado a um professor ou a um
sado. Ele deve estar frequentemente ambiente do sistema educacional.
interessado na melhoria de suas ideias
e habilidades, demandando sempre Em relação à gestão escolar, serão
que possível do sistema educacional a necessárias mudanças nos controles
geração de situações que possibilitam administrativos, substituindo a
esse aprimoramento. De maneira obje- centralização por modos mais flexíveis
tiva, o aluno deve ser ativo, procurar de gerenciamento. O trabalho dos
novas informações e novas formas de professores necessitará de maior
resolver as situações e problemas que autonomia, fazendo com que ele seja
enfrenta. Ele deve ser capaz de assumir também ator ativo de todo o processo
novas responsabilidades e de tomar deci- educativo. O trabalho docente não mais
sões visando a resolução de problemas poderá ser concebido isoladamente, mas
complexos que não podem ser solucio- sim a partir de proposições abrangentes
nados de maneira fragmentada. Por fim, que extrapolam os limites da sala de aula
o aluno deve desenvolver atuais e novas ou de uma disciplina específica.
habilidades, como possuir autonomia,
saber pensar e aprender a aprender, Dentre todas as mudanças apresentadas,
de maneira que o aprimoramento de as novas tecnologias da informação e
66 UNIDADE 2
da comunicação possuem um papel educacional é complexa e seus desafios
central neste novo ambiente de ensino são muito abrangentes, motivos pelos
e aprendizagem. A informática, em quais devemos abrir mão de todas
especial, deve ser utilizada como base as ferramentas, métodos e técnicas
de sustentação para a realização de uma possíveis para que não tenhamos que nos
pedagogia que possibilite a formação dos contentar em trabalhar em um ambiente
alunos com amplo desenvolvimento de atrasado, obsoleto e desalinhado com o
habilidades fundamentais na sociedade que a sociedade atual espera.
do conhecimento. É importante salientar
que apenas a inclusão da informática
na escola não corresponde à mudança
esperada no ambiente educacional. A
realização de tarefas no computador pelo
aluno não necessariamente indica que ele
compreendeu o que fez. O professor deve
cuidar para que o foco esteja na interação
entre o aluno e o objeto, de maneira
que ela se desenvolva com qualidade e
proporcionando aos envolvidos o efetivo
aprendizado e geração de conhecimento.
Todos devem ter o entendimento de que
a tecnologia não é o objeto que leva ao
entendimento, isto é, não é o computador
ou o equipamento tecnológico que
possibilita ao aluno compreender ou não
determinado conceito. A compreensão é
fruto de como o computador é utilizado
e de como o aluno está sendo desafiado
na tarefa de uso desse recurso.
UNIDADE 2 67
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 2
68 UNIDADE 2
Quando falamos de formação docente, é A prática docente necessita de
importante considerar além dos conhe- conhecimentos particulares da profissão
cimentos da formação os conhecimentos em virtude da especificidade da ação a
obtidos com a prática escolar. É na escola ser desenvolvida. Sendo assim, a aula em
onde os problemas e dificuldades são si demanda habilidades e conhecimentos
realmente apresentados ao professor, específicos que possibilitem ao professor
permitindo a ele experimentar, construir compreender a natureza da prática
e reconstruir metodologias e produzir pedagógica, refletindo sobre ela e sobre
alternativas com o intuito de promover a problemática que lhe é inerente.
o aprendizado de seus alunos. Para uma
prática adequada e coerente, são impor- Freire (2002) afirma que o momento
tantes não apenas os saberes adquiridos crucial na formação contínua de profes-
no decorrer da carreira, mas também sores é o da reflexão crítica sobre a
o saber disciplinar, sem o qual não é prática, pois a partir da análise da prática
possível efetivar a atividade de produção de hoje ou de ontem é possível melhorar
do conhecimento. a próxima prática. É de extrema impor-
tância que todo professor utilize um
E como o pensamento do docente é momento para realizar esta crítica sobre
construído? Uma das respostas mais sua prática, independente se ela ocorre
aceitas para este questionamento afirma com o apoio de recursos tecnológicos.
que essa construção acontece com base
nas experiências individuais e nas trocas
e interações com seus pares. A partir
daí, entende-se que o conhecimento é
produzido tanto na própria experiência
docente como no intercâmbio vivido
entre os professores, tendo como base
os conhecimentos obtidos na formação
e na própria experiência profissional
e pessoal. Desta maneira, podemos
compreender como as práticas educa-
tivas não são fatos isolados uns dos
outros, possuindo conexões que
nortearão todo o processo de aquisição
e processamento de informações e
geração de conhecimento.
UNIDADE 2 69
Tecnologias Educacionais
70 UNIDADE 2
Reflexões sobre as novas tecnologias
áreas das engenharias. Na verdade, a
e a prática docente
prática é uma atividade capaz de gerar
cultura intelectual em paralelo com sua A inserção de recursos tecnológicos no
existência. Ao desenvolver sua prática, ambiente escolar não está restrita apenas
o docente realiza reflexões sobre o seu ao uso de determinados equipamentos,
trabalho e sua atuação, confrontando-os tais como computadores e projetores, pois
com os problemas da sala de aula. esta evolução tecnológica proporciona
Neste momento, ele procura utilizar mudanças também no comportamento dos
os diversos conhecimentos adquiridos docentes. O uso desses recursos tecnológi-
anteriormente, elaborando-os de cos na prática pedagógica sem o preparo
maneira criativa para enfrentar os adequado dos docentes pode causar um
problemas identificados na sala de aula. forte choque cultural, gerando inclusive
resistência e boicote ao uso da tecnologia.
Neste sentido, Azzi (1999) afirma
que o docente, considerando a Alonso (2008) afirma que quando
heterogeneidade de seu trabalho, sempre ocorrem mudanças no ambiente escolar,
irá encontrar situações complexas para a situação dos professores pode ser
as quais deverá identificar respostas. A comparada com a de um grupo de atores
capacidade do professor em encontrar que vestem trajes para determinada
respostas criativas ou repetitivas está na apresentação, mas que sem nenhum
sua habilidade de leitura da realidade aviso prévio precisam alterá-las em
e do contexto em que se encontra, virtude da mudança nos cenários e nas
pois isso certamente terá condições de falas dos personagens. Se pensarmos
dificultar ou facilitar a sua prática. bem, é isso que realmente acontece com
um professor quando, de repente, sem
Veja que diversas situações podem surgir nenhum tipo de aviso ou preparação, ele
na prática diária em sala de aula. É funda- é informado de que suas aulas deverão ser
mental que o professor entenda que trabalhadas com recursos tecnológicos.
estas situações devem ser analisadas,
entendidas e servirem de base para uma Lembre-se que a importância do professor
reflexão mais abrangente sobre a sua como mediador da aprendizagem não
atuação. É a partir da busca e desenvol- é e nem deve ser diminuída por causa
vimento de soluções para essas situações da inclusão de novas tecnologias no
que o docente conseguirá desenvolver ambiente escolar. Muito pelo contrário,
inúmeras habilidades capazes de auxi- pois dependendo do ponto de vista que
liá-lo a cumprir as exigências que a analisamos esta situação, ele passa a ser o
prática pedagógica lhe impõe. elemento principal neste novo ambiente.
UNIDADE 2 71
Tecnologias Educacionais
72 UNIDADE 2
aluno seja capaz de descobrir a melhor menor profundidade os conhecimentos
maneira de resolver seus problemas. A da sua área de atuação. Pelo contrário,
atuação do docente deve, portanto, ser com as diversas possibilidades abertas
focada na mediação e no apoio ao aluno pela tecnologia, o docente deverá
para que ele encontre o seu melhor ampliar seus conhecimentos específicos
caminho de aprendizagem. vinculando-os com as outras áreas do
saber. Desta maneira, a sua mediação no
Por fim, a utilização de recursos processo de aprendizagem dos alunos
tecnológicos na prática pedagógica não será mais abrangente e efetiva, com
indica que o docente precise dominar em contribuições mais valiosas e importantes.
UNIDADE 2 73
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 3
74 UNIDADE 2
Entretanto, como produzir conhecimento • As mudanças ocorridas na
sobre estas tecnologias em turmas hete- sociedade a partir da adoção destas
rogêneas? Uma sugestão é a criação de novas tecnologias.
ambientes que favoreçam o trabalho em
equipe, pois os trabalhos realizados em Estes e outros aspectos possuem
grupo tendem a auxiliar mais fortemente tamanha importância que as instituições
a construção do conhecimento. Assim, o de ensino não devem deixar de
aluno que apresenta maior domínio dos abordá-los juntamente com os alunos.
recursos tecnológicos pode ter a opor- A informática precisa ser pensada e
tunidade de compartilhar os seus conhe- entendida como um recurso pedagógico
cimentos com aqueles que ainda não o capaz de proporcionar melhorias na
possuem. Uma forma de se verificar qual eficiência das disciplinas curriculares e
o nível de domínio da tecnologia que não curriculares, sendo os professores os
cada aluno apresenta é a realização de principais responsáveis pela realização
dinâmicas de trabalho logo no início das desta análise. Como exemplo, pense
aulas da disciplina ou quando os conheci- o que pode mudar no aprendizado de
mentos técnicos forem necessários para línguas estrangeiras com a introdução
o estudo de determinado conteúdo. de computadores nas rotinas de ensino
e aprendizagem. Pense também como
Além do estudo sobre os recursos tecno- o ensino da Matemática pode ser mais
lógicos em si, é necessário que os alunos interativo e motivador com a utilização
também estudem e discutam as implica- de um software educacional.
ções das novas tecnologias na educação
e na sociedade. Alguns aspectos que É fundamental que os professores
podem ser trabalhados pelo docente: estejam preparados e dispostos para
realizar esta análise, pois as informações
• As implicações na educação, levantadas certamente contribuirão para
geradas pelas novas tecnologias da a sua construção intelectual e melhoria
informação e da comunicação; na prática docente de maneira geral.
UNIDADE 2 75
Tecnologias Educacionais
76 UNIDADE 2
interesses financeiros e favorecimentos ao processo de ensino e aprendizagem,
ilícitos para aqueles responsáveis por o professor pode apresentar a forma de
este edital de licitação. funcionamento dos seguintes recursos:
UNIDADE 2 77
Tecnologias Educacionais
78 UNIDADE 2
desenvolvermos todos estes aspectos • Como realizar a integração da
relacionados anteriormente, é Informática às outras disciplinas
fundamental que nossa proposta de curriculares para promover um
ensino em cada disciplina seja bem trabalho interdisciplinar?
definida e planejada com base nos
objetivos de aprendizagem da mesma, • Qual será o meu papel nas aulas
considerando os conteúdos a serem que envolvem utilização de recursos
estudados, a estratégia didática mais tecnológicos?
adequada para cada componente de
estudo, as formas de avaliação e a A discussão destes aspectos é muito
bibliografia disponível. válida, especialmente pela complexidade
apresentada e pela dificuldade de
Como o professor tem um papel central encontrarmos respostas para os diversos
para que a utilização da tecnologia pelos questionamentos. Além disso, devemos
alunos seja efetiva e traga resultados, considerar que o foco continua sendo
algumas questões fundamentais devem o aprendizado dos alunos, e isso
ser analisadas por ele: deve ocorrer independentemente do
funcionamento pleno da tecnologia
• Como irei oferecer acesso às adotada.
novas tecnologias da informação e
comunicação aos meus alunos? Considerando tudo o que foi abordado
nesta seção, fica evidente que para
• O que posso fazer em escolas introduzir mudanças estruturais no
sem infraestrutura de tecnologia sistema educacional é necessário muito
satisfatória? mais do que a simples instalação e
disponibilização de recursos tecnológicos
• Quais as opções disponíveis em nas salas de aula. Na realidade, é
relação ao uso do laboratório de fundamental que ocorra uma ampla
informática? reflexão sobre qual a melhor maneira de
se utilizar esses recursos de tecnologia da
• O que posso fazer, caso os meus informação e comunicação no ambiente
alunos não tenham acesso à internet? educacional, para que possamos alcançar
uma proposta realmente eficiente de
• Irei trabalhar em um ambiente práticas pedagógicas.
com computadores na sala de aula?
Quais serão as regras de uso?
UNIDADE 2 79
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 4
80 UNIDADE 2
A LEITURA NA ERA DIGITAL: O PERFIL
COGNITIVO DO LEITOR EM TEMPOS DE
CIBERCULTURA E A IMPORTÂNCIA DA
MEDIAÇÃO LEITORA
Keila de Quadros Schermack (UPF)
UNIDADE 2 81
Tecnologias Educacionais
82 UNIDADE 2
A facilidade com que os novos agentes como o papel dos mediadores no sentido
da comunicação têm de manipular o de fornecer aos leitores virtuais as mais
suporte digital sugere que as instituições variadas e diferentes linguagens. Por
de ensino considerem essa nova forma último, apresentaremos as considerações
de linguagem. Não pela sua presença, finais e as referências.
mas como instrumento importante e
necessário ao contexto educacional e
cultural. Essa pesquisa desenvolveu-se 1. A leitura em tempos de
com base nos seguintes questionamentos: cibercultura: o leitor virtual e a sua
a leitura pode ser concebida como um ato relação com o hipertexto
individual, isolado e sem a interatividade
suscitada pelo hipertexto? Qual é o Na obra Cibercultura, Lévy (2000)
perfil cognitivo do leitor em tempos de evidencia que a emergência do
cibercultura? Qual é a importância da ciberespaço trouxe uma relação
mediação de leitura na era digital? totalmente nova com o saber, pois a
partir do século XX, o conhecimento
Com vistas a refletir sobre a formação deixou de ser totalizável, adicionável para
de leitores na era digital, essa pesquisa se tornar fruto de um empreendimento
abordará o perfil cognitivo do leitor coletivo. Nesse sentido, as ideias do
imersivo, com o objetivo de evidenciar que autor corroboram com a perspectiva
a era digital traz um modo totalmente novo bakhtiniana.
de ler, diferente do leitor contemplativo
da linguagem impressa. Para isso, Em Estética da criação verbal, quando
abordaremos aspectos relevantes acerca se contrapõe à visão estruturalista de
do dialogismo, da cibercultura, da Saussure (2003) acerca da linguagem,
mediação leitora e da formação do leitor, Bakhtin (2003, p. 319) propõe a metáfora
que estarão distribuídos em duas seções de uma cadeia: “o enunciado é um
respectivamente. Na primeira seção, elo na cadeia da comunicação verbal.
refletiremos sobre a leitura em tempos Tem fronteiras nítidas, determinadas
de cibercultura: o leitor virtual e a sua pela alternância dos sujeitos falantes
relação com o hipertexto, destacando-se (dos locutores)”. Mas dentro dessas
o perfil cognitivo do leitor imersivo e a sua “fronteiras”, o enunciado reflete tanto o
relação com a linguagem hipertextual. processo verbal quanto os enunciados dos
Posteriormente, em “A mediação leitora outros nas áreas da comunicação cultural.
no século XXI: novas perspectivas para Embora Bakhtin (2000) não use o termo,
a formação de leitores”, enfatizaremos está falando de uma rede. A concepção de
a importância da mediação leitora, bem sujeito coletivo está atrelada a essa rede
UNIDADE 2 83
Tecnologias Educacionais
84 UNIDADE 2
encontra-se em dependência do que está do dialogismo e da polifonia. De acordo
por ‘fora’ do sujeito, mas que pode ser com esses princípios, todo discurso
por ele redefinido quando relacionado a é constituído por outros discursos,
outros saberes...”. Assim, a aprendizagem desencadeando diferentes relações
em um mundo de navegações, marcada de sentido, sendo que o sujeito (eu) se
pela instantaneidade e realidade virtual, constitui pelo reconhecimento do outro
ressignifica o âmbito educacional e o (tu) numa relação de alteridade. Flores
papel do mediador de leitura, pois a (2009, p. 80), ao conceituar dialogismo na
geração multimídia não terá as mesmas perspectiva bakhtiniana diz o seguinte:
características cognitivas das gerações
anteriores.
[...] A constituição dialógica da
linguagem evidencia que todo
O funcionamento do hipertexto põe
enunciado, um elo na cadeia da
em ação, por meio de conexões, uma
comunicação discursiva, inscrito em um
dinamicidade de leitura. Estamos diante
determinado momento sócio-histórico,
de textos constituídos em blocos não
é povoado de palavras do outro em
lineares, conectados entre si, compostos
diferentes graus de presença, o que
por uma escrita dinâmica, com várias
garante a sua inconclusividade, o
entradas que parecem um labirinto. Com
inacabamento orgânico.
isso, cria-se um novo modo de ler. De
acordo com Santaella (2004, p. 175), “a
leitura orientada hipermidiaticamente é A relação de intersubjetividade revela
uma atividade nômade de perambulação que o dialogismo está inserido em todo o
de um lado para o outro, juntando discurso, constituindo todo o dizer já dito,
fragmentos que vão se unindo...”. É, por isso, essa inter-relação caracteriza a
pois, uma leitura, cujo sentido vai se dinamicidade da linguagem literária, sua
constituindo na medida em que o leitor natureza heterogênea e a instauração de
faz suas associações entre os nexos e links. diferentes relações de sentido. Nesse
Dessa forma, o leitor torna-se um coautor prisma, podemos destacar que o diálogo
na produção de sentidos do texto, pois define-se como uma propriedade
participa ativamente desse processo. constitutiva de todo o discurso,
pressupondo a comunicação com outros
Por seu enorme potencial em estabelecer discursos, independentemente da
conexões, o hipertexto facilita o estrutura dos enunciados. Esse conceito
desenvolvimento de trabalhos de forma de diálogo, para Bakhtin (2003), vai
coletiva. Essa discussão nos conduz ao muito além da interação face a face, pois
pensamento de Bakhtin (2003) a respeito trata-se de um diálogo interno (interação
UNIDADE 2 85
Tecnologias Educacionais
viva entre discursos) que não se limita à totalmente nova com o tempo, o espaço
forma comunicacional presencial entre os e o contexto das mensagens.
falantes.
O desafio enfrentado pelos leitores, no
Segundo Brait (1997, p. 98), o conceito sentido de se orientar no interior desse
de dialogismo pode ser determinado mapa midiático, dotado de diversos
tanto como elemento que instaura a signos a serem decifrados, feitos de
constitutiva natureza interdiscursiva interligações labirínticas, assemelha-se a
da linguagem, quanto pelas relações ler um mapa, no qual o leitor desconhece
estabelecidas entre o “eu” e o “outro” a localização que ele próprio ocupa
nos processos discursivos. No primeiro nesse espaço digital. É nesse sentido
caso, o dialogismo diz respeito ao que atribuímos destaque aos mediadores
permanente diálogo existente entre os de leitura. Não podemos menosprezar o
diferentes discursos que compõem uma fato de os jovens estarem conectados a
comunidade, uma cultura, uma sociedade. internet realizando vários tipos de leituras
Por outro lado, esse conceito pode ser a luz da tela do computador. Por isso, cabe
compreendido pelo viés da polifonia, a nós mediadores de leitura, possibilitar
ou seja, o “eu” se realiza no “nós” pelo experiências de aprendizagem que
caráter polifônico dessa relação exigida levem em conta esse leitor virtual, a
pela linguagem. fim de fornecer a ele as mais variadas e
diferentes linguagens.
Dessa forma, partindo das ideias de
Bakhtin (2003), podemos relacionar o
conceito de dialogismo com o hipertexto, 2. A mediação de leitura no século
como uma escrita em rede, que se constrói XXI: novas perspectivas para a
em relações dialógicas com o outro e se formação de leitores
concretiza no ato da leitura.
Uma das frases mais pronunciadas em
O princípio dialógico segundo o qual encontros pedagógicos destinados
“eu” não se constitui sem levar em a discussões acerca do ensino/
consideração a presença do outro aprendizagem é a conhecida afirmativa
evidencia que a leitura não pode ser de que os jovens não leem, e quando
concebida como um ato individual, têm contato com a leitura apresentam
isolado e sem a interatividade suscitada sérias dificuldades de compreensão
pela era digital, pois todos os leitores estão leitora. Por isso, a instalação de uma
conectados a uma rede compartilhando prática pedagógica da leitura de textos
de um mesmo hipertexto, numa relação literários que desenvolva a busca do
86 UNIDADE 2
autoconhecimento e a autonomia do leitor obsoletas, caso não adotem práticas
é necessária. Na perspectiva da educadora leitoras que contemplem a tecnologia
Ramal (2002, p. 13), “as mudanças que contida no hipertexto do terceiro pólo do
ocorrem na organização e na produção espírito humano: a cibercultura.
dos conhecimentos desenham a base de
um novo estilo de sociedade, na qual a Ramal (2002) propõe um perfil de
inteligência passa a ser compreendida professor que atue como arquiteto cogni-
como o fruto de agenciamentos coletivos tivo6 e como dinamizador da inteligência
que envolvem pessoas e dispositivos coletiva. Para desenvolver esse novo
tecnológicos”. Recebemos na sala conceito de professor, aqui, trataremos do
de aula crianças que têm acesso aos profissional de educação como mediador
computadores e a linguagem hipertextual de leitura. Assim, estamos falando de um
antes mesmo de se alfabetizarem, ou professor nos moldes das pesquisas reali-
pelo menos participaram do ambiente zadas por Ramal (2002, p. 199), ou seja, um
informático-midiático. profissional capaz de traçar estratégias e
mapas de navegação que permitam ao
Isso revela um dado importante: o aluno empreender, de forma autônoma
âmbito educacional, visando à formação e integrada, os próprios caminhos de
de leitores literários, necessita de construção do (hiper) conhecimento em
aprimoramentos, que levem em conta rede, assumindo, para isso, uma postura
as novas formas de construção do consciente de reflexão-na-ação e fazendo
conhecimento, valorizando a inteligência um uso crítico das tecnologias como
coletiva. “É preciso compreender que a novos ambientes de aprendizagem.
era digital obrigará tanto seus detratores
quanto seus apologistas a encontrar Os mediadores de leitura precisam levar
novas ferramentas conceituais se não em conta os novos atores da comunicação
querem terminar relegados aos museus ao organizar as atividades em prol da
paleolíticos do século XXI” (SANTAELLA, formação de leitores, valorizando a
2004, p. 174). Nesse sentido, inteligência da coletividade, as diversas
Weschenfelder (2003, p. 31) corrobora “vozes” presentes nos discursos, a
com Santaella (2004) ao ressaltar que interdisciplinaridade e a intertextualidade
apesar da reconhecida importância dos estabelecida entre os textos e os possíveis
livros impressos, da escola e do professor leitores. Para isso, promover a leitura
no processo de construção da identidade e a escrita pressupõe também o ato de
dos povos e da difusão do conhecimento,
no início do Terceiro Milênio, tais
6 O arquiteto cognitivo se refere à rede do
instituições correm o risco de se tornarem hipertexto mental que procura ser potencializado
em cada estudante.
UNIDADE 2 87
Tecnologias Educacionais
88 UNIDADE 2
O perfil cognitivo do leitor imersivo ele ocupa (na qualidade de leitor) no
possivelmente represente o elemento ambiente virtual.
mais desafiador no contexto educacional
da atualidade, pois a inteligência humana Dessa forma, o que deve permanecer, em
está conectada a mecanismos tecnoló- meio a todas as mudanças que virão, é
gicos. Nesse sentido, o ato de promover aquilo que chamamos de leitor imersivo
a leitura e a escrita pressupõe também o (virtual). Mesmo que as interfaces e as
ato de ensinar a ler e a escrever o mega- formas de linguagem mudem, ele conti-
texto de maneira coletiva. Assim, profes- nuará existindo, pois “navegar” significa
sores e escolas devem promover práticas “movimento”, e esse jovem anuncia uma
leitoras em condições técnicas para que nova dinâmica mental entre as mudanças
os alunos se apropriem do conhecimento que já estão em curso e as que deverão
como participantes da construção do ocorrer no futuro. A especificidade do ato
próprio saber, apropriando-se dos livros, de ler clama por diferentes perspectivas
das revistas, dos jornais, das enciclopé- que contemplem a aprendizagem em um
dias, dos CDS, dos suportes virtuais, dos mundo de navegação.
discursos orais, enfim, das diversas formas
e suportes de leitura.
Referências
Nessa abrangência de múltiplas leituras,
ensinar a ler e acessar o megatexto BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação
constitui tarefa não somente da escola, verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
mas de toda uma sociedade, pois a
formação do leitor é um compromisso BRAIT, Beth. Bakhtin, dialogismo e
de todas as áreas do conhecimento e construção do sentido. Campinas, SP:
principalmente, função social. Editora da UNICAMP, 1997, p. 91-104.
UNIDADE 2 89
Tecnologias Educacionais
90 UNIDADE 2
RESUMO
UNIDADE 2 91
Tecnologias Educacionais
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
II) Em uma nova abordagem educacional, professores e alunos teriam autonomia para
definir os assuntos a serem trabalhados nas aulas.
III) A maioria das novas propostas pedagógicas ainda estão muito focadas na transmissão
de conhecimentos.
92 UNIDADE 2
3. Piaget observou que há uma diferença entre o fazer com sucesso e o compreender
o que foi feito. Muitos processos educacionais utilizados atualmente se restringem a
solicitar que o aluno desenvolva atividades, as quais podem ser feitas com sucesso
ou não. Entretanto, pode acontecer de o aluno ter sido bem sucedido na tarefa, mas
não compreender o que foi feito.
b) A compreensão do que foi realizado pelo aluno não permite ao professor inferir que
houve sucesso na execução da tarefa.
c) É a interação com o que está sendo feito que permitirá ao aluno transformar seus
esquemas mentais e obter conhecimentos.
d) Este tipo de pedagogia não se aplica à realidade brasileira, na qual os alunos possuem
apenas habilidades operacionais.
a) Deve atuar mais como um facilitador do aprendizado dos alunos do que como um
simples transmissor de informações.
c) Deve focar na transmissão contínua de informações aos alunos, para que eles definam
quais são as mais importantes.
UNIDADE 2 93
Tecnologias Educacionais
5. Em relação aos desafios atuais para a prática docente, marque a opção correta:
d) A prática escolar não mais necessita ser aprimorada, pois a tecnologia é capaz de
auxiliá-la e complementá-la.
Neste contexto, marque a opção abaixo que apresenta uma afirmativa INCORRETA
sobre a relação entre a prática docente e as crenças e hábitos do docente:
94 UNIDADE 2
7. Os professores, que irão realizar suas práticas mediadas pelo uso da tecnologia,
também devem possuir determinados conhecimentos específicos que os habilitem a
manusear os diversos equipamentos e softwares disponíveis atualmente.
Neste sentido, marque a opção abaixo que NÃO apresenta um aspecto que pode
ser trabalhado pelo docente para cumprir este objetivo educacional:
UNIDADE 2 95
Tecnologias Educacionais
9. O aluno deve ser instruído quanto ao uso ético dos recursos tecnológicos, seja no
ambiente escolar ou na sua própria casa.
Neste sentido, marque a opção abaixo que não apresenta um tema que pode ser
utilizado pelo professor para trabalhar as implicações éticas da tecnologia:
10. O artigo científico, apresentado no tópico 2.4, objetiva evidenciar que a era
digital em que vivemos proporciona uma nova forma de leitura, completamente
diferente da leitura contemplativa encontrada na linguagem impressa.
Neste contexto, marque a opção abaixo que NÃO corresponde a uma característica
do perfil cognitivo dos leitores em tempos de cibercultura:
96 UNIDADE 2
UNIDADE 3
Novos Gêneros do Discurso nos Ambientes Digitais
UNIDADE 3 97
MÓDULO 1
UNIDADE 3 99
Tecnologias Educacionais
Incorporação da tecnologia
à informação por meio do computador,
devemos lembrar que isso não ocorre A primeira forma consiste em incorporar,
da mesma forma em todos os países. acrescentando ao ambiente já existente,
Enquanto mais de 50% dos computa- os novos recursos tecnológicos ao
dores conectados à internet no mundo processo educacional sem modificá-lo
estão localizados em apenas um país, diretamente, nem a seus componentes e
os Estados Unidos, em outras nações nem a instituição que o realiza.
este recurso está disponível apenas para
classes mais abastadas da sociedade. Os sistemas educacionais costumam
assumir, em especial no Brasil, a ideia
Neste contexto, podemos identificar de que a educação “moderna” deve
suas principais formas coexistentes incorporar tecnologias de informação.
na atualidade para vincular as O governo brasileiro realizou grandes
novas tecnologias da informação e investimentos nos últimos anos para
comunicação aos processos educativos. equipar as escolas com computadores e
Iremos nomeá-las de “incorporação da acesso à internet, em especial naquelas
tecnologia” e “interação da tecnologia” localizadas nos grandes centros. Esse
e detalhá-las em seguida. esforço foi e continua sendo realizado
100 UNIDADE 3
para complementar o plano de estudos desta “nova” modalidade de educação
e, em determinadas situações, até identificaram que a aprendizagem dos
mesmo substituí-lo. Entretanto, essa alunos neste ambiente tecnológico não
atuação está erroneamente direcionada necessariamente é maior que a obtida
a apenas uma parte do processo, que é por alunos da educação realizada
o ensino, assumindo que o aprendizado sem utilização das novas tecnologias.
acontecerá ou melhorará exclusivamente Podemos concluir então que apenas
em função da modernização dos o tecnicismo da oferta educacional
conteúdos transmitidos através dos não é capaz de garantir uma melhor
novos meios e tecnologias utilizadas. educação, com maior aprendizado para
os envolvidos.
Tomando esta situação como base,
podemos entender que o principal obje- Algum estudioso poderia argumentar
tivo das autoridades da área educacional que, devido ao aspecto de novidade da
é justamente a modernização da estrutura educação baseada em tecnologias, tanto
do sistema educacional. Porém, com esta em relação ao uso de vídeos educativos
ideia errada de modernização, essas auto- como do ambiente virtual interativo,
ridades esquecem que a atenção deveria ainda existem situações que não
ser centrada na identificação de melhorias estão suficientemente afinadas ou que
na oferta educacional, seja aumentando a determinados recursos técnicos ainda
cobertura do serviço prestado com o uso apresentem falhas na sua utilização.
de novas redes e satélites, ou comple-
mentando o trabalho dos professores com No entanto, mesmo que a falta de sucesso
informações adicionais e variadas sobre em algumas iniciativas de educação a
os temas abordados no plano de estudos. distância aconteça por falhas técnicas em
A tecnologia poderia, ainda, auxiliar na seus sistemas, podemos constatar que
introdução de novos temas para estudos em muitos casos não existe uma estra-
pelos alunos, ou simplesmente disponi- tégia articulada de sensibilização dos
bilizando os conteúdos educacionais em envolvidos com esta educação midiática.
locais onde não se dispõe de professores
fisicamente presentes. Parece que ainda não há um consenso
no setor educacional sobre o fato de
De maneira bem simples, podemos que cada tecnologia supõe, além de uma
resumir este esforço atual para a sensibilização para seu uso adequado,
incorporação da tecnologia à educação uma “alfabetização” nos seus códigos
com um termo: educação a distância. característicos. Muitas vezes os responsá-
Interessante notar que pesquisadores veis pela disponibilização da tecnologia
UNIDADE 3 101
Tecnologias Educacionais
102 UNIDADE 3
de comunicação e de aprendizagem. Os Veja bem, é relativamente fácil expor
hábitos e práticas de trabalho intelectual tudo isso que foi dito, mas para que
dos usuários envolvidos também podem efetivamente aconteçam as mudanças,
ser entendidos como mediações na sua é necessária uma considerável transfor-
vinculação educacional com as novas mação da escola e das pessoas envol-
tecnologias. vidas no processo educacional. Assumir
e praticar no cotidiano que os conteúdos
Podemos concluir, então, que esta nova são o resultado e não mais o ponto de
forma de integrar as tecnologias aos partida, modifica completamente a
processos educacionais necessita de uma função central da instituição escolar.
transformação dos processos de ensino
e aprendizagem, da estruturação dos Se analisarmos a história, a escola tem
conteúdos e das ocasiões de interação sido a principal instituição educacional em
com eles. praticamente todos os países, legitimada
tanto pelas autoridades governamentais
Para realizarmos uma transformação quanto pela sociedade. É nela que as
na pedagogia tradicional vigente é pessoas depositam suas esperanças de
necessário alterar o ponto de partida e educar as novas gerações de cidadãos,
o ponto de chegada, isto é, a direção do transmitindo informações a eles basica-
processo educacional no seu conjunto. mente por meio dos livros de texto.
Tradicionalmente, o ponto de partida
sempre foi o conteúdo a ser aprendido Em uma nova perspectiva, a escola não
pelo aluno, que na verdade é o conteúdo seria mais esse centro depositário do saber
a ser ensinado pelo professor. Em uma e do conhecimento, se transformando
pedagogia mais nova, o ponto de em um centro de articulação de variados
partida seria o aluno e seu contexto, conhecimentos e informações para
significando que o ponto de chegada orientar os alunos sobre a mais adequada
passaria a ser sempre o conteúdo. Sendo maneira de associá-los e cumprir seus
coerentes com a dinâmica particular das objetivos de aprendizagem.
novas tecnologias, onde os conteúdos
não existem independentemente dos A escola poderá manter a sua função como
sujeitos que os constroem, isso supõe principal instituição educacional, desde
que os conteúdos passariam a ser o que seja hábil para orientar os variados
resultado de um processo estimulado por aprendizados dos seus alunos. Estes
determinados conteúdos introdutórios, aprendizados tendem a ocorrer cada vez
mas em hipótese alguma especificados mais fora da escola, com estímulos vindos
em uma única forma. principalmente dos novos meios e das
UNIDADE 3 103
Tecnologias Educacionais
O papel do comunicador
novas tecnologias de informação e comu-
nicação existentes. Esta “nova” escola Considerando a vinculação adequada
precisaria assumir que a aprendizagem das novas tecnologias com a
acontece em múltiplas situações da vida educação, o papel dos comunicadores
cotidiana de seus alunos e que, por isso, profissionais é variado e múltiplo.
existem variações da aprendizagem em Eles seriam os responsáveis pelas
função da sua importância, legitimidade estratégias de produção dos materiais
e formalidade. O papel da escola deve comunicativos, formatos audiovisuais
ser o de garantir, em todas as situações, e redes de comunicação, atendendo
que a aprendizagem obtida a partir de um principalmente às características de
processo educacional que seja importante comunicação dos potenciais alunos-
para o aluno e para o seu desenvolvimento usuários. Além disso, eles seriam os
social e como ser humano. especialistas no desenvolvimento das
104 UNIDADE 3
lógicas midiáticas, capazes de vincular e da comunicação, sendo que mais
diversos conhecimentos e informações cedo ou mais tarde isto modificará
para mediar e auxiliar o aprendizado substancialmente os processos
dos alunos. A elaboração e produção do educacionais. É importante estarmos
material comunicativo tendo como base em constante reflexão sobre o papel
as características dos alunos envolvidos, e dos comunicadores e professores neste
não dos conteúdos e dos meios, é o maior contexto de mudanças, de maneira que
desafio atual para os comunicadores. a direção das transformações seja a mais
relevante possível para nossa sociedade.
Esses comunicadores seriam, ainda, os
responsáveis pelo acompanhamento do
processo educacional, tendo como base
a exploração de todos os elementos
que influenciam os alunos na recepção
e interação com as informações
disponíveis nas novas tecnologias.
Assim, os comunicadores forneceriam
aos professores diversas informações
necessárias para que se estabeleça o
diálogo educativo e a apropriação através
da qual se manifestará o aprendizado
dos alunos.
UNIDADE 3 105
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 2
106 UNIDADE 3
Outra estratégia consiste no emprego de dos participantes, apresentem resultados
metodologias participativas com meios de pesquisas relacionadas com o fazer
de comunicação que podem ser usados docente, realizem atividades práticas
como temas geradores de debates ou e relatem o uso de experiências com
como recursos para se alcançar determi- tecnologias auxiliando o processo de
nados objetivos. Pode-se discutir crônicas comunicação. Tudo isso pode ser feito
e textos reflexivos sobre a tecnologia, a de maneira a conduzir os docentes a uma
escola, a atuação docente, a participação reflexão coletiva. Em termos práticos,
dos alunos na sociedade do conheci- essa estratégia tende a obter sucesso,
mento, dentre outros assuntos. O apren- porque de nada adianta discutir uma
dizado também pode ser obtido com o metodologia ou determinado assunto
auxílio da participação de professores de se os docentes não tiverem vivenciado
outras escolas, apresentando suas expe- experiências neste sentido.
riências e colaborando com a reflexão
sobre as práticas mais adequadas em Ainda tratando sobre a formação do-
cada situação. cente, podem ser aproveitadas as ex-
periências dos docentes obtidas a partir
A realização de seminários e oficinas do contato com as novas tecnologias da
também deve ser incentivada. Neste informação e comunicação. Esse tipo
momento, deve-se optar por convidados de relato traz para a escola atitudes e
que, além de atenderem às solicitações conhecimentos que, em muitos casos,
UNIDADE 3 107
Tecnologias Educacionais
não seriam divulgados e utilizados como autora apresenta ainda uma proposta
ponto de partida para uma reflexão mais educativa que leva em conta o
profunda sobre o apoio dos recursos tec- diversificado e abrangente conjunto
nológicos nos processos educacionais. O de linguagens existentes na sociedade
contato com o cotidiano pode desenca- atual, a qual permite abordar os objetos
dear nos professores alguns processos de de conhecimento e possibilitar uma
aprendizagem e conscientização, com a comunicação humana mais efetiva.
consequente obtenção de instrumentos
críticos provindos da ciência. Em relação ao uso, pela escola, de
variadas linguagens e expressões
Como citado anteriormente, é muito comunicacionais, Morin (2000) afirma
importante o emprego de linguagens que isso acontece porque elas incitam à
diferentes para a abordagem do consciência da realidade humana,
conhecimento e para a criação de principalmente nas relações afetivas
relações entre os participantes da existentes entre as pessoas. Para este
formação docente, pois a grande maioria autor, a consciência do caráter complexo
dos textos pedagógicos desconsidera as da condição humana faz com que a
emoções, a ironia e o humor, e privilegia pessoa seja vista em sua subjetividade e
uma fala mais científica, dificultando a singularidade, além de permitir sua
interlocução entre os envolvidos. inserção social na realidade em que vive.
Desta forma, as diferentes linguagens e
No entendimento de Penteado (2002, p. expressões comunicacionais permitem a
23), devemos refinar o uso da linguagem compreensão de novas sensibilidades,
oral e escrita tradicionalmente utilizada mantendo o respeito às necessidades e
em nossos trabalhos, explorando outras aos interesses das pessoas imersas no
linguagens como a musical, a literária, mundo tecnológico e audiovisual.
a cinematográfica e a televisual. Esta
Curiosidade:
Os novos meios abrem outras possibilidades para a educação, implicam
desafios para o trabalho docente, com sua matéria e seus instrumentos,
abrangendo o redimensionamento do ensino como um todo: da sua
dimensão epistemológica aos procedimentos mais específicos, passando pelos modos
de objetivação dos conteúdos, pelas questões metodológicas e pelas propostas de
avaliação. (BARRETO, 2004, p. 23).
108 UNIDADE 3
As metodologias participativas com a É importante considerarmos que
utilização de tecnologias e linguagens os conhecimentos expressos pelos
fixas e/ou em movimento possibilitam professores, vinculados com os
aos professores refletirem sobre as suas seus estudos (de formação inicial e
individualidades, seus conhecimentos continuada), leituras e práticas, permitem
e suas práticas escolares, permitindo uma discussão na escola sobre aspectos
ainda que tragam para o debate seus de sua carreira, identidade, processos de
sentimentos, vivências pessoais e formação e conhecimentos vinculados ao
emoções. A partir desta reflexão podem exercício da profissão.
surgir mudanças na atuação docente,
de maneira a adequar a prática ao O uso de múltiplos e variados
necessário para promover a obtenção de recursos tecnológicos e metodologias
conhecimentos por parte dos alunos. comunicacionais que trabalham com
as emoções e sensações dos docentes,
Para fundamentar essas mudanças podem servir para o resgate de imagens
pretendidas, os professores precisam da infância e adolescência dos docentes,
sentir-se valorizados, praticar sua contribuindo para que eles reflitam sobre
capacidade analítica e dialogar a respeito si mesmos (comunicação intrapessoal),
de suas vivências profissionais e pessoais, busquem melhores relações na escola
tendo como base alguns referenciais (comunicação interpessoal), observem
teórico-práticos. sentidos e significados e racionalizem
sobre seu potencial como professor.
Barreto (2002) entende que esta formação
docente vai além das relações lógico- De acordo com Porto (2000), o uso de
cognitivas geradas pela relação existente imagens em atividades de formação
entre sujeitos e textos lineares. Ultrapassa docente é baseado no reconhecimento
ainda o uso das tecnologias como simples de que este instrumento de trabalho:
apoio visual, isto é, uma ilustração básica
do escrito/falado, pois ativam emoções • Não substitui a palavra, mas
e possibilitam associações capazes de ocupa outra posição na construção
mover atitudes e comportamentos. de sentidos;
Os sons e imagens presentes nas
tecnologias, principalmente nos meios de • Coloca em evidência algumas
informação e comunicação, privilegiam construções discursivas que atuam
a comunicação afetiva, permitindo ao como configurações espaço-tempo-
espectador uma “imersão” nas sensações rais de sentido;
provocadas pelo contato com elas.
UNIDADE 3 109
Tecnologias Educacionais
110 UNIDADE 3
• Fornece aprendizagens que • Permite reflexões sobre situações
extrapolam as racionalidades, vividas no dia a dia que interferem na
envolvendo intuição, sensibilidade, prática profissional;
desejo e emoção;
• Aumenta o poder de criação e de
• Introduz outra “vida” na escola, decisão dos envolvidos;
gerando dúvidas e interesses de alunos
e professores sobre importantes • Auxilia na interação entre os
temas; professores, destes com alunos, e de
ambos com as tecnologias e os
• Envolve os professores em conhecimentos escolares.
experimentos pedagógicos com
novas linguagens e tecnologias;
UNIDADE 3 111
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 3
112 UNIDADE 3
Tutoriais
aluno, como no caso da programação,
enquanto outros precisam de maior Um tutorial pode ser entendido como
envolvimento do professor para criar um software onde a informação é
situações complementares ao software organizada de acordo com uma sequência
que beneficiem a compreensão do aluno, pedagógica própria, sendo apresentada
como no caso dos tutoriais. em seguida para o aluno que, por sua
vez, pode seguir esta sequência de
Considerando a construção do instruções ou escolher a informação que
conhecimento e do papel desejado desejar. Na primeira situação, o controle
do professor neste processo, a análise da situação do ensino e do que pode
de softwares educacionais possibilita ser apresentado ao aluno pertence ao
criarmos uma classificação não software. Na outra situação, o controle
apenas com softwares tutoriais e de passa para o aluno que pode selecionar
programação, mas também aqueles que o que deseja ver. O mais comum nos
atuam de forma intermediária entre esses softwares que permitem o controle de
extremos. Apesar de termos diferentes acesso pelo aluno é sua organização
tipos de software que podem ser usados na forma de hipertexto, onde se pode
na educação, como a programação, “navegar” entre o conteúdo.
os tutoriais, o software multimídia,
a própria internet, o processador de
texto, a planilha eletrônica, os softwares
para criação de multimídia e os jogos,
cada um deles dispõe de características
que podem favorecer o processo de
construção do conhecimento. O papel
do professor é analisar as diversas opções
de software disponíveis atualmente e
identificar aquele que se apresenta como
o mais adequado para cada situação.
UNIDADE 3 113
Tecnologias Educacionais
Veja que nas duas situações a informação e disponibilizar condições para levar os
disponibilizada pelo tutorial ao aluno foi alunos ao nível da compreensão, criando
definida e organizada anteriormente. situações onde ele possa manipular as
Isso quer dizer que ele está restrito informações recebidas para a resolução
a esta informação, sendo que o de problemas de seu cotidiano.
computador passa a funcionar como
uma máquina de ensinar. As interações
existentes entre o aluno e o computador Processador de texto
consistem na leitura da tela ou escuta da
informação disponibilizada, na escolha Em relação aos aplicativos, como os
da informação e no avanço das páginas processadores de texto, as ações do
do material. Utilizando este recurso, não aluno também podem ser observadas
conseguimos saber ao certo como o e analisadas tendo como base um ciclo
aluno está processando as informações chamado “descrição-execução-reflexão-
recebidas e nem se está entendendo o depuração-descrição”. A descrição
seu conteúdo. Na verdade, mesmo que compreende o ato de descrever o
ele esteja processando as informações, problema a ser resolvido com o apoio
não temos meios para nos certificar que do computador. A execução desta
isso realmente está acontecendo. descrição fornece um feedback ao aluno
sobre o resultado obtido, permitindo
Se quisermos verificar se o aluno a ele fazer uma reflexão acerca de suas
processou ou não a informação, torna-se ações. O ciclo se encerra na depuração
necessário apresentarmos a ele algumas dos conhecimentos por meio da busca
situações-problema que demandem de informações novas ou do pensar,
o uso das informações fornecidas retornando assim para uma nova etapa
anteriormente. Alguns softwares tutoriais de descrição de problemas.
até tentam fazer isso, mas de maneira
geral os problemas apresentados buscam Quando o aluno está utilizando um
apenas verificar se o aluno memorizou a processador de texto, sua interação com
informação recebida. o computador é mediada basicamente
pelos comandos do software para formatar
Portanto, a limitação do tutorial está o texto (centralizar, grifar palavras, etc).
justamente na possibilidade de verificar A maioria dos processadores de texto
se a informação foi processada e se modernos é muito simples de utilizar
transformou em um conhecimento e facilita a expressão escrita de seus
agregado aos esquemas mentais. É usuários. Entretanto, o processador de
papel do professor interagir com o aluno texto só é capaz de executar o aspecto
114 UNIDADE 3
do formato do texto ou de determinados dos tutoriais. É claro que a multimídia
estilos de escrita, mas não consegue oferece facilidades como a combinação
verificar o conteúdo do texto e gerar de imagens, textos, sons e animações
automaticamente um feedback em que permitem uma melhor expressão das
termos de significado do que o aluno ideias. Entretanto, a ação executada pelo
quis dizer por meio de sua escrita. aluno é a de escolher entre as opções forne-
cidas pelo software. Quando esta seleção
Considerando a utilização do ocorre, o computador exibe a informação
processador de texto, as etapas de disponível e o aluno tem a oportunidade
reflexão e depuração do conteúdo não de refletir sobre ela e escolher outras
são facilitadas pelo computador, pois opções. Esta sequência de seleções entre
ele não oferece a informação necessária tópicos de informação compõe o conceito
para que o aluno compreenda o seu de navegação no software.
nível de conhecimento e, desta forma,
tente alcançar níveis mais elevados Devemos considerar que os softwares
de conceituação e compreensão. Em multimídias estão ficando cada vez
outras palavras, podemos dizer que o mais criativos e interessantes, pois
processador de texto não possui recursos passaram a explorar novas possibilidades
auxiliadores do processo de construção disponibilizadas pela tecnologia. O aluno
do conhecimento. Esta construção e pode navegar em um amplo espectro de
compreensão do conteúdo somente tópicos, inclusive detalhando aqueles
acontecerão quando outra pessoa fizer que desejar. Porém, o aluno continua
uma leitura do texto e fornecer um restrito ao que é disponibilizado pelo
feedback com o qual o aluno poderá software. Se determinado software não
analisar o seu desempenho. disponibiliza o que ele necessita, então
outro software deverá ser utilizado. Além
disso, a navegação pelo software pode
Uso de multimídia e internet ocupar o aluno por longos períodos de
tempo, mas mesmo assim pouco pode
Inicialmente, é prudente fazermos uma ser realizado em termos de entendimento
diferenciação entre o uso de recursos e transformação dos conteúdos visitados
multimídia já prontos e o uso de sistemas em conhecimento passível de aplicação
de autoria para que o aluno desenvolva na vida real.
seu próprio material multimídia.
Encontramos esta limitação também em
A utilização de multimídia não possui atividades de navegação na internet.
muitas diferenças em relação à utilização Neste caso, a utilização é muito mais
UNIDADE 3 115
Tecnologias Educacionais
116 UNIDADE 3
informações apresentadas por diferentes e conceitos possam ser trabalhados
mídias. Ele pode selecionar informações conjuntamente, por exemplo, solicitando
de outro software ou da literatura, além ao aluno que elabore parte das animações
de ter que programar animações a serem e efeitos na multimídia ou que realize
incluídas na multimídia que está sendo atividades fora do computador, utilizando
produzida. Assim que os diferentes essas estratégias e conceitos.
assuntos são incluídos na multimídia, o
aluno pode fazer uma reflexão sobre os
resultados do produto final elaborado e Simulação e Modelagem
depurá-lo em termos de qualidade e do
significado das informações apresentadas. Determinados fenômenos podem ser
simulados com o apoio do computador,
Veja que a criação de um produto sendo necessário para isso que um
multimídia gera uma oportunidade modelo do fenômeno seja implementado
para o aluno buscar informações, no equipamento. O usuário da
apresentá-las de forma adequada, bem simulação teria a tarefa de alterar alguns
como analisá-las e criticá-las. parâmetros e observar o comportamento
do fenômeno de acordo com os valores
Devemos ressaltar que um sistema de atribuídos.
autoria não necessariamente exige
que o aluno descreva tudo aquilo que Na modelagem, o aluno é o
está pensando enquanto seleciona as responsável pela criação do modelo do
informações que serviram de base para fenômeno, utilizando para isso recursos
a produção do seu material multimídia. computacionais para implementá-lo.
Ele também não restringe quais mídias Quando esse processo termina, o aluno
podem ser utilizadas para realizar a pode utilizar o modelo para realizar as
apresentação das informações: imagens, simulações desejadas.
vídeos, textos, etc. Outra característica
relevante desses sistemas é que ele Note que a diferença entre o software
não registra com detalhes o processo de modelagem e o de simulação está
utilizado pelo aluno para montar o seu em quem define o fenômeno e em quem
produto multimídia. desenvolve o seu modelo. Enquanto
na modelagem o aluno escolhe o
Este tipo de execução é similar ao que fenômeno, desenvolve seu modelo e faz
acontece no processador de texto. Sendo a sua implementação no computador, no
assim, é importante que o professor caso da simulação isso já foi realizado
crie condições para que as estratégias anteriormente e apenas fornecido ao
UNIDADE 3 117
Tecnologias Educacionais
aluno. Podemos concluir, então, que a das ideias do aluno para o computador.
modelagem exige envolvimento direto
na definição do fenômeno e sua posterior De maneira geral, os jogos objetivam
representação computacional, gerando motivar e desafiar o aluno, envolvendo-o
inúmeras possibilidades de aprendizado em uma competição com outros colegas
e obtenção de novos conhecimentos ou com a própria máquina. Uma maneira
pelos alunos envolvidos. simples de fazer isso é, por exemplo,
apresentando questionamentos e
Entretanto, a modelagem ou a simulação contabilizando as respostas certas e
por si só não são capazes de criar a erradas. Porém, neste caso, as ações
melhor situação de aprendizado. Para do aluno serão mais próximas ao que
que isso efetivamente aconteça, é funda- acontece em um tutorial.
mental que condições sejam criadas para
que o aluno se envolva com o fenômeno Outro uso desta abordagem está mais
estudado e que esta experiência seja próximo às ideias da simulação, onde
complementada com a produção de algumas “leis” do jogo já podem estar
hipóteses, discussões, leituras e utili- definidas previamente. O aluno deve
zação do computador para confirmar o jogar o jogo e, assim, espera-se que
entendimento do fenômeno. Além disso, ele esteja o tempo todo elaborando
o professor deve auxiliar o aluno a não hipóteses e estratégias e construindo
formar um entendimento errado e distor- novos conhecimentos.
cido a respeito do fenômeno avaliado,
criando ainda condições para que ele Os jogos apresentam outra dificuldade
faça a transição entre a simulação e a que deve ser considerada pelo professor
ocorrência do fenômeno no mundo real. quando da definição da tecnologia mais
adequada para se trabalhar determinado
conteúdo. Eles buscam envolver o aluno
Jogos educacionais em um ambiente de competição, porém,
caso essa competição não seja bem
É possível analisarmos os jogos apresentada, pode acabar desfavore-
educacionais implementados no cendo o processo de aprendizagem. Isso
computador considerando o ciclo citado não é um problema exclusivo dos jogos
anteriormente que cobre a descrição, eletrônicos, mas sim dos jogos em geral.
execução, reflexão e depuração. Esses Certamente, eles são muito úteis quando
jogos podem apresentar características criam um ambiente favorável para que
tanto dos tutoriais quanto dos softwares o aluno possa praticar as estratégias e
de simulação, dependendo da transcrição conceitos que possui. Porém, o aluno
118 UNIDADE 3
pode estar usando suas estratégias e Neste contexto, o professor poderia
conceitos correta ou incorretamente e documentar as situações apresentadas
não ter consciência de que isso esteja pelo aluno ao longo do jogo e, quando o
sendo feito. Essa tomada de cons- mesmo terminar, discuti-las com o aluno,
ciência é fundamental para que exista a recriando-as e apresentando desafios
compreensão e ocorra a transformação voltados para que ocorra a compreensão
das ideias de ações em operações. do que foi feito.
UNIDADE 3 119
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 4
120 UNIDADE 3
O impacto das tecnologias da informação
e comunicação na educação através das
ferramentas Web 2.0
UNIDADE 3 121
Tecnologias Educacionais
122 UNIDADE 3
conhecimento. Deve-se levar em conta constituindo uma alternativa mais rica e
que o acesso à informação não pode ser diversificada pela variedade de fontes,
considerado como garantia de sucesso, organização e flexibilidade temporal e
pois a quantidade de informação dispo- local, e cooperação. As tecnologias Web
nibilizada na grande rede vem crescendo 2.0 tem potencial para mudar a natureza
exponencialmente. Desta forma, a Web do ensino e aprendizagem e questionar
2.0 é uma promissora tecnologia no o papel tradicional das instituições
trato da pedagogia atual, num contexto educativas e, ainda, gerar oportunidades
de soluções acadêmicas e didáticas para que todos, sem distinção de classe
modernas, onde o estudo é facilitado e social, credo, região geográfica, possam
melhor inserido no mundo do trabalho. vislumbrar um futuro melhor através da
educação.
O impacto da busca do aproveitamento
da inteligência coletiva, onde vários O uso de novas tecnologias, com auxílio
usuários adicionando conteúdo e os rela- da internet, promove o desenvolvimento
cionando entre si, assemelha-se com a da aprendizagem e nesse contexto
sinapse do cérebro humano, com as asso- podem-se citar algumas ferramentas
ciações tornando-se mais fortes através importantes, como ambientes que
da repetição ou intensidade e criando permitem atualização rápida a partir
oportunidades para uma contextuali- de acréscimos de artigos, ferramentas
zação coletiva. Nesse contexto, pode-se para páginas de internet destinadas a
entender de que modo os ambientes promover debates através de mensagens
online contribuem e se caracterizam para o publicadas abordando uma mesma
desenvolvimento da aprendizagem, bem questão, comunidades e redes sociais,
como a reengenharia de todo o processo bate-papo, ferramentas de partilha de
ensino-aprendizagem, como a otimi- conteúdo, ferramentas de colaboração,
zação da parte operacional do ensino, ferramentas de gestão e colaboração
seja presencial ou a distância como, por online.
exemplo, a otimização do tempo para os
alunos, em seus horários de estudo e para Este estudo visa a reflexão e aplicabili-
os professores em suas cargas horárias. O dade teórica e prática de ferramentas que
uso dessas novas tecnologias associadas utilizam a plataforma Web 2.0 no processo
à educação tem efeitos impactantes de ensino e aprendizagem. Aproveitando
na melhoria da condição de vida do a inteligência coletiva, contribuindo na
ser humano, na escola, na vida social e mudança das características do ensino
econômica, pois o indivíduo encontra faci- aprendizado e na construção de práticas
lidades de aprender de forma autônoma, pedagógicas mais flexíveis, bem como
UNIDADE 3 123
Tecnologias Educacionais
metodologias interativas e que compar- O nome Web 2.0 foi citado por Tim
tilham o conhecimento. O’Reilly (2006) num congresso da
O’Reilly Média ficando famoso a partir
de então. Entretanto, a Web 2.0 faz uso
2. METODOLOGIA de muitos componentes tecnológicos
que foram criados antes do surgimento
Toma-se por base a taxonomia apresen- da Web. Segundo O’Reilly (2006), “Web
tada por Vergara (2004), que qualifica as 2.0 é a mudança para uma internet
pesquisas em relação a dois aspectos: como plataforma, e um entendimento
quanto aos fins e quanto aos meios. das regras para obter sucesso nesta
Quanto aos fins, a pesquisa pretende nova plataforma”. Uma das normas
ser descritiva, porque visa descrever mais importantes seria desenvolver
percepções, expectativas, sugestões e/ ferramentas que aproveitem os efeitos de
ou propostas acerca da popularização rede, num modelo colaborativo e flexível.
e usabilidade da Web 2.0. Quanto aos
meios, a pesquisa será bibliográfica. O’Reilly (2006) se refere a estas regras,
Envolverá uma aplicação prática em mas antes do surgimento deste termo,
um exemplo concreto, descrevendo, já se falava dele como infoware, the
analisando e avaliando este experimento internet operating system e the open
educacional na forma de ferramenta Web source paradigm shift e tem seus
2.0, bem como sua utilização nas tutorias produtos aplicados em um consenso
dos cursos a distância. Para a fundamen- entre as empresas Google, Amazon,
tação teórico-metodológica do trabalho Yahoo e Microsoft, estudiosos da Web e
serão pesquisados, na literatura, assuntos da concretização do que realmente traz
como: funcionalidades básicas da Web resultado na Internet. Novos aplicativos
2.0, Web semântica, Comunicação na surgem e se aperfeiçoam, à medida que
Web, redes sociais de comunicação. Os sugestões dos usuários vão surgindo,
métodos de investigação serão: quantita- aproveitando a inteligência coletiva.
tivo e qualitativo, nossa investigação será
em forma de questionário de avaliação, Por definição, pode-se dizer que a Web
tendo como norte a ferramenta Web 2.0 2.0 é um processo de comprometimento
FreeMeeting. entre os usuários; local de reutilização
de dados e serviços de outros;
desenvolvimento de aplicativos e fonte
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS de vantagem competitiva através dos
dados e do aumento do retorno sobre
3.1. Web 2.0 – Um Pouco de História dados originados pelo usuário.
124 UNIDADE 3
Com a nova arquitetura da Web 2.0, os informações que o mesmo considera
softwares que eram usados pela internet e importantes. Este conceito é parecido
vendidos como serviços pagos, mudaram com o usado no software livre: quando
a maneira de elaborar os programas, de muitas pessoas olham, os erros são
forma que tudo funcione na internet, apli- corrigidos. Por isso há comunidades onde
cando novas tecnologias em função das os moderadores indicam ao aplicativo
experiências dos usuários, resultando em que usuário deve ou não participar.
interfaces rápidas e muito fáceis de usar. Os conteúdos utilizam licenças como
Creative Commons, que são flexíveis
Então, se os programas forem mais no que tange aos direitos autorais,
simples de usar tudo fica mais fácil. É fácil permite que o usuário use novamente
tirar ou acrescentar uma função, e ainda compartilhando, republicando, alterando
compartilhar uma parte de um programa e colaborando com conteúdo, gerando
com outro programa. Quanto mais os sites de relacionamento, comunidades,
usuários usam o programa, melhor eles comentários em noticiários e blogs.
vão ficando.
A internet, o avanço das tecnologias de
A plataforma Web 2.0 refere-se a uma informação e comunicação, bem como o
nova experiência para uso parecido com acesso dos usuários à informação, levaram
os aplicativos em computadores desktop. a aumentar a facilidade de expressão
Esta tecnologia aumenta a velocidade e e opinião dos usuários presentes em
a facilidade do uso da Web, é responsável comentários, fóruns, lista de discussões,
pelo aumento do conteúdo colaborativo blogs e fotologs, comunidades, grupos,
e publicado na internet devido ao seu uso sites participativos, no YouTube, nas
simplificado e infinidade de aplicativos exis- Wikis. Estes fazem uso de todos os
tentes como os blogs e wikis, slide share, aplicativos e suas ferramentas como
Google docs, picassa web e muitos outros. o messenger, sites, blogs, correio
eletrônico, mensagens, celulares, para
Os conteúdos das páginas da internet espalharem suas experiências pessoais
também sofreram um grande impacto e opiniões sobre os produtos, serviços,
com a Web 2.0, o usuário pode participar, marcas, empresas, notícias.
gerar, organizar informações, bem como
personalizar, avaliar e comentar ações, As wikis e os blogs são citados na lista
enriquecendo o sistema. principal da Web 2.0. Mas, as interfaces
de colaboração e participação estavam
Os aplicativos Web 2.0 possibilitam a presentes desde que a internet despontou
personalização do seu conteúdo filtrando nas universidades. Os fóruns são exemplos
UNIDADE 3 125
Tecnologias Educacionais
126 UNIDADE 3
Essas ferramentas estão ganhando metodologia de ensino-aprendizagem
popularidade, crédito pedagógico, muito mais rica e estimulante.
e ao levar os alunos a utilizarem
essas ferramentas estamos, segundo De acordo com Carvalho (2008), a
Carvalho (2008), “contribuindo para educação a distância é uma das disciplinas
o desenvolvimento e preparação de mais beneficiadas com o surgimento das
cidadãos aptos para a sociedade da novas tecnologias, especialmente as rela-
informação e do conhecimento”. cionadas com a Web 2.0. Cabe observar
que essas novas tecnologias propiciam
Com a democratização de publicações uma aprendizagem colaborativa, onde
online e a facilidade de acesso à todos saem ganhando, tanto os profes-
informação, o dia a dia de alunos e sores como os alunos, pois para Carvalho
professores tornou-se mais fácil e (2008) estas ferramentas estimulam a
prazeroso, visto que a interação entre experimentação, reflexão e geração de
esses agentes já não conta mais com conhecimentos individuais e coletivos,
barreiras em suas comunicações. favorecendo a construção de um ciberes-
paço de inter criatividade que contribui
Segundo Carvalho (2008), os professores para criar um espaço de aprendizagem
e alunos ao experimentarem a escrita coletiva.
online sentem-se estimulados, passando
a empenharem-se mais, sendo que os Para Ribeiro (2008), a evolução do
alunos passam a ter responsabilidade conhecimento depende do trabalho
por suas publicações. “Neste momento, coletivo e não individual. Isto porque
os agentes educativos podem, com o conhecimento é visto como uma
toda a facilidade, escrever online no construção social e está vinculado à
blog, gravar um assunto no podcast ou participação humana.
disponibilizar um filme no YouTube”. A
facilidade de dispor os conteúdos na Segundo Carvalho (2008), é interessante
rede cria um ambiente de trabalho que observar que as possibilidades de
passa a estar sempre online em todas aprendizagem colaborativa com a Web 2.0
partes do mundo que tenham acesso à surgem como uma resposta à tradicional
web. O professor com um simples clique estrutura estática da internet com poucos
acessa seus favoritos no Delicious, aos emissores e muitos receptores (como
seus textos, gráficos ou apresentações no a televisão), começando a adotar uma
Google Docs, às suas imagens no Flickr nova plataforma onde as aplicações
ou no Picasa web, ou aos seus vídeos no são fáceis de usar e permitem uma
YouTube, aplicando na sala de aula uma quantidade significativamente mais alta
UNIDADE 3 127
Tecnologias Educacionais
128 UNIDADE 3
mais do que isso, trata-se de toda uma afetada com a revolução da quantidade
mudança social, econômica e política que de informações, atingindo e modificando
vem se desenvolvendo desde os anos 60. o funcionamento de diversos setores.
“Tudo leva a crer que a revolução da
A sociedade de hoje baseia-se em informação vai modificar de forma
nova forma de organização nas suas permanente a educação, o trabalho, o
maneiras de produção e de negócios. governo e serviços públicos como saúde,
Ainda de acordo com Takahashi (1998), arrecadação e segurança, o lazer, a
o deslocamento da economia da cultura, as formas de discutir e organizar a
indústria para os serviços e da força sociedade e, em última análise, a própria
para o conhecimento mexeu também definição e entendimento do homem”.
com a política, as relações pessoais e
institucionais, que passaram a depender 3.4. A Evolução das Redes Sociais Web
de troca de informações constantes.
Surge um novo ambiente global baseado Segundo Boyd (2008), sites de redes
em comunicação e informação, cujas sociais são serviços que permitem aos
regras e modos de operação estão sendo usuários, a construção de um perfil num
construídos, em todo o mundo, agora. sistema que possibilite a articulação
e comunicação de vários usuários
Conforme Viganigo (2008), as conectados entre si. A definição de redes
modificações do final do século XX podem sociais Web, portanto, é bem ampla. A
ser encaradas como uma revolução priori, redes sociais Web serviriam apenas
social. Todas as revoluções trazem como fontes de informação pessoais, já
mudanças significativas para o grupo que possibilitariam mostrar a interação
atingido por elas: no caso da “Revolução entre pessoas.
da Informação”, toda a sociedade está
sentindo os efeitos simultaneamente, em As redes sociais Web podem ser úteis
maior ou menor grau. como fontes de informação, de referência
técnica e bibliográfica, como o Delicious
As revoluções anteriores, entretanto, e o Orkut, onde é possível postar artigos
limitavam-se a afetar a sociedade e links. Segundo Viganigo (2008), nestas
através da matéria ou energia, de forma redes sociais é permitido anexar seus
localizada. próprios arquivos ou de outros autores,
além de próprios ou de terceiros,
Pode-se dizer ainda, de acordo com funciona como um fórum de discussões
Takahashi (1998), que a nossa compreensão em torno do tópico em foco, criando
de tempo, espaço e conhecimento é assim novos conceitos e informações
UNIDADE 3 129
Tecnologias Educacionais
130 UNIDADE 3
com Azevedo at all [1], para os alunos mais os alunos estão motivados para
que dispõem de tutorias presenciais as tecnologias da informação e menos
e a distância, o FreeMeeting é uma motivados para os métodos tradicionais
ferramenta onde eles podem tirar suas de ensino”.
dúvidas e permite que haja um contato
mais próximo com os tutores a distância, Na questão número dois, foi solicitado
facilitando a integração entre alunos e aos alunos que informassem quais
tutores. Com o uso do FreeMeeting, o atividades eles utilizavam no computador
aluno tem a possibilidade de interagir em seu curso de graduação. Na resposta
com o tutor através de áudio, vídeo e o desta questão pode ser observado
TGWB, fazendo desenhos, construindo que 65% dos alunos responderam que
fórmulas, dentre outras facilidades. utilizam o computador para todas as
atividades apresentadas, 20% disseram
que usam o computador para pesquisa
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES na internet, bibliotecas etc., 5%
utilizam para trabalhos, 5% disseram
4.1 – Resultado da Pesquisa de Campo que utilizam o computador para troca
– Alunos de correspondências eletrônicas
com colegas e/ou professores e 5%
Para uma análise sobre os impactos que responderam que utilizam o computador
as novas tecnologias tem causado no para uso de softwares como ferramentas
ensino e na aprendizagem, foi aplicado a educacionais.
20 alunos um questionário com 10 (dez)
questões, que procura identificar questões Quanto à questão número três, foi
quanto a usabilidade e aplicabilidade das solicitado aos alunos que relatassem sua
ferramentas Web 2.0 e especificamente experiência com as ferramentas Web
da ferramenta FreeMeeting na educação. 2.0, bem como os aspectos positivos e
A seguir será apresentado o resultado. negativos. Nas respostas desta questão,
citaram duas ferramentas, o MSN e o
Na questão número um foi pedido aos Skype, quanto ao MSN, dizem que é
alunos que informasse qual a importância ótimo para conversar e/ou se comunicar,
do computador nas atividades discentes. embora não se tenha muita privacidade,
No resultado pode ser observado que mas que o uso desta ferramenta, quando
80% dos alunos responderam que usada no curso, ficam por dentro de tudo
ajuda muito, 15% disseram que ajuda o que acontece. Quanto ao Skype, dizem
às vezes e 5% responderam que ajuda que é interessante e fácil de usar.
pouco. Segundo Cruz (2008), “cada vez
UNIDADE 3 131
Tecnologias Educacionais
132 UNIDADE 3
maioria dos alunos, respondeu que a Web 2.0 no curso de Computação.
melhora na qualidade do ensino se dá Na resposta para esta questão pode
com o maior contato com os tutores, pois ser observado que 85% dos alunos
podem tirar suas dúvidas, tornando o responderam que as ferramentas podem
curso mais fácil, pois a ferramenta oferece facilitar a compreensão do estudante e
interatividade, é colaborativa, de simples 15% responderam que podem facilitar a
operacionalização e que dessa forma compreensão do estudante apenas em
ajuda no desenvolvimento do aluno. Para situações específicas. Segundo Ribeiro
Ribeiro (2008), no momento que se utiliza (2008), a plataforma de ensino quando
uma plataforma adequada, com recursos permite a interatividade conjunta entre os
da Web 2.0, a interação ocorre de forma atores participantes, possibilita ao aluno
simultânea entre todos os atores deste uma melhor compreensão e assimilação
processo (professores, tutores e alunos) do conteúdo oferecido, facilitando o
estabelecendo um elo entre eles e agre- processo de ensino e aprendizagem.
gando aos mesmos, valores comuns a
fim de identificá-los como uma equipe. Na questão número nove, os alunos foram
Segundo Voigt (2007), ” a Web 2.0 apre- perguntados, sob a perspectiva do educa-
senta ferramentas que ajudam na cola- dor, como considera o uso das ferramentas
boração e construção do conhecimento, Web 2.0 na educação. A resposta para esta
mas para que isso aconteça é necessário questão mostra que 90% dos alunos disse-
motivar tal participação e colaboração. ram ser um recurso capaz de aumentar o
Diz que o usuário não é mais visto apenas interesse do estudante e facilitar a aprendi-
como recebedor de informação, mas zagem e 10% dos alunos responderam ser
como produtor e desenvolvedor”. apenas como um recurso para aumentar o
interesse do estudante. Segundo Carvalho
Na questão número sete, foi perguntado (2008), os professores e alunos ao expe-
aos alunos como eles consideram, em rimentarem a escrita online sentem-se
sua vida acadêmica, as possibilidades de estimulados, passando a se empenhar mais
uso de uma ferramenta Web 2.0, como o e os alunos a responsabilidade por suas
FreeMeeting. Na resposta desta questão publicações. “Neste momento, os agentes
pode ser observado que 65% dos alunos educativos podem, com toda a facilidade,
responderam que ajudou a enxergar escrever online no blog, gravar um assunto
novos recursos que podem ser utilizados no podcast ou disponibilizar um filme no
e 35% dizem que contribui para melhorar YouTube”. Para Geller (2004) o aluno passa
as possibilidades que já se conhecia. Na a ter maior responsabilidade em sua forma-
questão de número oito, os alunos são ção com a redefinição de aprendizagem,
questionados sobre o uso das ferramentas visto que, essa se apoia na sua autonomia.
UNIDADE 3 133
Tecnologias Educacionais
O aluno deixa de ser somente um mero Podcast, YouTube, Sites de busca, sites de
receptor de mensagens e informação, ele relacionamentos, Wiki, etc., possibilitando
procura estabelecer relações dialógicas, a interação e a comunicação entre alunos
críticas e participativas com todos os envol- nos mais diversos assuntos.
vidos no processo.
134 UNIDADE 3
o critério “a ferramenta é adequada curricular proposto”; 17% disseram que
ao público alvo da instituição”; 33% atende e 83% disseram que atende
disseram que atende e 67% disseram que totalmente o critério “a ferramenta pode
atende totalmente o critério “os conhe- facilmente ser integrada no conteúdo
cimentos desenvolvidos com auxílio da curricular e outras partes do currículo
ferramenta possuem alguma aplicabili- escolar para auxiliar no aprendizado” e
dade prática dos alunos” e que 100% dos que 100% dos tutores disseram que atende
tutores disseram que atende totalmente totalmente o critério “a ferramenta auxilia
o critério “os recursos e estratégias dinâ- na aquisição das habilidades e conteúdos
micas propostas pela ferramenta podem propostos”. Para Carvalho (2008), a
contribuir para a melhora do relaciona- facilidade de dispor os conteúdos na
mento professor/aluno e para a relação rede cria um ambiente de trabalho que
entre os colegas de sala”. De acordo passa a estar sempre online em todas
com a seção 2.2, com a democratização partes do mundo que tenham acesso a
de publicações online e a facilidade Web. O professor com um simples clique
de acesso à informação, o dia a dia de acessa seus favoritos no Delicious, aos
alunos e professores tornou-se mais fácil seus textos, gráficos ou apresentações no
e prazeroso, visto que a interação entre Google Docs, às suas imagens no Flickr
esses agentes já não conta mais com ou no Picasa web, ou aos seus vídeos no
barreiras em suas comunicações. De YouTube, aplicando na sala de aula uma
acordo com Azevedo at all (2006), para os metodologia de ensino-aprendizagem
alunos que dispõem de tutorias presen- muito mais rica e estimulante.
ciais e a distância, o FreeMeeting é uma
ferramenta onde eles podem tirar suas Na categoria motivação, a avaliação
dúvidas e permite que haja um contato dos tutores mostra que 67% dos tutores
mais próximo com os tutores a distância, disseram que atende e 33% disseram
facilitando a integração entre alunos e que atende totalmente o critério “a
tutores. Com o uso do FreeMeeting, o ferramenta possui recursos motivacionais
aluno tem a possibilidade de interagir para despertar e manter a atenção do
com o tutor através de áudio, vídeo e o aluno ao longo de sua interação”; 33%
TGWB, fazendo desenhos, construindo disseram que atende insatisfatoriamente
fórmulas, dentre outras facilidades. e 67% disseram que atende o critério
‘imagens, desenhos, gráficos e outros são
Na categoria currículo, a avaliação dos utilizados contribuindo para a motivação
tutores mostra que 100% dos tutores e compreensão dos conteúdos” e que
disseram que atende totalmente o critério 83% disseram que atende e 17% disseram
“a ferramenta adapta-se ao programa que atende totalmente o critério
UNIDADE 3 135
Tecnologias Educacionais
136 UNIDADE 3
De acordo com os dados apresentados Utilizando uma ferramenta Web 2.0,
nesta pesquisa de campo, observa-se que especificamente a FreeMeeting, pode-se
tanto os alunos como os tutores presenciais constatar nesta pesquisa feita junto aos
e a distância, acreditam que a ferramenta alunos, que a ferramenta é útil em suas
FreeMeeting, atende o proposto para o atividades estudantis, que ela faz com
processo de ensino e de aprendizagem. que os tutores fiquem mais próximos dos
alunos, tornando mais fácil o aprendizado,
pois pode-se trocar experiências, tirar
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES dúvidas além de oferecer interatividade
FINAIS e colaboração, e ser de simples
operacionalização.
Este estudo teve por objetivo principal a
reflexão e a análise sobre a aplicabilidade Na pesquisa de campo feita junto aos
teórico-prática de ferramentas que tutores, constatou-se que a ferramenta
utilizam a plataforma Web 2.0 no processo FreeMeeting atende totalmente aos
de ensino e aprendizagem. Através princípios pela qual foi construída, pois
de uma pesquisa de campo, junto aos se adequa às características pedagógicas
alunos e tutores presenciais e a distância, necessárias para o desenvolvimento e
foi possível elencar algumas conclusões construção do conhecimento, se adapta
expostas a seguir: ao currículo proposto, sendo facilmente
integrada, auxiliando no aprendizado,
Através de algumas questões do ques- é capaz de motivar o aluno ao longo de
tionário de pesquisa pode-se verificar o sua interação. Constatou-se ainda que
perfil dos alunos que participaram deste os tutores teriam facilidade em adotar
estudo e constatou-se que na sua maioria, a ferramenta FreeMeeting em suas
utilizam muito o computador para as atividades pedagógicas.
suas atividades discentes, dão muita
importância à sua utilização pois ajuda Confirma-se através da pesquisa de
sobremaneira em pesquisas, elaboração campo, que as ferramentas Web 2.0
de trabalhos escolares, uso de softwares podem facilitar a compreensão do
educacionais e na troca de informações estudante, sendo um recurso capaz de
com outros alunos e tutores, mostrando aumentar o seu interesse, facilitando
que estão cada vez mais motivados para a sobremaneira o processo de ensino e
tecnologia da informação e menos moti- aprendizagem.
vados para os métodos tradicionais de
ensino, conforme preconiza Cruz (2008). Este estudo apresenta limitações pelo
fato de ter sido aplicado a apenas uma
UNIDADE 3 137
Tecnologias Educacionais
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
B - Currículo Pontos
C - Motivação Pontos
A ferramenta possui recursos motivacionais para despertar e
manter a atenção do aluno ao longo de sua interação.
Imagens, desenhos, gráficos e outros são utilizados contribuindo para a
motivação e compreensão dos conteúdos.
Recursos sonoros são utilizados e bem explorados.
138 UNIDADE 3
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
6. REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Jorge A.; NETTO, Bernardo C. M.; SILVA, Edmundo A. S.; LEÃO, Rosa M. M.
FreeMeeting: um ambiente para trabalho cooperativo e ensino a distância. Disponível
em <www.land.ufrj.br>, acesso em 04/06/2010.
BOYD, Danah M.; ELLISON. Nicole B. Social Network Sites: definition, history and scholarship.
Journal of Computer-Mediatied Communication, n.13, p.210-230, 2008.
UNIDADE 3 139
Tecnologias Educacionais
PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós (Brasília), v.
9, p. 1-21, 2007.
RIBEIRO, Adriano C.; SCHONS, Cláudio Henrique. A contribuição da Web 2.0 nos
sistemas de educação online. <http://www.facef.br/quartocbs/artigos/G/G_140.pdf
>- acesso em 21/04/2010.
VIGANIGO, Carla. Stoa: Um Estudo de Caso da Rede Social da USP. Porto Alegre, p.11.
2008. Disponível em <http://www.scribd.com/doc/8388455/Anteprojeto-STOAum-
estudo-da-rede-social-da -USP>. Acesso em 27/06/2009.
VOIGT, Emilio. WEB 2.0, E-LEARNING 2.0, EAD 2.0: Para onde caminha a educação à
distância? http://www.abed.org.br/congresso2007/tc/55200750254PM.pdf - acesso em
21/04/2010.
140 UNIDADE 3
Anexo 1 – Avaliação aplicada aos tutores presenciais e a distância
( ) Ajuda muito.
( ) Ajuda Pouco.
( ) Ajuda às vezes.
( ) Não interfere.
2 – Marque as atividades para as quais você utiliza o computador em seu curso de graduação.
( ) Pesquisa.
( ) Outro. Qual?
3 – Relate sua experiência com as ferramentas Web 2.0, bem como os aspectos positivos
e negativos.
UNIDADE 3 141
Tecnologias Educacionais
4 – Relate de que maneira a Ferramenta FreeMeeting pode ser útil nas suas atividades
estudantis.
( ) Melhorar a qualidade.
( ) Piorar a qualidade.
( ) Não alterar.
6 – Com relação à sua resposta na questão 5, relacione alguns itens que o levam a
identificar esse nível de qualificação.
( ) Não modificou nada sua relação com o computador em sua vida acadêmica.
8 – Com relação ao curso de Computação, você considera que as ferramentas Web 2.0,
como por exemplo a FreeMeeting podem?
142 UNIDADE 3
( ) Facilitar a compreensão do estudante.
( ) apenas inserem alguns enfeites nas relações educativas (imagens, efeitos visuais e
sonoros etc.) sem contribuir significativamente.
UNIDADE 3 143
Tecnologias Educacionais
RESUMO
144 UNIDADE 3
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
II) A sensibilização para o uso adequado das tecnologias é fundamental para que elas
auxiliem nos processos de aprendizagem.
UNIDADE 3 145
Tecnologias Educacionais
146 UNIDADE 3
5. A formação docente deve ser planejada com bastante cuidado para que ela consiga
efetivamente formar profissionais capazes de atuar como auxiliares no processo de
aprendizagem dos alunos.
UNIDADE 3 147
Tecnologias Educacionais
148 UNIDADE 3
9. Qual a principal vantagem apresentada pelos sistemas de desenvolvimento de
multimídia:
c) O aluno pode usar o próprio modelo que criou para realizar simulações relacionadas
com seus objetivos de aprendizagem.
UNIDADE 3 149
UNIDADE 4
Formação Online de Educadores: Limites e Possibilidades
UNIDADE 4 151
MÓDULO 1
UNIDADE 4 153
Tecnologias Educacionais
154 UNIDADE 4
a Open University, e na Espanha a de aula ministrada por outro colega
Universidade Nacional a Distância. seu. Portanto, a distância (separação
Significativo número de instituições estão física) não é mais razão ou motivo para
capacitadas para ministrar tanto o ensino que os processos de construção do
presencial quanto a distância. No Brasil, conhecimento não alcancem um número
este modelo (com ambas as modalidades) crescente de pessoas em locais diferentes
é o de maior predominância. e distantes.
Está evidenciado, nos dias atuais, que as Os conceitos de aula e de curso sofrem
ditas tecnologias interativas, sobretudo mudanças. Ainda hoje, por exemplo, o
no âmbito da educação a distância, entendimento de aula leva à imaginação
promovem e reforçam o que se deveria ter de determinado espaço e tempo. Porém,
como regra comum para todo e qualquer tanto este espaço específico, quanto este
processo de educação: a interação/ tempo fixado se mostram cada vez mais
convivência e a interlocução/discussão flexíveis. O “velho” professor continuará
dos temas tratados estão presentes em dando suas aulas, contudo com a
todos os momentos e níveis do referido alternativa de enriquecer tal processo
processo. mediante o uso de tecnologias interativas.
Esse enriquecimento das aulas pode
Na exata medida em que avanços englobar desde receber e responder
tecnológicos de comunicação virtual mensagens a ele dirigidas pelos alunos,
(aqueles que fazem a ligação entre as seja para criar e alimentar seguidamente
pessoas e lugares distantes e fisicamente debates e pesquisar a partir de textos,
separados como videoconferência, publicações na internet, ainda que em
internet, redes de alta velocidade, horário fora do especificado para a aula.
telecomunicações) são disponibilizados,
o conceito de presencialidade sofre Verifica-se uma possibilidade cada vez
alterações notáveis. Tal se dá quando mais nítida de as pessoas (alunos e
professores externos, por exemplo, professores) estarem ao mesmo tempo
compartilham/participam de aulas presentes em locais e horas diferentes. Sob
específicas; um professor “de fora” este aspecto, não é difícil aos que ensinam
entra com voz e imagem, na aula de e aos que aprendem enxergar esta nova
outro professor... e assim por diante. aula como oportunidade de intercâmbio
Tal situação contribui para um efetivo e pesquisa. Assim é que ultimamente
intercâmbio de conhecimentos, dá o chamado “papel do professor” vem
oportunidade a que um professor sendo objeto de redimensionamentos, e
“especializado” participe efetivamente ele desempenhando tarefas de animador,
UNIDADE 4 155
Tecnologias Educacionais
156 UNIDADE 4
como: parte dos cursos presenciais sendo assiste determinado programa, tem o
realizada virtualmente e, por outro lado, telespectador a condição de acessar as
parte dos cursos virtuais feita de maneira informações que julgar interessantes
presencial ou virtual-presencial, quer sobre o referido programa, para tanto
dizer, nos vendo e ouvindo, mesclando bastando-lhe acessar o site da sua
períodos de pesquisa individual com programadora na internet, bem como
outro em que sobressaia a comunicação outros bancos de dados disponíveis.
conjunta. Neste aspecto alguns cursos
poderão ser feitos individualmente, São simplesmente fantásticas as
contando com a orientação virtual de possibilidades educacionais que se
um tutor; enquanto em outros será abrem. Desde o alargamento da banda de
imprescindível o compartilhamento de transmissão, faz-se mais fácil e acessível a
ideias, vivências e experiências. possibilidade de nos ver e ouvir a distância.
Grande número de cursos poderá ser
A internet hoje caminha a passos disponibilizado a distância com som e
largos para se tornar essencialmente imagem, dando ênfase para aqueles de
audiovisual. Busca-se, a cada dia, facilitar extensão e atualização. As chances de
a integração e aprofundamento de elos interação (troca de experiências) serão
entre a tv e a web (esta, a parte da diretamente proporcionais ao número de
internet que permite ao usuário navegar usuários envolvidos.
e pesquisar). No exato instante a que
UNIDADE 4 157
Tecnologias Educacionais
158 UNIDADE 4
as idades. Observa-se, entretanto, A andragogia estabelece que o ensino
que a sua maioria tem como destino considere a experiência de vida do
pessoas na faixa etária dos 25 aos 50 aluno, sua situação e a maneira como os
anos. Isto posto, se faz necessária uma conteúdos e conceitos repassados podem
compreensão especial da natureza do ser discutidos, levando-se sempre em
aprendizado entre adultos. Um ponto conta questões do cotidiano, quer dizer,
valioso e que merece destaque é a teoria de como se desenvolve sua vida diária.
descrita por Malcolm Knowles, destinada A aprendizagem recolhe características
à educação de adultos conhecida por relevantes a partir do aluno.
Andragogia e definida como a “arte e
a ciência destinada a auxiliar os adultos O modelo andragógico se destaca
a aprender e compreender o processo também pela sua proposta de troca e
de aprendizagem dos adultos”. Knowles diálogo. Sugere ele a contextualização do
propõe a substituição da pedagogia pela conhecimento, elabora sua reconstrução
andragogia. através da dúvida e interação dos
participantes. Não surpreende que este
Neste contexto, a andragogia aparece modelo seja substancialmente diferente
como um modelo de aplicabilidade do modelo educacional direcionado
universal. Esta mencionada aplicabilidade às crianças. Seu principal ator é o
do modelo andragógico é construído e adulto – ocasião em que se ressaltam
se consolida mediante os bons níveis de a importância e significado de todas as
resultados que proporciona. experiências vividas.
UNIDADE 4 159
Tecnologias Educacionais
160 UNIDADE 4
Em programas de educação a tempo significativo ao seu estudo, bem
distância, notadamente nos ambientes como possuir desenvoltura expressiva
corporativos, a influência andragógica para pensar de modo crítico. O aluno
se mostra relevante no planejamento virtual deve ser também portador de
instrucional. habilidades específicas para estudar em
ambientes virtuais de aprendizagem,
agir de modo autônomo, desenvolver
Perfil dos Alunos de Educação a estratégias pertinentes de estudo e
Distância dominar um módulo.
UNIDADE 4 161
Tecnologias Educacionais
162 UNIDADE 4
MÓDULO 2
UNIDADE 4 163
Tecnologias Educacionais
164 UNIDADE 4
verdadeiro mundo tecnológico, desde o injustiças sociais, culturais e econômicas.
mais simples objeto como uma cadeira, ao Os docentes e seus futuros alunos não
mais sofisticado computador. É possível, escapam a esta realidade. Portanto, sem
portanto, que façam a mediação entre encarar desafios não haverá luta, menos
a relação da humanidade com o mundo ainda posterior vitória. Daí, a necessi-
real, tanto nas relações pessoais quanto dade de formação sólida para os futuros
no trabalho. Tecnologias e pedagogia professores, sem esquecer a relação que
se fundem como processos sociais esta deve guardar com o meio (ambiente)
inseparáveis. Daí que a socialização das onde irão exercer o trabalho.
novas gerações passa necessariamente
pela preparação dos indivíduos para o Almeida (2000, p. 12) considera que tanto
conhecimento e uso dos meios técnicos o computador como as novas tecnologias
disponíveis (Belloni, 2005). desempenham importantes funções nas
evoluções socioculturais. Esta autora
Não reconhecer ou discordar deste afirma ainda que “essas novas relações,
pensamento é negar a chance de que além de envolverem a racionalidade
se torne realidade. Tal procedimento técnica-operatória e lógico-formal,
apenas aumenta a “infoexclusão” (os ampliam a compreensão sobre aspectos
deserdados do computador). Significa, sócio afetivos e tornam evidentes fatores
hoje, negar ao indivíduo desfrutar de sua pedagógicos, psicológicos, sociológicos
plena cidadania. Barrar-lhe o acesso ao e epistemológicos”.
mercado de trabalho. As dificuldades
estão aí para serem enfrentadas e Por complexa, a relação tecno-
vencidas. Para tanto, o desenvolvimento pedagógica impõe desafios sobre as
deve contribuir, não servir de barreira finalidades da educação online, objetivos
ou entrave. Conforme alerta Belloni didáticos, melhor forma de utilização
(2005), porém, é certo o risco de os do computador e sua interatividade e
países não desenvolvidos ficarem com a interação, com vistas a melhorar e ampliar
parte ruim destas políticas, enquanto os a aprendizagem universitária. Visto aqui
ricos continuarão usufruindo, num grupo como máquina não linear, ao mesmo
seleto, dos avanços tecnocientíficos. tempo o computador “inteligente” é
imprescindível na educação moderna.
A educação a distância, visando a Foi inventado e ao mesmo tempo
formação de professores, está rodeada passa a influenciar comportamentos,
por questões não apenas administrativas, porém deve ser encarado sempre
como políticas, sobretudo ao se buscar como ferramenta. As reações a esta
a diminuição (e até eliminação) das maravilha, contudo, vão da indiferença
UNIDADE 4 165
Tecnologias Educacionais
166 UNIDADE 4
vivenciada). Não apenas por ser novi- sendo desenvolvidos e difundidos. Não
dade, a EaD requer substancial formação existe uma abordagem única de utili-
de seu corpo docente. A partir de uma zação da informática na educação, mas é
sólida formação nessa área, os educa- inquestionável seu uso como meio para
dores desenvolverão a competência de se construir o conhecimento. Daí, sob
mediatizar. A mediatização implica prepa- certos aspectos, a visão do computador
ração de aulas, currículos adequados, como máquina de ensinar (porém, nunca
disponibilidade de materiais, objetivos sozinho). É a concepção instrucionista.
pedagógicos, linguagens apropriadas, Na máquina estão armazenados todos
com destaque para a verbal direta. os conhecimentos a serem repassados
aos alunos. Hoje contrabalanceada pela
Embora não seja o único fator para visão construcionista, onde a máquina é
garantia de qualidade da educação, o um instrumento (importantíssimo, mas
professor é o responsável maior por instrumento) na construção do saber. Em
potencializar a aprendizagem de seus resumo: o computador é um suporte.
alunos. Neste aspecto, a formação inicial
e continuada será responsável pela No primeiro caso (instrucionista),
instrumentalização teórico-metodológica verifica-se a informatização dos
para as NTICs. Portanto, na melhor das métodos tradicionais, mais de instrução
hipóteses, os sistemas informatizados programada, sendo as informações
trazem novas vantagens de trabalho para repassadas ao aluno, que as absorve
o educador e outras (novas) formas de de maneira crítica e linear. No segundo
aprender para o aluno. (construcionista), requer-se participação
mais efetiva do aluno. Ele também
Assim sendo, as análises bem funda- é responsável pela construção do
mentadas devem compor o centro das saber, para tanto, interagindo com as
abordagens de utilização dos meios ferramentas computacionais.
técnicos informatizados. O potencial de
interação (comunicação) entre professor/ Valente (2008) afirma que, neste caso,
aluno e aluno/aluno, quando conduzidos o conhecimento não é passado para o
adequadamente, constituem um trunfo aluno e ele não é mais instruído, ensinado,
considerável. mas é o construtor do seu próprio
conhecimento. Esse é o paradigma
Tendo por objetivo o máximo aprovei- construcionista, onde a ênfase está
tamento pedagógico das ferramentas na aprendizagem ao invés de estar no
educacionais, desde a década de l980, ensino; na construção do conhecimento
projetos e pesquisas ligadas à EaD vêm e não na instrução.
UNIDADE 4 167
Tecnologias Educacionais
168 UNIDADE 4
muito se exige do docente. Sua presença previamente, objetivos e conteúdos
e acompanhamento dos alunos são precisam levar em conta boa margem
constantes e a capacidade de acúmulo de de maleabilidade, de adequação ao
conhecimentos é bem mais substantiva. momento. Alguma flexibilidade é sempre
bem-vinda.
A interação com o professor gera maior
segurança para o aluno e melhora seu Esta modalidade de ensino e aprendizado
desempenho e aproveitamento. Logo, permite que os currículos funcionem um
se conclui que esta é a proposta que pouco metaforicamente, talvez como
melhor se encaixa ao sistema. Com mapas não delimitadores, mas deli-
as discussões sobre os problemas neantes, sugerindo e apontando direções
identificados na prática pedagógica, a serem seguidas. É o aluno, enquanto
alunos e professores têm a chance de sujeito, quem escolhe e determina o
trabalhar cooperativamente. local aonde quer chegar, bem como a
rota para cumprir estes objetivos. E neste
Outro ponto positivo do programa se percurso ele pode caminhar sozinho ou
assenta no sistema avaliativo tanto de em companhia de outros “viajantes” do
docentes quanto de alunos. Para aqueles, conhecimento. Ao mesmo tempo o aluno
é uma ferramenta confiável na promoção é caminho e caminhante.
de alterações corretivas e estruturais nos
currículos e ações pedagógicas. Para Numa comunidade de aprendizagem, o
estes, ela (a avaliação) deve ser processual individual e o coletivo transitam empare-
e com base nos registros feitos por cada lhados, sempre em busca de uma formação
indivíduo e também pelo grupo. mais sólida e compensadora. Profissionais
são formados trazendo na bagagem um
A organização curricular para a utilização novo agir crítico, que ao mesmo tempo
de computador em sistemas de EaD, qualifica seu trabalho diário e eleva sua
de conformidade com as considerações capacidade financeira. Constantemente,
até aqui abordadas, não pode resultar distâncias espaciais e temporais são dimi-
num conjunto de disciplinas engessado nuídas, enquanto outras se abrem no
ou fragmentado. Embora definidos campo econômico e cultural.
UNIDADE 4 169
Tecnologias Educacionais
MÓDULO 3
170 UNIDADE 4
“professor com competência para de ensino. Tal realidade se contrapõe,
organizar pesquisas criativas, situações grande parte das vezes, à visão de
provocativas do ato criador neste universo tutoria em que se busca trabalho em
de possibilidades que a EaD oferece. Um equipe, seleção de informações em
professor que mesmo a distância não fontes variadas, uso das TICs, dinâmica,
está distante de seus alunos”. Portanto, o flexibilidade, como também tomada de
tutor se faz presente em todo desenrolar decisões e desenvolvimento indepen-
do processo, seja relatando experiências, dente em relação ao próprio processo de
orientando leituras, conferenciando aprendizagem. (Almeida, 2000).
pesquisas, compartilhando estratégias
de ensino, escolhendo, juntamente com Discorrer a respeito das competências
os alunos o material a ser estudado e para o exercício da tutoria requer, no
os temas para debates em fóruns. Em entanto, que antes se deixe claro que o
resumo, construindo conhecimentos. referido termo apareceu no contexto da
crise de modelo de organização taylorista/
Ao longo destas concepções, fordista, quer dizer, com a expansão
evidencia-se o quanto ainda está em termos mundiais da economia, no
indefinido, relativamente ao tutor ser advento da chamada guerra de mercados,
ou não tido como professor e, pela na exigência de melhoria na qualidade
mesma forma, a definição dos limites dos produtos comercializados, enfim, na
que abrangem sua ação. As indefinições requerida flexibilização dos processos
relativas a quem é este personagem de produção e trabalho. Sob a influência
provocam certa fragilização na EaD. deste contexto e tendo como base de
Contudo, há que se reconhecer o quanto sustentação um vigoroso incremento
é nova a preocupação de estabelecer uma da escolarização, notadamente entre
definição para este sujeito/personagem, os jovens, as empresas (empregadoras)
a partir de uma visão mais detalhada e começaram a adaptar e utilizar suas
com base em pesquisa na área. “aquisições” individuais de formação,
com destaque para o fator escolar.
A partir do momento em que se esta- Tal posicionamento quer explicitar
belece a importância deste personagem que não basta somente identificar as
fundamental no ensino a distância, faz-se competências. A centralização do ensino
necessária uma abordagem acerca de no desenvolvimento de competências
sua formação. De maneira geral conclui- significa, geralmente, privilegiar a razão
se que a formação do tutor, ainda hoje, instrumental que valoriza apenas o
tem se assentado numa concepção “saber fazer” (know how), em prejuízo
racionalista, fragmentada e reducionista do por quê/para que fazer (know why).
UNIDADE 4 171
Tecnologias Educacionais
• Concepção de aprendizagem
como um processo mútuo, onde
ambos aprendem e são responsáveis
pelo conhecimento produzido;
• Aprofundamento de conceitos;
• Análise de experiências
significativas;
172 UNIDADE 4
Santos e Rezende (2001, p. 23), todo o conhecimento de seu tempo),
buscando determinar as expectativas e aos dez anos de idade ficou órfão de
regras que permeariam a atividade do pai e mãe. Em decorrência deste fato, a
tutor, notadamente no que concerne partir de então foi educado por um tutor
ao desenvolvimento de competências, (palavra de origem latina que significa
dentro de uma perspectiva indivíduo encarregado legalmente de
construcionista, destacam que: tutelar e zelar por alguém, protetor,
defensor). Coincidentemente, da mesma
forma o termo professor também se
[...] a formação dos professores deve
origina no latim, querendo dizer “aquele
estar centrada na articulação entre sua
que ensina, mestre, lente”. Portanto, a
concepção de ensino-aprendizagem e
aproximação dos dois termos foi natural,
sua intervenção pedagógica, refletindo
desde a origem.
uma ação educativa coerente e sólida.
Acreditamos que a vivência de um processo
No campo da educação, as primeiras
coerente com esta abordagem por parte
referências ao termo “tutor” são
dos orientadores enquanto alunos,
encontradas a partir do século XV e
durante o processo de formação, pode
estão ligadas à figura do orientador
ser um caminho favorável para propiciar a
religioso dos estudantes, que tinha por
este processo de “posse”, de formação da
objetivo impor a fé e a conduta moral.
visão construtivista e de sua consequente
Diferentemente, só no século XX é que
aplicação.
a palavra tutor foi anexada à figura do
orientador de trabalhos acadêmicos,
significado agora incorporado aos
Conceitos de Tutoria
programas de EaD.
UNIDADE 4 173
Tecnologias Educacionais
174 UNIDADE 4
convém observar o posicionamento de socialização das ideias e habilitando
Mill et. al (2008, p. 113): a construção coletiva de saberes em
comum.
Vale ressaltar que também cabe ao pro- Em caso de transmissão ao vivo, em uma
fessor-tutor a criação e manutenção de sala presencial, fica também o professor-
um ambiente de comunicação aberta tutor sendo aquele que comanda as
entre os envolvidos, possibilitando a ações práticas, como fazer a mediação
UNIDADE 4 175
Tecnologias Educacionais
176 UNIDADE 4
MÓDULO 4
UNIDADE 4 177
Tecnologias Educacionais
178 UNIDADE 4
ou datilografado; em muitas ocasiões tornou-se muito útil, pelo custo acessível
era depois mimeografado e distribuído; e fácil manuseio, para divulgação de
em outras era produzido com mais material instrutivo. Outro facilitador era
requinte editorial, isto é, impresso em que, tanto áudio quanto vídeo, produ-
gráfica, chegando-se ao requinte da zidos em série e a preços acessíveis,
utilização de cores na impressão. Tais passaram a ser comercializados inclusive
feitos demoravam tempo excessivo e via Correios ou por serviços particulares
demandavam/ocupavam um número de entrega a domicílio.
elevado de profissionais envolvidos, até
dar-se por concluído. Após a chegada de Já na década seguinte, 1990, com a popu-
novas tecnologias, tudo se tornou mais larização dos aparelhos de CD e DVD
fácil e prático. Escrito o texto, este logo novas facilidades foram incorporadas ao
passa à revisão, daí à impressão (inclusive sistema. De repente, estas tecnologias
a laser) e num breve espaço de tempo se transformaram nas maiores divulga-
está sendo distribuído. doras/disseminadoras dos programas
gravados em áudio e vídeo, e com três
Todavia, algumas limitações são encon- diferenciais relevantes, sobretudo para
tradas na mídia impressa como, por o cliente/estudante: durabilidade do
exemplo, uma série de pré-requisitos produto, preço mais compensativo e
para o aluno conhecer o material, até ler qualidade, quando comparados aos
e escrever, bem como possíveis produ- aparelhos que utilizavam cassete. Em
ções feitas sem os devidos cuidados, de bases semelhantes, também neste
modo displicente ou não responsável, mesmo período de tempo, os discos de
que comumente podem estar vinculadas CD-ROM possibilitaram ligeira e segura
à desmotivação dos alunos ou sua fraca propagação de programas audiovisuais,
aprendizagem. permitindo que um número sempre
maior de pessoas a eles tivessem acesso
e assim se beneficiassem.
Áudio e Vídeo
A dificuldade de capital com relação ao
As décadas de 1970 e 1980 caracte- uso das mídias de áudio e vídeo, na EAD,
rizaram-se, entre outras novidades pode ser debitada à criatividade que,
do ramo industrial, pelo verdadeiro de modo geral, exige custos elevados
boom dos chamados, popularmente, para um bom padrão de produção e,
produtos eletrônicos – na linha áudio e em sequência, o tempo sempre maior
vídeo, com cassete. Todo mundo tinha que grande parte das instituições planeja
seu “aparelho” e logo esta tecnologia utilizar.
UNIDADE 4 179
Tecnologias Educacionais
Rádio e Televisão
O áudio gravado tem larga margem
de utilização nas diversas fases de um Por um bom período de tempo, a
aprendizado, por exemplo, seu uso para transmissão de áudio e vídeo através
explicar ou detalhar aos alunos partes de do rádio e da televisão foi utilizada para
material textual, é útil na dramatização conclusões educacionais, valendo a
de eventos históricos e datas especiais, pena destacar que através da televisão o
proporciona acesso a fenômenos sonoros, ensino tornou-se ao mesmo tempo mais
sejam estes produzidos pela natureza, acessível e popular em seus variados
pelos animais, ou pelo homem. Serve níveis – básico, médio, superior.
ainda como agrupador na divulgação de
opiniões e experiências de profissionais Não se pode deixar de ter em mente a
especializados. notória diferença entre televisão aberta
e transmissão limitada. No primeiro caso
O vídeo, compatibilizando a utilização se enquadra aquela que está disponível
conjunta de imagem e som, é outra a qualquer pessoa, bastando para isto
ferramenta muito adequada e de que tenha um aparelho televisivo em sua
grande valia na divulgação do ensino. residência ou local de trabalho; a segunda
Esta possibilidade de ver e ouvir, ao menção se refere especificamente às
mesmo tempo, reforça a mensagem transmissões nos canais privados. É, pois,
e faz despertar no aluno aptidões uma programação dirigida. A televisão e
interpessoais, bem como abre campo também o rádio, transmitindo de modo
para a exploração de qualquer processo. aberto ou limitado podem, por exemplo,
ser utilizados para mostrar/divulgar
Não é segredo pra ninguém que, além relatórios atualizados.
de mais caro, criar materiais em áudio
e vídeo é mais demorado e trabalhoso Convém destacar que, por ser uma
do que desenvolver material impresso. mídia de custos mais baratos, o rádio
Outra dificuldade em relação aos vídeos proporciona grande flexibilidade na
e áudios, somada à qualidade exigida, é atualização de materiais produzidos
a responsabilidade sobre o que inserir e divulgados, a custos relativamente
e o que deixar de fora na produção do reduzidos. Por outro lado, a televisão,
filme, documentário ou peça. Somente a soma de áudio e vídeo, mais elaborada,
partir da popularização da atual geração apresenta custos mais elevados na
de software de edição de áudio e vídeo produção e divulgação, daí sendo
digitais para computadores pessoais esta aconselhável seu uso tecnológico para
realidade está mudando para melhor. a transmissão de conteúdos de maior
durabilidade.
180 UNIDADE 4
Teleconferência
transmissão, quase sempre é necessária
Dispomos de basicamente dois tipos (ou a existência de um dispositivo codec
formatos) diferentes desta tecnologia, em cada ponta: transmissão e recepção.
cada qual contando com suas caracterís- Este codec constitui-se numa tecnologia
ticas próprias e que as diferenciam umas que opera transformando os sinais
das outras. Observe: analógicos que recebe em digitalizados,
mediante compactação. A transmissão
Audioconferência: por este tipo de se dá por meio da utilização de linhas
tecnologia todos os participantes são telefônicas digitais. Na realização das
conectados através de linhas telefônicas. videoconferências são admitidos e
É uma solução coletiva. Por sua vez, os usados ainda outros aparelhos, tais como
participantes individuais se utilizam de microfones, câmeras e computadores.
telefones (aparelhos). Em determinadas
situações, grupos de indivíduos podem
se servir de fones ou até mesmo de Como selecionar Tecnologias e
conjuntos de alto-falantes. A presença de Mídias
um moderador se faz necessária para a
adequada utilização desta ferramenta. A Um enorme engano dos educadores
este cabe controlar todo o procedimento de educação a distância se verifica
das atividades, bem como responder quando ocorre a tendência de se fixarem
pelo fornecimento do material que será somente numa tecnologia específica e
exposto para os respectivos participantes tentarem transmitir todos os diversos
da audioconferência. Outro requisito componentes de seus cursos com
é que o moderador deve conhecer/ base nesta única tecnologia. Para os
dominar toda a estrutura envolvida, educadores, um desafio constante é ser
assim evitando surpresas desagradáveis criativo e ponderar adequadamente na
como perda de conteúdo, dispersão hora de escolher a melhor mídia ou, se
dos alunos, enfim, assegurando que o for o caso, uma mescla de mídias para
repasse/aprendizado se dê de maneira um curso ou programa específico. Daí
clara e produtiva. a necessidade de se manterem sempre
atentos, até descobrir qual delas é mais
Videoconferência: esta tecnologia tem se apropriada e assim veiculá-la.
mostrado de importância destacada para
a transmissão de projetos de EaD. Através No momento de estabelecer programas
dela se torna possível a transmissão nos ou organizar cursos, um princípio básico
dois sentidos de imagens televisionadas: de abordagem a ser observado consiste
tanto a cabo quanto por satélite. Para sua em concluir que cada mídia possui seus
UNIDADE 4 181
Tecnologias Educacionais
pontos fortes e seus pontos fracos, bem orçamentária lado a lado com conheci-
como certos cuidados na hora de decidir mentos especializados disponíveis.
como transmitir cada parte do programa
ou curso, visando sempre um público- Vantagens e desvantagens em diferentes
alvo específico. tipos de tecnologias e mídias
182 UNIDADE 4
MÍDIA PONTOS FORTES PONTOS FRACOS
• Dinâmica;
• Muito tempo de
• Proporciona experiência
Gravação de áudio desenvolvimento/custos
indireta;
elevados.
• Controlada pelo aluno.
• Tempo de
• Dinâmicos; desenvolvimento/custos
Rádio/Televisão • Imediatos; elevados para se obter
• Distribuição em massa. qualidade;
• Programável.
• Interativa; • Complexidade;
Teleconferência • Imediata; • Não confiável;
• Participativa. • Programável.
• Tempo de
desenvolvimento/custos
Aprendizado por • Interativo; elevados;
computador e baseado • Controlado pelo aluno; • Necessidade de
na web • Participativo. equipamento;
• Certa falta de
confiabilidade.
UNIDADE 4 183
Tecnologias Educacionais
conferência com base na web. Devemos conveniente uma avaliação sobre os itens
ressaltar as vantagens de sua interativi- tempo e custo. Não é recomendável a
dade imediata, fácil, e sempre desper- troca constante de mídias, que redunda
tando alto grau de interesse humano. fatalmente em desperdício de tempo e
Porém, sua realização/condução implica dinheiro, quando não afugentam parte
em utilização de equipamentos muitas dos alunos. Para tanto, são imprescindíveis
vezes difíceis de serem operados por os orçamentos elaborados a partir de
pessoas inexperientes e sem domínio da pesquisas.
tecnologia.
Há que se considerar também que,
Aprendizado no computador e se vislumbrado o interesse dos alunos
baseado na web: os programas aqui por determinada forma de tecnologia,
englobados podem proporcionar um é válido todo esforço para que sejam
expressivo volume de textos, vídeos e satisfeitos. Já em si esta é uma motivação
outros formatos. Exatamente por isto, nada desprezível.
podem se revestir de alternativa para
aqueles estudantes com dificuldade Não se pode descuidar, igualmente, da
em motivação ao lidarem com material confiabilidade inerente a cada uma
impresso. Contudo, sua elaboração destas tecnologias. Um texto bem
exige software apropriado, o que muitas elaborado/apresentado, um programa
vezes torna sua operacionalidade algo gravado com a utilização de recursos que
complicado e trabalhoso. o tornem mais próximo da realidade...
enfim, tudo de positivo deve ser
A propósito desta ligeira avaliação sobre canalizado para despertar motivação e
os pontos fortes e fracos das diversas constância ao aluno.
mídias, somos aqui levados a algumas
considerações adicionais. Antes de
uma opção definitiva sobre qual forma
de estudo será adotada, é sempre
184 UNIDADE 4
RESUMO
UNIDADE 4 185
Tecnologias Educacionais
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
c) Seus diplomas possuem validade diferente daqueles emitidos para cursos presenciais.
186 UNIDADE 4
3. Marque a opção abaixo que não apresenta um impacto (positivo ou negativo)
causado pela crescente utilização da educação a distância no Brasil:
b) Sugere que o professor tem um papel maior do que mero repassador de informações.
UNIDADE 4 187
Tecnologias Educacionais
188 UNIDADE 4
7. Objetivando alcançar maior aproveitamento pedagógico das ferramentas
educacionais, desde a década de l980, projetos e pesquisas ligados à EaD vêm
sendo desenvolvidos e difundidos. Não existe uma abordagem única de utilização da
informática na educação, mas é inquestionável seu uso como meio para se construir
o conhecimento.
8. Almeida (2000) apresenta três abordagens metodológicas que podem ser utilizadas
na EaD para incrementar o grau de interação entre professor/aluno e aluno/aluno.
UNIDADE 4 189
Tecnologias Educacionais
a) É o profissional que visa constituir uma relação positiva com o aluno, facilitando o
desenvolvimento intelectual deste.
Neste aspecto, marque a opção abaixo que apresenta uma competência que
não necessita ser desenvolvida imediatamente pelos tutores no seu processo de
formação:
190 UNIDADE 4
uni.isepro.com.br