Tecnologias Educacionais 4º

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Tecnologias Educacionais

Eduardo Cardoso Melo


Tecnologias Educacionais
M.e. Eduardo Cardoso Melo
Diretoria Geral
Eloane Coimbra Lima

Direção Administrativa
Eloane Coimbra Lima

Secretaria Acadêmica
Ginoã das Graças Coimbra Lima

Coordenação
Cleidinalva Maria Barbosa de Oliveira

Coordenação do Nead
Tiago Soares Da Silva
MELO, Eduardo Cardoso.
Tecnologias Educacionais. 1ª ed. Água Branca; Isepro – Cursos de Graduação. 190p.

Bibliografia

1. Pedagogia 2. Informática 3. Título.

Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Isepro.

Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao autor.

Todos os direitos de Copyright deste material didático são reservados à Isepro.


Sumário
Ementa ..................................................................................................................... 7
Currículo Resumido do Professor ............................................................................. 9
Bibliografia Utilizada ................................................................................................. 11
Unidade 1
Concepções e Abordagens de Uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação ............................................................. 13
Módulo 1
A educação e as novas tecnologias .......................................................................... 15
Módulo 2
O relacionamento entre a escola e a tecnologia ...................................................... 21
Módulo 3
A internet como recurso educacional ....................................................................... 30
Módulo 4
Utilização das TICs através de projetos .................................................................... 38
Resumo .............................................................................................................. 50
Exercícios de Aprendizagem .............................................................................. 52
Unidade 2
O Papel do Professor na Sociedade do Conhecimento. .......................................... 57
Módulo 1
Mudanças sociais e educacionais: o fazer e o compreender .................................... 59
Módulo 2
As novas tecnologias e os desafios atuais para a prática docente ........................... 68
Módulo 3
A utilização da informática na sala de aula ............................................................... 74
Módulo 4
O perfil cognitivo do leitor em ambientes virtuais ................................................... 80
Resumo .............................................................................................................. 91
Exercícios de Aprendizagem .............................................................................. 92

5
Tecnologias Educacionais

Sumário
Unidade 3
Novos Gêneros do Discurso nos Ambientes Digitais ............................................... 97
Módulo 1
A comunicação, a educação e as novas tecnologias ................................................ 99
Módulo 2
Processo de formação docente com linguagens comunicacionais........................... 106
Módulo 3
Diferentes tipos de softwares utilizados na educação .............................................. 112
Módulo 4
Impacto da tecnologia na educação através das ferramentas Web 2.0 ................... 120
Resumo .............................................................................................................. 144
Exercícios de Aprendizagem .............................................................................. 145
Unidade 4
Formação Online de Educadores: Limites e Possibilidades ..................................... 151
Módulo 1
O que é Educação a Distância (EaD) ........................................................................ 153
Módulo 2
A formação docente em EaD .................................................................................... 163
Módulo 3
A formação de professores tutores........................................................................... 170
Módulo 4
Mídias e tecnologia para EaD ................................................................................... 177
Resumo .............................................................................................................. 185
Exercícios de Aprendizagem .............................................................................. 186

6
Ementa

Dimensão política e pedagógica da organização escolar brasileira. As Leis de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional – princípios orientadores, finalidades e objetivos. Estrutura
e gestão da educação básica. Legislação específica para o ensino fundamental. Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental

7
Currículo Resumido do Professor

Possui mestrado em Administração pela Universidade FUMEC. Especialização em


Engenharia de Software pela Universidade Federal de Lavras e graduação em Tecnologia
da Informática pelo Centro Universitário Newton Paiva. Além do trabalho como
docente universitário, possui experiência prática e funcional em desenvolvimento de
sistemas, banco de dados e engenharia de software. Atualmente, também é professor
da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Bom Despacho.

9
Bibliografia Utilizada

Bibliografia Básica:

MARQUES, Mara Rubia Alves (Orgs.) LDB - Balanços e perspectivas para a educação
Brasileira. Campinas: Alineia, 2013

DEMO, PEDRO. A Nova LDB: Ranços e avanços. Campinas: Papirus, 2013

CARNEIRO, MOACI ALVES. LDB Fácil- Leitura critico- compreensiva artigo a


artigo.21ª ed. Rio de janeiro: Vozes, 2013

Bibliografia Complementar:

BIANCHETTI, Lucídio; MEKSENAS,Paulo (Orgs). A trama do conhecimento: teoria,


método e escrita em ciência e pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 2008.

SOARES, Marco Aurélio Silva. O pedagogo e a organização do trabalho pedagógico.


2 ed. Curitiba: Intersaberes, 2014.

FERRAREZI JÚNIOR, Celso. Sintaxe para a educação básica. 1 ed. São Paulo: Contexto,
2012.

PILETTI, Nelson. Educação básica: da organização legal ao cotidiano escolar. 1 ed. São
Paulo: Ática, 2010.

11
UNIDADE 1
Concepções e Abordagens de Uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação

UNIDADE 1 13
MÓDULO 1

A educação e as novas tradicionais? Possibilitam elas, um


tecnologias processo de interação confiável
relativamente à interatividade? Estas
questões de cunho teórico é que estão
A discussão, teórica ou não, acerca nos preocupando no momento, e
da introdução de tecnologias são elas que pretendemos discutir no
computacionais no espaço escolar é hoje decorrer deste material, ainda que de
uma realidade. Qualquer pessoa tem forma sucinta, contudo buscando colocar
algo a falar a respeito deste tema, alguns determinadas questões-chave, no âmbito
com maior nível de conhecimento, outros dessa temática, a serem debatidas.
nem tanto, porém há um ponto comum
a todos: a questão é extremamente A ocorrência de tecnologias de infor-
polêmica. Paralela a essa constatação, mação e de comunicação nos processos
percorrendo a produção teórica inserida educacionais é cada vez mais evidente,
nesta temática – informática e educação de modo especial nos países do chamado
– verificamos que seu núcleo de debate “Primeiro Mundo”, seja na condição de
se localiza na educação: possuímos veículos principais, seja como recursos
técnicos em computação, linguistas, complementares. Significativas trans-
psicólogos, engenheiros de produção, formações ocorridas na educação, mais
antropólogos, neurologistas, enfim, especificamente na teoria pedagó-
uma gama variada de interessados gica, estão de algum modo ligadas às
discutindo as possibilidades cognitivas mudanças que também ocorreram nos
desses equipamentos, todavia poucos meios de comunicação: da educação
pedagogos. protagonizada através da oralidade e da
imitação, ao ensino via linguagem escrita,
Este tópico visa trazer a discussão para o tendo como suporte o livro impresso, até
campo pedagógico, quer dizer, conhecer os recursos computacionais hoje à dispo-
e estudar as efetivas possibilidades de um sição dos usuários.
trabalho pedagógico reconhecidamente
superior mediante a utilização dessas Computadores (hardware), a cada
tecnologias computacionais. O que, dia mais poderosos, facilitam o
de fato, elas trazem como novidade aparecimento de ferramentas (software)
em relação aos materiais de ensino de apoio de maior sofisticação, assim

UNIDADE 1 15
Tecnologias Educacionais

como sistemas de autorias e sistemas possibilidade de um trabalho multimídia


de hipertexto, utilizando multimídia e que, ao juntar o realismo da televisão
inteligência artificial. Desde 1945, nos com a flexibilidade do computador, está
Estados Unidos, quando Vannevar Bush gerando uma revolução nunca imaginada
mostrou sua ideia de um dispositivo no campo da educação.
mecanizado capaz de folhear e inserir,
com rapidez e flexibilidade, anotações Entretanto, ainda não ficou definida
em sua grande biblioteca de literatura em que metodologia de ensino e
científica, podendo conter textos, aprendizagem se basearia, para melhor
fotografias, desenhos, gráficos, assim utilização desta tecnologia, a partir das
criando o hipertexto, quer dizer, um concepções pedagógicas vivenciadas
sistema capaz criar e manter conjuntos de no cotidiano escolar. Partindo do
trechos de textos interligados de forma sistema de Instrução Apoiada por
não sequencial, incontáveis avanços Computador tradicional, estruturado na
tecnológicos se tornaram realidade na teoria skinneriana, no qual o software
área de informática e comunicação. segue método dirigido de pergunta-
resposta, até os sistemas de Instrução
O desenvolvimento do hardware vem Inteligente Assistida por Computador,
tornando possíveis microcomputadores fundamentados nos estudos das ciências
dotados de recursos impensáveis até da cognição, com recursos de multimídia,
pouco tempo atrás, assim difundindo a deu-se um passo certeiro na conquista

16 UNIDADE 1
da qualidade do ensino por computador. multidirecional, interativa.

É conveniente frisar que o foco central A informática, vista neste material como
desta discussão está no domínio do união de elementos da computação, das
conhecimento pedagógico. Busca-se telecomunicações e das artes técnicas
o exame dos termos em que o gráficas e visuais, assume um papel de
diálogo ocorre, ou seja, visa analisar destaque neste movimento de utilização
o comportamento do emissor ante a do espaço/tempo pedagógico de novas
transmissão de conteúdos e os níveis de formas de pensar a educação e, por
intervenção do educando na recepção, consequência, nas suas implicações para
produção e circulação do conhecimento. o trabalho docente.
Porém, esta não é uma questão de
todo nova, e tampouco surgida pelo A tecnologia teleinformática, por sua vez,
aparecimento de tecnologias disponíveis. traz inscrita a possibilidade de permitir
Pelo contrário, compõe não é de hoje, a intercâmbios diretos entre dois ou mais
discussão de grande parte das teorias de estudantes, dispersos geograficamente,
aprendizagem e suas correspondentes proporcionando-lhes um espaço comum
práticas pedagógicas. de discussão, trabalho e construção de
conhecimento. Através desta tecno-
As relações estabelecidas a partir da logia, o aluno tem possibilidade de
sala de aula refletem o conjunto das sair de seu isolamento e aprimorar sua
características dos alunos e de seus aprendizagem graças a diálogos efetiva-
professores, inclusive da possível mistura mente interativos, quer dizer, através da
de ambos (aluno e mestre). Hoje em dia, produção de um material multimídia que
muito se discute a provável interatividade de fato componha estes meios no ato
e interação que os sistemas tele pedagógico como um todo.
educativos são capazes de proporcionar
à relação pedagógica, tendo como No esforço de determinar o alcance
princípio o tripé aluno, professor e destas tecnologias da comunicação
conhecimento. Nesta ótica, a informação e informação, inúmeros teóricos
se reduz somente a um serviço que buscam descrevem seus efeitos sobre
se presta unilateralmente ao usuário- as sociedades, nas variadas esferas da
receptor; ou de outra forma se constitui vida humana. Incontáveis metáforas
num processo de interação entre alunos, foram usadas por estes autores para
professores, grupos e comunidades, explicar a configuração da sociedade
que assim podem estabelecer uma contemporânea partindo destas
comunicação plena e de fato dinâmica, tecnologias, algumas tendo inclusive se

UNIDADE 1 17
Tecnologias Educacionais

constituído em lugar-comum. embutidos grandes desafios à instrução


escolar, os quais não pode se negar a
Todos concordam num determinado enfrentar. Constituem, principalmente,
aspecto: estaríamos entrando decidi- das já constatadas e necessárias trans-
damente numa sociedade de conhe- formações de práticas pedagógicas
cimento, na qual o recurso econômico no sentido de estabelecer condições
mais valioso passa a ser o conhecimento. para a construção dos conhecimentos
Todavia, há de se convir que a expressão almejados por esta nova configuração
incontestável para definir este momento do mundo do trabalho que, por sua vez,
histórico, partindo-se do potencial das exige um novo cidadão/profissional.
tecnologias de comunicação e infor- Sobre o tema, como podemos constatar,
mação, é a possibilidade de efetivação Lévy (1993, p. 7) assim se expressa com
de uma “democracia cognitiva”, em rigorosa propriedade:
que se permite a construção individual e
coletiva de conhecimentos, num espaço
Novas maneiras de pensar e de conviver
e tempo especificados, tendo como fim
estão sendo elaboradas no mundo das
último a promoção de todos os homens
telecomunicações e da informática. As
e mulheres.
relações entre os homens, o trabalho,
a própria inteligência dependem na
Neste aspecto, a informática se trans-
verdade, da metamorfose incessante
forma em ferramenta que propicia a
de dispositivos informacionais de todos
simulação/imaginação de modelos
os tipos. Escrita, leitura, visão, audição,
mentais, pois um modelo digital não
criação e aprendizagem são capturadas por
é lido ou entendido como um texto
uma informática cada vez mais avançada.
clássico, ele geralmente é explorado de
Não se pode mais conceber a pesquisa
forma interativa.
científica sem uma aparelhagem complexa
que redistribui as antigas divisões entre
A mencionada possibilidade de cons-
experiência e teoria.
trução do conhecimento por simulação
vai demandar habilidades e competên-
cias, de resto qualificações, para que Tais considerações nos remetem, nova-
atue sobre o imaterial, diferentemente mente, às teorias de aprendizagem e suas
do paradigma tayloriano-fordista, no derivações pedagógicas, onde nos dete-
qual a força muscular era a principal remos na questão principal: de que forma
demanda almejada. Essa alteração na o sujeito vivencia seu processo epistêmico?
natureza e conteúdo do conhecimento e, Quer dizer, como de fato se processa
por consequência, das qualidades, traz sua aprendizagem? Que mecanismos

18 UNIDADE 1
cognitivos são acionados no processo de conhecimento.
aprendizagem, que lhe permitem passar
de um estado de menos complexidade do No âmbito da psicologia genética, trata-
conhecimento a outro, de complexidade se de um processo de (re)construção,
mais acentuada, para enfim transformar ou seja, de um trabalho que o sujeito
quantidade em qualidade? Qual papel realiza sobre as coisas. Ou para expressar
cabe à informática, ou se preferirem, ao diferentemente: o sujeito trabalha e
computador, neste contexto? E, por fim, atua, prática e conceitualmente, sobre
como ele poderia atuar, efetivamente, as coisas, promovendo transformações
como ferramenta pedagógica inserida nos nelas. Por esta transformação, ele (re)
princípios da interação? constrói o conhecimento socialmente
compartilhado, em igual tempo que se
Para se chegar às respostas buscadas, e (re)constrói como sujeito.
a partir delas imaginar as metodologias
de ensino necessárias, deve se As representações (das coisas e dos
considerar que são as ações cognitivas, fatos) não estão armazenadas na cabeça
de fato realmente trabalhadas pelo do sujeito, sendo utilizados diretamente
ambiente social que proporcionam ao nas situações vivenciadas, porém são
sujeito a capacidade de elaboração do

UNIDADE 1 19
Tecnologias Educacionais

construídas a partir de modelos mentais e métodos das referidas experiências


flexíveis proporcionados pelo contexto – o e os métodos de avaliação de sua
que dá ao indivíduo oportunidade para eficiência;
atuar heuristicamente (por experiência)
e recolocar, reconstruir e reconceituar • Fazer chegar aos professores
a experiência de muitas e diferentes a capacitação técnica primária/
maneiras. primordial, sem desejar formar
especialistas.
A discussão acerca do possível impacto
dos dispositivos técnico-informacionais Finalmente, uma situação de aprendi-
na estrutura educacional abrange a zagem ocupa vários atores tais como
necessidade de criação de uma cultura alunos, alunas e as atividades que
informática educativa que integre os estejam desempenhando, o professor e
instrumentos, tanto na concepção o papel que representa o sistema infor-
quanto na prática, tendo presente mático e o lugar a ele destinado. Ou seja,
sempre a complexidade de relação uma interação efetiva entre indivíduos e
entre os instrumentos informáticos e os instrumentos, definidos e escolhidos para
conhecimentos e técnicas utilizados pelo preencher uma função determinada, a de
aluno. Quer dizer, uma abordagem que permitir que os alunos aprendam.
inclua a criação de instrumentos gerais
de desenvolvimento, com qualidade Este se constitui o grande desafio colo-
para atender as necessidades, associada cado para os educadores, a partir de
a reflexões próprias quanto à interação necessidades reais e concretas das rela-
sujeito-máquina. ções sociopolítico-econômicas (como
mencionado na abertura deste material)
Ao imaginar a utilização da informática e que continuam exigindo uma nova
como recurso didático no processo de forma de atuação pedagógica, estabe-
ensino e aprendizagem, é relevante lecida a partir uma nova relação com o
considerar três aspectos determinantes saber. Portanto, torna-se imperioso e
nas suas potencialidades e efetividade prioritário analisar as continuidades e as
no espaço escolar: rupturas, visando uma real inclusão das
tecnologias propiciadas com o advento
• Conferir a validade da introdução e avanço técnico-científico nas práticas
da informática na escola; pedagógicas.

• Estudar, conjuntamente com os


professores, os conteúdos, objetivos

20 UNIDADE 1
MÓDULO 2

O relacionamento da realidade social de um tempo histórico


entre a escola e a com variações comportamentais e
tecnológicas?
tecnologia
O questionamento sobre a relação escola,
Desde algum tempo as novas tecnologias novas tecnologias e ação pedagógica,
de informação e comunicação estão não é de agora e vem provocando
presentes em nosso cotidiano como debates e manifestações favoráveis e
uma realidade social, notadamente para contrárias. A questão está colocada
crianças e adolescentes que mantêm e deve ser discutida. Hoje, o fato já se
estreita relação com este universo, já tornou uma realidade pedagógica no
totalmente integrado ao seu modo de convívio escolar, pela simples razão
ser/viver. Quando chegam à escola, estas de que no tempo presente, tendo em
pessoas levam consigo o desafio de que vista sua expansão, a internet já incide
o estabelecimento também se equipe sobre a cultura de nossa sociedade,
com tais tecnologias, como que assim inegavelmente influenciando o jeito de
determinando uma ação pedagógica que ser e o modo de vida tanto de crianças
faça uso de tal linguagem tecnológica quanto de adolescentes.
como portal de aprendizado. Sob
este foco é que as novas tecnologias Como local social privilegiado para o
educacionais serão aqui abordadas, tal o desenvolvimento da cultura, a escola
desafio de interatividade requerido entre não pode ficar à margem da vida social e
estudantes, professores e instituição. nem das mudanças culturais e científicas.
Embora não seja um lugar social que viva
Tecnologia e escola. Como é que estas a reboque das novidades e das influências
duas “atividades” se compatibilizam em que estas projetam sobre a vida prática e
função de exporem cultura que recaia comportamental das pessoas envolvidas,
sobre a vida prática, a ponto de não é lógico pensar que é um local onde
personificar efetivação automática de um se ensina e aprende – dinâmica esta
processo coordenado do ato de ensinar, vivenciada por todos. Desta maneira, é
mas representarem um novo modo de que aparecem métodos e técnicas que
educar que se apresente como lugar vão se sucedendo no tempo, enquanto
prazeroso para os estudantes, partindo enriquecem as formas de aprender.

UNIDADE 1 21
Tecnologias Educacionais

Aqui, neste tópico, enfocamos uma Não se almeja ver a escola como um
destas formas, que altera não só a sistema operacional. Ela tem sua vida
estrutura e funcionamento da sociedade cultural ligada à pessoa humana sob
como chega ao limite de alterar a todos os aspectos, expressões e sentido.
dinâmica da vida – as novas tecnologias O que se busca é sinalizar para a realidade
de informação e comunicação. Nossa contemporânea de uma escola que
atenção estará centralizada na escola progride em meio a determinada estrutura
como sendo um lugar cultural, e onde funcional digitalizada, reclamando,
esta boa nova emerge como sinal de por isto, por uma adaptação e união
transformação de formas e métodos, entre gerações, que entendemos como
assim constituindo um fato social de resultados desafiadores e marcantes de
extremo significado para a instituição um fato social.
denominada escola.
A escola, entendida como lugar social,
realiza sua ação educadora, que como
ação ideológica é capaz de edificar
uma nova cultura educacional, sob
os mais amplos aspectos. O presente
tópico objetiva, além de demonstrar
como andam os avanços tecnológicos,
também ajudar na compreensão das
forças transformadoras embutidas na
relação dialética (de argumentação)
e estabelecimento de um novo lugar
cultural, nascido do entendimento
entre a escola tradicional e os avanços
tecnológicos modernos, como
igualmente estabelecer (no contexto) o
lugar do ser humano, via análise do local
onde estuda. Através desta investigação
sociológica pretende-se chegar à ação
pedagógica coletiva da escola como
realmente um fato social.

Frente ao exposto, é possível afirmar


que este processo de transformação já é
um dado real, marca inequívoca de uma

22 UNIDADE 1
alteração dos métodos de se educar, teimem em retardar a incidência das
agora cada vez mais atrelados a tecnolo- novas tecnologias. Tal procedimento traz
gias como marcas identificadoras de uma como risco o desestímulo aos estudantes
geração que se educa, por isto mesmo e o afrouxamento institucional, daí provo-
denominada geração digital. Identidade cando incapacidade de comunicação
esta a ser absorvida pela instituição interna. Em caso de ocorrência, este
como um processo de coerção do modo procedimento funcionaria como desestí-
operacional do estar no tempo (atualizar- mulo e negação à ação cultural do tempo.
se). Neste aspecto, esse novo perfil Algo nada sadio nem recomendável.
estenderá tal “obrigatoriedade” também
sobre uma geração que ainda não tem Sob este enfoque, o mundo digital quer
nessa modernidade sua marca prática, garantir o crescimento de uma nova
contudo participando de um processo cultura educacional. Dessa maneira é
educacional em fase de transição. Assim que se faz patente o quanto os ambien-
se explica a coerção exercida sobre o tes escolares vêm se guarnecendo de
indivíduo, a sociedade, a instituição, e equipamentos de informática, para res-
tanto exterior como interior. ponderem positivamente às aspirações
relativas ao tema exigidas pelos tempos
Ao tempo em que se fala da escola, atuais. Não há excesso em afirmar que o
destacando-lhe a dimensão de vida social mundo digital tem relevância para ado-
e vitalidade cultural, fica estabelecida lescentes e crianças que frequentam as
também a base reflexiva a respeito do escolas hoje, em igual proporção a tarefa
perfil temporal acerca do qual se procura de educar representa para a escola,
orientar um foco analítico, que através presentes os termos de proporcionar
deste texto se refere à cultura digital, uma educação sólida onde se busca a
cada vez mais disseminada na vida do superação de todos os desafios.
estudante, e por via de consequência
na da escola, local esse onde se comu- Não por outro motivo, o desafio de
nica especialmente suas realidades adaptação do ato de educar, inerente
existenciais. às culturas, ambientes e lugares já foi
ressaltado pelo conhecido educador
Realça-se, portanto, desta maneira, a Paulo Freire, como necessidades efetivas
força coercitiva como uma realidade de a tais atos, ou seja, uma possibilidade
que a instituição escola não está imune, para se alcançar sucesso mais expressivo
uma vez que pelo tempo histórico já na ação educadora reside na constância,
se tornou um processo real de vida e que ainda segundo o mestre se reforça
existência, ainda que alguns indivíduos na prática, como fonte de aprendizado.

UNIDADE 1 23
Tecnologias Educacionais

A prática leva, pois, ao aprendizado. E na formação da grande maioria dos


tudo em sintonia com o mundo das novas educadores brasileiros; educadores
tecnologias, que ensejam favorecer o estes que, atualmente, se apresentam
aprimoramento e o domínio funcional. talvez temerosos a respeito de como
usar as novas tecnologias da informação
A título de reforço ou encorajamento aos e comunicação, tanto na vida escolar
mais tímidos e apreensivos quanto às suas quanto na prática educativa.
capacidades, é possível garantir que o ato
de praticar abre o domínio tecnológico. A este pedagogo vale recordar que o
Vale o antigo ditado popular: “quem processo educacional, em sua plenitude,
não se arrisca, não petisca”. No mundo é ação recheada de troca de saberes, um
das novas tecnologias da informação e desafio constante, que aqui se explicita
comunicação, o exercício, quer dizer, o em manifestar que o estudante digital,
ato de “fuçar” sem medo constitui-se conhecedor e dominador de um tipo
num recurso de extrema importância de técnica, pode trocar sua experiência
para o aperfeiçoamento do uso, garante e praticidade com o seu professor, este
mais alma à tecnologia, é o fator humano igualmente dominador de respectivas
que desenvolve a técnica lhe garantindo técnicas, didáticas e conteúdos.
vitalidade.
Fica reforçada aqui a importância de
Ter consciência e assumir toda assumir o novo, o diferente, o de pouca
amplitude do ato de educar é a maneira dominação, e juntar ao contexto das
de se continuar compreendendo o questões hoje apresentadas à escola,
pensamento de Paulo Freire, como figura num trabalho que vise realizar a ação
operante e de reconhecida influência educadora em sua amplitude.

24 UNIDADE 1
Um fato relevante no quadro atual, é Numa perspectiva prática, estamos capa-
que devido à formação (antiga), parcela citados a anunciar que é perfeitamente
considerável do professorado apresenta possível um casamento da cultura de
sensível desatualização (quando não formação do professorado (da geração
repulsa) no campo das ações digitais. X, de 30 a 45 anos, mais ou menos, ou
Tal posição seguramente compromete o de gerações acima desta idade), com
nível de aproveitamento desejado para a cultura das gerações das crianças e
o ensino. Neste sentido, implementar adolescentes (gerações chamadas I e Y,
a inclusão digital como elemento de 0 a 29 anos, mais ou menos).
curricular na preparação do professor,
deve se somar à facilitação do gestor da Na prática, esse casamento é
escola visando também uma formação caracterizado por vantagens que se
continuada, que de igual modo continue desdobram em ações pedagógicas,
servindo de maior estímulo a quem se como a de um professor que conduz o
dedique ao professorado. A adequada trabalho por meio de seu conhecimento
formação do professor é uma questão e didática. Em igual tempo, os estudantes
central e importantíssima, sobretudo no associam suas capacitações próprias de
que diz respeito à união da tecnologia operacionalização das novas tecnologias,
com a ação pedagógica. finalizando a ação pedagógica com maior
elevado no aprendizado. Em reforço
destas posições, faremos a seguir breves
Ao mesmo tempo, é preciso considerar
as abordagens de formação desses
menções a experiências de campo que
professores, que vão além de simples podem ser aplicadas para alcançar estes
instrumentalização, englobam também a objetivos.
articulação entre tecnologia e as respostas
pedagógicas. É fundamental pensar Na primeira, se aborda uma mudança
em iniciativas inovadoras, que além de na ação pedagógica em duas fases do
transferirem para a máquina o que o currículo programático, de turmas com
livro didático apresenta, explorem as crianças dos anos iniciais do ensino
potencialidades tecnológicas diante das fundamental. Na aula de geografia é
necessidades pedagógicas e que ainda sugerido que tratem da questão dos
discutam o novo papel que o professor meios de comunicação, centrando o
ocupa no espaço escolar, não mais como
foco no envio de correspondências
transmissor de informações, e sim, como
escritas. As crianças seriam motivadas a
organizador do processo de aprendizagem,
escrever cartas para amigos e familiares,
fazendo a articulação entre as experiências
envelopá-las e postá-las, podendo
dos alunos e o saber já sistematizado pela
serem, inclusive, levadas em passeio
cultura. (ALMEIDA, 2000, p. 16)

UNIDADE 1 25
Tecnologias Educacionais

até a agência dos correios. Tal atividade A terceira exemplificação consiste de


– que aos olhos do tempo presente uma exercitação prático-pedagógica
parece ligada à disciplina de história, de elaboração de pequenos vídeos,
ou coisa de “antigamente”, visto que voltados para questões sociais como
hoje as crianças não recebem cartas, violência urbana, drogas, pichações, etc.
ou recebem poucas –; ainda assim Poderiam ser usadas câmeras digitais e
será capaz de despertar interesse das celulares, fazendo com que o material
crianças envolvidas, sobretudo pelo valor produzido se torne um recurso didático
agregado da elaboração do material para as apresentações na escola, via
(folha/envelope), da arte de produção “mostra cinematográfica” para colegas,
(texto), da movimentação geográfica familiares e convidados. Além disso,
(ida ao correio), etc. Esta mesma turma, os alunos poderiam disponibilizar os
em oportunidades posteriores, poderia materiais produzidos no Youtube,
ser levada ao laboratório de informática ampliando sua capacidade de acesso e
da escola e lá começar a desenvolver visualização.
habilidades de uso e envio de e-mails,
pois esta será a realidade de comunicação Como foi possível acompanhar, o uso
daquela geração. das novas tecnologias educacionais é
um processo dinâmico, que estabelece
Outra experiência que também pode relação estreita com a vida dos
ocorrer nas aulas de geografia é a educandos, e isto se constitui em
construção de maquetes, permitindo instrumento de reconhecida importância
aos alunos exercitar a compreensão ao ato de ensinar. Neste aspecto, a
física da organização de uma cidade. utilização dos recursos da web já é de
Além de habilidades em artes, os alunos grande valia como suporte didático para
poderiam exercitar áreas de história, o ato de educar hoje.
língua portuguesa, etc. Concluídos os
trabalhos, os mesmos seriam expostos
para colegas e familiares, reforçando
a autoestima escolar. Num instante
seguinte, os professores poderiam
Para saber mais:
conduzir estes mesmos estudantes ao
laboratório de informática e estimulá-los Para saber mais sobre aplicação
de tecnologia no ensino da
a entrar no Google Earth e Google
matemática, acesse o link:
Maps, para buscarem as mesmas áreas
http://goo.gl/5jld0V
anteriormente utilizadas na maquete.

26 UNIDADE 1
Pelos exemplos demonstrados de ação agora está no bolso ou na bolsa dos estu-
pedagógica numa unidade escolar, é dantes; sem mais as limitações físicas das
possível ver que os professores devem velhas salas de laboratórios (que estão
associar os recursos didáticos às novas sendo derrubadas). Sem este controle,
tecnologias da informação e comuni- com acesso livre, seja dos serviços wifi
cação. Porém é bom destacar que se (internet sem fio), seja dos provedores
está apenas no começo e que muito há das operadoras de telefonia móvel,
pra se fazer, notadamente no que diz crianças e adolescentes, andam, quer
respeito ao currículo para formação dos dizer, navegam por onde desejarem,
professores, além de estímulos e facilita- inclusive para muito distante das salas e
ções que possibilitem sua atualização. pátios da escola.

Crianças e adolescentes de hoje gostam Certamente, o modelo de ação peda-


das experiências inovadoras e instan- gógica que temos em vigor enfrentará
tâneas, a qualquer hora e em qualquer muitas dificuldades, principalmente
lugar. Com isto, o discurso atualmente nos aspectos de trato comportamental
em voga é o de que a sala de informática da disciplina entre os estudantes, se
já começa a fazer parte do patrimônio pensarmos como serão os procedimentos
histórico. Haja vista que celulares, note- de orientação educacional para com
books, tablets, iPhones, câmeras digitais atitudes de navegações indevidas por
e tantos outros permitem acesso rápido sites indesejáveis na ausência de filtro e
e a qualquer tempo à internet. Assim do controle virtual, até aqui as garantias
sendo, o laboratório de informática do uso no ambiente escolar.

UNIDADE 1 27
Tecnologias Educacionais

Pode-se igualmente prognosticar a digitais (realidade ainda pouco acessível,


derrubada dos muros da escola, se a mas sinalizadora do futuro), e essas
mudança do processo de educação obedecem a toques físicos ou comandos
continuar atrelada aos avanços tecnoló- a distância por meio de equipamentos
gicos, fato este considerado por muitos eletrônicos. Igualmente, temos
como uma tendência natural e inevitável. equipamentos de elevada capacidade
Inclusive, é possível resgatar a memória tecnológica tipo notebooks e tablets,
da história da educação, recordando que que não apenas guardam uma imensa
todo o universo dos conhecimentos, na quantidade de dados (muitíssimo mais
passagem de seus procedimentos iniciais, que as bibliotecas escolares), como
apresentou dificuldades e rejeições, talvez também conectam o estudante a sites
devido a razões de cunho filosófico e de busca que representa um recurso de
comportamentais, marcadamente ao que valor comparável a um “mega professor
tange a quase natural resistência ao novo. externo” que, entretanto ofusca o
professor presente na sala de aula, pela
Temos hoje um novo cenário tecnológico ligeireza e acerto de pormenores com
aparecendo na vida da escola, as lousas que responde aos cliques da consulta.

28 UNIDADE 1
Esse, em resumo, é o mundo digital que indicativo do quanto é errôneo querer
responde aos costumes e onde as crianças interpretar a geração dos jovens que
nascidas a partir de 1990 (a denominada cresceram com o mundo das novas tecno-
geração I, i de internet) têm apresentado logias, pelos parâmetros de comparação
como o seu jeito de ser. Até uns anos com a geração de seus pais, professores,
atrás, quando se tirava uma fotografia, principalmente procurando distinguir e
tinha que se esperar o final do filme, destacar uma geração da outra. Por outro
para serem revelados todos os retratos lado, não há exagero em dizer que o uso
contidos nele. Hoje, com os diversos das tecnologias digitais está influenciando
instrumentos fotográficos acessíveis e no modo de pensar e agir das pessoas,
à disposição, uma foto pode ser vista e como poucas ou talvez nenhuma vez
avaliada instantaneamente, inclusive por antes se viu, com tamanha intensidade.
crianças, e aquela que não corresponda às
expectativas, ou apresente defeitos pode Exatamente este novo indivíduo é que a
ser descartada/apagada imediatamente. escola tem por missão educar. Portanto,
Em se desejando, uma nova pose pode na educação desta geração, mais do
ser feita a seguir. Isto para não dizer que nunca a escola precisa compreender
que de posse de câmeras e celulares as que deve transmitir valores humanos
crianças hoje, no jardim de infância, já e referências pessoais, para que não
produzem suas próprias fotos e postam se perca o convívio da vida social, mais
nas redes. íntimo do que aquele conseguido através
dos chats (sala de bate-papo), ou das
Como pode ser visto é uma geração sui salas de jogos virtuais; que se cuide em
generis, como todas nas gerações na oferecer calor e contato humano para
história da humanidade. Isto deve ser um além dos contatos virtuais.

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 1 29
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 3

A internet como pelo Conselho Nacional de Educação, em


recurso educacional 1993, sobre A Educação e os Meios de
Comunicação Social, os conferencistas
referiam-se à mídia como “novos meios
Ainda que se evite utilizar o termo “revo- de comunicação social”, aí discorrendo
lução”, um dos aspectos mais destacados sobre o rádio e a televisão, e destacando
da internet é, com certeza, o espaço de os progressos alcançados no domínio
tempo relativamente breve em que ela de ambos – TV e rádio. Porém, não
se desenvolveu e penetrou praticamente constando de suas palestras nenhuma
em todos os setores da vida social – aí citação à internet! No entanto, apenas
incluída, claro, a escola; considerando-se cinco anos depois, o mesmo Conselho
também as consequências. Nacional de Educação promovia já um
debate sobre A Sociedade da Informação
Como ilustração deste fato, tome-se o na Escola, em que se pretendia fazer um
seguinte exemplo referente ao ocorrido levantamento a respeito da situação da
em Portugal. Num seminário promovido internet nas escolas.

30 UNIDADE 1
Eis porque se justifica plenamente falar cada vez mais problemática – até ao limite
da internet como recurso educativo. de hoje se falar, mesmo, em conflito entre
Contudo, tratar desta questão implica uma e outros. Quanto a saber quais as
cuidar, primeiro, de uma questão mais razões que tornam cada vez mais proble-
geral que: a da relação entre a educação mática tal relação – e quando –, parece
ou, mais precisamente, entre a escola e os haver, pelo menos, razões fundamen-
meios de comunicação. Por conseguinte, tadas para a admitirmos como hipótese
o presente tópico será dividido em prática. Principalmente, referimos à coin-
três partes para melhor discussão e cidência entre, por um lado, a evolução
entendimento deste assunto. das mídias eletrônicas, em particular da
televisão, após a II Guerra Mundial e, por
Na primeira, intitulada “A relação outro lado, a crise da escola (e também
problemática entre a escola e os meios da universidade), que começa a ser mani-
de comunicação”, serão tratadas as festada no Ocidente a partir desta época,
principais razões que explicam como o para finalmente explodir nos finais da
convívio entre a escola e os meios de década de 1960. Acrescente-se, ainda, a
comunicação se tornou problemático, concepção de que a televisão tem efeitos
sobretudo nas últimas décadas do século profundos sobre o conjunto da sociedade
XX. Na segunda, chamada “A internet e da cultura e, assim, sobre a escola.
como recurso educativo”, nos referiremos
às principais especificidades que Pode-se argumentar que as mídias,
caracterizam este meio de comunicação incluindo a televisão, fornecem todo um
como recurso educativo e a distinção de conjunto de informações que acabam por
outros meios eletrônicos, especialmente a ampliar, e muito, a informação fornecida
televisão. Na última e terceira parte deste pela escola. Tome-se o exemplo do que
tópico, sob o título “Os riscos associados acontece com canais temáticos, como
ao uso da Internet”, abordaremos alguns o National Geographic e o Futura.
dos mais destacados riscos relativos ao Os meios de comunicação parecem
uso da internet por estudantes, sejam constituir, dessa forma, um verdadeiro
eles jovens, crianças ou adultos. complemento à escola.

Este argumento não deixa de ser


A relação problemática entre a escola verdadeiro, pelo menos em parte.
e os meios de comunicação Contudo, ele obriga a pelo menos
duas observações. A primeira, a de que
A relação estabelecida entre a escola e aquilo que na TV se pode considerar
os meios de comunicação tem se tornado como especificamente informativo e

UNIDADE 1 31
Tecnologias Educacionais

educativo é mais a exceção do que a o desenvolvimento de todas as suas


regra. A segunda, que pode ser vista potencialidades.
como explicativa da primeira, a de
que, se aceitarmos que as principais Ora, como em tempos passados, também
funções das mídias residem em informar, hoje o papel da escola terá de residir não
divertir e educar, podemos afirmar que em divertir, ainda que o divertimento até
a televisão se centra no divertimento possa ser utilizado como uma estratégia
– já que a informação e a educação, pedagógica, entre outras, contudo exigindo
quando acontecem, têm também um esforço de reflexão e de elaboração da
elas de se submeter às exigências do informação. Até porque nem sempre o que
entretenimento. exige um esforço equivale às dificuldades.

Desta forma, a informação tem que se


transformar naquilo que os ingleses A internet como recurso educativo
denominam infotainment e nós
“informação-espetáculo”, não sendo Qual é esta nova estrutura educativa
por acaso que, a respeito da informação que poderia (poderá) evitar o fracasso
noticiosa, principalmente televisiva, se da escola perante as forças de educação
tem generalizado nos últimos tempos a indireta, aí incluindo notadamente a
expressão “circo midiático”. No que diz televisão? Seja qual for esta mencionada
respeito aos chamados “educativos”, estrutura educativa, ela não pode
o seu potencial de educar acaba por caminhar nem no sentido de oposição à
ser submergido pela necessidade de mídia, o que, dada a extensiva presença
inserir mecanismos de sedução dos seus desta no cotidiano de cada um dos
destinatários infantis e juvenis que lhes estudantes e dos cidadãos em geral,
dá a possibilidade de distância e reflexão seria uma perfeita idiotice, nem no
que a educação exige. sentido da sua imitação que, se possível,
equivaleria a decretar o fim da própria
Além disso, existe a ideia de que aquilo escola, transformada então num sucessor
que diverte – a comédia, o objeto de do “circo midiático”.
lazer, o circo – apela às emoções, aos
sentimentos mais baixos do ser humano, Significa tal questionamento que a escola
à distração, aos esquecimentos, que são não pode competir com as mídias no seu
contrários à cultura. Esta, considerada domínio específico? Exatamente! No
no sentido individual – a educação –, domínio do divertimento, a escola não
não pode deixar de ser entendida como tem qualquer chance de competir com a
cultivo de si mesmo, tendo em conta força irresistível das mídias, em particular

32 UNIDADE 1
da TV. Porém, isto não quer dizer que Mais objetivamente, a internet pode ser
a escola não possa utilizar as mídias utilizada como:
em seu favor, como, aliás, já tem feito.
No que tange efetivamente à utilização Fonte de informação
educativa na internet, devido às suas
características específicas enquanto meio Conforme sua natureza digital, interativa
de comunicação, ela permite não uma e colaborativa, a internet é vista,
revolução, como muitas vezes se anuncia, praticamente desde seu início, como
mas sim a ampliação e aprofundamento uma espécie de biblioteca universal,
de cada uma das possibilidades onde podemos encontrar tudo o que
educativas já permitidas há muito tempo desejamos nas várias enciclopédias
por meios como rádio e televisão. digitais, nas diversas bibliotecas
temáticas, nos inúmeros portais ou através
de incontáveis meios de busca. A internet
pode ser utilizada, assim, de forma
perfeita, como fonte de informação, como
também ponto de partida dos temas a
tratar de maneira mais aprofundada e/
ou alternativa pela própria escola. Neste
particular, projetos como a Wikipedia ou
o Youtube têm assumido, nos últimos
anos, uma relevância crescente tanto no
que se refere à quantidade e qualidade
dos conteúdos disponibilizados, como
ao número sempre crescente de seus
visitantes e utilizadores.

Recurso pedagógico-didático

Mediante um computador ou um projetor


de vídeo, a exposição do professor ou
dos alunos pode apoiar-se nos vários
recursos disponíveis na internet, como
textos, fotografias, gráficos e vídeos,
seja de forma direta, em tempo real, seja
de forma indireta, depois de submetê-los
a determinado tratamento (adaptação).

UNIDADE 1 33
Tecnologias Educacionais

Ainda neste aspecto, é possível utilizar Objeto de estudo


a internet para disponibilizar aos
alunos, especialmente os que não Tal como se verifica com outras mídias, a
puderem estar presentes nas aulas, os internet é (ou deve ser) objeto de estudo
conteúdos destas últimas, os materiais e análise não somente nas disciplinas
utilizados ou a pesquisar, os exercícios criadas para promoção da chamada
e as bibliografias. Isso pode ser feito “literacia midiática”, como é o caso das
colocando esta informação numa página disciplinas de Tecnologias da Informação
da web ou enviando-a aos alunos por e da Comunicação, mas também em
e-mail. É neste conjunto de realidades, disciplinas de âmbito geral como a
precisamente, que deve ser encarado o Sociologia, Antropologia, Economia e
papel da internet, que tem assumido e Língua Portuguesa, que buscam estudar
muito mais ainda assumirá seu papel de as diversas questões de informação e
relevância como recurso educativo. da comunicação e, em particular, os
funcionamentos e efeitos sociais próprios
Instrumento de materialização de projetos das TICs.

A internet pode ser e já vem sendo Verdade é que, como aqui já nos refe-
utilizada, seja em nível de turma, seja em rimos, meios como o rádio ou a televisão
nível de escola, para dar vida a projetos são, não é de agora, objetos destes
digitais como um jornal, uma rádio ou quatro tipos de utilização. Entretanto, as
uma televisão escolar, para construir uma características próprias da internet,
página, fazer um blog, etc. Projetos deste enquanto meio de comunicação, possibi-
tipo são uma ótima maneira de motivar litam que esses tipos de utilização se
os alunos e levá-los a desenvolver a desenvolvam de uma forma que aqueles
sociabilidade e a capacidade de trabalhar meios não permitam, transformando-a
em grupo, a aprender de forma autônoma num meio mais amigável para a escola e
e a aprofundar seus conhecimentos. sua cultura escrita de base humanista.

Fique atento!
O computador pode ser utilizado para a resolução mecânica de exercícios –
segundo Castillo (1998), exercícios e problemas são distintos, neste caso, o uso
do computador para a resolução de exercícios poderia se constituir em prática que
reforça a reprodução de conteúdo, à qual está veiculada a ideia de ensino mecânico
e de uma Matemática cujo conhecimento está dado, não se constrói.

34 UNIDADE 1
Destacamos, aqui, as seguintes de um modo que nenhum dos outros
características: meios eletrônicos faz, aproximando mais
a internet da escola e da cultura escrita
Comunicação interativa do que os demais meios.

A interatividade é, com certeza, a Economia de recursos


característica de rede que mais tem sido
destacada pelos estudiosos. Se estiver A internet é um meio de comunicação
correto que o rádio e a televisão também cujo conteúdo é composto também
(já) envolvem formas e estratégias de dos outros meios de comunicação,
interatividade específicas – telefonemas inclusive os eletrônicos como o rádio e a
ou e-mails dos destinatários, participação televisão. Nesse sentido, a sua utilização
do público em programas ao vivo, representa uma enorme economia de
etc., –, elas estão distantes de ter o recursos, ao tornar possível a conjugação
alcance e a importância da internet, de meios que, sozinhos, são sempre
que não seria o que é sem essa mesma limitados. Ainda mais se considerarmos
interatividade. Ora, não é a mesma uma tecnologia relativamente fácil de
coisa assistirmos, de forma passiva, a adquirir e utilizar por onde quer que se
um “circo” que se desenrola a frente esteja ou vá, na escola, em casa ou numa
de nossos olhos, nos envolve e nos faz biblioteca pública.
sentir determinadas emoções, ainda que
possamos mudar desse “circo” para o Os riscos associados ao uso da internet
do lado, ou utilizarmos um meio em que
não nos limitamos a receber o que outros A despeito de todas as suas vantagens
produzem, mas podemos, de nosso lado, aqui citadas, a internet não está
produzir também coisas a que também isenta de riscos. Dentre os variados
os outros assistam. riscos envolvendo a sua utilização e
considerando que eles são de natureza
Revalorização da escrita diversificada e afetam diversas atividades
e instituições, referimo-nos aqui, mais
As funcionalidades mais utilizadas e especificamente à sua utilização por
importantes na internet, como sejam o estudantes, a saber:
correio eletrônico, os vários instrumentos
de publicação, dentre os quais se O plágio
destacam, nos dia de hoje, os blogs, e
a pesquisa através dos instrumentos de O fato de a internet representar uma
busca, fazem interagir a escrita e a leitura “super biblioteca” e um “super arquivo

UNIDADE 1 35
Tecnologias Educacionais

de informações”, onde se encontra tudo entre uma citação, um comentário, que


aquilo que se queira pesquisar, permite enriquece um texto e um plágio (motivo
aos estudantes, especialmente os de de confusão para boa parte dos estu-
nível mais adiantado, nos seus trabalhos dantes, quando assim agem).
de investigação individuais ou em grupo,
que utilizem materiais copiados de forma Por fim, uma estratégia de que se
direta, quer dizer, sem nenhum esforço pode valer o professor, na ‘tarefa’ de
individual de elaboração e/ou sem as identificar plágios escolares, é valer-se
referências às fontes consultadas. da apresentação dos trabalhos e sua
respectiva discussão, em sala de aula.
Dado o volume de informações em
causa, nem sempre é possível ao A confusão informativa
professor (para não dizermos que lhe
é quase sempre impossível) identificar Novo risco a que frequentemente são
a ocorrência e a origem do plágio. A levados os estudantes é o que deriva
luta do professor contra o plágio passa, de sua incapacidade ou dificuldade de
antes de qualquer coisa, pela explicação seleção das informações buscadas, de
aos estudantes da diferença existente separar entre material importante e aquilo

36 UNIDADE 1
que se classifica como desnecessário, como no caso da conversa on-line que
fonte confiável e fonte suspeita. O acabamos de nos referir, o sério risco de
presente risco pode ser contornado ou se criar certo vício que leva os jovens a
pelo menos suavizado pelo professor se esbanjarem tempo e dinheiro que bem
este selecionar previamente e indicar aos pode redundar em acentuado problema
alunos determinados sites de informação envolvendo apostas, como admitido em
e pesquisa, um processo de reconhecida certos jogos disponíveis.
eficácia que previne efetivamente a
ocorrência de plágios.

O desvio e a tagarelice

Os aplicativos de chats constituem duas


das funcionalidades mais utilizadas pelos
estudantes, notadamente os mais jovens.
Estas modalidades, que correspondem a
uma necessidade de sociabilidade que
lhes é própria, servem na maior parte
das vezes para prolongar e aprofundar
no ciberespaço as amizades e outras
relações cotidianas, proporcionando
riscos não descartáveis. No caso do chat
a que qualquer um pode ter acesso, o
risco principal está na criança ou jovem
se conectar com indivíduos, geralmente
disfarçados, que procuram aliciá-los
para atividades nocivas, quando não
criminosas. Além disso, há de se consi-
derar como um risco o tempo excessivo
passado em conversas pouco úteis.

O jogo e o vício

Mais uma funcionalidade arriscada,


porém de largo uso entre jovens, é a
participação nos variados jogos on-line.
A generalidade destes jogos envolve,

UNIDADE 1 37
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 4

Utilização das TICs realizar, efetivamente, em nossa ativi-


através de projetos dade diária? Que novos conhecimentos
e habilidades devemos desenvolver para
Talvez nenhuma outra inovação fazer bom uso desta tecnologia?
tecnológica haja provocado tantas
mudanças significativas em tão Para os educadores e as escolas, a neces-
pouco tempo na sociedade como as sidade mais importante criada pelo uso
chamadas Tecnologias de Informação generalizado das TICs é ter domínio em
e Comunicação (TICs). No meio destas, como aplicar todo o potencial existente
está incluída a educação. Ainda antes no sistema educacional, de maneira espe-
do aparecimento do computador - cial nos seus componentes pedagógicos
hoje fazendo parte praticamente de e processos de aprendizagem. O que
quase todas as formas estruturais acontecerá com os métodos de ensino,
de informação - mais precisamente com a própria Pedagogia como conhe-
em 1945, Vannevar Bush idealizou, cemos, daqui pra frente? Que novas
com admirável precisão, aplicações tecnologias e equipamentos estarão
como hipertexto, armazenamento disponíveis, para que as pessoas possam
ótico, bibliotecas virtuais, multimídia e absorver novos conhecimentos em qual-
interfaces gráficas. Previsões como estas quer lugar e a qualquer momento?
demonstram que a expectativa de se
utilizarem novas tecnologias para facilitar Não dispomos ainda das respostas para
a vida humana em diversos aspectos, os quesitos acima, porém já se tem
inclusive educacional, já se fazia presente conhecimento, com certeza, que os
antes mesmo do desenvolvimento dos resultados obtidos até o momento com
recursos técnicos que a transformasse a introdução das TICs na rede escolar
em realidade. têm sido muito abaixo dos investimentos
empregados, e abaixo também das
Estas novas tecnologias trazem consigo expectativas mais realistas.
inúmeras questões, frente a inevitabili-
dade de se ter que conviver com elas na A linha que serve de divisa entre o sistema
educação: como educadores, que bene- educacional e o mundo do trabalho –
fícios podemos usufruir com as novas com processos produtivos intensamente
tecnologias? Que mudanças teremos que dependentes da informação e do

38 UNIDADE 1
conhecimento – tem se mostrado cada Torna-se, portanto, progressivamente
vez mais frágil, sendo muitas vezes difícil mais desafiadora a preparação do aluno
entender com exatidão a que mundos para o mundo do trabalho. Cada vez
pertencem as práticas que estão sendo mais se exige maior empenho e conheci-
utilizadas para aprender, trabalhar e até mento. A educação tem, pois, um papel
para divertir. ímpar no desenvolvimento pessoal e
social e pode ser vista ainda como um
Com a difusão do uso das redes de dos principais meios disponíveis para
computadores e dos inumeráveis incrementar uma forma de progresso
recursos de software, atividades ligadas humano mais duradouro e profundo na
à diversão, trabalho e aprendizado busca de conhecimento e habilidades,
acontecem quase ao mesmo tempo, daí levando a reduzir a pobreza, igno-
assim alterando substancialmente as rância e exclusão.
tradicionais formas de buscar informação,
produzir um bem, executar um trabalho, Ao mesmo tempo, outro aspecto de
promover conhecimento ou usufruir realce a ser considerado nesta análise é
momentos de lazer. o conjunto de iniciativas em andamento,

UNIDADE 1 39
Tecnologias Educacionais

abrangendo a reforma e modernização na escola, bem como a metodologia a


da administração pública, resultado de ser aplicada no desenvolvimento destas
um processo complexo de transição das novas políticas educacionais. (Chahin et
estruturas políticas, administrativas e al., 2004)
econômicas. Essas iniciativas levam a um
ambiente favorável a dar sustentação às Pelo contexto apresentado, o problema
propostas apresentadas aqui. No Brasil, em destaque consiste no estabelecimento
a educação é um setor que se tornou claro de qual será o caminho mais eficaz
alvo das políticas públicas, em íntima para introduzir, de forma adequada,
articulação com as características que organizada e efetiva, recursos de
definem o seu processo de modernização TIC como elementos facilitadores
e desenvolvimento. dos processos didático-pedagógicos
da escola, buscando aprendizagens
No conjunto de modificações significativas e melhoria dos indicadores
iniciadas na administração pública, o de desempenho do sistema educacional
desenvolvimento de programas de como um todo, onde novas tecnologias
governo eletrônico (e-Gov) tem sido um sejam utilizadas de forma transparente e
assunto constante na discussão do novo natural.
modelo de gestão pública. O e-Gov
pode ser entendido como uma forma
natural de se buscar modernização do Evolução das Tecnologias da
estado e da administração pública por Informação
meio do uso estratégico e intensivo
das TICs nas relações internas dos A palavra “informação” diz respeito aos
próprios órgãos e dependências do fatos ou dados, geralmente fornecidos
governo, e nas relações do governo a uma máquina para, com os mesmos,
com a sociedade (serviços, processos, realizar algum tipo de operação ou
informações e pessoas). Os programas e- processamento, tais como: armazenar,
Gov devem incrementar, dentre outras, transmitir, codificar, comparar, indexar,
as iniciativas para promover a inclusão etc. Em contextos específicos, como
digital e a universalização da educação, na Teoria da Informação, por exemplo,
assegurando que toda a sociedade tenha uma mensagem contém informação na
acesso ao ensino fundamental e médio proporção em que produz algo novo,
de qualidade. No campo educacional, até aí desconhecido, diminuindo nossa
o incremento desses programas merece incerteza sobre um determinado estado
um debate amplo e democrático, a de coisas. Num sentido mais geral, toda
respeito do uso de novas tecnologias técnica ou recurso utilizado para realizar

40 UNIDADE 1
algum processo ou operação sobre direito à educação como centro desta
certo tipo de informação, constitui uma questão.
tecnologia de informação.
A sociedade de informação se firma na
No tempo presente, é inevitável a utilização intensiva das novas tecnolo-
associação da expressão “tecnologia gias, especialmente, as tecnologias da
da informação” com “rede de informação e da comunicação e é cons-
computadores”, “banco de dados”, tituída de organização social moderna,
“multimídia”, “internet” e outros recursos onde as redes de comunicações e os
oferecidos pelo computador. As demais recursos de tecnologia da informação
tecnologias (TV, rádio, telefone, áudio, são extremamente desenvolvidos, o
vídeo, etc.), que antes eram utilizados acesso equitativo e onipresente às
separadamente, hoje se encontram informações, o conteúdo apropriado,
integradas por meio do computador em formatos acessíveis e comunicação
e seus periféricos – câmeras de vídeo, eficiente devem possibilitar que todas as
impressoras, conexão à internet, dentre pessoas consigam o seu potencial pleno.
outros. Esta integração possibilitou o O domínio e o controle dessas tecnolo-
armazenamento da informação sob as gias têm alterado e decidido a sorte das
mais diferentes formas e nos mais diversos sociedades. (CHAHIN et al., 2004)
meios, assim como sua transformação
de uma forma em outra com extrema Esta mesma sociedade de informação
facilidade, transformando o computador deve ainda ter um viés inclusivo, onde
no centro de processamento que torna todas as pessoas tenham possibilidade
possível todas estas operações. de ter liberdade e condições para
criar, compartilhar, receber, e utilizar
informações e conhecimentos por meio
Sociedade da Informação da educação. Outros questionamentos
podem surgir, dentre eles: como a
Por definição, sociedade da informação aplicação e uso dessas tecnologias na
é um sistema sociopolítico e econômico escola podem, efetivamente, contribuir
no qual o conhecimento e a informação para criar a sociedade de informação?
constituem fontes fundamentais de Existem metodologias que possam ser
bem-estar e progresso. O florescimento aplicadas de forma genérica?
desta nova sociedade exige a prática de
princípios fundamentais como o respeito Tanto no Brasil quanto no
aos direitos humanos, no âmbito de seu mundo, inúmeros governos estão
contexto mais amplo. É justo colocar o implementando programas de reforma e

UNIDADE 1 41
Tecnologias Educacionais

modernização da administração pública, das telecomunicações, da informática


e todos beneficiam a realidade das novas e de suas interações com o sistema
tecnologias e incentivam o crescimento educacional.
da sociedade da informação, como
maneira de responder aos desafios de Em decorrência dos avanços tecnológicos,
desenvolvimento adicionais impostos vivemos atualmente uma economia na
pela exclusão digital. Nesse rumo, têm qual a informação e o conhecimento
buscado soluções viáveis para introduzir são considerados matérias-primas de
uma infraestrutura da informação e da muitos processos produtivos. Só este
comunicação que dê possibilidade de fato já seria bastante para justificar a
acesso universal a essas tecnologias. Uma necessidade de uma extensa revisão do
infraestrutura de redes de informação sistema educacional, em todos os seus
e de comunicação bem desenvolvida e níveis. No cenário que se apresenta,
acessível é primordial para o progresso até os ambientes de trabalho estão
econômico, social e de bem estar para se transformando para possibilitar a
todos os cidadãos da comunidade. A aprendizagem permanente, como forma
melhoria da conectividade e o acesso às de acompanhar e se manter atualizado
redes de comunicação das escolas são com o ritmo de desenvolvimento. Os
de suma importância neste sentido. conhecimentos e as informações são
recursos inesgotáveis, podendo ser
reutilizados na geração de produção de
Impactos das Tecnologias da novos conhecimentos e informações.
Informática e Comunicação na Por essa razão, as fontes de dados,
Educação de informações, as comunicações
simbólicas, etc., são consideradas valores
É possível afirmarmos que nenhuma da nova economia.
outra tecnologia produziu tantas
mudanças em tão curto espaço de Sem dúvida o desenvolvimento da
tempo e com tamanha profundidade, sociedade, hoje, depende da capacidade
em todos os setores da atividade de gerar, processar, transmitir, recuperar
humana, como a TIC, intensificada nas e armazenar informações de forma
derradeiras décadas com a utilização eficiente. Por este motivo, a população
(popularização) do computador e da escolar necessita ter chance de
internet. O contexto mundial apresenta acesso a esses instrumentos e adquirir
um verdadeiro desafio quanto à forma capacidade para produzir e desenvolver
de assimilar as transformações que estão conhecimentos de uso na TIC. Isto pede
acontecendo com o desenvolvimento a reforma e ampliação do sistema de

42 UNIDADE 1
produção e de difusão do conhecimento, informática em horário de aulas (o efeito
permitindo o acesso à tecnologia. da utilização de apenas uma hora por
Contudo, o simples acesso à tecnologia, semana, de uso de computadores em
em si, não é o item mais importante, laboratório, significa pouco ou nada).
mas sim, a criação de novos ambientes
de aprendizagem e de novas dinâmicas
sociais a partir do uso dessas ferramentas. Alunos

A seguir, apresentaremos algumas Em tempos passados, os alunos


mudanças necessárias para que o cenário enxergavam o professor como principal
seja mais propício à utilização da TIC ou, muitas vezes, única fonte de
como recurso efetivo de aprendizagem. conhecimento e informação. Agora, têm
iguais possibilidades de acesso às bases
de dados das redes de computadores:
Currículos bibliotecas, publicações, cursos,
simuladores, laboratórios virtuais, grupos
A configuração tradicional dos currículos de intercâmbio, listas de discussão,
precisa ser revista para incorporar projetos cooperativos e inúmeras outras
necessidades específicas da era da
informação. Como a atual padronização
dos currículos ainda é da era pré-digital,
certamente estes serão substituídos
por sistemas nos quais o conhecimento
pode ser obtido quando e onde for
necessário. As estruturas curriculares
atuais, caracterizadas por uma tradicional
imobilidade, não consideram nem ao
menos uma fração das inumeráveis
possibilidades oferecidas pela TI
(Tecnologia da Informação). A utilização
mais apropriada de novas tecnologias
em sala de aula se dá através de
projetos multidisciplinares, o que
não corresponde, na prática, à atual
organização dos currículos. Incluir TI nos
currículos não corresponde exatamente
no mesmo que incluir laboratório de

UNIDADE 1 43
Tecnologias Educacionais

Professores
possibilidades superando, em todos os
sentidos, as limitações de antigamente. Relativamente às novas tecnologias,
Além do mais, tanto professores os professores têm visões pessimistas,
quanto alunos podem contribuir para otimistas ou indiferentes. Sob a visão
adicionar informações às bases de dados otimista eles consideram as numerosas
existentes, de modo simples e rápido, seja facilidades oferecidas pela TI e projetam
publicando eletronicamente resultados para o futuro um mundo de maravilhas.
de seus trabalhos, seja pela criação Contudo, a questão do uso sistemático
de páginas próprias de informação na e organizado da TI na educação não
internet, modificando substancialmente é tão simples como aparenta. A falta
o panorama educacional em vigência. de contexto, a quantidade e a veloci-
dade da informação e a virtualidade
dos novos meios de informação estão
Escolas exigindo do professor um trabalho de
acompanhamento e orientação muito
O ritmo ou compasso de atuação das esco- mais intenso e profundo. Pelo novo
las está distante de assimilar as mudanças contexto tecnológico, o professor passa
na mesma velocidade em que as mesmas a ter um destaque ainda maior, frente a
ocorrem no mundo em seu redor. Por esta questionamentos do tipo: como ensinar
razão, encontram-se diante da angustian- a administrar as inúmeras possibilidades
te e urgente necessidade de promover a de receber informações a qualquer hora
alfabetização digital de seus professores e lugar? Como formar no aluno a capa-
e técnicos, exigência de vital importância cidade analítica e seletiva sobre as infor-
para introduzir efetivamente as novas tec- mações que recebe? Como aprimorar os
nologias no ambiente educacional. O pro- processos intelectivos de transformação
blema, contudo, não se resolve somente da informação em conhecimento?
com a simples aquisição de tecnologia,
na sua dimensão física, representada pela
compra de equipamentos, construção ou As novas tecnologias e a metodologia
adaptação de novas instalações e, até de projetos
mesmo, com a contratação de equipes
especializadas para esta finalidade. A A implantação da TIC na educação
experiência demonstra que pouco resolve básica tem possibilidade de ser
simplesmente instalar computadores nas significativamente enriquecida, se
escolas, se as pessoas não aprenderem complementada pela Metodologia de
como integrá-los às variadas atividades Projetos – MP. Os pressupostos e as
curriculares.

44 UNIDADE 1
diretrizes da MP possuem elementos A ajuda principal que essa metodologia
seguros para evitar muitos problemas, proporciona para a implantação da TIC
bem como para resolver outros de no ensino pode ser notada tanto no
costume, encontrados nas ações de desenvolvimento de aulas e laboratórios
implantação dessas tecnologias, como especializados de informática, como
também em programas de informática na realização de atividades de ensino,
aplicada à educação. A implantação da pesquisa e estudo dos conteúdos curri-
MP neste contexto exige um esforço culares. Neste aspecto, estamos levando
complementar, no sentido de conhecer em conta as aplicações da TIC em
com segurança e profundidade razoável o diversas instâncias: em aulas específicas
significado e as diretrizes da metodologia de informática, destinadas à aprendi-
de projetos. Tem-se, contudo, que este zagem dos recursos correspondentes;
trabalho a mais é compensado pelas no desenvolvimento de projetos de
vantagens trazidas com a aplicação trabalho; em atividades complementares
segura de uma metodologia com e extracurriculares diversas; e, principal-
potencial extraordinário de mudanças mente, na utilização da informática nas
importantes ao processo educacional. disciplinas gerais do currículo.

UNIDADE 1 45
Tecnologias Educacionais

Fundamentos da Metodologia de
• Definição de um período de
Projetos
tempo limite para a concretização
Inúmeras publicações e experiências do projeto, como fator relevante no
escolares apontam para o potencial da seu desenvolvimento e concretização
MP como contribuição para a melhoria (geralmente, períodos de 2 a 6 meses);
do processo educativo, notadamente
no que se refere à implantação de uma • A forma de escolha dos temas
aprendizagem significativa, em oposição dos projetos, oferecendo liberdade
à aprendizagem tradicional do tipo para os alunos (com negociação entre
verbal, livresca, retórica, com destaque professores e alunos visando deter-
para a teoria e descontextualizada. minar múltiplos objetivos e interesses);

A experiência de alguns estudiosos • Os projetos devem contemplar


demonstra como a valorização e o uma finalidade útil, de modo tal que
desenvolvimento de projetos de os alunos tenham uma percepção do
trabalho por alunos e professores podem sentido real dos projetos propostos;
representar uma forma indispensável de
compensar ou equilibrar os problemas • Utilização de múltiplos recursos
decorrentes de uma ênfase exagerada no desenvolvimento dos projetos,
na utilização de recursos virtuais, incluindo aqueles que os próprios
sem considerar as situações reais e alunos podem providenciar junto
contextuais. a outras fontes, como no caso da
comunidade;
Um dos pressupostos essenciais da MP
é a consideração das situações reais • Socialização dos resultados
da vida no sentido mais ampliado, que dos projetos nos vários níveis de
devem estar relacionadas ao objetivo comunicação, como a própria sala de
central do projeto em desenvolvimento. aula, a escola, a comunidade, incluindo
a apresentação dos resultados pelos
São fundamentais os pressupostos autores.
seguintes na Metodologia de Projetos:
As atividades orientadas pela Metodo-
• Realização de projetos de trabalho logia de Projetos possuem, ainda, as
por grupos de alunos com número de características seguintes: constituem um
participantes definido criteriosamente objeto de realização concreta; têm deter-
para cada experiência; minado impacto no ambiente; alteram a
relação aluno-professor; estão baseadas

46 UNIDADE 1
numa nova abordagem/conceituação de exposição excessiva e sem controle a
saberes; proporcionam uma nova con- fontes de informação, cujo conteúdo
cepção de avaliação; são apresentadas é bastante superior à capacidade de
como um desafio aos alunos; e possuem assimilação pelos usuários dos sistemas
uma abrangência coletiva. de informação, com destaque para a
internet. Esta realidade cria necessidade
Assim, a valorização das atividades de do desenvolvimento de filtros para
desenvolvimento de projetos, por parte adaptá-la aos processos mentais, que são
de alunos e professores, poder ser ativados para sua utilização proveitosa.
uma forma relevante de compensar ou
equilibrar a tendência da nova era de (re) Excessos podem ser contornados quando
valorização da informação, na medida situações mais favoráveis ao processo
em que tais atividades promovam uma de construção do aprendizado são
interação determinante. admitidas, como aquelas em que o aluno
participa realmente do planejamento
A tendência atual na direção de das atividades com objetivos claramente
valorização da chamada dimensão determinados, ainda que as tarefas e seu
“virtual”, associada fortemente ao significado venham a se modificar ao
elemento “informação”, pode no longo da execução do projeto negociado
âmbito do desenvolvimento educacional com a turma. Quanto mais intenso o grau
dos jovens, induzir a dificuldades e de comprometimento do aprendiz com
problemas complexos relacionados à o processo de aprendizagem, com os
necessidade de formação integral do ser objetivos de seu conhecimento, maiores
humano. Assim, a conjunção harmônica também as possibilidades de êxito.
entre princípios da MP e as proposições
e demandas relativas à TIC, revestem-se Sozinha, a tecnologia tem pouca signi-
de uma importância capital, no âmbito ficação na educação. Por outro lado,
do tema levantado. unilateralmente, a informação igualmente
carece de utilidade. Para ocupar seu papel
a informação precisa suprir processos
A MP utilizada como recurso para mentais de entendimento, análise,
inserção da TIC na educação compreensão, decisão, criação e, em
instância mais elevada, conduzir a ações
Estudos recentes mostram o aparecimento concretas atribuídas ao valor do contexto
de um novo tipo de distúrbio chamado da informação. Todas estas ponderações
“fadiga da informação”. Ela diz reforçam a importância de sempre se
respeito a um problema resultante da investir mais e mais no fator humano.

UNIDADE 1 47
Tecnologias Educacionais

Em resumo, a MP contextualiza a capacitados a utilizar os recursos


informação e beneficia a aprendizagem tecnológicos disponíveis de forma
significativa. Três observações reforçam a natural e transparente. Na MP, é
adequação desta proposta: primordial ainda que os professores
tenham vivenciado situações reais de
• Ausência de contexto na ensino, onde o método tenha sido
internet: o acesso à informação na aplicado com sucesso, de maneira
internet é, de modo geral, desprovido que sua utilização seja entendida no
de contexto. Referências a tempo, contexto das novas tecnologias.
espaço, fatos, dados, etc., pedem
pouca exigência de experiência ou • A necessidade de capacitar
conhecimento antecipado para sua os agentes transformadores: na
identificação. Em tal ambiente é introdução das novas tecnologias na
comum o aluno sentir-se desorientado educação o foco pedagógico deve
ou confuso. Se do ponto de vista levar em conta que o computador
tecnológico esta “viagem” representa e seus periféricos são ferramentas.
uma conquista extraordinária, sob a O professor é o principal agente e
ótica educacional possivelmente seja o responsável maior pela criação de
arriscado/temerário enaltecer o fato. ambientes propícios à aprendizagem
ao utilizar a TIC. A maioria dos alunos
• O desafio de usar a TIC como desenvolve melhor suas habilidades
um meio e não como um fim: para com as novas tecnologias, quando
alcançar este objetivo, os professores estas são utilizadas naturalmente
precisam estar suficientemente em aulas regulares. Terceirizar a

48 UNIDADE 1
implantação de informática nas escolas para só depois decidir que rumo tomar.
através de equipes especializadas tem O número de estudos ainda a serem
se mostrado pouco eficaz e produ- desenvolvidos nesta área, se compara ao
tivo em termos educacionais. Outro esforço exigido na reinvenção de novo
aspecto a ser ressaltado é a ênfase sistema educacional, o que realmente
nos aspectos de infraestrutura física, está por ser feito. Os impactos das
como aquisição de máquinas, equi- novas tecnologias de informação e
pamentos, softwares, etc. sem iguais comunicação na educação carecem de
cuidados com os recursos humanos, o estudos mais alentados e definitivos.
que via de regra tem levado a resul- Os computadores decididamente
tados pouco animadores. estão chegando às escolas, porém a
contribuição que se espera deles em
A velocidade das mudanças tecnológicas, âmbito educacional é pouco significativa,
estranhamente, tem promovido certo até agora. Há que se considerar, também,
entorpecimento (acomodação) nos os pressupostos de que programas de
educadores e gestores do sistema, e-Gov podem favorecer na adoção da
que ficam paralisados, como que na TIC, à medida que tais programas se
expectativa do próximo movimento tornem uma realidade para todos.
neste cenário repleto de novidades,

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 1 49
Tecnologias Educacionais

RESUMO

O primeiro tópico desta unidade No terceiro tópico desta unidade


apresentou as ideias iniciais sobre a buscamos discutir um pouco sobre as
vinculação entre a educação e as novas possibilidades de utilização da internet
tecnologias, em especial no que se como recurso educacional. Diversas
refere ao ambiente escolar. Conforme são as formas de fazer com que isso
foi abordado, a inclusão de novas vire, efetivamente, uma realidade nas
tecnologias no espaço de aprendizagem nossas escolas, desde a utilização da
é hoje uma realidade, devendo a escola se internet como fonte de informações (a
adequar para que isso ocorra da maneira serem validadas) até a sua integração
mais proveitosa possível para seus alunos como recurso pedagógico e didático.
e professores. É importante termos em Importante ressaltar que a utilização
mente que as novas tecnologias não da internet também apresenta riscos
trazem apenas impactos negativos, mas inerentes a seu funcionamento, os quais
principalmente positivos, no sentido em devem ser objeto de análise e observação
que permitem a realização de um trabalho por parte dos professores para com seus
pedagógico diferenciado, inovador e alunos.
motivacional notadamente superior.
Para finalizar os estudos desta unidade,
As relações entre a tecnologia e a o quarto tópico enfocou essencialmente
escola foram abordadas no segundo o estudo da inclusão na educação das
tópico, tendo como objetivo maior novas tecnologias de informação e
entender como é possível compatibilizar comunicação por meio do ensino com
as demandas da escola com as projetos. Esta talvez seja uma das mais
possibilidades da tecnologia de maneira adequadas e viáveis metodologias
a alterar sistematicamente a vida prática capazes de promover uma aprendizagem
dos envolvidos. Destaca-se que a escola significativa e duradoura, em
deve continuar com o seu papel de contraposição à tradicional aprendizagem
lugar social, onde são realizadas ações do tipo verbal, teórica e com base fixa na
educadoras. Entretanto, é fundamental leitura. O desenvolvimento de projetos
que este local se atualize no sentido pelos alunos faz com que eles necessitem
de incorporar os avanços tecnológicos realmente desenvolver ações, isto é,
modernos para o alcance de sua maior colocar a mão na massa para obter os
meta, o aprendizado pleno dos alunos. resultados desejados em determinada

50 UNIDADE 1
situação. Além disso, esta metodologia
tem como pressuposto fundamental
a consideração de situações reais que
devem se relacionar com o objeto central
do projeto em desenvolvimento, fator
que certamente estimula positivamente
a participação e o envolvimento dos
alunos.

UNIDADE 1 51
Tecnologias Educacionais

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

1. Assinale a opção que apresenta a ideia principal de Sistemas de Instrução Apoiada


por Computador:

a) Consistem em sistemas habilitados a transmitir conhecimentos via rede sem fio.

b) Este tipo de sistema segue um esquema dirigido de pergunta-resposta.

c) São dispositivos eletrônicos capazes de medir o aprendizado dos alunos.

d) É um sistema baseado no estudo das ciências da cognição, que utiliza multimídia.

2. Analise as seguintes afirmações:

I. Na sociedade de conhecimento, o recurso econômico mais valioso torna-se o


equipamento utilizado para obter informações.

II. Os efeitos da tecnologia na sociedade são limitados, podendo ser contidos mediante
a troca dos recursos utilizados em sala de aula.

III. A informática é uma ferramenta que proporciona a simulação de modelos mentais


que podem ser explorados de maneira interativa.

Marque a opção que melhor representa sua análise das afirmações:

a) Apenas o item I está correto.

b) Apenas o item II está correto.

c) Apenas o item III está correto.

d) Todos os itens estão corretos.

52 UNIDADE 1
3. Diversos são os aspectos que determinam as potencialidades e a efetividade
das tecnologias no ambiente educacional que utiliza a informática como recurso
didático no processo de ensino e aprendizagem.

Neste contexto, marque a opção que não apresenta um destes aspectos:

a) Conferir a validade da introdução da informática na escola.

b) Estudar os conteúdos, objetivos e métodos de experiências anteriores sobre o uso


da tecnologia.

c) Fazer chegar aos professores a capacitação técnica primária/primordial.

d) Adquirir as mais avançadas tecnologias capazes de proporcionar, por si só,


conhecimentos aos envolvidos.

4. Em relação aos desafios enfrentados pela área educacional para se adaptar aos
novos tempos de uso intensivo da tecnologia, é possível afirmar que:

a) a tecnologia deve ser vista como um fator auxiliador no processo de ensino e


aprendizagem, e não como o final do processo.

b) o fato de muitos alunos serem curiosos em relação às novas tecnologias realmente


atrapalha o bom andamento das práticas pedagógicas.

c) aplicativos de bate-papo (chat) são hoje o maior problema para as práticas


pedagógicas utilizadas nas escolas brasileiras.

d) a adaptação deve partir exclusivamente do aluno, pois ele é o maior interessado em


obter novos conhecimentos.

UNIDADE 1 53
Tecnologias Educacionais

5. Em termos de formação docente, com a utilização de novas tecnologias da


informação e comunicação, é correto afirmar que:

a) é interessante que a inclusão digital seja implementada como elemento curricular na


preparação do professor.

b) a capacitação docente deve visar a especialização plena dos professores em


determinadas ferramentas computacionais.

c) a abordagem mais indicada para se trabalhar a formação de professores no Brasil é


a instrumentalização.

d) sugere-se a manutenção de estudos sobre a atuação do professor como um


transmissor de informações na escola.

6. Qual das atividades abaixo contribuiria mais para a geração de novos conhecimentos
pelos alunos, no ambiente escolar, com o auxílio da tecnologia?

a) A aquisição de novos equipamentos.

b) A realização de diversos tutoriais sobre assuntos variados, utilizando para isso


softwares educacionais especializados.

c) A produção de pequenos vídeos relacionados com situações cotidianas e sua


posterior publicação na internet.

d) A leitura de textos didáticos.

54 UNIDADE 1
7. O modelo de ação pedagógica atualmente vigente irá enfrentar muitas dificuldades,
dentre as quais podemos citar:

a) A legislação educacional brasileira.

b) O trato comportamental da disciplina entre os alunos.

c) O baixo número de alunos nas salas de aula.

d) As dificuldades financeiras das famílias dos alunos.

8. Marque a opção abaixo que apresenta um dos motivos para alguns educadores
entenderem como problemática a relação existente entre a escola e os meios de
comunicação:

a) O custo elevado para aquisição dos equipamentos modernos de comunicação.

b) A pouca variedade de meios de transmissão da informação pelos canais de


comunicação.

c) O conceito de que o aprendizado não deve ser exclusividade da escola.

d) A ideia de que os meios de comunicação geram profundos efeitos sobre a escola.

UNIDADE 1 55
Tecnologias Educacionais

9. A internet pode ser utilizada de variadas maneiras no contexto escolar para


promover a geração de conhecimentos pelos alunos, contando sempre com o apoio
dos professores que, neste sentido, devem atuar mais como facilitadores do que
como transmissores de informações.

Neste sentido, marque a opção abaixo que não apresenta uma forma de utilização
da internet como recurso educativo:

a) Fonte de informações, sejam elas confiáveis ou não.

b) Comunicação direcionada, isto é, de apenas uma via.

c) Objeto de estudo e análise dos efeitos sociais próprios das tecnologias.

d) Instrumento para materialização de projetos.

10. Sabendo que a utilização da internet oferece vários riscos, analise as afirmações
abaixo e marque aquela que apresenta uma informação verdadeira:

a) A responsabilidade exclusiva para que não aconteça o plágio é do aluno.

b) Por ser de alcance mundial, todas as informações veiculadas na internet são confiáveis.

c) Apesar de auxiliar o aprendizado, o uso da internet pode atrapalhar o rendimento


dos alunos.

d) O tempo gasto com jogos on-line não é capaz de impactar na rotina dos alunos.

56 UNIDADE 1
UNIDADE 2
O Papel do Professor na Sociedade do Conhecimento.

UNIDADE 2 57
MÓDULO 1

Mudanças sociais e e desenvolvimento de conhecimentos,


educacionais: o fazer devemos repensar como ocorrem os

e o compreender processos educacionais na sociedade,


em especial aqueles diretamente rela-
cionados com os processos de aprendi-
Todas as vezes que ouvimos a palavra zagem e com a formação de profissionais.
“mudança” sentimos certo medo do que
irá acontecer. Entretanto, esta palavra Apesar de mudanças estarem aconte-
reflete bem o tempo em que vivemos: cendo a todo o momento, na área de
uma era cheia de alterações, onde tudo educação normalmente elas são mais
muda o tempo todo. Assim como ocorrem lentas e demandam maior tempo para
mudanças na vida das pessoas, os meios serem aplicadas. Mesmo em países onde
de produção também tem que se adaptar existem consideráveis avanços tecno-
às demandas dos consumidores atuais, lógicos, a mudança do ponto de vista
onde a produção em massa vem sendo pedagógico é pequena, às vezes inexiste.
lentamente substituída pela produção sob As ideias de mudanças são até apresen-
demanda e personalizada. Todas essas tadas e discutidas, mas acabam ficando
mudanças geram alterações profundas no nível do desejo e não da execução.
em praticamente todos os segmentos da
nossa sociedade, interferindo na nossa Um questionamento interessante que
maneira de pensar e de agir. podemos fazer é como as mudanças que
estão diariamente acontecendo na nossa
Diversos estudiosos afirmam que sociedade afetam a educação, inclusive no
estamos vivendo na chamada “sociedade seu aspecto pedagógico. Muitas escolas
do conhecimento”, onde determinados e pessoas buscam realizar a transição de
itens tradicionais de produção como o uma educação baseada na transmissão
trabalho, a matéria-prima e o capital, da informação para aquela em que o
possuem um papel secundário. O conhe- aluno seja capaz de realizar atividades e
cimento é que assumiu um papel de construir o seu conhecimento apoiado
destaque na sociedade moderna, sendo por ambientes de aprendizagem, sejam
amplamente valorizado, em especial eles físicos ou virtuais. Porém, são
pelas organizações. Neste sentido e poucas aquelas escolas e pessoas que
considerando as formas de obtenção efetivamente estão conseguindo realizar

UNIDADE 2 59
Tecnologias Educacionais

As mudanças na educação
com sucesso esta transição. É fato que
a escola precisa passar por ajustes e Assim como ocorre em outras áreas,
melhorias para se adequar aos novos a educação é um serviço que deve,
tempos e às demandas dos novos alunos. na medida do possível, se adequar às
O que é discutível (e essa discussão deve normas existentes na sociedade onde
ser amplamente realizada por todos os é oferecido. Sendo assim, ela enfrenta
envolvidos, escola, alunos, professores, as mesmas transformações que outros
pais e sociedade em geral) é qual a segmentos da sociedade passam.
profundidade desta mudança e como os
novos meios de aprendizagem podem Com o surgimento dos sistemas de
auxiliar os envolvidos na obtenção de produção em massa, a educação também
conhecimentos. teve que se adequar para alcançar um
público maior de pessoas em um tempo
As mudanças na educação passam menor. Para que isso fosse possível,
diretamente pela melhor qualificação foi adotada a ideia de “empurrar” a
oferecida aos professores. É importante informação para o aluno. Fazendo uma
que eles saibam criar situações onde o comparação com o modelo de produção
aluno deverá desenvolver o seu raciocínio Fordista, a escola era vista como uma
para obter a informação necessária para linha de montagem, onde os alunos
resolver o problema apresentado, e eram os produtos que estavam sendo
não apenas mostrá-lo a forma de fazer “montados” (ou educados) e os profes-
isso. Apenas a posse da informação não sores eram os “montadores”, isto é, os
significa o domínio do conhecimento, funcionários responsáveis pela adição de
pois este exige além do processamento informação aos “produtos”. Existia ainda
de informações diversas, a aplicação das uma estrutura de controle do processo
informações processadas na resolução de “produção” dos alunos, composta por
de situações e análise dos resultados diretores e supervisores que verificavam
alcançados. Este tipo de atuação exigirá se a produção estava sendo executada
do aluno o entendimento do que ele está de maneira a alcançar os objetivos da
fazendo para saber tomar as decisões organização (neste caso, referindo-se
mais adequadas perante cada problema a métodos, currículos e disciplinas). Se
apresentado. A educação deve, pensarmos bem, até hoje a educação
portanto, se basear no fazer que leva praticada em muitas escolas funciona
ao compreender, e não na execução de desta maneira, se preocupando apenas
tarefas para sempre obter um resultado em repassar as informações para os alunos
igual ao encontrado no final do livro ou e não valorizando o fazer individual que
apostila. efetivamente gera conhecimentos.

60 UNIDADE 2
Ao analisarmos a organização dos controlar a produção ao invés de agregar
currículos, podemos entender que valor ao “produto” que está sendo
ela é feita com base no paradigma da montado.
produção em massa. Os conteúdos
considerados mais complexos são É importante ressaltarmos que esta
divididos, categorizados, hierarquizados educação em massa foi fundamental
e ministrados em ordem crescente de para que a sociedade passasse de uma
complexidade, dentro de um prazo educação artesanal e restrita a poucas
determinado. O professor deve, pessoas para um modelo mais acessível
portanto, cumprir o que lhe é solicitado e democratizado. Entretanto, diante
e certificar-se que o conteúdo está sendo das mudanças recentemente ocorridas
passado para os alunos de forma objetiva na sociedade, ela tem se mostrado
e equivalente. As provas são o meio ineficiente, disponibilizando ao mercado
mais comum utilizado pelos professores um profissional com pouca qualidade e
para realizarem esta certificação de que não consegue atuar plenamente na
“aprendizagem”. Encerrando este sociedade do conhecimento.
processo, espera-se que o aluno seja
capaz de assimilar diversas informações
fragmentadas e transformá-las em
conhecimento para auxiliar na resolução
de problemas do mundo real.

Esta educação feita com base no


paradigma de produção em massa tem
sofrido muitas críticas e dificilmente
conseguirá se sustentar no mundo
complexo e com limitação de recursos que
vivemos atualmente. Ela praticamente
não aproveita o principal potencial das
pessoas, que é a sua capacidade de
pensar e criar. Além disso, não se investe
nas pessoas que estão na “linha de
produção”, pois elas apenas executam
o que foi determinado e não necessitam
pensar, e nem se investe nos recursos
humanos responsáveis pela formação
das pessoas, cuja função primordial é

UNIDADE 2 61
Tecnologias Educacionais

Diversas propostas de uma nova Para que o aluno seja crítico, se envolva
pedagogia têm sido apresentadas e participe de atividades diversas
paralelamente às mudanças na na sociedade em que vive, assuma
sociedade, mas a maioria delas ainda se responsabilidades e desenvolva novas
mantém fiel à ideia de transmissão de habilidades, é fundamental que ele
informações por meio da estrutura de compreenda o que está fazendo e não
disciplinas e conteúdos padronizados. seja apenas um executor de tarefas
Além disso, muitas ideias não incorporam propostas. Considerando o ponto de
o uso das tecnologias da informática e vista pedagógico, o que deve nortear a
comunicação como um recurso auxiliar na mudança na educação é a passagem do
criação de ambientes de aprendizado que fazer para o compreender, de acordo
enfatizem a construção do conhecimento com a visão piagetiana. Neste contexto,
pelos envolvidos. o fazer se torna menos relevante e o que
importa é a habilidade de compreender
Para que a educação esteja adequada determinada situação, ser capaz de
ao ambiente vivenciado na sociedade tomar decisões e criar novas soluções
moderna, o ideal é que a escola seja capaz para os problemas apresentados.
de equilibrar e atender as demandas dos
alunos. Os professores, em conjunto Piaget observou que há uma diferença
com os maiores interessados, os alunos, entre o fazer com sucesso e o
devem possuir responsabilidade e compreender o que foi feito. Muitos
autonomia para definir o que será processos educacionais utilizados
abordado nas aulas e como isso será atualmente se restringem a solicitar que
executado. O aluno deve apresentar o aluno desenvolva atividades, as quais
uma postura mais crítica, utilizando podem ser feitas com sucesso ou não.
constantemente a reflexão para que seja Entretanto, pode acontecer de o aluno
possível alcançar níveis mais sofisticados ter sido bem sucedido na tarefa, mas não
de ações e ideias. É importante que eles compreender o que foi feito.
também sejam capazes de trabalhar em
equipe e desenvolvam, ao longo de sua Neste sentido, o importante não é mais o
formação, uma rede de pessoas que fazer e o chegar a uma resposta, mas sim
os auxiliem na análise e resolução de a interação com o que está sendo feito,
problemas complexos. Em relação ao permitindo as transformações dos
conteúdo, é fundamental que não ocorra esquemas mentais dos envolvidos. Para
sua fragmentação em partes muito auxiliar neste processo, as atividades e
pequenas e descontextualizadas da objetos devem ser estimulantes para que
realidade experimentada pelos alunos. o aluno esteja envolvido com o que faz.

62 UNIDADE 2
Além disso, devem possibilitar diversas Em relação ao novo papel do professor, é
oportunidades, permitindo ao aluno necessário repensá-lo de maneira ampla,
explorá-las e auxiliando o professor a considerando não apenas o seu desem-
desafiar os alunos, incrementando a penho junto à classe, mas também em
qualidade das interações realizadas. relação ao currículo e ao contexto escolar.
A mudança necessária nos professores
envolve um aspecto muito mais abran-
Curiosidade: gente, o da mudança escolar. Esta sim
Em lugar de comunicar-se, o deve abranger todos os envolvidos no
educador faz ‘comunicados’ e
processo educativo (professores, alunos,
depósitos que os educandos,
meras incidências, recebem
diretores e comunidade) e contar com
pacientemente, memorizam e repetem. o suporte de especialistas externos,
Eis a concepção ‘bancária’ da educação, quando for necessário, para o desen-
em que a única margem de ação que se volvimento da forma mais adequada de
oferece aos educandos é a de receberem
atuação da escola.
os depósitos, guardá-los e arquivá-los.
(Paulo Freire, 1981, p. 66)
Dentre as mudanças necessárias para
a introdução de melhorias na escola,
uma que podemos considerar como
As mudanças na escola
fundamental é o resgate do espaço escolar
Você já deve ter notado que um como ambiente educativo, situação que
dos maiores desafios educacionais se perdeu nos últimos tempos. A escola
a ser enfrentado é a implantação hoje não é mais vista como referência de
de mudanças na escola, capazes de qualidade, como acontecia antigamente.
adequá-la às exigências da sociedade Isso se deve, em partes, por causa do
do conhecimento. Porém, a escola é um processo tradicional de ensino, onde
espaço complexo, que envolve diversos os alunos obtêm a mesma informação
fatores além dos professores e alunos, o por meio da palavra oral, é necessária a
que faz com que a implantação de novas presença do professor e dos alunos no
ideias não seja uma tarefa fácil e rápida. mesmo espaço físico e os horários de
Além disso, para que as mudanças sejam aulas são rígidos.
efetivas e duradouras, elas devem ser
acompanhadas de maior autonomia Se quisermos uma escola que estimule
para a tomada de decisões, alteração de o compreender de seus alunos, a
currículos, desenvolvimento de propostas questão do tempo e do espaço deveria
de trabalho em equipe e utilização de ser revista. Cada aluno pode estar
novas tecnologias de informação. desempenhando uma atividade, que

UNIDADE 2 63
Tecnologias Educacionais

pode estar acontecendo em níveis e O objetivo é a memorização do conteúdo,


tempos diferentes. Com o apoio da desprezando-se, na maioria dos casos,
tecnologia da informação, a colaboração o desenvolvimento de habilidades que
entre os alunos pode ser fomentada e possibilitarão efetivo uso deste conteúdo
fortalecida, a partir do desenvolvimento em problemas reais.
de atividades intelectuais em um
mesmo tempo, mas em locais/espaços Uma evolução deste paradigma seria
diferentes. Nesta nova concepção, a trabalhar o conhecimento como algo
escola funcionaria como um espaço onde a ser construído e contextualizado. A
alunos e especialistas se encontram com construção seria realizada tendo como
o objetivo de compartilhar, esclarecer, base o desenvolvimento concreto de
refletir e depurar ideias, transformando as determinada ação que gera um produto
informações obtidas em conhecimento. palpável (um objeto, um artigo) e que
possua interesse pessoal de quem o
Em relação à sala de aula, é importante produza, aumentando assim o interesse
pensarmos em como oferecer novas em participar do processo construtivo.
experiências de ensino e aprendizagem A contextualização deveria considerar o
que efetivamente proporcionem conhe- relacionamento entre o produto gerado
cimentos relevantes aos envolvidos, e a realidade da pessoa ou da localização
em especial para os alunos. A sala não em que ele será utilizado. Sendo assim,
deveria ser mais centrada no número de o currículo deve ser construído conjun-
cadeiras para alocar todos os alunos da tamente pelo professor e pelos alunos,
turma, mas sim fornecer um ambiente servindo de referência para a execução
contextualizado no aluno e no problema de atividades que permitam aos alunos
a ser estudado e resolvido. É funda- efetivamente fazer, isto é, “colocar a
mental que a sala de aula seja estendida mão na massa”, para assim processarem
para outros ambientes fora da escola, as informações e gerarem os conheci-
possibilitando novas interações entre os mentos necessários para cada situação
alunos e a realidade que os cerca. onde necessitem de apoio para a tomada
de decisões e resolução de problemas.
O currículo desta “nova” escola deverá
ser flexível e adaptável às necessidades e E qual é o papel do professor com essas
características dos alunos e do contexto mudanças na educação e na escola? Em
social. No chamado “ensino tradicional”, o princípio, ele deve deixar de ser aquela
conteúdo a ser trabalhado é determinado pessoa responsável por entregar toda a
pelo currículo e não pelos participantes informação para os alunos e atuar mais
do processo de ensino e aprendizagem. como um facilitador, isto é, um consultor

64 UNIDADE 2
do aluno no processo de resolução de imprescindível que o professor conheça
problemas. Tenha em mente que essa seus alunos, incentivando em cada um a
“consultoria” também deve possuir crítica e a reflexão e permitindo que eles
momentos para ocorrer a transmissão identifiquem seus próprios problemas
direta de informações para os alunos. na formação e busquem soluções para
Entretanto, o seu foco deve ser o de resolvê-los.
propiciar ao aluno a possibilidade
de processar a grande quantidade O professor deve, ainda, desempenhar
de informações que ele recebe em um papel de desafiador, despertando
conhecimento aplicável à sua vida e a e mantendo vivo o interesse dos alunos
seus interesses. pelas situações trabalhadas nas aulas.
Caberá a ele também o incentivo às
Outro papel do professor consiste relações sociais, fazendo com que os
em incentivar o processo de melhoria alunos aprendam uns com os outros e
contínua dos alunos, tendo consciência saibam trabalhar em grupo gerando
de que a construção plena do resultados compartilhados por todos.
conhecimento só é alcançada com muita
depuração do conhecimento que o aluno Podemos entender que este novo papel
já possui. Para que isso seja possível, é do professor não será de fácil execução,
ainda mais se considerarmos que ele
deverá trabalhar entre extremos, ou seja,
por um lado transmitir informações e, por
outro, deixar o aluno buscar seu próprio
desenvolvimento. Atuar nos extremos
é ineficiente enquanto abordagem
educacional. Por isso, o grande desafio
do professor neste novo ambiente educa-
cional é identificar onde se posicionar em
cada situação e em qual momento isso
deve acontecer. Não existe uma receita
para que o professor possa seguir e atuar
com plenitude neste novo ambiente de
aprendizagem, mas ele deve realizar um
questionamento constante sobre os resul-
tados do trabalho com o aluno para, em
seguida, identificar melhorias possíveis e
aprimorar a sua atuação.

UNIDADE 2 65
Tecnologias Educacionais

Neste novo contexto da educação, o suas ideias e ações possa continuar sem
papel do aluno também deve ser repen- estar vinculado a um professor ou a um
sado. Ele deve estar frequentemente ambiente do sistema educacional.
interessado na melhoria de suas ideias
e habilidades, demandando sempre Em relação à gestão escolar, serão
que possível do sistema educacional a necessárias mudanças nos controles
geração de situações que possibilitam administrativos, substituindo a
esse aprimoramento. De maneira obje- centralização por modos mais flexíveis
tiva, o aluno deve ser ativo, procurar de gerenciamento. O trabalho dos
novas informações e novas formas de professores necessitará de maior
resolver as situações e problemas que autonomia, fazendo com que ele seja
enfrenta. Ele deve ser capaz de assumir também ator ativo de todo o processo
novas responsabilidades e de tomar deci- educativo. O trabalho docente não mais
sões visando a resolução de problemas poderá ser concebido isoladamente, mas
complexos que não podem ser solucio- sim a partir de proposições abrangentes
nados de maneira fragmentada. Por fim, que extrapolam os limites da sala de aula
o aluno deve desenvolver atuais e novas ou de uma disciplina específica.
habilidades, como possuir autonomia,
saber pensar e aprender a aprender, Dentre todas as mudanças apresentadas,
de maneira que o aprimoramento de as novas tecnologias da informação e

66 UNIDADE 2
da comunicação possuem um papel educacional é complexa e seus desafios
central neste novo ambiente de ensino são muito abrangentes, motivos pelos
e aprendizagem. A informática, em quais devemos abrir mão de todas
especial, deve ser utilizada como base as ferramentas, métodos e técnicas
de sustentação para a realização de uma possíveis para que não tenhamos que nos
pedagogia que possibilite a formação dos contentar em trabalhar em um ambiente
alunos com amplo desenvolvimento de atrasado, obsoleto e desalinhado com o
habilidades fundamentais na sociedade que a sociedade atual espera.
do conhecimento. É importante salientar
que apenas a inclusão da informática
na escola não corresponde à mudança
esperada no ambiente educacional. A
realização de tarefas no computador pelo
aluno não necessariamente indica que ele
compreendeu o que fez. O professor deve
cuidar para que o foco esteja na interação
entre o aluno e o objeto, de maneira
que ela se desenvolva com qualidade e
proporcionando aos envolvidos o efetivo
aprendizado e geração de conhecimento.
Todos devem ter o entendimento de que
a tecnologia não é o objeto que leva ao
entendimento, isto é, não é o computador
ou o equipamento tecnológico que
possibilita ao aluno compreender ou não
determinado conceito. A compreensão é
fruto de como o computador é utilizado
e de como o aluno está sendo desafiado
na tarefa de uso desse recurso.

Finalmente, a mudança pedagógica


que necessitamos para alinhar nossos
alunos ao que demanda a sociedade do
conhecimento não acontecerá de forma
mágica, com uma solução apenas ou
com a compra de equipamentos caros e
sofisticados. Esta alteração no ambiente

UNIDADE 2 67
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 2

As novas tecnologias entre a escola, seus professores e alunos.


e os desafios atuais Considerando especificamente a atuação

para a prática docente do professor, existem diversos recursos


tecnológicos que contribuem para a
inovação do trabalho diário em sala de
Na seção anterior abordamos a neces- aula. Entretanto, é ilusão acreditarmos
sidade de mudanças na educação, que a tecnologia será capaz de trazer
notadamente no ambiente educacional vantagens mesmo quando utilizada
como um todo. Além disso, analisamos a indevidamente. Em relação ao plano
importância do fazer e do compreender didático, a utilização de recursos tecno-
para os alunos, possibilitando que real- lógicos envolve a necessidade de revisão
mente ocorra geração de conhecimento de conteúdos, práticas e metodologias
no processo de ensino e aprendizagem. coerentes com as potencialidades dos
equipamentos digitais.
Neste contexto, diversos autores e
estudiosos acreditavam que a simples O professor precisa dominar o conhe-
utilização da tecnologia poderia resolver cimento requerido para a prática diária
todos os problemas da educação. O fato de sua atuação. Se considerarmos que o
é que a tecnologia, por si só, não é capaz mundo em que vivemos está em constante
de transformar a educação e incrementar evolução e passa por diversas mudanças,
o aprendizado dos alunos e a atuação dos para que isso vire realidade, o professor
professores. Ela deve ser encarada como precisa buscar com frequência a obtenção
o meio e não como o final do processo, de novos conhecimentos por meio de
isto é, ela é apenas uma ferramenta que uma formação continuada ao longo de
poderá auxiliar os envolvidos com a toda a sua carreira profissional. O domínio
educação a obterem melhorias na quali- destes novos conhecimentos que podem
dade do ensino praticado nas escolas. ser aplicados à prática docente permitirá
ao professor atuar como sujeito do saber,
A inserção de novas tecnologias na escola auxiliando os educandos no seu desenvol-
pode contribuir também para melhorar vimento e aprendizagem. Freire (2002, p.
as condições de acesso à informação 25) afirma que “ensinar não é transmitir
pelas pessoas, reduzir limitações de conhecimento, mas criar possibilidades
tempo e espaço e agilizar a comunicação para sua produção ou sua construção”.

68 UNIDADE 2
Quando falamos de formação docente, é A prática docente necessita de
importante considerar além dos conhe- conhecimentos particulares da profissão
cimentos da formação os conhecimentos em virtude da especificidade da ação a
obtidos com a prática escolar. É na escola ser desenvolvida. Sendo assim, a aula em
onde os problemas e dificuldades são si demanda habilidades e conhecimentos
realmente apresentados ao professor, específicos que possibilitem ao professor
permitindo a ele experimentar, construir compreender a natureza da prática
e reconstruir metodologias e produzir pedagógica, refletindo sobre ela e sobre
alternativas com o intuito de promover a problemática que lhe é inerente.
o aprendizado de seus alunos. Para uma
prática adequada e coerente, são impor- Freire (2002) afirma que o momento
tantes não apenas os saberes adquiridos crucial na formação contínua de profes-
no decorrer da carreira, mas também sores é o da reflexão crítica sobre a
o saber disciplinar, sem o qual não é prática, pois a partir da análise da prática
possível efetivar a atividade de produção de hoje ou de ontem é possível melhorar
do conhecimento. a próxima prática. É de extrema impor-
tância que todo professor utilize um
E como o pensamento do docente é momento para realizar esta crítica sobre
construído? Uma das respostas mais sua prática, independente se ela ocorre
aceitas para este questionamento afirma com o apoio de recursos tecnológicos.
que essa construção acontece com base
nas experiências individuais e nas trocas
e interações com seus pares. A partir
daí, entende-se que o conhecimento é
produzido tanto na própria experiência
docente como no intercâmbio vivido
entre os professores, tendo como base
os conhecimentos obtidos na formação
e na própria experiência profissional
e pessoal. Desta maneira, podemos
compreender como as práticas educa-
tivas não são fatos isolados uns dos
outros, possuindo conexões que
nortearão todo o processo de aquisição
e processamento de informações e
geração de conhecimento.

UNIDADE 2 69
Tecnologias Educacionais

Reflexões sobre as práticas docentes


distintivas. Podemos compreender então
Hoje, nada pode garantir um bom que na docência existe subentendida
desempenho da prática docente caso uma proporção da ação pedagógica
o professor não tenha consciência da que atua silenciosamente. Isso é possível
necessidade de se dedicar ao fazer identificar quando, ao interrogarmos
pedagógico, que o levará a experimentar o professor sobre os motivos para
outro tipo de comportamento diante desenvolver sua prática de determinada
dos objetos de ensino. Além disso, é maneira e para enfrentar situações
importante que o professor se desprenda específicas no cotidiano do trabalho, o
um pouco de suas crenças, mantendo mesmo apresenta uma resposta ligada
a mente aberta para experimentar diretamente às suas crenças e à realidade
novas formas de atuação. O fato é que em que atua, não embasando sua atuação
essas crenças, muitas vezes, não estão em um procedimento metodológico mais
mais condizentes com a realidade adequado para cada situação.
experimentada pelo professor atual, pois
foram adquiridas antes mesmo dele ter Bordieu (2007) ainda afirma que pelo fato
se tornado professor, em muitos casos de os professores criarem o seu próprio
quando ele ainda era aluno. São visões espaço social na forma de uma realidade
emocionais e pessoais que se articulam invisível, a qual não podemos tocar nem
como um sistema hierárquico de mostrar e que organiza as suas práticas,
entendimento sobre o que é verdadeiro é relativamente difícil alterar o conteúdo
no processo de ensino e aprendizagem. da prática pedagógica nos docentes em
um curto espaço de tempo.
Essas convicções e crenças são fortale-
cidas com o passar do tempo, na medida E como é possível tentarmos analisar as
em que diversas experiências vão sendo convicções profissionais dos docentes?
transpostas pelo docente, em especial Uma das formas é fazer com que o
aquelas que produzem resultados posi- próprio professor reflita sobre o trabalho
tivos. Portanto, ao assumir a docência desenvolvido em sua prática diária, pois
como parte da sua rotina e como assim a identidade docente é definida e
seu trabalho, o professor traz alguns construída, tendo como base os objetivos
elementos capazes de interferir na sua educacionais e a autonomia profissional.
prática, seja positiva ou negativamente.
A prática educativa não pode ser
No entendimento de Bourdieu (2007), os entendida como uma ação derivada
hábitos são os principais responsáveis pela apenas de um conhecimento prévio,
geração e utilização de práticas distintas e como acontece em determinadas

70 UNIDADE 2
Reflexões sobre as novas tecnologias
áreas das engenharias. Na verdade, a
e a prática docente
prática é uma atividade capaz de gerar
cultura intelectual em paralelo com sua A inserção de recursos tecnológicos no
existência. Ao desenvolver sua prática, ambiente escolar não está restrita apenas
o docente realiza reflexões sobre o seu ao uso de determinados equipamentos,
trabalho e sua atuação, confrontando-os tais como computadores e projetores, pois
com os problemas da sala de aula. esta evolução tecnológica proporciona
Neste momento, ele procura utilizar mudanças também no comportamento dos
os diversos conhecimentos adquiridos docentes. O uso desses recursos tecnológi-
anteriormente, elaborando-os de cos na prática pedagógica sem o preparo
maneira criativa para enfrentar os adequado dos docentes pode causar um
problemas identificados na sala de aula. forte choque cultural, gerando inclusive
resistência e boicote ao uso da tecnologia.
Neste sentido, Azzi (1999) afirma
que o docente, considerando a Alonso (2008) afirma que quando
heterogeneidade de seu trabalho, sempre ocorrem mudanças no ambiente escolar,
irá encontrar situações complexas para a situação dos professores pode ser
as quais deverá identificar respostas. A comparada com a de um grupo de atores
capacidade do professor em encontrar que vestem trajes para determinada
respostas criativas ou repetitivas está na apresentação, mas que sem nenhum
sua habilidade de leitura da realidade aviso prévio precisam alterá-las em
e do contexto em que se encontra, virtude da mudança nos cenários e nas
pois isso certamente terá condições de falas dos personagens. Se pensarmos
dificultar ou facilitar a sua prática. bem, é isso que realmente acontece com
um professor quando, de repente, sem
Veja que diversas situações podem surgir nenhum tipo de aviso ou preparação, ele
na prática diária em sala de aula. É funda- é informado de que suas aulas deverão ser
mental que o professor entenda que trabalhadas com recursos tecnológicos.
estas situações devem ser analisadas,
entendidas e servirem de base para uma Lembre-se que a importância do professor
reflexão mais abrangente sobre a sua como mediador da aprendizagem não
atuação. É a partir da busca e desenvol- é e nem deve ser diminuída por causa
vimento de soluções para essas situações da inclusão de novas tecnologias no
que o docente conseguirá desenvolver ambiente escolar. Muito pelo contrário,
inúmeras habilidades capazes de auxi- pois dependendo do ponto de vista que
liá-lo a cumprir as exigências que a analisamos esta situação, ele passa a ser o
prática pedagógica lhe impõe. elemento principal neste novo ambiente.

UNIDADE 2 71
Tecnologias Educacionais

As melhorias na prática docente comportamento tanto dos docentes


podem ser constatadas não pela como no dos alunos, contribuindo assim
utilização simples e pura destes recursos para ampliar e aprofundar os conteúdos
tecnológicos no cotidiano escolar, mas a estudados e facilitar o desenvolvimento
partir do momento em que esses recursos de novas habilidades.
passem a modificar significativamente o
entendimento do professor diante de sua Entretanto, esta mudança de
prática, suas concepções de educação e comportamento será possível apenas
seus modelos de ensino e aprendizagem. quando o professor se apropriar
efetivamente dos recursos tecnológicos
Para Kenski (2008), as tecnologias e entendê-los como um fator agregador
devem ser utilizadas como auxiliares no à sua prática, e não como uma solução
processo educativo, e não como atores mágica de resolução de problemas
principais deste ambiente. As mudanças educacionais. O professor deve ser o
na educação vêm acontecendo não responsável por fazer da tecnologia
apenas pela inserção de computadores um apoio significativo e importante
e internet nas aulas, mas principalmente para modificação da prática docente,
pela necessidade de adaptação da promovendo e dinamizando o ensino
prática docente moderna às demandas e a aprendizagem. Nas basta apenas
dos alunos. O professor deve buscar utilizar os recursos tecnológicos, é
sua atuação nesta nova realidade como necessário inseri-los corretamente à
um mediador que auxilia os alunos na prática pedagógica, identificando em
obtenção e desenvolvimento autônomo cada situação qual a melhor tecnologia a
de conhecimentos, utilizando as ser empregada.
tecnologias como um suporte para a
obtenção de resultados positivos. Assim como estudamos na seção
anterior sobre o fazer e o compreender,
A mudança gerada pelo desenvolvimento o aprendizado é maior quando o
da tecnologia educacional altera aluno vivencia e experimenta cada
profundamente a forma como os situação. Sendo assim, é importante
alunos aprendem, sendo que o uso que os conteúdos trabalhados com
de ferramentas computacionais pelo o apoio da tecnologia permitam o
professor pode auxiliar na melhoria efetivo desenvolvimento por parte dos
de todo o processo de ensino e alunos, gerando interesse e motivação.
aprendizagem. Quando utilizados Lembre-se, o professor deve mediar o
adequadamente, esses recursos são aprendizado dos alunos, deixando de
capazes de provocar alterações no ocupar o papel central para que o próprio

72 UNIDADE 2
aluno seja capaz de descobrir a melhor menor profundidade os conhecimentos
maneira de resolver seus problemas. A da sua área de atuação. Pelo contrário,
atuação do docente deve, portanto, ser com as diversas possibilidades abertas
focada na mediação e no apoio ao aluno pela tecnologia, o docente deverá
para que ele encontre o seu melhor ampliar seus conhecimentos específicos
caminho de aprendizagem. vinculando-os com as outras áreas do
saber. Desta maneira, a sua mediação no
Por fim, a utilização de recursos processo de aprendizagem dos alunos
tecnológicos na prática pedagógica não será mais abrangente e efetiva, com
indica que o docente precise dominar em contribuições mais valiosas e importantes.

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 2 73
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 3

A utilização da alunos tenham acesso aos conhecimentos


informática na sala de básicos sobre o computador, poderiam
ser realizadas aulas iniciais objetivando
aula
trabalhar os seguintes conteúdos:

Tendo como base toda a discussão feita • O funcionamento do computador;


nas seções anteriores, podemos entender
que é realmente necessária uma mudança • Componentes internos e externos;
na maneira de ensinar e aprender, em
especial quando o ambiente dispõe de • Instalação e configuração de
recursos tecnológicos capazes de auxiliar hardware e software;
professores e alunos a desenvolverem
habilidades diversificadas. É importante • Editores de texto, planilhas eletrô-
destacar também que a apropriação nicas e software de apresentação;
de conhecimentos sobre os recursos
tecnológicos pelos alunos não deve ficar • Utilização básica da internet;
apenas na operacionalização básica dos
equipamentos. • Noções básicas de programação.

Neste contexto, esta seção busca Em conjunto com o estudo desses


apresentar algumas sugestões para conteúdos básicos, é necessário que
o trabalho com a informática e seus os alunos obtenham conhecimentos
recursos na sala de aula. Vale lembrar sobre as tecnologias que auxiliarão
que se trata apenas de sugestões e que sua prática pedagógica, possibilitando
elas devem ser adaptadas da maneira uma formação com visão crítica sobre a
mais coerente possível com o ambiente utilização de recursos informatizados. A
onde a tecnologia será empregada. utilização desses recursos pelo professor
deve ser baseada em algum objetivo
Da mesma forma que alguns alunos prévio, isto é, os aspectos técnicos
entram na escola com conhecimentos também passam a compor a disciplina de
prévios sobre computadores, outros maneira subliminar e não como objetivo
alunos não possuem este domínio. Como único da disciplina.
é de fundamental importância que estes

74 UNIDADE 2
Entretanto, como produzir conhecimento • As mudanças ocorridas na
sobre estas tecnologias em turmas hete- sociedade a partir da adoção destas
rogêneas? Uma sugestão é a criação de novas tecnologias.
ambientes que favoreçam o trabalho em
equipe, pois os trabalhos realizados em Estes e outros aspectos possuem
grupo tendem a auxiliar mais fortemente tamanha importância que as instituições
a construção do conhecimento. Assim, o de ensino não devem deixar de
aluno que apresenta maior domínio dos abordá-los juntamente com os alunos.
recursos tecnológicos pode ter a opor- A informática precisa ser pensada e
tunidade de compartilhar os seus conhe- entendida como um recurso pedagógico
cimentos com aqueles que ainda não o capaz de proporcionar melhorias na
possuem. Uma forma de se verificar qual eficiência das disciplinas curriculares e
o nível de domínio da tecnologia que não curriculares, sendo os professores os
cada aluno apresenta é a realização de principais responsáveis pela realização
dinâmicas de trabalho logo no início das desta análise. Como exemplo, pense
aulas da disciplina ou quando os conheci- o que pode mudar no aprendizado de
mentos técnicos forem necessários para línguas estrangeiras com a introdução
o estudo de determinado conteúdo. de computadores nas rotinas de ensino
e aprendizagem. Pense também como
Além do estudo sobre os recursos tecno- o ensino da Matemática pode ser mais
lógicos em si, é necessário que os alunos interativo e motivador com a utilização
também estudem e discutam as implica- de um software educacional.
ções das novas tecnologias na educação
e na sociedade. Alguns aspectos que É fundamental que os professores
podem ser trabalhados pelo docente: estejam preparados e dispostos para
realizar esta análise, pois as informações
• As implicações na educação, levantadas certamente contribuirão para
geradas pelas novas tecnologias da a sua construção intelectual e melhoria
informação e da comunicação; na prática docente de maneira geral.

• As mudanças realizadas em Outra atividade que pode ser


disciplinas curriculares em função do realizada pelos alunos é a avaliação de
uso de tecnologias; determinados softwares educacionais,
despertando assim o interesse pela
• O processo de capacitação dos utilização de recursos tecnológicos como
docentes em informática; apoiadores do ensino tradicional.

UNIDADE 2 75
Tecnologias Educacionais

É importante que o aluno obtenha Além destes itens, é fundamental


conhecimentos básicos sobre os vários que o professor constantemente
tipos de software que podem auxiliá-lo levante discussões sobre temas atuais
na obtenção de novos conhecimentos relacionados com as novas tecnologias
e reforço daqueles já apreendidos. Em da informação e comunicação. Como
termos práticos, o professor pode fazer exemplo, podemos citar a escolha do
uma divisão da turma em pequenos sistema operacional a ser utilizado pelos
grupos que ficarão responsáveis pela equipamentos participantes de um
análise de um software educacional e projeto piloto que visa a disponibilização
posterior apresentação do resultado do de recursos tecnológicos em todas as
trabalho. De maneira a auxiliar os alunos, escolas públicas do país. Ao fazer a
o professor pode elaborar uma ficha de indicação do sistema operacional, o edital
avaliação do software a ser utilizada por de licitação indica as seguintes opções
todos os grupos, padronizando assim o que serão analisadas pelos secretários
processo de análise do software. estaduais de educação:

Alguns aspectos éticos também devem • Windows;


ser discutidos com os alunos que irão
utilizar os recursos tecnológicos no • Windows e Linux;
ambiente de aprendizagem, tais como:
• Windows e outro sistema
• A pirataria de software e o direito operacional livre.
autoral;
Inicialmente, o conteúdo desta proposta
• A invasão de privacidade online; não agradou alguns deputados que
deveriam aprovar o orçamento do
• Invasão de computadores e roubo projeto, pois eles entenderam que o
de informações; edital (elaborado pelo MEC) dirige a
escolha para o sistema operacional
• A divulgação de informações Windows, pois em qualquer opção ele
impróprias; será escolhido. O argumento utilizado
pelo MEC, na ocasião, é o de que o
• A censura na internet; Windows é o sistema operacional mais
conhecido e utilizado pela maioria das
• A publicidade e a defesa do pessoas, e seria uma vantagem para os
consumidor na internet. alunos a sua escolha. Entretanto, foram
levantadas suspeitas sobre possíveis

76 UNIDADE 2
interesses financeiros e favorecimentos ao processo de ensino e aprendizagem,
ilícitos para aqueles responsáveis por o professor pode apresentar a forma de
este edital de licitação. funcionamento dos seguintes recursos:

Veja que este assunto pode gerar uma • Fóruns de discussão;


interessante e polêmica discussão
envolvendo questões éticas. Por • Salas de bate-papo;
isto, quanto mais a sociedade estiver
preparada para manifestar-se, mais justa • Correio eletrônico;
eticamente ela será.
• Redes sociais;
Um tema que deve ser bem abordado
junto aos alunos é sobre o uso da • Videoconferências.
internet para além de fonte de pesquisa,
isto é, quais outras possibilidades ela Estes recursos não devem passar
nos oferece para incrementarmos nosso despercebidos pelos alunos, pois têm
conhecimento. Focando no que a grande capacidade de auxiliar o professor
internet pode oferecer de interessante na sua prática diária. É de extrema

UNIDADE 2 77
Tecnologias Educacionais

importância que o professor também sobre os recursos tecnológicos utilizados


analise estes recursos e saiba como e promovendo interação entre todos
utilizá-los, atuando em seguida como um os envolvidos, onde cada um poderia
multiplicador perante os alunos. complementar o conhecimento do outro.
Este processo de participação poderia
Assim como a utilização da internet ser realizado de maneira gradual para
traz inúmeros benefícios, ela também não causar um forte impacto no início
apresenta algumas desvantagens que dos trabalhos.
devem ser consideradas pelo professor.
Muita informação não confiável Outra alternativa seria a criação de uma
disponível, excesso de propagandas lista ou fórum de discussão sobre os
e facilidade de dispersão são apenas assuntos abordados nas aulas, onde cada
alguns dos fatores que podem dificultar o aluno poderia participar e colaborar tanto
trabalho do professor que utiliza a internet para o desenvolvimento da disciplina
como apoio da sua prática educacional. quanto para a melhoria do seu próprio
O uso da internet, em especial na sala de entendimento.
aula ou em laboratório específico, deve
seguir regras, sendo papel do professor A realização de seminários sobre
a sua divulgação junto aos alunos. O informática na educação poderia
ambiente deve ser configurado para gerar motivação nos alunos para que
impedir o acesso dos usuários a sites entendam melhor como os recursos
inadequados para o público infanto- tecnológicos podem auxiliá-los no seu dia
juvenil que incluam conteúdos nocivos a dia de estudos. As apresentações dos
para o seu desenvolvimento emocional. seminários poderiam contar, inclusive,
com a participação dos próprios alunos,
Uma maneira de utilizar a internet relatando situações e casos de estudo
para além de fonte de pesquisa seria envolvendo a tecnologia de maneira
configurar e disponibilizar para os alunos e geral. Este tipo de ação deveria envolver
professores um ambiente informatizado, todo o corpo docente e, em uma escala
no qual todos pudessem manter contatos maior, toda a comunidade acadêmica,
fora do horário de aula. Para isso, poderia criando um espaço onde seja possível a
ser utilizado o correio eletrônico, grupos troca de ideias com o objetivo principal
de discussões e bate-papo. de identificar a forma mais adequada
de se trabalhar e aprender em harmonia
Esta alternativa é interessante e com os recursos tecnológicos.
relativamente fácil de ser aplicada,
proporcionando ao aluno aprendizado Mas atenção! Para que seja possível

78 UNIDADE 2
desenvolvermos todos estes aspectos • Como realizar a integração da
relacionados anteriormente, é Informática às outras disciplinas
fundamental que nossa proposta de curriculares para promover um
ensino em cada disciplina seja bem trabalho interdisciplinar?
definida e planejada com base nos
objetivos de aprendizagem da mesma, • Qual será o meu papel nas aulas
considerando os conteúdos a serem que envolvem utilização de recursos
estudados, a estratégia didática mais tecnológicos?
adequada para cada componente de
estudo, as formas de avaliação e a A discussão destes aspectos é muito
bibliografia disponível. válida, especialmente pela complexidade
apresentada e pela dificuldade de
Como o professor tem um papel central encontrarmos respostas para os diversos
para que a utilização da tecnologia pelos questionamentos. Além disso, devemos
alunos seja efetiva e traga resultados, considerar que o foco continua sendo
algumas questões fundamentais devem o aprendizado dos alunos, e isso
ser analisadas por ele: deve ocorrer independentemente do
funcionamento pleno da tecnologia
• Como irei oferecer acesso às adotada.
novas tecnologias da informação e
comunicação aos meus alunos? Considerando tudo o que foi abordado
nesta seção, fica evidente que para
• O que posso fazer em escolas introduzir mudanças estruturais no
sem infraestrutura de tecnologia sistema educacional é necessário muito
satisfatória? mais do que a simples instalação e
disponibilização de recursos tecnológicos
• Quais as opções disponíveis em nas salas de aula. Na realidade, é
relação ao uso do laboratório de fundamental que ocorra uma ampla
informática? reflexão sobre qual a melhor maneira de
se utilizar esses recursos de tecnologia da
• O que posso fazer, caso os meus informação e comunicação no ambiente
alunos não tenham acesso à internet? educacional, para que possamos alcançar
uma proposta realmente eficiente de
• Irei trabalhar em um ambiente práticas pedagógicas.
com computadores na sala de aula?
Quais serão as regras de uso?

UNIDADE 2 79
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 4

O perfil cognitivo do Sendo assim, o artigo disponibilizado


leitor em ambientes neste tópico, intitulado “A leitura na era
digital: o perfil cognitivo do leitor em
virtuais
tempos de cibercultura e a importância
da mediação leitora”, escrito pela autora
Conforme abordado nos tópicos e Keila de Quadros Schermack, apresenta
unidades anteriores, as mudanças na um estudo sobre o perfil do leitor imersivo
educação caminham para uma utilização (virtual), objetivando evidenciar que a
mais constante dos recursos tecnológicos era digital em que vivemos gera uma
como auxílio ao processo de ensino e nova forma de leitura, completamente
aprendizagem, não diminuindo o papel do diferente da leitura contemplativa
professor nem do aluno neste contexto. encontrada na linguagem impressa.

80 UNIDADE 2
A LEITURA NA ERA DIGITAL: O PERFIL
COGNITIVO DO LEITOR EM TEMPOS DE
CIBERCULTURA E A IMPORTÂNCIA DA
MEDIAÇÃO LEITORA
Keila de Quadros Schermack (UPF)

RESUMO da coletividade e as diversas “vozes”


presentes nos discursos.
O século XXI impõe novas formas de
acesso ao conhecimento para além da PALAVRAS-CHAVE: dialogismo;
palavra dita e escrita. A leitura encontra-se cibercultura; formação do leitor.
atrelada a essa evolução tecnológica, pois
a internet marca presença em todas as
áreas do conhecimento, constituindo-se INTRODUÇÃO
como uma ferramenta essencial, tanto
no processo de comunicação, quanto Após momentos históricos, nos quais a
na formação de leitores. A formação oralidade e, posteriormente, a escrita
de leitores no século XXI pressupõe um configuravam as bases do ensino,
perfil de leitor a ser considerado nesse instaurou-se a comunicação informati-
processo. Este estudo abordará o perfil zada (cibercultura), a qual gera alterações
cognitivo do leitor imersivo (virtual) em nas formas de emissão e recepção do
tempos de cibercultura, com o objetivo de conhecimento. Hoje temos jovens conec-
evidenciar que a era digital traz um modo tados a uma rede, dividindo um mesmo
inteiramente novo de ler, distinto do leitor hipertexto, fator que torna primordial a
contemplativo da linguagem impressa. valorização da inteligência coletiva.
Para isso, temos como fundamentação
teórica os estudos desenvolvidos por A era digital impõe novas formas
Bakhtin (2003) Lévy (2000), Ramal (2002) de acesso ao conhecimento para
e Santaella (2004), com apoio em Rosing além da palavra dita e escrita. Hoje
(1999/2010), Rettenmaier (2010) e conhecemos outro espaço de leitura e
Weschenfelder (2003). Os mediadores de escrita e um novo modo de lidar com
leitura precisam levar em conta os novos as letras, característico de um momento
atores da comunicação ao organizar denominado cibercultura, definido por
as atividades em prol da formação Lévy (2000) como: “o conjunto de técnicas
de leitores, valorizando a inteligência (materiais e intelectuais), de práticas, de

UNIDADE 2 81
Tecnologias Educacionais

atitudes, de modos de pensamento e de Conforme Rettenmaier e Rosing (2010),


valores que se desenvolvem juntamente a literatura mergulhou nas águas
com o crescimento do ciberespaço1”, no profundas do segundo dilúvio, “aquele
qual múltiplos sentidos são construídos. que jamais cessará” (LÉVY, 2000):
“E, em dado momento, no segundo
A leitura encontra-se atrelada a dilúvio, mergulhou nas águas infinitas da
evolução tecnológica, pois a internet internet, deixando-se contemplar, das
marca presença em todas as áreas do arcas, nas faces das ondas. A literatura
conhecimento, constituindo-se como ganhou novo corpo, como de sereia...”
uma ferramenta essencial, tanto no (RETTENMAIER; RÖSING, 2010, p. 08).
processo de comunicação, quanto na Percebemos mudanças significativas nas
formação de leitores. Vive-se, assim, obras e produções literárias da atuali-
um cotidiano tecnológico repleto de dade, pois entramos em contato com
imagens eletrônicas e virtualidades. construções artísticas e literárias ainda
Pertencemos ao que Levy (2000) chama mais livres, onde as noções de homoge-
de terceiro polo do espírito humano: o neidade e linearidade, possibilitada pela
polo informático-midiático. Enquanto cultura letrada, que repousavam sobre
nas sociedades primárias os saberes da as narrativas clássicas, cedem espaço a
humanidade eram transmitidos através da heterogeneidade discursiva e ausência
oralidade, e os interlocutores partilhavam de linearidade nos textos.
o mesmo contexto, hoje temos leitores
conectados a uma rede, dividindo O hipertexto, como nova forma de leitura
conhecimentos atrelados a um mesmo e escrita da sociedade informático-
hipertexto2, “como o próprio nome diz, midiática, evidencia que os mediadores
é algo que está numa posição superior precisam levar em conta os novos atores
à do texto, que vai além dele” (RAMAL, da comunicação ao organizar as atividades
2002, p. 84). Dentro do hipertexto, os em prol da formação de leitores, valori-
atores da comunicação encontram-se zando a inteligência da coletividade, as
numa relação totalmente nova com os diversas “vozes” presentes nos discursos, a
conceitos de tempo, espaço e contexto interdisciplinaridade e a intertextualidade
das mensagens. estabelecida entre os textos e os possíveis
leitores. Nesse sentido, a formação de
1 Levy (2000, p. 92) define ciberespaço leitores literários não está desvinculada
como: “o espaço de comunicação aberto pela dos suportes midiáticos e das diferentes
interconexão mundial dos computadores e das
memórias dos computadores” linguagens. Pressupõe, também, o ato de
2 Segundo Ramal (2002, p. 86), o termo
estimular o gosto pela leitura unindo a lite-
hipertexto surgiu com Theodore Holm Nelson,
nos anos 60, para definir a ideia de escrita e de ratura e os novos suportes tecnológicos.
leituras não lineares em sistemas de informática.

82 UNIDADE 2
A facilidade com que os novos agentes como o papel dos mediadores no sentido
da comunicação têm de manipular o de fornecer aos leitores virtuais as mais
suporte digital sugere que as instituições variadas e diferentes linguagens. Por
de ensino considerem essa nova forma último, apresentaremos as considerações
de linguagem. Não pela sua presença, finais e as referências.
mas como instrumento importante e
necessário ao contexto educacional e
cultural. Essa pesquisa desenvolveu-se 1. A leitura em tempos de
com base nos seguintes questionamentos: cibercultura: o leitor virtual e a sua
a leitura pode ser concebida como um ato relação com o hipertexto
individual, isolado e sem a interatividade
suscitada pelo hipertexto? Qual é o Na obra Cibercultura, Lévy (2000)
perfil cognitivo do leitor em tempos de evidencia que a emergência do
cibercultura? Qual é a importância da ciberespaço trouxe uma relação
mediação de leitura na era digital? totalmente nova com o saber, pois a
partir do século XX, o conhecimento
Com vistas a refletir sobre a formação deixou de ser totalizável, adicionável para
de leitores na era digital, essa pesquisa se tornar fruto de um empreendimento
abordará o perfil cognitivo do leitor coletivo. Nesse sentido, as ideias do
imersivo, com o objetivo de evidenciar que autor corroboram com a perspectiva
a era digital traz um modo totalmente novo bakhtiniana.
de ler, diferente do leitor contemplativo
da linguagem impressa. Para isso, Em Estética da criação verbal, quando
abordaremos aspectos relevantes acerca se contrapõe à visão estruturalista de
do dialogismo, da cibercultura, da Saussure (2003) acerca da linguagem,
mediação leitora e da formação do leitor, Bakhtin (2003, p. 319) propõe a metáfora
que estarão distribuídos em duas seções de uma cadeia: “o enunciado é um
respectivamente. Na primeira seção, elo na cadeia da comunicação verbal.
refletiremos sobre a leitura em tempos Tem fronteiras nítidas, determinadas
de cibercultura: o leitor virtual e a sua pela alternância dos sujeitos falantes
relação com o hipertexto, destacando-se (dos locutores)”. Mas dentro dessas
o perfil cognitivo do leitor imersivo e a sua “fronteiras”, o enunciado reflete tanto o
relação com a linguagem hipertextual. processo verbal quanto os enunciados dos
Posteriormente, em “A mediação leitora outros nas áreas da comunicação cultural.
no século XXI: novas perspectivas para Embora Bakhtin (2000) não use o termo,
a formação de leitores”, enfatizaremos está falando de uma rede. A concepção de
a importância da mediação leitora, bem sujeito coletivo está atrelada a essa rede

UNIDADE 2 83
Tecnologias Educacionais

de novas informações que caracterizam Santaella (2007, p. 33) descreve o perfil


a cibercultura e nos conduzem a um cognitivo do leitor imersivo5 (virtual)
único hipertexto3, compartilhado pelos destacando que a era digital traz um
parceiros da comunicação através de modo inteiramente novo de ler, distinto
relações intersubjetivas. do leitor contemplativo da linguagem
impressa: “Trata-se, na verdade, de um
O leitor implodido pela linguagem leitor implodido cuja subjetividade se
hipermidiática abandonou a cultura mescla na de infinitos textos num grande
baseada na leitura linear de sequências caleidoscópio tridimensional onde cada
fixas. Luccio e Costa (2007, p. 98), novo nó e nexo pode contar uma outra
afirmam que “a leitura do texto grande rede numa outra dimensão”.
eletrônico - o hipertexto - coloca o A grande marca do leitor imersivo está
leitor contemporâneo diante de uma na interatividade. Esse novo tipo de
textualidade móvel e infinita que leitor não contempla mais as sequências
lhe permite fazer ajustes textuais fixas de um texto, virando páginas e
singulares. É uma textualidade que nos percorrendo lentamente uma biblioteca,
remete ao mundo das navegações”. estamos diante de um leitor atento, em
Ao contrário dos textos tecidos estado de prontidão em frente à tela,
linearmente, o hipertexto é um convite conectando-se entre links multilineares e
à reconstrução. Sua indefinição no que labirínticos, que eles próprios ajudam a
tange aos aspectos formais, sua fluidez, construir ao interagir com as palavras em
dinamicidade e leveza, faz do hipertexto um mesmo hipertexto.
um espaço de leitura semelhante à
própria mente humana, que também Em suas pesquisas, Santaella (2007) partiu
constrói, constantemente, novos links e da hipótese de que a navegação interativa
sentidos das mensagens. pelo ciberespaço envolve transformações
sensórias, perceptivas e cognitivas que
Essas discussões nos direcionam ao trazem consequências também para a
seguinte questionamento: Qual é o perfil formação de um novo tipo de sensibilidade
do leitor em tempos de cibercultura4? corporal, física e mental. Nas palavras de
Rettenmaier (2009, p. 75), “a tecnologia
3 Hoje, se entende por hipertexto a alterou a nossa mente, e o saber, agora,
apresentação de informações através de uma
rede de nós interconectados por links, que pode
ser navegada livremente pelo leitor de um modo 5 Santaella (2004), em seus estudos,
não linear (RAMAL, 2002, p. 87). definiu três níveis distintos do perfil cognitivo
4 Como explica Lévy (2000), cibercultura é dos internautas ou leitores imersivos: o errante,
“o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), o detetive e o previdente. Nessa pesquisa, essa
de práticas, de atitudes, de modos de pensamento distinção não foi realizada, pois tratamos de um
e de valores que se desenvolvem juntamente com leitor virtual que apresenta as características dos
o crescimento do ciberespaço”. três níveis de leitores enfatizadas pela autora.

84 UNIDADE 2
encontra-se em dependência do que está do dialogismo e da polifonia. De acordo
por ‘fora’ do sujeito, mas que pode ser com esses princípios, todo discurso
por ele redefinido quando relacionado a é constituído por outros discursos,
outros saberes...”. Assim, a aprendizagem desencadeando diferentes relações
em um mundo de navegações, marcada de sentido, sendo que o sujeito (eu) se
pela instantaneidade e realidade virtual, constitui pelo reconhecimento do outro
ressignifica o âmbito educacional e o (tu) numa relação de alteridade. Flores
papel do mediador de leitura, pois a (2009, p. 80), ao conceituar dialogismo na
geração multimídia não terá as mesmas perspectiva bakhtiniana diz o seguinte:
características cognitivas das gerações
anteriores.
[...] A constituição dialógica da
linguagem evidencia que todo
O funcionamento do hipertexto põe
enunciado, um elo na cadeia da
em ação, por meio de conexões, uma
comunicação discursiva, inscrito em um
dinamicidade de leitura. Estamos diante
determinado momento sócio-histórico,
de textos constituídos em blocos não
é povoado de palavras do outro em
lineares, conectados entre si, compostos
diferentes graus de presença, o que
por uma escrita dinâmica, com várias
garante a sua inconclusividade, o
entradas que parecem um labirinto. Com
inacabamento orgânico.
isso, cria-se um novo modo de ler. De
acordo com Santaella (2004, p. 175), “a
leitura orientada hipermidiaticamente é A relação de intersubjetividade revela
uma atividade nômade de perambulação que o dialogismo está inserido em todo o
de um lado para o outro, juntando discurso, constituindo todo o dizer já dito,
fragmentos que vão se unindo...”. É, por isso, essa inter-relação caracteriza a
pois, uma leitura, cujo sentido vai se dinamicidade da linguagem literária, sua
constituindo na medida em que o leitor natureza heterogênea e a instauração de
faz suas associações entre os nexos e links. diferentes relações de sentido. Nesse
Dessa forma, o leitor torna-se um coautor prisma, podemos destacar que o diálogo
na produção de sentidos do texto, pois define-se como uma propriedade
participa ativamente desse processo. constitutiva de todo o discurso,
pressupondo a comunicação com outros
Por seu enorme potencial em estabelecer discursos, independentemente da
conexões, o hipertexto facilita o estrutura dos enunciados. Esse conceito
desenvolvimento de trabalhos de forma de diálogo, para Bakhtin (2003), vai
coletiva. Essa discussão nos conduz ao muito além da interação face a face, pois
pensamento de Bakhtin (2003) a respeito trata-se de um diálogo interno (interação

UNIDADE 2 85
Tecnologias Educacionais

viva entre discursos) que não se limita à totalmente nova com o tempo, o espaço
forma comunicacional presencial entre os e o contexto das mensagens.
falantes.
O desafio enfrentado pelos leitores, no
Segundo Brait (1997, p. 98), o conceito sentido de se orientar no interior desse
de dialogismo pode ser determinado mapa midiático, dotado de diversos
tanto como elemento que instaura a signos a serem decifrados, feitos de
constitutiva natureza interdiscursiva interligações labirínticas, assemelha-se a
da linguagem, quanto pelas relações ler um mapa, no qual o leitor desconhece
estabelecidas entre o “eu” e o “outro” a localização que ele próprio ocupa
nos processos discursivos. No primeiro nesse espaço digital. É nesse sentido
caso, o dialogismo diz respeito ao que atribuímos destaque aos mediadores
permanente diálogo existente entre os de leitura. Não podemos menosprezar o
diferentes discursos que compõem uma fato de os jovens estarem conectados a
comunidade, uma cultura, uma sociedade. internet realizando vários tipos de leituras
Por outro lado, esse conceito pode ser a luz da tela do computador. Por isso, cabe
compreendido pelo viés da polifonia, a nós mediadores de leitura, possibilitar
ou seja, o “eu” se realiza no “nós” pelo experiências de aprendizagem que
caráter polifônico dessa relação exigida levem em conta esse leitor virtual, a
pela linguagem. fim de fornecer a ele as mais variadas e
diferentes linguagens.
Dessa forma, partindo das ideias de
Bakhtin (2003), podemos relacionar o
conceito de dialogismo com o hipertexto, 2. A mediação de leitura no século
como uma escrita em rede, que se constrói XXI: novas perspectivas para a
em relações dialógicas com o outro e se formação de leitores
concretiza no ato da leitura.
Uma das frases mais pronunciadas em
O princípio dialógico segundo o qual encontros pedagógicos destinados
“eu” não se constitui sem levar em a discussões acerca do ensino/
consideração a presença do outro aprendizagem é a conhecida afirmativa
evidencia que a leitura não pode ser de que os jovens não leem, e quando
concebida como um ato individual, têm contato com a leitura apresentam
isolado e sem a interatividade suscitada sérias dificuldades de compreensão
pela era digital, pois todos os leitores estão leitora. Por isso, a instalação de uma
conectados a uma rede compartilhando prática pedagógica da leitura de textos
de um mesmo hipertexto, numa relação literários que desenvolva a busca do

86 UNIDADE 2
autoconhecimento e a autonomia do leitor obsoletas, caso não adotem práticas
é necessária. Na perspectiva da educadora leitoras que contemplem a tecnologia
Ramal (2002, p. 13), “as mudanças que contida no hipertexto do terceiro pólo do
ocorrem na organização e na produção espírito humano: a cibercultura.
dos conhecimentos desenham a base de
um novo estilo de sociedade, na qual a Ramal (2002) propõe um perfil de
inteligência passa a ser compreendida professor que atue como arquiteto cogni-
como o fruto de agenciamentos coletivos tivo6 e como dinamizador da inteligência
que envolvem pessoas e dispositivos coletiva. Para desenvolver esse novo
tecnológicos”. Recebemos na sala conceito de professor, aqui, trataremos do
de aula crianças que têm acesso aos profissional de educação como mediador
computadores e a linguagem hipertextual de leitura. Assim, estamos falando de um
antes mesmo de se alfabetizarem, ou professor nos moldes das pesquisas reali-
pelo menos participaram do ambiente zadas por Ramal (2002, p. 199), ou seja, um
informático-midiático. profissional capaz de traçar estratégias e
mapas de navegação que permitam ao
Isso revela um dado importante: o aluno empreender, de forma autônoma
âmbito educacional, visando à formação e integrada, os próprios caminhos de
de leitores literários, necessita de construção do (hiper) conhecimento em
aprimoramentos, que levem em conta rede, assumindo, para isso, uma postura
as novas formas de construção do consciente de reflexão-na-ação e fazendo
conhecimento, valorizando a inteligência um uso crítico das tecnologias como
coletiva. “É preciso compreender que a novos ambientes de aprendizagem.
era digital obrigará tanto seus detratores
quanto seus apologistas a encontrar Os mediadores de leitura precisam levar
novas ferramentas conceituais se não em conta os novos atores da comunicação
querem terminar relegados aos museus ao organizar as atividades em prol da
paleolíticos do século XXI” (SANTAELLA, formação de leitores, valorizando a
2004, p. 174). Nesse sentido, inteligência da coletividade, as diversas
Weschenfelder (2003, p. 31) corrobora “vozes” presentes nos discursos, a
com Santaella (2004) ao ressaltar que interdisciplinaridade e a intertextualidade
apesar da reconhecida importância dos estabelecida entre os textos e os possíveis
livros impressos, da escola e do professor leitores. Para isso, promover a leitura
no processo de construção da identidade e a escrita pressupõe também o ato de
dos povos e da difusão do conhecimento,
no início do Terceiro Milênio, tais
6 O arquiteto cognitivo se refere à rede do
instituições correm o risco de se tornarem hipertexto mental que procura ser potencializado
em cada estudante.

UNIDADE 2 87
Tecnologias Educacionais

ensinar a ler e a escrever unindo a leitura ato de resignificar a mediação de leitura


literária e os novos suportes tecnológicos. literária através do uso das ferramentas
da informática em rede. Dessa forma,
Como exemplo de mediadores de leitura estaremos propondo uma reformulação
na atualidade, podemos citar o trabalho teórica que considere o aluno como um
realizado no Centro de Referência de sujeito situado num sistema que abarca
Literatura e Multimeios da Universidade a coletividade, no qual a sua atuação
de Passo Fundo: O Mundo da Leitura. permite o desenvolvimento tanto do
Esse espaço destinado à comunidade seu conhecimento quanto dos demais
educacional é composto por um componentes da rede hipertextual.
laboratório que planeja e realiza práticas
de leitura com vistas à formação do leitor Sabemos que os jovens conectados a
crítico, capaz de ler competentemente internet não pertencem mais ao mundo
textos literários e não literários contidos de transmissão de conhecimentos e sim, a
em diferentes suportes, desde o livro um espaço envolvido pela interatividade
impresso até o hipertexto. digital. É com esse objetivo de formar
leitores do século XXI, que os mediadores
De acordo com Rosing (1999, p. 166), de leitura, juntamente com a escola,
“formar leitores de textos literários no precisam proporcionar uma nova sala de
contexto da era da imagem e da era aula aos aprendizes.
da sofisticação tecnológica implica
estar aberto à vinculação desses textos
a diferentes suportes, utilizando-se Considerações Finais
linguagens de natureza variada”. A
presença dos textos literários em Neste trabalho objetivou-se evidenciar
diferentes suportes que abrangem desde que a era digital traz um modo
o livro impresso ao CD-ROM7, e agora, totalmente novo de ler, diferente do
configuram a linguagem hipertextual, leitor contemplativo da linguagem
implica a adoção de diferentes impressa, tendo como ponto de partida
perspectivas de aprendizagem, que os seguintes questionamentos: a leitura
contemplem o novo perfil cognitivo do pode ser concebida como um ato
leitor. Isso não significa o “desprestígio” individual, isolado e sem a interatividade
do livro em sua materialidade, e sim, o suscitada pelo hipertexto? Qual é o
perfil cognitivo do leitor em tempos de
7 Rosing (1999) destaca que na
apresentação de texto em CD-ROM, por exemplo, cibercultura? Qual é a importância da
a imaginação é substituída pela visibilidade do
mediação de leitura na era digital?
texto, acompanhada da rapidez com que as
mutações ocorrem na tela e da multiplicidade de
possibilidades de encaminhamento de leitura.

88 UNIDADE 2
O perfil cognitivo do leitor imersivo ele ocupa (na qualidade de leitor) no
possivelmente represente o elemento ambiente virtual.
mais desafiador no contexto educacional
da atualidade, pois a inteligência humana Dessa forma, o que deve permanecer, em
está conectada a mecanismos tecnoló- meio a todas as mudanças que virão, é
gicos. Nesse sentido, o ato de promover aquilo que chamamos de leitor imersivo
a leitura e a escrita pressupõe também o (virtual). Mesmo que as interfaces e as
ato de ensinar a ler e a escrever o mega- formas de linguagem mudem, ele conti-
texto de maneira coletiva. Assim, profes- nuará existindo, pois “navegar” significa
sores e escolas devem promover práticas “movimento”, e esse jovem anuncia uma
leitoras em condições técnicas para que nova dinâmica mental entre as mudanças
os alunos se apropriem do conhecimento que já estão em curso e as que deverão
como participantes da construção do ocorrer no futuro. A especificidade do ato
próprio saber, apropriando-se dos livros, de ler clama por diferentes perspectivas
das revistas, dos jornais, das enciclopé- que contemplem a aprendizagem em um
dias, dos CDS, dos suportes virtuais, dos mundo de navegação.
discursos orais, enfim, das diversas formas
e suportes de leitura.
Referências
Nessa abrangência de múltiplas leituras,
ensinar a ler e acessar o megatexto BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação
constitui tarefa não somente da escola, verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
mas de toda uma sociedade, pois a
formação do leitor é um compromisso BRAIT, Beth. Bakhtin, dialogismo e
de todas as áreas do conhecimento e construção do sentido. Campinas, SP:
principalmente, função social. Editora da UNICAMP, 1997, p. 91-104.

O mediador de leitura precisa atuar como DI LUCCIO, Flávia; NICOLACI-DA-


um arquiteto cognitivo , pois os desafios
8
COSTA, Ana Maria. Hipertexto, blogs
enfrentados pelos jovens, no sentido de e leitores escritores. In: RÖSING, Tania
se orientar diante das diversas linguagens Mariza Kuchenbecker; RETTENMAIER,
possibilitadas pelos links, assemelham-se Miguel. Questões de leitura no
ao ato de “decifrar um código”, no qual hipertexto. Passo Fundo: Ed.
o leitor desconhece a localização que Universidade de Passo Fundo, 2007.

8 Em sua pesquisa, Ramal (2002) denomina


o professor da era digital como “arquiteto
cognitivo.”

UNIDADE 2 89
Tecnologias Educacionais

FLORES, Valdir do Nascimento. RÖSING, Tania Mariza Kuchenbecker. Do


Dicionário de linguística da livro ao CD-ROM: novas navegações.
enunciação. São Paulo: Contexto, 2009. Passo Fundo: EDIUPF, 1999.

LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: SAUSSURE, Ferdinand. Curso de


ed. 34, 2000. linguística geral. Trad. de Antônio
Chelini. São Paulo: Cultrix, 2003.
RETTENMAIER, Miguel; RÖSING,
Tania Mariza Kuchenbecker (Coord.). SANTAELLA, Lucia. Navegar no
Questões de literatura na tela. Passo ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor
Fundo: Ed. Universidade de Passo imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.
Fundo, 2010.
WESCHENFELDER, Eládio Vilmar. Leitura
RETTENMAIER, Miguel. (Hiper) Mediação em tempos de cibercultura. In: Práticas
leitora: do blog ao livro. In: SANTOS, leitoras para uma cibercivilização:
Fabiano dos; MARQUES NETO, vivências interdisciplinares e multimidiais
José Castilho; RÖSING, Tania Mariza de leitura. Passo Fundo: UPF, 2003.
Kuchenbecker (org.). Mediação de
leitura: discussões e alternativas para a
formação de leitores. 1. ed. São Paulo:
Global, 2009.

Assista à videoaula com este conteúdo.

90 UNIDADE 2
RESUMO

Inicialmente, esta unidade abordou no docente deve realizar uma constante


primeiro tópico diversas mudanças que reflexão sobre os pontos que podem ser
vêm ocorrendo na sociedade moderna, melhorados ou alterados em sua prática.
também chamada de sociedade do
conhecimento. Apesar de rápidas Diversas sugestões de utilização da
em alguns setores, estas mudanças informática na sala de aula foram
acontecem com relativa lentidão na apresentadas no terceiro tópico.
educação, fazendo com que a forma de Ressalta-se que são apenas sugestões,
aprender dos alunos esteja, sob certo devendo sua implantação ser analisada
ponto de vista, defasada em relação de acordo com cada contexto de uso e
ao que seria necessário para alcançar com as possibilidades oferecidas pelo
resultados satisfatórios. Este tópico ambiente escolar.
tratou ainda da importância do fazer
e do compreender para a produção O quarto e último tópico buscou
de conhecimentos. É fundamental que apresentar um novo olhar sobre os leitores
ocorra a prática pelos alunos, para que a virtuais, apresentando seu perfil cognitivo
partir dos erros e acertos encontrados eles e a importância da mediação leitora
consigam desenvolver novas habilidades neste contexto. Para isso, utilizou-se um
e resolver os problemas encontrados no artigo científico onde a autora realizou
seu cotidiano. um extenso estudo bibliográfico que, ao
final, evidenciou as características de um
O segundo tópico apresentou diversos novo modo de leitura gerado pela era
desafios para a prática docente em um digital e pela cibercultura.
contexto de utilização dos recursos
tecnológicos no ambiente escolar e na
prática pedagógica. O ponto principal
a ser destacado é que a formação
docente deve considerar o uso das
novas tecnologias da informação e
comunicação, pois desta maneira o
professor conseguirá integrá-las ao seu
planejamento da disciplina e utilizá-las
efetivamente na sua prática. O próprio

UNIDADE 2 91
Tecnologias Educacionais

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

1. Assinale a opção que apresenta um elemento facilitador das mudanças na área


de educação:

a) As lentas modificações nas políticas educacionais do governo.

b) A melhor qualificação do corpo docente e dos administradores educacionais.

c) A pura disponibilização de tecnologias na sala de aula.

d) O aumento do número de salas de aula e ambientes educacionais.

2. Analise as seguintes afirmações:

I) A participação do aluno em atividades, na sociedade onde vive, alimenta e desenvolve


o seu espírito crítico.

II) Em uma nova abordagem educacional, professores e alunos teriam autonomia para
definir os assuntos a serem trabalhados nas aulas.

III) A maioria das novas propostas pedagógicas ainda estão muito focadas na transmissão
de conhecimentos.

Marque a opção que melhor representa sua análise das afirmações:

a) Apenas o item I está correto.

b) Apenas o item II está correto.

c) Apenas o item III está correto.

d) Todos os itens estão corretos.

92 UNIDADE 2
3. Piaget observou que há uma diferença entre o fazer com sucesso e o compreender
o que foi feito. Muitos processos educacionais utilizados atualmente se restringem a
solicitar que o aluno desenvolva atividades, as quais podem ser feitas com sucesso
ou não. Entretanto, pode acontecer de o aluno ter sido bem sucedido na tarefa, mas
não compreender o que foi feito.

Neste contexto, marque a opção INCORRETA:

a) As mudanças na educação devem ser norteadas pela passagem do fazer para o


compreender, conforme apresenta Piaget.

b) A compreensão do que foi realizado pelo aluno não permite ao professor inferir que
houve sucesso na execução da tarefa.

c) É a interação com o que está sendo feito que permitirá ao aluno transformar seus
esquemas mentais e obter conhecimentos.

d) Este tipo de pedagogia não se aplica à realidade brasileira, na qual os alunos possuem
apenas habilidades operacionais.

4. Sobre o papel do professor em relação às mudanças na educação, marque a


opção INCORRETA:

a) Deve atuar mais como um facilitador do aprendizado dos alunos do que como um
simples transmissor de informações.

b) Deve propiciar ao aluno a possibilidade de processar um grande volume de


informações aplicável à sua vida.

c) Deve focar na transmissão contínua de informações aos alunos, para que eles definam
quais são as mais importantes.

d) Deve incentivar o processo de melhoria contínua de seus alunos, apoiando-os


quando necessário.

UNIDADE 2 93
Tecnologias Educacionais

5. Em relação aos desafios atuais para a prática docente, marque a opção correta:

a) Mais do que conhecer a tecnologia a ser utilizada, o professor deve dominar o


conhecimento requerido para sua prática.

b) A tecnologia, por si só, é capaz de resolver a maioria dos problemas da educação,


em especial no caso brasileiro.

c) Em termos de prioridade de ações, a capacitação docente viria após a aquisição de


novas tecnologias de informação.

d) A prática escolar não mais necessita ser aprimorada, pois a tecnologia é capaz de
auxiliá-la e complementá-la.

6. Freire (2002) afirma que o momento crucial na formação contínua de professores


é o da reflexão crítica sobre a prática, pois a partir da análise da prática de hoje
ou de ontem é possível melhorar a próxima prática. É de extrema importância que
todo professor utilize um momento para realizar esta crítica sobre sua prática,
independente se ela ocorre com o apoio de recursos tecnológicos.

Neste contexto, marque a opção abaixo que apresenta uma afirmativa INCORRETA
sobre a relação entre a prática docente e as crenças e hábitos do docente:

a) O professor precisa se desprender um pouco de suas crenças pedagógicas e


visualizar formas diferenciadas de como o processo de ensino e aprendizagem pode ser
melhorado.

b) A tecnologia moderna é a principal responsável pela geração e utilização de práticas


distintas e distintivas pelos docentes.

c) As crenças e hábitos são fortalecidos com o passar do tempo, na medida em que as


experiências vividas pelos docentes vão se sucedendo.

d) Os professores tendem a apresentar, no seu trabalho, respostas ligadas diretamente


às suas crenças e à realidade em que atuam.

94 UNIDADE 2
7. Os professores, que irão realizar suas práticas mediadas pelo uso da tecnologia,
também devem possuir determinados conhecimentos específicos que os habilitem a
manusear os diversos equipamentos e softwares disponíveis atualmente.

Analise as opções abaixo e marque aquela que não corresponde a um conhecimento


de tecnologia requerido dos professores:

a) Visão geral dos componentes externos e internos do computador.

b) Conceitos básicos de navegação na internet.

c) Linguagens avançadas para programação de computadores.

d) Softwares para edição de texto e planilha eletrônica.

8. Além do estudo sobre os recursos tecnológicos em si, é necessário que os alunos


também estudem e discutam as implicações das novas tecnologias na educação e
na sociedade.

Neste sentido, marque a opção abaixo que NÃO apresenta um aspecto que pode
ser trabalhado pelo docente para cumprir este objetivo educacional:

a) As implicações na educação geradas pelas novas tecnologias.

b) As mudanças ocorridas na sociedade a partir da adoção das novas tecnologias.

c) As mudanças realizadas em disciplinas curriculares em função do uso de tecnologias.

d) As características dos equipamentos disponibilizados nos laboratórios de informática.

UNIDADE 2 95
Tecnologias Educacionais

9. O aluno deve ser instruído quanto ao uso ético dos recursos tecnológicos, seja no
ambiente escolar ou na sua própria casa.

Neste sentido, marque a opção abaixo que não apresenta um tema que pode ser
utilizado pelo professor para trabalhar as implicações éticas da tecnologia:

a) A compra de equipamentos caros.

b) A invasão de perfis em redes sociais.

c) A divulgação de material proibido.

d) A pirataria e o comércio ilegal de software.

10. O artigo científico, apresentado no tópico 2.4, objetiva evidenciar que a era
digital em que vivemos proporciona uma nova forma de leitura, completamente
diferente da leitura contemplativa encontrada na linguagem impressa.

Neste contexto, marque a opção abaixo que NÃO corresponde a uma característica
do perfil cognitivo dos leitores em tempos de cibercultura:

a) Sua grande marca está na interatividade.

b) Busca contemplar sequências fixas de texto.

c) Procura sempre se conectar entre links multilineares.

d) Torna-se um coautor na produção dos sentidos do texto.

96 UNIDADE 2
UNIDADE 3
Novos Gêneros do Discurso nos Ambientes Digitais

UNIDADE 3 97
MÓDULO 1

A comunicação, a Hoje existe um desafio muito grande


educação e as novas para integrarmos à comunicação, a
educação e as novas tecnologias. E isso
tecnologias
acontece inclusive com comunicadores e
educadores preocupados com o avanço
Para continuarmos o nosso estudo, é desenfreado das tecnologias telemáticas
preciso ressaltar que as novas tecnologias e digitais, pois não se sabe ao certo o
representam um grande desafio para a impacto que pode ser ocasionado pelo
sociedade de maneira geral, não apenas uso das tecnologias no ambiente educa-
no que se refere à modernização da cional e na sociedade como um todo.
educação e das práticas pedagógicas.
A facilidade de acesso a recursos O aparato tecnológico sempre esteve
tecnológicos que dispomos hoje, em presente ao longo da história, mas
comparação com poucos anos atrás, nunca como agora ele havia desafiado
nos faz pensar com maior exatidão que os diversos campos disciplinares
isso poderia contribuir diretamente para e influenciado tão profundamente
a democratização da comunicação, do o cotidiano das sociedades e os
conhecimento e da educação. indivíduos. Ao mesmo tempo em que
as novas tecnologias nos ofertam
Para estabelecermos um vínculo entre muitas possibilidades para trocarmos
a comunicação, a educação e as novas informações e conhecimentos, elas geram
tecnologias, devemos considerar também um cenário preocupante para o
basicamente duas dimensões. De um futuro de nossas sociedades. Isso porque
lado, as novas tecnologias precisam se quanto mais promessas e benefícios
articular como apoio de uma comunicação de desenvolvimento humano as novas
educativa mais diversificada, utilizando-se tecnologias trazem, mais esferas da vida
para isso de linguagens e formatações econômica, política, profissional, cultural
variadas, além de novos canais para a e social são impactadas, requerendo,
divulgação das informações. Por outro portanto, a nossa atenção.
lado, o uso das novas tecnologias precisa
ser mais profundamente estudado para Quando falamos de promessas trazidas
que seja possível entendermos melhor os pelo advento das novas tecnologias
seus efeitos. como, por exemplo, o aumento do acesso

UNIDADE 3 99
Tecnologias Educacionais

Incorporação da tecnologia
à informação por meio do computador,
devemos lembrar que isso não ocorre A primeira forma consiste em incorporar,
da mesma forma em todos os países. acrescentando ao ambiente já existente,
Enquanto mais de 50% dos computa- os novos recursos tecnológicos ao
dores conectados à internet no mundo processo educacional sem modificá-lo
estão localizados em apenas um país, diretamente, nem a seus componentes e
os Estados Unidos, em outras nações nem a instituição que o realiza.
este recurso está disponível apenas para
classes mais abastadas da sociedade. Os sistemas educacionais costumam
assumir, em especial no Brasil, a ideia
Neste contexto, podemos identificar de que a educação “moderna” deve
suas principais formas coexistentes incorporar tecnologias de informação.
na atualidade para vincular as O governo brasileiro realizou grandes
novas tecnologias da informação e investimentos nos últimos anos para
comunicação aos processos educativos. equipar as escolas com computadores e
Iremos nomeá-las de “incorporação da acesso à internet, em especial naquelas
tecnologia” e “interação da tecnologia” localizadas nos grandes centros. Esse
e detalhá-las em seguida. esforço foi e continua sendo realizado

100 UNIDADE 3
para complementar o plano de estudos desta “nova” modalidade de educação
e, em determinadas situações, até identificaram que a aprendizagem dos
mesmo substituí-lo. Entretanto, essa alunos neste ambiente tecnológico não
atuação está erroneamente direcionada necessariamente é maior que a obtida
a apenas uma parte do processo, que é por alunos da educação realizada
o ensino, assumindo que o aprendizado sem utilização das novas tecnologias.
acontecerá ou melhorará exclusivamente Podemos concluir então que apenas
em função da modernização dos o tecnicismo da oferta educacional
conteúdos transmitidos através dos não é capaz de garantir uma melhor
novos meios e tecnologias utilizadas. educação, com maior aprendizado para
os envolvidos.
Tomando esta situação como base,
podemos entender que o principal obje- Algum estudioso poderia argumentar
tivo das autoridades da área educacional que, devido ao aspecto de novidade da
é justamente a modernização da estrutura educação baseada em tecnologias, tanto
do sistema educacional. Porém, com esta em relação ao uso de vídeos educativos
ideia errada de modernização, essas auto- como do ambiente virtual interativo,
ridades esquecem que a atenção deveria ainda existem situações que não
ser centrada na identificação de melhorias estão suficientemente afinadas ou que
na oferta educacional, seja aumentando a determinados recursos técnicos ainda
cobertura do serviço prestado com o uso apresentem falhas na sua utilização.
de novas redes e satélites, ou comple-
mentando o trabalho dos professores com No entanto, mesmo que a falta de sucesso
informações adicionais e variadas sobre em algumas iniciativas de educação a
os temas abordados no plano de estudos. distância aconteça por falhas técnicas em
A tecnologia poderia, ainda, auxiliar na seus sistemas, podemos constatar que
introdução de novos temas para estudos em muitos casos não existe uma estra-
pelos alunos, ou simplesmente disponi- tégia articulada de sensibilização dos
bilizando os conteúdos educacionais em envolvidos com esta educação midiática.
locais onde não se dispõe de professores
fisicamente presentes. Parece que ainda não há um consenso
no setor educacional sobre o fato de
De maneira bem simples, podemos que cada tecnologia supõe, além de uma
resumir este esforço atual para a sensibilização para seu uso adequado,
incorporação da tecnologia à educação uma “alfabetização” nos seus códigos
com um termo: educação a distância. característicos. Muitas vezes os responsá-
Interessante notar que pesquisadores veis pela disponibilização da tecnologia

UNIDADE 3 101
Tecnologias Educacionais

elaboram manuais e guias para vincular o alcançarem os objetivos propostos


conteúdo transmitido com os planos de apenas a partir do uso desses novos
estudo, mas esse material normalmente recursos de informação e comunicação.
não oferece esclarecimentos relacio-
nados com o meio ou com a tecnologia
através dos quais esses conteúdos são
produzidos e transmitidos. Para saber mais:

A ausência de uma estratégia bem Leia o artigo “Novas tecnologias,


letramentos e gêneros textuais
definida para a utilização educacional
digitais: interatividade no
de novos meios e tecnologias gera, ensino de línguas” através do
infelizmente, a perda de seu potencial link: http://goo.gl/O7MRMq
para os objetivos a que se propõem, pois
o processo através do qual os alunos e
professores devem apropriar-se correta-
Interação da tecnologia
mente destes novos meios e tecnologias
não é automático, nem autodidata. Além A segunda forma consiste em tomar a
disso, a mudança de determinado uso tecnologia aplicada como objeto de estudo
dos meios e tecnologias da diversão e análise, gerando assim uma orientação
e entretenimento para uma utilização específica para que ela seja utilizada não
voltada a cumprir objetivos de apren- apenas como transmissora, mas principal-
dizagem também não é espontânea, mente para que ocorra uma adequada
requerendo capacitações específicas e interação com os formatos e códigos que
direcionadas. Um exemplo claro desta a compõem, proporcionando o estímulo à
situação é o aprendizado por meio do aprendizagem e não à diversão.
vídeo, cujas características são diferentes
daquele realizado por meio de livros ou Neste aspecto, o principal objetivo
materiais impressos. não seria o ensino, mas o aprendizado.
Entenda este aprendizado não somente
É importante considerarmos que cada como um resultado obtido a partir de
meio e cada tecnologia exerce um tipo determinados insumos, mas sim como
diferente de mediação nas pessoas um processo desenvolvido em ocasiões
com as quais interagem e também na específicas que buscam abertamente
estruturação dos próprios conteúdos estimulá-lo. Este processo deve sempre
que transmitem. Sendo assim, por mais ser contextualizado na cultura dos envol-
simples que pareça, não é prudente vidos, em especial na dos alunos, levando
pensarmos que será fácil para os usuários em consideração seus hábitos anteriores

102 UNIDADE 3
de comunicação e de aprendizagem. Os Veja bem, é relativamente fácil expor
hábitos e práticas de trabalho intelectual tudo isso que foi dito, mas para que
dos usuários envolvidos também podem efetivamente aconteçam as mudanças,
ser entendidos como mediações na sua é necessária uma considerável transfor-
vinculação educacional com as novas mação da escola e das pessoas envol-
tecnologias. vidas no processo educacional. Assumir
e praticar no cotidiano que os conteúdos
Podemos concluir, então, que esta nova são o resultado e não mais o ponto de
forma de integrar as tecnologias aos partida, modifica completamente a
processos educacionais necessita de uma função central da instituição escolar.
transformação dos processos de ensino
e aprendizagem, da estruturação dos Se analisarmos a história, a escola tem
conteúdos e das ocasiões de interação sido a principal instituição educacional em
com eles. praticamente todos os países, legitimada
tanto pelas autoridades governamentais
Para realizarmos uma transformação quanto pela sociedade. É nela que as
na pedagogia tradicional vigente é pessoas depositam suas esperanças de
necessário alterar o ponto de partida e educar as novas gerações de cidadãos,
o ponto de chegada, isto é, a direção do transmitindo informações a eles basica-
processo educacional no seu conjunto. mente por meio dos livros de texto.
Tradicionalmente, o ponto de partida
sempre foi o conteúdo a ser aprendido Em uma nova perspectiva, a escola não
pelo aluno, que na verdade é o conteúdo seria mais esse centro depositário do saber
a ser ensinado pelo professor. Em uma e do conhecimento, se transformando
pedagogia mais nova, o ponto de em um centro de articulação de variados
partida seria o aluno e seu contexto, conhecimentos e informações para
significando que o ponto de chegada orientar os alunos sobre a mais adequada
passaria a ser sempre o conteúdo. Sendo maneira de associá-los e cumprir seus
coerentes com a dinâmica particular das objetivos de aprendizagem.
novas tecnologias, onde os conteúdos
não existem independentemente dos A escola poderá manter a sua função como
sujeitos que os constroem, isso supõe principal instituição educacional, desde
que os conteúdos passariam a ser o que seja hábil para orientar os variados
resultado de um processo estimulado por aprendizados dos seus alunos. Estes
determinados conteúdos introdutórios, aprendizados tendem a ocorrer cada vez
mas em hipótese alguma especificados mais fora da escola, com estímulos vindos
em uma única forma. principalmente dos novos meios e das

UNIDADE 3 103
Tecnologias Educacionais

O papel do comunicador
novas tecnologias de informação e comu-
nicação existentes. Esta “nova” escola Considerando a vinculação adequada
precisaria assumir que a aprendizagem das novas tecnologias com a
acontece em múltiplas situações da vida educação, o papel dos comunicadores
cotidiana de seus alunos e que, por isso, profissionais é variado e múltiplo.
existem variações da aprendizagem em Eles seriam os responsáveis pelas
função da sua importância, legitimidade estratégias de produção dos materiais
e formalidade. O papel da escola deve comunicativos, formatos audiovisuais
ser o de garantir, em todas as situações, e redes de comunicação, atendendo
que a aprendizagem obtida a partir de um principalmente às características de
processo educacional que seja importante comunicação dos potenciais alunos-
para o aluno e para o seu desenvolvimento usuários. Além disso, eles seriam os
social e como ser humano. especialistas no desenvolvimento das

104 UNIDADE 3
lógicas midiáticas, capazes de vincular e da comunicação, sendo que mais
diversos conhecimentos e informações cedo ou mais tarde isto modificará
para mediar e auxiliar o aprendizado substancialmente os processos
dos alunos. A elaboração e produção do educacionais. É importante estarmos
material comunicativo tendo como base em constante reflexão sobre o papel
as características dos alunos envolvidos, e dos comunicadores e professores neste
não dos conteúdos e dos meios, é o maior contexto de mudanças, de maneira que
desafio atual para os comunicadores. a direção das transformações seja a mais
relevante possível para nossa sociedade.
Esses comunicadores seriam, ainda, os
responsáveis pelo acompanhamento do
processo educacional, tendo como base
a exploração de todos os elementos
que influenciam os alunos na recepção
e interação com as informações
disponíveis nas novas tecnologias.
Assim, os comunicadores forneceriam
aos professores diversas informações
necessárias para que se estabeleça o
diálogo educativo e a apropriação através
da qual se manifestará o aprendizado
dos alunos.

Da mesma forma que é importante que


os professores passem a se preocupar
prioritariamente com os processos de
aprendizagem ao invés da transmissão
do conteúdo, os comunicadores também
devem alterar sua preocupação dos
meios e tecnologias para analisar os
processos existentes ao redor dos meios,
os receptores e os contextos nos quais se
realizam as interações.

Para concluirmos, considere que


a educação cada vez mais estará
vinculada às tecnologias da informação

UNIDADE 3 105
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 2

Processo de desta maneira, podemos entender a


formação docente pedagogia da comunicação como uma
abordagem pedagógica relacionada com
com linguagens
o processo, que transita entre os meios
comunicacionais tecnológicos e seus usuários.

Uma metodologia que pode ser adotada


De acordo com a pedagogia da comuni- para a formação docente compreende
cação, a formação docente é responsa- um conjunto de métodos de comunicação
bilidade não apenas da academia, mas participativos e interpessoais, possibili-
também do espaço onde a ação efetiva- tando aos professores compreenderem
mente acontece. Neste sentido, a formação melhor a realidade em suas diversas
está aberta a novas experiências, novas manifestações. É importante que essa
maneiras de se relacionar e aprender, esti- formação aconteça baseada nos inte-
mulando as ideias e capacidades de cada resses dos envolvidos, em especial dos
um. Além disso, proporciona vivências docentes que estão sendo capacitados.
capazes de auxiliar alunos e professores a
desenvolverem o seu saber como ponto Alguns pesquisadores relatam dificul-
de partida para compreender, processar e dades de trabalhar a formação docente
transformar a realidade. com a utilização frequente de textos
teóricos, pois normalmente os profes-
Esta não é necessariamente uma peda- sores não apresentam disponibilidade
gogia voltada para os meios, mas sim para realizar as leituras de funda-
uma pedagogia capaz de estabelecer mentação além daquelas que seriam
comunicação escolar com os conheci- necessárias para sua profissão. Neste
mentos, com as pessoas e seus contextos, aspecto, é importante que o responsável
considerando para isso os meios de pela capacitação docente crie situações
comunicação disponíveis. Esta peda- concretas que permitam vivenciar a
gogia dialoga e interage com os meios, pedagogia da comunicação e utilize
ao invés de apenas falar a respeito deles. diversas linguagens e meios capazes de
aumentar a participação dos envolvidos,
Considerando que não é simples não caracterizando o trabalho como mais
pensarmos em uma pedagogia que atue uma aula ou palestra.

106 UNIDADE 3
Outra estratégia consiste no emprego de dos participantes, apresentem resultados
metodologias participativas com meios de pesquisas relacionadas com o fazer
de comunicação que podem ser usados docente, realizem atividades práticas
como temas geradores de debates ou e relatem o uso de experiências com
como recursos para se alcançar determi- tecnologias auxiliando o processo de
nados objetivos. Pode-se discutir crônicas comunicação. Tudo isso pode ser feito
e textos reflexivos sobre a tecnologia, a de maneira a conduzir os docentes a uma
escola, a atuação docente, a participação reflexão coletiva. Em termos práticos,
dos alunos na sociedade do conheci- essa estratégia tende a obter sucesso,
mento, dentre outros assuntos. O apren- porque de nada adianta discutir uma
dizado também pode ser obtido com o metodologia ou determinado assunto
auxílio da participação de professores de se os docentes não tiverem vivenciado
outras escolas, apresentando suas expe- experiências neste sentido.
riências e colaborando com a reflexão
sobre as práticas mais adequadas em Ainda tratando sobre a formação do-
cada situação. cente, podem ser aproveitadas as ex-
periências dos docentes obtidas a partir
A realização de seminários e oficinas do contato com as novas tecnologias da
também deve ser incentivada. Neste informação e comunicação. Esse tipo
momento, deve-se optar por convidados de relato traz para a escola atitudes e
que, além de atenderem às solicitações conhecimentos que, em muitos casos,

UNIDADE 3 107
Tecnologias Educacionais

não seriam divulgados e utilizados como autora apresenta ainda uma proposta
ponto de partida para uma reflexão mais educativa que leva em conta o
profunda sobre o apoio dos recursos tec- diversificado e abrangente conjunto
nológicos nos processos educacionais. O de linguagens existentes na sociedade
contato com o cotidiano pode desenca- atual, a qual permite abordar os objetos
dear nos professores alguns processos de de conhecimento e possibilitar uma
aprendizagem e conscientização, com a comunicação humana mais efetiva.
consequente obtenção de instrumentos
críticos provindos da ciência. Em relação ao uso, pela escola, de
variadas linguagens e expressões
Como citado anteriormente, é muito comunicacionais, Morin (2000) afirma
importante o emprego de linguagens que isso acontece porque elas incitam à
diferentes para a abordagem do consciência da realidade humana,
conhecimento e para a criação de principalmente nas relações afetivas
relações entre os participantes da existentes entre as pessoas. Para este
formação docente, pois a grande maioria autor, a consciência do caráter complexo
dos textos pedagógicos desconsidera as da condição humana faz com que a
emoções, a ironia e o humor, e privilegia pessoa seja vista em sua subjetividade e
uma fala mais científica, dificultando a singularidade, além de permitir sua
interlocução entre os envolvidos. inserção social na realidade em que vive.
Desta forma, as diferentes linguagens e
No entendimento de Penteado (2002, p. expressões comunicacionais permitem a
23), devemos refinar o uso da linguagem compreensão de novas sensibilidades,
oral e escrita tradicionalmente utilizada mantendo o respeito às necessidades e
em nossos trabalhos, explorando outras aos interesses das pessoas imersas no
linguagens como a musical, a literária, mundo tecnológico e audiovisual.
a cinematográfica e a televisual. Esta

Curiosidade:
Os novos meios abrem outras possibilidades para a educação, implicam
desafios para o trabalho docente, com sua matéria e seus instrumentos,
abrangendo o redimensionamento do ensino como um todo: da sua
dimensão epistemológica aos procedimentos mais específicos, passando pelos modos
de objetivação dos conteúdos, pelas questões metodológicas e pelas propostas de
avaliação. (BARRETO, 2004, p. 23).

108 UNIDADE 3
As metodologias participativas com a É importante considerarmos que
utilização de tecnologias e linguagens os conhecimentos expressos pelos
fixas e/ou em movimento possibilitam professores, vinculados com os
aos professores refletirem sobre as suas seus estudos (de formação inicial e
individualidades, seus conhecimentos continuada), leituras e práticas, permitem
e suas práticas escolares, permitindo uma discussão na escola sobre aspectos
ainda que tragam para o debate seus de sua carreira, identidade, processos de
sentimentos, vivências pessoais e formação e conhecimentos vinculados ao
emoções. A partir desta reflexão podem exercício da profissão.
surgir mudanças na atuação docente,
de maneira a adequar a prática ao O uso de múltiplos e variados
necessário para promover a obtenção de recursos tecnológicos e metodologias
conhecimentos por parte dos alunos. comunicacionais que trabalham com
as emoções e sensações dos docentes,
Para fundamentar essas mudanças podem servir para o resgate de imagens
pretendidas, os professores precisam da infância e adolescência dos docentes,
sentir-se valorizados, praticar sua contribuindo para que eles reflitam sobre
capacidade analítica e dialogar a respeito si mesmos (comunicação intrapessoal),
de suas vivências profissionais e pessoais, busquem melhores relações na escola
tendo como base alguns referenciais (comunicação interpessoal), observem
teórico-práticos. sentidos e significados e racionalizem
sobre seu potencial como professor.
Barreto (2002) entende que esta formação
docente vai além das relações lógico- De acordo com Porto (2000), o uso de
cognitivas geradas pela relação existente imagens em atividades de formação
entre sujeitos e textos lineares. Ultrapassa docente é baseado no reconhecimento
ainda o uso das tecnologias como simples de que este instrumento de trabalho:
apoio visual, isto é, uma ilustração básica
do escrito/falado, pois ativam emoções • Não substitui a palavra, mas
e possibilitam associações capazes de ocupa outra posição na construção
mover atitudes e comportamentos. de sentidos;
Os sons e imagens presentes nas
tecnologias, principalmente nos meios de • Coloca em evidência algumas
informação e comunicação, privilegiam construções discursivas que atuam
a comunicação afetiva, permitindo ao como configurações espaço-tempo-
espectador uma “imersão” nas sensações rais de sentido;
provocadas pelo contato com elas.

UNIDADE 3 109
Tecnologias Educacionais

• Contribui para desvendar, com mais O trabalho com as tecnologias na escola


poder que a palavra, representações supõe mudanças na ordem do processo
inconscientes e conscientes sobre educacional, onde tradicionalmente
problemáticas educacionais; o professor é quem escolhe (às vezes
arbitrariamente) o que ensinar. Neste
• Possui mais força de expressão novo contexto de ensino e aprendizagem,
para identificar e iniciar conflitos a decisão não é mais apenas do professor,
produtivos nas práticas; mas sim dependente de uma articulação
com os alunos. Assim, a aprendizagem
• Auxilia professores com elementos será resultante de um processo
capazes de “quebrar” uma situação tra- significativo e relevante para o indivíduo.
dicional e tomar decisões em momentos
aparentemente fechados e complexos. No que se refere à pedagogia da
comunicação, a reflexão sobre
Do lado dos alunos, temos que considerar determinados temas do cotidiano do
que eles se relacionam com os recursos aluno e a elaboração de elementos
tecnológicos e de comunicação com de sua cultura (produzida através dos
relativa facilidade, retendo as mensagens meios de comunicação) são capazes
que identificam ser úteis e mais adaptadas de desenvolver um entendimento
a seu modo de ver. O entretenimento mais sofisticado e consciente sobre a
e a ficção existentes nestes recursos realidade. Esta pedagogia possibilita
possuem considerável influência sobre partirmos da cultura básica do aluno,
as atitudes e comportamentos dos adquirida em contato com as tecnologias
estudantes. A utilização que eles fazem e seu cotidiano, para o desenvolvimento
das mensagens e informações é um de uma cultura mais elaborada.
material muito rico, capaz de indicar
não apenas os elementos de diversão Por fim, diversos são os benefícios
e aprendizagem dos estudantes, mas obtidos quando a escola utiliza temas
principalmente a manifestação de sua do cotidiano dos alunos e linguagens
interioridade. Em outras palavras, é tecnológicas e comunicacionais em
uma maneira de conhecermos melhor processos de formação docente, tais
nosso aluno, de conhecer sua visão como:
seletiva, de entender como utilizam as
representações para compor sua leitura • Utiliza um material que faz parte
e como adquirem, por meio de um do dia a dia de professores e alunos e,
trabalho pedagógico comunicacional, normalmente, é agradável a eles;
certa autonomia emocional e conceitual.

110 UNIDADE 3
• Fornece aprendizagens que • Permite reflexões sobre situações
extrapolam as racionalidades, vividas no dia a dia que interferem na
envolvendo intuição, sensibilidade, prática profissional;
desejo e emoção;
• Aumenta o poder de criação e de
• Introduz outra “vida” na escola, decisão dos envolvidos;
gerando dúvidas e interesses de alunos
e professores sobre importantes • Auxilia na interação entre os
temas; professores, destes com alunos, e de
ambos com as tecnologias e os
• Envolve os professores em conhecimentos escolares.
experimentos pedagógicos com
novas linguagens e tecnologias;

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 3 111
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 3

Diferentes tipos de Podemos entender, então, que


softwares utilizados na o mecanismo de construção do
conhecimento já considera a existência de
educação
estruturas mentais ou de determinados
conhecimentos organizados, os quais
De maneira geral, a aprendizagem podem ser observados em declarações
pode acontecer de duas formas: a (linguagem) ou comportamentos
informação é memorizada ou então é (habilidades). Além disso, este mecanismo
processada pelos esquemas mentais e considera o princípio da continuidade,
esse procedimento acaba enriquecendo isto é, um novo conhecimento precisa
os esquemas. Neste segundo caso, o possuir algum tipo de relacionamento
conhecimento é efetivamente construído. com o que já se conhece.
O entendimento dessas diferenças no
aprender é muito importante, pois no Neste contexto, o computador e outras
primeiro caso significa que a informação tecnologias podem ser utilizados como
não foi processada e, sendo assim, não um valioso recurso capaz de auxiliar as
pode ser aplicada em situações que pessoas no processo de construção de
requerem resolução de problemas. conhecimento. Entretanto, precisamos
Quando muito esta informação pode entender que o aprender (construção
ser repetida, indicando que a pessoa do conhecimento ou memorização)
conseguiu retê-la. não deve ficar restrito à utilização de
tecnologias e softwares, mas deve estar
Por outro lado, quando trabalhamos relacionado com a interação existente
com o conhecimento construído entre o aprendiz e os meios que ele
fazemos sua incorporação aos esquemas utiliza para obter aprendizado.
mentais que são utilizados diante de
situações-problema ou desafios. Nestes Assim como estudamos anteriormente,
casos, a pessoa tem maior capacidade Piaget afirma que o nível de compreensão
para resolver os problemas se possui está diretamente relacionado com o
conhecimento para isso ou consegue nível de interação existente entre o
identificar a necessidade de buscar novas aprendiz e o objeto. Neste sentido,
informações para serem processadas e alguns softwares possuem características
vinculadas ao conhecimento já existente. capazes de favorecer o entendimento do

112 UNIDADE 3
Tutoriais
aluno, como no caso da programação,
enquanto outros precisam de maior Um tutorial pode ser entendido como
envolvimento do professor para criar um software onde a informação é
situações complementares ao software organizada de acordo com uma sequência
que beneficiem a compreensão do aluno, pedagógica própria, sendo apresentada
como no caso dos tutoriais. em seguida para o aluno que, por sua
vez, pode seguir esta sequência de
Considerando a construção do instruções ou escolher a informação que
conhecimento e do papel desejado desejar. Na primeira situação, o controle
do professor neste processo, a análise da situação do ensino e do que pode
de softwares educacionais possibilita ser apresentado ao aluno pertence ao
criarmos uma classificação não software. Na outra situação, o controle
apenas com softwares tutoriais e de passa para o aluno que pode selecionar
programação, mas também aqueles que o que deseja ver. O mais comum nos
atuam de forma intermediária entre esses softwares que permitem o controle de
extremos. Apesar de termos diferentes acesso pelo aluno é sua organização
tipos de software que podem ser usados na forma de hipertexto, onde se pode
na educação, como a programação, “navegar” entre o conteúdo.
os tutoriais, o software multimídia,
a própria internet, o processador de
texto, a planilha eletrônica, os softwares
para criação de multimídia e os jogos,
cada um deles dispõe de características
que podem favorecer o processo de
construção do conhecimento. O papel
do professor é analisar as diversas opções
de software disponíveis atualmente e
identificar aquele que se apresenta como
o mais adequado para cada situação.

A seguir, iremos apresentar as


características básicas de alguns tipos
de softwares que podem ser utilizados
como recurso tecnológico auxiliar da
aprendizagem.

UNIDADE 3 113
Tecnologias Educacionais

Veja que nas duas situações a informação e disponibilizar condições para levar os
disponibilizada pelo tutorial ao aluno foi alunos ao nível da compreensão, criando
definida e organizada anteriormente. situações onde ele possa manipular as
Isso quer dizer que ele está restrito informações recebidas para a resolução
a esta informação, sendo que o de problemas de seu cotidiano.
computador passa a funcionar como
uma máquina de ensinar. As interações
existentes entre o aluno e o computador Processador de texto
consistem na leitura da tela ou escuta da
informação disponibilizada, na escolha Em relação aos aplicativos, como os
da informação e no avanço das páginas processadores de texto, as ações do
do material. Utilizando este recurso, não aluno também podem ser observadas
conseguimos saber ao certo como o e analisadas tendo como base um ciclo
aluno está processando as informações chamado “descrição-execução-reflexão-
recebidas e nem se está entendendo o depuração-descrição”. A descrição
seu conteúdo. Na verdade, mesmo que compreende o ato de descrever o
ele esteja processando as informações, problema a ser resolvido com o apoio
não temos meios para nos certificar que do computador. A execução desta
isso realmente está acontecendo. descrição fornece um feedback ao aluno
sobre o resultado obtido, permitindo
Se quisermos verificar se o aluno a ele fazer uma reflexão acerca de suas
processou ou não a informação, torna-se ações. O ciclo se encerra na depuração
necessário apresentarmos a ele algumas dos conhecimentos por meio da busca
situações-problema que demandem de informações novas ou do pensar,
o uso das informações fornecidas retornando assim para uma nova etapa
anteriormente. Alguns softwares tutoriais de descrição de problemas.
até tentam fazer isso, mas de maneira
geral os problemas apresentados buscam Quando o aluno está utilizando um
apenas verificar se o aluno memorizou a processador de texto, sua interação com
informação recebida. o computador é mediada basicamente
pelos comandos do software para formatar
Portanto, a limitação do tutorial está o texto (centralizar, grifar palavras, etc).
justamente na possibilidade de verificar A maioria dos processadores de texto
se a informação foi processada e se modernos é muito simples de utilizar
transformou em um conhecimento e facilita a expressão escrita de seus
agregado aos esquemas mentais. É usuários. Entretanto, o processador de
papel do professor interagir com o aluno texto só é capaz de executar o aspecto

114 UNIDADE 3
do formato do texto ou de determinados dos tutoriais. É claro que a multimídia
estilos de escrita, mas não consegue oferece facilidades como a combinação
verificar o conteúdo do texto e gerar de imagens, textos, sons e animações
automaticamente um feedback em que permitem uma melhor expressão das
termos de significado do que o aluno ideias. Entretanto, a ação executada pelo
quis dizer por meio de sua escrita. aluno é a de escolher entre as opções forne-
cidas pelo software. Quando esta seleção
Considerando a utilização do ocorre, o computador exibe a informação
processador de texto, as etapas de disponível e o aluno tem a oportunidade
reflexão e depuração do conteúdo não de refletir sobre ela e escolher outras
são facilitadas pelo computador, pois opções. Esta sequência de seleções entre
ele não oferece a informação necessária tópicos de informação compõe o conceito
para que o aluno compreenda o seu de navegação no software.
nível de conhecimento e, desta forma,
tente alcançar níveis mais elevados Devemos considerar que os softwares
de conceituação e compreensão. Em multimídias estão ficando cada vez
outras palavras, podemos dizer que o mais criativos e interessantes, pois
processador de texto não possui recursos passaram a explorar novas possibilidades
auxiliadores do processo de construção disponibilizadas pela tecnologia. O aluno
do conhecimento. Esta construção e pode navegar em um amplo espectro de
compreensão do conteúdo somente tópicos, inclusive detalhando aqueles
acontecerão quando outra pessoa fizer que desejar. Porém, o aluno continua
uma leitura do texto e fornecer um restrito ao que é disponibilizado pelo
feedback com o qual o aluno poderá software. Se determinado software não
analisar o seu desempenho. disponibiliza o que ele necessita, então
outro software deverá ser utilizado. Além
disso, a navegação pelo software pode
Uso de multimídia e internet ocupar o aluno por longos períodos de
tempo, mas mesmo assim pouco pode
Inicialmente, é prudente fazermos uma ser realizado em termos de entendimento
diferenciação entre o uso de recursos e transformação dos conteúdos visitados
multimídia já prontos e o uso de sistemas em conhecimento passível de aplicação
de autoria para que o aluno desenvolva na vida real.
seu próprio material multimídia.
Encontramos esta limitação também em
A utilização de multimídia não possui atividades de navegação na internet.
muitas diferenças em relação à utilização Neste caso, a utilização é muito mais

UNIDADE 3 115
Tecnologias Educacionais

ampla em comparação ao software, mas as Nesta situação, o professor poderia atuar


chances de construção do conhecimento de maneira auxiliar para que a construção
e compreensão do que se faz continuam do conhecimento aconteça. Entretanto,
pequenas. Durante a navegação, o aluno para isso ele deve encontrar formas de
tem a oportunidade de entrar em contato superar uma tendência que os alunos
com um número muito grande de ideias apresentam de se restringir à navegação
diferentes, mas se estas informações não pelas coisas fantásticas que os softwares
são utilizadas, não podemos garantir que apresentam, mas que na prática não
ela se transformará em conhecimento. auxiliam o compreender.

É possível notarmos que tanto a utilização


de sistemas multimídia já prontos como a Desenvolvimento de multimídia
navegação pura na internet são atividades
que realmente auxiliam o aluno a obter Quando o aluno está desenvolvendo um
informações, porém não são capazes projeto e faz sua representação como
de ajudá-lo a compreender ou construir uma multimídia, utilizando para isso um
conhecimentos a partir da manipulação sistema de autoria, é provável que ele
destas informações. esteja interligando uma sucessão de

116 UNIDADE 3
informações apresentadas por diferentes e conceitos possam ser trabalhados
mídias. Ele pode selecionar informações conjuntamente, por exemplo, solicitando
de outro software ou da literatura, além ao aluno que elabore parte das animações
de ter que programar animações a serem e efeitos na multimídia ou que realize
incluídas na multimídia que está sendo atividades fora do computador, utilizando
produzida. Assim que os diferentes essas estratégias e conceitos.
assuntos são incluídos na multimídia, o
aluno pode fazer uma reflexão sobre os
resultados do produto final elaborado e Simulação e Modelagem
depurá-lo em termos de qualidade e do
significado das informações apresentadas. Determinados fenômenos podem ser
simulados com o apoio do computador,
Veja que a criação de um produto sendo necessário para isso que um
multimídia gera uma oportunidade modelo do fenômeno seja implementado
para o aluno buscar informações, no equipamento. O usuário da
apresentá-las de forma adequada, bem simulação teria a tarefa de alterar alguns
como analisá-las e criticá-las. parâmetros e observar o comportamento
do fenômeno de acordo com os valores
Devemos ressaltar que um sistema de atribuídos.
autoria não necessariamente exige
que o aluno descreva tudo aquilo que Na modelagem, o aluno é o
está pensando enquanto seleciona as responsável pela criação do modelo do
informações que serviram de base para fenômeno, utilizando para isso recursos
a produção do seu material multimídia. computacionais para implementá-lo.
Ele também não restringe quais mídias Quando esse processo termina, o aluno
podem ser utilizadas para realizar a pode utilizar o modelo para realizar as
apresentação das informações: imagens, simulações desejadas.
vídeos, textos, etc. Outra característica
relevante desses sistemas é que ele Note que a diferença entre o software
não registra com detalhes o processo de modelagem e o de simulação está
utilizado pelo aluno para montar o seu em quem define o fenômeno e em quem
produto multimídia. desenvolve o seu modelo. Enquanto
na modelagem o aluno escolhe o
Este tipo de execução é similar ao que fenômeno, desenvolve seu modelo e faz
acontece no processador de texto. Sendo a sua implementação no computador, no
assim, é importante que o professor caso da simulação isso já foi realizado
crie condições para que as estratégias anteriormente e apenas fornecido ao

UNIDADE 3 117
Tecnologias Educacionais

aluno. Podemos concluir, então, que a das ideias do aluno para o computador.
modelagem exige envolvimento direto
na definição do fenômeno e sua posterior De maneira geral, os jogos objetivam
representação computacional, gerando motivar e desafiar o aluno, envolvendo-o
inúmeras possibilidades de aprendizado em uma competição com outros colegas
e obtenção de novos conhecimentos ou com a própria máquina. Uma maneira
pelos alunos envolvidos. simples de fazer isso é, por exemplo,
apresentando questionamentos e
Entretanto, a modelagem ou a simulação contabilizando as respostas certas e
por si só não são capazes de criar a erradas. Porém, neste caso, as ações
melhor situação de aprendizado. Para do aluno serão mais próximas ao que
que isso efetivamente aconteça, é funda- acontece em um tutorial.
mental que condições sejam criadas para
que o aluno se envolva com o fenômeno Outro uso desta abordagem está mais
estudado e que esta experiência seja próximo às ideias da simulação, onde
complementada com a produção de algumas “leis” do jogo já podem estar
hipóteses, discussões, leituras e utili- definidas previamente. O aluno deve
zação do computador para confirmar o jogar o jogo e, assim, espera-se que
entendimento do fenômeno. Além disso, ele esteja o tempo todo elaborando
o professor deve auxiliar o aluno a não hipóteses e estratégias e construindo
formar um entendimento errado e distor- novos conhecimentos.
cido a respeito do fenômeno avaliado,
criando ainda condições para que ele Os jogos apresentam outra dificuldade
faça a transição entre a simulação e a que deve ser considerada pelo professor
ocorrência do fenômeno no mundo real. quando da definição da tecnologia mais
adequada para se trabalhar determinado
conteúdo. Eles buscam envolver o aluno
Jogos educacionais em um ambiente de competição, porém,
caso essa competição não seja bem
É possível analisarmos os jogos apresentada, pode acabar desfavore-
educacionais implementados no cendo o processo de aprendizagem. Isso
computador considerando o ciclo citado não é um problema exclusivo dos jogos
anteriormente que cobre a descrição, eletrônicos, mas sim dos jogos em geral.
execução, reflexão e depuração. Esses Certamente, eles são muito úteis quando
jogos podem apresentar características criam um ambiente favorável para que
tanto dos tutoriais quanto dos softwares o aluno possa praticar as estratégias e
de simulação, dependendo da transcrição conceitos que possui. Porém, o aluno

118 UNIDADE 3
pode estar usando suas estratégias e Neste contexto, o professor poderia
conceitos correta ou incorretamente e documentar as situações apresentadas
não ter consciência de que isso esteja pelo aluno ao longo do jogo e, quando o
sendo feito. Essa tomada de cons- mesmo terminar, discuti-las com o aluno,
ciência é fundamental para que exista a recriando-as e apresentando desafios
compreensão e ocorra a transformação voltados para que ocorra a compreensão
das ideias de ações em operações. do que foi feito.

UNIDADE 3 119
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 4

Impacto da tecnologia Para complementar o estudo sobre


na educação através este assunto, o artigo disponibilizado
neste tópico intitulado “O impacto das
das ferramentas Web
tecnologias da informação e comunicação
2.0 na educação através das ferramentas
web 2.0”, escrito pelos autores Isabel
Hortência Garnica Perez de Barros e
A partir de todo o estudo realizado até José Aurélio Vilas Boas, apresenta uma
aqui, você já deve ter notado que as reflexão abrangente sobre a utilização
novas tecnologias utilizadas na educação de ferramentas tecnológicas disponíveis
são capazes de gerar inúmeros impactos no ambiente da web 2.0, no processo de
no processo educacional, sejam eles ensino e aprendizagem.
positivos ou negativos.

Assista à videoaula com este conteúdo.

120 UNIDADE 3
O impacto das tecnologias da informação
e comunicação na educação através das
ferramentas Web 2.0

Isabel Hortência Garnica Perez de Barros


Fundação de Apoio à Escola Técnica
FAETEC [email protected]

José Aurélio Vilas Boas


Centro Universitário Geraldo Di Biase
UGB [email protected]

Resumo cidade do Estado do Rio de Janeiro


fornece uma visão de como acontece
Este trabalho tem como objetivo a a interação e o compartilhamento
reflexão e a aplicabilidade teórico de informações entre os usuários no
prática de ferramentas que utilizam a processo educacional. O estudo apontou
plataforma Web 2.0, no processo de que tanto os alunos como os tutores são
ensino e aprendizagem. Aproveitando favoráveis na utilização das ferramentas
a inteligência coletiva, contribuindo Web 2.0, assim como o FreeMeeting, no
na mudança das características do ensino e na aprendizagem.
ensino-aprendizado e na construção de
práticas pedagógicas mais flexíveis, bem Palavras chaves: ensino e aprendizagem,
como metodologias interativas e que Web 2.0, ensino a distância, FreeMeeting.
compartilham o conhecimento. Com
as novas tecnologias da informação e
comunicação, torna-se mais prazerosa 1 – INTRODUÇÃO
a forma de ensinar e de aprender, visto
que, cada vez mais usuários têm acessado Atualmente vivenciamos a importância
a rede com o intuito da construção das Tecnologias de Informação e
do conhecimento. O presente estudo, Comunicação, fundamentada por autores
através de pesquisa bibliográfica e uma importantes como Geller (2004) e O’Reilly
pesquisa de campo, sobre as ferramentas (2006), que caracterizam a formação de
Web 2.0 e, especificamente, a ferramenta um ambiente comportamentalista e irre-
FreeMeeting, realizada com alunos e verente, levando respostas aos conceitos
tutores de um curso de graduação numa de ensino-aprendizagem desenvolvidos

UNIDADE 3 121
Tecnologias Educacionais

por longos anos, implementando novos grupo. Discorreu-se um pouco sobre a


referenciais que hoje norteiam tanto história da Web 2.0, com a necessidade de
escritores como educadores e pesquisa- se conhecer como tudo começou, de que
dores para a educação. Vivencia-se ainda forma o avanço das tecnologias de infor-
o conhecimento prático da educação mação e comunicação facilitou o acesso
brasileira e, é nesse contexto que busca- dos usuários, bem como sua participação
se uma fonte mais atraente e que não podendo exprimir ideias e opiniões acerca
seja tão tortuosa para o educando e o de qualquer informação. Procurou-se
educador. Procurou-se na ferramenta relacionar Web 2.0 com a educação,
Web 2.0 recursos capazes de tornar com o intuito de mostrar que, através da
essa jornada muito mais interessante, tecnologia da informação e comunicação,
interativa e proveitosa. Notou-se que a construção do conhecimento não se dá
a interação e o compartilhamento de somente na escola, com a transmissão de
informações são motivadoras e estimu- conteúdos como é feita tradicionalmente
lantes para a vida acadêmica, esse talvez até os dias hoje, mas que poderia haver
fosse o motivo por se ter escolhido esse novas fontes e formas para a aquisição
tema e o FreeMeeting como base desta desse conhecimento. Procurou-se ainda
pesquisa, ferramenta esta que estabelece mostrar que a sociedade da informação
uma relação onde o aluno de educação não é mais entendida como simplesmente
a distância é colocado não só como a internet, mas que a revolução da infor-
protagonista, mas também como ques- mação vem modificar substancialmente a
tionador, aproximando os alunos dos educação, através de ferramentas, aplica-
professores e tutores, contato que talvez tivos e o que mais está por vir.
não seria possível sem esse recurso.
A colaboração e geração de conteúdo
A busca incansável por melhorar a exercem papel importante e funda-
educação alcança, por meio de recursos mental na reflexão das possibilidades
diferenciados, um novo desafio ao de aprendizagem. Com a disseminação
educador e aos Parâmetros Curriculares de tecnologias, ferramentas, serviços e
Nacionais – PCNs, educar com recursos comunidades em ambientes online, a
que motivem o aluno ao desenvolvimento comunicação fica simples e mais fácil.
de capacidades, superando suas dificul- Produzem-se mais conteúdos, acessam-
dades e com certeza prepará-lo para o se mais informações e a comunicação é
mercado de trabalho. Neste cenário, para de todos e, nesse contexto, é importante
nortear o presente trabalho, procurou-se que as pessoas saibam onde está a infor-
buscar na bibliografia existente, assuntos mação, como ter acesso à informação e
pertinentes ao tema escolhido pelo como transformar essa informação em

122 UNIDADE 3
conhecimento. Deve-se levar em conta constituindo uma alternativa mais rica e
que o acesso à informação não pode ser diversificada pela variedade de fontes,
considerado como garantia de sucesso, organização e flexibilidade temporal e
pois a quantidade de informação dispo- local, e cooperação. As tecnologias Web
nibilizada na grande rede vem crescendo 2.0 tem potencial para mudar a natureza
exponencialmente. Desta forma, a Web do ensino e aprendizagem e questionar
2.0 é uma promissora tecnologia no o papel tradicional das instituições
trato da pedagogia atual, num contexto educativas e, ainda, gerar oportunidades
de soluções acadêmicas e didáticas para que todos, sem distinção de classe
modernas, onde o estudo é facilitado e social, credo, região geográfica, possam
melhor inserido no mundo do trabalho. vislumbrar um futuro melhor através da
educação.
O impacto da busca do aproveitamento
da inteligência coletiva, onde vários O uso de novas tecnologias, com auxílio
usuários adicionando conteúdo e os rela- da internet, promove o desenvolvimento
cionando entre si, assemelha-se com a da aprendizagem e nesse contexto
sinapse do cérebro humano, com as asso- podem-se citar algumas ferramentas
ciações tornando-se mais fortes através importantes, como ambientes que
da repetição ou intensidade e criando permitem atualização rápida a partir
oportunidades para uma contextuali- de acréscimos de artigos, ferramentas
zação coletiva. Nesse contexto, pode-se para páginas de internet destinadas a
entender de que modo os ambientes promover debates através de mensagens
online contribuem e se caracterizam para o publicadas abordando uma mesma
desenvolvimento da aprendizagem, bem questão, comunidades e redes sociais,
como a reengenharia de todo o processo bate-papo, ferramentas de partilha de
ensino-aprendizagem, como a otimi- conteúdo, ferramentas de colaboração,
zação da parte operacional do ensino, ferramentas de gestão e colaboração
seja presencial ou a distância como, por online.
exemplo, a otimização do tempo para os
alunos, em seus horários de estudo e para Este estudo visa a reflexão e aplicabili-
os professores em suas cargas horárias. O dade teórica e prática de ferramentas que
uso dessas novas tecnologias associadas utilizam a plataforma Web 2.0 no processo
à educação tem efeitos impactantes de ensino e aprendizagem. Aproveitando
na melhoria da condição de vida do a inteligência coletiva, contribuindo na
ser humano, na escola, na vida social e mudança das características do ensino
econômica, pois o indivíduo encontra faci- aprendizado e na construção de práticas
lidades de aprender de forma autônoma, pedagógicas mais flexíveis, bem como

UNIDADE 3 123
Tecnologias Educacionais

metodologias interativas e que compar- O nome Web 2.0 foi citado por Tim
tilham o conhecimento. O’Reilly (2006) num congresso da
O’Reilly Média ficando famoso a partir
de então. Entretanto, a Web 2.0 faz uso
2. METODOLOGIA de muitos componentes tecnológicos
que foram criados antes do surgimento
Toma-se por base a taxonomia apresen- da Web. Segundo O’Reilly (2006), “Web
tada por Vergara (2004), que qualifica as 2.0 é a mudança para uma internet
pesquisas em relação a dois aspectos: como plataforma, e um entendimento
quanto aos fins e quanto aos meios. das regras para obter sucesso nesta
Quanto aos fins, a pesquisa pretende nova plataforma”. Uma das normas
ser descritiva, porque visa descrever mais importantes seria desenvolver
percepções, expectativas, sugestões e/ ferramentas que aproveitem os efeitos de
ou propostas acerca da popularização rede, num modelo colaborativo e flexível.
e usabilidade da Web 2.0. Quanto aos
meios, a pesquisa será bibliográfica. O’Reilly (2006) se refere a estas regras,
Envolverá uma aplicação prática em mas antes do surgimento deste termo,
um exemplo concreto, descrevendo, já se falava dele como infoware, the
analisando e avaliando este experimento internet operating system e the open
educacional na forma de ferramenta Web source paradigm shift e tem seus
2.0, bem como sua utilização nas tutorias produtos aplicados em um consenso
dos cursos a distância. Para a fundamen- entre as empresas Google, Amazon,
tação teórico-metodológica do trabalho Yahoo e Microsoft, estudiosos da Web e
serão pesquisados, na literatura, assuntos da concretização do que realmente traz
como: funcionalidades básicas da Web resultado na Internet. Novos aplicativos
2.0, Web semântica, Comunicação na surgem e se aperfeiçoam, à medida que
Web, redes sociais de comunicação. Os sugestões dos usuários vão surgindo,
métodos de investigação serão: quantita- aproveitando a inteligência coletiva.
tivo e qualitativo, nossa investigação será
em forma de questionário de avaliação, Por definição, pode-se dizer que a Web
tendo como norte a ferramenta Web 2.0 2.0 é um processo de comprometimento
FreeMeeting. entre os usuários; local de reutilização
de dados e serviços de outros;
desenvolvimento de aplicativos e fonte
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS de vantagem competitiva através dos
dados e do aumento do retorno sobre
3.1. Web 2.0 – Um Pouco de História dados originados pelo usuário.

124 UNIDADE 3
Com a nova arquitetura da Web 2.0, os informações que o mesmo considera
softwares que eram usados pela internet e importantes. Este conceito é parecido
vendidos como serviços pagos, mudaram com o usado no software livre: quando
a maneira de elaborar os programas, de muitas pessoas olham, os erros são
forma que tudo funcione na internet, apli- corrigidos. Por isso há comunidades onde
cando novas tecnologias em função das os moderadores indicam ao aplicativo
experiências dos usuários, resultando em que usuário deve ou não participar.
interfaces rápidas e muito fáceis de usar. Os conteúdos utilizam licenças como
Creative Commons, que são flexíveis
Então, se os programas forem mais no que tange aos direitos autorais,
simples de usar tudo fica mais fácil. É fácil permite que o usuário use novamente
tirar ou acrescentar uma função, e ainda compartilhando, republicando, alterando
compartilhar uma parte de um programa e colaborando com conteúdo, gerando
com outro programa. Quanto mais os sites de relacionamento, comunidades,
usuários usam o programa, melhor eles comentários em noticiários e blogs.
vão ficando.
A internet, o avanço das tecnologias de
A plataforma Web 2.0 refere-se a uma informação e comunicação, bem como o
nova experiência para uso parecido com acesso dos usuários à informação, levaram
os aplicativos em computadores desktop. a aumentar a facilidade de expressão
Esta tecnologia aumenta a velocidade e e opinião dos usuários presentes em
a facilidade do uso da Web, é responsável comentários, fóruns, lista de discussões,
pelo aumento do conteúdo colaborativo blogs e fotologs, comunidades, grupos,
e publicado na internet devido ao seu uso sites participativos, no YouTube, nas
simplificado e infinidade de aplicativos exis- Wikis. Estes fazem uso de todos os
tentes como os blogs e wikis, slide share, aplicativos e suas ferramentas como
Google docs, picassa web e muitos outros. o messenger, sites, blogs, correio
eletrônico, mensagens, celulares, para
Os conteúdos das páginas da internet espalharem suas experiências pessoais
também sofreram um grande impacto e opiniões sobre os produtos, serviços,
com a Web 2.0, o usuário pode participar, marcas, empresas, notícias.
gerar, organizar informações, bem como
personalizar, avaliar e comentar ações, As wikis e os blogs são citados na lista
enriquecendo o sistema. principal da Web 2.0. Mas, as interfaces
de colaboração e participação estavam
Os aplicativos Web 2.0 possibilitam a presentes desde que a internet despontou
personalização do seu conteúdo filtrando nas universidades. Os fóruns são exemplos

UNIDADE 3 125
Tecnologias Educacionais

antigos. Já em 1995 o GeoCities, antigo os muros da escola, da cidade, do país.


Yahoo, oferecia espaço e ferramentas Segundo Cruz (2008), “Por esta razão,
para que os usuários construíssem seu a escola deve alterar a sua concepção
próprio site e publicassem na internet. tradicional e deve começar por
A Amazon, desde 1995, possibilita a estabelecer pontes com outros universos
seus clientes postarem comentários e de informação e abrir-se a outras situações
informações sobre os produtos vendidos de aprendizagem”.
na loja. Em 1998 foi lançado o MyYahoo!,
que permitia customizar e personalizar Segundo Cruz (2008), “cada vez mais
a página principal. Assim, o conteúdo os alunos estão motivados para as
participativo e colaborativo não é novo e tecnologias informação e menos
revolucionário, mas sim um dos principais motivados para os métodos tradicionais
pilares da internet, onde os indivíduos de ensino”. Por isso, acredita que para
e empresas publicam e compartilham conseguir cumprir a missão de formar
informações na rede. os alunos, o professor tem a obrigação
de adaptar os seus métodos de ensino
A Web 2.0 também é usada como uma às novas tecnologias e que, no contexto
ferramenta de colaboração pedagógica da sala de aula, usem e aprendam a
para a construção de saberes e conceitos. utilizar as novas tecnologias. Ainda Cruz
Nesse contexto, o ambiente participativo (2008), afirma, “a rapidez das inovações
oferece um ambiente de fácil publicação, tecnológicas nem sempre corresponde
espaço para debates e vários recursos à capacitação dos professores para a sua
para a gestão coletiva do trabalho utilização, o que muitas vezes resulta na
comum. Segundo Primo (2007), trata-se utilização inadequada ou na falta de uso
de um processo emergente que mantém dos recursos tecnológicos disponíveis”.
sua existência através de interações entre
os envolvidos. Com o advento da Web 2.0, o cenário
na educação pode ser transformado
3.2. Web 2.0 e a educação substancialmente, com novas ferramentas
para o processo de ensino aprendizagem.
Com o surgimento das novas tecnologias Hoje conta-se com inúmeras ferramentas
de informação e comunicação (TIC), que podem auxiliar no processo de
despontam modernos ambientes de ensino-aprendizagem, tais como:
construção do conhecimento. A escola Podcast, YouTube, sites de busca, sites de
deixa de ter o papel de único transmissor relacionamentos, Wiki, etc.; possibilitando
de conhecimento e aprendizagem com a interação e a comunicação entre alunos
as exigências pessoais que transbordam nos mais diversos assuntos.

126 UNIDADE 3
Essas ferramentas estão ganhando metodologia de ensino-aprendizagem
popularidade, crédito pedagógico, muito mais rica e estimulante.
e ao levar os alunos a utilizarem
essas ferramentas estamos, segundo De acordo com Carvalho (2008), a
Carvalho (2008), “contribuindo para educação a distância é uma das disciplinas
o desenvolvimento e preparação de mais beneficiadas com o surgimento das
cidadãos aptos para a sociedade da novas tecnologias, especialmente as rela-
informação e do conhecimento”. cionadas com a Web 2.0. Cabe observar
que essas novas tecnologias propiciam
Com a democratização de publicações uma aprendizagem colaborativa, onde
online e a facilidade de acesso à todos saem ganhando, tanto os profes-
informação, o dia a dia de alunos e sores como os alunos, pois para Carvalho
professores tornou-se mais fácil e (2008) estas ferramentas estimulam a
prazeroso, visto que a interação entre experimentação, reflexão e geração de
esses agentes já não conta mais com conhecimentos individuais e coletivos,
barreiras em suas comunicações. favorecendo a construção de um ciberes-
paço de inter criatividade que contribui
Segundo Carvalho (2008), os professores para criar um espaço de aprendizagem
e alunos ao experimentarem a escrita coletiva.
online sentem-se estimulados, passando
a empenharem-se mais, sendo que os Para Ribeiro (2008), a evolução do
alunos passam a ter responsabilidade conhecimento depende do trabalho
por suas publicações. “Neste momento, coletivo e não individual. Isto porque
os agentes educativos podem, com o conhecimento é visto como uma
toda a facilidade, escrever online no construção social e está vinculado à
blog, gravar um assunto no podcast ou participação humana.
disponibilizar um filme no YouTube”. A
facilidade de dispor os conteúdos na Segundo Carvalho (2008), é interessante
rede cria um ambiente de trabalho que observar que as possibilidades de
passa a estar sempre online em todas aprendizagem colaborativa com a Web 2.0
partes do mundo que tenham acesso à surgem como uma resposta à tradicional
web. O professor com um simples clique estrutura estática da internet com poucos
acessa seus favoritos no Delicious, aos emissores e muitos receptores (como
seus textos, gráficos ou apresentações no a televisão), começando a adotar uma
Google Docs, às suas imagens no Flickr nova plataforma onde as aplicações
ou no Picasa web, ou aos seus vídeos no são fáceis de usar e permitem uma
YouTube, aplicando na sala de aula uma quantidade significativamente mais alta

UNIDADE 3 127
Tecnologias Educacionais

de intercâmbios e cooperação. Esta e aprendizagem. Logo, o conhecimento


mudança permitiu o surgimento das coletivo encontra nesta situação
redes colaborativas de conhecimento, campo propício para sua propagação e
onde vários assuntos são colocados desenvolvimento. Assim, no momento
em discussão, e novos paradigmas que se utiliza uma plataforma adequada,
para compreender essas mudanças com recursos da Web 2.0, a interação
na sociedade do conhecimento são ocorre de forma simultânea entre todos
estruturados de maneira contínua. os atores deste processo (professores,
tutores e alunos) estabelecendo um elo
O processo de ensino aprendizagem entre eles e agregando aos mesmos,
ganha vantagens com todo esse avanço valores comuns a fim de identificá-los
tecnológico, seja ele presencial ou como uma equipe.
a distância, isto porque foi possível
a utilização de diferentes formas de Segundo Voigt (2007), ”a Web 2.0 apresenta
comunicação e interação entre os pares ferramentas que ajudam na colaboração
que utilizam uma mesma rede. Segundo e construção do conhecimento, mas para
Ribeiro (2008), a educação online pode que isso aconteça é necessário motivar
ser composta por cursos totalmente tal participação e colaboração. Diz que
virtuais, sem contato físico – passando o usuário não é mais visto apenas como
por cursos semipresenciais – ou por recebedor de informação, mas como
cursos presenciais com atividades produtor e desenvolvedor”.
complementares fora da sala de aula,
utilizando a internet. Para Geller (2004), o aluno passa a ter
maior responsabilidade em sua formação
Mas para que haja colaboração coletiva com a redefinição de aprendizagem, visto
entre os atores do processo de ensino que, essa se apoia na sua autonomia. O
aprendizagem, é necessário que haja aluno deixa de ser somente um mero
também entre esses mesmos atores, receptor de mensagens e informação, ele
discussão, diálogo, ou seja, a interação procura estabelecer relações dialógicas,
entre eles. críticas e participativas com todos os
envolvidos no processo.
Segundo Ribeiro (2008), a plataforma de
ensino quando permite a interatividade 3.3. A Sociedade da Informação
conjunta entre os atores participantes,
possibilita ao aluno uma melhor De acordo com Viganigo (2008), a
compreensão e assimilação do conteúdo sociedade da informação não é mais
oferecido, facilitando o processo de ensino entendida como “A internet”, ela é muito

128 UNIDADE 3
mais do que isso, trata-se de toda uma afetada com a revolução da quantidade
mudança social, econômica e política que de informações, atingindo e modificando
vem se desenvolvendo desde os anos 60. o funcionamento de diversos setores.
“Tudo leva a crer que a revolução da
A sociedade de hoje baseia-se em informação vai modificar de forma
nova forma de organização nas suas permanente a educação, o trabalho, o
maneiras de produção e de negócios. governo e serviços públicos como saúde,
Ainda de acordo com Takahashi (1998), arrecadação e segurança, o lazer, a
o deslocamento da economia da cultura, as formas de discutir e organizar a
indústria para os serviços e da força sociedade e, em última análise, a própria
para o conhecimento mexeu também definição e entendimento do homem”.
com a política, as relações pessoais e
institucionais, que passaram a depender 3.4. A Evolução das Redes Sociais Web
de troca de informações constantes.
Surge um novo ambiente global baseado Segundo Boyd (2008), sites de redes
em comunicação e informação, cujas sociais são serviços que permitem aos
regras e modos de operação estão sendo usuários, a construção de um perfil num
construídos, em todo o mundo, agora. sistema que possibilite a articulação
e comunicação de vários usuários
Conforme Viganigo (2008), as conectados entre si. A definição de redes
modificações do final do século XX podem sociais Web, portanto, é bem ampla. A
ser encaradas como uma revolução priori, redes sociais Web serviriam apenas
social. Todas as revoluções trazem como fontes de informação pessoais, já
mudanças significativas para o grupo que possibilitariam mostrar a interação
atingido por elas: no caso da “Revolução entre pessoas.
da Informação”, toda a sociedade está
sentindo os efeitos simultaneamente, em As redes sociais Web podem ser úteis
maior ou menor grau. como fontes de informação, de referência
técnica e bibliográfica, como o Delicious
As revoluções anteriores, entretanto, e o Orkut, onde é possível postar artigos
limitavam-se a afetar a sociedade e links. Segundo Viganigo (2008), nestas
através da matéria ou energia, de forma redes sociais é permitido anexar seus
localizada. próprios arquivos ou de outros autores,
além de próprios ou de terceiros,
Pode-se dizer ainda, de acordo com funciona como um fórum de discussões
Takahashi (1998), que a nossa compreensão em torno do tópico em foco, criando
de tempo, espaço e conhecimento é assim novos conceitos e informações

UNIDADE 3 129
Tecnologias Educacionais

para o participante. de comunicação. Surgem os blogs, os


podcasts e centenas de ferramentas que
O primeiro site de rede social que pode geram uma comunicação direta entre a
ser considerado como tal, segundo Boyd fonte e seus interessados. São pessoas
(2008), “foi o SixDegrees que permitia aos comuns que se tornam conhecidas
usuários criar um perfil público e uma lista por produzir conteúdo, independente
de amigos visível a outros. Nos Estados de qualquer esquema formal ou da
Unidos e em diversos países, surgiram necessidade de se ter grandes recursos.
inúmeras redes sociais na internet, com Basta apenas o acesso à rede, cada
objetivos de criar redes de negócios, vez mais populares nas cidades, e o
diversão e relacionamentos amorosos”. mínimo de conhecimento operacional de
Desde então, cresce a diversificação das microcomputadores ou similares. Uma
redes passando a exercer também o papel revolução que começou oficialmente
de rede social, no Brasil a popularidade é com o nome de Web 2.0.
entre o Orkut e facebook.
3.6. A Ferramenta Web 2.0 - Freemeeting
3.5. Inteligência Coletiva
Segundo Azevedo et all (2006), o
Segundo Porto (2005), “esse parece FreeMeeting é uma interface para
ser o princípio por de trás do sucesso gerenciar as diversas ferramentas
das empresas Web 2.0, aproveitar a de comunicação. O usuário indica o
inteligência coletiva, sendo o hiperlink o endereço para conexão e o FreeMeeting
fundamento básico da Web, e com vários se encarrega de conectar as ferramentas
usuários adicionando conteúdo e os de áudio e vídeo.
relacionando entre si, isso se assemelha
com a sinapse do cérebro humano, com Quando a conexão é estabelecida, são
as associações se tornando mais fortes mostradas informações sobre quais
através da repetição ou intensidade”. A usuários estão conectados, e estatísticas
internet nasceu junto com uma nova forma como a taxa de envio e recepção dos
das pessoas terem acesso à informação dados. Mensagens de erro e avisos
e de se comunicarem. Surge uma quarta específicos de cada ferramenta são
via, para fazer parte do conjunto jornal, mostrados nas abas na parte inferior da
rádio e TV. interface. As opções do FreeMeeting, bem
como as do TGWB, podem ser ajustadas
A Web consegue ser mais dinâmica que a através de menus. Também é possível
própria televisão e os fatos não precisam exibir e configurar individualmente cada
ser transmitidos através de um veículo uma das ferramentas. Ainda de acordo

130 UNIDADE 3
com Azevedo at all [1], para os alunos mais os alunos estão motivados para
que dispõem de tutorias presenciais as tecnologias da informação e menos
e a distância, o FreeMeeting é uma motivados para os métodos tradicionais
ferramenta onde eles podem tirar suas de ensino”.
dúvidas e permite que haja um contato
mais próximo com os tutores a distância, Na questão número dois, foi solicitado
facilitando a integração entre alunos e aos alunos que informassem quais
tutores. Com o uso do FreeMeeting, o atividades eles utilizavam no computador
aluno tem a possibilidade de interagir em seu curso de graduação. Na resposta
com o tutor através de áudio, vídeo e o desta questão pode ser observado
TGWB, fazendo desenhos, construindo que 65% dos alunos responderam que
fórmulas, dentre outras facilidades. utilizam o computador para todas as
atividades apresentadas, 20% disseram
que usam o computador para pesquisa
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES na internet, bibliotecas etc., 5%
utilizam para trabalhos, 5% disseram
4.1 – Resultado da Pesquisa de Campo que utilizam o computador para troca
– Alunos de correspondências eletrônicas
com colegas e/ou professores e 5%
Para uma análise sobre os impactos que responderam que utilizam o computador
as novas tecnologias tem causado no para uso de softwares como ferramentas
ensino e na aprendizagem, foi aplicado a educacionais.
20 alunos um questionário com 10 (dez)
questões, que procura identificar questões Quanto à questão número três, foi
quanto a usabilidade e aplicabilidade das solicitado aos alunos que relatassem sua
ferramentas Web 2.0 e especificamente experiência com as ferramentas Web
da ferramenta FreeMeeting na educação. 2.0, bem como os aspectos positivos e
A seguir será apresentado o resultado. negativos. Nas respostas desta questão,
citaram duas ferramentas, o MSN e o
Na questão número um foi pedido aos Skype, quanto ao MSN, dizem que é
alunos que informasse qual a importância ótimo para conversar e/ou se comunicar,
do computador nas atividades discentes. embora não se tenha muita privacidade,
No resultado pode ser observado que mas que o uso desta ferramenta, quando
80% dos alunos responderam que usada no curso, ficam por dentro de tudo
ajuda muito, 15% disseram que ajuda o que acontece. Quanto ao Skype, dizem
às vezes e 5% responderam que ajuda que é interessante e fácil de usar.
pouco. Segundo Cruz (2008), “cada vez

UNIDADE 3 131
Tecnologias Educacionais

Relataram ainda, que essas ferramentas para a sociedade da informação e do


ajudam bastante e aumentam o apren- conhecimento”. Com a democratização
dizado, pois as ferramentas Web 2.0 são de publicações online e a facilidade de
muito úteis para esclarecer dúvidas, além acesso à informação, o dia a dia de alunos
de facilitar a comunicação entre os agentes e professores tornou-se mais fácil e praze-
do processo de ensino e aprendizagem. roso, visto que a interação entre esses
De acordo com a seção 2.2, a Web 2.0 agentes já não conta mais com barreiras
também é usada como uma ferramenta em suas comunicações.
de colaboração pedagógica para a cons-
trução de saberes e conceitos. Nesse con- Na questão número quatro, foi solicitado
texto, o ambiente participativo oferece um aos alunos que relatassem de que
ambiente de fácil publicação, espaço para maneira a ferramenta FreeMeeting seria
debates e vários recursos para a gestão útil para as suas atividades. Na resposta
coletiva do trabalho comum. Segundo para esta questão, pode-se observar que
Primo (2007), trata-se de um processo os alunos relatam que os tutores ficariam
emergente que mantém sua existência mais próximos dos alunos, encurtando
através de interações entre os envolvidos. a distância e que, dessa forma, seria
mais fácil entender as disciplinas, pois
Com o surgimento das novas tecnologias poderiam trocar experiências, tirar
de informação e comunicação (TIC), dúvidas e tudo isso em tempo real.
despontam modernos ambientes de
construção do conhecimento. A escola Na questão número cinco, perguntou-se
deixa de ter o papel de único transmissor aos alunos se eles acreditavam que os
de conhecimento e aprendizagem com recursos de bate-papo, áudio, vídeo e
as exigências pessoais que transbordam quadro branco compartilhados, oferecidos
os muros da escola, da cidade, do país. pelo FreeMeeting poderiam melhorar a
Segundo Cruz (2008), “Por esta razão, a qualidade do ensino e aprendizagem. A
escola deve alterar a sua concepção tradi- resposta a esta questão mostra que 100%
cional e deve começar por estabelecer dos alunos responderam que poderiam
pontes com outros universos de infor- melhorar a qualidade.
mação e abrir-se a outras situações de
aprendizagem”. Essas ferramentas estão Na questão número seis, com relação
ganhando popularidade, crédito pedagó- às respostas da questão número 10, foi
gico, e ao levar os alunos a utilizarem essas solicitado aos alunos que relacionassem
ferramentas estamos, segundo Carvalho alguns itens que os levaram a identificar
(2008), “contribuindo para o desenvolvi- esse nível de qualificação. Na resposta
mento e preparação de cidadãos aptos desta questão pode-se observar que a

132 UNIDADE 3
maioria dos alunos, respondeu que a Web 2.0 no curso de Computação.
melhora na qualidade do ensino se dá Na resposta para esta questão pode
com o maior contato com os tutores, pois ser observado que 85% dos alunos
podem tirar suas dúvidas, tornando o responderam que as ferramentas podem
curso mais fácil, pois a ferramenta oferece facilitar a compreensão do estudante e
interatividade, é colaborativa, de simples 15% responderam que podem facilitar a
operacionalização e que dessa forma compreensão do estudante apenas em
ajuda no desenvolvimento do aluno. Para situações específicas. Segundo Ribeiro
Ribeiro (2008), no momento que se utiliza (2008), a plataforma de ensino quando
uma plataforma adequada, com recursos permite a interatividade conjunta entre os
da Web 2.0, a interação ocorre de forma atores participantes, possibilita ao aluno
simultânea entre todos os atores deste uma melhor compreensão e assimilação
processo (professores, tutores e alunos) do conteúdo oferecido, facilitando o
estabelecendo um elo entre eles e agre- processo de ensino e aprendizagem.
gando aos mesmos, valores comuns a
fim de identificá-los como uma equipe. Na questão número nove, os alunos foram
Segundo Voigt (2007), ” a Web 2.0 apre- perguntados, sob a perspectiva do educa-
senta ferramentas que ajudam na cola- dor, como considera o uso das ferramentas
boração e construção do conhecimento, Web 2.0 na educação. A resposta para esta
mas para que isso aconteça é necessário questão mostra que 90% dos alunos disse-
motivar tal participação e colaboração. ram ser um recurso capaz de aumentar o
Diz que o usuário não é mais visto apenas interesse do estudante e facilitar a aprendi-
como recebedor de informação, mas zagem e 10% dos alunos responderam ser
como produtor e desenvolvedor”. apenas como um recurso para aumentar o
interesse do estudante. Segundo Carvalho
Na questão número sete, foi perguntado (2008), os professores e alunos ao expe-
aos alunos como eles consideram, em rimentarem a escrita online sentem-se
sua vida acadêmica, as possibilidades de estimulados, passando a se empenhar mais
uso de uma ferramenta Web 2.0, como o e os alunos a responsabilidade por suas
FreeMeeting. Na resposta desta questão publicações. “Neste momento, os agentes
pode ser observado que 65% dos alunos educativos podem, com toda a facilidade,
responderam que ajudou a enxergar escrever online no blog, gravar um assunto
novos recursos que podem ser utilizados no podcast ou disponibilizar um filme no
e 35% dizem que contribui para melhorar YouTube”. Para Geller (2004) o aluno passa
as possibilidades que já se conhecia. Na a ter maior responsabilidade em sua forma-
questão de número oito, os alunos são ção com a redefinição de aprendizagem,
questionados sobre o uso das ferramentas visto que, essa se apoia na sua autonomia.

UNIDADE 3 133
Tecnologias Educacionais

O aluno deixa de ser somente um mero Podcast, YouTube, Sites de busca, sites de
receptor de mensagens e informação, ele relacionamentos, Wiki, etc., possibilitando
procura estabelecer relações dialógicas, a interação e a comunicação entre alunos
críticas e participativas com todos os envol- nos mais diversos assuntos.
vidos no processo.

Na questão de número dez, os alunos


foram questionados sobre o uso de ferra- 4.2 – Resultado da Pesquisa de Campo
mentas Web 2.0 nos cursos de graduação. – Tutores
A resposta para esta questão mostra que
100% dos alunos responderam que faci- Para a avaliação da ferramenta
litam o processo ensino-aprendizagem FreeMeeting, foi aplicada a seis tutores
sempre, independentemente da maneira presenciais e a distância uma Planilha
que é utilizada. De acordo com Carvalho de Critérios de Avaliação de Software
(2008), a educação a distância é uma adaptada do livro de textos acadêmicos
das disciplinas mais beneficiadas com o de Ana Cristina Roulier (2003), sob
surgimento das novas tecnologias, espe- orientação de Jorge Allyson de Azevedo
cialmente as relacionadas com a Web 2.0. (2006). Nesta planilha são apresentadas
Cabe observar que essas novas tecnolo- 05 (cinco) categorias como: características
gias propiciam uma aprendizagem cola- pedagógicas, currículo, motivação, taxa
borativa, onde todos saem ganhando, de retorno e facilidade de entender
tanto os professores como os alunos, pois a ferramenta através do tutorial. Tais
para Carvalho (2008) estas ferramentas categorias apresentam critérios que
estimulam a experimentação, reflexão e foram avaliados com notas de 01 (um)
geração de conhecimentos individuais e a 04 (quatro), onde 01 corresponde a
coletivos, favorecendo a construção de “não atende”, 02 corresponde a “atende
um ciberespaço de inter criatividade que insatisfatoriamente”, 03 “atende” e 04
contribui para criar um espaço de apren- “atende totalmente”.
dizagem coletiva.
Na categoria características pedagó-
Com o advento da Web 2.0, o cenário gicas, na avaliação dos tutores pode-se
na educação pode ser transformado observar que 50% dos tutores disseram
substancialmente, com novas ferramentas que atende e 50% disseram que atende
para o processo de ensino aprendizagem. totalmente o critério “a ferramenta é
Hoje conta-se com inúmeras ferramentas pertinente aos objetivos educacionais
que podem auxiliar no processo de propostos”; 17% disseram que atende
ensino aprendizagem, tais como: e 83% disseram que atende totalmente

134 UNIDADE 3
o critério “a ferramenta é adequada curricular proposto”; 17% disseram que
ao público alvo da instituição”; 33% atende e 83% disseram que atende
disseram que atende e 67% disseram que totalmente o critério “a ferramenta pode
atende totalmente o critério “os conhe- facilmente ser integrada no conteúdo
cimentos desenvolvidos com auxílio da curricular e outras partes do currículo
ferramenta possuem alguma aplicabili- escolar para auxiliar no aprendizado” e
dade prática dos alunos” e que 100% dos que 100% dos tutores disseram que atende
tutores disseram que atende totalmente totalmente o critério “a ferramenta auxilia
o critério “os recursos e estratégias dinâ- na aquisição das habilidades e conteúdos
micas propostas pela ferramenta podem propostos”. Para Carvalho (2008), a
contribuir para a melhora do relaciona- facilidade de dispor os conteúdos na
mento professor/aluno e para a relação rede cria um ambiente de trabalho que
entre os colegas de sala”. De acordo passa a estar sempre online em todas
com a seção 2.2, com a democratização partes do mundo que tenham acesso a
de publicações online e a facilidade Web. O professor com um simples clique
de acesso à informação, o dia a dia de acessa seus favoritos no Delicious, aos
alunos e professores tornou-se mais fácil seus textos, gráficos ou apresentações no
e prazeroso, visto que a interação entre Google Docs, às suas imagens no Flickr
esses agentes já não conta mais com ou no Picasa web, ou aos seus vídeos no
barreiras em suas comunicações. De YouTube, aplicando na sala de aula uma
acordo com Azevedo at all (2006), para os metodologia de ensino-aprendizagem
alunos que dispõem de tutorias presen- muito mais rica e estimulante.
ciais e a distância, o FreeMeeting é uma
ferramenta onde eles podem tirar suas Na categoria motivação, a avaliação
dúvidas e permite que haja um contato dos tutores mostra que 67% dos tutores
mais próximo com os tutores a distância, disseram que atende e 33% disseram
facilitando a integração entre alunos e que atende totalmente o critério “a
tutores. Com o uso do FreeMeeting, o ferramenta possui recursos motivacionais
aluno tem a possibilidade de interagir para despertar e manter a atenção do
com o tutor através de áudio, vídeo e o aluno ao longo de sua interação”; 33%
TGWB, fazendo desenhos, construindo disseram que atende insatisfatoriamente
fórmulas, dentre outras facilidades. e 67% disseram que atende o critério
‘imagens, desenhos, gráficos e outros são
Na categoria currículo, a avaliação dos utilizados contribuindo para a motivação
tutores mostra que 100% dos tutores e compreensão dos conteúdos” e que
disseram que atende totalmente o critério 83% disseram que atende e 17% disseram
“a ferramenta adapta-se ao programa que atende totalmente o critério

UNIDADE 3 135
Tecnologias Educacionais

“recursos sonoros são utilizados e bem à capacitação dos professores para


explorados”. Segundo Cruz (2008), “cada a sua utilização, o que muitas vezes
vez mais os alunos estão motivados resulta na utilização inadequada ou na
para as tecnologias informação e menos falta de uso dos recursos tecnológicos
motivados para os métodos tradicionais disponíveis”. Na pesquisa de campo,
de ensino”. Segundo Carvalho (2008), os observa-se que os tutores acham que é
professores e alunos ao experimentarem necessário treinamento para a utilização
a escrita online sentem-se estimulados, da ferramenta, o que vem corroborar com
passando a empenharem-se mais. o que diz a teoria.
As ferramentas Web 2.0 estimulam a
experimentação, reflexão e geração de Na categoria facilidade de entender a
conhecimentos individuais e coletivos, ferramenta através do tutorial, a avaliação
favorecendo a construção de um dos tutores mostra que 100% dos tutores
ciberespaço de inter criatividade que disseram que atende o critério “existe
contribui para criar um espaço de tutorial da ferramenta”; 67% disseram
aprendizagem coletiva. que atende e 33% disseram que atende
totalmente o critério “o tutorial usa
Na categoria taxa de retorno, na avaliação termos familiares ao ambiente do
dos tutores pode-se observar que professor/aluno”; 17% disseram que
100% dos tutores disseram que atende atende insatisfatoriamente, 50% disseram
totalmente o critério “os professores, que atende e 33% disseram que atende
tutores presenciais e tutores a distância totalmente o critério “o tutorial é simples
da instituição teriam facilidade em adotar e fácil de entender”; 83% disseram que
esta ferramenta como parte das suas atende e 17% disseram que atende
atividades pedagógicas” e que 33% totalmente o critério “todas as funções
disseram que atende e 67% disseram possuem explicação no tutorial”; 100%
que atende totalmente o critério “é disseram que atende totalmente o
necessário treinar o corpo docente para critério “o software roda nas plataformas
utilizar a ferramenta”. Segundo Cruz que foram especificadas”; 100% disseram
(2008), para conseguir cumprir a missão que atende totalmente o critério “o uso
de formar os alunos, o professor tem a de periféricos permite que outras ações
obrigação de adaptar os seus métodos sejam executadas simultaneamente” e
de ensino às novas tecnologias e no que 17% disseram que atende e 83%
contexto da sala de aula usar e aprender disseram que atende totalmente o
a utilizar as novas tecnologias. Ainda Cruz critério “As funções que trabalham com
(2008), afirma, “a rapidez das inovações os periféricos apresentam tempo de
tecnológicas nem sempre corresponde resposta adequado”.

136 UNIDADE 3
De acordo com os dados apresentados Utilizando uma ferramenta Web 2.0,
nesta pesquisa de campo, observa-se que especificamente a FreeMeeting, pode-se
tanto os alunos como os tutores presenciais constatar nesta pesquisa feita junto aos
e a distância, acreditam que a ferramenta alunos, que a ferramenta é útil em suas
FreeMeeting, atende o proposto para o atividades estudantis, que ela faz com
processo de ensino e de aprendizagem. que os tutores fiquem mais próximos dos
alunos, tornando mais fácil o aprendizado,
pois pode-se trocar experiências, tirar
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES dúvidas além de oferecer interatividade
FINAIS e colaboração, e ser de simples
operacionalização.
Este estudo teve por objetivo principal a
reflexão e a análise sobre a aplicabilidade Na pesquisa de campo feita junto aos
teórico-prática de ferramentas que tutores, constatou-se que a ferramenta
utilizam a plataforma Web 2.0 no processo FreeMeeting atende totalmente aos
de ensino e aprendizagem. Através princípios pela qual foi construída, pois
de uma pesquisa de campo, junto aos se adequa às características pedagógicas
alunos e tutores presenciais e a distância, necessárias para o desenvolvimento e
foi possível elencar algumas conclusões construção do conhecimento, se adapta
expostas a seguir: ao currículo proposto, sendo facilmente
integrada, auxiliando no aprendizado,
Através de algumas questões do ques- é capaz de motivar o aluno ao longo de
tionário de pesquisa pode-se verificar o sua interação. Constatou-se ainda que
perfil dos alunos que participaram deste os tutores teriam facilidade em adotar
estudo e constatou-se que na sua maioria, a ferramenta FreeMeeting em suas
utilizam muito o computador para as atividades pedagógicas.
suas atividades discentes, dão muita
importância à sua utilização pois ajuda Confirma-se através da pesquisa de
sobremaneira em pesquisas, elaboração campo, que as ferramentas Web 2.0
de trabalhos escolares, uso de softwares podem facilitar a compreensão do
educacionais e na troca de informações estudante, sendo um recurso capaz de
com outros alunos e tutores, mostrando aumentar o seu interesse, facilitando
que estão cada vez mais motivados para a sobremaneira o processo de ensino e
tecnologia da informação e menos moti- aprendizagem.
vados para os métodos tradicionais de
ensino, conforme preconiza Cruz (2008). Este estudo apresenta limitações pelo
fato de ter sido aplicado a apenas uma

UNIDADE 3 137
Tecnologias Educacionais

turma de alunos da graduação, o que não permite a generalização dos resultados


quanto aos demais alunos de outras turmas e/ou de outras instituições de ensino.
Recomenda-se uma nova pesquisa sobre as ferramentas Web 2.0, abrangendo outros
públicos e instituições.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

1 – não atende 3 – atende


2 – atende insatisfatoriamente 4 – atende totalmente

A – Características pedagógicas: Pontos

A ferramenta é pertinente aos objetivos educacionais propostos.

A ferramenta é adequada ao público alvo da instituição (idade, nível de


ensino, bagagem cultural, nível socioeconômico).
Os conhecimentos desenvolvidos com auxílio da ferramenta possuem
alguma aplicabilidade prática dos alunos.
Os recursos e estratégias dinâmicas propostas pela ferramenta podem
contribuir para a melhora do relacionamento professor/ aluno e para a
relação entre os colegas em sala.

Total máximo de pontos na categoria A 16

B - Currículo Pontos

A ferramenta adapta-se ao programa curricular proposto.


A ferramenta pode facilmente ser integrada no conteúdo curricular e
outras partes do currículo escolar para auxiliar no aprendizado.

A ferramenta auxilia a aquisição das habilidades e conteúdos propostos.

Total máximo de pontos na categoria B 12

C - Motivação Pontos
A ferramenta possui recursos motivacionais para despertar e
manter a atenção do aluno ao longo de sua interação.
Imagens, desenhos, gráficos e outros são utilizados contribuindo para a
motivação e compreensão dos conteúdos.
Recursos sonoros são utilizados e bem explorados.

Total máximo de pontos na categoria C 12

138 UNIDADE 3
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

1 – não atende 3 – atende


2 – atende insatisfatoriamente 4 – atende totalmente

D – Taxa de Retorno Pontos

Os professores, tutores presenciais e tutores a distância da


instituição teriam facilidade em adotar esta ferramenta como parte das
suas atividades pedagógicas.

É necessário treinar o corpo docente para utilizar a ferramenta.

Total máximo de pontos na categoria D 8

E – Facilidade de entender a ferramenta através do tutorial Pontos


Existe tutorial da ferramenta.
O tutorial usa termos familiares ao ambiente do professor/aluno.
O tutorial é simples e fácil de entender.
Todas as funções possuem explicação no tutorial
O software roda nas plataformas que foram especificadas.

O uso de periféricos como microfone, fone de ouvido, web cam permite


que outras ações sejam executadas simultaneamente (o usuário não fica
em estado de espera até que o recurso seja liberado).
As funções que trabalham com os periféricos (teclado, vídeo,
mouse, caixa de som, microfone, web cam) apresentam tempo de
resposta adequado.
Total máximo de pontos na categoria E 28

6. REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Jorge A.; NETTO, Bernardo C. M.; SILVA, Edmundo A. S.; LEÃO, Rosa M. M.
FreeMeeting: um ambiente para trabalho cooperativo e ensino a distância. Disponível
em <www.land.ufrj.br>, acesso em 04/06/2010.

BOYD, Danah M.; ELLISON. Nicole B. Social Network Sites: definition, history and scholarship.
Journal of Computer-Mediatied Communication, n.13, p.210-230, 2008.

CARVALHO, Ana A. A. (org.). Manual de Ferramentas da Web 2.0 para Professores.


Ministério da Educação / DGIDC, p.8, 2008.

UNIDADE 3 139
Tecnologias Educacionais

CRUZ Sónia. Manual de Ferramentas da Web 2.0 para Professores. Ministério da


Educação / DGIDC, p.17, 2008.

GELLER, Marlise; TAROUCO, Liane M. R.; FRANCO, Sérgio R. K. Adaptando ambientes


virtuais: reunindo educação à distância e estilos cognitivos.

O’REILLY, Tim. Regras que definem a Web 2.0. http://w2br.com/2006/12/12/regras-


quedefinem- a-web-20. Acesso em 27/06/2009.

PORTO, André (2005) Resumo: O que é Web 2.0. Disponível em <http://projetos.inf.


ufsc.br/ arquivos_ projetos/ projeto775 / resumo- o_ que _e_ web _2.0. pdf>. Acesso
em 27/06/2009.

PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós (Brasília), v.
9, p. 1-21, 2007.

RIBEIRO, Adriano C.; SCHONS, Cláudio Henrique. A contribuição da Web 2.0 nos
sistemas de educação online. <http://www.facef.br/quartocbs/artigos/G/G_140.pdf
>- acesso em 21/04/2010.

ROULIER, Ana Cristina. Computador Tutor. Lavras. UFLA: FAEPE, 2003.

TAKAHASHI, Tadao. Sociedade da Informação: ciência e tecnologia para a construção


da Sociedade da Informação no Brasil. São Paulo: UNIEMP; Brasília: IBICT, p.11,1998.

VERGARA, Sylvia C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo:


Atlas, 2004.

VIGANIGO, Carla. Stoa: Um Estudo de Caso da Rede Social da USP. Porto Alegre, p.11.
2008. Disponível em <http://www.scribd.com/doc/8388455/Anteprojeto-STOAum-
estudo-da-rede-social-da -USP>. Acesso em 27/06/2009.

VOIGT, Emilio. WEB 2.0, E-LEARNING 2.0, EAD 2.0: Para onde caminha a educação à
distância? http://www.abed.org.br/congresso2007/tc/55200750254PM.pdf - acesso em
21/04/2010.

140 UNIDADE 3
Anexo 1 – Avaliação aplicada aos tutores presenciais e a distância

Planilha de Critérios de Avaliação de Software adaptada do livro de textos acadêmicos,


segundo Roulier (2003), sob orientação do MSc. Jorge Allyson de Azevedo (2006).

Anexo 2 – Questionário aplicado aos alunos

1 – Qual a importância do computador em suas atividades discentes?

( ) Ajuda muito.

( ) Ajuda Pouco.

( ) Ajuda às vezes.

( ) Não interfere.

2 – Marque as atividades para as quais você utiliza o computador em seu curso de graduação.

( ) Pesquisa.

( ) Trabalho, apresentação, cálculos, gráficos.

( ) Uso de softwares educativos.

( ) Uso de softwares como ferramentas educacionais.

( ) Troca de correspondência eletrônica com colega e/ou professor.

( ) Outro. Qual?

3 – Relate sua experiência com as ferramentas Web 2.0, bem como os aspectos positivos
e negativos.

UNIDADE 3 141
Tecnologias Educacionais

4 – Relate de que maneira a Ferramenta FreeMeeting pode ser útil nas suas atividades
estudantis.

5 – Você acredita que os recursos de bate-papo, áudio, vídeo e quadro branco


compartilhado oferecidos pelo FreeMeeting podem...

( ) Melhorar a qualidade.

( ) Piorar a qualidade.

( ) Não alterar.

( ) Alterar, mas não há ganho ou perda de qualidade.

6 – Com relação à sua resposta na questão 5, relacione alguns itens que o levam a
identificar esse nível de qualificação.

7 – Em sua vida acadêmica, em relação às possibilidades de uso de uma ferramenta Web


2.0 como o FreeMeeting, você considera que esse recurso:

( ) Ajudou a enxergar novos recursos que podem ser utilizados.

( ) Contribuiu para melhorar as possibilidades que você já conhecia.

( ) Interferiu um pouco no que você já conhecia.

( ) Não modificou nada sua relação com o computador em sua vida acadêmica.

8 – Com relação ao curso de Computação, você considera que as ferramentas Web 2.0,
como por exemplo a FreeMeeting podem?

142 UNIDADE 3
( ) Facilitar a compreensão do estudante.

( ) Podem facilitar a compreensão do estudante apenas em situações específicas.

( ) Não facilitam a compreensão do estudante em qualquer situação.

( ) Dificultam a compreensão do estudante em algumas situações.

9 – Na perspectiva do educador, como você considera o uso dessas ferramentas na


educação...

( ) apenas como um recurso para aumentar o interesse do estudante.

( ) um recurso capaz de aumentar o interesse do estudante e facilitar a aprendizagem.

( ) um recurso que desestimula o estudante.

( ) um recurso que não interfere em nada.

10 – O uso de ferramentas Web 2.0 nos curso de graduação:

( ) Facilita o processo ensino-aprendizagem sempre, independente da maneira que são


utilizadas.

( ) Facilita o processo somente quando utilizadas de maneira adequada.

( ) Dificultam o processo ensino-aprendizagem sempre, independente da maneira que


são utilizadas.

( ) apenas inserem alguns enfeites nas relações educativas (imagens, efeitos visuais e
sonoros etc.) sem contribuir significativamente.

UNIDADE 3 143
Tecnologias Educacionais

RESUMO

Inicialmente, esta unidade apresentou Foram apresentados no terceiro tópico


no primeiro tópico um panorama diversos tipos de software que podem ser
geral do relacionamento existente utilizados na educação. O objetivo deste
entre a comunicação, a educação e as tópico não era esgotar as possibilidades
novas tecnologias. Verificamos como tecnológicas existentes hoje no mercado,
é complexa a integração entre essas mas sim elaborar uma visão geral de
três áreas, discutindo especialmente as como algumas soluções são integradas
formas mais adequadas de incorporação à educação para promover a discussão e
da tecnologia nos ambientes de a geração de novos conhecimentos por
aprendizagem e o papel da comunicação parte dos alunos.
neste aspecto.
O quarto e último tópico buscou apresen-
O segundo tópico abordou como ocorre tar, por meio da disponibilização de um
a formação docente de acordo com a artigo científico, qual é o impacto das fer-
pedagogia da comunicação, onde o foco ramentas web 2.0 na educação. O artigo
está no diálogo e interação com os meios, dispõe de uma ampla pesquisa biblio-
e não apenas na fala a respeito deles. gráfica sobre o tema e também de uma
Foram apresentadas diversas sugestões pesquisa de campo realizada com alunos
que podem ser analisadas e adaptadas e tutores de um curso de graduação, pos-
para a realização de capacitações sibilitando assim uma análise com base na
docente com ênfase na comunicação. realidade e não em dados fictícios.

144 UNIDADE 3
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

1. É possível identificarmos duas principais formas coexistentes na atualidade para


vincular as novas tecnologias da informação e comunicação aos processos educativos,
denominadas “incorporação da tecnologia” e “interação da tecnologia”.

a) Em relação à “interação da tecnologia”, é correto afirmar que:

b) acrescenta ao ambiente já existente novos recursos tecnológicos.

c) consiste na instalação de softwares e disponibilização para uso.

d) objetiva integrar os alunos com os formatos e códigos da tecnologia.

e) seu foco é a disponibilização de livros no ambiente online.

2. Analise as seguintes afirmações:

I) O principal objetivo da forma denominada “interação da tecnologia” é o ensino.

II) A sensibilização para o uso adequado das tecnologias é fundamental para que elas
auxiliem nos processos de aprendizagem.

III) A forma denominada “incorporação da tecnologia” necessita de uma transformação


dos processos de ensino e aprendizagem para virar realidade.

Marque a opção que melhor representa sua análise das afirmações:

a) Apenas o item I está correto.

b) Apenas o item II está correto.

c) Apenas o item III está correto.

d) Todos os itens estão corretos.

UNIDADE 3 145
Tecnologias Educacionais

3. Marque a opção abaixo que indica uma das principais responsabilidades do


comunicador no contexto educacional:

a) Elaborar o material didático da disciplina.

b) Aplicar e corrigir avaliações online e presenciais.

c) Produzir os materiais audiovisuais a serem disponibilizados para os alunos.

d) Configurar os equipamentos tecnológicos a serem utilizados pelos alunos.

4. No que se refere à pedagogia da comunicação, é correto afirmar que:

a) é uma abordagem pedagógica relacionada diretamente com o processo de


aprendizagem.

b) objetiva fornecer materiais textuais mais intuitivos para os alunos.

c) possibilita aos professores momentos de maior concentração e foco na prática.

d) consiste na utilização de metodologias introspectivas capazes de gerar amplo


aprendizado.

146 UNIDADE 3
5. A formação docente deve ser planejada com bastante cuidado para que ela consiga
efetivamente formar profissionais capazes de atuar como auxiliares no processo de
aprendizagem dos alunos.

Sobre a formação docente, é possível afirmar que:

a) deve ser unilateral, isto é, a conquista do conhecimento é responsabilidade exclusiva


do docente.

b) é importante considerar no processo apenas os elementos mais recentes vividos


pelos docentes.

c) a realização de seminários e oficinas temáticas é atualmente a melhor forma de


capacitar os docentes.

d) pode aproveitar as experiências dos docentes obtidas a partir do contato com as


novas tecnologias.

6. Em relação às linguagens utilizadas para promover a formação docente, não é


correto afirmar que:

a) é importante refinar o uso da linguagem oral e escrita tradicional.

b) são possíveis de serem utilizadas apenas no aprendizado presencial.

c) as linguagens musical e televisual podem ser mais bem exploradas.

d) permitem o entendimento e a compreensão de novas sensibilidades.

UNIDADE 3 147
Tecnologias Educacionais

7. O uso de imagens em atividades de formação docente é baseado no reconhecimento


de que este instrumento de trabalho é capaz de:

a) substituir a palavra, ocupando diversas posições na construção de sentidos.

b) desmistificar algumas construções discursivas que complementam os textos.

c) dificultar o entendimento de representações inconscientes de problemas educacionais.

d) auxiliar os professores com elementos capazes de alterar uma situação tradicional.

8. Marque a opção abaixo que apresenta o correto entendimento dos softwares


tutoriais:

a) É uma ferramenta que possibilita ao professor saber se o aluno está processando


corretamente as informações.

b) Faz parte de um software mais abrangente, denominado Ambiente Virtual de Tutoria


(AVT).

c) Consiste de um software onde a informação é disponibilizada aos alunos de acordo


com uma sequência pedagógica própria.

d) É um software que possibilita o controle total pelo aluno, inclusive da produção de


novos conteúdos e formatos.

148 UNIDADE 3
9. Qual a principal vantagem apresentada pelos sistemas de desenvolvimento de
multimídia:

a) Possibilitam ao aluno interligar uma sucessão de informações apresentadas por


diferentes mídias.

b) Reduzem o papel do professor no processo de aprendizagem do aluno, evitando


assim falhas humanas.

c) Aumentam o percentual de acertos em provas realizadas pelos alunos que


desenvolveram materiais multimídias.

d) Permitem o registro com detalhes do processo usado pelo aluno na montagem do


seu produto multimídia.

10. Determinados fenômenos podem ser simulados com o apoio do computador,


sendo necessário para isso que um modelo do fenômeno seja implementado no
equipamento. O usuário da simulação teria a tarefa de alterar alguns parâmetros e
observar o comportamento do fenômeno de acordo com os valores atribuídos.

Considerando os softwares de simulação e modelagem, marque a opção incorreta:

a) Na modelagem o aluno é responsável pela criação do modelo do fenômeno,


utilizando para isso recursos tecnológicos.

b) Ao contrário da modelagem, a simulação permite, por si só, aumentar o aprendizado


dos alunos que a utilizam frequentemente.

c) O aluno pode usar o próprio modelo que criou para realizar simulações relacionadas
com seus objetivos de aprendizagem.

d) A diferença entre os dois tipos de softwares está em quem define o fenômeno e


quem desenvolve o seu modelo.

UNIDADE 3 149
UNIDADE 4
Formação Online de Educadores: Limites e Possibilidades

UNIDADE 4 151
MÓDULO 1

O que é Educação a ou tecnologicamente interligados


Distância (EaD) notadamente pelas denominadas
telemáticas, destacando-se a internet.
Outros meios de comunicação podem
Entende-se por educação a distância de igual forma ser utilizados, tais como:
o processo de ensino e aprendizagem telefone, rádio, televisão, smartphones,
mediado por diversas tecnologias, sendo tablets, dentre as novas tecnologias de
que tanto alunos quanto professores maior penetração e alcance.
estão em locais e tempos diferentes.
Assim é que na expressão “ensino a
É, pois, caracterizado pelo ensino/ distância” se observa que o enfoque
aprendizagem sob novas condições, maior cabe à figura/atuação do professor
como a não presença física de alunos (como o agente que ensina/leciona à
e professores num mesmo local e a distância). Fizemos opção pelo termo
um só tempo, mas sim conectados, “educação” por julgá-lo de maior

UNIDADE 4 153
Tecnologias Educacionais

abrangência, muito embora nenhuma educação a distância é facultado ter


das outras expressões similares se mostre ou não momentos presenciais, todavia
de maior e mais perfeita abrangência. na sua essência alunos e professores
posicionam-se em lugares e horários
Nos dias de hoje a educação pode não coincidentes, já que a utilização
ser compreendida sob três divisões: das modernas tecnologias garante a
presencial, semipresencial (comportando necessária comunicação.
as variantes: parte presencial/parte
virtual ou a distância; e educação a Igual destaque deve ser dado também à
distância (também denominada virtual). educação contínua, ou continuada, uma
Nos cursos regulares pratica-se a vez que no seu processo de ensino se
educação presencial independente exaltam: formação diária, aprendizagem
do nível, contando esta com alunos sem interrupção, possibilidade de
e respectivos professores se fazendo aprender e fazer ao mesmo tempo,
presentes num determinado local físico, aproximação de teoria e prática num
a chamada sala de aula. Representa o mesmo momento, se realiza avaliação
ensino convencional. Já o semipresencial imediata do que foi ensinado e
ocorre parte no interior da sala de aula, aprendido, a experiência é enriquecida
e outra parte a distância, combinando-se ainda mediante novas informações
o uso de tecnologias diversas. Na incorporadas.

Nada impede que a educação a distância


se faça em níveis idênticos aos do ensino
regular. Desde o ensino fundamental,
passando pelo médio, até se atingir o
superior e consequente pós-graduação.
O ensino a distância mostra-se mais
adequado na educação de adultos, em
especial para os que possuam sólida
experiência de aprendizagem individual,
aí englobando capacidade de pesquisa, de
relevante presença no desenvolvimento
dos cursos de graduação e pós.

Existem inúmeras instituições que


oferecem exclusivamente modelos de
ensino a distância, tais como na Inglaterra

154 UNIDADE 4
a Open University, e na Espanha a de aula ministrada por outro colega
Universidade Nacional a Distância. seu. Portanto, a distância (separação
Significativo número de instituições estão física) não é mais razão ou motivo para
capacitadas para ministrar tanto o ensino que os processos de construção do
presencial quanto a distância. No Brasil, conhecimento não alcancem um número
este modelo (com ambas as modalidades) crescente de pessoas em locais diferentes
é o de maior predominância. e distantes.

Está evidenciado, nos dias atuais, que as Os conceitos de aula e de curso sofrem
ditas tecnologias interativas, sobretudo mudanças. Ainda hoje, por exemplo, o
no âmbito da educação a distância, entendimento de aula leva à imaginação
promovem e reforçam o que se deveria ter de determinado espaço e tempo. Porém,
como regra comum para todo e qualquer tanto este espaço específico, quanto este
processo de educação: a interação/ tempo fixado se mostram cada vez mais
convivência e a interlocução/discussão flexíveis. O “velho” professor continuará
dos temas tratados estão presentes em dando suas aulas, contudo com a
todos os momentos e níveis do referido alternativa de enriquecer tal processo
processo. mediante o uso de tecnologias interativas.
Esse enriquecimento das aulas pode
Na exata medida em que avanços englobar desde receber e responder
tecnológicos de comunicação virtual mensagens a ele dirigidas pelos alunos,
(aqueles que fazem a ligação entre as seja para criar e alimentar seguidamente
pessoas e lugares distantes e fisicamente debates e pesquisar a partir de textos,
separados como videoconferência, publicações na internet, ainda que em
internet, redes de alta velocidade, horário fora do especificado para a aula.
telecomunicações) são disponibilizados,
o conceito de presencialidade sofre Verifica-se uma possibilidade cada vez
alterações notáveis. Tal se dá quando mais nítida de as pessoas (alunos e
professores externos, por exemplo, professores) estarem ao mesmo tempo
compartilham/participam de aulas presentes em locais e horas diferentes. Sob
específicas; um professor “de fora” este aspecto, não é difícil aos que ensinam
entra com voz e imagem, na aula de e aos que aprendem enxergar esta nova
outro professor... e assim por diante. aula como oportunidade de intercâmbio
Tal situação contribui para um efetivo e pesquisa. Assim é que ultimamente
intercâmbio de conhecimentos, dá o chamado “papel do professor” vem
oportunidade a que um professor sendo objeto de redimensionamentos, e
“especializado” participe efetivamente ele desempenhando tarefas de animador,

UNIDADE 4 155
Tecnologias Educacionais

supervisor e incentivador de alunos, virtual suas limitadas adaptações do


numa desafiante aventura que bem pode ensino presencial (aula multiplicada
ser chamada de busca do conhecimento. ou disponibilizada). Constata-se um
predomínio de interação virtual (provas,
Por suas especificidades e necessidades formulários, rotinas, e-mails) e um
naturais de se desenvolver e socializar, princípio de interação online (em lugares
as crianças não podem abrir mão de diferentes, muitas pessoas ao mesmo
um contato físico, de uma interação tempo conectadas). Todavia, já se faz
mais determinante. Já o virtual, para os perceptível que iniciamos a transição dos
cursos médios e superiores, certamente modelos predominantemente individuais
se sobrepõe ao presencial. Ocorrerá, para aqueles grupais, na educação a
aí, uma significativa reorganização distância.
das escolas, compreendendo prédios
menores, salas de aula mais reduzidas, Observa-se ainda que das chamadas
destaque para salas ambientais, como mídias unidirecionais como, por exemplo,
de pesquisas, encontros, tudo se jornal, rádio e TV, encaminha-se para
interconectando num projeto único. Os mídias de maior interatividade, e cumpre
escritórios e residências, neste tempo de destacar que mesmo os meios de
certa maneira já vivenciado por nós, hão comunicação tradicionais estão à busca
de se converter igualmente em locais de novas formas de interação.
importantes para a aprendizagem.
Entende-se que a educação a distância
Neste “futuro” que sob vários aspectos já não se deva converter em um formato
se faz “presente” será possível oferecer onde o aluno se serviria de algo já
e ministrar cursos predominantemente pronto e acabado. É, por outro lado,
virtuais e cursos especificamente uma forma de agir, uma prática que
presenciais. Para tanto, se tomará em favoreça ao equilíbrio entre habilidades
conta a área de conhecimento buscada, e necessidade individuais e as de grupo
as necessidades efetivas do currículo, – seja de forma virtual ou presencial.
o aproveitamento de destacados
especialistas de outras instituições, que Sob esta perspectiva, é possível se
de outra maneira não poderiam ser progredir e avançar com rapidez, fazer
contratados. intercâmbio de experiências, resolver
dúvidas e alcançar resultados. Doravante,
A educação a distância vive hoje um no desenrolar das práticas educativas, se
momento de transição, onde muitas evidenciará mais e mais a combinação
organizações buscam transpor para o entre cursos virtuais e presenciais, algo

156 UNIDADE 4
como: parte dos cursos presenciais sendo assiste determinado programa, tem o
realizada virtualmente e, por outro lado, telespectador a condição de acessar as
parte dos cursos virtuais feita de maneira informações que julgar interessantes
presencial ou virtual-presencial, quer sobre o referido programa, para tanto
dizer, nos vendo e ouvindo, mesclando bastando-lhe acessar o site da sua
períodos de pesquisa individual com programadora na internet, bem como
outro em que sobressaia a comunicação outros bancos de dados disponíveis.
conjunta. Neste aspecto alguns cursos
poderão ser feitos individualmente, São simplesmente fantásticas as
contando com a orientação virtual de possibilidades educacionais que se
um tutor; enquanto em outros será abrem. Desde o alargamento da banda de
imprescindível o compartilhamento de transmissão, faz-se mais fácil e acessível a
ideias, vivências e experiências. possibilidade de nos ver e ouvir a distância.
Grande número de cursos poderá ser
A internet hoje caminha a passos disponibilizado a distância com som e
largos para se tornar essencialmente imagem, dando ênfase para aqueles de
audiovisual. Busca-se, a cada dia, facilitar extensão e atualização. As chances de
a integração e aprofundamento de elos interação (troca de experiências) serão
entre a tv e a web (esta, a parte da diretamente proporcionais ao número de
internet que permite ao usuário navegar usuários envolvidos.
e pesquisar). No exato instante a que

UNIDADE 4 157
Tecnologias Educacionais

Há que se reconhecer que muitas não está capacitada para se beneficiar


organizações disponibilizarão cursos destes novos meios tecnológicos, que
de tecnologias avançadas, porém numa visão final facilitaria em muito o
resguardadas numa visão conservadora acesso a tais recursos tecnológicos.
(onde se busca o lucro pelo lucro, o número
de alunos é absurdamente multiplicado, Portanto, é extremamente importante
sem que o de professores acompanhe). que a todos sejam facilitados o uso e
Trocando em miúdos: alunos demais e acesso às novas tecnologias, à informação
pouquíssimos professores. de qualidade, contando com a mediação
de professores efetivamente preparados
Igualmente não faltarão aquelas e capacitados para sua utilização cada
dispostas a oferecer cursos de reais vez mais inovadora.
qualidades, onde se busque integrar
propostas pedagógicas inovadoras com
tecnologias novas, aquelas focadas na Andragogia e os princípios de
aprendizagem, dispondo de um mix aprendizagem de adultos
de tecnologias que intercala instantes
presenciais com ensino online (alunos De maneira geral, a educação a
conectados ao mesmo tempo, mas a distância proporcionou muitas e variadas
partir de locais diferentes). oportunidades de aprendizagem para
os adultos, uma vez que através dela
O processo de mudanças na educação é possível ter acesso à educação,
a distância não é fácil nem tampouco independentemente de tempo e espaço,
uniforme. As inovações serão sem que pesem contra sua localização
implementadas aos poucos, mas geográfica. O desenvolvimento daquela
abrangendo todas as modalidades e que simplificadamente chamamos
níveis educacionais. Devemos reconhecer EAD possibilitou um novo matiz de
a expressiva desigualdade econômica, de aprendizagem, onde o que mais se
ingresso, modalidade e de real motivação destaca é aquilo que de fato o aluno
das pessoas. Alguns dos envolvidos precisa aprender. E, sobretudo, porque
estão preparados para estas mudanças, este aluno pode se formar de maneira
mas a maioria, ainda não. Acontecem contínua ou continuada, em qualquer
resistências. Não é tarefa fácil mudar idade, e durante a vida toda.
padrões adquiridos e consolidados
(atitudinais, gerenciais) por governos, Já um bom número de cursos de
organizações, sociedade, profissionais. educação a distância está disponível
Ainda agora, a maior parte dos envolvidos e é oferecido para alunos de todas

158 UNIDADE 4
as idades. Observa-se, entretanto, A andragogia estabelece que o ensino
que a sua maioria tem como destino considere a experiência de vida do
pessoas na faixa etária dos 25 aos 50 aluno, sua situação e a maneira como os
anos. Isto posto, se faz necessária uma conteúdos e conceitos repassados podem
compreensão especial da natureza do ser discutidos, levando-se sempre em
aprendizado entre adultos. Um ponto conta questões do cotidiano, quer dizer,
valioso e que merece destaque é a teoria de como se desenvolve sua vida diária.
descrita por Malcolm Knowles, destinada A aprendizagem recolhe características
à educação de adultos conhecida por relevantes a partir do aluno.
Andragogia e definida como a “arte e
a ciência destinada a auxiliar os adultos O modelo andragógico se destaca
a aprender e compreender o processo também pela sua proposta de troca e
de aprendizagem dos adultos”. Knowles diálogo. Sugere ele a contextualização do
propõe a substituição da pedagogia pela conhecimento, elabora sua reconstrução
andragogia. através da dúvida e interação dos
participantes. Não surpreende que este
Neste contexto, a andragogia aparece modelo seja substancialmente diferente
como um modelo de aplicabilidade do modelo educacional direcionado
universal. Esta mencionada aplicabilidade às crianças. Seu principal ator é o
do modelo andragógico é construído e adulto – ocasião em que se ressaltam
se consolida mediante os bons níveis de a importância e significado de todas as
resultados que proporciona. experiências vividas.

UNIDADE 4 159
Tecnologias Educacionais

Vários pressupostos concorrem para é a experiência do professor, do


tornar o modelo andragógico diferente escritor, do livro didático e até dos
do modelo pedagógico: recursos audiovisuais. Por seu turno,
os adultos se envolvem numa ativi-
• A necessidade de saber, dade educacional como portadores
conhecer: somente daquilo que os de significativo número de experiên-
professores têm a ensinar precisam cias que, contudo, se diferenciam
saber os alunos. Por seu turno, os em qualidade, quando comparadas
adultos necessitam se questionar àquelas da juventude.
porque eles precisam aprender algo,
antes de se disporem efetivamente • Prontidão para aprender: são os
a tomar as lições. Nesta ocasião, professores, e não os alunos, quem de-
os adultos buscam conhecimento terminam o que estes devem aprender,
por conta própria, disponibilizam e ou enriquecer em seus currículos. No
gastam energias buscando benefícios tocante aos adultos, estes se mostram
que obterão mediante o aprendizado, dispostos a aprender aquelas coisas
e também considerando as conse- que eles mesmos julgam precisar saber.
quências negativas de não adquirir tal
conhecimento. • Orientação para aprendizagem:
módulos orientam a direção tomada na
• O autoconceito: a impressão/ formação dos alunos. Por este motivo,
conceito do professor a respeito do as experiências de aprendizagem são
aluno é o de estar frente uma pessoa organizadas e conduzidas observando
dependente; daí, o autoconceito deste a lógica do conteúdo programático.
tender para uma personalidade depen- Por sua vez, os adultos se mostram
dente. Adultos comumente apre- centrados na vida, nas tarefas coti-
sentam tendência para o autoconceito dianas, em problemas, na sua orien-
de serem os principais responsáveis tação buscando o aprendizado.
por suas decisões. É comum se ressen-
tirem e mesmo resistirem a situações • Motivação: motivadores externos
nas quais percebam que outros estão é que levam os alunos a empreender
lhes impondo seus desejos. seus conhecimentos, destacando-se
itens como aprovação, reprovação e
• O papel da experiência: como notas, por exemplo, quando buscam
fonte de aprendizagem, tem valor melhor colocação no emprego, salá-
próximo de zero, a experiência do rios mais compensadores ou promo-
aprendiz. O que se conta e considera ções na carreira.

160 UNIDADE 4
Em programas de educação a tempo significativo ao seu estudo, bem
distância, notadamente nos ambientes como possuir desenvoltura expressiva
corporativos, a influência andragógica para pensar de modo crítico. O aluno
se mostra relevante no planejamento virtual deve ser também portador de
instrucional. habilidades específicas para estudar em
ambientes virtuais de aprendizagem,
agir de modo autônomo, desenvolver
Perfil dos Alunos de Educação a estratégias pertinentes de estudo e
Distância dominar um módulo.

A aprendizagem se apresenta como fator Na educação a distância, um conceito


de destaque e relevância para a sociedade surgido foi o de heutagogia, quer dizer,
da informação e do conhecimento, uma aprendizagem autodirecionada,
motivo pelo qual a educação a distância onde se reconheça que ao mesmo
ganha contornos fundamentais, uma vez tempo em que é aluno também é o
que abre possibilidades para que esta programador de seu próprio processo
aprendizagem seja continuada e atenda de aprendizagem. Sob esta ótica, é de se
um número expressivo de pessoas e com esperar que o aluno enquanto monitora,
apreciável interação. também regule seu próprio estudo,
daí melhor aprendendo por meio do
Cabe, neste momento, a pergunta: qual autoestudo, e se mostre de igual modo
é, enfim, o perfil do aluno da educação sensível ao ambiente externo e social,
a distância? Em que ele guardaria assim melhor interagindo com seus pares.
correspondência com o “tradicional”
aluno da educação presencial?

Desde o estabelecimento da educação


a distância, um novo personagem
surgiu: o aluno virtual. Entre outras
características, este novo aluno precisa
dispor de acesso a computador e
conexão de alta velocidade, deve ser
incentivado, não podendo se ressentir
ou se julgar prejudicado pela falta de
recursos comunicacionais e auditivos no
decorrer do processo de comunicação,
igualmente necessita ter e dedicar um

UNIDADE 4 161
Tecnologias Educacionais

É conveniente e esperado que o aluno distância. O perfil esperado e desejado


virtual desenvolva conhecimentos e é atingido pelo esforço despendido
habilidades para tomar parte em grupos pelo indivíduo, pela maneira sensata
virtuais, onde são utilizadas ferramentas e correta com que torna adequados e
que estimulem interação em educação realizáveis seus objetivos, do tempo que
a distância. Cabem aqui exemplos efetivamente disponha e, finalmente, das
como: chats, e-mails, fóruns, etc. Outras oportunidades surgidas e aproveitadas.
características tanto desejadas quanto
eficientes é que o aluno seja criativo, O sucesso ou fracasso de um aluno
dedicado, compreensivo e procure de educação a distância está ligado
respostas satisfatórias para suas dúvidas diretamente a fatores previsíveis como
em várias fontes, ao mesmo tempo, não a forma (autoridade/conhecimento) com
se prendendo, pois, ou se contentando que o professor conduz a turma e o nível
com o material indicado pelo professor. de operacionalidade das ferramentas
utilizadas em estudos. Aquele aluno que
Ao aluno virtual não é conveniente que manifeste ou apresente algum teor de
lhe falte boa dose de confiança para dificuldades em estudar sozinho, em não
administrar com sabedoria e proveito saber questionar e, ao mesmo tempo,
todo tempo de que dispuser. Requer-se interagir com o professor, que não saiba
um perfil independente e dinâmico, que se pautar pelas orientações dos textos,
não se satisfaça com o suporte apenas entre outras dificuldades, com certeza,
oferecido por cursos e professores, mas não conseguirá êxito em aprender a
que saia a campo e batalhe. De idêntica distância.
importância é não perder de vista que
este tipo de método tem ainda como
exigência de sucesso, que o aluno
apresente disposição de autoditada, que
domine as oportunidades em que possa
transformar suas capacidades em real
construção de conhecimento autônomo.

Nenhum indivíduo, em qualquer área


ou nível de ensino, apresenta um perfil
completo e acabado para a realização
de seus projetos e objetivos, quer sejam
pessoais, profissionais, ou de maneira
especial no tocante à educação a

162 UNIDADE 4
MÓDULO 2

A formação docente país com as carências do Brasil, onde


em EaD se verificam sempre necessidades
em todos os níveis e modalidades de
ensino. Tal situação se mostra ainda mais
Este tópico pretende discutir uma série delicada, naqueles estados e naqueles
de possibilidades de utilização das novas nichos de população menos assistidos,
tecnologias de informação para formar ou economicamente menos ativos.
professores de forma continuada através Igual dificuldade também se reflete
da educação a distância. Nele, de forma naquelas regiões que não contam com
global, são apontadas necessidades universidades geograficamente vizinhas.
baseadas nas exigências desses conjuntos
tecnológicos, em especial com referência Considerando esta realidade e
ao mercado de trabalho. A correlação analisando o processo de globalização
(mediatização) entre alunos e professores ora vigente, é recomendável discutir
deve ser assegurada, ao tempo em que e fazer reflexões sobre educação
cresce a interação entre os envolvidos tecnológica, notadamente quando diz
no processo educacional a distância. respeito à formação inicial de docentes.
Nesta linha de raciocínio, se consideram A aprendizagem via redes telemáticas,
as possíveis dificuldades encontradas mesmo considerados alguns problemas
em sua realização, podendo ser citadas que se apresentam, mostra reais
as questões culturais tecnofóbicas possibilidades neste cenário. Não por
(aversão a técnicas), ou seu contrário, as acaso, renomados estudiosos indicam
de deslumbramento, ocasião em que se a capacidade de lidar com a tecnologia
suscita uma postura mais crítica diante como sendo uma das principais
dos computadores, principalmente competências requeridas para ensinar.
quando ligados à internet.
Portanto, é reconhecendo a tecnologia
Nos parágrafos seguintes vamos como geradora e ao mesmo tempo
tentar promover uma reflexão acerca produto cultural, com ênfase para o
das novas tecnologias de informação fator pedagógico, que o assunto merece
e comunicação, bem como sobre a ser abordado. Porém, é importante
implicação das mesmas no desafio de considerar com que profundidade as
formar profissionais da educação num novas tecnologias de informação e

UNIDADE 4 163
Tecnologias Educacionais

comunicação (NTICs) se fazem presentes a inserção deles na educação formal ou


na sociedade e suas respectivas escolar. Igualmente, ao ensino superior
instituições educacionais. Essas não convém ignorá-los como objeto de
tecnologias já chegaram para todas as estudo e instrumentos mercadológicos.
classes sociais? Valeria a pena perguntar. Belloni (2005, p. 10) adota a defesa desta
Em caso afirmativo, quais efeitos posição, visualizando a razão geral como
provocaram? Que impactos se verificam, a mais importante de todas:
no tocante à formação dos professores,
o uso efetivo destas ferramentas para
A escola deve integrar as tecnologias
se alcançar novos conhecimentos?
de informação e comunicação porque
Finalmente, o que de fato motiva sua
estas já estão presentes e influem em
utilização e se existe melhor forma de
todas as esferas da vida social, cabendo
torná-la permanente como ferramenta
à escola, especialmente a escola
de mediação.
pública, atuar no sentido de compensar
as terríveis desigualdades sociais e
Segundo Candau (2004), a escola e
regionais que o acesso desigual a estas
a educação são vistas como objetos
máquinas está gerando.
de reflexão e lembram determinado
tecido na globalização. Nesta linha de
pensamento, um de seus delineamentos Pelo que foi exposto, é fácil perceber a
diz respeito à qualidade, ocasião em que crença nos benefícios proporcionados
se identificam pontos interdependentes, pela familiaridade (adoção) com as
como político, econômico e tecnológico. ferramentas tecnológicas. À medida
Por este prisma, a escola está atrelada que mais delas estão próximas, maiores
à lógica do trabalho, seja considerando as chances dos cidadãos almejarem
o viés neoliberal ou não. Igualmente ela melhores postos de trabalho, obviamente
se mostra emancipadora, democrática, com remuneração adequada às suas
enquanto por outra via pode ser fator novas capacidades. Por conseguinte se
de aumento de exclusão social. Cabem, afastando da linha de exclusão. Todavia,
pois, alguns questionamentos sobre a os contextos social e econômico, as
escola a que se deseja chegar. diferenças entre países desenvolvidos
e em desenvolvimento, têm pesos
De acordo com esta autora, são admitidos diferentes. As desigualdades constatadas
novos aparatos técnicos na relação são capazes de influenciar objetivos na
entre homem e produção industrial, utilização das NTICs.
bem como do saber em suas diversas
modalidades educativas. Daí, defender O ser humano está rodeado por um

164 UNIDADE 4
verdadeiro mundo tecnológico, desde o injustiças sociais, culturais e econômicas.
mais simples objeto como uma cadeira, ao Os docentes e seus futuros alunos não
mais sofisticado computador. É possível, escapam a esta realidade. Portanto, sem
portanto, que façam a mediação entre encarar desafios não haverá luta, menos
a relação da humanidade com o mundo ainda posterior vitória. Daí, a necessi-
real, tanto nas relações pessoais quanto dade de formação sólida para os futuros
no trabalho. Tecnologias e pedagogia professores, sem esquecer a relação que
se fundem como processos sociais esta deve guardar com o meio (ambiente)
inseparáveis. Daí que a socialização das onde irão exercer o trabalho.
novas gerações passa necessariamente
pela preparação dos indivíduos para o Almeida (2000, p. 12) considera que tanto
conhecimento e uso dos meios técnicos o computador como as novas tecnologias
disponíveis (Belloni, 2005). desempenham importantes funções nas
evoluções socioculturais. Esta autora
Não reconhecer ou discordar deste afirma ainda que “essas novas relações,
pensamento é negar a chance de que além de envolverem a racionalidade
se torne realidade. Tal procedimento técnica-operatória e lógico-formal,
apenas aumenta a “infoexclusão” (os ampliam a compreensão sobre aspectos
deserdados do computador). Significa, sócio afetivos e tornam evidentes fatores
hoje, negar ao indivíduo desfrutar de sua pedagógicos, psicológicos, sociológicos
plena cidadania. Barrar-lhe o acesso ao e epistemológicos”.
mercado de trabalho. As dificuldades
estão aí para serem enfrentadas e Por complexa, a relação tecno-
vencidas. Para tanto, o desenvolvimento pedagógica impõe desafios sobre as
deve contribuir, não servir de barreira finalidades da educação online, objetivos
ou entrave. Conforme alerta Belloni didáticos, melhor forma de utilização
(2005), porém, é certo o risco de os do computador e sua interatividade e
países não desenvolvidos ficarem com a interação, com vistas a melhorar e ampliar
parte ruim destas políticas, enquanto os a aprendizagem universitária. Visto aqui
ricos continuarão usufruindo, num grupo como máquina não linear, ao mesmo
seleto, dos avanços tecnocientíficos. tempo o computador “inteligente” é
imprescindível na educação moderna.
A educação a distância, visando a Foi inventado e ao mesmo tempo
formação de professores, está rodeada passa a influenciar comportamentos,
por questões não apenas administrativas, porém deve ser encarado sempre
como políticas, sobretudo ao se buscar como ferramenta. As reações a esta
a diminuição (e até eliminação) das maravilha, contudo, vão da indiferença

UNIDADE 4 165
Tecnologias Educacionais

ao ceticismo, chegando-se ao otimismo. esperado é que ele se beneficie de todos


Aos indiferentes ele pouco acrescenta, seus fatores positivos e evite os negativos.
e ficam sempre na expectativa de algo
novo. Os céticos geralmente debitam a No contexto geral dos processos educa-
ele problemas como a desumanização cionais, a opção pelas mídias tenderá
das pessoas. Finalmente, os otimistas a resolver o desafio de atender cada
veem esta máquina como alavanca de vez mais alunos, por mais tempo e
progresso que veio pra ficar. com melhor qualidade. O clímax deste
objetivo será atingido exatamente ao se
Libâneo (2003) acrescenta ainda algumas encontrarem associadas as ferramentas
dificuldades, a começar pela fama de que pedagógicas com o objeto de estudo.
o computador provocaria desemprego
(uma máquina realiza o trabalho de Informatizar o ensino e a aprendizagem,
centenas de homens). E assim, resistên- como ocorre na EaD, é condição básica,
cias a ele são ampliadas, como favoreci- porém não suficiente como garantia
mento à despersonalização das pessoas. de sucesso. Os avanços tecnológicos
Dentre nós, por haver sido importado no somente apresentarão rendimento satis-
período da Ditadura Militar, padece de fatório mediante a efetiva comunicação
visão tecnicista. É frio, distante. Contudo, professor/aluno. A máquina precisa do
nenhuma é mais forte (das negativas) homem! Nos referenciais qualitativos da
como a de provocador de desemprego. EaD se prescreve essa necessidade no
diálogo e comunicação entre todos os
Colocadas estas ponderações a favor e agentes envolvidos no processo educa-
contrárias, a atitude requerida ante as cional. (Almeida, 2000)
NTICs não pode ser nem de deslumbra-
mento, nem tampouco de tecnofobia. Um pré-requisito essencial para aproveitar
Frente a relevante carência por educação as possibilidades de virtualização da
de qualidade, a tecnologia não deve relação entre os envolvidos (docentes e
ser vista, por si só, nem como remédio alunos) em EaD é dominar e compreender
para todos os males, nem rejeitada por a linguagem adotada pelos recursos
desconhecimento e ignorância. Se o medo midiáticos modernos. Verificada altera-
causa rejeição, por seu turno o excesso ções nos comportamentos das pessoas,
de confiança gera supervalorização de faz-se necessário conhecer os caminhos
potencialidades computacionais. Ao fim possíveis e mais proveitosos para a
e ao cabo, porém, uma mensagem deve aprendizagem, evitando-se, pois, as ditas
prevalecer: o homem precisa ser visto “receitas pré-fabricadas” (quase sempre
como o centro de todo este movimento. O distantes e divorciadas da realidade

166 UNIDADE 4
vivenciada). Não apenas por ser novi- sendo desenvolvidos e difundidos. Não
dade, a EaD requer substancial formação existe uma abordagem única de utili-
de seu corpo docente. A partir de uma zação da informática na educação, mas é
sólida formação nessa área, os educa- inquestionável seu uso como meio para
dores desenvolverão a competência de se construir o conhecimento. Daí, sob
mediatizar. A mediatização implica prepa- certos aspectos, a visão do computador
ração de aulas, currículos adequados, como máquina de ensinar (porém, nunca
disponibilidade de materiais, objetivos sozinho). É a concepção instrucionista.
pedagógicos, linguagens apropriadas, Na máquina estão armazenados todos
com destaque para a verbal direta. os conhecimentos a serem repassados
aos alunos. Hoje contrabalanceada pela
Embora não seja o único fator para visão construcionista, onde a máquina é
garantia de qualidade da educação, o um instrumento (importantíssimo, mas
professor é o responsável maior por instrumento) na construção do saber. Em
potencializar a aprendizagem de seus resumo: o computador é um suporte.
alunos. Neste aspecto, a formação inicial
e continuada será responsável pela No primeiro caso (instrucionista),
instrumentalização teórico-metodológica verifica-se a informatização dos
para as NTICs. Portanto, na melhor das métodos tradicionais, mais de instrução
hipóteses, os sistemas informatizados programada, sendo as informações
trazem novas vantagens de trabalho para repassadas ao aluno, que as absorve
o educador e outras (novas) formas de de maneira crítica e linear. No segundo
aprender para o aluno. (construcionista), requer-se participação
mais efetiva do aluno. Ele também
Assim sendo, as análises bem funda- é responsável pela construção do
mentadas devem compor o centro das saber, para tanto, interagindo com as
abordagens de utilização dos meios ferramentas computacionais.
técnicos informatizados. O potencial de
interação (comunicação) entre professor/ Valente (2008) afirma que, neste caso,
aluno e aluno/aluno, quando conduzidos o conhecimento não é passado para o
adequadamente, constituem um trunfo aluno e ele não é mais instruído, ensinado,
considerável. mas é o construtor do seu próprio
conhecimento. Esse é o paradigma
Tendo por objetivo o máximo aprovei- construcionista, onde a ênfase está
tamento pedagógico das ferramentas na aprendizagem ao invés de estar no
educacionais, desde a década de l980, ensino; na construção do conhecimento
projetos e pesquisas ligadas à EaD vêm e não na instrução.

UNIDADE 4 167
Tecnologias Educacionais

No construcionismo, o aluno aprende pedagógico e do psicológico. (Valente,


a partir de ação física e mental sobre o 2008).
objeto computado. É capaz de explorá-lo
para melhor aprender, e desenvolve Portanto, a parceria entre o aluno e o
capacidade para selecionar e relacionar professor não só deve ser esperada, como
informações (instruções) inerentes à incentivada. Essa mediação interativa
resolução dos problemas cotidianos, ou do aluno com o mestre, auxiliada pelos
da vida real. computadores, surgiu de situações
presenciais para projetos de formação
Na Linguagem Logo de programação, de professores em AVA (Ambiente Virtual
a aprendizagem é representada pelo de Aprendizagem) e projetos baseados
ciclo “descrição – execução – reflexão no ciclo “descrição – execução – reflexão
– depuração”. Frente a um problema – depuração”.
a ser resolvido, o usuário descreve
os passos ou procedimentos para o Para Almeida (2000), a partir do grau de
computador executar a tarefa. Finda interação entre professor/aluno e aluno/
esta execução, confere-se o resultado aluno é que se pode falar propriamente
na tela. Em seguida, o aluno reflete da EaD. Aqui, três abordagens
sobre as respostas (ou dados obtidos). metodológicas ficam explícitas:
Confirmada a resposta esperada, dá-se “Broadcast”, “Virtualização da Sala de
por concluído o trabalho. Caso não se Aula” e “Estar Junto Virtual”.
confirme, os procedimentos deverão
ser revistos, corrigidos os erros, e tudo No primeiro caso, a ausência de interação
novamente processado. Todavia, os erros logo se evidencia. Nele o material didático
não devem ser vistos como motivo para é produzido numa sequência tutorial e
desânimo; ao contrário, representam distribuído para numerosos estudantes (o
desafios, não cabendo qualquer tipo de que dificulta um eficaz acompanhamento
punição, quando ocorrerem. por parte dos docentes).

Convém ressaltar que o processo Na segunda variável, os recursos


de descrever, refletir e depurar não telemáticos são disponibilizados para
acontece pela simples colocação do virtualizar o que já é conhecido, quase
aluno frente ao computador. A interação numa cópia, uma repetição de atividades
aluno-computador necessita da presença desenvolvidas tal como ocorre na velha
(assistência) de um mediador profissional sala de aula.
que conheça o Logo, isto tanto do ponto
de vista computacional quando do E, finalmente, o terceiro tópico, onde

168 UNIDADE 4
muito se exige do docente. Sua presença previamente, objetivos e conteúdos
e acompanhamento dos alunos são precisam levar em conta boa margem
constantes e a capacidade de acúmulo de de maleabilidade, de adequação ao
conhecimentos é bem mais substantiva. momento. Alguma flexibilidade é sempre
bem-vinda.
A interação com o professor gera maior
segurança para o aluno e melhora seu Esta modalidade de ensino e aprendizado
desempenho e aproveitamento. Logo, permite que os currículos funcionem um
se conclui que esta é a proposta que pouco metaforicamente, talvez como
melhor se encaixa ao sistema. Com mapas não delimitadores, mas deli-
as discussões sobre os problemas neantes, sugerindo e apontando direções
identificados na prática pedagógica, a serem seguidas. É o aluno, enquanto
alunos e professores têm a chance de sujeito, quem escolhe e determina o
trabalhar cooperativamente. local aonde quer chegar, bem como a
rota para cumprir estes objetivos. E neste
Outro ponto positivo do programa se percurso ele pode caminhar sozinho ou
assenta no sistema avaliativo tanto de em companhia de outros “viajantes” do
docentes quanto de alunos. Para aqueles, conhecimento. Ao mesmo tempo o aluno
é uma ferramenta confiável na promoção é caminho e caminhante.
de alterações corretivas e estruturais nos
currículos e ações pedagógicas. Para Numa comunidade de aprendizagem, o
estes, ela (a avaliação) deve ser processual individual e o coletivo transitam empare-
e com base nos registros feitos por cada lhados, sempre em busca de uma formação
indivíduo e também pelo grupo. mais sólida e compensadora. Profissionais
são formados trazendo na bagagem um
A organização curricular para a utilização novo agir crítico, que ao mesmo tempo
de computador em sistemas de EaD, qualifica seu trabalho diário e eleva sua
de conformidade com as considerações capacidade financeira. Constantemente,
até aqui abordadas, não pode resultar distâncias espaciais e temporais são dimi-
num conjunto de disciplinas engessado nuídas, enquanto outras se abrem no
ou fragmentado. Embora definidos campo econômico e cultural.

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 4 169
Tecnologias Educacionais

MÓDULO 3

A formação de do docente a serviço do aluno dentro


professores tutores do sistema educativo não presencial.
Este profissional continua sendo indis-
tintamente chamado de tutor, facilitador,
Ainda são poucos os estudos que tratam conselheiro, assessor, consultor, caracte-
da importância do papel do tutor na EaD rizando-se uma relação com as funções
e que falem de sua formação. Entretanto, que exerce. Contudo, deve se reconhecer
ao abordar a formação de tutores, que o termo tutor é aquele de uso mais
é imprescindível o desenvolvimento disseminado e constante.
de uma gama de habilidades sociais,
pedagógicas, técnicas e administrativas, Ainda de acordo com Araújo (2007), as
visando ao bom desempenho dessa várias denominações com que o tutor
função. Além disso, é importante ter em é reconhecido variam em função da
mente que o fato de um indivíduo ser concepção de EaD que predomina no
tido como um professor de qualidade programa em que este personagem se
no sistema presencial, não é garantia encontra inserido. Esclarece, também,
bastante para que venha obter resultados que a ação tutorial e a tutoria são dois
igualmente positivos como tutor em conceitos que se complementam.
ambientes virtuais.
Para Barbosa (2005), o tutor não ensina
O tutor é a figura-chave no desenvolvi- no sentido convencional do termo,
mento do processo de ensino e apren- como de igual modo não se pode dizer
dizagem via EaD, sendo que para isso que dá aulas, nem produz materiais.
é fundamental que ele seja dotado de Na realidade, ele é aquela pessoa
todas as competências que lhe favoreça (profissional) indicada pela instituição
um desempenho docente orientado para para firmar contato com o aluno e,
a qualidade do ensino. através de uma relação pessoal, facilitar
a este o desenvolvimento de todo o seu
Compete, então, perguntar: qual é o potencial intelectual e comunicacional.
verdadeiro significado do tutor? Segundo
Araújo (2007), não foi estabelecido um Outro conceito de tutor a que temos
consenso entre os autores e as institui- acesso nos é apresentado por Barros
ções no que diz respeito à denominação (2004, p. 4). Constitui este de um

170 UNIDADE 4
“professor com competência para de ensino. Tal realidade se contrapõe,
organizar pesquisas criativas, situações grande parte das vezes, à visão de
provocativas do ato criador neste universo tutoria em que se busca trabalho em
de possibilidades que a EaD oferece. Um equipe, seleção de informações em
professor que mesmo a distância não fontes variadas, uso das TICs, dinâmica,
está distante de seus alunos”. Portanto, o flexibilidade, como também tomada de
tutor se faz presente em todo desenrolar decisões e desenvolvimento indepen-
do processo, seja relatando experiências, dente em relação ao próprio processo de
orientando leituras, conferenciando aprendizagem. (Almeida, 2000).
pesquisas, compartilhando estratégias
de ensino, escolhendo, juntamente com Discorrer a respeito das competências
os alunos o material a ser estudado e para o exercício da tutoria requer, no
os temas para debates em fóruns. Em entanto, que antes se deixe claro que o
resumo, construindo conhecimentos. referido termo apareceu no contexto da
crise de modelo de organização taylorista/
Ao longo destas concepções, fordista, quer dizer, com a expansão
evidencia-se o quanto ainda está em termos mundiais da economia, no
indefinido, relativamente ao tutor ser advento da chamada guerra de mercados,
ou não tido como professor e, pela na exigência de melhoria na qualidade
mesma forma, a definição dos limites dos produtos comercializados, enfim, na
que abrangem sua ação. As indefinições requerida flexibilização dos processos
relativas a quem é este personagem de produção e trabalho. Sob a influência
provocam certa fragilização na EaD. deste contexto e tendo como base de
Contudo, há que se reconhecer o quanto sustentação um vigoroso incremento
é nova a preocupação de estabelecer uma da escolarização, notadamente entre
definição para este sujeito/personagem, os jovens, as empresas (empregadoras)
a partir de uma visão mais detalhada e começaram a adaptar e utilizar suas
com base em pesquisa na área. “aquisições” individuais de formação,
com destaque para o fator escolar.
A partir do momento em que se esta- Tal posicionamento quer explicitar
belece a importância deste personagem que não basta somente identificar as
fundamental no ensino a distância, faz-se competências. A centralização do ensino
necessária uma abordagem acerca de no desenvolvimento de competências
sua formação. De maneira geral conclui- significa, geralmente, privilegiar a razão
se que a formação do tutor, ainda hoje, instrumental que valoriza apenas o
tem se assentado numa concepção “saber fazer” (know how), em prejuízo
racionalista, fragmentada e reducionista do por quê/para que fazer (know why).

UNIDADE 4 171
Tecnologias Educacionais

Novamente recorremos a Barros (2004), para salários não compensatórios e


quando define que o tutor carece de uma deficiência no desempenho da função.
formação que lhe assegure conhecer
com profundidade: Entre outros, o estudo desenvolvido
e apresentado por Santos e Rezende
• A disciplina que vai tutorar; (2001) busca tratar exatamente das
competências relevantes a serem
• As possibilidades de intervenções desenvolvidas pelo tutor durante sua
didáticas relativas à modalidade a formação. No referido documento os
distância; autores procuram desenvolver uma
proposta de formação a distância,
• As diversas tecnologias que mediante o uso das TIC, onde é essencial
estarão sendo usadas no processo, o acompanhamento do professor visando
objetivamente quanto a suas uma atuação coerente e produtiva nos
possibilidades e limitações. moldes e concepções que direcionam
sua formação. Ainda ao longo de seu
Este autor ainda identifica e levanta trabalho, Santos e Rezende identificam
como questão relevante a desvalorização e apontam cinco competências a
que recai sobre este profissional, seja serem observadas em consonância
por inadequação, seja por ausência de aos paradigmas orientadores desta
formação que, por sua vez, descambam formação, quais sejam:

• Desenvolvimento de uma base


teórico-conceitual para sua prática;

• Concepção de aprendizagem
como um processo mútuo, onde
ambos aprendem e são responsáveis
pelo conhecimento produzido;

• Aprofundamento de conceitos;

• Análise de experiências
significativas;

• Promoção da comunicação entre


grupos.

172 UNIDADE 4
Santos e Rezende (2001, p. 23), todo o conhecimento de seu tempo),
buscando determinar as expectativas e aos dez anos de idade ficou órfão de
regras que permeariam a atividade do pai e mãe. Em decorrência deste fato, a
tutor, notadamente no que concerne partir de então foi educado por um tutor
ao desenvolvimento de competências, (palavra de origem latina que significa
dentro de uma perspectiva indivíduo encarregado legalmente de
construcionista, destacam que: tutelar e zelar por alguém, protetor,
defensor). Coincidentemente, da mesma
forma o termo professor também se
[...] a formação dos professores deve
origina no latim, querendo dizer “aquele
estar centrada na articulação entre sua
que ensina, mestre, lente”. Portanto, a
concepção de ensino-aprendizagem e
aproximação dos dois termos foi natural,
sua intervenção pedagógica, refletindo
desde a origem.
uma ação educativa coerente e sólida.
Acreditamos que a vivência de um processo
No campo da educação, as primeiras
coerente com esta abordagem por parte
referências ao termo “tutor” são
dos orientadores enquanto alunos,
encontradas a partir do século XV e
durante o processo de formação, pode
estão ligadas à figura do orientador
ser um caminho favorável para propiciar a
religioso dos estudantes, que tinha por
este processo de “posse”, de formação da
objetivo impor a fé e a conduta moral.
visão construtivista e de sua consequente
Diferentemente, só no século XX é que
aplicação.
a palavra tutor foi anexada à figura do
orientador de trabalhos acadêmicos,
significado agora incorporado aos
Conceitos de Tutoria
programas de EaD.

Discorrer a respeito de tutoria em EaD Sob a perspectiva da educação a


implica retomar as diversas concepções, distância, por longo tempo prevaleceu
historicamente elaboradas neste campo a ideia de que o professor-tutor dirigia,
educacional e do conhecimento, orientava e apoiava a aprendizagem dos
uma vez que o mesmo sinaliza para alunos, porém não se envolvia com os
diferentes contextos socioeconômico- conteúdos. Nessa mesma linha de pensa-
culturais e suas respectivas épocas. mento, assumiu-se a postura de que
É na história que vamos encontrar as os materiais utilizados em EaD seriam
primeiras aproximações da palavra tutor autoinstrutores, ou seja, “ensinavam sozi-
e professor. Segundo autores antigos, nhos”, competindo ao professor a mera
Aristóteles (filósofo que viria acumular formalidade de acompanhar o processo.

UNIDADE 4 173
Tecnologias Educacionais

Agora, com a expansão e na educação a distância em que esteja


desenvolvimento do ensino a distância, prevista a figura do tutor presencial,
estabeleceram-se novos papéis aos atores é imprescindível contar com espaço
que participam do processo de ensino e próprio e estruturado para os encontros,
de aprendizagem. Neste contexto é que além, claro, de salas de aula e de estudo
foi modificada/atualizada a significação conectadas à internet, TV, material
do termo “professor-tutor”, em tempo impresso do curso e respectivos manuais
reconhecido como de fato é, como (do aluno, do tutor e do professor).
autêntico mediador didático-pedagógico
no processo de aprendizagem.
Tutoria a distância

A tutoria presencial Outra vez, Mill et. al (2008, p. 114),


afirma ser a “tutoria virtual ou tutoria a
Cabem, inicialmente, duas questões distância, dedicada ao acompanhamento
objetivas: Como trabalha um tutor dos educandos virtualmente (a distância),
presencial? E, na tutoria presencial, a por meio de tecnologia de informação e
figura existente não é a do professor? comunicação.” Uma das vantagens exal-
tada na tutoria a distância é que tanto
Segundo Mill et. al (2008, p. 114), a aluno quanto professor podem estar
tutoria presencial “é composta pelo em ambientes diferentes para que haja
grupo de educadores que acompanha os comunicação entre eles. Havendo opção
alunos, presencialmente, com encontros por contato via e-mail, fórum, lista de
frequentes ou esporádicos”. Portanto, o discussão, nem sequer é necessário que
professor-tutor está ao lado dos alunos, estejam conectados ao mesmo tempo.
face a face, promovendo interação com Telefones, aplicativos de presença (MSN,
os conteúdos, com o professor e com Skype, Yahoo-Messenger, Google Talk,
outros alunos, eventualmente também etc) propiciam atendimento individuali-
fazendo uso de tecnologias. zado. Por seu turno, o chat permite aten-
dimento coletivo e/ou individualizado.
Outra característica da tutoria presencial
é a capacidade de atendimento
individualizado e em grupos, facilitando Diferentes Atribuições da Tutoria
também a organização dos chamados
grupos de trabalho cooperativo e Atributos positivos são sempre requeridos
colaborativo de essencial importância da pessoa que se dedica à atividade de
nas aulas práticas. Como se pode antever, tutoria. Mais uma vez, sobre o tema,

174 UNIDADE 4
convém observar o posicionamento de socialização das ideias e habilitando
Mill et. al (2008, p. 113): a construção coletiva de saberes em
comum.

A relação ensino-aprendizagem nesse


Na hipótese do uso de mídia televisiva na
contexto conta, por exemplo, com o
EaD, além do adequado planejamento
docente-tutor. Entre as denominações
da atividade, compete ao professor-tutor
atribuídas a este docente percebemos
responsabilidades como manusear o
tutor virtual, tutor eletrônico, mentor, tutor
equipamento, sintonização, adequação
presencial, tutor de sala de aula, tutor
de volume, entre outros, para um eficaz
local, orientador acadêmico, animador,
aproveitamento por parte dos alunos.
e diversas outras. O que caracteriza este
Igualmente, na hipótese de utilização de
trabalhador é sua função de acompanhar
mídia televisiva, é de responsabilidade
os alunos no processo de aprendizagem,
do professor-tutor todos os cuidados
que se dá, na verdade, pela intensa
para seu funcionamento (como providen-
mediação tecnológica.
ciar a sintonia).

Vale ressaltar que também cabe ao pro- Em caso de transmissão ao vivo, em uma
fessor-tutor a criação e manutenção de sala presencial, fica também o professor-
um ambiente de comunicação aberta tutor sendo aquele que comanda as
entre os envolvidos, possibilitando a ações práticas, como fazer a mediação

UNIDADE 4 175
Tecnologias Educacionais

didático-pedagógica, selecionar crite- responsável por encaminhar, acompanhar


riosamente os questionamentos a serem e tornar possível a aplicação das lições
encaminhados ao professor pelo meio preparadas pelo professor. Para que a
de comunicação previamente combi- atividade do tutor seja culminada de
nado (telefone, fax, e-mail, AVA, etc). êxito, exige-se dele, em complemento,
Nas teleconferências, de igual modo, o guiar, orientar, apoiar, motivar, promover
professor-tutor é imprescindível, respon- recursos, enfim, interagir continuamente
dendo para que tudo corra bem no com os alunos, extraindo da atividade os
andamento da atividade. melhores resultados possíveis.

Por fim, para as situações em que


se usa a internet, diversas formas de
comunicação e interação entre professor-
tutor e alunos são admitidas. Tanto nos
fóruns de discussão, como nos e-mails,
chat, blogs, etc, não se pode, sob pena
de os objetivos não serem alcançados,
abrir mão da presença do professor-
tutor, que continuamente integrado à
participação dos alunos chama estes a
opinar, colaborar, interagir, enfim, com
os demais participantes.

Conclusivamente, devemos fazer


uma diferenciação fundamental entre
professor e tutor. O professor é aquele
a quem cabe a responsabilidade pela
elaboração e preparo do material
didático, a ser utilizado para o
desenvolvimento da aprendizagem. É
também aquele a quem são remetidas
propostas e dúvidas não solucionadas
no decorrer das atividades. Em termos
genéricos, é o “autor” (consultor). À
figura/pessoa do tutor compete mediar
o processo em si, para que ocorra de
fato toda aprendizagem almejada. Ele é

176 UNIDADE 4
MÓDULO 4

Mídias e tecnologia • Como as tecnologias de mídia


para EaD devem ser tratadas por aliadas, na
obtenção de uma real eficácia?

Como sabido, a comunicação se reveste A partir daqui, você disporá de um leque


de especial importância para a educação de alternativas e opções que lhe favo-
a distância e, por este motivo, se faz reçam na análise das principais tecno-
necessário que cada aluno ou usuário logias, com destaque para: impressa,
conheça os detalhes tecnológicos, bem áudio e vídeos gravados, áudio e vídeo
como a mídia à qual se encontre asso- interativos, tecnologias da internet.
ciada. Para os educadores a distância,
não se dispensa qualquer conhecimento
relacionado às tecnologias e mídias, uma Mídia Impressa
vez que se fundamentam na prática, daí
fornecendo subsídios necessários ao seu O sistema de mídia mais utilizado e
bom e pleno desempenho, e para que igualmente difundido na educação a
seu funcionamento ocorra de acordo com distância é o texto escrito. A despeito
o esperado, bem como para se definir do passo gigantesco de crescimento
e conhecer os limites e o potencial das dado pela comunicação tecnológica, a
pessoas nelas envolvidas. imensa maioria dos textos é ainda veicu-
lada e divulgada sob a forma impressa.
Quando nos debruçamos sobre Ao longo do tempo, o texto impresso
tecnologias de mídias, precisamos ter apresentou o que se pode definir como
sempre em mente uma série de perguntas variação linear, no tocante a sua forma
e questionamentos que lhe realcem a de chegar ao público consumidor/bene-
importância. Observe-se: ficiário, havendo que se destacar, dentre
elas os conhecidíssimos livros didáticos,
• De quais características se as anotações em sala de aula, os guias
revestem as denominadas tecnolo- práticos de estudo.
gias de mídias e de que maneira e
intensidade podem ser elas utilizadas Materiais impressos são de larga difusão,
na EaD? bem como extremamente conhecidos
e de fácil manejo tanto por professores

UNIDADE 4 177
Tecnologias Educacionais

quanto por alunos, proporcionando, como a melhor e mais segura tecnologia


portanto, uma compreensão mais pra transmitir as metas, assim como os
imediata e segura de como fazer uso dos objetivos dos instrutores numa completa
mesmos visando um melhor aproveita- abordagem do curso, afinal seus
mento de seus recursos. Não bastassem temas são abordados visando consulta
essas observações positivas, o material frequente.
impresso pode ser acondicionado e
transportado com razoável facilidade O estilo em que o guia é escrito reflete o
para lugares distantes sem que se dani- grau de relacionamento entre o autor e seu
fiquem. Daí sua larga utilização ainda aluno, e visando eliminar qualquer dificul-
em nossos dias, a despeito da evolução dade de interpretação, deve ser tomado
tecnológica acelerada de outras mídias. como algo amigável, daí oferecendo apoio
A mídia impressa traz como diferencial na forma de abordar a matéria.
a possibilidade de que o aluno estude
conforme sua disponibilidade de horá- A qualidade tanto técnica quanto material
rios, locais e ritmo. do texto impresso varia com frequência,
podendo este fato se explicar também
Em sua imensa maioria, os cursos de pelo tempo e cuidados demandados na
educação a distância utilizam textos confecção do mesmo. Há que se reco-
impressos, não importa se adotando ao nhecer, uma vez mais, que costumam
mesmo tempo outra tecnologia. Já o levar um tempo considerável para
guia de estudo representa uma forma serem confeccionados, os tais modelos
de material impresso com profunda diversos de guias de estudos aceitos nos
aceitação e de largo uso nos cursos EaD. cursos de EaD. Note-se que os materiais
precisam ser obtidos com especialistas
O guia de estudo compreende não vinculados ao conteúdo. Igualmente é
somente a organização, como também a necessário que sejam escritos e reescritos
estrutura do curso a que se refere, mesmo antes de editados, passem por esboços,
na eventualidade em que é transmitido selecionem-se as ilustrações gráficas
por outra mídia tecnológica. O referido compatíveis, criadas e autorizadas pelos
guia deve propor o texto do conteúdo, responsáveis ou representantes dos
bem como instruções e orientações direitos de copyright, dentre outras reco-
destinadas aos alunos, sem descuidar do mendações pertinentes.
incremento à necessária interação entre
alunos e professores, valendo-se quer da Anteriormente ao advento dos compu-
correspondência, quer de outra tecno- tadores pessoais, o material publicado
logia disponível. O guia é reconhecido por um autor era antes redigido à mão

178 UNIDADE 4
ou datilografado; em muitas ocasiões tornou-se muito útil, pelo custo acessível
era depois mimeografado e distribuído; e fácil manuseio, para divulgação de
em outras era produzido com mais material instrutivo. Outro facilitador era
requinte editorial, isto é, impresso em que, tanto áudio quanto vídeo, produ-
gráfica, chegando-se ao requinte da zidos em série e a preços acessíveis,
utilização de cores na impressão. Tais passaram a ser comercializados inclusive
feitos demoravam tempo excessivo e via Correios ou por serviços particulares
demandavam/ocupavam um número de entrega a domicílio.
elevado de profissionais envolvidos, até
dar-se por concluído. Após a chegada de Já na década seguinte, 1990, com a popu-
novas tecnologias, tudo se tornou mais larização dos aparelhos de CD e DVD
fácil e prático. Escrito o texto, este logo novas facilidades foram incorporadas ao
passa à revisão, daí à impressão (inclusive sistema. De repente, estas tecnologias
a laser) e num breve espaço de tempo se transformaram nas maiores divulga-
está sendo distribuído. doras/disseminadoras dos programas
gravados em áudio e vídeo, e com três
Todavia, algumas limitações são encon- diferenciais relevantes, sobretudo para
tradas na mídia impressa como, por o cliente/estudante: durabilidade do
exemplo, uma série de pré-requisitos produto, preço mais compensativo e
para o aluno conhecer o material, até ler qualidade, quando comparados aos
e escrever, bem como possíveis produ- aparelhos que utilizavam cassete. Em
ções feitas sem os devidos cuidados, de bases semelhantes, também neste
modo displicente ou não responsável, mesmo período de tempo, os discos de
que comumente podem estar vinculadas CD-ROM possibilitaram ligeira e segura
à desmotivação dos alunos ou sua fraca propagação de programas audiovisuais,
aprendizagem. permitindo que um número sempre
maior de pessoas a eles tivessem acesso
e assim se beneficiassem.
Áudio e Vídeo
A dificuldade de capital com relação ao
As décadas de 1970 e 1980 caracte- uso das mídias de áudio e vídeo, na EAD,
rizaram-se, entre outras novidades pode ser debitada à criatividade que,
do ramo industrial, pelo verdadeiro de modo geral, exige custos elevados
boom dos chamados, popularmente, para um bom padrão de produção e,
produtos eletrônicos – na linha áudio e em sequência, o tempo sempre maior
vídeo, com cassete. Todo mundo tinha que grande parte das instituições planeja
seu “aparelho” e logo esta tecnologia utilizar.

UNIDADE 4 179
Tecnologias Educacionais

Rádio e Televisão
O áudio gravado tem larga margem
de utilização nas diversas fases de um Por um bom período de tempo, a
aprendizado, por exemplo, seu uso para transmissão de áudio e vídeo através
explicar ou detalhar aos alunos partes de do rádio e da televisão foi utilizada para
material textual, é útil na dramatização conclusões educacionais, valendo a
de eventos históricos e datas especiais, pena destacar que através da televisão o
proporciona acesso a fenômenos sonoros, ensino tornou-se ao mesmo tempo mais
sejam estes produzidos pela natureza, acessível e popular em seus variados
pelos animais, ou pelo homem. Serve níveis – básico, médio, superior.
ainda como agrupador na divulgação de
opiniões e experiências de profissionais Não se pode deixar de ter em mente a
especializados. notória diferença entre televisão aberta
e transmissão limitada. No primeiro caso
O vídeo, compatibilizando a utilização se enquadra aquela que está disponível
conjunta de imagem e som, é outra a qualquer pessoa, bastando para isto
ferramenta muito adequada e de que tenha um aparelho televisivo em sua
grande valia na divulgação do ensino. residência ou local de trabalho; a segunda
Esta possibilidade de ver e ouvir, ao menção se refere especificamente às
mesmo tempo, reforça a mensagem transmissões nos canais privados. É, pois,
e faz despertar no aluno aptidões uma programação dirigida. A televisão e
interpessoais, bem como abre campo também o rádio, transmitindo de modo
para a exploração de qualquer processo. aberto ou limitado podem, por exemplo,
ser utilizados para mostrar/divulgar
Não é segredo pra ninguém que, além relatórios atualizados.
de mais caro, criar materiais em áudio
e vídeo é mais demorado e trabalhoso Convém destacar que, por ser uma
do que desenvolver material impresso. mídia de custos mais baratos, o rádio
Outra dificuldade em relação aos vídeos proporciona grande flexibilidade na
e áudios, somada à qualidade exigida, é atualização de materiais produzidos
a responsabilidade sobre o que inserir e divulgados, a custos relativamente
e o que deixar de fora na produção do reduzidos. Por outro lado, a televisão,
filme, documentário ou peça. Somente a soma de áudio e vídeo, mais elaborada,
partir da popularização da atual geração apresenta custos mais elevados na
de software de edição de áudio e vídeo produção e divulgação, daí sendo
digitais para computadores pessoais esta aconselhável seu uso tecnológico para
realidade está mudando para melhor. a transmissão de conteúdos de maior
durabilidade.

180 UNIDADE 4
Teleconferência
transmissão, quase sempre é necessária
Dispomos de basicamente dois tipos (ou a existência de um dispositivo codec
formatos) diferentes desta tecnologia, em cada ponta: transmissão e recepção.
cada qual contando com suas caracterís- Este codec constitui-se numa tecnologia
ticas próprias e que as diferenciam umas que opera transformando os sinais
das outras. Observe: analógicos que recebe em digitalizados,
mediante compactação. A transmissão
Audioconferência: por este tipo de se dá por meio da utilização de linhas
tecnologia todos os participantes são telefônicas digitais. Na realização das
conectados através de linhas telefônicas. videoconferências são admitidos e
É uma solução coletiva. Por sua vez, os usados ainda outros aparelhos, tais como
participantes individuais se utilizam de microfones, câmeras e computadores.
telefones (aparelhos). Em determinadas
situações, grupos de indivíduos podem
se servir de fones ou até mesmo de Como selecionar Tecnologias e
conjuntos de alto-falantes. A presença de Mídias
um moderador se faz necessária para a
adequada utilização desta ferramenta. A Um enorme engano dos educadores
este cabe controlar todo o procedimento de educação a distância se verifica
das atividades, bem como responder quando ocorre a tendência de se fixarem
pelo fornecimento do material que será somente numa tecnologia específica e
exposto para os respectivos participantes tentarem transmitir todos os diversos
da audioconferência. Outro requisito componentes de seus cursos com
é que o moderador deve conhecer/ base nesta única tecnologia. Para os
dominar toda a estrutura envolvida, educadores, um desafio constante é ser
assim evitando surpresas desagradáveis criativo e ponderar adequadamente na
como perda de conteúdo, dispersão hora de escolher a melhor mídia ou, se
dos alunos, enfim, assegurando que o for o caso, uma mescla de mídias para
repasse/aprendizado se dê de maneira um curso ou programa específico. Daí
clara e produtiva. a necessidade de se manterem sempre
atentos, até descobrir qual delas é mais
Videoconferência: esta tecnologia tem se apropriada e assim veiculá-la.
mostrado de importância destacada para
a transmissão de projetos de EaD. Através No momento de estabelecer programas
dela se torna possível a transmissão nos ou organizar cursos, um princípio básico
dois sentidos de imagens televisionadas: de abordagem a ser observado consiste
tanto a cabo quanto por satélite. Para sua em concluir que cada mídia possui seus

UNIDADE 4 181
Tecnologias Educacionais

pontos fortes e seus pontos fracos, bem orçamentária lado a lado com conheci-
como certos cuidados na hora de decidir mentos especializados disponíveis.
como transmitir cada parte do programa
ou curso, visando sempre um público- Vantagens e desvantagens em diferentes
alvo específico. tipos de tecnologias e mídias

Existe uma relevante variedade de Analise o quadro 01 que apresenta uma


modelos seguros disponíveis no mercado, avaliação dos pontos fortes e fracos das
portanto, aptos a uma proveitosa seleção diferentes tecnologias e mídias para
de mídias e tecnologias. Observe, abaixo, veiculação de informações.
os principais passos a considerar na hora
da escolha destes diversos modelos: Pelo quadro 01, podemos analisar
resumidamente alguns pontos fortes e
• Identificar a qualidade das mídias pontos fracos das principais tecnologias.
tendo em vista as atividades do Atente para o que é possível concluir em
aprendizado; relação ao quadro exposto.

• Identificar as características dos Material impresso: este material, quando


educandos/alunos em relação a de alto padrão de qualidade, apresenta
algumas mídias; um custo muito elevado para ser produ-
zido e distribuído. Considere ainda que
• Identificar especialidades do esta tecnologia também não é adequada
ambiente (físico) da aprendizagem; para produção a um custo final mais
acessível (descartável). Portanto, um
• Identificar elementos econômicos livro ou um guia de estudo não se desfaz
que possam vir a prejudicar a quali- facilmente e é de extrema conveniência
dade de certas mídias. para manuseio. Ressalta-se, ainda, em
seu favor, que o texto impresso transmite
O ponto inicial para uma opção segura informações básicas de maneira eficiente,
das mídias a serem utilizadas é escolher além de considerável quantidade de infor-
qual é a natureza do aprendizado que mações complementares. Os alunos que
se busca, seguindo-se da identificação tenham capacidade para ler o material
das qualidades destacáveis relativas aos podem fazê-lo em qualquer lugar e com a
educandos e o estudo/mapeamento do frequência desejada – outra vantagem do
ambiente de aprendizagem em relação à material impresso. Todavia, para os alunos
adequação de mídias. Por fim, é impor- de pouca instrução os textos impressos
tante considerar uma cuidadosa avaliação representam uma mídia passiva.

182 UNIDADE 4
MÍDIA PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

• Pode parecer passivo;


• Pode ser barato;
• Pode precisar de maior
Texto impresso • Confiável;
tempo de produção e ter
• Traz informação densa.
custo elevado.

• Dinâmica;
• Muito tempo de
• Proporciona experiência
Gravação de áudio desenvolvimento/custos
indireta;
elevados.
• Controlada pelo aluno.

• Tempo de
• Dinâmicos; desenvolvimento/custos
Rádio/Televisão • Imediatos; elevados para se obter
• Distribuição em massa. qualidade;
• Programável.

• Interativa; • Complexidade;
Teleconferência • Imediata; • Não confiável;
• Participativa. • Programável.

• Tempo de
desenvolvimento/custos
Aprendizado por • Interativo; elevados;
computador e baseado • Controlado pelo aluno; • Necessidade de
na web • Participativo. equipamento;
• Certa falta de
confiabilidade.

Quadro 1: Pontos fortes e fracos das diferentes tecnologias


Fonte: Moore e Kearsley (2010)

Gravações em áudio/vídeo: Um Rádio/televisão: tanto na TV quanto no


diferencial positivo destas tecnologias rádio é possível dispor de informações
é que podem conter indagações atualizadas todo dia. Contudo, sua
(perguntas) enunciadas de maneira manutenção é dispendiosa, daí porque
descontraída e estimulante, além da os programas veiculados por estas vias
vantagem de serem controláveis pelo de comunicação geralmente buscam
usuário. A mesma avaliação positiva vale alcançar o grande público, ou o mais
para a facilidade com que as gravações elevado número de alunos possível.
permitem ser repetidas, até fixação da
mensagem. Teleconferência: inclui-se aqui a

UNIDADE 4 183
Tecnologias Educacionais

conferência com base na web. Devemos conveniente uma avaliação sobre os itens
ressaltar as vantagens de sua interativi- tempo e custo. Não é recomendável a
dade imediata, fácil, e sempre desper- troca constante de mídias, que redunda
tando alto grau de interesse humano. fatalmente em desperdício de tempo e
Porém, sua realização/condução implica dinheiro, quando não afugentam parte
em utilização de equipamentos muitas dos alunos. Para tanto, são imprescindíveis
vezes difíceis de serem operados por os orçamentos elaborados a partir de
pessoas inexperientes e sem domínio da pesquisas.
tecnologia.
Há que se considerar também que,
Aprendizado no computador e se vislumbrado o interesse dos alunos
baseado na web: os programas aqui por determinada forma de tecnologia,
englobados podem proporcionar um é válido todo esforço para que sejam
expressivo volume de textos, vídeos e satisfeitos. Já em si esta é uma motivação
outros formatos. Exatamente por isto, nada desprezível.
podem se revestir de alternativa para
aqueles estudantes com dificuldade Não se pode descuidar, igualmente, da
em motivação ao lidarem com material confiabilidade inerente a cada uma
impresso. Contudo, sua elaboração destas tecnologias. Um texto bem
exige software apropriado, o que muitas elaborado/apresentado, um programa
vezes torna sua operacionalidade algo gravado com a utilização de recursos que
complicado e trabalhoso. o tornem mais próximo da realidade...
enfim, tudo de positivo deve ser
A propósito desta ligeira avaliação sobre canalizado para despertar motivação e
os pontos fortes e fracos das diversas constância ao aluno.
mídias, somos aqui levados a algumas
considerações adicionais. Antes de
uma opção definitiva sobre qual forma
de estudo será adotada, é sempre

Assista à videoaula com este conteúdo.

184 UNIDADE 4
RESUMO

Esta unidade apresentou em seu tecnologias na formação de profissionais


primeiro tópico definições gerais sobre a vinculados com a educação.
Educação a Distância (EaD), em especial
sua divisão em presencial, semipresencial Foram apresentadas no terceiro tópico
e a distância. Foram inseridas informações algumas considerações sobre os profes-
que justificam a atual importância desta sores tutores, papel fundamental para
modalidade de ensino, considerando a a efetiva realização da educação a
amplitude e profundidade das mudanças distância. Um breve histórico do surgi-
que vêm sendo experimentadas nas mento desta figura no contexto educa-
mais diversas áreas da educação. Um cional possibilita entendermos melhor
perfil básico dos alunos da EaD foi como ele pode (e deve) trabalhar para
disponibilizado para que seja possível o que o aluno efetivamente consiga obter
entendimento, superficial é verdade, de novos conhecimentos a partir das inte-
quem são as pessoas que utilizam este rações com os materiais das disciplinas,
modelo para aprender e se formar. com o ambiente virtual de aprendizagem
e com os professores e colegas.
O segundo tópico abordou alguns
aspectos relacionados sobre como O quarto e último tópico buscou elencar
ocorre a formação docente na educação informações básicas sobre algumas das
a distância. Foram apresentadas diversas mídias e tecnologias utilizadas
diversas possibilidades de utilização no ambiente da educação a distância.
das novas tecnologias de informação e Neste sentido, é importante reforçar a
comunicação para a formação continuada ideia de que não existe a melhor mídia
de professores por meio da modalidade ou a melhor tecnologia, mas sim aquela
a distância. Este tópico elaborou, ainda, mais adequada para cada contexto de
uma reflexão sobre a utilização das novas uso, seja ele profissional ou pessoal.

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Tecnologias Educacionais

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

1. Assinale a opção que não corresponde a uma característica da Educação a


Distância:

a) Utiliza diversas tecnologias na mediação do processo de ensino e aprendizagem.

b) Normalmente, professores e alunos não estão presentes no mesmo espaço físico.

c) Seus diplomas possuem validade diferente daqueles emitidos para cursos presenciais.

d) Pode possuir uma variante chamada semipresencial, que contempla encontros


presenciais.

2. Analise as seguintes afirmações:

I) A educação atual pode ser subdividida em presencial, semipresencial e a distância.

II) A modalidade semipresencial envolve momentos em sala de aula e outros virtuais.

III) Na educação a distância é possível ter ou não momentos presenciais.

Marque a opção que melhor representa sua análise das afirmações:

a) Apenas o item I está correto.

b) Apenas o item II está correto.

c) Apenas o item III está correto.

d) Todos os itens estão corretos.

186 UNIDADE 4
3. Marque a opção abaixo que não apresenta um impacto (positivo ou negativo)
causado pela crescente utilização da educação a distância no Brasil:

a) Diminuição dos preços dos computadores e outros equipamentos eletrônicos.

b) Disponibilização da educação em locais físicos remotos e com poucos habitantes.

c) Barateamento dos custos gerais de um curso superior, por exemplo.

d) Maior heterogeneidade das turmas, pois os alunos podem residir em qualquer


localidade.

4. Atualmente, é necessária uma compreensão especial da natureza do aprendizado


entre adultos. Um ponto valioso e que merece destaque é a teoria descrita por
Malcolm Knowles, destinada à educação de adultos, conhecida por Andragogia
e definida como a “arte e a ciência destinada a auxiliar os adultos a aprender e
compreender o processo de aprendizagem dos adultos”. Knowles propõe a
substituição da pedagogia pela andragogia.

Neste contexto, marque a alternativa que melhor complementa a ideia geral da


Andragogia:

a) O ensino deve considerar as experiências do aluno e trabalhar muito com diálogos e


trocas.

b) Sugere que o professor tem um papel maior do que mero repassador de informações.

c) O cotidiano do aluno não gera impacto no seu aprendizado em um primeiro momento.

d) Este modelo também pode ser perfeitamente aplicado na educação de crianças.

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Tecnologias Educacionais

5. Em relação ao perfil desejado dos alunos da educação a distância, marque a


alternativa INCORRETA:

a) Conhecimentos básicos das tecnologias utilizadas são necessários para acompanhar


as aulas.

b) Deve dispor de tempo para participar de diversas atividades presenciais ao longo


do curso.

c) Deve possuir habilidades específicas relacionadas com o estudo autônomo.

d) É importante que apresente disciplina e comprometimento contínuos.

6. Informatizar o ensino e a aprendizagem, como ocorre na EaD, é condição básica,


porém não suficiente como garantia de sucesso para uma formação docente
mais abrangente e satisfatória. Os avanços tecnológicos somente apresentarão
rendimento satisfatório mediante a efetiva comunicação professor/aluno.

Marque a opção abaixo que apresenta um pré-requisito fundamental para aproveitar


as possibilidades de virtualizar a relação entre docentes e alunos em EaD:

a) Aprovar os projetos de leis que alteram a estrutura de Ensino Básico no Brasil.

b) Desenvolver softwares com interfaces mais voltadas à exposição dos conteúdos.

c) Disponibilizar sofisticados equipamentos de som para melhorar a comunicação


educacional.

d) Dominar e compreender a linguagem utilizada pelos recursos midiáticos modernos.

188 UNIDADE 4
7. Objetivando alcançar maior aproveitamento pedagógico das ferramentas
educacionais, desde a década de l980, projetos e pesquisas ligados à EaD vêm
sendo desenvolvidos e difundidos. Não existe uma abordagem única de utilização da
informática na educação, mas é inquestionável seu uso como meio para se construir
o conhecimento.

Neste contexto, marque a opção abaixo que apresenta corretamente a ideia


proposta pela visão denominada “construcionista”:

a) A tecnologia constrói todos os conhecimentos necessários e requeridos pelos alunos.

b) O conhecimento é gerado pelo simples repasse de informações aos alunos de


maneira linear.

c) O computador é o principal ator que atua neste processo e possibilita a construção


do saber pelo aluno.

d) A participação do aluno é fundamental para que ocorra a construção de novos


conhecimentos.

8. Almeida (2000) apresenta três abordagens metodológicas que podem ser utilizadas
na EaD para incrementar o grau de interação entre professor/aluno e aluno/aluno.

Marque a opção abaixo que apresenta corretamente a abordagem e sua respectiva


conceituação:

a) A “virtualização da sala de aula” pressupõe a ausência de interação entre os


envolvidos.

b) O “estar junto virtual” objetiva repetir as atividades desenvolvidas na sala de aula.

c) O “Broadcast” possibilita a difusão de material didático para um amplo número de


alunos.

d) Tanto o “Broadcast” quanto a “virtualização” exigem a presença constante do docente.

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Tecnologias Educacionais

9. Marque a opção abaixo que apresenta o entendimento correto do papel do tutor


na educação a distância:

a) É o profissional que visa constituir uma relação positiva com o aluno, facilitando o
desenvolvimento intelectual deste.

b) Constitui-se na pessoa contratada para elaborar o material didático das disciplinas


a serem ofertadas no ambiente virtual.

c) Sua presença no processo de ensino e aprendizagem é facultada àquelas escolas


que necessitam gerar conhecimentos tecnológicos para seus alunos.

d) Deve possuir ampla formação acadêmica e titulação elevada, além de comprovada


experiência docente em várias instituições educacionais.

10. É importante que a formação de tutores desenvolva determinadas competências


que serão, posteriormente, utilizadas na sua rotina diária de trabalho e interação
com os alunos.

Neste aspecto, marque a opção abaixo que apresenta uma competência que
não necessita ser desenvolvida imediatamente pelos tutores no seu processo de
formação:

a) Entendimento da aprendizagem como processo onde alunos e professores


aprendem.

b) Desenvolvimento de uma base prática para suportar novos conhecimentos teóricos.

c) Análise de experiências significativas.

d) Promoção da comunicação entre grupos.

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