Teotonio vilela

As margens do Rio e Vale Coruripe que desguam no oceano Atlntico; na localidade conhecida como Fazenda Risco, uma rea de terras pertencentes ao Engenho Brejo de propriedade do Agropecuarista Jorge Pacheco, filho do Senhor de Engenho o Cel. Jos Pacheco Filho, descendentes do governador Francisco Manoel dos Santos Pacheco, em meados de 1955, quando os carros de boi traziam as riquezas dos canaviais aos engenhos: Brejo dos Pachecos, So Mateus dos Sampaios, Peri-Peri dos Rolemberg, Rocheira dos Costas, Novo do Seu Demtrio, Gravat dos Alexandres, Bicas e Cachoeira, numa estrada de terra batida, feita a mo, nestes dias a ponte do Km 171 da BR 101- Sul. Ali, em uma casinha no ngulo formado pela estrada, morava o primeiro habitante da futura Ch da Planta. Estrada de rodagem que servia de principal acesso entre as cidades de Coruripe grande plo praieiro, produtor de acar, lcool e coco, principal regio litornea do interior, e Arapiraca principal regio comercial e industrial, referncia dos feirantes da poca. Nesse local, graas um providencial furo de pneu de um automvel que transportava produtos Coruripe/Arapiraca, aconteceu a primeira transao comercial, isto porque os usurios daquele arcaico sistema de transporte no tinham como levar seus produtos na grande maioria perecvel, abrindo assim suas mercadorias aos transeuntes. O que se viu foi uma ascenso jamais realizada na regio, favorecida pelo nmero de engenhos de acar que propiciavam muitos empregos nos canaviais e no fabrico do ouro doce, desta forma surgia o lucrativo comercio com os consumidores dos arredores. A notcia difundiu-se rapidamente, e comearam a chegar comerciantes de todos os locais; um grupo de feirantes deixou a Usina Cansano de Sinimb, antigo engenho da regio e mudou-se para Vila So Jorge, que agora, com grande fluxo de pessoas, recebeu definitivamente este nome. Era o ano de 1958. Vila So Jorge Tinha uma situao indita. Em pouco mais de 03 anos, conseguia superar comrcios seculares, como o da Usina Sinimb. Com isso, j se viam os primeiros traos de sociedade: casas de alvenaria e as primeiras ruas j apareciam. Frutas, hortalias, macaxeira, feijo, peixes e coco eram os produtos mais procurados pela populao. Mas, tanta prosperidade acabou atiando os olhares de outras cidades, inclusive da donatria daqueles chos, a cidade de Junqueiro, que tambm j comeava a sentir os efeitos da preferncia pela rival. Algum tempo, o ncleo populacional ento formado passou a ser chamado Vila So Jorge, tem alguns que dizem ter sido uma homenagem ao ento Promotor de Justia , o advogado e oficial da Reserva do Exercito Brasileiro Jorge de Medeiros Pacheco, um bomio homem do campo que se tronara bem feito das classes oprimidas; no entanto outros dizem ter se dado o nome em devoo ao Santo famoso na que plaga, que muitos crem ser morador da lua, So Jorge um santo romano. Assim, o prefeito da poca, Pedro Joaquim de Jesus, ordenou que a polcia acabasse com a feira, afirmando prejuzo dos comerciantes locais. A deciso foi vista com alegria em Junqueiro, mas com tristeza pelos negociantes daqui. Foi a que surgiu, atravs do subtenente Albino, a articulao com o prefeito que, pressionado, acabou passando a discusso Cmara de Vereadores. Por fim, acabou por se reinstalar a feira de Ch da Planta.

As mudanas ocorriam como rotina naquela vila. A cada dia, dezenas de novos moradores se instalavam, e o lugarejo comeava a tomar ares de cidade. Benfeitorias foram feitas pelo prefeito, Coronel Joo Malta Tavares, como o matadouro, um Grupo Escolar e o primeiro mercado do povoado, para que os comerciantes pudessem guardar suas mercadorias. No ano de 1966, assumia o prefeito, Abel Augusto de Almeida, que se tornaria responsvel pelo nome que mais perduraria na histria de Teotnio. Com intuito de aproximar a feira do mercado pblico, o prefeito decretou que ela deveria mudar de um lado da estrada para o outro. Com isso, o povo, que antes ai Feira de Ch da Planta, passou simplesmente a ir Feira Nova. Naquele perodo, apenas pequenos comerciantes haviam se instalado por aqui, at que, apareceu um industrial e poltico muito influente no Estado, que no inicio da dcada de 70 com a crise da usina Boa Sorte no municpio de Viosa e da Usina Santa Amlia dos Gomes de Barros, passou a visitar o povoado e a estudar as possibilidades de implantao de uma unida aucareira que seria o somatrio dos esforos dos Gomes de Barros e dos Vilelas que fechariam suas usinas e com o prestigio do velho menestrel das Alagoas, Senador da Republica viabilizaram a construo e consequentemente soergueram a economia da regio, com o inicio da construo da Usina Seresta em 1973. A dcada de 70, em Feira Nova, refletia bem o que acontecia ao Brasil. O pas, por um lado massacrado pela ditadura militar, amordaado por leis-generais, por outro vivia um momento de ligeira estabilidade econmica. Aqui, com a economia alavancada pela chegada da Usina Seresta, a populao seguia o seu caminho de desenvolvimento. Um pequeno comrcio dito formal, j se erguia, com Feira Nova ganhando mercearias, bares e barraces. Surgiu tambm, nessa primeira parte da dcada, a primeira farmcia. Acontecendo todos os domingos, a feira trazia pessoas comerciantes e consumidores de todas as cidades vizinhas. Arapiraquenses e coruripenses, compradores e vendedores assduos. O povoado, agora j basicamente urbanizado, criava traos e condies necessrias ao seu mais valoroso passo. A exemplo dos gritos pela liberdade dos anos 70, o povo agora sentia a necessidade de gozar de seu prprio universo, de gerar progresso para seu habitat. Surgia o movimento pr-emancipao. Em 1983, um duro golpe nas pretenses libertrias de Feira Nova. Morria, no ms de novembro, um dos maiores articuladores da emancipao, Teotnio Vilela. Seja pelo interesse econmico ou pelo valor poltico, Teotnio foi uma das figuras centrais em todo o processo de independncia poltica. Em Braslia, encaminhou todos os projetos necessrios, deixando caminho livre emancipao. A industria instalada, levando a longnquos torres o apito como a chamar a responsabilidade para o futuro daquele povoado que perdeu a figura do seu patrono e ganhou status de Distrito Industrial Senador Teotnio Vilela, uma homenagem ao menestrel. Sem Teotnio, o caminho da independncia passou j a ser trilhado por representantes da sociedade local. Jos Francisco Cavalcante (Jos Vtor), Otvio Macrio, Joo Eudes, (este trs foram os vereadores que representavam os feiranovenses na luta pela independncia), Jos Maria Paranhos, Florentino Santana, Lauro Artomiro de Arajo, Adelson Pereira e muitos outros fizeram os nomes do plebiscito.

A partir da, concentraram-se esforos em viabilizar os meios regulares para a emancipao. As vias legais exigiam um plebiscito, ou seja, uma consulta popular para a oficializao do projeto. E assim se fez. Em 1986, a populao foi em peso s urnas, e algo em torno de 70% dos eleitores escolheram o destino de suas prprias vidas, pela LIBERDADE politico-administrativa que veio a ocorrer atravs da Lei n. 4.831 de 12 de Dezembro de 1986, essa mesma lei alterava o topnimo de Distrito Industrial Senador Teotnio Vilela e cercanias para Teotnio Vilela, a partir daquele ano, passaria a ser chamada seriamente, e por direito, de cidade. De 1986 a 1988, pois que teve-se que esperar este perodo para realizao de eleies para prefeito e vereadores, o municpio teve um interventor nomeado pelo Governo Estadual. Adelson Pereira foi o nome de consenso entre todos os que faziam o movimento pr-emancipao. Nos dois anos de Adelson frente do municpio, foram criadas as condies necessrias para que Feira Nova pudesse realmente ter uma administrao permanente. Foram criadas estruturas de base, como a construo de escolas e de postos de sade. Adelson procurou tambm organizar as eleies de 88, as primeiras do municpio. Em 1988 ocorrem as mudanas que definiriam a histria recente do Distrito Industrial Senador Teotnio Vilela. O municpio se transforma oficialmente em Teotnio Vilela, homenagem ao pai da causa pr-emancipao. Mas antes disso, aconteceria de fato o ltimo estgio da democratizao da cidade: as eleies municipais. Concorreram ao primeiro pleito, organizado pelo administrador provisrio Adelson Pereira, os seguintes candidatos: o funcionrio da Usina Seresta Fernando Jos Torres, apoiado pela Usina e pelo grupo de Adelson e o proprietrio das Fazendas Risco e Engenho Brejo que cedera terras para a legalizao da e implantao da Usina Seresta, bem como fazendas estas que serviram pousada para os primeiros funcionrios da industria, o Coronel Jorge Pacheco. Ao final, com grande margem de votos vence Fernando Torres, elegendo tambm a maioria dos vereadores de sua chapa. So eleitos os vereadores Otvio Macrio, Cludio Batista (primeiro presidente do legislativo), Jos Toms Sobrinho (Pastora), Marcelino, Antnio Novinho, Gilberto Jos da Silva, Rogrio Pacheco e Hermnio Jos e Luiz Carlos Barros. O Municpio de Teotnio Vilela foi instalado oficialmente na presena de muitas autoridades das diversas esferas no 1 dia do ms de Janeiro de 1989, com territrio desmembrado de Coruripe e uma parte menor de terras do Municpio de Junqueiro. Justificamos que muitos pensam que fomos desmembrados de Junqueiro, ledo engano a este municpio somente pertencia a sede do povoado. Juridicamente, e somente ai, que somos Termo da Comarca de Junqueiro. Em 05 de abril de 1990, quase dois anos depois de assumir, a Cmara de Vereadores aprova a Constituio Municipal (Lei Orgnica). Teotnio agora j tem as prprias leis: regimento interno da Cmara, Cdigo de postura, cdigo tributrio, leis ambientais, etc. A luz do candeeiro era o farol dos habitantes antes de sermos distrito industrial. Durante o dia muita movimentao, circulao intensa de pessoas. noite, escurido. Feira Nova vivia o contraponto de crescer economicamente e no ter, por exemplo, gelo para conservao das carnes, nas fazendas poucas sadas: ou minscula luz das velas, ou o preo um pouco mais salgado do lampio.

At que, por intermdio do prefeito Abel Augusto de Junqueiro, outra cena que o tornaria marcante: a companhia de energia eltrica chegava ao municpio. Causando espanto na populao devido ao seu maquinrio alguns jamais tinham visto; rapidamente os tcnicos instalaram as primeiras ligaes a caminho do progresso. Seguindo a poltica de estruturao de base, o prefeito Fernando Torres constri as primeiras tubulaes (fazenda Riacho zona urbana), oficializando o ingresso da companhia estadual de abastecimento de gua. O fato que j existia gua encanada, mas esta corria em tubulao fornecida pela Usina sem qualquer tratamento. O investimento foi, na poca, de dois milhes e trezentos mil cruzeiros, algo em torno de 15% do oramento do municpio. Com isso foram beneficiadas, no primeiro ano de fornecimento de gua, aproximadamente, 6 mil casas. Em 91 j eram 9 mil casas. O ento prefeito Fernando Torres promoveu instalaes de gua encanada para toda a zona urbana. Tambm como medida para reduzir a mortalidade, o governo comeou a construir com recursos prprios de mais de 25 milhes de cruzeiros, a Cidade de Guadalupe, projeto mutiro de 346 casas com gua encanada e saneamento. Alugou-se um prdio para a Secretaria Municipal de Sade e Servio Social e abriram-se os postos do Alto do Garrote, gua de Menino, Gulandim, Sucupira e Mutuns. Quase dez anos aps a primeira decepo, explode a segunda bomba: Teotnio Vilela novamente campe nacional de mortalidade infantil. Os nmeros, que ultrapassaram os 130 por mil, assustaram a todos, inclusive a milhes de brasileiros, que assistiam ao espetculo por aparelhos de televiso. Os nmeros realmente assustaram; mas no significavam necessariamente o que se passava por aqui. O que de exato aconteceu foi a falta de investimentos, o descaso. Aps o incio da dcada de 90, pouco ou nenhum esforo em estruturas de base foram feitas. O resultado disso foi a diminuio constante dos ndices sociais, que j tinham dado um aviso h dez anos atrs. Em 1994 construdo, com projeto de obras federais, um viaduto na BR 101, que corta Teotnio de um lado ao outro. Um viaduto que foi levantado e com ele a runa dos moradores do bairro, at os dias de hoje chamado graciosamente de Feira Nova, uma aluso ao passado. O muro separara, de uma vez por todas, a cidade em duas. De um lado ficara Teotnio Vilela e do outro, casas de comercio, oficinas e at indstria de pr-moldados fechadas e muitas imveis domiciliares desvalorizados.

DADOS GERAIS:

FISIOGRAFIA

Teotnio Vilela, localiza-se 101,2 Km da capital de Alagoas, Macei,

a 156 m de altitude, 095419 Latitude e 362110 de Longitude, o clima temperado, tendo 35 de temperatura mxima, 25 mdia e 20 mnima. Perodo mais chuvoso: Abril Agosto Menos Chuvoso: Setembro Maro Precipitao Pluviomtrica: 850 1.000 mm.anual Umidade Relativa do Ar: 70%

LIMTES

Ao Norte com Campo Alegre, Junqueiro e Jequi da Praia Ao Sul com Coruripe e Penedo. Ao Leste com Campo Alegre e Coruripe A Oeste com Junqueiro MESO-REGIO DO LESTE ALAGOANO MICRO-REGIO DE SO MIGUEL DOS CAMPOS

DEMOGRAFIA

Densidade Demogrfica: 104,88 p/km2 Gentlico: Vilelense Populao: 38.573 (censo 2000) Populao Eleitoral: 21.579 (censo 2000) % Eleitores/Populao: 55,94 rea Total: 299,1 km2 Taxa de Crescimento Anual: 4,42%

ECONOMIA

Agricultura Cana-de-acar, feijo, mandioca, milho, laranja, entre outros. Artesanato couro, madeira, palha e renda. Avicultura frangos, galinhas, pintos, patos (18.000 aproximadamente, com cerca de 12.000 ovos em dzias) (IBGE) Pecuria caprinos, sunos, bovinos, asininos, muares, eqinos capivaras e cutias. Instituies Financeiras Banco do Brasil, Casa Lotrica e Agncias dos Correios. Comrcio Varejista e Atacadista com a 3 maior feira-livre do pas, abastecida por Arapiraca, Macei, So Miguel dos Campos, Coruripe e municpios circunvizinhos. Destilarias Agrial e Destilaria da Usina Seresta, Alambique do Engenho Brejo e do Engenho Novo no Stio Lagoa. Fruticultura bananeiras, laranjeiras, mangueiras, jaqueiras; Indstria de Transformao acar, lcool, mel rico e aguardente so os principais. Indstria Extrativa vegetal Indstria Secundria alimentcia, mobiliria, vesturia, calados, bebidas, melao. Minrios areia, argila, calcrio metamrfico, quartzo, ferro e cobre. Pesca artesanal em audes e rios com vrios criatrios em audes artificiais para comercializao do pescado: carpa, tambaqui, entre outros. Apicultura produo de mel de abelha extrado da cana-de-acar e das flores.

HIDROGRAFIA

Hidro-Horografia Audes: Cachoeira

 Lagoas, Torta, Santa Luzia (Peri-Peri), Gulandim de Cima e do Brejo Riachos: Lagoa, Imburi, gua de Meninos, Camundongo, Riacho, Saco do Meio, Riacho das Minhocas, Cana Brava, Tucuns, Jaqueira, Pedras, Camundonguinho. Rios: Coruripe e Rio Piau

FOLGUEDOS

Manifestaes Folclricas Folguedos e Danas: Carnavalescas Blocos - Pega e Agita, A sua Me, Engenheiros do Hawai, Xaropinho e Rasga Caola. Joaninos Pagode, Cco de Roda e Quadrilhas. Natalinos Guerreiro, Pastoril, Quilombo e Reisado. Religiosos Cavalhada e Zabumba. Outras danas e cantorias aboios dos vaqueiros e cantos populares.

NCLEO POPULACIONAIS

Distritos: A sede do Municpio de Teotnio Vilela e o recm criado Bairro Gerais. Povoados: Gulandim, Sucupira, gua de Meninos, Alto do Garrote, Imbur do Incio, Camundongo, Muntuns. Stios: Cana brava I, Cana Brava II, Cachoeira, Mato do Roberto, Ch do Remgio, Passagem, Teixeira, Aboboreira, Capoeira de Dentro, Birros, Alecrim, Carrasco, Cava, Gulandim de Cima, Riacho Sujo e Tapera. Fazendas: Engenho Brejo, Risco, Peri-Peri, So Mateus, So Joo da Rocheira, Rocheira Nova, Dois Irmos das Bicas, Jamalaus, Palhas, So Geraldo, Riacho do Meio, Lagoa Torta, Santa Luzia.

Fonte: Livro "Teotnio Vilela - A Terra do Menestrel" (Autor: Flvio F. Franoli Oliveira