Quixa Crime de Casa

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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE

BLUMENAU.

Fábio da Silva, brasileiro, casado, natural de Timbó, dentista, RG 6299415, residente e


domiciliado na Rua das Palmeiras, n 200, ap 102, nesta cidade de Blumenau, tendo como seu
endereço comercial Consultório de Fábio fica na Avenida Beira Rio, n 987, sala 2, Blumenau,
vem a presença de Vossa Excelência, propor:
QUEIXA CRIME
contra, Maria Aparecida Abulquerque, brasileira, solteira, secretária, RG 25789, CPF
025.058.852-45, residente e domiciliada na rua Amadeu da Luz, n 58, Ap 101, nesta cidade de
Blumenau-SC.
DOS FATOS
No dia 25 de fevereiro de 2021, por volta das 10:30 da manhã, o querelante estava a
fazer seus atendimentos habituais em seu consultório odontológico, e quando atendeu a dona
Bruna, sua paciente, soube pela mesma que havia pago em dinheiro, para a querelada a consulta
realizada em 15 de fevereiro, havendo recebido inclusive um recibo de quitação que constava
como pagamento feito no dia do atendimento realizado outrora. Contudo a cliente estranhou e
questionou ao querelante porque este recibo não tinha sua assinatura, e diante desta indagação
foi levantado a dúvida, o querelante como é muito cuidadoso em seus pagamentos e zela por
sua boa reputação com os clientes, verificou em sua planilha os lançamentos referentes a
consulta da dona Bruna, e constatou que a consulta ainda estava em aberto.
Diante disso, voltou-se para sua secretaria, ora querelada, e questionou o ocorrido
pedindo que entregasse o dinheiro recebido no dia, no entanto a mesma não respondeu e saiu
aos prantos do seu escritório.
O querelante desconfiado, então, conferiu a planilha de pagamentos passados, e
consultou os clientes sobre os pagamentos, somente Dona Bruna e o senhor Alípio, que havia
pago o valor de R$5.000,00 em um procedimento cirúrgico, e tinham o recibo de pagamento
assinado pela querelada, mas os valores não haviam sido repassados.
Indignado com a situação, uma vez que poderia por sua idoneidade em risco, o
querelante dirigiu-se até a delegacia de polícia da comarca, onde foi aberto inquérito policial,
que foi remetido ao juízo em 05 de março de 2021.
Diante disso, torna-se evidente a pratica do delito constante do art. 168 do Código Penal,
com aumento de pena, conforme o §1º, inc. III.
Do Fundamento Jurídico
Vossa excelência, porquanto o delito de apropriação indébita é majorado por ter sido
cometida em razão do ofício, emprego ou profissão, circunstância concreta, conforme consta
no art. 168, §1, inc. III, senão vejamos:
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a
detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:

[...]

III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

Nosso egrégio tribunal já vem tomando a seguinte decisão:


ESTADO DE SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ESTADO DE SANTA CATARINA TRIBUNAL DE
JUSTIÇAApelação Criminal n. 0008555-18.2014.8.24.0019, de
ConcórdiaRelator: Desembargador Getúlio Corrêa APELAÇÕES
CRIMINAIS (RÉS SOLTAS) - APROPRIAÇÃO INDÉBITA
PRATICADA EM RAZÃO DE OFÍCIO, EMPREGO OU PROFISSÃO
(CP, ART. 168, § 1º, III) - SENTENÇA CONDENATÓRIA -
RECURSOS DEFENSIVOS. PLEITO ABSOLUTÓRIO
(INSURGÊNCIA COMUM) - NÃO CABIMENTO -
MATERIALIDADE E AUTORIA AMPLAMENTE
DEMONSTRADAS - RETENÇÃO DE VALORES EM ESPÉCIE,
PELAS ACUSADAS, DA CAIXA DO ESTABELECIMENTO
COMERCIAL, NO EXERCÍCIO DO LABOR - DEPOIMENTOS
SEGUROS E COERENTES DAS REPRESENTANTES DA VÍTIMA
CORROBORADOS POR PROVA DOCUMENTAL E IMAGENS DAS
AÇÕES DELITUOSAS - CONDENAÇÃO MANTIDA. O delito de
apropriação indébita denota quebra de confiança entre as partes, quando
o agente passa a se comportar como se fosse dono do bem apropriado,
invertendo a sua posse ou detenção. Tal relação de confiança é ainda
maior quando a vítima é empregador do réu e este se aproveita da relação
estabelecida para cometer o ilícito penal. PRETENDIDA APLICAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (INSURGÊNCIA COMUM)
- NÃO ACOLHIMENTO - VALORES QUE SE APROXIMAM DO
SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS E CRIMES
COMETIDOS COM ABUSO DE CONFIANÇA -
REPROVABILIDADE ACENTUADA. "O furto de bens, cujo valor à
época do laudo de avaliação representava aproximadamente 85% do
salário mínimo da época, não permite a incidência do princípio da
insignificância para exclusão da tipicidade penal" (STJ, Min. Nefi
Cordeiro). "Inviabiliza-se o reconhecimento do crime bagatelar,
porquanto o crime de apropriação indébita é majorada por ter sido
cometida em razão do ofício, emprego ou profissão, circunstância
concreta desabonadora, nos termos da jurisprudência deste Tribunal
Superior, suficiente para impedir a aplicação do referido brocardo" (STJ,
Min. Ribeiro Dantas). DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE
FURTO PRIVILEGIADO (APELANTE M. DOS S.) -
IMPOSSIBILIDADE - VALORES APROPRIADOS
INCOMPATÍVEIS COM O BENEFÍCIO E CONDUTAS TÍPICAS
DISTINTAS. ''No crime de furto, o agente retira de outrem bem móvel,
sem a sua permissão, com o intuito de ficar definitivamente para si, sendo
que o dolo de assenhoramento é anterior a sua conduta; já na apropriação
indébita, o agente possui legitimamente a posse ou a detenção da coisa,
a qual foi transferida pelo proprietário de forma livre e consciente, mas,
em momento posterior, passa a agir como se dono fosse." (TJSC, Des.
Carlos Alberto Civinski). DOSIMETRIA - POSTULAÇÃO DE
ABRANDAMENTO DA PENA (APELANTE M. DE O.) - PENAS
CORPORAIS JÁ APLICADAS NAS FRAÇÕES MÍNIMAS DE
MAJORAÇÃO - MODIFICAÇÃO, TÃO SOMENTE, NA
PENALIDADE DE MULTA, APLICADA DE FORMA DISTINTA E
INTEGRAL, NA FORMA DO ART. 72 DO CP - INCIDÊNCIA,
CONTUDO, DE CONTINUIDADE DELITIVA - AUMENTO QUE
DEVE SER PROPORCIONAL À FRAÇÃO ADOTADA - RECURSO
PROVIDO NO PONTO - EFEITOS CONCEDIDOS À CORRÉ (CPP,
ART. 580). ''A pena de multa, no caso de crime continuado, deve ser
calculada mediante o acréscimo da mesma fração imposta à sanção
corporal; a regra do art. 72 do Código Penal é dirigida apenas aos
concursos formal e material.'' (TJSC, Des. Sérgio Rizelo).
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
UMA RESTRITIVA DE DIREITOS (M. DE O.) - PENA SUPERIOR A
UM ANO - MANUTENÇÃO DA SUBSTITUIÇÃO POR DUAS
RESTRITIVAS DE DIREITOS (CP, ART. 44, § 2º, PARTE FINAL).
CONDENAÇÃO À REPARAÇÃO DE DANOS - PLEITO DE
AFASTAMENTO (APELANTE M. DE O.) - POSSIBILIDADE -
INEXISTÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO E FORMAL
ELABORADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO CONTRADITÓRIO E DA
AMPLA DEFESA - INDENIZAÇÃO AFASTADA - BENESSE QUE
DEVE SER APLICADA, TAMBÉM, À CORRÉ (CPP, ART. 580) -
RECLAMO PROVIDO NO PONTO. "[...] o Plenário desta Corte, em
sede de revisão criminal, já decidiu é indevida a estipulação de valor
mínimo prevista no art. 387, IV, do Código de Processo Penal, sem
prejuízo da persecução correspondente em procedimento autônomo,
quando fora de dúvida a ausência de contraditório a respeito. [...]" (STF,
Min. Teori Zavascki). RECURSOS CONHECIDOS E
PARCIALMENTE PROVIDOS. V (TJSC, Apelação Criminal n.
0008555-18.2014.8.24.0019, de Concórdia, rel. Getúlio Corrêa, Terceira
Câmara Criminal, j. 05-05-2020).
Tal delito vem de um abuso desproporcional de confiança entre empregador e
empregado, uma vez que esse vínculo deve ser fortemente mantido para que não haja uma sobre
carga entre ambos, no entanto, como tal fato aconteceu, sem dúvida alguma mancha a imagem
tanto da pessoa como do seu negócio, que levou anos para ser construído encima de bons
costumes e idoneidade e não pode ficar impune vossa excelência.
DOS PEDIDOS:
Por tudo quanto restou exposto, tendo o querelado infringido o art. 168, §1, inc. III do
Código Penal, requer a Vossa Excelência:
a) O recebimento da presente;
b) A manifestação do representante do Ministério Público;
c) Autuação da presente queixa-crime, citando-se a querelada para responder aos termos
da presente ação penal, sob pena de revelia e ao final seja condenada nos termos do art. 168,
§1, inc. III do Código Penal;
d) A citação da querelada e intimação para os demais atos processuais, até final
julgamento, momento em que deverá ser condenada, observando-se o disposto no art. 81 e
seguintes do Juizado Especial Criminal (Lei 9.099/95);
e) Outrossim, que haja a fixação de valor mínimo de indenização pelos prejuízos
causados ao querelante, nos termos do art. 387, IV, do CPP e que seja condenada;
f) Requer, outrossim, a produção de todas as provas admitidas em direito e a intimação
das testemunhas do rol abaixo;
g) Notificação das testemunhas, cujo rol segue abaixo.

Nestes termos, pede deferimento.

Blumenau, 15 de agosto de 2021.

Vinicio Lucas Coelho, OAB/UF nº: xxx

Rol de Documentos:
1- Procuração;
2- Inquérito;
3- Documentos Pessoais do Querelante;
4- Recibos assinados pela Querelada de maneira indevida;
5- Planilha dos procedimentos dos pacientes que estão em aberto.

Rol de Testemunhas:

- Bruna Marcela Azambuja – Brasileira, solteira, estudante, residente e domiciliada a


rua Aparé, n 58, Gaspar;
- João Alípio Moreira - Brasileiro, casado, motorista, residente e domiciliado a rua
Farinha doce, n 89, AP 54, Vila Nova, Blumenau

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