Apostila de Teologia de Umbanda
Apostila de Teologia de Umbanda
Apostila de Teologia de Umbanda
APRESENTAÇÃO
“Umbanda tem fundamento¹, é preciso estudar!!”
¹ Fundamentos são os elementos ou conhecimentos básicos, fundamentais, que dão sustentação à religião. É o mínimo ao qual todos devem
conhecer sobre sua religião. Embora pratique-se a Umbanda de mil formas diferentes existe algo nela que iguala a todos e os tornam
praticantes de uma única e mesma religião, são os seus fundamentos colocados em pratica. Logo tudo o que não faz parte da Umbanda pode
ser definido como aquilo que não é seu fundamento, algo em que ela, a Umbanda, não crê.
² Dogma é uma verdade que deve ser aceita sem questionamento, “porque Deus quer” ou “porque foi revelado”. Por exemplo para ser
católico deve-se crer na virgindade de Maria porquê é um dogma da Igreja. Tabu é uma interdição, uma proibição pura e simples, em que na
maioria das vezes também não tem explicação.
Apostila 002
O que é Teologia?
Porque estudar Teologia de Umbanda Sagrada?
Teologia é a ciência que trata de Deus seus atributos e perfeições, bem como suas relações
com os homens.
Há duas formas de estudar religião, de dentro para fora e de fora para dentro.
De dentro, quem estuda é o religioso, fazendo e produzindo Teologia.
De fora, quem estuda é o cientista da religião, por meio das Ciências Humanas.
Um Cientista pode questionar seus aspectos humanos nas mais variadas áreas.
Apenas o religioso faz crer, ensinar, preparar e iniciar a outros religiosos, dentro de sua
ciência a Teologia.
Esta Ciência pode ser definida como um estudo racional de seu universo religioso, o que
envolve desde os fundamentos mais básicos de seu ritual – sua liturgia – até conceitos mais
elaborados de sua Gênese ou Cosmologia.
Já foi comum na Umbanda, médiuns serem proibidos de ler livros de Umbanda, conhecer
outras casas ou fazer perguntas sobre a religião.
Não podiam ler “para não fazer confusão”, não podiam frequentar outras casas “para não
cruzar as linhas” e não podiam fazer perguntas “porque não estavam preparados, ainda,
para as respostas”.
Apostila 004
Quando surgiram alguns Cursos de Umbanda, muitos foram e ainda são proibidos de
frequentar, e mais justificativas surgem, como “estão mercantilizando a Umbanda”,
“Umbanda não se aprende em curso”, “vai pegar demanda” e outros.
Que outra forma existe para se organizar e passar o conhecimento de forma aberta e para
todos?
Assumindo o fato de que nem sempre conseguimos manter um grupo de estudos em nosso
próprio templo. Seja por falta de tempo ou desinteresse, fica a pergunta: Que outra forma
existe para se organizar e passar o conhecimento de forma aberta e para todos? Quantos
conseguem se dedicar ao estudo constante e ensino religioso organizado e
comprometido? Os resultados deste estudo (Teologia de Umbanda) são, afinal, positivos?
Merecem crédito? Há frutos que comprovem ou justifiquem sua permanência e
multiplicação?
O Primeiro curso de Umbanda aberto a todos, independente de serem ou não filiados, que
temos notícia foi criado por Ronaldo Linares na década de 1970. Teve início como um
“curso de médiuns” e com o tempo evoluiu para um Sacerdócio Umbandista. Rubens
Saraceni criou o primeiro Curso de Teologia de Umbanda, em 1996, um curso teórico sobre
a religião, no qual para estudar não é preciso ser médium e nem umbandista. Passados
alguns anos estamos aqui contando milhares e milhares de pessoas que já se beneficiaram
com este aprendizado.
Nada mais tranquilizador que entender o que se pratica afinal como criar uma identidade
Umbandista, me reconhecer como tal, se não consigo ainda compreender o que vem a ser
Umbanda.
Apostila 005
Umbanda tem Fundamento...
É preciso preparar...
Existe a necessidade real do estudo que vá além da pratica, sem a pretensão de subestimá-
la, mas com o objetivo de criar uma consciência “religiosa” que vá além do “terreiro”. Por
falta dessa consciência a Umbanda já perdeu muito espaço e vem sendo criticada,
tornando-se alvo, entre outros, de seitas neopentecostais.
Muitas pessoas, ainda despreparadas, mal instruídas e até incapazes para a direção de um
Templo, abriram suas tendas, criando a sua própria Umbanda e deram vazão a seus
emocionais desequilibrados e seus vícios religiosos, pois não aceitavam a condição de
liderados e almejavam ser líderes, bajulados ou temidos.
Então muitos abandonaram a Umbanda, depurando-a. É uma questão de tempo, para que
os atuais e remanescentes dirigentes da Umbanda, realizem um trabalho de base, de
doutrinação de seus liderados, instruindo-os e ensinando-os a prepararem bons médiuns
e bons dirigentes de tendas. E então, a Umbanda conquistará seu verdadeiro espaço
religioso, pois o tipo de trabalho realizado por ela, só os verdadeiros umbandistas podem
realizar, porque são os herdeiros naturais dos sagrados Orixás.
Por isso, é necessário que todo sacerdote umbandista desenvolva uma consciência voltada
para o aprendizado permanente.
Apostila 006
Teologia e Teologia de Umbanda
Pensar, Fazer e Produzir Teologia
“Não há religião sem teologia”
“A produção teológica não é propriedade de alguns profissionais,
ela não pode ser refém dos líderes e sua hierarquia.”
“Nós podemos e devemos fazer teologia”
“Temos quase que por obrigação, por missão, fazer teologia”
Prof. Dr. Antonio Boeing
Coordenador do Curso de Bacharelado em Ciências da Religião - UNICLAR
“Teólogos são arrogantes por pensar que estão mais perto de Deus.”
Clodóvis Boof
“Quando um religioso racionaliza, pensa, reflete e fala sobre a sua religião,
produz teologia, não importa qual seja a sua formação”
Alexandre Cumino
A palavra Teologia vem do grego (Théos + Logos) em que Théos = Deus ou Divindade,
Logos = Palavra ou Estudo. Logo literalmente Teologia é o Estudo de Deus, das Divindades
ou simplesmente o Estudo do Sagrado.
Quem primeiro se utilizou do termo foi Platão em A Republica para delimitar um campo
de compreensão racional da natureza divina, diferente das abordagens poéticas.
Aristóteles também empregou o termo para definir a filosofia primeira mais tarde
chamada de Metafísica.
Quando um religioso pensa sobre sua religião está pensando teologicamente, sua reflexão
é teológica e suas conclusões são de conteúdo teológico, desta forma se produz teologia.
Racionalizar, pensar, refletir e expressar a religião partindo de dentro da mesma é sempre
teologia. Cada religião tem a sua teologia e muito mais do que isso há formas diversas de
pensar teologias, ou seja, muitas teologias e múltiplas opções de pensar uma mesma
religião por exemplo.
Há a Teologia Cristã que engloba várias Teologias como Teologia Católica, Teologia
Luterana, Teologia Calvinista, Teologia Metodista, Teologia Adventista, Teologia
Evangélica, Teologia Pentecostal, Teologia Neopentecostal, etc.
Dentro da Teologia Católica podemos catalogar diferentes Teologias como a Teologia
Franciscana, Teologia Jesuíta, Teologia Dominicana, Teologia Mariana, etc. Pode-se
estudar Teologia Histórica buscando a Teologia Medieval, Teologia Moderna e Teologia
Contemporânea ou Teologia Pós-Moderna, buscando as tendências de acordo com a
época.
Assim como há Teologia da Libertação, Teologia da Esperança, Teologia da Prosperidade,
Teologia do Perdão, Teologia do Pecado que são formas de pensar algumas questões
especificas dentro de um campo social, cultural ou dogmático.
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Conforme se organiza e divide a Teologia em áreas de conhecimento surge a Teologia
Sistemática, dividida em sistemas que explicam temas e assuntos como Angeologia,
Cristologia, Mariologia, Escatologia, Pneumatologia...
Podemos tratar de todas estas várias teologias e outras ainda apenas dentro do
cristianismo, que engloba em si mesmo uma grande variedade de teologias. E da mesma
forma encontraremos diferentes Teologias e variações teológicas dentro de todas as
religiões; como Teologias Islãmicas, Teologias Judaicas, Teologias Hinduístas, Teologias
Afros, Teologias Indígenas e muitas outras.
Teologia é para todos e não para poucos, todos pensam sobre Deus e o sagrado, inclusive
os Ateus...
Teologia de Umbanda
A Teologia de Umbanda
Por Rubens Saraceni
Escrever sobre Teologia de Umbanda não é tarefa fácil porque antes precisamos definir o
que é Teologia e o que é Doutrina de Umbanda.
• Teologia: tratado de Deus; doutrina que trata das coisas divinas; ciência que tem por
objeto o dogma e a moral.
• Doutrina: conjunto de princípios básicos em que se fundamenta um sistema religioso,
filosófico e político; opinião, em assuntos científicos; norma (do latim doctrina).
Quando iniciei um curso nomeado por mim “Curso de Teologia de Umbanda”, isto no ano
de 1996, foram tantas as reações contrárias que esse meu pioneirismo gerou até um certo
auto isolamento, que me impus para preservar-me e ao meu trabalho no campo da
mediunidade, da psicografia e do ensino doutrinário.
Ser pioneiro e iniciar algo até então não pensado por nenhum outro umbandista gerou
para mim uma certeza inabalável:
• Na Umbanda, tirando a parte prática ou os trabalhos espirituais, tudo mais ainda está
para ser uniformizado e normatizado.
• Batizados, casamentos, funerais, iniciações, etc., cada corrente doutrinária tem seus ritos
e ninguém abdica do seu modo e prática particular em benefício do geral ou coletivo.
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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória
Teologia de Umbanda Sagrada
No final do ano de 1994, quando eu estava me preparando para retornar a São Paulo, tinha
em uma caixa cerca de trinta livros de autoria de Pai Benedito de Aruanda já psicografados
por mim, além de três outros publicados, mas aos quais eu não dava a menor importância
porque o que eu gostava mesmo era de psicografar e aprender com os conhecimentos que
me chegavam, diferentes dos contidos em livros de autores umbandistas lidos até então.
Cada livro novo que eu recebia era motivo de estudo de um novo conhecimento colocado
de forma simples, objetiva e direta; descrevendo o lado espiritual da vida ou o plano divino
da Criação, ampliando meu entendimento para muito além do que eu imaginava que se
resumia a doutrina da Umbanda.
Após concluir cada um dos livros eu agradecia ao Pai Benedito e o guardava como um
tesouro muito valioso sem a preocupação do que fazer com ele, até o dia em que uma
ideia inspirada começou a latejar dentro da minha cabeça: levar ao conhecimento de
muitos todos aqueles imensos volumes de novas informações sobre a Umbanda.
Eu já estava sendo inspirado por Pai Benedito e não sabia por que, depois de mudar-me
de volta a São Paulo, ele manifestou-se e deu toda uma orientação: - Crie um curso inédito
e ainda inexistente na Umbanda para que amanhã ninguém diga que você copiou ou
plagiou algo de alguém, meu filho. Só você criando um curso inédito fundamentado nos
conhecimentos que estamos lhe transmitindo dará a ele a credibilidade que toda inovação
traz em si mesma e nunca, mas nunca mesmo, alguém poderá dizer que você copiou,
plagiou ou serviu-se da ideia ou da criação de outra pessoa sem dar-lhe o devido e merecido
crédito, fato muito comum dentro da Umbanda, meu filho!
- Como nomear este curso, Pai Benedito? Perguntei curioso.
- Vou dar-lhe alguns nomes e você escolhe o que achar melhor, está bem?
- Está sim, meu pai! Exclamei feliz. E ele deu-me esses: - Curso de Teologia Umbandista,
Curso de Teologia para a Umbanda e Curso de Teologia de Umbanda Sagrada.
- Qual o senhor sugere, Pai Benedito?
- O mais adequado é Curso de Teologia de Umbanda Sagrada, meu filho.
- Por que esse nome do curso é o mais adequado, meu pai?
- Ele é o mais adequado porque você irá fundamentá-lo nos livros que já lhe foram
transmitidos e que formam todo um conhecimento teológico sobre a Umbanda, os
sagrados Orixás e a Espiritualidade que atua nela.
- Como devo proceder para criar e divulgar esse novo e inédito curso dentro da Umbanda?
- Primeiro, pesquise se já não tem alguém dando algum curso com esse nome ou com o
mesmo propósito, certo?
- Sim senhor.
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Por vários meses pesquisei em jornais e revistas de Umbanda e junto às federações de São
Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, etc. se havia algum curso de teologia dentro
da Umbanda ou voltado para o umbandista e nada encontrei. Inclusive, ouvi alguns
comentários que me desanimaram, tais com: - Você está maluco, isso é curso da igreja
católica, Rubens!... A Umbanda não tem e não precisa de curso de teologia, meu filho!...
Quem pôs essas ideias na sua cabeça, meu irmão?
E por aí a fora foram os resultados da minha pesquisa sobre a existência de algum curso
de Teologia dentro da Umbanda, fato esse que me desanimou muito, sabem?
E, desanimado, voltei a comunicar-me com Pai Benedito.
- Pois é, meu filho! Eu não lhe disse que esse será um curso inédito e ninguém poderá dizer
que você o copiou de quem quer que seja, ou que plagiou fulano ou beltrano ou que se
apossou da ideia ou criatividade alheia e não lhe deu o devido e merecido crédito, certo?
- Certo, Pai Benedito. Mas a coisa é mais difícil do que parecia, sabe?
- Não sei não, porque esse curso crescerá muito, atrairá muita gente e vai dar o que falar.
Como vai, meu filho!
Por orientação dele comecei a retirar capítulos e mais capítulos de livros ainda não
publicados e mandei digitá-los para apostilar meu novo e inédito curso para os
umbandistas: - Curso de Teologia de Umbanda Sagrada!
Em 1996, eu tinha 120 apostilas prontas para o curso e não sabia como fazer para iniciá-
lo, uma vez que não tinha um local adequado para ministrá-lo, ou seja: um centro aberto,
já que eu atendia as pessoas na ampla garagem da minha casa.
E foi na garagem de minha casa que em 1996 iniciei o primeiro grupo de estudo do inédito
e novíssimo Curso de Teologia de Umbanda Sagrada, reunindo semanalmente meus
amigos para estudarmos a nossa religião, sendo que todos os que vieram sabiam que era
um curso livre e sem nenhuma pretensão acadêmica.
O primeiro grupo foi pequeno, mas em 1998 a garagem ficou pequena para tantas pessoas
e tive que formar dois grupos de estudos do Curso de Teologia de Umbanda Sagrada, além
de ir todos os domingos até Santa Rita do Passa Quatro, onde o ministrava para duzentas
pessoas que, além de não pagarem nada para fazê-lo, ainda recebiam gratuitamente todas
as apostilas do curso, tudo custeado por mim.
Sim, eu estava aprendendo a ministrar aulas e não cobrava nada mesmo! O meu prazer
era reunir as pessoas e transmitir-lhes o que eu tivera o privilégio de aprender com as
obras de Pai Benedito. Isto de 1996 até 2000! E parte do que eu ensinava naquela época
hoje está disponível no site do Colégio de Umbanda, disponibilizado em preto e branco a
partir das gravações feitas pelos meus amigos e irmãos da Legião Branca de Jesus, da
cidade de Santa Rita, estre os quais cito o Pai Laerte Nogire, de São Carlos.
Está lá para quem quiser ver, certo?
No ano de 2000 os grupos de estudos do Curso de Teologia de Umbanda Sagrada
multiplicaram-se e eu já o ministrava em quatro centros diferentes, sendo que no do
meu irmão e amigo Paulo Rogerio, em São Caetano do Sul, reuniu mais de 200 pessoas.
Um sucesso!
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Então começaram ataques e mais ataques à minha pessoa e ao meu curso, provenientes
da parte dos seguidores de uma pessoa conhecida na época porque publicava livros e dava
alguns cursos e workshops, também semanais, cujos folhetos de divulgação guardo até
hoje para provar para quem quiser que ele também ministrava “cursinhos semanais”,
muito bem pagos, e não gosta de concorrência.
Não mesmo!
Como os ataques se tornavam cada vez mais frequentes, tanto contra o meu Curso de
Teologia de Umbanda Sagrada quanto contra o de Magia Divina, fui aconselhar-me com
Pai Benedito e ouvi isso dele:
Meu filho, esse aí é cobra criada, sabe?
- Não sei não Pai Benedito. Como ele é?
- Bom, ele é filho de santo de alguém que tudo fez para desacreditar o filho Zélio de Moraes
e o Pai Caboclo das 7 Encruzilhadas como os fundadores da Umbanda, sabe?
- Isso eu sei, meu pai.
- Pois é! Ele vai fazer de tudo para desacreditá-lo, só para poder se assenhorear do ensino
Teológico dentro da Umbanda, meu filho. Ele viu o sucesso que o seu curso está fazendo e
os olhos dele cresceu em cima do seu trabalho, certo?
- Este cidadão vai fazer isso, Pai Benedito?
- Vai sim, meu filho. Ô se vai! Cuide-se, está bem?
- Sim senhor. Obrigado pelo alerta!
Alguns dias depois, conversando com um amigo advogado e relatando-lhe o alerta de Pai
Benedito, ele aconselhou-me a registra o meu curso.
- Já o registrei na Biblioteca Nacional. Respondi-lhe.
- Não é esse registro que me refiro. Peça a patente do seu curso que ninguém o tomará de
você. Poucos dias depois entrei com um pedido de patente do meu Curso de Teologia de
Umbanda Sagrada, que 5 anos depois foi negado com a justificativa de que tanto o termo
Teologia quanto Umbanda são de domínio público. Mas isso eu já sabia desde 2002,
quando um advogado especialista no assunto me revelou que patente de um nome ou
marca só é concedida se não for de domínio público.
Se relatei tudo isso é porque, justo, dito e feito, tal como me alertava Pai Benedito, o tal
cidadão anunciou com estardalhaço que havia conseguido a autorização do MEC para abrir
a primeira faculdade de teologia umbandista. E começou a alardear, por meio de seus
discípulos, aos quatro ventos que apenas o seu curso tem valia, desmerecendo o Curso
Livre de Teologia de Umbanda. Como se a teologia, o pensar racional sobre a religião, fosse
exclusividade acadêmica, com seus seguidores atacando com ferocidade o já nosso
tradicional, e muito bem aceito pelos umbandistas, Curso de Teologia de Umbanda
Sagrada.
Mas o tiro saiu pela culatra porque quanto mais eles atacavam mais pessoas queriam (e
ainda querem) conhecer nosso trabalho e estudar conosco, irritando ainda mais os
nossos perseguidores, verdadeiros obsessores encarnados, revoltados porque lotamos os
Apostila 015
Centros onde o nosso curso é ministrado, por muitos médiuns que receberam autorização
de multiplicar este conhecimento organizado da Teologia de Umbanda Sagrada. Paciência,
certo?
O fato é que, tal como havia previsto por Pai Benedito, tudo aconteceu e até hoje vemos
ataques ao nosso já tradicional Curso Livre de Teologia de Umbanda Sagrada, que não dá
a ninguém o diploma de Teólogo, e sim apenas um certificado de conclusão do mesmo.
Afinal, as maiores forças e autoridades espirituais da Umbanda são os caboclos, os Pretos
Velhos, as Crianças, os Baianos, os Boiadeiros, os Marinheiros, os Exus, as Pombas-giras e
os Exus Mirins e, segundo eles mesmos, nenhum deles formado em uma academia ou
faculdade de teologia umbandista. Mas são todos formados e muito bem formados na
riquíssima Escola da Vida, regida por Deus e os Sagrados Orixás.
Eu também não sou formado em nenhuma universidade, faculdade ou academia, mas
assumi esta missão junto à espiritualidade à qual agradeço pela inspiração destes
mentores que me assistem e amam a Umbanda e os umbandistas, fazendo o possível para
transmitir-lhes através de livros e cursos um conhecimento que ajude na compreensão dos
reais fundamentos de nossa religião.
Rubens Saraceni.
Apostila 016
A alma não está mais cativa, ela se libertou do poder do diabo que governa a África e o
escravo no Brasil deve tentar preservar essa liberdade da alma, para não cair de novo sob
o domínio dos poderes que reinam na África (Idem).
Em 1873, uma oração pela conversão dos povos da África Central para a Igreja Católica,
escrita pela Secretaria da Sagrada Congregação das Indulgências, dizia assim: Rezemos
pelos povos muito miseráveis da África Central que constituem a décima parte do gênero
humano, para que DEUS onipotente finalmente tire de seus corações a maldição de Caim e
lhes dê a benção que só podem conseguir em Jesus Cristo, nosso DEUS e Senhor: Senhor
Jesus Cristo, único Salvador de todo o gênero humano, que já reinas de mar a mar e do rio
até os confins da terra, abre com benevolência o teu sacratíssimo coração mesmo às almas
mui miseráveis da África que até agora se encontram nas trevas e nas sombras da morte,
para que pela intercessão da puríssima Virgem Maria, tua Mãe imaculada e de
São José, tendo abandonado os ídolos, se prostrem diante de ti e sejam agregados à tua
Santa Igreja.
O domingo foi dado como dia “livre” aos escravos para exercerem sua cultura de origem,
abaixo vejamos a justificativa desta atitude por parte da monarquia. É um texto do Conde
dos Arcos, séc. XIX:
Batuques olhados pelo Governo são uma cousa, e olhados pelos particulares da Bahia são
outra diferentíssima. Estes olham para os batuques como para um ato ofensivo dos direitos
dominicais, uns porque querem empregar seus escravos em serviço útil ao domingo
também, e outros porque os querem ter naqueles dias ociosos a sua porta, para assim fazer
parada de sua riqueza. O governo, porém, olha para os batuques como para um ato que
obriga os negros, insensível e maquinalmente, de oito em oito dias, a renovar as ideias de
aversão recíproca que lhes eram naturais desde que nasceram, e que, todavia se vão
apagando pouco a pouco com a desgraça comum; ideias que pode considerar-se como o
garante mais poderoso da segurança das grandes cidades do Brasil, pois que se uma vez
as diferentes nações da África se esqueceram totalmente da raiva com que a natureza as
desuniu, então os de Agomés, vierem a ser irmãos com os Nagôs, os Geges com os Haussas,
os Tapas com os Sentys, e assim os demais; grandíssimo e inevitável perigo desde então
assombrará e desolará o Brasil. E quem duvidará que a desgraça tem o poder de fraternizar
os desgraçados? Ora, pois, proibir o único ato de desunião entre os negros vem a ser o
mesmo que promover o governo indiretamente a união entre eles, do que não posso ver se
não terríveis consequências.
O rei do Daomé enviou, por volta de 1795, dois embaixadores à Bahia com a finalidade de
propor aos portugueses um tratado de comércio que garantisse ao porto de Ajuda
(Ouidah) a exclusividade de fornecimento de escravos.
Essa oferta não foi levada em consideração “porque não convinha que nesta Capitania
(Bahia) se reunisse um número por demais grande de escravos da mesma Nação do que
poderiam resultar consequências perniciosas”.
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Esses pressentimentos não eram vãos, pois houve, na Bahia, inúmeras revoltas: as
Haussas, em 1807 – 1813, seguida das revoltas dos Nagôs Malê, que se deram entre 1826
e 1835. Eram todos eles Muçulmanos.
As consequências destas sublevações foram limitadas, pois outras nações de Negros não
seguiram o movimento. Tratava-se, aliás, de uma guerra de religião, a “Guerra Santa”, pois
se dirigia não somente contra os Senhores Brancos, mas, também contra os negros
crioulos, convertidos ao catolicismo, e contra os negros “animistas”.
Amaury Talbot assinala que em “1846, devido à nova política de livre-escambo e a nova lei
sobre o açúcar, o mercado britânico estava inundado com o açúcar do Brasil e de Cuba,
produzido pela labuta dos escravos, e que, em consequência o tráfico dos escravos
recebeu grande estimulo”.
Este estímulo econômico trouxe cativos Yorubá em grande numero para o Brasil e para
Cuba, que, conforme vimos mantinham relações constantes com a Costa dos Escravos.
Era época das guerras insistentes que Guezo, Rei do Daomé, movia contra seu vizinho o
Rei dos Yorubá, outrora poderoso, mas agora enfraquecido pelas invasões dos fulani.
Guezo, neste período final de escravidão, fez cativa toda a nação de Keto, que entre os
Nagô-Yorubá era onde havia o culto ao Orixá Oxóssi. Foi o perfil desta nação que marcou
intensamente o perfil da religiosidade baiana, que recebeu boa parte de tal nação.
Além disso, Brasil e Cuba eram os únicos países para onde ainda era possível enviar
prisioneiros de guerra que se haviam tornado escravos. A escravidão fora abolida em toda
a América do Sul, com exceção do Brasil, e nas Antilhas, com exceção de Cuba, em Porto
Rico. Quase não havia comércio direto com Estados Unidos.
Uma distribuição dos negros por “Nação”, baseada no contrato de compra e venda de
escravos, entre 1838 e 1860, extraídos do arquivo municipal da cidade de Salvador (Bahia),
indica as seguintes cifras:
3060 escravos de origem Sudanesa:
Nagô (2049), Djedje(286), Mina(117), Calabar (39), Benim (27) e Cachéu (12).
460 escravos de origem Banto:
Angola (260), Cabinda (65), Congo (48), Benguela (29), Gabão (5), Cassange (4) e
Moçambique(42) (Os escravos das Nações que embarcavam no Porto da Costa do Ouro e
dos Escravos eram denominados Sudaneses e os que embarcavam no Porto da Costa de
Angola eram denominados Bantos.
Estes são os números do último período de tráfico negreiro, à Bahia. Desta forma fica
claramente explicada a predominância da Cultura Nagô, a língua Yorubá e
consequentemente o Culto de Orixá característico na região.
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O ritual cerimonial dos Nagô (e, em menor grau, o dos djedje) é aquele que, na Bahia,
melhor conservou seu caráter africano e influenciou fortemente o das outras “Nações”.
Voltando aos batuques aprovados pelo Conde dos Arcos, a constituição destas sociedades
de divertimentos teve como resultado mais claro manter o culto às Divindades Africanas.
Todos estes Negros haviam sido batizados, mas permaneciam ligados a suas antigas
diferenças. Essas associações lhe permitiam manifestá-las às claras. Suas cantigas e suas
danças, que aos olhos dos Senhores pareciam simples distrações de negros nostálgicos,
eram, na realidade reuniões nas quais eles evocavam os Deuses da África.
Quando o Senhor passava ao lado de um grupo no qual eram cantadas as forças e o poder
vingador de Xangô, o trovão, ou de Oyá, divindade das tempestades e do rio Níger, ou
Obatalá, divindade da criação, ele perguntava o significado daquelas cantigas, e imagina-
se a resposta dos escravos:
“Yoyo, adoramos a nossa maneira e em nossa língua São Gerônimo, Santa Barbara ou o
Senhor do Bom Fim”.
Cada Orixá havia sido sincretizado por um santo católico. Com o tempo houve uma
evolução e o sincretismo afro-católico que, originariamente, era apenas máscara, para
ocultar o Culto de Orixá, tornou-se mais sincero. As novas gerações “crioulas” já
consideram que “santo” e “orixá” são um só, que apenas o nome muda, mas que, de
acordo com o lugar ou momento, é bom dirigir-se a ele em latim ou em uma língua da
África. No entanto mais recentemente surgiu um movimento junto aos Candomblés
Baianos para retirar o sincretismo, desassociar e descristianizar o Culto de Matriz Africana.
Um dos “slogans” do movimento era: “Santa Bárbara não é Iansã”.
Candomblé é um nome dado na Bahia às cerimônias Africanas. Ele representa para seus
adeptos as tradições dos seus antepassados vindos de um País distante, fora de alcance e
quase fabuloso. Tratasse de tradições mantidas com tenacidade, e que lhes deram a força
de continuar sendo eles mesmos, apesar do preconceito e desprezo de que eram objeto
suas religiões, além da obrigação de adotar a religião de seus senhores.
O Candomblé torna-os membros de uma coletividade familiar, espiritual, para a qual são
atavicamente preparados.
Essa forma de organização social proporcionava-lhes uma segurança e uma estabilidade
que nem sempre encontraram em nossa civilização.
Existem poucos países onde os descendentes dos negros libertos da escravidão tenham
conservado, como na Bahia, o orgulho de origem Africana e não tenham procurado dar
uma impressão de ascensão social, renegando abertamente suas tradições adotando
aparentemente as da classe dominante.
Existe também um sincretismo, associação e relação entre Orixás (Nagôs-Yorubá), Voduns.
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Bibliografia: Notas sobre o culto aos Orixás e Voduns (Pierre Verger / Edusp), Orixás (Pierre
Verger/ Corrupio), O Candomblé da Bahia (Roger Bastide / Companhia das Letras), Os Nagô
e a Morte (Joana Elbein dos Santos / Editora Vozes)
Obs.: As cerimonias africanas são denominadas macumba no Rio de Janeiro, candomblé,
na Bahia, Xangô no Recife, tambor de mina em São Luiz do Maranhão. Consultar, sobre
estas questões, os trabalhos de Manuel Querino, Nina Rodrigues, Artur Ramos, Édison
Carneiro, Donald Pierson, Gonçalves Fernandes e Roger Bastide. Nota de Pierre Verger.
Não costumo me servir de nada que tenha autoria desconhecida, no entanto considero
este texto muito bom, e teria o maior prazer em reconhecer a autoria do mesmo:
Se na África o culto dos orixás está circunscrito a determinadas regiões ou cidades, no Brasil
a coisa foi totalmente diferente. Lá, existe uma localidade especificamente destinada ao
culto de determinada Divindade, contendo a mesma história, sua origem, seus mitos, e
seus ritos. Assim, Ifé, na Nigéria é o centro da criação para o mundo nagô-iorubá, é a capital
do mundo mítico e mágico negro, é o Iluaiye de que tanto falam os negros da diáspora. Em
Ile-Ife está o culto a Oduduwa, fundador dos povos iorubás, assim como Obatala ou Osala,
o Deus que criou o homem.
Apostila 021
Em Oyo está Sango, que foi seu quarto rei e é o deus do fogo e do trovão, sendo um dos
seus antecessores, o seu pai Oranyan, que foi o primeiro rei de Oyo.
Em Ire, Ogun, deus do ferro e da guerra, invadiu o dominou a cidade tornando-se rei com
o nome de Ogun Onire. Em Abeokuta corre a tradição de lá ter nascido Yemoja, bem como
a de que Oyo ou Iansã para os brasileiros, ter nascido em Ira. Er inlé, mais conhecido como
Inlé e Ibualama, tem o seu culto em Ilobu, além de ter o rio com seu nome. De Ilesa
recebemos grande herança. De lá veio o culto a Logun Edé, cujo sacerdote mais velho e
mais importante do Brasil é o babalorisa. Eduardo Mangabeira, popularmente conhecido
como Eduardo Ijesa, hoje com 99 anos de idade. De Ikija, perto de Ijebu surgiu Ososi, que
veio a ser o primeiro rei de Ketu, cidade que depois foi dominada, destruída e anexada ao
Dahomey, hoje República Popular de Benin.
De seu culto nada mais resta a não ser na diáspora, especificamente na Bahia. Osun tem o
seu culto principal em Osogbo, além das cidades de Oboto, Akpara, Ipetu, Ijimu, dentre
outras. Osala andou muito. Saiu de Ife peregrinando por diversas regiões, tomando nomes
diferentes, ao tempo em que se torna rei dos referidos locais. Em Ejigbo tomou o nome de
Osagiyan, em Ifon, Orisa Olofun e assim por diante. Também chegou até a Bahia o culto a
Iya Mapo, patrona da vagina, por ser através dela que todos os seres humanos vêm ao
mundo, daí a sua sacralização. Iya Mapo é muito venerada e cultuada em Igbeti. Existe um
itan Ifa (história de Ifa), pertencente ao odu Osa Meji (10), que conta como foi colocada a
vagina no devido lugar da mulher, até então colocada em vários lugares do corpo, menos
no que é hoje. Para isso estiveram envolvidos não só o Odu osa meji, mas também Esu e
Iyami Osoronga, num ebó feito com duas bananas e um pote, cabendo a Esu a sua
localização atual, bem como a do pênis do homem do qual Esu é o dono. Quem viaja pela
Nigéria, encontrará enormes pênis esculpidos em pedra pelas estradas, em reverência a
Esu. Na Bahia, o Esu da porteira do Ase Ile Opo Aganju é assentado com grande pênis
esculpido em madeira [...]
[...] Nos rios se fazem oferendas e ritos para Osun, divindade do rio Osun, com cerimônias
nas suas margens, em Osogbo. Yemoja, no rio Ogun, Yewa no rio Yewa, Erinle, no rio Erinle.
No mar, Iya Olokun, que é sua dona, tem o seu rito como na Nigéria, onde existem
esculpidas suas cabeças. Na Bahia se devota grande respeito a essa divindade. Não se entra
no mar sem lhe saudar e pedir licença, dizendo: Iya Olokun to to hun, Iya Olokun gba mi o,
Iya Olokun ago "Mãe Olokun extremamente respeitada, Mãe Olokun me valha, Mãe
Olokun licença", após o que se entrar no mar... As ruas, os caminhos, as encruzilhadas
pertencem a Esu. Nesses lugares se invoca a sua presença, fazem-se sacrifícios, arreiam-se
oferendas e se lhe fazem pedidos [...]
Apostila 022
“Sou zelador-de-santo”
Um dos mais respeitados pais-de-santo do Brasil, Agenor Miranda Rocha emite opiniões
corajosas sobre o candomblé por Gladys Pimentel.
A reabertura dos terreiros de candomblé no feriado religioso de Corpus Christi traz, todo
ano, à Bahia um dos mais queridos e respeitados sacerdotes do povo de santo, o oluwô
(dono dos segredos) Agenor Miranda Rocha, 93 anos. No último dia 13, ele se dividiu na
tríplice jornada de visitar o Gantois, a Casa Branca e o Ilê Axé Opô Afonjá.
Poeta, intelectual, escritor, cantor lírico e educador, ele é o responsável pelo jogo que
indica os representantes na sucessão para as grandes casas de candomblé da Bahia. Foi
seu jogo que nomeou mãe Stella, para o Opô Afonjá, e Tatá, para a Casa Branca. Pelo
apartamento de Pai Agenor, no Rio, passam, diariamente, dezenas de pessoas, incluindo
artistas globais e políticos, que confiam a vida ao seu jogo de búzios.
Natural de Angola, Pai Agenor veio para a Bahia com 5 anos de idade. Ainda criança,
recebeu, de Eugênia Ana dos Santos, mãe Aninha, a vocação para o candomblé. A vida do
oluwô já foi registrada em um livro, de Diógenes Rebouças Filho (Pai Agenor, editora
Corrupio, 1997), e, agora, será tema do documentário Um Vento Sagrado, com roteiro e
direção de Walter Pinto Lima e Carlos Vasconcelos Dominguez (este, morto no ano
passado). Nesta entrevista, concedida no último dia 16, antes de voltar para o Rio de
Janeiro, Pai Agenor fala sobre sua concepção de candomblé, critica o sacrifício de animais,
o jogo cobrado e a grande exposição que a religião ganhou atualmente.
P - Quando e como surgiu sua vocação para pai-de-santo?
R - Não sou pai-de-santo, sou zelador-do-santo. O santo é que é meu pai. Eu acho esta
nomenclatura (pai-de-santo) muito errada. Eu zelo.
P - Qual é a diferença?
R - Se eu sou pai-de-santo, o santo é propriedade. Para mim, os orixás são fragmentos da
natureza. Cada orixá tem encantado um fator natural: Iansã, no vento; Iemanjá, no mar;
Oxóssi, nas matas, caçando; Ogum, desbravando estradas. Então, como eu posso ser pai
deles? Quero que me chame de zelador. Pai, não. O zelador trata dos orixás, faz, todas as
semanas, uma obrigação, que se chama ossé. Fazer ossé aos orixás é limpá-los, cuidá-los.
Apostila 023
Apostila 024
R - Se há preconceitos, é com eles. Eu sou eu. Nunca tive conflito. E, agora, tem mais uma
coisa: eu sou do santo, católico e espírita. Assim como na família: nem todos são iguais,
mas convivem bem. Não é isso? É uma questão de fé.
P - Qual a diferença do candomblé do passado para o candomblé atual?
R - Bom, eu costumo, numa frase, mostrar: eu sou do candomblé de morim (pano de
algodão muito fino e branco). Hoje, é candomblé de lamê (plumas, lantejoulas). Parece
uma escola de samba.
P - O sacrifício de animais, um dos ritos mais comuns e simbólicos do candomblé, é
contestado pelo senhor. Por quê?
R - Acho que é uma maldade. Os orixás, que são fragmentos da natureza, precisam de
sangue? Matar os animais que representam a natureza? Matar, além de tudo, com uma
faca, devagarinho, com cantiga, até chegar em uma palavra para tirar a cabeça do bicho.
Não dá! Sou contra a matança. Na vida, tudo evolui com o tempo. O candomblé podia ter
evoluído um pouquinho, ser mais moderado. O candomblé, hoje, é um luxo.
Apostila 025
Biografia de Allan Kardec
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Allan_Kardec
Hippolyte Léon Denizard Rivail (Lyon, 3 de outubro de 1804 — Paris, 31 de março de 1869)
teve formação acadêmica em matemática e pedagogia, interessando-se mais tarde pela
física, principalmente o magnetismo. Como escritor, dedicou-se à tradução e à elaboração
de obras de cunho educacional. Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o
codificador do Espiritismo, também denominado de Doutrina Espírita. O pseudônimo
"Allan Kardec", segundo biografias, foi adotado pelo Prof. Rivail a fim de diferenciar a
Codificação Espírita dos seus trabalhos pedagógicos anteriores. Segundo algumas fontes,
o pseudônimo foi escolhido pois um espírito revelou-lhe que haviam vivido juntos entre os
druidas, na Gália, e que então o Codificador se chamava "Allan Kardec".
Conforme o seu próprio depoimento, publicado em Obras Póstumas, foi em 1854 que o
Prof. Rivail ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das "mesas girantes", bastante
difundido à época, através do seu amigo Fortier, um magnetizador de longa data. Sem dar
muita atenção ao relato naquele momento, atribuindo-o somente ao chamado
magnetismo animal de que era estudioso, só em maio de 1855 sua curiosidade se voltou
efetivamente para as mesas, quando começou a frequentar reuniões em que tais
fenômenos se produziam.
Convencendo-se de que o movimento e as respostas complexas das mesas deviam-se à
intervenção de espíritos, Rivail dedicou-se à estruturação de uma proposta de
compreensão da realidade baseada na necessidade de integração entre os conhecimentos
científico, filosófico e moral, com o objetivo de lançar sobre o real um olhar que não
negligenciasse nem o imperativo da investigação empírica na construção do
conhecimento, nem a dimensão espiritual e interior do Homem. Adotou, nessa tarefa, o
pseudônimo que o tornaria conhecido: Allan Kardec.
Tendo iniciado a publicação das obras da Codificação em 18 de abril de 1857, quando veio
à luz O Livro dos Espíritos, considerado como o marco de fundação do Espiritismo, após o
lançamento da Revista Espírita (1 de janeiro de 1858), fundou, nesse mesmo ano, a
primeira sociedade espírita regularmente constituída, com o nome de Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas.
Os últimos anos
Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado à divulgação do Espiritismo entre os
diversos simpatizantes, e a defendê-lo dos opositores. Faleceu em Paris, a 31 de março de
1869, aos 64 anos (65 anos incompletos) de idade, em decorrência da ruptura de um
Apostila 027
aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o
Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de
trabalho. Está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital
francesa. Junto ao túmulo, erguido como os dólmens druídicos, acima de sua tumba, seu
lema:
"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei", em francês.
Allan Kardec.
Kardec foi muito indagado sobre essa questão, e deu sua resposta na Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas, em 1º de Novembro de 1868, conforme nos é apresentado no livro
Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita da Editora FEB, p. 487-495. Abaixo coloco
apenas o cerne de sua exposição, onde fica clara a posição delicada de Kardec sobre o
assunto:
Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na
comunhão de pensamentos; com efeito, é aí que podem e devem exercer sua força,
porque o objetivo deve ser a libertação do pensamento das amarras da matéria.
Infelizmente, a maioria se afasta desse princípio à medida que a religião se torna uma
questão de forma. Disso resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da
forma, se julga quite com Deus e com os homens, desde que praticou uma fórmula. Resulta
ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por
sua própria conta e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade em
relação aos outros assistentes; fica isolado em meio à multidão e só pensa no céu para si
mesmo.
Por certo, não era assim que o entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas
estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas”...
(...) Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão
de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua
acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de
sentimentos, de princípios e de crenças; consecutivamente, esse nome foi dado a esses
mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé...
Apostila 028
(...) O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois,
essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações,
e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da
realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço
moral é o de estabelecer entre os que ele une, como consequência da comunhão de vistas
e de sentimentos, a fraternidade, a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas.
É nesse sentido que também se diz: a religião da amizade, a religião da família.
Se é assim, perguntarão então, o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida,
senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por
isso, porque é a doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de
pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as
próprias leis da Natureza.
Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não
haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a
palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de
forma, que o espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não
veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em
matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de
privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas
vezes a opinião se levantou.
Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da
palavra, não podia nem deveria enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente
se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: Doutrina filosófica e moral.
As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e
o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo,
na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum,
sem que, por isso, sejam tomadas por assembleias religiosas. Não se pense que isso seja
um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém
senão da falta de uma palavra para cada ideia...
Apostila 029
Espiritismo e Umbanda
por Alexandre Cumino
Kardec é cientista e pesquisador, um homem do mundo moderno-positivista, para quem a
magia representava algo atrasado com relação à religião, e está atrasada com relação à
ciência. ¹
É dessa forma que surgem alguns pontos de conflito entre Kardecismo e Umbanda, e que
alguns dos “Espíritas Ortodoxos” usam para recriminar a prática umbandista, ou
simplesmente para salientar sua condição oposta aos preceitos de Kardec.
Coloco abaixo algumas passagens da obra de Kardec que não se enquadram na prática da
religião de Umbanda, principalmente no que diz respeito à Magia, como bem ilustrou Leal
de Souza, começando pelo livro O que é o Espiritismo:
Apostila 030
553. Que efeito podem produzir as fórmulas e prática mediante as quais pessoas há que
pretendem dispor do concurso dos Espíritos?
“O efeito de torná-las ridículas, se procedem de boa-fé. No caso contrário, são tratantes
que merecem castigo. Todas as fórmulas são mera charlatanaria. Não há palavra
sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação
sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas
materiais. ”
a) – Mas, não é exato que alguns Espíritos têm ditado, eles próprios, fórmulas cabalísticas?
“Efetivamente, Espíritos há que indicam sinais, palavras estranhas, ou prescrevem a prática
de atos, por meio dos quais se fazem chamados conjuros. Mas, ficai certos de que são
espíritos que de vós outros escarnecem e zombam da vossa credulidade. “4
Estas considerações são um contraponto, para que não se confunda Umbanda com
Espiritismo (“Kardecismo”), embora tenham muitas semelhanças e pontos em comum.
“Kardecismo” é origem para Umbanda de mesmo nível e respeito que suas outras origens.
Kardecismo é raiz para Umbanda, assim como Judaísmo para Cristianismo, no entanto
Umbanda não tem apenas esta raiz. Kardec, quando questionado, de forma direta, se
espiritismo é religião, afirma que “formalmente não” mas “ideologicamente sim”.5
Exu e Espiritismo
Faço esse adendo no Material de Apoio deste Curso apenas porque muito se questiona se
há Exus trabalhando nas lidas espíritas. É preciso que fique claro que o nome “Exu” é algo
empregado na Umbanda para definir os “Guardiões do Templo” e “Guardiões Pessoais”,
entidades que trabalham em todas as religiões. Embora haja Guardiões dedicados a esta
ou aquela religião, também há aqueles que militam em mais de uma religião, e também
guardiões pessoais que acompanham seus médiuns onde eles forem. Logo, o fato de
observarmos guardiões no espiritismo não nos dá o direito de chamá-los de “Exus”, pois
essa é nossa forma de identificá-los. Assim, vejamos a presença de alguns deles na
literatura espírita, e que se fosse em ambiente de Umbanda não restaria dúvida de sua
identidade.
Vou me limitar apenas a transcrever alguns trechos de livros da série "Nosso Lar" de André
Luiz, psicografado por Chico Xavier.
Apostila 031
Três guardas espirituais entraram na sala, conduzindo infeliz irmão ao socorro do grupo.
Podemos encontrar muitas outras referências em outros títulos espíritas, para não nos
alongarmos na questão cito apenas um título do autor espiritual J.R.Rochester, que se é
polêmico no entanto tornou-se um clássico, Os Magos (Ed. Boa Nova). Nessa obra
encontramos um certo “Abin-ari”, espírito sem luz que vive de retirar de nosso meio os
espíritos rebeldes e "larvais" que se voltam contra a humanidade, e para tal ele usa como
ferramenta um tridente. O mais curioso é que esse livro foi psicografado na Rússia no final
do século XIX, pouco antes de surgir a Umbanda no Brasil.
Apostila 032
A Natureza do Ser
Através de um estudo profundo realizado no astral, é que nos chega a conclusão de que,
ao contrário do que muitos pensam, os espíritos trazem em si características intrínsecas,
de naturezas masculina ou feminina, podendo eventualmente encarnar em corpos que não
são afins com sua natureza, para reequilibro, em outras palavras “aprender o que é do
outro sexo”, ou encarnações missionárias programadas e previstas... E aí reside o fato de
homens terem como “Orixá Ancestral” (não é o Orixá de frente logo localizado dentre os
trabalhos de Umbanda) um Orixá masculino e mulheres um feminino... O que é verificado
e explicado nas obras de Rubens Saraceni e no texto de André Luiz (Evolução em Dois
mundos pg137 e 189) abaixo:
Agora, dentro do contexto Umbandista, nas obras “Gênese Divina de Umbanda Sagrada”,
“Orixás Ancestrais” e “Doutrina e Teologia de Umbanda” (p. 75 e 90) a origem do ser é
explicada de forma detalhada e racional, onde nos são apresentados os sete planos da
vida, e a evolução do ser, que desde sua origem, sua centelha original (a estrela da vida),
já apresenta natureza masculina ou feminina, passiva ou ativa. Onde aparece um “Orixá
Ancestral” dominante que pode ser Masculino ou Feminino, em concordância com a
natureza do ser, e outro “Orixá Ancestral” recessivo, que juntos formam o casal de Orixás
que sempre nos acompanharam e sempre acompanharão em todas as nossas
encarnações, pois são o “Pai” e a “Mãe” que nos qualificaram antes mesmo de
adentrarmos no ciclo reencarnacionista, quanto ao “Pai de cabeça” e “Mãe de cabeça”,
Apostila 033
“Orixá de Frente”, a cada encarnação é um que assume, dependendo do que mais
precisamos absorver da divindade naquela encarnação, o que denota um comportamento
passivo ou ativo por parte das entidades em evolução que estagiam nesses planos.
Com relação a esse assunto, peço leitura e paciência, teremos uma aula dedicada para tal,
assim como teremos uma aula para explicar Orixá de Frente, Ancestre e Juntó.
Divindades e Espiritismo
Creio que nesse texto Kardecista encontramos elementos que nos ajudam a entender as
“Divindades”, que em comunhão com o Criador resumem parte do que entendemos por
“Orixás”.
Apostila 034
Cuidado!
Você não deve ser umbandista!
por Alexandre Cumino
Texto adaptado do original: “Cuidado! O Senhor Não Deve Ser Maçom”, publicado em “A Voz do Vale do
Rio Grande”, Paulo de Faria, SP, em 04 de Janeiro de 1976 e de autor desconhecido.
Apostila 035
O que é UMBANDA?
por Alexandre Cumino
Umbanda é uma religião que prega as mesmas verdades e busca a mesma paz de espírito
que todas as outras religiões. Em suas práticas o bom senso, o respeito, a ética e a moral
são conceitos tão válidos e importantes quanto em qualquer outro segmento.
Mesmo sabendo de que a Umbanda é religião nos vemos cercados por práticas que nada
manifestam de religiosidade e outras que não fazem parte dos fundamentos de Umbanda.
Pessoas desavisadas e outras de má-fé, que não podem ser consideradas Umbandistas,
vivem de profanar aquilo que para nós é sagrado. Por isso colocamos abaixo alguns
elementos, práticas e comportamentos que em nada refletem a religião de Umbanda.
NÃO é UMBANDA!
Apostila 036
Hino da Umbanda
por J.M.Alves
Refletiu a luz divina
Em todo seu esplendor
Vem do reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na Terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para Tudo Iluminar
Umbanda é paz e amor
Um mundo cheio de Luz
É a Força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz
Avante filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A Bandeira de Oxalá
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Ervas de Poder
Por Alexandre Cumino
Apostila 037
Buscam em outra esfera, do sagrado, respostas que possam auxiliar (curar) o grupo ou um
indivíduo. Saindo de si mesmo também se tornam grandes conselheiros, tendo a
oportunidade de vencer o egocentrismo para entender o outro em suas dores, angústias
e frustrações.
Estas ervas são consideradas sagradas pelos xamãs, costumam dizer que a profanação do
sagrado pode trazer dor à sociedade. Hoje essas ervas sagradas são comercializadas pelo
homem moderno e pós-moderno como drogas e entorpecentes, que causam, na maioria
das vezes, a dependência. Não se busca o sagrado, mas apenas fugir da realidade ou um
pequeno prazer momentâneo. Toda a cultura ancestral, dos que descobriram o uso
sagrado destas plantas, é descaracterizada, e mesmo eles que têm tanto respeito pela vida
e pela harmonia da estrutura social são mal vistos pelo homem dito civilizado, que
deturpou e profanou um dos elementos sagrados de sua cultura.
E foi assim que a folha da coca, sagrada nas culturas andinas, foi profanada e manufaturada
na produção de cocaína. A Canabis Ativa, vulgarmente conhecida como maconha, é erva
sagrada para a religião Rastafari da Jamaica. O Fumo, tabaco, era sagrado para os índios
das três Américas, o Europeu o descobriu, comercializou e fez dele um dos maiores males
que afligem a sociedade. Na Amazônia, a Ayauaska (Daime) é uma planta sagrada de poder,
assim como o Peiote na América Central e do Norte.
Ainda existem tribos onde a figura do xamã é presente, como na Cariri Choco, brasileira,
onde o Pajé faz uso da planta da Jurema como erva de poder. No entanto, há religiões que
sincretizaram as ervas de poder e xamanismo com outras culturas e religiões fazendo
nascer novas “igrejas”, onde, por exemplo, o cristianismo caminha lado a lado com as ervas
de poder. E este é o caso, por exemplo, do Santo Daime no Amazonas que faz uso da
Ayauaska, agora chamada de Daime, como erva de Poder ao lado de uma doutrina de
influência cristã. O Catimbó do Pernambuco usa a bebida da Jurema também num
contexto de sincretismo com o cristianismo. Da mesma forma, nos EUA existe o Peiotismo,
no qual a presença do peiote de uso ancestral indígena convive com valores cristãos.
O Peiotismo tem uma ligação forte com a Gost Dance, que é de fato uma religião de
oprimidos, dos índios Norte Americanos, destacando o Chefe Siux Touro Sentado, que
buscavam, através de um movimento profético, vencer os brancos conquistadores.
Apostila 038
Imagem do peiotismo tirada do site:
http://www.xamanismo.com.br/Universo/SubUniverso1187815981It006
Apostila 039
P.S.1: O Peiotismo surgiu em torno de 1880 em Oklahoma, com a presença das tribos
Comanche e Kiowas, numa condição de opressão dentro das reservas indígenas. Da mesma
forma, surgiu a Gost Dance. Seu fundador foi Quanah Parker, um Chefe Comanche. O
Peiotismo ainda sobrevive na “Igreja Americana Nativa”, “Religião "oficial" de pelo menos
70 tribos indígenas nos Estados Unidos. "A Igreja Nativa Americana é essencialmente uma
doutrina oral, não há livros sagrados", diz Pablo Alarcón-Cháires, pesquisador da
Universidade Autônoma do México e um dos cerca de 300 mil membros da igreja.
P.S.2: O Tabaco também é uma erva de poder usada largamente e que se faz presente na
Umbanda justamente por suas qualidades como tal. Logo, Charuto, cachimbo e cigarro têm
uso ritualístico e mágico, nada têm a ver com apego à matéria ou vício. As entidades não
a fumam, manipulam o fumo, seja para uma defumação direcionada, um descarrego,
limpeza ou oferenda.
Apostila 040
Apostila 041
Para Exu, troque o cigarro comum por charutos ou cigarrilhas. Para Pomba Gira, troque o
cigarro por cigarrilha. Temos a opção para Exu de pilar sálvia, cravo vermelho seco e
levante, e para Pomba Gira podemos usar sálvia, hibisco e rosa vermelha. Cabe a nós
facilitarmos o trabalho das entidades.
Erroneamente, algumas pessoas acreditam que Exu tem que beber garrafas de "marafo"
(álcool, água-ardente, pinga), assim como baianos e outras linhas, pensam que marinheiro
"enche a cara" e vem embriagado, quando sua "embriaguez" é a energia e a vibração do
mar que ele traz.
Os Guias manipulam estas bebidas onde temos para elas o nome de "curiador" (a bebida
correta para cada linha de trabalho), sendo assim:
. Caboclos bebem cerveja ou água de coco;
. Pretos-velhos bebem café e, em alguns casos, já presenciamos utilizarem vinho;
. Crianças bebem guaraná e suco de frutas, mas também presenciamos algumas que
tomam outros tipos de refrigerante;
. Baianos bebem água de coco ou batida de coco;
. Boiadeiros bebem cerveja escura;
. Marinheiros bebem rum, e alguns bebem cerveja clara;
. Exus bebem a "marafa" (pinga). Alguns bebem uísque ou vinho; embora não seja comum,
já vimos alguns que bebem cerveja;
. Pombas-Giras bebem champanhe ou sidra.
É imprescindível o "marafo" no trabalho de Exu, mas não para beber em demasia. A bebida
é usada para manipulação magística, é colocada no ponto, na tronqueira, lavam os
instrumentos etc. No caso de Exu, sua vibração é mais densa, por isso pode-se antes da
incorporação passar um pouco de pinga nas mãos, pés, testa e nuca, assim o médium
sentirá sua vibração baixar, facilitando a conexão da incorporação.
Se numa determinada situação é preciso derrubar mais a vibração orgânica é quando
possivelmente a entidade toma um golinho de "marafo". Dependendo do trabalho, pode
ser preciso ingerir mais, com a intenção de manipular e canalizar esta energia, nada além
disso.
Uma outra função da bebida, muito usada pelas linhas da direita, é usá-la como o
"contraste", usado pela medicina tradicional.
Quando algum problema de ordem física está ocorrendo, eles magnetizam a bebida, tal
como vinho, água de coco, água pura, batida etc., e pedem para o consulente ingerir uma
pequena quantidade, aí eles conseguem visualizar outras coisas no organismo, é como um
check-up mais apurado.
Mas atenção: se tiver preto-velho virando garrafas de vinho, baianos matando litros de
batida, então algo está fora da doutrina e da educação mediúnica.
Umbanda é Luz, e onde não houver bom senso e ética, não tem Umbanda.
Um forte abraço a todos e muita luz.
Axé!!
Apostila 042
Desautomatização
Por Osho
Um homem veio a mim. Ele sofria do vício de fumar há trinta anos; ele estava doente e os
médicos disseram:
"Você nunca ficará bom se não parar de fumar."
Ele era um fumante crônico e não conseguia parar. Mas ele tentou, tentou arduamente e
sofreu muito tentando. Conseguia por um ou dois dias, mas então a necessidade de fumar
vinha tão forte que simplesmente o vencia. Novamente ele caía no mesmo esquema.
Por causa disso, ele perdeu toda a autoconfiança; sabia que não podia fazer nem essa
pequena coisa: parar de fumar. Ele se desvalorizou diante de si mesmo; considerava-se a
pessoa mais sem valor do mundo. Não tinha mais respeito por si mesmo. E assim, ele veio
a mim.
Ele disse: "O que posso fazer? Como posso parar de fumar?"
Eu lhe disse: "Você tem que entender. Agora, fumar não é apenas uma questão de decisão.
É algo que já entrou no seu mundo de hábitos; já se enraizou. Trinta anos é um longo
tempo. Esse hábito tem raízes no seu corpo, na sua química, espalhou-se em você. Não é
mais apenas uma questão de decidir com a cabeça; sua cabeça não pode fazer nada. Ela é
impotente; pode começar coisas, mas não pode pará-las facilmente. Uma vez que você
começou e praticou por tanto tempo, você é um grande iogue - trinta anos de prática em
fumar! Já se tornou automático; você tem que desautomatizar isso."
Ele perguntou: "O que você quer dizer por desautomatizar?"
É nisto que consiste toda a meditação: na desautomatização.
Eu lhe disse: "Faça uma coisa: esqueça tudo sobre parar de fumar. Não há necessidade.
Por trinta anos você fumou e viveu; é claro que foi um sofrimento, mas você se acostumou
a ele também. E o que importa se você morrer algumas horas antes do que morreria sem
fumar? O que você vai fazer aqui? O que você fez?
Então, qual a importância em morrer na segunda, na terça ou no domingo, neste ou
naquele ano – que importa?"
Ele disse: "Sim, isso é verdade; não importa".
Então eu disse: "Esqueça tudo sobre parar de fumar; não vamos parar absolutamente. Ou
melhor, vamos compreender isso. Assim, da próxima vez, faça do fumar uma meditação".
Ele disse: "Do fumar uma meditação?"
Eu disse: "Sim. Se as pessoas zen podem fazer do beber chá uma meditação, uma
cerimônia, por que não com o cigarro? Fumar também pode ser uma bela meditação".
Ele ficou impressionado e disse: "O que você está dizendo? Meditação? Conte-me - nem
posso esperar!"
Então dei a meditação para ele:
"Faça uma coisa. Quando pegar o maço de cigarros do seu bolso, pegue-o bem lentamente.
Curta, não há pressa. Fique consciente, alerta, atento; pegue lentamente com atenção
Apostila 043
total. Então, tire um cigarro do maço com toda a atenção, lentamente, não da velha
maneira apressada, inconsciente, mecânica. Depois, comece a bater o cigarro no maço,
atentamente. Escute o som, como fazem as pessoas zen quando o samovar começa a
cantar e o chá começa a ferver... e o aroma... Então cheire o cigarro e sinta sua beleza..."
O homem disse: "O que você está dizendo? A beleza?"
"Sim, ele é belo. O tabaco é tão divino quanto qualquer outra coisa. Cheire-o; é o cheiro
de Deus".
O homem ficou um pouco surpreso: "O quê? Você está brincando?"
"Não, não estou brincando. Mesmo quando brinco, não brinco. Sou muito sério."
Então, ponha o cigarro na boca, com toda a atenção, e acenda-o. Curta cada ato, cada
pequeno ato, e divida-o em muitos pequenos atos para que você possa tornar-se o mais
alerta possível.
Apostila 044
Origem Indígena
por Alexandre Cumino
2. O Toré, que é ainda praticado no Brasil pela tribo dos Kariri-xocó, consiste de uma dança
realizada com a infusão da bebida feita à base de Jurema, que pode ser mais ou menos
enteógena (alucinógena para os psicólogos e leigos), palavra que significa “Encontro com
Deus”. Os índios reverenciam uma divindade como um gênio que é o Espírito da Jurema,
diferente de Cabocla Jurema. Da árvore de Jurema os índios usam as folhas, sementes e o
tronco, para fazerem bebidas, maracás (chocalho) e cachimbos, onde o fumo também é
misturado com folhas de jurema.
Luiz da Câmara Cascudo, que foi o maior folclorista brasileiro, publicou em 1951 o título
Meleagro, que é um estudo de mais de 20 anos sobre o Catimbó, ainda hoje é a obra mais
completa sobre o assunto, na segunda edição da obra ele apresenta comentários
interessantes para este nosso estudo:
Apostila 046
Creio que antes de 1928 estaria eu dando campo ao Catimbó em Natal, contagiado pelas
reportagens de João do Rio às religiões suplementares na Capital Federal. Em 1928,
dezembro, Mário de Andrade (1893-1945), meu hóspede, “fechou o corpo” com um Mestre
frequentador de nossa chácara. Pagou vinte mil réis e narrou a proeza em crônica que não
consegui reconquistar. Denunciaria a técnica catimbozeira natalense há 49 anos, fase das
anciãs perquiridoras. Terminado em dezembro de 1949, a Editora AGIR publicou em 1951
MELEAGRO, nome pedante para justificar feitiço da Grécia em mão africana. Não se falava
ainda em Umbanda, mesmo na cidade de Salvador onde fui garboso “calouro” de medicina
em 1918, residindo na Baixa do Sapateiro. Édison Carneiro, baiano investigador devoto,
não registra o vocábulo no Candomblé da Bahia, 1948 e em A Linguagem Popular da Bahia,
1951. Redigiu o verbete “Umbanda” para o meu Dicionário do Folclore Brasileiro. Depois
de 1960 é que a Umbanda abordou Natal [...]
Neste MELEAGRO verifica-se minha familiaridade com os “Mestres”. Dizê-los
“Catimbozeiros” era agressão. Reinava o amável sincretismo acolhedor entre os “Mestres
do Além”, africanos, indígenas e mestiços nacionais [...]
No Dicionário do Folclore Brasileiro, 1954, Câmara Cascudo nos apresenta a definição do
verbete Catimbó, da onde retiro os fragmentos abaixo, que é a parte do texto que nos
interessa aqui:
Feitiço, coisa-feita, bruxedo, muamba, canjerê e também o conjunto de regras e cerimônias
a que se obedece durante a feitura do encanto. Reunião de pessoas, presidida pelo
“mestre”, procedendo à prática do catimbó [...]
“Catimbó quer dizer cachimbo, usado pelo mestre. O catimbó não é religião. Não tem ritos
maiores, como o candomblé baiano, o xangô pernambucano, sergipano ou alagoano, ou a
macumba carioca. Com breve liturgia, o mestre defuma os assistentes com o fumo de seu
cachimbo e recebe o espírito de um mestre defunto, Mestre Carlos, Xaramundi,
Pinavaruçu, Faustina, Anabar, indígenas, negros feiticeiros, como Pai Joaquim, bons e
maus. Todos acostam, receitam e aconselham. Cada um deles é precedido pelo canto da
linha, melodia privativa que anuncia a vinda do Mestre ou da Mestra. Não há indumentária
especial, escolas de filhas de santo, comidas votivas, decoração, bailado, instrumentos
musicais. O mestre é o curandeiro, o bruxo. Há, naturalmente, a presença de elementos
negros e ameríndios, nomes de tuxauas e de orixás, rezas católicas, num sincretismo
inevitável e lógico. O catimbó é prestigioso nos arredores das grandes cidades, consultório
infalível para pobres e ricos, embora sem a espetaculosidade sonora do candomblé, da
macumba e dos xangôs nordestinos. Na Pajelança amazônica intervêm animais
conselheiros, mutuns, boiúnas, cavalos-marinhos, cobras, jacarés, ao lado de mestres e
mestras. O catimbó aproxima-se velozmente do baixo-espiritismo, perdendo a ciência dos
remédios vegetais e a técnica de São Cipriano e da Bruxa de Évora. Representa, como
nenhuma outra entidade, o elemento da bruxaria europeia, da magia branca, clássica,
vinda da Europa, herdeira dos bruxos que o Santo Ofício queimou e sacudiu as cinzas no
mar.
Apostila 047
O mestre é uma sobrevivência do feiticeiro europeu, e não um colega do babalorixá,
babalawô ou pai-de-terreiro banto ou sudanês. Catimbó não é sinônimo de Candomblé,
macumba, xangô, grupo de Umbanda, casa de mina, tambor de crioulo, etc. É uma
presença da velha feitiçaria deturpada, diluída, misturada, bastarda, mas reconhecível e
perfeitamente identificável. Foi motivo de quase vinte anos de observação pessoal para o
Meleagro, ed. Agir, Rio de Janeiro, 1951 [...]1”
Apostila 048
Oração de São Francisco
Prece de Cáritas
Apostila 049
Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperaremos com os braços abertos. Oh! Poder,
Oh! Bondade, Oh! Beleza, Oh! Perfeição; e queremos de algum modo alcançar a Vossa
misericórdia.
Deus! dai-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade
pura, dai-nos a fé e a razão, dai-nos a simplicidade que fará das nossas almas o espelho
onde se deve refletir o Vosso iluminado espirito.
O Amor é um dos mistérios maiores do criador, logo sua presença é a presença do Criador
em nossas vidas.
Apostila 050
Apostila 051
No meu caminho, eu tenho, no momento de sede, a fonte de água fresca; no momento de
fome, o pão sagrado; no momento de dor, o bálsamo que alivia; no momento de tristezas,
tenho o sorriso amigo que alegra minha alma; nos momentos de angústia, a paz que
tranquiliza meu espírito; nos momentos de aflições, a palavra que me consola; nos
momentos de desespero, a calma que pacifica o meu coração; nos momentos de alegria,
a palavra de agradecimento a quem a propicia.
Pois este é o meu caminho e, nele, de tudo há um pouco.
Mas no meu caminho não há lugar para outro que não seja a trilha única que conduz ao
Senhor dos meus caminhos.
Que cada um caminhe o seu caminho consciente de que todos os que caminham os muitos
caminhos do Senhor de todos os caminhos por Ele foram abençoados ao iniciarem suas
caminhadas. Que eu não olhe com desprezo para os que estão parados no meio do
caminho, pois eles podem estar apenas descansando e reiniciarão suas caminhadas assim
que conseguirem forças para isso.
Mas se, ao caminhar no meu caminho, eu tiver de diminuir um pouco a minha jornada só
para ajudar alguém que caminha com dificuldade, muito terei avançado.
Se eu repartir o meu pão com alguém que tem fome, não precisarei de muitos pães para
aplacar a minha fome, se eu repartir minha água com quem tem sede, terei saciado a
minha própria sede.
Se no meu caminho eu ajudar alguém a encontrar o seu próprio caminho, então eu sou
parte de um caminho por onde muitos podem caminhar.
No meu caminho, eu caminho com o Senhor dos Caminhos que sempre guia àqueles que
com ele querem caminhar, pois assim diz o senhor dos meus caminhos: "Se tu caminhas
os Meus caminhos, contigo eu sempre caminharei nos Vossos muitos caminhos, que são
todos caminhos Meus".
Amém
“Oração dos Caminhos”, extraída do Livro “A Longa Capa Negra” / Ed. Madras / Rubens
Saraceni
Agora mostraremos como cultuar nosso amado Pai Olorum dentro das famílias
umbandistas.
Estender sobre uma mesa uma toalha branca com franja rendada de cor dourada; no
centro dela deve-se colocar um prato de louça totalmente branca, no centro do prato
deve-se firmar uma vela branca; à volta da vela devem “polvilhar” farinha de trigo ou grãos
de trigo; por cima dos grãos ou da farinha deve polvilhar açúcar; por cima do açúcar deve
Apostila 052
derramar mel; e a seguir acender 7 velas em volta do prato central nestas cores: azul,
verde, rosa, lilás, amarela, vermelha e violeta cada uma em um pires branco também
cobertos com trigo, açúcar e mel. Após isso feito, todos devem se sentar à volta da mesa
e um dos presentes fará esta oração evocatória.
Oração a Olorum
Olorum, senhor nosso deus e nosso divino criador, nós te saudamos e te louvamos neste
momento de nossa vida e de nosso destino.
Envolva-nos com teu poder e ilumine-nos com tua luz viva.
Tu, que a tudo geras e que estás em tudo o que gerou e está em nós, gerações tuas,
fortaleça a nossa alma imortal e resplandeça nosso espírito humano, livrando o nosso
íntimo, nossa mente e nossa consciência das vibrações nocivas e contrárias ao destino que
reservastes para cada um de nós, teus filhos e razão da tua existência exterior. Afastes do
nosso destino os maus pensamentos, os desvirtuados sentimentos e as ações contrárias
aos teus desígnios para nossa vida.
Amado Olorum, que os teus sete mistérios vivos se manifestem nestas sete velas firmadas
ao redor da tua vela branca e que eles, teus manifestadores divinos e teus exteriorizadores,
se assentem à nossa volta e nos cubram com suas luzes vivas e divinas, nos envolvam em
suas vibrações originais e afastem da nossa vida e de nosso destino tudo o que for contrário
aos teus desígnios para conosco e inunde-nos com teus eflúvios de amor e de fé, de
sabedoria e de tolerância, de resignação e de compreensão, pois, só assim, amorosos e
reverentes, sábios e tolerantes, resignados e compreensivos quanto a nossa vida e ao
nosso destino, cumpriremos os teus desígnios para conosco e os manifestaremos através
da nossa consciência, da nossa mente, dos nossos pensamentos, dos nossos atos e das
nossas palavras.
Que esta minha casa seja tua casa e que nesta tua casa os teus 7 mistérios se assentem e
façam dela a sua morada humana, pois só assim, abençoado pela tua presença viva e
sagrada e a presença viva e divina dos teus 7 mistérios vivos aqui nesta casa, não haverá
doenças incuráveis, fomes insaciáveis e discórdias insolúveis.
Só assim os maus e os males não encontrarão abrigo na minha morada, que é a tua morada
e a morada dos teus mistérios vivos e divinos, os sagrados senhores orixás.
Bênçãos!, bênçãos!, bênçãos!, senhor da nossa vida e do nosso destino!
Salve!, salve!, salve!, senhor da nossa vida e do nosso destino!
Paz e luz, amado Olorum!
Após essa oração evocatória, todos devem permanecer em absoluto silêncio por algum
tempo, só mentalizando luzes e vibrando bons sentimentos.
Neste momento, devem mentalizar suas dificuldades e clamar pela dissolução delas;
devem mentalizar seus inimigos ou seus perseguidores e opressores e clamar pela
Apostila 053
transmutação dos seus sentimentos negativos (ódios, inveja, etc.), dissolvendo e diluindo
da vida e do destino deles e dos seus todas as coisas contrárias aos desígnios divinos para
com todos nós.
Após isso feito, todos devem agradecer a Olorum e a seus 7 mistérios vivos e ajoelhar e
cruzar o solo com respeito e com reverência, deixando as cadeiras postas à volta da mesa
até que todas as velas se queimem.
No dia seguinte devem recolher o resto das velas e os elementos no prato e nos pires e
despachá-los na terra ou em água corrente, pedindo à natureza que reabsorva os restos
do que ela, generosamente, nos havia dado.
Apostila 054
Umbandas
por Alexandre Cumino
Este texto é parte do livro História da Umbanda, é uma versão editada e adaptada para
servir de nota de aula ou parte da apostila neste Curso Virtual de Teologia de Umbanda.
Sabemos que existem várias correntes de pensamento dentro da Umbanda, e também há
muitas formas de praticá-la, ainda que todas se mantenham fiéis à participação dos
espíritos nos seus trabalhos ou em giras. Não consideramos nenhuma das correntes
melhor ou pior e nem mais ou menos importante para a consolidação da Umbanda. Todas
foram, são e sempre serão boas e importantes, pois só assim não se estabelecerá um
domínio e uma paralisia geral na assimilação e incorporação de novas práticas ou conceitos
renovadores.
(Rubens Saraceni, Formulário de Consagrações Umbandistas, Ed. Madras, 2005. p.19)
•Umbanda Branca: O termo pode ter surgido da definição de Linha Branca de Umbanda
usada por Leal de Souza e adotada por tantos outros. A ideia era de que a Umbanda era
uma “Linha” do Espiritismo ou uma forma de praticar Espiritismo, na qual a Linha Branca
se divide em outras Sete Linhas. Ao afirmar a Umbanda como Branca subentende-se
Apostila 055
muitas coisas, entre elas que possa haver outras umbandas, de outras cores e “sabores”.
Mas a questão de ser branca está muito mais ligada ao fato de associar ao que é “claro”,
“limpo”, “leve” ou simplesmente ausente do “preto”, “escuro” ou “negro” – há um
preconceito subentendido – afinal é uma Umbanda mais “branca” que “negra”, mais
europeia que afro e, porque não, mais Espírita. Geralmente usa-se esta qualificação,
“Umbanda Branca”, para definir trabalhos de Umbanda com a ausência do que chamamos
de “Linha da Esquerda”, para Leal de Souza uma “Linha Negra”. Ainda hoje muitos se
identificam desta forma e geralmente o usam como um “recurso” para “livrar-se” do
preconceito de outros... como a dizer: Sou Umbandista, mas da Umbanda Branca – como
quem afirma pertencer à “Umbanda boa”. Não há uma “Umbanda Negra” ou uma
“Umbanda Ruim”, toda Umbanda é Boa.
•Umbanda Tradicional: Esta qualificação serve tanto para identificar a “Umbanda Branca”,
“Umbanda Pura” ou “Umbanda Popular”. Que são as formas mais antigas, mais conhecidas
e mais populares de praticar Umbanda, muito embora este perfil esteja mudando. Creio
que hoje os terreiros que se adaptaram para uma linguagem mais jovem, mais
intelectualizada e racional estão em franco crescimento, na medida em que no local de
desinformação e/ou bagunça a Umbanda ainda vai secar. E neste mesmo solo vai ressurgir,
nas novas gerações, que quando crianças, em algum momento, visitaram um terreiro.
Estas crianças de ontem, adultos de hoje, podem nos dizer o quanto foi importante o
trabalho da linha das crianças para a multiplicação da religião. Tantos se perguntam como
criar cursos para as crianças na Umbanda, como um “catecismo” de Umbanda, ou
umbanda para crianças, preocupados em como preparar e ensinar religião a nossos filhos.
Se os terreiros mantivessem um trabalho periódico com a incorporação das crianças,
bastava que este se torne o dia de nossos filhos na Umbanda, e que nesse dia nossos filhos
aprenderiam sobre Umbanda direto com estas entidades. A curiosidade levaria nossos
filhos a questionar e querer aprender mais sobre a Religião... Portanto, a ideia de estudar
Umbanda está na base de crescimento e multiplicação da mesma.
•Umbanda Trançada, Mista e Omolocô: São nomes usados para identificar uma Umbanda
praticada com influência maior dos Cultos de Nação ou do Candomblé Brasileiro onde se
combina os fundamentos e preceitos oriundos das culturas africanas com as entidades de
Umbanda. Podem-se ter os tradicionais rituais de Camarinha, Bori, Ebós e oferenda
animais com seus respectivos sacrifícios. Muitos chamam esta variação de Umbandomblé.
O autor, médium, sacerdote e presidente de Federação que mais defendeu a origem
africana da Umbanda foi o conhecido Tata Tancredo. Autor de inúmeros títulos de
Umbanda, publicou seu primeiro livro Doutrina e Ritual de Umbanda, 1951, em parceria
com Byron Torres de Freitas e é defensor da variação chamada de Omolocô, da qual é seu
idealizador no Brasil.
Apostila 059
•Umbanda Cristã: A Umbanda, fundada no dia 15 de Novembro de 1908, tem no Caboclo
das Sete Encruzilhadas a entidade que lançou seus fundamentos básicos, logo na primeira
manifestação esta entidade já esclareceu que havia sido, em uma de suas encarnações, o
Frei Gabriel de Malagrida, um sacerdote cristão queimado na “Santa Inquisição”, por ter
previsto o terremoto de Lisboa, e que posteriormente nasceu como índio no Brasil.
Ao dizer qual seria o nome do primeiro templo da religião, Tenda Espírita Nossa Senhora
da Piedade, porque “assim como Maria acolheu Jesus da mesma forma a Umbanda
acolheria seus filhos”, já dava uma diretriz cristã à nova religião. Há um conto sobre o
Caboclo das Sete Encruzilhadas que diz ter sido chamado por Maria, Mãe de Jesus, para
semear a nova religião. Todo trabalho e doutrina de Zélio de Moraes têm este perfil cristão,
subentendendo Umbanda Cristã, antes de ser “Umbanda Branca” ou “Umbanda Pura”,
outros adjetivos que já foram associados a sua forma de praticá-la.
Jota Alves de Oliveira escreveu um título chamado Umbanda Cristã e Brasileira, no qual
encontrarmos a citação abaixo:
“A Orientação Doutrinária do evangelizado Espírito do Caboclo das Sete Encruzilhadas nos
levou a considerar e historiar seu trabalho enriquecido das lições do evangelho de Jesus,
com a legenda Umbanda Cristã e Brasileira.”
Outro elemento que endossa a qualidade cristã da Umbanda é o arquétipo dos Pretos e
Pretas velhas, são ex escravos batizados com nomes católicos e que trazem muita fé em
Cristo, nos Santos e Orixás.
As qualidades cristãs e a presença dos santos católicos confortam e tranquilizam quem
entra pela primeira vez em um templo umbandista, muito embora não se limite a adornos
e sim a uma presença espiritual dos mesmos.
Apostila 061
Ciência de Umbanda – Uma Religião Brasileira
por Alexandre Cumino
Este texto abaixo é parte integrante do livro História da Umbanda. São fragmentos
editados livremente a partir do original para dar sentido num texto simples, curto e direto.
Os primeiros estudiosos a se dedicarem à Umbanda se deram no campo da Sociologia e
Antropologia partiu, a princípio, da cultura negra para a Umbanda. Pioneiros, como Arthur
Ramos, Edison Carneiro e Roger Bastide, já estudavam as expressões religiosas afro-
brasileiras e passaram a estudar a Umbanda por meio das semelhanças entre elas.
Roger Bastide chegou a entender como uma traição a Umbanda enquanto
“embranquecimento” da cultura negra, afinal ele vai caracterizá-la mais como uma
“revalorização” da macumba carioca.
Embora tivessem uma “visão de fora” para a religião de Umbanda traziam uma “visão de
dentro” dos próprios estudos sobre os Cultos de Matriz Africana. Roger Bastide muda sua
opinião de forma tardia reconhecendo a Umbanda como religião Brasileira. Digo tardia,
pois suas teses e obras principais já haviam sido publicadas, no entanto passa a um de seus
continuadores, Renato Ortiz, as novas considerações do reconhecimento da Umbanda
enquanto Religião Brasileira, retirando o peso da suposta traição, do “negro que quer ser
branco” ou da apropriação, por parte do branco, de uma cultura negra. Neste ínterim,
aparece Candido Procópio Ferreira de Camargo que vinha estudando o Espiritismo e fez o
mesmo procedimento com outro ponto de vista, agora ele veria a umbanda a partir do
kardecismo englobando ambas as vertentes como Religiões Mediúnicas e parte de um
único “continuum mediúnico”.
Mais recentemente veremos Maria Vilas Boas Concone reconhecendo a Umbanda como
Religião Brasileira, e a partir dela e de Renato Ortiz fica clara a identidade nacional da
Umbanda, o que se soma às contribuições únicas de Diana Brow, Lísias Nogueira Negrão,
Patrícia Birman e Zélia Seiblitz, principais estudiosos da Umbanda no contexto
antropológico e sociológico.
São anos de estudo e aplicação do método científico para chegar a estas conclusões, onde
cada um dos cientistas leu e releu, estudou e se aprofundou nas obras de seus
antecessores. Além de todo o aporte teórico e de base para cada uma de suas ciências
vamos encontrar pesquisas de campo e estatísticas que revelam fatos interessantes
quando observados sob o olhar de fora.
Renato Ortiz, sociólogo, iniciou suas pesquisas sobre Umbanda em 1972, concluindo-as
com sua tese de doutorado em 1975, Paris, com orientação do Mestre Roger Bastide. Desta
tese resultou o livro A Morte Branca do Feiticeiro Negro. O trabalho foi realizado em duas
partes, uma de seminários e outra em campo, fazendo um período de um ano de pesquisas
no Rio e em São Paulo. E justifica a escolha destes dois Estados, onde escolheu “o Rio
porque é o lugar histórico de nascimento da religião umbandista;
Apostila 062
São Paulo por ser a região onde o movimento religioso se desenvolve hoje mais
intensamente”.
Ortiz dedica este trabalho única e exclusivamente à Umbanda, não parte do Afro para a
Umbanda, nem do Kardecismo para Umbanda. Em sua obra a Umbanda vai além de um
sincretismo para se autoafirmar como uma síntese do povo brasileiro. A Umbanda é
Brasileira e esta é uma conclusão construída com o rigor do método cientifico, ou seja, o
seu trabalho é a continuidade e a conclusão de todos que o antecederam, pois assim se
constrói o conhecimento científico. Vejamos sentimentos, pensamentos e palavras de
Renato Ortiz que calam fundo na alma que busca a neutralidade do trabalho científico sem
perder o amor pelo objeto do estudo:
“O objetivo de nosso trabalho é mostrar como se efetua a integração e a legitimação da
religião umbandista no seio da sociedade brasileira [...]
[...] Constataremos assim que o nascimento da religião umbandista coincide justamente
com a consolidação de uma sociedade urbano-industrial e de classes...
[...] A sociedade global aparece então como modelo de valores, e modelo da própria
estrutura religiosa umbandista...
[...] Visto que nossa tese coloca o problema da integração da religião umbandista na
sociedade brasileira, pareceu-nos interessante comparar a Umbanda com as práticas do
Candomblé... Com efeito, pode-se opor Umbanda e Candomblé como se fossem dois
polos: um representando o Brasil, o outro a África. A Umbanda corresponde à integração
das práticas afro-brasileiras na moderna sociedade brasileira; o Candomblé significaria
justamente o contrário, isto é, a conservação da memória coletiva africana no solo
brasileiro... O que nos parece importante é sublinhar que para o Candomblé a África
conota a ideia de terra-Mãe, significando um retorno nostálgico a um passado negro. Sob
este ponto de vista a Umbanda difere radicalmente dos cultos afro-brasileiros; ela tem
consciência de sua brasilidade, ela se quer brasileira. A Umbanda aparece desta forma
como uma religião nacional que se opõe às religiões de importação: protestantismo,
catolicismo, e kardecismo.
Não nos encontramos mais na presença de um sincretismo afro-brasileiro, mas diante de
uma síntese brasileira, de uma religião endógena.
Neste sentido divergimos da análise feita por Roger Bastide em seu livro As Religiões
Africanas no Brasil, onde ele considera a Umbanda como uma religião negra, resultante da
integração do homem de cor na sociedade brasileira. É necessário, porém, assinalar que o
pensamento de Roger Bastide havia consideravelmente evoluído nestes últimos anos. Já
em 1972 ele insiste sobre o caráter nacional da Umbanda... Entretanto, depois de sua
última viagem ao Brasil, seu julgamento torna-se mais claro; opondo Umbanda, macumba
e Candomblé, ele dirá: ‘o Candomblé e a Macumba são considerados e se consideram
como religiões africanas. Já o espiritismo de Umbanda se considera uma religião nacional
do Brasil. A grande maioria dos chefes das tendas são mulatos ou brancos de classe
média...’. O caráter de síntese e de brasilidade da Umbanda é desta forma confirmado e
reforçado.”
Apostila 063
Com este trabalho de Renato Ortiz, o olhar sociológico sobre a Umbanda fecha um ciclo
que começa com sua gestação, passando por seu desenvolvimento e identificação como
uma Religião Brasileira. O fato de Ortiz ter trabalhado em conjunto com Bastide nos passa
um valor real de continuidade e capacidade em rever “velhos” paradigmas.
Definir Umbanda é definir algo vivo e em movimento, é como querer definir o que é o “ser”
em toda a sua complexidade.
Segundo Roger Bastide, nos encontramos em presença de uma religião a pique de nascer,
mas que ainda não descobriu suas formas.”1 É certo que Bastide faz esta afirmação no final
da década de 50, sob uma perspectiva dos Cultos Afro-Brasileiros.
Lísias Nogueira Negrão afirma que:
“...a identidade umbandista faz-se e refaz-se em função das demandas de diferenciação e
legitimação, apresentando-se de forma eminentemente dinâmica e compósita.”2
Hoje a Umbanda se encontra melhor estruturada, no entanto, podemos dizer que ela
mantém as características de: Religião ainda em formação (Roger Bastide), heterodoxa
(Diane Brown), dinâmica e, sobretudo multiforme, um sistema religioso estruturalmente
aberto (Lísias Nogueira Negrão) e diverso, no qual se encontra uma certa unidade na
diversidade3 (Patrícia Birman).
Em tempo, um fenômeno isolado não é Umbanda; Umbanda é Religião, portanto existe
dentro de um contexto histórico, geográfico, social e antropológico.
Podemos dizer, num ponto de vista teológico, que Umbanda pertence a Deus e aos Orixás,
quando pudermos definir Deus então, só neste dia, definiremos com precisão o que é
Umbanda.
A Filha de Olorum
por Fernando Sepe
E sua majestosa voz ecoou pelo alto, pelo embaixo, pela esquerda e a direita, pelo a frente
e o atrás, pelo envolta. Por determinação do pai - mãe de Todos, uma nova religião nasceria
sob solo brasileiro. Era sua filha mais nova, a Umbanda.
E um verdadeiro rebuliço começou no Orum, pois logo o mais respeitado dos Orixás se
ergueu de seu Trono e disse que ele seria o responsável e sustentador maior da religião.
Oxalá abençoava o nascer da mais nova filha de Olorum, e a assumia dos Seus Divinos
Braços. Nela a espiritualidade e a fé estariam presentes, como aceleradora da evolução de
todos. Não existiriam dogmas, e apenas um grande fundamento: Amor e Caridade.
E logo começaram a chegar os Orixás, todos também abençoando e apadrinhando a nova
filha de Olorum. Ogum e Iansã, os mais emocionados de todos, diziam que protegeriam a
nova religião com as armas da Lei.
E então a voz trovão de Xangô ecoou, pelos quatro cantos do Orum, dizendo que ele seria
a Justiça a favor de todos. Sua palavra seria Lei, e todos os filhos de Umbanda nada
temeriam, pois todos são filhos de Rei, o Rei Xangô.
Apostila 064
Também apresentou a todos sua mais nova esposa, Egunitá a quente irmã mais nova de
Iansã. Ela que era “fogo puro” encantou a todos, e disse que protegeria a Umbanda.
E assim a filha mais nova de Olorum ganhou seus dois padrinhos: a Lei Maior e a Justiça
Divina.
Mas algo engraçado aconteceu. Muitos espíritos vindos de um dos muitos bairros do
Orum, Aruanda, disseram que eles seriam os trabalhadores e a linha de frente da religião,
além de assumirem a condução dos médiuns umbandistas.
Oxalá que é o senhor das formas, e pai da Umbanda, consentiu e determinou que por
homenagem ao povo negro e indígena todos assumissem a forma de Caboclos e Pretos-
Velhos.
E logo chegou Oxóssi de uma de suas muitas caçadas, e assumiu toda a linha de Caboclos,
tornando-se o Rei dos Caçadores. Distribuiu um diadema a todos consagrando-os como
caboclos. Todos os caboclos trazem até hoje o diadema ganho do Rei das Matas.
E o velho Obaluayê junto de Nanã abençoou todos os espíritos anciões que se consagravam
ao trabalho da linha de pretos-velhos. Concedeu a eles a sabedoria que só o passar do
tempo pode conceder. E todos se transformaram em ótimos conselheiros e curadores,
principalmente das chagas da alma.
E por falar em tempo, ele também estaria presente. Oyá-Tempo (xará de Iansã – Oyá), seria
responsável pelas forças do tempo dentro da nova religião. E como ela é muito
observadora e, vamos dizer, bastante desconfiada, seria a guardiã da fé e dos processos
da religiosidade. E "ai" de quem pisasse na bola da religiosidade. Lá estaria Oyá com seu
olhar congelante...
Iemanjá que é uma “mãezona" queria que todos os espíritos que se manifestassem para a
caridade pudessem ser aceitos no ritual, sabe como é, "em coração de mãe sempre cabe
mais um". E assim ficou decidido, pois ninguém tem coragem de negar um pedido da
encantadora Rainha do Mar. E a Umbanda acolheria a todos, caso viessem para prestar a
caridade. Surgiam então as muitas linhas de trabalho, como baianos, marinheiros,
boiadeiros e os muitas vezes renegados pelo próprio povo de origem, os ciganos...
E de repente apareceu Oxum, perguntando que festa era aquela. Quando ficou sabendo
que era o nascimento da mais nova filha de Olorum, começou a chorar e a abençoou com
suas lágrimas que caíam de seus olhos como duas enormes cachoeiras. (Ela é muito
chorona, mas não gosta que a gente fale sobre isso...)
E de presente a ela, chamou Oxumaré, que transformou tudo em cores e disse que
renovaria e embelezaria tudo com seu axé colorido.
E junto do seu arco–íris vieram os encantados da natureza, as crianças que seriam a alegria
da Umbanda.
O “time” estava quase completo, quando da terra surgiram o amado Tata Omulu e Obá.
Não muito sorridentes, para falar a verdade bem sérios e um pouco secos, disseram que
também fariam parte da nova religião. Que queriam ver seus cultos renovados, e que seria
a força do elemento terra. Obá que depois de muitas desilusões nada mais queria com
Xangô, resolveu unir–se a Oxóssi, e ajudá-lo a disseminar o conhecimento.
Apostila 065
Omulu que é muito calado colocou-se ao lado de Iemanjá, dizendo que a guardaria por
todo o sempre. Na verdade, até umas lágrimas foram vistas cair de seus olhos, negros
como a noite. Ele é meio incompreendido, mas quem o conhece sabe que é o mais
amoroso dos Orixás.
Todos estavam comemorando, quando não se sabe direito porque uma confusão
começou, e ninguém mais sabia o que iria fazer. Oxalá que muitas vezes já tinha sido
enganado por “ele”, não seria novamente. Logo disse:
- Laroiê Exu! Você também é convidado a participar da nova religião. Será responsável pela
esquerda de todos. Mas vai ter que seguir as Leis de Xangô, e será acompanhado de perto
por seu querido irmão Ogum!
Uma gargalhada soou por todo Orum, e Exu apareceu. Junto dele a mais bela moça,
Pomba-gira. Exu ficou feliz, disse que agora teria Pomba-gira para dividir seu trabalho, mas
que não abriria mão de ser sempre o primeiro a ser firmado. Não porque ele era aparecido,
mas sim porque era ele quem guardaria os templos e casas de Umbanda.
E muito esperto que era, disse:
- Olha, eu vou supervisionar o trabalho junto com Pomba-gira. Mas vou deixar uns espíritos
trabalhando com a minha força fazer o trabalho. Afinal, o que o homem faz o homem que
desfaça. E também o meu irmão Oxóssi é senhor da linha de Caboclos, porque eu não posso
ser senhor da Linha de Exu?
Bom, começaram umas discussões, mas acabou acertado que o Orixá Exu atuaria na
Umbanda, a partir de sua linha de trabalho. Seria a linha que faria o trabalho pesado, além
de serem os guardiões dos médiuns, e dos templos de Umbanda.
E assim todos os Orixás muito emocionados deram as mãos e começaram a orar pelo
sucesso da mais nova filha de Olorum.
E então o Pai e Mãe de Todos se manifestou:
“Meus amados filhos Orixás, a Vós eu consagro minha filha nova e dileta, a Umbanda. Que
ela transforme–se em uma religião semeadora de luz, amor e caridade. Que seja
espiritualista e universalista, que esteja aberta a todos de bom coração. E que em sua
pedra fundamental esteja escrito o seu único dogma: Amor e Caridade!”
E de Si Sete intensas irradiações partiram, e envolveram sua filha querida. Todos se
emocionaram e agradeceram a Olorum por essa bênção à humanidade.
Quase cem anos se passaram, e a Umbanda cresceu um bocado.
Transformou–se um uma linda jovem, amorosa e alegre. Amparada por seu Pai Oxalá, e
seus padrinhos, a Lei Maior e a Justiça Divina, ela vai vencendo todos os obstáculos.
Os seus trabalhadores conquistaram o coração das pessoas.
Todos correm para escutar a palavra de sabedoria do preto–velho, ou a conversa pura e
alegre da criança.
Os Caboclos transformaram-se na linha de frente da Umbanda, trazendo as qualidades dos
nossos amados pais e mães Orixás. Onde existe um Pena Branca, lá está a paz e serenidade
de Oxalá. Onde trabalha um Sete Espadas, estão os olhos da Lei.
Apostila 066
Exu e Pomba-gira se fizeram presentes tornando-se sinônimos de proteção e cumprimento
da Lei, seja na seriedade do Tranca-Ruas, no olhar penetrante do seu Capa Preta, ou na
força da Rainha Maria Padilha.
Todos os espíritos podem se manifestar para a caridade, como um dia pediu a “mãezona”
Iemanjá, surgindo assim a alegria dos muitos “Zés” que trabalham na Umbanda.
E principalmente a Umbanda tornou-se sinônimo de amor e caridade, de luz e evolução
espiritual.
Esse texto é apenas uma fábula, uma lenda ou um Itan, que presta também sua
homenagem à filha mais nova de Olorum. É um pedido para que enfim as pessoas
entendam que existe algo maior que a “minha” ou “a sua” Umbanda. Simplesmente existe
A UMBANDA, filha querida de Olorum, que encanta a todos os Orixás, e enche os olhos do
velhinho e amoroso Oxalá de lágrimas de felicidade e amor...
(Sepe, em homenagem a Umbanda, essa linda religião universalista, doada a todos nós
pelos amados Pais e Mães Orixás).
Kimbanda e Quimbanda
por Edmundo Pellizari (Ras Adeagbo)
Apostila 068
A imagem é consagrada cerimonialmente, e uma porção do espírito da entidade passa a
habitar a efígie.
Na Quimbanda, na maioria das vezes, são utilizadas imagens de gesso que representam os
espíritos aliados.
Comumente estas imagens têm aspecto avermelhado, podendo ter chifres ou não.
O kimbandeiro é um agente social.
Ele depende da comunidade e a comunidade depende dele.
Quando aceita um pagamento para seu trabalho, ele retira do mesmo a sua
sustentabilidade.
Todo mundo sabe e pactua com isso.
Não existe abuso.
Trocas de mercadorias e favores podem substituir o dinheiro como pagamento.
As pessoas empobrecidas são atendidas sem nada precisar dar em troca.
As vestes do xamã bantu são normais e naturais.
Quando está trabalhando usa filá, guias de sementes, cinturão com amuletos e roupas
sóbrias.
Três são os pilares do kimbandeiro: amor, honra e caridade.
O universo da Kimbanda é composto por três mundos que se interpenetram:
O mundo celeste onde moram os espíritos celestiais e originais (alguns Minkizis e
ancestrais divinizados), o mundo natural habitado pelos homens e pelos espíritos da
natureza (elementais) e o mundo subterrâneo da morte e dos ancestrais.
O médium na Kimbanda é um canal entre os espíritos e os que precisam dos espíritos.
Ele é um instrumento mágico, um servidor da humanidade que pratica um transe
profundo, pois, somente adormecendo o ego o divino pode fluir.
Os espíritos utilizam o médium com gentileza e cuidado, sem esgotar suas reservas de
energia psíquica.
A Umbanda, certamente, bebeu das águas tradicionais da Kimbanda.
Os negros bantus trouxeram sua herança espiritual, legítima, luminosa, ecológica e
antiquíssima.
Oramos para que as antigas almas dos Tatas e Yayas nos ajudem a separar o trigo do joio.
Nzambi primeiro!
Nsala Malekun!
Apostila 069
O que é Religião?
por Alexandre Cumino
Uma das formas de definir religião é ir direto ao significado da palavra, do latim, religare,
que tem o sentido de religar-se a DEUS. Logo um entendimento teológico da mesma é
propiciar um encontro ou reencontro com DEUS.
Mas, o que pode parecer simples é, no entanto, complexo, afinal há formas muito variadas
de religião e até algumas, como o budismo e jainismo, em que nada se refere a DEUS, são
praticamente religiões ateístas.
Partindo desse ponto de vista, a definição de religar-se, embora seja muito interessante,
não expressa todas as dimensões que as diversas religiões encerram em si mesmas. Por se
tratar de algo indissociável ao ser humano, como produto cultural e social, recorremos às
ciências humanas para melhor compreender o fenômeno em suas múltiplas formas de
expressão.
Desde que o homem habita este mundo há religião, o próprio homo sapiens é considerado
um homo religiosos; apesar de reconhecermos o quanto a religião faz parte de nossas
vidas, ela já passou por um período de “trevas”, justamente no período em que surge o
iluminismo. É quando surge o mundo moderno, pós-revolução francesa, que o homem se
voltará a um racionalismo cientificista que nega o valor da religião. No séc. XIX, Augusto
Conte torna-se o precursor do positivismo declarando que a religião seria substituída pela
ciência, pois no futuro esta teria as repostas para as inquietações humanas buscadas no
mundo teológico. E assim como os períodos mitológicos e mágicos já haviam sido
superados pelo religioso, este também seria ultrapassado, declarando sua inutilidade.
Religião tal qual se conhece seria uma pseudossolução para pseudoproblemas.
Nos passos de Conte viriam Nietzsche, declarando a morte de Deus, Freud, considerando
religião uma ilusão, algo infantil, e Marx que afirmaria ser o suspiro dos oprimidos, ópio do
povo. Cientistas promoveram uma nova inquisição na qual só tem valor o que pode ser
observado, experimentado e mensurado dentro do método científico.
Em meio a tanto ceticismo, Jung oferece um contraponto às ideias de Freud,
demonstrando a importância das questões religiosas na vida do ser, apresentando o erro
da aplicação do método científico para negar o valor que possui a religião na vida e na
psique humana:
“O conflito surgido entre ciência e religião no fundo não passa de um mal-entendido entre
as duas. O materialismo científico introduziu apenas uma nova hipótese, e isso constitui
um pecado intelectual. Ele deu um nome novo ao princípio supremo da realidade,
pensando, com isso, haver criado algo de novo e destruído algo de antigo. Designar o
princípio do ser como Deus, matéria, energia, ou o quer que seja, nada cria de novo. Troca-
se apenas de símbolo."1
cit1 Jung. Psicologia e Religião Oriental. Petrópolis: Ed. Vozes, 1991. 5 edição. P. 03
Apostila 070
Religião faz parte de uma realidade subjetiva do ser, o que não pode ser mensurado, já
que as ciências naturais se ocupam da realidade objetiva. Buscamos no método científico
respostas de como funciona a realidade física, no entanto, o mesmo é insuficiente para dar
sentido a esta realidade. Para entender melhor essa dinâmica humana do ente que busca
respostas além de si mesmo é que se abriu campo nas ciências humanas, com o fim de
entender a experiência religiosa em suas diversas dimensões.
O pai da sociologia, Émile Durkheim, em sua obra clássica, As Formas Elementares de Vida
Religiosa, faz considerações importantes sobre o que vem a ser religião:
Não há, pois, no fundo, religiões que sejam falsas. Todas são verdadeiras à sua maneira:
todas respondem, ainda que de maneiras diferentes, a determinadas condições da vida
humana [...].2
A conclusão geral deste livro é que a religião é coisa eminentemente social [...]. 3
Para aquele que vê na religião apenas manifestação natural da atividade humana, todas
as religiões são instrutivas, sem nenhuma espécie de exceção, pois todas exprimem o
homem à sua maneira e podem assim ajudar a melhor compreender esse aspecto da nossa
natureza. [...] Uma noção que geralmente é considerada como característica de tudo aquilo
que é religioso é a de sobrenatural.
Com esse termo entende-se toda ordem de coisas que vai além do alcance no nosso
entendimento; o sobrenatural é o mundo do mistério, do incognoscível, do incompreensível
[...].4
Max Muller via em toda religião “um esforço para conceber o inconcebível, para exprimir
o inexprimível, uma aspiração ao infinito”. [...].5
Todas as crenças religiosas conhecidas, sejam elas simples ou complexas, apresentam um
mesmo caráter comum: supõem uma classificação das coisas... pelas palavras “profano “e
“sagrado”. [...] Eis como o budismo é uma religião: na falta de deuses, admite a existência
de coisas sagradas, a saber, das quatro verdades santas e das práticas que delas derivam.
[...].6
Uma religião é um sistema solidário de crenças seguintes e de práticas relativas a coisas
sagradas, ou seja, separadas, proibidas; crenças e práticas que unem na mesma
comunidade moral, chamada igreja, todos os que a ela aderem. [...].7
Edênio Valle, em sua obra Psicologia e Experiência Religiosa afirma que “W. H. Clark reuniu,
em 1958, nada menos que 48 definições psicológicas de religião”. Entre estas, ele
transcreveu algumas, e destas nós destacamos as seguintes para concluir o que vem a ser
religião: Rudolf Otto, “A religião é o empreendimento humano pelo qual se estabelece um
cosmo sagrado.
2 Op. cit. P. 31
3 Op. cit. P. 38
4 Op. Cit. P. 54
5 Op. cit. p. 55
6 Op. cit. P. 68
7 Op. cit. P. 79
Apostila 071
Ou é a cosmificação feita de maneira sagrada. Por sagrado entende-se aqui uma qualidade
de poder misterioso e tremendo, distinto do ser humano e, contudo, com ele
relacionado, pois se acredita em sua presença em certos objetos de experiência... é o que
faz tremer e é o fascinante”.
B. Grom, “Religioso é tudo o que para os seres humanos encerra uma relação a algo sobre-
humano e sobremundano, prescindindo-se dos modos concretos pelos quais o religioso
pode ser concebido e experimentado.”
W. James - “São os sentimentos, atos e experiências do indivíduo humano, em sua solidão,
enquanto se situa em uma relação com seja o que for por ele considerado divino.”
M. F. Verbit - “A religião é a relação do ser humano com qualquer coisa que ele conceba
como sendo a realidade última dotada de significado.”
M. W. Calkin - “Religião é a relação consciente do self humano como self divino, isto é, com
um self visto como maior que o self humano.”
Tomás de Aquino - “A religião é a virtude pela qual os homens rendem a Deus o devido
culto e reverência.”
Ernest Renan - “A Religião é a mais alta e atraente das manifestações da natureza
humana.”8
Definir o que vem a ser religião não é tarefa fácil, resumir em poucas palavras pode nos
levar a um reducionismo de seu valor, estender-se na explicação pode tornar vago o
conceito e, da mesma forma, um religioso falando sobre religião costuma antes definir o
que é sua religião correndo o risco de excluir as outras.
Antes de tudo, pode ser algo tão universal e ao mesmo tempo diverso, é preciso certa
neutralidade para apreender seu significado. Quando se trata de religião, nossa postura
deveria ser antes de entender que explicar, principalmente a religião do outro.
E para fechar fica a definição do Mestre e Místico Hindu Vivekananda:
“A religião não consiste em doutrinas e dogmas. Ela não é o que você lê nem os dogmas
que você acredita serem importantes, mas o que você percebe... A finalidade de todas as
religiões é a percepção de Deus na alma. Essa é a única religião universal.”9
8 Ernest Renan, Études d`Histoire Religieuse. In Félicien Challaye, As Grandes Religiões. São Paulo: Ed. Ibrasa, 1998. p. 13
9 Vivekananda: O Professor Mundial. Ed. Madras
Apostila 072
Esvaziar e encher o seu copo
Esteja ou não buscando mudanças ou um novo estágio de evolução na sua vida, desejando
alcançar novas conquistas, sair de uma dificuldade e ser mais feliz, existe algo
extremamente importante neste sentido, algo que a maioria das pessoas ignora na hora
de obter as transformações que deseja. Então, é sobre isso que gostaria que você refletisse
neste momento, sobre “esvaziar seu copo”. Muita gente se apega ao que já sabe como se
fosse uma verdade absoluta e, por isso, não abre espaço para o novo. Você já ouviu a
história do copo cheio e do copo vazio? É uma metáfora e é exatamente sobre isso que
estou falando. Quando você não está disposto a absorver novos conhecimentos, novos
olhares, perspectivas, pontos de vista, significa que seu copo está cheio e, portanto, não
cabem mais informações diferentes, um jeito novo de pensar ou de fazer. Daí as
possibilidades de mudanças se tornam limitadas ou praticamente não acontecem. Antes
de iniciar esse curso, é necessário esvaziar o copo, isso é fundamental para abrir espaço
dentro de si. Caso contrário, você tende a ser mais um preso numa bolha de ego. E isso
acontece essencialmente por você estar limitado a verdades absolutas ou, muitas vezes,
por continuar tentando as mudanças pelo mesmo caminho. Há pessoas que fazem um
curso e dizem que o conteúdo não apresentou novidade, que é ultrapassado, que não
valeu a pena. Independentemente do todo o conhecimento que você possui, o que quero
dizer é que é fundamental reconhecer que nenhum deles é ‘absoluto’. “Esvaziar o copo”
não significa jogar fora tudo o que você aprendeu na vida, e sim que todo aprendizado
deve ser colocado em prática para que haja espaço no copo. É por isso que renomados
cientistas e pesquisadores buscam aprimorar conhecimentos, não param nunca de
estudar. A mensagem principal é que você SEMPRE pode aprender algo novo. Mesmo que
o resultado final seja aquele previsível, o caminho até ele pode ser diferente. As pessoas
ao seu redor também lhe acrescentam. Você pode aprender se simplesmente parar para
ouvir e prestar atenção ao outro. No entanto, se estiver com o copo cheio, perde essa
oportunidade. Não se contente com pouco, independentemente da transformação que já
passou.
Apostila 073
Não existe verdade absoluta
(Platão)
Esse seria o primeiro item que ninguém deveria esquecer. Não existe verdade absoluta,
assim como não existe certo e errado. O que existe é o ser humano, sua consciência e seu
enorme leque de escolhas. Portanto a questão do respeito, na religião de Umbanda, é
extremamente importante termos em nosso coração, para nossa própria evolução. Não
adianta cobrarmos respeito, como umbandistas, e não fazermos nossa parte. Não existe
verdade absoluta, acreditamos em nossa verdade. E hoje, em nossa vida, a Umbanda é a
nossa verdade. Pode ser que amanhã, essa verdade se modifique e a Umbanda deixe de
ser uma realidade, através de novos caminhos e novas verdades, conforme a necessidade
evolutiva de cada um. Desta maneira, não há necessidade de discussão, brigas, da tentativa
de colocar essa verdade, que é só nossa, na cabeça de outras pessoas, pois não resolverá
nada. Discussões e brigas atrapalham a vida em contexto geral, não só dentro da religião.
A vida é o que acontece a cada segundo, a cada respiração, a cada sentimento. E nós somos
essa experiência diária. Somos a liberdade do vento que nos corta, a imensidão do céu e a
grandeza do amor. Nós somos a parte mais complexa e mais intensa do Universo. E que
universo! Escolha como verdade as palavras que escutar nas entrelinhas e no silêncio.
Escolha que o certo é o que o coração fala e a cabeça pondera.
Apostila 075
A Tronqueira
A Troqueira, logo após a entrada que é o marco divisório entre o profano e o Sagrado, é a
força absorvente ou neutralizadora do Terreiro.
Temos em um Terreiro, uma força ativa ou irradiante que é o Congá.
A tronqueira é um recurso da Umbanda que funciona como anteparo a seres com energias
negativas.
É um ponto de firmeza ou assentamento de ferramentas, velas, minerais, elementos
naturais.
O nome vem do passado, de uma simbologia do tronco que segura o cavalo.
Antigamente era a segurança do cavaleiro.
Para descansar ou parar, o mesmo firmava ou amarrava o cavalo no tronco.
No Terreiro, funciona como um ponto de força onde está firmado (ativado) o poder dos
guardiões que atuam em dimensões à nossa Esquerda (Exu, Pomba Gira, Exu Mirim e
Pomba Gira Mirim).
O ponto de força funciona como um para-raios: é um portal que impede as forças hostis
de se servirem do ambiente religioso.
É o Exu guardião do terreiro que passa a instrução de assentamento e montagem da
tronqueira.
Fica na entrada do lado esquerdo de quem entra no terreiro e devemos total respeito.
Existem gestuais ritualísticos para saudar a Esquerda.
Após entrar no terreiro e fazer o Sinal de Consagração às forças do Alto, do Embaixo, da
Direita e da Esquerda, deve-se saudar as forças da Esquerda, batendo três vezes na porta
da tronqueira, assim, estará chamando a força da Esquerda para se unir à ela, para sua
proteção, para seu amparo, para sua vitalização e estímulo, para seus bons interesses, que
seja neutralizada toda ação negativa externa, para que possa ser realizado uma gira de
maneira tranquila e bem protegida pelos guardiões.
Também pode-se fazer o gestual de cumprimento à Exu, bater os dois punhos, um no
outro, que significa a união do polo positivo com o negativo, saudando e reverenciando
essa força.
Apostila 076
Apostila 077
Apostila 078
GIRAS DE UMBANDA
Proteção:
Todo médium umbandista deve ter suas proteções espirituais firmadas em sua casa e, o
mínimo que se deve ter, é uma vela branca de sete dias para seu anjo da guarda e uma
vela vermelha/preta (bicolor) para sua esquerda. Além disso, o médium pode
eventualmente firmar velas aos seus Orixás ou aos Orixás que queira um maior amparo.
Triângulo de proteção:
Para reforçar a proteção do anjo da guarda, para momentos de dificuldade com demandas
negativas ou antes de sair com objetivo de fazer trabalhos espirituais para ajudar terceiros,
se firma um triângulo de proteção para os Orixás com a vela do anjo da guarda no centro.
Ofereça a vela do alto do triangulo a seu Orixá ancestral, a da direita a seu Orixá de frente
e a da esquerda a seu Orixá de Juntó, firmando a vela de seu anjo da guarda no centro que
ao mesmo tempo, também, representa você no centro de proteção do triângulo. Caso não
saiba quais são seus Orixás ancestres, frente e juntó pode escolher três Orixás de sua
preferência ou que tenha a ver com o contexto.
Apostila 079
Triângulo da esquerda:
Além da vela bicolor vermelha/preta pode-se firmar um triângulo com três velas de sete
dias (branca, vermelha e preta), colocando a branca no vértice de cima do triângulo, a
vermelha no vértice da direita e a preta no vértice da esquerda. Oferecendo para Deus,
Orixá Exu, Orixá Pomba Gira e a todos Exus e Pomba giras. Oferecendo bebida e fumo a
todos eles. Bata paô e faça as saudações de forma adequada. Este triângulo forma um
espaço mágico poderoso capaz de descarregar com facilidade as cargas negativas que
podem estar com o Umbandista. Ofereça à seus guias e peça à eles força, proteção e o que
mais de bom e para o bem que precisar. As firmezas de esquerda são feitas fora de casa,
na varanda ou em uma lavanderia.
Bater Paô:
A palavra paô vem do yorubá e quer dizer união. Assim bater paô é um pedido de união ou
de encontro com a divindade ou as entidades. Este gesto é feito por meio do bater palmas.
Se chegar carregado:
Se você chegar ao terreiro se sentindo mal, carregado de energias negativas, com dor de
cabeça, pense antes se fez seu banho de ervas e se deixou suas velas do anjo da guarda e
da esquerda acesas. Caso contrário fica o alerta da importância destas proteções. Pense se
durante o dia encontrou alguém que estava com está energia ruim e possa tê-la passado à
você ou alguém que você sente estar lhe desejando ou enviando esta carga negativa. Isto
é apenas para você se tornar consciente de onde vem estas energias para poder evitar. No
templo vá até a tronqueira toque o chão três vezes como de costume faça a saudação e
pata paô 3x3 para Exu e Pomba Gira, repetindo mentalmente a saudação de chamada
deles: “Laroyê Exu, Exu Mojubá, Laroyê Pomba Gira, Pomba Gira Mojubá”. E vai pedindo
mentalmente para eles te limpar e descarregar de toda energia negativa. Fique ali
ajoelhado por uns minutos sentindo esta limpeza. Após isso vá bater cabeça e faça
novamente seus pedidos no altar. Geralmente, para cargas negativas isso costuma resolver
imediatamente. Caso não dê resultado procure seu sacerdote e explique que não está
bem.
Apostila 080
Defumação:
A defumação é um ato de limpeza e purificação do templo e das pessoas, é feita com
carvão em brasa e ervas ou resinas aromáticas de boa qualidade, queimadas dentro de um
turíbulo (incensório). Geralmente é feito durante o ritual de abertura dos trabalhos
passando o turíbulo esfumaçado diante de cada um dos umbandistas que devem tomar a
fumaça com as mãos e trazer até sua cabeça e então dar um giro sobre si mesmo no sentido
anti-horário, simbolizando o descarrego e a ideia de que ali o tempo profano não conta
mais.
Apostila 081
Consagração na Umbanda
“Consagrar significa dar direção, direcionar 'o que for' ao seu uso, tornando um objeto sagrado"
(Sereia de Aruanda)
Consagrar é, além de respeito, devoção e um ritual energizante. Para acender uma vela,
ou oferecer agrados à um guia, é sempre bom consagrar, ou seja, destinar, o objeto ou até
mesmos as oferendas como comidas, padês, flores para àquele mentor espiritual.
No caso das velas, você estará elevando o 'objeto' como algo sagrado, direcionando a
energia daquela chama para o Anjo ou Ser Superior à quem você quer fazer um pedido
e/ou agradecer.
Quando compramos uma vela, em uma loja, esta vela é apenas um objeto comum, de
parafina, que pode ser utilizadas de diferentes formas. Para que esta vela torne-se um
instrumento ritualístico, é necessário consagra-la, tornando um objeto que antes era
mundano, em um instrumento sagrado.
Existem inúmeras formas de consagrar um objeto, desde as mais simples, às mais
elaboradas com ervas, óleos, água benta etc. Mas não se preocupe que o que vai importar,
na hora de dedicar algo à planos Astrais, é sua fé e a energia depositada naquele ritual.
Sempre segurando o objeto, ou com as mãos estendidas sobre ele, emanando e
depositando sua energia ali, com concentração, fazendo seus pedidos e agradecendo
sempre suas bênçãos.
Segure-a na palma das mãos, coloque ao alto da coroa, e como uma prece, invoque à Deus,
Anjo da Guarda, Guias ou Orixás, que consagre para seu uso ritualístico e qual será sua
função.
Lógico que fica a critério de cada um, intuitivamente, se haverá a utilização de outros
materiais para a consagração. Mas como já mencionado, o que mais vale é sua intenção.
Lembre-se que “o que lançamos ao Universo, a nós retornará”.
Apostila 082
Atuação do Defumador:
1) A essência do defumador, desfazendo-se no ambiente, isto é, misturando-se com o éter
atmosférico, vai ser sentido e usado pelos espíritos, neutralizando e desfazendo as
energias pesadas;
2) Seu aroma desperta alguns centros nervosos dos médiuns, fazendo esses centros
vibrarem de acordo com as irradiações fluídas espirituais.
Fogo:
Utilizado para acender defumadores, charuto, cachimbo, cigarro e pólvora. O fogo da
pólvora (tuia) produz o estouro e a fumaça para que expulse a negatividade, rompendo o
campo magnético. Associado nos ritos de magia religiosa age como afastador de espíritos
inferiores e destruidor (queima) as energias pesadas, estourando as bolsas miásmicas do
ambiente, sempre fruto dos pensamentos dos seres que nele estão ou habitam.
Velas:
Vieram para a Umbanda por influência do Catolicismo. Iluminadas, são pontos de
convergência para que o umbandista fixe sua atenção e possa assim fazer sua rogação ou
agradecimento a Deus, aos Orixás e Guias.
Apostila 083
Na vela encontramos a vibração dos 4 elementos naturais: água, terra, fogo e ar. É a
atuação da magia dos elementos. Ao acendê-la de forma religiosa através da prece,
produz-se a indução ao movimento magístico com as Forças Sutis Eólicas, Igneas, Hídricas
e Telúricas. Ao iluminá-las, também, homenageia-se, como símbolo de fé, a Deus, Jesus, a
Mãe Santíssima, aos Orixás e Guias, reforçando uma energia que liga, de certa forma, o
corpo ao espírito.
Água:
Sua utilidade é imensa. Serve para os banhos, amacis, para cozinhar, para lavar as guias,
para descarregar os maus fluídos pela captação, para o batismo, para fluidificação.
Dependendo de sua procedência (mares, rios, chuvas e poços), terá um emprego diferente
nos rituais. A água poderá concentrar uma vibração positiva ou negativa, dependendo do
seu emprego.
Ponto Riscado:
São sinais gráficos que refletem uma energia, atraem espíritos, fornecem ordens e
comandos de atuação espiritual, identificam os Guias em trabalho. Cada ponto, seja de
Caboclo, do Preto Velho ou do Exu, tem uma interpretação, podendo identificar aquele
que o risca, podendo caracterizar a natureza do trabalho.
Concentração:
É ter a mente fixada sobre um objeto. Trata-se do movimento Tântrico.
Meditação:
É uma corrente contínua de pensamentos a respeito desses objetos.
Bater Cabeça:
O médium da Casa, num ato de humildade e em respeito às firmezas do Congá, deitasse
de barriga pra baixo em frente a ele (Gongá) a fim de pedir proteção. Tem, também, o
significado ritual de entrega ao serviço de Deus no trabalho mediúnico espiritual do
Templo a que pertence.
Congá:
Altar Ritualístico, onde ficam os símbolos, elementos de irradiação, imagens, etc... É o
ponto de atração e irradiação no Abaçá.
Apostila 084
Sineta Litúrgica:
Deve ser utilizada e consagrada em momentos apropriados somente por pessoas
capacitadas para tal, devendo ser guardada no Congá. Tem o significado litúrgico de
chamar a atenção para o sagrado e evocar os bons espíritos trabalhadores.
Otá:
Pedra (de rio, cachoeira ou praia), axé do Orixá (onde se fixa a força mágica da Vibração).
O otá tem vida energética quando ativado; somente assim é um otá. Sua forma,
dependendo do Orixá, poderá ser redonda, arredondada (ovalada) ou comprida. É um
condensador e funciona como um transformador energético.
Preceito:
Normas, proibições e recomendações relativas ao culto.
Bebidas:
Na Umbanda, bebem os médiuns irmanados com seus Guias espirituais, na certeza de que
confraternizam bridando com seus coetés (cuias), invocando os poderes do Deus
Onipotente na sua Corte Celestial com os Ministros (Orixás). Ao mesmo tempo o teor
alcoólico é utilizado pelos Guias, através da emanação pelo corpo do médium. -E usado
para defesa e para trabalhar ajudando aos aconselhados.
Pemba:
A força esotérica da Escrita astral, na Umbanda, é feita pela Pemba (giz oval - forma
cônica), que tem o poder de abrir e fechar trabalhos de magia, e de purificar, quando em
forma de pó é lançada ao ar no ambiente em que se utiliza.
Apostila 085
Prece:
É uma evocação por meio da qual colocamos nossos pensamentos em relação a Deus,
Jesus, Maria, Orixás ou às Entidades. Pode ser pensada ou mentalizada, falada ou cantada.
Iniciações:
É um dever, um compromisso com a função sacerdotal do médium. Implica na presença
do Sacerdote, que com sua força espiritual, com o conhecimento do ritual e do material a
ser aplicado na Iniciação, estabelece o elo, o canal entre o filho e as forças espirituais da
egrégora.
Oferenda:
É um ato livre através do qual se oferece aos Orixás e Guias elementos materiais,
principalmente relativas à alimentação, elementos extraídos da natureza, com o fim de
homenagear aos Orixás e Guias e realizar a magia pelo trabalho, por parte dos espíritos,
da contraparte etérica das oferendas.
Curimbas ou Pontos Cantados:
São cânticos homenageando e invocando as Entidades, marcando o início de sua
incorporação ou desincorporação, para criar formas mágicas para determinados trabalhos,
para abrir e fechar sessões no Terreiro, parar pedir forças espirituais, para afastar espíritos
maus, etc...
Atabaques:
Eles servem para manter o ambiente sob uma vibração homogênea e fazer com que todos
os médiuns permaneçam em vibração (danças, aceleração do médium).
Bater com as pontas dos dedos, no chão:
Saudando, homenageando e pedindo licença ao local.
Guias (fios de contas):
É um colar ritual de miçangas, contas de cristal, de louça, de frutos pequenos, de pedras,
construídos de acordo com a Entidade, que designa também a cor de sua preferência.
Podem ter pequenos objetos presos a eles.
Vestimenta - Roupa Branca:
É a vestimenta para a qual devemos dispensar muito carinho e cuidado, idênticos ao que
temos para com nossos Orixás e Guias. As roupas devem ser conservadas limpas, bem
cuidadas, assim como as guias (fios de contas), não se admitindo que um médium, após
seus trabalhos, deixe suas roupas e guias no Terreiro, esquecidas. Quando a roupa fica
velha, estragada, jamais o médium deverá dar ou jogar fora. Ela deverá ser despachada no
mar pois trata-se de um instrumento de trabalho do médium.
Apostila 086
Toalha Branca:
Trata-se de um pano branco em formato de toalha (retangular), podendo ser contornado
ou não com renda, fino ou grosso, de tamanho aproximado de 0,50 x 0,76 m. É utilizado
para o médium bater cabeça. É símbolo do trabalho espiritual.
Trabalhar descalço:
O médium, sempre que possível, ao incorporar, deve trabalhar descalço por uma questão
de humildade e para facilitar a incorporação, bem como para haver melhor descarga dos
fluídos nocivos, diretamente para a terra. Estando o médium calçado, estará isolado da
terra, o que dificultará a eliminação dos fluídos nocivos (negativos).
Banhos de Descarga:
São coisas sérias, requerendo atenção de quem os toma. Pode ser um banho de flores,
ervas ou essências. Cada um deles traz o seu magnetismo e a pessoa vai absorvê-lo de
modo que ao tomá-lo, elimina toda a influência negativa agregada a sua vibratória humana
(corpo etérico). As ervas, de preferência, devem ser colhidas por pessoas capacitadas para
tal, em horas e condições exigidas, entretanto, podem ser usadas também as adquiridas
no comércio (frescas), desde que quem vá usá-las, as conheça. As essências também
devem ser utilizadas com cuidado, pois contêm muita vibração, como os outros banhos,
somente devem ser tomados por indicação do pai do Templo a que pertence.
Preparo:
O melhor modo pelo qual obtemos uma maior imantação, seja ele com flores, ervas ou
essências, é através do calor, da infusão, isto no ritual da Umbanda. Colocamos numa
panela a água e a deixamos ferver. Quando estiver fervendo, apagamos o fogo. Então,
colocamos as pétalas das flores, ervas, abafando e deixando em fusão para o devido
cozimento por evaporação. No caso das flores e ervas, após o cozimento, coamos o mesmo
num pano branco e guardamos os resíduos para serem despachados oportunamente.
Uso:
O chacra mediúnico (frontal) e glândula (nuca) são os dois pontos que fecham a faixa
vibratória mediúnica. Com elas, para o cérebro convergem as vibrações captadas, sendo
razão indispensável para que o banho seja derramado sobre a cabeça, pois daí parte todo
comando do corpo, o que por outro lado acarretará prejuízo, quando mal aplicado (no caso
das ervas e essências), caso este em que o magnetismo do banho não estiver em harmonia
com a vibratória mediúnica da pessoa (Orixá de Coroa). Por isso se deve ter conhecimento
das ervas a serem utilizadas, pois o banho de defesa ou desimpregnação não deve ser
colocado na cabeça, mas tomado dos ombros para baixo.
Apostila 087
Passe:
Os passes fazem parte do corpo doutrinário do Espiritismo. Eles remontam aos mais
remotos tempos e constituem recursos naturais, postos à disposição dos homens para as
tarefas de socorro ao próximo. O Novo Testamento demonstra que Jesus e os Apóstolos
utilizavam-se dos passes como recursos magnéticos curadores aliados a recursos
espirituais, curando pela imposição das mãos ou pelo influxo das palavras de fé. Graças à
sua feição, o Espiritismo conserva e difunde essa modalidade de auxílio, a fim de atender
uma infinita quantidade de pessoas que batem às portas dos Centros Espíritas, na
esperança de cura ou de alívio.
O Passe é uma "transfusão de energias psicofísicas, operação de boa vontade, dentro da
qual o companheiro do bem cede de si mesmo em benefício de outrem" (Emmanuel).
Para o êxito dessa operação, cabe ao médium passista buscar na prece o fio de ligação com
os planos mais elevados da vida. Mágoas excessivas, paixões, desequilíbrio nervoso e
inquietude, bem como alimentos inadequados e alcoólicos, são fatores que reduzem as
possibilidades do passista e que, portanto, devem ser evitados. Aqueles que se consagram
aos trabalhos de assistência aos enfermos através de passes, devem cultivar, além da
humildade, boa vontade, pureza de fé, elevação de sentimentos e amor fraternal.
Nos processos patológicos orgânicos, os "passes" não dispensam os recursos da Medicina,
devendo ser utilizados como complemento.
Entidades Espirituais:
São espíritos em ascensão evolutiva, que se unem aos seus médiuns para promoverem o
crescimento espiritual, seu e daqueles que os procuram.
Guia (Entidade):
É o espírito de luz que procura guiar os homens, afastando-os do mau caminho. Poderá ser
um Caboclo, Preto Velho, Criança ou Exu.
Falanges:
São grupamentos de espíritos, dentro de uma mesma Linha, que atuam no Plano Espiritual,
recebendo toda a falange, o nome de seu chefe.
Linhas:
O mesmo que Legião, é o conjunto de falanges que agregam espíritos que atuam, na
Umbanda, com vestimenta Fluídica própria, como a Linha dos Caboclos, a dos Pretos-
Velhos, a das Crianças e a dos Exus.
Apostila 088
Encruzilhada:
Local onde se cruzam dois caminhos. É o símbolo energético do entrecruzamento das
Sagradas Vibrações, nos quais estão os Guardiões, como defensores.
Cumprimento Ombro-a-Ombro:
Quando um Guia cumprimenta um consulente ou um assistente com o bater de ombro,
isto é sinal de igualdade, de fraternidade e grande amizade.
Macaia – Mata:
Local onde os médiuns podem descansar, refazendo suas forças psíquicas, no contato
direto com a natureza. Local nativo onde se pode sentir com mais intensidade a vibração
dos Orixás.
Pontos de Segurança:
São locais onde estão plantados condensadores energéticos magísticos necessários ao
ritual umbandista. Podemos citar como pontos de segurança de um Templo a Tronqueira,
o Cruzeiro das Almas, o Centro do Abacá, etc.
Sessão - Gira:
Reunião dos adeptos da Umbanda para seus rituais, ajuda ao próximo, homenagem aos
Orixás e Guias ou desenvolvimento mediúnico.
Eledá - Coroa tríplice do médium:
São as Sagradas Vibrações e seus Orixás que comandam, energeticamente, a vida pessoal
do médium. No Eledá vamos encontrar o Olori o Otum e o Ossi.
Batismo:
É realizado através da água, do fogo (vela), do sal, das ervas, da pemba e óleos
sacramentais.
Amaci:
São ervas frescas maceradas na água limpa (de cachoeiras, nascentes, etc...) que tem por
finalidade a lavagem de cabeça. Pode ser amaci iniciático ou amaci geral.
Cambone:
Tem por obrigação atender as entidades quando incorporadas e interpretar sua fala para
os consulentes. É um aspirante ou médium em desenvolvimento designado para tal
função.