TÉTANO

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TÉTANO

Etiologia

O C. tetani é o agente do tétano. Esta bactéria apresenta um esporo característico


subterminal, que confere a célula uma forma de raquete. A infecção ocorre pela
contaminação de feridas com solo e fezes. Após a cicatrização prévia e contaminação
por bactérias anaeróbicas ocorre a redução da tensão de oxigênio e vegetação dos
esporos. A localização da ferida contaminada pode ser difícil, devido à cicatrização. Em
humanos recém-nascidos e idosos são os mais atingidos devido à baixa na imunidade.
Todos somos vacinados contra o tétano na infância.

Patogenia
A bactéria fica presente no local da ferida, produzindo as toxinas que são a
tetanolisina responsável pela necrose tecidual e a tetanoespasmina neurotóxica, que vai
por via nervosa até a placa motora e bloqueia a liberação do GABA na fenda sináptica.
Este neurotransmissor inibitório, atua impedindo a contração exagerada dos músculos.
Sem este inibidor ocorre a forte contratura muscular, que pode levar o hospedeiro a
morte por parada respiratória. A adoção de postura de cavalete e o opistótono são
característicos.

Epidemiologia

Os animais mais susceptíveis são os equinos (solípedes), ovinos, suínos, bovinos


e caninos. As aves são muito resistentes, pois não possuem gangliosídeos que servem
como receptores para as toxinas. A bactéria é distribuída mundialmente e é encontrada
facilmente no solos e fezes, bem como no intestino dos animais. A transmissão ocorre
por cortes, sejam eles acidentais cirúrgicos, em decorrência do parto ou umbilicais. A
letalidade em bovinos jovens é superior a 80%, mas a taxa de recuperação é alta em
bovinos adultos. Em equinos a letalidade varia muito entre áreas, sendo que em
algumas, quase todos os animais morrem de forma aguda, enquanto que em outras, a
taxa de letalidade está em torno de 50%.

Sinais Clínicos

Na maioria dos animais susceptíveis os sintomas ocorrem entre 2 semanas e um


mês após a inoculação bacteriana. O período de incubação do tétano é variável e
depende das dimensões do ferimento, grau de anaerobiose, número de bactérias
inoculadas e título de antitoxina do hospedeiro. Os casos de ovinos e cordeiros ocorrem
3 a 10 dias após a tosa ou remoção da cauda. O quadro clínico é similar àquele de todas
as espécies animais. Os primeiros sinais clínicos em alguns animais podem ser vaga
rigidez e claudicação, postura de extensão da cabeça, postura de cavalo de pau, orelhas
e lábios retraídos em direção a nuca, cauda levantada, saliva espumosa acumulando-se
na comissura labial, estrabismo ventrolateral, pupilas fixas e dilatadas e normalmente
morrem durante convulsão terminal. Um aumento generalizado da rigidez
muscular é observado e se acompanha por tremor muscular. Há trismo(constrição
mandibular devido à contratura involuntária dos músculos mastigatórios) com restrição
dos movimentos mandibulares e prolapso da terceira pálpebra, além da rigidez dos
membros posteriores que causa um andar errante e instável. O prolapso da terceira
pálpebra fica exagerado pelo levantar do focinho ou abaixar a face. Os sinais adicionais
incluem uma expressão ansiosa e alerta, crispada pela ereção das orelhas, retração das
pálpebras e dilatação das narinas, e por respostas exageradas aos estímulos normais. A
constipação é usual e a urina fica retida, em parte pela incapacidade de assumir a
posição normal para urinar. À medida que a doença progride, a tetania muscular
aumenta. As contrações musculares desiguais podem ocasionar o desenvolvimento de
uma curvatura da coluna e desvio lateral da cauda. A marcha é dificultada e o animal
fica propenso a cair. A queda ocorre com os membros ainda no estado de tetania e o
animal pode se autotraumatizar. O opistótono é acentuado, os membros posteriores
estão paralisados em abdução, com as pernas traseiras estendidas para trás e as
dianteiras para frente. As convulsões ocorrem e, inicialmente, são estimuladas pelo som
ou toque, mas logo ocorrem espontaneamente. Em casos fatais, quase sempre há um
período transitório de melhora por algumas horas, antes de um espasmo tetânico grave,
final, durante o qual a respiração fica suprimida, podendo levar o animal a morte.

Diagnóstico

No tétano, o diagnóstico laboratorial é semelhante ao botulismo, sendo a


demonstração da neurotoxina o mais empregado. Entretanto, na maioria dos casos, o
diagnóstico está baseado apenas na anamnese e na sintomatologia clínica, sem
referência a testes laboratoriais. A cultura, quando possível (em AS, sobre condições de
anaerobiose) deve ser realizada e a morfologia do C. tetani é caracterizado pela
produção de um esporo terminal dando ao bacilo um formato de raquete de tênis.

Tratamento e Controle

O tratamento do tétano é realizado pela terapia suporte, transporte do animal


num local escuro. O uso de antitoxina (equinos: 1.500-3.000 UI, SC; bovinos: 3.000-
9.000UI no local da ferida; caninos: 1.000 U, IM; ovinos: 200U, no corte da cauda em
propriedades enzoóticas), uso de sedativos e antibióticos são recomendados. A
vacinação (2, 3 e 6 meses com reforço um ano após) e uso de antisoro são
recomendados antes de procedimentos que possam levar ao desenvolvimento da
enfermidade.
O relaxamento da tetania muscular pode ser propiciado pela sedação e
manutenção do paciente em local tranquilo e obscuro. A terapia medicamentosa que
pode reduzir os espasmos musculares consiste de clorpromazina (0,4 mg/kg de peso
vivo), promazina (0,5-1mg/kg) ou acetilpromazina 0,05-0,1 mg/kg), duas vezes ao dia,
durante 8-10 dias, até que os sinais graves desapareçam.
Nas áreas enzoóticas, todos os animais suscetíveis devem ser imunizados
ativamente com “toxóide”, uma toxina precipitada pelo alumínio e tratada pela
formalina. Uma injeção confere proteção em 10 a 14 dias, persistindo por um ano, e a
revacinação em 12 meses confere uma sólida imunidade por toda a vida. Um programa
mais intensivo de 2 vacinações com seis a oito semanas de intervalo seguidas por
vacinação anual de reforço é preferido.

Comparação entre as toxinas do C. tetani e C. botulinum


C. tetani C. botulinum
Produção da toxina ferida ingestão
Ação Bloqueio da inibição da Inibição da sinapse-
sinapse- central periférica
paralisia espástica flácida
Tipos de toxina tetanosespamina 8 tipos (especialmente C e
D)

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