cbc,+XXVICBC Artigo 0501
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Serra/MT
Resumo:
Área temática: Custos como ferramenta para o planejamento, controle e apoio a decisões
Resumo
O objetivo do estudo foi avaliar a rentabilidade do cultivo de abacaxi em uma propriedade
rural do município de Tangará da Serra/MT. É uma pesquisa descritiva, aplicada e
abordagem quantitativa. O instrumento de coleta foi roteiro estruturado, registro fotográfico e
observação in loco. A análise baseou-se na produção em um hectare de terra. Para calculo dos
indicadores de rentabilidade foram utilizadas ferramentas de análise econômica e contábil a
fim de avaliar os custos de produção e o índice de lucratividade. A pesquisa ocorreu no
período de fevereiro de 2018 a junho de 2019. O estudo permitiu identificar que a atividade é
rentável economicamente apresentando índice de lucratividade de 35,12% e fluxo de caixa de
R$ 24.076,61, com produção do abacaxi a um custo total unitário de R$ 1,18.
Área Temática: Custos como ferramenta para o planejamento, controle e apoio a decisões.
1 Introdução
O cultivo do abacaxi contribui para o crescimento da fruticultura do país devido o
clima propício, disponibilidade de área e tecnologia, destacando-se na fruticultura pela
qualidade do fruto, apreciado em todo o mundo, mas principalmente pela alta rentabilidade da
cultura (FREITAS LEAL et al., 2009; CRESTANI et al., 2010). A produção mundial de
abacaxi, em 2016, foi de aproximadamente 25,9 milhões de toneladas, cerca de 47% dessa
produção concentrou-se nos cinco principais países produtores Costa Rica (11,4%), Brasil
(10,4), Filipinas (10,1%), Índia (7,6%) e Tailândia (7%),(IBGE, 2016).
O Brasil produz aproximadamente 1,8 bilhão de frutos de abacaxi por ano. Em 2018
foram vendidas mais de 92 mil toneladas ocupando a 7ª posição do setor da fruticultura,
(COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO -
CEAGESP, 2019). Sendo assim, a cultura contribui para o crescimento do agronegócio,
transformando-se numa das bases para economia da fruticultura em várias regiões do país
(CUNHA et al., 2005). Os maiores produtores de abacaxi do Brasil são os estados da Paraíba,
Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e Tocantins com participação de 67% da produção
nacional (IBGE, 2017).
Contudo, o abacaxizeiro apresenta dificuldades em desenvolver frutos com um padrão
exigido pelo mercado, devido formas de manejo inadequado como, espaçamento e adubação
incorretos e outros relacionados ao escalonamento da produção, interferindo diretamente no
padrão de qualidade da fruta e consequentemente na comercialização impactando na
rentabilidade (ANDRADE NETO et. al., 2011; MARQUES et al., 2011).
No contexto, o estado de Mato Grosso possui condições edafoclimáticas propícias para
a propagação da cultura, todavia, os produtores apresentam dificuldade de manejo e,
principalmente, na gestão de custos do sistema de produção adotado (SECRETARIA DE
ESTADO DE AGRICULTURA FAMILIAR - SEAF, 2018). Esta dificuldade na gestão
reflete diretamente sobre a formação do preço de venda, pois não tendo um controle das
despesas e dos custos, a empresa pode vir a ter prejuízos e isso ameaça a sua sobrevivência,
principalmente em meio a um mercado competitivo (CORBARI; MACEDO, 2012;
ZAHAIKEVITCH, 2012).
Tangará da Serra-MT, ocupa a primeira posição na produção de abacaxi no estado de
Mato Grosso com área plantada e colhida de 115 ha, rendimento médio de 35.000 frutos/ha
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superior a média estadual que é de 22.924 frutos/ha (IBGE, 2017). Em face do contexto, a
pesquisa tem como objetivo avaliar a rentabilidade do cultivo de abacaxi em uma propriedade
rural do município de Tangará da Serra/MT. Portanto, justifica-se o estudo em razão de que a
gestão de custos é uma ferramenta útil que auxilia os agricultores avaliarem de forma efetiva
os reais valores investidos e seus respectivos retornos financeiros com a cultura do abacaxi.
2 2 Manejo do abacaxi
O preparo do solo no cultivo do abacaxi é essencial para favorecer o desenvolvimento
e o aprofundamento do sistema radicular da planta. Os solos de textura média, com boa
drenagem do excesso de água, são os mais indicados (INSTITUTO CAPIXABA DE
PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL - INCAPER, 2003). Antes
do plantio recomenda-se a análise de solo para avaliar a necessidade de calcário. Tal
procedimento é indicado com antecedência de 30 a 90 dias antes de realizar o plantio. A
calagem pode ser feita antes da aração ou das gradagens para garantir a absorção em maior
profundidade (MODEL; SANDER, 1999). O preparo do solo pode ser feito por meio da
aração e gradagem do terreno, numa profundidade mínima de 30 cm (EMBRAPA, 2000 e
2013).
Os espaçamentos para produção de frutos com características comerciais são: 1,20 m x
0,40m x 0,40m ou 1,50m x 0,40m x 0,40 m (ruas x fileiras x plantas) com, respectivamente,
31.250 e 26.315 plantas ha-1 e 94.375 e 75.524 kg de frutos/ha (EMBRAPA, 2013). O plantio
pode ser feito com vários tipos de mudas, coroa, filhote, filhote-rebentão e rebentão. Todavia,
a mais utilizada no Brasil é a filhote. Utilizar mudas sadias, vigorosas, colhidas em bom
estado fitossanitário é de grande importância para garantir a qualidade dos frutos
(EMBRAPA, 2013).
Após a colheita da muda é necessário fazer a seleção por tamanhos (30 cm a 40 cm; 40
cm a 50 cm, 50 cm a 60 cm), para plantio em talhões separados. Esta prática auxilia no
crescimento de plantas e frutos uniformes. Nesta etapa também é feito o descarte das mudas
com sintoma de doenças (EMBRAPA, 2013).
A época de plantio está relacionada com o manejo da cultura, com ou sem irrigação.
No período sequeiro é mais indicado realizar o plantio no final da estação seca e início da
chuvosa. Todavia, plantios feitos no segundo semestre do ano, o produtor precisa fazer o
tratamento de indução floral antes do mês de junho do ano seguinte. Isso é necessário para
que não ocorra a floração natural precoce e ainda, a colheita dos frutos em época de elevada
oferta e preços baixos (EMBRAPA, 2000). O processo de floração do abacaxizeiro
compreende o ciclo que varia de 12 a 30 meses, até a produção do primeiro fruto, de acordo
com as condições ambientais e de manejo da cultura (KIST, 2011).
O abacaxizeiro é uma cultura pouco mecanizada, por isso requer o uso intensivo de
mão-de-obra em todas as fases do processo produtivo, principalmente no plantio das mudas.
Todavia, alguns maquinários e implementos têm sido desenvolvidos, no entanto, o alto custo
reduz o acesso a essa tecnologia (EMBRAPA, 2013).
Em relação ao controle de pragas e doenças torna-se necessário inspecionar
periodicamente a área do plantio, com frequência mínima mensal para detectar quaisquer
problemas fitossanitários em seu estádio inicial, pois o ataque acarreta grandes perdas na
produção de frutos (EMBRAPA, 2009). Além das pragas e doenças, é indispensável o
controle das plantas daninhas, tendo vista que o abacaxizeiro possui crescimento lento e
sistema radicular superficial, torna-se vulnerável a concorrência com as plantas daninhas, que
podem atrasar o desenvolvimento da cultura e reduzir a produção (EMBRAPA, 2013).
Sendo uma planta exigente em nutrientes, a maioria dos solos não supre suas
necessidades, por isso se faz necessário maior eficácia no manejo de adubação. A nutrição
mineral correta contribui para frutos saudáveis e de boa aparência (SOUZA, 1999). Todavia,
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o produtor deve levar em consideração a época de plantio, que é fundamental não coincidir o
período de floração com o período de frio. Isto evita a indução natural do fruto e pode causar
problemas como a falta de uniformidade da produção e colheita, aumento no custo de
produção e dificuldades de manejo (CUNHA, 1989), podendo gerar obstáculos para o
agricultor, como redução no tamanho dos frutos, colheita estendida (CARVALHO et al.,
2005). Esta diferença que a floração natural proporciona, faz o rendimento da produção do
abacaxi ser menor que o esperado pelo produtor, crescimento desigual, além de dificultar os
tratos fitossanitários e a colheita (SAMPAIO et. al., 1997)
Para se obter uma plantação uniforme é necessário utilizar a indução artificial. Este
processo envolve a aplicação de produto que faz todas as plantas florescer ao mesmo tempo,
permitindo que a colheita seja feita em todo talhão, reduzindo custos, principalmente os de
mão de obra (CUNHA, 1989).
A colheita dos frutos deve ser feita em estágios de maturação diferentes, de acordo
com o seu destino e a distância do mercado consumidor. Quando o fruto se destina à indústria,
deve ser colhido com casca mais amarela do que verde (maduro). Já os frutos destinados ao
mercado para consumo in natura devem ser colhidos mais cedo, em geral quando surgem os
primeiros sinais amarelos na casca para chegar em boas condições ao consumidor. Em caso de
comercialização em mercados locais ou regionais, frutos com até a metade da superfície
amarela são também indicados (EMBRAPA, 2013). Além disso, deve-se evitar colher frutos
verdes, pois não amadurecem mais na fase pós-colheita, ou seja, não atingem a qualidade
exigida para consumo e, ainda, com baixo teor de açúcar e aroma pouco atraente
(GUMARÃES; MATOS, 2012).
O Brasil já tem normas de comercialização do abacaxi, o que melhora o ganho do
produtor e as opções de preço e qualidade para o consumidor, aplicadas pela Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP, 2003). Os frutos que são escoados
no mercado interno e dos países do Mercosul, são normalmente transportados a granel, em
caminhões sem refrigeração. Na pós-colheita, os produtores priorizam a ausência de defeitos,
alta rentabilidade na produção, facilidades na colheita, transporte e ausência de doenças.
Entretanto, os consumidores priorizam o sabor doce do abacaxi e ausência de defensivos
agrícolas (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
materiais e métodos.
3. Materiais e métodos
3.1. Área, objeto de estudo e caracterização da pesquisa
O estudo foi realizado numa propriedade familiar produtora de abacaxi, localizada no
Assentamento Antônio Conselheiro, município de Tangará da Serra/MT, sudoeste mato-
grossense a 250 km da capital Cuiabá. Possui uma área de 11.597,702 km² e população
estimada de 98.828 habitantes (IBGE, 2017) e índice de desenvolvimento humano (IDH)
municipal de 0,729 (IBGE, 2010). A propriedade possui 27 hectares sendo 10 utilizados no
plantio de abacaxi sendo considerada a maior produtora do município.
A pesquisa se caracteriza como descritiva, aplicada e abordagem quantitativa. As
pesquisas descritivas buscam investigar, analisar, registrar e classificar os fatos ou fenômenos
sem a interferência do pesquisador, enquanto as quantitativas buscam a quantificação dos
resultados produzindo em percentuais e valores monetários (RICHARDSON et al., 2016). A
pesquisa aplicada tem por objetivo fazer uma exploração acerca de um tema, que ao decorrer
da pesquisa fica mais consistente, geralmente esse tipo de pesquisa é usado por economistas e
pesquisadores sociais (MINAYO et al., 2007). O instrumento de coleta foi roteiro estruturado,
registros fotográficos e observação in loco.
Onde:
COT = Custo Operacional Total
Margem bruta sobre o CTP = ((RB - CTP) / CTP) x 100
Onde:
CTP = Custo Total de produção
Ponto de equilíbrio - são os indicadores de custo em termos de unidades de produto.
Determina um nível de produção mínima necessária para cobrir esses custos de acordo com o
preço de venda, calculado da seguinte forma:
Ponto de equilíbrio (COE) = COE / Pu
Ponto de equilíbrio (COT) = COT / Pu
Ponto de equilíbrio (CTP) = CTP / Pu
Onde:
Pu = Preço unitário de venda do produto
Lucro operacional (LO) - é responsável por medir a lucratividade da atividade no curto prazo,
demonstrando as condições financeiras e operacionais da atividade. Indica a diferença entre a
receita bruta e o custo operacional total por hectare, usando a seguinte fórmula:
LO = RB - COT
Índice de lucratividade (IL) - mostra a taxa disponível de receita da atividade após a dedução
de todos os custos operacionais do período:
IL = (LO / RB) x 100
Onde: LO = Lucro operacional
O fluxo de caixa é obtido pela formula: FCX = (RB- (COT-DEPR)) – constitui a diferença
das entradas e saídas efetivas de caixa.
Onde
DEPR= Depreciação
4. Resultados e discussão
O agricultor iniciou o cultivo de abacaxi há 14 anos e atualmente produz
aproximadamente um milhão de frutos por safra, sendo considerado o maior produtor de
abacaxi de Tangará da Serra - MT. A propriedade tem característica familiar onde irmãos, pai,
esposa e filho trabalham juntos, entretanto, no período de safra necessitam contratar mão de
obra. O crescimento da atividade impulsionou o produtor em investir em maquinários
próprios para cultura do abacaxi como, trator, caminhão, plantadeira de abacaxi, equipamento
para pulverização e uma despolpadora a fim de aproveitar os frutos menores não
comercializáveis. Comercializa em grande escala direto para supermercados da cidade de
Tangará da Serra e também em outros municípios de Mato Grosso. O produtor tem
dificuldade para gerir os gastos da propriedade e as despesas pessoais, além de não trabalhar
com planejamento em longo prazo.
A fim de auxiliá-lo na gestão e conforme mencionado na metodologia, foi feito
acompanhamento mensal do processo produtivo do abacaxi (15 meses) focando na gestão de
custos. As mudas foram plantadas com espaçamento de 1,0x0,5x0,35 totalizando 38.035
plantas por hectare e colhidas 30.428 unidades comercializáveis. Do total da produção 76% de
frutos maiores atingiram respectivamente pesos médios 1,727kg, 10% (1,296,20kg) e 14%
(996,14kg). O preço médio unitário obtido na venda foi de R$1,78/un.
A Tabela 1 apresenta o detalhamento dos custos (cultivo sequeiro) com operações
mecanizadas, manuais, materiais consumidos e outros custos operacionais representando
respetivamente COE R$27.995,23, COT R$35.142,23 e CTP R$35.772,23. Destaca-se que a
maior representatividade do COE (35%) foi com materiais consumidos. Os demais custos
elevam-se em razão da depreciação e do seguro, obtendo-se assim um custo unitário total de
produção R$1,1756/un.
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Considerações finais
Com base nos custos e receitas levantados de acordo com a realidade do produtor, foi
possível verificar que o cultivo de abacaxi é rentável para o agricultor, com índice de
lucratividade de 35,12% e fluxo de caixa de R$ 24.076,61. Os custos com maior
representatividade foram os com materiais consumidos, indicando uma produção tecnificada
que tem obtido alta produtividade com frutos nos padrões de comercialização. Recomenda-se
estudos desta natureza sejam realizados com outros cultivos na região, a fim de confrontar os
indicadores de rentabilidade aqui identificados bem como os níveis de produtividade.
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Referências
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https://abrafrutas.org/2018/11/28/fruticultura-quer-ampliar-mercado/. Acesso em: 23 maio
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CUNHA, G.A.P. da. Eficiência do ethephon, em mistura com hidróxido de cálcio e uréia, na
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KIST,Benno Bernado et al. Anuário brasileiro da fruticultura. Santa Cruz do Sul: Editora
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FREITAS, Leal et al. Viabilidade econômica do cultivo de abacaxi no arenito Caiuá, região
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