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XVIII Jornada Científica CEDSA

Políticas públicas e desenvolvimento socioeconômico-ambiental

MODALIDADE: ARTIGO CIENTÍFICO

CUSTOS DE PRODUÇÃO DO MILHO EM SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO EM


ROLIM DE MOURA/RO

Resumo
A pesquisa tem como objetivo geral estimar os custos de produção do milho cultivado sob
diferentes sistemas de plantios, tais como: plantio direto, plantio direto alternativo (com
subsolagem a cada quatro anos), preparo tradicional e preparo reduzido em Rolim de
Moura/RO, identificando e avaliando os indicadores econômicos e financeiros que mais afetam
a decisão do produtor rural no seu processo produtivo. O estudo foi conduzido na Fazenda
Experimental da Universidade Federal de Rondônia, na RO 479 distante 15 km da cidade de
Rolim de Moura/RO. A condução do estudo ocorreu numa área de experimentação agrícola
implantada como parte do Projeto de pesquisa de longa duração CT/Amazônia. Foram
estudados quatro diferentes sistemas de manejo do solo, que representam diferentes níveis de
mobilização do solo, sendo chamados de preparo tradicional (PRT), preparo alternativo (PRA),
plantio direto contínuo (PDC) e plantio direto alternativo (PDA). Os componentes do custo
foram agrupados, de acordo com a sua função no processo produtivo, constituindo-se de
categorias de custos variáveis (operações mecanizadas e manuais, insumos como fertilizantes,
sementes, herbicidas e/ou inseticidas; despesas diretas), custos fixos (depreciação de máquinas,
equipamentos, benfeitorias e instalações) e custo total. Os resultados apontam os custos totais
do milho cultivado nos sistemas PDC em R$ 4.532,83 ha, PDA R$ 6.282,87 ha, PRT R$
6.275,09 ha-1 e PRA em R$ 6.348,96 ha e as receitas não foram estimadas.

Palavras-chave: Lucratividade do milho. Plantio direto. Sistema manejo solo.

1 INTRODUÇÃO

A modernização do agronegócio transformou o Brasil num gigante alimentar tropical


mundial. Atualmente, o Brasil é considerado um dos maiores produtores e exportadores de
produtos agrícolas do mundo. A soja e o milho estão dentre os grãos que testemunharam o
crescimento rápido da produção e da produtividade, em virtude da expansão da fronteira agrícola

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na região Centro-oeste do país e a adoção e difusão das inovações tecnológicas (ARTUZO et al.,
2018).
Em toda Região Norte, a área destinada ao cultivo de grãos passou de 3,644 milhões de
hectares para 4,080 milhões de hectares, um aumento de 12%. A produtividade média também
aumentou se comparada à safra anterior e passou de 3.360 quilos por hectare em 2020/2021 para
3.463 quilos por hectare em 2021/2022.
Em Rondônia, a produção de grãos na safra 2021/2022 foi estimada em quase três
milhões de toneladas, 14,7% maior do que a da safra 2020/2021. A área plantada com os
principais grãos produzidos no estado – arroz, caroço de algodão, feijão, milho e soja – cresceu
20,2%, alcançando 789,9 mil hectares (EMBRAPA, 2022).
O cultivo do milho em diferentes sistemas vem se destacando no estado de Rondônia
como alternativa de renda para o empresário rural demandando um grau de conhecimento
técnico, econômico e administrativo que garantam melhores resultados e competitividade ao
mesmo. Á vista disso é de suma importância conhecer sobre os manejos do solo e seus relativos
custos de produção para melhor escolha do manejo a ser adotado.
O manejo, a proteção e uso do solo devem-se basear, primeiramente, no seu potencial
produtivo. Sendo que para um manejo adequado do solo é necessário considerar suas
propriedades físicas (aeração, retenção de água, compactação, estruturação), químicas (reação do
solo, disponibilidade de nutrientes, interações entre estes) e biológicas (teor de matéria orgânica,
respiração, biomassa de carbono, biomassa de nitrogênio, taxa de colonização e espécies de
microrganismos).
Um bom manejo do solo é aquele que propicia boa produtividade no tempo presente e
que, também, possibilita a manutenção de sua fertilidade, garantindo a produção agrícola no
futuro. Entre os fatores a considerar na escolha do sistema de manejo do solo estão a
conservação ou o aumento do teor e qualidade da matéria orgânica, a proteção do solo contra o
impacto das gotas de chuva e a economia da água nele armazenada.
Com o aumento da produção de grãos, deve-se se atentar a relação custo/produção, onde
o custo de produção é uma ferramenta auxiliar na gestão financeira agrícola. As tomadas de
decisões com um custo de produção elaborado tornam-se menos complexa e com maior
possibilidade de acerto nas escolhas presentes e futuras. Ao identificar gargalos nos custos é
possível intervir no ponto específico com eficiência, em vista da descrição das variáveis do custo
de produção.
Com isso a pesquisa teve por objetivo geral estimar os custos de produção do milho
cultivado sob diferentes sistemas de plantios: plantio direto, plantio direto alternativo (com

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subsolagem a cada quatro anos), preparo tradicional e preparo reduzido em Rolim de Moura/RO,
identificando e avaliando os indicadores econômicos e financeiros que mais afetam a decisão do
produtor rural no seu processo produtivo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Em países em desenvolvimento, a inovação permitiu resolver vários desafios enfrentados


pela agricultura, como a adaptação de cultivares às questões climáticas, por exemplo. Dessa
forma, o sucesso da atividade rural, por vezes, tem sido associado com a modernização da
agricultura bem como com os benefícios econômicos originados a partir dela.
As tecnologias como sementes, adubos, defensivos agrícolas, máquinas e implementos
representaram um grande papel no aumento da produtividade do milho, trazendo como
consequência, um acréscimo nos custos de produção do decorrer dos anos e a obrigatoriedade de
uma gestão eficiente e eficaz (SILVA, et al., 2020). De maneira geral, agricultores tomam suas
decisões de forma isolada e, principalmente, no cultivo da soja e do milho, os quais dependem
fortemente do fornecimento de insumos. Assim, o controle dos custos e o aumento da
produtividade das áreas produtoras são fatores que determinam a lucratividade da empresa rural
(ARTUZO et al., 2018).
Com o intuito de os custos e tornar a atividade agrícola, o produtor rural deve ajustar os
fatores de produção. Torna-se fundamental a compreensão e a distinção dos componentes dos
custos de produção, os quais têm como finalidade dar suporte para a análise de rentabilidade dos
recursos utilizados na atividade agrícola (SILVA, et al., 2020).
A análise dos coeficientes técnicos, da estrutura dos custos e dos preços dos insumos é
primordial para que o produtor rural tenha uma objetiva gestão da sua propriedade. Esse
acompanhamento permite identificar os itens responsáveis pelo elevado desempenho da lavoura,
bem como os que possam vir causar prejuízos ao agronegócio (ROCHA, et al., 2021). Dessa
forma, para a correta tomada de decisões faz-se necessárias avaliações econômico financeiras de
todas as atividades agrícolas, que associadas ao gerenciamento da propriedade, permitem
alcançar a sustentabilidade desses empreendimentos (BAUMGRATZ et al., 2017).
Os custos de produção agropecuária, permitem avaliar além do desempenho a eficiência
do sistema de produção adotado pelos produtores rurais (RICHETTI, 2016). A apreciação dos
custos objetiva facilitar o processo de gerenciamento e identificar os custos, com o intuito de
reduzi-los ao máximo para não afetar a lucratividade das atividades.
Os custos são avaliados pela soma de todas as despesas direta e indiretas, associadas à

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produção da cultura de soja no caso deste estudo. A principal divisão na metodologia de custos é
a diferença entre custo fixo e custo variável. O custo fixo contempla os fatores que não se
alteram em curto prazo, isto é, não dependem do volume produzido. Enquanto, o custo variável é
dependente direto da produção, ou seja, conforme área e quantidade produzida de grãos o custo
aumenta ou diminui.
Obtendo-se o custo variável e fixo da propriedade rural, para realização da safra de
milho, obtêm-se o custo operacional, ou seja, o valor gasto para operar no campo. Se considerar
o valor da terra, nesse caso considerando o valor do rendimento esperado sobre o capital por
hectare, e adicionar ao valor operacional, tem-se o custo total de produção (SILVA; DOBASHI,
2021).
A administração financeira das propriedades rurais é um elemento muito importante para
o planejamento, desenvolvimento e lucratividade dessas propriedades. Uma das tarefas do
produtor rural é monitorar todas as etapas do processo produtivo das suas terras, sendo que o
gerenciamento financeiro da propriedade acaba muitas vezes sendo relegados em segundo plano.
Apesar dos avanços tecnológicos hoje disponíveis para as atividades agropecuárias que otimizam
a produtividade, esses exigem um gerenciamento eficiente dos recursos (OLESCOWICZ, et al.,
2023).

3 METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido na Fazenda Experimental da Universidade Federal de


Rondônia, na RO 479 distante 15 km da cidade de Rolim de Moura 34' 57” S e 61º 46' 21” W).
O clima predominante da região é Am (classificação de Köppen). A temperatura média anual
oscila entre 24 a 26ºC, a precipitação média anual é de 1760 mm e a umidade relativa varia de
79% e 85% (Rondônia, 2012). O solo da área experimental é classificado como Latossolo
Vermelho-Amarelo com textura argilosa.
A pesquisa foi desenvolvida numa área de experimentação agrícola implantada desde o
ano de 2007, como parte do Projeto de pesquisa de longa duração CT/Amazônia. O desenho
experimental foi em delineamento inteiramente casualizado, em parcelas subdivididas, sendo
quatro sistemas nas parcelas principais e quatro combinações de culturas, nas subparcelas, com
três repetições. Foram estudados quatro diferentes sistemas de manejo do solo: preparo
tradicional (PRT), preparo alternativo (PRA), plantio direto contínuo (PDC) e plantio direto
alternativo (PDA). Cada manejo foi alocado numa parcela de 712,80 m².
Cada parcela do manejo foi dividida em doze subparcelas que receberam o tratamento

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sucessões de culturas, cultivadas de setembro a março (safra) e de abril a junho (safrinha), com
48 subparcelas com 59,4 m2 cada uma. Procurando diminuir a acidez do solo e fornecer cálcio e
magnésio para as plantas foi feita a calagem no dia 23/10/2021 com as seguintes recomendações:
no preparo tradicional 2520 kg ha -1 de calcário, no preparo tradicional alternativo 2908 kg ha -1 de
calcário, no plantio direto 3030 kg ha-1de calcário e no plantio direto alternativo 2564 kg ha -1
calcário, procurando elevar a saturação de bases para 60%.
Uma pré-dessecação para o plantio ocorreu no dia 23/10/2021, foi utilizado os seguintes
herbicidas 2,4D e Glifosato, com as respectivas dosagens 1,0 L ha -1 e 2,0 L ha-1. Dessecação essa
feita com trator agrícola do modelo BDY-7540S de potência igual a 75 CV.
O preparo do solo nos manejos informados ocorreu no dia 28/10/2021, nos tratamentos
PRT e PRA preparado utilizando dois implementos: uma grade aradora e um arado subsolador.
No tratamento PDC não houve preparo do solo e no tratamento PDA foi feita uma subsolagem
antes da semeadura.
A implantação da safra foi iniciada assim que as chuvas se tornarem constantes no
segundo semestre de 2021, logo após a dessecação de plantas daninhas da área utilizando
herbicidas e, após as operações de preparo do solo.
A semeadura da soja ocorreu no dia 10/12/2021, já a do milho no dia 21/12/2021 e de
forma manual para se evitar o pisoteio da soja. A semeadura da safra aconteceu da seguinte
forma: 24 subparcelas foram semeadas com soja (Glycine max (L.) Merr) e 24 subparcelas com
milho (Zea mays L.), porém ocorreu má germinação e algumas subparcelas do PDC e PDA
ficaram sem a cultura do milho, por tanto descoberto. Já a semeadura da safrinha, foram
implantadas as 48 parcelas com mix de milheto (Pennisetum glaucum), brachiaria ruziziensis
(Brachiaria ruziziensis) e capim piatã (Megathyrsus maximus), plantio feito a lanço.
Com as culturas instaladas, deu-se início aos tratos fitossanitários de acordo com MIP
feito na área, tais como aplicações de inseticidas e fungicidas. Especialmente contra a cigarrinha
do milho (Dalbulus maidis) que é vetor de molicutes e viros causadores de enfezamentos.
A infecção por molicutes ocorre nos estádios iniciais do desenvolvimento da plântula de
milho, e os sintomas dos enfezamentos, caracteristicamente, aparecem na fase reprodutiva, sendo
o dano que causam na produção de grãos da planta doente tanto maior quanto mais jovem a
plântula de milho for infectada (Massola Júnior et al., 1999; Oliveira et al., 2002a, 2002b).
A redução na produção de grãos da planta doente pode ser superior a 70%, sendo a
redução total na produção de grãos de uma lavoura diretamente proporcional ao percentual de
plantas com enfezamentos, para cultivar de milho susceptível a essas doenças (Sabato et al.,
2013; Coelho et al., 2017).

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No início dos estágios reprodutivos do milho, a lavoura sofreu um ataque de capivara


(Hydrochoerus hydrochaeris), que é um animal mamífero que vive em grupos. Destaca-se por
possuir corpo robusto, musculoso e coberto por uma pelagem, geralmente, marrom. Esse ataque
resultou em perdas totais do experimento, não podendo assim chegar a uma conclusão no quesito
custo/produção.
Os custos de produção foram determinados por meio da metodologia proposta por Martin
et al. (1998), Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2010) e Guiducci et al. (2012)
para cada um dos quatro sistemas de manejo do solo. Os componentes do custo foram agrupados,
de acordo com a sua função no processo produtivo, constituindo-se de categorias de custos
variáveis (operações mecanizadas e manuais, insumos como fertilizantes, sementes, herbicidas
e/ou inseticidas; despesas diretas), custos fixos (depreciação de máquinas, equipamentos,
benfeitorias e instalações) e custo total.
Os custos foram obtidos mediante a multiplicação da matriz de coeficientes técnicos pelo
vetor de preços dos fatores (MARTIN et al., 1998; CONAB, 2010; GUIDUCCI et al., 2012)
relacionados à safra 2021/2022. Os valores utilizados para a composição dos custos de produção
e análise dos indicadores de eficiência econômica e financeira foram os vigentes no município de
Rolim de Moura/RO referentes ao período do plantio em outubro/novembro de 2021 (preços de
insumos) e agosto de 2022 (preço de venda da saca de 60 kg).
Além das despesas de custeio da lavoura, a estrutura de custos inclui outras despesas
diretas, composta pelo Seguro Agrícola (3%), Despesas Administrativas (3%), Funrural (1,5%),
calculados para um hectare, transporte pós colheita, recebimento e secagem (CONAB, 2010).
Para a composição da Receita Bruta (RB) ou Renda Bruta (RB) da soja por hectare,
considerou-se o produto resultante da quantidade vendida pelo seu respectivo preço, sem
abatimentos, sejam eles eventuais descontos ou impostos incidentes sobre o produto (MARTIN
et al., 1998; GUIDUCCI et al., 2012).
Após os cálculos dos custos de produção e quantificação da receita foram analisados os
indicadores de eficiência econômicos: a relação benefício/custo (B/C) corresponde a eficiência
do sistema de produção, sendo obtida pela divisão das receitas e o valor atual dos custos
(GUIDUCCI et al., 2012); a margem de contribuição (MC) que aponta o que sobrou para cobrir
os custos fixos; o ponto de nivelamento (PN) corresponde a quantidade necessária para cobrir os
custos de produção, obtido mediante a divisão do custo total pelo preço de venda de mercado, e o
custo médio de produção (CTme) é um indicador econômico utilizado para comparar o preço de
venda do produto, extraído da divisão do custo total pela quantidade produzida no período
(MATSUNAGA et al., 1976; CONAB, 2010; GUIDUCCI et al., 2012).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os custos foram obtidos mediante a multiplicação da matriz de coeficientes técnicos pelo


vetor de preços dos fatores (MARTIN et al., 1998; CONAB, 2010; GUIDUCCI et al., 2012)
relacionados à safra 2021/2022. Os valores utilizados para a composição dos custos de produção
e análise dos indicadores de eficiência econômica e financeira foram os vigentes no município de
Rolim de Moura/RO referentes ao período do plantio em outubro/novembro de 2021 (preços de
insumos) e agosto de 2022 (preço de venda da saca de 60 kg). Além das despesas de custeio da
lavoura, a estrutura de custos incluiu outras despesas diretas, composta pelo Seguro Agrícola
(3%), Despesas Administrativas (3%), calculados para um hectare (CONAB, 2010).
Os resultados demonstraram o custo total do milho em diferentes sistemas de manejo do
solo (Quadro 1):
A) Custo de Produção do Milho em sistema de Plantio Direto Contínuo (PDC)
O cultivo do milho safra 2021/2022 apresentou custo total em sistema PDC estimado em
R$ 4.532,83, sendo que os custos variáveis compostos pelas implantações e tratos culturais,
insumos e outras despesas variáveis correspondem a 98,92% dos custos totais, com valor de R$
4.483,86 ha-1. O componente insumos impactou os custos em 83,46 % com valor total de R$
3.873,73. As implantações e os tratos culturais, que englobam as atividades com maquinários e
equipamentos, consumo de combustível e a mão de obra, correspondem a 6,13% do custo total,
com valor estimado em R$ 278,00. O componente que mais impactou esse item foi a análise do
solo, representando 1,65%. O componente outras despesas, equivalente a 7,33% do custo total,
compreende as despesas administrativas, seguro agrícola e assistência técnica totalizam R$
332,14. Os custos fixos representam 1,08 % em relação ao custo total com valor de R$ 48,97
referentes a depreciação das máquinas e equipamentos e benfeitorias.

B) Custo de Produção do Milho em sistema Plantio Direto Alternativo (PDA)


O milho em sistema PDA apresentou custo total por ha -1 de R$ 6.282,87, sendo 27,85%
superior ao custo total do milho em PDC. Os custos variáveis correspondem a 99,22% com
desembolso de R$ 6.233,90 e, 0,78% de custos fixos, totalizando R$ 48,97. Os custos variáveis
são compostos pelos insumos que representam 81,75% (R$ 5.136,13) dos custos totais e
referem-se às despesas com aquisição de fertilizantes, sementes, herbicidas, inseticidas e
fungicidas; Outras Despesas correspondem a 7,35% (R$ 461,77) e as Implantações e Tratos

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Culturais com valor de R$ 636,00 (10,12%), englobando as Operações Mecanizadas com valor
de R$ 524,00 (8,34%) e Operações Manuais com R$ 112,00 (1,78%). As despesas com custeio
do milho totalizaram R$ 5.772,13 (91,87%).

C) Custo de Produção do Milho em sistema Preparo Tradicional (PRT)


O milho cultivado em sistema Preparo Tradicional - PRT apresentou o custo de produção
total estimado em R$ 6.275,09 ha-1. Os custos variáveis foram estimados em R$ 6.226,124 ha-1
correspondendo a um desembolso de 99,22% do custo total, e os custos fixos totalizaram R$
48,97 (0,78%). O custeio da lavoura corresponde a um desembolso de R$ 5.764,93,
representando 91,87% do custo total de produção. O maior custo observado por hectare ocorreu
para os insumos (81,73%), operações com máquinas (8,35%) e outras despesas (7,35%). Dentre
os itens que compõem os insumos, os fertilizantes apresentaram o maior desembolso (46,33 %),
seguido das sementes (11,16%) e das herbicidas (9,66%).

D) Custo de Produção do Milho em sistema Preparo Alternativo (PRA)


Dentre os quatro sistemas de manejo do solo utilizado para o cultivo do milho, o PRA
apresentou o maior custo de produção total, estimado em R$ 6.348,96 ha-1 (Tabela 1), com
variação percentual superior de 28,60% em relação ao PDC (R$ 4.532,83), 1,04% comparado ao
PDA (R$ 6.282,87) e 1,16% em relação ao PRT (R$ 6.275,09). Os custos variáveis foram
estimados em R$ 6.299,99 ha-1 correspondendo a um desembolso de 99,23% do custo total, e os
custos fixos totalizaram R$ 48,97 (0,76%). O custeio da lavoura corresponde a um desembolso
de R$ 5.833,33, representando 91,88% do custo total de produção. Os custos não desembolsáveis
representados pela depreciação somam R$ 48,97, correspondendo a 0,77% do custo total,
conforme Fig. 01.
Em virtude de a plantação ter sofrido ataques de capivara (Hydrochoerus hydrochaeris),
não foi possível realizar a colheita e consequentemente inviabilizou o cultivo do milho na safra
2021/2022, não gerando receitas. Logo, o estudo apresentou apenas os custos de produção sem
calcular os indicadores de viabilidade econômica. A falta de predadores ou inimigos naturais,
causada pela interferência do homem nos ambientes naturais para dar espaço a agricultura,
cidades e industrias, faz com que muitas espécies de animais silvestres passem a se proliferar.
Contudo, em alguns casos, as populações crescem de tal maneira que se tornam pragas, trazendo
riscos para as lavouras, os rebanhos e o ser humano. É um fato observado em várias regiões que
enfrentam ataques de javalis, capivaras, lebres, pombas e maritacas entre outros (D'OLIVEIRA;
RIBEIRO; D'OLIVEIRA, 2014, p. 1).

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Quadro 1: Custo de produção do milho em diferentes sistemas de manejo do solo

COMPONENTES DO CUSTO DE PRODUÇÃO - MILHO SAFRA 2021/2022


Plantio Direto Plantio Direto Preparo Preparo
Contínuo Alternativo Tradicional alternativo
PDC PDA PRT PRA
Unida V.
Descrição de V. Total % Total % V. Total % V. Total %
I - DESPESAS DE CUSTEIO DA LAVOURA
A. IMPLANTAÇÕES E TRATOS CULTURAIS
a.1 OPERAÇÕES MECANIZADAS
Gradagem HM+i - - 162,00 2,55 162,00 2,55 162,00 2,53
Subsolagem HM+i - - 172,00 172,00 2,71 172,00 2,68
Distribuição de corretivos HM+i 42,00 0,90 42,00 0,66 42,00 0,66 42,00 0,65
Adubação em cobertura HM+i 42,00 0,90 42,00 0,66 42,00 0,66 42,00 0,65
Semeadura HM+i 48,00 1,03 48,00 0,75 48,00 0,76 48,00 0,75
Aplicação de defensivos HM+i 42,00 0,90 42,00 0,66 42,00 0,66 42,00 0,65
Colheita mecânica HM+i - - - - - - - -
Subtotal A.1 174,00 4,89 508,00 8,84 508,00 8,85 508,00 8,76
a.2 OPERAÇÕES MANUAIS
Análise do solo DH 75,00 1,61 75,00 1,18 75,00 1,18 75,00 1,17
Gradagem e Subsolagem DH - - 8,00 0,13 8,00 0,13 8,00 0,12
Distribuição de corretivos DH 5,00 0,11 5,00 0,08 5,00 0,08 5,00 0,08
Adubação em cobertura DH 5,00 0,11 5,00 0,08 5,00 0,08 5,00 0,08
Aplicação de defensivos DH 5,00 0,11 5,00 0,08 5,00 0,08 5,00 0,08
Semeadura DH 8,00 0,17 8,00 0,13 8,00 0,13 8,00 0,12
Colheita DH - - - - - - -
Subtotal A.2 98,00 2,28 106,00 1,79 106,00 1,80 106,00 1,78
Subtotal A (A1 + A2) 272,00 7,17 614,00 10,63 614,00 10,65 614,00 10,54
B. INSUMOS
Corretivos t 545,40 11,71 460,80 7,25 453,60 7,14 522,00 8,14

Herbicidas l 537,70 13,01 537,70 9,53 537,70 9,55 537,70 9,45


Inseticidas l 172,00 3,69 172,00 2,70 172,00 2,71 172,00 2,68
Fungicidas g 290,00 6,22 290,00 4,56 290,00 4,57 290,00 4,52
Fertilizantes kg 2960,00 33,48 2.907,00 45,71 2.907,00 45,78 2.907,00 45,32
Sementes ml 700,00 15,02 700,00 11,01 700,00 11,02 700,00 10,91
Subtotal B 5205,1 83,15 5.036,8 80,75 5.059,60 80,77 5128,7 81,03
TOTAL I - DESPESAS
DE CUSTEIO DA 5477,1
LAVOURA (A+B) 90,32 5.650,8 91,38 5.673,60 91,42 5.742,7 91,56
II - OUTRAS DESPESAS (D)
Seguro Agrícola (Proagro
3%) % 126,23 2,71 174,36 2,74 174,15 2,74 176,20 2,75
Transporte Pós Colheita HM+I - - - - - - - -
Recebimento e Secagem sc - - - - - - - -
Despesas Administrativas
(3%) % 126,23 2,71 174,36 2,74 174,15 2,74 176,20 2,75
Funrural (1,5%) % - - - - - - - -
TOTAL III - OUTRAS
DESPESAS (D) 252,46 5,42 348,72 5,48 348,30 5,48 552,4 5,5
CUSTO VARIÁVEL (E):
A+B+C+D 5729,56 98,95 5999,52 99,23 6021,9 99,23 6295,1 99,24

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XVIII Jornada Científica CEDSA
Políticas públicas e desenvolvimento socioeconômico-ambiental

IV - DEPRECIAÇÃO (F)
Depreciação de Máquinas R$ 21,00 0,45 21,00 0,33 21,00 0,33 21,00 0,33
Depreciação de
Equipamentos R$ 27,97 0,60 27,97 0,44 27,97 0,44 27,97 0,44
TOTAL - IV
DEPRECIAÇÕES (F) 48,97 1,05 48,97 0,77 48,97 0,77 48,97 0,76
CUSTO FIXO (G): 48,97 1,05 48,97 0,77 48,97 0,77 48,97 0,76
CUSTO OPERACIONAL TOTAL
(H): E+G 5778,53 100 6048,49 100 6070,87 100 6344,07 100

5 CONCLUSÕES

Os resultados evidenciam que os objetivos da pesquisa foram parcialmente atingidos.


Verificou-se os custos de produção do milho cultivado sob diferentes sistemas de plantios, tais
como: plantio direto, plantio direto alternativo (com subsolagem a cada quatro anos), preparo
tradicional e preparo reduzido em Rolim de Moura/RO.

Destaca-se que não foi avaliada a produtividade de grãos de milho oriunda de quatro
manejos do solo com diferentes intensidades de revolvimento devido ao ataque de pragas e
invasores na lavoura e consequentemente, não foi possível aferir as receitas, bem como
identificar e avaliar os indicadores econômicos e financeiros que mais afetam a decisão do
produtor rural no seu processo produtivo.

Este estudo evidenciou que a ausência de inventário de todo o processo produtivo


(produtividade, receitas) inviabilizou a análise dos indicadores econômicos e financeiros,
impossibilitando a obtenção de informações para as tomadas de decisões sobre as atividades
agrícolas implantadas.

REFERÊNCIAS

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