Praticas - ABS Conselho Psicologia

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PRÁTICAS

PROFISSIO
NAIS DE
PSICÓLOG
OS
E PSICÓLOGAS
NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
1
Organizadores
Conselho Federal de Psicologia (CFP)
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop)

Pesquisadores(as) do Centro de Estudos em Administração Pública e


Governo da Fundação Getúlio Vargas responsáveis pelo relatório
Vanda Lúcia Vitoriano do Nascimento
Jacqueline Isaac Machado Brigagão
Rafaela Aparecida Cocchiola Silva
Peter Kevin Spink

PRÁTICAS PROFISSIONAIS DE PSICÓLOGOS E


PSICÓLOGAS NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE

1ª Edição
Brasília, DF

2010

2
É permitida a reprodução
desta publicação, desde
que sem alterações e
citada a fonte. Direitos para esta edição: Conselho Federal de
Disponível também em: Psicologia SRTVN 702, Ed. Brasília Rádio Center,
www.pol.org.br conjunto 4024-A 70719-900 Brasília-DF
(61) 2109-0107
E-mail: [email protected]
1ª edição – 2010 www.pol.org.br
Projeto Gráfico – Wagner Ulisses Impresso no Brasil – setembro de 2009
Diagramação – Fabrício Martins | Liberdade de Expressão
Liberdade de Expressão – Agência e Assessoria de
Comunicação

[email protected]

Coordenação Geral/CFP
Yvone Duarte
Biblioteca Dante Moreira Leite
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo

Conselho Federal de Psicologia


Práticas profissionais de psicólogos e psicólogas a atenção

básica à saúde 76 p.

ISBN:

1. Educação inclusiva. 2. Políticas públicas. 3. Psicologia 4. Educação.

Catalogação na publicação

3
Tesoureiro Nascimento – Secretária Região Sul Iolete
Ribeiro da Silva – Secretária Região Norte
Alexandra Ayach Anache – Secretária
Região Centro-Oeste
Andréa dos Santos Nascimento Anice
Holanda Nunes Maia
Aparecida Rosângela Silveira Cynthia R.
Conselheiros Suplentes Corrêa Araújo Ciarallo Henrique José Leal
Acácia Aparecida Angeli dos Santos Ferreira Rodrigues Jureuda Duarte Guerra
Marcos Ratinecas
Maria da Graça Marchina Gonçalves
Roseli Goffman
Maria Luiza Moura Oliveira

Conselheiros Efetivos
Elisa Zaneratto Rosa – Secretária Região
Sudeste
Conselho Federal de Psicologia
XIV Plenário
Gestão 2008-2010

Diretoria
Humberto Verona
Presidente
Ana Maria Pereira Lopes Conselheiros Convidados Aluízio Lopes
Vice-Presidente de Brito
Clara Goldman Ribemboim Maria Christina Barbosa Veras – Secretária
Secretária Região Nordeste Deise Maria do
André Isnard Leonardi
4
Coordenação Nacional do CREPOP Ana Maria Pereira Lopes Alencar Pinheiro (CRP11); Catarina Antunes A. Scaran to
Maria da Graça M. Gonçalves Conselheiras responsáveis (CRP12); Julianna Toscano T. Martins (CRP13); Marisa Helena
A. Batis ta (CRP14); Izolda de Araújo Dias (CRP15); Mônica
Romeu Olmar Klich
Nogueira S. Vilas Boas (CRP16); Alysson Zenildo Costa Alves
Coordenador técnico CREPOP
(CRP17).
Mateus C. Castelluccio
Natasha R. R. Fonseca Técnicos: Renata Leporace Farret(CRP01); Thelma Torres
Assessoria de projetos (CRP02); Úrsula Yglesias e Fernanda Vidal (CRP03); Mônica
Integrantes das Unidades Locais do CREPOP Soares da Fonseca Beato (CRP04); Beatriz Adura (CRP05);
Marcelo Saber Bitar e Ana Ma ria Gonzatto (CRP06); Karla
Conselheiros: Leovane Gregório (CRP01); Rejane Pinto de Me Gomes Nunes e Silvia Giuliani (CRP07); Carmen Regina
deiros (CRP02); Luciana França Barreto (CRP03); Alexandre Ribeiro (CRP08); Marlene Barbaresco (CRP09); Eriane Almeida
Rocha Araújo (CRP04); Lindomar Expedito Silva Darós e de Sousa Franco (CRP10); Évio Gianni Batista Carlos (CRP11);
Janaína Barros Fernandes (CRP05); Marilene Proença R. de Katiúska Araújo Duarte (CRP13); Mário Rosa da Silva (CRP14);
Souza (CRP06); Ivarle te Guimarães de França (CRP07); Maria Eduardo Augusto de Almeida (CRP15); Mariana Passos Costa
Sezineide C. de Melo (CRP08); Sebastião Benício C. Neto e Silva(CRP16); Bianca Tavares Rangel (CRP17).
(CRP09); Rodolfo Valentim C. Nascimento (CRP10); Adriana
5
............................................................................... 11 3.
Índice Participantes
...................................................................................................
13

III. As práticas profissionais naatenção básica à


Agradecimentos
saúde............15 1. Considerações sobre o
................................................................................... 8
campo..............................................................15 2. Inserção
Apresentação
dos(as) psicólogos(as) no campo.........................................16
......................................................................................... 8 I.
3. Modos de atuação na Atenção Básica à
Introdução Saúde..................................17
3.1. Gestão do
........................................................................................... 9 Serviço.......................................................................................
17 3.2. Docência: ensino, supervisão e capacitação
II. .................................... 18 3.3. Atenção aos usuários e
Metodologia.......................................................................................10
familiares ........................................................ 19 3.4.
1. Ferramentas de pesquisa Referenciais teóricos, conceitos e
........................................................................... 11 2. autores......................................... 33
Metodologia de análise
. 47
4. Desafios vividos no cotidiano profissional
........................................ 34
5. Experiências inovadoras
4.1. Desafios relacionados ao trabalho no campo da saúde ........................................................................ 47
pública ................................................................................ 35 5.1. Apoio matricial
4.2. Desafios relacionados à gestão política da Saúde e às ............................................................................................ 48
condições de trabalho do(a) 5.2. Descentralização da Atenção em
psicólogo(a)................................................. 36 4.3. O trabalho Saúde............................................ 48 5.3. Atividades
em equipe e em rede: possibilidades, articuladas com as escolas e a
dificuldades e Secretarias de Educação
limitações................................................................................. 40 ................................................................................. 49 5.4. O
4.4. Dificuldades de estabelecer ações da psicologia na trabalho em conjunto com outros(as) profissionais..................
Estratégia de Saúde da 49 5.5. Atividades de articulação da
Família...................................................................... 43 4.5. rede........................................................ 51 5.6. O uso de
Desafios teorias e técnicas de modo inovador .............................. 52 5.7.
éticos............................................................................................. Diálogos e parcerias com as universidades
44 4.6. Desafios na interface entre saúde mental e Atenção ..................................... 53 5.8. O trabalho com populações
Básica à Saúde específicas............................................ 54 5.9. Ações com as
..................................................................................................... famílias.............................................................................. 56
45 4.7. Desafios decorrentes de uma leitura preconceituosa 5.10. Trabalho com
sobre saúde mental grupos............................................................................. 56
......................................................................................................

6
5.11. Implementação de programas e políticas Plantão Psicológico
públicas.................... 57 5.12. O trabalho junto à Estratégia de ................................................................................. 60 5.16.
Saúde da Família...................... 57 5.13. Programas de Saúde Atividades de Prevenção e Promoção de Saúde .........................
Mental................................................................ 59 5.14. 60 5.17. Gestão dos
Atividades de Serviços................................................................................ 61
Acolhimento.................................................................. 60 5.15. 5.18. Diagnóstico
Psicossocial........................................................................ 61 .............................................................................................. 75
5.19. Atividades de geração de renda e de inserção social
................. 62 5.20. Relatos de experiências em congressos, Pesquisadores(as) responsáveis pelo texto........................... 76
capítulos de livros e projetos
premiados.....................................................................................
....... 62
Lista de siglas
6. Demandas, Comentários e
Sugestões................................................. 63 ABS – Atenção Básica à Saúde
ACS – Agente comunitário de Saúde/Agentes comunitários
6.1. Demandas dirigidas aos gestores dos serviços e das
de Saúde CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
políticas
públicas......................................................................................... CEAPG/FGV – Centro de Estudos de Administração Pública e
......................... 63 6.2. Demandas dirigidas aos Conselhos Governo/Funda ção Getúlio Vargas
Regionais de CFP – Conselho Federal de Psicologia
Psicologia e ao Crepop CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde
..................................................................................... 66 6.3. CRP – Conselho Regional de Psicologia/Conselhos Regionais
Demandas dirigidas a outros(as) de Psicologia Crepop – Centro de Referência Técnica em
psicólogos(as)............................. 69 6.4. Comentários e
Políticas Públicas ESF – Estratégia de Saúde da Família
sugestões ....................................................................... 69
GF – Grupo fechado/Grupos fechados
7. Considerações dos(as) psicólogos(as) acerca das políticas MS – Ministério da Saúde

públicas NASF – Núcleo de Apoio Saúde da Família


ONG – Organização não governamental/Organizações não
......................................................................................................... governamentais PSF – Programa de Saúde da Família
71 Considerações finais RE – Reunião específica/Reuniões específicas
RI – Roteiro indicativo
.......................................................................... 74
SIAB – Sistema de Informação de Atenção Básica

Referências SUS – Sistema Único de Saúde


UBS – Unidade Básica de Saúde/Unidades Básicas de Saúde
7
em Psicologia e Políticas Públicas – Crepop.
Agradecimentos Fruto do compromisso do Sistema Conselhos de Psicologia
com as questões sociais mais relevantes, o Crepop é uma
Agradecemos aos psicólogos e às psicólogas que importante ferra menta para os psicólogos que atuam nas políticas
participaram des ta pesquisa, pela disponibilidade em compartilhar públicas em nosso país. Instaurada em 2006, a Rede Crepop vem
consolidando suas ações e cumprindo seus objetivos, fortalecendo
suas práticas, os desa fios e os dilemas do cotidiano do trabalho no
o diálogo entre a sociedade, o Estado, os psicólogos e os
campo da Atenção Básica à Saúde.
Conselhos de Psicologia.
Aos técnicos dos Conselhos Regionais de Psicologia que
Como é do conhecimento da categoria, a cada três anos, no
planeja ram e executaram os grupos fechados e as reuniões
Con gresso Nacional de Psicologia (CNP), são elencadas as
específicas e elabo raram os relatórios para análise.
diretrizes políticas para o Sistema Conselhos de Psicologia,
Os autores deste texto assumem a responsabilidade pela visando a ações que coloquem a profissão voltada para as
organiza ção, a forma de apresentação das informações da demandas sociais e contribuindo em áreas de relevância social. A
pesquisa e pelas análi ses e discussões apresentadas no texto. cada ano, representantes de todos os CRPs, reuni dos na
Apresentação Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf)
avaliam e definem estratégias de trabalho para essas áreas e
escolhem alguns campos de atuação em políticas públicas para
O relatório da pesquisa sobre as Práticas Profissionais de ser investigadas pelo Crepop no ano seguinte.
Psicó logos e Psicólogas na Atenção Básica à Saúde , que o As discussões que levam à definição desses campos a ser
Conselho Fede ral de Psicologia apresenta aqui, constitui mais um investiga dos ocorrem antes de chegar à Apaf, nas plenárias dos
passo no sentido de ampliar o conhecimento sobre a experiência Conselhos Regio nais e do Conselho Federal, envolvendo os
dos psicólogos no âmbito das políticas públicas. E tem contribuído integrantes da Rede Crepop. Para o ano de 2008, um dos recortes
para a qualificação e para a organização da atuação profissional, indicados para ser investigado foi o
tarefa para a qual foi concebido o Centro de Referência Técnica

8
da Atenção Básica à Saúde. A decisão ocorreu após a criação dos Presidente do CFP
Núcleos de Apoio à Saúde da Família.
A partir dessa indicação, a Rede Crepop iniciou um ciclo de I – Introdução
pesqui sa que incluiu: levantamento dos marcos e normativos da
política; busca por psicólogos e gestores nos governos estaduais e
O presente texto é um dos produtos da pesquisa nacional
municipais; interlo cução com especialistas da área; aplicação de
realizada pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e
questionário on-line diri gido aos psicólogos que atuam nessa área
e pesquisas locais sobre essas práticas, por meio de debates Políticas Públicas do Conselho Federal de Psicologia
diversos (Reuniões Específicas) e grupos de psicólogos (Grupos (Crepop/CFP) sobre as práticas dos(as) psicólogos(as) no campo
Fechados). da Atenção Básica à Saúde (ABS). Apresenta os resultados da
Desse ciclo resultou uma série de informações que foram análise qualitativa das informações sobre o dia a dia desses
disponibi lizadas, inicialmente para um grupo de especialistas profissionais fornecidas pelos(as) participantes que colaboraram
incumbidos de redigir um documento de referências para a prática, com os diferentes instrumentos da pesquisa: questionário
e em seguida para o público, que pode tomar contato com um on-line, reuniões es pecíficas e grupos fechados. A análise
conjunto de informações sobre a atua ção profissional dos focalizou os modos de atuação, os desafios e os limites, os
psicólogos no âmbito da educação inclusiva. dilemas e os conflitos vividos no cotidiano, as práticas apontadas
Parte dessa informação já havia sido disponibilizada no site pelos(as) participantes como sendo inovadoras, as sugestões e as
do Crepop, na forma de relatório descritivo, caracterizado pelo demandas dos(as) participantes.
tratamento quantitativo das perguntas fechadas do questionário Este documento é uma síntese do “Relatório preliminar da
on-line e também na forma do Boletim Práticas, que relata aná lise qualitativa da pesquisa sobre as práticas profissionais
experiências de destaque de dos(as) psicólogos(as) no campo da Atenção Básica à Saúde”
senvolvidas com recursos profissionais da Psicologia; outra parte, (CEAPG, 2009) que foi enviado ao Crepop e à Comissão Ad
que segue apresentada neste relatório, foi obtida nos registros dos Hoc, responsáveis por elaborar um documento de referência
Grupos Fechados e das reuniões realizadas pelos CRPs e nas para a atuação dos(as) psicólogos(as) na Atenção Básica à
perguntas abertas do questionário on-line. Saúde.
Efetiva-se assim, mais uma contribuição do Conselho Federal, jun
Assim, o presente texto busca dar visibilidade aos principais
tamente com os Conselhos Regionais de Psicologia, no
as pectos relatados pelos(as) profissionais sobre o cotidiano do
desempenho de sua tarefa como regulador do exercício
trabalho do(a) psicólogo(a) nesse campo. Visa apresentar a
profissional, promovendo a qua lificação técnica dos profissionais
diversidade de posi cionamentos diante dos desafios existentes no
que atuam na atenção básica à saúde.
campo e auxiliar na com preensão das práticas desenvolvidas
pelos(as) psicólogos(as) que parti ciparam da pesquisa. Espera-se
também contribuir com o processo de
HUMBERTO VERONA
produção de conhecimento nesse campo.

9
Inicialmente será apresentada a metodologia utilizada na
pesquisa e a estratégia de análise utilizada para a elaboração
deste documento. A seguir virá uma síntese das informações
sobre as características do trabalho dos(as) psicólogos(as) nesse
campo, as práticas inovadoras indicadas, as sugestões, os
comentários e as demandas apontadas pelos(as) participantes do
estudo.
Vale assinalar que as informações fornecidas estão situadas
no tempo, ou seja, o período de realização da pesquisa1, bem
como que elas dizem respeito a diferentes locais no Brasil.

1 Ver: <http//Crepop.org.br>

II – Metodologia

No sentido científico, campo consiste em espaços e lugares


de troca de “produtos” de cada ciência e de cada disciplina, com
seus re cursos e instrumentos teóricos e técnicos, nas diversas
ações realizadas por seus “produtores” na prática profissional
cotidiana. Essa troca, esse compartilhamento de saberes se dá em 2003) de cada pesquisa e possibilita a produção de conhe
meio a conflitos de interesses científicos e políticos e a relações de cimentos, práticas, novas possibilidades de inserção no mercado
poder entre os pares e entre os diferentes (BOURDIEU, 2003; de tra balho, acesso a recursos e, no caso da Psicologia, um
CAMPOS, 2000). Campo como agenda pú questionamento dos modos tradicionais de atuar no campo.
blica (KINGDON, 1984) aparece frequentemente associado a Portanto, tal como apontou Lewin (1952), trata-se de um campo de
políticas públicas e é a maneira que diferentes atores encontram forças: argumentos e disputas que se sustentam mutuamente.
para dar sentido à vida pública. Vale ressaltar que, de um campo origi nam-se outros campos a
A noção de campo utilizada na presente pesquisa parte da premis partir de promessas de separação, devido, prin cipalmente, a dois
sa de que este está permanentemente sendo construído nas fatores: a separação irreconciliável de pressupostos básicos e o
negocia ções entre a sociedade civil e o Estado e no interjogo aumento de importância de determinado tópico ou tema.
relacional de uma diversidade de organizações, pessoas, A análise das informações apresentadas aqui está ancorada
materialidades e socialidades que constituem uma matriz em uma perspectiva qualitativa de pesquisa, a qual preconiza que
(HACKING, 1999). Essa matriz sustenta o campo tema (SPINK, a obje-

10
tividade e o rigor são possíveis por meio da explicitação das dificuldades e as práticas inovadoras presentes nesse campo de
posições assumidas pelo(a) pesquisador/a, bem como da atuação. O material quantitativo do questionário foi objeto de
descrição de todos os passos utilizados no processo de pesquisa análise da equipe do Crepop. O CEAPG realizou a análise
(SPINK, M. J, 1999; 2000). Assim, a seguir serão descritas as qualitativa de quatro questões abertas do questionário2, dos
ferramentas de pesquisa, as diferen relatórios dos grupos fechados e das reuniões específicas.

tes etapas da pesquisa e da análise e o modo como esta foi sendo


2 Questões acerca do dia a dia dos(as) psicólogos(as) no campo da ABS: Questão 1
construída. – Descreva em detalhes o que você faz em uma semana típica de trabalho, com
ênfase nas atividades relacionadas ao campo da Atenção Básica à Saúde.
Questão 2 – Quais são os desafios específicos que você enfrenta no cotidiano de
1. Ferramentas de pesquisa seu tra balho e como você lida com estes?
Questão 3 – Quais novas práticas você e/ou seus colegas têm desenvolvido ou
conhecem que estão produzindo bons resultados que podem ser consideradas
A pesquisa contou com três instrumentos de coleta de uma inovação nesse campo? Descreva cada uma dessas novas práticas e
dados: questionário, reuniões específicas e grupos fechados. O indique onde podemos encontrá-la (e-mail ou outra forma de contato).
primeiro instrumento foi disponibilizado aos(as) psicólogos(as) Questão 4 – Que contribuições você considera que o seu trabalho possa dar ao
campo da Atenção Básica à Saúde?
para preenchimento on-line, no período de setembro a
novembro de 2008; continha quatro questões abertas sobre o dia a As reuniões específicas antecederam os grupos fechados e
dia dos(as) psicólogos(as), o contexto de trabalho, os desafios, as buscaram discutir as questões relacionadas a especificidades
regionais e a práticas desenvolvidas a fim de atender a demandas
locais; contaram com a participação de profissionais de diferentes A utilização de três ferramentas de pesquisa propiciou uma
áreas que estão comprometidos com o trabalho desenvolvido na leitura ampla da atuação dos(as) profissionais da Psicologia na
Atenção Básica à Saúde. Os grupos fechados reuniram Atenção Básica à Saúde. Assim, a análise das respostas às
psicólogos(as) atuantes no campo da pesquisa com objetivo de questões abertas, no questionário on-line, possibilitou
promover discussão de temas mais específicos à realização do identificar as diferentes descrições das práticas profissionais, os
trabalho psicológico. As RE e os GF foram coordenados por desafios e os limites enfrentados no cotidiano, as possíveis
técnicos dos conselhos regionais que registraram as informações soluções e as práticas inovadoras desenvolvidas ou conhecidas
obtidas em relatórios enviados ao Crepop. pelos(as) psicólogos(as) que participaram deste estudo.
Para as RE e os GF foi elaborado um Roteiro Indicativo (RI) Os relatórios das RE e dos GF apresentaram os debates e
com o propósito de orientar os técnicos acerca dos aspectos as discussões grupais e possibilitaram a análise dos
centrais a ser contemplados na aplicação dos dois instrumentos e posicionamentos reflexivos, de negociações, dilemas, consensos
na descrição nos relatórios dos GF e das RE (ver Anexo II). e conflitos no contexto
Todavia, cada Conselho Regional teve autonomia na realização
dos grupos e das reuniões.

2. Metodologia de análise

11
da ABS. A análise dos relatórios dos GF permitiu identificar os interativo e reflexivo (DAVIES; HARRÉ, 1990): no primeiro somos
principais dilemas ético-políticos vivenciados pelos(as) posicionados(as) a partir da fala de outra pessoa e no segundo
psicólogos(as) no cotidiano, seus modos de atuação e as nos posicionamos ante o posicionamento do(a) outro(a). Desse
principais necessidades dos(as) profissionais que atuam nesse modo, entendeu-se que, ao se dirigirem perguntas aos(às)
campo e participaram da pesquisa. Com a análise dos relatórios psicólogos(as) atuantes em Serviços da Atenção Básica à Saúde,
das reuniões específicas foi possível contextualizar estes estão sendo posicionados(as) como profissionais
especificidades e necessidades locais, assim como modos como possuidores de um saber sobre sua prática, mesmo que tenham
os serviços estão organizados em cada região. dúvidas ou conflitos sobre ela. Quem lhes endereçou as questões
As fontes de informações foram diversas e a análise destas (fechadas, abertas, RE e GF) foi o Crepop e foi para ele que
possibilitou interlocuções e formas de posicionamento diferentes. direcionaram suas respostas na tentativa de se fazerem ouvir
Tomou se como base a definição de posicionamento como sendo (mediante uma pesquisa e seus resultados), explicitar as suas
práticas, refletir, denunciar, queixar e pedir ajuda. Nesse jogo de 2º – Leitura com os seguintes focos:
posicionamentos se constituem as respostas e as informações • identificação dos participantes em cada evento;
analisadas. • identificação das principais temáticas emergentes;
A análise foi realizada seguindo as seguintes etapas: 3º – Sistematização de temas para análise;
4º – Seleção de relatos e descrições acerca dos temas
definidos em cada um dos relatórios;
a) etapas da análise das questões abertas: 5º – Sistematização e apresentação da análise.
1º – Leitura das quatro questões abertas do questionário; 2º
– Análise qualitativa das questões abertas do questionário, Nos três instrumentos utilizados os(as) colaboradores foram
seguindo os seguintes passos: informados acerca da realização da pesquisa pelo CFP/Crepop e
a. leitura de todos os relatos de descrição das ações convidados(as) a participar respondendo às questões do
realizadas pelos(as) psicólogos(as); questionário, nas discussões das reuniões específicas e dos
b. análise de cada uma das quatro questões; para cada uma grupos focais.
foi estruturada uma sequência analítica que permitiu identificar os Para apresentação da análise das informações obtidas em
principais temas presentes nas respostas. todos os instrumentos, foram escolhidos exemplos que
3º – Sistematização e apresentação da análise. ilustrassem a discussão ocorrida nas reuniões e nos grupos e as
respostas ao questionário, a fim de demonstrar o argumento
analítico e contribuir para melhor apreensão e compreensão do
b) etapas da análise das reuniões específicas e dos cotidiano dos(as) profissionais nesse campo. Nos exemplos
grupos fechados: apresentados, em itálico, foi mantida a escrita original e indicada a
1º – Leitura integral de cada um dos relatórios; fonte. As fontes foram identificadas do seguinte modo:

12
a) as respostas do questionário on-line com os É importante ainda ressaltar que todas as respostas dadas
números da questão e da planilha Excel onde foram ao questionário e todos os relatórios das reuniões e dos grupos
sistematizadas as respostas abertas e identificado cada foram de grande relevância para se conhecer as práticas dos(as)
respondente; b) as reuniões específicas e os grupos fechados psicólogos(as) no campo analisado. Desse modo, os exemplos
com a referência ao CRP onde ocorreram e as siglas RE e GF. apresentados ao longo deste texto foram escolhidos, como
Com isso, buscou-se preservar informações sobre os(as) ressaltado acima, em função do recorte analítico, não sendo
colaboradores, no entanto, sem ocultar todos os dados, uma vez possível, portanto, utilizarmos todas as informações fornecidas
que as descrições específicas se constituíram imprescindíveis para pelos(as) colaboradores como exemplos diretos.
contextualização do campo e das realidades locais.
1 sobre a prática desenvolvida no dia a dia 340

3. Participantes 2 sobre desafios e formas de lidar 274

3 sobre as práticas inovadoras 239


Os(as) profissionais que colaboraram com este estudo
4 sugestões e comentários 173
participaram nas três etapas (questionário on-line, GF, RE) ou
apenas em uma ou duas, de acordo com a disponibilidade de
participação no período em que ocorreu a pesquisa.
Nas reuniões específicas participaram psicólogos(as),
A maioria dos(as) psicólogos(as) respondeu às quatro
gestores(as), enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogos,
questões abertas sobre a prática cotidiana no campo estudado.
assistente social, representante da Secretaria do Estado e
Porém, alguns/ mas não responderam uma ou mais questões.
estudantes de Psicologia. Nos grupos fechados estiveram
Desse modo, foram obtidos diferentes números de respostas para
presentes psicólogos(as) e orientador educacional. Em ambos,
cada questão, conforme indicado no Quadro 1.
participou número diversificado de profissionais. No Quadro 2,
Quadro 1 – Número de respostas dos(as) psicólogos(as), por
estão relacionadas as RE e os GF realizados, qual tipo de
questão, dadas no questionário on-line
profissional e o número de participantes de cada região informado.
Questão Tema da Pergunta Número de
respostas
13
Quadro 2 – Participantes das RE e dos GF por regiões.
CRP ABRANGÊNCIA REGIONAL Número de participantes RE Profissionais na RE Número de participantes Profissionais no GF
GF

01 DF/AC/AM/RO/RR sem relatório - sem relatório -

02 Pernambuco Noronha 05 * 04 psicólogos

03 Bahia 07** psicólogos 07** psicólogos

Sergipe 12 psicólogos 11 psicólogos

04 Minas Gerais 30 psicólogo, enfermeiro, terapeuta 1º - 09 psicólogos


ocupacional e fonoaudiólogo
2º - 04 psicólogos

3º - 08 psicólogos

05 Rio de Janeiro 13** psicólogos 13** psicólogos

06 São Paulo 40 * 10 psicólogos

07 Rio G do Sul não informou * 21 psicólogos

08 Paraná Curitiba e Foz do Iguaçu 19 psicólogos e gestores 15 psicólogos


09 Goiás sem relatório sem relatório

Tocantins sem relatório 11 ** psicólogos orientador


educacional

10 Pará / Amapá 11 psicólogo, assistente social, 05 psicólogos


representante da Secretaria do
Estado e gestor (psicólogo)

11 Ceará / Piauí / Maranhão 07** psicólogos 07** psicólogos

12 Santa Catarina sem relatório sem relatório

13 Paraíba/Rio G do Norte sem relatório sem relatório

14 MT 07 psicólogos 08 psicólogos

MS 05 psicólogos 03 psicólogos

15 Alagoas sem relatório sem relatório

16 Espírito Santo 46 psicólogos, estudantes de 02 psicólogos


psicologia, assistente social e
fonoaudiólogo

17 Rio Grande do Norte sem relatório sem relatório

* não informada profissão dos(as) participantes


** os(as) mesmos(as) participantes nas RE e nos GF
*** dez psicólogos e um orientador educacional. Não foi informada a formação do orientador. O relatório do GF está focado na
prática do(a) psicólogo(a), por esse motivo foi incluído na análise dos grupos.

14
região em que trabalham e da inserção do(a) psicólogo(a) no
III – As práticas profissionais campo. Em algumas regiões as políticas públicas nesse campo
na atenção básica à saúde ainda estão em processo de implementação e, em outras, foram
apontados avanços que têm resultado em benefícios para os(as)
usuários(as). Nessa perspectiva, a atuação dos(as) psicólogos(as)
Os(as) participantes deram informações acerca da ainda está se configurando e consolidando como uma prática da
organização e da estruturação da Atenção Básica à Saúde na Psicologia, tanto para os(as) profissionais da saúde (incluindo o(a)
próprio(a) psicólogo(a) quanto para os(as) usuários(as). profissionais descritas e discutidas pelos(as) participantes. As
Na descrição das práticas profissionais, feita em quatro diversas regiões apresentam características bastante específicas
respostas do questionário analisadas, nas RE e nos GF, os(as) que dizem respeito ao modo como a Saúde e, mais
participantes referiram a realização de diversas ações dirigidas, especificamente, a Atenção Básica à Saúde, está estruturada,
principalmente, aos(às) usuários(as) e a seus familiares no organizada e implementada:
contexto dos serviços da ABS. O trabalho é desenvolvido em
diferentes contextos que são caracterizados pelas demandas e por Ficou claro no encontro que a
realidades locais: Atenção Básica é delineada de
a) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS); acordo com o contexto em que está
b) nos NASF; inserida, ou seja, é dependente da
c) nos ambulatórios de hospitais; vontade políti ca da municipalidade.
d) nas escolas; (RE CRP 16)3
e) nos serviços públicos ligados a outras secretarias;
f) em órgãos ligados ao poder judiciário; Segundo o que foi relatado nas RE, o campo da Atenção
g) na comunidade. Básica à Saúde é caracterizado por mudanças nas concepções de
saúde e doença e nos modelos de atendimento à população que
Os(as) psicólogos(as) descreveram diversos modos de demanda cuidados à saúde, como exemplificam os relatos abaixo:
atuação no campo e indicaram teorias, conceitos e autores que
Houve uma mudança na proposta de
norteiam o trabalho
assistir as pessoas, resultado da
desenvolvido. As ações são realizadas de acordo com demandas e ampliação do olhar sobre os
necessidades dos(as) usuários(as) dos serviços da ABS, com o(s) conceitos de saúde e doença. A
objetivo(s) da ação, bem como, com a execução das políticas entrada no
públicas em cada região e a gestão dos Serviços.
3 Como referido anteriormente, os exemplos utilizados ao longo do texto foram des
tacados do estudo realizado pelo Crepop, assim, as referências ao final de cada
exemplo/ relato são da fonte usada, seja respectivamente: RE (reunião específica),
1. Considerações sobre o campo GF (grupo fecha do), CRP (Conselho Regional de Psicologia), número do CRP e
número da pergunta no
Nas reuniões específicas, os(as) profissionais deram várias questionário (P40, P41, P42, P201) seguido do número do respondente.
informações que contextualizam a situação do campo e as práticas

15
sistema de saúde se dava basicamente via doença. A mudança
no con ceito de saúde – compreensão área da saúde recebem o nome de
de que esta não é a simples ausência Distritos Sanitários. Cada distrito
de doença, de que está ligada à vida possui uma equipe de Saúde Mental,
também alterou as possibilidades e composta majoritariamente por
ne cessidades de atuação dos psicólogos. De acordo com a gestora
profissionais de saúde. (RE CRP 16) de Saúde Mental do município, as
funções destas equipes podem ser
A organização da saúde na atenção
resumidas em três grandes eixos:
primária no Estado do Pará prioriza
o fortalecimento da Estratégia • eixo político: levar a política de
Saúde da Família como forma de saúde mental às equipes das Unida
operacio nalizar suas ações, des Básicas, reforçando os
através das seguintes áreas conceitos da reforma psiquiátrica;
estratégicas: promoção de
• eixo técnico: olhar técnico
saúde/educação em saúde, profissional diferenciado;
eliminação da desnutrição infantil,
• eixo pedagógico: capacitando a
saúde da criança, saúde da mulher
equipe básica no processo de
(pré-natal; exames PCCU e mama),
trabalho, na medida em que
saúde do idoso, saúde bucal,
realizam, em conjunto,
controle da hipertensão arterial e
determinadas ações. (RE CRP 08)
do diabetes mellitus, controle do
tabagismo, controle da Em uma perspectiva, de mudanças e implementações, o
tuberculose, eliminação da apoio matricial foi apontado pelos(as) profissionais do CRP 04
hanseníase, atenção ao portador de como uma metodologia inovadora:
necessidades especiais, atenção à (...) Compreendida como uma
saúde mental, atenção à saúde do metodologia inovadora, o apoio
adolescente, atenção à saúde do matri cial foi apontado como
trabalhador, vigilân cia dos fatores orientador de práticas, inclusive do
de risco dos agravos não recém criado NASF, a fim de se
transmissíveis (DANTS). (RE CRP 10) evitar a ambulatorização da saúde
mental na atenção básica, o que
Curitiba está dividida em 9
seria um retrocesso no modelo
regionais administrativas, que na
assistencial. (RE CRP 04) assistencial prevalen te durante
muitos anos e que hoje demanda um
processo de desconstru ção deste
2. Inserção dos(as) psicólogos(as) no campo modelo. (RE CRP 08)

No âmbito da Psicologia, a partir da


Os(as) participantes discutiram acerca da inserção dos(as)
reforma psiquiátrica e com a emer
psicólogos(as) no campo, apontaram que existem realidades
gência do paradigma da saúde
diversas, contextualizadas no tempo e no local da implementação
coletiva, trabalho em equipe
da política específica e nas situações de cada região.
multiprofis sional, intersetorial,
Relatos: voltada para a saúde, território e
O gestor que representou o
sujeito; baseados no princípio da
município de Foz do Iguaçu avalia
equidade, da integralidade, do
que a atu ação do psicólogo ainda
direito à saúde universal,
está vinculada, principalmente, ao
foi implementado um outro modelo
enfoque e à abordagem clínica e de
de gestão para a Saúde Mental, mo
consultório, fugindo assim da
delo que muda o foco no tratamento
abordagem preco nizada pelo SUS.
da doença mental para o tratamen
Porém, entende que isto não é
to do sujeito que sofre.
exclusivo desta categoria
Deslocando-se da ideia de
profissional, pois posturas
manicômios e de um sujeito
semelhantes são assumidas por
perigoso, excluído da sociedade.
outros profis sionais da atenção
Assim, neste contexto, um papel
básica, resultado de um modelo

16
fundamental para os psicólogos é Psicologia e das realidades de cada região, como destacado nos
ser o operador desta proposta, relatos abaixo:
colocá la em movimento. (RE CRP 16) A maioria dos profissionais explicou
que sua prática na atenção básica
Em relação à inserção e à vinculação do(a) psicólogo(a) na está vinculada ao Programa de Saúde
ABS, os(as) participantes falaram sobre as especificidades da Mental do município, mas as
experiências são diferentes uma da Eu acho que a gente trabalha muito
outra (...). (GF1 CRP04) mais com desafios do que com
soluções, a gente está sempre
A rede de atenção básica se divide, enfrentando desafios e a gente tem
basicamente, em unidades de estar sempre mostrando nossa
ambulatoriais, as quais podem ser importância. A
nomeadas por: Posto de Saúde, verdade é essa. O médico tem o seu
Policlínica, Centro Municipal de lugar, ele já é importante na cabeça
Saúde. Os dispositivos de saúde imaginária do prefeito, nós não. A
referidos têm por missão gente tem de mostrar mesmo “eu
institucional o pronto atendimento estou fazendo e olha o resultado
das demandas clássicas de disto aqui”. (GF1 CRP04)
ambulatório. A diferença entre elas
tem a ver com maior número de Os(as) profissionais falaram também sobre potencialidades e
especialidades que oferecem à possibilidades de atuação do(a) psicólogo(a) neste campo:
população. Há ainda os Caps que são Os(as) psicólogos(as) que trabalham no
fundamentais para atenção à saúde campo pesquisado têm percebido o seu
mental na rede básica. (GF CRP 05) trabalho como necessário para a
comunidade atendida, visto que cuidar
Nesta linha, os(as) psicólogos(as), que participaram de um das patologias que emergem para
dos grupos realizados pelo CRP 04, fizeram a seguinte reflexão tratamento é o seu papel. Os gestores de
sobre o trabalho desenvolvido: maneira geral referenciam que mesmo
É importante que o psicólogo consiga não tendo conhecimento do verdadeiro
identificar e entender a sua função papel deste profissional nas unidades de
de acordo com o que propõe o SUS, atenção básica á saúde compreendem o
para dessa forma elaborar e trabalho do psicólogo como agente de
defender formas de intervir. promoção à saúde no enfrentamento da
“A gente tem de ficar muito atento doença psíquica dos pacientes. (...) (RE
com isso: qual que é a nossa proposta CRP10)
dentro daquele espaço? É clinicar ou
fazer um algo mais? Eu acho que a
gente tem muito mais pra mostrar.
3. Modos de atuação na Atenção Básica à Saúde
Os(as) profissionais colaboradores neste estudo referiram Alguns(mas) profissionais informaram que atuam na gestão
desenvolver ações no âmbito da gestão, da docência e atenção dos serviços, coordenando atividades técnicas e administrativas li
aos usuários e familiares. gadas às equipes da Estratégia de Saúde da Família. Vejamos os
se guintes exemplos:

3.1. Gestão do Serviço

17
Coordenação de pessoal da ESF, sempenho as atividades no módulo
monitoramento do SIAB, do PSF (...) que funciona há um ano.
gerenciamento da atenção Acompanho a estruturação das
primária do município: ações e a construção de um trabalho
funcionamento das UBS, a qualidade em equipe. Participo das reuniões
do atendimento e atuação nas áreas de equipe, acompanho o processo de
estratégicas. (P40-454) tra
balho (diagnóstico,
Agora na Coordenação,
acompanhamento dos indicadores,
organizamos planilhas, gráficos,
elaboração dos planos de ação, etc.),
estudos. Parti cipação de reuniões
desempenho tarefas
de coordenação, do Grupo Técnico
administrativas, participo de
de Saúde Mental, ações de
reuniões com a comunidade,
matriciamento, elaboração de
coordenação e o Grupo de Apoio
Projetos, contatos com parcerias,
Técnico ao qual estou diretamente
além da interlocução dos três
vinculada. Antes de assumir o cargo
setores de saúde mental da cidade:
de coorde nadora vinha
Caps II, Caps AD e Ambulatório.
estruturando apenas as ações de
(P40-417)
Saúde Mental junto com as equipes
Atualmente estou coordenando um de Saúde da Família na área do
módulo de saúde da família, de centro da cidade (...) (P40-77).
Trabalho no planejamento das ações
Alguns(mas) psicólogos(as) indicaram atuar na realização de
básicas de saúde; cuidando da
ativi dades de ensino e de supervisão de estágios desenvolvidas
equipe técnica de saúde para
nas unidades de saúde e na formação acadêmica dirigida à
melhor atender a população;
capacitação de profissio nais de Psicologia ou de outras áreas, dos
participo de reuniões com o
quais participam estagiários, aprimorandos, profissionais da
Conselho Municipal de Saúde; Faço
Estratégia de Saúde da Família. Exemplos:
análise epidemioló gica dos
Supervisão de estágio em
atendimentos e discuto com a
Psicologia. (P40-174)
equipe a forma de responder as
demandas apresentadas. (P40-21) Dou aula e supervisão em programa
de saúde na faculdade de Psicolo
Articulação da rede de saúde
gia. (P40-122)
mental com a atenção básica. Somos
um Órgão da SES(...) com função de Elaboração de projetos de
assessorar, mobilizar, sensibilizar, intervenção/ supervisão de estágio
articu lar, supervisionar os de gradua ção e pós-graduação.
municípios na implantação do SUS. (P40-273)
(...). Atualmente na Atenção Básica Trabalho com os estágios
tenho iniciado o diagnóstico extracurriculares da Secretaria
regional para atenção básica e Municipal de Saúde (...),
através dos Grupos Técnicos de acompanhando os estagiários na
Saúde Mental dos Colegiados realização de suas ativida des nas
Gestores Regionais levantado diversas Unidades de Saúde do
discussões e propostas para a município. (P40-303)
articulação da rede de saúde
Ministro aulas, supervisiono
mental com a atenção básica.
estágios e oriento trabalhos de
Iniciando também a in terlocução da
pesquisa e extensão na atenção
Saúde dos Adolescentes em Conflito
básica à saúde junto às ESF. (P40-324)
com a Lei e Privados de Liberdade.
(P40-38) Durante a semana, fico de quatro a
cinco turnos na UBS, dependendo
3.2. Docência: ensino, supervisão e capacitação das atividades. Em um turno
acompanho/planejo junto com os ano; em outro turno, tenho
colegas do Terceiro Ano e Seminário de Reflexão Teórica com
coordenadora do programa, as os colegas do terceiro ano das
aulas dos residentes do primeiro demais ênfases; dois a três turnos,

18
desenvolvo minhas atividades na
Desenvolvo um trabalho ligada a
Escola de Saúde Pública, atuando na
atividades de Residência Multi
Política de Humanização; um turno
profissional inserida que um equipe
de pesquisa. Nas UBS, minhas ati
de apoio matricial que deveria
vidades são vinculadas mais a
realizar matriciamento de duas
gestão e planejamento das
equipes de Saúde da Família favo
atividades da equipe, participando
recendo a ampliação do olhar de
no planejamento das reuniões de
profissionais das equipes de refe
equipe, reu
rência para as questões da
niões de planejamento. Acompanho
subjetividade no processo
os residentes do primeiro ano nas
saúde/doença. (P40-420)
atividades de Vigilância em Saúde,
atualmente estamos dando ênfase
aos Programas de Pré-Natal, Prá
3.3. Atenção aos usuários e familiares
Nenê (crianças até um ano de idade),
Acamados e Visitas Domiciliares.
Na descrição e discussão sobre o trabalho do(a)
Acompanhamento/supervisão,
psicólogo(a), os(as) participantes fizeram diversas considerações
junto com o preceptor, dos grupos;
sobre o campo e também contextualizaram a Atenção Básica à
interconsulta com outros
Saúde na sua região. Abordaram vários assuntos, tais como:
profissionais; Dis cussão de casos
população atendida, ações que têm sido desenvolvidas,
de Saúde Mental com a equipe;
finalidades do trabalho e teorias, conceitos e autores que utilizam
supervisão das minhas atividades
como referência.
com preceptora da Psicologia e
3.3.1. População atendida na Atenção Básica à Saúde
outros preceptores para as
atividades de campo. (P40-151) A população atendida pelos(as) psicólogos(as), e demais profissio
nais, é definida e delimitada pela política da ABS, é bastante
diversificada, organizada de acordo com programas, objetivos e psicólogos no âmbito da Atenção
pela territorialização. Básica à Saúde corresponde a todos
os usuários da Unidade Básica bem
Relatos: como à população adstrita do
Junto às Unidades Básicas, a equipe território – toda a comunidade.
de saúde mental prioriza o atendi Nesse sentido, o psicólogo da
mento aos pacientes com Atenção Básica tem papel mais
transtornos alimentares, com ativo, pois tem como ativi dade não
problemas de drogadição, bem como somente atender a demanda da
o acolhimento aos pacientes e suas Unidade de Saúde mas tam
famílias, rea lizando, inclusive, um bém ir ao encontro da comunidade
plantão de acolhimento. A maior visando um trabalho educativo de
interface da equi pe de saúde promoção à saúde, realizado em
mental se dá com os ACS e com os conjunto com a equipe da Unidade,
pacientes e seus familiares, por meio de projetos (caminhadas,
atuando como ponte entre estes e o grupos, festas, etc.) que envolvam
médico, principalmente em relação seus re sidentes. (...) (RE CRP 16)
aos pacientes que fazem uso de É a territorialização que define a
medicação controlada. Reforçam o clientela assistida pela Saúde da
tra balho em grupo e se referem Família e Núcleos de Apoio dentro
mais à sua função como do município. Conjuntamente
acolhimento do que como deve-se estrei tar o planejamento
psicoterapia. (RE CRP 08) com os sistemas de informação em
epidemiologia
A população atendida pelos

19
que oriente toda a rede e não apenas
a atenção básica, mas também a
A população atendida pelos(as) psicólogos(as)
atenção secundária. (GF CRP 11)
compreende: • crianças
• jovens
• adultos Os(as) psicólogos(as) que atuam em
• idosos serviços de Atenção Básica de Saú
• familiares dos(as) usuários(as) de têm, como atividades
• comunidade específicas, o atendimento
individual, grupal, o grupo
Além dessa população, também são realizadas ações com operativo, as palestras nas escolas,
os(as) profissionais da área de educação, assistência social, igrejas e espaços comunitários.
conselhos tutelares, Judiciário, as equipes do PSF e do Nasf, bem Essas atividades são desenvolvidas
como estagiários(as) de fa culdades ou cursos de extensão que nas unidades de saúde e nos espaços
desenvolvem atividades na Atenção Básica à Saúde. comunitários. (GF CRP 02)

Em relação à prática específica do


psicólogo, foi possível observar
3.3.2. Ações desenvolvidas pelos(as) psicólogos(as)
que, em sua maioria, a atuação está
voltada para o exercício da clínica
A análise da prática de trabalho na ABS indica uma
indivi dual e grupal, tendo como
diversidade de ações e diferentes formas de intervenção.
principais recursos o
Os(as) participantes de um dos grupos realizados pelo CRP
“acolhimento” e a “escuta
04 indi caram três finalidades das ações da Psicologia neste
terapêutica”. (...) Ainda relativos a
campo: São, de acordo com o GF, três as
essa prática e seus
finalidades da psicologia nesse campo:
desdobramentos, foram apontados
desmistificação da loucura, promoção
pelos participantes os seguintes
da saúde e garantia do acolhi mento. (...)
procedimentos: Aten dimento
Embora tenham considerado que a
formação não foi conver gente com essa individual e em grupo; Discussão do
necessidade, a promoção da saúde foi cuidado com o usuário –
apontada como uma finalidade de sua humanização da atenção (psicóloga
atuação nesse âmbito. (GF1 CRP04) atuante na gestão); Processos de
Nos grupos fechados, os(as) psicólogos(as) descreveram muitas trabalho dos psicólogos na atenção
ações realizadas no dia a dia, que buscam atender a diferentes básica (psicóloga atuante na ges
demandas da Aten ção Básica à Saúde, ampliar o trabalho do(a) tão); Triagem; Acolhimento; Grupos
psicólogo(a) e, ainda, adequá-lo a novas realidades e demandas, psicoterápicos; Grupos de espera;
conforme indicado nos relatos abaixo: Visita domiciliar; Palestras;
Relatórios; Palestras educativas Oficina (estágio em Psicologia) sob
nas escolas; Grupo de orientação supervisão; Grupo TCC (estágio em
familiar, voltado para os pais; Psicologia); Apresentações de
Grupo Qualidade de Vida; Grupo de grupos de teatro no posto;
adolescentes, adultos e terceira
idade; Grupo de informa ção (em 4 Nota de rodapé do relatório do GF elaborado pelo(a) técnico(a) do CRP 03: As
nível de patologia – agravo temá ticas sugeridas são advindas dos
atendimentos ambulatoriais e,
psíquico); Visita psicossocial; Apoio posteriormente, discutidas e avaliadas pela
matricial; Palestra nas equipe, buscando parcerias com diversos
comunidades4;Acolhimento em setores – Ministério Público, Secreta ria de
Ação Social, Secretaria de Educação, etc.
saúde mental (psi cologia); Grupo

20
Bazar com produções dos grupos; ESF, embora existam casos de enca
Eventos de valorização de datas co minhamentos vindos de outras
memorativas (Dia das Mães, das unidades, principalmente em
Crianças, Natal, aniversários); municípios que não dispõem de
Passeios e gincanas; Minipalestras Centros de Atenção Psicossocial –
nas UBS; Atendimento de urgência; Caps. A utilidade de uma ou outra
Serviço de média complexidade. (GF modalidade está ligada à
CRP 03) caracterização dos casos e a
disponibilidade de espaço físico, no
Sobre a atuação específica da
caso dos atendimentos grupais.
Psicologia nos Nasf o grupo indicou
pri meiramente que são realizados Além de Psicoterapia são realizados
atendimentos individuais e grupais. grupos de Educação e Prevenção em
Al gumas unidades realizam Saúde, principalmente com
atendimentos de clínica gestantes, idosos, hipertensos e
psicoterápica. Esses atendimentos diabéticos fo cados nas
são realizados de acordo com a informações e aceitação da
necessidade e perfis dos patologia e no reforço a adesão ao
casos em geral encaminhados pela tratamento prescrito pela Unidade
Básica de Saúde – UBS. Os grupos de relacionados à saúde mental, quase
gestantes são mais comuns e todo tipo de queixa chega à UBS –
versam sobre temas associados a Unidade Básica de Saúde e é
amamen tação, desenvolvimento encaminhada pelos diferentes
infantil e educação de limites para profissionais ao psicólogo:
as crianças. perguntadas sobre seu cotidiano,
tivemos respostas variadas, mas
São realizadas em menor
que guardam certa similaridade:
frequência visitas domiciliares,
em ge ral elas trabalham sozinhas,
relacionadas principalmente a
fazem sua agenda, conciliam
clientes acamados e
terapias com grupos diversos e
impossibilitados de deslocamento.
psicoterapia em atendimento
Não há distinção clara entre visita e
individual; nos municí pios onde não
atendimento domiciliar, ocorrendo
há psicólogos(as) nas escolas, elas
em geral os dois modelos
costumam receber esta demanda
dependendo do caso e do
na UBS, atendendo diretamente e/ou
profissional. (GF CRP 11)
tentando realizar traba lhos
Os profissionais (...) relataram que preventivos nas escolas, com ou
as atividades específicas dos sem outros profissionais, como as
psicólogos em Serviços de Atenção sistentes sociais e também com ou
Básica a Saúde são identificar, sem a interlocução com os
fazer entrevistas, tria gem, Conselhos da Criança e
palestras de prevenção e Adolescente. (GF CRP06)
orientação, realizar grupos, atuar
O grupo refletiu sobre a
no plane jamento familiar e fazer
preocupação quanto à
psicoterapia individual e grupal. O
adequabilidade da sua atuação
trabalho é reali zado por meio de
nesse campo, uma vez que não
atendimento individual, grupal e
devem priorizar ações curativas e
familiar. (GF CRP 14MS)
individuais. Foram apontadas como
O(a) psicólogo(a) na Atenção Básica
atividades desse profissional: aco
normalmente é a porta de entrada
lhimento, oficinas e grupos
para todos os problemas
terapêuticos, planejamento utilizado como meio de encontro
familiar, reuni através das oficinas terapêuticas,
ões com equipe, gestores e outras “com efeitos curativos” (sic), para
instituições parceiras, visita atin gir um único fim que é a troca
domiciliar, além do atendimento de experiências.
individual em certos casos. (GF1
Em geral, o objetivo dos grupos é
CRP04)
auxiliar pessoas com problemas de
socia lização, neuroses leves e
Em um dos grupos, no CRP 04, os(as) psicólogos(as) oportunizar espaço para que o
destacaram ainda os objetivos dos trabalhos em grupos que sujeito possa pro duzir algo. Parece
realizam: ser consenso no grupo a crença de
que as oficinas pos-
Além de grupos, o trabalho manual é

21
suem caráter terapêutico não
Atendimento individual:
somente para aqueles que
estabelecer rapport (palavra
participam delas, mas também para
francesa que signi fica confiança)
os psicólogos envolvidos nesse
através do acolhimento e escuta do
processo. (GF1 CRP04)
paciente;

Atendimento em grupo: trabalhar o


Os(as) psicólogos(as) dos GF do CRP 07 e 10 fizeram uma campo grupal;
descrição bastante específica de suas ações na ABS, referiram
Práticas corporais da medicina
também alguns ob jetivos e como estas são realizadas:
tradicional chinesa: analisar e
Atendimento breve focal: atender o
compreen der, qualitativamente e
paciente dentro de uma linha breve
quantitativamente, as
e focal, ou seja, com o uso da
transformações operadas após a
focalização, atividade e
introdução de um conjunto de
planejamento,com tempo do
práticas corporais da medicina tra
atendimento reduzido;
dicional chinesa na perspectiva do
humaniza SUS. associações comunitárias, são
coordenados principalmente
Palestras educativas: a convite e
por psicólogos, mas às vezes
para comunidade atendida nos
também contam com a
progra mas;
participação de outros
Visita domiciliar: realizar visitas profissionais da equipe.
quando necessário;
Consideram essa atividade como
Exercício de relaxamento: aplicar um espaço para se pensar na
técnicas de relaxamento individual comunidade e não só no sujeito.
ou grupo aos pacientes ; As temáticas variam conforme
Encaminhar para rede de serviços: as necessidades da comunidade
encaminhar os pacientes aos do território. Em alguns locais,
centros de referência em doença o grupo é aberto, o que permite a
mental; circulação dos participantes
também por outros grupos além
Laudo de curatela: elaborar laudos daquele que frequentavam num
de curatela para subsidiar decisão primeiro momento;
para beneficio de prestação
• Atividades com os trabalhadores:
continuada. (GF CRP10)
o Desenvolvidas por equipes de
Estudo do território para obter
assessoria, o trabalho objetiva
informações, dados e conhecimento
promover a saúde dos
sobre a comunidade e a partir daí
trabalhadores, construindo um
construir ações e propostas que
espaço destinado ao cuidado dos
vão ao en contro das necessidades
profissionais, uma vez que as
da população em questão;
equipes também podem estar
• Visitas domiciliares; fragilizadas. Os participantes
• Atividades na comunidade que destacaram a importância de
visam à prevenção e à promoção de olhar para os profissionais das
saúde; equipes também, para a
• Grupos terapêuticos: produção de subjetividades a
o Ocorrem nas UBS, CAPS e em partir de suas práticas e não
somente para a relação destes especificidades do usuário em
com os usuários; questão. Assim, o método e o
• Atendimentos Individuais: enfoque teórico que orientam o
o Podem ser breves e focais ou atendimento são de acordo com
mais prolongados, conforme as as necessidades do caso;(...)

22
• Assessoria às equipes das UBS e pelos(as) participantes, principalmente nas respostas ao
distritais: questionário on-line, os(as) psicólogos(as) indicaram as
o Esta iniciativa ocorre em alguns atividades específicas que desenvolvem no dia a dia na ABS,
municípios, assessora os como apresentado a seguir.
profissionais na formulação
conjunta de propostas e ações que
visem à efetivação do trabalho. 3.3.2.1. Atendimento psicológico individual
Promove a formação continuada em
serviço das equipes, com O atendimento individual é apontado como uma das
capacitações que objetivam também principais modalidades exercida pelos(as) psicólogos(as) neste
o desenvolvimento de uma escuta e campo, conforme exemplos que seguem:
cuidado pelos trabalhadores de Infelizmente no local onde trabalho
saúde que não somente orientados ainda nos é cobrado que o foco prin
por suas especialidades. Desta cipal sejam os atendimentos
forma, pode-se potencializar o clínicos. Assim, realizo por volta de
trabalho da rede de serviços. • 30 aten dimentos clínicos
Participação em instâncias de individuais por semana. (P40-13).
controle social;
Atendimento individual, houve uma
• Construção de protocolos clínicos;
tentativa de grupo mas não deu cer
Nos últimos anos, os psicólogos têm to ainda. (P40-322)
encontrado mais espaço também em
Atualmente o serviço de Psicologia
espaços de gerenciamento de
ainda funciona muito no esquema
serviços em saúde. (GF CRP 07)
ambulatorial e clínico, voltado para
os atendimentos individuais. Esta
Na descrição das ações realizadas no dia a dia feita
mos objetivando estruturar para o
Deixo duas horas por semana
trabalho em equipe voltado mais
dire tamente para a atenção básica para casos emergenciais.
em saúde. (P40-107) (P40-189) Atendimento de

O atendimento individual é realizado pelos(as) psicólogos(as) urgência em situação de crise.


de diferentes formas: em caráter emergencial, nas modalidades de (P40-321)
acolhi mento, psicoterapia, terapia breve, triagens, orientação,
Atendimento emergencial a
avaliação, acom panhamento, atendimento domiciliar e outros.
pessoas acometidas de transtornos
psíqui cos. (P40-387)

a) Atendimento em caráter emergencial


Os(as) psicólogos(as) realizam atendimento dos(as) b) Triagens, orientações, avaliação e acompanhamento O(a)
usuários(as) que se encontram em situações de emergência/crise. profissional da Psicologia realiza o processo de triagem de casos
São exemplos des te tipo de atuação os seguintes relatos: de demanda espontânea e de encaminhamentos da equipe ou da
Atendimentos Emergenciais ligados rede de serviços. São também desenvolvidas orientações diversas
a questões de violência doméstica. aos(às) usuários(as) e/ou familiares e aos(às) componentes da
(P40-82) equipe na qual trabalham.

23
Exemplos: pessoas encaminhadas por demais
profissionais. (...) além daquelas
(...) acompanhamento, orientação e
atendimento aos funcionários. (P40-07) pessoas que procuram
espontaneamen te pelo serviço de
(...) Orientação de pais e
Psicologia. (P40-326)
Atendimento familiar; avaliação e
atendimentos individuais. (P40-321)

Entrevistas para triagem, (...) 3.3.2.2. Atendimento psicológico grupal


acompanhamento de apoio
psicológico. (P40-401) Muitos(as) profissionais referiram atuar na coordenação de
(...) acompanhamento psicológico de grupos. Os(as) psicólogos(as) realizam as atividades grupais
sozinhos(as), em du pla ou com profissionais da equipe. Os tipos
de grupos são variados e buscam atender a demandas de grande
parte dos usuários da ABS, con forme discriminado abaixo:
b) Grupos terapêuticos, psicoterapêuticos e de apoio
• acolhimento
• terapêuticos, psicoterapêuticos e de apoio Foram referidos diversos grupos denominados de
• orientação terapêuticos, psicoterapêuticos ou de apoio, dirigidos aos(às)
• oficinas usuários(as) e aos fami liares, conforme destacado nos exemplos
• temáticos abaixo:
• grupos informativos e palestras Grupos de apoio/psicoterápicos
a) Grupos de acolhimento permanentes, para dependentes de
Os(as) psicólogos(as) desenvolvem atendimento grupal com álco ol e drogas e programáticos.
os(as) usuários(as), visando a fazer o acolhimento e identificar as (P40-321)
demandas para o atendimento.
Nos PSFs com grupos terapêuticos
de mulheres, idosos, adolescentes.
Exemplos:
(P40-323)
Grupos de Recepção para
acolhimento e avaliação das Atendimento terapêutico (...) em
demandas ao ser viço de saúde grupo de crianças, adolescentes e
mental. (P40-104) adul tos. (P40-348)

Acolhimento e avaliação de Nas terças-feiras, quartas-feiras e


usuários que procuram por sextas-feiras, realizo grupos de
atendimento psi cológico. (P40-138) psicote rapia em 12 UBSs e USFs.
(P40.67)
Acolhimento aos pacientes (desde
recepção na unidade de saúde até li Durante seis horas semanais realizo
beração deste para retorno ao lar). trabalho com grupos: atenção ao
(P40-459)

24
egresso psiquiátrico, psicoterapia
Na quarta-feira e na sexta-feira, são
de grupo para mulheres, atenção à realizado grupos terapêuticos. (P40-248)
ter ceira idade. (P40-299)
Mensalmente, realizo um grupo de
apoio aos familiares e cuidadores como agressividade, agitação,
de portadores de transtorno timidez, medos, enurese e
mental. (P40-448) encoprese,e grupo com orientações
gerais sobre o processo educativo).
(P40-359)
c) Grupos de orientação d) Oficinas
Os(as) psicólogos(as) descreveram realizar e/ou participar de Os(as) profissionais referiram realizar oficinas terapêuticas,
ativi dades em grupos denominados como de orientação; estes artísti cas, expressivas e esportivas dirigidas à população
são destina dos a: usuários(as), familiares, e comunidade. atendida. Exemplos:
Para crianças: oficinas
Exemplos:
Realizo grupos de orientação emocionais, oficinas
psicológica à saúde mental: psicopedagógicas. (P40-63)
tabagismo, alcoolismo e Participação aos eventos da
substâncias psicoativas e toc,
cidade, como oficinas de arte.
visando ao reconhecimento quanto
a seus danos e também na cessação (P40-297) Oficinas com grupos de
quanto ao seu uso e trata mentos. adolescentes. (P40-110)
(P40-160)
Realizo um trabalho de oficinas
Grupos de orientação de pais, grupo sobre autoestima e sexualidade,
de gestantes (...), grupo de pacientes projeto de vida, etc. (P40-399)
com depressão. (P40-218)
Oficinas de arte e saúde. (P40-400)
Ações de educação e saúde em
Semanalmente, acontece uma
trabalhos em grupos como:
oficina de convivência com a
planejamen to familiar, pré-natal,
produção de artesanatos, sendo que
aleitamento materno, saúde da
as monitoras são as ACSs e o
mulher, saúde do adolescente e
público-alvo são os casos de
jovens, SAE/DST-Aids. (P40-166)
neurose leve e sujeitos com
grupos de orientação de pais (de necessidade de socialização.
acordo com as queixa efetuadas, (P40-448)
odontologia). (P40-343)

e) Grupos temáticos (...) Grupos de lazer (pintura, bingo,


Lian Gong, etc. (P40-321)
Os(as) psicólogos(as) atuam diretamente na coordenação (...) Grupo de promoção de saúde de
de grupos temáticos ou participam dos mesmos em conjunto com adolescentes; grupos de promoção
profis sionais da equipe onde trabalham. Foram referidos múltiplos de saúde com jovens adultos.
assuntos abordados nestes grupos: (P40-25)
(...) grupos de temas em saúde
(...) Realização de grupos de vida
realizados na comunidade;(...)
saudável. (P40-92)
participação nos grupos que a UBS
realiza (hipertensos, diabéticos,

25
Grupos de Prevenção e Promoção a (P40-138)
Saúde (Grupo de Mulheres e Grupo de
Grupos de escuta comunitária por
Saúde Mental). (P40-330)
gênero, faixa etária ou específicos
(...) coordenação dos grupos de por tema. (P40-08)
tabagismo, organizações para os
Atendimento de grupos de crianças
traba lhos em grupo (gestante,
e adolescentes com dificuldades
adolescentes etc.) (P40-237)
rela cionadas ao âmbito escolar,
Grupo de Prática Corporal da com duração de 50 minutos. (P40-101)
Medicina Tradicional Chinesa – Tai
Grupo de Reabilitação – crônicos
Chi Pai Lin – de segunda a
sequelados usuários do serviço de
sexta-feira. (P40-397)
Fisio terapia. (P40-397)
(...) grupos multiprofissionais como
oficinas de sexualidades nas
f) Grupos informativos e palestras
escolas, oficinas de saúde com os
A realização de grupos informativos e de palestras foi
idosos, com hipertensos e
indicada pelos(as) profissionais da Psicologia como práticas
diabéticos, com cui dadores de
desenvolvidas tanto no local onde trabalham, como em instituições
pessoas com alta dependência (...).
da comunidade abran gida pelo território atendido pelos(as)
psicólogos(as). Essas atividades possuem caráter informativo mercado de trabalho. (P40-04)
sobre questões ligadas aos cuidados com a saúde e à prevenção (...) palestras proferidas à
de doenças, de orientações sobre o desenvolvimen população conforme solicitações
to infantil e a adolescência, além de dificuldades de aprendizagem. vindas da Se cretaria de Saúde.
São destinados tanto à comunidade atendida quanto aos(às) (P40-13)
profissionais da equipe. Seguem exemplos destes relatos:
Palestras semanais para gestante, (...) fazendo trabalhos de
obeso e câncer de mama; Palestra prevenção, como palestras em
para o programa empresa saudável. escolas e empre sas sobre
(P40-407) DST/Hiv/Aids. (P40-47)

(...)Palestras sobre tabagismo, ou (...)Palestras nos campos de


outro assunto que esteja em ênfase, trabalho que são desenvolvidos pela
como por exemplo, dengue.(P40-433) UBS. (P40-118)

palestras sobre sexualidade. (...)palestras em escolas,


Filmes que tenham conteúdos que comunidades e empresas.
possibili tem o saber fazer do
(P40-136) Palestras
cidadão. Etc. (P40-440)
socioeducativas nas áreas da
(...) coordenação de grupos
saúde da mulher. (P40-172)
informativos multiprofissionais.
Palestras em escolas sobre
(P40-309) (...) grupos informativos
dependência química, doenças
como mini-cursos e palestras. sexualmente transmissíveis, etc.
(P40-427) Palestras sobre depressão,
alcoolismo para a popula ção em
(...) palestras interativas em escola geral. (P40-314)
estadual sobre sexo, drogas e
26
3.3.2.3. Atuação no contexto da Estratégia de Saúde da Família pelo serviço de Psicologia. (P40-326)

Atendimento individual (crianças,


Os(as) psicólogos(as) referiram realizar ações no contexto
adolescentes, adultos) – no quadro
da ESF que envolvem atuação em rede e articulação de serviços,
de adultos existe pessoas com
matriciamento das equipes do PSF e Nasf.
psicoses encaminhadas de Caps (AD
ou não) e hospital psiquiátrico.
a) Atuação em rede
(P40-141)
As ações relatadas pelos(as) psicólogos(as) sobre a atuação
em rede se referem principalmente a três atividades: Faço atendimentos psicológicos,
1) Os(as) psicólogos(as) recebem usuários(as) e familiares por com pessoas encaminhadas pelos
solicita ção da rede de serviços para prestar atendimento agen tes comunitários, ou pelo
psicológico. Essas ações envolvem principalmente a assistência médico clínico geral da Unidade.
individual e/ou grupal. São desenvol vidas atividades de (P40-155)
acolhimento, orientação, avaliação e acompanhamento aos Atendimento a adolescentes
usuários(as) e aos familiares. São exemplos desse tipo de encaminhados através da Febem ao
atividade: ambu latório de saúde mental.
(P40-351)
Atendimento clínico de
Avaliação psicológica para aprovação
psicoterapia e acompanhamento
de aborto previsto por lei. (P40-174)
psicológico de pessoas 2) As ações envolvem o encaminhamento realizado pelos(as)
encaminhadas por demais psicólogos(as) para atendimento especializado de usuários(as) e
profissionais da saúde, educação, de fa miliares para a rede de serviços da comunidade:
as sistência social e requisições Encaminhamento (...) de famílias e
judiciais, além daquelas pessoas indivíduos para rede de serviços so
que procu ram espontaneamente cioassistenciais. (P40-33)
(...) encaminhamento ao serviço
ao treinamento de profissionais da comunidade e da rede de
especializado. (P40-52) serviços que demandam atendimento aos(às) psicólogos(as), tais
como: escolas, em presas, conselhos tutelares e equipes da ESF,
(...) encaminhamento conjunto de
conforme exemplos desta cados abaixo:
casos com o Ministério Público
(...) educação em saúde com equipes
(quan do necessário). (P40-60)
de funcionários, palestras informa
Encaminhamento de pacientes a tivas, trabalho em rede com
serviços especializados (Caps, Caps instituições como creches e
AD, hospitais de urgência, atendimento in dividual, infantil,
ambulatórios). (P40-64) adulto e adolescente. (P40-157)
(...) encaminhamento realizado pela (...) grupos com equipe de
equipe multiprofissional para o profissionais de saúde; palestras de
Caps ou internações psiquiátricas. promoção de saúde; treinamentos e
(P40-81) capacitações; seleção de
Encaminhamento pacientes psiquiátricos profissionais de saúde e agentes de
ao acolhimento Caps. (P40-196) saúde. (P40-25)

3) Os(as) psicólogos(as) referiram realizar ações destinadas

27
(...) Grupo de capacitação com as capacitação aos professores, para
monitoras do abrigo (...) e com os con que eles tra balhem com os alunos os
selheiros do Conselho Tutelar; fatores de risco de câncer:
Grupo com os técnicos de tabagismo, álcool, sedentarismo,
enfermagem do hospital. (P40-361) sexo sem proteção, exposição solar,
exposição ocupacio nal e
(...) Há também o trabalho de
alimentação saudável. (P40-134)
promoção da saúde, desenvolvido
nas es colas, onde trabalho com
b) Articulação da rede e matriciamento das equipes da
Estratégia de Saúde da Família das equipes, conforme exemplos que seguem:
Os(as) psicólogos(as) referiram desenvolver ações de Reunião de supervisão de casos de
articulação da rede de serviços, fortalecendo a atuação das pacientes com transtorno mental
equipes dentro da ESF, tais como: atendidos pelas equipes do PSF, com
1) articulação da rede de serviços da comunidade, prestando a participação da Equipe de Apoio
asses soria, orientação, acompanhamento, além de realizar visitas Matricial em Saúde Mental do
e reuniões técnicas com os setores que encaminham usuários(as) território composta por uma
para atendimento psicológico, entre eles, a educação aparece psicóloga e uma psiquiatra. (P40-01)
como o principal setor. Como indicado nos relatos: Reuniões de planejamento e
(...) acompanhamento e orientação à acompanhamento da equipe Nasf. (P40-8)
diretores das escolas frequentadas
(...) Capacitação e sensibilização
pelas crianças e/ou adolescentes
das equipes de PSF para as questões
inseridas no programa. (P40-07)
psi cológicas e af
(...) assessorias às escolas da região de
Formação de Terapeutas
atuação. (P40-467)
Comunitários, dos Agentes de Saúde
(...) orientações as escolas quando dos CSF do litoral Norte. (P40-24)
necessário, participação em grupos
temáticos. (P40-235) Monitorar todas as unidades
básicas e PSFs, por meio de mapas de
(...) Participo de atividades re cebimento de medicação,
intersetoriais com a área de entrada e saída de pacientes no
educação(...)(P40-471) Articulação programa. Enviar mapas mensais
de controle dos Programas à
com rede de serviços e parceiros na
Secretaria Estadual de Saúde.
comunidade.(P40-8) (...) Visitas à Treinar e orientar os funcionários
rede de serviços do município. das Unidades Básicas e PSFs.
Avaliar periodicamente os serviços
(P40-4)
dos programas oferecidos. (P40-161)
2) Supervisão e capacitação das equipes da ESF no que se
Matriciamento de equipes de PSF.
refere a questões psicológicas dos(as) usuários(as) e dos(as) (P42-64)
familiares, realizan do reuniões de planejamento e monitoramento
Matriciamento da equipe da Unidade
Básica de Saúde; Matriciamento da Equipe de PSF (3 equipes). (P40-200)

28
Ações específicas no campo da saúde mental (metade do setor sul).
As ações referidas estão relacionadas ao fornecimento de Quartas-feiras visito uni dades,
suporte técnico, supervisão de casos e capacitação das equipes participo de capacitações
para o atendi mento aos(às) usuários(as) considerados específicos continuadas ou participo de plano
de saúde mental, além de oferecer diferentes orientações aos dire tor da saúde mental.
familiares sobre os cuidados destes usuários(as). Vejamos Quintas-feiras, reunião de
exemplos desta atuação: articuladoras de rede ou
Atuo como “articuladora de rede” reunião no Caps de referência do
junto à equipe de coordenação de meu setor. Sextas-feiras, reunião
Saú de Mental do município. Fico com psicólogas e psiquiatra da
responsável por organizar o equipe matricial do Núcleo (...). Uma
matriciamento na atenção vez pro mês, temos reunião das
primária da região sul da cidade da equipes matriciais do setor sul e do
cidade de Uberlândia. Então, setor oeste com equipe do Caps
segundas-feiras tenho reunião com Oeste, que é nossa referência.
a equipe de coordenação: co (P40-68)
ordenador do município, Reunião de supervisão de casos de
coordenadores de CAPS e pacientes com transtorno mental
articuladoras de rede. atendidos pelas equipes do PSF, com
Terças-feiras tenho reunião com a participação da Equipe de Apoio
psicólogas e psiquiatra da equipe Matricial em Saúde Mental do
matri cial do Núcleo São Jorge território composta por uma
psicóloga e uma psiquiatra. (P40-02)
Trabalho no matriciamento
O trabalho que realizo nas Unidades itinerante de saúde mental,
Básicas de Saúde no município (...) é circulando atu almente em 5 PSFs,
de dar suporte para a equipe de semanalmente, aproximadamente
saúde da família (médicos, de 3 a 4 horas em cada unidade. Faço
enfermeiros, técnicos de reuniões com a equipe para
enfermagem, agentes discussão e supervisão de casos, se
comunitárias) para situações que necessário referenciamento para
sur gem em saúde mental. (P40-210) unidades especializadas de saúde
mental no município e também para
(...) participamos de reuniões periódicas
organizadas pelas chefias da outros serviços da rede (ONGs,
secretaria de saúde, para Igrejas, Cras, etc.). Participo junto
discutirmos projetos, parcerias, com o PSF de grupos especia lizados
fluxogramas e casos. Na unidade de (Hiperdia, por exemplo) e também de
Saúde de Família, ainda faço visitas grupos com temas de pro
domiciliares e atendimento aos moção da saúde (Como “Saúde da
agentes comunitários. (P40-03) Mulher”, “Grupos de Reflexão”, etc.).
Reuniões técnicas: com a E, ainda que raro, grupos
coordenação de Saúde Mental, com a terapêuticos com algumas equipes
Equipe Matricial em SM (psicólogos, de saúde da família. Também
assistentes sociais, terapeutas realizo visitas domiciliares. E
ocupacionais, arte-educadores e sempre há reunião com a equipe de
psiquiatra), com a supervisora, com psicólogos da região sanitária que
os Caps (quando necessário), eu trabalho (apoio e ma
Reuniões Gerenciais: com todas as triciamento), para discussão de
coordenações da AB; com a casos e criação de estratégias.
supervisora da Regional (P40-431)
específica. Reuniões (...) matriciação das equipes com
técnico-pedagógicas: com as intuito de capacitar a trabalhar em
equipes dos PSFs. (P40-60) saú de mental. (P40-323)
de contrarreferência.(...) (P40-67)
(...) as articulações entre a equipe e
demandas dos pacientes e serviços

29
3.3.2.4. Relatórios, pareceres, laudos e prontuários contexto. O trabalho em equipe, em rede e com a comunidade é,
portanto, uma característica importante da Atenção Bási ca à
A produção de relatórios dos atendimentos prestados também Saúde. Deste modo, muitas ações foram indicadas como oriundas
compõe as atividades dos(as) psicólogos(as) no campo da Atenção do planejamento em equipe e várias delas são realizadas por
Bási ca à Saúde. Entre estas atividades está a elaboração de psicólogos(as) e outros(as) profissionais, apesar de terem sido
relatórios, laudos e pareceres psicológicos, bem como o registro referidas dificuldades no desenvolvimento do trabalho em equipe.
dos casos nos prontuá rios, conforme exemplos que seguem:
Relatos:
(...) preenchimento de prontuários A ação interdisciplinar faz parte da
eletrônicos, discussão de situações metodologia de trabalho das equi
do cotidiano com outros membros pes de saúde.(...) A aproximação da
da unidade. (P40-222) equipe de saúde com os(as) Agen
(...) Elaboração de relatórios tes Comunitários de Saúde – ACS, as
psicológicos para atender ao Poder lideranças comunitárias e com
Judiciá rio e Delegacias própria comunidade tem sido uma
Especializadas. (P40-174) forma de atuação bastante eficaz,
tanto nas ações de preventivas de
doenças quanto nas de promoção da
saúde. (GF CRP 02)
3.3.2.5 O trabalho em equipe multiprofissional
A Atenção Básica em saúde, no
O trabalho multiprofissional e interdisciplinar faz parte dos tocante ao SDF, prevê a
objeti vos e da organização do trabalho na Atenção Básica à responsabilização da equipe sobre
Saúde. Em equipe cabe o planejamento, a realização e o a saúde do território da equipe. Mais
acompanhamento/seguimento de muitas das ações neste que ser um local de atendimento
ambulatorial, a ESF deve funcionar casos mais difíceis e complicados.
como unidade proativa de cuidados Porém esse mo delo de
e manutenção da saúde no encaminhamento é o modelo da
território. Todos os agravos e de Atenção Especializada (secun dária)
terminantes em saúde da região e incompatível, a priori, com a
devem ser objeto de interesse e atuação dos Nasf. (GF CRP 11)
cuidados da unidade. Isso implica
(...) Reuniões em equipe:
assumir uma postura ativa de
análise epidemio lógica, Na maioria dos locais, as reuniões
planejamento e ação conjunta para em equipe constituem um espaço
bloquear, suprimir e tratar os para a discussão de casos e
fatores que fragilizam a saúde do questões emergentes referentes
território. Contudo o mais comum é ao trabalho, vi sando também à
que as equipes funcionem como construção de ações em equipe para
assistência ambulatorial, o atendimento à comunidade. (GF
meramente clínica e distanciada da CRP07)
epidemiologia e da saúde pública.
Nesse quadro a demanda O GF do CRP 10 apontou ainda:
apresentada pelas equipes num (...) Ausência de equipe
momento inicial na quase interdisciplinar: normalmente
totalidade das vezes é que o Nasf funcionam como equipe
venha para “desafogar” o multidisciplinar. (GF CRP 10)
ambulatório do SDF, atendendo os

30
Os relatos nas RE do CRP 10 e 08 são exemplos das ações das UBS;
em equipe:
▪ Programação e implementação
As características do processo de das atividades, priorizando
trabalho das equipes de atenção solução dos problemas de saúde
básica à saúde são: mais frequentes, considerando
a responsabilidade da
▪ Definição do território de atuação
assistência resolutiva à atendimento às urgências
demanda espontânea; médicas e odontológicas;
▪ Participação das equipes no
▪ Desenvolvimento de ações planejamento e na avaliação das
educativas que possam ações;
interferir no processo de
saúde-doença da população, ▪ Desenvolvimento de ações
ampliando o controle social na intersetoriais, integrando
defesa da qualidade de vida; projetos sociais, voltados para a
promoção da saúde;
▪ Desenvolvimento de ações
localizadas sobre os grupos de ▪ Apoio a estratégias de
risco e fatores de risco fortalecimento da gestão local e
comportamentais, alimentares
▪ Controle social. (RE CRP10)
e/ou ambientais, com a
finalidade de prevenir o É uma equipe matricial que faz a
aparecimento ou manutenção de gestão dos casos, articula com a
doenças e danos evitáveis; rede de serviços e com a rede de
direitos, faz a interlocução com os
▪ Assistência básica integral e recursos da comunidade,
continua; objetivando melhorar as condições
de vida dos pacientes e suas
▪ Organização à população
famílias e garantir um atendimento
adstrita, garantindo o acesso ao
humanizado. Os casos mais
apoio diagnóstico e
complexos, normalmente
laboratorial;
encaminhados pelo Ministério
▪ Implementação das diretrizes da Público, exigem acompanhamento e
Política Nacional de gerenciamento, buscando agilidade
Humanização, incluindo o em função da complexidade.
acolhimento; De uma maneira geral, cada
psicólogo da equipe distrital é
▪ Realização do primeiro
responsável por três ou quatro
Unidades Básicas, organizando sua multidisciplinar, seja coordenando reuniões ou como participante
agenda de acordo com as de atividades desen volvidas em equipe, tais como:
necessidades de cada unidade, de
maneira que esteja presente em a) Reuniões de equipe para discussão e supervisão de casos
todas em vários períodos na clínicos Trabalho junto à equipe
semana. (RE CRP 08) multiprofissional (discussões
clínicas, reuniões e supervisões).
(P40-174)
Os(as) psicólogos(as) referiram atuar em equipe

31
Reuniões de equipe ou com áreas (P40-319)
específicas da UBS (enfermagem,
dire ção, ACSs, Serviço Social, etc.).
b) Capacitação dos(as) componentes das equipes
(P40-203)

Reuniões de equipe envolvendo (...) educação em saúde com equipes


profissionais de nível superior, de funcionários, palestras informa
técnico e agentes de saúde para tivas. (P40-157)
discussão de casos e definição de
(...) grupo de apoio aos Agentes
projetos tera pêuticos individuais Comunitários de Saúde, etc. (P40-328)
e/ou familiar. (P40-08)
(... ) treinamento de profissionais
Além disso, temos também reuniões para entender patologias
de equipe interna do programa; relacionadas a saúde mental para
uma vez por mês grupo de estudos que seja feito diagnóstico precoce.
de toda a equipe do programa do mu (P40-218)
nicípio e reunião com nossa
(...) contato com outros
coordenação do programa. (P40-71)
profissionais da unidade (para
reunião com as discussão e enca minhamento de
equipes/profissionais do PSF para casos, e para orientações). (P40-359)
triagem e orientação sobre casos.
aos doentes mentais.
(P40-323) atendimento
c) Visitas domiciliares domiciliar a idosos (raro).
(...) Visitas domiciliares: realizadas (P40-333)
em conjunto com ACS ou outro mem
Atendimento domiciliar para paciente
bro da equipe. Prioritariamente
e/ou cuidador. (P40-355)
utilizadas para acompanhar
famílias e/ ou usuários da área de Visita domiciliar junto com as
vigilância. Entretanto, também equipes de Saúde da Família da
realizo atendi Unidade de Saúde. (P40-304)
mentos domiciliares para pessoas (...) visitas domiciliares junto a ESF.
com impossibilidade de locomoção (P40-30)
devido a limitações físicas Faço visita domiciliar juntamente
decorrentes de alguma doença (ex. com a assistente social na demanda
acidente vascular cerebral; do conselho tutelar do município.
diabetes, entre outras). (P40-209) (P40-61)
Visitas domiciliares a pacientes Visitas domiciliares juntamente
acamados, a pessoas que com ACS para conhecimento e
apresentam doenças orgânicas ou acompa nhamento de casos.
transtornos mentais. (P40-81) (P40-312)
Visitas domiciliares em casos Visitas domiciliares a usuários e
necessários, acamados ou famílias – geralmente são visitadas
resistentes ao cuidado em fa mílias de risco, usuários com
serviços. (P40-08) alguma necessidade em saúde
Fazemos visitas domiciliares com mental, com baixa adesão ao
caráter preventivo, informando o tratamento. (P40-342)
que se deve fazer para manter uma (...) algumas visitas domiciliares
boa qualidade de vida. (P40-447) (somente em casos graves que
(...) atendimento domiciliar requerem um convencimento para
o comparecimento na Unidade, ou psicológica). (P40-71)
mesmo para uma avaliação

32
A atividade de visita domiciliar foi descrita pela grande maioria sintetizado no Qua dro abaixo.
dos(as) psicólogos(as) como uma prática bastante comum no Quadro 3: Teorias, conceitos e autores indicados nas discussões dos GF
cotidiano de trabalho. Alguns(mas) profissionais explicaram como Conselho Teorias, conceitos e autores
Regional
realizam essa atividade e quais os seus objetivos, outros(as) não
detalharam como elas são desenvolvidas. Assim, podem ser CRP 02 A psicoterapia analítica, de apoio e
breve, e os grupos operativos ainda são
realizadas para: a) atendimento de pessoas com dificuldades de as teorias que mais influenciam os(as)
psicólogos(as) na atuação dos serviços
deslocamento devido a diferentes proble mas de saúde; b) realizar de Atenção Básica de Saúde.
atividades de prevenção e promoção de saúde; c)
CRP 03 BA Teorias: Psicologia Comportamental;
atendimento/acompanhamento; d) fins gerais. Psicologia Social; Epidemiologia;
Psicanálise; Psicopatologia; Grupos
Operativos.
As ações desenvolvidas em equipe Conceitos: Território; Rede;
Referência; Cidadania; Prevenção;
multiprofissional, em geral, são ECA; Marco lógico da política pública;
plane jadas a partir do que é legislação do SUS; NOB.
Área do Conhecimento: Educação;
preconizado, organizado e Sociologia; Antropologia; Saúde
coletiva.
estruturado no modelo de Atenção
Básica à Saúde, bem como das SE (...) No que se refere as teorias,
utilizam a Psicologia social e social
próprias experiências dos(as) comunitária e dialogam com
profissionais. perspectivas teóricas da Psicologia
clínica e institucional. Os
profissionais utilizam como
referência para a
atuação/intervenção o psicodrama, a
psicanálise, a gestalt terapia, a
3.4. Referenciais teóricos, conceitos e autores esquizoanálise, a psicoterapia breve
focal, a clínica sistêmica com foco de
atuação na família, a terapia
Um dos temas discutidos nos grupos fechados foi sobre existencialista fenomenológica e
quais teorias, conceitos e autores norteiam o trabalho realizado transpessoal. Uma minoria dos
profissionais se referiu ao estudo das
pelos(as) psicólogos(as) neste campo. A indicação e a discussão políticas públicas de saúde e princípios
do SUS.
de quais te orias/teóricos e conceitos aponta a diversidade
existente em uma mesma região e no campo como um todo, como
CRP 04 G1 Como referência teórica para o Não há um aporte teórico Michel
trabalho no NASF, foi citada a produção específico que embase todo Fouca
de Maria Lúcia Afonso, principalmente o trabalho realizado pelos ult;
no livro “Oficinas em dinâmica de profissionais. Eles Pichó
grupos na área da saúde”. O atentaram para a n;
referencial da terapia comunitária, no importância da Gilles
caso da experiência de Brumadinho, multiplicidade teórica, Deleuze
foi citada a partir do idealizador dessa consideram que a prática é ;
proposta, Adalberto Barreto. construída conforme as Felix
especificidades do Guattar
CRP 05 Listamos abaixo as referências que território, dos usuários e i.
surgiram: maciçamente a análise sua comunidade, e não a
institucional e a psicanálise (lacaniana partir de um modelo rígido.
e freudiana) foram os referenciais Mencionaram os seguintes
mais citados: Psicanálise, campos teóricos como
Cognitivo-Comportamental, Análise aqueles que orientam suas
Institucional, Teorias Psicossociais, práticas:
Psicoterapia Breve, Teoria Filosofia; Psicanálise;
Sócio-Histórica, Sigmund Freud, Psicologia Social e
Jaques Lacan, Levi Semenovitch Comunitária; Análise
Vygotsky, Paulo Amarante, Franco Institucional; Saúde
Basaglia, Antonio Lancetti, Jean Coletiva; Esquizoanálise;
Piaget, Karl Marx, Frederick Engels. Psicologia
Cognitivo-Comportamental.
CRP 07 Teorias e conceitos Autores
mencio
nados

33
CRP 09 TO “Não aprendi nenhuma teoria ou
conceito sobre política pública em
CRP 08 Método Clínico, Psicologia relação à saúde ou quaisquer outras
Comunitária, Psicomotricidade, áreas na faculdade. Nutro em mim um
Psicoterapia Breve, sentimento de vazio quanto a isso”;
Cognitivo-Comportamental,
“Deveríamos utilizar a Psicologia
Abordagem Sistêmica, Abordagem
Sócio-Histórica (Psicologia Social e
Reichiana, Analítico-Comportamental,
Psicologia Comunitária). Autores:
Neopsicanálise, Trabalho em Grupo.
Paulo Freire, Marx, Ana Bock,
Vygotsky, Freud, Jean Piaget, P.
Rivière (grupos), Carl Rogers, Sartre,
Poesias, Pintores, Fernando Pessoa”;
“Teoria da problematização”: Zanelli
(treinamento), Tamayo (estresse e
cultura), Dejours (prazer e
sofrimento), Mendonça (formas de
enfrentamento a problemas); “O
referencial teórico é aquele
promovido pela academia, mais voltado
para ações curativas e clínicas do que
para ações preventivas e sociais”;
Psicanálise – S. Freud, Lacan; Arminda CRP 14 MT As principais teorias e conceitos que
Aberastury; Saúde mental; Psicologia influenciam a atuação são
Comunitária; Psicologia psicanalítica freudiana, psicodrama,
Comportamental Cognitiva; Área base analítica, Psicologia social,
clínica: análise do comportamento – B. políticas públicas e comportamental.
F. Skinner, William Baum, Miller;
CID-10;SUS, Saúde coletiva; MS As principais teorias e conceitos que
influenciam a atuação são cognitiva
Psicoterapia breve;“Gestalt-terapia e
comportamental, ludoterapia,
Psicologia Social. Autores: Mary Jane psicanálise, humanista, psicodrama,
Spink, Fritz Perls, Jorge Ponciano terapia sistêmica familiar, terapia
Ribeiro, Humberto Maturana, Fritjof breve e focal, analítica e lacaniana.
Capra”; “Teoria da objetividade
centrada na problemática atual do
cliente”;
Psicologia humanista; Psicologia
Sócio-Histórica. CRP 16 Em relação a este tópico o consenso é a
importância dos estudos da área da
CRP 10 Abordagem Psicanalítica: associação Saúde Pública e Saúde Coletiva. Uma
livre, inconsciente, ato falho, das participantes entendeu que este
compulsão, onírico, transferência, tipo de levantamento acerca das
contratransferência; possíveis utilizadas não cabe como
Abordagem Centrada na Pessoa: algo que possa ajudar: “Acho que a
empatia; gente não pode fechar não. Acho que
Visão sistêmica: família nuclear; tudo que for relacionado à saúde
ciclos familiares; coletiva, acho que cabe” (informação
Abordagem comportamental: verbal).
sensibilização sistemática; Apesar de concordar com esta posição
reestruturação cognitiva. a outra psicóloga afirmou que tem
abordagens teóricas que ela prioriza
CRP 11 Quanto a conceitos e teorias que como: Clínica da Diferença,
apoiam a prática profissional foram Esquizoanálise, Guattari, Foucault,
sugeridos a Psicologia Social Deleuze, Paulo Amarante.
Comunitária, Psicopatologia, Concordaram que a linha é um apoio
Psicoterapia Breve e Teorias de pessoal que se soma à formação.
Aconselhamento Psicológico. O
conceito de Clínica Ampliada também é
indicado para orientar os
atendimentos. A aplicação dos
preceitos da Educação Popular é útil e Pela análise das ações dos(as) psicólogos(as) no campo da
aconselhada. Atenção Básica à Saúde foi possível perceber modos de
Conteúdos adjacentes à Psicologia e
necessários à prática foram intervenções variados, apresentando um conjunto de modalidades
apontados os conhecimentos sobre o que englobam o atendi mento psicológico individual e grupal,
Sistema Único de Saúde, seus níveis de
atenção, a conceituação de redes de visitas domiciliares e atuação em equipe multiprofissional, como
atenção, as portarias regulatórias da
Atenção Básica e da Estratégia de também na área acadêmica, na gestão de serviços e na
Saúde da Família e dos Núcleos de Apoio formulação de políticas públicas para a saúde.
à Saúde da Família.
No contexto da ESF foram indicadas formas distintas de atuar
na articulação da rede de serviços, com as instituições parceiras
da comuni dade e na prática do matriciamento das equipes da ESF. Os(as) psicólogos(as) atuantes na ABS, participantes no
Além disso, os locais de atuação profissional variam entre as referido es tudo, apontaram muitas dificuldades e desafios
UBS, unida des da ESF diferentes locais vinculados tanto à encontrados no desen volvimento de suas ações. Alguns deles
Secretaria de Saúde quanto ou tras secretarias do serviço público estão relacionados à mudança nas concepções de saúde e de
(educação, assistência social, Judiciário, etc.). doença e, consequentemente, aos mo delos de cuidado à saúde
da população que, em relação à prática, são processuais e lentas.

4. Desafios vividos no cotidiano profissional

34
Foram mencionadas dificuldades no estabelecimento de
práticas no contexto da Estratégia de Saúde da Família, no Foram relatados pelos(as) psicólogos(as) diferentes desafios rela
matriciamento e no atendimento integral do(a) usuário(a). Algumas cionados à atuação específica na saúde pública. Estes desafios
das dificuldades foram descritas em forma de demandas, queixas estão as sociados a fatores como: despreparo dos(as) profissionais
e solicitações sobre as condi das equipes para trabalhar no campo da saúde pública, falta de
ções de trabalho, tais como: o grande número de atendimentos, a formação na gradua ção para este trabalho e o tratamento centrado
carga horária, o baixo salário e as discrepâncias existentes em na medicalização.
comparação com os salários de outros(as) profissionais atuantes a) Desafios decorrentes da falta de formação específica para
no campo e a carência de recursos materiais e humanos. atuar no campo da Atenção Básica à Saúde
Muitos dos desafios com que se deparam os(as) (...)os médicos e outros
psicólogos(as) fo ram atribuídos a deficiências nos cursos de profissionais sem perfil e
graduação em Psicologia, no que se refere a uma melhor formação para trabalhar na ES).
formação de profissionais para atuar no con texto do SUS e das (P41-454)
políticas públicas. (...) falta de organização da saúde
Também foram apontados como desafios a articulação das pública e despreparo de
equipes multiprofissionais para a realização de um trabalho profissionais não qualificados.
conjunto e a amplia ção da atuação dos(as) profissionais da Enfrento tais problemas com
Psicologia para além do modelo de atendimento clínico/individual. planejamento para as ati vidades,
treinamentos e discussões
4.1. Desafios relacionados ao trabalho no campo da técnicas. (P41-460)
saúde pública
voltada principalmente para a área
Para a equipe de (...), trabalhar em
da saúde coletiva, para a área de
rede é difícil, pois esta perspectiva
gestão. (RE CRP 08)
não está contemplada na formação
do profissional da psicologia. As
políticas públicas são pouco b) A formação acadêmica dos(as) psicólogos(as)
trabalhadas na Universidade, como A formação profissional pautada na
também a atua ção em rede, a medicina tradicional. (...) (P41-77)
intersetorialidade, a
Temos de nos despir de muitas
transdisciplinaridade. (...)(RE CRP
concepções apreendidas nos
08)
bancos da universidade, (...) das
várias categorias profissionais
Sobre a questão da formação, os(as) participantes da RE do com as quais traba lhamos, da
CRP 08 fizeram a seguinte sugestão: comunidade que no primeiro
momento anseia pelo modelo já
(...)A sugestão é, portanto, pensar na conhecido,(...)da falta da proteção e
formação do profissional como um conforto das 4 paredes(...) (P41-400)
processo de educação continuada,

35
(...) atendimento a crianças e Saímos da faculdade ainda
adolescentes que deve ser feito nos despreparados para enfrentar os
centros de saúde por nós e não desafios políticos, so ciais e
temos formação específica para profissionais para o serviço
esse atendimen to(...) (P41-225) público. Temos de aprender na
prática, faltando muitas vezes uma
(...). E um último desafio e talvez
fundamentação teórica. (P41-71)
fonte de muitos outros, é sem
dúvida, a falta de formação nessa
área pública, dada na graduação. c) Dificuldades de superar a “medicalização” na Atenção
Básica à Saúde (...) medicalização do vive e se coloca no mundo. Um dos
social. (P41-92) desafios é potencializar a escuta e
O uso indiscriminado de psicotrópicos. incentivar os demais profissionais a
(P41-152) ampliarem seu modo de intervir,
O uso inadequado de colocando-se mais dispostos a
medicações e falta de construir conjuntamente com o
informação e usuário (...) (P41-209)
conscientização sobre Sempre procuro os enfermeiros que
BEM-ESTAR. (P41-18) são os chefes das unidades para ver
(...) Outra dificuldade que vejo é a as prioridades, mas a visão é a do
centralização do atendimento, creio atendimento individual. A medicina
que estes seriam muito mais é curativa, e a medicalização é
efetivos se as profissionais intensa. (P41-100)
estivessem trabalhando junto à
Trabalhar na desconstrução de um
equipe da Saúde Básica. Acho muito
modelo de cuidados e assistência de
importante o trabalho com Grupos,
base hospitalocêntrico,
mas para isso os profissionais têm
substituindo-o, gradativamente,
de ter qualificação adequada para
por um de base comunitária e
tal, caso contrário, o trabalho não
territorial é um desafio enorme.
vai ser proveitoso nem para a
(P41-400)
população atendida nem para o
profissional que lá atua. (P41-156)
A medicalização abusiva,
4.2. Desafios relacionados à gestão política da saúde
principalmente com ansiolíticos. e às condições de trabalho do(a) psicólogo(a)
(P41-201) Problematizar com a equipe o
Os(as) profissionais relataram que a atuação no campo da
cuidado: o paradigma biomédico
ABS apresenta dificuldades decorrentes da forma como a gestão
ainda é forte nos profissionais de
política é realizada em determinados municípios, no que se refere
saúde, produzindo intervenções
às diretrizes po líticas e à gerência administrativa dos gestores,
normativas e, muitas vezes,
bem como ao não reco nhecimento do(a) psicólogo(a) neste
controladoras, sem permitir uma
campo.
prática dialógica com o usuário,
Os(as) profissionais indicaram também vários desafios em relação
compreendendo o modo que o mesmo
às condições em que o trabalho é desenvolvido, tais como: locais pouco o controle público do SUS.
para atuação, principalmente para os atendimentos individuais e (P41-201)
grupais; ine xistência ou poucos recursos materiais e humanos Os principais desafios são: a
para a execução do trabalho; alta demanda por atendimentos politicagem (...) gestores sem
vindos da comunidade; quan tidade insatisfatória de profissionais formação e vi são técnica(...)
(P41-454)
para responder a esta demanda.
enfrentar/vencer resistências dos
a) Relativos aos(às) gestores(as) e políticas gestores públicos (...) (P41-400)
(...)Falta de suporte político. (P41-144)
A inconstância dos gestores, ainda é

36
b) Relativos à falta de reconhecimento dos(as) profissionais cursos por exemplo. Minha Unidade
da Psicologia é responsável por uma área de
sensibilizar os gestores/políticos abrangência de 89.100 pessoas
para reconhecer a natureza aprox., ou bem mais... Trabalho
insalubre e perigosa do nosso numa das regiões mais pobres de
trabalho uma vez que não São Paulo, escassa de re cursos, com
recebemos gratificação ne nhuma alguns dos piores indicadores de
por isso, etc. (P41-400) saúde da Região Sul. (P41-72)

Um dos principais desafios de hoje é Os obstáculos para a estruturação


a falta de incentivo da instituição do programa parecem estar relacio
para a capacitação dos nados, inicialmente, à forma como
profissionais, mesmo no que diz os gestores municipais dão valor
respeito à con tratação, visto que aos serviços prestados pela
não somos contratadas com o cargo Psicologia. (GF1 CRP04)
de psicólogas, mas como Foi relatado durante o Grupo
supervisoras, isso ocorre porque Fechado, assim como na Reunião
não foi realizado concurso público. Específi ca, que em alguns casos
(P41-156) equipe, gerência e/ou comunidade
Não há investimento em RH, como têm dificul dade em entender que o
trabalho do psicólogo não é demanda de trabalho. (GF CRP 14MT)
necessariamente atendimento
A demanda para a Psicologia na
individual. (GF CRP16)
atenção básica é muito grande.
Tanto a demanda espontânea (dos
c) A pressão por produtividade e a elevada próprios usuários), como os
demanda de atendimentos encaminhamen tos dos colegas.
(P41-151)
(...) A necessidade de “produção”.
O desafio é que eu sou a única
Com o tempo a impressão que tenho
psicóloga para atender toda a
é que o papel é mais importante que
população. (P41-98)
o atendimento, talvez por isso o
aten O primeiro grande desafio é a
dimento em escolas, que garantem grande demanda que o programa
muitas assinaturas de usuários tem de absorver. É um programa na
como atendidos. (P41-201) região que cada vez mais está sendo
conhe cido e percebe-se um
Respeito pelo profissional quanto
aumento na procura, como a equipe
ao número de atendimentos por dia
é pequena, infe lizmente não dá
e à real necessidade desse
para propor algumas atividades que
atendimento psicológico. (P41-196)
queríamos. (P41-71)
A limitação de tempo para cada
Excesso de demanda – lista de
paciente, a grande procura por
espera e restrição em alguns tipos
terapia, formando uma longa fila de
de quei xa e faixa etária nos
espera. (P41-152)
atendimentos. (P41-101)
Não existe tempo para a execução
Excesso de demanda de
de planejamento. Geralmente a de
atendimentos, muitas vezes
manda de trabalho é que determina
encaminhados de for ma incorreta;
o planejamento. Em alguns municí
deterioração das condições de vida
pios os profissionais não
e da estrutura do Estado (escola,
participam de forma nenhuma do
segurança pública),
planejamen to por conta da grande
comprometendo a saúde do cidadão
e, conse quentemente, aumentando Serviço de Saúde Mental. Demanda
a demanda do serviço de saúde. incessante que só tende a crescer.
(P41-39) Encaminhamentos vindos: do Conse-

O aumento absurdo da procura pelo

37
lho Tutelar, das Escolas, Do Fórum, algo que depende da prefeitura na
do COMSE, Saúde Mental na Unidade qual trabalho resolver, mas já
Básica é porta de entrada para o existe uma possibilidade de
Serviço de Saúde mental no melhora num futuro próximo.
município, ou seja, demandas de (P41-140).
todas as ordens, de todos os
A quantidade de pessoas a serem
lugares. (P41-441)
atendidas e a infraestrutura básica
ne cessária para atendimento.
d) Espaço físico e recursos materiais Procuro formar pequenos grupos
para agili zar a demanda e adequar a
Ausência de sala para atendimento; sala em que atendo (e divido com
tempo de atendimento; Falta de mais três profissionais) para
recursos audiovisuais; (...) Falta de atendimento, principalmente
(...) atendimento da criança: por não infantil. (P41-347)
existir recurso lúdico em algumas
Espaço físico, desta forma, atendemos
unidades. (GF CRP 10) somente individual. (P41-83)
(...) sala inadequada para O segundo desafio é a falta de
atendimento (paredes de divisórias estrutura ideal de trabalho, por
de madei ra): como fica explícita a exemplo, não termos telefone nem
condição para o paciente, algumas computador disponível. (P41-71)
vezes é pre ciso diminuir o tom da
O atendimento na prefeitura está
voz. Uma outra medida que
informatizado e deve ser lançado no
encontrei foi a de ficar ao lado de
sistema e só há um computador para
uma sala vazia. (P41-14)
quatro profissionais da equipe de
(...) Com relação ao espaço físico, é
saúde mental. (P41-225) sobre nossa área de atuação, tanto
pela falta de tempo quan to pela
A falta de recursos é o principal desafio.
São materiais para a execução impossibilidade de pagá-los.
das oficinas, dos grupos e dos (P41-140)
eventos. Além disso, não possuímos
E, claro, o salário, que é pouco,
recur sos eletrônicos, como
principalmente se comparado aos
computadores e máquinas para
dos co legas médicos e
registro de algu mas atividades.
enfermeiros, que ganham bem
(P41-23)
mais. (P41-145)
(...) as precárias condições de
O meu salário é o menor dentre
atendimento, pouco material de
todos os profissionais que possuem
trabalho, às vezes fico até sem
nível uni versitário. A carga
ventilador em uma sala apertada
horária também está entre as
onde o sol bate. (P41-266)
maiores. Há falta de respei to,
também, com as minhas opiniões. Eu
e) Baixos salários lido com certa submissão, por pre
cisar do emprego e a minha área
Entretanto, o principal problema é estar escassa de oportunidades.
quanto à baixa remuneração que (P41-155)
aca ba por obrigar Os(as) A remuneração é insatisfatória,
psicólogos(as) a trabalhar em mais mantemos o trabalho por
de um emprego ou a desenvolver considerá-lo importante ao atender
horas extras dentro da rede pública uma população que não pode ter
e, com isso, acabam sendo gerados acesso ao aten dimento de
desgaste físico e a dificuldade de consultório. (P41-306)
participar de cursos e congressos
38
f) Carga horária de trabalho Faço aquilo que consigo fazer,
(...) A carga horária também está dentro das limitações, ou seja, de
entre as maiores (...) (P41-155) (...) maneira simples. (P41-93).

carga horária de 40 horas Nós utilizamos materiais


adquiridos com nossos próprios
semanais (é muito cansativa).
recursos. O bre chó também é uma
(P41-234) opção para levantar fundos que
(...) penso que a carga horária envolve ao mesmo tempo a
DEVERIA ser de 20 horas semanais, comunidade. (P41-23)
pois a clíni ca de SM é muito Falta de material lúdico para
pesada.... principalmente quando se trabalhar com crianças. Crio jogos,
atende 15 pessoas em uma manhã de peço do ações de amigos e muitas
6 horas, sendo que, destes, 10 casos vezes compro com meu próprio
são graves(...) (P41-448) dinheiro, já que a prefeitura não
(...)o horário de trabalho não é entregou ainda minha lista de
recompensado financeiramente, material, que foi pedida já há cerca
devendo haver um piso específico de três meses. (P41-61)
para o psicólogo. (P41-339) Falta de suporte estrutural: como
transporte para visitas e idas aos
PSFs. Buscamos suporte com a
Modos de lidar
supervisora de área, vamos de
Diante das dificuldades encontradas para a realização do
carona nos car ros de outras
trabalho, alguns(mas) explicitaram as estratégias, individuais e
coordenações, juntamos ações em
coletivas, utilizadas para lidar com essas dificuldades no cotidiano
mais de um PSF em um único dia, se
do trabalho. Como indi cam os exemplos abaixo:
já estamos no território vamos
andando. (P41-60)
Nos relatos da pesquisa ficou evidente que o trabalho no
(...)falta de transporte destinado ao campo da Atenção Básica à Saúde apresenta diversos desafios
trabalho, dificuldade de comunica aos(às) profissionais da Psicologia. Esses desafios, muitas vezes,
ção, pois muitas unidades não têm são concretos, relativos à falta de recursos materiais e humanos
telefone, e sim rádio, e por isso para a realização do trabalho, outras ve
temos de usar nosso próprio zes, à falta de formação e de informações específicas para a
telefone celular para atuação nes te campo e também às dificuldades relacionadas com
solucionar/encaminhar ques tões do as políticas e os programas de saúde. Foram também referidas
trabalho. (P41-400) pelos(as) psicólogos(as) como desafio o estabelecimento de novas
O maior desafio é o acúmulo de práticas de intervenção no campo da saúde pública pelos
trabalho no atendimento do SUS, e a diferentes profissionais que atuam no campo e a superação das
grande fila de espera, que atende estratégias focadas na “medicalização”.
inclusive pessoas de alta renda que Nas respostas, apareceu como um dos desafios ter de lidar com a
têm convênios, condições de buscar co brança de alguns(mas) gestores(as) para elevar o número de
um atendimento em consultório, atendimen tos prestados à população e garantir uma alta
mas preferem o SUS. Esta situação produtividade. Alguns(mas) afirmaram reduzir o tempo de
acaba por restringir, em alguns atendimento dos(as) usuários(as) para ga rantir grande número de
casos, o acesso de pessoas mais atendimentos/dia. Muitos(as) criam formas de lidar melhor e
carentes. Esta situação é resolvida superar dificuldades, limitações e desafios encontrados no
com triagem e levantamento do cotidiano profissional, de forma a viabilizar o trabalho a que se
nível de problemas apresentados. propõem.
(P41-117)

39
4.3. O trabalho em equipe e em rede: Entre as difi culdades referidas pelos(as) participantes está a
possibilidades, dificuldades e limitações articulação do traba lho; como sugestão, a realização de um
trabalho de parceria com os(as) usuários(as) e com a comunidade.
Na discussão do trabalho no contexto das equipes e das
redes, os(as) profissionais apontaram possibilidades e dificuldades
encontra das, mas também sugestões para lidar com as limitações. 4.3.1. Desafios relacionados ao trabalho em equipe
quanto à cultura.(...) (P41-183)
O trabalho em equipe foi indicado como desafio na atuação (...) Não existe um trabalho
pro fissional dos(as) psicólogos(as) na ABS. Foram indicadas multidisciplinar. A equipe é
dificuldades de relacionamento entre os(as) profissionais, a não composta por um médico
integração dos saberes das diferentes disciplinas e a grande psiquiatra, técnico de enfermagem
rotatividade dos(as) profissionais da equipe. Foram referidas ainda e dois profissionais de psico logia,
dificuldades em relação ao trabalho em equipe devido a ou seja, falta equipe técnica para
frequentes mudanças na composição das mesmas, pro suporte. (P41-242)
vocando desarticulação do trabalho, como indicam os exemplos abaixo.
Não temos equipes
a) Dificuldades de entrosamento e no trabalho em conjunto multidisciplinares e em muitos
Equipes de trabalho muito momentos faltam dis cussões sobre
numerosas, com pouca integração os casos, os profissionais
entre os profissionais de trabalham isoladamente.(P41-306)
diferentes áreas, dificultando falta de interesse na escuta que o
abordagens transdiscipli nares e psicólogo pode propiciar para o en
mais efetivas. (P41-178) tendimento de diversas situações;
O principal desafio é desenvolver resistência dos profissionais
projetos efetivamente em equipe. médicos. (P41-184)
Nem sempre os demais
(...)dificuldade em introduzir
profissionais se envolvem ou se
reunião de equipe na rotina de
comprometem efeti vamente com
trabalho. (P41-81)
as propostas. (...)Outro importante
desafio é a escassez de reuniões (...) O grupo sugeriu uma abertura da
formais para discussão de casos e equipe de saúde mental para se
grupo de estudos. (P41-110) formar e aprender com a atenção
(...) Há também o de trabalhar em básica. Portanto, não se deve
equipe multiprofissional e pensar na existência de uma equipe
conviver com as questões de saúde mental “na” atenção
particulares de cada um, tanto em básica, mas “com” esta. (RE CRP 04)
relação à formação profissional
disponibilidade para a troca de
ideias entre os profissionais, por
b) Dificuldades decorrentes da falta de articulação entre os
conta de uma exigência constante
saberes Os desafios continuam sendo a
de produtividade para todos os
transdisciplinaridade, somos uma
profissionais. Apesar deste quadro,
equipe multiprofissional que consegue
venho atendendo e ten tando trocar
em poucos momentos conversar,
construir um plano terapêutico mais com os colegas sempre que sinto
adequado para o usuário do serviço. necessidade. (P41-149)
(P41-95)

(...) e na unidade não há muita

40
Envolver os médicos no trabalho em
equipe; definição dos critérios de
atendimento na rede básica e, c) Dificuldades na atuação decorrentes alta rotatividade
quando a patologia não se dos(as) profissionais
enquadrar em tais critérios, O maior desafio é a resistência das
encontrar locais adequados para o equipes das UBS de estarem dando
encaminhamento perti nente; atenção maior para os
conseguir uma avaliação atendimentos em saúde mental. Há
psiquiátrica. (P muita mu dança nas equipes,
principalmente os médicos, então, o
Encontro dificuldade em
trabalho sempre está reiniciando.
sistematizar o trabalho, ou melhor,
(P41-210)
vejo-o de forma desfragmentada na
rede pública. Os profissionais na (...) alta rotatividade de clínicos nos
PSF. (P41-45)
maioria das vezes atuam de forma
independente, de acordo com minha
realidade atual, procuro lidar com Alguns(mas) psicólogos(as) relataram maneiras diferentes
esses impasses através de reuniões de lidar com os desafios em relação ao trabalho em equipe. Essas
com a equi pe. (P41-199)
estratégias variam desde a busca de estabelecer bons no ambiente de trabalho,
relacionamentos até ampliar os espaços de reunião e discussão. sensibilizando as gerências para a
necessidade de um espaço adequado
Relatos: para as atividades da equipe de
Dificuldade em relação a equipe saúde mental. (P41-64)
multiprofissional, o que procura se (...) Lido com esse desafio deixando
mini mizar através das discussões espaços na minha agenda e divul
sobre o trabalho. (P41-174) gando aos profissionais da equipe a
Procuro estabelecer um bom e amistoso possibilidade destes horários para
relacionamento com os demais discussão de casos. Também há o
profissionais; apresentar projetos
momento de trabalho em área de
bem fundamentados teoricamente;
vigi lância, onde podemos trabalhar
iniciar alguma ação, mesmo que com
com esse desafio. (P41-209)
pouca ajuda; buscar parcerias em
outros segmentos (por exemplo,
4.3.2. Dificuldades de atuação em rede
escolas). (P41-110)

Apesar deste quadro, venho Os(as) profissionais participantes da pesquisa relataram


atendendo e tentando trocar com os enfrentar muitas dificuldades para realizar encaminhamentos e
colegas sempre que sinto para ter uma rede articulada que possa ampliar as ações no
necessidade. (P41-149) campo da ABS:

(...) Como eu lido com eles: tentando


(...) dificuldades em trabalhar em
preservar o espaço das reuniões de
rede, referência e
equipe para discussão de casos,
contrarreferência nos casos em
sensibilizando a equipe para ques
comum saúde mental e PSF. (P41-75)
tões relacionadas ao sofrimento
humano nas reuniões de dificuldade em realizar
matriciamen to, mostrando a acompanhamento de pacientes em
importância do sigilo profissional crise sem necessitar de internação
na equipe de saúde, psiquiátrica (contando com
mostrando as consequências para o recursos do muni-
paciente de uma alteração brusca
41
cípio) (...) carência de apoio esse desafio utilizando todos os re
matricial do CAPS (são realizados cursos. (P41-232)
contatos superficiais, raramente
Outra dificuldade é a real
são enviadas contrarreferências
necessidade de uma avaliação
quando enca minhamos pacientes
psiquiátrica para a medicação na
para avaliação e/ou tratamento);
complementação do trabalho
dificuldade em introduzir trabalho
psicológico, e isso quase sempre
junto aos agentes comunitários de
demora, o que dificulta na melhora
saúde, entre ou
do paciente. (P41-71)
tros(...) (P41-81)
(...) Ainda que se pense em um
Dentre os vários desafios, os mais
coletivo organizado entre as duas
importantes são aqueles que reque
equipes, formando um “entre”
rem condutas que vão além das
nessa junção, a população parece
questões do paciente, podendo
que ainda está de fora das ações de
envolver familiares, parentes,
planejamento e avaliação na
vizinhos. Dependendo da situação,
atenção básica. Des tacou-se a
procuro discutir com outro
necessidade de haver melhor
psicólogo, psiquiatra, procuro
articulação com a comunidade, seja
supervisão, discuto com outros
através da rede formalmente
profissionais (médico, assistente
instituída ou da rede de atores
social, enfermeiro, agente de
sociais comunitários. (RE CRP 04)
saúde, ad ministrador da unidade).
Se necessário, levo o assunto para A rede, principalmente a escola,
reunião da saúde mental. (P41-183) demanda muito atendimento
individual e o psicólogo precisa
Inexistência de referenciamento para
trabalhar e acolher esta demanda
média e alta complexidade. (P41-65)
de uma forma dife
Mobilizar os profissionais de saúde renciada. Não é negar a demanda da
para a atenção integral – nas UBS – rede mas mudar a forma de olhar e
das vítimas de violência: lido com
acolher. Muitas vezes os Assistência Social – Cras. (GF CRP 14
encaminhamentos da rede são de MS)
casos que pode riam ser resolvidos
Nos relatos dos psicólogos,
na própria escola, associação,
identificou-se que a demanda é
entre outros. (RE CRP 16)
maior que a rede de serviços,
alguns afirmam que funciona
Os(as) participantes da reunião do CRP 04 e do CRP 16 precariamente por não atender as
fizeram ain da sugestão para melhorar o trabalho em rede: necessidades dos usuários em sua
Atores sociais diversos, tanto totalidade. (GF CRP 10)
instituições quanto profissionais,
podem ser articuladores do
Os(as) participantes do GF1, do CRP04, apontam também a
trabalho em rede. Uma sugestão
forma como lidam com essas dificuldades e limitações:
seria a existência de agentes
A alternativa encontrada por
articuladores presentes em
alguns, para facilitar que o PSF se
dispositivos capazes de integrar
respon sabilize por estes casos, é a
dife rentes pontos da rede. (RE CRP
realização de grupos coordenados
04)
por pro fissionais do PSF, na maioria
Na maioria dos municípios não das vezes, ACS, junto com o
existe uma rede adequada para psicólogo. Os ACS também
encami nhamentos e solução dos contribuem com o trabalho da
problemas dos usuários. Sendo que psicologia através da visita
os profis sionais afirmaram que domiciliar, pois identifica quando
muitas vezes não tem para onde algo de diferente está acontecendo
encaminhar os usuários. Outros com determinado usuário e
relataram que encaminham para os comunicam. Outra psicóloga
Centros de Espe cialidades Médicas informou que
e para o Centro de Referência em

42
trabalha com a capacitação dos promoção de seminários e
agentes comunitários e, também, na congressos na região. (GF1 CRP04)
importância do estabelecimento de
4.4. Dificuldades de estabelecer ações da vínculo com o usuá rio da USF e das
Psicologia na Estratégia de Saúde da Família anotações nos prontuários do que
foi realizado. (P41-214)
Os desafios relatados pelos(as) psicólogos(as) em relação às (...) Desafios: buscar novos modelos
ações da Psicologia na ESF dizem respeito a dificuldades no de intervenção nesse contexto da
estabelecimento das atividades de matriciamento e articulação da saúde pública, buscar espaços de
rede de serviços, pelo fato de os recursos humanos disponíveis na interlocução com profissionais de
rede serem limitados, assim como, no que se refere à própria rede, ou tras áreas, interagir com outros
que não oferece serviços para atendimentos variados no campo setores e serviços, como, por
da saúde integral. exemplo, os Cras, para uma prática
a) problemas relacionados à articulação da rede e das mais integrada e eficaz de forma a
equipes no contexto da ESF: dar resposta
(...)a construção de um trabalho em mais efetivas a uma população
equipe e a inserção das ações de saú vítima da segregação existente em
de mental na estratégia de saúde da nosso país. Integrar a Saúde com as
família. (P41-77) dimensões político-sociais. Uma
(...) carência de apoio matricial do prática PSI nos vários eixos, esse é
CAPS (são realizados contatos o desafio. (P41-441)
superfi ciais, raramente são Como atuamos como articulador da
enviadas contrarreferências rede de saúde e intersetorialmente,
quando encaminhamos pacientes algumas vezes a rede falha (seja no
para avaliação e/ou tratamento); estado, seja no município – transpor
dificuldade em introduzir trabalho te, Farmácia, Samu, Caps,
junto aos agentes comunitários de Ambulatórios de Psiquiatria e
saúde, entre outros.(P41-.81) Psicologia, PSF, Promoção Social,
apoio a equipe (matriciamento em Conselho Tutelar, Cerest) e
saúde mental), principalmente em fragiliza um trabalho de até
re lação a álcool e outras drogas. semanas. Recomeçamos; fazemos
Procuro discutir com a equipe, reuniões de avaliação, articulações
orientar e conscientizar da políticas com os gestores.
Conseguir estabelecer uma rotina local. (P41-334)
de ações junto às equipes dos PSFs
Conscientização da população em
devido a própria dinâmica do
relação aos trabalhos
serviço; soma-se ainda, a falta de
desenvolvidos pela equipe
formação dos médicos para atuar no
multidisciplinar. Mas, apesar da
território e com o PSF, o que
resistência (às vezes) da po pulação
dificulta à compreensão da lógica
em aderir aos programas
de corresponsabilização do
desenvolvidos na UBS, conseguimos
matriciamento, por eles. (P41-60)
que 78% da população parecem de
fumar. Desafio maior é conseguir a
b) problemas relacionados à pouca clareza da atuação do(a) participação dos pacientes nas
psicólogo(a) pelos(as) outros(as) profissionais da equipe e pela reuniões no Ambulatório de saúde
popula ção atendida: men
as concepções sobre o trabalho em tal (estamos tentando mudar certos
atenção básica. A falta de clareza conceitos, como o de apenas pegar
da equipe sobre o papel do psicólogo os medicamentos e ir para casa e
na USF – atuamos em modelo de ma pronto). (P41-18)
triciamento. Questões de gestão

43
Além disso, também enfrentamos apoio da equipe médica e de
dificuldade em manter os grupos enfermagem. (P41-348)
com a população, tendo em vista
O grande desafio é fazer que ocorra
que apesar dos convites realizados
a interface entre os profissionais
há pouca adesão em todos os
do programa de saúde mental. O
grupos. (P41.80)
conceito de multi e
O principal desafio é a adesão aos interdisciplinaridade ainda é
grupos, mas persistimos com a incipiente nas práticas cotidianas.
orien tação dos pacientes tendo o As atividades e as condutas
profissionais continuam Especialmente em cidades menores,
individualizadas. Procura como aponta a representante de
interagir o máximo possível com os Caraguatatuba, os dados sigilosos
profissionais, buscando de uma consulta devem ser
informações que possa me auxi liar mantidos assim e, para isso, deve-se
no desenvolvimento de minhas evitar o prontuários. (GF CRP 06)
atividades bem como procuro
Afirmação de práticas comprometidas com
passar também as informações que a promoção das condições de vida;
tenho. O psicólogo precisa
Desenvolvimento do cuidado e da
consolidar o seu espaço de atuação
atenção em saúde orientados pela
na atenção básica. (P41-223)
in tegralidade;

O sigilo foi destacado como um


4.5. Desafios éticos fator muito importante dentro do
traba lho, mas que precisa ser mais
Nos grupos, a questão ética mais discutida pelos(as) discutido entre as equipes sobre as
psicólogos(as) foi em relação ao prontuário e ao sigilo. Foi referida possibili dades de manter sigilo e
uma preocupação em preservar informações sobre as pessoas não fragmentar o cuidado ao
atendidas por considerarem que são sigilosas ou por atribuírem a usuário. (GF CRP 07)
especificidades do trabalho psico A maioria dos participantes
lógico. Deste modo, os(as) profissionais apontaram diferentes considerou como implicações
práticas adotadas individualmente ou discutidas em equipe éticas a neces sidade de garantia do
multidisciplinar. sigilo (quanto a espaço físico e
documentos) e de um compromisso
Relatos: efetivo para com os usuários e
As implicações éticas referentes à equipe:
divulgação dos prontuários
“Falta sigilo, porque há um grau de
realizados pelo setor de psicologia
parentesco e amizade muito
para os demais profissionais da
grande, todo mundo se conhece.
equipe foi uma questão discutida no
Esse sigilo é sim comprometido. O
encontro (...). (GF1 CRP04)
psicólogo tem uma
responsabilidade muito grande”; com profissionalismo e respeito ao
ser humano”;
“Sigilo, compromisso para com os
pacientes, seriedade e respeito “Cumprimento do código de ética.
para com os colegas e demais Em filmagens, consentimento do
profissionais”; usu ário ou responsável, através de
um termo de comprometimento”;
“Lutar pela garantia de sigilo –
quanto ao espaço físico, por “Ter responsabilidade,
compromisso, e acima de tudo
exemplo”; “Defender o bem-estar
consciência do que está falando,
geral do usuário”; tratando o paciente”. (GF CRP 09)

“Oferecer um trabalho de qualidade

44
Implicações éticas importantes para 14MT)
atuação
Em síntese, o que torna esta questão complexa e conflitante, na
Sigilo profissional; pers pectiva dos(as) participantes, é que o registro no prontuário é
Respeito à legitimidade do outro; um procedi mento da equipe multiprofissional e, portanto, as
informações registradas podem ser acessadas pela mesma, ao
Guarda dos registros de atendimento.
(GF CRP 10) mesmo tempo em que as informa ções dadas pelo usuário ao(à)
psicólogo(a) são consideradas sigilosas.
Entre as implicações éticas mais
importantes destacadas pelos
profissio nais presentes na reunião 4.6. Desafios na interface entre saúde mental e Atenção
está o que falar nas discussões de Básica à Saúde
casos, o que falar com as pessoas, o
que colocar nas fichas visando Os(as) psicólogos(as) que responderam à pesquisa
resguardar os usu ários, o que referiram di versas dificuldades para articular as ações em saúde
colocar no prontuário do paciente, mental no contex to da ABS. São dificuldades relativas à ausência
enfim o cuidado com as de uma rede em saúde mental para realizar encaminhamentos
informações dos usuários. (GF CRP específicos como, por exemplo, para a psiquiatria. Como indicam
os exemplos abaixo: psiqui átrico internando centenas e
centenas de sujeitos, eles estão no
Dificuldade com rede de saúde território para serem cuidados, e
mental: nosso território não tem não mais excluídos, como na longa
Caps de referência. Além disso, o história, que
pronto atendimento de saúde (...) já é passado. EQUIPES DE PSF
mental, que aten de urgências e MUITAS VEZES POR SUA FALTA DE FOR
emergências em saúde mental, fica MAÇÃO OU PACIÊNCIA OU PARA
em região distante da TENTAR SE LIVRAR TENTAM
unidade, sem a retaguarda de EMPURRAR QUALQUER CASO SEM
unidade móvel (Samu não atende GRAVIDADE ALGUMA PARA
saúde mental sem a presença da ATENDIMENTO NA SAÚDE MENTAL.
Brigada Militar). Isso causa sérias (P41-225)
dificuldades na intervenção, pois é
(...) dificuldade em desmistificar a
necessário muita articulação nos
saúde mental (pois esta é vista como
momentos de cri se de alguém sob
destinada a pessoas portadoras de
responsabilidade da equipe.
transtornos mentais graves,
(P41-209)
inclusive por algumas pessoas da
Fazer que médicos e enfermeiros equipe, embora se verbalize o
das equipes de PSF Compareçam as contrário). (P41-81)
nos sas reuniões e participem,
Temos dificuldades com as
tragam casos de pacientes para a
interconsultas psiquiátricas para
discussão, se interessem pelo nosso
os pacientes do serviço mental,
campo da saúde mental e da reforma
tendo em vista que os pacientes e
da assistên cia psiquiátrica, sejam
familiares expres sam desejo da
nossos interlocutores e atores no
atenção integral e o serviço não
tratamento inte gral da saúde do
tem esse profissional. Bus camos
portador de sofrimento mental
consultas extras com os
grave (nossa prioridade de
profissionais dos ambulatórios.
atendimento), se não há mais a
(P41-228)
máquina de horror do hospital
entre os(as) profissionais da equipe e com os(as) usuários(as) de
Os(as) psicólogos(as) participantes da pesquisa relataram também saúde men tal. As dificuldades referidas estão relacionadas a forma
que um dos desafios a ser superados se refere ao relacionamento de atendimento

45
prestado por esses(as) profissionais aos usuários(as), seja por saúde mental dos princípios do SUS,
problemas de aceitação desses(as) usuários(as), seja pelos da clínica ampliada e da clínica
poucos conhecimentos do campo da saúde mental. Seguem antimanicomial. (P41-68)
exemplos destes relatos: Um dos maiores desafios é a
aceitação por parte do PSF de se
(...) tendo em mente que o trabalho vincular a casos de saúde mental,
com a saúde mental ainda é uma havendo uma separação como que os
proposta muito nova para as pacientes mental não lhes
equipes de saúde da família e, como pertence, sendo tudo direcionado
toda novidade, tende a causar para Psicologia e Psi quiatria
resistência e medo frente aos (equipe de saúde mental).
desafios. Afirmo que não tem sido Atualmente está sendo feita
fácil enfrentar certas resistências reuniões internas da unidade
que, na maioria das vezes, não são básica de 20 em 20 dias com o PSF e a
colocadas de forma clara e Equipe de Saú de Mental, para
definida, mas comparecem como discussão de casos, o que tem
uma espécie sutil de boicote ao aproximado mais o PSF da Saúde
trabalho, seja na atuação especí Mental e diminuído a resistência.
fica de cada um, seja na sustentação (P41-182)
de uma proposta “aparentemente”
acordada em equipe. (P41-2) Os principais desafios são
mobilizar a equipe para o cuidado
A rede de atenção primária ainda com o por tador de sofrimento
não conhece e não compreende a mental e também desenvolver a
rede de saúde mental. Falta de compreensão de que saúde mental
entendimento de muitos também está relacionada a
profissionais da rede básica e da
promoção de saúde. Além disso, colocando em análise as falações
também enfrentamos dificuldade cotidianas no espaço da unidade de
em manter os grupos com a po saúde. (P41-154)
pulação, tendo em vista que apesar (...) falta de conhecimento sobre
dos convites realizados a pouca ade saúde mental de outros
são em todos os grupos. (P41-80) profissionais in tegrantes da
equipe sendo que tem sido
(...) aceitação do acolhimento e
desenvolvidos estudos e orienta
abordagem do portador de ção por parte da equipe na
sofrimento mental por equipes de tentativa de ajudá-los a melhorar
atenção primária à saúde. (P41-171) os conhe cimentos. (P41.1
Conscientização dos funcionários Dentro do trabalho de saúde mental
com relação aos pacientes com pro é uma prática diferenciada aonde o
blemas mentais – desconsideração de safio se encontra na execução e
dos sintomas apresentados pelos pa planejamento das atividades, além
cientes, necessidade de do incen tivo e capacitação dos
funcionários no acolhimento ao
TRATAMENTO psiquiátrico na cidade
usuário. (P41-163)
(o que não é possível pelo tamanho
da cidade) e necessidade de um (...) a construção de um trabalho em
centro de atendi mento em saúde equipe e a inserção das ações de
saúde mental na estratégia de
mental, incluindo outros
saúde da família. Para tentar
profissionais como TO, FONO, e
solucionar alguns desses desafios,
oficinas. (P41-191)
foram criadas oficinas de educação
Dificuldades de profissionais de permanente, para discutir casos e
saúde de outras categorias de lidar conversar sobre questões da
com pacientes com transtornos clínica ampliada, aco lhimento, rede
mentais – procuro dar orientações de atenção em saúde mental,
sobre como lidar com os usuários, violência, etc. (P41-77)

46
4.7.Desafios decorrentes de uma leitura preconceituosa espaço seguro e protegido(...),
sobre saúde mental validar o meu fazer como
um fazer profissional, superar a
Os(as) psicólogos(as) referiram como desafio na atuação prática da avaliação psicológica
profissio nal problemas decorrentes de uma visão estreita e para diagnosticar e rotular o
preconceituosa sobre a intervenção em Psicologia, seja pelos(as) paciente. (P41-64)
profissionais das equipes, seja pelos(as) usuários(as) dos Consolidar a Psicologia como uma
Serviços. Tal visão foi indicada como dificulta dora para a ciência importante para área da
realização de outras atividades que não as compreendidas como saú de. Os profissionais e o
específicas da atuação do(a) psicólogo(a) por estes atores. Veja coordenador têm pouco
mos os seguintes relatos: conhecimento sobre nos sa função.
(...) e o fato da população ter uma (P41-407)
visão estritamente clínica do
(...) Além da falta de compreensão da
trabalho do psicólogo. Por isso,
importância da Psicologia nos ser
estou tentando implementar mais
viços públicos em todas as áreas
trabalhos em grupo, e fazer
(não o superestimando, mas
triagens para organizar os casos de
colocando o no devido lugar).
acordo com a urgência e
(P41-62)
necessidade de atendimento. (P41-13)
A desconstrução de que o
(...) em segundo lugar, não se vem atendimento individual é a única
realizando atendimentos em grupos forma de in tervenção
devido a (...) pouca conscientização psicoterapêutica. (P41-234)
e reconhecimento do papel do psicó
logo, por parte de alguns Os desafios enumerados pelos(as) psicólogos(as) estão
profissionais e da população. inter relacionados no que se refere às causas e às dificuldades de
(P41-37) sua supe ração. Nas diversas regiões predominam tipos diferentes
de limitações, bem como de possibilidades, que estão
Os principais desafios são: fazer relacionados ao contexto local da implementação da política de
que a Psicologia seja vista como um Atenção Básica à Saúde e outros múl tiplos fatores. Entretanto, as
sa ber científico, conquistar o respostas indicaram que os(as) profissionais da Psicologia
respeito de outros profissionais da assumem papel ativo no campo da Atenção Básica à Saúde e
saúde que consideram a Psicologia buscam criar estratégias para superar os desafios e desenvolver o
uma ciência menor, preservar o tra balho da melhor maneira possível.
espaço terapêu tico como um
conhecer nem desenvol ver nada inovador neste campo, devido ao
pouco tempo de trabalho nele e/ ou devido à sobrecarga de
5. Experiências inovadoras trabalho. Porém, a maioria dos(as) respondentes indicou algum
tipo de atividade que desenvolve no dia a dia que considera
Foram apontadas muitas ações consideradas inovadoras inovadora. Alguns(mas) justificaram que, mesmo que a atividade
pelos(as) profissionais da Psicologia, que variam muito nas não possa ser considerada inovadora para a Psicologia, no
diversas regiões e de um(a) psicólogo(a) para outro(a). Deste contexto local onde é de
modo, muitas vezes, o que é entendido como inovador em um senvolvida representa um avanço e uma inovação.
lugar não parece inovador em outro: nas discussões de alguns dos Vale ressaltar que a análise buscou visibilizar o ponto de vista
GF, o apoio matricial, por exemplo, foi referido como prática dos(as) profissionais da Psicologia que responderam a questão
inovadora; em outras, foram relacionados diversos trabalhos especí-
vinculados a teorias da Psicologia. Alguns(mas) afirmaram não

47
fica sobre o que consideram inovações neste campo – se questão:
desenvolvem ou conhecem alguma prática inovadora; não se trata, (...) Outro desenho que foi apontado
portanto, de uma avaliação dos(as) pesquisadores(as) sobre o que como inovador é a chamada equipe
é, ou não, inovador. matricial, considerada relevante
As respostas sobre atividades consideradas inovadoras incluí por permitir que o PSF continue cum
ram ações específicas desenvolvidas no contexto da atuação prindo a sua lógica. Além de serem
dos(as) psicólogos(as) que, muitas vezes, envolvem outros(as) debatidos os mais diversos temas, a
profissionais, as políticas locais de saúde e a organização da rede demanda para o psiquiatra diminui.
de ABS. É preciso ressaltar, entretanto, que
essa metodologia ainda não foi
adotada por todos os municípios,
5.1. Apoio matricial mas apenas por dois municípios.
(GF1 CRP04)
O apoio matricial é uma metodologia usada no modelo da
Aten ção Básica à Saúde que, provavelmente, por ser nova como Uma alternativa apontada como
proposta de trabalho, foi indicada por participantes de alguns inovadora para a Psicologia na aten
grupos fechados como prática inovadora nesse campo. Os relatos ção básica é o apoio matricial – que
dos GF 1 e 2 do CRP 04 e do CRP 06 são exemplos desta inclusive já é realidade para alguns
dos participantes – ou mesmo inova dora como uma ação cotidiana associada à criatividade: As
discussões de caso entre ações desenvolvidas têm buscado a
diferentes profis sionais da criação de estratégias inovadoras,
própria atenção básica, em ambas tomando a criatividade como um eixo
as situações desenvolven do importante para a obtenção de sucesso e
projetos inclusivos de promoção da trazendo a realidade do território para o
saúde e melhoria da qualidade de contexto do planeja mento das ações. (GF
vida dos usuários. (GF2 CRP04) CRP 08)
Uma prática que começa a
acontecer, a partir das demandas
do PSF é a formação para o 5.2. Descentralização da atenção em saúde
matriciamento destas equipes. A
Instituição e Faculda de Santa A descentralização dos atendimentos em saúde mental em
Marcelina possui um programa equi pamentos especializados foi apontada por alguns(mas)
específico de residência em PSF, participantes como sendo inovadora:
voltado para vários profissionais Descentralização do atendimento
que atuam na área de saúde. (...) das unidades de referência em
Outra experiência onde o Saúde Mental (Caps) para a Atenção
matriciamento começa a ser Básica, nos casos menos graves.
colocado em prática em Guarulhos Transver salidade dos programas
começou com a formação de de saúde (planejamento familiar,
gestores que experimentaram na aleitamento materno, saúde sexual
prática os princípios do PSF e do e reprodutiva dos adolescentes). (P
próprio SUS, a visão preventiva e a 42-03)
atuação no território, marcada Grupos de saúde mental, com
pela leitura e interpretação das psicólogos em todas as unidades da
questões de saúde do território rede de atenção básica do
onde a atuação acontece. (GF CRP 06) município, como referência do CAPS
Os(as) participantes do GF do CRP 08 enfatizaram a prática II, onde é nossa
48
base de origem das ações de comuni dades via escola. (P42-387)
descentralização da saúde mental
Acredito que inovamos na Saúde do
do adulto em Gravataí. (P42- 67)
escolar onde trabalhamos com a
criança no seu físico, sua família e
parceiros como a escola, conselho
5.3. Atividades articuladas com as escolas e tutelar e Vara da Infância e da
Secretarias de Educação Juventude (aspecto psicológico e
social). (P42-416)
Foram apontadas como inovadoras atividades desenvolvidas
em conjunto com as escolas e as parcerias com as secretarias de Há um projeto muito interessante
educação com o objetivo de cuidar da saúde, realizar atividades em conjunto com a Secretaria de
de prevenção e auxiliar na resolução dos problemas dos(as) Edu cação do Município que se
alunos(as) no contexto da escola, como indicam os exemplos chama “Pais em diálogo”. Ocorre
abaixo: semanal mente com a presença da
(...) Cursos de reciclagem psicóloga do município e da
oferecidos pela Secretaria psicopedagoga do município.
Estadual de Educação PR livros na Juntos, saúde e educação, além de
área de dificuldades de diminuir a demanda
aprendizagem. Conversas com equi de atendimentos infantis por
pe da escola e pais para orientar e motivos de falta limites ou
buscar juntos melhores caminhos e relacionados, previne-se que casos
condutas para resolver os mais simples sejam trabalhados
problemas das crianças nas desde a educação infantil. Maiores
escolas. (P42-267) informações no meu e-mail pessoal.
(P42-347)
Estou montando projetos de
prevenção e sensibilização através 5.4. O trabalho em conjunto com outros(as) profissionais
de con vênio com a Secretaria de
Em muitas respostas foram relatados projetos e atividades
Educação, para um trabalho com as
desenvolvi dos em parceria com outros(as) profissionais e que têm
tido bons resultados: psicoló gicos por um período. E,
nesse momento, saímos às salas e
Não sei se pode ser considerado boxes dos profissionais e
como uma nova prática, mas tenho começamos a trabalhar
atu ado em conjunto com a inicialmente com os clientes mais
fisioterapeuta em algumas “difíceis” (assim chamados pelos
unidades. Temos gru pos nestas profissionais que os atendiam) e
unidades e atuamos juntas, é claro que não aceitavam ir a consulta com
que cada uma com a sua prática: a o psicólogo. Nesse momento des
fisioterapia com alongamentos e cobrimos a possibilidade de
relaxamento, e a Psicologia realizar tanto o atendimento
com questões como a depressão, individual nos boxes, como nas
ansiedade, as “dores emocionais”. salas onde havia mais aparelhos o
Tam bém tenho um diálogo muito atendimento come çava individual e
próximo com a Assistente Social se tornava grupal. Há pouco mais de
(grupo, casos de vulnerabilidade um ano estamos realizando este
social de pacientes com transtorno trabalho, e, além de trazer bons
mental), Nutricionista (distúrbios resultados rapidamente, ele traz
alimentares) e Educadora Física um ambiente novo e melhor no
(encaminho al trabalho, porque diminui o peso
guns pacientes para prática de para o profissional. Precisaria um
atividades físicas, o que tem trago pouco mais de tempo para falar
bons resultados). (P42-286) desse trabalho, que já até
apresentamos em um evento
Sim, no serviço de reabilitação,
realizado para o dia do
iniciamos um trabalho novo, devido
fisioterapeuta. (P42-263)
a um problema simples. Ficamos
sem sala para os atendimentos

49
Oficina de leitura – parceria da es tratégia desenvolvida em várias
psicologia e fonoaudiologia: é uma unidades de saúde do município.
Grupo de saúde mental: estamos tarefas prescritas e protocolos.
implantando esse acompanhamento (P42-350)
da aten ção primária dos pacientes
Nós estamos procurando nesta
em processo de alta da psiquiatria e
unidade desenvolver atividades
do CAPS,
integra das com outros
para melhorar a adesão ao
profissionais, como enfermeiros,
território e à unidade de saúde da
médico pediatra. Con sidero
família, e para facilitar o trato da
importante a inserção do psicólogo
equipe básica com esses pacientes.
em atividades mais gerais da
Grupo de adolescentes dentro da
unidade como por exemplo as
escola, no horário de aula: facilita o
reuniões com as agentes
acesso aos adolescentes, é uma
comunitárias de
parceria com a Educação. (P42-463)
saúde onde são avaliados os casos e
Foram indicadas também, como práticas inovadoras, as traçadas as estratégias de ação
discussões em equipe multiprofissional para organização dos pela equipe local. Estamos já algum
serviços, estudos de caso e planejamento das ações dos serviços: tempo trabalhando junto ao PACS
(pro grama das agentes
O trabalho de intercâmbio entre os comunitárias), considero um
diferentes profissionais. (P42-269) desafio, mas um traba lho com
Nossas conexões de trabalho resultados, pois elas conhecem a
coletivo estão em construção. de comunidade local e fazem a
inovador, poderíamos dizer assim, ponte com o serviço. (P42-390)
temos essa tendência de Participação junto a uma equipe
construirmos juntos um trabalho, médica, enfermagem, assistente
confluindo as. social, psicólogo, social, nutricionista e outros
farmacêutica, médico, co meçando profissionais enriquecem o
a partir daí para os demais. Um conhecimento e a troca de ideias
trabalho conjunto que pense o para um melhor atendimento. Os
funcionamento da unidade e sua programas de atenção a saú de
função na comunidade e não apenas, (obesidade, saúde da mulher,
nem principalmente, execute hipertensão, etc.), através dos
estudos de caso com a equipe hoje nas UBS já é um desa fio
proporciona a visão de um todo, do permanente. (P42-368)
indivíduo inse rido no seu contexto
Um outro aspecto que apareceu é que as discussões com as
sócio-familiar. (P42- 7)
equipes têm possibilitado uma ampliação da atuação dos(as)
Nas UBS é muito frequente o diversos(as) profissio nais da equipe e possibilitado que todos(as)
trabalho de atendimento clinico realizem “escuta qualificada”:
isolado e individual, similar ao
modelo medico. É muito difícil de
Na equipe temos um espaço de
ser aceita a visão de que são discussão dos casos de saúde
necessários horários para mental, que foi um espaço
reuniões multiprofissionais e que construído com a equipe. Este
estas geram resultados melhores. espaço passou por vários
Existe uma cultura que só va loriza momentos. Atualmente avalio como
a quantidade de pessoas atendidas. sendo o momento mais importan te,
Tenho desenvolvido alguns pois a equipe se apropriou destas
trabalhos em grupo como uma discussões e valoriza este momento
melhor forma de abordagem para o reflexão. Antes de ter este espaço,
atendimento, mas nisso não há quando um profissional atendia um
muita novidade. Trabalhar em usuário, que chorava na consulta, a
conjun to com alguns profissionais primeira coisa que este
da unidade ou de outros órgãos na profissional fazia era encaminhar
mesma região pode auxiliar no para a psicologia, sem nem ao menos
sentido de serem criadas procurar
estratégias que gerem melhores
resultados. Trabalhar desta forma

50
entender o que se passava com escuta mais ampliada. Estes
aquele sujeito, que estava na sua profissionais relatavam suas
frente. Existia uma dificuldade de dificuldades em atender essas
esses profissionais fazerem uma situações pois se sentiam
assustados e sem condições de foi a construção de um formulário
atender “casos de saúde mental”. A único que contempla todos os
Psicologia teve a oportunidade de pareceres da equipe. (P42-401)
criar este espaço de discussão com
a equipe e isso tem trazido bons 5.5. Atividades de articulação da rede
resultados. Entendemos que todos
os profissionais da saúde tem A articulação da rede e as práticas de referência e
condições de fazer uma escuta mais contrarreferência foram indicadas como inovadoras. Em um dos
qualificada deste usuário, só relatos, foi enfatizada a substituição dos relatórios por discussões
encaminhando para a Psi cologia de casos e, em outro, a prática consiste em solicitar os relatórios:
quando necessário. Uma vez por Substituição do uso de guias de
semana (terça-feira, das 8 às 9 referência e contrarreferência
horas) a equipe se reúne para pela dis cussão de casos. As ações
discutir os casos de saúde mental. são pactuadas, diretamente e
Esta tro ca tem sido muito pessoalmente, entre os
importante para a construção dos profissionais. O papel deu lugar ao
planos terapêuticos de cada cuidado sistemático e respon sável.
usuário, além de fazer que todos os Maior comprometimento! (P42-45)
profissionais sintam-se aptos a
Tenho desenvolvido práticas com
acolher de forma mais adequada o
equipes multiprofissionais, por
usuário que chega à UBS. (P42-151)
meio de referências e
contrarreferências; estudos de
Um dos relatos se refere também à elaboração de um casos; solicitando relatórios aos
formulário único para todos(as) os(as) profissionais da equipe outros profissionais. (P42-264)
como sendo resulta do da integração da equipe:
Estratégias de organização dos Serviços, realização de
Elaboramos um trabalho em parcerias, reuniões de gestores e o diálogo e articulação de
conjunto com a equipe diferentes secretarias e instituições também foi apontado como
multidisciplinar onde toda semana ações inovadoras que possibili tam o trabalho em rede:
reservamos um expediente para
debater todos os ca sos de difícil
Reuniões de Colegiado, tanto de Saúde
encaminhamento. Outra inovação Mental como de Gestores. (P42-316)
dos fóruns de saúde mental,
(...) Fizemos parceria com o CAPS
fazendo contatos, supervisionando,
local para compartilhar serviços.
entre ou tras atividades técnicas,
Pa cientes nossos frequentam
gerenciais e institucionais.
oficinas e outros recursos do CAPS,
Atualmente eu ficarei encarregado
assim como nós fazemos
somente pelos casos graves de
atendimento psicoterápico de
alcoolismo e drogadição de parte da
pacientes do CAPS. Ou tra inovação,
Zona Oeste da cidade, pois tenho
que não tem a ver com questões
uma experiência no atendi mento
internas do serviço mas que nos
desses casos e aquela área não tem
afetou diretamente, foi a criação de
nenhum serviço especializado para
um novo cargo na Secretaria de
o atendimento desses casos. Serei
Saúde Mental: os articuladores de
articulador para o atendimento
saúde mental. Cada um fica res
desses casos. (P42-354)
ponsável por uma determinada
região da cidade, encarregando-se

51
Os atendimentos
Formação dos Grupos Técnicos de
multidisciplinares – Assistente
Saúde Mental dos Colegiados
social, psicólogo, peda gogo –,
Gestores Regionais,
estamos também realizando uma
desenvolvimento de protocolos,
rede de proteção com conse lho
linhas de cuidados, articula ção dos
tutelar, delegacia, Poder
CAPS com os PSFs, apoio matricial
Judiciário, IML, sentinela e
da saúde mental na AB, arti culação
iniciamos na de legacia regional o
intersetorial. (P42-38)
depoimento sem dano. (P42-449)

Estamos trabalhando em rede, um


bom suporte do órgão gestor da 5.6. O uso de teorias e técnicas de modo inovador
assis tência social. (P42-33)
Vários trabalhos têm sido
Em várias respostas foram indicadas atividades, modos de publicados sobre esta
experiência. Trata-se de uma
agir e pensar a ABS, orientados por uma diversidade de teorias
ferramenta muito útil na prática
como sendo inovadoras. Também foram apontadas técnicas e de saúde mental
estratégias de trabalho consideradas inovadoras. Os exemplos, institucional.(P42-271)

apresentados abaixo, estão orga (...)Um autor de referência para


nizados dentro de cada uma das teorias e técnicas indicadas. nosso serviço é Guillermo Belaga
(Psicanalista da Argentina), o qual
é autor de livros sobre o
Exemplos tema.(P42-450)

Psicoter A Terapia Comunitária, técnica Teorias da Tenho trabalhado com: 1)


apia desenvolvida por Adalberto Psicologia referencial da educação popular
Comunit Barreto (psiquiatra e Social, em saúde, e com referências de
ária antropólogo), vem sendo uma Saúde Paulo Freire; 2) com a proposta de
ferramenta interessante dentro Coletiva e Campo, G.W de clinica ampliada -
da unidade de Saúde; espaço de proposta Paideia; 3) com
terapêutico alternativo para Gênero referenciais de defesa dos
acolhimento e acompanhamento direitos sexuais e reprodutivos,
das várias demandas. (P42-441) com ênfase nas discussões de
gênero, com os grupos PAPAI e
As principais inovações que NEPAIDS 4) com a proposta das
conheço são terapia comunitária, práticas discursivas e produção
prática que vem sendo bastante de sentidos de SPINK Busco a
elogiada e transformada em construção de rodas de
alternativa ao atendimento conversas, espaços de diálogos,
psicológico, pela possibilidade de com mulheres e jovens em
atender a um grande número de unidades de saúde para discutir
pessoas, construindo redes sexualidade, gênero e direitos
sociais. (P42-318) sexuais e reprodutivos (P42 324)

Teoria Desenvolvo em TC infantil um


Cognitiva e trabalho que denominei SRs
52 Comporta Sentimentos, um recurso para
mental trabalhar nervosismo, medo e
Psicanálise Contrariando um senso comum,
ciúmes, queixas comuns na
temos atuado institucionalmente
infância. Tenho também um
sob a direção das pesquisas da
trabalho voltado para a adoção,
psicanálise lacaniana. Em todo
onde através de um livro de
Brasil, vários analistas
história personalizado a cada
lacanianos têm trabalho como
caso, trabalhos a origem da
membros de uma técnica em
criança. O Grupo de Estudos é
equipamentos de saúde mental.
outra paixão minha, onde
desenvolvi um material muito Técnicas Técnicas de Relaxamento. (P42-456)
bom para ensinar passo a passo a corporais
TC(...)(P42-388) Grupo de relaxamento – iniciamos
este ano no Centro de Saúde e tem
O Conceito acredito que o trabalho com o tido uma boa aderência da
de Clínica conceito de clinica comunidade. (P42-462)
ampliada ampliada.(P42-471)
Grupos de: caminhada,
(..)Clinica Ampliada, atenção relaxamento e alongamento.
psicossocial, ou seja valorização (P42-465)
da escuta social e subjetiva nos
processos de atendimento á saúde Arte-terapia O grupo de arte-terapia, que deu
(P42- 164) início há três meses, com boa
aceitação pelos pacientes. (P42-461)
Teoria Atenção à Saúde Mental baseada
Sistêmica nas teorias sistêmicas. Todo e Técnicas da (...) Um dos resultados mais
qualquer atendimento à criança Medicina importantes no momento, que
com demanda da Psicologia ou da tradicional produz bons resultados, é a
Fonoaudiologia chinesa prática de acupuntura no
obrigatoriamente inicia com melhoramento de dores em geral
atenção aos pais; Gapeps. (P42-63) e melhor qualidade de vida. (P42-351)

Psicoter Trabalhar com terapia breve, Práticas da Medicina Tradicional


apia pois a demanda é grande na saúde Chinesa, tais como, acupuntura,
Breve pública. (P42-83) massagens, fitoterapia, práticas
corporais, etc., que, com sua visão
(...) a técnica da psicoterapia holística sobre a saúde, tem
breve para darmos conta da conseguido mudar a visão da
demanda. normalmente população a respeito da saúde e
crescente. (P42-88) mudando de “pacientes” para
pessoas responsáveis por sua
própria saúde. (P42-392)

Esquizoanáli Fazemos uso da teoria de Deleuze


se e Guattari (Esquizoanálize).
Atendendo cada cliente como
único indiviso, em sua
singularidade e peculiaridades.
Outra teoria bastante aplicada é a
de Jean Piaget, que nos mostrou
que um comportamento faz que
outros comportamentos se
modifiquem. (P42-389)
Várias atividades da MTC
(Medicina Tradicional Chinesa) Nas respostas apareceram muitas atividades realizadas em
têm sido desenvolvidas nas
conjun to com as universidades e, em uma delas, apareceu
Unidades – como ginásticas
chinesas, dança circular, etc. – também a articula ção com o CRP para propor um curso de
com vários profissionais em especialização:
treinamento para tal. A própria
prefeitura está promovendo este Mediação da interlocução entre
treinamento e há pesquisas universidade e CRP e proposição de
relatando os benefícios – mentais
e físicos – dessas práticas na vida pro jetos. Por exemplo, proposição
das pessoas. Grupos abertos e de curso de extensão universitária
grandes podem ser feitos. A
terapia comunitária é outra em parceira Universidade Federal
prática bastante interessante de Goiás e CRP 09, para discutir o
que está sendo realizada (com
trabalho do psicólogo na rede básica
capacitação dada pela
prefeitura). São grupos abertos de saúde (www.crp09.org.br). Os
para tratar de problemas cursos de extensão universitária
cotidianos das pessoas, com
proposta de fortalecimento dos podem ser uma forma de
vínculos sociais. Não precisa ser aproximação dos psicó logos aos
psicólogo para realizar esta
terapia. Trabalhos em parceria CRPs. (P42-272)
com a comunidade – igrejas,
escolas, Associações, etc. –
também são feitos por nós em Os trabalhos desenvolvidos muitas vezes são projetos de
temas de promoção de saúde
extensão universitária que têm como objetivos realizar pesquisas,
diversos – como: planejamento
familiar, orientação sexual com formar alunos(as) e estagiários(as) envolvidos(as) e propor modos
adolescentes, grupos de inovadores de atuação:
gestantes, orientação educativa a
pais, etc. Isto conforme haja Estamos desenvolvendo um projeto
acordo e planejamento entre as de extensão da UFSC e outro de pes
partes. (P42-399)
quisa. Nesses projetos, trabalhamos
Tratamento de pacientes usando com a inserção de alunos na aten ção
acupuntura. (P42-66)
básica quebrando com a lógica do
Hipnose Hipnose hipnoterapia e matriciamento. Neste sentido,
auto-hipnose. (P42-167)
estamos desenvolvendo uma
modelagem de territorialização,
inserção
5.7. Diálogos e parcerias com as universidades
comunitária, atendimentos Psicologia Social e Saúde Coletiva,
domiciliares e promoção de grupos além de disciplina optativa e grupo
de coo peração mútua. (P42-250) de estudo nesta área que ofereço,
visando a fortalecer a formação dos
alunos nesta área, e com uma
(...)Outra iniciativa inédita no meu
perspectiva que julgo a mais adequa
contexto de trabalho é o
da ao modelo do SUS. Todos os
oferecimento de estágio e projeto
projetos são registrados na página
de extensão na atenção básica a
da universidade. (P42-334)
partir dos referen ciais da

53
Os projetos às vezes envolvem outras disciplinas e participam do projeto, psicólogos
profissionais de diversas áreas, possibilitando aproximação da ou não, é uma grande escola em
Psicologia com outras áre as do conhecimento, como indica o crescimento: de conhecimentos e
exemplo abaixo: de relacionamentos. (P42-130)
Todas os colegas que ali estão
participam do projeto, cada um 5.8. O trabalho com populações específicas
dentro da sua área específica.
Psicologia, idiomas, informática, Muitos(as) profissionais relataram que entre as ações
história, literatura, educação desenvolvi das no contexto da ABS estão os projetos e os
corporal, nutrição, comportamento trabalhos com populações específicas. O trabalho com idosos é
social, música, economia, realizado tanto com o objetivo de melhorar a qualidade de vida
mitologia. Sou a psicóloga que dessa população quanto de acompanhar a evolução de doenças
sugeriu à universidade um projeto crônicas. As ações desenvolvidas com as crianças são
no ano de 2004. Iniciou-se em agosto consideradas inovadoras porque buscam ampliar as possibilidades
de 2004, com uma história bastante de lazer e cultura dessa população. As ações de promoção de
consis tente e possibilitando a saúde de
aproximação da psicologia com senvolvidas com adolescentes envolvem a criação de espaços de
outras áreas de conhecimento. troca e possibilitam disseminar informações e fortalecer esta
Tanto para os alunos, quanto para população. Alguns trabalhos desenvolvidos com as gestantes são
aqueles profissionais que considerados inovadores porque buscam envolver as famílias e
incluem também as puérperas. Temos na unidade um coral
Exemplos: infantil que ajuda
significativamente as crianças
Idosos Atendimento a idosos conforme o no seu desenvolvimento e
descrito acima. Poderão participação de interação um
encontrá las na UBS (...) Este com o outro. Atividades de arte
trabalho faz parte de um projeto como pintura e outras práticas.
mais amplo intitulado “Cuidados (...) (P42-351).
inovadores em doenças
crônicas”. (P42-260) Adolescente Grupo de adolescentes,
s identificando líderes da região e
Crianças (...) Uma prática que surte muito planejando com eles as
efeito são as ações voltadas às atividades do grupo. Grupo com
crianças. Na comunidade na qual Agentes Comunitárias de Saúde –
trabalho é evidente a carência proporcionar momentos de
em lazer e cultura. As crianças troca de experiências e
só frequentam as escolas. Os fortalecimento da rede social
espaços abertos na unidade para proporcionar melhor
favorecem a socialização, a entendimento nas questões de
comunicação, trabalham o saúde mental através das
respeito, as regras e limites (...). vivências do grupo. (P42-349)
Temos buscado impulsionar os
educadores sociais e equipe Não é uma nova prática, mas
local, de forma que a criança o grupos informativos com
adolescente prefira estar cada adolescente no sentido de
vez mais no Projeto e não nas prevenir gravidez precoce têm
drogas que é uma constante e dado bons resultados. (P42-427)
muito próximo desses alunos
neste bairro. Buscamos fazer Capacitação de adolescentes
que eles façam mais multiplicadores, ambulatório do
apresentações de seus adolescente com grupos
trabalhos, mais passeios e educativos, consultas médicas
vivências grupais de forma a de hebiatra e ginecologistas,
proporcionar maiores encaminhamento para outras
problematizações a respeito do especialidades e exames. O
que vivenciam no seu dia a dia resultado é a diminuição da
como: a dificuldade de gravidez na adolescência. (P42-123)
habitação, violência dentro de
casa e no bairro e etc. (P42-74)

54
filhos, avós). (P42-344)
Gestantes a inserção da família no ciclo
gravídico puerperal (marido,
Desenvolvemos na unidade um equipe, o que facilita o diálogo e a
grupo de gestantes diferente, intervenção precoce. (P42-119)
pois ele inclui as puérperas.
Então, elas começam conosco Caracterização da Psicologia
(psicóloga, odontóloga, Obstétrica. Pré-Natal
enfermeira, fonoaudióloga e Psicológico. Protocolos de
auxiliar de enfermagem) quando Assistência Psicológica
estão gestantes e continuam até específica: gestantes
o bebê completar um ano de vida. diabéticas, gestantes HIV+,
Nosso objetivo é, anomalias fetais viáveis e
principalmente, orientar quanto inviáveis, interrupção legal da
ao aleitamento materno gestação, violência sexual,
exclusivo, hábitos deletérios perdas gestacionais
(não utilização de chupeta e recorrentes, óbito fetal,
mamadeira), desenvolvimento hiperemese gravídica,
psicomotor, cognitivo, auditivo depressão pós-parto, etc.
e de linguagem no primeiro ano Assistência de urgência em
de vida além das questões de Psicologia Obstétrica Marcador
saúde bucal, saúde mental e de Prontidão Psicológica para
situações relacionais que podem Interrupção Legal da Gestação.
surgir com o nascimento do bebê. (P42-423)
Observamos que as
participantes do grupo de Grupo de Gestantes, que tem o
gestantes aderem à objetivo de transmitir
continuidade no grupo, o que informações acerca de
facilita atingir os objetivos gestação, parto, puerpério e
expostos. Intervimos nas cuidados com o bebê, bem como,
dúvidas das puérperas, que oferecer suporte emocional a
surgem com maior intensidade a essas mulheres e um espaço para
partir do nascimento da criança, reflexão. (P42- 94)
já que, durante a gestação, tais
questões para a maioria delas,
são muito abstratas, visto a
característica de carência 55
socioeconômico cultural da
população da área de
abrangência da Unidade Básica
de Saúde. Elas necessitam de
orientação nesse momento, que
nem sempre é conseguida
durante a consulta com o
pediatra. Também percebemos
que é desenvolvido com as
participantes assíduas um
vínculo de confiança com a
Portadores 37- Projeto exercício é vida!” – Vítimas de Como estamos dentro da
de doenças desenvolvido em parceria com violência comunidade, o trabalho com
crônicas setor de fisioterapia. É vítimas de violência tem se
destinado a pacientes fortalecido muito. Aqui, temos as
hipertensos, diabéticos e saúde vítimas de violência doméstica,
mental. Acontece três vezes na urbana (sequestros, assassinato
semana com duração de 1h30. de familiares, etc.) e sexual
Conta com acompanhamento e aguda e crônica, abuso moral etc.
controle da pressão arterial, Estamos conseguindo dar
exercícios físicos visibilidade ao fenômeno da
supervisionados e trabalho de violência. Antes, as pessoas
prontoatendimento/ plantão chegavam com a saúde alterada
psicológico e trabalho de e o serviço não conseguia nem
acompanhamento psicológico. cuidar dos efeitos da violência e
São realizados passeios nem fazer algo a respeito dela.
culturais, gincanas, As próprias pessoas não
comemorados aniversários do conseguiam associar seus
mês, Dia das Mães e dos Pais, sintomas às vivências
entre outras atividades. O opressivas. Hoje, tenho grupos
projeto acontece há um ano e de psicoterapia em que de seis,
meio, mais ou menos, e tem como quatro mulheres foram vítimas
objetivo a promoção da saúde e a de abuso sexual crônico na
melhora na qualidade de vida das infância ou na adolescência.
pessoas, buscando o Estamos também contribuindo
reconhecimento das para a saúde incorporar em sua
potencialidades e a autoestima compreensão e prática os
do idoso e das pessoas em geral. aspectos emocional, psicológico,
Os resultados são observados social e cultural. Toda o trabalho
pelos relatos de melhora dos desenvolvido foi determinado
participantes e de suas famílias. pela característica da
(P42-80) comunidade, por suas
necessidades e não por decisão
dos profissionais. (P42-203)

5.9. Ações com as famílias

Dentre as atividades apontadas como inovadoras pelos(as)


respon dentes apareceram diversas atividades realizadas com
famílias. Essas ati vidades são realizadas muitas vezes em grupos,
os quais, têm diferentes temas e objetivos.
Exemplos: com orientação e
Grupos de Um prática que tem dado desmistificação do papel do
orientação com bons resultados é um psicólogo. (P42-321)
familiares programa de intervenção
de portadores de psicoeducativa com Penso que nosso trabalho
transtornos familiares de portadores de mais inovador tem sido a
psiquiátricos esquizofrenia. O programa é implementação do Grupo de
baseado em trabalhos Pais. Há uma grande
desenvolvidos pelo GARPE-H demanda de atendimento
-FMUSP. (P42-289) para crianças, e na grande
maioria dos casos
Visitas domiciliares A inovação neste campo é o percebemos que a maior
psicólogo sair do seu necessidade é trabalhar
consultório e conhecer a com os pais, e não com a
realidade da família in loco. criança. Para tanto,
(P42- 7) estamos nos baseando no
trabalho da psicóloga Lidia
Grupos de pais Grupo de Pais – são Weber – Programa de
acompanhados Qualidade na Interação
simultaneamente os Familiar. (P42 13)
responsáveis pelas crianças
em atendimento. Isso
favorece a reflexão dos
cuidadores e a consequente 5.10. Trabalho com grupos
mudança de atitude dos
mesmos, promovendo
resultados mais eficazes no O grupo foi apontado diversas vezes como sendo uma
processo infantil. (....)(P42-81) estratégia muito útil na atenção básica que possibilita ampliar as
Orientação a pais na escola. ações e desen volver integração entre os(as) participantes. Vale
Trabalho preventivo que ressaltar que, alguns afirmaram que a realização de grupos por
fortalece os pais em seus
psicólogos(as) não é uma ino vação, mas que representa, sim, uma
papeis parentais.
Encaminhamentos inovação no local onde trabalham, já que em alguns Serviços ainda
diminuíram. Pais menos há muita resistência ao trabalho com grupos. Como indicam os
resistentes ao psicólogo.
parceria com escola. exemplos:
Terapia familiar. Ampliação Trabalho com grupo. Inovação no
do olhar do problema com
equipe e famílias. Inovação contexto em que estou. Encontrei
dentro do contexto em que grande resistência da própria
estou. Grupo de
discussão/acolhimento:elim equipe. Atualmente os grupos são
inação de lista de espera realida de e respeitados. (P42-321)
para se atender a esse tipo de
Grupos fechados na atenção
demanda. temos grupos de saúde
primária têm se mostrado
mental e de crianças. Sai totalmente
interessante, não como único
do modelo individual de profissional
dispositivo, mas como mais um
e paciente. (P42-298)
dispositivo a ser oferecido – os
pacientes aderem; os pacientes Uma prática adotada por mim nos
reclamam de grupos abertos, últimos dois anos foi o atendimento
dizendo constantemente que “é grupal. Procuro organizar os
muita gente”. (P42-184) grupos por faixa etária e também
por diag nostico. Atualmente realizo
As práticas de grupos de
grupos de adolescentes, de
convivência não são novas, mas
gestantes, de pa cientes
mostram cada vez melhores
psiquiátricos. Porém, é um trabalho
resultados, através das
isolado, que conta somente com a
intervenções com as integrantes do
minha participação como
grupo, atingem-se as famílias,
psicoterapêutica. (P42-380)
fortalecendo o vínculo. Acredito que
a gru palização é uma boa prática,

56
Em alguns relatos, os(as) respondentes referiram a criação mulheres que vão ao PSF para
de grupos de recepção e de salas de espera como meios de coletar papanicolau, oferecendo
aprimorar os serviços e utilizar os espaços de convivência orientações a cerca da saúde da
disponíveis: mulher (planejamento familiar,
Grupos de recepção na porta de DSTs, conhecimento do corpo,
entrada dos serviços Atendimento prevenção de câncer...) e também um
da clientela em grupos terapêuticos espaço para esclarecimento de
(neuróticos e psicóticos). (P42-370) eventuais dúvidas e reflexão. (...) (P42-
94)
(...)Grupo de sala de espera com
(P42-359)
Apareceram também, de diversos modos, grupos que utilizam 5.11. Implementação de programas e políticas públicas
es tratégias não verbais de intervenção, como indica o exemplo
abaixo: Não acredito que se constitua em Em alguns relatos, foram citadas como inovadoras ações
¨nova prática¨, mas percebo que pou co
dirigidas à implementação de diretrizes da OMS e do Ministério da
utilizadas, e que tem produzido um Saúde que têm por objetivo melhorar a assistência na Atenção
efeito interessante, são os grupos de Básica à Saúde:
pais, separados de acordo com a A fundamentação da proposta da
queixa,os grupos de enfrentamento, OMS em valorizar o WOQHOL 100, que
como à síndrome do pânico, o grupo de permite uma leitura sobre
pais e padrastos, o grupo de rela qualidade de vida; uma leitura do
xamento. Tenho utilizado a técnica que chamo de caráter oculto da
¨calatonia¨, em mães extremamente doença (uma leitura do que está por
agressivas, e/ou rígidas, e/ou esgotadas, trás do diag nóstico). O
e tenho tido um retorno muitís simo fortalecimento da relação SABER-
interessante, logo após a primeira PRÁTICA DO SABER – CIÊN
tentativa, no sentido de produzir uma CIA E ESPIRITUALIDADE, que se
mudança no ¨olhar¨, sobre o problema de fundamenta na relação saber
sua criança, o que apenas com o verbal
científico e saber popular dentre
estava se mostrando sem perspectivas
do espaço social; contato via e-mail,
de alteração. Por en quanto não
o site está em construção. (P42-244)
organizei dados para um estudo sobre o
assunto, mas tenho pensado no caso, e A proposta atual que estamos
tenho sido incentivada por uma colega desenvolvendo refere-se à Política
que me faz su pervisão. (...) Outra Nacio nal de Humanização, que, com
possibilidade que eu tenho utilizado em seus dispositivos, permite um
casos onde o trabalho verbal não tem avanço na gestão e na assistência à
propiciado praticamente nenhuma saúde pública, através do
alteração do quadro tem sido a pintura protagonismo dos usuários e dos
em tecido, que veio a favorecer a profissionais de saúde. (P42-70)
mobilização da paciente para
alterações, o que vinha se mostrando
5.12. O trabalho junto à Estratégia de Saúde da Família
sem perspectivas de outras maneiras.
serviços da rede. (P42 334)
A Estratégia de Saúde da Família foi citada diversas vezes O trabalho conjunto com o PSF, o que
nos rela tos sobre experiências inovadoras; algumas vezes, foi
não acontece onde trabalho, mas
citado o trabalho que já está sendo desenvolvido, em outras, foi
busco isto, para que eu possa entrar
apontado os esforços para desenvolver um trabalho conjunto no
em contato com a comunidade e com
contexto da ABS:
os profissionais, adotando uma
Estamos tentando trabalhar a
visão mais humanizada do paciente
saúde mental junto com os ACS e a
e onde o contexto familiar seja
partir de vi sitas domiciliares,
levado em conta. (P42-331)
acompanhando o usuário pelos

57
A articulação entre a Saúde Mental e a Estratégia de Saúde propomos, ou pelo menos tentamos,
foi indi cada como sendo uma ação inovadora que tem a melhor forma de atuação dentro
possibilitado a melhoria na qualidade da assistência e também a daquela equipe que com certeza tem
troca de saberes entre os(as) profissionais envolvidos. Como seus acertos e erros, dificuldades,
indicam os exemplos abaixo: especificidades. Aprendemos que
Na nossa atuação tentamos unir as não dá para definirmos uma
duas vertentes, o foco é o paciente atuação única e universal para
ou usuário da UBS e a ESF. Mantemos todas as equipes. Por exemplo, em
a ideia da não marcação de con sulta, algumas equipes os grupos de saúde
com a abertura de agenda e nos mental e grupos da UBS têm fun
preocupamos com a capacitação da cionado bem, em outras ainda
equipe para atenderem os casos de estamos “engatinhando” e revendo
saúde mental de forma resolutiva. ações. Deve ficar claro que essa
Dessa forma existe o momento de forma de atuação é possível porque
estar junto ao usuário, caso se faça existe uma rede de saúde mental no
ne cessário, e o momento de estar município com três pontos: um Caps
junto da ESF. Considero que para onde podemos encaminhar os
caminhamos juntos (SM+ESF), casos graves, que necessitam de
trocamos saberes, conhecemos de uma acom panhamento mais
perto da realidade de cada equipe e próximos; um AMBULATORIO para os
atendimentos dos casos graves mas Barreto) e o grupo do remédio
não tão graves que necessitam do (idealizado por nossa equipe para
CAPS, ou casos que necessitam de atender à necessidade de um
uma acompanhamento mais determi
sistematizado, uma es cuta nado PSF) – tem a finalidade de
individual mais frequente e a diminuir o uso de benzodiazepínicos
Referência Técnica de Saúde Mental e estimular o uso consciente dos
na atenção primária que se ocupa fármacos e psicofármacos através
dos casos estabilizados, casos leves da am pliação do conceito de
e das possíveis intervenções junto “remédio” para hábitos, costumes e
ao território. Deve ficar claro, que valores sau dáveis tais como,
a circulação do sujeito nessa rede é valorização das plantas medicinais,
dinâmica. Existem pacientes que se do saber popular
encontram nas três instâncias cada (não só do científico), atividades de
uma com sua forma de atuação e relaxamento/meditação,
intervenção. (P42-246) exercícios físicos, lazer, dieta, etc.
Creio que a atuação, estratégias e (P42-400)
ações, da saúde mental na atenção
bá sica por si só ainda é algo
O NASF e a proposta de matriciamento também foram
inovador no Brasil. Ainda estamos a
apontadas como sendo inovadoras, porque incluem uma leitura
aprender “a trabalhar fora das
integral dos usuá rios e do território onde estão inseridos. Vejamos
quatro paredes” e a fazer
os exemplos:
prevenção e promoção de saúde
Para mim o matriciamento de
“dentro” da comunidade, no
equipes tem sido um trabalho novo e
território, considerando cada locor
desa fiador, uma oportunidade de
região com suas próprias
fazer com que a equipe de saúde não
peculiaridades. Penso que dentre o
olhe o paciente de forma cindida,
que faze mos, o mais inovador seja
mas como um todo integrado. Tenho
capacitar em saúde mental as
realiza do abordagens no território
equipes da PSF, a terapia
(visitas domiciliares, negociações
comunitária (professor Adalberto
com a rede
de apoio dos pacientes, com ONGs e caminhada) e outros profissionais
outros recursos da comunidade) na de saúde. Não sei se estas práticas
linha da clínica ampliada. Tenho são inovadoras, pois tenho lido
inserido pacientes em grupos bastante sobre isso, mas tenho
terapêuti cos coordenados por percebido muita dificuldade de
outros pacientes (grupo de crochê e colegas em aderir a esta proposta
tricô, grupo de fuxico, grupos de no município onde trabalho. (P42 65)

58
A estratégia de saúde da família é sumir seu papel junto ao portador
uma grande inovação e vem de sofrimento psíquico, ou seja,
produzin do muitos resultados recebendo o com um paciente da
positivos em todo o Brasil. Uma equipe. O profissional de saúde
outra inovação é a criação dos mental começando a sair do seu
Núcleos de Apoio à Saúde da Família isolamento técnico. O Trabalho em
(Nasf), Portaria 154, de 24 de janeiro rede mais funcional. (P42-69)
de 2008, com o objetivo de ampliar
Outra alternativa que vem sendo
as ações e a resolubili dade da
construída é o matriciamento em
atenção básica, apoiando a inserção
saúde mental, na qual equipes
da Estratégia de Saúde da Família
(teoricamente) fariam uma espécie
na rede de serviços. Muitas
de supervi são dos casos de saúde
informações podem ser
mental com as equipes de PSF, e
encontradas no site do Ministério
encaminhariam para atendimento
da Saúde. (P42-76)
especializado somente os casos
Temos praticado a proposta de considerados mais graves, fazendo
“apoio matricial” descrita pela um plano de intervenção para os
Coordenação Nacional de Saúde demais casos, que in cluísse o
Mental e pelo psicólogo Antônio atendimento do PSF e outros
Lancetti e estamos vis lumbrando parceiros da região, como grupos
os primeiros resultados disso: as da comunidade, esportes, lazer, etc.
equipes dos PSF começando a as (P42-318)
Os(as) participantes referiram também as oficinas de Criamos o “Programa Bem Viver -
capacitação e grupos de suporte com agentes de saúde: Atenção à Saúde Mental”, vincula do

Capacitação de Agentes ao CISVER - Consórcio de Saúde do


Comunitárias de saúde nas Campo das Vertentes. Esse pro
questões relaciona das à saúde grama nos ajuda a estabelecer
mental. (P42-39) atividades a serem desenvolvidas
pela Saúde Mental, além de
Coordenação de um Grupo de ACS possibilitar a contratação de
que acontece mensalmente com a in psiquiatra e neu rologista para
tenção de oferecer suporte a essas atender nos 10 municípios do
profissionais em casos programa. Além disso, é um espaço
problemáticos, espaço para de discussão de casos e um momento
reflexão e orientação. (P42-94) de falarmos de nossas
Já realizamos Seminários para
angústias. (P42-299)
capacitação de ACS e folhetos
informa tivos sobre DEPRESSÃO e
ANSIEDADE, além de palestras Em alguns lugares, devido à ausência de outros
educativas na comunidade e
equipamentos, a atenção em saúde mental é realizada no
comemoração de datas referentes
contexto da Unidade de Saúde mais próximo da casa do(a)
à Saúde Mental: 18 de maio e 10 de
usuário(a). Como indicam os exemplos abaixo:
outubro. Estamos montando Oficinas Terapêuticas nas Unidades
Seminário de Atenção a Crise em de Saúde, trabalhando com usuários
Saúde Mental para capacitar o com transtorno mental grave na
corpo clínico dos municípios. própria Unidade, fortalecendo o
(P42-299) vínculo destes com o espaço do
território. (P42-311)

5.13. Programas de Saúde Mental Oficinas Terapêuticas para


Pacientes com Transtornos Graves;
Os(as) respondentes indicaram como sendo inovadores Grupos de Saúde Mental. (P42-330)
alguns programas específicos dirigidos à saúde mental, como
indicam os exem plos abaixo:
59
(...) Grupo de Saúde Mental – só existe Equipe, etc. (P42-168)
na nossa Unidade – grupo voltado
Grupo de acolhimento em saúde
para atender a demanda de saúde
mental (acolhimento em grupo para
mental (leve, moderado, grave) com
pessoas que buscam atendimento ou
atividades de promoção de saúde e
que têm necessidades em SM iden
continuação da prescrição da me
tificadas por outros profissionais
dicação controlada, que antes era
de saúde). (P42-342)
feita na demanda médica e gerava
muitos transtornos para a Unidade Grupo terapêutico com pacientes
em geral. É um trabalho desenvolvi portadores de transtorno severo
do pela equipe do PSF (médico, na atenção básica, fazemos este
enfermeira, agente de saúde, trabalho desde 2005 pois nós não
psicólogo, auxiliar de temos CAPS; Plantão para
enfermagem), colaboração atendimento de consultas sem
essencial da Farmácia (farmacêu agendamento prévio; estas pessoas
tico e assistente de Farmácia). É são encaminhadas por outros
feito semanalmente, sendo cada profissionais. (P42-234)
sema
na sob responsabilidade de uma 5.14. Atividades de Acolhimento
equipe. A psicóloga participa de
todos. Tem sido uma experiência Alguns relatos indicam que as atividades de acolhimento de
muito interessante e rica, pois tem pessoas que procuram os Serviços são consideradas inovadoras:
permitido a equipe conhecer Acolhimento das pessoas que chegam a
aqueles pacientes que, na maioria UMS para atendimento nos pro gramas de
das vezes, não vi nham à Unidade, Saúde Mental e Saúde do Idoso e das
orientá-los em relação ao uso pessoas encaminhadas por outros
serviços referenciados. (P42-317)
correto da medicação, evitar
Acredito que as consultas de
transtornos no corredor atrás de
acolhimento, visitas domiciliares
receita “azul”, maior interação da
que são realizadas de modo em nosso serviço público
multiprofissional tem sido (ambulatório). O atendimento tem
importante e ampliado o olhar de um perío do determinado de quatro
cada profissional favorecendo um meses, podendo ser renovado uma
olhar mais ampliado para o única vez. Visa a acolher o paciente
processo saúde/doença. (P42-420) em um momento de grande
desestabilização e promover uma
oportunidade de que ele possa
5.15. Plantão Psicológico elaborar algo sobre esse período e
construir saídas mais produtivas.
A implantação de atividades de plantão psicológico também Caso ele tenha interesse em fazer
fo ram indicadas como inovadoras em algumas instituições: uma psicoterapia mais demorada, é
Plantão psicológico. Serviço que iniciou encaminhado a novas institui ções.
neste ano de 2008. (P42-421) (P42-450)
Estamos desenvolvendo um projeto
de atendimento psicológico de ur 5.16. Atividades de Prevenção e Promoção de Saúde
gência aos pacientes que não podem
esperar por vagas, sempre Nas respostas sobre as inovações, as atividades de prevenção e
escassas. Trata-se de um projeto de promoção de saúde apareceram diversas vezes e de diversos
chamado de Projeto de Efeitos modos: Estamos gradativamente mudando
Terapêuticos Rápi dos, com a forma de atuação do setor de psico
acolhimento de pacientes em logia (que era sobretudo atendimento
urgência emocional ou subjetiva clínico) e a atenção à saúde men-

60
tal do município de Guarani - MG. Em os tra balhos e que este profissional
um primeiro momento, buscamos pode realizar outras ações além da
ativamente uma aproximação com psicote rapia, como atuar em
as equipes de saúde da família, projetos de prevenção e promoção
procu rando mostrar que o apoio de da saúde. Como destaque,
um psicólogo pode ajudar a otimizar desenvolvemos oficinas educativas
em uma escola do Ensino receitas para tratar algumas
Médio sobre o abuso de álcool e doenças, sugeridas pela Nutricio
realizamos atividades culturais nista e pela Pastoral da Saúde e
com por tadores de transtornos outra sobre cuidados com a nossa
mentais severos (festa junina e higie ne bucal, visto que a saúde
piquenique em um dos pontos começa pela boca. (P42-128)
turísticos do município). Esta
Atividades preventivas e para
primeira etapa foi realizada com
preservação da saúde mental dos
êxito. O próximo passo (que está no
usuários que buscam atendimento
planejamento para 2009) é a atuação
clínico(emergência) na UMS
prioritária em apoio às ações
Atividades com grupo de idosos.
preventivas e educativas da
(P42-316)
Atenção Primá ria, enfatizando as
atividades do grupo de convivência Realização de grupos voltados para
com portadores de sofrimento a qualidade de vida, com ênfase na
mental grave, visitas domiciliares prevenção e promoção da saúde.
educativas e não apenas a Este material não existe de forma
pacientes acamados, oficinas siste matizada, precisa ser
educativas sobre o abuso de álcool e construído quando os encontros
apoio e consultoria aos agentes acontecem. (P42-92)
comunitários de saúde para a Considero que os grupos que
efetivo rastreamen to de pessoas estamos realizando são inovadores
com problemas devido ao uso de porque vi sam à autonomia e a
álcool (AUDIT). (P42-110) promoção de saúde; e tentamos
fazer algo integrado, e não uma
Fizemos campanhas de prevenção
colcha de retalhos técnicos, assim,
ao álcool, drogas, tabagismo e DSTs,
trabalhamos com temas que todos
além disso criamos a Associação
possam contribuir, que não trata de
Antialcoólica no município devido à
um conhecimento especializado,
de manda do mesmo e
exemplos: sexualidades, saúde, SUS,
confeccionamos duas cartilhas
educação em saúde, etc. ( P42-138)
visando à prevenção, uma com
por parte das chefias anteriores
Junto do PSFs a atuação do Psicólogo
(estou lá há um ano apenas...), então
estende-se a promover qualidade de
só deu tempo ainda de colocar um
vida, propor uma mudança de hábito
pouco a casa em ordem, mas muito
e diagnosticar fatores psicoló gicos
falta por fazer... Estou implantando
que afetam diretamente em
agora o questionário de satisfação
algumas doenças como:
dos usuários, e tentando fazer
hipertensão, diabetes, etc.
pesquisa de clima organizacional,
Realizamos no município feiras da
mas são poucos os funcionários
saúde mensais que tra
colaboradores... Tenho poucos
tam a doença e os fatores
psicológicos. (P42- 324) recursos de premiação, fazen do
por enquanto apenas o
“funcionário/equipe” do mês...
5.17. Gestão dos Serviços
(P42-73)
Em um dos relatos, foram indicadas inovações no modo de
admi nistrar e coordenar os Serviços: 5.18. Diagnóstico Psicossocial
Tenho tentado desenvolver
ferramentas para Uma das respostas indicou a importância de realizar uma
motivar a
equipe, mas não é fácil. Além disso, ampla leitura dos problemas e dos potenciais da área de
pouco pude fazer até agora, pois a abrangência para o planejamento das ações na Atenção Básica à
Unidade estava muito abandonada Saúde:

61
O diagnóstico psicossocial que vai epidemiológicos da unidade. A cons
além do mapa territorial, e inclui trução coletiva do plano de
con versas com as diversas intervenção que não raro contém
lideranças, mapeamento das gincanas, mobilizações diversas,
facilidades sociais e culturais da inclusive a produção de um livro de
área de abrangência, a detecção das histórias de vida dos idosos de uma
áreas de risco e a com paração determinada unidade para resgate
destes dados com os dados de sua valori zação social do idoso.
(P42-86) conhecimentos
e visibilizá-los com apresentações em eventos científicos,
5.19. Atividades de geração de renda e de inserção social concorrendo a prêmios e publicando-os em capítulos de livros.
Como demonstram os relatos abaixo:
Foram indicadas como inovações atividades dirigidas a TABAGISMO – É um Programa que
produção de artesanato, geração de renda e inserção social: está dando certo. Participamos do
Projeto Pequeno Artesão – Oficina Con gresso de Bauru. Tivemos 15
Viva Art: É um projeto de inserção trabalhos expostos e fomos
so cial, sem fins lucrativos contemplados com o Prêmio David
desenvolvido pela secretaria de Capistrano. Ambulatório de Saúde
assistência social da cidade de Mental – está sen do reestruturado.
Cruzília-MG. Temos uma Aleitamento Materno, Saúde Bucal e
equipe:instrutora de Artes; 2 servi outros. (P42-118)
çais; psicóloga; professora de
Favor acessar os anais da III Mostra
reforço; Apoio: assistente social do
Nacional de Produção em Saúde da
muni cípio. Encontrar: Prefeitura
Família IV Seminário Internacional
Municipal de Cruzília MG - 3346-1455 -
de Atenção Primá ria – Saúde da
Ação Sócia. (P42- 475)
Família III Concurso Nacional de
(...) Atividades que envolvam Experiências em Saúde da Família
aprendizado de artes e produção de Código do Trabalho: 4549, no
artesa nato. (P42-8). endereço: http://
dtr2004.saude.gov.br/dab/evento/m
(...) oficinas terapêuticas oficinas
ostra/documentos/cc.pdf.
geração de rendas atendimentos e
en volvimentos dos familiares... (P42-175)
práticas alternativas...(P42-208) (...) Estivemos presentes em alguns
encontros das regionais da ABEP/SC
5.20. Relatos de experiências em congressos, divulgando esses modelos
capítulos de livros e projetos premiados inovadores de atuação. Este ano
estaremos presentes, além do
Os(as) participantes indicaram que realizam inovações no seu encontro da ABEP, no encontro
co tidiano de trabalho e que têm buscado produzir novos regional da ABRAPSO SUL, I
Congresso Brasileiro de Saúde Trabalho este realizado com o apoio
Mental e também no II Congresso da equi pe multidisciplinar e
Regional de Saúde Coletiva. suporte ao cuidador. Criamos um
Teríamos o maior prazer em dividir “Ciclo de orien tação ao cuidador de
nossas práticas com profissionais idosos”, proporcionando
interessados no aprimoramento do qualificação e oferecendo suporte
fazer psi cológico na atenção para esta função. (P42-212)
básica. (P42-250)
O trabalho de atendimento
Estamos voltados para o trabalho de psicológico para gestantes, para
atendimento domiciliar x institucio mãe/bebê e crianças pequenas no
nalização. Temos relato em serviço de puericultura
congresso (CIAD 2008) de um caso de configurou-se também
sucesso de não institucionalização.

62
em uma pesquisa intitulada: linha de trabalho temos a nível na
Intervenção Precoce:grupo de cional um grupo da USP. Há também
pesquisa e extensão em pediatria e uma pesquisa nacional sobre o
psicanálise, coordenada pela Dra. tema, há vários psicanalistas
Professora Telma Queiroz da franceses que estudam e escrevem
disciplina de Psicologia médica. Os sobre o tema, entre eles, a
resultados desse trabalho são psicanalista Marie Christine Laznik
observados na mudança do sinais de e Catherine Ma thelin. (P42-228)
riscos na estrutura ção psíquica de
Estamos tentando trabalhar a
muitos bebês, nos resultados do
saúde mental junto com os ACS e a
tratamento de crian ças autistas,
partir de visitas domiciliares,
tratamento esse no qual é levado em
acompanhando o usuário pelos
conta a subjetividade das crianças
servi ços da rede. Este trabalho
e outros sintomas ou queixas dos
específico foi submetido ao I
pais, como os sintomas
Congresso Brasileiro de Saúde
psicofuncionais por exemplo. Nessa
Mental, organizado por uma
comissão da Abras co. (P42-334) garantir a realização das diretrizes da Política Nacional de Atenção
(...)Esses trabalhos podem ser
Básica à Saúde.
encontrados no livro Psicologia na
Prática Obstétrica – Uma
6. DEMANDAS, COMENTÁRIOS E SUGESTÕES
Abordagem Interdisciplinar.
Editora Manole, São Pau lo, 2007.
Os(as) profissionais fizeram diversos comentários e
Caso seja do interesse podemos
sugestões rela cionadas à Atenção Básica à Saúde e dirigiram
ceder um exemplar ao CRP. É uma
algumas demandas espe cíficas a diferentes interlocutores.
obra interdisciplinar onde
participam 70 colaboradores entre 6.1. Demandas dirigidas aos gestores dos serviços
psicó e das políticas públicas
logos da área da saúde, obstetras,
pediatras, geneticistas, As demandas dos(as) participantes foram dirigidas a três
fisioterapeu tas, enfermeiros. interlo cutores principais: aos gestores dos Serviços e das políticas
Além deste, temos publicações em públicas, aos Conselhos Regionais de Psicologia e a outros(as)
livros de Obstetrícia, Medicina psicólogos(as).
Fetal e Qualidade de Vida. (P42-423)
6.1.1. Demandas dirigidas aos(às) gestores(as) dos Serviços
(...) O grupo Hiperdia tem rendido
e das políticas públicas
bons frutos, inclusive vamos
apresen tar um pôster desse
Apareceram múltiplas demandas para os(as) gestores(as), muitas
trabalho num Fórum da Unicamp
das quais são queixas dos(as) participantes, principalmente da
sobre Saúde, dia 18/9/2008. O
falta de recursos materiais e humanos para a realização do
objetivo do grupo é promover
trabalho. Eles(as) soli citaram mais recursos, contratação de mais
qualidade de vida a essas pessoas,
profissionais, plano de carrei ra, revisão da carga horária de
apesar da patologia. (P42-94)
trabalho, supervisões, capacitações e es paços de troca entre
De modo geral, os(as) profissionais que participaram da os(as) profissionais. Alguns(mas) também referiram a necessidade
pesquisa apontaram desenvolver diversas estratégias inovadoras de criar e/ou implementar, na região onde atuam, outras
na tentativa de ampliar as ações da Psicologia no campo e para
63
políticas e programas, bem como estratégias de disseminação dos Este é meu maior anseio: condições
con selhos e de participação cidadã no campo da saúde. Os salariais em “pé” de igualdade com
exemplos abaixo explicitam essas demandas: outros profissionais, como médicos
e cirurgiões dentistas. (P201-133)
a) Por recursos, melhores salários e plano de carreira Importância de uma regularização
Acredito que nós que trabalhamos do salário do psicólogo, índice
na atenção básica, necessitamos de maior, devido a estar na USF, como
um suporte maior para melhor os outros profissionais que estão
desempenharmos nossa função no inseridos. (P201-215)
mu nicípio. Muitas vezes não temos o
apoio necessário no nosso trabalho,
por ex: falta de material, de b) Por revisões na carga horária
profissionais de apoio, espaço É necessário que seja também
físico precário, salário defasado e considerado como produção o
outros, além de uma carga tempo para as reuniões entre os
excessiva de trabalho, com muita profissionais, assim como a
demanda e poucos profissionais supervisão paga pelo município, já
capacitados. (P201-214) que isso faz parte constante na
formação do profissional. No
Com certeza, plano de carreira em trabalho da saúde mental, o maior
serviço público, com remuneração investimento deve ser no ser hu
jus ta pela qualidade do trabalho mano para cuidar de outro ser
que prestamos. (P201-12) humano. (P201-150)
Defender condições materiais Acho a carga horária de trabalho muito
dignas para que os psicólogos alta; as pessoas não entendem
trabalhem é fundamental. Não que o trabalho do Psicólogo é
conheço ninguém que trabalhe desgastante. Também, acredito que
satisfeito sem um salário decente. ainda não conquistamos nosso
espaço e o respeito merecido. Para 3 momentos de ambulatório, um
constatar isso basta comparar turno de reunião de planejamento. o
nossa remuneração e carga horária tempo de atuação na comunidade
com a dos médicos, dentistas... no fica resumido a 5 turnos. É
município em que trabalho e em insuficien te para a demanda
muitos outros. (P201-120) crescente, pois a cada dia saímos
das unidades com novos
encaminhamentos para Psicologia.
c) Por mais profissionais atuando na rede
(P201-47)

Acho que o número de profissionais Seria necessária a contratação de


existentes na Secretaria de Saúde mais Psicólogos para atender às de
do município deveria ser maior, mandas do município. E separar as
pois em apenas duas pessoas sobra especialidades, crianças, adultos,
adolescentes, saúde mental e
pouco tempo para realizarmos
outras áreas assim para uma
trabalhos preventivos (o que
melhor quali dade do trabalho.
deveria ser nossa função
(P201-143)
principal). (P201-114)
Faz-se necessário inserir mais
Faz-se necessária a ampliação da profissionais no sistema de saúde,
atuação de Psicólogos na rede isso quantitativamente e
básica, inserindo-os nas UBSs e qualitativamente. Forçar uma
PSFs. Atenção básica capacitada integração em equi pe para
como meca nismo de prevenção e mudança do modelo biomédico,
detecção precoce na saúde mental e quando hoje para o usuário o que
outras áreas. (P201-39) interessa é o recurso
medicamentoso. (P201-165)
Atualmente eu faço a cobertura de
14 equipes de saúde mais 3 PACS, com

64
Acredito que somos poucos com aproxi madamente 6.000
profissionais, estou numa cidade habitantes. Quantos psicólogos são
indicados? Tenho mantido o pacientes” e traga resolubilidade.
discurso de que precisamos de 4 (P201-30)
profissionais lá, para fazer o
Acredito que a Saúde deveria
mínimo em atendimento à saúde,
investir mais nas ações educativas
educação e promoção à saúde. Caso
e na humanização do atendimento,
queiram entrar em contato, ficarei
pois a clientela é muito carente de
feliz em permutar ideias. (P201-200)
afeto. (P201-135)
Gostaria de melhorias tanto
Devido ao crescente número de
materiais quanto de pessoal, como,
crianças que apresentam
por exemplo, mais profissionais
que fizessem parte da saúde dificuldades emocionais e de
mental,já que trabalho sozinha na aprendizagem, faz se necessário o
Unidade,sem apoio de psiquiatra, estabelecimento de políticas
etc. (P201-262) educacionais que as ajude a
solucionar os seus problemas, tra
d) Por novas políticas, programas e equipamentos balhando na prevenção de
distúrbios graves futuramente. As
Alguns(mas) participantes da pesquisa solicitaram a criação pessoas que atuam nos diversos
de novos programas e políticas complementares a política de programas públicos das áreas da
ABS: O trabalho com grupos na saúde saúde e da educação,
pública é muito importante, prevenção deveriam valorizar os profissionais
primaria, mas a doença mental está capacitados da Psicologia. (P201-145)
crescendo junto com a população e deve e) Por disseminar informações sobre os conselhos e os
ser controlada juntamente com a espaços de participação cidadã nas políticas públicas
medicina de forma integrada, ha vendo
respeito e limite. Hoje poucos
Em uma das respostas apareceu a necessidade de que os
conseguem tratamento e há muita
espaços de participação sejam amplamente divulgados e que se
confusão entre os profissionais e seus
papeis na saúde mental, e é obvio que possa efetiva mente utilizar o poder dos Conselhos:
quem sofre com isso é o paciente. Nossa Acredito na necessidade de um
cidade precisa de uma nova política de grande trabalho de divulgação com
saúde mental, não de politicagem, mas refe rência aos Conselhos, que
sim um serviço que “abrace os atualmente estão inseridos em
todas as políticas públicas neste melhoradas, que mais profissionais
país sem o conhecimento da possam ser inseridos na rede. Que a
população, que não tem o há bito da prática profissional seja
participação, e, sem isso, se faz sistematizada e publicada. Que os
representar por pessoas que traba profissionais da área possam se
lham contra elas mesmas ou encontrar e trocar experiências de
somente em favor próprio. É sua prática. (P201-318)
necessário um grande trabalho
nessa área para fazer valer esses Em minha opinião, a atuação da
Conselhos que tem gran de poder Psicologia na rede de atenção
dentro das instituições e nas básica não tem recebido o
decisões a ser tomadas. (P201-71) necessário respaldo por parte da
secretaria municipal de saúde.

f) Por supervisões, capacitações e espaços de troca Faltam diretrizes, faltam


encontros entre os profissionais,
Há necessidade de supervisão e troca de ideias e experiências,
orientações das Referências capacitações qualificadas para os
Estaduais e Municipais para que as profissionais de saúde mental, etc.
condições de trabalho sejam (P201-179)

65
Precisaria de mais capacitações adminis tração de equipes.
principalmente na área do Tabaco. (P201-397)
(P201-186)
Creio que o trabalho em UBS é muito
Uma das carências da área e a falta rico e traz um potencial fantástico,
de cursos específicos que façam um com vertentes de colaboração para
enfoque da saúde mental dentro da a comunidade e para própria evolu
atenção básica. Outra carência é a ção do serviço de saúde.
falta de supervisão tanto em nível Infelizmente, creio que muitos
de clínica quanto em nível de profissionais e di rigentes não
perceberam isso. Há profissionais necessidade de engajamento do
que carecem de formação Sistema Conselhos Fe deral e
adequada para trabalhar com a Regionais de Psicologia no
população; há também os estreitamento do diálogo com o
preconceitos de dirigentes que não Minis tério da Saúde e Conselho
conhecem o serviço e, Nacional de Saúde, no caso do CFP,
preconceituosamente, jul gam que incluindo aí também a Fenapsi,
qualquer forma de atendimento não assim como do diálogo dos CRP com
é Saúde Pública, mas uma tentativa as Secretarias de Saúde do Estado e
forçada de transposição de Municípios, incluindo o Sindicato
práticas de consultório. (P201- 204) dos Psicólogos,
para acompanhar a atuação da
Gostaria de obter treinamentos
categoria, apresentar propostas
específicos para cada Programa da
para a melhoria do SUS, monitorar
Aten ção Básica que eu estiver
as questões ligadas à Psicologia e
atuando. (P201-205)
dar supor te aos profissionais em
A atuação do Psicólogo no SUS e na questões éticas e nas bandeiras de
atenção básica carece de suporte luta da pro fissão (ex: o sindicato
no nível do diálogo entre os participar ativamente da discussão
próprios profissionais que atuam da redução da
na rede de saú de, já que hoje não há carga horária dos psicólogos nos
contato direto entre os serviços serviços de saúde e quaisquer
existentes (Centros de Saúde outros existentes), assim como
Estaduais, Unidades de Referência contribuir para a assistência à
especializadas, Unidades saúde mental e saúde do
Municipais de Saúde, Unidades do trabalhador, com propostas e
PSF, CAPS e Hospitais, e ainda Secre participação representativa no
tarias Municipal e Estadual de planejamento de ações, realização
Saúde, e também os Conselhos de estudos, etc. (P201-393)
Estadual e Municipal de Saúde (em
todos esses locais há psicólogos
Em várias respostas, foi explicitada a questão dos baixos
atuando hoje). E ainda, há uma
salários, às vezes associada à comparações com os salários de Regionais de Psicologia e ao Crepop
outros(as) profissio nais de nível superior que também atuam na
Atenção Básica à Saúde. A necessidade de implantar um plano de Apareceram muitas demandas para os CRP, para o CFP e
carreira para os(as) psicólogos(as) também foi apontada diversas também para o Crepop. Provavelmente porque a pesquisa foi
vezes. Alguns dos aspectos apontados nas respostas foram a proposta pelo Cre pop/CFP, foi respondida no site desta instituição,
carga horária de trabalho e o não pagamento das ho e também porque essa era a questão mais aberta do questionário
ras em que os(as) profissionais participam de reuniões e de e que permitia aos participantes incluir livremente suas opiniões.
supervisões. Muitas respostas foram relativas a demandas dos(as) Muitos(as) solicitaram que os Conselhos como órgãos
psicólogos(as) por supervisões, cursos de capacitação e espaços representativos dos(as) psicólogos(as) intervenham com os
de troca que sejam ofi ciais e patrocinados pelo poder público.

6.2. Demandas dirigidas aos Conselhos


66
órgãos públicos que coordenam as políticas e programas no É necessário o investimento em
campo da ABS para melhorar as condições de trabalho neste capacitação e reciclagem dos
campo. Solicitaram também que os Conselhos promovam profissio nais, tendo em vista ser
reciclagens profissionais, criem estratégias de disseminação de uma prática relativamente
informações e espaços de troca de experiências para os(as) recente. Promoção de encontros
psicólogos(as), como indicam os exemplos abaixo: periódicos e sistemáticos para
troca de experiências com o aval
a) Disseminação de informações, reciclagens profissionais e das instituições formadoras e
espa ços de troca de experiências Conselhos. (P201- 06)
Entre as diversas solicitações, apareceu uma demanda
específica para que os Conselhos criem canais de comunicação Sugiro que assim como houve há

com os profissio nais e que possibilitem a troca de informações muitos anos atrás uma supervisão

entre os profissionais que atuam na ABS: paga pela Administração Pública


para as equipes atuantes em Saúde
(...) gostaria de receber
Mental, que seja proposto pelo CRP
informações sobre a atuação legal
baseados em argumentos técnicos,
do psicólogo na atenção básica.
a retomada dessas ações, pois não é
(P201-158)
justo além de termos de comprar
todo o material de trabalho, ainda para 30 horas... Lutar para que
termos de pagar do próprio bolso psicólogos tenham direito legal de
por su pervisões tão necessárias ao serem coordenadores de unidades
restabelecimento do equilíbrio de saúde, pois há um desgaste muito
mental dos profissionais. (P201-398) grande quando no cargo por parte
de ataques constantes das equipes
Ter mais espaço para troca de
médicas.
experiências entre os profissionais
para sabermos, como estão Gostaria que os Conselhos nos
conseguindo atender a grande defendessem um pouco mais. A
demanda na área de saúde mental. Filosofia e a Sociologia já entraram
Gostaria de saber onde há nas escolas; nós ainda não. Nunca
psicólogos na rede pública contamos com o CRP contra os
e que tipo de trabalho estão desmandos da Administração
realizando, para que possamos Pública. Tem gente dividindo sala
realizar os encaminhamentos com em Centro Esportivo, sem
melhor resolubilidade. (P201-207) privacidade, sem condições de
trabalho, e esse será o destino de
b) Atuar junto aos órgãos públicos
todos os psicólogos da cidade de São
Paulo com a chegada das
Muitos(as) dos(as) profissionais que responderam a pesquisa solici
tam que o CFP e o CRP estabelecem um diálogo com os órgãos Organizações Sociais. Ainda

públicos e reivindiquem melhores condições de trabalho para fazemos NOVE horas (o máximo

os(as) psicólogos(as): idealizado para Saúde Mental é


CINCO, portanto, SEIS horas já
O CRP precisa agir mais ativamente
estaria de bom tamanho). Não há
e cobrar duas coisas do setor públi
preocupação com salas mini
co: não se fala em contratação de
mamente adaptadas Sou bastante
psicólogos, a saúde mental está mui
versátil: atendo todas as faixas etá
to abandonada, e quando surge o
rias satisfatoriamente (mesmo não
assunto, só se fala em psiquiatria na
gostando disso nem tendo formação
maioria das vezes... É preciso lutar
para tal), ministro palestras e
pela diminuição da carga horária,
cursos, atuo socialmente (faço
de 40
parte do Conselho Gestor), conduzo gostaria de participar, um pouco
grupos não só psicoterápicos, mas mais, sobre a condução da mi nha
também terapêuticos (como o de profissão. Gostaria de não estar tão
Meditação, Relaxamento, à mercê da política, mas que os
Regeneração Biopsí quica) e

67
Conselhos fizessem vales nossa em cobertura do nosso CRP quanto a
profissão e divulgassem mais o forma de atendimento, onde é
valor da Psicologia para o Ser colocado para nos submeter-mos ao
Humano. Sinto-me tão somente nosso contratante, que nem sempre
EXIGIDA, como se eu fosse uma entende a área de psicologia. Seria
empregada que só tem que servir, interessante que houvesse apoio e
sem direito algum, inclu sive pelo cobertura por parte do CRP aos
CRP, que cobra tudo o que tem que psicólogos em relação à carga
cobrar mesmo, mas jamais se horária exigida e achatamento
importou conosco. (P201-83) salarial. (P201-116)

Gostaria que o conselho interviesse É necessário que o profissional


de certa forma, nesta questão do possa fazer cursos em sua área de
tempo de atuação nas unidades, 4h atuação a titulo de reciclagem,
por dia uma vez por semana. Enfer especialização e que haja liberação
meiros e médicos trabalham 8h para isto. Que o CRP seja mais
todos os dias. atuante, visitando os locais de
trabalho de seus psicólo gos e vendo
Acredito que expandir e divulgar o
in loco o stress e o adoecimento de
atendimento psicológico na Rede Pú
seus profissionais devido a
blica é por demais importante,
situações insalubres. Sugiro que vá
contudo, se acompanhado e
mais a periferia. Sugiro que além de
oferecido com base e apoio da
cobrar mensalidades, se aproprie
Prefeitura e diante do nosso CRP.
dos problemas da categoria, ofere
Inúmeros casos diferenciados tem
ça orientações de maneira
ocorrido, mas sentimos carentes
eficiente, a última da qual se é que vocês já não tem essa previ
necessitei demorou apenas dois são, que enviem o resultado após a
meses para falar o óbvio, o que eu já análise dos dados. (P201-24)
sabia. Que pense num piso mínimo Sugiro que seja feito um seminário,
para a categoria. Senão ficaremos a jornada ou algo parecido sobre o
margem e nas mãos de dirigentes tema para podermos compartilhar
déspotas que primam pela experiências com outros
quantidade de atendimentos em trabalhado res em outros lugares
detrimento a qualidade. (P201-261) do país. (P201-81).
Salário e o plano de carreira: estão
precários, De acordo com alguns/mas participantes, o Crepop pode vir a
insuficientes,
desatualiza dos e pobres. Trata-se abrir novas oportunidades para os(as) psicólogos(as):
de um assunto importantíssimo a (...) ser um centro de informações
ser informado ao CRP que de muitas sobre cursos e pós-graduações a
respei to de nossas atuações.
formas pode valorizar e lutar ainda
(P201-324)
mais por esse trabalho, na saúde, na
saúde mental e na atenção básica. O respaldo do Conselho diante do
Deve-se criar um piso, algo que seja entendimento de que formas de
digno de se trabalhar para receber. aten dimento irão facilitar a busca
por uma atuação de qualidade
(P201-432)
possibili tando melhorias no
atendimento.
c) Utilizar o potencial do Crepop
Demandas para os outros(as)
Apareceram várias solicitações dirigidas ao Crepop. psicólogos(as). (P201-243)
Solicitaram que este amplie suas ações e possa ser um centro de
informações sobre cursos, que os resultados da pesquisa sejam Quero ver as respostas das
divulgados e que este possa melhorar as condições de trabalho pesquisas do Crepop em termos de
nas políticas públicas para a categoria dos(as) psicólogas. Como ações que vi sem a oportunidades
indicam os exemplos: para nós profissionais do interior
Ótima pesquisa. Peço por gentileza, do país. (P201-265)

68
6.3. Demandas dirigidas a outros(as) psicólogos(as) treinados a atuar nos consultórios,
quan do chegamos a um serviço
Os(as) participantes explicitaram muitas solicitações para público temos muita dificuldade a
os(as) co legas que atuam no mesmo campo. Eles(as) se referiram perceber nosso papel. (P201-72)
à importância da troca de informações entre os profissionais, do
Conscientizar sobre o salário da
trabalho em rede, a união entre os(as) profissionais e da atuação
classe que está bem defasado. E
social e comunitária na ABS, como indicam os exemplos abaixo:
investir em treinamento do
O psicólogo precisa se familiarizar
Psicólogo na área de saúde pública.
com outras áreas para trabalhar na
(P201-84)
defesa de direitos e precisa fazer
parte e incentivar o trabalho em Penso que o psicólogo que atua junto
rede, mas que tenha um diálogo à Atenção Primária à Saúde deve
verdadeiro entre os agentes, caso procurar agir de uma forma mais
contrário o processo é sempre ativa, principalmente ajudando a
interrompido e o público é equi pe a implantar e desenvolver
prejudicado. (P201-21) ações que priorizem a prevenção e
promo ção da saúde, com um fazer
Que os psicólogos sejam mais
que se identifique com o que é
flexíveis e consigam interagir mais
conhecido por psicologia social e
com os outros técnicos. (P201-34)
comunitária, utilizando
Minha opinião é que infelizmente procedimentos técnicos e ava
alguns colegas de trabalho fazem liando empiricamente os
mui ta diferenciação no resultados alcançados, evitando,
atendimento público do privado, assim, uma práxis passiva
como se o paciente do serviço (simplesmente “escuta
público merecesse menos atenção diferenciada”, como se pudesse es
do que aquele que poderia pagar cutar melhor que os outros) e/ou
pelo serviço. Considero também que baseada em senso comum. (P201-111)
muito isso se deva a pouca
É importante que os profissionais
formação nessa área por parte dos
troquem informações, e como estou
psicólogos (porque é dessa área que
atuando como Secretária de Saúde
entendo) na graduação, somos
acredito que temos conquistado e atenção à saúde mental em todos os
avançado mais em termos de níveis e sua articulação intra e
aprendizado e posicionamento intersetorial. (P201-222)
diante dos diversos campos de
atuação (P201-20) 6.4. Comentários e sugestões
Seria maravilhoso se houvesse um
Muitos(as) participantes utilizaram esta questão para
encontro dos profissionais com
escrever comentários e sugestões relativos a diversos temas,
expe riência neste campo de
como ilustram os exemplos abaixo:
atuação, para trocas e
construções. (P201-180)
a) Sobre a Estratégia de Saúde da Família
O psicólogo deveria ser parte
Gostaria muito que pudéssemos integrante da equipe do PSF, não
criar um fórum de discussão como re ferência. (P201- 276)
nacional sobre a atenção da rede
A estratégia de saúde da família é
básica, PSF e apoio matricial. Tenho
um recurso estratégico para o
muitas dú vidas, curiosidades,
enfren tamento dos problemas
indagações, indignações, etc.
relacionados ao transtorno mental
Gostaria de discutir mais
e um grande desafio é pensarmos
profundamente com outros colegas
como a atenção básica vai dar conta
na mesma situação. Acredito que
dessa impor tante tarefa. (P201-78)
seja fundamental discutirmos a

69
Considero necessário que o
Adoro atuar no PSF, mas o Psicólogo
profissional psicólogo tenha uma
ainda não é valorizado como de
inserção nas equipes de Programa
veria. Existe uma sobrecarga muito
saúde da família, para que haja uma
grande, e na verdade deveria ter um
popula ção específica a ser
psicólogo por equipe de PSF.
acompanhada tal como acontece
(P201-169)
com outros inte grantes do PSF.
(P201-108) As equipes da saúde básica precisa
de psicólogos na equipe atuando
junto nas observações da relação trabalho do psicólogo não seja
mãe-bebê na atenção do sofrimento reconhecido e remunerado de
psíquico infantil atravessando pelo acordo com as atividades que
pedido de consulta para o orgânico. desempenhe. Acredito que este
Creio que com essa prática, cenário ainda irá mudar conforme a
realizando-se um intervenção existência de profissionais
psicológica precoce nesses comprometidos e implicados com o
serviços seriam evitados trabalho na saúde pública. (P201-82)
tratamentos orgânicos durante a Gosto do que faço, sinto que pelo
vida inteira do paciente, desejo da equipe ou do serviço o
tratamentos que não curam e que trabalho do psicólogo seria apenas
causam enor me sofrimento para o assistencialista, tecnicista e, na
paciente, sua família, além de visão deles, salva cionista, no
serem muito oneroso para o Estado. entanto como faço parte de uma
(P201-229) residência multiprofissional, essa
instituição em parte me protege
O trabalho em Equipe com os
contra essa demanda; tenho
profissionais da UBS é
desmisti
fundamental. Tra balho sempre com
ficado aos poucos essas expectativas
orientação desde o pessoal da
com minhas práticas. (P201-139)
recepção, higiene, os médicos e
enfermagem. A reunião com
psicólogos das outras Unidades c) Sobre as ações de Prevenção e de Promoção de Saúde
também acontece para o bom Estamos procurando trabalhar
andamento do trabalho é um espaço bastante com prevenção porque os
em qual trocamos sugestões e mo radores da cidade estão
acostumados apenas a remediar, o
formulamos novas ideias. (P201-349)
que faz com que a unidade de saúde
tenha um elevado número de
b) Sobre a satisfação no trabalho consultas e eviden cia certa
Trabalhar na atenção básica é despreocupação com a qualidade de
muito gratificante, embora ainda vida. (P201-129)
se en contre muitas barreiras e o
dado como verdade, vindo de fora,
A divulgação das atuações e a
onde o sujeito está excluído e ao seu
ampliação para outros locais de
sofrimento irremediável só resta
reuniões de pessoas pode ser
medicar. Romper com o constituído
valiosa. Temos idosos auxiliando a
para passar a constituinte.
educação espe cial, os hospitais, as
Considero ser esta a direção de um
escolas, com suas atuações, com
trabalho ético e responsável
seus talentos desco bertos,
(P201-105)
reinventados e praticados agora
ativamente. (P201-131) É uma população bastante
heterogênea, porém, há muito
paciente na área central acometido
d) Acerca da Saúde Mental
de diversos problemas de saúde
Trabalhar na saúde mental em um
mental – como oferecer um
dispositivo múltiplo, onde a prática
atendimento mais específico a uma
médica opera como referência –
população já adoecida e ao mesmo
tanto para a população, como para
tempo trabalhar com promoção e
os profissionais - é trabalhar mais
prevenção? (P201-185)
intensamente com o viés de
ruptura. Fazer corte a um saber

70
Acredito que a centralização do de saúde mental, principalmen te
atendimento em um local específico quando são recepcionados numa
para o trabalho em saúde mental UBS. Sempre são rotulados como
seria de extrema importância – uma “pacientes de alguém”. A maioria
vez que teríamos uma visão geral esquece que são pacientes da UBS.
dos problemas de saúde mental da (P201-299)
cidade – que não é pouco, e um
Percebo a necessidade de
acompanhamento multidisciplinar
construção da rede de atenção na
mais inten so. (P201-192)
saúde men tal envolvendo, não
Sugiro atenção maior aos pacientes somente a terapêutica, mas
também todo o contex to de vida do se constitui na unidade básica
usuário, como a família, o espaço dentro da estrutura do Suas, uma
cultural e social no qual ele está vez que é função desta instância
inserido, etc. (P201-235) atuar sobre os fatores de risco
social. A própria concepção es
trutural e a nomenclatura do Suas é
7. Considerações dos(as) psicólogos(as) uma adaptação do SUS.
acerca das políticas públicas A maior preocupação dos
participantes neste tema está no
Nos grupos fechados, a discussão sobre as políticas públicas despreparo dos profissionais que
no campo da ABS houve diferentes enfoques, conforme destacado estão sendo contratados para atuar
nos exemplos abaixo: nos Cras. A Psi cologia não discutiu o
SUAS e seus profissionais estão
a) políticas públicas e o trabalho do(a) psicólogo(a) iniciando um novo campo de
Os profissionais(...) afirmam trabalho sem o preparo necessário.
unanimemente a necessidade de (GF CRP08)
criação de um política que
b) avaliação da execução das
estabeleça diretrizes para o
trabalho do psicólogo junto à políticas públicas no campo
atenção básica. Distanciamento entre o que é
A discussão deste tema partiu de proposto na política e o que ocorre
uma posição de unanimidade no
na prática;
grupo. Entre as Políticas Públicas
que mais se inter-relacionam com a Os profissionais mencionaram que
atenção a política não se sustenta, o que
básica à saúde, está, sem dúvida, a acar reta na sobrecarga das
Assistência Social, através do equipes, então é necessário criar
Sistema Único da Assistência Social ações que viabi lizem essas
– Suas. Se trabalhamos na atenção políticas, que busquem sua
básica o risco biopsicossocial, efetividade. (GF CRP 07)
nosso parceiro direto é o Cras, que A Política Pública de Atenção Básica
de Saúde é avaliada pelos parti inserir outros profissionais nas
cipantes como despreparada para equipes de saúde da família,
atender as necessidades dos usu melhorar a rede de servi ços,
ários, ela não consegue suprir a capacitar os profissionais e
demanda, falta profissionais em nú investir na prevenção. Precisa de
mero adequado, falta organização investi
dos serviços e infraestrutura. (GF mento financeiro, humanização no
CRP 14MS) atendimento, e atuação em educa
ção e saúde e de forma preventiva.
De acordo com os profissionais a
(GF CRP 14MT)
Política Pública de Atenção Básica
de Saúde é avaliada de forma A maioria dos participantes considera que
negativa. Pois, necessita de fato houve avanços, mas relata

71
que a dificuldade encontrada é públicas no campo dos serviços
efetivar, colocar em prática as de atuação básica da saúde, mas
políticas públicas que só constam elas não são suficientes para
na teoria e que muitas vezes se suprir as necessidades dos
mostram insufi cientes diante da usuários”;
demanda: ⮹ “As políticas públicas no campo
dos serviços de atenção básica
⮹ “Já foram muitas conquistas,
de saúde são muito bem
todavia não se pode negar que há
elaborados teoricamente. No
muito que avançar”;
entanto, a aplicação dessas
⮹ “Notamos uma grande
políticas públicas ideais não se
preocupação em melhorar os
aplica na prática. Como por
serviços da Atenção Básica,
exemplo: pode-se constatar pelo
como em outras áreas. Só que
local que trabalho, onde há uma
ainda está engatinhando, mas já
fila de espera enorme e o número
é alguma coisa”;
de psicólogos reduzidos para
⮹ “Existem várias políticas
atender a demanda e o trabalho
de modo preventivo”; mudanças no modelo de formação.
⮹ “As políticas públicas precisam Destacamos a seguir alguns pontos:
começar a pensar na efetivação
⮹ Garantir uma atuação
da integralidade do
interdisciplinar desde a
atendimento ao usuário”;
formação. ⮹
⮹ “As políticas públicas são muito Comprometimento com o SUS
bonitas no papel, na prática é desde a graduação.
bem diferente”
⮹ Mudanças nos critérios de
⮹ “São consideradas por mim seleção para os serviços (para
ótimas... porém a divulgação as profissionais presentes,
fica restrita a alguns grupos muitos profissionais buscam
selecionados. Percebo que tanto apenas a estabilidade do serviço
profissionais e os usuários público e não têm
desconhecem as políticas necessariamente
públicas de Saúde”; comprometimento com tais
⮹ “Prefiro não dizer nada, mesmo serviços).
porque não há mais tempo”. (GF CRP ⮹ Alteração nos conteúdos dos
09) concursos para psicólogos – a
c) mudanças almejadas na ABS maioria dos concursos têm
Ressaltaram que as políticas conteúdo voltado para a clinica,
públicas devem alcançar todos os psicodiagnóstico e
cidadãos atendidos na rede de psicopatologia.
saúde pública, priorizando a real ⮹ Apontam a criação de
necessidade do usuário da rede de referências como uma ação
saúde. (GF CRP 10) importante para um debate mais
Quando perguntados sobre que qualificado junto ao Estado.
mudanças operariam nesta política ⮹ Maior agilidade nos processos
pú blica, as psicólogas presentes burocráticos no setor público,
elencaram uma série de questões pois eles tendem a imobilizar
que ver sam desde o cotidiano de muitas ações possíveis. (GF CRP
trabalho até a necessidade de 03BA)
⮹ “Alterações sugeridas em
O GF do CRP 09 listou a opinião dos(as) participantes: relação à divulgação e
participação de todas as
Discussão das políticas públicas na
esferas desde coordenação,
academia e na prática, com maior
equipe técnica e usuários.
envolvimento de psicólogos e
gestores:

72
Envolvimento globalizado, para para a execução do trabalho”;
que não fique só numa cartilha ⮹ “A prática dos princípios do SUS
guardada em alguma gaveta, que de atenção integral à saúde, o
é restrita a técnicos e tratar a todos do mesmo modo, o
principalmente usuários. Claro modo humanizado, seguir
que estes devem também se realmente esses princípios,
movimentar em busca, mas se através de capacitações,
não conhecem, devem buscar o dinâmicas de grupo”;
quê?”; ⮹ “As políticas públicas
⮹ “Avanço da Psicologia para as precisariam ouvir mais os
unidades básicas de saúde e para profissionais que estão
promoção da saúde. Que as inseridos diretamente nos
políticas públicas sejam Serviços de Atenção Básica. O
discutidas na academia e na psicólogo precisa se envolver
prática, pois como eu, não há mais na discussão”;
conhecimento dos pormenores ⮹ “A cada dia eu vejo a aprovação de
das políticas públicas” políticas públicas, que não
⮹ “Colocar em prática a teoria, que chegam à academia. Isso se
não depende somente do torna um problema a ser
profissional, mas da gestão, trabalhado, porque os
para apoiar com um número de profissionais saem sem ter um
recursos humanos adequado conhecimento claro sobre elas.
Falta realmente levar pra salário, pois ficamos (no meu
academia”; caso) mais de 50 min com um
⮹ “Alguma ação das políticas paciente. Não ter que cumprir
públicas deveria proporcionar o horário – penso que se terminei
avanço da psicologia pras de atender todos os pacientes,
unidades básicas de saúde e não poderia sair e cumprir outros
só pras especializadas. Não sei compromissos”;
de que forma, mas que houvesse ⮹ “No momento não tenho ainda uma
essa aproximação”. concepção formada sobre isso”;
(GF CRP 09)

Especificidades:
Em relação às políticas públicas, relacionadas ao campo no
⮹ “Que os Conselhos Municipais e
qual trabalham, os(as) participantes das RE acrescentaram que:
Estaduais funcionem de forma
(...) Esses profissionais têm consciência
clara e, por que não, mais
de que as políticas púbicas podem
efetiva. Pois as pessoas têm melhorar suas condições de trabalho,
consciência remuneração, e que a criação de mais
de seus direitos e estão programas, sejam de educação na
cobrando mais. Não dá mais para prevenção das doenças ou am pliação da
os gestores administrarem rede especializada de atendimento,
como se fossem donos do poder podem promover huma nização do
ou ditadores”; tratamento do individuo na sua
⮹ “Um piso salarial que dê totalidade. (RE CRP10)
condições de se manter como ser
humano. Outras categorias Há profissionais que relataram participação na construção de
como os engenheiros tem
um po líticas públicas para a Saúde Mental no campo da ABS,
respaldo de seu conselho de no contribuindo em discussões e formulação de políticas de saúde no
mínimo dez salários
mínimos. SUS, como nos exem plos que seguem:
Conseguiram e estão recebendo Atualmente (2 anos e meio) como
isso aqui em Palmas”; secretária de Saúde, de forma
⮹ “Equiparar-nos com outros organi zacional para administração
profissionais em termos de
da Secretaria e tendo um olhar para humanização do SUS. (P40-19)
saúde do trabalhador e

73
Realização de planejamento de Psicolo
Política de Saúde Mental para gia adquire os contornos da gestão local da Atenção Básica à
implemen tação de políticas Saúde. Foi possível perceber que o processo de implementação
públicas que visem melhor das po líticas públicas relacionadas ao campo da ABS ainda não
otimização dos serviços dis está concluído, entre outras coisas, por estar atrelado às
poníveis à utilização pelos mudanças nas concepções de saúde e de doença e dos modelos
usuários. (P40-48) de cuidado à saúde da população e, portanto, à necessidade de
releitura das necessidades e demandas que esta endereça aos
diversos cuidadores diretos e indiretos, tais como pro fissionais de
A possibilidade de discussão das políticas públicas
saúde, gestores e governo.
relacionadas à Atenção Básica à Saúde se constituiu como um
espaço importante tanto para fazer avaliações como para sugerir Os(as) psicólogos(as) se referiram à utilização de diferentes
mudanças no que os(as) psicólogos(as) consideram não estar estraté gias de atuação no dia a dia no campo; muitos(as)
funcionando bem, ou seja, no que se refere à efetivação de indicaram a realização de atendimentos individuais e grupais de
políticas específicas e à gestão dos Serviços, para o melhor crianças, adolescentes, adultos e famílias. Apareceram também
desenvolvimento das ações cotidianas dos(as) profissio nais da muitas ações que se dão em parceria com outras instituições e
Psicologia. com a comunidade.
Vale ressaltar que, neste campo, foram indicadas diversas sistema
CONSIDERAÇÕES FINAIS tizações e apresentações em congressos científicos, reuniões de
trabalho e publicações das ações desenvolvidas no cotidiano. Ou
seja, as respos tas indicam que os profissionais da Psicologia têm
As informações levantadas pela pesquisa indicaram que,
se dedicado também a produzir e disseminar conhecimentos sobre
apesar da existência de uma Política Nacional de Atenção Básica
a atuação neste campo.
no Brasil, a organi zação das ações de saúde nesse nível ainda é
Em relação ao trabalho do(a) psicólogo(a), outro aspecto
muito diferente nas diversas regiões do país. Em muitos lugares, a
muito discutido foi a interface dos(as) profissionais da Psicologia
Estratégia de Saúde da Família já está implementada e em
com a Estra-
funcionamento e em outros ainda está em processo de
implementação. Nesse contexto, a inserção de profissionais da
74
tégia de Saúde da Família; esta não inclui na equipe mínima de para local, de modo que, muitas ve zes, o que é inovador em um
trabalho profissionais da Psicologia, mas prevê a atuação desses lugar não parece inovador em outro. Os(as) profissionais que
profissionais no matriciamento e nas equipes de apoio para as colaboraram com a pesquisa também apontaram de senvolver
equipes de referência. De acordo com as informações obtidas na diversas estratégia inovadoras, tanto para ampliar as ações no
pesquisa, na prática, os(as) profis campo quanto para garantir a realização das diretrizes da Política
sionais da Psicologia estão muito próximos(as) das ações Nacio nal de Atenção Básica à Saúde.
desenvolvidas pela Estratégia de Saúde da Família e fazem
parcerias para desenvolver ações conjuntas com as famílias e com
REFERÊNCIAS
a comunidade.
Foram apresentados e discutidos diversos desafios
BOURDIEU, Pierre. Campo científico. In: ORTIZ, Renato (org.). A
enfrentados pelos(as) profissionais que atuam neste campo, tais
como: dificuldades relativas à organização local da saúde nos Sociologia de Pierre Bourdieu. São Paulo:
municípios, falta de recursos e infraestrutura para o trabalho, Olho D’água, 2003.
baixos salários, ausência de um plano de carreira e diferenças CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. Saúde pública e saúde
salariais entre os(as) profissionais que atuam na mesma unidade coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Ciência &
de saúde. Foram apontadas também diversas dificulda des Saúde Coletiva, 5(2): 219- 230, 2000.
enfrentadas no cotidiano que são atribuídas a deficiências nos cur
CEAPG. Relatório Preliminar de Análise
sos de graduação em Psicologia, que ainda não têm preparado
Qualitativa dos Dados do Campo
os(as) profissionais para atuar no contexto do SUS e das políticas
“Atenção Básica à Saúde”. 2009.
públicas. Nos grupos, a questão ética mais discutida pelos(as)
psicólogos(as) foi em relação ao prontuário e ao sigilo. Os conflitos DAVIES, B. & HARRÉ, R.. Positioning: The Discursive Production
presentes nas discussões di zem respeito às informações of Selves. Journal for the Theory of
registradas no prontuário que é de uso da equi pe multidisciplinar. Social Behavior, 20, (1), p. 43-63, 1990.
Existe uma preocupação em preservar as informações so bre o(a) HACKING, I. The social construction of what. Cambridge, Mass:
usuário(a), que pode, por exemplo, residir em uma cidade Harvard University Press, 1999
pequena. Foram apontadas muitas ações consideradas inovadoras
KINGDON, John. Agendas, alternatives, and
pelos(as) profissionais, ações estas que vão sendo desenvolvidas
public policies. Boston, Little Brown, 1984.
de acordo com as demandas locais e com o modo de atuar de
cada profissional. Assim, es sas inovações variam muito de local LEWIN, K. Field Theory in Social Science.
London: Tavistock Publications, 1952. à interanimação dialógica. Psico, 31(1)7-22. 2000.
SPINK, M. J. (Org). Práticas Discursivas e SPINK, P. K. Pesquisa de campo em psicologia social: uma
produção de sentidos no perspectiva pós-construcionista. Psicologia &
cotidiano:Aproximações teóricas e metodológicas. São Sociedade, 15(2), 18-42. 2003.
Paulo: Cortez. 1999.
___________.A ética na pesquisa social: da perspectiva prescritiva

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Pesquisadores(as)
responsáveis pelo texto

Jacqueline Isaac Machado Brigagão – Doutora em


Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP. Docente da Escola
de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.
Pesquisadora colaboradora do Centro de Estudos em
Administração Pública e Governo da Escola de Administração de
Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
Peter Kevin Spink – Doutor em Psicologia Organizacional
pelo Bi rkbeck College, Universidade de Londres. Coordenador do
Centro de Es tudos em Administração Pública e Governo da Escola
de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio
Vargas.
Rafaela Aparecida Cocchiola Silva – Doutoranda em
Psicologia Social pela PUC/SP. Docente da Universidade Nove de
Julho/SP. Pes quisadora do Centro de Estudos em Administração
Pública e Governo da Escola de Administração de Empresas de
São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
Vanda Lúcia Vitoriano do Nascimento – Doutora em
Psicologia Social pela PUC/SP. Docente do Centro Universitário
Capital-Unicapital/ SP. Pesquisadora do Centro de Estudos em
Administração Pública e Go verno da Escola de Administração de
Empresas de São Paulo da Funda ção Getúlio Vargas.

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