Problema 4 Dislipdemias
Problema 4 Dislipdemias
Problema 4 Dislipdemias
Objetivos:
Fornecem sítios de reconhecimento para receptores nas superfícies celulares e servem como ativadoras ou
coenzimas para enzimas envolvidas no metabolismo das lipoproteínas.
- Algumas são essenciais e não podem ser removidas da superfície das lipoproteínas; outras são
constantemente transferidas.
- Podem ser classificadas de acordo com sua estrutura e função em diferentes classes (Apo A, B, C, D e E)
e subclasses.
E: reconhecidas por receptores hepáticos
C-II: necessária para a ativação da lipase lipoproteica (enzima que degrada os TAG dos quilomícron,
VLDL etc).
** Lipase lipoproteica: enzima extracelular que está ancorada nas paredes dos capilares da maioria
dos tecidos, principalmente do músculo cardíaco, tecido adiposo e esquelético. Ela hidrolisa os TAG
carregados pelos quilomícron (> 90%), formando ácidos graxos livres e glicerol. Os ác. graxos são
armazenados nos adipócitos ou usados para gerar energia nos músculos. O glicerol é usado no fígado
(síntese de lipídios, glicólise ou gliconeogênese). O fígado adulto não tem essa enzima (ele possui a
lipase hepática).
O fígado adulto não tem essa enzima. (Nota: A lipase hepática é encontrada na superfície das células
endoteliais do fígado. Entretanto, ela não ataca significativamente os triacilgliceróis dos quilomicra ou
das VLDLs, mas participa do metabolismo das HDLs;
Síntese e a transferência da lipase lipoproteica para superfície luminal dos capilares é estimulada pela
insulina;
Tipos de lipoproteínas:
QUILOMÍCRONS:
Formados nos enterócitos. Após passarem pela circulação linfática, ganham a corrente sanguínea. São
compostos por TAG (90%), colesterol, proteínas, vitaminas lipossolúveis, ésteres de colesterol da
dieta além de lipídeos. A ApoB48 é a apolipoproteína exclusiva de sua membrana (a síntese ocorre no
enterócito).
Quando o quilomícron é formado nos enterócitos, ele é liberado na forma de “quilomícron nascente”,
visto que não está funcionalmente completo. Quando chega ao plasma, ele é modificado, passando a
receber outros tipos de apolipoproteínas, como por exemplo a E e a C-II (provenientes do HDL
circulante).
Depois da apo C-II dos quilomícrons ativar a lipase lipoproteica, ela é devolvida à HDL no meio do
percurso dos quilomícrons que vão dos capilares para o fígado. Isso forma os quilomícrons
remanescentes (apo E + apo B48).
Quando mais de 90% dos TAG dos quilomicra foi degradado pela lipase lipoproteica, a partícula
diminui de tamanho e sua densidade aumenta a apoC retorna para a HDL- quilomicrom
remanescente-> rapidamente removido pelo fígado células possuem receptores para lipoproteínas->
reconhecem apoE;
Os apo E se ligam a receptores que estão no fígado (reconhecida por receptores hepáticos) e o quilomícron
é endocitado, sendo captado pelos lisossomos dos hepatócitos. As apolipoproteínas, os ésteres de colesterol e
os outros componentes dos remanescentes de quilomícrons endocitados são degradados por hidrólise,
liberando aminoácidos, colesterol livre e ácidos graxos.
VLDL
Lipoproteína de muito baixa densidade; são produzidas no fígado e são compostas por 60% de TAG
endógenos (produzidos também no fígado). Sua função é carregar esses lipídios do fígado para os tecidos
periféricos. São secretadas pelo fígado como “VLDL nascentes” (apenas com Apo B100) e se dirigem para
o sangue, onde recebem Apo E e Apo C-II das HDL.
Esteatose hepática ocorre quando existe um descontrole entre a síntese hepática de TAG e a secreção
de VLDL-> obesidade, DM não controlado e ingestão cronica de etanol;
A lipase lipoproteica é ativada pela apoC II e degrada os TAG (formando glicerol e ácidos graxos)-> a
VLDL se torna menor e mais densa. Após isso, é chamada de “VLDL remanescente/IDL” e a Apo C-II para
a HDL, permanecendo a apoE e a Apo B 100. Por fim, TAG são transferidos das VLDLs para as HDLs em uma
reação de troca, que concomitantemente transfere esteres de colesterol das HDLs para as VLDLs-> troca é
mediada pela proteína transferidora de esteres de colesterol;
IDL
Lipoproteína de densidade intermediária. Retém Apo B 100 e Apo E. Após a saída do endotélio vascular,
as partículas de IDL têm DOIS DESTINOS. Aproximadamente 50% das partículas de IDL recém-formadas
são rapidamente captadas pelo fígado. Nos hepatócitos, a IDL é reciclada para geração de VLDL. As
partículas de IDL que NÃO são captadas pelo fígado são submetidas a um processamento metabólico
adicional que remove a maior parte dos triglicerídeos e da apo E remanescentes, gerando partículas de LDL
ricas em colesterol.
Com as modificações descritas anteriormente, as VLDLs são convertidas no plasma em LDL. Uma
partícula de tamanho intermediário, a lipoproteína de densidade intermediária (IDL) ou
"remanescente" de VLDL, é observada durante essa transição. As IDLs também podem ser captadas
pelas células por meio de endocitose mediada por receptor, usando apo E como ligante;
LDL
Possuem menos TAG (8%) em relação às VLDL e possuem, em compensação, mais colesterol livre e
ésteres de colesterol. Sua principal função é prover colesterol para os tecidos periféricos (ou retorná-lo para
o fígado).
As LDL ligam-se a receptores na membrana celular de células dos tecidos extra-hepáticos específicos para
LDL, que reconhecem a apo B-100. Os receptores (glicoproteínas) para LDL ficam na membrana plasmática
das células. A Apo B-100 reconhece as glicoproteínas e o complexo LDL-receptor é endocitado pela célula.
Receptor para a apoB-100 são glicoproteínas carregadas negativamente-> agrupadas em depressão na
membrana celular-> lado intracelular da depressão é recoberto com a ptn clatrina-> estabiliza a
depressão-> vesículsa contendo LDL perdem sua capa de clatrina e se fundem com outras vesículas
similares->grandes vesículas-> endossomos-> receptores desligam-se do LDL (pH) e aderem a um
lado da mebrana da vesiculaa-> LDL livre no lumem da vesicula
Indivíduos com deficiência do receptor para apoB100 sofre uma elevação significativa na LDL
plasmática-> colesterol plasmático aumenta-> hiperlipidemia do tipo II (HF) e aterosclerose prematura.
Hormônio tireoidiano T3-> atua positivamente sobre a ligação da LDL ao seu receptor->
hipotireoidismo é uma causa comum de hipercolesterolemia;
As lipoproteínas remanescentes, agora, são transferidas para lisossomos, as quais são degradadas. Elas
liberam aminoácidos, colesterol livre, ácidos graxos e fosfolipídeos. Esses compostos podem ser reutilizados
pelas células.
HDL
- São secretadas diretamente no sangue pelo fígado e pelo intestino;
- Lipoproteínas de alta densidade. São formadas no sangue por adição de lipídeos à Apo A-1 (compõe 70%
das apolipoproteínas da HDL).
- As HDL são um reservatório de apolipoproteínas: servem de reservatório circulante de apo C-II
(transferida para os quilomícrons e VLDL-> atua como ativador da lipase lipoproteica) e apo E (necessária
para endocitose mediada por receptor das IDLs e das remanescentes de quilomicra);.
- As HDL nascentes têm forma discoide e são compostas principalmente de fosfolipídios e
apolipoproteínas (A, C e E)-> rapidamente convertidas em partículas esféricas por acumularem
colesterol-> HDL-> excelentes aceptoras de colesterol não esterificado a partir de outras
lipoproteínas e das membranas celulares-> possuem alta concentração de fosfolipídeos-> agem
permitindo a estabilização do colesterol em solução aquosa;
- Elas captam o colesterol livre dos tecidos periféricos, os quais são solubilizados pelos fosfolipídios e
adquirem a forma de éster de colesterol, e os transportam para o fígado.
- À medida que as HDL nascentes discoidais acumulam ésteres de colesterol, elas se dirigem até o fígado
(sob a forma de HDL-2) e sua aparência, agora, é esférica.
- Transporte reverso de colesterol: A transferência seletiva do colesterol dos tecidos periféricos para as
HDL e das HDL para o fígado (para a síntese de ácidos biliares ou para descarte via bile) e/ou para os
tecidos esteroidogênicos (para síntese de hormônios) é um processo crucial na homeostasia do colesterol.
Devido a isso, o HDL é conhecido como “bom” colesterol.
- O transporte reverso do colesterol envolve o efluxo de colesterol dos tecidos periféricos para as HDLs, a
esterificação do colesterol pela FCAT, a ligação das HDLs ricas em colesterol (HDL2) ao fígado e tecidos
esteroidogênicos e a transferência seletiva dos ésteres de colesterol para essas células, seguida da liberação
das HDLs pobre em lipídeos (HDL3) lipase hepática degrada tanto TAG quando fosfolipideos
participa da formação das HDL3;
Fígado colesterol pode ser voncertido em ácidos biliares ou excretado na bile e nos tecidos
esteroidogenico serve de substrato para a síntese de hormônios;
Esterificação do colesterol. Quando o colesterol é captado pelas HDLs, ele é imediatamente
esterificado pela enzima plasmática fosfatidilcolina: colestero/-acíltransferase (FCAT, também
conhecida como LCAT, onde o ''L:' significa lecitina). Essa enzima é sintetizada pelo fígado. A FCAT
liga-se nas HDLs nascentes e é ativada pela apo A-1 . A FCAT transfere o ácido graxo do carbono 2
da fosfatidilcolina para o colesterol, produzindo um éster de colesterol, que é seqüestrado pelo núcleo
da HDL, e lisofosfatidilcolina, que se liga à albumina. (Nota: A ausência total [deficiência familiar de
LCAT] ou parcial [doença de olho de peixe] da FCAT tem como resultado uma grande diminuição na
concentração de HDL, devida principalmente ao hipercatabolismo das HDLs pobres em lipídeos.) Ao
acumularem ésteres de colesterol, as HDLs nascentes se transformam primeiro em HDL3 e, quando
por fim se tornam redondas como micelas, passam a ser classificadas como HDL2 . (Nota: A proteína
transferidora de ésteres de colesterol transfere parte dos ésteres de colesterol para as VLDLs, em troca
de triacilgliceróis.);
Efeitos do colesterol endocitado sobre a homeostase celular do colesterol. O colesterol derivado das
remanescentes de quilomicra, IDL e LDL, afeta o conteúdo celular de colesterol de várias maneiras.
Primeiro, a HMG-CoA-redutase é inibida por altos níveis de colesterol e, como resultado, a síntese de
novo de colesterol diminui. Segundo, a síntese do receptor para LDL é inibida pela diminuição da
expressão do gene do receptor, limitando a entrada de LDL colesterol nas células. (Nota: A regulação
do gene do receptor para LDL envolve um elemento de resposta a hormônio [ERH, veja a pág. 238].)
Terceiro, se não existe necessidade imediata de colesterol para funções estruturais ou para a síntese de
substâncias derivadas de colesterol, ele é esterificado pela acii-CoA:colestero/-aciltransferase
(ACAT). A ACAT transfere um ácido graxa de uma acil-CoA para o colesterol, produzindo éster de
colesterol, que pode ser armazenado nas células. A atividade da ACAT é aumentada com o aumento do
colesterol intracelular;
CICLO EXÓGENO
- Os enterócitos absorvem os lipídios da dieta na forma de colesterol livre, ácidos graxos e monoacilglicerol.
Após serem reesterificados, os ésteres de colesterol e os TG são incorporados ao centro da partícula de
quilomícrons (QM), que contém 80 a 90% de TG.
- Os QM passam pelos vasos linfáticos intestinais e têm acesso ao sistema vascular pelo ducto torácico.
Posteriormente à secreção, acontecem diversas modificações nos QM, que, ao interagir com a lipoproteína
de alta densidade (HDL), captam apoproteínas (apo-CII, CIII e E) e colesterol.
- Quando adquirem apo-CII, os QM sofrem a ação da lipase lipoproteica ou lipoproteína lipase (LPL),
presente no endotélio capilar dos tecidos periféricos, principalmente os tecidos adiposo e muscular.
- Os remanescentes desse processo, ricos em colesterol e pobres em TG, são removidos pelo fígado, pela
interação com um receptor específico.
- Os QM são completamente metabolizados e, em condições normais, só devem ser encontrados no plasma
no período pós-prandial.
CICLO ENDÓGENO
- O ciclo endógeno envolve o transporte dos lipídios para a periferia e, daí, de volta para o fígado.
- O tecido hepático sintetiza e secreta a lipoproteína de muito baixa densidade (very low density lipoprotein
– VLDL), que transporta TG para os tecidos periféricos. Sob a ação da LPL endotelial, os TG do núcleo
das VLDL são hidrolisados e liberados para as células. Ocorre, também, a transferência de apoproteínas
da superfície para a HDL, o que, juntamente com a depleção de TG, torna essas partículas menos densas,
formando os remanescentes da VLDL ou lipoproteína de densidade intermediária ( IDL). As IDL, por sua
vez, seguem dois caminhos: são removidas pelo fígado (via receptor específico que interage com a apo-E)
ou originam a lipoproteína de baixa densidade (low density lipoprotein – LDL).
- A LDL é o principal carreador do colesterol plasmático, em jejum. Ela entrega o colesterol, sobretudo o
éster de colesterol, no fígado e nas células periféricas.
- Esse mecanismo é facilitado por receptores celulares de alta afinidade que reconhecem tanto a apo-B100
como a apo-E (70 a 80% do catabolismo da LDL se dão por meio de receptores da LDL). Tais receptores
estão presentes no fígado e nos tecidos periféricos. Após a ligação com seu receptor, a LDL é absorvida
pela célula e forma uma vesícula que se funde com os lisossomos celulares. Os componentes proteicos da
LDL são transformados em aminoácidos, e os ésteres de colesterol são hidrolisados pelas enzimas lipases
ácidas lisossomais.
- O colesterol não esterificado resultante desse processo atravessa a membrana lisossomal e se acumula no
citoplasma celular, onde suprime a atividade da enzima 3-hidroxi, 3-metilglutaril coenzima A (HMG-CoA)
redutase. Comobconsequência, diminuem a síntese celular de colesterol e a expressão do receptor da LDL.
A HDL é secretada pelo fígado e pelo intestino na forma de partícula discoide (HDL nascente) e também
provém do catabolismo da VLDL e dos QM. As partículas de HDL maiores e mais ricas em lipídios são
denominadas HDL2, e as menores e mais densas, HDL3.
- As primeiras são responsáveis pelo transporte reverso do colesterol, processo no qual o colesterol
excedente é removido dos tecidos periféricos e retorna ao fígado, o que pode ocorrer diretamente ou por
meio da transferência de colesterol esterificado para a VLDL ou IDL, sob a ação da enzima CETP (proteína
transferidora de ésteres de colesterol). Uma vez na HDL, o colesterol sofre a ação da enzima lecitina-
colesterol aciltransferase (LCAT), que o esterifica pela transferência de um ácido graxo da molécula de
fosfatidilcolina. A segunda via de efluxo do colesterol celular é determinada pela interação entre aapo-A1
livre ou associada às partículas de HDL e o transportador ABCA-I.
- Mais recentemente foi descrita a lipoproteína(a) [Lp(a)], com estrutura básica semelhante à da LDL, da
qual difere pela presença da apoproteína(a) ligada à apo-B100. Apresenta, também, um alto grau de
semelhança com o plasminogênio, o que lhe confere propriedades trombogênicas. A Lp(a) é considerada,
por muitos autores, um fator de risco independente para o desenvolvimento de DAC, e seus níveis são
determinados primariamente por fatores genéticos, sofrendo pouca influência ambiental. Adicionalmente,
vários tipos de lipoproteínas anormais são observados nos processos colestáticos (intra ou extra-hepáticos).
A mais abundante é a lipoproteína X (Lp-X).
CONHECER AS PRINCIPAIS DISLIPIDEMIAS: FISIOPATOLOGIA, FATORES
DE RISCO, QUADRO CLINICO
TIPOS DE DISLIPIDEMIAS
Dislipidemia termo utilizado para caracterizar qualquer tipo de distúrbio do metabolismo dos
lipídios;
Define-se dislipidemia como qualquer alteração nos níveis dos lipídios (ou lípides) com relação a
valores referenciais para uma determinada amostra populacional. Os distúrbios do metabolismo
lipídico, particularmente, a hipercolesterolemia, têm uma forte relação com a doença vascular
aterosclerótica – em especial a doença arterial coronariana (DAC) – e, no caso da hipertrigliceridemia
grave, há um aumento substancial no risco de pancreatite aguda;
Hiperlipidemia utilizada para indicar que tanto o colesterol quanto os triglicerídeos estão elevados
na prática aumento dos lipídeos;
Dislipidemias podem ser classificadas em primárias (quando decorrentes de um distúrbio genético) e
secundárias (quando ocorrem em consequências de outras patologias ou uso de determinados
medicamentos);
Causas secundárias podem ser o fator precipitante para a expressão de distúrbios primários-> os dois
tipos de dislipidemia podem revelar-se em um mesmo pct;
Do ponto de vista genético dividem-se em monogênicas mutação em um único gene; e poligênica
associação de múltiplas mutações;
Dependendo dos valores dos tipos de lipídeos:
Hipercolesterolemia isolada elevação isolada do LDL-c (>/= 160mg/dL);
Hipertrigliceridemia isolada elevação isolada dos TG (>/= 150 mg/dL)-> reflete o aumento do
volume de partículas ricas em TG, como VLDL, IDL e QM;
Hiperlipidemia mista valores aumentados tanto de LDL-c (>/=160 mg/dL) como de TG (>/=
150mg/dL)
HDL-c baixo redução do HDL-c (H<40 mg/dL; mulheres <50 mg/dL) isolada ou associada ao
aumento de LDL-c ou de TG;
Do ponto de vista genotípico, as dislipidemias se dividem em monogênicas, causadas por mutações em
um só gene, e poligênicas, causadas por associações de múltiplas mutações que, isoladamente, não
seriam de grande repercussão. A classificação fenotípica ou bioquímica considera os valores de CT,
LDL-c, TG e HDL-c;
DISLIPIDEMIAS PRIMÁRIAS
Pode-se classificar as dislipidemias primárias em função de sua relação com o metabolismo dos TG,
LDL-c ou do HDL-c;
Lípides são substâncias insolúveis no meio aquoso, sendo representadas, principalmente, por
triglicérides (TG), fosfolípides (FL) e colesterol. Seu transporte na circulação linfática e sangüínea é
realizado pelas lipoproteínas (LP) (Figura 1). Estes agregados macromoleculares são formadas por um
núcleo hidrofóbico que abriga lípides neutros, como colesterol esterificado (CE) e TG, além de
vitaminas lipossolúveis. Em sua superfície hidrofílica inserem-se colesterol livre ou não esterificado
(CL), fosfolípides (FL) e diversas apolipoproteínas (apo) as quais garantem solubilidade, arcabouço
estrutural e direcionamento metabólico, visto atuarem como ligantes de receptores celulares e cofatores
para diversas proteínas e enzimas;
Hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia ou hiperlipidemia mista reflete concentração aumentada de
colesterol ou TG isolada ou conjuntamente;
Forma mais severa de hipercolesterolemia é a hipercolesterolemia familiar (HF), doença autossômica
dominante-> Elevação plasmática da concentração de colesterol em 2 vezes acima do limite de
normalidade é observada na forma heterozigótica, e de 3 a 6 vezes na homozigótica, sem aumento de
TG;
Defeitos na síntese, transporte pelo retículo endoplasmático e golgi, ligação à partícula de LDL,
internalização e dissociação da partícula de LDL-> são consequências de cerca de 900 mutações
no gene do receptor de LDL;
Hipercolesterolemia decorrente da diminuição da ligação de LDL ao receptor B/E, acarretando
redução em 50% no clearence desta LP, advem do defeito familiar de apo B-100-> incidencia de
1:1000 na europa central;
Hipercolesterolemia autossômica recessiva, representada por mutações na proteína ARH, uma proteína
adaptadora necessária para a internalização do complexo LDL-receptor14 é de menor incidência,
acarretando elevação plasmática de LDL-C é em torno de 2 vezes o valor normal à semelhança do
defeito familiar de apo B-10015.
Mutações no gene da proteína PCSK9 (Proprotein convertase subtilisin-like kexin type 9) podem
conferir ganho ou perda de função.No primeiro caso, observa-se maior degradação do receptor B/E, o
que condiciona elevação plasmática no LDL-C. Em casos de perda de função da proteína valores
séricos de LDL-C abaixo de 70 mg/dL podem ser encontrados16.
A forma mais freqüente de hiperlipidemia primária é a hiperlipidemia familiar cominada (HFC),
caracterizada pelo aumento na produção de apo B e manifestada pela elevação de LDL e VLDL. A
variabilidade de apresentação dos lípides plasmáticos dificulta a sua identificação clínica, podendo
ocorrer hipercolesterolemia e/ou hipertrigliceridemia, redução de HDL e aumento de apoB-> herança
autossômica dominante-> incidencia de 1 a 2% na população geral e 10 a 20% nos portadores de
doença coronariana-> determina aumento de 2 a 5 vezes no risco de DCV;
Causa genética não está totalmente determinada-> causa heterogênea e oligogênica, baseada na
alteração do cluster apo A1/CIII/AIV/AV e no gene da LPL-> ptn codificadas por este cluster são
responsáveis pelo controle de síntese de proteínas presentes nas LP ricas em TG e HDL;
Aumento de apo CIII esta associado a redução na atividade da LPL, diminuindo o catabolismo da
VLDL;
As alterações séricas da HFC não são manifestações antes da terceira década de vida-> não são
encontradas dislipidemias em crianças portadoras desta herança genética;
Maior parte das hipercolesterolemias moderadas pode ser decorrente da hipercolesterolemia
poligênica, que apresenta múltiplas alterações metabólicas que podem aumentar a concentração
plasmática de LDL-C;
Aumento dos TG plasmáticos entre 200-500 mg/dL e redução de HDL-C, porém com LDL-c e apo B
normais, pode decorrer da hipertrigliceridemia familiar (HTGF)-> caracterizada por aumento de VLDL
ricas em TAG-> defeito genético não é conhecido e pode estar associado com a mesma alteração da
HFC-> HTGF possui herança autossômica dominante e o diagnóstico é feito somente após a puberdade
e, na maioria das vezes, difícil de distinguir da HFC;
Hipertrigliceridemias severas (> 1.000 mg/dL) ocorrendo desde a infância, cujas complicações mais
frequentes são pancreatite aguda e dor abdominal recorrentes caracterizam a hiperquilomicronemia.
As causas primárias são a deficiência da lipoproteína lipase ou da apo CII, que é co-fator da LPL. Pela
falta da LPL, os TG dos quilomícrons e das VLDL não são hidrolisados, dificultando a ligação das
partículas aos receptores específicos, reduzindo o seu catabolismo;
Disbetalipoproteinemia familiar, também denominada hiperlipemia do tipo III de Fredrickson, é de
frequência rara na população. Manifesta-se por hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia moderada a
severa, cujos valores variam entre 300-400 mg/dL, determinados pelo acúmulo de partículas
remanescentes com maior conteúdo de colesterol. A coexistência de obesidade, diabetes mellitus ou
ingestão de álcool podem exacerbar as alterações metabólicas. A etiologia da disbetalipoproteinemia
está associada com fenótipo apo E2/E2 ou com a presença de mutação no gene da apo E. Essas
alterações levam à redução na remoção de LP remanescentes, por causa da menor ligação das partículas
aos receptores específicos. Pelo fato de as LP permanecerem maior tempo em circulação, ocorre
redução no conteúdo de TG, em razão da hidrólise promovida pela LPL, aumentando relativamente o
conteúdo de TG, devido à hidrólise pela LPL, o que torna as LP mais enriquecidas em colesterol;
A apoE ocorre na população em três genótipos-> E2, E3 e E4-> 60% da população é E3/E3-> as
diferenças nos fenótipos de apo E alteram a afinidade das lipoproteínas pelo receptor de remanescentes
e B/E-> apo E2 apresenta menor afinidade pelos receptores, enquanto a apo E4, maior afinidade;
Hipoalfalipoproteinemia familiar-> autossômica dominante-> caracterizada pela redução da
concentração plasmática de HDL-c e pelo maior risco de doença cardiovascular-> defeitos genéticos e
metabólicos que causam a diminuição de HDL-C não são conhecidos;
A deficiência de apo AI pode ser causada por mutações no gene da apo AI ou no lócus apo
A1/CIII/AIV e apresentam herança autossômica recessiva-> além da reduzida concentração
plasmática de HDL, as manifestações incluem a maior predisposição para doença cardiovascular,
xantomas e opacidade da córnea;
Hiperquilomicronemia familiar
Hipertrigliceridemia familiar
A hipertrigliceridemia familiar (HTF) parece ser decorrente de uma produção exagerada de VLDL e e
transmitida como um defeito autossômico dominante. Os níveis séricos de TG são, em geral, > 500
mg/dL, enquanto o colesterol total está normal ou discretamente elevado. E uma dislipidemia
frequente, em geral diagnosticada devido a associação a outras patologias (p. ex., obesidade, diabetes
mellitus, hipotireoidismo), ingestão excessiva de bebidas alcoólicas ou uso de alguns fármacos (p. ex.,
diuréticos tiazidicos, betabloqueadores, estrogênios, tamoxifeno etc.). Nessas situações, os TG
costumam ficar mais elevados, podendo exceder 1.000 mg/dL, e o HDL-c encontra-se baixo. Na HTF,
geralmente não ha manifestações clinicas como xantomas, arco
corneano ou xantelasmas. Episódios de pancreatite podem
ocorrer em virtude dos níveis dos TG. Existem controvérsias se
a HTF, por si só, suscitaria ou não risco aumentado para DAC.
Cerca de 70% dos pacientes com HTF preenchem os critérios
diagnósticos de síndrome metabólica
Hipertrigliceridemia esporádica
Esta condição se assemelha clínica e laboratorialmente à
HTF, da qual se distingue pela ausência de elevação dos TG em
familiares;
Disbetalipoproteinemia
Também conhecida como hiperlipoproteinemia tipo III, a
disbetalipoproteinemia é predominante em homens. Entre mulheres, em geral só se manifesta após a
menopausa. Decorre de mutação no gene que codifica a estrutura da apo-E, levando ao surgimento de
isoformas da apo-E que não interagem normalmente com os seus receptores. Nessa condição, existe
um acúmulo de remanescentes de quilomícrons, VLDL e IDL. As partículas remanescentes
predominantes são denominadas beta-VLDL. Caracteristicamente, os níveis da LDL estão diminuídos,
refletindo o bloqueio da transformação normal dos remanescentes da VLDL em LDL. Todas essas
partículas remanescentes são ricas em ésteres do colesterol, de maneira que, quase sempre, os níveis
de colesterol total estão tão elevados quanto os dos TG. A doença só acontece no indivíduo homozigoto
para o alelo apo-E2, situação observada em cerca de 1% da população. No entanto, a prevalência da
disbetalipoproteinemia é muito menor (1:10.000), indicando a necessidade de outros fatores para a sua
expressão, sejam outras dislipidemias primárias (p. ex., hiperlipidemia familiar combinada), sejam
fatores ambientais, como obesidade, ingestão excessiva de álcool, diabetes ou hipotireoidismo. As
manifestações clínicas da disbetalipoproteinemia não costumam aparecer antes dos 20 anos de idade,
exceto nos raros casos de mutações apo-E autossômicas dominantes. A maioria dos pacientes (cerca
de 80%) apresenta xantomas tuberosos ou tuberoeruptivos. Localizados nas superfícies extensoras, os
tuberosos são geralmente móveis e de cor alaranjada ou vermelha. Já os tuberoeruptivos são nódulos
amarelados ou róseos, com 3 a 8 mm, frequentemente confluentes, e costumam surgir também nas
superfícies extensoras. A presença de xantomas palmares, que são nódulos de descoloração amarelo-
alaranjada nos sulcos da palma da mão, é praticamente patognomônica da disbetalipoproteinemia
familiar, mas pode acontecer igualmente na doença colestática;
Diversos pacientes apresentam tolerância à glicose diminuída, e a obesidade é muito frequente. A
doença aterosclerótica das coronárias e demais artérias é um achado bastante comum, em especial
envolvendo membros inferiores (claudicação intermitente e gangrena). Na realidade, a
disbetalipoproteinemia responde por 0,2 a 1% de todos os distúrbios lipídicos associados a IAM em
pessoas com menos de 60 anos. Episódios de pancreatite aguda secundários à hipertrigliceridemia
ocasionalmente acontecem.22,24 Em geral, os valores do colesterol e dos TG revelam-se
moderadamente elevados e semelhantes (CT e TG na faixa de 300 a 400 mg/dℓ), o HDL-c se apresenta
normal, enquanto o LDL-c quase sempre está diminuído;
Hipercolesterolemia familiar
A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma doença monogênica, com transmissão autossômica
dominante, e resulta da deficiência de receptores da LDL, por mutações no gene desse). Nos
homozigotos, praticamente não há receptores de LDL, enquanto nos heterozigotos ocorre diminuição
de 50%, o que leva a menor catabolismo da LDL e, consequentemente, a aumento dos níveis do LDL-
c.
Mecanismos adicionais para a patogênese da HF incluem defeitos na apolipoproteína B que prejudicam
sua ligação com o receptor de LDL e mutações de ganho de função na próproteína convertase
subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9), as quais aumentam a degradação do receptor de LDL. A forma
heterozigota da HF tem uma prevalência estimada de 1 em cada 500 indivíduos. Nessa condição, os
adultos tipicamente têm CT > 300 mg/dℓ e LDL-c > 250 mg/dℓ, com TG normais. Já os homozigotos,
felizmente, são raros (prevalência de 1:1.000.000), pois têm valores do colesterol extremamente altos
(tipicamente, CT de 600 a 1.000 mg/dℓ e LDL-c de 550 a 950 mg/dℓ) e sofrem de aterosclerose grave
e prematura.
A maioria dos pacientes afetados apresenta DAC já na primeira década de vida e geralmente morre até
os 20 anos de idade. Já foi relatado, inclusive, o caso de uma criança que teve um IAM aos 18 meses
de idade. Os homozigotos são também suscetíveis à estenose aórtica valvular e supravalvular. A
maioria dos portadores de HF heterozigota não sabe que tem a doença ou não foi devidamente
esclarecida por seus médicos sobre a mesma. Esse fato é lamentável, pois, nos indivíduos
adequadamente tratados, a expectativa de vida atualmente é similar à da população geral. Em contraste,
os pacientes não tratados, sobretudo os homens, apresentam isquemia miocárdica sintomática, com
frequência crescente, a partir da terceira ou quarta década de vida. Aproximadamente 50% dos homens
e 15% das mulheres acometidos morrerão antes da idade de 60 anos por DAC ou doença da raiz da
aorta.
Clinicamente, os pacientes com HF apresentam xantomas tendinosos, que são um achado quase
patognomônico (presentes em aproximadamente 75% dos casos). Esses xantomas tendem a aparecer a
partir da adolescência (às vezes, antes dos 10 anos na HF homozigota) e são massas, em geral
fusiformes, que podem ser observadas em qualquer tendão do corpo, mas predominam no tendão de
aquiles e nos extensores das mãos. Episódios recorrentes de tendinite podem ocorrer nos pacientes com
xantomas no tendão de aquiles. Também são características da HF xantelasma e arco corneano, que
podem estar presentes desde a terceira década. Xantomas tuberosos podem também ser encontrados na
HF. Muitos pacientes heterozigotos podem não apresentar anormalidades no exame físico.
A HF heterozigota deve ser suspeitada em todo indivíduo com DAC prematura. A HF homozigota
deve ser considerada em qualquer criança com níveis de CT extremamente elevados (p. ex., > 500
mg/dℓ) ou xantomas. Uma causa muito rara de hipercolesterolemia autossômica dominante são
mutações com ganho de função no gene PCSK9 (pró-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9),
que codifica a NARC-1 (convertase neural 1 regulada por apoptose).
Acredita-se que essa proteína desempenhe um papel importante na degradação do receptor da LDL.
Hipercolesterolemia poligênica
Causa mais comum de hipercolesterolemia isolada, a hipercolesterolemia poligênica (HP) responde
por 85% dos casos de hiperlipoproteinemia padrão IIa (entre os demais, 10% têm hiperlipidemia
familiar combinada e 5%, HF). A HP decorre de um catabolismo defeituoso da LDL, associado ao
aumento da sua produção e, possivelmente, de outros distúrbios genéticos. Parecem ser necessários
fatores ambientais para a sua expressão. O colesterol total situa-se em torno de 300 a 350 mg/dℓ, não
há elevação do TG, e a frequência de parentes em primeiro grau com hipercolesterolemia é muito
baixa. Esses indivíduos têm risco aumentado de aterosclerose, em especial DAC. A HP é diagnosticada
pela exclusão de outras causas genéticas primárias, ausência de xantomas tendinosos e demonstração
de que não mais que 10% dos parentes em primeiro grau têm hipercolesterolemia.
Xantomatose cerebrotendinosa
A xantomatose cerebrotendinosa (XCT) é um distúrbio do metabolismo dos esteróis, associado a
manifestações neurológicas (ataxia cerebelar, demências, paresia do cordão medular e inteligência
subnormal), xantomas tendinosos e catarata em indivíduos jovens. Aterosclerose precoce é comum, e
ocasionalmente pode ocorrer osteoporose (supostamente por alterações no metabolismo da vitamina
D). A XCT decorre de mutações que causam deficiência da 27-hidroxilase, uma enzima-chave na
oxidação do colesterol e na síntese dos ácidos biliares. Como resultado, altos níveis de colesterol e
colestanol (um derivado 5α- di-hidro do colesterol) acumulam-se no plasma, nos tendões e nos tecidos
do sistema nervoso;
Sitosterolemia
Trata-se de uma rara doença que pode evoluir com aterosclerose prematura. Resulta da absorção
intestinal em grande quantidade de sitosteróis e outros fitosteróis, resultando em seu acúmulo no
plasma (níveis 50 a 200 vezes maiores que o normal) e nos tecidos periféricos. O defeito molecular foi
mapeado no cromossomo 2p21 e consiste em mutações nos genes que codificam os cotransportadores
ABCG8 e ABCG5. As crianças afetadas têm xantomas tendinosos e níveis de LDL-c normais ou
elevados. O diagnóstico diferencial inclui hipercolesterolemia familiar e xantomatose
cerebrotendinosa. O diagnóstico pode ser confirmado pela demonstração, no plasma, de esteróis
anormais, por meio de uma cromatografia gás-líquido dos lipídios plasmáticos. O tratamento é feito à
base de restrição dietética de fitosteróis.2,41 Ezetimiba, uma substância que inibe a absorção intestinal
de colesterol, também pode ser útil;
DISLIPIDEMIAS SECUNDÁRIAS
Diabetes mellitus
Outra característica da dislipidemia diabética é a maior concentração de LDL pequenas e mais densas.
Essas partículas estão associadas à aterogenicidade. A formação de LDL pequenas e densas é
dependente da proteína de transferência de colesterol éster, que promove a troca de colesterol éster da
LDL por triglicérides de VLDL e quilomícrons. O maior conteúdo de triglicérides nas LDL favorece
a atividade das enzimas lipoproteína lipase periférica e lipase hepática, gerando as LDL menores e
mais densas;
As concentrações de HDL-colesterol e apo AI estão caracteristicamente reduzidas nos indivíduos
portadores de resistência a insulina-> decorre da ação da proteína de transferência de colesterol ester,
mediando a troca de colesterol ester da HDL por TAG das lipoproteínas VLDL e quilomícrons-> o
catabolismo da apo AI esta aumentado no DM tipo 2-> apo AI dissocia-se da HDL enriquecida de
TAG e é catabolizada pelos rins;
Síndrome nefrótica
A alteração mais freqüente na síndrome nefrótica é a elevação na concentração plasmática de LDL-C,
às vezes acompanhada por aumento na concentração de VLDL. As causas mais prováveis são aumento
da produção hepática de VLDL e maior conversão em LDL.
Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é uma causa comum de hiperlipidemia. A manifestação clássica é a elevação na
concentração de LDL-C, mas também pode haver hipertrigliceridemia. A elevação de LDL-C está
associada à diminuição da remoção de LDL por causa da menor síntese de receptor de LDL31. O
hipotireoidismo também pode reduzir a atividade da lipoproteína lipase periférica, predispondo ao
aumento da concentração plasmática de triglicérides;
Consumo de álcool
A ingestão regular de bebidas alcoólicas pode alterar significativamente o metabolismo dos
triglicérides. O álcool é metabolizado basicamente por meio de três vias: catalase, oxidação
microssomal e álcool desidrogenase, sendo esta última a via preponderante. A álcool desidrogenase
converte o álcool em acetaldeído, que sob ação da acetaldeído desidrogenase é convertido em CO2,
H2O e acetil CoA. O acetil CoA é o precursor da síntese de ácidos graxos. Por sua vez, o álcool provoca
aumento na concentração de NADH, que inibe a oxidação de ácidos graxos no fígado, elevando a
produção de triglicérides e VLDL. A hipertrigliceridemia é a alteração mais frequente, mas geralmente
associada ao aumento de HDL-C, decorrente da menor atividade da lipase hepática;
Terapia estrogênica
Manifestações clínicas
Hiperlipidemias, em geral, não apresentam manifestações clínicas-> nos casos mais severos, pode
ocorrer a formação de xantomas;
O desenvolvimento de xantomas tendinosos e tuberosos, xantelasmas e arco córneo-> sinais clínicos
característicos das hipercolesterolemias primárias-> refletem acúmulo de colesterol em macrófagos
infiltrados nos tendões e na pele;
devido a elevação plasmática de LDL-c, ocorrem maior captação de LDL, desenvolvimento acelerado
de aterosclerose e, consequentemente, maior incidencia de doença cardiovascular;
na forma homozigótica da hipercolesterolemia familiar, a ocorrência de manifestações clínica de
doenças arteriais isquêmicas da-se antes doss 20 anos de idade;
A hipertrigliceridemia acima de 1.000 mg/dL indica presença de quilomícrons, que podem ser
detectados pela observação do plasma leitoso. Xantomas eruptivos nas regiões dorsal e glútea, nos
braços, nas mãos e nas coxas, além de hepatoesplenomegalia, são observados com frequência;
A presença de xantomas é freqüente em quase 50% dos indivíduos portadores da
disbetalipoproteinemia familiar, caracterizada pela formação de xantoma palmar, presente de forma
plana nas linhas das palmas das mãos, como sinal patognomônico da doença. Xantomas tuberosos ou
tuberoeruptivos também são comuns, além da ocorrência de doença aterosclerótica prematura.
ATEROSCLEROSE
PATOGENIA
A aterosclerose é resultado de uma resposta inflamatória crônica da parede arterial à lesão endotelial
a progressão da lesão envolve a interação de lipoproteínas modificadas, macrófagos, macrófagos
derivados de monócitos, linfócitos T e constituintes celulares da parede arterial;
Na aterosclerose, ocorre os seguintes eventos patogênicos:
Lesão endotelial resulta em disfunção endotelial causando aumento da permeabilidade, adesão
leucocitária e trombose;
Acúmulo de lipoproteínas principalmente LDL oxidada e cristais de colesterol na parede dos
vasos;
Adesão plaquetária;
Adesão de monócito ao endotélio, migração para a intima e diferenciação em macrófagos e células
espumosas;
Acúmulo de lipídios no interior dos macrófagos, com liberação de citocinas inflamatórias;
Recrutamento de células musculares lisas devido aos fatores liberados pela ativação de plaquetas,
macrófagos e células da parede vascular;
Proliferação de células musculares lisas e produção de MEC;
As lesões aterosclerótica iniciais na espécie humana começam em locais intactos, mas com disjunção
endotelial-> aumento da permeabilidade e da adesão plaquetária;
As placas ateromatosas tendem a ocorrer nos óstios de saída dos vasos, nos pontos de ramificações e
ao longo da parede posterior da aorta abdominal-> locais de fluxo sanguíneo turbulento;
Os lipídios dominantes nas placas ateromatosas são colesterol e esteres de colesterol->
hipercolesterolemia família homozigótica, causada por defeitos nos receptores de LDL e na absorção
de LDL hepática inadequada-> pode evoluir para o infarto do miocárdio aos 20 anos de idade;
Mecanismos pelos quais a dislipidemia contribui para a aterogênese:
Hiperlipidemia crônica, em especial hipercolesterolemia-> pode comprometer diretamente a
função endotelial por provocar aumento da produção local de radicais livres derivados de oxigênio-
> produtos aceleram a redução do óxido nítrico-> diminui sua atividade vasodilatadora;
Com a hiperlipidemia crônica-> lipoproteínas acumulam-se dentro da íntima-> nesse local,
produzem dois derivados patogênicos-> LDL oxidada e cristais de colesterol-> LDL é oxidada
através da ação de radicais livres de oxigênio produzidos localmente por macrófagos e células
endoteliais-> são ingeridos pelos macrófagos atraves do receptor depurador-> formam-se células
espumosas;
LDL oxidada estimula a secreção de fatores de crescimento local, citocinas e quimiocinas->
aumenta o recrutamento de monócitos e tambem possui ação citotóxica para as células endoteliais
e musculares lisas-> tem-se mostrado que diminutos cristais de colesterol extracelulares encontrado
em lesões ateroscleróticas iniciais funcionam como sinais de perigo-> ativam células imunes inatas,
como monócitos e macrófagos;
Desenvolve-se um processo inflamatório no local-> contribui para a progressão das lesões
aterosclerótica. Vasos em condições normais não se ligam as células inflamatórias-> no estágio de
aterogenese-> células endoteliais disfuncionais expressam moléculas de adesão-> promovem
adesão leucocitária-> molécula de adesão de célula vascular I (VCAM-I)-> liga-se a monócitos e
linfócitos T-> após adesão ao endotélio-> leucócitos migram para dentro da íntima sob a influencia
de quimiocinas produzidas localmente;
Os monócitos diferenciam-se em macrófagos e englobam avidamente as lipoproteínas, LDL
oxidada e pequenos cristais de colesterol-> cristais de colesterol parecem ser importantes
estimuladores da inflamação através da ativação do inflamassoma-> liberação de IL-1. Macrófagos
ativados também produzem espécies reativas de O2-> levam a oxidação da LDL e a síntese de
fatores de crescimento que estimulam a atividade proliferativa das células musculares lisas;
Linfócitos T são recrutados para a intima e interagem com macrófagos-> contribui para o estado
de inflamação crônica-> células T ativadas em lesões crescentes na íntima produzem citocinas
inflamatórias (INF-)-> podem estimular macrófagos, células endoteliais e musculares lisas->
quadro inflamatório crônico-> leucócitos ativados e liberação de fatores do crecimento pelas
células da parede vascular promovem a proliferação das células do músculo liso e a síntese de
MEC;
Proliferação das Células do Músculo Liso e Síntese de Matriz. A proliferação de células do
músculo liso da íntima e a deposição de MEC convertem a lesão inicial, ou seja, as estrias
gordurosas, em ateroma maduro, contribuindo para o crescimento progressivo das lesões
ateroscleróticas. Células do músculo liso da íntima podem se originar da média ou de precursores
circulantes; entretanto, independentemente de sua origem, possuem fenótipo proliferativo e
sintético distinto daquelas subjacentes às células musculares lisas da média. Diversos fatores de
crescimento estão envolvidos na proliferação
de células musculares lisas e na síntese de
MEC, incluindo fator de crescimento derivado
de plaquetas (liberado por plaquetas localmente
aderentes, macrófagos, células endoteliais e
células musculares lisas), fator de crescimento
fibroblástico e TGF-a. As células musculares
lisas recrutadas sintetizam MEC (principal-
mente o colágeno), que estabilizam as placas
ateroscleróticas. No entanto, células
inflamatórias ativadas nos ateromas também
podem causar apoptose das células musculares
lisas da íntima e desintegrar a matriz, formando
placas instáveis;
Placas Ateroscleróticas. As principais
características dessas lesões são espessamento
da íntima e acúmulo de lipídios (Fig. 9-7). As
placas ateromatosas são lesões elevadas, branco
amarelada. As placas ateroscleróticas são
irregulares, geralmente envolvem apenas uma
parte de determinada parede arterial;
Em ordem decrescente, os vasos mais
extensamente acometidos são a aorta
abdominal infrarrenal, as artérias coronárias,
poplíteas, carótidas internas e os vasos do
círculo de Willis;
Após adm oral-> absorção ocorre no intestino delgado-> absorção variável (30-85%)-> todas as
estatinas, a exceção da sinvastatina e da lovastatina, são adm na forma de B-hidroxiácido-> é a forma
que inibe a HMG-CoA redutase;
Sinvastatina e a lovastatina são adm na forma de lactonas inativas-> devem ser transformadas no fígado
em seus respectivos B-hidroxiácidos, a sinvastatina ácida (SVA) e a lovastatina ácida;
Ocorre extensa captação hepática de primeira passagem de todas as estatinas, mediada primariamente
pelo transportador de ânios orgânicos OARP1B1;
Devido a extensa captação hepática de primeira passagem, a biodisponibilidade sistêmica das estatinas
e de seus metabólitos hepáticos variam de 5-30% da dose adm-> os metabólitos de todas as estatinas,
a exceção da fluvastatina e da pravastatina, exibem alguma atividade inibitória da HMG-CoA redutase;
Em condições de equilíbrio dinâmico podem ser encontradas pequenas quantidades do fármaco
original e de seus metabólitos produzidos no fígado na circulação sistêmica;
Após transformação da sinvastatina e da lovastatina no fígado em SVA e LVA-> pequenas quantidades
desses inibidores ativos da HMG-CoA redutase, juntamente com pequenas quantidades das formas
lactonas, podem ser encontradas na circulação sistêmica;
No plasma, mais de 95% das estatinas e seus metabólitos estão ligados às proteínas, com exceção da
pravastatina e de seus metabólitos, cuja ligação é de apenas 50%;
Após uma dose oral-> concentrações plasmáticas das estatinas atingem um valor máximo em 1-4
horas-> meias-vidas dos compostos originais são de 1-4h, exceto no caso da atorvastatina e da
rosuvastatina-> apresentam meias-vidas de cerca de 20 horas e sinvastatina com uma meia-vida de
aprox. 12 horas-> meias vidas mais longas da atorvastatina e da rosuvastatina podem contribuir para
sua maior eficácia na redução do colesterol;
Fígado biotransforma todas as estatinas e mais de 70% dos metabólitos das estatinas são excretados
pelo fígado, com eliminação subsequente nas fezes;
Na atualidade, seis estatinas — lovastatina, pravastatina, sinvastatina, fluvastatina, atorvastatina
e rosuvastatina — estão aprovadas para uso na hipercolesterolemia e na dislipidemia mista. São
consideradas como terapia de primeira linha para níveis aumentados de LDL, e numerosos estudos
clínicos demonstraram que as estatinas diminuem tanto a mortalidade cardiovascular quanto a taxa de
mortalidade total. Esses fármacos também reduzem o acidente vascular cerebral. As principais
diferenças são atribuíveis à potência e aos parâmetros farmacocinéticos. Entre as estatinas, a
fluvastatina é a menos potente, enquanto a atorvastatina e a rosuvastatina são as mais potentes. Além
de sua capacidade de reduzir as concentrações de colesterol LDL, a importância clínica dessas
diferenças de potência ainda não foi estabelecida. As diferenças farmacocinéticas entre as estatinas
resultam do metabolismo diferencial do citocromo P450. A lovastatina, a sinvastatina e a atorvastatina
são metabolizadas pela 3A4 do citocromo P450, enquanto a fluvastatina é metabolizada por outras vias
mediadas pelo citocromo P450. A pravastatina e a rosuvastatina não são metabolizadas através da via
do citocromo P450. Conforme explicado adiante, as vias de metabolismo das estatinas possuem
importantes implicações nas interações medicamentosas;
Efeitos adversos
Hepatotoxicidade: causam uma elevação dos níveis de transaminases hepáticas para valores acima do
triplo do limite superior da normalidade, com incidencia de ate 1%-> parece estar relacionada com a
dose; hepática; hepatotoxicidade grave é rara; é razoável determinar os níveis de ALT em condições
basais e posteriormente, quando clinicamente indicado;
A resistência a insulina está associada a um aumento do risco de DCV-> os pacientes insulino-
resistentes, especialmente aqueles com DM tipo 2, beneficiam-se da terapia hipoglicemiante com
estatinas;
Miopatia-> principal efeito adverso associado ao uso da estatina-> causa rabdomiólise-> risco de
miopatia e de rabdomiólise aumenta proporcionalmenete com a dose de estatina e as concentrações
plasmáticas;
Fatores que inibem o catabolismo das estatinas estão associados a um aumento do risco de miopatia,
incluindo idade avançada (em particular >80 anos), disfunção hepática ou renal, períodos
perioperatórios, doença multissistemica (particularmente associado a DM), pequeno tamanho corporal
e hipotireoidismo sem tratamento;
Uso concomitante de fármacos que diminuem o catabolismo das estatinas ou interferem na captação
hepática está associado a miopatia e rabdomiólise em 50 a 60% de todos os casos;
Interações mais comuns-> fibratos (ciclosporina, digoxina, varfarina, antibióticos macrolídeos);
outros-> niacina, inibidores da protease do HIV;
A atorvastatina, a lovastatina e a sinvastatina são primariamente metabolizadas pela CYP3A4 e
CYP3A5; fluvastatina é metabolizada em sua maior parte (50-80%) plea CYP2C9 em matabólitos
inativos-> a CYP3A4 e CYP2C8 tambem ccontribuem para seu metabolismo;
Pravastatina não é matabolizada em grau apreciável pelo sistema da CYP e é excretada de modo
inalterado na urina;
A pravastatina, a fluvastatina e rosuvastatina não são extremamente metabolizadas pela CYP3A4->
pravastatina e a fluvastatina tem menos tendência a causar a miopatia quando utilizadas com um dos
fármacos predisponentes;
Benefícios da terapia combinada com qualquer estatina
deve ser cuidadosamente avaliados com relação ao
risco de miopatia;
Rosuvastatina e gengifibrozila-> miopatia;
Há relato de mialgia-> substituição da vit D em pct com
deficiência de vit D supostamente reduz as mialgias
associadas a estatina e melhora a tolerância a ela->
deficiência de vit D está associado a miopatia
resistência a insulina e aumento da incidencia de DCV;
Deve ser evitado o uso de estatina na gestação e na
lactação;
O principal efeito adverso consiste em miopatia e/ou
miosite com rabdomiólise. Trata-se de uma
complicação muito rara, que ocorre primariamente com
altas doses de estatinas. Com doses intermediárias e
baixas das estatinas menos potentes (por exemplo,
pravastatina ou sinvastatina), foi constatada a
ocorrência de mialgia e miopatia com taxas
comparáveis ao placebo em estudos clínicos
envolvendo cerca de 20.000 pacientes. Por
conseguinte, os níveis plasmáticos de creatinocinase
(um marcador de lesão muscular) não são úteis para a
monitoração rotineira de pacientes tratados com
estatinas. As estatinas de alta potência também podem
causar elevações nos níveis séricos de transaminases
(isto é, alanina transaminase [ALT] e aspartato
transaminase [AST]). Essas elevações raramente
indicam hepatotoxicidade e refletem, com mais
probabilidade, uma resposta adaptativa do fígado a
alterações na homeostasia do colesterol;
Se uma estatina como único medicamento não for
suficiente para baixar os níveis de LDL para valores-
alvo, a estatina pode ser utilizada efetivamente em associação com outros fármacos. A combinação de
uma estatina com um seqüestrador de ácido biliar ou com um inibidor da absorção de colesterol resulta
em diminuição aditiva das LDL e não está associada a interações medicamentosas significativas. A
combinação de niacina e de uma estatina pode ser muito útil para pacientes com níveis elevados de
colesterol LDL e baixos níveis de colesterol HDL. Entretanto, como a co-administração de niacina e
de uma estatina aumenta ligeiramente o risco de miopatia, é preciso monitorar cuidadosamente esse
efeito adverso potencial. Foi também relatada a eficácia dos fibratos e das estatinas em associação.
Todavia, como certos fibratos inibem a glicuronidação das estatinas e, portanto, diminuem a sua
depuração, esses agentes podem elevar as concentrações plasmáticas de estatinas e aumentar o risco
de rabdomiólise. Esse efeito, que foi documentado com o genfibrosil, não ocorre com o fenofibrato.
Por fim, em pacientes que necessitam de redução dos níveis de LDL e que estão fazendo uso de
fármacos metabolizados pelo citocromo P450 — como certos antibióticos, agentes imunossupressores
e inibidores da protease — é preferível administrar uma estatina que não seja metabolizada pelo
citocromo P450;
Efeitos colaterais são raros no tratamento com estatinas. Dentre estes, os efeitos musculares são os
mais comuns e podem surgir em semanas ou anos após o início do tratamento. Variam desde mialgia,
com ou sem elevação da Creatinoquinase (CK), até a rabdomiólise. A dosagem de CK deve ser avaliada
no início do tratamento, principalmente em indivíduos de alto risco de eventos adversos musculares,
como pacientes com antecedentes de intolerância à estatina; indivíduos com antecedentes familiares
de miopatia; o uso concomitante de fármacos que aumentem o risco de miopatia. A dosagem rotineira
de CK não é recomendada em pacientes já em uso de estatina, exceto se ocorrerem sintomas musculares
(dor, sensibilidade, rigidez, câimbras, fraqueza e fadiga localizada ou generalizada), introdução de
fármacos que possam interagir com estatina ou quando se eleva a dose desta;
A avaliação basal das enzimas hepáticas (ALT e AST) deve ser realizada antes do início da terapia
com estatina. Durante o tratamento, deve-se avaliar a função hepática quando ocorrerem sintomas ou
sinais sugerindo hepatotoxicidade (fadiga ou fraqueza, perda de apetite, dor abdominal, urina escura
ou aparecimento de icterícia);
Uso terapêutico
Cada estatina tem uma dose inicial baixa recomendada, que diminui os níveis de LDL-c em 20-30%;
É aconselhável que o pct comece com uma dose de medicamento que irá atingir o alvo de redução dos
níveis de LDL-c do paciente-> um pcr com LDL-c basal de 150 mg/dL e meta de 100 mg/dL necessita
de uma redução de 33% dos níveis de LDL-c e deve começar com uma dose que se espera ira atingir
esse objetivo;
Síntese hepática de colesterol é máxima entre meia noite e 2 h da manhã-> as estatinas com meias
vidas de 4 hr ou menos (exceto a atorvastatina e a rosuvastatina) devem ser tomadas a noite;
Dose inicial recomendada de lovastatina é 20 mh-> ligeiramente mais efetiva se tomada com a refeição
noturna que ao deitar-> a dose ao deitar é preferível a omissão de doses;
A dose de lovastatina pode ser aumentada a cada 3-6 semanas até um máximo de 80mg/dia-> a dose
de 80mg é ligeiramente (2-3%) mais efetiva quando adm na forma de 40mg, 2 vezes/dia;
Escolha da estatina deve basear-se na eficácia (redução dos níveis de LDL-c) e no custo-> lovastatina,
sinvastatina e pravastatina-> ótima segurança-> uma
vez iniciado o tratamento farmacológico-> quase
sempre deve ser mantido por toda vida;
Recomenda-se determinações basais de ALT, com
repetição do teste em 3-6meses-> se ALT estiver
normal depois dos primeiros 3-6meses->
determinação não precisa ser repetida mais que uma
vez a casa 6-12 meses;
Mensuração da ck deve ser feita caso o pct esteja
tomando um fármaco que aumenta o risco de
miopatia;
A atorvastatina, lovastatina e a sinvastatina estão
indicadas para crianças a partir de 11 anos de idade;
a pravastatina está aprovada para crianãs a partir de 8
anos;
Ezetemiba inibe a captação luminal de colesterol jejunais, inibindo a proteína de transporte NPC1L1;
Não afeta a absorção intestinal de TAG;
Em seres humanos, a ezetemiba reduziu a absorção de colesterol em 54%, precipitando um aumento
compensatório na síntese de colesterol, que pode ser inibido com um inibidor da síntese de colesterol,
como uma estatina;;
Observa-se tambem uma redução considerável dos níveis plasmáticos de esteróis vegetais (as
concentrações de campesterol e de sitosterol são reduzidas em 48 e 41% respectivamente-> ezetimiba
tambem inibe a absorção intestinal dos esteróis vegetais;
A inibição da absorção intestinal de colesterol provoca uma redução da incorporação do colesterol nos
quilomícrons-> o teor reduzido de colesterol dos quilomícrons diminui a liberação de colesterol no
fígado pelos remanescentes pode diminuir diretamente a aterogênese, visto que os remanescentes de
quilomícron são lipoproteínas muito aterogênicas;
A redução do aporte de colesterol intestinal ao fígado pelos remanescentes de quilomícrons estimula a
expressão de genes hepáticos que regulam a expressão do receptor de LDL e a biossíntese de colesterol-
> a maior expressão dos receptores hepáticos de LDL aumenta a depuração do LDL-c do plasma->
ezetimiba reduz os níveis de LDL-c em 15 a 20%;
Terapia de combinação
A eficácia máxima da ezetimiba na redução dos níveis de LDL-c situa-se entre 15-20% quando
utilizada como monoterapia-> essa redução equivale ou é inferior aquela obtida com a maioria das
estatinas em doses de 10-20 mg;
A ezetimiba como monoterapia para pct com níveis elevados de LDL-c parece limitar-se aos pcts que
não toleram as estatinas;
Ação da ezetimiba complementa-se com a das estatinas-> ezetimiba inibe a absorção intestinal do
colesterol-> aumenta a biossíntese de colesterol até 3,5 vezes em animais de laboratório-> ação inibida
por estatina-> dupla terapia com ambas as classes de agentes impede a síntese aumentada de colesterol
induzida pela ezetimiba e o aumento d absorção de colesterol induzida pelas estatinas-> cobinação
permite uma redução aditiva dos níveis de LDL-c;
Existe um comprimido de combinação contendo 10mg de ezetimiba e várias doses de sinvastatina
(10,20,40 e 80 mg);
Com a dose mais alta de sinvastatina (80mg) e ezetimiba (10mg), a redução média dos níveis de LDL-
c foi de 60%-> maior do que a que pode ser obtida com qualquer estatina utilizada como monoterapia;
Terapia nutricional
A substituição por gorduras monoinsaturadas, como azeite de oliva e frutas oleaginosas, pode estar
associada à redução do risco cardiovascular, porém as evidências são menos robustas do que em
relação às poli-insaturadas;
Os ácidos graxos trans devem ser excluídos da dieta por aumentarem a concentração plasmática de
LDL-c e induzirem intensa lesão aterosclerótica, condições que culminam em maior risco
cardiovascular;
O colesterol alimentar exerce pouca influência na mortalidade cardiovascular, embora neste estudo
tenha sido demonstrada linearidade entre o consumo de colesterol alimentar e a concentração
plasmática de LDL-c. Já o aumento do consumo de ovos, em um contexto de dieta com baixo teor de
gordura, manteve a relação LDL-c/HDL-c, tanto entre indivíduos que absorvem mais colesterol da
dieta quanto nos hiporresponsivos;
Psyllium é a fibra solúvel mais estudada na redução do colesterol. Uma revisão de estudos indica que
doses de 7 a 15 g ao dia estão associadas com uma redução de 5,7% a 20,2% de LDL-c e redução de 2
a 14,8% de CT. O Psyllium parece não afetar significativamente os níveis de HDL-c e TG. Deve-se
orientar o consumo fracionado, antes das grandes refeições-> uso de aveia->redução de 5,3 a 5,6% do
LDL-c, sem efeitos significativos sobre o HDL-c e os TG-> farelo de aveia que encontram-se os
maiores teores de fibras solúveis (betaglucanos)-> sugere-se o consumo de aproximadamente 3 g ao
dia de betaglucanos;
Ingestão recomendada mínima de fibras por dia é de 25 mg-> a fim de proteger contra DCV e
câncer;
Probióticos provocam uma redução muito modesta de concentração plasmática de LDL-c;
A administração de probióticos reduziu em 4,9 mg/dL o LDL-c, em 6,4 mg/dL o CT e em 3,95 mg/dL
os TG, sem efeitos sobre o HDL-c. Outra metanálise mostrou que a redução de CT em indivíduos
tratados com probióticos foi de 7,8 mg/dL e 7,3 mg/dL para LDL-c;
Atividade física
Exercício físico tem papel muito importante na prevenção e no tratamento de DCV-> melhora a
estrutura e função cardiovascular;
No endotélio, o exercício físico aumenta a biodisponibilidade de óxido nítrico e diminui a concentração
de endotelina. O efeito do exercício físico na função endotélio-independente não é comprovado. A
resposta vasodilatadora à administração de nitroprussiato de sódio é semelhante em indivíduos
treinados e em sedentários. Estes resultados corroboram a ideia de que os efeitos do treinamento físico
na função vascular estão relacionados ao endotélio;
Na presença de DCV, há evidências de que o exercício físico praticado regularmente diminui a
formação de neoíntima, aumenta a circunferência luminal e provoca angiogênese (Grau de
Recomendação: I; Nível de Evidência: A). O exercício aumenta a mobilização de células progenitoras
do endotélio e a expressão da Óxido Nítrico-Sintase Endotelial (eNOS). Esta melhora na vasculatura
está associada ao fatorvde crescimento derivado do endotélio e de fibroblastos;
Em relação aos lípides plasmático, o exercício físico aumenta os níveis de HDL-c. Seus efeitos nos
níveis absolutos de LDL-c são menos evidenciados. Entretanto, o exercício físico aumenta a cinética
de LDL-c na circulação e prolonga o período que o LDL-c permanece na forma reduzida;
Exercício físico causa um significativo aumento nos níveis plasmáticos de TG;
O programa de exercício deve começar com uma avaliação clínica e um teste ergoespirométrico
progressivo máximo para avaliar as respostas cardiovasculares e metabólicas em esforço, e a
capacidade física. Na impossibilidade de um teste ergoespirométrico, deve ser realizado um teste
ergométrico. A sessão deve ter duração de 60 minutos e intensidade entre o limiar aeróbio e o ponto
de compensação respiratória, ou 60 a 80% da frequência cardíaca de pico. A frequência deve ser de
três a cinco sessões por semana. A sessão de exercício deve incluir aquecimento e alongamento (5
minutos), exercício aeróbio (30 a 40 minutos), exercício de resistência muscular localizada com
intensidade menor ou igual a 50% da força de contração voluntária máxima (15 a 20 minutos) e
exercícios de alongamento e relaxamento (5 minutos);
A doença aterosclerótica encontra-se relacionada com a disfunção endotelial. A exposição à fumaça
do cigarro causa prejuízos à vasodilatação dependente do endotélio em artérias coronárias, assim como
em leitos microvasculares. A cessação do tabagismo é benéfica em qualquer fase da vida do fumante.
A prática clínica recomenda o uso de farmacoterapia para a cessação do tabagismo em fumantes
motivados a parar de fumar. Os medicamentos de primeira linha para a cessação tabágica são a Terapia
de Reposição de Nicotina (TRN) com goma ou patch, bupropiona e vareniclina. Estes medicamentos
demonstraram eficácia na cessação do tabagismo, embora algumas vezes surjam questionamentos
quanto a segurança do uso em pacientes com DCV. As dúvidas em relação ao uso de TRN, bupropiona
e vareniclina foram revistas em metanálise recente e a conclusão é que estes medicamentos não
determinam eventos cardiovasculares maiores, como infarto e AVC, e que o benefício da cessação é
indiscutivelmente impactante na morbimortalidade dos pacientes;
A prática regular de exercícios físicos aeróbios é associada a decréscimo da morbidade e mortalidade
cardiovascular, comprovadamente reduzindo o risco de evento coronariano fatal e não fatal em
indivíduos aparentemente saudáveis, com escore de risco coronariano elevado e também em
cardiopatas. No contexto da reabilitação cardíaca, o exercício contínuo de moderada intensidade,
consensualmente uma forma segura e eficaz de treinamento físico, tem sido considerado prioritário;
Em pacientes com doença coronária aterosclerótica, o exercício físico promove estabilização ou
mesmo regressão da aterosclerose além de acentuada queda da mortalidade, tanto por causa cardíaca
quanto por outras causas, existindo uma inversa e independente associação entre HDL-c e DAC, com
destaque para a ação protetora de um de seus componentes, a ApoA-I. Entretanto, apesar do exercício
proporcionar desfechos clínicos altamente favoráveis, a elevação de HDL-c e as quedas de CT, LDL-
c e TG decorrentes de sua ação são modestas, conforme demonstrado em metanálises, pouco
contribuindo para a obtenção das rigorosas metas terapêuticas atualmente propostas;
A explicação para os desfechos clínicos favoráveis proporcionados pelo exercício se dá principalmente
pelas modificações funcionais, ocorrendo aprimoramento do funcionamento da HDL e da LDL, com
aumento da resistência à oxidação da LDL, indução da produção de paraoxonase, modificações da
HDL2 e HDL3, e aumento do efluxo de colesterol. Em estudo realizado com triatletas, foram
constatados decréscimos do CT, VLDL-c, ApoB100 e Lp(a), e elevação do HDL-c imediatamente após
uma competição, ocorrendo redução das partículas de LDL-c pequenas e densas (-62%) e aumento de
subclasse de HDL-c (+11% HDL2), relacionados inversamente com o risco de DAC. Também foi
observado redução das subclasses de HDL-c (-16% HDL3), as quais são positivamente relacionadas
com a DAC;
A atividade física de moderada intensidade promove redução sustentada de VLDL-c e TG e atividade
de grande volume em significativo aumento do HDL-c, que adquire características que favorecem suas
múltiplas ações antiateroscleróticas, com maiores quantidades de exercício proporcionando benefícios
mais amplos, sendo, portanto, mais relevante o aumento do volume do que a intensidade;
Um programa de exercícios físicos, que devem ser realizados na maioria dos dias da semana, além dos
exercícios aeróbios, deve contemplar exercícios resistidos e de flexibilidade. Os exercícios de
resistência devem ser executados por grandes grupos musculares, em séries de oito a 15 repetições,
com cargas progressivas, suficientes para causar fadiga nas últimas três repetições, porém, sem falha
do movimento. Idealmente, devem ser realizados três vezes por semana, enquanto os exercícios para
melhorar a flexibilidade devem ser realizados no começo e no final de cada. Os exercícios aeróbios
devem ser realizados pelo menos três vezes por semana, em sessões de 30 a 60 minutos de duração;
Na ausência de teste ergométrico, a intensidade do exercício pode ser controlada subjetivamente pela
percepção de esforço e, objetivamente, pela ventilação pulmonar, sendo a atividade considerada
predominantemente aeróbia quando o indivíduo que caminha ou corre, por exemplo, permanece apenas
discretamente ofegante, conseguindo falar frases completas sem interrupções, inspirando no decorrer
de duas ou três passadas e expirando no decorrer de uma ou duas passadas. O mesmo vale para as
outras modalidades: ciclismo, natação, dança etc. Assim, se houver uma atividade prolongada,
realizada com a participação de grandes grupos musculares, em que o individuo permanece
confortável, podendo sincronizar o movimento do corpo com a ventilação pulmonar, pode-se dizer que
existe uma participação predominante do metabolismo aeróbio;
A Lp(a) é uma partícula de LDL com uma Apo adicional, a Apo (a), ligada à ApoB Existem evidências
robustas de associação independente entre elevações de Lp(a) e risco de DCV na população geral.54
Esta associação existe não apenas pelo conteúdo lipídico da Lp(a), mas também por suas propriedades
pró-trombóticas e pró-inflamatórias Sua análise não é recomendada de rotina para avaliação do risco
de DCV na população geral, mas sua determinação deve ser considerada na estratificação de risco em
indivíduos com história familiar de doença aterosclerótica de caráter prematuro e na HF;
Classificação etiológica:
Causas primárias-> aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética;
Causas secundárias-> a dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequado, de certas condições
mórbidas ou de medicamentos;
Classificação laboratorial:
Hipercolesterolemia isolada-> aumento isolado do LDL-c ( LDL-c >/= 160 mg/dL);
Hipertrigliceridemia isolada-> aumento isolado dos triglicerídeos (TG>/= 150 mg/dL ou >/=175
mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum);
Hiperlipidemia mista-> aumento do LDL-c (LDL-c>/= 160mg/dl) e dos TG (TG>/=150 mg/dl ou
>/= 175 mg/dl se a amostra for obtida sem jejum). Se TG >/= 400 md/dl, o cálculo do LDL-c pela
fórmula de Friedewald é inadequada, devendo-se considerar hiperlipidemia mista quando o não
HDL-c>/= 190mg/dl;
É importante ressaltar que esta atualização sugere ainda a inclusão de um texto observando que valores
de CT ≥ 310 mg/dL (para adultos) ou CT ≥ 230 mg/dL (crianças e adolescentes) podem ser indicativos
de HF, se excluídas as dislipidemias secundárias.43 A HF é a mais comum entre as dislipidemias e
seus portadores têm 20 vezes mais risco de morte precoce por DCV;
HDL-c baixo-> redução do HDL-c (homens < 40 mg/dl e mulheres < 50mg/dl) isolada ou em
associação ao aumento de LDL-c ou de TG;
O laboratório deve informar no laudo o tempo de jejum para as seguintes situações: sem jejum ou com
jejum de 12 horas, de acordo com o critério do médico solicitante. Informar no laudo os valores
referenciais para TG com e sem jejum;
O não HDL-c representa a fração do colesterol nas lipoproteínas plasmáticas, exceto a HDL, e é
estimado subtraindo-se o valor do HDL-c do CT: não HDL-c = CT- HDL-c-> A utilização do não
HDL-c tem a finalidade de estimar a quantidade de lipoproteínas aterogênicas circulantes no plasma,
especialmente em indivíduos com TG elevados;
A ApoB encontra-se nas lipoproteínas aterogênicas VLDL, IDL, LDL e Lp(a) originadas do fígado e
nos remanescentes da via exógena do metabolismo, na proporção de uma partícula de ApoB por cada
partícula de lipoproteína. Assim, a dosagem da ApoB constitue uma medida indireta de todas as
partículas aterogênicas presentes na corrente sanguínea, correspondendo à fração do não HDL-c.
Grandes estudos comprovaram a superioridade do não HDL-c e da ApoB em relação à LDL-c na
predição do risco cardiovascular;
em uma grande metanálise comparativa entre ApoB, não HDL-c e LDL-c, que concluiu ser a ApoB o
mais potente preditor de risco, o LDL-c com a menor potência e o não HDL-c como de robustez
intermediária.53 Considerando a falta de um consenso na atualidade sobre a relevância clínica do uso
da ApoB como preditor de risco cardiovascular e o custo adicional que representa em relação à fração
não HDL-c (gratuitamente implícita no perfil lipidico de rotina), surge uma natural limitação de seu
uso na prática clínica. Em conclusão, a dosagem de rotina da ApoB não é recomendada na avaliação
ou estratificação do risco cardiovascular.Concentrações de ApoB de 120 mg/dL equivalem ao não
HDL-c de 160 mg/dL e de ApoB de 80 mg/dL correspondem ao não HDL-c de 100 mg/dL.5
Biomarcadores inflamatórios-> Atualmente, a associação entre inflamação e DCV está muito bem
estabelecida. Entre os diversos biomarcadores inflamatórios propostos para estratificação do risco
cardiovascular (moléculas de adesão: ICAM-1 e VCAM-1, E-selectina e P-selectina; citocinas:
Interleucina 6 − IL-6 e Fator de Necrose Tumoral alfa – TNF-α; bem como proteínas de fase aguda:
proteina C-reativa, fibrinogênio e amiloide sérica A), a Proteína C-Reativa de Alta Sensibilidade (PCR-
us) parece contribuir para a identificação de indivíduos sob risco de desenvolvimento de DCV.100
Metanálise de 15 estudos populacionais de associação genômica demonstrou 18 loci implicados na
variabilidade da Proteína C-Reativa, porém a elevação genética nos níveis de Proteína C-Reativa não
se associou com doença coronária, não sendo considerado um fator de risco causal;
Uso do torniquete na punção venosa: após 1 minuto de torniquete, pode haver hemoconcentração e,
com relação ao perfil lipídico, ocorrer aumento de cerca de 5% no CT. Este efeito pode chegar a 10 a
15% com duração superior a 5 minutos. Visando minimizar o “efeito torniquete”, este deve ser desfeito
tão logo a agulha penetre na veia;
No preparo do paciente para a realização das dosagens do perfil lipídico, recomenda-se manter o estado
metabólico estável e a dieta habitual. O jejum não é necessário para realização do CT, HDL-c e
Apolipoproteínas (ApoAI e ApoB), pois o estado pós-prandial não interfere na concentração destas
partícula-> defende-se o fim do jejum para avaliação de perfil lipídico;
A concentração de TG sofre um incremento nesta mudança e, como descrito anteriormente, a elevação
dos triglicerídeos no estado pós-prandial é indicativa de maior risco cardiovascular-> idosos,
diabéticos, gestantes e crianças devem se beneficiar do fim do jejum, evitando hipoglicemias
secundárias ao jejum prolongado.
O laboratório deve informar no laudo as duas diferentes situações: sem jejum e jejum de 12 horas, de
acordo com o critério do médico solicitante. Em algumas situações clínicas específicas, em que a
concentração de TG encontra-se muito elevada (> 440 mg/dL) uma nova coleta de amostra para o perfil
lipídico deve ser solicitada pelo médico ao paciente com jejum de 12 horas. Estão entre elas a Doença
Cardiovascular (DCV) aterosclerótica precoce e a história de hiperlipidemia genética familiar. O
médico deve avaliar o resultado do perfil lipídico do paciente, de acordo com a indicação do exame, o
estado metabólico e a estratificação de risco.
A utilização do não HDL-c também serve como parâmentro para avaliação das dislipidemias, que pode
ser obtido subtraindo o valor de HDL-c do valor de CT (não HDL-c = CT - HDL-c). Este parâmetro
pode ser utilizado na avaliação dos pacientes dislipidêmicos, principalmente naqueles com
concentrações de triglicerídeos superiores a 400 mg/dL;
Metodologia de punção capilar-> No sistema POCT, é possível quantificar os lípides isoladamente ou
o perfil lipídico completo. Estes analisadores portáteis possibilitam avaliar o perfil lipídico em uma
única tira reagente, utilizando o sangue total de punção capilar, e o resultado é obtido em poucos
minutos. No teste do perfil lipídico, são dosados diretamente o CT, os TG e HDL-c; o LDL-c é
calculado pela equação de Friedewald, quando TG < 400 mg/dL. Os valores obtidos permitem estimar
o não HDL-c e, como geralmente a coleta é realizada em situação pós-prandial, é importante porque
agrega a avaliação de risco para DCV. É recomendado seguir as normas de coleta de polpa digital, de
acordo com as diretrizes nacionais. Para o perfil lipídico é indispensável a limpeza do dedo com o
álcool isopropílico 70%, para retirar resíduo de gordura natural ou de cremes cosméticos, e a pipeta
calibrada, para transferir a amostra para a tira de teste;
O rastreamento em cascata para HF geralmente não é necessário para diagnóstico ou tratamento clínico,
mas pode ser útil quando o diagnóstico é incerto e para diagnóstico de familiares de um indivíduo
afetado. A identificação de uma mutação causal pode fornecer uma motivação adicional para alguns
pacientes iniciarem o tratamento adequado, e o teste genético é padrão de referência para o diagnóstico
de certeza de HF. Pode ser particularmente útil nos casos de familiares com diagnóstico clínico
equivocado ou apenas com nível de LDL-c sugestivo de HF. Testes genéticos também podem ser
importantes para a identificação de uma mutação causal em famílias recém-identificadas ou com forte
suspeita de HF. Além disso, quando encontrada a mutação, o teste fornece uma resposta simples e
definitiva para o diagnóstico da HF, tornando-se ferramenta definitiva para a presença de
hipercolesterolemia como traço familiar. Os indivíduos diagnosticados como portadores de HF por
meio de teste genético passam a ser os casos-índice, sendo, a partir destes, rastreados os parentes de
primeiro grau e, subsequentemente, os demais parentes (segundo e terceiro graus), em uma abordagem
genética combinada à análise do perfil lipídico dos familiares suspeitos e de uma anamnese dirigida e
exame físico, pesquisando-se os achados clínicos típicos da HF (arco corneal precoce, xantomas
tendíneos e xantelasmas). Isto é referido como rastreamento genético em cascata O rastreamento em
cascata é custo-efetivo e deve ser realizado em todos os pacientes e familiares em primeiro grau de
pacientes com diagnóstico de HF. O rastreamento em cascata mais custo-efetivo é o que utiliza
informação genética de indivíduos afetados, no qual uma mutação causadora da doença tenha sido
identificada. O rastreamento clínico/ bioquímico deve ser realizado mesmo quando a realização de
teste genético não é possível;
LDL-c
Colesterol plasmático elevado é um dos principais fatores de risco modificáveis para DCV,
principalmente para DAC, mas também para AVC isquêmico;
Metas de LDL-c (meta primária) e de não HDL-c (meta secundária);
Indivíduos com risco cardiovascular muito alto-> meta de ser <50mg/dL-> no qual a associação
entre ezetimiba e sinvastatina promoveu redução adicional do LDL-c e diminuiu a chance de eventos
cardiovasculares em relação à sinvastatina isolada, em pacientes após síndrome coronária aguda,
particularmente aqueles com diabetes melito;
Indivíduos classificados como de risco cardiovascular Alto-> meta de LDL-c < 70 mg/dL. Sempre
que possível e tolerado, deve-se dar preferência para o uso de estatina de alta intensidade ou da
associação entre ezetimiba e estatina (sinvastatina 40 mg ou outra estatina com potência pelo menos
equivalente), ou seja, os tratamentos que promovem, em média, redução do LDL-c de pelo menos 50%;
Indivíduos de risco cardiovascular intermediário-> meta de LDL-c < 100 mg/dL. Nestes casos,
sempre que possível e tolerado, deve-se preferir o uso de estatina de intensidade pelo menos
moderada, ou seja, tratamentos associados à redução do LDL-c entre 30 a 50%;
Indivíduos de baixo risco cardiovascular-> a meta de LDL-c deve ser < 130 mg/dL. O tratamento
medicamentoso deve ser considerado principalmente naqueles com LDL-c persistentemente acima de
160 mg/dL;
Não HDL-c
A meta secundária para o não HDL-c deve ser 30 mg/ dL acima da meta para o LDL-c. Assim, no risco
muito alto, a meta do não HDL-c deve ser < 80 mg/dL; no alto risco, < 100 mg/dL; no risco
intermediáro, < 130 mg/dL; e no baixo risco, < 160 mg/dL;