3 Ebook Processo Civil Regular - Prof. Leonardo Fetter

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2ª FASE OAB | CIVIL | 38º EXAME

Curso Regular
Prof. Me. Leonardo Fetter

SUMÁRIO

1. Das normas processuais Civis e Princípios Constitucionais e Processuais.............. 3


2. Da Função Jurisdicional ..................................................................................... 7
3. Dos limites da jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional ....................... 10
4. Dos Sujeitos do processo................................................................................. 14
5. Dos Atos Processuais...................................................................................... 26
6. Da Tutela Provisória ..................................................................................... 34
7. Formação, Suspensão e Extinção do processo ........................................... 39
8. Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença ................ 40
9. Do Processo de Execução ........................................................................... 78

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 2ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em julho de 2023.

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1. Das normas processuais Civis e Princípios
Constitucionais e Processuais

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter

O Direito Processual Civil emerge, no mundo jurídico, com uma função bem específica –
regular as formas, meios e maneiras de o cidadão buscar seu direito material perante o Poder
Judiciário.
Aparece, então, como forma de igualdade, já que fixa as mesmas normas para todos os
cidadãos, indistintamente, e como instrumento, pois busca o reconhecimento do direito material
pretendido.
Dessa forma, e com esse objetivo, existem alguns conceitos básicos que devem ser
entendidos e fixados, sendo eles:
* Para todos verem: esquema

1.1 Princípios Constitucionais e Processuais

Princípio do devido processo legal


O direito ao processo é uma das garantias constitucionais, direito fundamental previsto no
art. 5º, inciso XXXV, portanto, é um princípio constitucional e processual.
O devido processo legal está relacionado com os outros princípios, como contraditório,
ampla defesa.

Princípio do contraditório
É uma ideia de reação: sempre que houver a possibilidade de uma decisão judicial contra
uma das partes, essa parte tem que ser ouvida, tem que ser dada a oportunidade de a parte se
manifestar. Objetivamente, é o direito de reação – garante às partes a oportunidade de se
manifestar em todos os atos do processo, e tratamento paritário para dialogar com o juiz, sob
pena de nulidade, não podendo, assim, o juiz julgar qualquer ação sem que os litigantes tenham

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tido a oportunidade de se defender. Veja o art. 9º do CPC: “Não se proferirá decisão contra uma
das partes sem que ela seja previamente ouvida”.
Exceção: o juiz pode decidir sem dar a oportunidade de uma das partes se manifestar,
conforme o parágrafo único do art. 9º do CPC.

Importante, Cabeçones!
O juiz não pode proferir nenhuma decisão sem antes ter ouvido todas as partes. É vedada
a decisão-surpresa, até mesmo quando se tratar de matéria que deva ser decidida de ofício.
O art. 10 do CPC traz que todas as decisões devem ser fundamentadas, ou seja, juiz deve
apresentar para as partes o motivo pelo qual ele chegou à determinada decisão. Quanto a esses
fundamentos, é obrigatório ter sido oportunizado o debate nos autos.

Princípio da publicidade dos atos processuais


Está previsto nos arts. 5º, LX, e 93, IX, ambos da CF e arts. 11, caput, e 368, ambos do
CPC. Impõe que sejam públicos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, e justifica-se no
fato de haver interesse público maior que somente das partes, pois visa a garantia da paz e
harmonia social.
Importante recordar a exceção deste princípio: processos que tramitam com segredo de
justiça (art. 189 do CPC).

Princípio da isonomia
Trata-se de um princípio que visa dar tratamento igual às partes, objetivando um processo
justo e equilibrado. Encontra-se presente no art. 5º, caput, da Constituição Federal, bem como
no art. 7º do CPC: “É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”.

Princípio da imparcialidade
O princípio do juiz natural determina que as partes têm direito a um julgamento realizado
por um juiz competente e imparcial (art. 5º, LIII e XXXVII, da CF).
O primeiro inciso desse artigo dispõe que ninguém será processado nem sentenciado
senão pela autoridade competente, e o segundo, dispõe que não haverá juízo ou tribunal de
exceção.

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Requisitos para caracterização do juiz natural: a) o julgamento deve ser proferido por
alguém investido de jurisdição; b) o órgão deve ser preexistente; c) a causa deve ser submetida
ao juiz competente, de acordo com as regras postas pela CF e por lei.

Princípio da motivação das decisões judiciais


Este princípio disciplina que todas as decisões judiciais devem obrigatoriamente ser
fundamentadas, de acordo com o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal e art. 11 do CPC.

Princípio da boa-fé processual


Este princípio visa o bom comportamento das partes: com boa-fé, lealdade e urbanidade
(art. 5º do CPC); está ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana. A parte que agir com
má-fé pode ser penalizada com multa – art. 81 do CPC. Além disso, as práticas consideradas de
má-fé estão previstas no art. 80 do CPC.

Princípio da duração razoável do processo


O princípio da duração razoável do processo é também conhecido como princípio da
celeridade processual. Não há na lei uma predeterminação de duração do processo, todavia não
se pode tolerar a procrastinação injustificável do Judiciário e seus serviços.
Está previsto no art. 5º, inciso LXXVIII, da CF, “a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação” e nos arts. 4º e 6º do CPC.

Princípio do duplo grau de jurisdição


Este princípio não se encontra expresso na Constituição Federal, mas diante de terem
sido criados juízos e tribunais cuja competência é julgar os recursos contra as decisões de
primeiro grau, automaticamente estabeleceu-se o duplo grau de jurisdição, que busca reanalisar
os atos judiciais que geram inconformismo na parte e estão substanciados por falhas,
ilegalidades, provas, através do julgamento de um órgão superior.

Princípio da proporcionalidade e razoabilidade


De acordo com o art. 8º do CPC o juiz, ao aplicar as normas, deverá atender aos fins
sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a

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eficiência. O exemplo clássico de aplicação dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade
emerge com a fixação do quantum (valor) devido na obrigação alimentar.

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2. Da Função Jurisdicional

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter

2.1 Da Jurisdição e da Ação

Jurisdição

A jurisdição é o poder-dever do Estado de compor/solucionar litígios. Assim,


considerando as regras inerentes ao Estado Democrático de Direito, faz-se necessário identificar
quem possui esse poder-dever, quem possui a responsabilidade de não deixar que os cidadãos,
por suas próprias mãos, busquem solucionar um conflito de interesses.
O Poder Judiciário é responsável pela jurisdição, o Poder Judiciário está investido em
jurisdição. Compreende-se que esta função jurisdicional é delegada ao Poder Judiciário pelo
Estado. Ainda, fala-se em poder-dever, uma vez que, o Poder Judiciário não pode abrir mão
dessa responsabilidade. Quando um conflito de interesses é levado até o Poder Judiciário, ele
tem a obrigação de o resolver, não pode negar a solução do litígio.
O exercício da jurisdição (este poder-dever de solucionar litígios) é do Poder Judiciário.
Contudo, uma importante característica da jurisdição é a inércia, ou seja, para o Estado-Juiz
exercer a jurisdição, faz-se necessária a provocação. O juiz não tem autonomia para agir por
conta própria, em outras palavras, agir de ofício.
O Poder Judiciário deve, necessariamente, ser provocado pela parte interessada,
conforme o art. 2º do CPC: “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”. É o chamado princípio da ação ou da
demanda, ou ainda, princípio da iniciativa da parte. Nesse sentido, uma vez que o cidadão possui
o direito à jurisdição, surge a ação, forma de provocação da jurisdição.

Ação

A forma adequada de o cidadão provocar o Poder Judiciário, retirando-o da sua inércia,


é a ação, ou seja, é através da ação que o Poder Judiciário sai da sua inércia e passa a exercer
a jurisdição, o poder-dever de solucionar conflitos de interesses.

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O direito de ação não está vinculado ao direito material, dessa forma, o cidadão não
precisa ter um direito material garantido para provocar o Judiciário. O direito de ação se trata de
um direito abstrato (não concreto); existe o direito de ação independentemente de seu
resultado, todavia, o autor deverá preencher as condições da ação, sendo elas:
* Para todos verem: esquema

Interesse processual

Legitimidade de agir

OBSERVAÇÕES:
Importante a leitura dos arts. 17 e 18 do CPC, Cabeçones!

Atenção!
O sistema processual civil brasileiro definiu dois tipos de ação: ação de conhecimento e
ação de execução. Uma ação jamais vai iniciar de ofício pelo magistrado, pois o Poder Judiciário
é inerte, dessa maneira, faz-se necessária a provocação por parte do cidadão.

* Para todos verem: esquema

Ação de conhecimento:

• quando o cidadão deseja uma postura condenatória, declaratório ou constitutiva


por parte do Poder Judiciário, essa é a pretensão e aparecerá através do
pedido. A propositura da ação aparece através da petição inicial, e um dos
requisitos da petição inicial, nos termos do art. 319, inciso IV do CPC, é o
pedido. Assim, o juiz ao julgar o pedido, vai julgá-lo procedente, improcedente
ou parcialmente procedente.

Ação de execução:

• O autor busca a cobrança, o ressarcimento, de uma obrigação. O autor vai


propor uma ação executiva quando pretender cobrar um crédito, cobrar uma
obrigação pré-constituída, em outras palavras, uma obrigação fixada em um
título, seja ele judicial (art. 515 do CPC) ou extrajudicial (art. 784 do CPC).

Emerge, então, um terceiro conceito clássico e necessário: o de rito ou procedimento.

2.2 Rito ou procedimento

Frise-se, já de início, que rito e procedimento são sinônimos. E, de forma bem objetiva e
simples, pode-se definir o rito/procedimento como: conjunto de atos – que ocorrem entre o início

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e o fim da ação – estabelecidos pela lei processual e, devem ser seguidos perante o Poder
Judiciário para alcançar a solução do conflito de interesses apresentado.

Importante!
Identificado o pedido (a pretensão que a parte vai levar ao Poder Judiciário), será possível
identificar o rito pelo qual este pedido vai tramitar perante o Poder Judiciário.

Mas qual a forma desta identificação?


* Para todos verem: esquema

Procedimento Especial

Todos os pedidos que vão tramitar utilizando ou respeitando um


rito/procedimento especial devem ter previsão expressa no CPC, a partir do
art. 539. Cabeção, importante: também pode haver previsão em lei
especial, como por exemplo a Lei de Alimentos, a qual prevê procedimento
especial para o pedido de alimentos.

Procedimento Comum

O uso deste também é definido pelo pedido, mas de uma forma ainda mais
simples: para todos os pedidos que não tiverem previsão de uso do
procedimento especial, será utilizado o procedimento comum.

Para encerrar estas considerações iniciais, vale fazer referência a um último e


indispensável conceito: a competência.

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3. Dos limites da jurisdição Nacional e
da Cooperação Internacional

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter

3.1 Competência

Todo o órgão do Poder Judiciário (juiz, desembargador, ministro) tem jurisdição. Apesar
de todo o órgão do Poder Judiciário ter jurisdição, o exercício desta jurisdição é delimitado
pelas regras de competência – as quais possuem a intenção de organizar o exercício
jurisdicional. Contudo, pode-se compreender a competência como o limite de atuação dos órgãos
jurisdicionais, uma vez que, o juiz federal, por exemplo, só trabalha em lides de competência
federal.
Quando se estuda competência, a primeira grande divisão que deve ser feita é acerca da
competência estadual e federal. Assim, para fixar a competência da Justiça Federal, faz-se
necessário verificar o art. 109 da Constituição Federal – ali ficaram definido quais seriam os
conflitos de interesses de competência federal (da Justiça Federal).
Quanto à competência da Justiça Estadual, o que não for de competência federal, será
de competência estadual, pois a competência estadual é residual. Tem-se a definição da
competência federal e o que não for de competência federal é considerado de competência
estadual.
A lide de competência absoluta só pode ser julgada por aquele juízo, não há
possibilidade de alteração de competência. A competência relativa existe a possibilidade de
alteração da competência. A competência federal será sempre absoluta, assim como, por
exemplo, em relação à matéria. Por outro lado, a competência territorial (prevista no CPC) é
um critério de competência relativa, ou seja, pode ser modificada pela vontade ou omissão
das partes.

Da incompetência

A incompetência é dividida em absoluta e relativa. A absoluta pode ser reconhecida de


ofício e em qualquer grau de jurisdição (art. 64, § 1º, CPC) – a competência absoluta trata dos

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casos de interesses públicos. Já a competência relativa não pode ser reconhecida de ofício
(art. 337, § 5º, CPC e súmula no 33 do STJ) e deve ser alegada em preliminar da contestação
(art. 337, II, CPC), sob pena de prorrogação (art. 65, CPC) – a competência relativa disciplina os
casos de interesses privados.
Já a prevenção visa confirmar e manter a competência de um juiz respectivo quando
houver mais de um juízo competente para o julgamento de uma mesma causa. Conforme
previsto no art. 59 do CPC, o que torna o juízo prevento é o registro ou a distribuição da petição
inicial.
*Para todos verem: quadro.

COMPETÊNCIA

ABSOLUTA RELATIVA

• Interesse Público • Interesse Privado


• Não há possibilidade de modificação de competência • Existe possibilidade de alteração de competência
• Matéria • Territorial (CPC)
• A incompetência absoluta pode ser decretada de • A incompetência não pode ser reconhecida de ofício
ofício e em qualquer grau de jurisdição (art. 64, § 1o do (súmula no 33 do STJ)
CPC) • Precisa ser requerida em preliminar de contestação
• A incompetência absoluta não preclui • Na incompetência relativa incide a preclusão
• O reconhecimento da incompetência não gera a • Prorrogação processual (art. 65 do CPC)
extinção do processo (art. 64 do CPC) • O reconhecimento da incompetência não gera a
extinção do processo (art. 64 do CPC)

Importante, Cabeçones!
O art. 63 do CPC, traz uma exceção. No art. 63 do CPC, temos uma possibilidade do
reconhecimento da incompetência relativa pelo juízo, ou seja, de ofício.
As partes escolhem um foro competente para julgar, por exemplo, as cláusulas de um
contrato. Os contratantes estão, de forma antecipada, definindo onde será produzida as
discussões judiciais relacionadas ao contrato. Mas atenção para quando essa cláusula pode ser
interpretada como abusiva, por exemplo, nos contratos de adesão.
O reconhecimento da incompetência (tanto relativa quando absoluta) gera a remessa dos
autos para o juízo competente, mas não gera a extinção do processo, conforme o art. 64, § 3º,
CPC.

Importante!

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As regras de competência fixadas pelo CPC são territoriais, ou seja, definem o lugar
onde deverá ser proposta a ação. A competência do JEC (Lei no 9.099/1995), JEF (Lei no
10.259/2001) e JEFP (Lei no 12.153/2009) é definida, também, pelo valor da causa (no estado
causas de valor até 40 salários-mínimos e nos juizados federais causas de até 60 salários-
mínimos). A competência do JEC é relativa – em uma lide de competência Estadual de até 40
salários-mínimos, a parte autora pode optar entre ingressar no JEC ou na justiça comum – e a
competência do JEF é absoluta – em uma causa de competência federal de até 60 salários-
mínimos, é obrigatório entrar no JEF, a parte autora não pode escolher. O reconhecimento da
incompetência no JEC ou JEF acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito – art.
51, inciso III, da Lei no 9.099/1995.
*Para todos verem: quadro.

COMPETÊNCIA

Justiça Estadual (Comum) Justiça Federal (Comum) Justiça do Trabalho


Residual art. 109 da CF

1o Grau • Juiz de Direito • Juiz Federal • Juiz do Trabalho


• Relativa • Absoluta • Absoluta

2o Grau • TJ • TRF • TRT


• Cabe recurso para o STJ • Cabe recurso para o STJ • Recurso para o TST
quando houver ofensa a lei quando houver ofensa a lei
federal Federal
• Cabe recurso para o STF • Cabe recurso para o STF
quando houver ofensa à quando houver ofensa à
Constituição Federal Constituição Federal

Exceção constitucional: art. 109, § 3º da CF.

A Constituição Federal traz que, em uma ação contra o INSS, se a comarca do domicílio
do segurado não for sede de vara federal, é possível entrar com essa ação contra o INSS na
justiça estadual. Contudo, de acordo com o § 4º do art. 109 da CF, o recurso cabível nessa
hipótese “será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro
grau”.

Conexão e Continência

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Importante ressaltar que conexão e continência são regras processuais de
modificação de competência, conforme o art. 54 do CPC. Faz-se necessário afirmar também
que não são causas que geram a extinção do processo. A ideia da conexão e da continência é
evitar que aconteçam decisões conflitantes.
A conexão está prevista no art. 55 do CPC e determina que duas ou mais ações podem
se reunir para julgamento conjunto, quando o pedido e a causa de pedir lhes forem comuns;
busca evitar que ações iguais tenham julgamentos diferentes. O critério jurídico processual que
se deve usar para reunir ações conexas está prevista no art. 58 e 59 do CPC, ou seja, a
prevenção se dá através da distribuição da petição inicial. As ações conexas serão reunidas
perante o juízo onde houve a primeira distribuição da inicial.
Atenção para o § 3º do art. 55 do CPC: ainda que não haja relação com o pedido ou com
a causa de pedir, mas existindo qualquer risco de decisão conflitante, devem ser reunidos os
processos para decisão em conjunto. Ainda, é importante prestar atenção à parte final do § 1º
do art. 55 do CPC: quando um processo já houver sido sentenciado, não haverá conexão.
A continência está disciplinada no art. 56 do CPC e determina que, para haver a
modificação de competência, é necessário que duas ou mais ações tenham identidade quanto
às partes e a causa de pedir, e que o pedido de uma, por ser mais amplo, abranja o das demais.
Aqui também ocorre a reunião de duas ou mais ações, visando evitar decisões divergentes. As
regras aplicadas à conexão aplicam-se também à continência.
* Para todos verem: esquema

Conexão:

• Está prevista no artigo 55 do CPC e determina que duas ou mais ações podem se reunir
para julgamento conjunto, quando o pedido e a causa de pedir lhes forem comuns.
• Busca evitar que ações iguais tenham julgamentos diferentes.

Continência:

• Está disciplinada no artigo 56 do CPC e determina que para haver a modificação de


competência é necessário que duas ou mais ações tenham identidade quanto às partes e a
causa de pedir, e que o pedido de uma, por ser mais amplo, abranja o das demais.
• Aqui também ocorre a reunião de duas ou mais ações, visando evitar decisões divergentes.
As regras aplicadas à conexão aplicam-se também a continência.

Prevenção:

• Visa confirmar e manter a competência de um juiz respectivo quando houver mais de um


juízo competente para o julgamento de uma mesma causa.
• Conforme previsto no artigo 59 do CPC, o que torna o juízo prevento é o registro ou a
distribuição da petição inicial.

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4. Dos Sujeitos do processo

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter

4.1 Das Partes e dos Procuradores

Em uma ação, é necessário identificar o autor, aquele que figura no polo ativo da
demanda, ou seja, quem propôs a ação, e o réu, aquele que figura no polo passivo da demanda,
ou seja, contra quem foi proposta a ação.
Ao se falar em pessoa, seja pessoa natural, seja pessoa jurídica, necessita-se
compreender como elas adquirem personalidade, como elas exercem os diretos decorrentes
dessa personalidade.
Juridicamente falando, ter personalidade é ser titular de direitos e obrigações. A
pessoa natural, quando nasce com vida, adquire personalidade e, por consequência, é titular de
direitos e obrigações. A pessoa jurídica adquire personalidade quando os seus atos constitutivos,
seu contrato social, é registrado no local competente.
O exercício desses direitos e dessas obrigações pode ter que acontecer por representante
ou a pessoa deve estar assistida. Há uma diferença entre ter personalidade e poder exercer
esses direitos e essas obrigações sozinho, e para isso devemos avaliar a capacidade.

Da Capacidade Processual

Legalmente, o menor de 16 anos é absolutamente incapaz; a pessoa de 16 a 18 anos


é denominada relativamente incapaz e a pessoa maior de 18 anos é plenamente capaz.
O absolutamente incapaz possui direitos e obrigações, contudo, ele não pode exercer os
direitos e obrigações sozinho, precisa estar representado. O relativamente capaz precisa ser
assistido. A pessoa plenamente capaz exerce sozinha os seus direitos e obrigações.
O menor de 16 anos pode ser autor ou réu de uma ação, todavia, deve exercer os seus
direitos e obrigações por um representante. Ex.: ação de alimentos. Uma criança de seis meses
precisa receber alimentos do pai, então ela será a autora da ação, representada por sua mãe.

Dos Deveres das Partes e de seus Procuradores

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Custas e Despesas Processuais

Foi definido, no art. 82 do CPC, que o autor, ao propor uma ação, deverá fazer o
adiantamento das custas processuais (ou seja, a parte autora deverá fazer o recolhimento das
custas para ter sua ação distribuída). Objetivamente, o Estado cobra para prestar jurisdição.
De acordo com o art. 82, § 2º do CPC, o juiz, ao sentenciar o processo, condenará a parte
vencida ao pagamento ou ressarcimento das custas e despesas que a parte vencedora
antecipou. Essa circunstância decorre da sucumbência, a qual pode ser definida pela
consequência da derrota na ação. A parte vencida será condenada aos ônus de sucumbência.

Justiça gratuita

O art. 82 do CPC prevê que, no caso de justiça gratuita, restará a parte isenta do
pagamento de custas e despesas processuais. Nesse sentido, o art. 98 do CPC garante à pessoa
natural ou jurídica, tanto brasileira, quanto estrangeira, que tenha insuficiência de recursos para
o pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios, o direito à
justiça gratuita.
O direito à justiça gratuita é concedido a qualquer das partes, podendo ser, inclusive, a
um terceiro que interveio no processo, desde que cumpra os requisitos impostos na lei. O pedido
ao benefício poderá ser feito em várias fases do processo: na inicial, contestação, em recursos
ou até mesmo na petição que traz um terceiro ao processo.
No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não podendo o juiz
indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o contrário. Nesse caso, ainda,
antes do indeferimento, a parte tem a oportunidade de provar o contrário, conforme o art. 99, §
2º e 3º do CPC). Diferentemente é a situação da pessoa jurídica, que, para fazer jus à justiça
gratuita, deve provar ser financeiramente hipossuficiente.

Importante, Cabeção!
Caso a parte vencida seja beneficiária da justiça gratuita, ela poderá ser condenada ao
pagamento das custas e dos honorários, conforme o § 2º do art. 98 do CPC. Contudo, de acordo
com o § 3º do art. 98 do CPC, referida condenação é suspensa, por consequência do benefício
da justiça gratuita, pelo prazo de até cinco anos.

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Honorários Advocatícios de Sucumbência

Os honorários advocatícios são a remuneração do advogado, pois o advogado atua


no processo como um prestador de serviço, assim, é possível convencionar com o cliente os
honorários advocatícios. Trata-se da contraprestação pelo serviço prestado.
Os honorários de sucumbências são oriundos de um processo judicial, trata-se de
honorários fixados pelo juiz para pagamento pela parte vencida para o advogado da parte
vencedora. A parte vencida no processo é denominada sucumbente – e deverá arcar com os
ônus desta derrota (da sucumbência).
Dentre os ônus da parte vencida, está o pagamento das custas (art. 82, § 2º do CPC) para
a parte vencedora (como já referido anteriormente). E, por segundo, será também a parte vencida
condenada a pagar os honorários advocatícios ao ADVOGADO da parte vencedora, conforme
previsão expressa do art. 85 do CPC. Tal condenação deverá ser fixada na forma estabelecida
no art. 85, § 2º do CPC.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,
provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos,
cumulativamente.
§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
I – o grau de zelo do profissional;
II – o lugar de prestação do serviço;
III – a natureza e a importância da causa;
IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

De acordo com o art. 85, § 2º do CPC, os honorários serão fixados entre o mínimo de 10
e o máximo de 20 %. Não existe qualquer possibilidade de termos honorários fixados em
percentual superior a 20 %; contudo, existem circunstâncias legais em que é possível a fixação
de honorários em percentual inferior a 10 %, como por exemplo, o caso do art. 90, § 4º e art. 85,
§ 3º, ambos do CPC.
Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em
reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que
desistiu, renunciou ou reconheceu.
§ 4o Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir
integralmente a prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará
os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2o e os seguintes percentuais:
I – mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos;
II – mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-

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mínimos;
III–- mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte
mil) salários-mínimos;
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem
mil) salários-mínimos;
V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.

Ainda, importante ressaltar o § 11 do art. 85 do CPC, pois poderá haver majoração dos
honorários em 2º grau, contudo, o juiz deverá observar o limite de 20 %.
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando
em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso,
o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento.

Dos Procuradores
A parte para litigar em juízo precisar estar representada por advogado. O advogado, para
atuar em nome da parte, precisa ter poderes, os quais serão fixados por procuração, documento
indispensável. Contudo, a segunda parte do art. 104 do CPC traz uma exceção:
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para
evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1o Nas hipóteses previstas no caput , o advogado deverá, independentemente de
caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período
por despacho do juiz.
§ 2o O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi
praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.

Atenção: A procuração não se faz necessária quando o advogado atua em causa própria.

Direitos do advogado – acesso aos autos


O advogado pode ter vista de qualquer processo judicial em tramitação, mesmo sem
procuração, desde que não esteja sob a proteção do segredo de justiça, caso em que é
necessária procuração (art. 107, I do CPC).
Importante lembrar que este mesmo direito é assegurado aos processos eletrônicos,
conforme previsão do art. 107, § 5º do CPC.
Tem o advogado direito à carga (levar consigo) dos autos do processo em tramitação,
situação em que será necessário apresentar procuração (art. 107, II e III do CPC).

17
Importante!
Para que o advogado faça carga dos processos que estão arquivados, não é necessária
procuração (art. 7º, XVI, da Lei no 8.906/1994 – Estatuto da Advocacia e da OAB).

4.2 Do Litisconsórcio

O litisconsórcio ocorre quando duas ou mais pessoas são partes em um mesmo processo:
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou
passivamente, quando:
I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II – entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III – ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase
de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer
a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
§ 2o O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que
recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.

Há algumas classificações importantes quanto ao litisconsórcio, vejamos:

a) Quanto ao polo
No caso de haver mais de um autor, o litisconsórcio será chamado de ativo; havendo mais
de um réu, litisconsórcio passivo; e se houver pluralidade de autores e réus, será chamado de
misto.
b) Quanto à obrigatoriedade
O litisconsórcio também pode ser obrigatório ou facultativo, ou seja, a presença de duas
ou mais pessoas é obrigatória, sob pena da ação não prosseguir.
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza
da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que
devam ser litisconsortes.

Será necessário ou obrigatório quando decorrer de expressa previsão legal, como, por
exemplo, no caso do art. 73 do CPC, que exige que ambos os cônjuges ou companheiros figurem
conjuntamente em ações que versem sobre direito real imobiliário ou, ainda, devido à natureza
da relação entre as partes.
Será facultativo quando derivar apenas da vontade da parte autora, que pode optar por
propor uma única ação contra todos os réus que tenham ligação na demanda (ex: obrigação
solidária).

18
c) Quanto a uniformidade da decisão
Ainda, o litisconsórcio poderá ser simples, quando a sentença não tiver que ser igual para
todos os litisconsortes, ou unitário, quando necessariamente precisar ser igual para todos.

Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz
tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes.

d) Quanto à limitação na formação do litisconsórcio


Por fim, o litisconsórcio será multitudinário quando ocorrer um número elevado de partes
integrantes em um dos polos da ação, e o juiz, ao se deparar com isto, poderá limitar a
quantidade de participantes.

Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou
passivamente, quando:
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase
de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer
a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
§ 2o O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que
recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.

Atenção para o art. 229 do CPC. A possibilidade da incidência do prazo em dobro requer
mais do que litisconsórcio, é necessário também partes com advogados diferentes; esses
advogados devem ser de diferentes escritórios e os autos precisam ser autos físicos. Se não
houver presente os quatro critérios, não haverá a incidência do prazo em dobro.

Atenção!
Existe uma grande confusão entre litisconsórcio e litispendência. Uma coisa não se
relaciona com a outra.
O conceito de litispendência está nos §§ 1º e 2º do art. 337 do CPC. Atenção, a
litispendência se difere de conexão: a conexão trata do mesmo pedido ou da mesma causa de
pedir, não das mesmas partes, e a litispendência trata de duas ações iguais, mesmo pedido,
mesma partes e mesma causa de pedir.
A litispendência é causa de extinção sem resolução do mérito de um processo, conforme
o art. 485, V do CPC. Qual das ações será extinta? De acordo com o art. 240 do CPC, a
primeira ação, se houve citação, permanecerá e a outra será extinta.

19
4.3 Da Intervenção de Terceiros

A Intervenção de Terceiros pode ser definida como oportunidade legalmente concedida à


pessoa não participante de determinada relação jurídica processual para nela atuar ou ser
convocado a atuar, na defesa de interesses jurídicos próprios.
É um fenômeno processual que acontece quando uma pessoa participa sem ser parte
da causa, com o intuito de auxiliar ou excluir os litigantes, para resguardar direitos, ou o
próprio interesse que possa ser prejudicado pela sentença, ou quando é provocado. Nesse
sentido, cabe distinguir o que é considerado parte e o que é terceiro.
O conceito de parte se restringe àquele que participa do processo com parcialidade,
havendo interesse em determinado resultado do julgamento. Em outras palavras, parte é o
sujeito que atua no polo ativo ou passivo da demanda.
Didier Jr., menciona que intervenção de terceiros, pode ser classificada em: espontânea,
forma relativa às situações nas quais o terceiro expressa vontade de intervir na ação em curso
ou provocada, forma alusiva às hipóteses nas quais seu ingresso é obrigatório, caso o juiz da
causa compreenda que os requisitos legais foram preenchidos.
São formas de intervenção de terceiros, classificadas no CPC:

Da Assistência (arts. 119 a 124 do CPC)

O terceiro poderá intervir no processo para assistir uma das partes, ou seja, a assistência
diz respeito ao terceiro juridicamente interessado no resultado do processo. Ainda, a
assistência é admitida em qualquer rito e grau de jurisdição, nos ternos do parágrafo único do
art. 119 do CPC.
Poderá, referido pedido de assistência, ser impugnado, caso uma das partes entenda
que falte ao requerente interesse jurídico para intervir, no prazo de 15 dias, nos ternos do art.
120 e seu parágrafo único do CPC.

Assistência simples (arts. 121 a 123 do CPC)

A primeira forma de assistência está prevista nos arts. 121 a 123 do CPC, qual seja: a
assistência simples.
A atuação do assistente será no auxílio do assistido no desenvolvimento processual, e
assim, poderá requerer e produzir provas, recorrer e peticionar, mas não reconhecer o pedido.

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Tais atribuições determinam sua legitimação processual, entretanto este não tem nenhuma
relação jurídica com a parte divergente.
O assistente simples ingressa no feito com o objetivo de auxiliar uma das partes,
pretendendo ajudá-la para que seja vencedora ao final do processo, ou seja, atua como
legitimado extraordinário no processo, já que atua em nome próprio em prol da defesa de
direito de outras pessoas.

Assistência litisconsorcial (art. 124 do CPC)

O assistente atua como litisconsorte e sentirá, diretamente, os efeitos da coisa julgada,


devido a este ter relação direta com a parte adversa do assistido - o assistente defende o seu
direito em litisconsórcio com o assistido, em juízo.
A assistência litisconsorcial é definida como uma forma de litisconsórcio unitário facultativo
que costuma dar-se no polo ativo, ambiente propício a esta modalidade de terceiro.
Trata-se de modalidade de intervenção de terceiro espontânea, isto é, o terceiro se
transforma em litisconsórcio assistido, sendo seu tratamento deferido de forma igual ao assistido.

Denunciação da lide (arts. 125 a 129 do CPC)


A denunciação a lide encontra amparo no direito regressivo da parte que traz o
terceiro eventualmente responsável pelo ressarcimento dos danos ocasionados pelo processo.
Nesse caso, o terceiro terá qualidade de parte, sendo vinculado à relação jurídica, se
sua participação for requerida tempestivamente pelo Autor ou Réu e desde que citado
regularmente.

Comprador evicto
Supondo que haja um imóvel em litígio entre dois particulares e um deles aliena o imóvel
a terceiro. Posteriormente, é proferida decisão que determina que a casa é de quem não a
alienou. Assim, o adquirente perde o imóvel, ocorrendo a evicção. Dessa forma, o adquirente,
ora evicto, pode denunciar a lide em face do alienante.

Obrigado por lei ou contrato a indenizar regressivamente a parte


Tem abrangência ampla, cabendo em qualquer hipótese de direito regressivo previsto em
lei ou contrato, por exemplo, contrato de seguro.

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A denunciação torna o denunciante e o denunciado litisconsortes na ação originária e na
secundária. O denunciante é adversário do secundário, mas vale dizer que o denunciado não é
titular do direito na demanda principal.

Chamamento ao processo (arts. 130 a 132 do CPC)

É espécie coercitiva de intervenção de terceiros que não depende de concordância, sendo


que a mera citação válida será suficiente para integrar o chamado ao processo.Deve ser feita
dentro do prazo legal, previsto no artigo 131 do CPC, sob pena de preclusão.
São três as hipóteses de cabimento para esta modalidade de intervenção de terceiros
previstas no artigo 130 do CPC:
1. Chamamento do devedor, quando acionado o fiador, que serão
responsáveis solidariamente pelo cumprimento da obrigação principal;
2. Dos demais fiadores, quando a ação for proposta apenas contra um deles;
3. Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de
alguns o pagamento da dívida.

Do Incidente da Desconsideração da Personalidade Jurídica (arts. 133 a 137 do CPC)

É condicionada ao pedido da parte ou do Ministério Público, devendo preencher os


pressupostos previstos em lei, tais como: abuso de personalidade jurídica pelo desvio de
finalidade, confusão patrimonial, entre outros – objetivamente, aqueles previstos no art. 50 do
CC ou 28 do CDC. O pedido incidental é cabível em qualquer momento do processo.
Após a sua instauração, o sócio será citado a se manifestar e requerer a produção das
provas cabíveis no prazo de 15 dias, sendo o incidente resolvido por decisão interlocutória.

Do Amicus curiae (art. 138 do CPC)


Amicus curiae é o “amigo da Corte”, entidade que detém expertise sobre o assunto de que
trata a ação judicial e enriquece o debate com dados acerca da questão discutida. A partir de
seu conceito, é de se esperar que não se admita tal modalidade de intervenção em ações
que versem sobre quaisquer assuntos. É por isso que o caput do artigo 138 do CPC define
que o amicus curiae só poderá figurar em ações cujos temas sejam de grande repercussão para
a sociedade no geral.

22
4.4 Dos Impedimentos e da Suspeição

Faz-se necessário recordar o princípio da imparcialidade. O magistrado, como órgão do


Poder Judiciário, deve atuar com imparcialidade. Atenção, ele não tem que ser neutro, ele tem
que ser imparcial. No entanto, existem circunstâncias que acarretam a sua parcialidade, as quais
são definidas como suspeição e impedimento.
As causas que fundamentam o impedimento estão inseridas no art. 144, e as de
suspeição, no art. 145 do CPC.
Verificada a parcialidade do juiz, através dessas duas hipóteses, não será declarada a
extinção do processo – deverá o magistrado ser afastado do processo, e os autos, encaminhados
ao seu substituto legal (sendo invalidados os atos decisórios praticados até a substituição).

Importante, Cabeçones!
O magistrado pode reconhecer de ofício a sua parcialidade e remeter os autos para o seu
substituto legal. O juiz poderá declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade
de declarar suas razões (§ 1º, art. 145, CPC), protegendo a sua intimidade. Se o magistrado não
reconhecer de ofício a sua parcialidade, no prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato,
a parte deverá alegar o impedimento ou suspeição, em petição específica, dirigida ao juiz do
processo, na qual deverá ser indicado o fundamento da recusa, podendo instrui-la com
documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas (art. 146, CPC).
Se reconhecer o impedimento ou a suspeição, o juiz ordenará imediatamente remessa
dos autos a seu substituto legal. Caso contrário (não reconhecendo sua parcialidade),
determinará a autuação em apartado e, no prazo de 15 dias, deverá apresentar suas razões,
acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando remessa ao
tribunal para que julgue o incidente (§ 1º, art. 146, CPC).
Caberá ao relator, quando ordenada a remessa do incidente ao tribunal, decidir o efeito
suspensivo do incidente.
*Para todos verem: quadro.

IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO

• Causa de parcialidade absoluta. • Causa de parcialidade relativa.


• Pode ser requerida em qualquer momento e qualquer • Tem que respeitar o prazo do art. 146 do CPC.
grau de jurisdição.
• O prazo do art. 146 do CPC não é absoluto para o

23
impedimento.
• O impedimento pode ser alegado até em Ação
Rescisória, ou seja, após o trânsito em julgado.

Atenção para o art. 148 do CPC. Os mesmos motivos de impedimento e suspeição vão
ser aplicados ao Ministério Público, aos auxiliares da justiça e aos demais sujeitos imparciais do
processo.
Quanto à testemunha, impedimento e suspeição serão alegados através da contradita
(art. 457 do CPC): impedimento na forma do art. 447, § 2º do CPC e suspeição na forma do art.
447, § 3º do CPC.

4.5 Do Ministério Público

A atuação do MP pode acontecer como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Sua
atuação como fiscal da ordem jurídica será emitindo parecer/opinião – e esta atuação se restringe
aos casos definidos no art. 178 do CPC.
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como
fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos
processos que envolvam:
I – interesse público ou social;
II – interesse de incapaz;
III – litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de
intervenção do Ministério Público.

Nesses casos definidos no art. 178 do CPC, a intimação do MP será obrigatória (art. 179,
I do CPC), e a falta de intimação acarretará a nulidade do processo (art. 279 do CPC).

Possibilidade de alteração no procedimento


Conforme previsão do art. 190 do CPC, as partes podem estipular, de comum acordo,
mudanças no procedimento.

E, nesse sentido, poderão inclusive criar um calendário processual próprio, conforme art.
191, CPC: “De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso”. Ainda de acordo com o § 1º: “O calendário vincula as partes e
o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos excepcionais,
devidamente justificados”.

24
Atenção ainda para o § 2º do art. 191 do CPC: “Dispensa-se a intimação das partes para
a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no
calendário”.

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5. Dos Atos Processuais

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter

5.1 Da Forma, do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais


Da Forma dos Atos Processuais

O processo consiste em uma sucessão de atos. Atos processuais são os atos humanos
realizados no processo, os quais devem ser praticados em conformidade com o que determina
a lei. Podem ser orais ou por escrito; todavia, sempre que forem orais, serão reduzidos a termo
pelo escrivão, para sua documentação nos autos. Independentemente de sua forma, em regra,
os atos processuais serão públicos, salvo aqueles cuja ação tramitar em segredo de justiça,
conforme o art. 189 do CPC.
É possível a prática de atos processuais também por meio eletrônico.
Atos processuais do juiz: o pronunciamento do juiz poderá ser feito através de sentenças,
decisões interlocutórias e despachos. De acordo com art. 203, §1º, do CPC, sentença é o meio
pelo qual o juiz extingue a ação e a execução, com ou sem resolução do mérito (artigos 487 e
485 do CPC). Decisão interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de
sentença (§2º). E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de
ofício ou a requerimento da parte (§3º).

Possibilidade de alteração no procedimento

Conforme previsão do art. 190 do CPC, as partes podem estipular, de comum acordo,
mudanças no procedimento.
E, nesse sentido, poderão inclusive criar um calendário processual próprio (art. 191 do
CPC).

Importante!
O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão
modificados em casos excepcionais, devidamente justificados (§1º, art. 191 do CPC).
Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de
audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário (§2º, art. 191, CPC).

26
Atos processuais do juiz

O pronunciamento do juiz poderá ser feito através de sentenças, decisões


interlocutórias e despachos.
De acordo com art. 203, § 1º do CPC, sentença é o meio pelo qual o juiz extingue a ação
(art. 316 do CPC), com ou sem resolução do mérito (arts. 487 e 485 do CPC).
Decisão interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de
sentença (§ 2º), que não gera a extinção do processo.
E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de ofício ou a
requerimento da parte (§ 3º): são manifestações do juiz, não atingem as partes, e dessa forma,
são manifestações irrecorríveis, na forma do art. 1.001 do CPC.
Existem outros atos do juiz nos Tribunais. Os juízes se manifestam nos outros tribunais
por decisão monocrática ou por acórdão.

* Para todos verem: esquema

Decisão monocrática (exceção):

• trata-se da decisão do relator (art. 932 do CPC).

Acórdão (regra):

• decisão proferida por um colegiado, ou seja, por um grupo de juízes.


Essa decisão pode ser unânime ou por maioria.

Do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais

Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas, conforme o art.
212 do CPC; contudo, essa informação não quer dizer que o Poder Judiciário precise estar aberto
durante esse horário. Observe o § 3º do art. 212 do CPC: “Quando o ato tiver de ser praticado
por meio de petição em autos não eletrônicos, essa deverá ser protocolada no horário de
funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei de organização judiciária local”.
O caput do art. 212 do CPC traz um limite de horário, porém, cada lei de organização
judiciária tem competência para definir o seu horário de funcionamento, por consequência, a
regra é que o advogado deve protocolar um recurso, por exemplo, no horário de funcionamento
do fórum ou tribunal, se os autos não forem eletrônicos.

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Quando se tratar de prática eletrônica de ato processual, é necessário observar o art. 213
do CPC: “A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte
e quatro) horas do último dia do prazo”. Assim, se o prazo processual é de autos eletrônicos, o
advogado pode protocolar o recurso, por exemplo, até as 23h59min do último dia do prazo.

Dos Prazos

Os prazos, no Direito Processual Civil, serão contados apenas em dias úteis, na forma
do art. 219 do CPC. Para contagem dos prazos, como regra, será identificado o dia do começo
(art. 231 do CPC), excluindo-se tal dia conforme o art. 224 do CPC, ou seja, exclui-se o dia
do começo e inclui-se o do final.

Importante!
Na contagem de prazos quando a intimação acontecer via publicação no Diário da Justiça
Eletrônico, serão levados em consideração os §§ 2º e 3º do art. 224 do CPC. Além disso,
conforme inovação do inciso IX do art. 231, deve-se atentar ao dia de começo do prazo para as
intimações feitas por meio eletrônico. Configura-se no quinto dia útil posterior à confirmação de
recebimento da mensagem intimatória.

Para as partes, a consequência da não observância dos prazos processuais é a


preclusão temporal, ou seja, a perda do direito de manifestação. Trata-se de um mecanismo
que gera a perda da faculdade processual, ou seja, a parte não poderá mais praticar
determinado ato processual, podendo ser gerada por não ter sido exercida no tempo devido
(preclusão temporal), na forma do art. 223 do CPC: “Decorrido o prazo, extingue-se o direito de
praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando
assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa”.
Ademais, importante ressaltar que, é possível cumprir um ato processual antes mesmo do
início da contagem do prazo, conforme o § 4º do art. 218 do CPC: “Será considerado tempestivo
o ato praticado antes do termo inicial do prazo”.
Ainda há a preclusão lógica, na qual a parte deixa de ter a possibilidade de praticar
algum ato, diante de já ter realizado ato anterior incompatível com ele. Exemplo: art. 1.000 do
CPC. E, por fim, há a preclusão consumativa, que se trata da impossibilidade de a parte refazer

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ou aperfeiçoar algum ato já realizado. Por exemplo: a reconvenção deverá ser apresentada junto
com a contestação, nem antes, nem depois, junto.

Suspensão e Interrupção de Prazos

Ainda, apesar de não termos esse assunto expressamente no CPC, é importante observar
as regras quanto à suspensão e à interrupção de prazos.
Quanto à suspensão de um prazo: por exemplo, em um prazo de 15 dias. Se o prazo
for suspenso no quinto dia, encerrada a causa suspensiva do prazo, tem-se mais dez dias, ou
seja, a causa suspensiva está encerrada, e faz com que se conte o restante do prazo.
Na interrupção de um prazo, encerrada a causa interruptiva, tem-se todo o prazo, não
apenas o restante. Assim, se o prazo era de 15 dias e a interrupção aconteceu no quinto dia,
encerrada a causa interruptiva do prazo, a parte terá novamente os 15 dias.

Importante, Cabeçones!
• Ocorrendo uma causa interruptiva de prazo, terminada a interrupção, o prazo reiniciará
na sua integralidade (terminada a causa interruptiva, a parte tem todo o prazo de volta).
Emergindo uma causa suspensiva, encerrada a mesma, a parte terá apenas o que restou
(o saldo) do prazo.

O magistrado também deverá obedecer a prazos processuais, na forma do art. 226 do


CPC.
Contudo, ao contrário da parte – que, não cumprindo um prazo, incide a preclusão, ou
seja, perde o direito de praticar um ato –, contra os atos do magistrado não incide a preclusão.
O magistrado que exceder os prazos processuais haverá representação, nos termos do
art. 235 do CPC: “Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá
representar ao corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator
que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno”.

Causas que geram modificação do prazo

O MP, conforme o art. 180 do CPC, goza de prazo em dobro para se manifestar nos autos.
Ainda, de acordo com o art. 183 do CPC: “A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para

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todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação
pessoal”. A Defensoria Pública (art. 186 do CPC) também incidirá o prazo em dobro, bem como
no caso do art. 229 do CPC, sobre o litisconsórcio com diferentes procuradores de escritórios
distintos.

Importante, Cabeçones!
Conforme o § 2º do 229 do CPC, tal dispositivo não se aplica aos processos em autos
eletrônicos.

5.2 Da Comunicação dos Atos Processuais

Comunicação dos atos processuais


Existem atos processuais que podem acontecer fora dos dias e dos horários estipulados
no art. 212 do CPC. Existem formas de comunicação de atos processuais, sendo elas: citação e
intimação. A citação é a forma pela qual o réu toma conhecimento de que existe uma ação
contra ele e, a partir desse ato, abre a oportunidade de o réu se defender. No processo civil, a
citação ocorre apenas para o réu, uma única vez, e os demais atos processuais são comunicados
através da intimação. A intimação, no processo civil, é avisar as partes ou qualquer outro terceiro
que por acaso intervir no processo, para fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

Citação

A partir da alteração do CPC ocorrida em 2021, a citação eletrônica se tornou a regra


(preferencial), conforme art. 246 do CPC, assim como a intimação, na forma do art. 270 do CPC.
Diante dessa regra, a contagem do prazo, quando a comunicação do ato for eletrônica, também
foi alterada, sendo incluído o inciso IX ao art. 231: “o quinto dia útil seguinte à confirmação, na
forma prevista na mensagem de citação, do recebimento da citação realizada por meio
eletrônico”.
Importante destacar a referência de que as citações e intimações serão sempre
acompanhadas das orientações para confirmação, conforme art. 246, § 4º: “As citações por
correio eletrônico serão acompanhadas das orientações para realização da confirmação de
recebimento e de código identificador que permitirá a sua identificação na página eletrônica do
órgão judicial citante”.

30
Destaque-se ainda que a citação deverá ser efetivada em até 45 dias após a
propositura da ação, conforme o art. 238, parágrafo único, do CPC. Nessa mesma linha, fixou
o caput do art. 246 do CPC que a citação deve acontecer em até dois dias úteis da decisão que
a determinar:
E, não menos importante, a ausência de confirmação, em até três dias, gera a
necessidade de que a citação ocorra de forma não eletrônica, conforme o art. 246, § 1º-A do
CPC.
É necessário atentar-se para que a falta de confirmação deve ser justificada, sob pena de
configurar ato atentatório a dignidade da justiça, conforme § 1º-C do art. 246 do CPC: “Considera-
se ato atentatório à dignidade da justiça, passível de multa de até 5 % (cinco por cento) do valor
da causa, deixar de confirmar no prazo legal, sem justa causa, o recebimento da citação recebida
por meio eletrônico”.

Importante, Cabeçones!
A microempresa e a empresa de pequeno porte somente serão citadas pelo método antigo
se não tiverem o endereço eletrônico cadastrado, conforme previsão do § 5º do art. 246 do CPC:
“As microempresas e as pequenas empresas somente se sujeitam ao disposto no § 1º deste
artigo quando não possuírem endereço eletrônico cadastrado no sistema integrado da Rede
Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim)”.
Vale recordar que as empresas públicas e privadas têm obrigação de manter cadastro, na
forma do § 1º do art. 246 do CPC: “As empresas públicas e privadas são obrigadas a manter
cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações
e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio”.
As situações em que não será possível a citação de forma eletrônica encontra-se no art.
247 do CPC.

Intimação

Intimação é a forma de dar ciência às partes sobre atos e termos do processo,


conforme estabelece o art. 269 do CPC, e pode acontecer nas mesmas circunstâncias da
citação.
O diferencial é a chamada intimação direta, que é feita pelo advogado de uma das partes
para o advogado da parte adversa, na forma do art. 269, §§ 1º e 2º do CPC, visando a celeridade

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do ato processual. Essa intimação deve ser comprovada nos autos, mediante juntada de aviso
de recebimento com a descrição dos documentos enviados.

Cartas

Segundo o art. 67 do CPC, as cartas são formas de cooperação entre órgãos


jurisdicionais. O art. 69, § 2º do CPC, elenca alguns atos processuais que poderão ser
produzidos via cartas. Os tipos de cartas existentes estão definidos no art. 237 do CPC:
Nesses casos, compete ao STJ autorizar o cumprimento da carta rogatória passiva,
chamado exequatur (art. 105, I, i da CF).
Cuidado, Cabeçones! O STJ apenas vai autorizar a execução da carta rogatória, pois
quem vai de fato executar, escutar a testemunha ou parte, será o juiz federal (art. 109, X da CF).

Das Nulidades

Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os requisitos de
validade e acarretar algum prejuízo. Se o juiz identificar uma nulidade durante o processo,
ordenará que seja corrigida, avaliando, inclusive, se os atos posteriores que dele dependam
também devem ser reparados.
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§ 1o O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte.
§ 2o Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.

A nulidade de um ato só poderá anular os atos posteriores que dele dependam, não
prejudicando os atos posteriores independentes, conforme disciplina o art. 281 do CPC: “Anulado
o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele dependam, todavia, a
nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam independentes”.
De acordo com o art. 277 do CPC, o ato será considerado válido pelo juiz, desde que
tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha sido realizado de
forma contrária à lei. Isso porque se adota o princípio da instrumentalidade das formas, que
diz que a forma é necessária apenas para que o ato alcance o seu objetivo, e se atingir o objetivo
por outro meio, não existirá o vício (exemplo: o réu é citado de forma incorreta, mas comparece
à audiência e se defende – o ato que inicialmente era nulo se tornará válido).

32
Importante!
Identificando que o ato processual, mesmo nulo, não trouxe prejuízo e alcançou a sua
finalidade, não será decretada sua nulidade.

Do Valor da Causa

Toda petição inicial deverá ter, obrigatoriamente, valor da causa. O valor da causa, como
regra, corresponde ao valor do pedido ou dos pedidos, caso ocorra a cumulação, ou seja, mais
de um pedido, conforme o art. 292 do CPC. Contudo, importante observar o inciso III do art. 292
do CPC: “na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor”.
O § 3º do art. 292 do CPC traz uma importante informação, qual seja: “O juiz corrigirá, de
ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo
patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se
procederá ao recolhimento das custas correspondentes”.
Importante!
A parte deverá juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço
completo (art. 105, § 2º do CPC). A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão,
decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c art. 104,
ambos do CPC). Importa destacar ainda que, se o autor for absolutamente ou relativamente
incapaz, deverá ser indicado a pessoa que o representa ou assiste.

33
6. Da Tutela Provisória

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter

6.1 Disposições Gerais - arts. 294 a 299

As tutelas provisórias são divididas em Evidência e Urgência.


A tutela provisória de evidência somente poderá ser pedida (e concedida/deferida) nos
casos do art. 311 do CPC – e sua análise será incidental.
Por outro lado, a tutela de urgência exige, para sua concessão, a presença dos requisitos
do art. 300 do CPC (podendo ser requerida e analisada de forma incidente ou antecedente).
A Tutela de Urgência ainda se subdivide em Antecipada (garantir direitos materiais) e
Cautelar (garantir direitos processuais).
Especificamente as tutelas de urgência poderão ser requeridas de forma antecedente – a
antecipada antecedente está regulada nos arts. 303 e 304 do CPC, enquanto a cautelar
antecedente tem sua regulação no art. 305 e seguintes do CPC.
* Para todos verem: esquema

Antecedente
Antecipada
Incidente
Urgência
Antecedente
Tutela
Cautelar
provisória
Incidente
Evidência Incidente

Cessa eficácia da tutela antecedente

Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:


I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o
processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado
à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.

34
O cidadão busca do Poder Judiciário a solução de um conflito de interesses, a solução de
uma lide. O Poder Judiciário possui jurisdição, ou seja, possui poder-dever de solucionar um
litígio. Contudo, o que o cidadão quer do Poder Judiciário é definido como tutela jurisdicional –
decisão do conflito levado a juízo.
A tutela jurisdicional possui uma classificação, sendo ela:
* Para todos verem: esquema

Tutela definitiva:

• tutela que põe fim ao conflito de interesses levado a juízo.

Tutela provisória:

• é uma decisão provisória, ainda não definitiva. Pretende-se uma


decisão provisória no decorrer do processo, ainda não definitiva, pois
ela ainda pode ser modificada. As tutelas provisórias são divididas em:
tutela de evidência e tutela de urgência.

O pedido da tutela provisória de evidência deverá estar fundamentado em um direito


claro e objetivo, em um direito evidente. Essa tutela somente poderá ser pedida e
concedida/deferida nos casos previstos no art. 311 do CPC e sua análise será incidental.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de
perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório
da parte;
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do
contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;
IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos
do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

Por outro lado, a tutela de urgência exige, para sua concessão, a presença dos requisitos
do art. 300 do CPC, podendo ser requerida e analisada de forma incidente ou antecedente.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução
real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer,
podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.

35
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

A tutela de urgência necessita de probabilidade do direito, ou seja, é um direito provável,


ainda não é concreto. É necessário indicar ao Judiciário indícios de que exista esse direito. Faz-
se necessário, ainda, demonstrar que exista perigo de dano – não é possível esperar até a
concessão da tutela definitiva, é preciso uma decisão judicial naquele momento para se evitar
que o direito pretendido sofra dano irreparável – ou demonstrar que exista risco de o processo
não alcançar resultado útil – diante de uma atitude da outra parte: isso é, corre-se o risco de a
ação proposta não alcançar o resultado útil, necessitando-se de uma decisão que garanta que
essa ação possa alcançar resultado útil, por exemplo, quando o devedor começa a se desfazer
de seu patrimônio.

A tutela de urgência ainda se subdivide em:


* Para todos verem: esquema

Tutela de urgência antecipada:


• quando a urgência incidir sobre direitos materiais.

Tutela de urgência cautelar:


• quando a urgência incidir sobre direitos processuais.

Importante Cabeção!
A tutela provisória poderá ser pedida e concedida tanto ao autor, quanto ao réu, em
qualquer momento do processo. Inclusive, é possível requerer a tutela provisória em 2º grau (art.
932, II do CPC).
As decisões interlocutórias que dizem respeito às tutelas provisórias são passíveis de
recurso, ou seja, são decisões recorríveis. O art. 1.015, inciso I do CPC menciona que:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
I – tutelas provisórias;

O pedido de tutela provisório pode ser feito de duas maneiras, de forma incidental e de
forma antecedente, vejamos:

36
* Para todos verem: esquema

De forma incidental:

• é o pedido normal, dentro do processo. Pode ser tanto de


tutela provisória de urgência como de evidência.

De forma antecedente:

• é o pedido antes de se entrar com a ação. Existe uma


grande necessidade de uma decisão judicial. Esse pedido só
ocorre na tutela provisória de urgência e é baseado nos arts.
303 ou 305 do CPC.

Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição
inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de
tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano
ou do risco ao resultado útil do processo.
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I – o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a
juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze)
dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;
II – o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma
do art. 334 ;
III – não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do
art. 335 .
§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo, o processo
será extinto sem resolução do mérito.
§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-á nos mesmos
autos, sem incidência de novas custas processuais.
§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor
da causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela final.
§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto
no caput deste artigo.
§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão
jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de
ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se
objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza
antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.

Importante!
O instituto da estabilização da tutela provisória somente será aplicável nos pedidos de
tutela provisória de urgência antecipada antecedente (art. 304 do CPC). Esse pedido precisa ser
deferido e que não haja recurso.

Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da
decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 1o No caso previsto no caput , o processo será extinto.
§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou
invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput .

37
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou
invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o.
§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi
concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento
o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste
artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o
processo, nos termos do § 1o.
§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos
respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar,
proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo.

38
7. Formação, Suspensão e Extinção do processo

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter

7.1 Da Formação do Processo

Conforme o art. 312 do CPC, considera-se proposta a ação quando a petição inicial for
protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no
art. 240, também do CPC, depois que for validamente citado.

7.2 Da Suspensão do Processo

Das causas de suspensão, elencadas no artigo 313 do CPC, algumas são aplicáveis a
todos os tipos (I, II, III e VI), outras são específicas do processo de conhecimento (IV e V), já as
do processo de execução são tratadas no artigo 921 do CPC.

7.3 Da Extinção do Processo


Conforme o art. 316 do CPC, a extinção do processo dar-se-á por sentença e, ainda, na
forma do art. 317 do CPC, antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá
conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.

39
8. Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de
Sentença

Prof. Leonardo Fetter


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8.1 Do Procedimento Comum

Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário no


CPC ou de lei, ainda, o procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais
procedimentos especiais e ao processo de execução, conforme o art. 318 do CPC.

Da Petição Inicial

Quando existe um conflito de interesses e a pessoa não consegue solucionar de forma


consensual com a outra parte, é necessário buscar no Poder Judiciário essa solução. O juiz não
age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessária a iniciativa da parte através da petição
inicial.
A petição inicial deve obedecer aos requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC.

Importante, Cabeção!
A petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não que seja designada audiência de
conciliação ou mediação (art. 334 do CPC).

Conforme o exposto nos arts. 322 e 324 do CPC, os pedidos da petição inicial devem ser
certos e determinados; em outras palavras, o pedido não pode ser presumido – o que o autor
não pediu o juiz não pode julgar – e não pode ser genérico. Excepcionalmente, o pedido poderá
ser genérico, conforme o § 1º do art. 324 do CPC.

Importante!
Há possibilidade de alteração dos pedidos, de acordo com o art. 329 do CPC.

40
Emenda da Petição Inicial

Se a petição inicial estiver irregular, por faltar algum dos requisitos dos arts. 319 e 320 do
CPC, ou apresentar defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, o juiz
determinará que o autor emende ou a complete, no prazo de 15 dias (informando, com precisão,
o que deve ser corrigido ou completado – art. 321, do CPC).
Não cumprida tal diligência, a petição inicial será indeferida (art. 321, parágrafo único, do
CPC) – restando a ação extinta sem resolução do mérito, na forma do art. 485, I do CPC.

Indeferimento da Petição Inicial

As hipóteses de indeferimento são aquelas previstas no art. 330, CPC. Identificada pelo
magistrado alguma das situações do art. 330 do CPC, deverá intimar o autor para
emendar/completar a inicial (art. 321, c/c o art. 317 do CPC).
A decisão que indefere a inicial, por gerar a extinção sem resolução do mérito (art. 485, I
do CPC), é uma sentença (art. 316 do CPC) recorrível via recurso de apelação.
No caso de apelação, segundo o art. 331, do CPC, o juiz poderá retratar-se de sua decisão
de indeferimento, no prazo de cinco dias; se não se retratar, o réu será citado para responder ao
recurso.

Da Improcedência liminar do pedido

Quando o juiz verificar que a inicial preenche os requisitos, determinará a citação do réu
para que possa ser integrado ao processo, mas se verificar uma das hipóteses do art. 332, do
CPC, estará autorizado a proferir decisão liminar de total improcedência, sentença essa com
resolução do mérito, conforme o art. 487, I do CPC.
Para que não viole o princípio da ampla defesa e do contraditório, o juiz deverá ouvir o
autor.
No entanto, não é necessária a oitiva do réu pois as causas de improcedência liminar não
prejudicam o réu, apenas ao autor, ademais, essa decisão liminar ocorre antes da citação do
réu.
Assim como no indeferimento, a improcedência liminar gera a extinção (mas com mérito)
– dessa forma, tal decisão será classificada como sentença (art. 316 do CPC), restando a
apelação como recurso adequado (art. 1009 do CPC).

41
Vale recordar, ainda, que interposta a apelação o juiz poderá retratar-se no prazo de cinco
dias, se houve a retratação o juiz irá determinar o prosseguimento do processo, com a citação
do réu, contudo se não houver retratação, determinará que o réu apresente contrarrazões, no
prazo de 15 dias.

Importante, Cabeção!
Também pode configurar causa/fundamento para a improcedência liminar dos pedidos a
identificação de prescrição ou decadência (art. 332, § 1o do CPC) – neste caso, haverá extinção
com resolução de mérito conforme o art. 487, II do CPC.
Para que não viole o princípio da ampla defesa e do contraditório, o juiz deverá ouvir o
autor. No entanto, não é necessária a oitiva do réu, pois as causas de improcedência liminar não
prejudicam o réu, apenas ao autor; ademais, essa decisão liminar ocorre antes da citação do
réu.

Da Audiência de Conciliação ou de Mediação

De acordo com o art. 334 do CPC, o juiz, ao receber a petição, e se não for caso de
improcedência liminar ou indeferimento, deverá designar a audiência de conciliação ou mediação
com antecedência mínima de 30 dias, sendo o réu citado em pelo menos 20 dias antes da
audiência.
Lembrando que, de acordo com o art. 319, inciso VII do CPC, o autor deverá mencionar
na petição inicial a opção pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação;
contudo, para não ocorrer a audiência, ambas as partes deverão demonstrar desinteresse.
Também não será realizada se o juiz, ao receber a inicial, entender que não é o caso de
autocomposição, situação em que mandará citar o réu para contestar, conforme o art. 334, § 4º
do CPC.
O autor deve afirmar seu desinteresse na petição inicial, e o réu, em até dez dias antes
da audiência, por simples petição, art. 334, § 5º do CPC: “O autor deverá indicar, na petição
inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada
com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência”. Ainda, o § 6º do art. 334 do
CPC traz a situação do litisconsórcio: “Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da
audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes”.

42
É possível que a audiência de conciliação ou de mediação possa realizar-se por meio
eletrônico? Sim, de acordo com o § 7º do art. 334 do CPC: “A audiência de conciliação ou de
mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei”.
Ocorrendo a audiência, o comparecimento das partes é obrigatório, sob pena de ato
atentatório contra a dignidade da justiça e sob pena de multa de 2% da vantagem econômica
pretendida ou do valor da causa, conforme o exposto no art. 334, § 8º do CPC.

Importante, Cabeçones!
O benefício da justiça gratuita não afasta a incidência de multa, ou seja, o fato de a parte
que, por qualquer razão, receber uma multa processual ser beneficiária da justiça gratuita não a
isenta do pagamento.

As partes devem comparecer e estarem acompanhadas de seus respectivos advogados


ou defensores públicos, art. 334, § 9º do CPC. Contudo, se a parte não puder comparecer,
poderá ser representada por seu advogado, desde que tenha procuração com poderes
específicos, na forma do art. 334, §10 do CPC.
A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença, conforme o
§ 11 do art. 334 do CPC. Dessa forma, estamos diante de uma decisão de mérito.

Estruturação da Petição Inicial


Próxima página.

43
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA
DE...

AUTOR..., nacionalidade..., estado civil... (ou existência de união estável - verificar


enunciado), profissão..., portador da Cédula de Identidade nº..., inscrito no CPF sob o nº...,
com endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., por seu procurador/advogado (procuração em anexo), vem, com fundamento no
artigo..., propor a presente

AÇÃO..., em face (contra) de

RÉU..., nacionalidade..., estado civil...(ou existência de união estável - verificar enunciado),


profissão..., portador da Cédula de Identidade nº..., inscrito no CPF sob o nº..., com endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

I – DOS FATOS:

Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da ação, conforme o
problema fornecido pela FGV.

II – DO DIREITO: (OU DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS)

Trazer a fundamentação legal da ação.

III – DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer o Autor:

44
a) O recebimento da presente ação e a concessão da justiça gratuita – art. 98/99 do CPC
(se for o caso, conforme o enunciado;
b) Requer a concessão da tutela provisória para o fim de... (verificar se é o caso de tutela
provisória conforme enunciado);
c) A tramitação preferencial do presente feito (se for o caso do enunciado), tendo em vista
o art. ... (verificar art. 1.048 do Código de Processo Civil e legislação especial
eventualmente cabível ao caso, ex.: estatuto do idoso);
d) Requer a distribuição por dependência aos autos do processo nº... (caso seja
pertinente);
e) Nos termos do artigo 319, inciso VII do Código de Processo Civil, manifesta o Autor o
seu... pela realização da audiência de conciliação ou mediação (verificar enunciado da
FGV);
f) Requer a citação do Réu para comparecer à audiência de conciliação ou mediação;
g) Requer a intimação do procurador do Autor para que tome ciência da data aprazada
para audiência de mediação e conciliação;
h) A produção de toda a prova em direito admitida, em especial...
i) A total procedência da ação com o fim de... (condenar, ou constituir um direito, ou
declarar);
j) A condenação do demandado nas custas (art. 82, parágrafo segundo) e honorários
advocatícios (artigo 85 do Código de Processo Civil);

Valor da causa: Dá à causa do valor de R$.. (art. 292 do Código de Processo Civil)

Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...

Advogado...
OAB...

45
46
47
48
Contestação

O Direito Processual Civil obedece ao devido processo legal, assim, após a primeira
manifestação do autor, que se dá através da petição inicial, o réu deve ter a oportunidade de se
defender. A forma processual do réu/demandado de apresentar sua defesa é chamada de
contestação. Deverá ser protocolada no prazo de 15 dias, obedecido o art. 335 do CPC.
A contestação é dividida em dois momentos, sendo eles a defesa processual e a defesa
de mérito. A defesa processual é denominada preliminares, e o réu encontra-se limitado ao rol
apresentado no art. 337 do CPC, ou seja, não cabe ao réu trazer em preliminar algo que não
esteja elencado no referido artigo. A defesa de mérito é a contestação, específica e objetiva, dos
fatos e dos pedidos que o autor alegou na petição inicial, de acordo com o art. 336 do CPC.

Princípio da eventualidade ou da concentração de defesa

Ao contrário do que ocorrer na petição inicial, a contestação não possui requisitos a serem
preenchidos obrigatoriamente. Cabe ao réu alegar na contestação toda matéria de defesa, de
forma específica, expondo as razões de fato e de direito para impugnar o pedido do autor (art.
336, do CPC).

Preliminares

Quanto às preliminares, vale recordar algumas situações específicas:


a) Incorreção do valor da causa: A não impugnação pelo réu gera a preclusão, isto é,
de acordo com o art. 293, do CPC, não haverá outro momento para impugnar o valor da causa.
b) Ausência de legitimidade ou de interesse processual – art. 337, XI do CPC: neste
caso será permitido ao autor, segundo o art. 338 do CPC, concordar com a alegação de
ilegitimidade do réu, aceitando a sua exclusão e redirecionando a ação contra o demandado
correto.
c) Indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça – art. 337, XIII do CPC:
se a gratuidade da justiça for concedida após a petição inicial, o pedido de revogação será
formulado por petição simples, no prazo de 15 dias (art. 100, caput, CPC).

49
Ônus da impugnação especificada

O réu não pode apresentar, como regra, contestação genérica, devendo enfrentar de
forma específica tudo aquilo que foi alegado pelo autor, na petição inicial. E, aqui, fato não
contestado será considerado presumidamente verdadeiro, conforme o art. 341 do CPC.
Excepcionalmente, conforme previsão do art. 341, parágrafo único do CPC, será
autorizada e permitida a contestação genérica. O réu pode então, na contestação, apresentar
sua defesa processual (as denominadas preliminares, previstas no art. 337 do CPC) e de mérito
(rebatendo de forma específica os fatos – art. 341 do CPC – e os pedidos, art. 336 do CPC).
Todas as alegações, documentos e provas o autor precisa trazer na inicial, da mesma
forma, o réu tem a mesma obrigação com a contestação, assim, a lide está limitada pelos fatos
trazidos na inicial e na contestação. Contudo, de acordo com o art. 342 do CPC, é lícito ao réu,
depois da contestação, deduzir novas alegações quando:
I – relativas a direito ou a fato superveniente;
II – competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III – por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau
de jurisdição.

Estruturação da Contestação
Próxima página.

50
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CÍVEL
COMARCA (preencher os dados conforme o enunciado)

Autos do Processo número... (preencher conforme o enunciado)

NOME DO RÉU, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador da Cédula de


Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua...,
número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., por seu procurador (procuração em anexo),
vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 335, caput e inciso
... e 343, todos do Código de Processo Civil, oferecer
CONTESTAÇÃO,

nos autos da ação ... movida por NOME DO AUTOR, nacionalidade..., estado civil...,
profissão..., portador da Cédula de Identidade..., CPF..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

TEMPESTIVIDADE:
Demonstrar que está apresentando a contestação de forma tempestiva, de acordo
se foi realizada a audiência de conciliação ou mediação, ou se foi tal audiência
cancelada por vontade das partes (ou, ainda, se foi o réu citado diretamente para
contestar)

SÍNTESE DA INICIAL

Fazer um resumo do que a Autor está pedindo na inicial.

PRELIMINARMENTE
Faz-se esse tópico caso tenha que se alegar alguma das matérias enumeradas
no art. 337, do CPC/15.

51
DO MÉRITO
Aqui se impugna a versão autoral, ou seja, todas as alegações de fato feitas pelo Autor
na inicial (e constantes do enunciado) – art. 341

Também é o momento de contestar os pedidos – art. 336

E também, caso constante do enunciado, trazer e argumentar fato impeditivo,


modificativo ou extintivo do direito do Autor

DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Réu:
a) O recebimento da presente contestação, eis que tempestiva (se houver indicação no
enunciado, fazer pedido de justiça gratuita)

b) O acolhimento da preliminar de...com fundamento no art. 337 (se existir tal


possibilidade conforme o enunciado).

Como o acolhimento da preliminar, deve ser verificada a consequência de tal


acolhimento (ex.: remessa dos autos para o juízo competente, caso seja incompetência;
extinção do processo sem resolução do mérito se for ilegitimidade; correção do valor da
causa...etc.).

d) Produção de todos os meios de prova em direito admitidos

d) Caso não acolhida a preliminar, requer a improcedência total dos pedidos da petição
inicial, com a extinção do processo com resolução de mérito (487, I) Se for prescrição ou
decadência, o fundamento será o 487, II

52
OBS.: Por exemplo, pode ocorrer a possibilidade de, subsidiariamente, em caso de
procedência do pedido principal, o que se admite apenas por hipótese, seja reduzido o
valor do dano material pretendido pelo Autor (de acordo com o problema da FGV)

e) A condenação do Autor ao pagamento das custas processuais (art. 82, parágrafo


segundo) e honorários advocatícios (art. 85)

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...

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54
55
Reconvenção

Além da contestação, o réu poderá se valer da reconvenção para contra-atacar o autor,


isto é, através da reconvenção, o réu poderá formular pretensões, assim como fez o autor na
petição inicial.
Segundo a expressa previsão do art. 343 do CPC, deverá a reconvenção ser apresentada
na contestação.
Atenção: a reconvenção não será apresentada em peça separada. A reconvenção é um
tópico dentro da contestação, produzindo pedidos próprios e, consequentemente, apresentada
no prazo da contestação.

Importante!
Só a contestação não terá valor da causa, mas a contestação com a reconvenção terá
valor da causa, ou seja, deverá apresentar o valor da reconvenção, na forma do art. 292 do CPC.

Há possibilidade de o réu que não deseja contestar apresentar apenas a reconvenção,


conforme o § 6º do art. 343 do CPC. Ainda, a desistência da ação ou a ocorrência de alguma
causa extintiva que impeça o exame do mérito da petição inicial não prejudicará o
prosseguimento do processo quanto à reconvenção (§ 2º, do art. 343 do CPC).

Estruturação da Contestação com Reconvenção


Próxima página.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CÍVEL
COMARCA (preencher os dados conforme o enunciado)

Autos do Processo número... (preencher conforme o enunciado)

NOME DO RÉU, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador da Cédula de


Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., número...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., por seu procurador (procuração em anexo), vem à presença
de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 335, caput e inciso ... e 343, todos do
Código de Processo Civil, oferecer
CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO,
nos autos da ação ... movida por NOME DO AUTOR, nacionalidade..., estado civil...,
profissão..., portador da Cédula de Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente
e domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas:

TEMPESTIVIDADE:
Demonstrar que está apresentando a contestação de forma tempestiva, de acordo
se foi realizada a audiência de conciliação ou mediação, ou se foi tal audiência cancelada
por vontade das partes (ou, ainda, se foi o réu citado diretamente para contestar)

Destacar que a reconvenção também é tempestiva porque conforme o art. 343,

caput do CPC é apresentada com a contestação.

SÍNTESE DA INICIAL

Fazer um resumo do que a Autor está pedindo na inicial.

PRELIMINARMENTE

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Faz-se esse tópico caso tenha que se alegar alguma das matérias enumeradas no art.
337, do CPC/15.

DO MÉRITO
Aqui se impugna a versão autoral, ou seja, todas as alegações de fato feitas pelo Autor
na inicial (e constantes do enunciado) – art. 341

Também é o momento de contestar os pedidos – art. 336

E também, caso constante do enunciado, trazer e argumentar fato impeditivo, modificativo


ou extintivo do direito do Autor
DA RECONVENÇÃO:
a) Dos fatos da reconvenção:
Narrar a razão pela qual o Réu Reconvinte está pleiteando algo em face do Autor
Reconvindo.
b) Dos fundamentos jurídicos da Reconvenção:
Trazer os argumentos jurídicos que fundamentam a pretensão do Réu Reconvinte em face
do Autor Reconvindo.
c) Exposição dos pedidos da Reconvenção – deixar clara a pretensão, o que pretende o
réu com a reconvenção

d) Valor da causa : Diante da expressa exigência legal – art. 292 – atribui a Reconvenção
o valor da causa de .....

DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Réu:
a) O recebimento da presente contestação com reconvenção, eis que tempestiva (se
houver indicação no enunciado, fazer pedido de justiça gratuita)

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b) A intimação do Autor Reconvindo na pessoa do seu advogado para no prazo de 15
dias apresentar resposta à Reconvenção, na forma do §1º do artigo 343 do CPC;
c) O acolhimento da preliminar de...com fundamento no art. 337 (se existir tal
possibilidade conforme o enunciado).

Como o acolhimento da preliminar, deve ser verificada a consequência de tal


acolhimento (ex.: remessa dos autos para o juízo competente, caso seja incompetência;
extinção do processo sem resolução do mérito se for ilegitimidade; correção do valor da
causa...etc.).

d) Produção de todos os meios de prova em direito admitidos

d) Caso não acolhida a preliminar, requer a improcedência total dos pedidos da


petição inicial, com a extinção do processo com resolução de mérito (487, I)

Se for prescrição ou decadência, o fundamento será o 487, II

OBS.: Por exemplo, pode ocorrer a possibilidade de, subsidiariamente, em caso de


procedência do pedido principal, o que se admite apenas por hipótese, seja reduzido o
valor do dano material pretendido pelo Autor (de acordo com o problema da FGV)

e) Quanto a Reconvenção, reitera (expor o pedido – ou pedidos – condenatórios,


constitutivos ou declaratórios referentes a reconvenção).

f) A condenação do Autor ao pagamento das custas processuais (art. 82, parágrafo


segundo) e honorários advocatícios (art. 85)

Termos em que,
Pede deferimento.

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Local..., data...
Advogado...
OAB...

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61
Revelia

A revelia é configurada pela inércia do réu, que deixa de apresentar defesa em relação
aos fatos narrados na inicial – objetivamente, ocorrerá à revelia quando o réu não apresentar
contestação, ou apresentar de forma intempestiva.
Efeitos da revelia
De regra, à revelia do réu acarreta a presunção de veracidade dos fatos narrados na
petição inicial (art. 344, segunda parte do CPC) e a desnecessidade de sua intimação para os
demais atos do processo caso não tenha constituído procurador nos autos.
Importante observar o art. 345 do CPC, pois o referido artigo traz hipóteses que afastam
a aplicação dos efeitos da revelia: em outras palavras, de acordo com o art. 345 do CPC, o réu
que não contestar a ação permanece revel, mas contra ele não há presunção de veracidade dos
fatos.
Atenção ainda para o art. 349 do CPC: “Ao réu revel será lícita a produção de provas,
contrapostas às alegações do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar
os atos processuais indispensáveis a essa produção”. Assim, ao réu, habilitando-se no processo,
através de seu advogado, é permitida a produção de provas, em qualquer fase do processo,
conforme o parágrafo único do art. 346 do CPC.

Do Julgamento Conforme o Estado do Processo

Se já foram cumpridas as providências preliminares, o juiz procederá ao julgamento


conforme estado do processo, momento em que deverá analisar o destino da relação processual.
Assim, ocorrendo qualquer hipótese prevista nos arts. 485 e 487, incisos II e III do CPC, o juiz
proferirá sentença, conforme art. 354, do CPC.
Essa decisão poderá ser apenas uma parcela do processo, caso em que será impugnável
por agravo de instrumento, conforme parágrafo único do art. 354, CPC.

Julgamento antecipado do mérito – total

Reconhecendo o magistrado a desnecessidade de produção de mais provas em audiência


de instrução e julgamento (provas orais, periciais e inspeção judicial), estará autorizado a proferir
sentença com resolução de mérito, segundo art. 355, do CPC.

62
Atenção, Cabeçones!
Nesse caso, todos os pedidos serão julgados e, assim, essa decisão extinguirá o processo
com resolução do mérito, na forma do art. 487, I do CPC. Essa decisão é uma sentença, assim,
será recorrível via apelação, nos termos do art. 1.009 do CPC.

Julgamento antecipado parcial do mérito – Art. 356 do CPC

O CPC também contempla a possibilidade de serem proferidas decisões parciais de


mérito, ou seja, o juiz entende que alguns pedidos não necessitam de produção de provas e já
estão maduros para serem julgados. Esses pedidos terão o mérito julgado e o processo
prosseguirá quanto aos demais pedidos.

Atenção!
À decisão de julgamento antecipado parcial do mérito, cabe agravo de instrumento, como
instrumento correto para impugnação, segundo o § 5º, do art. 356, do Código de Processo Civil.
Nessa decisão, o juiz não está extinguindo o processo.

Decisão de Organização e Saneamento do processo

Passada a fase de providências preliminar e não sendo o caso de julgamento antecipado


do mérito, o juiz proferirá decisão de organização e saneamento do processo, conforme art. 357
do CPC:
* Para todos verem: esquema

I – Resolvendo e julgando as questões processuais pendentes;

II – Fixando os fatos controvertidos (os quais serão objeto de produção probatória);

III – Estabelecendo o ônus (obrigação) de produzir a prova (respeitado o art. 373);

IV – Definindo os meios de prova;

V – Identificando as questões de direito relevantes (até em respeito ao art. 10);

VI – Aprazando audiência de instrução e julgamento, caso necessário.

Havendo necessidade de produção de prova testemunhal, o juiz fixará o prazo não


superior a 15 dias para que as partes apresentem o rol de testemunhas, não superior a dez e no
máximo três para cada fato, nos termos dos §§ 4º e 6º do art. 357 do CPC. Ainda, nos termos do

63
§ 7º do mesmo dispositivo legal, o juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta
a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

Importante!
Pode o juiz, se entender necessário, marcar uma audiência de saneamento em
cooperação, prevista no § 3º do art. 357 do CPC, com o objetivo de tomar as decisões referentes
ao saneamento nesta audiência. Caso seja marcada a audiência nos termos do art. 357, § 3º do
CPC, o prazo para arrolar testemunhas muda, devendo o rol de testemunhas ser apresentado
na audiência de saneamento, conforme o mesmo art. 357, § 5º, CPC.

Da Audiência de Instrução e Julgamento

A audiência de instrução serve, basicamente, para produzir prova oral, conforme art. 361
do CPC, podendo, ainda, neste ato, serem esclarecidas questões de perícia, produzir debates
orais e decidir a causa. A audiência é pública, ressalvada algumas exceções legais (art. 368 e
189, CPC).
Segundo os incisos do art. 361 do CPC, acontecerá nesta audiência a ouvida do perito e
assistentes técnicos (se existente a prova pericial), os depoimentos pessoais do autor e do réu
(ouvida das partes) e a inquirição de testemunhas.

A possibilidade de adiamento de tal audiência está prevista no art. 362, nas


hipóteses de:
* Para todos verem: esquema

64
Importante, cabeçones!
O Juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela parte cujo advogado ou
defensor público não tenha comparecido nem tenha se justificado, aplicando a mesma regra ao
Ministério Público (§ 2º do art. 362, CPC).

Finda a instrução, o juiz passará a palavra para o advogado do autor, logo depois, ao
advogado do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção.
Cada um terá o prazo de 20 minutos, que poderá ser prorrogado por mais dez minutos, se o juiz
achar necessário (art. 364, CPC).
Quando a causa apresentar complexidade em fatos ou de direito, o debate oral poderá
ser substituído por razões finais escritas (antigamente classificados como memoriais), que serão
apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de
intervenção, em prazos sucessivos de 15 dias para cada, sendo assegurada vista aos autos (§
2º, art. 364, CPC). Encerrados os debates orais ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá
sentença em audiência ou no prazo de 30 dias (art. 366, CPC).

Das Provas

Conceito de prova

A prova é um instrumento ou meio hábil para demonstrar a existência de um fato. O objeto


da prova serão, então, os fatos controvertidos, aqueles que têm mais de uma versão nos autos.
Conforme o art. 369 do CPC: “As partes têm o direito de empregar todos os meios legais,
bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do
juiz”. São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, segundo o inciso LVI,
do art. 5º da Constituição Federal.
Não dependem de prova, de acordo com o art. 374 do CPC, os fatos:
I – notórios: de conhecimento geral, como datas históricas;
II – afirmados por uma parte e confessados pela outra parte: quando a parte confirma as
alegações da parte contrária;
III – admitidos no processo como incontroversos;
IV – em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Cabe ao juiz apreciar a prova constante nos autos, independentemente de quem a tiver
promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento, conforme o art.
371 do CPC.

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A quem cabe o requerimento de produção de provas? As partes, em regra, têm o
dever de requer a produção das provas e cabe ao Poder Judiciário deferi-las ou não. O juiz não
pode substituir a vontade de uma das partes determinando a produção de alguma prova que a
parte não produziu ou nem mesmo citou, exceto quando se tratar de direito indisponível, ocasião
em que poderá solicitar de ofício a produção de provas, tratando-se de uma exceção.

Ônus da prova

Caberá o ônus da prova ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao réu,
quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Essa é a regra
geral, conforme art. 373, CPC.
O art. 373, § 1º do CPC autoriza o julgador, mediante decisão fundamentada, a inverter o
ônus da prova – é a chamada distribuição diversa do ônus da prova ou distribuição dinâmica.
Essa alteração ou inversão do ônus da prova também poderá ser acertada entre as partes,
conforme prevê os §§ 3º e 4º do art. 373 do CPC.

Prova emprestada

Em nome do princípio da economia processual e da celeridade, o juiz poderá admitir


a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar
adequado, observado o contraditório, conforme o art. 372 do CPC.

Produção antecipada de prova

A prova pode ser antecipada, nos termos do art. 381 do CPC:

* Para todos verem: esquema

66
Prova em espécie

a) Ata notarial: é um documento lavrado pelo tabelião de notas exclusivamente, que tem
a finalidade de atestar a existência ou o estado de coisas.
b) Depoimento pessoal: depoimento das partes – autor e réu. Cabe à parte adversa
requerer o depoimento pessoal da outra parte, conforme art. 385, do CPC.

Importante, Cabeçone!
Em caso de pessoa jurídica, o depoimento poderá ser prestado por seus representantes
legais ou prepostos indicados pelo contrato social, desde que tenham poderes para isso e,
obviamente, tenham conhecimento dos fatos.
As partes serão ouvidas em separado, sendo vedado a quem ainda não depôs assistir ao
interrogatório da outra parte, de acordo com o art. 385, § 2º, CPC.
Somente não será obrigada a prestar depoimento pessoal nas hipóteses elencadas no
art. 388, do CPC, ou seja, nestes casos, a negativa de prestar depoimento ou de responder às
perguntas não acarretará a pena de confissão.

c) Confissão: segundo o art. 389 do CPC, há confissão quando a parte admite a verdade
de um fato contrário ao seu próprio interesse e favorável aos interesses do adversário.
Quanto à eficácia da confissão por representante (art. 392, § 2º, CPC e art. 213, parágrafo
único, CC), é possível a confissão espontânea feita pelo representante legal. Contudo, quem
confessa é o representado, o representante é quem apresentará a confissão espontânea ao
magistrado, ou seja, ele é mero condutor da vontade declarada pelo real confitente.
Para isso serão necessários poderes especiais (arts. 390, § 1º, e 105, ambos do CPC). A
confissão, uma vez feita, é irrevogável, salvo se for provado que ela acontece em decorrência
de erro de fato ou coação (art. 393, caput, do CPC) – nesse caso, poderá ser anulada.
d) Exibição de documento ou coisa: o juiz pode ordenar que a parte exiba documento
ou coisa que se encontre em seu poder, conforme o art. 396 do CPC, sempre que o exame
desses bens seja útil ou necessário para a instrução processual.
Quando o juiz não admitirá a recusa da exibição por parte do demandado? Se o
requerido não efetuar a exibição, nem fizer nenhuma declaração no prazo de cinco dias, o juiz
admitirá como verdadeiros os fatos que a parte contrária pretendia demonstrar pelo documento

67
ou coisa a ser exibida (art. 400, I, CPC) – ou, ainda, se a recusa de exibição for ilegítima (art.
400, II, CPC).
e) Prova documental: conceito e força probante. Documentos podem ser públicos ou
particulares. Ex.: desenhos, fotografias, gravações sonoras, filmes cinematográficos etc.
• Documentos públicos: o documento público faz prova não só da sua formação, mas
também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor
declararem que ocorreram em sua presença (art. 405, CPC).
• Documentos particulares: são, por óbvio, aqueles que não ocorrem por
interferência de órgão público em sua elaboração.
O documento particular de cuja autenticidade não se duvida prova que o seu autor fez a
declaração que lhe é atribuída (art. 412, CPC).
O valor do documento particular cessa, conforme o art. 428, CPC.
Art. 428. Cessa a fé do documento particular quando:
I – for impugnada sua autenticidade e enquanto não se comprovar sua veracidade;
II – assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por preenchimento abusivo.
Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que recebeu documento assinado com
texto não escrito no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si ou por meio de outrem,
violando o pacto feito com o signatário.

A quem cabe o dever de produzir a prova documental? Incumbe à parte instituir a


petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas alegações (art.
434, CPC), cabendo à parte diversa manifestar-se aos documentos anexados. Sempre que uma
das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá a outra parte, no prazo de
15 dias, podendo esse prazo ser dilatado, levando-se em consideração a complexidade da
documentação (art. 437, §1º CPC).
f) Prova testemunhal: a prova testemunhal é um dos meios mais utilizados no processo
civil, e consiste na inquirição em audiência de pessoas que não sejam as próprias partes, que
tenham presenciado ou possam contribuir para os fatos relevantes no julgamento.
A prova testemunhal, em regra, será sempre admissível:
Art. 442. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.

Art. 443. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:


I - já provados por documento ou confissão da parte;
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.

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Direitos e deveres da testemunha

Qualquer pessoa poderá depor como testemunhas, exceto as incapazes, impedidas ou


suspeitas (art. 447 do CPC). A pessoa que depõe na condição de testemunha assumirá e
prestará o compromisso de dizer a verdade.
Quando necessário, a oitiva de testemunhas impedidas, menores ou suspeitas (§ 4º do
447, CPC), isto é, seus depoimentos serão prestados independentemente de compromisso de
se dizer a verdade (ou seja, como informantes) e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer
(§ 5º do 447, CPC).

Produção da prova testemunhal

O momento adequado para requerer a prova testemunhal é a petição inicial (para o autor),
na contestação (para o réu), ou, então, na fase de especificação da prova, durante as
providências preliminares (fase de saneamento).
Será na decisão de saneamento que o juiz irá determinar quais provas serão deferidas e
quais testemunhas serão ouvidas, sendo designada audiência de instrução para sua oitiva.
Cada parte poderá arrolar até dez testemunhas, três para cada fato, podendo o juiz
dispensar as que considerar impertinentes (art. 357, § 6º, CPC).

Contradita

Tem direito à contradita a parte, caso a testemunha seja impedida, suspeita ou incapaz
de contraditá-la – ou seja, demonstrar que o depoente não pode prestar depoimento sob o
juramento (compromisso de dizer a verdade).
A contradita aceita pelo juiz não impede o depoimento, apenas retira do depoente a
condição de testemunha, passando para informante (o qual depõem sem o compromisso de dizer
a verdade.

Intimação da testemunha

Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada,


dispensando, assim, a intimação pelo juiz (art. 455, caput, CPC).

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A intimação deve ser realizada por carta com aviso de recebimento (AR), devendo o
advogado juntá-la aos autos, com antecedência de três dias da data da audiência, cópia do AR
e do comprovante de recebimento pela testemunha (art. 455, § 1º, CPC).
A testemunha que, intimada por AR ou pela via judicial, deixar de comparecer sem motivo
justificado será conduzida e responderá pelas despesas do adiamento (§ 5º do art. 455, CPC).

Importante!
Quando arrolados como testemunhas, as pessoas (autoridades) elencadas no art. 454,
elas terão o direito de prestar o depoimento no seu domicílio ou local de trabalho.

g) Prova pericial: a prova pericial é o meio utilizado quando a apuração dos fatos exige
estudos técnicos, conhecimento de profissionais especializados em determinadas áreas. Nestes
casos, são nomeados peritos, que realizam exame, vistoria ou avaliação. Quando a prova não
for complexa, poderá o juiz de ofício ou a requerimento das partes substituir a perícia por prova
técnica simplificada, que consiste na inquirição de especialista. O juiz, ao nomear o perito, fixará
a data da entrega do laudo e caberá às partes, dentro de 15 dias contados da intimação da
decisão que nomeou o perito, apresentar, se for o caso, impedimento ou suspeição, indicar
assistente técnico e apresentar quesitos (que poderão ser indeferidos pelo juízo, caso sejam
impertinentes). Ciente da nomeação o perito apresentará em cinco dias, nos termos do art. 465,
§ 2º do CPC.
Poderá o juiz determinar o pagamento da metade dos honorários do perito antes de os
trabalhos começarem sendo o restante pago posteriormente a sua conclusão, depois de
entregue o laudo e prestados os esclarecimentos necessários, nos termos do art. 465, § 4º do
CPC. As partes podem escolher o perito, nos termos do art. 471 do CPC, ou seja, indicando-o
mediante requerimento, desde que estejam em comum acordo, sejam capazes e a causa possa
ser resolvida por autocomposição. E, mesmo indicando o perito, poderão indicar também
assistente técnico.

Sentença

A sentença é ato do juiz que extingue o processo, conforme o art. 316 do CPC, com ou
sem resolução do mérito (arts. 485 e 487, do CPC). O Poder Judiciário julga o mérito quando

70
julga os pedidos. Conforme o art. 490 do CPC, “o juiz resolverá o mérito acolhendo ou rejeitando,
no todo ou em parte, os pedidos formulados pelas partes”.
Atenção, o juiz só pode julgar o que foi pedido, ele está sempre vinculado aos pedidos. A
sentença possui limites que, se não respeitados, provocam sua nulidade: são as chamadas
sentenças ultra petita, citra petita e extra petita.
Sentença extra petita é aquela que o juiz julga pedido que não foi proposto pelo autor.
Sentença ultra petita é aquela que o juiz condena o réu em quantidade superior à pedida. A
sentença infra ou citra petita é quando o juiz deixa de apreciar algum pedido da parte, no caso
de haver cumulação de pedidos.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.

Uma vez publicada a sentença, em regra, o juiz não pode mais alterá-la. Contudo, os arts.
494 e 505 do CPC trazem duas exceções:
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I – para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros
de cálculo;
II – por meio de embargos de declaração.

Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma
lide, salvo:
I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado
de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na
sentença;
II – nos demais casos prescritos em lei.

Sentença terminativa

A sentença terminativa põe fim ao processo, sem resolver o mérito, conforme o art. 485
do CPC, e o direito à ação permanece, mesmo após proferida a sentença.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I – indeferir a petição inicial;
II – o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III – por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa
por mais de 30 (trinta) dias;
IV – verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e
regular do processo;
V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo
arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição
legal; e

71
X – nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para
suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas,
e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos
honorários de advogado.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer
tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da
ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor
depende de requerimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo,
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

Sentença de mérito

A sentença de mérito é aquela que decide o mérito da questão, no todo ou em parte,


decisão essa com resolução do mérito, segundo o art. 487, do CPC.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III – homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332 , a prescrição e a decadência
não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-
se.

No art. 487, inciso I, encontra-se a forma mais completa de extinção da causa com
resolução do mérito. Ela ocorre quando o juiz acolhe ou rejeita (no todo ou em parte) o pedido
formulado na ação (inicial) ou na reconvenção. O inciso II traz a resolução do mérito também
quando o juiz reconhecer a prescrição ou a decadência (importante observar que o dispositivo
autoriza ao juízo o reconhecimento da prescrição ou da decadência de ofício). E, por fim, também
haverá resolução do mérito quando o juiz homologar o reconhecimento do pedido (art. 487, III,
“a” do CPC), transação (art. 487, III, “b” do CPC) e a renúncia à pretensão formulada na ação ou
na reconvenção (Art. 487, III, “c” do CPC).

Extinção Sem Resolução do Mérito

A extinção sem resolução do mérito (art. 485 do CPC) não gera coisa julgada material (art.
502 do CPC) e não impede que o autor entre novamente com a mesma ação (art. 486 do CPC).

72
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte
proponha de novo a ação.
§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII
do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença
sem resolução do mérito.
§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do
depósito das custas e dos honorários de advogado.
§ 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa,
não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada,
entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

A desistência da ação, como causa de extinção sem resolução do mérito, pode ser
apresentada até a sentença (art. 485, § 5º do CPC), antes do oferecimento da contestação sem
necessidade de consentimento do réu; se o pedido ocorrer depois da contestação, será
necessário o consentimento do réu (art. 485, § 4º do CPC).
Quando ocorre o falecimento do titular do direito intransmissível, o direito se extingue com
a pessoa do titular, conforme o inciso IX (no entanto, quando o direito for transmissível, aplica-
se o art. 110 do CPC, sem a extinção, mas sim com a sucessão da parte falecida pelos seus
herdeiros ou sucessores).

Importante!
Identificar os conceitos de perempção (art. 486, § 3º do CPC), litispendência (art. 337, §§
1º, 2º e 3º do CPC) e coisa julgada (art. 337, §§ 1º e 4º, e art. 502, ambos do CPC).

Coisa Julgada

A coisa julgada é o feito que atinge a decisão de mérito não mais sujeita a recurso,
tornando-a imutável e indiscutível, ou seja, ela não pode mais ser alterada, conforme o art. 502
do CPC: “Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a
decisão de mérito não mais sujeita a recurso”. Ultrapassado o prazo para o recurso – ou seja, 15
dias, sem recurso –, o prazo transitará em julgado, e essa decisão adquirirá a qualidade de coisa
julgada.
A decisão sem mérito não mais sujeita a recurso gera a denominada coisa julgada formal
(a qual permite que se promova uma nova ação discutindo e buscando os mesmos pedidos –
art. 486 do CPC).

73
Importante, Cabeçones!
Nenhum juiz pode decidir questões já decididas anteriormente (efeito da coisa julgada);
todavia, existem exceções previstas nos incisos do art. 505, I e II do CPC. A coisa julgada não
atinge terceiros (que não participaram do processo) – art. 506 do CPC. Não é permitido às partes
discutirem novamente questões já decididas e preclusas (art. 507 do CPC).

Remessa necessária

Nestes casos, se não for interposta apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa
dos autos ao tribunal, e se não o fizer, deverá o presidente do respectivo tribunal avocá-los.

Esta regra da remessa necessária comporta duas exceções:

a) Quanto ao valor (art. 496, § 3º do CPC). Não se aplicará a remessa necessária quando
a condenação for inferior a:
I –1.000 (mil) salários-mínimos para a União e respectivas autarquias e fundações de
direito público;
II –500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal e respectivas
autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos
Estados; e
III –100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias
e fundações de direito público.

b) Também não se aplicará o reexame necessário, conforme o art. 496, § 4º do CPC,


quando a sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo
do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

Ação Rescisória

A ação rescisória serve, apenas, para atacar a coisa julgada. A única forma de propor
uma ação rescisória é atacar decisões de mérito que adquiriram qualidade de coisa julgada. Mas
atenção: só cabe ação rescisória se a decisão estiver fundamentada em um dos requisitos do
art. 966 do CPC.

74
Ainda, pode ser proposta no prazo de dois anos a partir do trânsito em julgado, conforme
o art. 975 do CPC. A ação rescisória é uma ação de competência originária. A competência para
julgar a rescisória é do Tribunal.
O art. 968 do CPC traz que um dos requisitos da ação rescisória é: “II – depositar a
importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação
seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente”.

8.2 Do Cumprimento da Sentença

Execução de Título Judicial – Cumprimento de Sentença

O cumprimento de sentença é utilizado quando o credor tem um título executivo judicial


(rol de títulos executivos judiciais no art. 515, CPC). Para que seja iniciado o cumprimento de
sentença, é necessária a presença de três requisitos:

1) o título executivo judicial;


2) inadimplemento do devedor;
3) iniciativa do exequente (513, § 1º, do CPC).

É possível fazer o cumprimento de sentença de decisões interlocutórias (ex.: fixação


liminar de alimentos), cumprimento de sentença provisório (quando a decisão exigida ainda pode
ser modificada) e, ainda, cumprimento de sentença definitivo (sentença já transitada em julgado).

Cumprimento de sentença de quantia certa

Para que o cumprimento de sentença seja iniciado, é necessária a manifestação do


credor, através de petição nos mesmos autos, requerendo a intimação do devedor para que
efetue o pagamento do débito no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 523 do CPC. O
devedor será intimado na forma do art. 513, § 2º do CPC. Não ocorrendo o pagamento voluntário,
de acordo com o art. 523 § 1º do CPC, “o débito será acrescido de multa de dez por cento e,
também, de honorários de advogado de dez por cento.” Em caso de pagamento parcial do débito,
aplica-se o § 2º: “Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os
honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante”.

75
Penhora de bens

Todas as regras de penhora que se aplicam à execução de título extrajudicial aplicar-se-


ão também ao cumprimento de sentença.

Protesto da decisão judicial

A possibilidade de protesto da decisão judicial transitada em julgado está prevista no art.


517 do CPC: A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos
da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523 do CPC.

A possibilidade de negativação do nome do devedor

Além do protesto, o CPC prevê a possibilidade da negativação do nome do executado no


cadastro dos inadimplentes até que efetive o pagamento do valor devido, garanta o cumprimento
de sentença ou até que o processo seja extinto por outro motivo, conforme art. 782, § 3º, do
CPC. O exequente poderá requerer, na petição inicial, a inclusão do executado no cadastro de
inadimplentes, conforme previsão do art. 782, § 3º, do CPC. A inscrição no cadastro será
imediatamente cancelada no caso do pagamento da dívida, se garantida a execução ou se a
execução for extinta por qualquer outro motivo, na forma do art. 782, § 4º do CPC.

Impugnação ao cumprimento de sentença

A impugnação é o meio adequado de defesa do devedor no cumprimento de sentença


(título executivo judicial), tratando-se de incidente da fase de cumprimento de sentença, julgado
por intermédio de decisão interlocutória. O prazo para apresentação de impugnação ao
cumprimento de sentença é de 15 dias após o decurso do prazo para pagamento voluntário,
independentemente de penhora ou nova intimação, conforme art. 525 do CPC.
Prazo em dobro: diferentemente dos embargos, aplica-se, na impugnação, o prazo em
dobro previsto no art. 229 do CPC.
A impugnação ao cumprimento de sentença ocorre por intermédio de petição direcionada
ao juízo da execução, nos próprios autos, devendo seu mérito basear-se de acordo com os
fundamentos do art. 525, § 1o, do CPC. Além disso, caso o impugnante deseje, deverá formular
o pedido do efeito suspensivo. Caso a impugnação esteja de acordo com os requisitos legais, o

76
juiz a receberá e determinará a intimação do impugnado (exequente) para apresentar sua
resposta no prazo de 15 dias.

Cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública

Constituído o título judicial contra a Fazenda Pública, no cumprimento de sentença deve


constar cálculo discriminado do valor do débito, de acordo com os requisitos previstos no art.
534, do CPC. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 dias e nos próprios autos,
impugnar a execução, podendo arguir as matérias elencadas nos incisos do art. 535, do CPC.
Se a Fazenda Pública não apresentar impugnação, será expedido o precatório ou requisição de
pequeno valor.
Os precatórios referentes à créditos alimentares terão preferência sobre os demais,
conforme súmula no 144 do STJ: “Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência,
desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa”.

Do Cumprimento da Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de


Pagar Quantia Certa pela Fazenda Pública

Constituído o título judicial contra a Fazenda Pública, o cumprimento de sentença deve


constar cálculo discriminado do valor do débito de acordo com os requisitos previstos no art. 534,
do CPC.
A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga,
remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de trinta dias e nos próprios autos,
impugnar a execução, podendo arguir as matérias elencadas nos incisos do art. 535, do CPC.
Se a Fazenda Pública não apresentar impugnação, será expedido o precatório ou
requisição de pequeno valor.
Os precatórios referentes à créditos alimentares terão preferência sobre os demais,
conforme súmula n.º 144 do STJ: “Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência,
desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa”.

77
9. Do Processo de Execução

Prof. Leonardo Fetter


@prof.fetter

9.1 Execução de título extrajudicial, penhora, impenhorabilidade, fraude a execução,


embargos à execução

A ação de execução exige a existência de um título ou obrigação executável. Este título


pode ser judicial (conforme art. 515 CPC) ou extrajudicial (aqueles elencados art. 784 CPC), a
fim de que a atividade executiva seja exercida. O legislador resolveu denominar a execução
baseada em título judicial de cumprimento de sentença, mas não são apenas as sentenças os
títulos executivos judiciais, mas sim todos aqueles definidos no art. 515 do CPC.

Legitimidade na execução

A legitimidade ativa para propor a execução está prevista no art. 778 do CPC.
Importante realçar o caso da sub-rogação na fiança, pois quando o fiador paga a dívida
pelo afiançado está autorizado a executá-lo nos autos do mesmo processo. É o que dispõem os
arts. 831 do CC e 794 § 2º do CPC.

Importante, cabeçones!

Outro legitimado ativo da execução previsto na doutrina é o advogado. O art. 23 da Lei no


8.906/1994 conferiu ao advogado o direito de executar os honorários advocatícios de
sucumbência.
Os legitimados do polo passivo da execução estão previstos no art. 779 do CPC. O art.
779, II do CPC prevê a possibilidade de figurar como executado o espólio, os herdeiros ou os
sucessores do devedor. Importante destacar que a execução deverá respeitar os limites da
herança.
Sobre a legitimidade passiva prevista no art. 779, III do CPC (novo devedor que assumiu
com consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo), é importante destacar
a necessidade de concordância prévia do credor, já que o devedor responde com seus bens pela
execução.

78
O caso do art. 779, IV, do CPC é aquele em que figura no polo passivo da execução o
fiador do débito constante em título extrajudicial. É importante frisar que o fiador, caso não tenha
renunciado, tem direito ao benefício de ordem (art. 827 CC), podendo requerer que sejam
executados primeiramente os bens do devedor, sitos no mesmo munícipio, livres e
desembargados (tantos quantos bastarem para quitação do débito).
Quanto à cumulação de dois ou mais títulos na mesma execução, não há nenhum
impedimento legal, desde que os títulos apresentem os requisitos de cumulação previstos nos
arts. 327 § 1º e 780 do CPC.

Requisitos do título executivo (judicial e extrajudicial)

O art. 783 do CPC dispõem que: “A execução para cobrança de crédito fundar-se-á
sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”.
Ou seja:
*Para todos verem: esquema.

Obrigação representada no
título deve ter

Certeza: exposição da
Liquidez: exata obrigação no título, com Exigibilidade: a obrigação
quantidade de obrigação. exposição do devedor, deve estar apta a ser
É o quantum. qual a obrigação e exigida (art. 786, CPC)
requisitos da lei.

Responsabilidade patrimonial

A lei sempre vai prever uma possibilidade de pagamento voluntário do devedor, ou seja,
um prazo. Não pagando a dívida, não existindo o pagamento voluntário, a forma de se alcançar
a satisfação do crédito será infletir sobre o patrimônio do devedor. O mecanismo para acessar o
patrimônio do devedor é a penhora.

Penhora de Bens

Uma vez promovida a execução e não quitado o débito voluntariamente, buscar-se-á a


penhora dos bens de propriedade do devedor (seu patrimônio), de acordo com o art. 835 do
CPC.

79
Importante, cabeção!
Destaca-se que a penhora nada mais é do que a individualização dos bens que serão
afetados pelo pagamento da obrigação. O art. 854, do CPC, na linha desta preferência, regula a
penhora on-line, que ocorre quando o juiz determina o bloqueio de valores diretamente da conta
do devedor, através da emissão de comandos às unidades supervisoras das instituições
financeiras.
Todavia, o legislador resolveu preservar determinados bens, tornando-os impenhoráveis.
O rol dos bens impenhoráveis encontra-se no art. 833 do CPC.

Poupança: art. 833, X, do CPC: “A impenhorabilidade dos bens depositados na caderneta


de poupança é limitada a 40 salários-mínimos”.
Caso o devedor possua diversas cadernetas de poupança, o limite de impenhorabilidade
deve considerar a soma de todas elas.
Dívida relativa ao próprio bem: lembre-se de que a impenhorabilidade não é oponível à
execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição, na
forma do art. 833, § 1º do CPC.
Boxe de estacionamento: caso o boxe do estacionamento tenha matrícula
individualizada, poderá ser objeto de penhora (súmula no 449 do STJ). O art. 833, § 2º é
categórico ao afirmar que a impenhorabilidade prevista nos incisos IV e X não se aplica aos
casos de penhora para pagamento de prestação alimentícia. A segunda parte do inciso 2º do art.
833 refere-se à possibilidade de penhora dos ganhos excedentes a 50 salários-mínimos
mensais, seja qual for a origem da obrigação.
Impenhorabilidade do bem de família: previsão na Lei no 8.009/1990. O imóvel
residencial familiar é impenhorável por dívidas de qualquer natureza.
Exceção: pode haver penhora do bem de família nos casos previstos no art. 3o da Lei no
8.009/1990.

Fraude a Execução X Fraude contra Credores


Tanto a fraude contra execução quanto a fraude contra credores visam atacar o
desfazimento do patrimônio pelo devedor. A fraude contra credores é um defeito do negócio
jurídico previsto nos arts. 158-165 do Código Civil. Ocorre fraude contra credores quando o
devedor se desfaz do seu patrimônio antes de iniciado o processo judicial (que não precisa ser
necessariamente uma ação de execução), ficando totalmente insolvente para adimplir as

80
obrigações assumidas. Para atacar a fraude contra credores, é possível valer-se da Ação
Pauliana ou Ação Revocatória com o objetivo de anular o negócio jurídico viciado pela fraude.
Deve-se provar na ação o consilium fraudis, ou seja, que o devedor e o terceiro adquirente de
seus bens tinham o objetivo de fraudar o adimplemento do débito. Observa-se, ainda, que a ação
deve conter o pedido de nulidade da transferência dos bens.
A fraude contra a execução tem previsão processual e atenta contra o credor e contra o
Poder Judiciário, já que a alienação dos bens ocorre somente após a ciência da ação de
execução. O pedido de reconhecimento de fraude contra a execução poderá ser feito através de
petição e seu reconhecimento poderá ocorrer nos próprios autos da ação de execução.

Importante, cabeçones!
Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se
quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 dias, conforme art. 792, § 4º, do CPC.
Ainda, o art. 828 do CPC permite que o exequente obtenha certidão comprobatória da admissão
da execução a fim de averbar no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens passiveis de
penhora. Após a averbação, é considerado fraude à execução à alienação do bem – § 4º do art.
828 do CPC.

Súmulas Importantes
Súmula no 364 do STJ: “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrangem
também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas ou divorciadas e viúvas.”
Súmula no 449 do STJ: “A vaga de garagem possui matrícula própria no registro de
imóveis e não constitui bem de família, podendo ser penhorada.”
Súmula no 486 do STJ: “É impenhorável o único imóvel do devedor que esteja locado a
terceiros, desde que a renda obtida com a locação se reverta para subsistência ou moradia
da família.”

Como se transforma o bem penhorado em pagamento?

A expropriação dos bens é o meio pelo qual o credor alcançará a satisfação de seu
crédito na execução por quantia certa e consiste na adjudicação, alienação ou apropriação de
frutos e rendimentos de empresa ou estabelecimento e de outros bens.
A adjudicação ocorre quando o bem móvel ou imóvel penhorado é transferido para o
credor a fim de satisfazer seu crédito e nunca poderá ocorrer por valor inferior ao da avaliação,
na forma do art. 876 do CPC. Caso o valor do crédito seja inferior ao valor da avaliação, o credor
deve depositar a diferença em juízo, na forma do art. 876, § 4º, I, do CPC. Caso o valor do crédito

81
seja superior ao valor da avaliação do bem, após a adjudicação do bem, o credor poderá seguir
com a execução a fim de efetuar a cobrança, na forma do art. 876, § 4º, II do CPC.
A alienação do bem far-se-á por iniciativa particular ou em leilão judicial eletrônico
ou presencial (art. 879, CPC). Na alienação por iniciativa particular, o juiz fixará as regras para
a venda do bem penhorado, além de fixar a forma de publicidade, preço mínimo, comissão de
corretagem (se for o caso), condições de pagamento e as garantias que devem ser prestadas
pelo adquirente, em caso de pagamento parcelado. O leilão judicial abrange tanto a expropriação
de bens imóveis como os móveis.
Será necessária a publicação do edital do leilão com antecedência de, no mínimo, cinco
dias da data de sua primeira realização, devendo constar no edital todos os requisitos previstos
no art. 886 e 887, do CPC, sob pena de nulidade da arrematação.
Além da publicação do edital, também é necessária a intimação das pessoas arroladas no
art. 889, do CPC, com antecedência mínima de cinco dias da data do leilão Judicial.
O bem poderá ser alienado por valor abaixo do previsto na avaliação, desde que não seja
por preço vil (preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e ao constante no edital; não
constando no edital, considera-se vil o preço inferior a 50% do valor de sua avaliação), conforme
art. 891, do CPC.
Quando o bem penhorado pertencer a incapaz e não alcançar em leilão pelo menos 80%
do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e à administração de depositário idôneo, adiando
a alienação pelo prazo de um ano, conforme art. 896, do CPC.
Efetivada a arrematação, será lavrado auto devidamente assinado pelo leiloeiro,
arrematante e juiz, passando a fluir o prazo de dez dias para que se postule a invalidade,
ineficácia ou resolução da arrematação nos casos previstos no art. 903, § 1o, do CPC.
Não havendo impugnação no prazo de dez dias, a carta de arrematação será expedida e
conforme o caso, a ordem de entrega ou mandado de imissão na posse.

Importante, cabeçones!
Após a expedição da carta de arrematação, a invalidação somente poderá ser pedida em
ação autônoma (e o arrematante figurará como litisconsorte necessário – 903, § 4o do CPC).
Será autorizada a desistência da arrematação pelo arrematante nos casos do art. 903, § 5o, do
CPC.

82
Exceção de pré-executividade: é apresentada através de simples petição a ser juntada
nos autos, alegando a nulidade da execução, conforme art. 803 do CPC.

Importante!
Não é permitida produção probatória na exceção de pré-executividade.

Execução por Quantia Certa – Título Executivo Extrajudicial

A execução por quantia certa tem o objetivo de compelir o devedor a pagar determinada
quantia em dinheiro. Ao receber a petição inicial, o juiz fixará honorários advocatícios de 10%
(art. 827 do CPC) e determinará a citação do devedor para pagar o débito em três dias, sob pena
de penhora (art. 829 do CPC). Não ocorrendo o pagamento em três dias, o oficial de justiça fará
a penhora dos bens indicados pelo credor na petição inicial e, caso não haja indicação, fará a
penhora sobre os bens que localizar em diligência, observado o rol de bens impenhoráveis
previsto no art. 833 do CPC e da Lei no n. 8.009/1990.
Importante referir, ainda, que a penhora de bens que estão em posse de terceiro é
plenamente possível, sendo cabível, neste caso, o terceiro apresentar embargos de terceiro,
conforme art. 674 do CPC.

Embargos à Execução

A propositura de embargos à execução é a forma que o executado ataca a ação de


execução fundada em título executivo extrajudicial. Trata-se de uma ação autônoma, mas
vinculada à execução (deve ser proposta no juízo da execução e a distribuição deve ser por
dependência com tramitação em autos apartados). Tem natureza de ação de conhecimento e se
presta para desconstituir ou declarar a nulidade ou inexistência do crédito. Importante destacar
que o caput do art. 914 do CPC previu a possibilidade da interposição dos embargos
independentemente de penhora, depósito ou caução.
O prazo para apresentação dos embargos é de 15 dias, conforme preceitua o art. 915 do
CPC e observado o art. 231 do CPC, que fixa as regras para a contagem do prazo.

Cabeçones!
Atenção para o art. 917 do CPC, o qual traz as alegações possíveis do executado nos
embargos à execução.

83
Atenção!
Quando alegar excesso de execução, demonstrar o valor e como chegou nesse valor, ou
seja, é necessário juntar o cálculo atualizado, sob pena de indeferimento liminar dos embargos.

Caso o executado reconheça o crédito do exequente no prazo dos embargos e comprove


o depósito de 30% do valor da execução (acrescido de custas e honorários), poderá requerer o
parcelamento do restante em até seis parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e
juros de 1 % por mês (art. 916, CPC). Com o deferimento do pedido de parcelamento, a execução
ficará suspensa até a quitação integral do débito.
Importante destacar que o credor não poderá opor-se ao parcelamento, pois se trata de
um direito que a lei confere ao devedor, mas será intimado (art. 916 § 1º do CPC) para
manifestar-se em cinco dias sobre o preenchimento dos pressupostos.
O inadimplemento de qualquer das prestações do parcelamento acarretará o vencimento
antecipado das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo com o imediato
reinício dos atos executivos, além de multa de 10 % sobre o valor das prestações não pagas (§
5º do art. 916 do CPC).

Importante!
A opção pelo parcelamento acarreta renúncia ao direito de apresentar embargos (art. 916,
§ 6º do CPC). O parcelamento só é aplicável às execuções de título extrajudicial (não cabe no
cumprimento de sentença – § 7º do art. 916 do CPC).

Execução contra a Fazenda Pública – Lei no 6.830/1980


A execução contra Fazenda Pública fundada em título extrajudicial está regulada no art.
910, do CPC, que determina sua citação para opor embargos à execução em 30 dias. Não
havendo interposição de embargos ou rejeitados em decisão transitada em julgado, será
expedido precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente, observado o
disposto no art. 100 da CF. Não existe expropriação de bens contra a Fazenda Pública.

Importante, cabeçones!
Efeito suspensivo: o art. 919 do CPC prevê que os embargos à execução não terão
efeito suspensivo (ou seja, prossegue a execução). Como forma de exceção, poderá ser

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concedida tal efeito, para suspender a execução, desde que presentes os requisitos do art. 919,
§ 1º do CPC.
Impugnação aos embargos: conforme art. 920, I do CPC, recebidos os embargos, o
exequente será intimado para o impugnar em 15 dias. Esta impugnação tem natureza de
contestação – sua falta leva à revelia. Apresentada a impugnação, o rito será da ação de
conhecimento.

Da suspensão do processo de execução (arts. 921-923 do CPC)


No caso de concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução ou da impugnação,
a execução ficará suspensa, no todo ou em parte, até o julgamento dos embargos/impugnação
ou revogação do efeito concedido. A hipótese frequente de suspensão da execução é a
inexistência de bens do devedor. Neste caso, a execução ficará suspensa pelo prazo de um ano,
consoante art. 921 § 1º do CPC. Decorrido o prazo de um ano sem localização de bens passiveis
de penhora, o juiz determinará o arquivamento dos autos (§ 2º), nada impedindo seu posterior
desarquivamento se a qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis (§ 3º). Com o
parcelamento do débito (previsto no art. 916, CPC), a execução também deve ser suspensa até
o adimplemento das parcelas.

Extinção da execução
Os motivos que levam à extinção da execução estão previstos no art. 924 do CPC; o rol
apresentado é exemplificativo, já que existem outras formas que acarretam na extinção da
execução, como, por exemplo, o acolhimento dos embargos. O art. 925 do CPC determina a
necessidade de sentença para que a extinção da execução produza efeitos.

Desistência da ação de execução x embargos/impugnação

Se a execução for extinta, os embargos serão extintos? Em caso de desistência da ação


de execução, serão extintas a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre as
questões processuais, devendo o exequente adimplir as custas processuais e honorários
advocatícios (art. 775, parágrafo único, I, do CPC). Neste caso (embargos atacando apenas

85
aspectos processuais), a extinção da impugnação e dos embargos independe de concordância
do embargante/impugnante.
Nos demais casos, quando houver a extinção da ação de execução e os embargos
versarem sobre questões de direito material, a extinção dos embargos dependerá de
concordância do embargante/impugnante (art. 775, parágrafo único, II, do CPC).

Não se aplica aos embargos à execução o prazo em dobro para litisconsortes com
advogados distintos, de escritórios diferentes, previsto nos arts. 229 e 915, 3º do CPC. Na
contagem do prazo para embargos, havendo litisconsórcio de devedores na execução, tal prazo
será individual e independente (salvo se os devedores forem casados ou estiverem em união
estável: nesse caso, o prazo será comum, começando a contar a partir da juntada do último
comprovante citatório aos autos) – art. 915, § 1º do CPC.

9.2 Cumprimento de sentença, impugnação, execução de alimentos

Execução de Título Judicial – Cumprimento de Sentença

O cumprimento de sentença é utilizado quando o credor tem um título executivo judicial


(rol de títulos executivos judiciais no art. 515, CPC). Para que seja iniciado o cumprimento de
sentença, é necessária a presença de três requisitos:

1) o título executivo judicial;


2) inadimplemento do devedor;
3) iniciativa do exequente (513, § 1º, do CPC).

É possível fazer o cumprimento de sentença de decisões interlocutórias (ex.: fixação


liminar de alimentos), cumprimento de sentença provisório (quando a decisão exigida ainda pode
ser modificada) e, ainda, cumprimento de sentença definitivo (sentença já transitada em julgado).

Cumprimento de sentença de quantia certa

Para que o cumprimento de sentença seja iniciado, é necessária a manifestação do


credor, através de petição nos mesmos autos, requerendo a intimação do devedor para que
efetue o pagamento do débito no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 523 do CPC. O

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devedor será intimado na forma do art. 513, § 2º do CPC. Não ocorrendo o pagamento voluntário,
de acordo com o art. 523 § 1º do CPC, “o débito será acrescido de multa de dez por cento e,
também, de honorários de advogado de dez por cento.” Em caso de pagamento parcial do débito,
aplica-se o § 2º: “Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os
honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante”.

Penhora de bens

Todas as regras de penhora que se aplicam à execução de título extrajudicial aplicar-se-


ão também ao cumprimento de sentença.

Protesto da decisão judicial

A possibilidade de protesto da decisão judicial transitada em julgado está prevista no art.


517 do CPC: A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos
da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523 do CPC.

A possibilidade de negativação do nome do devedor

Além do protesto, o CPC prevê a possibilidade da negativação do nome do executado no


cadastro dos inadimplentes até que efetive o pagamento do valor devido, garanta o cumprimento
de sentença ou até que o processo seja extinto por outro motivo, conforme art. 782, § 3º, do
CPC. O exequente poderá requerer, na petição inicial, a inclusão do executado no cadastro de
inadimplentes, conforme previsão do art. 782, § 3º, do CPC. A inscrição no cadastro será
imediatamente cancelada no caso do pagamento da dívida, se garantida a execução ou se a
execução for extinta por qualquer outro motivo, na forma do art. 782, § 4º do CPC.

Impugnação ao Cumprimento de Sentença

A impugnação é o meio adequado de defesa do devedor no cumprimento de sentença


(título executivo judicial), tratando-se de incidente da fase de cumprimento de sentença, julgado
por intermédio de decisão interlocutória. O prazo para apresentação de impugnação ao
cumprimento de sentença é de 15 dias após o decurso do prazo para pagamento voluntário,
independentemente de penhora ou nova intimação, conforme art. 525 do CPC.

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Prazo em dobro: diferentemente dos embargos, aplica-se, na impugnação, o prazo em
dobro previsto no art. 229 do CPC.
A impugnação ao cumprimento de sentença ocorre por intermédio de petição direcionada
ao juízo da execução, nos próprios autos, devendo seu mérito basear-se de acordo com os
fundamentos do art. 525, § 1o, do CPC. Além disso, caso o impugnante deseje, deverá formular
o pedido do efeito suspensivo. Caso a impugnação esteja de acordo com os requisitos legais, o
juiz a receberá e determinará a intimação do impugnado (exequente) para apresentar sua
resposta no prazo de 15 dias.

Cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública

Constituído o título judicial contra a Fazenda Pública, no cumprimento de sentença deve


constar cálculo discriminado do valor do débito, de acordo com os requisitos previstos no art.
534, do CPC. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 dias e nos próprios autos,
impugnar a execução, podendo arguir as matérias elencadas nos incisos do art. 535, do CPC.
Se a Fazenda Pública não apresentar impugnação, será expedido o precatório ou requisição de
pequeno valor.
Os precatórios referentes à créditos alimentares terão preferência sobre os demais,
conforme súmula no 144 do STJ: “Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência,
desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa”.

Execução de Alimentos

A execução de alimentos pode, como toda e qualquer execução, ter como fundamento
título executivo judicial ou extrajudicial. Todavia, a grande diferença está no fato de que, numa
execução de alimentos, poderá o credor optar pelo procedimento no qual, caso não exista o
pagamento voluntário por parte do devedor (no prazo legal), a consequência não será a penhora,
mas a prisão do devedor. Assim, a execução de alimentos tem a seguinte divisão:

a) Fundamentada em título executivo extrajudicial

Com pedido de penhora, usará o rito previsto nos arts. 827 e 829 do CPC: apresentada a
petição inicial, o juiz fixará honorários de 10 % e mandará citar o devedor para pagar em três

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dias. Feito o pagamento neste prazo, terá desconto de 50 % nos honorário. Não efetuado o
pagamento, a execução prossegue com a penhora e expropriação de bens.
Com pedido de prisão, será usado o rito previsto no art. 911 do CPC, no qual o devedor
será citado para, no prazo de três dias, pagar, provar que já pagou ou justificar a falta de
pagamento. Não efetuado o pagamento (ou não provado ou afastada a justificativa), será
decretada a prisão civil do devedor.

b) Fundamentada em título executivo judicial/cumprimento de sentença de


obrigação alimentar

Com pedido de penhora, usar-se-á o rito previsto no art. 523 e seguintes do CPC –
apresentada a petição, o juiz mandará intimar o devedor para pagá-la em 15 dias. Feito o
pagamento neste prazo, não haverá incidência de honorários. Não efetuado o pagamento, a
execução/cumprimento de sentença prossegue (incidindo multa de 10 % e honorários
advocatícios de 10 % – art. 523, § 1º do CPC) com a penhora e expropriação de bens.

c) Quanto à execução de alimentos com pedido de prisão (tanto fundamentada em


título judicial quanto extrajudicial)

Conforme previsão do art. 528, § 7º do CPC, somente podem ser cobrados com pedido
de prisão o atraso de até três últimas prestações anteriores ao ajuizamento. O cumprimento da
pena não gera o pagamento da dívida alimentar (uma vez cumprida a pena, a dívida ainda
existe).
A prisão por débito alimentar deve ser cumprida em regime fechado.
Paga a dívida, a ordem de prisão deve ser imediatamente suspensa, com a soltura do
devedor.
Com pedido de prisão, será usado o rito previsto no art. 528 do CPC, no qual o devedor
será intimado pessoalmente para, no prazo de três dias, pagar, provar que já pagou ou justificar
a falta de pagamento. Não efetuado o pagamento (ou não provado ou afastada a justificativa),
será decretada a prisão civil do devedor (bem como determinado o protesto judicial da decisão).

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