APOSTILA Questões - Campo Geral

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“Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe,

longe daqui, muito depois da Vereda-do-Frango-d'Água e de outras


veredas sem nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutúm.
No meio dos Campos Gerais, mas num covoão em trecho de matas,
terra preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos.”

Campo Geral começa assim, no aconchego familiar. Guimarães Rosa vai


guiando o leitor pelo cenário encantado das matas. Se o leitor se
deixar levar pelas descobertas de Miguilim, vai perceber que a leitura é
uma oportunidade de conhecer o melhor da literatura brasileira.

“O que mais recomendo para o leitor de Guimarães Rosa é atenção,


como todos livros dele. Essa novela deve ser lida com todo cuidado,
sem pressa e, junto ao entendimento, com a imaginação aberta”,
orienta o professor Luiz Dagobert de Aguirra Roncari, da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. “Por isso ela
parece mágica. É que muitos sentidos outros, inesperados, se revelam
com aqueles dados à primeira vista, como se abríssemos uma caixa de
bolachas e ela nos trouxesse bombons e outras surpresas que
satisfazem muito a nossa inteligência. É esse o milagre.”

Na avaliação de Roncari, “a leitura de Campo Geral permite apreciar


nos seus liames mais cerrados os afetos e as agonias da família média
brasileira, que procura imitar o modelo, com seus preconceitos e vícios,
da nossa família patriarcal”.

“O autor, falando de uma família particular, a de Miguilim, no ninho de


afetos e rancores do Mutum, capta as ameaças e riscos que, de certa
forma, ela vive na sua generalidade”, observa o professor.

Campo Geral revela para o leitor muitas emoções sensíveis e


intelectuais. “O narrador acompanha muito de perto o menino Miguilim,
as suas dores, alegrias e descobertas do mundo. Por isso ela é também
uma novela de formação, de um menino vivendo, sofrendo e
descobrindo o mundo e os homens, mas também reagindo a eles”,
esclarece Roncari.

Apesar da inocência, da ingenuidade, Miguilim não é passivo. “Por isso,


o final da novela tem um sentido alegórico: quando o médico percebe
que ele é míope e lhe empresta os seus óculos e o herói descobre um
outro mundo, mais claro e definido do que tinha percebido até o
momento, o vê agora nas suas verdades ou pelo menos que ele era
muito diferente do que tinha visto. Significa que ele mudou, cresceu ou
houve para ele um ganho na percepção do mundo. Esse esclarecimento
da visão tem também o significado de que ele aprendeu, não apenas
sofreu o mundo, mas deu um passo além no seu conhecimento do que
viveu.”

Segundo o professor, “tudo se passa a partir do ângulo de visão de


Miguilim, que o narrador acompanha de muito perto, como pelas costas,
mas todos têm também um significado extra, mítico-simbólico – tio Terêz,
vó Izidra, Mãetina, Nhanina, Dito, o Patori, seo Aristeu –, acrescido pelo
autor, que faz o narrador combiná-lo com as percepções agudas dos
sentimentos do menino. Por isso, cada personagem tem um composto
empírico, dado pela sua experiência com o herói, Miguilim, e um elemento
simbólico, que só o autor com sua intervenção poderia acrescentar à
exposição do narrador, aquele sujeito invisível que nos conta a estória”.

O professor afirma que “é importante o leitor saber distinguir o que é da


experiência do herói, o menino no seu embate com o mundo e os homens,
o que é do autor, senhor de um conhecimento que só um sujeito muito
culto poderia ter e sutilmente acrescentar, e o que é do narrador, aquele
que reúne os saberes dos mais diferentes campos, coisas do sertão e dos
livros, e conta tudo para nós”.
(Trechos retirados de
https://jornal.usp.br/cultura/campo-geral-e-um-caminho-sem-volta-par
a-o-leitor-de-guimaraes-rosa/ )

As questões 1 e 2 referem-se ao texto abaixo:


Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho tinha ido se
esconder.
– Este nosso rapazinho tem a vista curta. Espera aí, Miguilim…
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito.
– Olha, agora!
Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo
e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os
grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas
passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta
coisa, tudo… O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda
apontava, falava, contava tudo como era, como tinha visto. Mãe esteve assim
assustada; mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que
Miguilim também carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café
com eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de
Miguilim batia descompassado, ele careceu de ir lá dentro, contar à Rosa, à
Maria Pretinha, a Mãitina. A Chica veio correndo atrás, mexeu: – “Miguilim, você
é piticego…” E ele respondeu: – “Donazinha…” Quando voltou, o doutor José
Lourenço já tinha ido embora.
(Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim. “Campo Geral”)

Questão 1- (ITA) A narrativa


I. desenvolve-se num universo fantástico, corroborado pela subversão
da linguagem.
II. não retrata as experiências afetivas entre Miguilim e as outras
personagens, pois o foco está nas ações dele.
III. é escrita em terceira pessoa, mas a história é filtrada pela
perspectiva do menino Miguilim.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas I e II.
c) apenas II.
d) apenas III.
e) todas.

Questão 2- (ITA) Os diminutivos do segmento contribuem para criar


uma linguagem:
a) afetada.
b) afetiva.
c) arcaica.
d) objetiva.
e) rebuscada.

Questão 3- (EEWB) Leia o trecho abaixo, de Campo Geral, e assinale a


alternativa incorreta:
“Ah, tio Terêz devia de ir embora, de ligeiro, ligeiro, se não o Pai já devia
estar voltando por causa da chuva, podia sair homem morto daquela
casa, Vovó Izidra xingava tio Terêz de “Caim” que matou Abel, Miguilim
tremia receando os desatinos das pessoas grandes, tio Terêz podia
correr, sair escondido, pela porta da cozinha… Que fosse como se já
tivesse ido há muito tempo…”

a) O narrador figura–se como um adulto, a fim de contar efetivamente a


história, mas visualiza os fatos como se pertencesse ao íntimo do
universo infantil, diminuindo a distância entre as duas realidades.
b) A intertextualidade presente no trecho, a repreensão de Vovó Izidra
em relação ao ato do filho, é uma das várias referências à religião feitas
ao longo da obra, justificáveis pelas fortes tradições sertanejas.

c) A expressão de ligeiro, ainda que apresente o modo com o qual Tio


Terêz devia de ir embora, não pode ser considerada um adjunto
adverbial do verbo ir, pois tem a estrutura de locução adjetiva.

d) O que tem funções distintas no trecho: o primeiro é um pronome


relativo que retoma o nome Caim e o segundo é uma partícula expletiva
ou de realce, podendo ser suprimida sem que o sentido se altere.

Questão 4- (EEWB) Observe os dois trechos abaixo, o primeiro de


Campo Geral, o segundo de Miopia Progressiva:
“Ser menino, a gente não valia para querer mandar coisa nenhuma.”
“Em suma, eles se entendiam, os membros de sua família; e
entendiam-se à sua custa.”
Analisando os trechos percebemos que os meninos se diferem quanto
a(o):
a) autonomia financeira.
b) posição ocupada na família.
c) região onde moram.
d) número de integrantes da família.

Questão 5- (UFG) – Diversos motivos narrativos compõem a trama de


“Campo Geral”, texto da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa.
Qual o motivo narrativo principal para a composição do enredo desse
conto?

a) As desavenças entre Mãitina e a avó de Miguilim.


b) A instabilidade sentimental da mãe de Miguilim.
c) A observação do mundo pela ótica de Miguilim.
d) A rivalidade entre o Tio Terêz e o pai de Miguilim.
e) A solidariedade entre os irmãos de Miguilim.
Questão 6- (UFRGS) – Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações sobre sentimentos de personagens de Campo
Geral, da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa.
( ) Miguilim odiava seu Pai, pela violência das surras e castigos que ele
lhe impunha: mandar embora a cadela, ou soltar os passarinhos que
estavam nas gaiolas.
( ) As rezas da avó e os feitiços de Mãitina enfim surtiram efeito: Miguilim
passou a se sentir culpado pela morte do irmão.
( ) Miguilim detestava o Mutum, mas, com a ajuda dos óculos do doutor,
acabou finalmente descobrindo que se tratava de um lugar bonito.
( ) Dito sentiu inveja de Miguilim porque Papaco-o-Paco era capaz de
dizer “ – Miguilim, Miguilim, me dá um beijim”, mas não conseguia
pronunciar “Dito”.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para
baixo, é
a) F – V – F – F.
b) F – V – F – V.
c) V – V – F – V.
d) V – F – V – V.
e) V – F – V – F.

Gabarito
Exercício resolvido da questão 1 –
Alternativa correta: d) apenas III.
Exercício resolvido da questão 2 –
Alternativa correta: b) afetiva.
Exercício resolvido da questão 3 –
Alternativa correta: c) A expressão de ligeiro, ainda que apresente o
modo com o qual Tio Terêz devia de ir embora, não pode ser
considerada um adjunto adverbial do verbo ir, pois tem a estrutura de
locução adjetiva.
Exercício resolvido da questão 4 –
Alternativa correta: b) posição ocupada na família.
Exercício resolvido da questão 5 –
Alternativa correta: c) A observação do mundo pela ótica de Miguilim.
Exercício resolvido da questão 6 –
Alternativa correta: d) V – F – V – V.

01. (ENEM) “De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um


senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O
homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de óculos, corado, alto,
com um chapéu diferente, mesmo. – Deus te abençoe, pequenino. Como
é teu nome? – Miguilim. Eu sou irmão do Dito. – E o seu irmão Dito é o
dono daqui? – Não, meu senhor. O Ditinho está em glória. O homem
esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso
como nenhum outro. Redizia: – Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua
guarda... Mas que é que há, Miguilim? Miguilim queria ver se o homem
estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava. – Por que
você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá.
Quem é que está em tua casa? – É Mãe, e os meninos... Estava Mãe,
estava Tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O
outro, que vinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à
Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: –
Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está
enxergando? E agora?”
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. 9. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1984.

Esta história, com narrador observador em terceira pessoa, apresenta


os acontecimentos da perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de
vista do narrador ter Miguilim como referência, inclusive espacial, fica
explicitado em:

A) O homem trouxe o cavalo cá bem junto.

B) Ele era de óculos, corado, alto (...).

C) O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...).


D) Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele (...).

E) Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos.

02. (FUVEST-SP) Olhava mais era para Mãe. Drelina era bonita, a Chica,
Tomezinho. Sorriu para Tio Terêz: – “Tio Terêz, o senhor parece com Pai...”
Todos choravam. O doutor limpou a goela, disse: – “Não sei, quando eu
tiro esses óculos, tão fortes, até meus olhos se enchem d’água...”
Miguilim entregou a ele os óculos outra vez. Um soluçozinho veio. Dito e
a Cuca Pingo-de-Ouro. E o Pai. SEMPRE ALEGRE, MIGUILIM... SEMPRE
ALEGRE, MIGUILIM... Nem sabia o que era alegria e tristeza. Mãe o
beijava. A Rosa punha-lhe doces-de-leite nas algibeiras, para a viagem.
Papaco-o-Paco falava, alto, falava.
In: Manuelzão e Miguilim; João Guimarães Rosa.

Neste trecho de “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, as expressões em


maiúsculo retomam, ao final da narrativa,

A) os versos sertanejos cantados pelo vaqueiro Salúz, em seu desejo de


consolar Miguilim.

B) a mensagem inicial de Tio Terêz, unindo, assim, o princípio e o fim da


história.

C) as lições de conformidade e alegria de Mãitina a Miguilim,


enraizados no catolicismo popular.

D) a derradeira lição da sabedoria do Dito, reforçada depois por seu


Aristeu.

E) o ensinamento do Grivo, cuja pobreza extrema era, no entanto, fonte


de doçura e alegria.

Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão 03.

Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho tinha ido


se esconder. – Este nosso rapazinho tem a vista curta. Espera aí,
Miguilim... E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com
todo o jeito. – Olha, agora! Miguilim olhou. Nem não podia acreditar!
Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as
árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da
terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de
uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo... O
senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava, falava,
contava tudo como era, como tinha visto. Mãe esteve assim assustada;
mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que Miguilim
também carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café
com eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração
de Miguilim batia descompassado, ele careceu de ir lá dentro, contar à
Rosa, à Maria Pretinha, a Mãitina. A Chica veio correndo atrás, mexeu: –
“Miguilim, você é piticego...” E ele respondeu: – “Donazinha...” Quando
voltou, o doutor José Lourenço já tinha ido embora.
Rosa, Guimarães. Campo Geral.

03.(ITA) A narrativa “Campo Geral”


I. desenvolve-se num universo fantástico, corroborado pela subversão
da linguagem.
II. não retrata as experiências afetivas entre Miguilim e as outras
personagens, pois o foco está nas ações dele.
III. é escrita em terceira pessoa, mas a história é filtrada pela
perspectiva do menino Miguilim.

Está(ão) correta(s)
A) apenas I.
B) apenas I e II.
C) apenas II
D) apenas III.

04. (UFG) Diversos motivos narrativos compõem a trama de “Campo


Geral”, texto da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa. Qual o
motivo narrativo principal para a composição do enredo desse conto?

A) As desavenças entre Mãitina e a avó de Miguilim.


B) A instabilidade emocional da mãe de Miguilim.
C) A observação do mundo pela ótica de Miguilim.
D) A rivalidade entre o Tio Terêz e o pai de Miguilim.

Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão 05.

Estava Mãe, estava tio Terêz, estavam todos.


O senhor alto e claro se apeou.
O outro, que vinha com ele, era um camarada.
O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim.
Depois perguntava a ele mesmo:
– “Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está
enxergando?
E agora?”Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho
tinha ido se esconder.
– Este nosso rapazinho tem a vista curta.
Espera aí, Miguilim...
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito.
– Olha, agora! Miguilim olhou.
Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e
diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas.
Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as
formiguinhas passeando no chão de uma distância.
E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo...
O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava,
falava, contava tudo como era, como tinha visto. Mãe esteve assim
assustada: mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que
Miguilim também carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor
bebia café com eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo
podia. Coração de Miguilim batia descompassado, ele careceu de ir lá
dentro, contar à Rosa, à Maria pretinha, à Mãitina. A Chica veio
correndo atrás, mexeu:
– Miguilim, você é piticego...
” E ele respondeu:
– “Donazinha...”
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e
Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

05. (IFNMG) Com base em seus conhecimentos acerca da prosa


produzida por Guimarães Rosa, pode-se afirmar que as características
comuns a sua escrita comparecem nesse trecho, EXCETO:

A) Uso de neologismos e de uma linguagem escrita muito parecida com


a linguagem oral.
B) Escrita sem rigor estético, cheia de erros de português, a fim de
criticar a falta de cultura do homem sertanejo.
C) Narrativa com ideais filosóficos que levam à reflexão da existência
humana.
D) Os fatos narrados têm como cenário o sertão mineiro, por isso são
retratados hábitos, paisagens e dialetos típicos dessa região.

06. (FUVEST-SP) Considere atentamente as seguintes afirmações sobre a


novela “Campo geral” (“Miguilim”), de Guimarães Rosa:

I. A sabedoria precoce do pequeno Dito é decisiva para o aprendizado


de Miguilim, seja nas experiências imediatas do cotidiano, seja na
investigação do valor e do sentido profundos dessas experiências.
II. Por meio da personagem Miguilim, o autor nos mostra que a vida
rústica do sertanejo é pobre como experiência - o que pode ser
compensado pela imaginação poética de quem sabe desligar-se
daquela vida.
III. No momento final da narrativa, é em sentido literal e simbólico que
um novo mundo se revela para Miguilim - mundo que também se abre
para uma vida de novas experiências.

A leitura atenta da novela permite concluir que apenas:


A) as afirmações I e III são corretas.
B) as afirmações I e II são corretas.
C) as afirmações II e III são corretas.
D) a afirmação II é correta.
E) a afirmação III é correta.

07. (UFRGS / Adaptada) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as


seguintes afirmações sobre sentimentos de personagens de “Campo
Geral”, da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa.

( ) Miguilim, muitas vezes, odiava seu Pai, pela violência das surras e
castigos que ele lhe impunha: mandar embora a cadela, ou soltar os
passarinhos que estavam nas gaiolas.
( ) Seo Deográcias, homem alto, alegre e bonito, curou Miguilim do medo
de morrer com a graça de suas falas e a beleza de suas cantigas.
( ) Miguilim tinha dúvidas se o Mutum era ou não um lugar bonito, mas,
com a ajuda dos óculos do doutor, acabou finalmente descobrindo que
se tratava de um lugar bonito.
( ) Dito sentiu inveja de Miguilim porque Papaco-o-Paco era capaz de
dizer “– Miguilim, Miguilim, me dá um beijim”, mas não conseguia
pronunciar “Dito”.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para


baixo, é
A) F V F F.
B) F V F V.
C) V V F V.
D) V F V V.

08. (PUC-Campinas-SP) Na novela “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, o


leitor compreenderá que as sofridas experiências de menino no Mutum
permitirão que o protagonista, quando adulto,

A) procure esquecê-las, valorizando a vida que passou a ter depois de


superar as privações de sua infância vazia.
B) a elas se refira de modo a compensar aqueles momentos negativos
com as fantasias que agora lhes acrescenta.

C) as retome para valorizar o aprendizado profundo da infância, que


inclui as perdas afetivas e o ganho de quem as descobre.

D) as retome para analisar sua fragilidade de criança, em meio às


condições penosas daquela rotina sem revelações.

9. (UEG) O trecho a seguir refere-se à próxima questão: – “Mãe, que é que


fizeram com o resto da roupinha do Dito?” – agora ele queria saber. –
“Está guardada, Miguilim. Depois ela ainda vai servir para Tomezinho.” “–
Mãe, e as alpercatinhas do Dito?” “– Também, Miguilim. Agora
descansa.”Miguilim tinha mesmo que descansar, perdera a força de
aluir com um dedo. Suava. Suava.
ROSA, Guimarães. Manuelzão e Miguilim: (Corpo de Baile). 11
ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 143.

A respeito da prosa de Guimarães Rosa, na obra Manuelzão e Miguilim,


exemplificada pelo trecho citado de “Campo Geral”, assinale a
alternativa INCORRETA:

A) O uso de palavras no diminutivo, como “roupinha”, “alpercatinhas”,


“Tomezinho”, nesse trecho, revela o clima de afetividade que permeia o
universo infantil da personagem Miguilim, em meio aos costumes rudes
em que ele nasce, cresce e vai descobrindo o mundo.

B) “A rola fôgo-apagou cantava continuado, o dia, mesmo na calada do


calor, quando dormiam os outros pássaros.” Nesse trecho de “Uma
história de amor”, percebe-se um uso mais convencional e menos
inovador da língua, o que se opõe à narrativa de “Campo geral”.

C) As inovações, no aspecto linguístico, apresentam-se na exploração


criativa das possibilidades da língua, como ocorre na sugestividade
sonora da repetição em “Suava. Suava.” Ou na expressividade
sintático-semântica do verbo aluir, em “Miguilim tinha mesmo que
descansar, perdera a força de aluir com um dedo.”

D) Ainda na passagem “Miguilim tinha mesmo que descansar, perdera a


força de aluir com um dedo” e em toda a narrativa de “Campo geral” é
notória a simpatia que o narrador tem por seu protagonista.
EXERCÍCIOS DISSERTATIVOS
(Fonte: https://digital.bernoulli.com.br/estudodeobras/campogeral/exercicio.html )

1. Leia o excerto abaixo, extraído do final da novela “Campo Geral”, de


João Guimarães Rosa:

“Miguilim espremia os olhos. Drelina e Chica riam. Tomezinho tinha ido


se esconder.
– Este nosso rapazinho tem a vista curta. Espera aí, Miguilim...
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito:
– Olha agora!”

Essa cena mostra o momento em que um médico, de passagem pelo


Mutum, submete o pequeno Miguilim a uma espécie de consulta,
diagnosticando sua miopia. No contexto da narrativa, a miopia,
afecção ocular muito comum, é metaforizada, adquirindo importante
simbologia.

Redija um parágrafo, explicando a simbologia da miopia no contexto da


novela “Campo Geral”.

--

2. Leia o excerto da novela “Campo Geral”, de Guimarães Rosa,


prestando especial atenção aos usos linguísticos nele presentes:

“Seo Aristeu entrava alto, alegre, alto, falando alto, era um homem
grande, desusado de bonito, mesmo sendo roceiro assim; e doido
mesmo. Se rindo com todos, fazendo engraçadas vênias de dançador. –
“Vamos ver o que é que o menino tem, vamos ver o que é que o menino
tem?!... Ei e ei, Miguilim, você chora assim, assim – p’ra cá você ri, p’ra
mim!... Aquele homem parecia desinventado de uma estória – “o menino
tem nariz, tem boca, tem aqui, tem umbigo, tem umbigo só...” – Ele sara,
seo Aristeu?” “– ... Se não se tosar a crina do poldrinho novo, pescoço de
poldrinho não engrossa. Se não cortar as presas do leitãozinho,
leitãozinho não mama direito... Se não esconder bem pombinha do
menino, pombinha voa às aluadas... Miguilim bom de tudo é que tu’tá:
levanta, ligeiro e são, Miguilim...”

Essa cena revela o momento em que Seo Aristeu, misto de caçador,


poeta popular e curandeiro, tira Miguilim da cama, salvando-o do medo
de morrer. Em sua fala, Aristeu faz uso de uma linguagem bastante
original, ilustrando o caráter poético da obra de Guimarães Rosa, o
qual inclusive batizou de “poemas” as novelas escritas para o livro
Corpo de Baile (1956), depois desmembrado em Manuelzão e Miguilim
(1964) e outros volumes.

Redija um texto, justificando, com base no excerto dado, por que o


termo “prosa poética” pode ser aplicado à novela “Campo Geral”.

―-

3. Os fragmentos a seguir revelam que o enfrentamento de doenças,


experiência comum na infância, constitui um dos núcleos temáticos da
novela “Campo Geral”, obra na qual Guimarães Rosa se vale também de
seus conhecimentos médicos para retratar o dia a dia de uma família
sertaneja:

Fragmento I “Miguilim pergunta à Rosa: – Rosa, que coisa é a gente ficar


héctico?” – Menino, fala nisso não. Héctico é tísico, essas doenças derrói
no bofe, pessoa vai minguando fraca, não esbarra de tossir, chega
cospe sangue...”

Fragmento II “Meu-deus-do-céu, e o Dito já estava mesmo quase bom,


só que tornou outra vez a endefluxar, e de repente ele mais adoeceu
muito, começou a chorar – estava sentindo dor nas costas e dor na
cabeça tão forte, diziam que estavam enfiando um ferro na cabecinha
dele.”

Redija um texto dissertativo caracterizando as situações descritas nos


fragmentos I e II e estabelecendo as diferenças existentes entre a
experiência de Miguilim com a tuberculose e a de Dito com o tétano.

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