M e A B S: Aterial Ducativo para Tenção Ásica em Aúde

Atenção ao Desenvolvimento Neuropsicomotor Infantil entre 0 e 12 Meses
M aterial E du cativo p ara A tenção B ásica em S aú de
Esp. Gabriella Lavarda do Nascimento

Profa Dra Anelise Sonza
Profa Dra Luciana Sayuri Sanada
1
ATENÇÃO AO DESENVOLVIMENTO
NEUROPSICOMOTOR INFANTIL
ENTRE ZERO A 12 MESES
Material Educativo para Atenção Básica em Saúde1
Esp. Gabriella Lavarda do Nascimento

Prof. Dra. Anelise Sonza
Prof. Dra. Luciana Sayuri Sanada
Florianópolis | 2020
1
Versão adaptada do Trabalho de Conclusão de Residência apresentado ao Programa
de Residência Multiprofissional em Saúde da Família vinculada à Secretaria Municipal
de Saúde de Florianópolis e Universidade do Estado de Santa Catarina.
2
Copyright© (Organizadores), 2020

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem a autorização prévia por escrito dos organizadores, poderá ser
reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados.
EDITORA
Marcia Silveira Kroeff
CAPA | PROJETO GRÁFICO | DIAGRAMAÇÃO
Chris Dalla Costa
REVISÃO LINGUÍSTICA E ORTOGRÁFICA
Janete Gheller
N244a Nascimento, Gabriella Lavarda do

Atenção ao desenvolvimento neuropsicomotor infantil entre zero a 12
meses: material educativo para atenção básica em saúde/ Gabriella
Lavarda do Nascimento; Anelise Sonza; Luciana Sayuri Sanada. –
Florianópolis: UDESC, 2020.
90 p. : il. color.
Inclui referências.
ISBN: 978-65-88565-10-0
ISBN-e: 978-65-88565-11-7
1. Crianças - Desenvolvimento. 2. Lactentes. I. Sonza, Anelise. II.

Sanada , Luciana Sayuri. III. Título.
CDD: 612.65 - 20. ed.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Mariana O. S. Pfleger CRB 14/1243
Biblioteca Central da UDESC
3
UNIVERSIDADE DO ESTADO
DE SANTA CATARINA | UDESC
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http://www.udesc.br/editorauniversitaria
4
AGRADECIMENTOS
A elaboração e publicação deste livro foram antecedidas pela colabo-

ração, estímulo e empenho de diversas pessoas. Gostaríamos de expressar toda a
nossa gratidão e apreço a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuí-
ram para que esta obra se tornasse realidade.
Primeiramente, agradecemos a Deus e aos nossos familiares por nos guiar,
iluminar e conceder tranquilidade para seguirmos em frente com nossos objetivos
e não desanimar diante das dificuldades. Aos responsáveis pelo Programa de Resi-
dência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Estadual de Santa
Catarina (UDESC) e Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, que nos pro-
porcionaram impulso ao desenvolvimento deste trabalho.
Agradecemos ao apoio da UDESC que concedeu recursos e estruturas
adequadas à execução das fotos e vídeos presentes neste material educativo. Um
agradecimento especial às pessoas que representam tão bem esta Instituição, es-
pecialmente àquelas que nos acompanharam de perto como professores, colegas
do Laboratório de Desenvolvimento e Controle Postural (LADESCOP) e equipe
da Editora UDESC, que foram fundamentais na transmissão de experiências, na
criação e solidificação de saberes.
Também gostaríamos de manifestar nossos sinceros agradecimentos aos
familiares que se disponibilizaram no auxílio à produção das fotos e vídeos, autori-
zando a participação dos seus filhos, engrandecendo a qualidade deste livro.
A todos muito obrigada por permitirem que esta obra se concretizasse
com êxito.
5
SUMÁRIO
PREFÁCIO............................................................................................................. 10
APRESENTAÇÃO.................................................................................................. 11
CAPÍTULO 1.......................................................................................................... 13
Desenvolvimento Neuropsicomotor Infantil........................................................ 13

Fatores de Risco para o Desenvolvimento Neuropsicomotor.............................. 17
CAPITULO 2......................................................................................................... 20
Desenvolvimento Neuropsicomotor de 0-3 meses................................................ 20

1. Desenvolvimento pessoal-social e da visão................................................. 20
2. Desenvolvimento auditivo e da linguagem................................................... 21
3. Desenvolvimento motor amplo e fino.......................................................... 22
4. Orientações e estímulos do desenvolvimento neuropsicomotor
de lactentes entre 0 a 3 meses....................................................................... 23
4.1 Estimulação pessoal-social e da visão........................................... 25
4.2 Estimulação auditiva e da linguagem............................................. 26
4.3 Estimulação motora ampla e fina................................................... 27
5. Exercícios para a estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor

5.1 Supino............................................................................................. 27
5.2 Prono............................................................................................... 29
6
6. Checklist das habilidades a serem desenvolvidas de 0 a 3 meses................. 31

6.1 Mapa Conceitual DNPM 0-3 meses............................................... 32
CAPÍTULO 3......................................................................................................... 33
Desenvolvimento Neuropsicomotor de 3 a 6 meses.............................................. 33

2. Desenvolvimento auditivo e da linguagem.................................................. 34
4.2 Estimulação auditiva e da linguagem.............................................40
4.3 Estimulação motora ampla e fina...................................................40

de lactentes entre 3 a 6 meses...................................................................... 44
5.1 Rolar.............................................................................................. 44
5.2 Sentar.............................................................................................. 45
5.3 Alcance de objetos.......................................................................... 47
6. Checklist das habilidades a serem desenvolvidas entre 3 a 6 meses............ 49

CAPÍTULO 4.......................................................................................................... 51
Desenvolvimento Neuropsicomotor entre 6 a 9 meses......................................... 51

1. Desenvolvimento pessoal-social e da visão.................................................. 51
7

4.2 Estimulação auditiva e da linguagem............................................. 56

5.1 Engatinhar...................................................................................... 59
5.2 Alcance manual em diferentes posturas......................................... 60
5.3 Ortostase com apoio....................................................................... 62
6. Checklist das habilidades a serem desenvolvidas entre 6 a 9 meses............ 65

CAPÍTULO 5......................................................................................................... 67
Desenvolvimento Neuropsicomotor de 9 a 12 meses............................................ 67

de lactentes entre 9 e 12 meses..................................................................... 70
4.1 Estimulação pessoal-social e da visão............................................ 71
4.2 Estimulação auditiva e da linguagem.............................................. 71
8

de lactentes entre 9 a 12 meses..................................................................... 78
5.1 Alcance manual associado à troca de posturas.............................. 78
5.2 Marcha............................................................................................ 79
6. Checklist das habilidades a serem desenvolvidas entre 9 a 12 meses.......... 80

6.1 Mapa Conceitual DNPM 9-12 meses.............................................. 81
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 82
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 83
9
PREFÁCIO
Esta publicação é fruto de muito esforço e dedicação de uma fisiotera-

peuta residente do Programa de Residência em Saúde da Família em Florianópolis
da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis em parceria com Universidade
do Estado de Santa Catarina (UDESC), juntamente com sua professora-orientadora,
nesta instituição formadora.
Tive o prazer de, na função de coordenador da Residência Multiprofissio-
nal em Saúde da Família, acompanhar a construção deste trabalho, e neste momento,
satisfação em apresentá-lo ao leitor.
Reflete-se neste material, o importante papel das Residências como espa-
ços de reflexões, problematizações e desenvolvimento de experiências no cotidiano
em saúde, que proporcionam a qualificação e formação de profissionais de saúde para
atuação no SUS, além de contribuir para produção científica brasileira.
Este brilhante material surge como um guia muito prático e didático para
apoiar e ampliar o olhar de profissionais de saúde quanto ao processo desenvolvimen-
to neuropsicomotor de lactentes entre 0 a 12 meses de idade. Sabe-se que observa-
ções no atraso do desenvolvimento infantil, podem estar diretamente relacionadas à
integridade neurológica do Sistema Nervoso Central (SNC), sendo que quanto mais
precoce for o diagnóstico de atraso, maiores as possibilidades de intervenção adequa-
da, e menor o impacto biopsicossocial gerado por estes problemas.
Boa leitura a todos.
Erádio Gonçalves Júnior

Fisioterapeuta | Secretaria de Saúde de Florianópolis
Coordenador da Residência Multiprofissional em Saúde
da Família — Florianópolis-SC/UDESC
10
APRESENTAÇÃO
Objetiva-se, por meio deste material educativo, orientar os

profissionais da Atenção Básica em Saúde (Estratégia Saúde da Famí-
lia, eSF e Núcleos de Apoio à Saúde da Família/NASF) e, por esta via,
familiares e cuidadores no processo de qualificação do desenvolvimen-
to neuropsicomotor de lactentes entre 0 a 12 meses de idade.
Constitui-se ferramenta que descreve trimestralmente
as fases do desenvolvimento neuropsicomotor. Elenca os fatores
de risco para o desenvolvimento infantil, apresenta orientações e
estímulos adequados a cada trimestre do desenvolvimento neurop-
sicomotor de lactentes entre 0 a 12 meses de idade, checklists e
mapas conceituais onde constam os principais aspectos do desen-
volvimento neuropsicomotor a cada trimestre.
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada busca
na literatura atual e especializada sobre as fases do desenvolvimento
neuropsicomotor, fatores de risco e orientações à estimulação precoce
de crianças entre 0 a 12 meses de idade. A elaboração dos mapas con-
ceituais a cada trimestre do desenvolvimento foi realizada para esque-
matizar conceitos e representá-los graficamente.
O Material Educativo foi ilustrado através de fotos de crian-
ças com idades correspondentes a cada trimestre, mediante autoriza-
ção dos pais ou responsáveis legais. As fotos foram realizadas pelas
próprias autoras na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade
do Estado de Santa Catarina UDESC, totalizando um compilado de
1000 fotos e 50 vídeos. A partir desses arquivos, selecionaram-se as
fotos ilustrativas que compõem este trabalho, as quais foram feitas com
crianças cujos pais ou responsáveis legais leram e assinaram o termo
11
de consentimento para fotografias, vídeos e gravações da Universida-

de do Estado de Santa Catarina (UDESC), sendo-lhes enfatizado que
não haveria ônus para a realização das fotos, como também isenção de
riscos físicos ou emocionais às crianças e, preservados os seus nomes.
Este trabalho, também, foi aprovado pela Comissão de
Residência Multiprofissional em Saúde (COREMU) da Secretaria
Municipal de Florianópolis, Santa Catarina e Universidade do Es-
tado de Santa Catarina.
Neste contexto, espera-se que proporcione aos profis-
sionais da saúde os instrumentos necessários para reforçar as in-
tervenções destinadas à estimulação precoce do desenvolvimento
infantil, bem como servir de contribuição nas orientações às fa-
mílias, na perspectiva de potencializar os efeitos positivos desta
abordagem no desenvolvimento do lactente.
12
CAPÍTULO 1
Desenvolvimento Neuropsicomotor Infantil

Os lactentes são seres em pleno processo dinâmico de desenvolvimento;
vista esta perspectiva, nas últimas décadas tem ocorrido grande avanço na as-
sistência à saúde e interesse no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) da-
queles (SANTOS et al., 2009). O DNPM é comumente descrito de acordo com
alguns domínios de funções, tais como as habilidades pessoal-social, visual,
auditiva, linguagem e motoras (SHEVELL, 2010). Todos estes domínios são
interdependentes e influenciados mutuamente mas, ao mesmo tempo, tendo um
ritmo individualizado (SPINDOLA et al., 2013).
O desenvolvimento neuropsicomotor envolve as ações reflexas, volun-
tárias, espontâneas e aprendidas pelo indivíduo através de uma transformação
contínua, dinâmica e progressiva (SHEVELL, 2010). É um processo contínuo
que se observa desde a concepção ao idoso, englobando aspectos como cresci-
mento físico, maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afeti-
va do lactente (KAYENNE et al., 2010). Apesar de este processo ser universal,
cada lactente possui um ritmo individualizado, que pode ser modificado de acor-
do com as ocorrências da vida, existindo certa margem de variação normal entre
ritmos mais rápidos e mais lentos (DAMASCENO et al., 2016).
O desenvolvimento infantil está diretamente relacionado à integridade
neurológica do Sistema Nervoso Central (SNC) e, juntamente ao aprendizado,
com as condutas dos lactentes e as habilidades adquiridas, o desenvolvimento
pleno ocorre de modo gradual e durante o ciclo de vida. A combinação desses
fatores torna o ser humano competente para responder às suas necessidades e às
do ambiente (VARGAS, 2014).
A aquisição de novas habilidades é um processo contínuo e sequen-
cial, relacionado também à idade cronológica (FONSECA, 2011). Dessa for-
13
ma, o DNPM se dá em vista da idade; no entanto, ele depende basicamente da

quantidade de experiência neuropsicomotora e da prática vivenciada na infância
(FONSECA, 2011). Assim, o DNPM é considerado um processo multifatorial
que detém uma gama de possíveis fatores favoráveis ou de risco influenciadores
nas aquisições comportamentais do lactente, destacando-se diversos fatores in-
trínsecos ou extrínsecos (ZEPPONE et al., 2012).
Dentre os fatores extrínsecos, Rodovalho et al., (2012) citam o ambiente
de convivência, o fator socioeconômico, o grau de escolaridade da mãe e do nú-
cleo familiar, entre outros. Os transtornos de ansiedade materna também configuram
importante risco ao DNPM, sendo seu aumento muito expressivo nos últimos anos
(BELTRAMI; BRAGAN; RAMOS, 2013). Entre os fatores intrínsecos, a prematuri-
dade e o baixo peso ao nascer são destacados negativamente (VARGAS, 2014).
As áreas do DNPM se dispõem em desenvolvimento pessoal-social, lin-
guagem, visual, auditivo e desenvolvimento motor (SACCANI; VALENTINI, 2010).
O desenvolvimento pessoal-social representa a interação do lactente com o meio so-
ciocultural onde está inserido e o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais
(CRÓ; PINHO, 2011). Os benefícios alcançados influenciam no comportamento, na
aprendizagem, na saúde física e mental do lactente, o qual desenvolve a capacidade
de se tornar independente nas atividades cotidianas e, posteriormente, ser capaz de
construir sua independência no âmbito familiar e social (SACCANI; VALENTINI,
2010; FRÔNIO; VIEIRA, 2012). O desenvolvimento pessoal e social abrange as ap-
tidões necessárias para o lactente compreender e lidar com seus sentimentos, interagir
com outras pessoas e se afirmar como pessoa, estando intimamente ligado ao desen-
volvimento da sua personalidade (CRÓ; PINHO, 2011).
Os primeiros 12 meses de vida do lactente são considerados períodos
importantes para o desenvolvimento da visão (MOVIMENTO DOWN, 2015). As
experiências visuais vivenciadas são fundamentais à formação e ao fortalecimento
das conexões cerebrais responsáveis pela visão (RAVANINI, 2012). O desenvol-
vimento adequado da visão depende da integridade não só das estruturas oculares,
como também das radiações ópticas de diferentes áreas corticais e subcorticais,
sendo o cérebro humano responsável pela análise e interpretação das informações
captadas pelos olhos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b). A visão tem como fun-
14
ção integrar as informações recebidas pelos outros sentidos e influenciar aspectos

do desenvolvimento que são mediados por ela, como o desenvolvimento motor,
cognitivo e pessoal-social (RAVANINI, 2012).
Também, as experiências auditivas no primeiro ano de vida auxiliam
a organização de processos neuropsicológicos, orgânicos, afetivos e simbólicos
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a). O sistema auditivo está formado ao nasci-
mento, constituído por estruturas sensórias e conexões centrais, que possibilitam
o processamento periférico e a interpretação das informações auditivas (RECHIA,
2016). Em função da estimulação sonora ocorrerá maturação das vias auditivas no
domínio do tronco encefálico (VARGAS, 2014). Durante esse período, o sistema
auditivo central se encontra maleável às modificações que dependerão da quantida-
de e da qualidade dos estímulos ofertados e captados (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2012). Com isso, é fundamental a detecção precoce de qualquer alteração neste
sistema, já que por ele é permitido o acesso ao sentido da linguagem (RECHIA,
2016; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).
A linguagem compreende todos os meios de comunicação e expres-
são, englobando todas as formas visíveis e audíveis, seja através de expressões
faciais, gestos, movimentos posturais, vocalizações, palavras, expressões ou por
frases que se manifestam ao nascer pelo choro e progridem em sons como risos,
gritos e a fala (GIACCHINI; TONIAL; MOTA, 2013). O desenvolvimento da
linguagem no lactente depende de vários fatores, como a integridade e a matu-
ração do Sistema Nervoso Central, do Sistema Sensório-motor e dos órgãos fo-
noarticulatórios, da qualidade de relação com o meio ambiente (BEZERRA DE
MELLO et al., 2016). É através da linguagem que o lactente demonstra desejos,
sentimentos, vontades e desagrados (BEZERRA DE MELLO et al., 2016).
No contexto geral do DNPM infantil, o desenvolvimento motor amplo
ou grosso é considerado um componente essencial, tendo implicações em outros
aspectos do desenvolvimento (SOUZA; MAGALHÃES, 2012). A interação entre
aspectos relativos ao indivíduo, tais como suas características físicas e estruturais,
são determinantes na aquisição e refinamento das diferentes habilidades motoras,
com que o lactente adquire várias delas, começando de movimentos simples e de-
sorganizados à execução de habilidades motoras complexas e organizadas (SPIN-
15
DOLA et al., 2013). Esse tipo de habilidade está intimamente relacionada às mais
variadas ações utilizadas, cotidianamente, como trocas de posturas, engatinhar,
deambular, pular, chutar, entre outras (SACCANI; VALENTINI, 2010).
O desenvolvimento motor fino, também denominado de desenvolvimento
adaptativo, compreende as ações de ajustamento às atividades mais complexas, com
base em experiências anteriores que avançam por meio da coordenação, da sensação
e da percepção (ZEPPONE et al., 2012). Incluem-se, nesse campo, os ajustamentos
sensório-motores mais delicados aos objetos e situações como, por exemplo, alcan-
çar, preensão e manipulação de objetos (SOUZA; MAGALHÃES, 2012). O controle
motor fino está entre as habilidades que requerem mais atenção e concentração du-
rante a execução e a precisão do movimento (ZEPPONE et al., 2012).
Acompanhar o desenvolvimento infantil entre 0 a 12 meses de vida é
de fundamental importância, pois é nesta etapa de pós-nascimento que ocorre a
maturação e, devido à grande plasticidade cerebral, o lactente responde melhor às
terapias e aos estímulos que recebe do meio ambiente (SOUZA; MAGALHÃES,
2012). Há estudos em que é evidenciado o fato de que, quanto mais precoce for
o diagnóstico de atraso e realizada a intervenção adequada, menor será o impacto
desses problemas (RIBEIRO; PEROSA; PADOVANI, 2014).
Neste intuito, a Atenção Básica em Saúde surge como um espaço privile-
giado de atenção integral aos lactentes, na medida em que corresponde efetivamen-
te a uma nova concepção de saúde através da atuação multidisciplinar, centrada na
promoção e prevenção da qualidade do desenvolvimento e na vida futura daqueles
(ANJOS et al., 2005; VELEDAB; SOARES; VAZ, 2011).
16
Fatores de Risco para o

Desenvolvimento Neuropsicomotor
Fatores de risco ao desenvolvimento infantil são definidos como todos os
eventos negativos que, quando presentes, determinam o aumento da probabilidade do
surgimento de problemas sociais, emocionais e físicos (MAGALHÃES et al., 2012).
Há diversos fatores que podem influenciar o DNPM normal do lactente, como os
fatores extrínsecos e intrínsecos (LIMA, 2011). Desta maneira, alterações no desen-
volvimento dos lactentes apresentam características multifatoriais e cumulativas, nas
quais a existência de um ou mais fatores de risco influenciam, negativamente, sobre
os desfechos do DNPM (BOUSQUAT et al., 2016).
No organograma 1 são apresentados os principais fatores de risco
em que há prejuízo no DNPM, segundo o que consta na literatura.
Fatores de Risco
Extrínsecos Intrínsecos
s Baixo nível de condições s Prematuridade

socioeconômicas s Baixo peso ao nascer
s Baixo nível de escolaridade s primeirosmenor
Apgar de 7 nos
dos pais/cuidadores s Hipóxia neonatal de vida
5 minutos
s Problemas saúde mental s Distúrbios cardiorrespiratórios
dos pais/cuidadores s e neurológicos
s Ansiedade/depressão materna
s Mãe com idade inferior a 18 anos
Mãe em uso de drogas s Anomalias congênitas
s Ausência de pré-natal s Hiperbilirrubinemia
Desnutrição
s Conflitos familiares s Infeccções congênitas
s s
Organograma 1 | Fatores de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor
Fonte: Acervo das autoras Nascimento et al., 2019
17
Lactentes em situação de baixo índice socioeconômico são frequentemen-

te expostos a múltiplos fatores adversos, como influências externas inapropriadas ou
insuficientes, conflitos familiares e sociais, inadequada ingestão de alimentos e baixo
índice de estimulação ambiental, constituindo um importante grupo de risco para
atrasos no desenvolvimento (RODOVALHO et al., 2012; AMORIM et al., 2009).
A família é considerada influenciadora direta no desenvolvimento infantil,
pois na infância os principais vínculos, bem como os cuidados e estímulos neces-
sários ao desenvolvimento são fornecidos por ela, além de ser a mediadora entre o
lactente e a sociedade, possibilitando a sua socialização (RIBEIRO; PEROSA; PA-
DOVANI, 2014; RODOVALHO et al., 2012). Sendo assim, as atitudes e ações de
pais e/ou cuidadores, a qualidade do vínculo e estimulação do lactente, influenciam
na aquisição de determinadas capacidades (LIMA, 2011).
Segundo Lopes, Santander e Marcon (2010), a existência de problemas
durante a gestação ou parto, a ocorrência da gravidez de forma não planejada espe-
cialmente em fases precoces da vida, e a gestação sem acompanhamento de pré-natal
tem colaborado para nascimentos de lactentes com riscos importantes, associados ao
seu desenvolvimento neuropsicomotor. Também, autores referem que a saúde mental
materna, no período pré e pós-gestacional, afeta a qualidade e a disponibilidade do
cuidado e a interação mãe-lactente e, consequentemente, o desenvolvimento infantil;
com isso, o estado psicológico da mãe, os quadros de depressão ou ansiedade têm
sido focos de preocupação dos pesquisadores e dos serviços de saúde (RIBEIRO;
PEROSA; PADOVANI, 2014; NASCIMENTO; PIASSÃO, 2010).
Os recém-nascidos prematuros e com baixo peso estão entre os principais
fatores de risco à ocorrência de alterações no DNPM (RODRIGUES et al., 2011;
MAGALHÃES et al., 2011). São considerados recém-nascidos prematuros com ida-
de gestacional inferior a 37 semanas e, de baixo peso, os que apresentam o peso de
nascimento menor que 2500 gramas, independentemente da idade gestacional (VIEI-
RA; LINHARES, 2011). Estes lactentes nascem biologicamente imaturos, com alto
risco de mortalidade e morbidade e, consequentemente, com maior probabilidade de
apresentar problemas de saúde e de desenvolvimento, quando comparados aos lacten-
tes nascidos a termo (VIEIRA; LINHARES, 2011; NOBRE et al., 2009).
Embora haja distinção entre os fatores de risco extrínsecos e intrínsecos,
18
estão intimamente relacionados e o seu reconhecimento pelos profissionais da aten-

ção básica em saúde pode direcionar a implementação de recursos que visem dimi-
nuir sua incidência ou minimizar seus efeitos sobre o lactente, desenvolvendo inter-
venções precoces ao DNPM (SACCANI, 2009). Sendo assim, é importante que o
profissional em saúde tenha visão ampliada e uma análise coletiva sobre os fatores de
risco que cercam o lactente (LIMA, 2011).
19
CAPÍTULO 2
Desenvolvimento
Neuropsicomotor de 0-3 meses
1. Desenvolvimento pessoal-social e da visão
A interação social se inicia no nascimento, sendo a primeira relação social
e afetiva do lactente com seus familiares e cuidadores (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2016a). O primeiro trimestre da vida é um período de desenvolvimento extrema-
mente rápido e crucial no desenvolvimento interior do lactente, o qual se encontra
numa fase de permanente atenção, capaz de absorver tudo o que passa ao seu redor
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O lactente desenvolve reações socioemocionais
às pessoas a sua volta e também à cultura do meio em que vive (CRÓ; PINHO, 2011).
Ao passar do primeiro mês, o sorriso reflexo evolui para sorriso social, sendo um
canal ativo de comunicação e de trocas socioafetivas (RAVANINI, 2012).
O desenvolvimento da visão tem início na vida intrauterina e continua
após o nascimento, sendo permeado por fatores de maturação neurológica e am-
bientais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a). Ao nascimento, tanto o SNC quanto
o sistema ocular são imaturos; o recém–nascido (RN) nasce com baixa visão, por
isso são necessárias experiências visuais para que ambos se desenvolvam (RA-
VANINI, 2012). A visão representa um dos primeiros canais de interação do lac-
tente com o mundo, o qual apresenta busca da fonte luminosa, ocorrendo breve
fixação e tentativas de seguir objetos em trajetória horizontal desde os primeiros
dias de vida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a).
Ao primeiro mês de vida o lactente demonstra, como marco do desen-
volvimento visual, a preferência por objetos de alto contraste (preto e branco) e
figuras geométricas simples (GUIMARÃES et al., 2015). Contato visual fixado
por alguns segundos, com seguimento visual em trajetória horizontal em arco de
20
90 graus (RAVANINI, 2012; GUIMARÃES et al., 2015). No segundo mês, apre-

senta interesse por objetos novos e com padrões mais complexos, fixação estável
e desenvolvida, iniciando coordenação binocular e seguimento visual em trajetória
vertical (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).
Com isso, entre os dois primeiros meses mostra melhora da percepção de um rosto
e ampliação do campo de visão (SOUZA et al., 2010).
Ao final do terceiro mês, o lactente desenvolve acomodação e convergên-
cia, adquire noção de profundidade, inicia observação das mãos e faz tentativas de
alcance para o objeto visualizado em esfera visual de 20 a 30 centímetros (SOUZA
et al., 2010). É capaz de mover os olhos rapidamente ou manter o olhar fixo, focando
um objeto até a linha média (MOVIMENTO DOWN, 2015).
2. Desenvolvimento auditivo e da linguagem

O desenvolvimento auditivo tem início no nascimento como uma ação
reflexa, mas, a partir do momento em que o lactente está exposto a estímulos
auditivos variados, iniciam-se as experiências auditivas e as respostas comporta-
mentais aos sons (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b). Ao decorrer do primeiro
mês, a resposta auditiva depende de estímulos sonoros fortes, apresentando res-
postas esperadas de piscare reflexo cócleo, reação palpebral e de sobressalto ou
reflexo de Moro (RECHIA, 2016).
Com dois meses de idade, o lactente reconhece a voz materna, apresentan-
do início das habilidades de atenção ao som e resposta a estímulos mais fracos, desa-
parecendo a reação de sobressalto até o final desta fase (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2016a). Ao final do primeiro trimeste, à medida que ganha controle cervical, inicia a
localização dos sons lateralmente (GUIMARÃES et al., 2015).
A aquisição de habilidades comunicativas é desenvolvida antes de o lac-
tente iniciar a fala (GIACCHINI; TONIAL; MOTA, 2013). Entre 0 a 3 meses de ida-
de, o lactente já apresenta desenvolvimento socioemocional e da linguagem através
do choro, expressões faciais e vocalizações como som gutural, sons curtos de vogais,
sendo esta fase denominada de pré-linguística, a qual permanece até os 12 meses
21
(GUIMARÃES et al., 2015). Também reage a estímulos ambientais, apresentando

movimentos corporais bruscos ao ouvir estímulo sonoro intenso e se acalma com a
voz materna ou familiar (GIACCHINI; TONIAL; MOTA, 2013).
Desde o começo, o lactente apresenta som intenso e indiscriminado, bem
como gritos aleatórios de volume e intensidade variados que, ao decorrer do final do
primeiro trimestre desenvolve diferentes formatações de choro, ligado ao momento
ou a um estado de desconforto, além de identificar a fala de seu cuidador, manifes-
tando reações corporais (MOVIMENTO DOWN, 2015).
3. Desenvolvimento motor amplo e fino

As aquisições motoras evoluem de um padrão motor involuntário e re-
flexivo para controle voluntário e preciso dos movimentos (SACCANI, 2009). No
primeiro trimestre predomina o padrão de flexão fisiológica, preensão palmar e plan-
tar reflexa e o período de posturas assimétricas, devido à atividade reflexa ser muito
intensa, sendo o controle cervical a principal aquisição motora nesta fase (CARVA-
LHO, 2011; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).
Com poucas semanas de vida, o lactente já é capaz de ativar a musculatura
extensora do pescoço e da porção superior do tronco, suficientemente, para elevar
a cabeça e olhar a sua volta (CARVALHO, 2011). Com um mês de idade, a eleva-
ção da cabeça em prono é de 45°, porém assimétrica (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2016b). Quando puxado para sentar, as mãos estão fechadas, e a cabeça cai para
trás (CARVALHO, 2011). Ao ser segurado pelas axilas, apresenta a marcha refle-
xa que costuma desaparecer por volta dos 2 meses (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2016a). Também, os olhos acompanham os objetos até a linha média, reagindo a
efeitos luminosos e acústicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).
No segundo mês, quando puxado para sentar, a cabeça começa a
ser controlada a partir de 45º, mantendo-a ativamente na linha média (MARTINEZ et
al., 2007). Ainda é possível verificar a assimetria fisiológica e influências de padrões
tônicos posturais, porém nenhuma delas limita o movimento ativo (CARVALHO,
2011). No terceiro mês, quando levantada para sentar, a cabeça se mantém na linha
22
média (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a). Os membros apresentam um tônus mais

extensor, onde o lactente possui mais estabilidade, primeiramente na posição supi-
no, seguida de prono e ereta respectivamente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).
Ainda, em posição de prono apresenta descarga de peso nos antebraços, estabilidade
da cintura escapular e controle cervical em 90°, permitindo que a atenção, reações de
equilíbrio e a busca visual estejam mais desenvolvidas nessa fase (MARTINEZ et al.,
2007; SACCANI, 2009; GUIMARÃES et al., 2015).
A capacidade manual é desenvolvida gradativamente através do sistema
sensório-motor até atingir a acuidade necessária para que o lactente se adapte (ZE-
PPONE et al., 2012). No primeiro trimestre do desenvolvimento motor fino, o lacten-
te apresenta reflexo de preensão, na qual fecha a mão ao ser colocado um estímulo na
palma da sua mão (SOUZA; MAGALHÃES, 2012). Também, nesta fase, desenvolve
alcance em direção a um objeto e há o início da percepção e descoberta das partes do
corpo, quando o segmento passa a ser percebido no campo visual(VARGAS, 2014).
O lactente pode permanecer longos períodos as observando, fase que representa o
início do desenvolvimento das habilidades óculo-manuais (ZEPPONE et al., 2012).
4. Orientações e estímulos do desenvolvimento

neuropsicomotor de lactentes entre 0 a 3 meses
O cérebro infantil está em constante evolução, promovendo modifi-
cações estruturais e funcionais no SNC, sendo que nos 12 primeiros meses de
vida as atividades motoras e cognitivas se desenvolvem com grande velocidade
(KAYENNE et al., 2010). Nesta fase, é de extrema importância oportunizar va-
riadas formas de estímulos, a fim de garantir o desenvolvimento e crescimento
adequados, tornando, assim, o lactente competente para responder às suas neces-
sidades e às do seu meio (RODOVALHO et al., 2012).
Na tabela 1 estão apresentados alguns objetivos à aquisição de marcos im-
portantes no primeiro trimestre do DNPM do lactente, com base nos autores Bee, Boy
(2011); Carvalho (2011); Ministério da Saúde (2016a); Ministério da Saúde (2016b);
Ministério da Saúde (2012); Movimento Down (2015).
23
Habilidades Objetivos
estimuladas
s Promover vínculos afetivos;
s Estimular o sorriso
Desenvolver percepção sensorial;
s Desenvolver o autoconhecimento
social;
s e autoimagem;
s Estabelecer contato visual;
s Desenvolver coordenação
Estimular contato visual olho a olho;
Desenvolvimento s Proporcionar coordenaçãoóculo-motora;
pessoal-social e da visão s Promover ampliação do campo binocular;
s Estimular seguimento visual visual;
s em trajetória horizontal;
s Estimular seguimento visual
em trajetória vertical;
s Estimular o comportamento
exploratório do ambiente;
s Desenvolver percepção auditiva;

Desenvolvimento s Estimular a vocalização;
Estimular reação ao som;
auditivo e da linguagem s Exercitar a atenção e repetição de sons;
s
s Estimular controle cervical;

Desenvolvimento s Estimular controle
Promover a exploração na linha média;
s Desenvolver reaçãopostural;
motor amplo e fino
s Proporcionar exploração
de equilíbrio;
s de objetos.
Tabela 1 | Objetivos a serem alçados para o desenvolvimento das habilidades

pessoal-social, visual, auditiva, motora ampla e motora fina
24
A seguir, serão apresentadas as orientações e estímulos para o desenvol-

vimento neuropsicomotor adequado nesta fase, como subsídio aos profissionais de
saúde na efetuação da estimulação precoce dos lactentes.
4.1 Estimulação pessoal-social e da visão
ç Manter um diálogo com o lactente, buscando contato visual olho a olho, de

modo a interagir com ele de forma a estabelecer mutualidade precoce na comuni-
cação e afeto (ver Figura 1).
Figura 1 | Contato visual olho a olho

ç É importante o diálogo e contato olho a olho entre mãe e lactente durante a amamenta-
ção por aleitamento materno ou não. Nesta fase, o lactente consegue focar rostos e objetos
mais próximos, entre 20 a 30 centímetros; assim, a posição e momento da amamentação se
tornam muito importantes para o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho.
25
ç Ao realizar os cuidados, converse com o lactente, relatando as ações enquanto as

executa. Por exemplo: cantar canções de ninar, anunciar a hora de mamar, informar
que é hora de dormir, dizer o nome das diferentes partes do corpo, etc.
ç Sorria para o lactente e responda aos seus gestos.
ç Incentive o lactente a tocar as partes do seu corpo, como mãos, pés e barriga para
estimular a percepção corporal (ver Figura 2).
Figura 2 | Estímulo à percepção corporal

ç Durante o brincar e ou terapia, utilize estímulos visuais com objetos de formas

geométricas simples, pretos e brancos, a uma distância mínima de 20 a 30 centíme-
tros, realizando pequenos movimentos oscilatórios a partir da linha média em traje-
tória horizontal e vertical.
ç Através da demonstração e comunicação, estimule para que o lactente explore e
manipule objetos que o rodeiam.
ç Exponha e explique quem são as pessoas (familiares ou não), a fim de que ele
reconheça o outro dentro do ambiente. Importante manter um familiar como ponto de
apoio para o lactente não se sentir inseguro.
4.2 Estimulação auditiva e da linguagem
ç De diferentes posições no ambiente, usar a voz ou sons agradáveis de brinquedos,

dando oportunidade ao lactente para procurar e localizar o som lateralmente.
26
ç Ludicamente, exercite a memória e atenção, realizando a repetição de sons e os

imitando através das mímicas faciais que o lactente faz.
ç Responda aos sons e interesses do lactente.
4.3 Estimulação motora ampla e fina
ç É importante a realização de trocas de posturas em supino, prono e decúbito lateral.

ç A posição de supino é recomendada para dormir, pois as posturas de prono e lado,
nesta fase do desenvolvimento, apresentam riscos de acidentes, dentre eles, a morte
súbita. Enfatize a importância desta postura para dormir, já que a troca de postura
deve ocorrer quando o lactente estiver acordado.
ç Com o lactente em posição supino, leve os brinquedos com formas geométricas
simples em cores preto e branco para o centro do seu corpo, desenvolvendo a atenção
em linha média.
ç Posicione o lactente em prono; com o mesmo brinquedo realize movimentos ver-
ticais e horizontas, estimulando a atenção e controle cervical.
ç Incentive o início do sentar no colo do terapeuta ou de familiares.
ç Proporcione a preensão bimanual na linha média e coordenação óculo-manual,
oferecendo brinquedos e objetos para o lactente tocar e pegar com as mãos.
ç Estimule o alcance bimanual e a manipulação de objetos à distância, através de
estímulos táteis, visuais e sonoros.
5. Exercícios para a estimulação do desenvolvimento

5.1 Supino
Posicionar o lactente em supino. Utilizar brinquedos ou objetos geomé-

tricos simples em preto e branco para atrair a atenção do lactente, estimulando-o a
manter a cabeça em linha média. É importante colocar o brinquedo a uma distância
27
próxima, pois o campo visual do lactente neste trimestre do desenvolvimento é de

20 a 30 centímetros.
Em seguida, realize movimentos laterais com o brinquedo visual, promovendo
rotação cervical e de tronco, alcance bimanual em linha média e lateral (ver Figura 3).
Figura 3 | Estímulo óculo-motor em supino

Esse exercício pode ser realizado também na posição de decúbito lateral,

com o lactente sentado no colo do cuidador ou terapeuta; (ver Figura 4) durante a
execução, lembrar-se de cantar, contar histórias, sorrir, ficar próximo dele para pro-
porcionar o contato visual olho a olho e alternar os brinquedos de um lado para o
outro. Oriente os familiares e cuidadores para que façam o mesmo.
Esta atividade é importante para o desenvolvimento óculo-motor.
28
Figura 4 | Estímulo óculo-motor sentado

5.2 Prono
Posicionar o lactente em prono; em seguida, posicionar-se na frente dele,

estimulando a extensão e controle cervical e utilizando o mesmo brinquedo de forma
geométrica simples. Faça movimentos em trajetórias laterais e verticais com o brin-
quedo (ver Figura 5). Se necessário, colocar uma toalha ou travesseiro embaixo do
tronco do lactente, próximo às axilas para auxiliar no posicionamento. O exercício
pode ser executado na região peitoral do estimulador, ou seja, colocar o lactente em
prono na região do peito, interagindo com ele.
Este brinquedo é super fácil, barato e prático de fazer; imprima ou
pinte com caneta,lápis, giz preto formas geométricas simples em preto e branco
e depois cole em um palito de picolé. Lembre-se de orientar os familiares na
produção deste brinquedo, pois nesta fase do desenvolvimento o lactente ainda
não enxerga outras cores.
29
Também, oriente sobre a importância de posicionar o lactente em prono, pois

a partir desta posição é que ocorre, concomitantemente, o fortalecimento de membros
superiores e inferiores, além de possibilitar ao lactente a exploração mais efetiva do am-
biente e o desenvolvimento do controle cervical. É importante colocá-lo nesta posição
30 a 40 minutos após a amamentação para evitar refluxo ou desconfortos.
Figura 5 | Estímulo controle cervical em prono

30
6. Checklist das habilidades a serem

desenvolvidas de 0 a 3 meses
ç Desenvolvimento de vínculo afetivo

com familiares ou cuidadores;
ç O sorriso reflexo evolui para sorriso social;
ç Desenvolvimento do contato olho a olho;
ç Início do reconhecimento corporal;
ç Preferência por objetos de alto contraste (preto
e branco) e figuras geométricas simples;
ç Esfera visual de 20 a 30 centímetros;
ç Contato visual fixado por alguns segundos, com
seguimento visual na trajetória horizontal em arco de 90°;
ç Acompanhamento de objetos até a linha média;
ç Reconhecimento da voz de familiares;
ç Início da localização dos sons lateralmente;
ç Choro como principal forma de comunicação;
ç Vocalização de sons guturais e de vogais simples;
ç Controle cervical;
ç Elevação cervical em 45º aos 2 meses
e 90°aos 3 meses em prono;
ç Exploração manual em linha média.
31
6.1 Mapa Conceitual DNPM 0-3 meses
32
Figura 6 | Mapa conceitual sobre desenvolvimento neuropsicomotor de 0 a 3 meses

CAPÍTULO 3
de 3 a 6 meses

Aos 4 meses de idade, o lactente começa a desenvolver expressões faciais mais
complexas em resposta a comportamentos sociais e interações familiares (SACCANI;
VALENTINI, 2010). Perto dos 6 meses, é possível observar que o lactente começa a apre-
sentar discriminação nos seus comportamentos de vinculação, tendo a capacidade de re-
conhecimento dos seus familiares e cuidadores influenciando na maneira de se relacionar,
desenvolvendo reações diferenciadas consoante a pessoa com quem interage como, por
exemplo, sorri mais às pessoas que a cuidam do que aos estranhos e vira em direção à voz
dos familiares, reconhecendo-os (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b; FRÔNIO; VIEIRA,
2012; GUIMARÃES et al., 2015). É também capaz de distinguir pessoas conhecidas de
estranhos, revelando preferência por rostos familiares (SACCANI; VALENTINI, 2010).
Nesta faixa etária, o lactente também se interessa por formas vi-
suais cada vez mais complexas, apresentando aumento da esfera visual e acuidade
visual (RAVANINI, 2012). Entre 5 a 6 meses realiza fixação visual além da linha
média, apresentando movimentos oculares mais rápidos e precisos que são acom-
panhados de movimentos de deslocamento da cabeça (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2016a; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).
Igualmente, ao final do segundo trimestre, o lactente amplia o campo vi-
sual para 180º e percebe pequenos objetos em um raio de 1 a 1,5 metros de distância
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b). Inicia a
noção de permanência do objeto, ou seja, a noção de que os objetos continuam a
existir, mesmo que estejam fora do seu alcance de visão (SOUZA et al., 2012). Pode
apresentar desvio ocular, mas se persistir, é recomendada avaliação oftalmológica
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a).
33

No segundo trimestre de vida do lactente, algumas respostas ao compor-
tamento auditivo são expressas por meio de respostas motoras como, por exemplo,
a localização do som que é expressa por meio do controle e rotação cervical e, pos-
teriormente, pela dissociação de cinturas escapular e pélvica, sendo que aos 5 me-
ses a resposta de localização do som está em processo de desenvolvimento e, aos
6 meses de idade, a localização lateral da fonte sonora é direta (BEE; BOY,2011).
Ainda nesta fase, o lactente apresenta atenção a convocações, em que fica atento
e reconhece a voz materna ou do cuidador, emitindo sons e movimentos corporais
em resposta (MOVIMENTO DOWN, 2015).
A partir dos 4 meses, começa a imitar alguns sons que ouve à sua
volta, sendo que alguns são semelhantes a consoantes (MOVIMENTO DOWN,
2015). Por volta dos 4 e 5 meses, possui já grande sensibilidade às modulações
nos tons de voz que ouve, e as vocalizações começam a adquirir entonação (MI-
NISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a). Durante o fim deste período, o lactente produz
longos sons de vogais ou murmúrios de vários tipos (RECHIA, 2016). Há muitos
sons de prazer que, em geral, são manifestados quando o lactente está sendo
alimentado, tomando banho ou está contente por algum motivo, mas não são
considerados linguagem (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Por volta dos 6 meses de idade se inicia uma nova fase, chamada de fase
de balbúcio; durante o período de balbúcio, há uma rica quantidade de sons, tanto de
consoantes quanto de vogais, produzidos pelo lactente frequentemente (GIACCHINI;
TONIAL; MOTA, 2013; BEE; BOY, 2011). As vocalizações vão se tornando mais
generalizadas, havendo desenvolvimento de padrões silábicos (RECHIA, 2016).

Nesta fase do desenvolvimento motor o lactente está mais alerto, sen-
do capaz de utilizar o corpo de forma mais ativa e adquirir habilidades moto-
ras através da repetição dos movimentos (MOVIMENTO DOWN, 2015). Ao 4º
34
mês de vida, o lactente possui total controle cervical; na postura supina, leva
os membros superiores na linha média, conseguindo alcançar os joelhos e rolar
para decúbito lateral (CARVALHO, 2011; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Em posição prono, o lactente é capaz de estender a cabeça em 90° graus, elevan-
do os membros superiores e inferiores, simultaneamente, por breves períodos,
apoiando-se apenas no abdômen e também mantém o apoio nos cotovelos e,
posteriormente, nas mãos (PIPER; DARRAH, 1994; SACCANI, 2009).
Na postura supina, ao puxar o lactente à posição sentada, participa ati-
vamente do movimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a). Quando posicionado
sentado, o tronco não possui estabilidade ou equilíbrio suficiente e há a tendência de
ele se inclinar à frente (SACCANI, 2010). Ainda não há reações de apoio, embora o
membro superior já apresente extensão sem que o lactente faça peso (CARVALHO,
2011). Aos 5 meses, em ortostase, apoiado pelas axilas, o lactente sustenta seu pró-
prio peso sem a influência da reação positiva de suporte, utilizando a força do qua-
dríceps (ZEPPONE et al., 2012). Nesta fase desaparecem todos os padrões tônicos
posturais e reação de Moro (MARTINEZ et al., 2007).
Ao atingir 6 meses de idade, o lactente já tem domínio sobre os
movimentos rotacionais, denotando controle sobre as transferências de decúbito
como o rolar (SACCANI, 2009). Permanece na postura sentada independentemen-
te, apoiando as mãos à frente do corpo pela reação de proteção para frente (MAR-
TINEZ et al., 2007). Como ainda não tem total controle do seu deslocamento de
peso nesta postura e não apresenta ainda as reações laterais e posteriores de apoio,
pode cair para os lados e para trás (SACCANI, 2010).
No final neste período, o lactente em prono desenvolve elevação da
cintura escapular e aplainamento da cintura pélvica; com isso, os membros supe-
riores adquirem capacidade de deslocamento, permitindo que ele inicie a postura
de gatas (SOUZA; MAGALHÃES, 2012). O melhor equilíbrio de tronco permite
liberar uma das mãos nesta posição para a realização do alcance alternado; e
pode iniciar o arrastar-se (SACCANI, 2009).
Em relação à motricidade fina, aos 4 meses o lactente começa a apre-
sentar preensão voluntária das mãos, segurando objetos maiores com coordena-
ção óculo-manual adquirida (ZEPPONE et al., 2012). As mãos iniciam o abrir
35
quando se aproximam de algum objeto (ZEPPONE et al., 2012). Entre 5 e 6

meses de idade, o lactente está na fase de preensão palmar simples ou de aperto,
a qual consiste em pegar o objeto, segurando-o com os últimos quatro dedos e a
palma da mão, com adução do polegar (VARGAS, 2014). Nessa fase, o lactente
começa a passar o objeto de uma mão para a outra (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2016b; SOUZA; MAGALHÃES, 2012).

Na tabela 2 estão expostos alguns objetivos à aquisição de marcos impor-
tantes no segundo trimestre do DNPM do lactente, baseados nos autores Bee, Boy
estimuladas
s Promover/manter vínculos afetivos;
s Estabelecer contato visual;
Desenvolver percepção sensorial;
s Desenvolver a exploração
s do próprio corpo;
s Proporcionar consciência corporal;
Desenvolvimento s exploratório do ambiente;
Estimular o comportamento
pessoal-social e da visão
s Desenvolver coordenação óculo-motora
associada a deslocamento da cabeça;
s Estimular ampliação do
campo visual para 180º;
s Estimular o desenvolvimento da
noção de permanência do objeto.
36
estimuladas
s Desenvolver percepção auditiva;
s Estimular reação ao som;lateral do som;
Estimular a localização
Desenvolvimento s Proporcionar atenção às convocações;
s Estimular a vocalização e entonação;
auditivo e da linguagem
s Exercitar a atenção e repetição de sons;
Tabela 2 | Objetivos a serem alçados para soEstimular
desenvolvimento das habilidades
s o balbucio.
s Estimular o rolar;
Desenvolvimento s Estimular ao rotação
Estimular de tronco;
s Estimular reação de proteção
sentar;
motor amplo e fino
s à frente na postura sentada;
s Estimular o arrastar;
s bimanual naexploração
Promover a
linha média;
s Proporcionar exploração
Estimular o alcance dos pés em supino;
s Estimular o alcance de objetos;
de objetos;
s Desenvolver habilidade de manipular
sobjetos e passar de uma mão para a outra.

A seguir, serão apresentadas as orientações e estímulos ao desenvolvimen-

to neuropsicomotor adequado nesta fase, como subsídio aos profissionais de saúde na
efetuação da estimulação precoce dos lactentes.
ç Deixe que o lactente toque e explore seu rosto.

ç Desenvolva a percepção em relação às outras pessoas, brincando de cobrir e des-
37
cobrir o rosto do lactente ou de esconde-esconde.

ç Ofereça brinquedos e objetos que tenham consistências diferentes, orientando os
familiares de que o melhor brinquedo, nesta fase, é aquele que permite a exploração
com o próprio corpo.
ç Durante o momento do banho, é importante a participação do lactente para o
reconhecimento das partes do corpo e desenvolvimento sensório.
ç Realize estímulos táteis em regiões do corpo e estimule para que o lactente faça
palpação das suas mãos, pés e, posteriormente, leve-os à boca (ver Figura 7).
Figura 7 | Estímulo à percepção sensorial em regiões do corpo

ç Também, leve o brinquedo até alguma parte do corpo para que o lactente
tente alcançá-lo.
ç Sente com o lactente em frente ao espelho; isto é importante para que ele comece
a se reconhecer. Realize, também, esta atividade com o lactente em posição de prono
(ver Figura 8).
38
Figura 8 | Estímulo visual e reconhecimento corporal em frente ao espelho

ç Quando o lactente estiver no colo, dar preferência para que o campo visual
dele fique voltado ao ambiente e não apenas à pessoa que o está segurando, per-
mitindo estímulos visuais externos.
ç Estimule o comportamento exploratório do ambiente, demonstrando de forma
verbal quais objetos estão no local, onde o lactente está, com quem está e onde irá.
ç Utilize objetos e brinquedos de tamanhos e tipos variados, de cores de alto con-
traste como, por exemplo, amarelo e preto ou vermelho e branco. Uma simples garra-
finha com água colorida vira brinquedo, conforme demonstrado nas Figuras 11,13,14.
ç Estimule o lactente, mostrando-lhe objetos e brinquedos em um campo visual
de 180º e objetos pequenos em um raio de 1 a 1,5 cm de distância dele, reali-
zando movimentos laterais. Faça esta atividade em diferentes posturas como em
supino, prono e sentado.
ç Esconder parcialmente um objeto ou brinquedo e perguntar ao lactente onde
ele está; à medida que a brincadeira se desenvolver, esconder o objeto comple-
tamente, estimulando a noção de permanência daquele.
39
ç Proporcione brincadeiras com chocalhos e músicas.

ç Alterne os lados dos brinquedos sonoros, dando oportunidade ao lactente de loca-
lizar o som lateralmente, proporcionando deslocamento da cabeça, rotação de tronco
e mudança de decúbito. Realize esta atividade em diferentes posturas como prono,
supino, decúbito lateral e sentado (ver Figura 9).
Figura 9 | Estímulo à localização do som utilizando chocalho

ç Converse, cante, use palavras como “dada, papá” com o lactente, incentivan-
do-o a repeti-las.
ç Estimule a produção de balbúcio, imitando o som que ele produz e proponha
novos arranjos.
ç Comunique-se com o lactente através de frases curtas, evitando enunciados mui-
to complexos e abstratos, facilitando a relação entre a fala, gestos, expressões faciais,
convocações e intenções. Evite falar no diminutivo, pronúncias erradas e infantilizadas.
ç A partir deste trimestre é importante que o lactente permaneça em superfícies

firmes e estáveis quando acordado como, por exemplo, o chão, pois como está
aprendendo a rolar, pode cair de locais mais altos. Além disto, em superfícies moles,
tal como a cama, o lactente terá que fazer mais força e não terá muita estabilidade.
40
ç Em supino, estimule o lactente a pegar o joelho e, posteriormente, os pés. Este

movimento é importante para o fortalecimento abdominal inferior e flexores de qua-
dril, bem como ao alongamento de musculatura de cadeia posterior, de rotadores e
adutores da coxa (ver Figura 10).
Figura 10 | Estímulo ao alcance dos pés em supino

ç Estimule o rolar em superfícies firmes, amplas e livres. Utilize brinquedo como

atenção, colocando-o ao lado do lactente para estimular o alcance ao lado e a troca
de posturas. Lembre-se que o colchão, por ser mais macio, fica mais difícil de o
lactente conseguir rolar.
ç Posicione o lactente em prono, proporcionando a extensão do tronco e rotação
cervical com estímulo visual e sonoro de um brinquedo. Devem ser realizadas em
superfícies firmes e seguras (ver Figura 11).
41
Figura 11 | Estímulo ao fortalecimento de tronco e de

membros superiores em posição prono
ç Posicione o lactente em prono, estimule-o para que alcance objetos acima de sua
cabeça. Tente incentivá-lo a se apoiar apenas em uma das mãos.
ç Oportunize para que o lactente fique na posição sentada; brinque com ele sentado
entre suas pernas ou utilize almofada de amamentação e almofadas.
ç Estimule a posição sentada inicialmente com apoio dos braços à frente, progre-
dindo à posição sem apoio.
ç Posicione o lactente sentado e realize movimentos laterais.
ç Estimule a transferência do sentar para prono com estímulo no quadril e um brin-
quedo à frente do lactente (ver Figura 12).
Figura 12 | Estímulo a troca de postura sentada para prona

42
ç Com o lactente em prono, estimule-o a flexionar um dos membros inferiores,

dando apoio com a mão no pé flexionado e no outro membro inferior que se encontra
estendido, auxiliando-o no movimento de se arrastar. Faça uso de brinquedo à frente
para chamar sua atenção.
ç Na posição de supino, dê brinquedos para a manipulação em linha média (ver Figura
13). É importante dar brinquedos de tamanhos, formatos, texturas e cores variadas.
Figura 13 | Estímulo à manipulação em linha média

ç Incentive a manipulação bimanual dos brinquedos nas posições supino e sentada,

colocando um brinquedo em uma mão e estimulando o lactente a trocar de mão.
ç Estimule o alcance de objetos, colocando-os à frente do lactente, tanto na postura
supina, prona como na postura sentada. Importante dar estímulos verbal e tátil para
que ele os pegue.
ç Utilize brinquedos que estimulem o abrir e fechar das mãos em diferentes direções.
43

5.1 Rolar
Posicionar o lactente em supino em superfícies firmes, amplas e seguras.

Incentivar o rolar de supino para prono, a partir do seguimento visual de um brinque-
do e comando verbal (ver Figura 14). É importante que o brinquedo esteja distante
para que o lactente tente alcançá-lo.
Figura 14 | Estímulo ao rolar independe de supino para prono

44
Quando o lactente ainda não sabe rolar, colocar o brinquedo na diagonal

acima da cabeça para que ele tente alcançá-lo. Se necessário, estimular a troca de pos-
tura com apoio em quadril e braço (ver Figura 15). Se o braço do lactente permanecer
preso embaixo do tronco, faça um estímulo tátil no braço preso para que ele tente
retirá-lo. É importante deixar o lactente tentar.
Figura 15 | Estímulo ao rolar de supino para prono com auxílio

Em seguida, estimule a volta a fim de que o lactente aprenda a rolar de

prono para supino. Também, se necessário, estimular com apoio em quadril e braço,
colocando o braço do mesmo lado que o lactente irá rolar a frente (ver Figura 16).
Figura 16 | Estímulo para rolar de prono para supino com auxílio

5.2 Sentar
Posicionar o lactente em supino e puxar pelas mãos com cuidado, para que
ele realize força necessária e alcance a posição sentada com auxílio (ver Figura 17).
Durante a atividade, incentive o lactente por meio de estímulos verbais positivos para
45
que ele alcance a postura desejada. Esta atividade é importante no fortalecimento da

musculatura abdominal, controle de tronco e cervical, além de proporcionar a postura
sentada, retificando a coluna e desenvolvendo reação de proteção anterior e lateral.
Figura 17 | Estímulo da troca de postura supino para sentada com auxílio

Em seguida, estimule o retorno da posição sentada para supino. Mantenha

o apoio nas mãos e estímulos verbais (ver Figura 18). Com isso, o lactente fortalece
os músculos paravertebrais e abdominais.
Figura 18 | Estímulo da troca de postura sentada para supino com auxílio

46
É importante incentivar os familiares a manter o lactente na posição

sentada; caso ele ainda não tenha atingido por completo este marco do desenvol-
vimento, utilize, por exemplo, calça de posicionamento, almofadas ou coloque-o
sentado no colo dos familiares ou cuidadores para mantê-lo na posição. Para isso,
é necessário que o familiar esteja sentado em um lugar plano e firme, posicionando
o lactente sentado acima de uma perna, com seus membros inferiores em apoio
lateral para trabalhar a reação de proteção.
Também, é importante incentivar o brincar com as duas mãos, oferecendo
ao lactente objetos de diferentes texturas além de colocar músicas, contar histórias,
enquanto ele permanecer nesta posição.
5.3 Alcance de objetos
No início deste trimestre, o lactente apresentará dificuldade em abrir

as mãos, apesar de conseguir fazer preensão voluntária. Para estimular a abertura
das mãos, dê-lhe brinquedos de tamanhos, formatos, texturas e cores variadas,
estimulando o lactente a pegar o objeto; tente pressionar o objeto em uma das
suas mãos para que ele tente alcançá-lo e o pegar. Estimule o lactente a passar o
objeto de uma mão para a outra.
Após o lactente apresentar mais habilidade em abrir as mãos, posicioná-lo
em prono e colocar brinquedos coloridos e sonoros a sua vista, estimulando o alcan-
ce. Vá trocando de posição o brinquedo, incentivando-o a pegá-lo acima à frente, ao
lado, mais perto e mais longe (ver Figura 19). Ainda nesta posição, esconda brinque-
dos ou objetos embaixo de panos leves, para que o lactente tente levantar e achá-los.
Figura 19 | Estímulo ao alcance de objetos em prono

47
Estimule o alcance de objetos em posição sentada (ver Figura 20). Igual-

mente, realize movimentos laterais com o brinquedo para estimular o alcance asso-
ciado à rotação de tronco (ver Figura 21).
Figura 20 | Estímulo ao alcance sentado

Figura 21 | Estímulo ao alcance associado

à rotação de tronco
48

desenvolvidas entre 3 a 6 meses
ç Desenvolvimento de vínculo afetivo

com familiares ou cuidadores;
ç Respostas socioafetivas aos familiares, distinguindo
pessoas conhecidas de estranhos;
ç Ampliação do campo visual para 180º;
ç Percepção de pequenos objetos em um raio de 1 a 1,5
metros de distância;
ç Preferência por cores de alto contraste como, por exemplo,
amarelo e preto ou vermelho e branco;
ç Início da noção de permanência do objeto;
ç Localização ao som lateralmente;
ç Vocalização de vogais e consoantes;
ç Início do balbúcio;
ç Rolar para os lados;
ç Rolar de supino para prono e de prono para supino;
ç Passa do sentado com apoio para sentar independentemente;
ç Sentar com reação de proteção à frente;
ç Inicia o arrastar-se;
ç Passa objeto de uma mão para a outra;
ç Alcance de objetos e partes do corpo;
ç Alcance dos pés, levando-os à boca em posição supino;
ç Exploração bimanual em linha média.
49
50

CAPÍTULO 4
entre 6 a 9 meses

Entre 6 e 9 meses de idade, o lactente está mais sociável, procurando ativamen-
te a interação com quem o rodeia através das vocalizações, dos gestos e das expressões
faciais como, por exemplo, bater palmas e atirar beijos quando solicitado (SOUZA et al.,
2010). Está em um processo de grande formação de vinculação e laço afetivo com a figura
materna ou de cuidadores (CRÓ; PINHO, 2011). Quando eles se ausentam pode se sentir
desamparado, pois está em um período do desenvolvimento de ansiedade de separação,
sendo uma fase normal no desenvolvimento emocional do lactente (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2016a). Aos 6 e 7 meses, desloca-se ao encontro da pessoa que o cuida, a qual
serve de base de segurança (SACCANI; VALENTINI, 2010). Por volta dos 8 meses, apre-
senta ansiedade perante estranhos, pois, quando está em situação de estresse, mostra prefe-
rência nítida por familiares e medo de estranhos (CARVALHO, 2011).
Ao final do terceiro trimestre, é comum o lactente mostrar preferência por
um determinado objeto, o qual terá papel muito importante no seu desenvolvimento
afetivo, pois o utiliza para adormecer, quando está triste, brincar, etc. (CRÓ; PINHO,
2011). Por volta do nono mês, o lactente se torna capaz de coordenar a atenção entre
um parceiro social e um objeto de interesse mútuo, além de ter maior consciência de
si próprio (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).
A esfera visual nesta fase do DNPM está bastante ampliada. O lactente
se interessa por figuras, objetos menores e detalhados (CARVALHO, 2011).
Tem desenvolvida a habilidade de busca e reconhecimento de objetos parcial-
mente escondidos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A aquisição do engatinhar
proporciona movimento de cabeça para todas as direções e o desenvolvimento da
visão periférica (CARVALHO, 2011).
51

Neste período do desenvolvimento auditivo, o lactente mantém a localiza-
ção lateral precisa da fonte sonora com uma virada direta da cabeça para o lado, co-
meçando a desenvolver a localização indireta para baixo, com a qual procura inicial-
mente o som para os lados e depois o identifica, abaixando a cabeça (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2016a). Ainda não olha diretamente para o som apresentado acima da
área dos olhos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
O lactente reage de maneira diferente para sons fracos e fortes; também,
localiza e reconhece sons familiares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Aos 9 me-
ses, pode responder ao próprio nome quando é chamado e demonstra entendimento
de palavras simples como “mamãe”, “papai”, “tchau” e “não” (CARVALHO, 2011).
No terceiro trimestre de vida, o lactente apresenta intensificação do balbúcio,
em que as vogais e consoantes começam a ser combinadas, tais como “ga” e “da” (SHE-
VELL, 2010). Após, o desenvolvimento da linguagem é precedido pela ecolalia, quan-
do o lactente começa a enfileirar sequências completas de combinações de mesmos sons
como, por exemplo, “dadadadadada”, “gigigigigigi” ou combinações mais complexas
(GIACCHINI; TONIAL; MOTA, 2013). Ele repete a si mesmo, realiza sons repetitivos
e percebe que seus sons provocam resposta no outro (MOVIMENTO DOWN, 2015).
Entre 8 e 9 meses, as emissões orais começam a acompanhar as modu-
lações da conversa dos adultos, utilizando “mamã” e “papá” com significado (RE-
CHIA, 2016). Nesta fase, o lactente gosta de que os objetos sejam nomeados, sendo
progressivamente capaz de associar ações a determinadas palavras, tais como acenar
ao escutar “tchau” (GIACCHINI; TONIAL; MOTA, 2013). Além disso, imita sons
de animais, responde quando chamado e vocaliza para chamar atenção enquanto ma-
nipula objetos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012; MOVIMENTO DOWN, 2015).

O lactente, ao atingir 7 meses de idade, apresenta atitude simétrica e está-
vel ao sentar, pois já dispõe de bom equilíbrio ao se inclinar à frente e, também, rea-
52
ção de proteção lateral (SACCANI, 2009; CARVALHO, 2011). No terceiro trimestre

do desenvolvimento motor, experimenta posturas diferentes como o sentar em anel, o
sentar de lado, o sentar com as pernas estendidas e sentar entre os calcanhares (sentar
em “w”) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a).
Aos 7 meses, na posição de prono, o lactente é capaz de erguer bem
a cabeça, deslocar o seu peso; com isso, irá se arrastando até atingir a posição
de 4 apoios por completo (SACCANI, 2009; CARVALHO,2011). Entre 7 e 8
meses faz movimentos para frente e para trás, realizando transferência de peso
dos membros, progredindo o engatinhar e adquirindo noções de distância quando
engatinha ao alcance do brinquedo (CARVALHO, 2011; SACCANI, 2009). Ao
ser mantido em pé, oscila para cima e para baixo, equilibrando-se no quadril
com boa extensão e controle da cabeça por curto período de tempo (SACCANI;
VALENTINI, 2010). Quando perde o equilíbrio, restabelece-se mediante boas
ações posturais do corpo (SACCANI, 2009; BEE; BOY,2011).
Com 8 meses, o lactente se movimenta constantemente e realiza, es-
pontaneamente, as mudanças de decúbito dorsal e ventral com dissociação de
cinturas (VARGAS, 2014). Inicia o engatinhar com rotação, sendo capaz de
virar em círculo em torno do próprio eixo (VARGAS, 2014). O engatinhar é uma
fase importante no processo de crescimento infantil, pois estimula o desenvol-
vimento sensório-motor, da visão periférica, melhora a consciência do eixo cor-
poral, noções de lateralidade, profundidade e equilíbrio, além de proporcionar o
início da independência, autonomia e mobilidade, bem como o fortalecimento da
musculatura de membros superiores e inferiores (MOVIMENTO DOWN, 2015).
Também, nessa fase, o lactente realiza troca de posturas: de sentada, ajoelhada,
semiajoelhada para ortostase, segurando-se em objetos (BEE; BOY,2011).
Nos 9 meses, o lactente se mantém em ortostase com apoio, apresentando
ligeira flexão dos joelhos, pois ainda não detém domínio desta postura (SACCANI,
2009; CARVALHO, 2011). Demonstra boa reação de equilíbrio dorsal, ventral e
sentado (SACCANI, 2009; CARVALHO, 2011).
No desenvolvimento motor fino, o lactente, neste trimestre de vida, é ca-
paz de pegar e largar objetos constantemente, apresentando preensão palmar mais
firme e estável, já que segura os objetos com as palmas das mãos ao invés dos dedos
53
(BEE; BOY, 2011). Manipula objetos, passando de uma mão para outra com maior
facilidade (BEE; BOY, 2011). Observa-se entre 7 e 8 meses a preensão rádio-palmar,
na qual o polegar entra em ação, permitindo a pinça em chave (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2016a). Aos 8 meses apresenta preensão em pinça inferior, sendo o objeto
agarrado em pinça pelo polegar, mindinho e anelar (BEE; BOY,2011).
Aos 9 meses apresenta preensão em pinça superior, na qual o lactente agar-
ra o objeto de pequenas dimensões entre a base do polegar e o indicador (SOUZA;
MAGALHÃES, 2012). Ainda, apresenta preensão rádio-digital com alcance direto
e preciso, necessitando de treino com objetos pequenos como, por exemplo, pegar o
alimento e levá-lo à boca (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).

Na tabela 3 estão expostos alguns objetivos para a aquisição de marcos im-
portantes no terceiro trimestre do DNPM do lactente, baseados nos autores Bee, Boy
estimuladas
s Promover/manter vínculos afetivos;
s e ação intencional;
Incentivar a autonomia
Desenvolvimento s Ampliar a capacidade de socialização;

pessoal-social e da visão s coordenação óculo-motora;da
Manter desenvolvimento
s Manter estímulo do comportamento

exploratório do ambiente
54
estimuladas
s Estimular a localização
do som para baixo;
s Proporcionar a percepção e reações
a sons de diferentes intensidades;
s Estimular o reconhecimento
pelo próprio nome;
Tabela 2 | Objetivos a serem alçados para oDesenvolver
desenvolvimento das habilidades
Desenvolvimento
s
pessoal-social, visual, auditiva, motora ampla
de palavras
o entendimento
e motora fina
simples;
auditivo e da linguagem
onte
s Manter
F : Acervo das autoras Nascimento et al., 2019
o desenvolvimento do balbucio;
s Estimular associações
Estimular a ecolalia;
s entre ações e palavras;
s Proporcionar a imitação
de sons e animais.
s Manter estímulo do rolar;

s associado àorotação
Estimular sentar sem apoio,
de tronco;
s Estimular a posição deproteção
Promover reação de lateral;
s Estimular a troca de posturas apoios;
quatro
s com apoio (transição da posição
sentada para quatro apoios, ajoelhada,
Desenvolvimento semiajoelhada para ortostase);
motor amplo e fino s Estimular o engatinhar;
s Proporcionar a posição de
ortostase com apoio;
s Promover a marcha lateral com apoio;
s Estimular alcance manual
em posição de 4 apoios;
s Estimular o alcance manual
em diferentes alturas;
s Estimular pinça fina.

55
A seguir, serão apresentadas orientações e estímulos para o desenvolvi-

mento neuropsicomotor adequado nesta fase, como subsídio aos profissionais de saú-
de na efetuação da estimulação precoce dos lactentes.
ç É fundamental que o lactente permaneça em companhia de outras crianças, per-

mitindo que se observem, toquem e brinquem.
ç Faça gestos de acenar, dar beijos, caretas, permitindo que o lactente imite.
ç Comece a realizar brincadeiras sociais como, por exemplo, esconde-esconde, em
que o lactente passa a procurar o contato visual à manutenção da interação.
ç Realizar ações que ensinem o lactente a associar relações simples de causa e efei-
to, tais como apertar um boneco e emitir som, tocar a campainha e a porta se abrir,
puxar brinquedo a um barbante amarrado.
ç Leia e mostre histórias com figuras de diferentes tamanhos e detalhes.
ç Mostre objetos variados que apresentem sons próprios como, por exemplo, avião,
carro, cachorro, etc.
ç Estimule o ensinamento de sons de animais, carrinhos, músicas, etc.
ç Desenvolva associações entre palavras e coisas, tais como nomear os objetos
(brinquedos, alimentos, roupas, utensílios, etc.) e as atividades (brincadeiras, banho,
troca de fraldas, passeio, etc.).
ç Estimule brincadeiras que reproduzam ações da rotina diária — escovar o cabelo,
telefonar, etc.
ç Mantenha as atividades que estimulem o rolar. Porém, nesta fase o lactente tem de rea-
lizar o rolar mais controlado e com intenção, ou seja, o rolar com dissociação de cinturas.
56
ç Realize atividades de estimulação sensorial tátil com objetos de diferentes

cores, texturas nos membros superiores e inferiores, principalmente nas mãos e
pés. É importante que o lactente entre em contato com diferentes texturas, prin-
cipalmente na região dos pés, devendo permanecer sem meias ou calçados para
evitar hipersensibilidades futuras.
ç Posicione o lactente sentado sem apoio em uma superfície firme. Segure um brin-
quedo e faça movimentos com ele, partindo da linha média do lactente para os lados.
Assim, ele irá realizar rotação de tronco (ver Figura 23).
Figura 23 | Estímulo à rotação de tronco sentado

ç Posicione o lactente sentado na bola, rolo, cavalo de borracha ou colo do terapeu-

ta, provocando desequilíbrios para frente e lados.
ç Deixe o lactente no chão para que ele possa realizar a transição da postura sen-
tada para a postura de quatro apoios (posição de “gatinho”) e vice-versa, para que,
assim, crie autonomia.
ç Também estimule para que o lactente realize a transição da postura sentada para
em ortostase, apoiando-se em móveis. Por exemplo, deixe o lactente no chão e co-
loque um brinquedo de que ele gosta no sofá, a fim de que ele se puxe e o alcance.
Incentive-o e o aplauda quando ele conseguir.
57
ç Incentive o lactente a permanecer em ortostase com apoio nos móveis.

ç Esconda brinquedos e objetos ou os coloque a longas distâncias, estimulando vi-
sualmente e verbalmente para que o lactente os busque, engatinhando ou em marcha
lateral com apoio (ver Figura 24).
Figura 24 | Estímulo à marcha lateral

ç Permita ao lactente tentar pegar os brinquedos que estão fora do seu alcance,
posicionando-os em diferentes alturas e posições. Faça estímulos verbais, auditivos e
afetivos para que o lactente realize troca de posturas e alcance o brinquedo desejado.
58

5.1 Engatinhar
Posicionar o lactente sentado ou sentado de lado e instigue a transferên-

cia para quatro apoios, através de um incentivo de brinquedo à frente do lactente.
Logo após, facilite os movimentos alternados dos membros superiores e inferiores,
dando estímulo no quadril para que ocorram as transferências de peso para frente
e trás (ver Figura 25). Um tecido no tronco pode ser utilizado para auxiliar, porém
é necessária muita atenção para não puxar o lactente para cima, não permitindo a
correta descarga de peso nos membros.
Figura 25 | Estímulo ao engatinhar

59
Igualmente, o engatinhar pode ser estimulado com o lactente posicionado

em quatro apoios entre uma das pernas dos familiares ou terapeuta. Coloque à frente
dele um brinquedo, incentivando o alcance e faça movimentos para frente e para trás;
assim, o lactente estará desenvolvendo equilíbrio e força muscular (ver Figura 26).
Figura 26 | Estímulo ao engatinhar

5.2 Alcance manual em diferentes posturas
Incentivar o alcance manual na posição de quatro apoios com brinquedo

à frente e acima do lactente, enquanto o outro membro superior e os membros infe-
riores ficam em apoio; troque de lado o brinquedo para ele realizar o alcance com os
dois membros superiores (ver Figura 27).
60
Figura 27 | Estímulo ao alcance em 4 apoios

Também, realize atividade de alcance de brinquedos em uma superfície

fixa e mais alta, colocando acima dela os brinquedos, para que o lactente tente pegá
-los e ocorra a troca de posturas de semiajoelhada, ajoelhada e ortostase com apoio;
(ver Figura 28) assim como, colocá-los no chão para estimular o agachamento, pre-
parando o lactente à postura bípede (ver Figura 29).
Figura 28 | Alcance de objeto, associando a troca de postura quatro apoios,

ajoelhada, semiajoelhada para ortostase com apoio
61
Figura 29 | Alcance de objeto associado ao agachamento com apoio

5.3 Ortostase com apoio
Posicionar o lactente sentado à frente de um móvel (mesinha,

banquinho) um pouco mais alto que ele e colocar brinquedos coloridos e sonoros
acima, de modo que o lactente possa vê-los, mas não alcançá-los. Estimular o alcance
dos brinquedos e a troca de postura de sentado para ortostase, estimulando apoio em
quadril e braços (ver Figura 30).
Após, permanecer realizando a brincadeira com o lactente em pé, dando
suporte no quadril para o auxiliar na posição. Com isso, o lactente estará fortalecen-
do os músculos dos membros inferiores, preparando o quadril para ortostatismo e
marcha, através da descarga de peso em membros inferiores. Estará desenvolvendo,
ainda, o alcance, a motricidade de membros superiores e a exploração do ambiente.
Figura 30 | Estímulo à troca de postura de sentado para ortostase com auxílio

62
Outra maneira de estimular o ortostatismo é posicionar o lactente em pé,

realizando suporte na axila e o estimular com brinquedo à frente, para que ele retifi-
que a coluna (ver Figura 31). Também, realize movimentos laterais com o brinquedo
a fim de promover a rotação de tronco e cervical.
Figura 31 | Estímulo ao ortostatismo com auxílio

Depois que o lactente adquirir estabilidade nesta posição, dificulte

o exercício, passe a segurá-lo no quadril; assim, ele ficará mais instável, tendo
de ativar mais a musculatura de tronco e membros inferiores para se manter na
posição (ver Figura 32).
Lembre-se de estimular as brincadeiras, mantendo os pés do lactente
descalços, pois desta maneira ele estará desenvolvendo a sensibilidade, o tato e
o arco plantar dos pés.
63
Figura 32 | Estímulo ao ortostatismo com auxílio moderado

64

ç Desenvolvimento de vínculo afetivo com familiares e

cuidadores;
ç Interação através de expressões faciais, gesto de dar beijos,
tchau e bater palmas;
ç Ansiedade de separação dos familiares e perante estranhos;
ç Esfera visual ampliada;
ç Interesse por figuras, objetos menores e detalhados;
ç Busca e reconhecimento de objetos parcialmente escondidos;
ç Localização do som para baixo;
ç Reconhecimento do próprio nome;
ç Intensificação do balbúcio;
ç Entendimento de palavras simples, como “mamãe”,
“papai”, “ tchau” e “não”;
ç Vocalização de “mamã” e “papá” com significado;
ç Imitação de sons e animais;
ç Engatinhar;
ç Troca de posturas de sentada ajoelhada, semiajoelhada
para ortostase, segurando-se em móveis;
ç Ortostase com apoio;
ç Marcha lateral com apoio;
ç Alcance manual em diferentes posturas.
65
66

CAPÍTULO 5
de 9 a 12 meses
No quarto trimestre do desenvolvimento infantil, o lactente se apresenta

sensível a sugestões visuais e auditivas que tenham significado social e afetivo (MI-
NISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b). Apresenta comportamentos antecipatórios como,
por exemplo, fazer contato visual e estender os braços para solicitar colo (MINIS-
TÉRIO DA SAÚDE, 2016b). Também manifesta comportamentos imitativos como
gesto de beijo e tchau (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b).
A partir dos 10 meses, a noção de causa e efeito se encontra desenvol-
vida, em que o lactente sabe o que vai acontecer quando bate num determinado
objeto (produz som) ou ao deixar cair um brinquedo (alguém o junta) (FRÔNIO;
VIEIRA, 2012). Começa também a relacionar os objetos e sua finalidade, tal
como quando coloca o telefone junto ao ouvido (MOVIMENTO DOWN, 2015).
Além disso, nesse período do desenvolvimento, apresenta progressão na capa-
cidade de atenção e concentração, conseguindo se manter concentrado durante
períodos de tempo cada vez mais longos, demonstrando maior interação social
com outras crianças (FRÔNIO; VIEIRA, 2012).
Entre 9 e 12 meses, o lactente se orienta visualmente no ambiente
familiar, procurando o contato visual à manutenção da interação; aponta e pro-
cura objetos e pessoas familiares, quando solicitado (MINISTÉRIO DA SAÚ-
DE, 2016b; RAVANINI, 2012). Por volta de um ano de idade, mostra acuidade
visual igual a de um adulto, reconhecendo e explorando figuras, detalhes de
figuras, brinquedos e objetos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a; MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2016b, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
67

O lactente entre 9 e 12 meses de idade localiza o estímulo sonoro direta-
mente para os lados e para baixo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b). Começa a
apresentar respostas motoras ao estímulo sonoro realizado acima, através da localiza-
ção indireta, na qual, primeiramente, ele vira a cabeça para o lado e depois a levanta
para cima em direção ao som (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b). Também reage,
paralisando a ação quando alguém fala “não”; compreende ordens verbais simples
como bater palmas, dar tchau e beijos, pegar os brinquedos, associando o som aos
objetos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a).
Em torno de 10 a 12 meses, o lactente emite suas primeiras palavras con-
textualizadas, mesmo que ininteligíveis (BEE; BOY, 2011; MINISTÉRIO DA SAÚ-
DE, 2016b). As vocalizações são mais precisas e controladas, agrupando sons e síla-
bas repetidas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a). Para que um som ou uma coleção
de sons seja considerado uma palavra, não é necessário que seja igual à palavra falada
pelos adultos (BEE; BOY, 2011). O lactente deve usar os sons consistentemente em
alguma situação, referi-los a pessoas ou coisas específicas (BEE; BOY, 2011).
Neste período do desenvolvimento da linguagem, também produz ruídos
com os lábios e com a língua, tentando imitar barulho de chuva, caminhão, cavalo,
entre outros, além de imitar a entonação utilizada pelo adulto (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2016a). Utiliza onomatopeias, faz gestos indicativos e vocaliza na presença
de música (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a).

O quarto trimestre do desenvolvimento motor é um período de
grande experimentação motora, no qual há aumento da capacidade de locomoção,
tornando o lactente mais independente (SACCANI, 2009; CARVALHO, 2011). A
partir dos 10 meses de idade, apresenta padrão de locomoção mais refinado, engati-
nha com maior agilidade e rapidez, sendo este ainda o meio de locomoção mais efi-
68
caz (SACCANI, 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a). Senta sozinho com total
equilíbrio, mostrando reação de proteção para a frente, lados e trás (CARVALHO,
2011). É capaz de adquirir a postura em pé com o mínimo apoio, passando para or-
tostase a partir da posição sentada, ajoelhada ou cócoras, sendo mantida a posição em
pé apoiado em objetos (CARVALHO, 2011; SACCANI, 2009). Apresenta marcha
lateral, tendo apoio em móveis e nas duas mãos de adultos e adquire noção de profun-
didade e do espaço vertical ao dar os primeiros passos (CARVALHO, 2011).
Aos 11 meses, demonstra preparo à grande variabilidade de mu-
danças de posturas com alternância de posição ereta para marcha (SACCANI,
2009). O lactente deambula, segurando em uma mão e, às vezes pode abandonar
o apoio e dar alguns passos livremente, utilizando a base alargada (SACCANI,
2009). Inicia a marcha lateral com aumento da base, com pernas e braços abertos,
à curta distância de um móvel a outro (CARVALHO, 2011). A postura em pé é
aperfeiçoada, desenvolvendo as reações de equilíbrio (CARVALHO, 2011).
Com 12 meses de idade, as reações de equilíbrio ainda são débeis em
ortostase e marcha (SACCANI, 2009). As primeiras tentativas de andar para
frente livremente são caracterizadas por base alargada, com aumento da amplitu-
de de passos e braços elevados, acompanhados de contato integral da planta dos
pés no chão (SACCANI, 2009).
No quarto trimestre do desenvolvimento infantil, a marcha passa por um
processo de maturação progressiva, iniciando com a marcha lateral nos móveis, pro-
gredindo à marcha para frente, empurrando um móvel leve, adquirindo a marcha
independente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Esta última fase ocorre com maior
incidencia entre o 10° e 15° mês, havendo predomínio no 13° mês (SACCANI, 2009;
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016b; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
No desenvolvimento da habilidade manual, entre 10 e 12 meses, o lac-
tente adquire controle do dedo indicador, aprendendo a apontar para os objetos.
Domina movimentos finos com pinça superior, manipulando objetos entre a parte
distal do polegar e indicador (CARVALHO, 2011). Manipula e bebe por um copo
sozinho, pega pequenos pedaços de comida e leva à boca sem ajuda, empilha obje-
tos, guarda e tira objetos de dentro de caixas (CARVALHO, 2011). O controle fino
é considerado parecido ao do adulto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a).
69

neuropsicomotor de lactentes entre 9 e 12 meses
Na tabela 4 estão expostos alguns objetivos à aquisição de marcos impor-
tantes no quarto trimestre do DNPM de lactentes, baseados nos autores Bee, Boy
estimuladas
Desenvolvimento s Promover/manter vínculos afetivos;
pessoal-social e da visão s Estimular aspectos sociais;
s Estimular a localização do som para cima;

s Manter estímuloa compreensão
Proporcionar de ordens verbais simples;
Desenvolvimento s Manter o estímulo à imitação deentresonsações
de associações e palavras;
auditivo e da linguagem s Estimular a emissão das primeiras e animais;
s palavras contextualizadas.
s Promover reação de proteção para trás;

s Manter estímulo à troca dedoposturas;
Manter o desenvolvimento engatinhar;
s Promover a posição de ortostase
s com apoio e sem apoio;
Desenvolvimento
s Estimular a marcha lateral;
motor amplo e fino
s Manter estímulo
Estimular a marcha independente;
s Manter desenvolvimento
de alcance manual de objetos;
s Estimular o encaixe de objetos;
da pinça fina;
s Estimular o empilhamento de objetos.
s
70
A seguir, serão apresentadas as orientações e estímulos para o desenvol-

vimento neuropsicomotor adequado nesta fase, como subsídio aos profissionais de
saúde na efetuação da estimulação precoce dos lactentes.
ç Realize brincadeiras envolvendo duas ou mais pessoas como, por exemplo, brinca-
deiras, utilizando bola. Jogue até ele e solicite que o lactente jogue a bola em sua direção.
ç Brinque de faz de conta. Esta atividade auxilia no desenvolvimento congnitivo e
emocional do lactente.
ç Utilize objetos para brincar de reproduzir ações de rotina como tomar banho,
pentear os cabelos, cuidar de uma boneca, dirigir, telefonar, entre outras atividades.
ç Mostre livros, fotos, revistas com imagens detalhadas, ajudando no reconheci-
mento de objetos, animais, cores e pessoas.
ç A exposição diária às telas de televisão, tablet, celular e computador para crianças
de 0 a 2 anos não é recomendada. O brincar é a melhor forma de estimulação.
ç Alterne os lados dos brinquedos sonoros, dando oportunidade ao lactente de loca-

lizar o som lateralmente e para cima.
ç Converse com o lactente e use livros com figuras, mostrando e falando o nome
dos objetos, cores, animais e partes do corpo.
ç É importante explicar as atividades de autocuidado, a fim de que ele aprenda as
palavras relacionadas a elas. Por exemplo, “estou trocando a sua fralda porque você
fez xixi”; “Estou lavando a sua cabeça”; “Você está tomando água”.
ç Brinque com músicas, fazendo gestos de bater palmas, dar tchau, dar beijos, etc.,
solicitando a resposta do lactente.
ç Conte histórias por meio de figuras, incentive-o e demonstre interesse por sua
comunicação.
ç Faça barulhos de chuva, carro, cavalo, cachorro, entre outros, para o lactente imitar.
ç Leia livros que estimulem a imaginação e a linguagem.
71
ç Com o lactente sentado, faça movimentos que gerem desequilíbrios ou sente-o

em lugares instáveis para trabalhar a reação de proteção posterior principalmente.
Importante sempre um adulto estar acompanhando o lactente para evitar acidentes.
ç Com o lactente em quatro apoios, estimule com brinquedo na direção de um dos
braços para que ele o alcance com uma mão, enquanto o outro braço sustenta o corpo
e, em seguida, alterne os lados. Desta forma, ele estará fortalecendo os membros e se
preparando para se manter na postura ajoelhada de forma independente.
ç Permaneça estimulando o engatinhar, colocando brinquedo que chame sua atenção
à frente e, gradativamente, vá afastando-o do lactente para ele ir atrás, engatinhando.
ç Continue colocando o lactente em superfícies planas e livres para que ele possa
levantar-se e ficar em pé se apoiando nos móveis (ver Figura 34).
Figura 34 | Estímulo para troca de postura ajoelhada para ortostase

ç Com o lactente em pé, apoiado em uma superfície à frente (mesa ou banquinho),

chame sua atenção com um brinquedo atrás para que ele rode o tronco para os lados.
ç Coloque brinquedos no chão para que o lactente os pegue, realizando o aga-
chamento sem apoio. Em seguida, estimule para que retorne para ortostase (ver
Figura 35).
72
Figura 35 | Estímulo para alcance de objetos, associado

ao agachamento sem apoio
ç Proporcione brincadeiras para que o lactente realize troca de postura de ortostase

para cócoras, realizando primeiramente apoio em quadril e após evolua à forma in-
dependente. Em seguida, estimule para que retorne à posição em pé (ver Figura 36).
Figura 36 | Estímulo à troca de postura ortostase para cócoras

73
ç Estimule a marcha lateral, colocando, por exemplo, um objeto no sofá e pedindo

que ele o busque. O treino de marcha lateral é fundamental para melhorar a estabili-
dade pélvica e, assim, conseguir realizar a marcha independente.
ç Coloque à frente do lactente um móvel leve como banquinhos, cadeirinhas
ou brinquedos como carrinhos e estimule a marcha para frente, empurrando-os.
(ver Figura 37).
Figura 37 | Estímulo à marcha arrastando objeto

74
ç Crie oportunidade para que o lactente possa se locomover. Oportunize a ele andar
não só para frente, como também para trás, por exemplo, puxando um carrinho, etc.
ç Brinque de chutar e arremessar bola.
ç Coloque o lactente para pisar descalço em vários tipos de texturas de chão, tais
como na areia, grama, tapete. Essa atividade estimulará os sentidos e a percepção do
lactente, além do seu equilíbrio.
ç Inicie a marcha, dando apoio em mãos. Conforme o lactente apresentar mais
equilíbrio, vá descendo o apoio, realizando-o abaixo da altura do ombro do lactente.
ç Para encorajá-lo a caminhar sem ajuda, o terapeuta ou cuidador deve estar distan-
te do lactente e abrir os braços, chamando-o para perto. Mesmo que o lactente cair,
é importante elogiar e aplaudir para que ele não se sinta frustrado e nem assustado.
Evite gritar ou fazer cara de susto.
ç Ofereça ao lactente objetos de diversos tamanhos para trabalhar a pinça. Impor-
tante informar aos familiares sobre a importância de ter um adulto acompanhando,
quando forem oferecidos brinquedos pequenos, não deixando o lactente colocá-los
na boca, nariz e ouvidos.
ç Ofereça brinquedos de encaixe. Mostre como encaixar, desencaixar e peça para
ele repetir.
ç Brinque também com cubos. Demonstre como empilhar, desempilhar e peça para
ele repetir.
ç Lembre-se da importância de orientar familiares e cuidadores sobre a recomen-
dação de não usar andadores para auxiliar a marcha. Segundo os autores, Lucena et
al. (2018); Albuquerque et al. (2011); Rehmani (2010); Chagas (2010); Dogan et al.
(2009); American Academy of Pediatrics (2001), o uso de andadores leva aos seguin-
tes riscos: (ver Figura 38).
75
Risco de Alteração
morte biomecância da
marcha
Alteração
no DNPM Quedas
Acidentes:
traumatismos
crânioencefálicos,
afogamentos,
queimaduras,
intoxicações
Figura 38 | Riscos do uso de andador

ç A permanência prolongada na postura de sentar em W deve ser evitada (ver Figu-

ra 39). De acordo com os autores Porta, Zimmer, Crippa (2018), esse posicionamento
em excesso não é indicado, pois pode ocasionar várias disfunções motoras no futuro
do lactente como, por exemplo, rotação interna dos quadris, encurtamentos muscula-
res, alterações nos joelhos e pés, atraso no controle e equilíbrio do tronco.
76
É normal que o lactente realize esta postura ao sentar, mas por curtos pe-
ríodos de tempo, sendo necessário mudá-la de vez em quando. Caso o lactente gos-
te de permanecer nesta postura, para evitar estas alterações, estimule e posicione o
lactente sentado com os dois pés à frente ou um à frente e outro atrás com as pernas
cruzadas (posição de índio) ou de lado.
Figura 39 | Evite permanecer na posição sentado em W

77

5.1 Alcance manual associado à troca de posturas
Posicionar o lactente sentado à frente de um brinquedo de interesse; estimu-

le verbalmente e visualmente para que ele se desloque até o brinquedo e realize a troca
de postura de sentado para 4 apoios. Após, deixe que o lactente brinque nesta posição
e estimule o alcance, permanecendo o apoio em um dos membros superiores e nos
membros inferiores; com isso, o lactente estará trabalhando o fortalecimento muscular
daqueles e desenvolvendo o equilíbrio e a habilidade manual (ver Figura 40).
Figura 40 | Estímulo ao alcance associado

à troca de postura de sentado para 4 apoios
Em seguida, faça estímulos com o brinquedo no alto para que o lactente tente
realizar a troca de postura de 4 apoios para ajoelhada e ortostase (Ver Figura 41).
78
Figura 41 | Estímulo para ortostase

5.2 Marcha
À medida que o lactente conquistar o marco de ficar em ortostase sem apoio e

adquirir mais equilíbrio, estimule a marcha dando apoio em mãos. Em seguida, aos poucos,
vá baixando o apoio até retirá-lo, incentivando para que o lactente deambule sem apoio.
Para estimular a marcha independente, vá se afastando do lactente aos pou-
cos e o incentive verbalmente ou com um brinquedo, a fim de que ele dê os primeiros
passos sem apoio (ver Figura 42).
Figura 42 | Estímulo para marcha

79

ç Desenvolvimento de vínculo afetivo com familiares e

cuidadores;
ç Noção de causa e efeito;
ç Relacionar os objetos com sua finalidade;
ç Acuidade visual igual a de um adulto;
ç Localização do som acima;
ç Compreensão de ordens verbais simples;
ç Emissão das primeiras palavras contextualizadas, mesmo
que ininteligíveis;
ç Imitação de sons e ruídos como barulho de chuva,
caminhão, cavalo, entre outros;
ç Engatinhar com maior agilidade e rapidez, sendo este
ainda o meio de locomoção mais eficaz;
ç Ortostase a partir da posição sentada, ajoelhada sem apoio;
ç Marcha lateral à curta distância de um móvel a outro;
ç Marcha com apoio;
ç Início da marcha independente.
80
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidencia-se o potencial papel da Atenção Básica em Saúde como um

espaço privilegiado de atenção ao desenvolvimento neuropsicomotor infantil, na
medida em que corresponde efetivamente a uma concepção de saúde centrada na
prevenção e promoção da qualidade de vida dos lactentes, proporcionando-lhes cui-
dado, acompanhamento longitudinal e atenção integral. Com isso, os profissionais da
Atenção Básica em atuação multiprofissional, têm papel fundamental na vigilância
do desenvolvimento infantil, ajustando diagnósticos e intervenções precoces que pos-
sibilitem o delineamento dos estímulos e orientações adequadas.
A estimulação precoce é de fundamental importância para minimizar os
efeitos de um possível atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, favorecendo o
crescimento adequado aos lactentes, cujos profissionais da saúde juntamente com
os familiares e cuidadores são protagonistas nesse processo. As intervenções podem
ser facilmente implantadas, utilizando-se o brincar como ferramenta imprescindível.
Através da brincadeira, estimula-se a aquisição e o aprimoramento de
capacidades importantes, sendo uma atividade atrativa e facilitadora de inte-
ração. Resultados de uma estimulação precoce são mais contundentes a partir
do envolvimento e participação ativa da família e cuidadores, o que otimiza os
efeitos no desenvolvimento infantil.
Sendo assim, é importante que os profissionais da Atenção Básica em Saú-
de tenham conhecimento sobre o processo do desenvolvimento infantil, visão amplia-
da sobre seus possíveis fatores de risco e estejam inseridos em intervenções precoces
oportunas, potencializando a evolução e a qualidade de vida dos lactentes.
82
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88
ATENÇÃO AO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR INFANTIL
ENTRE 0 A 12 MESES: Material Educativo para Atenção Básica em Saúde
O objetivo neste trabalho foi o de elaborar um Material Educativo sobre o desenvolvimento

neuropsicomotor de lactentes entre 0 a 12 meses de idade à Atenção Básica em Saúde. O material educa-
tivo se constitui de ferramenta orientadora aos profissionais da Atenção Básica em Saúde e responsáveis
pelos lactentes, em que se descreve, trimestralmente, as fases do desenvolvimento neuropsicomotor; elen-
cam-se os fatores de risco, apresentando orientações e condutas adequadas para estimular o desenvolvi-
mento neuropsicomotor. Ainda, checklists e mapas conceituais que enfocam os principais aspectos do de-
senvolvimento neuropsicomotor a cada trimestre e um fluxo de encaminhamentos aos lactentes detentores
de riscos de atraso na Rede de Atenção Básica de Florianópolis/SC. No apêndice são expostas cartilhas
orientadoras aos profissionais e familiares ou cuidadores, compostas por importantes orientações e estí-
mulos a serem realizados por eles a cada trimestre do desenvolvimento infantil de 0 a 12 meses de idade.
Para o enriquecimento deste trabalho, realizou-se busca na literatura atual e especializada; as fotos foram
feitas com lactentes de idades correspondentes a cada trimestre, autorizadas pelos pais ou responsáveis
legais e os mapas conceituais, através do software CmapTools. Portanto, conclui-se que, por meio deste
Material Educativo, estando à disposição dos profissionais em saúde, proporciona-lhes um conjunto bási-
co de conhecimentos e orientações que permite a promoção de intervenções e estímulos precoces, como
também, oferece, juntamente aos familiares e cuidadores, a otimização do desenvolvimento infantil ao
serem adotadas medidas positivas que podem ser, facilmente, incrementadas na Atenção Básica em Saúde.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Desenvolvimento Infantil. Intervenção Precoce.
ATTENTION TO THE NEUROPSICOMOTOR DEVELOPMENT OF CHILDREN

BETWEEN 0 TO 12 MONTHS: Educational Material for Basic Health Care
The goal of this study was to create an Educational written guidance about neuropsycho-
motor development of infants between 0 and 12 months of age for Primary Health Care. The educational
written guidance is a tool to guide the professionals of Primary Health Care and infants’ caretakers about
the phases of neuropsychomotor development, risk factors lists; and guidelines to stimulate neuropsycho-
motor development. Also, checklists and conceptual maps that address the main aspects of neuropsycho-
motor development, each quarter, and flowcharts of referrals for infants with risks of delay, in the Basic
Attention Network of Florianópolis/SC. The appendix presents guidance booklets for professionals and
family / caretakers, composed of important written guidelines and images with stimuli to be carried out
by them each quarter of the infants development from 0 to 12 months of age. For the development of this
educational material, a search was made in the current and specialized literature, the photographs were
taken with infants corresponding to each quarter, authorized by parents and / or legal guardians, and
the conceptual maps were elaborated using CmapTools software. In conclusion, this Educational written
Material makes available to health professionals a basic set of knowledge and guidelines that allow these
professionals to promote early interventions and stimulations, together with family / caregivers, to opti-
mize infants development from positive measures that can be easily adopted in the Primary Health Care.
Keywords: Primary Health Care. Child Development. Early Intervention.
89

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Atenção ao Desenvolvimento Neuropsicomotor Infantil entre 0 e 12 Meses

M aterial E du cativo p ara A tenção B ásica em S aú de

Esp. Gabriella Lavarda do Nascimento

Material Educativo para Atenção Básica em Saúde1

Esp. Gabriella Lavarda do Nascimento

Copyright© (Organizadores), 2020

N244a Nascimento, Gabriella Lavarda do

1. Crianças - Desenvolvimento. 2. Lactentes. I. Sonza, Anelise. II.

CDD: 612.65 - 20. ed.

A elaboração e publicação deste livro foram antecedidas pela colabo-

Desenvolvimento Neuropsicomotor Infantil........................................................ 13

Desenvolvimento Neuropsicomotor de 0-3 meses................................................ 20

5. Exercícios para a estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor

6. Checklist das habilidades a serem desenvolvidas de 0 a 3 meses................. 31

Desenvolvimento Neuropsicomotor de 3 a 6 meses.............................................. 33

5. Exercícios para a estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor

6. Checklist das habilidades a serem desenvolvidas entre 3 a 6 meses............ 49

Desenvolvimento Neuropsicomotor entre 6 a 9 meses......................................... 51

3. Desenvolvimento motor amplo e fino.......................................................... 52

5. Exercícios para a estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor

6. Checklist das habilidades a serem desenvolvidas entre 6 a 9 meses............ 65

Desenvolvimento Neuropsicomotor de 9 a 12 meses............................................ 67

5. Exercícios para a estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor

6. Checklist das habilidades a serem desenvolvidas entre 9 a 12 meses.......... 80

Esta publicação é fruto de muito esforço e dedicação de uma fisiotera-

Erádio Gonçalves Júnior

Objetiva-se, por meio deste material educativo, orientar os

de consentimento para fotografias, vídeos e gravações da Universida-

Desenvolvimento Neuropsicomotor Infantil

ma, o DNPM se dá em vista da idade; no entanto, ele depende basicamente da

ção integrar as informações recebidas pelos outros sentidos e influenciar aspectos

Fatores de Risco para o

s Baixo nível de condições s Prematuridade

Lactentes em situação de baixo índice socioeconômico são frequentemen-

estão intimamente relacionados e o seu reconhecimento pelos profissionais da aten-

90 graus (RAVANINI, 2012; GUIMARÃES et al., 2015). No segundo mês, apre-

2. Desenvolvimento auditivo e da linguagem

(GUIMARÃES et al., 2015). Também reage a estímulos ambientais, apresentando

3. Desenvolvimento motor amplo e fino

média (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016a). Os membros apresentam um tônus mais

4. Orientações e estímulos do desenvolvimento

s Desenvolver percepção auditiva;

s Estimular controle cervical;

Tabela 1 | Objetivos a serem alçados para o desenvolvimento das habilidades

A seguir, serão apresentadas as orientações e estímulos para o desenvol-

4.1 Estimulação pessoal-social e da visão

ç Manter um diálogo com o lactente, buscando contato visual olho a olho, de

Figura 1 | Contato visual olho a olho

ç Ao realizar os cuidados, converse com o lactente, relatando as ações enquanto as

Figura 2 | Estímulo à percepção corporal

ç Durante o brincar e ou terapia, utilize estímulos visuais com objetos de formas

4.2 Estimulação auditiva e da linguagem

ç De diferentes posições no ambiente, usar a voz ou sons agradáveis de brinquedos,

ç Ludicamente, exercite a memória e atenção, realizando a repetição de sons e os

4.3 Estimulação motora ampla e fina

ç É importante a realização de trocas de posturas em supino, prono e decúbito lateral.

5. Exercícios para a estimulação do desenvolvimento

Posicionar o lactente em supino. Utilizar brinquedos ou objetos geomé-

próxima, pois o campo visual do lactente neste trimestre do desenvolvimento é de