Psicomotricidade Nas Pert - Desenvolvimento
Psicomotricidade Nas Pert - Desenvolvimento
Psicomotricidade Nas Pert - Desenvolvimento
Relatório de Estágio
Júri:
Presidente:
Professor Doutor Rui Fernando Roque Martins
Vogais:
Professor Doutor Vítor Manuel Lourenço da Cruz
Professor Doutor Marco Paulo Maia Ferreira
Ao Professor Doutor Vítor Cruz, meu orientador académico, pela forma como me
orientou ao longo deste percurso, pelos seus ensinamentos, pela sua disponibilidade e
forma paciente como sempre me recebeu.
À Doutora Cristina Vieira, minha orientadora local, pela sua simpatia, carinho,
disponibilidade, apoio e conselhos dados.
À Doutora Ana Rita Matias, por todos os conhecimentos partilhados, pela preocupação
e pelo carinho com que sempre me presenteou.
À Associação Crescer com Sentido, e respetiva equipa técnica, pela forma como me
receberam e pelo crescimento profissional que me proporcionaram.
Aos meus pais e irmão, pelo amor e apoio incondicional que sempre me deram, sem o
qual nada seria possível. Pelo exemplo de vida e por estarem sempre presentes,
independentemente da distância.
Ao Thiago, pela sua ternura e apoio indispensável, por estar presente em todos os
momentos, por me fazer acreditar, e sobretudo, pela força que sempre me transmite.
A todas as crianças com as quais tive o privilégio de me cruzar ao longo deste ano, por
todos os momentos partilhados, pelos sorrisos, pela vossa alegria, e por me terem
permitido crescer pessoal e profissionalmente.
E, por fim, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para este meu percurso
académico.
A todos,
manifesto a minha profunda e sincera GRATIDÃO!
Resumo
O presente relatório procura refletir o trabalho desenvolvido no âmbito do estágio
profissionalizante, inserido no Ramo de Aprofundamento de Competências Profissionais
do Mestrado em Reabilitação Psicomotora, da Faculdade de Motricidade Humana.
Este estágio decorreu na Associação Crescer com Sentido, em Lisboa, onde se
procurou aprofundar as competências ao nível da observação, avaliação e intervenção
psicomotora. Nesta instituição foi feita observação de sessões de psicomotricidade de
crianças com Perturbações do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem.
A estagiária teve ainda oportunidade de realizar as suas atividades de estágio
noutras instituições, com as quais a Associação Crescer com Sentido estabeleceu
parceria. Uma das instituições foi a Creche e Jardim-de-Infância “O Botãozinho”,
sediada em Carcavelos, onde foram feitos rastreios das competências pré-académicas
a todas as crianças do último ano da educação pré-escolar. Após a análise dos rastreios
foi selecionado um grupo de crianças, com resultados mais baixos, que foi alvo de
sessões de estimulação das competências de literacia emergente, de forma a prevenir
eventuais dificuldades de aprendizagem. Noutra instituição, o Externato “A Ritinha”,
foram realizadas sessões semanais, em grupo, de psicomotricidade, de forma a
estimular o desenvolvimento das crianças em idade pré-escolar. Por fim, a estagiária
teve, ainda, oportunidade de avaliar e acompanhar uma criança, de nove anos, com
Perturbação do Espectro do Autismo.
As intervenções realizadas consideram-se benéficas e contributivas para um
melhor desenvolvimento e percurso académico destas crianças.
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
1. Psicomotricidade ................................................................................................ 3
3. Metodologia ..................................................................................................... 96
ANEXOS................................................................................................................... 122
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE GRÁFICOS
ÍNDICE DE FIGURAS
Anexo N – Prova de Avaliação das Competências Matemáticas com Base nas Metas
Curriculares do 1º Ano
DA – Dificuldades de Aprendizagem
UL – Universidade de Lisboa
INTRODUÇÃO
1
de linguagem oral, leitura, escrita e matemática que os instrumentos de avaliação
utilizados revelaram com maiores dificuldades. No capítulo seis são apresentadas
outras atividades realizadas no âmbito do estágio. Por fim, no capítulo sete são
apresentadas as limitações, recomendações e principais conclusões retiradas das
diversas atividades realizadas.
2
CAPÍTULO 1 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
1. Psicomotricidade
3
A primeira unidade, de projeção, tem como funções a receção e emissão dos
impulsos para a periferia, sendo responsável pela regulação do tónus cortical e pela
função de vigilância. Este estado de alerta e de vigilância é considerado essencial, dado
serem necessários níveis mínimos para ser possível a receção e integração das
informações recebidas e para que ocorra o processamento de qualquer atividade
mental. Sendo, igualmente, necessária a existência de um certo nível tónico-postural
para que ocorra a preparação de qualquer movimento voluntário. Estas estruturas
localizam-se inferiormente, i.e., no subcórtex e no tronco cerebral (Fonseca, 2010). A
segunda unidade, a de projeção-associação, é responsável pela receção, captação,
processamento e armazenamento da informação vindo do exterior, e pela preparação
dos programas, ocupando os lobos occipitais, temporais e parietais, encontrando-se,
desta forma, preparada para receber vários tipos de informação: visual, auditiva,
vestibular e tatiloquinestésica. Esta unidade exerce uma influência dominante sobre a
primeira unidade, contudo ficará, posteriormente, dependente da terceira unidade
funcional (Fonseca, 2010).
Por fim, a terceira unidade, de sobreposição, tem a responsabilidade de fazer a
programação, regulação e verificação das atividades mentais, sendo responsável pela
atividade consciente. Esta ocupa a região pré-frontal e frontal do cérebro (Fonseca,
2010).
Estas três unidades funcionais definidas por Luria, não trabalham de forma
independente, mas sim em conjunto, de uma forma harmoniosa e com uma determinada
organização, sendo que uma unidade não funciona de forma eficiente sem a presença
das outras (Fonseca, 2010).
Fonseca (2010) defende a existência de sete fatores psicomotores, relacionados
com as unidades funcionais de Luria, da seguinte forma:
1º Unidade – tonicidade e equilibração;
2º Unidade – lateralização, noção do corpo e estruturação espácio-temporal;
3º Unidade – praxia global e praxia fina.
Os fatores psicomotores são de seguida abordados de forma mais detalhada.
1.1.1. Tonicidade
4
preparação da musculatura para as múltiplas e variadas formas de actividade postural
e práxica” (Paillard, 1963, cit in Fonseca, 2010, p. 121). Esta é essencial para todo o
tipo de motricidade, uma vez que assume a responsabilidade das funções de atenção,
estado de alerta e ativação dos estados mentais. A tonicidade encontra-se, igualmente,
relacionada com a resposta à gravidade, a manutenção de posições antigravíticas e as
leis céfalo-caudal e próximo-distal do desenvolvimento (Fonseca, 2010).
O estado tónico apropriado é designado de eutonia (Gerda Alexander, 1966 cit in
Fonseca, 2010). Contudo, alguns indivíduos revelam um perfil hipotónico (níveis
reduzidos de atividade e maior predisposição motora para atividades de praxia fina),
enquanto outros apresentam um perfil hipertónico (maiores níveis de atividades). A
primeira é mais frequente no género feminino, enquanto a segunda é mais comum no
género masculino. Estas respostas exageradas poderão ser sinal de imaturidade a nível
neurológico (Fonseca, 2010).
1.1.2. Equilibração
5
1.1.3. Lateralização
6
Almeida (2010, p. 30) refere que a representação que as crianças possuem do
seu corpo representa a sua atividade intelectual, percetivo-motora e o seu
funcionamento psíquico. Esta possui, ainda, influência no potencial de aprendizagem
das crianças, dado que défices ao nível da noção do corpo, isto é, problemas a nível
percetivo, poderão levar a problemas a nível motor (Fonseca, 2010).
A noção do corpo está na base das funções psíquicas superiores, uma vez que é
através dela que o cérebro reconhece as condições em que vai programar e elaborar a
atividade que tem de regular e verificar (Fonseca, 2010). Neste sentido, segundo
Schilder (1935, cit in Fonseca, 2010, p. 190) “quando o conhecimento do nosso corpo é
incompleto e imperfeito, todas as ações, para as quais este conhecimento é essencial,
também são imperfeitas”. Devido às relações existentes entre a noção do corpo e as
praxias, quando existe um problema percetivo poderá seguir-se um problema motor,
uma vez que não é possível separar as funções percetivas da aprendizagem das
funções motoras (Fonseca, 2010).
7
A estruturação espacial abrange, de acordo com Almeida (2013), três conceitos
essenciais: orientação espacial (noções espaciais como em cima/em baixo, à frente/a
trás, junto/distante, à direita/à esquerda, etc.), localização espacial (ali, lá, cá, aí, entre,
no centro, etc.) e ordenação espacial (primeiro, segundo, último, no fim,
anterior/posterior, etc.).
Fonseca (2010) refere que a estruturação espacial, muito dependente das
capacidades visuais, depende de diversas dimensões espaciais: perspetiva
(impressões de distância, posição e profundidade), acomodação (focagem),
convergência (coordenação dos músculo oculares para avaliar a distância e a locação
dos objetos), tamanho da imagem (modulação distância – tamanho), profundidade
(interpretação dos deslocamentos), movimento aparente (relação entre a velocidade
aparente e a extensão dos objetos no campo visual), gradiente da textura (elementos
da superfície e apreciação da distância dos objetos), invariantes multimodais (postura e
sistema vestibular) (Fonseca, 2010).
A estruturação temporal, inseparável da espacial, encontra-se ligada à
estruturação rítmica em termos de memória a curto prazo e à reprodução motora. Esta
permite a organização e a sequencialização de acontecimentos, a localização dos
acontecimentos no tempo e a relação entre estes (Fonseca, 2010).
O ritmo, expressão da dimensão temporal, corresponde a um conjunto de
intervalos de tempos. A estruturação temporal coloca em evidência as noções de
simultaneidade, sequencialização e sincronização, essenciais na motricidade e nas
aprendizagens escolares. Dificuldades ao nível do sentido rítmico poderão levar a
dificuldades na discriminação fonética (Fonseca, 2010).
A estruturação espácio-temporal fornece informações relevantes acerca da
maturação das pré-aptidões simbólicas das crianças pré-escolares, permitindo detetar
sinais de possíveis problemas das crianças com dificuldades de aprendizagem
(Fonseca, 2010).
Almeida (2010, p. 89) defende que a Lateralização, a Noção do Corpo e a
Estruturação Espácio-temporal (fatores psicomotores) “assumem uma especial
relevância na percepção das potencialidades e fragilidades das crianças a nível da
condição de leitura”. Num estudo realizado pela mesma autora com 51 crianças que
procurava analisar a relação entre o perfil psicomotor e a aprendizagem da leitura,
verificou-se que as crianças que apresentam níveis inferiores nestes três fatores
psicomotores são aquelas que no final do 1º ano de escolaridade ainda não leem nem
soletram, sendo as crianças que leem as que possuem níveis mais elevados. Desta
forma “verifica-se que a maturidade psicomotora da criança tem reflexos na performance
que revela na leitura” (Almeida, 2010, p. 89).
8
A escrita obedece a regras estabelecidas de estruturação espacial (Almeida,
2013). Quanto à leitura, corresponde a uma sucessão, no tempo, de letras, de sons, de
palavras, o que põe em evidência a importância da estruturação temporal na
aprendizagem (Fonseca, 1984, cit in Almeida, 2013). A noção de ritmo encontra-se
presente quer na linguagem escrita quer falada (Almeida, 2013).
Neste fator a perceção visual e auditiva assumem um papel fundamental
(Fonseca, 2010). A perceção visual, pela sua relevância, é abordada de seguida.
9
1.1.6. Praxia Global
A praxia fina é mais exigente que a praxia global, uma vez que exige uma
micromotricidade e uma grande proficiência manual (Fonseca, 2010). Esta, de acordo
com Almeida (2010, p. 34), “refere-se à capacidade para a execução de movimentos
finos e prende-se com a capacidade de preensão construtiva e dissociação digital
implicando a coordenação óculo-manual”. Este fator traduz a precisão e a velocidade
com que os movimentos finos são executados e a reprogramação de ações, sendo
fundamental a contribuição de todos os restantes fatores (Fonseca, 2010).
10
A mão constitui um papel central na praxia fina, diferenciando o ser humano das
restantes espécies. A praxia fina sofre um processo de maturação lento (Fonseca,
2010).
Este fator possui, segundo Fonseca (2010), uma grande ligação com a
coordenação dos movimentos dos olhos, dado que estes constituem um mecanismo de
feedback de grande relevância na regulação do movimento. A fixação da atenção
assume, igualmente, um papel relevante nas manipulações finas e complexas de
objetos e nas atividades de preensão.
A praxia fina assume, desta forma, um papel importante na aprendizagem,
nomeadamente nas áreas académicas da leitura, escrita e cálculo, sendo que Fonseca
(1984, cit in Fonseca, 2010) defende que existe uma forte relação entre dificuldades na
praxia fina e dificuldades de aprendizagem.
A coordenação visuo-motora, fundamental na praxia fina, diz respeito à
coordenação da visão com a produção da grafomotricidade, sendo essencial para
atividades como o desenho, a escrita, seguir trajetos, entre outros (Martínez, 2004, cit
in Almeida, 2013).
11
Concluindo, a importância deste tipo de intervenção mediatizada pelo corpo é
explicada na seguinte afirmação de João dos Santos (s.d., cit in Costa, 2008, p. 83): “a
vida psíquica é expressa em comportamento”, isto é, “o conjunto de fenómenos que
constituem o substrato da vida psíquica como os impulsos, emoções, sentimentos e
pensamento, exprime-se através da motricidade”.
12
2. Desenvolvimento Infantil
O crescimento físico na segunda infância ocorre a um ritmo mais lento que nas
etapas anteriores (Palacios, Cubero, Luque & Mora, 2004; Davies, 2011). O corpo das
13
crianças torna-se menos parecido ao dos bebés, passando a possuir proporções mais
semelhantes às dos adultos (Arnett & Maynard, 2013; Martorell, 2014). Nesta fase, as
crianças crescem cerca de cinco a seis centímetros por ano e aumentam de peso dois
a três quilos, por ano (Palacios et al., 2004).
O tamanho do cérebro das crianças continua o seu aumento gradual, sendo que
aos seis anos já possui cerca de 90 por cento do tamanho do de um adulto (Bauer et
al., 2009, cit in Arnett & Maynard, 2013). A mielinização de circuitos motores e sensoriais
permite melhorar as capacidades motoras e percetivas e uma melhor coordenação entre
elas (Todd, Swarzenski, Rossi, & Visconti, 1995, cit in Davies, 2011).
Entre os três e os seis anos ocorre, também, o fortalecimento dos ossos e
músculos e o aumento da capacidade respiratória, o que propicia o desenvolvimento
das competências motoras (Papalia, et al., 2006), tal como será abordado de seguida.
14
Peres, et al. (2009, p. 26) defendem que entre os dois e os seis anos a
motricidade sofre um desenvolvimento fundamental, ocorrendo um aperfeiçoamento
das competências motoras globais e finas (Martorell, 2014), as quais são descritas de
seguida.
(Bernabeu & Prada, 2001; CDC, 2014; Cordeiro, 2009, Gispert, 1998; Kail, 2012; Papalia, et al., 2006;
Wisconsin Child Welfare Training System, s.d.)
15
Nesta idade começam a ser percetíveis diferenças entre géneros ao nível do
desenvolvimento motor, com os rapazes a terem melhores desempenhos em tarefas de
salto e arremesso, enquanto as meninas manifestam melhores desempenhos em
tarefas de coordenação e de motricidade fina (e.g. desenho, escrita) (Lung et al., 2011,
cit in Arnett & Maynard, 2013).
16
(Arnett & Maynard, 2013; Bernabeu & Prada, 2001; CDC, 2014; Cordeiro, 2009; Kail, 2012;
Papalia, et al., 2006; Wisconsin Child Welfare Training System, s.d.)
A preferência manual começa a evidenciar-se por volta dos três anos, de acordo
com Papalia, et al. (2006).
17
Tabela 3 - Aquisições típicas da idade pré-escolar no desenvolvimento cognitivo
Logo após o nascimento tem início o desenvolvimento social das crianças (Oña
Sicilia, 2005, Haywood & Getchell, 2004, cit in Peres, et al., 2009). Através da interação
com os outros, as crianças vão assimilando as competências necessárias para a vida
em sociedade (Serrano, 1996, cit in Peres, et al., 2009).
Em idade pré-escolar as crianças tornam-se mais sociáveis e menos egocêntricas,
estabelecendo amizades com os seus pares (Davies, 2011). Estas relações com os
pares começam, nesta fase, a assumir um grande relevo na vida das crianças (Davies,
2011; Martorell, 2014).
Desenvolvem, ainda, a identidade de género, a compreensão das emoções
aumenta e as suas brincadeiras caracterizam-se por uma maior complexidade e
imaginação (Martorell, 2014).
O desenvolvimento psicológico e social na segunda infância é apresentado de
forma detalhada na tabela 4.
18
Tabela 4 - Aquisições típicas da idade pré-escolar no desenvolvimento psicológico e social
(Bernabeu & Prada, 2001; CDC, 2014; Cordeiro, 2009; Wisconsin Child Welfare Training System, s.d.)
19
Tabela 5 - Aquisições típicas da idade pré-escolar no desenvolvimento da linguagem
20
3. Competências de Literacia Emergente em idade Pré-
Escolar
21
3.1. Conceito de Literacia Emergente
22
3.2. Evolução da Linguagem Escrita em Idade Pré-escolar
23
escrita. As crianças começam a reproduzir grafismos semelhantes a letras e números,
regendo-se pelo princípio de que diferentes palavras possuem grafismos diferentes, e
fazem uma leitura global das suas escritas. O segundo nível é o silábico, no qual as
crianças passam a utilizar nas suas tentativas de escrita uma letra para cada sílaba da
palavra que pretendem reproduzir, contudo, as letras usadas não possuem relação
fonética com as sílabas. Nesta fase as crianças começam a ter o entendimento de que
a escrita codifica o discurso oral e a fazer uma leitura silábica dos seus escritos. No
terceiro nível, o silábico alfabético, as crianças começam a produzir uma escrita
fonetizada, com o esforço de as letras utilizadas corresponderem ao som que pretendem
reproduzir, mesmo que nem sempre sejam capazes de fazer a correspondência correta.
Por fim, no último nível evolutivo, o alfabético, as crianças começam a representar nas
suas palavras os segmentos mais pequenos da escrita – os fonemas – selecionando as
letras de acordo com o seu valor sonoro. É nesta fase que começam a surgir os
“problemas de natureza ortográfica”.
Sabe-se que a forma como o processo de alfabetização ocorre influencia o
percurso académico das crianças, uma vez que afeta a forma como estas adquirem
novas aprendizagens (Alves Martins e Silva, 1999). Lonigan, Farver, Phillips e Clancy-
Menchetti (2011) referem que a origem das dificuldades ao nível da aquisição da
leitura/escrita em algumas crianças ocorre antes de estas iniciarem a instrução formal.
De seguida serão apresentadas componentes da literacia emergente com grande
relevância na aprendizagem da leitura e da escrita.
Alves Martins e Silva (1999, p. 50) definem a consciência fonológica como sendo
“a capacidade de conscientemente manipular (mover, combinar ou suprimir) os
elementos sonoros das palavras orais”. Esta constitui um processo contínuo composto
por diversos níveis, desde uma sensibilidade para os sons até à sua manipulação
voluntária (Viana, 1998, cit in Leal et al., 2006).
A consciência fonológica é uma das competências que diversos estudos têm
associado como preditoras dos resultados ao nível da leitura e escrita (Cadime et al.,
2009; O’Connor e Jenkins, 1999, Catts, Fey, Zhang, & Tomblin, 2001, cit in Bridges &
Catts, 2011; Sonnenschein & Munsterman, 2002, cit in Leal et al., 2006; Capovilla, Dias
& Montiel, 2007; Godoy, 2008; Cadime et al., 2009;). Crianças que apresentam uma boa
24
consciência fonológica no jardim-de-infância tendem a apresentar melhores resultados
no final do primeiro ano de educação formal (Stanovich et al.,1984, cit in Silva, 1996;
Sprenger-Charolles & Casalis, 1995, cit in McLachlan & Arrow, 2010; Mata, 2008).
García (1998, cit in Freitas, Cardoso & Siquara, 2012) refere que cerca de quatro por
cento das crianças possuem dificuldades de aprendizagem relacionadas com a
componente fonológica. Desta forma, diversos estudos têm demonstrado que quando
as crianças são identificadas precocemente como em risco de desenvolverem
dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita e são alvo de intervenção poderão
melhorar os seus resultados posteriores (Denton & Mathes, 2003, Simmons et al., 2008,
Vellutino, Scanlon, Small, & Fanuele, 2006, cit in Bridges & Catts, 2011; Lundberg,
Larsman & Strid, 2012).
O aparecimento da consciência fonológica é um aspeto controverso, havendo
investigadores que defendem que a consciência fonológica é um subproduto da
aprendizagem da alfabetização (Morais, Bertelson, Cary, & Alegria, 1986, Read, Zhang,
Nie, & Ding, 1986, Castles & Coltheart, 2004, cit in Manolitsis & Tafa, 2011), enquanto
outros defendem que a consciência fonológica se desenvolve antes da aprendizagem
da leitura e escrita (Lundberg, Frost, & Peterson, 1988, Tunmer et al., 1988, Muter,
Hulme, Snowling, & Stevenson, 2004, cit in Manolitsis & Tafa, 2011). Existem igualmente
defensores de uma influência recíproca entre a consciência fonológica e o processo de
alfabetização (Wagner et al., 1994, cit in Manolitsis & Tafa, 2011; Lonigan, Burgess &
Anthony, 2000). Capovilla et al. (2007) defendem que a consciência fonológica e o
desenvolvimento da linguagem escrita apresentam uma relação recíproca, em que
“níveis elementares de consciência fonológica propiciam o desenvolvimento de níveis
elementares de leitura e escrita que, por sua vez, propiciam o desenvolvimento de níveis
mais complexos de consciência fonológica, e assim por diante” (Alegria, Leybaert e
Mousty, 1997, cit in Capovilla et al., 2007, p. 56).
Segundo Pestun, Omote, Barreto e Matsuo, (2010) a capacidade de consciência
fonológica pode ser dividida em quatro níveis: sensibilidade à rima e à aliteração (fase
inicial onde a criança faz a descoberta de que as algumas palavras se iniciam –
aliteração – ou terminam – rima – com o mesmo conjunto de sons), conhecimento
silábico (capacidade de dividir as palavras em sílabas), conhecimento intrassilábico
(capacidade de entendimento que se pode subdividir as sílabas em elementos menores
que sílabas mas maiores que fonemas) e conhecimento segmental (capacidade de
dividir as palavras em fonemas).
Neste sentido, Dioses et al. (2006, cit in Freitas et al., 2012, p. 39) defendem que
no processo de desenvolvimento da consciência fonológica, o primeiro conhecimento
adquirido pelas crianças é a consciência de rima e de aliteração, seguindo-se a
25
consciência silábica, a consciência intrasilábica e, por fim, a consciência fonémica. Esta
visão vai ao encontro de Sim-Sim et al. (2008, p. 49) que defendem que “a sensibilidade
fonológica evolui no sentido da apreensão de segmentos fonológicos sucessivamente
mais pequenos”.
De acordo com a investigação, a consciência fonológica observa-se em crianças
a partir dos quatro anos. A capacidade de identificação de rimas geralmente verifica-se
em crianças com três anos, enquanto a capacidade de segmentação silábica
desenvolve-se por volta dos quatro anos (Stanovich, Cunningham & Cramer, 1984, cit
in Godoy, 2008). Quanto à consciência fonémica, esta apenas se desenvolve por volta
dos seis anos, com o início do processo de alfabetização (Morais et al., 1979, 1986, cit
in Godoy, 2008).
Seguidamente serão abordadas as componentes da consciência fonológica
consideradas mais relevantes: rimas e aliteração, segmentação silábica e consciência
fonémica.
Rimas e Aliteração
Bradley e Bryant (1983), citados por Godoy (2008), Snowling e Stackhouse (2004)
e Pestun (2005), citados por Freitas et al. (2012), defendem que é possível predizer
futuros sucessos na aprendizagem da leitura e escrita em crianças de idade pré-escolar
capazes de identificar rimas e aliterações. Um estudo levado a cabo por Bryant e
Bradley (s.d., cit in Silva, 1996) com 400 crianças verificou que a capacidade precoce
de identificar rimas e aliterações se associou a boas pontuações quatro anos depois em
testes de leitura e ortografia.
Neste sentido, Sim-Sim (1998, cit in Esteves, 2013) preconiza que a capacidade
de as crianças com cinco anos produzirem rimas se relaciona de forma direta com o
sucesso posterior na aprendizagem da leitura.
Segmentação silábica
A sílaba é a unidade fonológica maior, e, portanto, mais facilmente identificada
(Ukrainetz, Nuspl, Wilkerson & Beddes, 2011). Esta é uma competência percursora de
um processo adequado de alfabetização (Lima & Colaço, 2010).
Liberman, Shankweiler, Fisher e Carter (1974, cit in Alves Martins, 2000) num
estudo realizado com crianças de quatro, cinco e seis anos verificaram que a
capacidade de segmentar palavras em sílabas não coloca grandes dificuldades às
crianças. Neste sentido, outros estudos concluíram que quando as sílabas das palavras
(em especial as sílabas iniciais) correspondem ao nome das letras o processo de
26
fonetização coloca menos dificuldades à criança (Alves Martins & Silva, 2001, Cardoso-
Martins & Batista, 2005, cit in Horta & Alves Martins, 2010).
Desta forma, atividades com os sons das palavras, de rimas e de identificação e
manipulação silábicas devem ser estimuladas na educação pré-escolar (Sim-Sim,
2010).
Consciência Fonémica
A consciência fonémica é referida como uma competência de grande importância
para a aquisição da leitura em sistemas alfabéticos, como é o caso do português
(Bradley & Bryant, 1983, Lundberg, Frost & Petersen, 1988, Wimmer, Landerl, Linortner
& Hummer, 1991, Castles & Coltheart, 2004, cit in Godoy, 2008), no qual as unidades
da fala são codificadas na escrita em grafemas, sendo, desta forma, mais abstrato,
principalmente pelo facto de a correspondência entre os fonemas e os grafemas não
ser linear (o nome das letras muitas vezes não corresponde a todos os sons que esta
pode assumir) (Alves Martins & Niza, 1998; Alves Martins, 2000). Desta forma, os
fonemas nem sempre são facilmente percecionados pelas crianças (Lundberg et al.,
2012).
Assim, a consciência fonémica diz respeito ao conhecimento de que as palavras
se podem separar em unidades de som (fonemas) (Ukrainetz et al., 2011), sendo
considerada como um preditor de grande relevância no desempenho da aprendizagem
da leitura e da ortografia (Hoien, Lundberg, Stanovich, & Bjaalid, 1995, Stanovich, 2000,
cit in Ukrainetz, et al., 2011; Alves Martins, 2000; Godoy, 2008). Défices ao nível da
consciência fonémica são apontados como uma das causas que poderão levar a
dificuldades na aprendizagem da leitura (Rack, Snowling, & Olsen, 1992, Vellutino,
Fletcher, Snowling, & Scanlon, 2004, cit in Warmington & Hulme, 2012). Neste sentido,
Liberman (1963, cit in Silva, 1996) verificou que crianças que no início da escolaridade
formal apresentam bons resultados em tarefas de contagem de fonemas obtiveram
melhores resultados na aprendizagem da leitura. O mesmo foi verificado com um grupo
de crianças alvo de um programa de segmentação fonética (Vellutino & Scanlon, 1987,
cit in Alves Martins & Silva, 1999).
Byrne (1998, cit in Horta & Alves Martins, 2014, p. 42) defende que “uma vez
consolidado o conceito de identidade do fonema, as crianças serão capazes de transferir
os seus conhecimentos das relações grafo-fonológicas para além das que lhes foram
explicitamente ensinadas”. O mesmo preconiza Morais (1995, cit in Capovilla et al.,
2007, p. 56) e Silva (1996) que defende que a consciência fonémica é uma habilidade
mais complexa, sendo que para a sua aquisição é necessária instrução formal, uma vez
que as taxas de insucesso em provas de consciência fonémica em idade pré-escolar
27
são muito altas. Snowling (2004, cit in Lima & Colaço, 2010) afirma que a consciência
fonémica apenas se desenvolve por volta dos seis/sete anos. Desta forma, Morais
(1997, cit in Lima & Colaço, 2010) defende que a consciência fonémica é uma
consequência da aprendizagem da leitura e não um pré-requisito.
O conhecimento do nome das letras auxilia na associação entre as letras e os
respetivos sons (Horta & Alves Martins, 2014), aspeto abordado de seguida.
28
2002, Pollo, Kessler & Treiman, 2005, Pollo, Treiman & Kessler, 2008, cit in Horta &
Alves Martins, 2010; Lourenço & Alves Martins, 2010).
A distinção das letras exige capacidades percetivas, uma vez que algumas letras,
apesar de diferentes, possuem diversas semelhanças a nível percetivo (e.g. a letra “b”
e “d”), enquanto outras letras apesar de serem a mesma possuem muitas diferenças
percetivas (e.g. “A” maiúsculo e “a” minúsculo) (Alves Martins, 2000).
De acordo com Evans e colaboradores (s.d., cit in Manolitsis & Tafa, 2011) as
letras que as crianças aprendem mais facilmente são o A, o B, o C (devido a serem as
primeiras letras do alfabeto), o X e o O (devido a serem utilizadas em alguns jogos
infantis).
Concluindo, Mata (2008) refere que o conhecimento do nome das letras em idade
pré-escolar constitui um aspeto de grande relevância na aprendizagem da literacia.
Porém, defende que para que este conhecimento seja significativo deve ser fruto de
experiências relevantes para as crianças e contextualizadas, ou de resposta a
necessidades da criança, não se focando em demasia na forma da letra, de forma a
evitar que a criança se distancie do sentido da escrita.
De seguida, será abordada a escrita do nome, aspeto de grande relevo na
aquisição do princípio alfabético e no conhecimento do nome das letras.
Escrita do nome
A atividade de escrita mais evidente em crianças de idade pré-escolar é a escrita
do nome, sendo geralmente a primeira palavra que as crianças aprendem a escrever
(Puranik & Lonigan, 2012). Esta primeira palavra constitui uma base para a aquisição
de outras aprendizagens (Bloodgood, 1999, Levin, Both-De Vries, Aram & Bus, 2005,
cit in Puranik & Lonigan, 2012).
Um estudo levado a cabo por Bloodgood (1999, cit in Puranik & Lonigan, 2012)
demonstrou que as crianças que apresentam uma maior proficiência na escrita do seu
nome apresentam melhores resultados em diversas competências de literacia
emergente, tais como o domínio do alfabeto, reconhecimento de palavras, identificação
de rimas, entre outros, comparativamente a crianças menos proficientes na escrita do
seu nome. O mesmo foi concluído no estudo de Welsch et al. (2003, cit in Puranik &
Lonigan, 2012) com crianças de quatro anos onde se verificou que as crianças mais
proficientes na escrita do nome apresentaram melhores competências ao nível do
conhecimento do nome das letras, consciência de rima, conceito de palavra e
consciência dos primeiros sons das palavras.
Como dito anteriormente, diversos autores defendem que a escrita do nome
constitui uma base importante para a aprendizagem das letras do alfabeto (Puranik &
29
Lonigan, 2012). Por outro lado, alguns autores defendem que para as crianças o seu
nome constitui um logograma, sendo que as crianças o escrevem como uma sequência
realizada de forma mecânica (Ferreiro & Teberosky, 1982, Villaume & Wilson, 1989,
Puranik & Lonigan, 2011, cit in Puranik & Lonigan, 2012), podendo não ser capazes de
nomear as letras do mesmo (Drouin & Harmon, 2009, cit in Puranik & Lonigan, 2012) ou
reconhecer os sons das letras (Treiman & Broderick, 1998, cit in Puranik & Lonigan,
2012).
Blair e Savage (2006) e Ferreiro e Teberosky (1982), citados por Puranik e
Lonigan (2012), revelam que as competências de escrita do nome se relacionam com
as competências de consciência fonológica. Por outro lado, Bloodgood (1999, cit in
Puranik & Lonigan, 2012) afirma que as competências de consciência fonológica e a
capacidade de escrita do nome não se correlacionam de forma significativa, o mesmo
defende Welsch el al. (2003, cit in Puranik & Lonigan, 2012). Estas divergências poderão
ser explicadas pelas diferentes tarefas de consciência fonológica incluídas pelos autores
nos seus estudos.
Como tem sido apresentado, diversas competências de literacia emergente
assumem um papel importante na prevenção de dificuldades de aprendizagem. Este
aspeto, assim como a intervenção, será desenvolvido de seguida.
30
tenham conhecimento das funções da escrita e de que a linguagem oral pode ser
codificada por um sistema de escrita estabelecido, defendendo que as dificuldades de
aprendizagem se podem dever “a incertezas conceptuais por parte das crianças quanto
aos objetivos e à natureza da linguagem escrita” (fase cognitiva da aprendizagem da
escrita). Esta visão é partilhada por diversos autores, que defendem que “os
conhecimentos que as crianças têm sobre as utilizações funcionais da leitura e a
apropriação que delas fazem, desempenham um papel importante na aprendizagem da
leitura” (Chauveau, 1991, Chauveau & Rogovas- Chauveau, 1989b, Downing, 1987,
Downing & Fijalkow, 1984, Downing et al., 1982, Kroll, 1983, Wells, 1981, 1985, cit in
Alves Martins, 2000, p. 22). Godoy (2008) defende, igualmente, que o conhecimento
tido pelas crianças de idade pré-escolar acerca da linguagem oral serve de base para a
construção e desenvolvimento da escrita. Alves Martins (2000) num estudo com 209
crianças do 1º ano verificou que aquelas que no início da escolaridade possuíam um
“projeto pessoal de leitor” tendem a alcançar resultados superiores ao nível da
aprendizagem da leitura, concluindo-se, assim, ser de fulcral importância a estimulação
do interesse das crianças pela leitura (Godoy, 2008). O “projeto pessoal de leitor” é
definido por Mata (2008, p. 16) como o “modo como as crianças dão sentido à
aprendizagem da leitura e da escrita, sendo visível pelo facto de conseguirem atribuir
várias razões funcionais para essa aprendizagem”.
No mesmo sentido, Alves Martins e Niza (1998) afirmam que o gosto das
crianças pela aprendizagem da escrita é dependente da frequência e da qualidade das
atividades que lhe são propostas . Assim, as práticas familiares desempenham um papel
importante na motivação da criança pela aprendizagem da escrita e da leitura e pela
assimilação dos aspetos conceptuais da escrita (Alves Martins e Niza, 1998).
Mialaret (1974, cit in Alves Martins & Niza, 1998, p. 114) defende que existe um
conjunto de pré-requisitos para a aprendizagem da leitura: “a organização perceptivo-
motora, o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem, a estruturação espacial
e temporal, o nível de desenvolvimento intelectual, a organização do esquema corporal”.
No mesmo sentido, Godoy (2008) refere que a aprendizagem da leitura e escrita
necessita que a criança domine diversas competências, dado que esta envolve
capacidades cognitivas (tais como a perceção, memória, linguagem, inteligência e
pensamento) e linguísticas (como competência fonológicas, sintáticas, semânticas e
pragmáticas). Já Alves Martins e Niza (1998) afirmam que geralmente se considera que
a estruturação espácio-temporal, a lateralidade e a motricidade fina constituem pré-
requisitos para a aprendizagem da escrita. Whitehurst e Lonigan (1998) defendem que
as habilidades que melhor predizem um bom desempenho na aprendizagem da leitura
e escrita são o vocabulário, o conhecimento sobre o impresso (e.g. direccionalidade da
31
escrita, conceito de letra e palavra, espaçamento entre palavras), a consciência
fonológica e a identificação das letras.
Sabe-se que no início do ensino formal as crianças poderão ter conhecimentos da
área da lecto-escrita muito divergentes, em função das experiências que lhes foram
propiciadas de contacto com a escrita, assumindo desta forma a educação pré-escolar
um papel fundamental na uniformização dos conhecimentos das crianças (Alves Martins
& Niza, 1998). Assim, o jardim-de-infância constitui um meio de grande relevância para
a aquisição de competências pré-leitoras (Fernandes, 2005, Lopes, 2005, cit in Cadime
et al., 2009). De acordo com Dickinson et al. (2006, cit in Cunningham, 2010), a
qualidade da educação pré-escolar influencia positivamente as competências de
linguagem e alfabetização, sendo um bom desenvolvimento de determinadas
competências nesta idade poderão predizer uma percurso académico de sucesso
(Cunningham & Stanovich 1997, Campbell et al. 2002, cit in Cunningham, 2010), tal
como visto anteriormente.
Tendo em conta os aspetos referidos, a intervenção no âmbito da leitura e escrita
com as crianças de idade pré-escolar deve ter em consideração alguns aspetos: o
trabalho deve ser feito com base em situações significativas para as crianças, utilizar os
seus conhecimentos como ponto de partida para o trabalho, valorizar as aquisições
feitas pelas crianças e incentivar as suas tentativas de escrever/ler, diversificar os
materiais utilizados na intervenção e envolver a família na mesma (Alves Martins & Niza,
1998).
De acordo com Santos e Alves Martins (2014) apenas nos anos 90 se começou a
trabalhar a abordagem à escrita nas escolas de educação pré-escolar em Portugal, após
a elaboração, por parte do Ministério da Educação, das Orientações Curriculares para
a Educação Pré-Escolar, as quais serão apresentadas de seguida.
32
adotar pelos educadores no processo educativo com vista à melhor qualidade do ensino
pré-escolar. AS OCEPR dividem-se em três áreas principais: Área da Formação Pessoal
e Social, Área de Expressão/Comunicação (com três domínios: domínio das expressões
– motora, dramática, plástica e musical; domínio da linguagem e abordagem à escrita;
e domínio da matemática) e Área de Conhecimento do Mundo (Ministério da Educação,
1997).
As metas da educação pré-escolar, elaboradas pelo Ministério da Educação,
pretendem ser um “referencial comum” para guiar as atividades dos educadores de
infância. Contudo, o facto de as crianças não terem adquirido as competências definidas
nas metas não impede o seu ingresso no 1º ciclo, dado a educação pré-escolar ser
facultativa (Ministério da Educação, s.d.).
Na área da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita, o Ministério da Educação
defende que no final da educação pré-escolar as crianças devem ter adquirido a
capacidade de consciência fonológica, de linguagem oral e manifestarem a emergência
das competências da lecto-escrita. Estas competências encontram-se divididas em
quatro domínios:
Domínio da Consciência Fonológica: neste domínio é defendido que a criança
após o pré-escolar deve ser capaz de criar rimas, segmentar palavras em
sílabas, agregar sílabas para formar palavras, identificar palavras que
começam/acabam com a mesma sílaba, acrescentar ou suprimir sílabas às
palavras e identificar e contar palavras nas frases;
Domínio do Reconhecimento e Escrita de Palavras: neste domínio a criança
deve reconhecer algumas palavras escritas, identificar o início e o final das
palavras, isolar as letras de uma palavra, reconhecer algumas letras, escrever o
nome e fazer escrita silábica;
Domínio do Conhecimento das Convenções Gráficas: a criança deve saber que
a escrita e os desenhos permitem transmitir informação, deve identificar a
direção da escrita (esquerda para a direita), saber pegar num livro e identificar
alguns dos seus elementos (e.g. capa, contracapa, folhas), a criança deve saber
que as letras representam sons (princípio alfabético), distinguir números de
letras, e reconhecer e reproduzir algumas letras (maiúsculas e minúsculas);
Domínio da Compreensão de Discursos Orais e Interação Verbal: a criança deve
questionar para obter informação, narrar e recontar histórias e acontecimentos,
descrever objetos e pessoas e reproduzir canções e rimas (Ministério da
Educação, s.d.).
33
4. Dificuldades de Aprendizagem Específicas
34
Défices na expressão escrita – dificuldades ao nível ortográfico, gramatical,
de organização da produção escrita e da pontuação;
Défices na matemática – dificuldades no sentido de número, no cálculo e
raciocínio matemático (APA, 2014).
Alguns autores, defendem que a divisão das DAE se pode fazer em quatro tipos:
dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia (Associação Portuguesa de Pessoas com
Dificuldades de Aprendizagem Específicas [APPDAE], s.d.).
As dificuldades ao nível da leitura, comumente designadas de dislexia,
caracterizam-se por défices ao nível da consciência fonémica, do processamento
fonológico, da capacidade de descodificar palavras, na velocidade e fluência de leitura,
nas rimas, na compreensão e na expressão escrita (National Center for Learning
Disabilities [NCLD], 2014). Pode, ainda, ocorrer confusão de grafemas cuja fonética é
similar e inversão, omissão, substituição ou adição de letras. Estas dificuldades tendem
a aumentar à medida que as exigências escolares se vão ampliando (Almeida, 2010). A
dislexia é, de acordo com o NCLD (2014), o tipo de DAE mais comum.
A disgrafia (dificuldades ao nível da escrita) prende-se com dificuldades ao nível
do ato motor de escrita e com a qualidade da escrita. As crianças com disgrafia podem
apresentam as seguintes características: muita força na pega do lápis ou pega
incomum, cansaço rápido em tarefas de escrita, recusa ou evitamento de tarefas de
escrita, dificuldades ao nível da forma das letras, espaçamento entre letras/palavras
inconstante, dificuldade em se organizar no papel, dificuldades na sintaxe e gramática,
dificuldade em coordenar a escrita com o pensamento, discrepância entre as suas ideias
orais e o que escreve (NCLD, 2014).
Outra dificuldade ao nível da escrita é a disortografia, que se caracteriza por
“problemas ao nível da planificação e da formulação escrita” (Fonseca, 1999, Baroja,
Paret & Riesgo, 1993, Monedero, 1989, cit in Cruz, 2009).
Indivíduos com discalculia apresentam, por norma, dificuldades ao nível da
contagem, do cálculo, nas medidas e quantidades numéricas, e na resolução de
problemas (NCLD, 2014).
As áreas afetadas nas DAE encontram-se abaixo do que seria espectável para a
faixa etária da criança (APA, 2014), verificando-se “uma discrepância acentuada entre
o potencial estimado do aluno e a sua realização escolar”, uma vez que estes alunos
possuem geralmente uma inteligência ao nível da média ou superior (Correia e Martins,
1999, p. 6; Fonseca, 2008).
Estas dificuldades interferem de forma significativa nos rendimentos académicos
da criança, não sendo melhor explicadas por dificuldades intelectuais, visuais ou
auditivas ou outras perturbações (APA, 2014). Desta forma, as DA não incluem
35
situações de deficiência visual ou auditiva, autismo, perturbações emocionais ou de
dificuldades intelectuais (Correia e Martins, 1999).
As DAE não se devem, igualmente, a situações de ausência de oportunidades
para a aprendizagem ou de ensino inadequado (APA, 2014). Na mesma linha, Vítor da
Fonseca (2008) afirma que as DAE se mantêm em situações em que as crianças
recebem uma pedagogia considerada eficaz, desta forma “o enfoque das DA está no
indivíduo, que não rende ao nível do que se poderia supor e esperar a partir do seu
potencial intelectual, e que, por motivo dessa especificidade cognitiva na aprendizagem,
tende a revelar inêxitos inesperados”.
A APPDAE (s.d.) apresenta algumas características consideradas frequentes em
crianças e jovens com DAE: “hiperactividade, problemas psicomotores, labilidade
emocional, problemas gerais de orientação, perturbação da atenção, impulsividade,
perturbações da memória ou raciocínio, dificuldades na audição e na fala”. No mesmo
sentido, Fonseca (2008) refere que as crianças com dificuldades de aprendizagem
apresentam, geralmente, problemas ao nível da atenção (dificuldade em diferenciar
entre estímulos relevantes e irrelevantes), percetivos (auditivos e visuais), emocionais,
de memória, cognitivos, psicolinguísticos e psicomotores.
Contudo, é importante ressaltar que as dificuldades sentidas não são iguais em
todas as crianças (APPDAE, s.d.), uma vez que estes alunos apresentam características
heterogéneas (Correia e Martins, 1999).
As DAE podem ser especificadas em ligeiras, moderadas ou severas em função
das características manifestadas, de acordo com o DSM-V. No primeiro caso englobam-
se as situações em que se verificam dificuldades ao nível da aprendizagem numa ou
duas áreas académicas mas em que a criança, quando alvo de adaptações ou apoios
adequados, compensa as suas dificuldades. No nível moderado enquadram-se
dificuldades mais vincadas, sendo necessários apoios e adaptações para a criança
cumprir os seus objetivos académicos. No nível severo estão as situações de
dificuldades graves e transversais a vários domínios académicos, em que se podem
continuar a manifestar grandes dificuldades mesmo com adaptações e apoios
especializados (APA, 2014).
De acordo com a APA (2014) estima-se que a prevalência desta perturbação varie
entre 5 a 15% em todo o mundo em crianças de idade escolar, apresentando uma
prevalência superior no género masculino.
Com base no que tem sido apresentado, Fonseca (2008) alerta que a avaliação
de crianças com sinais de DAE deve incluir diversas funções de processamento, como
as competências de atenção, perceção visual, auditiva e tactiloquinestésica, a memória
de curto, médio e longo prazo, a planificação e orientação. Ao nível da perceção visual
36
deve-se avaliar não apenas a discriminação visual, mas também a figura-fundo, a
coordenação visuomotora, a constância da forma, o escrutínio visual e a posição dos
objetos no espaço e a relação entre eles. Deve, ainda, ser avaliada a psicomotricidade
da criança. Todas estas competências são referidos como Fonseca (2008) como de
grande relevância na prevenção de dificuldades de aprendizagem. O mesmo autor
reforça, ainda, a importância que a educação pré-escolar pode desempenhar na
prevenção de dificuldades de aprendizagem e do insucesso escolar, que podem surgir
no 1º ou 2º ciclo do ensino formal, uma vez que as DAE têm início nos anos seguintes
ao início do ensino formal (APA, 2014).
Concluindo, Correia (2011, p. 101) alerta para o facto de “as DAE constituírem-se
uma categoria cujas características e necessidades diferem das de qualquer outra
condição inserida no espectro das necessidades educativas especiais”, pelo que deve
receber uma atenção específica.
37
significativas no processamento cortical da informação”. Estas dificuldades refletem-se
ao nível da lateralização, imagem do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia
global e praxia fina Fonseca (1984, cit in Vilar, 2010).
Na mesma linha, num estudo levado a cabo por Neto, Costa e Poeta (2005, cit
in Neto, Almeida, Caon, Ribeiro, Cara & Piucco, 2007) com crianças entre os quatro e
os 12 anos, verificou-se que as crianças com dificuldades de aprendizagem são as que
apresentam mais dificuldades ao nível de algumas competências psicomotoras, como
o equilíbrio, o esquema corporal e a organização espacial e temporal.
Assim, Gallahue e Ozmun (2005, cit in Neto, Amaro, Prestes & Arab, 2011)
defendem que as atividades motoras produzem benefícios no raciocínio e nas
aprendizagens académicas. Desta forma, são essenciais as competências de
consciência corporal, competências direcionais e espaciais, ritmo e sequências
(Gallahue, 2000, cit in Neto, Amaro, Prestes & Arab, 2011).
Lapa (2006, p. 32), citando Matos (1986), Castilho (1999) e Correia (1999),
aponta algumas adaptações que poderão ser efetuadas na escola a fim de facilitar a
aprendizagem de alunos com DA, como “a reestruturação do ambiente educativo, a
simplificação das instruções no que diz respeito às tarefas escolares, o ajustamento dos
horários, alteração de textos e do trabalho de casa, o uso de tecnologias de informação
e comunicação, a alteração das propostas de avaliação”.
38
5. Perturbação do Espectro do Autismo
39
e discurso repetitivo. Muitas das vezes as crianças com PEA manifestam, também,
resistência a mudanças (e.g. rotinas) (APA, 2014).
Os défices ao nível da linguagem estão presentes em muitos dos indivíduos com
PEA, “variando desde uma completa ausência de fala até atrasos da linguagem,
compreensão pobre da fala, fala em eco ou linguagem pomposa e excessivamente
literal” (APA, 2014, p. 61). O Autism Research Institute (s.d.) refere que a comunicação
verbal dos indivíduos com autismo é geralmente ecolálica, e muitas das vezes é
realizada sem a intenção comunicativa, sendo que a voz é geralmente rígida e
monótona (Autism Research Institute, s.d.). Ao nível da comunicação não-verbal são
também notórias dificuldades, como ausência ou atipicidade de contacto ocular,
expressão facial e gestos (APA, 2014).
Nos indivíduos com PEA podem, também, ser visíveis défices a nível motor, como
“marcha estranha, movimentos desajeitados e outros sinais motores anormais (por
exemplo, andar em bicos de pés)” (APA, 2014, p. 63).
As PEA apresentam-se com frequência em comorbilidade com outras condições
como o “défice intelectual e perturbação da linguagem estrutural (…) incapacidade em
compreender e construir frases com gramática apropriada”, “sintomas psiquiátricos”,
“perturbação do desenvolvimento da coordenação”, “perturbação da ansiedade”,
“dificuldades da aprendizagem específicas”, “epilepsia” (APA, 2014, p.68), perturbações
de conduta, perturbação de hiperatividade e défice de atenção, perturbação obsessivo-
compulsiva, problemas de sono e alimentares, entre outros (Santos, 2013).
Como referido anteriormente, as crianças com PEA não experienciam um
desenvolvimento típico ao nível das competências comunicativas e sociais. Algumas
crianças começam a manifestar sintomas muito cedo no seu desenvolvimento, contudo
outros apenas por volta do segundo ou terceiro ano de vida começam a manifestar
sinais atípicos, ocorrendo, nestes casos, uma regressão de competências (Wiggins,
Rice & Baio, 2009, cit in National Institute of Mental Health, 2011). O DSM-V preconiza
que os sintomas do autismo são geralmente reconhecidos aos dois anos, podendo ser
notórios antes dos 12 meses em situações mais graves ou depois dos dois anos em
situações em que os sintomas são menos evidentes. Geralmente os primeiros sintomas
notórios da perturbação são descritos como “atrasos de desenvolvimento precoce ou
quaisquer perdas de habilidades sociais ou de linguagem” (APA, 2014, p. 64).
Oliveira (2009) aponta os atrasos ao nível da linguagem como a alteração mais
notada pelos pais das crianças com PEA, por volta dos 18 meses de idade. Refere,
ainda, que nos primeiros dois anos de idade os sintomas característicos da PEA, como
as estereotipias e a fixação por objetos não são muito evidentes, sendo que nesta fase
o autismo manifesta-se por “atraso nas aquisições do desenvolvimento global e
40
ausência de comportamentos normais esperados para a idade mental” (Oliveira, 2008,
p. 691).
Oliveira (2009, p. 688) afirma que “ a disfunção cerebral que está subjacente ao
autismo compromete a progressão de todo o neurodesenvolvimento, podendo o quadro
clínico inicial assemelhar-se ao atraso psicomotor global”.
Myers e Johnson (2007, cit in Oliveira, 2009, p 693) refere que “numa fase
precoce, as crianças em risco ou já com o diagnóstico de autismo devem ser
intensivamente ensinadas a comunicar recorrendo a meios aumentativos e alternativos
(símbolos, gestos, imagens, (…)), a adequar comportamentos sociais, a brincar, a
adquirir autonomia e a controlar comportamentos disruptivos (birras, agitação, sono e
alimentação)”. Desta forma, a intervenção nas PEA possui uma forte componente
educacional. Neste sentido, a intervenção com crianças com PEA deve ser
individualizada e adequada ao seu nível de desenvolvimento, podendo, assim, serem
atenuados os défices provocados pela perturbação, possibilitando um melhor
desenvolvimento e percurso académico (Santos, 2013).
De acordo com Santos (2013) o prognóstico da perturbação encontram-se,
sobretudo, relacionado com o nível intelectual da criança e o seu funcionamento
psicossocial, sendo que o diagnóstico e a intervenção precoce melhoram o prognóstico
da perturbação (Myers & Johnson, 2007, cit in Oliveira, 2009).
Levy, Mandell e Schultz (2009) referem que a origem da PEA é multifatorial, i.e.,
variados fatores de risco (ambientais e epigenéticos) atuam em conjunto para o
surgimento do fenótipo autista.
O’Roak e State (2008, cit in Levy et al., 2009) referem que as PEA possuem uma
componente altamente genética, sendo que uma criança irmã de uma criança com PEA
apresenta um risco de desenvolver esta perturbação 20 a 50 vezes superior
comparativamente à população geral.
Piven, Palmer, Jacobi, Childress e Arndt (1997) e Losh, Childress, Lam e Piven
(2008), citados por Levy et al. (2009) defendem que, por vezes, os familiares mais
próximos de indivíduos com PEA manifestam alguns sinais típicos do autismo (fenótipo
amplo do autismo), como um atraso ao nível da linguagem e no desenvolvimento social,
dificuldade em realizar amizades, perfecionismo e rigidez.
Estima-se qua a prevalência desta perturbação seja de um por cento (Santos,
2013; APA, 2014), e possua uma prevalência quatro vezes superior no género
masculino (APA, 2014; FPDA, s.d.).
Oliveira, Ataíde, Marques, Miguel, Coutinho, Mota-Vieira (2007), cit in Oliveira
(2009) referem que em Portugal a prevalência do autismo é de um caso em cada 1000
crianças de idade escolar.
41
5.1. Intervenção Psicomotora nas Perturbações do Espectro do
Autismo
42
que se realizará na sessão. O técnico deverá encorajar que a criança expresse os seus
desejos e as experiências vividas nos rituais de entrada e saída da sessão. Essa
expressão, realizada em função dos recursos comunicativos de cada criança, pode
incluir apenas gestos, uma palavra ou um jogo (Llinares & Rodríguez, 2003).
Os mesmos autores consideram igualmente relevante a criação de um espaço
de referência para cada atividade realizada na sessão (Llinares & Rodríguez, 2003).
Segundo Wall (2010, cit in Oliveira, 2010), a intervenção deverá privilegiar uma
parceria próxima com os professores e pais da criança.
43
CAPÍTULO 2 – ASSOCIAÇÃO CRESCER COM SENTIDO
1. Enquadramento Institucional
44
com a família a fim de se apresentarem os resultados da mesma, são esclarecidas as
dúvidas, e inicia-se a intervenção, caso seja considerado pertinente (ACCS, 2011).
No que concerne às instalações, a ACCS localiza-se na Avenida de Berna, nº 24,
4º esquerdo, em Lisboa. Dispõe de cinco salas de intervenção nas diversas áreas, uma
sala de equipa, uma sala de espera e duas casas-de-banho (uma para os clientes e
outra para técnicos), tal como se pode observar na figura abaixo apresentada. Contudo,
o atendimento da equipa técnica não se restringe às instalações da instituição, podendo
as técnicas deslocarem-se às escolas ou a casa dos clientes, dentro da área
metropolitana de Lisboa (ACCS, 2012).
45
1.2. Atividades Desenvolvidas na Associação Crescer com
Sentido
Caso 1 – GB
O GB tem sete anos e frequenta o 1º ano do ensino formal. É acompanhado na
ACCS à cerca de um ano em âmbito preventivo, por apresentar sinais de risco para as
perturbações específicas da aprendizagem. As suas sessões, de carácter semanal,
incidem sobretudo nas competências de consciência fonológica, iniciação à literacia e
no cálculo.
Caso 2 – CL
A CL, seis anos, frequenta o último ano da educação pré-escolar. Iniciou o
acompanhamento aos três anos na ACCS devido a um atraso global do
desenvolvimento. Atualmente, é, também, acompanhada em Terapia da Fala por
manifestar uma Perturbação Específica da Linguagem. A intervenção, semanal, recai
sobre as competências pré-escolares, o jogo simbólico e a estimulação do
desenvolvimento cognitivo.
Caso 3 – TG
O TG tem oito anos e frequenta o 2º ano de escolaridade. Não possui nenhum
diagnóstico, contudo apresenta uma vulnerabilidade para as dificuldades de
aprendizagem específicas, manifestando capacidades de leitura e escrito abaixo do
46
espectável para a sua idade. É acompanhado em psicologia clínica (na ACCS) devido
a questões emocionais e comportamentais. O trabalho de apoio psicopedagógico,
iniciado em Outubro de 2014, feito com o Tomás incide nas competências de leitura e
escrita, perceção visual e capacidades de atenção.
Caso 4 – DN
O DN tem 11 anos e frequenta o 3º ano, com um currículo específico individual.
Está integrado numa unidade de multideficiência em estreita ligação com o ensino
regular. O Daniel tem uma paralisia cerebral com défice cognitivo. É acompanhado na
ACCS desde 2010. O trabalho, semanal, realizado com esta criança incide nas
competências numéricas: identificação de quantidades, cálculo.
Caso 5 – CB
O CB é acompanhado na ACCS desde 2013. Tem 14 anos e frequenta o 6º ano
de escolaridade com um currículo específico individual. Possui défice cognitivo
(moderado a severo). É acompanhado na ACCS uma vez por semana no apoio
psicopedagógico e duas vezes por semana em psicologia clínica. O trabalho feito com
esta criança incide nas competências matemáticas.
47
CAPÍTULO 3 – Centro de Cooperação Familiar Creche e Jardim-
de-Infância “O Botãozinho”
1. Enquadramento Institucional
48
2. Rastreios das Competências Pré-Académicas na
Educação Pré-Escolar
2.1. Metodologia
49
Tabela 6 - Caracterização da amostra dos rastreios
50
são avaliados os conceitos quantitativos: último, primeiro, meio, maior, tamanho
médio, menos de, mais de, mais do que e menos do que;
Memória Auditiva – o avaliador diz sete objetos (casa, maçã, relógio, tesoura,
peixe, chávena e balão). Após este terminar as crianças devem virar a folha e
assinalar os desenhos mencionados pelo técnico que conseguiram memorizar;
Perceção Visual - Constância da Forma – a criança deve assinalar de entre um
conjunto de desenhos semelhantes os iguais ao objeto de referência;
Posição no Espaço – é pedido à criança que assinale os desenhos iguais aos
desenhos de referência, tendo em conta a sua posição no espaço;
Orientação Espacial – a criança deve desenhar num referencial com pontinhos
uma figura igual aos modelos dados;
Coordenação Visuo-motora – nesta prova avalia-se a capacidade da criança
realizar um traço com o lápis dentro das referências dadas;
Perceção Visual: Figura-Fundo – as crianças devem, com o lápis, destacar os
desenhos de uma garrafa e de copos de um conjunto de diversos desenhos
sobrepostos (La Cruz, 1993).
Este instrumento de avaliação encontra-se validado para a população portuguesa,
tendo sido utilizada uma amostra constituída por crianças entre os cinco e os sete anos
(pré-escolar e 1º ano de escolaridade do ensino básico), num total de cerca de 800
crianças (Guedes, 2010).
51
base no desenho da família e do relato do mesmo pela criança, da vinculação e, também
da linguagem oral.
De seguida serão apenas abordadas, de forma pormenorizada, as áreas avaliadas
pela estagiária, ou seja, a Abordagem à Escrita e a Matemática, não sendo
apresentados os itens avaliados pelas educadoras dado não ser considerado pertinente
para o presente relatório.
Abordagem à Escrita
Na área da Abordagem à Escrita foram avaliadas as capacidades de consciência
fonológica, identificação e reprodução de letras e a emergência da leitura e escrita. Na
tabela seguinte são descritas de forma mais detalhada as competências avaliadas.
Tabela 7 - Caracterização dos itens avaliados na prova de Abordagem à Escrita
52
Matemática
Relativamente à área da Matemática é avaliada a reprodução e reconhecimento
de números, as formas geométricas, a manipulação de números, entre outros aspetos,
como apresentado na tabela seguinte.
53
Nº Descrição Aplicação Critérios de Avaliação
Sim – sabe conceito de
Compreende que os objetos Mostra-se à criança uma imagem de um menino em cima de uma comprimento
10.1 têm atributos medíveis - balança e pergunta-se-lhe o que está a ser feito e para que servem Não – não sabe conceito
comprimento as balanças. de comprimento
Não
Sim – sabe conceito de
Compreende que os objetos É apresenta à criança uma imagem de um menino a medir a sua
massa
10.2 têm atributos medíveis - altura numa régua colocada na parede e é-lhe perguntado o que
Não – não sabe conceito
massa está a ser feito e para que servem as réguas.
de massa
– Não sabe funções da
matemática
Compreende a
– Associa a tarefas
11 funcionalidade da É perguntado à criança o que é a matemática.
académicas
matemática
– Sabe funções da
matemática
1) Conceitos Verbais
32
28
Nº de Crianças
24
20
16
12
8
4
0
Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver Ver
_1 _2 _3 _4 _5 _6 _7 _8 _9 _10 _11 _12 _13 _14 _15 _16
Correto 32 32 13 31 32 32 25 29 32 32 32 32 29 29 27 29
Errado 0 0 19 1 0 0 7 3 0 0 0 0 3 3 5 3
Correto Errado
54
2) Conceitos Quantitativos
32
28
Nº de Crianças
24
20
16
12
8
4
0
CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_ CQ_
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Correto 31 32 32 14 32 32 32 31 32 31 24 31 31 27
Errado 1 0 0 18 0 0 0 1 0 1 8 1 1 5
Correto Errado
3) Memória Auditiva
12 11
Nº de Crianças
10 8
8 7
6 4
4
2 1 1
0
2 3 4 5 6 7
pontos pontos pontos pontos pontos pontos
55
30
Nº de Crianças
25
20
15
10
5
0
0 pontos 1 ponto 2 pontos 3 pontos 4 pontos 5 pontos 6 pontos
PV_1 0 0 1 0 1 3 27
PV_2 0 0 0 1 3 5 23
PV_1 PV_2
5) Posições no Espaço
32
Nº de Crianças
28
24
20
16
12
8
4
0
PE_1 PE_2 PE_3 PE_4 PE_5 PE_6 PE_7
0 pontos 0 2 2 7 0 3 11
1 ponto 1 1 0 0 0 1 2
2 pontos 31 29 30 25 32 28 19
6) Orientação Espacial
30
Nº de Crianças
25
20
15
10
5
0
OE_1 OE_2 OE_3 OE_4 OE_5 OE_6 OE_7 OE_8
0 pontos 2 2 6 3 3 6 11 10
1 ponto 1 1 9 15 17 14 11 10
2 pontos 29 29 17 14 12 12 10 12
56
7) Coordenação Visuo-Motora
35
Nº de Crianças
30
25
20
15
10
5
0
CVM_1 CVM_2 CVM_3 CVM_4 CVM_5 CVM_6
0 pontos 0 1 4 6 6 19
1 ponto 1 2 5 10 12 11
2 pontos 31 29 23 16 14 2
Num estado levado a cabo por Vieira (2006) com o objetivo de avaliar a
vulnerabilidade para as dificuldades de aprendizagem num grupo de 119 crianças, entre
os três e os seis anos, da região da Grande Lisboa, com recurso às Provas de
Diagnóstico Pré-Escolar, não se encontraram diferenças significativas entre o grupo dos
cinco e dos seis anos em nenhum dos itens, pelo que se considera que apresentam
níveis de competência semelhantes. Neste estudo, foi o item dos Conceitos Verbais que
apresentou resultados mais altos em todos os grupos etários, e o item da Orientação
Espacial, a área mais fraca em todos os grupos avaliados. Estes resultados vão ao
encontro dos resultados obtidos nos presentes rastreios, onde os itens dos Conceitos
Verbais, Conceitos Quantitativos e Perceção Visual foram onde se obtiveram melhores
resultados, e os itens da Orientação Espacial e da Coordenação Visuo-Motora com
piores resultados (Vieira, 2006).
Relativamente ao item dos Conceitos Verbais, no estado levado a cabo por Vieira
(2006), foram os conceitos de “par”, “espiga”, “vegetal” e “inclinado” que apresentaram
resultados mais baixos, o que vai no sentido dos resultados presentes, onde os
conceitos de “par”, “alimento” e “vegetal” revelaram piores resultados. No item dos
Conceitos Quantitativos foi o conceito de “tantas como” que apresentou piores
resultados em ambos os estudos.
Vieira (2006, p. 119) refere que a compreensão verbal constitui um “factor de
proteção para as dificuldades de aprendizagem”, pelo que se consideram os resultados
obtidos como positivos.
57
Quanto à Orientação Espacial, área fraca em ambos os estudos, está “relacionada
com o desenvolvimento da lateralidade”, podendo “constituir um factor de risco, já que
está envolvida na capacidade de reconhecimento de formas assimétricas, fundamental,
por exemplo, para distinção de letras semelhantes como p, q, d e b” (Vieira, 2006),
considerando-se desta forma uma área que deve ser alvo de intervenção.
Os resultados obtidos no Protocolo de Avaliação na área das Competências de
Literacia Emergente são seguidamente apresentados.
Nª Não
Item Emergente Adquirido
Item Adquirido
1 Segmentação silábica 1 1 30
2.1 Aliteração 4 7 21
2.2 Rima 3 3 26
Reconhecimento do nome e
6.1 0 15 17
outras palavras
Escrita do nome e de outras
6.2 0 21 11
palavras
58
letra, enquanto outras são capazes de identificar todas as letras do alfabeto. Em média,
o grupo avaliado identifica 12 letras. Estas informações podem ser consultadas na
tabela 10.
Tabela 10 - Resultados obtidos nas provas de reprodução e reconhecimento de letras
Tabela 11 - Resultados obtidos nas provas de identificação e distinção de letras, números, palavras e
frases
No item onde foi pedido às crianças que escrevessem as palavras “pé”, “gato” e
“joaninha”, verificou-se que 11 das 32 crianças avaliadas não apresentam critérios
linguísticos. Das restantes, cinco são capazes de fazer escrita silábica não fonológica,
12 apresentam uma escrita silábica fonológica, enquanto apenas quatro crianças
manifestam já sinais de escrita alfabética.
Após a análise dos resultados obtidos nas competências de literacia emergente
verifica-se que, de uma forma geral, os resultados são positivos. A literatura ressalta a
importância de diversas componentes da literacia emergente, avaliadas nestes
rastreios, como a consciência fonológica, tentativas de escrita, entre outros aspetos.
Ao nível da segmentação silábica e identificação de rimas e aliterações não se
registaram grandes dificuldades, com a maioria das crianças avaliadas a apresentar
estas competências adquiridas, cumprindo, desta forma, o estabelecido nas Metas de
Aprendizagem da Educação Pré-Escolar, do Ministério da Educação (s.d.), onde é
defendido que no final do pré-escolar as crianças devem ser capazes de identificar e
produzir rimas e aliterações e fazer a segmentação silábica de palavras. Quanto ao
59
reconhecimento do nome e de outras palavras as metas definem que após a educação
pré-escolar a criança deve ser capaz de reconhecer na forma escrita algumas palavras
típicas do seu dia-a-dia. A escrita do nome é também apresentada como uma das metas
da educação pré-escolar. No que ao conhecimento das funções da escrita se refere,
verificam-se ainda algumas confusões, com a generalidade das crianças a associar as
suas funções a tarefas académicas, fruto das suas vivências.
Quanto à identificação e reprodução de letras, as metas referem que as crianças
devem ser capazes de identificar e produzir algumas letras, considerando-se desta
forma que a generalidade das crianças cumpre esta meta. As metas, propõem, ainda,
que as crianças devem ser capazes de distinguir letras, números e palavras,
considerando-se que as duas primeiras não se constituem como dificuldades, ao
contrário da identificação de palavras, uma vez que se verificou que um número
considerável de crianças não possui domínio da mesma.
Por fim, relativamente aos critérios linguísticos, o Ministério da Educação
preconiza que, no final da educação pré-escolar, as crianças devem ser capazes de
fazer uma escrita silábica. Na análise dos resultados, verificou-se que cinco das crianças
fazem uma escrita silábica não fonológica e 12 uma escrita silábica fonológica,
cumprindo, desta forma, mais de metade das crianças o estabelecido nas metas.
Os resultados obtidos na prova de Competências de Numeracia Emergente são
seguidamente apresentadas.
Nª Desvio
Item Média Mínimo Máximo
Item Padrão
1.1 Contagem numérica 38,84 ± 21,36 10 110
2 Reconhecimento de números escritos 22,91 ± 23,98 6 100
3 Escrita de números 16,69 ± 18,67 5 100
4.1 Contagem numérica regressiva 9,06 ± 3,55 0 20
60
Relativamente às operações matemáticas de adição e subtração, verifica-se que
apenas dez crianças possuem domínio desta competência. A maioria das crianças (24)
apresenta esta competência emergente. As capacidades de classificação e ordenação
não colocam dificuldades salientes ao grupo avaliado, com 31 e 29 das crianças (de 32
avaliadas) a dominarem estas competências, respetivamente. A capacidade de
conservação encontra-se adquirida em apenas cinco das crianças, sendo notórias as
dificuldades sentidas pelas restantes crianças do grupo. O reconhecimento e desenho
de figuras geométricas não colocam grandes dificuldades ao grupo avaliado. Apenas
uma das crianças não consegue seguir padrões, sendo que as restantes apresentam
domínio da competência. Quanto à noção de unidades de medida, verifica-se que a
capacidade de massa é a menos conhecida pelas crianças, com 19 destas a terem
conhecimento da sua utilização, enquanto a medida de comprimento é dominada por 27
das crianças avaliadas. Estas informações são apresentadas, de forma mais detalhada,
na tabela 13.
Nª Não
Item Emergente Adquirido
Item Adquirido
4.2 Fazer adição e subtração 1 21 10
5 Identificar quantidades sem contar 1 4 27
6.1 Classificar 1 0 31
6.2 Ordenar 3 0 29
7 Fazer conservação 27 0 5
8.1 Reconhecer figuras geométricas 0 7 25
8.2 Desenhar figuras geométricas 0 2 30
9 Seguir e inventar padrões 1 0 31
10.1 Noção de unidades de medida - comprimento 5 0 27
10.2 Noção de unidades de medida - massa 13 0 19
61
reconhecimento de padrões e o conhecimento das unidades de medida de comprimento
e massa.
As competências de conservação de quantidades é apenas dominada por cinco
das 32 crianças avaliadas, porém, e de acordo com Piaget, citado por Martorell (2014),
esta competência não é típica do desenvolvimento cognitivo na fase pré-escolar.
As restantes competências não estão enquadradas nas metas definas pelo
Ministério da Educação, sendo que os seus resultados não revelam preocupações
relevantes.
2.3. Conclusões
Após a análise dos resultados considera-se que, de uma forma geral, as crianças
do “Botãozinho” se encontram preparadas para o ingresso no ensino formal, tendo em
conta os resultados obtidos nestes rastreios.
Considera-se de fulcral importância a realização de rastreios das competências
pré-académicas em idade pré-escolar, uma vez que permitem identificar eventuais
fragilidades, possibilitando uma intervenção e, assim, colmatar possíveis dificuldades
ao nível da aprendizagem no futuro. Tal como refere Almeida (2010, p. 19), “a
possibilidade de despistar dificuldades quer cognitivas quer psicomotoras, no início da
escolaridade, que antes passaram despercebidas, permite a prevenção de um mal-estar
afectivo, psíquico e social, que envolverá hoje a criança e a escola, e amanhã o futuro
cidadão e a sociedade em geral, devendo constituir uma meta a atingir.”
No mesmo sentido, Fonseca (2008) defende que, por vezes, as dificuldades de
aprendizagem que surgem se devem ao facto de as crianças não terem adquirido pré-
requisitos considerados de grande importância na aprendizagem em idade pré-escolar,
considerando-se, assim, essencial a realização de rastreios das competências pré-
académicos.
É, seguidamente, apresentado o Projeto Transições, realizado nesta instituição.
3. Projeto Transições
62
esta designação por ter como objetivo contribuir para a transição destas crianças para
o ensino formal.
63
A capacidade de organizar e estruturar o espaço é, de acordo com Fonseca (2010),
essencial para qualquer aprendizagem, permitindo detetar sinais precoces de possíveis
dificuldades de aprendizagem. Da mesma forma, as funções percetivas e as
competências visuo-motoras possuem um papel de grande relevo no percurso
académico das crianças (Fonseca, 2005, 2010), sendo importante na leitura, escrita,
ortografia e aritmética (Frostig, 1994).
As sessões, de carácter semanal, decorreram numa das salas do CCF Creche e
Jardim-de-Infância “O Botãozinho”. Dado que a técnica tinha de ir buscar as crianças às
respetivas salas e levá-las novamente no final das sessões, estas foram marcadas com
a duração de uma hora, de forma a ser possível um tempo efetivo de sessão de cerca
de 45 minutos.
No final do projeto foram elaborados relatórios da avaliação psicopedagógica
(Anexo A) para cada uma das crianças avaliadas nos rastreios. Nos relatórios das
crianças que integraram o Projeto Transições foi incluída uma descrição do mesmo e
as respetivas evoluções registadas após o mesmo.
De seguida, são detalhadas de forma mais aprofundada cada uma das vertentes
do projeto.
Esta estrutura foi sujeita a alterações, por motivos internos da instituição, sempre
que se considerou necessário.
Estas sessões tiveram como principais objetivos específicos:
Sensibilizar para a funcionalidade da leitura e da escrita;
Promover o interesse e o gosto das crianças pela aprendizagem das
competências de lecto-escrita;
64
Promover a relação entre a oralidade e a escrita;
Estimular a consciência sintática (sílaba, palavra, letra e frase);
Promover a consciência fonológica;
Promover a capacidade de identificar e produzir rimas;
Desenvolver a capacidade de identificar e reproduzir as letras do alfabeto;
Desenvolver a capacidade de associação grafema-fonema (consciência
fonémica).
A escolha destes objetivos prende-se, além dos resultados dos rastreios, com as
competências que a literatura tem apresentado como as que têm maior relevo na
predição de sucesso académico.
O planeamento das sessões de Literacia Emergente do Projeto Transições (Anexo
B) previa a existência de 12 sessões de intervenção, contudo, por razões inerentes ao
funcionamento interno da instituição, apenas foi possível efetivar oito sessões de
intervenção e uma nona sessão destinada à reavaliação das competências das
crianças. Desta forma, as sessões foram sendo reajustadas, dando-se prioridades às
atividades consideradas mais pertinentes. Em termos de objetivos, não foi trabalhada a
consciência fonémica, como tinha sido planeado. As alterações ao planeamento
encontram-se descritas no Anexo C. Em anexo podem-se observar fotografias de
algumas atividades realizadas neste projeto (Anexo D), e um planeamento de sessão
tipo (Anexo E).
Antes de cada sessão procurou-se questionar as crianças acerca das atividades
realizadas na sessão anterior. No final perguntava-se a sua opinião sobre as atividades
realizadas, tendo em conta os seus gostos e as suas dificuldades, de forma a ser
possível ajustar as atividades, indo ao encontro dos seus gostos e interesses,
considerando-se pertinente a utilização das referidas estratégias.
65
ao planeamento encontram-se descritas no Anexo G. Em anexo podem-se observar
fotografias de algumas atividades realizadas neste projeto (Anexo H).
As sessões tiveram como objetivos específicos:
Consolidar as noções de lateralidade (direita e esquerda) no próprio e no
outro;
Desenvolver a noção de diversos conceitos espaciais (cima/baixo,
dentro/fora, trás/frente, lado direito/lado esquerdo);
Desenvolver a capacidade de estruturação espácio-temporal;
Desenvolver a capacidade de realizar exercícios de topologia e simetrias;
Desenvolver a perceção visual;
Desenvolver a coordenação visuo-motora.
A escolha destes objetivos deve-se às dificuldades demonstradas pelas crianças
aquando da aplicação dos rastreios, na Prova de Diagnóstico Pré-Escolar. Estes
conteúdos encontram-se interligados, de forma a que dificuldades nuns influenciam o
desenvolvimento dos restantes, sendo considerados importantes no desenvolvimento
infantil e, consequentemente, no sucesso escolar futuro.
As estratégias utilizadas nas sessões foram semelhantes às das sessões com
incidências nas competências de literacia emergente.
3.3. Metodologia
66
3.4.1. Competências de Literacia Emergente
20 17 18
Nº de Crianças
16
12
8
4 1 0 1 1
0
Não Adquirido Emergente Adquirido
Gráfico 8 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de segmentação silábica
No que à aliteração diz respeito, na avaliação inicial duas crianças não tinham
esta competência adquirida, e sete tinham esta competência emergente. Na avaliação
final continuam a observar-se duas crianças que não apresentam domínio desta
capacidade, sendo que o número de crianças com esta competência emergente diminui
para quatro crianças. No gráfico de seguida apresentado, verifica-se também que
atualmente 68,42% das crianças (13 crianças) apresentam esta competência adquirida.
16 13
Nº de Crianças
12 10
7
8 4
4 2 2
0
Não Adquirido Emergente Adquirido
Gráfico 9 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de identificação de aliterações
67
20 17
15
Nº de Crianças
15
10
5 3 2
1 0
0
Não Adquirido Emergente Adquirido
Gráfico 10 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de identificação de rimas
20 16
14
Nº de Crianças
15
10
4 3
5 0 1
0
Não sabe função da Associa a tarefas Sabe função da
escrita académicas escrita
Gráfico 11 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova compreensão das
funcionalidades da escrita
Tabela 15 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de reconhecimento de letras
68
o programa de intervenção a conhecerem em média 13 letras. O número mínimo de
letras registou também um aumento, passando de uma para três.
Tabela 16 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de reprodução de letras
Na avaliação inicial todas as crianças eram capazes de identificar letras num texto,
mantendo-se estes resultados na avaliação final. Quanto à identificação de números, na
avaliação inicial apenas uma criança não possuía domínio desta competência, contudo,
na avaliação final já todas tinham adquirido esta capacidade. Na identificação de
palavras, na avaliação inicial apenas quatro crianças tinham adquirido o conceito de
palavra, passando a sete na avaliação final. Por último, quanto à identificação de frases,
três crianças conseguiam identificar frases na avaliação inicial, passando a oito na
avaliação final.
No que diz respeito ao reconhecimento do nome e de outras palavras, verificou-
se que todas as crianças avaliadas reconheciam pelo menos o seu nome (competência
emergente), sendo que na avaliação inicial apenas sete crianças conseguiam fazer
leitura global de símbolos do quotidiano, passando a 14 após a intervenção, tal como
se observa no gráfico seguinte.
12 14
14
Nº de Crianças
12
10 7
8 5
6
4
2 0 0
0
Não Adquirido Emergente Adquirido
Gráfico 12 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de reconhecimento do nome
e de outras palavras
69
20 15
Nº de Crianças
15 11
10 8
4
5 0 0
0
Não Adquirido Emergente Adquirido
Gráfico 13 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de escrita do nome e de
outras palavras
15 11
Nº de Crianças
8
10 6
4 3 4
5 2
0
0
Ausência de Escrita Escrita Escrita
critérios silábica não silábica alfabética
linguísticos fonológica fonológica
Gráfico 14 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de tentativa de escrita
70
Tabela 17 - Resultados estatísticos da comparação entre os resultados da avaliação inicial e da avaliação
final utilizando o Teste de Wilcoxon
Estatística de p-value
Item
teste (Z) (exact sig. 2-tailed)
Segmentação silábica de palavras -.816 0.750
Identificação de aliterações -1.134 0.500
Identificação de rimas -1.732 0.250
Conhecimento das funções da escrita -2.121 0.063
Conhecimento de letras -3.182 0.001
Reprodução de letras -3.735 0.000
Reconhecimento do nome e de outras palavras -2.646 0.016
Escrita do nome e de outras palavras -2.000 0.125
Escrita de palavras (critérios de escrita) -2.021 0.055
(nota: a negrito encontram-se os valores estatisticamente significativos – p<0.05)
p-value
Item
(exact sig. 2-tailed)
Identificação de letras num texto *
Identificação de números num texto 1.000
Identificação de palavras num texto 0.250
Identificação de frases num texto 0.125
* Não se registaram alterações entre os dois momentos de avaliação
71
(símbolos do seu quotidiano – pingo-doce, coca-cola, mcdonald's e gelados olá). Esta
competência, não trabalhada no Projeto Transições, vai ao encontro do definido por
Mata (2008) que refere que geralmente as crianças vão reconhecendo algumas palavras
globalmente ou identificando algumas das suas letras constituintes, sobretudo aquelas
com que mais frequentemente se deparam no seu dia-a-dia, como é o caso do nome de
supermercados, nome de marcas de comida, entre outras.
Nas restantes 10 variáveis em estudo nas quais não se observaram diferenças
estatisticamente significativas, verifica-se que quatro destas possuíam um resultado já
muito elevado no início – segmentação silábica de palavras, identificação de aliterações,
identificação de rimas e identificação de números num texto – e uma (identificação de
letras num texto) apresentava uma taxa de aquisição de 100%. Desta forma, não seriam
espectáveis resultados estatisticamente significativos na comparação entre a avaliação
inicial e final.
Na variável relativa ao conhecimento das funções da escrita verificam-se
melhorias nos resultados finais, contudo sem significado estatístico. Este facto pode ser
devido a esta ser uma variável mais descritiva, e por apenas ter sido alvo de trabalho
numa das sessões do projeto. A generalidade das crianças associa a escrita a tarefas
académicas, o que não é de estranhar tendo em conta o seu imaginário e a sua idade.
Estes resultados vão ao encontro do defendido por Mata (2008), que refere que as
crianças quando questionadas acerca das funções da escrita referem, em norma, que
serve para aprender a ler e a escrever ou apontam questões relacionadas com o
contexto académico (e.g. fazer trabalhos), não evidenciando funções mais específicas
da linguagem escrita.
A capacidade de identificar palavras e frases num texto registou melhorias na
avaliação final, apesar de não significativas. Estas competências apenas foram
abordadas na segunda sessão do Projeto Transições, não tendo sido algo de
intervenção mais prolongada, pelo que não seriam espectáveis melhorias significativas.
O mesmo sucede com a capacidade de escrita do nome e de outras palavras.
Por fim, no que diz respeito à escrita de palavras e aos critérios linguísticos
utilizados na mesma, verificou-se uma diminuição do número de crianças sem critérios
linguísticos, assim como um aumento de crianças que fazem escrita alfabética. Estas
diferenças, apesar de não estatisticamente significativas, consideram-se positivas. Esta
competência exige o domínio de diversos outros aspetos, como é o caso da
segmentação silábica, o conhecimento de letras e consciência fonémica, pelo que as
evoluções na mesma são dificultadas. O facto de não se terem realizado todas as
sessões planeadas do Projeto Transições (incluindo as competências de consciência
fonémica) dificultaram as progressões neste item.
72
Após a discussão dos resultados consideram-se positivas as alterações e
evoluções verificadas. O Projeto Transições revelou-se benéfico para este grupo de
crianças, que se podem considerar mais preparadas para ingressarem no ensino formal.
As crianças intervencionadas pertenciam a cinco salas diferentes e as evoluções
verificadas são transversais, o que parece reforçar o sucesso das sessões. As sessões
do projeto foram planeadas tendo em conta os pré-requisitos para a aprendizagem da
leitura e escrita e as competências de literacia emergente apresentadas na literatura,
pelo que se considera de grande importância e pertinência na idade pré-escolar.
Por outro lado, consideram-se como limitações o facto de, por razões internas da
instituição, o planeamento não ter sido cumprido, perfazendo um número relativamente
reduzido de sessões de intervenção. A não reavaliação de todas as crianças avaliadas
nos rastreios, que não participaram nas sessões de intervenção, não permite a
comparação dos resultados do programa com um “grupo de controlo”, pelo que a
generalização e interpretação dos resultados se encontra, de certa forma,
comprometida.
10 8
Pontuação
8
6 5
4
4
2 0
0
LS JB
Gráfico 15 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de orientação espacial
73
12 10
8
Pontuação
10 7
8 5
6
4
2
0
LS JB
Gráfico 16 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na prova de coordenação visuo-
motora
Uma vez que nesta análise participam apenas duas crianças, não se considerou
pertinente a utilização de estatística inferencial. Contudo, pela análise dos resultados
pode verificar-se que os mesmos são positivos, assistindo-se, em ambas as variáveis,
a um desenvolvimento de competências das duas crianças alvo de intervenção. Desta
forma, consideram-se benéficas as sessões que procuram desenvolver as capacidades
de Orientação Espacial, Perceção Visual e Coordenação Visuo-motora.
Após a realização deste projeto, considera-se que o mesmo foi bastante positivo,
promovendo o desenvolvimento das diversas competências de literacia emergente,
consideradas de grande importância para o ingresso no 1º Ciclo, esperando-se, desta
forma, uma melhor adaptação e aprendizagem por parte destas crianças. Este projeto
permitiu, igualmente, um contacto destas crianças com a leitura e escrita, considerando-
se que estimulou neste grupo o gosto pela aprendizagem.
Consideram-se como limitações deste projeto o facto de não ter sido possível
realizar todas as sessões planeadas, o que levou a um tempo de intervenção mais
reduzido que o espectável e desejável. Neste sentido, impossibilitou-se a existência de
um maior acompanhamento individual com cada uma das crianças. O facto de o número
de crianças por sessão não ser homogéneo, levou também a diferenças entre os
pequenos grupos de intervenção. Exemplo desta situação foi o grupo com seis
elementos, no qual se verificaram maiores dificuldades no aprofundamento das
atividades, e o tempo despendido com cada um dos elementos do grupo foi menor.
Neste sentido, recomenda-se, caso o projeto seja replicado, a realização dos
rastreios mais cedo de forma a permitir um tempo de intervenção mais alargado,
podendo, por exemplo, realizarem-se sessões bissemanais.
Assim, deseja-se que o Projeto Transições tenha contribuído para um melhor
futuro académico para estas crianças, na sua transição para o ensino formal, que tantas
alterações acarreta.
74
CAPÍTULO 4 – EXTERNATO “A RITINHA”
1. Enquadramento Institucional
75
O referido projeto já se encontrava em curso com os dois outros técnicos quanto
a estagiária iniciou as atividades de estágio, pelo que a calendarização do mesmo já se
encontrava estabelecida e as primeiras sessões já tinham sido realizadas, não tendo,
assim, participado na fase da observação psicomotora. Inicialmente, não estava
planeada a realização de uma avaliação formal (inicial), tendo surgido para ser
enquadrada nas atividades de estágio, de forma a se verificar as áreas fortes e as
principais fragilidades do grupo, e ser possível verificar alterações após a execução do
programa. Esta avaliação inicial decorreu apenas no mês de dezembro, altura em que
já se tinham realizado algumas sessões de psicomotricidade, pelo facto de não estar
prevista.
Este projeto teve como principais objetivos gerais:
Promover o desenvolvimento global;
Promover o desenvolvimento motor e psicomotor das crianças, através da
estimulação dos sete fatores psicomotores;
Promover o potencial de aprendizagem das crianças;
Aumentar as experiências e oportunidades de vivenciar períodos de
exploração e consciência corporal;
Aumentar as experiências e oportunidades de vivenciar períodos de
exploração e consciência da individualidade e personalidade de cada um;
Proporcionar vivências em grupo, promovendo a comunicação e interação
entre as crianças;
Promover o desenvolvimento de competências e pré-requisitos base à
aprendizagem da literacia e alfabetização.
A calendarização das sessões e o seu planeamento tiveram por base os sete
fatores psicomotores – tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo,
estruturação espácio-temporal, praxia global e praxia fina.
Neste projeto foram utilizadas diversas metodologias de intervenção, como jogos
de cooperação em grupo e em pares, jogos de regras, criação de situações-problema,
atividades de consciencialização e representação corporal e atividades lúdicas.
No que diz respeito às estratégias adotadas no decorrer da intervenção destaca-
se a complexificação ou simplificação das tarefas sempre que se revelou necessário,
fornecimento de ajuda verbal e/ou física, incentivo de comportamentos positivos e
correção de comportamentos indesejados, fornecimento de feedback no decorrer das
atividades e o desenvolvimento das áreas menos fortes a partir das áreas fortes do
grupo.
Este projeto destinou-se ao grupo de 20 crianças, que frequentava a sala do pré-
escolar do Externato “A Ritinha”, com idades compreendidas entre os dois e os cinco
76
anos. O grupo distingue-se pela sua heterogeneidade de faixas etárias e variabilidade
a nível desenvolvimental. É, portanto, um grupo com níveis de funcionalidade e
autonomias variável, pelo que se pretende implementar um conjunto de atividades
promotoras do desenvolvimento psicomotor e das aquisições de competências bases à
aprendizagem escolar, em função das particularidades individuais de cada um e do
grupo. Devido à diferença de idades, os técnicos optaram pela criação de dois grupos
(o grupo I com crianças de dois e três anos e o grupo II para as crianças com quatro e
cinco anos) de forma a implementar atividades mais adequadas às suas idades.
Contudo foram incluídas no grupo II quatro crianças de três anos, por se considerar,
pelo seu nível de desenvolvimento, que iriam beneficiar mais sendo integradas neste
grupo do que no grupo de idades e níveis desenvolvimentais inferiores.
O grupo I era o primeiro a ter sessão (entre as 10h e as 10:30h), uma vez que
almoçava mais cedo que o grupo II (sessões entre as 10:30h e as 11:15h). Desta forma,
as sessões tiveram a duração de 30 e 45 minutos respetivamente.
3. Metodologia
77
feminino e seis do género masculino. Contudo, apenas seis crianças fazem parte desta
análise, dado que duas delas saíram do externato no decorrer do projeto, uma entrou já
o projeto estava a decorrer e, por ser de outra nacionalidade, teve dificuldades em se
integrar no grupo e, consequentemente, nas sessões, uma vez que não dominava a
língua portuguesa. As restantes duas crianças que, apesar de terem frequentado as
sessões, não fazem parte da análise de dados, não realizaram pelo menos uma das
avaliações (inicial ou final).
A avaliação das crianças foi feita com base numa adaptação do Pediatric
Examination of Educational Readiness (PEER), de Melvin Levine, elaborada pelos
intervenientes no projeto. Esta adaptação (Anexo I), semelhante para ambos os grupos,
possui adequações à faixa etária de cada um dos grupos. O protocolo de avaliação
utilizado comporta seis áreas essenciais, tal como a prova a partir do qual foi feita a
adaptação: orientação, praxia global, praxia fina, sequências, linguagem e
aprendizagens pré-escolares, de acordo com a tabela 20.
Grupo I Grupo II
- Identificação de segmentos corporais
- Identificação de segmentos corporais - Grafestesia
Orientação
- Seguimento visual - Estereognose
- Seguimento visual
- Caminhar sobre os calcanhares - Caminhar sobre os calcanhares
- Caminhar sobre os bicos dos pés - Caminhar sobre os bicos dos pés
Praxia Global - Equilíbrio unipedal - Equilíbrio unipedal
- Postura motora - Postura motora
- Agarrar uma bola - Agarrar uma bola
- Manipulação de pauzinhos
Praxia Fina - Copiar figuras - Copiar figuras
- Desenhar de memória
- Sequencialização de objetos
Sequências - Sequencialização de objetos
- Sequencialização de palavras
- Indicações espaciais
Linguagem - Indicações espaciais
- Indicações temporais
Aprendizagens - Contagem dos dedos - Contagem dos dedos
pré-escolares - Contagem em voz alta - Contagem em voz alta
78
realização da prova ou ao nível de realização com um baixo desempenho, e o nível 4
corresponde a uma realização perfeita.
De seguida são apresentados os resultados obtidos na avaliação inicial e final, em
ambos os grupos.
4.1. Grupo I
1) Orientação
8 7
Nº de Crianças
7 5
6
5 3
4 2
3 1
2 0 0 0
1
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 17- Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item identificação de segmentos
corporais do grupo I
79
8 6
Nº de Crianças
6 4
4 3 3
2
2 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 18 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item seguimento visual do grupo I
2) Praxia Global
10 9
6
Nº de Crianças
5
2
1
0 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 19 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item caminhar sobre os
calcanhares do grupo I
80
8 7
Nº de Crianças
6 4 4
4 2
2 1
0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 20 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item caminhar em bicos dos pés do
grupo I
8 6 6
Nº de Crianças
6
4 2 2
2 1 1
0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 21 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item equilíbrio unipedal do grupo I
8 7
Nº de Crianças
6 5
4
4 2
2 0 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 22 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item postura motora do grupo I
81
2.5) Agarrar uma Bola
Quanto a Agarrar uma Bola, no gráfico abaixo é possível observar que inicialmente
apenas uma criança se encontrava no nível 4 (cinco passes corretos com ambas as
mãos), passando a duas após a intervenção. O nível 1 e 2 manteve-se inalterado.
5 4 4
Nº de Crianças
4 3
3 2 2
2 1 1 1
1
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 23 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item agarrar uma bola do grupo I
3) Praxia Fina
8 6
Nº de Crianças
6 5
4 3
2
2 1 1
0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 24 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item copiar figuras do grupo I
4) Sequências
82
8 7
Nº de Crianças
6 4 4
4 2
2 1
0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 25 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item sequencialização de objetos
do grupo I
5) Linguagem
5 4 4
Nº de Crianças
4 3
3 2 2 2
2 1
1 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 26 -Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item indicações espaciais do grupo I
6) Aprendizagens Pré-Escolares
8 6
Nº de Crianças
6 5
4 3
2
2 1 1
0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 27 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item contagem de dedos do grupo I
83
6.2) Contagem em Voz Alta
Por fim, no item da Contagem em Voz Alta, pode-se verificar pelo gráfico
seguinte, que na avaliação final ocorreu um aumento do número de crianças que
contam até 5 pela ordem correta (nível 4).
8 6
Nº de Crianças
6 4
4 2 2
2 1 1 1 1
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 28 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item contagem em voz alta do
grupo I
Estatística p-value
Item
de teste (Z) (exact sig. 2-tailed)
Identificação de segmentos corporais -1,342 0,375
Seguimento visual -2,414 0,016
Caminhar sobre os calcanhares -1,633 0,250
Caminhar sobre os bicos dos pés -0,816 0,688
Equilíbrio unipedal -0,412 0,813
Postura motora -2,565 0,008
Agarrar uma bola -0,577 1,000
Copiar figuras -2,449 0,031
Sequencialização de objetos -0,849 0,625
Indicações espaciais -1,633 0,219
Contagem dos dedos -1,656 0,188
Contagem em voz alta -0,333 1,000
(nota: a negrito encontram-se os valores estatisticamente significativos – p<0.05)
84
Postura Motora, tendo esta competência sido abordada nas sessões destinadas à
estimulação do equilíbrio. As restantes não foram alvo de intervenção, contudo a sua
evolução poderá ser explicada pelo desenvolvimento infantil (Seguimento Visual) e pelo
trabalhado realizado na sala pela educadora (Cópia de Figuras).
Nas restantes nove variáveis, onde não se observam diferenças significativas,
apenas cinco foram alvo de intervenção, a saber: Identificação de Segmentos Corporais,
Caminhar sobre os Calcanhares, Caminhar sobre os Bicos dos Pés, Equilíbrio Unipedal
e Agarrar uma Bola. O facto de não se terem registado alterações significativas pode
ser explicado, no caso da identificação de segmentos corporais, pelo número limitado
de sessões, e as restantes variáveis pensa-se ser devido à idade das crianças, uma vez
que estas competências ainda não se encontram bem desenvolvidas aos dois-três anos,
como refere a literatura (e.g. Bernabeu & Prada, 2001; CDC, 2014; Cordeiro, 2009;
Gispert, 1998; Kail, 2012; Papalia, et al., 2006; Winconsin Child Welfare Training
System, s.d.).
Seguidamente são apresentados os resultados obtidos pelo grupo II.
4.2. Grupo II
1) Orientação
5 4
Nº de Crianças
4
3 2 2 2 2
2
1 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 29 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item identificação de segmentos
corporais do grupo II
85
1.2) Grafestesia
Quando ao item da Grafestesia, verifica-se na avaliação final a diminuição de
crianças enquadradas no nível 2, relativamente à avaliação inicial. Por outro lado, o
número de crianças que reconhece dois ou três dos desenhos (nível 3) aumentou de
zero para três.
4 3 3
Nº de Crianças
3 2 2
2 1 1
1 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 30 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item grafestesia do grupo II
1.3) Estereognose
No que que se refere à Estereognose, não se verificaram diferenças entre a
avaliação inicial e a avaliação final, com quatro crianças a enquadrarem-se na cotação
máxima da prova, e as restantes duas no nível 3 (identifica duas ou três das quatro
figuras geométricas).
5 4 4
Nº de Crianças
4
3 2 2
2
1 0 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 31Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item estereognose do grupo II
5 4 4
Nº de Crianças
4
3
2 1 1 1 1
1 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 32 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item seguimento visual do grupo II
86
2) Praxia Global
4 3 3
Nº de Crianças
3 2 2 2
2
1 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 33 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item caminhar sobre os
calcanhares do grupo II
5 4
Nº de Crianças
4
3 2 2 2 2
2
1 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 34 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item caminhar em bicos dos pés do
grupo II
87
6 5 5
Nº de Crianças
4
2 1 1
0 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 35 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item equilíbrio unipedal do grupo II
8 6
Nº de Crianças
6
4 3
2
2 1
0 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 36 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item postura motora do grupo II
4 3 3
Nº de Crianças
3 2 2
2 1 1
1 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 37 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item agarrar uma bola do grupo II
88
3) Praxia Fina
Nº de Crianças 4 3 3
3 2
2 1 1 1 1
1 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 38 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item manipulação de pauzinhos do
grupo II
5 4 4
Nº de Crianças
4
3
2 1 1 1 1
1 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 39 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item copiar figuras do grupo II
89
5 4 4
Nº de Crianças
4
3
2 1 1 1 1
1 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 40 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item desenhar de memória do
grupo II
4) Sequências
3
Nº de Crianças
2 2 2 2
2
1 1 1 1
1
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 41 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item sequencialização de objetos
do grupo II
5 4
Nº de Crianças
4 3
3 2
2 1 1 1
1 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 42 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item sequencialização de palavras
do grupo II
90
5) Linguagem
6 5
Nº de Crianças
5
4 3
3 2
2 1 1
1 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 43 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item indicações espaciais do grupo
II
5 4
4
3 2 2 2 2
Nº de Crianças
2
1 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 44 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item indicações temporais do grupo
II
6) Aprendizagens Pré-Escolares
91
6 5
Nº de Crianças
4 3
2
2 1 1
0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 45 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item nomeação de símbolos do
grupo II
6 5
Nº de Crianças
4
4
2
2 1
0 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 46 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item nomeação dos dias-da-
semana do grupo II
4 3 3
Nº de Crianças
3 2 2
2 1 1
1 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 47 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item contagem dos dedos do grupo
II
92
6.4) Contagem em Voz Alta
No que diz respeito à Contagem em Voz Alta, verificou-se, na avaliação final, uma
diminuição do número de crianças que conta até dez, manifestando dificuldades
relevantes ao nível da sequencialização numérica (nível 1), tal como representando no
gráfico seguinte. Metade das crianças enquadra-se, na avaliação final, no nível 2, ou
seja, contam até 10 pela ordem de contagem progressiva. Duas crianças são capazes
de contar até 20 sem hesitações (nível 4).
Nº de Crianças 5 4
4 3
3 2 2
2 1
1 0 0 0
0
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Gráfico 48 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no item contagem em voz alta do
grupo II
Estatística p-value
Item
de teste (Z) (exact sig. 2-tailed)
Identificação de segmentos corporais -1,414 0,500
Grafestesia -0,378 1,000
Estereognose 0,000 1,000
Seguimento visual -1,342 0,500
Caminhar sobre os calcanhares -1,511 0,250
Caminhar sobre os bicos dos pés -2,271 0,031
Equilíbrio unipedal -1,000 1,000
Postura motora -1,633 0,250
Agarrar uma bola 0,000 1,000
Manipulação de pauzinhos -1,732 0,250
Copiar figuras -2,251 0,031
Desenhar de memória -1,890 0,125
Sequencialização de objetos -0,378 1,000
Sequencialização de palavras -0,577 1,000
Indicações espaciais -1,134 0,500
Indicações temporais -1,633 0,250
Nomeação de símbolos -1,841 0,125
Nomeação dos dias da semana -1,000 1,000
93
Estatística p-value
Item
de teste (Z) (exact sig. 2-tailed)
Contagem dos dedos 0,000 1,000
Contagem em voz alta -1,732 0,250
(nota: a negrito encontram-se os valores estatisticamente significativos – p<0.05)
5. Conclusões e Limitações
94
Recomenda-se, assim, numa possível replicação do projeto, que a avaliação
psicomotora seja mais ajustada à fase do desenvolvimento das crianças e ao objetivo
do programa, de forma a ser possível perceber, de uma forma mais adequada, as reais
necessidades do grupo alvo, e possibilitando, desta forma, uma intervenção mais
adequada ao nível de desenvolvimento do grupo e às fragilidades e dificuldades
encontradas no mesmo. Esta avaliação inicial deverá, ainda, ter lugar antes do
planeamento do programa e do início da intervenção, logo após o conhecimento do
grupo e a observação das suas características.
Concluindo, considera-se que as crianças de idade pré-escolar do Externato “A
Ritinha” constituem um grupo com crianças de diferentes níveis de desenvolvimento,
com pouca estimulação, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento motor. Desta
forma, o programa de educação psicomotora assumiu um papel de grande pertinência,
contribuindo para uma maior potencialização do desenvolvimento global destas crianças
de forma a poderem continuar o seu desenvolvimento de uma forma mais ajustada.
95
CAPÍTULO 5 – Intervenção Psicopedagógica nas Perturbações
do Espectro do Autismo
1. Enquadramento Institucional
2. Caracterização do Caso
3. Metodologia
96
avaliação inicial, de forma a se perceber as suas principais necessidades de
intervenção. Para isso, utilizaram-se diversos instrumentos, que serão apresentados
mais à frente neste documento, de forma a avaliar as competências de linguagem oral,
leitura, escrita e matemática. Após a avaliação inicial estabeleceu-se um plano de
intervenção, tendo sido, após o mesmo, reavaliadas as competências trabalhadas.
O AS é uma criança meiga e dócil, que revela muita curiosidade por tudo o que a
rodeia (e.g. armários da sala). Esta curiosidade existe igualmente relativamente à
estagiária, com o AS a fazer recorrentemente questões relativas à mesma (e.g. “Onde
moras?” “Tens filhos?”). Possui, também, um grande interesse por tecnologias,
procurando alcança-las sempre que as observa (e.g. telemóvel, tablet).
No que se refere à relação com os pares, do que foi possível observar, o AS não
revela grande interesse pelo contacto com os mesmos, não procurando interação com
estes, aparentando preferência pelo contacto com os adultos (e.g. auxiliares, monitores
do ATL). Quanto à família, tem um irmão, mais velho, com o qual aparenta, pelos seus
relatos, manter uma relação de afeto. O mesmo se poderá afirmar acerca dos seus
progenitores, sobre os quais fala frequentemente.
Esta é uma criança que revela uma grande rigidez com os horários, só aceitando
acompanhar a estagiária até à sala de apoio após o toque da campainha (às 16:30h).
O mesmo sucede com a interrupção dos seus comportamentos, dizendo
recorrentemente “espera” sempre que estava a fazer/observar algo e era chamada a
sua atenção para a tarefa que estava a decorrer.
O AS distrai-se facilmente, procurando de forma constante coisas novas e
diferentes, apresentando um cansaço rápido.
Esta criança demostrava gosto pelas sessões, mostrando-se sempre
entusiasmado com a chegada da técnica, a qual cumprimentava e a acompanhava, pela
mão, até à sala onde decorriam as sessões, sem hesitações, mas apenas depois do
toque da campainha, como já referido.
O AS apresenta muitas dificuldades ao nível da linguagem, possuindo um discurso
muitas vezes pouco percetivo, revelando dificuldades ao nível da articulação das
palavras. Este aspeto constituiu, por vezes, uma dificuldade na realização de tarefas
nas sessões.
97
3.2. Caracterização dos Instrumentos de Avaliação
Vieira (2006), citando Mayor e Rivas (1996), afirma que muitas das crianças que
manifestam dificuldades ao nível da leitura e da escrita apresentam problemas a nível
linguístico. No mesmo sentido, Sim-Sim (2014) refere que a linguagem oral das crianças
possui uma estreita ligação com a aprendizagem da leitura. Desta forma, depreende-se
a pertinência da sua avaliação.
Subteste da Nomeação
O Subteste de Nomeação, criado por Inês Sim-Sim (2014), pretende verificar a
capacidade que a criança possui de atribuir rótulos lexicais a objetos e ações, após lhe
ser apresentado um estímulo gráfico dos mesmos (desenho). São avaliados 35 itens:
açúcar, águia, ave, baleia, canguru, cara, cenoura, círculo, cotovelo, dentista, floresta,
globo, golfinho, hortaliça, ilha, joelho, lagarto, maçã, ombro, pescador, pescoço,
pinguim, praia, professor, pulso, rio, vinho, colorir, descansar, descascar, despejar,
empurrar, medir, mergulhar e pegar. A pontuação varia entre zero e 70 pontos: são
atribuídos dois pontos quando a criança faz uma “atribuição do rótulo correto”, um ponto
por uma “designação de um atributo classificativo” ou uma “designação de categoria de
nível mais geral” e zero pontos por cada resposta incorreta ou caso não responda (Sim-
Sim, 2014, p. 15).
98
enumeração de atributos”, meio ponto no caso de dar um exemplo, e zero pontos para
situações de “explicação genérica”, dar uma resposta incorreta ou não responder (Sim-
Sim, 2014, p. 14).
99
Segmentação Silábica
Para avaliar as competências de segmentação silábica foram utilizados os itens
da Prova de Análise Silábica, da Bateria de Provas Fonológicas, de Silva (2008). A prova
(Anexo K) é composta por 14 itens – anjo, aranha, raquete, mapa, golo, viola, farinha,
casa, tábua, peru, boneca, sino, dália e loja. Foi atribuído um ponto por cada resposta
correta. Desta forma, a pontuação varia entre zero e 14 pontos.
Identificação de Rimas
De forma a avaliar a capacidade de identificar rimas criou-se uma prova (Anexo
L) onde era dita uma palavra à criança e de seguida perguntava-se com que palavra
rimava, dando-lhe duas hipóteses (e.g. “limão rima/acaba da mesma forma que coração
ou maçã”?), num total de oito rimas. Foi atribuído um ponto por cada resposta correta e
zero pontos às respostas erradas ou não respostas.
Avaliação das Competências Matemáticas com Base nas Metas Curriculares do 1º Ano
A Avaliação das Competências Matemáticas com Base nas Metas Curriculares do
1º Ano (Anexo N), é um documento criado pela ACCS, e pretende avaliar as principais
competências matemáticas que o Ministério da Educação propõe que devem ser
adquiridas até ao final do 1ª ano de escolaridade. Desta forma, avalia competências
como: identificação e comparação de quantidades, leitura e escrita de números, escrita
regressiva de números, cálculo, decomposição de quantidades, resolução de
problemas, identificação e nomeação de figuras geométricas, localização e orientação
no espaço, identificação de dinheiro e identificação dos dias da semana.
100
Prova de Aritmética de Kaufman
O Kaufman Assessment Battery for Children foi criado em 1983 por Alan e Nadeen
Kaufman. Este teste, de aplicação individual, pretende avaliar a cognição de crianças
entre os dois anos e meio e os doze anos e meio (Hoke, 1987). Avalia diversas áreas
do desenvolvimento cognitivo, contudo apenas foi utilizada a prova de aritmética.
A Prova de Aritmética, destina-se a crianças entre os três e os 12 anos e cinco
meses. Nesta é apresentada à criança uma imagem sendo-lhe feita uma questão acerca
da mesma, num total de 27 imagens e 34 questões. Em função da idade da criança
inicia-se a prova numa questão específica. São avaliados, desta forma, diversas
competências, como: contagem numérica, figuras geométricas, identificação de
números, cálculo, dinheiro, entre outros.
Subteste de Nomeação
No Substeste de Nomeação o AS atingiu a cotação de 40 pontos, num máximo de
70. Esta pontuação corresponde, de acordo com as tabelas de percentis, a um percentil
35/40, no escalão etário 77-83 meses (AS tem 108 meses, contudo a tabela de percentis
já não contempla esse valor). Desta forma, pode-se considerar um desempenho baixo.
101
Teste de Linguagem Técnica da Leitura e Escrita
A pontuação obtida no Teste de Linguagem Técnica da Leitura e Escrita encontra-
se apresentado na tabela 23. O AS obteve uma pontuação de 11, num máximo de 23.
Verifica-se que o AS apresenta um domínio dos conceitos de número, letra, palavra e
frase, contudo apresenta dificuldades nos restantes conteúdos avaliados nesta prova,
como letra minúscula, primeira e última palavra, nome próprio, título, entre outros.
Tabela 22 - Resultados obtidos no Teste de Linguagem Técnica da Leitura e Escrita, na avaliação inicial
Segmentação Silábica
Após a aplicação da prova que pretendia avaliar a capacidade de segmentação
silábica do AS, foi possível constatar que este não possui qualquer domínio da mesma,
não possuindo o seu conceito. Mesmo após demonstração, o AS não exemplificou, pelo
que se depreende as suas dificuldades a este nível.
Identificação de Rimas
Ao nível da identificação de rimas, esta criança revelou dificuldades, acertando
apenas em duas das oito rimas, tal como se observa na tabela 24. Evidenciou, ainda,
dificuldades na compreensão do conceito.
As dificuldades ao nível da identificação de rimas poderão, em parte, dever-se às
suas complicações ao nível da linguagem, nomeadamente na articulação de palavras.
Tabela 23 - Resultados Obtidos na Prova de Identificação de Rimas, na avaliação Inicial
102
4.2. Competências Matemáticas e de Noções Espaciais
5. Processo de Intervenção
103
A intervenção teve, assim, os seguintes objetivos específicos:
Desenvolver a capacidade de nomear diferentes objetos e ações;
Desenvolver a capacidade de definir verbalmente diferentes objetos e ações;
Fomentar a capacidade de identificar e reproduzir rimas;
Promover a capacidade de segmentar silabicamente palavras;
Desenvolver a capacidade de identificar e distinguir os diferentes conceitos
espaciais;
Promover a capacidade de comparar quantidades, de números inferiores a
10;
Desenvolver a capacidade de efetuar cálculos mentais simples.
Planeou-se a realização de nove sessões de intervenção, contudo apenas foi
possível efetivar seis sessões, devido a constrangimentos da criança e da técnica.
Na tabela 26 é apresentada a distribuição dos conteúdos trabalhados pelas
sessões de intervenção realizadas.
104
apenas os objetos necessários à realização da tarefa do momento, para que outros
objetos desnecessários não causem destabilização.
Após o programa de intervenção aplicaram-se, novamente, alguns dos
instrumentos de avaliação utilizados inicialmente (os referentes a competências alvo de
intervenção).
Subteste da Nomeação
No Subteste de Nomeação verificou-se uma melhoria da pontuação obtida após
intervenção, tal como o gráfico seguinte evidencia. A criança passou de um percentil
35/40 para 80, podendo-se considerar positiva a intervenção realizada.
Tabela 27 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final no Subteste de Definição Verbal
Segmentação Silábica
Na prova de Segmentação Silábica verificou-se uma melhoria significativa na
capacidade de segmentar silabicamente as palavras indicadas pela técnica.
Inicialmente o AS não possuía qualquer domínio desta competência, verificando-se,
após intervenção, uma compreensão do conceito, apesar de ainda se verificarem
105
algumas dificuldades no mesmo, como a tabela abaixo evidencia. Desta forma,
considera-se benéfica a intervenção realizada.
Tabela 28 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na Prova de Segmentação Silábica
Identificação de Rimas
Na avaliação inicial foram notórias dificuldades ao nível de identificar palavras que
acabam com o mesmo som, i.e., rimam. Este aspeto foi trabalhado durante o processo
de intervenção, tendo-se registado melhorias após o mesmo, como a tabela seguinte
revela. O AS revelou uma maior capacidade de identificar rimas, apesar de ainda se
poderem observar algumas dificuldades.
Item Av. Inicial Av. Final Item Av. Inicial Av. Final
1. Dente / Cedo / Pente 0 1 5. Barriga / Abelha / Orelha 0 1
2. Bola / Cola / Mala 0 1 6. Vaca / Gato / Pato 0 1
3. Limão / Pêra / Coração 1 1 7. Colher / Menino / Mulher 0 0
4. Cão / Mão / Gato 1 1 8. Janela / Porta / Panela 0 1
Total 2 7
Tabela 30 - Comparação dos resultados da avaliação inicial e final na Prova de Noções Espaciais
Av. Final 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
106
Competências Matemáticas
Na avaliação inicial tinha-se recorrido a dois instrumentos para avaliar as
competências matemáticas – Prova com Base nas Metas Curriculares do 1º Ano e Prova
de Aritmética de Kaufman. Após intervenção considerou-se desnecessário aplicar os
testes completos, tendo-se optado apenas por avaliar as competências matemáticas
que foram alvo de intervenção: comparação de quantidades e cálculo mental. Para tal,
foram utilizados apenas os itens das provas referidas que avaliam estas competências.
Ao nível da comparação de quantidades aplicou-se, na avaliação final, o item que
avalia esta competência da Prova com Base nas Metas Curriculares do 1º Ano, onde
são apresentados dois números à criança e lhe é questionado qual é o maior.
É possível verificar uma evolução significativa entre os resultados iniciais e finais:
antes do processo de intervenção o AS não possuía qualquer domínio da competência
(errando todos as questões), sendo, posteriormente, capaz de comparar quantidades
inferiores a 10, com uma relativa facilidade.
No que se refere ao cálculo mental, inicialmente o AS revelava muitas dificuldades,
permanecendo estas após a intervenção, uma vez que esta competência foi apenas
trabalhada numa sessão.
7. Conclusões e Limitações
107
CAPÍTULO 6 – Outras Atividades Realizadas
108
CAPÍTULO 7 – Conclusão
109
essencial para desenvolver os conhecimentos acerca do trabalho desenvolvido, e
melhor perceber de que forma a intervenção psicomotora se pode desenvolver nos
diferentes contextos interventivos.
Durante o estágio, nos diferentes locais, realizaram-se sessões em contexto
individual e em grupo, com uma grande variedade de objetivos, i.e., com incidência no
desenvolvimento psicomotor e nas competências académicas. As sessões individuais
permitem um maior foco na criança, possibilitando o estabelecimento de uma relação
de maior confiança. Por outro lado, as sessões em grupo possibilitam, além do
desenvolvimento das competências sociais e comunicativas, a realização de atividades
de grupo mais completas e lúdicas.
Considera-se que, de uma forma geral, a intervenção psicomotora realizada pela
estagiária nos diferentes contextos obteve resultados positivos, tendo-se verificado
melhoria de algumas das competências trabalhadas nas sessões. De salientar como
limitação o curto tempo de intervenção. Contudo, apesar de curto, considera-se que foi
um tempo efetivo, de pequenas grandes conquistas.
De ressaltar que a estagiária foi bem acolhida e integrada em todos os locais
onde decorreram as atividades de estágio, o que se considera como um dos aspetos
que mais contribuiu para o sucesso das mesmas.
Em suma, as atividades de estágio constituíram uma experiência muito
enriquecedora, permitindo uma maior preparação para enfrentar os desafios com que
nos podemos deparar ao longo do percurso profissional. De salientar que cada pequena
conquista constitui um grande passo na melhoria do percurso académico das crianças
com que nos iremos deparar ao longo do percurso profissional. Desta forma, a
psicomotricidade é, e deverá ser, cada vez mais um contributo relevante no
desenvolvimento infantil, quer a nível terapêutico quer preventivo.
110
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121
ANEXOS
122
Anexo A – Exemplo de Relatório de Avaliação Psicopedagógica
Centro de Cooperação Familiar - Creche e Jardim de Infância «O Botãozinho»
50 55 35 80 55 45 89 50
3. Matemática
Na área da matemática a JB conta até 27, reconhece os números escritos até 13 e é capaz de os
reproduzir até ao 11. Ao nível da manipulação de números, conta para trás desde o 5, apresentando
ainda dificuldades na realização de adições e subtrações simples. É capaz de fazer classificação e
ordenação, mas não conservação de quantidades. Reconhece e desenha figuras geométricas.
Compreende a noção de padrão/sequência. Tem adquirido o conceito de comprimento, mas não de
massa.
4. Visão
Escala de Acuidade Visual de Armaignac: Olho direito – 10/10 | Olho esquerdo – 10/10
5. Avaliação Emocional
A JB é uma criança tranquila, que apresenta alguma inibição inicial, conseguindo posteriormente
estabelecer relações interpessoais adequadas. Já participa nas atividades de grupo, tendo efetuado
uma evolução muito positiva a este nível. É autónoma nas tarefas da sala e investe na realização dos
trabalhos, denotando ainda alguma insegurança.
Projeto Transições
Após a análise dos resultados, considerou-se pertinente que a JB integrasse o Projeto Transições,
dinamizado pela estagiária de Mestrado de Reabilitação Psicomotora, com o objetivo de desenvolver
as competências de literacia emergente consideradas fundamentais para o sucesso académico no 1º
ciclo. Este projeto decorreu uma vez por semana com a duração de 50 minutos, perfazendo o total de
8 sessões, em pequenos grupos. Com a participação neste Projeto verificaram-se melhoria nas
competências académicas ao nível da lecto-escrita – a JB registou um aumento na capacidade de
reconhecer e reproduzir letras e na sua consciência fonológica, considerando-se benéfica a integração
no referido Projeto.
A JB beneficiou, ainda, de um programa de intervenção, com a frequência de uma vez por semana,
com o objetivo de estimular as capacidades de orientação espacial, perceção visual e coordenação
visuo-motora, consideradas de grande relevância no processo de aprendizagem. A JB revelou-se
empenhada e interessada no decorrer das sessões tendo-se verificado progressos ao nível das áreas
referidas.
Conclusões
A JB é uma criança alegre e comunicativa que apresenta um desenvolvimento adequado à sua
faixa etária possuindo globalmente capacidades e competências que lhe permitem iniciar uma
aprendizagem formal com sucesso.
__________________________ __________________________
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Explicar às crianças em que consistem estas sessões e os seus objetivos;
- Questionar as crianças sobre onde podemos encontrar a escrita no nosso dia-a-dia, em - Diversos suportes
- Sensibilizar as crianças para que contextos/situações; de escrita (jornal,
as funcionalidades da leitura e - Questionar as crianças acerca da utilidade e das funções da escrita (Que coisas podemos livro de histórias,
da escrita; escrever? Com que forma/aspeto? Com que objetivo? Quais as diferenças/semelhanças?); receita culinária,
2, 3 e 5
1º - Estimular o gosto e o - Mostras às crianças exemplos de diferentes suportes de escrita – notícia de jornal, receita pacote alimentos,
Março
interesse das crianças pela culinária, manual de instruções, folheto promoções supermercado, livro de histórias, recado, etc.)
aprendizagem da leitura e da carta, pacote de algum alimento, etc.), e perguntar o que é, explorando as diferenças e - Cartolinas
escrita; semelhanças entre eles (objetivo, forma, tamanho, conteúdo); - Canetas
- Construir um placard (em cartolina) com as funções da escrita e com a colagem de alguns - Cola
exemplos.
- Mostrar às crianças cartões com imagens e pedir às crianças que os organizem numa - Cartões de uma
- Promover a relação entre a sequência lógica e, posteriormente, através deles, em grupo, inventem uma história. Colar história
oralidade e a escrita; as imagens numa cartolina e escrever a história dita pelas crianças ao lado das imagens; - Cartolinas
- Estimular o interesse das - Mostrar as crianças diversos cartões (diversos) representativos de textos, frases, palavras - Canetas
9, 10 e 12 crianças pela leitura e escrita; e letras e trabalhar as diferenças entre eles. De seguida, trabalhar estas noções na história - Cola
2º
Março - Estimular a capacidade de construída no início da sessão. Pedir a cada criança que diga uma frase, uma palavra e uma - Cartões com
criar histórias e a criatividade; letra. textos, frases,
- Estimular a consciência palavras e letras
sintática (frase, palavra e letra);
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Questionar as crianças sobre o que são rimas, e de seguida pedir/dar exemplos;
- Fazer o “jogo das rimas” (imagens da Revista da Criança). Dispor os cartões com as - Dado
imagens na mesa. As crianças, uma a uma, retira um dos cartões e de seguida tem de fazer - Jogo “caminho das
a correspondência do cartão que tirou com outro (da mesa) que rime com o seu (exemplificar rimas” exemplo:
primeiro);
16, 17 e - Promover a capacidade de - Jogo “caminho das rimas”. É feita numa cartolina um tabuleiro de jogo, com diversas
3º
19 Março identificar e produzir rimas; imagens (semelhante ao apresentado na figura ao lado). Cada criança, à vez, lança um dado
e anda o número de casas correspondentes. Após chegar à casa correspondente, a criança
deverá dizer uma palavra que rime com a palavra da imagem que lhe saiu (deve-se ter o
cuidado de não permitir repetição de rimas). Se as crianças não souberem podem pedir
ajuda aos colegas;
- Atividade dos “números a rimar” – ler conjunto de rimas com os números.
- Jogo “loto das rimas” – cada criança tem um tabuleiro do jogo. A técnica tira um cartão e
lê a palavra do mesmo. A criança que tiver o cartão base com o som da imagem tirada pela
técnica deve dizer e colocar o cartão no seu tabuleiro, fazendo a correspondência entre a
palavra escrita no cartão e a mesma palavra escrita no tabuleiro. Ganha a criança que
primeiro preencher todo o seu tabuleiro;
23, 24 e - Em roda, a técnica atira uma bola para uma criança e diz uma palavra, esta deve receber - Jogo “caminho
- Promover a capacidade de
4º 26 a bola (com as duas mãos) e antes de mandar a bola para outro colega deve dizer uma das rimas
identificar e produzir rimas;
Março palavra que rime com a palavra dita pela técnica. As crianças devem ir passando a bola - Bola
entre elas dizendo uma palavra que rime com a palavra dita pelo colega anterior. Caso seja
notória muita dificuldade, pode-se pedir que as crianças ao receberem a bola digam uma
palavra que rime com a dita pelo colega anterior, e que ao enviarem a bola digam uma
palavra à sua escolha, para que o colega que a receber diga uma palavra que rime com esta
(e assim existir a possibilidade de treinar mais sons).
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Dar a cada criança uma ficha sobre as rimas. São apresentadas imagens e as crianças
- Relembrar a noção de rima; têm de pintar os desenhos das palavras que rimam da mesma cor;
- Desenvolver a consciência - São colocados num saco diversos cartões com imagens. Pede-se a cada criança, uma a - Fichas
silábica; uma, que retire um cartão do saco e que diga o que é e quantas sílabas tem essa palavra, - Cartões com
5º 7 e 9 Abril
- Desenvolver a capacidade batendo uma palma por cada sílaba; imagens
de representação gráfica das - De seguida, (tirando igualmente cartões de um saco) as crianças têm que saltar o número - Saco
silábas; de vezes de sílabas que a palavra tem (as crianças podem iniciar a atividade todas ao
mesmo nível numa marca desenhada no chão).
- Dar um conjunto de imagens à crianças as quais ela tem de colocar numa cartolina (com
três colunas – para 2, e 3 e 4 sílabas) consoante o numero de sílabas da palavra (programa
de consciência fonológica);
- Dar uma ficha a cada criança com um conjunto de imagens e um espaço por baixo de cada - Cartolina
13, 14 e - Desenvolver a consciência uma delas. As crianças deverão inicialmente bater uma palma por cada sílaba, de seguida - Cartões com
6º
16 Abril silábica; deverão fazer uma bola ou uma cruz por cada sílaba que a palavra tenha (representação imagens
gráfica do número de sílabas – poderão ainda fazer o algarismo correspondente). - Fichas
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Atividade a realizar sentados em roda. Apresenta-se às crianças uma folha com diversos
animais e pergunta-se o nome de cada um. Depois, um de cada vez, retira de um saco um
cartão com um dos animais da folha, que não deve mostrar a nenhum colega. Depois, as
restantes crianças vão fazendo perguntas de forma a tentar adivinhar qual é o animal (se é
grande ou pequeno, a sua cor, o que come, etc.), às quais à criança deve responder apenas
20, 21 e - Desenvolver a consciência sim ou não. A criança que adivinhar o nome do animal deve dizer quantas sílabas tem essa - Cartões com
7º
23 Abril silábica e fonémica; palavra e quais são. Depois a técnica questiona: “como ficaria o nome deste animal se animais
tirássemos a 1ª sílaba? E de tirássemos a última? E de disséssemos duas vezes a 1ª sílaba?
E se fosse a última?”. De seguida pede-se às crianças para imitir o animal (a forma como
anda, os sons que fazem, etc.) Repetir a atividade com os restantes animais;
- Dizer algumas palavras como se houvesse eco (repetir o último som) – a técnica diz uma
palavra e pede que as crianças a digam com eco.
- Introdução à identificação e reprodução das letras – o que são/ quantas são;
- É apresentado às crianças o “dicionário das letras”, i.e., uma letra e uma imagem que
comece por essa mesma letra. Fala-se de cada uma das letras e pede-se a cada criança - “Dicionário das
que diga uma palavra começada por cada uma das letras (não repetir palavras); letras”
- Desenvolver a capacidade
27, 28 e - São dadas letras de madeira/plástico às crianças, com as quais estas têm de escrever o - Letras de
8º de identificar e reproduzir as
30 Abril seu nome – exploração das diferenças de tamanhos entre os nomes, das letras madeira/plástico
letras do alfabeto;
comuns/diferentes; - Folhas brancas
- Cada criança escolhe 4 letras (preferencialmente diferentes das do seu nome) e reproduz - Lápis e canetas
as letras que escolheu numa folha. De seguida, faz um desenho de algo que comece por
cada uma das letras que representou.
- Desenvolver a capacidade de - Passar o vídeo do “Panda vai à Escola - O Alfabeto Dos Animais”; - Vídeo
4, 5 e 7
9º identificar e reproduzir as letras - São dispostas na mesa diversas imagens. Cada criança tem de procurar e separar as - Imagens
Maio imagens em que primeira letra seja a mesma do seu nome;
do alfabeto; - Plasticina
- Reproduzir letras do alfabeto com plasticina e com palhinhas. - Palhinhas
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Reproduzir letras do alfabeto com o corpo – uma criança tenta reproduzir (de forma livre)
uma letra à sua escolha (ou dita pela técnica) com o corpo, e os restantes colegas tem de
- Desenvolver a capacidade de adivinhar e dizer uma palavra que comece por essa letra (de uma categoria, ex. comida);
11, 12 e
10º identificar e reproduzir as letras - Uma criança escolhe uma letra e desenha-a nas costas de um colega com o dedo, e este ---
14 Maio
do alfabeto; tem de adivinhar a letra que o colega desenhou, reproduzi-la num papel e dizer uma palavra
que comece por essa letra (pode-se pedir palavras por categorias, ex. animais). Pode-se
fazer o mesmo, mas em vez de ser nas costas ser na palma da mão (olhos fechados).
- Explorar com as crianças os fonemas que as letras podem ter;
- Sentados em círculo pedir às crianças que reproduzam onomatopeias (de um objeto ou
situação – ex. silêncio – ch ch ch, fantasma – u u u, mosquito z z z z);
- Apresentar uma imagem com uma imagem (ex. avião), e perguntar:
O que é isto? (dizer um aaaaaavião)
Qual o som por que começa esta palavra?
Qual é a letra que dá esse som?
Fazer o mesmo para as restantes letras, começando pelas vogais;
- Desenvolver a capacidade de - Apresentar uma ficha com diversas imagens. As crianças devem dizer as palavras, - Fichas
18, 19 e
11º associação grafema-fonema prolongando o som inicial. De seguida têm de pintar as que começam pelo som /a/ de - Cartões com
21 Maio
(consciência fonémica) vermelho, pelo som /e/ de azul, etc; imagens
- Mostrar imagens às crianças e perguntar:
O que é isto? (ex.sapato)
Quantas sílabas tem? (3: sa-pa-to).
Se a sapato tirarmos “sa”, o que fica? (ex. pato) (sílaba inicial)
Repetir o mesmo com outras palavras. Fazer o mesmo mas retirando a sílaba final
(prolongar o som final). Fazer com uma criança de cada vez (poder-se-á pedir para fazerem
o desenho da palavra que fica).
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Dizer, uma a uma, um conjunto de palavras às crianças que contenha um determinado
fonema. As crianças têm de colar essa palavra numa cartolina no sítio correspondente - Cartolina com três
consoante esse fonema se encontre no meio, no final ou no início da palavra; divisões
- “Percurso das palavras” - colocam-se um conjunto de cartões com imagens no chão. A - Cartões com
criança deve escolher uma dessas imagens e dizer em voz alta para os restantes colegas. imagens
De seguida tem de contornar um conjunto de objetos (ex. cones) até chegar a um local onde - Cones
- Desenvolver a capacidade de se encontram cartões com as palavras escritas (das imagens anteriores). A criança tem de - Cartões com as
25, 26 e associação grafema-fonema apanhar o cartão com a palavra da imagem que escolheu anteriormente. De seguida deve palavras
12ª
28 Maio (consciência fonémica) rebolar num colchão, e ao chegar ao final deve dizer o número de sílabas que a palavra tem, - Colchão
e dar o número de saltos correspondentes. Seguidamente tem de andar pé ante pé por uma - Fita
linha desenhada no chão, até chegar a um local onde estão números de plástico, e tem de - Números de
apanhar o número corresponde à quantidade de sílabas da palavra que escolheram. No final plástico/madeira
do percurso devem tentar reproduzir cada um dos fonemas isoladamente (ex. gato – g, a, t, - Folhas brancas
u); - Canetas
- Explorar com as crianças a escrita de algumas palavras (verificar se possuem critérios de
escrita alfabética). Fazer a atividade em grupo, com cada criança a partilhar as suas ideias.
1, 2 e 4 - Despedida das crianças; - Folhas de registo
13ª
Junho - Reavaliação. da avaliação
Nota: As crianças das sessões do dia 6 de Abril serão integradas nas sessões do dia 7 e 9, dado a escola estar encerrada para férias da Páscoa.
Anexo C – Alterações ao Planeamento das Sessões de Literacia
Emergente do Projeto Transições
Alterações ao Planeamento das Sessões de Literacia Emergente do
Projeto Transições
2º Sessão – Criação de uma história com sequência de imagens e “Jogo das Rimas”
3º Sessão – Jogo “Caminho das Rimas” 4º Sessão – Jogo “Loto das Rimas”
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Verificar a capacidade de reconhecimento das crianças da noção de direita e esquerda (sentados em roda
diálogo acerca do reconhecimento do lado direito e esquerdo);
- Colocar uma fita na mão direita das crianças, de forma a auxiliar o reconhecimento da mesma no decorrer da
- Consolidaço da
sessão;
lateralidade
- Sentados em roda, pedir às crianças que vão fazendo as ações que a técnica indicar (jogo do rei manda com - Fita
1º 12 Março (direita/esquerd
indicações) – ex: levantar o braço direito, bater no chão com o pé esquerdo, tocar na orelha esquerda, tocar na - Balão
a), no próprio e
boca com a mão esquerda, tocar na orelha esquerda com a mão direito, cruzar perna esquerda por cima da perna
no outro
direita (ir complexificando em função do grupo);
- As crianças deverão manter um balão no ar, sem o deixar cair ao chão, tocando apenas neste com a parte do
corpo indicada pela técnica (ex. mão esquerda).
- Relembrar as atividades realizadas na sessão anterior e os conceitos de direita e esquerda;
- Recolocar uma fita na mão direita das crianças (caso se considere ainda pertinente);
- Consolidação
- Atividade de orientação espacial com música – colocar uma música, durante a qual as crianças deverão
da lateralidade
deslocar-se livremente pelo espaço ao som da música. Quando a música parar estas têm de se dirigir para o local - Fita
(direita/esquerd
indicado pelo técnico (ex. à frente da mesa, junto à porta, por baixo da mesa) para depositar os objetos - Música
a), no próprio e
apanhados. - Setas de
no outro
2º 19 Março - Percurso psicomotor: cartolina
- Desenvolver a
1. Colocar setas no chão indicando o percurso que as crianças devem realizar (caminhar sobre/ao lado das - Arcos
noção dos setas de acordo com a direção das mesmas);
2. Distribuir arcos no chão para os quais as crianças devem saltar para dentro; - Cones
diversos
3. Contornar cones; - Fita
conceitos 4. Saltar ao pé cochinho sobre uma linha desenhada no chão (direito ou esquerdo – indicado pelo técnico)
No fim da realização do trajeto as crianças deverão verbalizar o mesmo, indicando as diferentes noções espaciais
espaciais
experienciadas (ex.: andei em cima das setas, saltei para dentro dos arcos….);
- Relaxação corporal - modelação do corpo.
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Entregar a cada criança uma folha com o desenho de 4 objetos de referência definidos em conjunto com a
criança (ex. cadeira, mesa, colchão, brinquedo) e com um percurso (diferente para cada criança) por entre esses
- Folha com
- Desenvolver a objetos, e pedir à criança que ande de acordo com o percurso representado na folha. De seguida, pedir que estas
os objetos
noção dos andem livremente pelo espaço junto àqueles objetos e que posteriormente desenhem numa nova folha (que
desenhados
diversos apenas contém os objetos de referência) o percurso realizado;
3º 26 Março - Material da
conceitos - Ditado espacial: dar um conjunto de indicações às crianças que estas deverão realizar (ex. coloca a caneta de
sala
espaciais cima da mesa, o livro no chão e vira-te para a porta). Começar-se-á com duas ordens de cada vez e,
- Mãos e pés
posteriormente, aumentar-se-á para 3 e 4 ordens sucessivas;
em cartolina
- Percurso psicomotor: As crianças deverão deslocar-se colocando as mãos e os pés, nas respetivas formas
equivalentes que se encontram coladas no chão (pés e mãos de cartolina);
2 Abril - Férias da Páscoa
- Exercícios de topologia no espaço (chão) utilizando bastões: 1) a técnica faz uma figura, a qual as crianças
devem reproduzir; 2) posteriormente pedir que cada criança, uma de cada vez, faça uma figura para os colegas
- Desenvolver a - Bastões
reproduzirem;
capacidade de - Plasticina
- Exercícios de topologia no espaço (chão) utilizando bastões: é mostrado um desenho com uma figura (topologia)
4º 9 Abril realizar - Palhas de
e é pedido às crianças que a reproduzam utilizando os bastões;
topologia/ diferentes
- Exercícios de topologia com bolas de plasticina e palhas – a técnica faz uma figura com plasticina e palhas,
simetrias cores
pedindo de seguida às crianças que reproduzam a figura (ir complexificando mudando, como o número de palhas
utilizadas).
- Exercícios de topologia com bolas de plasticina e palhas – a técnica faz uma figura com as palhas e as bolas de
- Desenvolver a
plasticina e pede-se às crianças que a reproduza num referencial no papel; - Plasticina
capacidade de
- Exercícios de topologia com bolas de plasticina e palhas – a técnica faz vai dando indicações dos locais onde - Palhas
5º 16 Abril realizar
as crianças devem colocar as palhas no referencial (bolas de plasticina) através das diferentes cores da plasticina - Ficha com
topologia/
e das palhas; exercícios
simetrias
- Exercícios topologia/simetrias em papel.
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Desenvolver a
capacidade de
- Ficha com
6º 23 Abril realizar - Exercícios topologia/simetrias em papel.
exercícios
topologia/
simetrias
- Marcar duas linhas distantes no chão. Pedir às crianças que andem normalmente de uma linha à outra contando
os passos. Depois pedir que percorram o mesmo espaço dando mais um passo, menos 2 passos, etc.; - Fita
- Desenvolver a
- Jogo dos fósforos/palhas – A técnica faz figuras/formas com palhas e pede às crianças que reproduzam a figura. - Fósforos/
capacidade de
7º 30 Abril Repetir o procedimento mas com fósforos (permite trabalhar a orientação da cabeça do fósforo). De seguida, palhas
estruturação
pode-se pedir a uma das crianças que façam uma figura/sequencia para as restantes crianças reproduzirem - Ficha com
espaciotemporal
(poderão estruturar primeiro no papel e depois reproduzir com os materiais e vice-versa); exercícios
- Ficha de consolidação das noções espaciais com bonecos/desenhos para assinalar.
- Desenvolver a
capacidade de
estruturação
- Fósforos/
espaciotemporal
- Repetição do jogo dos fósforos/palhas; palhas
8º 7 Maio - Desenvolver a
- Jogo dos pinos (tabuleiro com pinos de encaixe) – fazer figuras que as crianças têm de reproduzir (simetrias). - Pinos e
capacidade de
tabuleiro
realizar
topologia/
simetrias
- Desenvolver a - Folhas com
9º 14 Maio - Exercícios de perceção visual (em papel – Programa Frostig)
perceção visual exercícios
- Desenvolver a - Folhas com
10º 21 Maio - Exercícios de perceção visual (em papel – Programa Frostig)
perceção visual exercícios
Nº Dia/
Objetivos Atividades Material
Sessão Duração
- Desenvolver a - Folhas com
11º 28 Maio - Exercícios de perceção visual (em papel – Programa Frostig)
perceção visual exercícios
- Folhas de
- Despedida das crianças;
12ª 4 Junho --- registo da
- Reavaliação das crianças
avaliação
Anexo G – Alterações ao Planeamento das Sessões de Orientação
Espacial, Perceção Visual e Coordenação Visuo-Motora do Projeto
Transições
Alterações ao Planeamento das Sessões de Orientação Espacial,
Perceção Visual e Coordenação Visuo-Motora do Projeto Transições
3ª Sessão
5ª e 6ª Sessão
Anexo I – Instrumento de Avaliação do Projeto de Educação Psicomotora
do Externato “A Ritinha”
Externato “A Ritinha” - Protocolo de Avaliação Psicomotora
Item Descrição Grupo I Critérios de Êxito (Grupo I) Grupo II Critérios de Êxito (Grupo II) Material
Orientação
Nível 1 – A criança não percebe a instrução do Joelho, Nível 1 – A criança não percebe a instrução do
Identifi- técnico e/ou não acerta nenhum dos segmentos Cotovelo, técnico e/ou não acerta nenhum dos segmentos
Joelho
cação corporais; Ombro, corporais ou aponta para apenas 1;
Pedir à criança que aponte para as Mão
de Nível 2 – A criança aponta para 1 ou 2 dos Bochechas, Nível 2 – A criança aponta para 2 ou 3 dos
partes do corpo ditas pelo técnico. Se Cabeça
Segmen- segmentos corporais pedidos; Tornozelo, segmentos corporais pedidos; ---
a criança não compreender a instrução Perna
tos Nível 3 – A criança aponta para 3 ou 4 dos Calcanhar, Nível 3 – A criança aponta para 4 ou 5 dos
o técnico pode repetir o item uma vez. Pé
Corpo- segmentos; Cintura segmentos;
(5)
rais* Nível 4 – A criança aponta para os 5 segmentos (7) Nível 4 – A criança aponta para 6 ou 7 dos
pedidos pelo técnico. segmentos.
O técnico coloca uma folha em frente à Nível 1 – A criança não percebe a instrução do
criança, na mesa, com 4 Sequência de técnico e/ou não reconhece nenhum dos
configurações. E diz “vou pegar neste desenhos: desenhos;
Folha com
lápis e fingir que desenho uma destas - Circunferên- Nível 2 – A criança reconhece apenas 1 dos
Grafes- Não se os
formas na tua mão. Enquanto eu fizer --- cia desenhos;
tesia aplica desenhos
isso fica de olhos fechados. Quando eu - Reta Nível 3 – A criança reconhece 2 ou 3 dos
(anexo)
acabar, podes abrir os olhos e apontar - Quadrado desenhos;
para o desenho igual ao que fiz na tua - Cruz Nível 4 – A criança reconhece todos os
mão”. desenhos (4).
É colocado na mesa, em frente à Nível 1 – A criança não percebe a instrução do
criança, um conjunto de formas técnico e/ou não reconhece nenhuma das
geométricas (triângulo, quadrado, formas geométricas;
retângulo e círculo). Pede-se à criança Nível 2 – A criança reconhece apenas 1 das Formas
que feche os olhos e coloca-se uma figuras geométricas; geométric
forma geométrica na mão da criança. Triângulo Nível 3 – A criança reconhece 2 ou 3 das as (2 de
Estereo- De seguida, pede-se para que a Não se Quadrado figuras; cada):
---
gnose* criança abra os olhos, e sem olhar para aplica Retângulo Nível 4 – A criança reconhece todas as figuras triângulo,
a forma que tem na mão, identifique, Círculo geométricas (4). quadrado,
apontado para as figuras que estão retângulo
sobre a mesa, qual é igual à que tem e círculo
na sua mão.
Item Descrição Grupo I Critérios de Êxito (Grupo I) Grupo II Critérios de Êxito (Grupo II) Material
Pede-se à criança que se sente Nível 1 – A criança percebe a instrução e/ou
descontraidamente numa cadeira, com não faz seguimento visual;
os braços sobre os joelhos. E pede-se Nível 2 – A criança faz seguimento visual, mas
Nível 1 – A criança percebe a instrução e/ou
que esta acompanhe, com os olhos, o com significativas sincinesias associadas;
não faz seguimento visual;
movimento que o técnico fará à frente Nível 3 – A criança faz seguimento visual mas
Nível 2 – A criança faz seguimento visual, mas
Segui- dos olhos desta, sem mexer a cabeça com movimentos oculares;
com significativas sincinesias associadas;
mento (a criança tem de permanecer com a --- --- Nível 4 – Realiza seguimento visual de forma Lápis
Nível 3 – A criança faz seguimento visual mas
Visual cabeça imóvel e mexer apenas os adequada.
com movimentos oculares;
olhos). O movimento deve ser feito a
Nível 4 – Realiza seguimento visual de forma
cerca de 45 cm dos olhos da criança,
adequada.
entre a sua têmpora esquerda e direita;
deve-se realizar quatro ciclos de
movimentos.
Praxia Global
Nível 1 – A criança apoia por diversas vezes o Nível 1 – A criança apoia por diversas vezes o
pé todo no chão e apresenta desvios corporais pé todo no chão e apresenta desvios corporais
significativos; significativos;
Marca-se uma linha com cerca de
Caminhar Nível 2 – A criança apoia o pé pelo menos 2 Nível 2 – A criança apoia o pé pelo menos 2 Linha no
1,80m no chão. Pede-se à criança que
sobre os vezes no chão, com ligeiros desequilíbrios; vezes no chão, com ligeiros desequilíbrios; chão
ande de uma ponta à outra da linha nos --- ---
calca- Nível 3 – A criança apoia o pé pelo menos 1 vez Nível 3 – A criança apoia o pé pelo menos 1 vez (cerca de
calcanhares (o técnico pode
nhares no chão, revelando uma postura controlada; no chão, revelando uma postura controlada; 1,80m)
demonstrar).
Nível 4 – A criança mantem-se na linha apoiada Nível 4 – A criança mantem-se na linha apoiada
nos calcanhares, mantendo uma postura nos calcanhares, mantendo uma postura
adequada. adequada.
Nível 1 – A criança apoia por diversas vezes o Nível 1 – A criança apoia por diversas vezes o
pé todo no chão e apresenta desvios corporais pé todo no chão e apresenta desvios corporais
significativos; significativos;
Marca-se uma linha com cerca de Nível 2 – A criança apoia o pé pelo menos 2 Nível 2 – A criança apoia o pé pelo menos 2
Caminhar 1,80m no chão. Pede-se à criança que vezes no chão, com ligeiros desequilíbrios; vezes no chão, com ligeiros desequilíbrios; Linha no
sobre os ande de uma ponta à outra da linha em Nível 3 – A criança apoia o pé pelo menos 1 vez Nível 3 – A criança apoia o pé pelo menos 1 vez chão
--- ---
bicos dos bicos dos pés (o técnico pode no chão, revelando uma postura controlada; no chão, revelando uma postura controlada; (cerca de
pés demonstrar). Pede-se o mesmo mas Nível 4 – A criança mantem-se na linha apoiada Nível 4 – A criança mantem-se na linha apoiada 1,80m)
em bicos dos pés. nos bicos dos pés, mantendo uma postura nos bicos dos pés, mantendo uma postura
adequada. adequada.
Item Descrição Grupo I Critérios de Êxito (Grupo I) Grupo II Critérios de Êxito (Grupo II) Material
Nível 1 – A mantem-se apoiada num só pé Nível 1 – A mantem-se apoiada num só pé
menos de 3 segundos e apresenta menos de 3 segundos e apresenta
desequilíbrios acentuados; desequilíbrios acentuados;
Nível 2 – A criança mantem-se apoiada num só Nível 2 – A criança mantem-se apoiada num só
Pede-se à criança que permaneça pé durante 3 segundos, mas perde o equilíbrio pé durante 3 segundos, mas perde o equilíbrio
equilibrada num só pé (à sua escolha), mais de 1 vez e manifesta desequilíbrios mais de 1 vez e manifesta desequilíbrios
Equilíbrio
durante 5 segundos [uma perda de --- corporais significativos; --- corporais significativos; ---
Unipedal*
equilíbrio, com os dois pés a tocar no Nível 3 – A criança mantem-se apoiada num só Nível 3 – A criança mantem-se apoiada num só
chão, é aceitável]. pé durante 5 segundos, mas apresenta mais de pé durante 5 segundos, mas apresenta mais de
1 falha e ligeiros desequilíbrios corporais; 1 falha e ligeiros desequilíbrios corporais;
Nível 4 – A criança mantem-se apoiada num só Nível 4 – A criança mantem-se apoiada num só
pé durante 5 segundos, mantendo uma postura pé durante 5 segundos,
corporal adequada.
Nível 1 – A mantem-se em equilíbrio menos de Nível 1 – A mantem-se em equilíbrio menos de
5 segundos e apresenta desequilíbrios 5 segundos e apresenta desequilíbrios
acentuados; acentuados;
Nível 2 – A criança mantem-se em equilíbrio Nível 2 – A criança mantem-se em equilíbrio
entre 5 a 8 segundos, mas perde o equilíbrio entre 5 a 8 segundos, mas perde o equilíbrio
Pedir à criança que fique em equilíbrio
mais de 1 vez e manifesta desequilíbrios mais de 1 vez e manifesta desequilíbrios
Postura estático, com os pés juntos, de olhos
--- corporais significativos; --- corporais significativos; ---
Motora* fechados e em posição ortostática,
Nível 3 – A criança mantem-se em equilíbrio 8 Nível 3 – A criança mantem-se em equilíbrio 8
durante 10 segundos.
a 9 segundos, e manifesta ligeiros a 9 segundos, e manifesta ligeiros
desequilíbrios corporais; desequilíbrios corporais;
Nível 4 – A criança mantem-se em equilíbrio Nível 4 – A criança mantem-se em equilíbrio
durante 10 segundos, mantendo uma postura durante 10 segundos, mantendo uma postura
corporal adequada. corporal adequada.
Nível 1 – A criança não percebe a instrução do Nível 1 – A criança não percebe a instrução do
técnico e/ou executa nenhum passe técnico e/ou executa nenhum passe
corretamente; corretamente;
Nível 2 – A criança executa menos de 3 passes Nível 2 – A criança executa menos de 3 passes
O técnico deve lançar uma bola, a qual
corretamente; corretamente;
Agarrar a criança deve agarrar com ambas as 5 passes 5 passes
Nível 3 – A criança executa entre 3 a 4 passes Nível 3 – A criança executa entre 3 a 4 passes
uma mãos e na zona do peito, e devolver ao Distância – Distância – 1 bola
corretamente, agarrando a bola com ambas as corretamente, agarrando a bola com ambas as
bola* técnico (lançando-a com as duas 1m 2,4 m
mãos na zona do peito; mãos na zona do peito;
mãos).
Nível 4 – A criança realiza os 5 passes Nível 4 – A criança realiza os 5 passes
corretamente, com uma postura adequada e corretamente, com uma postura adequada e
agarrando a bola com ambas as mãos na zona agarrando a bola com ambas as mãos na zona
do peito. do peito.
Item Descrição Grupo I Critérios de Êxito (Grupo I) Grupo II Critérios de Êxito (Grupo II) Material
Praxia Fina
O técnico constrói com canetas as Deve-se dar Nível 1 – A criança não reproduz nenhuma das
figuras (quadrado, triângulo e dois 15 segundos, figuras corretamente, ou reproduz 1 com
degraus), à frente da criança. Depois no máximo, distorções significativas;
de este terminar a sua figura deve dizer para a Nível 2 – A criança reproduz 1 das figuras com
à criança para fazer uma figura igual, execução de ligeiras distorções;
Manipu-
dando-lhe o número exato de canetas cada uma das Nível 3 – A criança reproduz 2 ou 3 figuras com
lação de Não se
necessárias. A construção do técnico --- figuras. ligeiras variações; 8 canetas
Pauzi- aplica
deve permanecer na mesa enquanto a Nível 4 – A criança reproduz as 3 figuras de
nhos*
criança executa a sua. As figuras são forma correta.
feitas uma de cada vez, assim que faz
a primeira a criança repete logo, e só
depois é feita a segunda, e assim
sucessivamente.
Imagens a Nível 1 – A criança não reproduz nenhuma das Imagens a Nível 1 – A criança não reproduz nenhuma das
É mostrado à criança um desenho, copiar: figuras, ou reproduz uma com distorções; copiar: figuras, ou reproduz uma com distorções;
pedindo-lhe que copie o desenho para A – linha reta Nível 2 – A criança copia pelo menos 1 figura A – quadrado Nível 2 – A criança copia pelo menos 1 figura Folha com
uma folha de papel sem linhas; esta B – linha com distorções quanto à orientação das figuras B – quadrado com distorções quanto à orientação das figuras as
pode demorar o tempo que necessitar. com seta à e mostra dificuldades na precisão do grafismo. e círculo e mostra dificuldades na precisão do grafismo. imagens
Copiar
Deve-se começar pelo desenho de direta Nível 3 – A criança copia 2 a 3 figuras revelando C – cruz com Nível 3 – A criança copia 2 a 3 figuras revelando (anexo),
Figuras*
nível de complexidade B. Se a criança C – linha ligeiras variações face ao modelos e manifesta setas ligeiras variações face ao modelos e manifesta folha
tiver sucesso, passa-se para a figura C, curva um bom controlo do lápis. um bom controlo do lápis. branca,
caso esta apresente dificuldades, Nível 4 – A criança copia as 3 figuras de forma Nível 4 – A criança copia as 3 figuras de forma lápis.
pede-se o desenho A. igual ao modelo, mostrando um bom controlo do igual ao modelo, mostrando um bom controlo do
traço e do lápis. traço e do lápis.
--- Nível 1 – A criança não reproduz nenhum dos
O técnico mostra à criança o desenho
desenhos, ou reproduz um com distorções;
de nível B, pedindo-lhe que olhe para
Nível 2 – A criança reproduz pelo menos 1 Folha com
ele durante 10 segundos. Após esse
desenho com distorções quanto à orientação as
tempo o técnico esconde o desenho e
Desenhar dos mesmos e mostra dificuldades na precisão imagens
pede à criança que o reproduza na Não se
de Memó- --- do grafismo. (anexo),
folha que lhe é dada. Caso a criança aplica
ria Nível 3 – A criança reproduz 2 a 3 figuras folha
tenha dificuldades no desenho de nível
revelando ligeiras variações face ao modelos e branca,
B, passa-se para o desenho de nível A,
manifesta um bom controlo do lápis. lápis.
caso esta não apresente dificuldades,
Nível 4 – A criança desenha as 3 figuras de
passa-se para o nível C.
forma igual ao modelo, mostrando um bom
controlo do traço e do lápis e uma boa
capacidade de memória.
Item Descrição Grupo I Critérios de Êxito (Grupo I) Grupo II Critérios de Êxito (Grupo II) Material
Sequências
3 objetos / 2 Nível 1 – A criança não aponta os objetos, 5 objetos / 4 Nível 1 – A criança não aponta os objetos,
sequências aponta mas não pela ordem indicada ou aponta sequências aponta aleatoriamente ou aponta corretamente
(1 – caneta, aleatoriamente; (1 – caneta, 2 para apenas 1 das sequências;
O avaliador deve apontar para os Caneta,
Sequên- 2 – moeda, 3 Nível 2 – A criança aponta pela ordem correta – moeda, 3 – Nível 2 – A criança aponta pela ordem correta
objetos com uma determina ordem, moeda,
cialização –borracha) 1 das sequências mas manifestando borracha, 4 – 2 das sequências;
após terminar deve pedir à criança que borracha,
de 231 / 312 dificuldades e hesitações; agenda, 5 – Nível 3 – A criança aponta pela ordem correta
aponte para os objetos pela mesma agenda,
Objetos* Nível 3 – A criança aponta pela ordem correta lego) 3 das sequências;
sequência. lego.
1 das sequências; 231 / 312 / Nível 4 – A criança aponta pela ordem correta
Nível 4 – A criança aponta pela ordem correta 3124 / 25134 as 4 sequências.
as 2 sequências.
3 sequências Nível 1 – A criança não diz as sequências, diz
O técnico deve colocar-se sentar-se de
(b – barco / c – mas não pela ordem indicada ou diz
frente para a criança, e tapar a sua
copo / t – aleatoriamente;
Sequên- boca com um papel e dizer a sequência
tampa / m – Nível 2 – A criança diz pela ordem correta pelo
cialização de palavras (uma a cada 2 seg). As Não se
--- mesa / d – menos uma das sequências; ---
de Pala- sequências não devem ser repetidas aplica
dedo) Nível 3 – A criança diz pela ordem correta pelo
vras* pelo técnico. De seguida, pedir à
btc / tbcm / menos 2 das sequências;
criança que diga a sequência de
cmtdb Nível 4 – A criança diz pela ordem correta as 3
palavras apresentada pelo técnico.
sequências.
Linguagem
3 Nível 1 – A criança não cumpre nenhuma das 5 sequências: Nível 1 – A criança não cumpre nenhuma das
sequências: sequências, ou cumpre apenas 1 mas mostra 1), 2) e 3) = sequências, ou cumpre apenas 1 mas mostra
1) Põe a confusão no reconhecimento das indicações grupo 1 confusão no reconhecimento das indicações
boneca em espaciais; 4) Põe a espaciais;
O técnico deve fornecer a caixa e a
cima da Nível 2 – A criança cumpre pelo menos 1 das boneca dentro Nível 2 – A criança cumpre 2 das sequências,
Indi- boneca à criança, e dizer as indicações
caixa; sequências, mesmo que revelando algumas da caixa; mesmo que revelando algumas hesitações;
cações que pretende que esta execute (as Caixa,
2) Põe a hesitações; 5) Põe a Nível 3 – A criança cumpre 3 ou 4 sequências,
Espa- frases devem ser ditas devagar; se a boneca.
boneca atrás Nível 3 – A criança cumpre pelo menos 2 das boneca ao mostrando-se à vontade;
ciais* criança não ouvir o técnico pode repetir
da caixa; sequências; lado da caixa. Nível4 – A criança cumpre as 5 sequências
a instrução).
3) Põe a Nível4 – A criança cumpre as 3 sequências corretamente, mostrando completo domínio das
boneca à corretamente, mostrando completo domínio das indicações espaciais.
frente da indicações espaciais.
caixa.
Item Descrição Grupo I Critérios de Êxito (Grupo I) Grupo II Critérios de Êxito (Grupo II) Material
3 indicações: Nível 1 – A criança não cumpre nenhuma das
1) Primeiro, sequências, ou cumpre apenas 1 mas mostra
dá-me a confusão na ordem das sequências;
moeda; Nível 2 – A criança cumpre pelo menos 1 das
depois dá-me sequências, mesmo que revelando algumas
o lápis. hesitações;
2) Primeiro, Nível 3 – A criança cumpre pelo menos 2 das
dá-me o lápis; sequências;
de seguida, Nível4 – A criança cumpre as 3 sequências
Indi- O técnico dá as indicações que dá-me a corretamente, mostrando completo domínio das
Lápis,
cações pretende que a criança execute (uma Não se moeda; indicações temporais.
--- moeda,
Tempo- de cada vez), caso esta necessite o aplica depois, dá-me
chave.
rais* técnico pode repetir apenas uma vez. a chave.
3) A seguir a
eu tocar na
mesa, quero
que me dês o
lápis e a
moeda, mas
dá-me o lápis
antes da
moeda.
Aprendizagens Pré-Escolares
Total
Anexo M – Prova de Noções Espaciais
Prova de Noções Espaciais
2 Fora
3 Em Cima
4 Em Baixo
5 Frente
6 Trás
7 Lado
8 Lado Direito
9 Lado Esquerdo
10 Entre
Total
Anexo N – Prova de Avaliação das Competências Matemáticas com Base
nas Metas Curriculares do 1º Ano
AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS MATEMÁTICAS
FOLHA DO ALUNO
1º ANO
NOME _______________________________________________________________
ANO ESCOLARIDADE _______________________ DN _______________________
IDADE _____________________ DATA AVALIAÇÃO _________________________
Parte 1.
Lê com atenção. Pede ajuda quando não perceberes.
2.1. Lê os números:
9 13 19 21 35 42 53 100
4. Quem ficou em primeiro lugar? Coloca os números nos ciclistas (1 a 5) pela ordem de chegada
à meta.
5. Calcula:
2+2= 6 – 2=
3+1= 5–3=
1+2= 7–5=
4 + 1= 7–2=
6. Decompõe as quantidades:
2 + ….
….. + …..
7. Resolve os problemas.
A Rosa pensou num número. Somou-lhe 4 e ficou com 12. Em que número pensou ela?
+
4
-
….
O João tem mais 3 anos do que a Maria. A Maria tem 4 anos, quantos anos tem o João?
O autocarro partiu da casa da Rita com 20 passageiros. Na primeira paragem saíram 4 pessoas
e na segunda paragem saíram 6. Quantos passageiros chegaram à escola?
- -
…
…
Parte 2.
Parte 3.
3.1. Completa:
.
1 nota de vale tanto quanto ___ de
__ 34 Kg____29Kg______27 Kg________
Parte 4.
2
6
1
8
1 4 6
12 15 20
10 7 4 1
3. Completa:
25 = 2 Dezenas e ____ Unidades. 12 = ___ Dezenas e ____ Unidades.
Domingo