Democracia - Wikipédia, A Enciclopédia Livre
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forma de governo
O termo é do grego antigo δημοκρατία (dēmokratía ou "governo do povo"),[1] que foi criado a
partir de δῆμος (demos ou "povo") e κράτος (kratos ou "poder") no século V a.C. para denotar os
sistemas políticos então existentes em cidades-Estados gregas, principalmente Atenas; o termo
é um antônimo para ἀριστοκρατία (aristokratia ou "regime de uma aristocracia" como seu nome
indica). Embora, teoricamente, estas definições sejam opostas, na prática, a distinção entre elas
foi obscurecida historicamente.[2] No sistema político da Atenas Clássica, por exemplo, a
cidadania democrática abrangia apenas homens, filhos de pai e mãe atenienses, livres e maiores
de 21 anos, enquanto estrangeiros, escravos e mulheres eram grupos excluídos da participação
política. Em praticamente todos os governos democráticos em toda a história antiga e moderna,
a cidadania democrática valia apenas para uma elite de pessoas, até que a emancipação
completa foi conquistada para todos os cidadãos adultos na maioria das democracias
modernas através de movimentos por sufrágio universal durante os séculos XIX e XX.
O sistema democrático contrasta com outras formas de governo em que o poder é detido por
uma pessoa — como em uma monarquia absoluta — ou em que o poder é mantido por um
pequeno número de indivíduos — como em uma oligarquia. No entanto, essas oposições,
herdadas da filosofia grega,[3] são agora ambíguas porque os governos contemporâneos têm
misturado elementos democráticos, oligárquicos e monárquicos em seus sistemas políticos.
Karl Popper definiu a democracia em contraste com ditadura ou tirania, privilegiando, assim,
oportunidades para as pessoas de controlar seus líderes e de tirá-los do cargo sem a
necessidade de uma revolução.[4]
Diversas variantes de democracias existem no mundo, mas há duas formas básicas, sendo que
ambas dizem respeito a como o corpo inteiro de todos os cidadãos no exercício dos direitos
políticos executam a sua vontade. Uma das formas de democracia é a democracia direta, em
que todos os cidadãos no exercício dos direitos políticos têm participação direta e ativa na
tomada de decisões do governo. Na maioria das democracias modernas, todo o corpo de
cidadãos no exercício dos direitos políticos permanece com o poder soberano, mas o poder
político é exercido indiretamente por meio de representantes eleitos, o que é chamado de
democracia representativa. No Brasil a soberania popular é exercida de forma indireta, por meio
de representantes eleitos (CF/88, art. 1º, parágrafo único), e de forma direta, na forma da lei,
mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular (CF/88, art. 1º, parágrafo único, e art. 14,
caput, I a III), O conceito de democracia representativa surgiu em grande parte a partir de ideias
e instituições que se desenvolveram durante períodos históricos como a Idade Média europeia, a
Reforma Protestante, o Iluminismo e as revoluções Americana e Francesa.[5]
Características
Não existe consenso sobre a forma correta de definir a democracia, mas a igualdade, a liberdade
e o Estado de direito foram identificadas como características importantes desde os tempos
antigos.[6][7] Estes princípios são refletidos quando todos os cidadãos elegíveis são iguais
perante a lei e têm igual acesso aos processos legislativos. Por exemplo, em uma democracia
representativa, cada voto tem o mesmo peso, não existem restrições excessivas sobre quem
quer se tornar um representante, além da liberdade de seus cidadãos elegíveis ser protegida por
direitos legitimados e que são tipicamente protegidos por uma constituição.[8][9]
Uma teoria sustenta que a democracia exige três princípios fundamentais: 1) a soberania reside
nos níveis mais baixos de autoridade; 2) igualdade política e 3) normas sociais pelas quais os
indivíduos e as instituições só consideram aceitáveis atos que refletem os dois primeiros
princípios citados.[10]
O termo democracia às vezes é usado como uma abreviação para a democracia liberal, que é
uma variante da democracia representativa e que pode incluir elementos como o pluralismo
político, a igualdade perante a lei, o direito de petição para reparação de injustiças sociais;
devido processo legal; liberdades civis; direitos humanos; e elementos da sociedade civil fora do
governo. Roger Scruton afirma que a democracia por si só não pode proporcionar liberdade
pessoal e política, a menos que as instituições da sociedade civil também estejam presentes.[11]
Em muitos países, como no Reino Unido onde se originou o Sistema Westminster, o princípio
dominante é o da soberania parlamentar, mantendo a independência judicial.[13] Nos Estados
Unidos, a separação de poderes é frequentemente citada como um atributo central de um
regime democrático. Na Índia, a maior democracia do mundo, a soberania parlamentar está
sujeita a uma constituição que inclui o controle judicial.[14] Outros usos do termo "democracia"
incluem o da democracia direta. Embora o termo "democracia" seja normalmente usado no
contexto de um Estado político, os princípios também são aplicáveis a organizações privadas.
Também tem sido sugerido que uma característica básica da democracia é a capacidade de
todos os eleitores de participar livre e plenamente na vida de sua sociedade.[17] Com sua ênfase
na noção de contrato social e da vontade coletiva de todos os eleitores, a democracia também
pode ser caracterizada como uma forma de coletivismo político, porque ela é definida como
uma forma de governo em que todos os cidadãos elegíveis têm uma palavra a dizer de peso
igual nas decisões que afetam as suas vidas.[18]
Origens na antiguidade
O termo "democracia" apareceu pela primeira vez no antigo pensamento político e filosófico
grego na cidade-Estado de Atenas durante a antiguidade clássica.[21][22] Liderados por Clístenes,
os atenienses estabeleceram o que é geralmente tido como a primeira experiência democrática
em 508-507 a.C. Clístenes é referido como "o pai da democracia ateniense".[23]
A democracia ateniense tomou a forma de uma democracia direta e tinha duas características
distintivas: a seleção aleatória de cidadãos comuns para preencher os poucos cargos
administrativos e judiciais existentes no governo[24] e uma assembleia legislativa composta por
todos os cidadãos atenienses.[25] Todos os cidadãos elegíveis eram autorizados a falar e votar
na assembleia, que estabelecia as leis da cidade-Estado. No entanto, a cidadania ateniense
excluía mulheres, escravos, estrangeiros (μέτοικοι, metoikoi), os que não eram proprietários de
terras e os homens com menos de 20 anos de idade. Dos cerca de 200 a 400 mil habitantes de
Atenas na época, havia entre 30 mil e 60 mil cidadãos. A exclusão de grande parte da população
a partir do que era considerada cidadania está intimamente relacionada com a antiga
compreensão do termo. Durante a maior parte da antiguidade, o benefício da cidadania era
associado à obrigação de lutar em guerras.[26]
O sistema democrático ateniense não era apenas dirigido no sentido de que as decisões eram
tomadas pelas pessoas reunidas na assembleia, mas também era mais direto no sentido de que
as pessoas, através de assembleias e tribunais de justiça, controlavam todo o processo político
e uma grande proporção dos cidadãos estavam envolvidos constantemente nos assuntos
públicos.[27] Mesmo com os direitos do indivíduo não sendo garantidos pela constituição
ateniense no sentido moderno (os antigos gregos não tinham uma palavra para "direitos"[28]), os
atenienses gozavam de liberdades não por conta do governo, mas por viverem em uma cidade
que não estava sujeita a outro poder e por não serem eles próprios sujeitos às regras de outra
pessoa.[29]
A votação por pontos apareceu em Esparta já em 700 a.C. A Apela era uma assembleia do povo,
realizada uma vez por mês. Nessa assembleia, os líderes espartanos eram eleitos e davam seu
voto gritando. Todos os cidadãos do sexo masculino com mais 30 anos de idade podiam
participar. Aristóteles chamava esse sistema de "infantil", em oposição a algo mais sofisticado,
como a utilização de registros de voto em pedra, como os usados pelos atenienses. No entanto,
em termos, Esparta adotou esse sistema de votação por causa da sua simplicidade e para evitar
qualquer tipo de viés de votação.[30][31]
Mesmo que a República Romana tenha contribuído significativamente com muitos dos aspectos
da democracia, apenas uma minoria dos romanos eram considerados cidadãos aptos a votar
nas eleições para os representantes. Os votos dos poderosos tinham mais peso através de um
sistema de gerrymandering, enquanto políticos de alto gabarito, incluindo membros do senado,
vinham de algumas famílias ricas e nobres.[32] No entanto, muitas exceções notáveis ocorreram.
Além disso, a República Romana foi o primeiro governo no mundo ocidental a ter uma república
como um Estado-nação, apesar de não ter muitas características de uma democracia. Os
romanos inventaram o conceito de "clássicos" e muitas obras da Grécia antiga foram
preservadas.[33] Além disso, o modelo romano de governo inspirou muitos pensadores políticos
ao longo dos séculos[34] e democracias representativas modernas imitam mais o modelo
romano do que os gregos porque era um Estado em que o poder supremo era realizado pelo
povo e por seus representantes eleitos, e que tinha um líder eleito ou nomeado.[35] A democracia
representativa é uma forma de democracia em que as pessoas votam em representantes que,
em seguida, votam em iniciativas políticas; enquanto uma democracia direta é uma forma de
democracia em que as pessoas votam em iniciativas políticas diretamente.[36]
Era contemporânea
A Segunda Guerra Mundial trouxe uma reversão definitiva desta tendência na Europa Ocidental.
A democratização dos setores estadunidense, britânico e francês da Alemanha ocupada
(disputado[38]), da Áustria, da Itália e do Japão ocupado pelos Aliados serviu de modelo para a
teoria posterior de "mudança de regime". No entanto, a maior parte da Europa Oriental, incluindo
o setor soviético da Alemanha, caiu sob a influência do bloco soviético não-democrático. A
guerra foi seguida pela descolonização e, novamente, a maioria dos novos estados
independentes tiveram constituições nominalmente democráticas. A Índia emergiu como a
maior democracia do mundo e continua a sê-lo.[39]
Em 1960, a grande maioria dos Estados-nação tinham, nominalmente, regimes democráticos,
embora a maioria das populações do mundo ainda vivesse em países que passaram por
eleições fraudulentas e outras formas de subterfúgios (particularmente em nações comunistas
e em ex-colônias). Uma onda posterior de democratização trouxe ganhos substanciais para a
verdadeira democracia liberal para muitas nações. Espanha, Portugal (1974) e várias das
ditaduras militares na América do Sul voltaram a ser um governo civil no final dos anos 1970 e
início dos anos 1980 (Argentina em 1983, Bolívia e Uruguai em 1984, o Brasil em 1985 e o Chile
no início de 1990). Isto foi seguido por nações do Extremo Oriente e do Sul da Ásia no final da
década de 1980.
A tendência liberal se espalhou para alguns países da África na década de 1990, sendo o
exemplo mais proeminente a África do Sul. Alguns exemplos recentes de tentativas de
liberalização incluem a Revolução Indonésia de 1998, a Revolução Bulldozer na antiga
Iugoslávia, a Revolução Rosa na Geórgia, a Revolução Laranja na Ucrânia, a Revolução dos
Cedros no Líbano, a Revolução das Tulipas no Quirguistão e da Revolução de Jasmim na Tunísia
(parte da chamada "Primavera Árabe").
De acordo com a organização Freedom House, em 2007, havia 123 democracias eleitorais
(acima das 40 registradas em 1972).[41] De acordo com o Fórum Mundial sobre a Democracia, as
democracias eleitorais agora representam 120 dos 192 países existentes e constituem 58,2 por
cento da população mundial. Ao mesmo tempo, as democracias liberais, ou seja, os países que
a Freedom House considera livre e que respeitam os direitos humanos fundamentais e o Estado
de direito são 85 e representam 38 por cento da população global.[42] No entanto, segundo a
própria Freedom House, há em curso uma recessão democrática global, que teve em 2020 o seu
décimo quarto ano consecutivo[43].
É possível destacar ainda, que durante toda sua trajetória, mas principalmente na era
contemporânea, a democracia tem uma relação direta com a educação, com a escola e com os
modelos de ensino que determinada sociedade estabelece. Dessa forma a democracia moderna
como conhecemos hoje, está intimamente vinculada com a educação dos territórios que a
elegem enquanto forma de governo.[45]
Tipos
A democracia tem tomado diferentes formas de governo, tanto na teoria quanto na prática.
Algumas variedades de democracia proporcionam uma melhor representação e maior liberdade
para seus cidadãos do que outras.[46][47] No entanto, se qualquer democracia não está
estruturada de forma a proibir o governo de excluir as pessoas do processo legislativo, ou
qualquer agência do governo de alterar a separação de poderes em seu próprio favor, em
seguida, um ramo do sistema político pode acumular muito poder e destruir o ambiente
democrático.[48][49][50]
1
Vários Estados constitucionalmente considerados repúblicas multipartidárias são amplamente descritos
pela comunidade internacional como países autoritários. Este mapa apresenta apenas a forma de governo
de jure e não o grau de democracia de facto de cada país.
Direta
Ver artigo principal: Democracia direta
O Landsgemeinde, uma das mais
antigas formas de democracia direta,
ainda é praticado em dois cantões da
Suíça.
Democracia direta refere-se ao sistema onde os cidadãos decidem diretamente cada assunto
por votação.
A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil, e necessariamente se aproxima mais da
democracia representativa, quando o número de cidadãos cresce. Historicamente, as
democracias mais diretas incluem o encontro municipal de Nova Inglaterra (dentro dos Estados
Unidos), e o antigo sistema político de Atenas. Nenhum destes se enquadraria bem para uma
grande população (embora a população de Atenas fosse grande, a maioria da população não era
composta de pessoas consideradas como cidadãs, que, portanto, não tinha direitos políticos;
não os tinham mulheres, escravos e crianças).
É questionável se já houve algum dia uma democracia puramente direta de qualquer tamanho
considerável. Na prática, sociedades de qualquer complexidade sempre precisam de uma
especialização de tarefas, inclusive das administrativas; e portanto uma democracia direta
precisa de oficiais eleitos. (Embora alguém possa tentar manter todas as decisões importantes
feitas por voto direto, com os oficiais meramente implementando essas decisões). Exemplos de
democracia direta que costumavam eleger Delegados com mandato imperativo, revogável e
temporário podem ser encontrados em sedições e revoluções de cunho anarquista como a
Revolução Espanhola, a Revolução Ucraniana e no levante armado da EZLN, no estado de
Chiapas.
Contemporaneamente o regime que mais se aproxima dos ideais de uma democracia direta é a
democracia semidireta da Suíça. Uma democracia semidireta é um regime de democracia em que
existe a combinação de representação política com formas de Democracia direta[51] (Benevides,
1991, p. 129).[52]
A Democracia semidireta, conforme Bobbio[53] (1987, p. 459), é uma forma de democracia que
possibilita um sistema mais bem-sucedido de democracia frente as democracias Representativa
e Direta, ao permitir um equilíbrio operacional entre a representação política e a soberania
popular direta. A prática desta ação equilibrante da democracia semidireta, segundo
Bonavides[54] (2003, p. 275), limita a “alienação política da vontade popular”, onde “a soberania
está com o povo, e o governo, mediante o qual essa soberania se comunica ou exerce, pertence
ao elemento popular nas matérias mais importantes da vida pública”.
Representativa
Nós podemos ver democracias diretas e indiretas como os tipos ideais, com as democracias
reais se aproximando umas das outras. Algumas entidades políticas modernas, como a Suíça ou
alguns estados norte-americanos, onde é frequente o uso de referendo iniciada por petição
(chamada referendo por demanda popular) ao invés de membros da legislatura ou do governo. A
última forma, que é frequentemente conhecida por plebiscito, permite ao governo escolher se e
quando manter um referendo, e também como a questão deve ser abordada. Em contraste, a
Alemanha está muito próxima de uma democracia representativa ideal: na Alemanha os
referendos são proibidos — em parte devido à memória de como Adolf Hitler usou isso para
manipular plebiscitos em favor do seu governo.[55][56]
O sistema de eleições que foi usado em alguns países capitalistas de Estado, chamado
centralismo democrático, pode ser considerado como uma forma extrema de democracia
representativa, onde o povo elegia representantes locais, que por sua vez elegeram
representantes regionais, que por sua vez elegiam a assembleia nacional, que finalmente elegia
os que iam governar o país. No entanto, alguns consideram que esses sistemas não são
democráticos na verdade, mesmo que as pessoas possam votar, já que a grande distância entre
o indivíduo eleitor e o governo permite que se tornasse fácil manipular o processo. Outros
contrapõem, dizendo que a grande distância entre eleitor e governo é uma característica comum
em sistemas eleitorais desenhados para nações gigantescas (os Estados Unidos e algumas
potências europeias, só para dar alguns exemplos considerados inequivocamente democráticos,
têm problemas sérios na democraticidade das suas instituições de topo), e que o grande
problema do sistema soviético e de outros países comunistas, aquilo que o tornava
verdadeiramente não-democrático, era que, em vez de serem escolhidos pelo povo, os
candidatos eram impostos pelo partido dirigente.
Direito ao voto
O voto, também chamado de sufrágio censitário, é típico do Estado liberal (século XIX) e exigia
que os seus titulares atendessem certas exigências tais como pagamento de imposto direto;
proprietário de propriedade fundiária e usufruir de certa renda.
No passado muitos grupos foram excluídos do direito de voto, em vários níveis. Algumas vezes
essa exclusão é uma política bastante aberta, claramente descrita nas leis eleitorais; outras
vezes não é claramente descrita, mas é implementada na prática por meios que parecem ter
pouco a ver com a exclusão que está sendo realmente feita (p.ex., impostos de voto e
requerimentos de alfabetização que mantinham afro-americanos longe das urnas antes da era
dos direitos civis). E algumas vezes a um grupo era permitido o voto, mas o sistema eleitoral ou
instituições do governo eram propositadamente planejadas para lhes dar menos influência que
outros grupos favorecidos.
Hoje, em muitas democracias, o direito de voto é garantido sem discriminação de raça, grupo
étnico, classe ou sexo. No entanto, o direito de voto ainda não é universal. É restrito a pessoas
que atingem uma certa idade, normalmente 18 (embora em alguns lugares possa ser 16— como
no Brasil — ou 21). Somente cidadãos de um país normalmente podem votar em suas eleições,
embora alguns países façam excepções a cidadãos de outros países com que tenham laços
próximos (p.ex., alguns membros da Comunidade Britânica e membros da União Europeia).
A prática do voto obrigatório remonta à Grécia Antiga, quando o legislador ateniense Sólon fez
aprovar uma lei específica obrigando os cidadãos a escolher um dos partidos, caso não
quisessem perder seus direitos de cidadãos. A medida foi parte de uma reforma política que
visava conter a radicalização das disputas entre facções que dividiam a pólis. Além de abolir a
escravidão por dívidas e redistribuir a população de acordo com a renda, criou também uma lei
que impedia os cidadãos de se absterem nas votações da assembleia, sob risco de perderem
seus direitos.
Critérios
Muitas sociedades no passado negaram a pessoas o direito de votar baseadas no grupo étnico.
Exemplo disso é a exclusão de pessoas com ascendência africana das urnas, na era anterior à
dos direitos civis, e na época do apartheid na África do Sul. A maioria das sociedades hoje não
mantêm essa exclusão, mas algumas ainda o fazem. Por exemplo, Fiji reserva um certo número
de cadeiras no Parlamento para cada um dos principais grupos étnicos; essas exclusões foram
adotadas para barrar a maioria dos indianos em favor dos grupos étnicos fijianos. Até o século
XIX, muitas democracias ocidentais tinham propriedades de qualificação nas suas leis eleitorais,
o que significava que apenas pessoas com um certo grau de riqueza podiam votar. Hoje essas
leis foram amplamente abolidas.
Outra exclusão que durou muito tempo foi a baseada no sexo. Todas as democracias proibiam
as mulheres de votar até 1893, quando a Nova Zelândia se tornou o primeiro país do mundo a
dar às mulheres o direito de voto nos mesmos termos dos homens. No Brasil, pela constituição
de 1822 e suas emendas antes dessa data, permitiu-se o direito de voto feminino, desde que
pertencesse à classe determinada dos fazendeiros e fosse alfabetizada.[51] Isso aconteceu
devido ao sucesso do movimento feminino pelo direito de voto, tanto na Nova Zelândia como no
Brasil, sendo que houve participações parlamentares já no Brasil depois dessa época.[51] Hoje
praticamente todos os Estados permitem que mulheres votem; as únicas exceções são sete
países muçulmanos do Oriente Médio: Arábia Saudita, Barém, Brunei, Catar, Emirados Árabes
Unidos, Kuwait e Omã.
O direito de voto normalmente é negado a prisioneiros. Alguns países também negam o direito a
voto para aqueles condenados por crimes graves, mesmo depois de libertados. Em alguns casos
(p.ex. em muitos estados dos Estados Unidos) a negação do direito de voto é automático na
condenação de qualquer crime sério; em outros casos (p.ex. em países da Europa) a negação do
direito de voto é uma penalidade adicional que a corte pode escolher por impor, além da pena do
aprisionamento. Existem países em que os prisioneiros mantêm o direito de voto (por exemplo
Brasil e Portugal).
Problemas
Hoje todos os partidos políticos no Canadá são cautelosos sobre as críticas de alto nível de
imigração, porque, como observou The Globe and Mail, "no início de 1990, o antigo Partido da
Reforma foi marcado como 'racista' por sugerir que os níveis de imigração deveriam ser
reduzidos de 250 mil a 150 mil.".[59] Como o professor de Economia Don J. DeVoretz destacou:
"Em uma democracia liberal como o Canadá, o seguinte paradoxo persiste. Mesmo que a
maioria dos entrevistados respondendo sim à pergunta: 'Há muitas imigrantes chegando a cada
ano?' números de imigrantes continuam a subir até que um conjunto crítico de custos
econômicos apareçam'".[60][61]
Ver também
Direito eleitoral
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Bibliografia
Rodrigo César Paes (org). Limites da Democracia. Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades, v.
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Ligações externas