Morfofisiologia Da Orelha
Morfofisiologia Da Orelha
Morfofisiologia Da Orelha
1
Sumário
NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
Orelha externa............................................................................................................... 4
Porção cartilagínea ........................................................................................................ 5
Porção óssea ................................................................................................................. 7
Orelha interna ............................................................................................................. 13
SEMIOLOGIA DO CANAL AUDITIVO ................................................................... 21
Anamnese: .................................................................................................................. 21
Inspeção direta ............................................................................................................ 22
Palpação ..................................................................................................................... 22
Inspeção indireta ......................................................................................................... 23
Otoscopia/Video-otoscopia ......................................................................................... 24
Otoscopia .................................................................................................................... 24
Exame citológico ........................................................................................................ 28
Características Anormais na citologia do canal auditivo .............................................. 30
• CERUME ................................................................................................................. 30
• BACTÉRIAS ............................................................................................................ 30
LEVEDURAS ............................................................................................................ 31
LEUCÓCITOS ........................................................................................................... 32
Radiografia do sistema auditivo .................................................................................. 33
Canalografia de contraste positivo ............................................................................... 34
Tomografia computadorizada ...................................................................................... 35
Ressonância Magnética ............................................................................................... 35
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 36
1
NOSSA HISTÓRIA
2
INTRODUÇÃO
3
Orelha externa
4
Porção cartilagínea
5
proximidade do conduto auditivo e que, na profundidade do pavilhão, são mais
esparsos e finos (NICKEL, 1979; HEINE, 2004; DYCE; SACK; WENSING, 2010;
KÖNIG; LIEBICH, 2011). A base estrutural do pavilhão auricular da cobaia
(Cavia porcellus ) e do rato (Rattus rattus) é de natureza elástica. A cartilagem
auricular é recoberta por uma delgada pele e consiste em uma aurícula bastante
grande com destaques cartilaginosos, além de concavidades que são
homólogas às aurículas da maioria das outras espécies de mamíferos
(KIERNAN; MITCHELL, 1974; COOPER; SCHILLER, 1975). As cobaias
apresentam um canal cartilaginoso bastante tortuoso e longo, formando o meato
auditivo externo. A extremidade medial do canal cartilaginoso é contínua com a
porção óssea do canal auditivo externo. A porção cartilaginosa da orelha da
cobaia é de aproximadamente duas a três vezes o comprimento da porção óssea
do canal auditivo externo (COOPER; SCHILLER, 1975). O conduto auditivo
externo da cobaia é menor que o do rato, permitindo a visão somente da
membrana timpânica e do cabo do martelo, enquanto que no rato é possível
visualizar a membrana timpânica, que não veda todo o conduto auditivo externo,
e a cadeia ossicular (ALBUQUERQUE, 2006). Por causa do comprimento e
tortuosidade do canal cartilaginoso, é extremamente difícil de visibilizar a
membrana timpânica no ouvido da cobaia, no entanto, esta membrana pode ser
examinada com o espéculo pediátrico. A exposição cirúrgica do canal ósseo e a
membrana timpânica deve ser alcançada pela remoção ou incisão do canal
cartilaginoso (COOPER; SCHILLER, 1975).
6
Porção óssea
O osso temporal dos mamíferos domésticos originam-se da fusão de várias
unidades ósseas, as quais ainda se encontram separadas. Entre elas, podem
ser diferenciadas a porção escamosa do temporal, a porção petrosa com o
processo mastóideo e a porção timpânica (Pars tympanica) (NICKEL, 1979;
HEINE, 2004; DYCE; SACK; WENSING, 2010; KÖNIG; LIEBICH, 2011). Da
porção escamosa, projetam tanto o processo occipital (caudalmente) quanto o
processo retrotimpânico (ventralmente), o qual envolve o processo auditivo
externo no sentido caudal. No forame retroarticular, atrás dessa projeção,
posicionase a entrada para o meato temporal, o qual permanece rudimentar em
gatos e suínos (NICKEL, 1979; DYCE; SACK; WENSING, 2010; KÖNIG;
LIEBICH, 2011). A porção petrosa é também designada com a parte timpânica
como pirâmide petrosa e, apesar de fusionar-se nos carnívoros e bovinos com a
porção escamosa, permanece separada desse osso nos outros animais
domésticos. A porção petrosa forma o fechamento caudoventral do osso
temporal e inclui a orelha interna com a cóclea, o vestíbulo e os ductos
semicirculares. Ela se posiciona encaixada profundamente entre a porção
temporal timpânica e a escamosa (KÖNIG; LIEBICH, 2011). Sua face medial
voltada para a cavidade craniana contém o poro acústico interno, que leva para
o meato acústico, e através do qual penetram os nervos facial e os ramos
acústico e do equilíbrio do nervo vestibulococlear. Entre a face rostraI e medial
da porção petrosa, a crista da parte petrosa eleva-se de forma evidente nos
carnívoros e nos equinos (DYCE; SACK; WENSING, 2010; KÖNIG; LIEBICH,
2011). O segmento caudal da porção petrosa alcança a superfície craniana na
direção ventral pelo processo mastóideo. Este é normalmente aumentado em
forma de tubérculo nos equínos, sendo mais discreto nos outros animais
domésticos (DYCE; SACK; WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011). A porção
timpânica desses animais, situada em sentido rostroventral à base do osso
temporal, contém na bula timpânica a cavidade timpânica da orelha.
Dorsolateralmente abre-se o meato acústico externo, o qual termina no poro
acústico externo. Para a fixação da membrana timpânica, forma-se um anel
7
incompleto. Na porção dorsal da cavidade timpânica, encontram-se os ossículos
auditivos, o martelo, a bigorna e o estribo (NICKEL, 1979; DYCE; SACK;
WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011). Na cobaia, o osso temporal se situa
na região posterior-inferior do crânio. Ele está localizado entre o osso occipital
caudalmente, o osso parietal dorsalmente e o osso frontal, palatino, esfenoide,
maxilar e etmoidal rostralmente. Na delimitação com o osso parietal contém o
orifício do canal temporal, que é variável em tamanho (COOPER; SCHILLER,
1975; OLIVEIRA, 1982; WISOCKI, 2005a, WISOCKI, 2005b; ALBUQUERQUE
et al., 2009).
8
entanto, declina na parte póstero-superior da sua circunferência. Há um forame
na borda do canalículo timpânico entre a circunferência inferior do cilindro e a
parede lateral da bula timpânica (COOPER; SCHILLER, 1975; WISOCKI, 2005a,
WISOCKI, 2005b).
9
temporal, que é posicionado caudal e dorsal para o canal auditivo externo ósseo
(COOPER; SCHILLER, 1975).
Orelha média
A orelha média dos mamíferos domésticos é uma cavidade aerada do osso
temporal, também chamada de caixa do tímpano ou cavidade timpânica, que
situase entre a orelha externa e a interna, sendo revestida por mucosa. A
membrana timpânica limita a orelha externa da média. Na orelha média
encontram-se três ossículos: martelo, bigorna e estribo que estão suspensos por
ligamentos e dois músculos, o músculo estapédio e o músculo tensor do
tímpano; por entre os ossículos passa o nervo corda do tímpano, ramo do nervo
facial. A orelha média comunica-se com o antro da mastóide pelo ádito do antro;
com a rinofaringe pela tuba auditiva e com a orelha interna pelas janelas oval e
redonda (COOPER; SCHILLER, 1975; NICKEL, 1979; OLIVEIRA, 1982;
DIDIO,1999; TORTORA; GRABOWSKI, 2002; HEINE, 2004; WISOCKI, 2005b;
SOUZA, 2007; WISOCKI, 2008; DYCE; SACK; WENSING, 2010; KONIG;
LIEBICH, 2011).
10
secundária (NICKEL, 1979; DYCE; SACK; WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH,
2011).
11
ligamento superior do martelo ao teto do recesso epitimpânico (NICKEL, 1979;
DYCE; SACK; WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011).
Este complexo, deitando-se com seu longo eixo no plano sagital, adere na
parede superior do anel timpânico com a sua superfície lateral. Judkins e Li
(1997) descreveram que os ossículos na orelha média do rato não são fundidos,
observação também exarada por Albuquerque et al. (2009) ao comparar os
ossículos da orelha média do rato e da cobaia. Este autor relata ainda que na
cobaia o martelo e a bigorna são fusionados, formando uma junção chamada
incudomalear, enquanto que no rato estes não são fundidos; também na cobaia
o estribo é maior e tem um formato triangular, no rato, o estribo apresenta ramos
anterior e posterior que são mais estreitos e tem um formato arredondado. Os
ossículos auditivos do rato são delgados e delicados. O martelo tem um oblongo
distintamente desenvolvido, a cabeça do martelo apoia-se em um pescoço longo
e uma fina alça, consideravelmente mais fino que o pescoço. A bigorna
assemelha-se ao dente molar humano, tem um braço longo e um braço mais
curto, este último não muito mais curto que o anterior.
12
O estribo é de estrutura delicada e seus membros apresentam escavações. O
membro posterior é um pouco mais escavado do que a anterior e faz com que a
cabeça do estribo não se estenda apenas lateralmente, mas também um pouco
rostralmente. (JUDKINS; LI, 1997; WISOCKI, 2008). Na cobaia e no rato a
membrana timpânica de formato plano em uma posição quase vertical, é fixada
ao anel timpânico no local onde a cabeça do martelo está conectada com o cabo
do martelo. O cabo do martelo, formando uma fina lámina óssea, adere à
membrana timpânica, com sua borda lateral, que se expande em direção ao fim
formando uma barra fixa no “umbigo''da membrana.
Orelha interna
13
2007; WISOCKI, 2008; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008; DYCE; SACK;
WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011).
Entre os dois labirintos, existem espaços preenchidos por endolinfa que, por
intermédio do aqueduto do vestíbulo e do aqueduto da cóclea, respectivamente,
estão em conexão com o espaço subaracnóideo (NICKEL, 1979; DYCE; SACK;
WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011).
14
O órgão do equilíbrio nos animais domésticos está localizado na parede dos
ductos semicirculares dos dois sacos dorsais, o sáculo e o utrículo.
Adicionalmente, participam do equilíbrio células sensoriais receptoras situadas
nos três ductos semicirculares e nas suas ampolas membranosas, as quais se
abrem no utrículo. Os ductos semicirculares estão organizados uns em relação
aos outros aproximadamente em ângulo reto. Um ducto semicircular rostral
situa-se em posição transversal, um posterior em posição vertical e um lateral
em posição horizontal. Cada ducto semicircular forma, na passagem para o
utrículo, uma dilatação, que é denominada de ampola membranosa.
15
endolinfa, as ondas sonoras são transportadas para esse segmento interno da
orelha, oriundas das partes externas e médias da orelha, alcançando a janela
oval e, com isso, o vestíbulo da orelha interna (NICKEL, 1979; DYCE; SACK;
WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011).
A cóclea é parte do labirinto ósseo, constituída pelo canal espiral da coclea, que
mostra, no equíno, duas lâminas espirais; no bovino, três; no suíno, quatro; e
nos carnívoros, três ao redor de um eixo central ósseo, o modíolo. A margem
livre do modíolo projeta-se como lâmina óssea no lúmen disposta em espiral do
ducto coclear, dividindo-o incompletamente em uma rampa vestibular óssea
superior e em uma rampa timpânica óssea inferior. Na lâmina espiral óssea,
próximo ao modíolo, situa-se o gânglio espiral do nervo coclear (NICKEL, 1979;
DYCE; SACK; WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011).
As áreas internas das duas rampas são recobertas por um epitélio simples e
preenchidas com perilinfa. O ducto coclear médio situa-se entre as duas rampas
e conecta-se no seu trajeto com a cóclea óssea. Esse ducto inicia e termina em
fundo cego. Contrariamente às duas rampas, o ducto coclear contém endolinfa
(NICKEL, 1979; DYCE; SACK; WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011).
16
vestibular, o ducto coclear e a rampa do tímpano. A superfície lateral vestibular
é uma lâmina de parede fina de tecido conjuntivo, a qual está em contato, por
um lado, com a rampa do vestíbulo e, por outro, com o ducto coclear (NICKEL,
1979; DYCE; SACK; WENSING, 2010; KONIG; LIEBICH, 2011).
17
ligeiramente acima do segundo geniculum. Mais adiante, encontra-se na parede
inferior da bula dorsal e segue posteriomente e inferiormente, aproximando o
ducto semicircular posterior, sem se unir à bula dorsal e entra no vestíbulo
separado em sua parede póstero-superior (COOPER; SCHILLER, 1975;
WISOCKI, 2005b).
18
Os estereocílios e a membrana basilar são mais longos, enquanto a membrana
tectorial apresenta-se mais volumosa no ápice 17 coclear. Essas medidas
variam de espécie para espécie e estão relacionadas com a capacidade
perceptiva de determinadas frequências. Em algumas espécies mimíferas,
ocorre variação linear ao longo do comprimento da cóclea e em outras existe um
exagero em determinadas posições da cóclea, que está de acordo com a
especialização funcional dessas regiões (BURKITT; YOUNG; HEATH, 1994;
ECHTELER; FAY; POPPER, 1994).
19
Os seus estereocílios estão dispostos em “W” em três ou quatro fileiras, sendo
maiores e mais finos que os seus equivalentes nas células ciliadas internas
(KIMURA, 1966; ANGELBORG; ENGSTRÖM, 1973; LIM, 1986; ECHTELER;
FAY; POPPER, 1994). Em humanos três diferentes tipos de receptores
sensoriais da orelha interna são observados e consiste em epitélio sensorial,
uma região de epitélio especializado que forma a camada entre o labirinto ósseo
e o labirinto membranoso: 18 mácula, crista ampular e órgão de corti. Os
receptores sensoriais apresentam esteriocílios na superfície apical das células
ciliares, que ao se deslocarem, promovem abertura de canais de cátions,
despolarizando essas células (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008).
20
SEMIOLOGIA DO CANAL AUDITIVO
Anamnese:
21
levados ao veterinário com algum tipo de afecção otológica, provavelmente,
apresenta uma dermatopatia como causa primária (HARVEY.,et al, 2004). Dessa
forma, cabe ao médico veterinário realizar uma íntima associação entre a
anamnese do aparelho auditivo e anamnese dermatológica (GIUFFRIDA,
LUCAS, 2008).
Inspeção direta
Palpação
22
Com o seguimento da palpação em direção ao conduto auditivo a orelha
apresenta um grau de mobilidade, razoável, em relação ao crânio.É possível, em
algumas raças, palpar o cone cartilagíneo, com sua textura lisa, homogênea e
flexível, até as proximidades de sua flexura em direção à bulha timpânica. A
glândula parótida é indiretamente palpada durante esse exame, e o aspecto
lateral do conduto auditivo faz relação topográfica com ela. As alterações
morfológicas do cone cartilagíneo são representadas pelas irregularidades de
sua superfície (GIUFFRIDA, LUCAS, 2008).
Inspeção indireta
23
Otoscopia/Video-otoscopia
Otoscopia
24
pouca descarga, seja um quadro sugestivo de atopia, assim como, a ausência
de descarga com presença de eritema, seja sujestivo de alergia (LUCAS,
CALABRIA, PALUMBO 2016). Dado que os tecidos glandulares estão contidos
dentro de um tubo cartilaginoso, o inchaço causado pela inflamação irá reduzir
o diâmetro do lúmen , dificultando a passagem do otoscópio (FEITOSA, 2008).
Além disso, a inflamação também resulta em um aumento da secreção das
gândulas, presentes no revestimento epitelial do canal auditivo, ocorrendo uma
variação de solução lipídica para uma solução aquosa (HARVEY., et al 2004).
Essa descarga, de cor amarelo claro a castanho escuro, acumulada no canal
audutivo externo gera proliferação microbiana.
O seu conteúdo pode ser aquoso, fino ou pus, sendo que alguns animais que
apresentam defeitos graves ou generalizados na queratinização podem
apresentar uma secreção amarelada com aspecto gorduroso, mas que pode ser
estéril e de natureza não inflamatório (GOTTHELF, 2007; FEITOSA, 2008). A
presença de erosões e úlceras na região do canal devem ser observadas com o
otoscopio ou videotoscopio. A ulceração de Frank está comumente associada à
infecção com bactérias gram negativas. Algumas úlceras óticas também podem
significar doenças autoimunes ou neoplasias óticas.
25
dessas hiperplasias ou neoplasia se acentua, elas assumem um aspecto,
geralmente, penduculado e volumoso, mas mantém a textura e a coloração,
tornando-se friáveis e hemorrágicas (GIUFFRIDA, LUCAS, 2008). O tímpano
deve ser avaliado quanto a sua cor, textura e integridade, geralmente, em casos
de otite externa, apresente-se acinzentado escuro ou marrom. Quando há
presença de perfurações no tímpano, temos um quadro sugestivo de otite média
, porém, a integridade do tímpano não exclui um quadro de otite média, visto
que, falhas podem ocorrer na otoscopia, logo, não é um meio diagnóstico muito
confiável para este caso. (HARVET et al.,2004) As rupturas timpânicas podem
apresentar-se como desde pequenas perfurações, geralmente ventrais, como
grande áreas de ruptura e necrose, expondo completamente a orelha média
(Fig.12). O espessamentos do tímpano, é visualização como uma membrana
menos translúcida que o normal, ou completamente opacificada, com coloração
esbranquiçada brilhante (GIUFFRIDA, LUCAS, 2008).
26
27
Exame citológico
28
Técnica para coleta de amostra citológica A amostra mais proveitosa para
citologia ótica é realizada por um swab estéril, colhido do canal auditivo e depois
rolado sobre uma lâmina de microscopia limpa (GOTTHELF, 2007). Alguns
clínicos como Griffin e Kowalski (1993), defendem o uso de colorações de Wright
modificadas, como o Diff-Quick. O uso de corantes a base de álcool é mais
vantajosos que os preparados aquosos (por exemplo, azul de metileno)
(HARVEY et al.,2004, GOTTHELF, 2007). Griffin (1993) preconiza a fixação pelo
calor para preparações ceruminosas, a fim de evitar a lixiviação dos lipídeos
associada ao uso de solventes. Como todo cerume contém lipídio, seria
apropriado fixar pelo calor todas as mostras, mas há opniões divergentes sobre
este assunto, e se essa fixação não for realizada, pode haver perda de
informações. Porém o uso dessa fixação, geralmente, não é necessária, a
menos que a amostra deva ser mantida para exame futuro (GIUFFRIDA,
LUCAS, 2008). Laboratórios comerciais, geralmente, utilizam a coloração de
gram porque, embora seja mais demorada, ela se torna necessária para
classificar o microorganismo, tanto pela morfologia (cocos, bastonete, difteróide)
quanto pelo status de coloração. Bactérias Gram-positivas e Gram- negativas,
bem como leveduras, aparecerão azuis ou púrpura (GOTTHELF, 2007).
29
Características Anormais na citologia do canal
auditivo
• CERUME
• BACTÉRIAS
30
principalmente, Escherichia coli, Proteus spp. e Pseudomonas spp, Essas
mudanças da forma cocoide pra bastonetes, são facilmente detectadas ao
exame microscópico de amostras citológicas (ROSYCHUCK, 1994). A
diferenciação quanto à morfologia e o número de bactérias presentes no exame
citológico devem ser estimados em cada caso, pois a presença de bactérias no
canal auditivo externo, é considerado parte da microbiota normal da orelha
externa (GIUFFRIDA, LUCAS, 2008).
LEVEDURAS
A Malassezia spp. pode ser encontrada na citologia de mais de 96% dos cães e
83% dos gatos com canais auditivos normais (TATER, 2003), sendo habitante
normal da microbiota da orelha de cães.A malassezia pachydermatis é
extensamente reconhecida e predominante em cães, porém, os veterinários
devem determinar a relevância clínica da Malassezia para cada paciente, pois
seu suprecrescimento pode ser usado para determinar um estado patológico
(GOTTHELF, 2007). As leveduras do gênero Malassezia têm forma de garrafa
ou de amendoim, enquanto as do gênero cândida têm aspecto arredondado,
embora tal distinção não seja feita com facilidade (HARARI et al.,2004). A
cândida possui paredes finas, conformação redonda e oval, com uma fina e clara
cápsula que desloca e sedimenta a coloração dando uma aparência de halo ao
redor do corpo leveduriforme (HARVEY et al., 2004). A Candida albicans é
residente normal da pele de cães e gatos e sob circustâncias apropriadas pode
tornar-se um patógeno oportunista, assim como a Malassezia. Porém, a Candida
spp. não é um patógeno comum em casos de otite externa. Em um estudo de
Ginel et al., três dos 24 cães (12,5%) e dois dos 22 gatos (9,1%) com sinais
clínicos de otite externa possuíam evidência citológica e cultura de candida spp
(GINEL, 2002).
31
LEUCÓCITOS
Ao contrário das bactérias e leveduras, que podem ser encontradas no canal
auditivo normal, as células sanguíneas brancas somente estão presentes em
amostras citológicas de orelhas com anormalidades. A presença ou ausência de
leucócitos na citologia é uma ferramenta útil para monitorar a progressão da
doença ou resposta à terapia (ANGUS, 2004). Quando é realizado o
monitoramento de terapia em um caso difícil de otite por Pseudomonas spp, o
desaparecimento dos leucócitos durante a primeira reconsulta é um forte
indicativo da melhora mesmo que exista pequeno número de bactérias presentes
(GOTTHELF, 2005).
32
Radiografia do sistema auditivo
Pelo exame radiográfico é possível avaliar o conduto auditivo, embora sua maior
parte seja constituída de tecidos moles, a avaliação radiográfica tem grande
importância semiológica quando tratamos da avaliação da orelha média e
alterações patológicas da orelha externa ( HARVEY, et al.,2004). As orelhas
externa e média possuem estruturas que são preenchidas com ar, e são
prontamente visualizadas nas radiografias, porém, a orelha interna localizada no
interior do osso temporal petroso, apresenta difícil visualização em radiografias
(KEALY, 2005).
33
contento sombra de ar visível no canal externo. Se houver alterações
predominantemente líticas na parede rostroventral da bula podem ser
associadas à inflamação crônica, ou alterações líticas dentro do osso petroso
temporal que podem indicar inflamação ou neoplasia (HOSKINSON, 1993).
Nessa situação as bulas timpânicas podem ser avaliadas individualmente e sem
praticamente nenhuma sobreposição de estruturas ósseas (GIUFFRIDA,
LUCAS, 2008).
34
membrana timpânica intacta deve prevenir o fluxo de contraste na bula
timpânica, porém, qualquer vazamento desse contraste na orelha média é
considerado diagnóstico para a ruptura (GOTTHELF, 2005).
Tomografia computadorizada
A avaliação tomográfica do aparelho auditivo exige um bom posicionamento do
paciente para a realização da técnica, e também a uso de anestesia geral
(HARVEY et al.,2004). No diagnóstico de otite média a tomografia é mais
sensível do que a radiografia, devido à sua resolução de alto contraste em
tecidos moles. É uma técnica cara e menos acessível para as clínicas em geral
do que a radiografia, visto que, a técinica exige um grau maior de conhecimento
técnico dos protocolos de aquisição de imagem e um software de
pósprocessamento de imagens associado para geração de imagens
diagnosticadas (GOTTHELF, 2005).
Ressonância Magnética
A ressonância magnética emprega um princípio diferente do utilizado na
radiografia e na tomografia, por isso suas imagens resultantes complementares
do que substitutas da tomografia. Assim, a tomografia fornece melhor definição
para alterações ósseas e a ressonância gera melhor definição para lesões em
tecidos moles (HARVEY et al.,2004).
35
BIBLIOGRAFIA
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38