O Estudo Do Ruido-Manual
O Estudo Do Ruido-Manual
O Estudo Do Ruido-Manual
A exposição ao ruído no trabalho tem gerado grande parte dos problemas dos profissionais das áreas de
saúde e administração. Decisões são tomadas a todo momento, e que podem comprometer a vida
pessoal dos indivíduos envolvidos, e o futuro das instituições. Não parece haver o desejado consenso
entre as partes. Desconforto e insegurança surgem fortes num contexto perverso, onde o mais fraco
acaba por assumir o ônus do prejuízo, que pode se apresentar de várias formas.
O médico do trabalho, no seu cotidiano, freqüentemente é obrigado a decidir, como um juiz poderoso,
qual a conduta a tomar frente a um trabalhador que se apresenta com alguma perda auditiva. Muitas
vezes este trabalhador é altamente especializado, há muito tempo capacitado em uma profissão, e que
obrigatoriamente deverá exercer em ambiente ruidoso. Será seguro permitir que o faça? Será justo
impedir que o faça? Onde fincar a bandeira que demarcará o limite entre a saúde e a doença, entre a
capacidade e a incapacidade?
Usando uma de duas palavras o médico decidirá: apto, ou inapto. Assim se definirá o futuro de um
homem, como se a saúde e a doença fossem valores absolutos, sem qualquer gradação entre as duas.
De forma tal que, decidiremos entre Céu e Inferno, e para um deles levaremos todos os envolvidos nesta
relação de responsabilidades.
É natural que se queira fundamentar adequadamente qualquer decisão de tamanha importância. É
natural buscar o conhecimento e experiência de todos os profissionais afetos a esta área. Médicos do
trabalho, otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, peritos, juízes, técnicos e engenheiros de segurança do
trabalho, cada qual com sua visão peculiar sobre o assunto .
Muitos enfrentam os mesmos dilemas que nos propusemos a discutir, mas o fazem de forma solitária,
ainda que destemida, correndo certo perigo pela possibilidade de desconhecerem as sutilezas de cada
implicação. Não há a pretensão de esgotar as discussões sobre o assunto, nem de apresentar verdades
definitivas posto que, aprendemos que as verdades médicas são transitórias. Há, sim, a intenção de
mostrar que, à luz dos conhecimentos atuais, com bom senso e fundamentados na ciência e no
humanismo, é possível tomar decisões com relativa tranqüilidade. Com esta consciência, poderemos
talvez evitar que se encerrem prematuramente vidas produtivas, e impedir a ruína de pessoas e seus
lares .
CONCEITOS
Som
É qualquer oscilação de pressão (no ar, água ou outro meio) que o ouvido humano possa detectar. Quando o
som não é desejado, é molesto e incômodo, pode ser chamado de barulho.
Ruído
É um fenômeno físico que, no caso da Acústica, indica uma mistura de sons, cujas freqüências não
seguem uma regra precisa .
Freqüência
É o número de vezes que a oscilação (de pressão) é repetida, na unidade de tempo. Normalmente, é
medida em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). Por exemplo:
Faixa Audível
O alcance da audição humana se estende de aproximadamente 20 Hz a 20.000 Hz.
Alta freqüência: são os sons agudos
Baixa Freqüência: são os sons graves
Comprimento de Onda
Conhecendo a velocidade e a freqüência do som, podemos encontrar o seu comprimento de onda, isto é,
a distância física no ar entre um pico de onda até o próximo, pois: comprimento de onda = velocidade /
freqüência.
Para 20 Hz, o comprimento de onda é de 20 metros.
Decibel (dB)
O som mais fraco que o ouvido humano saudável pode detectar é de 20 milionésimos de um pascal (ou
20 Pa....20 micro pascals). Surpreendentemente, o ouvido humano pode suportar pressões acima de
um milhão de vezes mais alta. Assim, se nós tivéssemos que medir o som em Pa, chegaríamos a
números bastante grandes e de difícil manejo. Para evitar isto, outra escala foi criada – a escala decibel
(dB).
A escala decibel usa o limiar da audição de 20 Pa como o seu ponto de partida ou pressão de referência
Isto é definido para ser 0 dB. Cada vez que se multiplica por 10 a pressão sonora em Pascal, adiciona-se
20 dB ao nível em dB.
Desta forma, a escala dB comprime os milhões de unidades de uma escala em apenas 120 dB de outra
escala.
Amplitude
É o valor máximo atingido pela grandeza que está sendo analisada, que pode ser: deslocamento,
velocidade, aceleração ou pressão. No caso de vibrações, as 3 primeiras grandezas são utilizadas,
enquanto que para as vibrações sonoras, a última.
Dose de Ruído
A dose de ruído é uma variante do ruído equivalente, para o qual o tempo de medição é fixado em 8
horas. A única diferença entre a dose de ruído e o ruído equivalente é que a dose é expressa em
percentagem da exposição diária tolerada.
Ruído Equivalente
Os níveis de ruído industriais e exteriores flutuam ou variam de maneira aleatória com o tempo e o
potencial de dano à audição depende não só do seu nível, mas também da sua duração. Para o nível de
ruído continuo, torna-se fácil, avaliar o efeito, mas se ele varia com o tempo, deve-se realizar uma
dosimetria , de forma que todos os dados de nível de pressão sonora e tempo, possam ser analisados e
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calculado o nível de ruído equivalente (Leq), que representa um nível de ruído contínuo em dB(A), que
possui o mesmo potencial de lesão auditiva que o nível de ruído variável amostrado.
A necessidade de se usar um dosímetro de ruído, deve-se à dificuldade de se realizar os cálculos de
forma manual.
Tipos de Ruído
O ruído contínuo é o que permanece estável com variações máximas de 3 a 5 dB(A) durante um longo
período.
O ruído intermitente é um ruído com variações, maiores ou menores de intensidade..
O ruído de impacto apresenta picos com duração menor de 1 segundo, a intervalos superiores a 1
segundo.
Limite de Tolerância
Para fins de NR-15, é a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o
tempo de exposição do agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida
laboral.
Obs.: Os LT’s da NR-15 são para ATÉ 48 horas / semanais
Para ruído intermitente / contínuo, há risco grave e iminente para exposições, sem proteção, a 115 dB(A).
Para ruído de impacto, há risco grave e iminente, para exposições iguais ou superiores a 140 dB(Linear)
ou 130 dB(Fast).
sua qualidade, vai refletir o futuro de uma empresa e/ou pessoas, pois os resultados vão influenciar
objetivos, planejamento, investimento, proteção.
O ruído apresenta grandes variações e há um grande número de técnicas para medi-lo. O nível de
pressão sonora obtido por decibelímetro não fornece informações suficientes para se poder avaliar o
perigo de uma fonte de ruído ou para servir de base para um Programa de Conservação da Audição.
E conhecer o que você tem que gerenciar é o melhor caminho para se obter sucesso. No caso do ruído,
verifica-se a importância de obter as suas características, tais como: intensidade, freqüências principais,
tipo, duração, etc., para que possa ser analisado e controlado, se necessário.
Os benefícios oriundos desta atividade são muitos, dentre eles destacam-se:
Melhorar a acústica de salas e galpões;
Saber se ele é prejudicial à saúde ou não e de que forma ele atua. Além de subsidiar pareceres para a
Justiça Trabalhista, MPAs, Justiça Cível, etc.
Possibilitar a escolha correta de medidas de prevenção e correção, tais como: correta escolha do protetor
auricular, análise do nexo-causal em audiometrias, isolamento acústico de fontes de ruído ou do
funcionário (cabines), etc.
Fornecer subsídios ao planejamento decorrente da implantação do Programa de Conservação da
Audição. Favorecer o diagnóstico e fornecer uma base de dados consistente para apoiar as ações de
redução do ruído sobre máquinas e equipamentos.
Assegurar que o nível de pressão sonora não incomoda a vizinhança.
Redução de ruído na fonte, através de tratamento acústico das superfícies da máquina ou substituição
de parte da máquina ou toda a máquina, de forma a se reduzir a geração de som.
Reduzindo a transmissão do som, através de isolamento da fonte sonora ou através de tratamento do
ambiente, através da inclusão de superfícies absorvedoras, no teto, paredes e piso.
Fornecer Protetor Auricular para as pessoas expostas. Esta medida é a última a ser considerada
como solução definitiva e somente deve ser usada na fase de implantação das soluções de engenharia.
A prioridade deve ser sempre direcionada para eliminar / reduzir o nível de ruído da fonte geradora.
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Excluir as fontes mais ruidosas, através da compra de novos equipamentos, remoção para outras
áreas isoladas, ou se nada for possível, deve-se ainda reduzir a exposição do pessoal que trabalha no
local.
NIC – Nível de Interferência na Comunicação Verbal
Uma das conseqüências do excesso de ruído nos ambientes industriais é o aumento de acidentes devido
à inteligibilidade na comunicação verbal entre os trabalhadores. Por exemplo: uma pessoa alertando a
outra ou avisando-a de um perigo, poderá não ser ouvida.
O NIC pode ser determinado de forma simples para quantificar a inteligibilidade na comunicação verbal,
sendo calculado através da média aritmética nos níveis de pressão sonoras bandas de oitava centradas
em 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. As principais variáveis consideradas para a inteligibilidade são o nível
geral das vozes e a distância entre o emissor e o receptor. A seguir são apresentados alguns exemplos:
Tabela 3: Nível da voz em função do nível de pressão sonora
Tipo de Fala
Distância
Normal Alto Muito Alto Grito
(m)
0,30 65 71 77 83
0,60 59 65 71 77
0,90 55 61 67 73
1,20 53 59 65 71
1,50 51 57 63 69
3,60 43 49 55 61
Classificação de Ruído
Impacto
Contínuo
Intermitente
O barulho causa efeitos sobre o organismo do ser humano, que vão desde uma simples sensação
agradável até alterações ou efeitos diretos e indiretos permanentes.
A. Surdez Temporária:
Ocorre após a exposição a barulho intenso e por um curto período de tempo, recuperando ao afastado
lugar ruidoso.
B. Trauma Acústico:
Perda auditiva repentina ocorre pela perfuração do tímpano e geralmente após a exposição de
barulho de impacto de grande intensidade.
C. Surdez Permanente:
É devido a exposição repetida a um barulho excessivo, pela destruição efetiva das células capilares.
Anatomia do Ouvido
Canais semi-circulares
Martelo
Bigorna Estribo
Nervo
auditivo
Orelha
Cóclea
Trompa de
Eustáquio
Canal Auditivo
Tímpano
Ouvido externo Ouvido interno
Ouvido médio
Ouvido Médio
Ouvido Interno
Ouvido Externo
Formado pela orelha, canal auditivo e tímpano. Ele coleta as ondas sonoras, canalizado-as até o
tímpano. Quando a onda sonora bate no tímpano, ele vibra de um lado para o outro e passa este
movimento para o ouvido médio.
Ouvido Médio
Composto de três delicados ossos chamados martelo, bigorna e estribo. A vibração do tímpano faz com
que eles batam uns contra os outros, conduzido estas vibrações para o ouvido interno.
Ouvido Interno
Constituído pela cóclea que é o órgão sensor, pequenas estruturas parecidas com cabelos sobre uma
membrana que segue o comprimento total da cóclea.
As células capilares da cóclea determinam o tom do som, parecida ao teclado de um piano.
As células responsáveis pelo tom baixo (grave) estão de um lado e as pelo som alto (agudo), estão do
outro lado.
A cóclea recebe as vibrações dos ossículos e as células capilares enviam estas através de impulsos
nervosos através do nervo auditivo para o cérebro, transformando-os em sensação auditiva, ou seja,
permitido sentirmos o som.
Tipos de Perda de Audição
1. Perda Neuro-Sensorial
Causada pelo barulho excessivo ou infecção crônica ou cicatriz no tecido de infecções ou
doenças.
Resulta de danos nas células capilares da cóclea ou danos no nervo sensitivo.
2. Perda Condutiva
Bloqueio do canal do ouvido devido ao excesso de cera, não conseguindo passar o som.
4. Presbycusis
Processo natural de envelhecimento.
Ocorre gradualmente e pode não ser notado, até que as condições se tornem avançadas.
2. Dosímetro
Usado pelo funcionário em sua camisa, que avaliará continuamente os níveis de ruído
encontrados .
Limite de Exposição ao Ruído
permitido, conforme NR 15
Nível de Ruído (dB) Exposição Permitida
85 08:00 horas
86 07:00 horas
87 06:00 horas
88 05:00 horas
90 04:00 horas
100 01:00 hora
105 00:30 minutos
110 00:10 minutos
Protetor Auditivo
Selagem: O protetor deve ter boa vedação tampando bem o ouvido.
Eficiência: Deve ter bom nível de atenuação diminuíndo bem o ruído.
Conforto: Seja leve e não incomode.
Fácil Utilização: Prático e simples de usar.
Compatível com Outros EPI’s: Permitindo o uso de outros equipamentos como capacete, óculos,
máscara de soldar, respirador.
Manuseio e Higienização
Manusear sempre com as mãos limpas, principalmente os plug’s.
Os tipos plug’s, para facilitar a colocação, deve puxar a orelha para cima e para o lado e introduzir
no ouvido.
O tipos plug’s espuma deve-se rolar entre os dedos até obter o menor diâmetro e manter na
posição acima até que ele tenha se expandido.
Os protetores concha e plug de borracha devem ser lavados com água e sabão e guardados em
embalagem e armário fechado par conservação.
Os plug’s de espuma devem ser descartados quando estiverem sujos.
Você viu como funciona o sistema auditivo do ser humano e como o som pode ser medido para
garantir que você não esteja exposto a barulho excessivo no trabalho e fora dele. Você também
ganhou algum conhecimento da maioria dos tipos de perda auditiva e suas causas.
Agora que você tem uma idéia de como barulho pode afetá-lo, você pode ver porque é necessário
Além do mais, todos nós queremos continuar ouvindo os bons sons de nossas vidas por um longo,
longo tempo!
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FINALIDADES DA CAT
C.A.T. – Comunicação de Acidente de Trabalho: A empresa deverá comunicar todos os casos com
diagnóstico firmado de PERDA AUDITIVA SENSÓRIO NEURAL por exposição continuada a níveis
elevados de pressão sonora ocupacional, à Previdência Social através de formulário próprio denominado
CAT, com o devido preenchimento. Consta o mesmo de uma parte denominada ATESTADO MÉDICO
onde as informações devem ser prestadas pelo Medico do Trabalho da empresa ou pelo médico
assistente (do serviço de saúde pública ou privado), que conheça o local de trabalho e a atividade do
empregado, para fundamentar o nexo causal, bem como o exame audiométrico e o exame clínico,
sugerindo se há necessidade ou não de afastamento laboral.
Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la, o próprio acidentado, seus
dependentes, entidade sindical competente, o médico que assiste ou qualquer entidade pública.
A CAT deverá ser encaminhada ao INSS:
Até o 1º dia útil após a data do início da incapacidade;
Até o 1º dia útil, após a data em que foi firmado o diagnóstico
O formulário “CAT” é emitido em 6 (seis) vias, com a seguinte destinação:
INSS
SUS/CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
DRT – MTb
EMPRESA
SINDICATO DE CLASSE
SEGURADO OU DEPENDENTE
Recebendo a CAT corretamente preenchida, o Setor de Benefícios do INSS registrará o caso e fará a
caracterização do nexo administrativo, sem prejuízo da conclusão posterior pela Perícia Médica.
A sugestão do tempo de afastamento deverá ser descrita no Atestado Médico, que de modo algum,
vinculará a decisão pericial quanto ao período de afastamento.
O nexo técnico só será estabelecido caso a previsão de afastamento maior que 15 (quinze) dias se
confirme.
Caso haja recomendação de afastamento do trabalho por um período superior a 15 (quinze) dias, o setor
de benefícios do INSS encaminhará o segurado ao setor de Perícias Médicas para realização do Exame
Pericial.
Figura 5 – Formulário “CAT”
TIPOS DE BENEFÍCIOS
ESPÉCIE 90 (E 90)
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Sendo confirmado o diagnóstico de Perda Auditiva Sensorioneural por exposição continuada a níveis
elevados de Pressão Sonora Ocupacional, deve ser emitida a CAT, cuja notificação tem por finalidade o
registro e a vigilância, não necessariamente para afastamento das funções laborativas.
ESPÉCIE 99 (E 99)
Registro da CAT com afastamento do trabalho inferior a 16 (dezesseis) dias.
ESPÉCIE 91 (E 91)
Benefício em auxílio doença acidentário (afastamento superior a 16 dias). Conduta Pericial: O perito do
INSS deve desempenhar suas atividades com ética, competência, boa técnica e respeito aos dispositivos
legais e administrativos, devendo conceder o que for de direito e negar toda pretensão injusta e/ou
descabida. São três as etapas de sua avaliação:
Identificação e caracterização do quadro clínico do segurado: A análise da CAT é o elemento que trará
para o médico perito, informações oriundas do médico do trabalho a respeito das condições clínicas do
examinado, bem como motivos pelo qual o médico do trabalho, ou outro, diagnostica perda auditiva
sensorioneural por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora ocupacional e a
necessidade de afastamento do trabalho. A CAT deve conter elementos que não deixem dúvidas quanto
ao diagnóstico. Poderão/deverão ser solicitadas, ao médico responsável da empresa ou ao médico
assistente, informações adicionais tais como:
Avaliação da incapacidade – Exame Médico Pericial: O papel do perito, ao analisar um caso de perda
auditiva sensorioneural por exposição continuada a níveis elevados de Pressão Sonora Ocupacional é o
de verificar se há ou não incapacidade laborativa. A avaliação clínica, no seu estágio atual, permite ao
perito entender a sintomatologia e sua repercussão frente à atividade laboral habitual. O registro claro e
conciso de todos os sinais e sintomas permite, na sua quase totalidade, decidir sobre a capacidade
laboral.
Correlacionamento ao trabalho: De posse destas informações, o perito tem condições, na grande maioria
dos casos, de analisar as condições laborativas e decidir sobre a caracterização do Nexo Técnico (nexo
de causa e efeito entre a doença e o trabalho). Nas ocasiões em que persistirem dúvidas, existe a
necessidade de realização de vistoria/diligência no local de trabalho de examinado, pelo perito, para
completar as análises.
ESPÉCIE 94 (E 94)
Benefício com auxílio-acidente. A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a
concessão do auxílio-acidente quando, além do reconhecimento do nexo de causa entre o trabalho e a
doença, resultar comprovadamente na redução ou perda da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia (Artigo 104, parágrafo 5° do Regulamento da Previdência Social). OBS: Da
habilitação e da Reabilitação Profissional: Deverão ser habilitados e/ou reabilitados, o beneficiário
incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho.
ESPÉCIE 92 (E 92)
Aposentadoria por invalidez. Conceito de invalidez: A invalidez pode ser conceituada como a
incapacidade laborativa total, permanente e multiprofissional (abrange diversas atividades profissionais),
insusceptível de recuperação ou reabilitação profissional, que corresponde à incapacidade geral de
ganho, em conseqüência do acidente.
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RESPONSABILIDADES
EMPRESA:
A responsabilidade da empresa é determinada através de médico do trabalho responsável pelo PCMSO
– Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (Portaria 24, de Dezembro de 1.994, do MTb), quanto
ao aspecto preventivo e particularidades que envolvem a presente patologia; requerendo pronta
intervenção com a identificação do risco, às primeiras alterações audiométricas e sintomatológicas.
Ações:
Identificar áreas de risco na empresa, detectando as tarefas pertinentes a cada função, com estudo das
ferramentas e ciclos de trabalho, tomando pr base o Código Brasileiro de Ocupações (CBO), e informar
os responsáveis, lembrando do perfil epidemiológico da doença e sobretudo no disposto na NR-7
(PCMSO), NR-9 (PPRA) e NR-15;
Medidas preventivas nos postos de trabalho para minimizar/neutralizar os riscos, através de proteção
coletiva e/ou individual;
Monitoramento audiométrico de todos obreiros expostos ao risco (ruído) e, sendo confirmado diagnóstico
de Perda Auditiva sensorioneural por exposição continuada a níveis elevados de Pressão Sonora
Ocupacional, deverá ser emitida a CAT, bem como efetivar a reavaliação dos mesmos através do PCA.
Caso o PCA não exista, deverá ser implantado;
Manter atualizados os dados referentes às condições de saúde do empregado, em específico, a
audiometria.
TRABALHADOR
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INSS
Estabelecer critérios uniformes para reconhecimento de patologias ocupacionais e avaliação das
incapacidades laborativas;
Agilizar as medidas necessárias para recuperação e/ou reabilitação profissional, evitando a evolução das
lesões, com ônus desnecessário ao sistema previdenciário e seus segurados;
Reconhecer que um dos principais fatores contributivos para o aparecimento dessas lesões pode ser a
inadequação do sistema e dos métodos de trabalho, decorrente do descumprimento das determinações
contidas nas NR: 1,6,7,9, e 15; deve fazer gestões para evitar tal situação;
Desmistificar a Perda Auditiva sensorioneural por exposição continuada a Níveis Elevados de Pressão
Sonora Ocupacional, e orientar o segurado e a empresa quanto às suas responsabilidades decorrentes
de benefícios indevidos, motivados por fatores extra-doença incapacitante;
Evitar o ônus decorrente de diagnósticos imprecisos e mal conduzidos que levam à extensão do benefício
acidentário para patologias que fogem à natureza desta questão;
Estabelecer gestões para corrigir distorções existentes no fluxo dos encaminhamentos de segurados para
o sistema;
Realizar as ações regressivas pertinentes;
Fiscalizar o cumprimento das medidas preventivas recomendadas.
Prestar cooperação técnica e financeira aos Estados do Distrito Federal e aos municípios para
aperfeiçoamento de sua atuação institucional;
Promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os municípios, de serviços e ações de
saúde, respectivamente de abrangência estadual e municipal;
Acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais
e municipais;
Elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os
Estados, Municípios e Distrito Federal.
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O posicionamento de cada parte deve levar em consideração as demais, em que pese a competência de
cada parte. Resumidamente, podemos considera-las como apresentamos a seguir.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
Ao longo dos tempos, vêm sendo criados instrumentos legais para nortear as ações na Saúde
Ocupacional. Atualmente, as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, em especial a NR-9
e a NR-7 passaram a ter grande importância na vida de empresas e trabalhadores. Definem parâmetros
mínimos de atuação, que podem e devem ser superados na busca da melhora de condições de saúde e
segurança,. em qualquer atividade laboral. São documentos de conhecimento obrigatório, e acessíveis
através de publicações, ou pela Internet (www.mtb.gov.br).
A NR-9 através do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), manda identificar os riscos
existentes em cada empresa, em cada posto de trabalho, e definir um plano de ação cronologicamente
estruturado, para as melhorias necessárias.
A NR-7, através do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), manda avaliar e
controlar possíveis agravos à saúde dos trabalhadores, detectando possíveis falhas do PPRA, e
identificando precocemente quaisquer outros problemas relacionados. Especificamente em relação ao
ruído, traz a norma a Portaria 19 em seu Anexo I, Quadro II, já comentados neste manual, definindo
parâmetros objetivos e de respeito obrigatório.
INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
O INSS, órgão do Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS (www.mpas.gov.br), tem ação
dirigida à definição de benefícios devidos a trabalhadores, seja por doenças relacionadas ao trabalho,
por acidentes do trabalho, ou doenças de outras causas.
Em sua Ordem de Serviço n.° 608 5/O8/98 - NORMA TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DE INCAPACIDADE
PARA FINS DE BENEFICIO - SURDEZ OCUPACIONAL, define parâmetros para atuação de peritos, de
forma didática e detalhada. Este documento, já citado neste manual, deveria ser de leitura obrigatória
para todos que, de alguma forma, tenham responsabilidade médica ou administrativa na área da saúde.
CONSELHOS PROFISSIONAIS
Os Conselhos Federais e Regionais de Medicina, Fonoaudiologia, e outras instituições assemelhadas
costumam orientar os profissionais, especialmente quanto aos aspectos éticos de suas ações.
O conceito de ética, apesar de intrinsecamente absoluto, vem sendo pressionado pelos aspectos sociais
envolvidos, gerando crescente insegurança nas lides diárias. É nossa opinião que a ética, em seus
princípios básicos de sempre proteger o cliente, jamais poderia ser negligenciada. Quaisquer atos
duvidosos devem ser questionados formalmente, através de consulta ao Conselho pertinente, garantindo-
se assim a qualidade da assistência prestada ao trabalhador necessitado.
EMPRESA
A empresa, em seus diferentes níveis administrativos, é elo de fundamental importância nesta longa
corrente. Muitas vezes, por desconhecer particularidades de cada faceta envolvida, o empresário ou
administrador decide erradamente, e acaba exposto a penalidades que não previu. Não é sua obrigação
conhecer os aspectos técnicos envolvidos, mas deve obrigatoriamente buscar especialistas competentes,
os quais orientarão suas ações. Sua principal responsabilidade é a de indicar tais profissionais, e
seguir criteriosamente as suas sugestões. Note-se que a execução de quaisquer ações corretivas ou
preventivas apenas será realizada por sua iniciativa, já que é seu o poder da decisão.
ENGENHEIRO E TÉCNICO DE SEGURANÇA
Papel fundamental têm os profissionais de segurança. São eles os responsáveis pela avaliação objetiva
das condições de trabalho, devendo conhecer profundamente os riscos existentes, identificando-os,
quantificando-os, e propondo ações para neutraliza-los. Assim, em relação ao ruído, devem conhecer
suas características, propondo ações para atenua-lo sempre que possível.
Além deste papel, exercem o de controladores junto a administradores e trabalhadores. Devem atuar com
o espírito dos educadores, sendo esta a única maneira de sensibilizar para a necessidade de adoção das
medidas propostas, e para a execução e efetiva implantação das mesmas.
MÉDICO
O Médico do Trabalho deve ter consciência de seu papel, que se apresenta sob diferentes possibilidades
de atuação. Primordialmente é responsável pela saúde do trabalhador, especialmente no que tange às
tarefas que desenvolve, mas não apenas quanto a elas. A ausência de doença não equivale à saúde,
conceito este muito mais amplo e que se lança por aspectos sociais e até ecológicos.
Seu trabalho em conjunto com o engenheiro e técnico de segurança dá origem ao que se chama Higiene
Ambiental (não mais apenas Industrial), com ações multiplicadoras que vão beneficiar a sociedade como
um todo. Conhecedor dos riscos existentes, é ele quem geralmente detecta as falhas existentes em um
plano de ação de segurança e saúde, já que avalia, com periodicidade que apenas ele determina, todos
os trabalhadores a eles expostos.
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Deve cuidar com habilidade de interesses médicos, sociais, humanísticos, conciliando-os com os fins
empresariais, quase sempre de cunho imperativo.
TRABALHADOR
O trabalhador, que julgaríamos ser o principal interessado nos caminhos da prevenção, é freqüentemente
induzido a crer que teria “vantagens” ao sofrer prejuízo. Não consegue enxergar o contra-senso desta
posição. Ao vislumbrar a possibilidade de pleitear indenizações, estabilidade, ou outros “prêmios” por
sua limitação, muitas vezes passa a provoca-la, numa perversa inversão de valores.
A conscientização do trabalhador e de seus comandantes seria a grande arma desta verdadeira guerra
em que, comandado por protegidos superiores, é ele quem vai à luta. Assim como em qualquer batalha,
aquele que dá as ordens pode coloca-lo de forma indefensável em contato com o risco desnecessário,
apesar de não haver justificativa para o fato.
Deveria ser papel de suas lideranças levar a informação a cada trabalhador, não permitindo que se aceite
o risco em troca de valores outros. Não há preço para sua saúde.
OUTRAS ENTIDADES (ANAMT, FUNDACENTRO...)
As entidades que atuam na área têm a virtude de se apresentar de forma isenta, centrada quase
exclusivamente nas questões técnicas envolvidas. São focos de concentração dos conhecimentos
existentes, servindo assim de referência e fonte de consulta. Primam pela ética e zelo em seu
posicionamento. Devem ser consultadas por quaisquer interessados, em situações onde a informação é
necessária para uma boa fundamentação.
PERITO
O termo pelo qual esta função é designada indica o alto grau de conhecimento de quem vai exerce-la. É
o perito que vai, muitas vezes, apontar para qual lado a balança da justiça irá se inclinar. Ao emitir seu
laudo, o perito está fornecendo subsídios para que o juiz, que pode ser considerado leigo no assunto,
fundamente sua decisão. Elo fundamental nesta corrente, atua como professor, difundindo
conhecimentos técnicos que deve possuir. Eis aí a fragilidade da corrente. Apenas com plena consciência
de sua competência deve o perito emitir um laudo, cujo teor vai definir responsabilidades de todas as
partes envolvidas numa questão, podendo o resultado ser justo ou não. Deve, por isto, munir-se de todos
os recursos disponíveis, recorrendo a profissionais que, mesmo não atuando como peritos, possam ser
detentores do conhecimento necessário para suas conclusões. Não procedendo desta forma, estará
negligenciando suas obrigações, e outros sofrerão as conseqüências de seu descuido.
JUIZ
Ao fim de uma longa relação de responsabilidades, por vezes é o juiz chamado a resolver as dúvidas
decorrentes de mais diferentes fatos. Nas diferentes esferas em que podem se enfrentar trabalhador e
empresa, a importância de suas decisões é praticamente definitiva. Em relação ao trabalhador, sua
palavra pode significar um emprego, uma garantia, um benefício. Em relação à empresa e seus
representantes, pode representar a confirmação de sua retidão de ações, ou a determinação de uma
responsabilidade desconhecida ou negligenciada. Não é necessário que tenha havido a intenção de
prejudicar para que se caracterize a culpa de uma das partes. Mesmo assim, como pode garantir o acerto
de suas decisões? Terá ele, detentor deste poder quase definitivo, condições para decidir com
consistência? Ao assessorar-se, passa a apoiar seus pensamentos nas opiniões de um perito. Eis sua
maior responsabilidade. A sua fé não pode ser cega, posto que um cego não poderá conduzir outro. Deve
ele procurar a luz de um conhecimento amplo, sem o que falhará, certamente, em seu fundamental
desígnio de promover a justiça.
SOMA DE DECIBÉIS
Como o decibel não é uma unidade, não pode ser somado ou subtraído algebricamente.
Para se somar dois níveis de ruído em dB, o caminho natural seria transformar cada um em Pascal,
através da fórmula já apresentada, então somar-se-iam algebricamente e, ao final, o resultado seria
transformado de Pascal para dB. Este método não é prático, apesar de correto.
Para uma maior agilidade na combinação de níveis em dB, utiliza-se a tabela abaixo:
Diferença entre os níveis (dB) quantidade a ser adicionada ao maior nível (dB)
0,0 3,0
0,2 2,9
0,4 2,8
0,6 2,7
0,8 2,6
1,0 2,5
18
1,5 2,3
2,0 2,1
2,5 2,0
3,0 1,8
3,5 1,6
4,0 1,5
4,5 1,3
5,0 1,2
5,5 1,1
6,0 1,0
6,5 0,9
7,0 0,8
7,5 0,7
8,0 0,6
9,0 0,5
10,0 0,4
11,0 0,3
13,0 0,2
15,0 0,1
NOTA : Para diferenças superiores a 15, considerar um acréscimo = ZERO, ou seja, prevalece apenas o
maior nível.
Exemplo:
diferença: 90 - 85 = 5. Pela tabela, adiciona-se 1,2 ao maior nível (90 dB),
portanto: 85 dB + 90 dB = 91,2 dB
Obs.: Para mais de dois níveis, fazer somas intermediárias, dois a dois, até chegar num nível resultante.
Uma outra maneira de proceder a soma dos níveis de pressão sonora é de forma logarítmica.
Como podemos perceber, a escala em decibéis não é linear, mas sim logarítmica. Logo, quando
desejarmos saber qual o nível de pressão sonora resultante de duas ou mais fontes funcionando
simultaneamente, não poderemos somar os níveis individuais de cada fonte linearmente.
Por exemplo: se um aspirador de pó produz sozinho nível de pressão sonora de 80 dB,
dois aspiradores idênticos e funcionando juntos não resultarão em um nível de 160 dB.
É possível perceber que, com este processo, não há necessidade de se somar os níveis
dois a dois. O cálculo pode ser feito para quantos níveis forem necessários. Um exemplo de cálculo de
uma soma de níveis em dB é mostrado a seguir.
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Como o som é também uma fonte de energia, o potencial de danos à audição causados
por um determinado som não depende apenas de sua intensidade, mas também de sua duração. Por
exemplo, exposições a níveis muito elevados de pressão sonora por 4 horas são muito mais prejudiciais
do que uma hora de exposição a este mesmo som. Então, para conseguirmos avaliar o potencial de
danos à audição em um ambiente sonoro, ambos, nível e exposição, devem ser medidos e combinados
para determinar a quantidade de energia recebida.
Para níveis sonoros constantes, isto é simples, mas para níveis sonoros variáveis, os
níveis devem ser obtidos em pequenos intervalos de tempo sucessivos, dentro de um período de
amostragem bem definido. De posse destes níveis, pode-se, então, calcular um valor único conhecido
como nível equivalente de pressão sonora contínua, ou Leq, que corresponde ao nível constante que
possui a mesma quantidade de energia que o conjunto de níveis variáveis da fonte sonora que
desejamos medir.
É importante ainda comentar que este parâmetro é amplamente utilizado em trabalhos de
medição, análise ou desenvolvimento de metodologias específicas para avaliação de determinadas
fontes de ruído.
Os equipamentos eletrônicos que medem níveis de pressão sonora (decibelímetros), são
capazes de determinar este parâmetro imediatamente, através de circuitos construídos especificamente
para isto.
No nosso caso vamos trabalhar com equipamentos que realizam este tipo de trabalho,
denominados áudio-dosimetros ou integradores de dose de ruído.
Dose de Ruído
Os tempos máximos de exposição aos diversos níveis médios (Leq) são a referência para
o cálculo da dose, e eles podem variar de um país para outro, pois eles nada mais são do que uma
convenção. Porém existem 3 padrões de referência que são utilizados por quase todo o mundo, inclusive
para efeitos legais. São eles o da “International Standart Organization” (ISO), o da OSHA e o padrão
brasileiro prescrito na Norma Regulamentadora 15 (NR-15), do Ministério do Trabalho.
BRASIL (NR-15) 85 dB 5
Tendo em vista que o parâmetro estudado é a pressão sonora, que é uma variação de
pressão ao meio de propagação, deve ser observado que variações de pressão como a pressão
atmosférica são muitos lentas para serem detectadas pelo ouvido humano.
O ouvido humano responde a uma larga faixa de freqüências (faixa audível), que vai de
16-20 Hz a 16-20 KHz. Fora desta faixa o ouvido humano é insensível ao som correspondente.
Estudos demonstram que o ouvido humano não corresponde linearmente às diversas
freqüências, ou seja, para certas faixas de freqüências ele é mais ou menos sensível.
Um dos estudos mais importantes que revelaram tal não-linearidade foi a experiência
realizada por Fletcher e Munson, que resultaram nas curvas isoaudíveis.
Assim, para freqüências de 20 a 1000 Hz a sensibilidade diminui (efeito de atenuação do
som real), de 1000 a 6000 Hz a sensibilidade aumenta (efeito de amplificação) e para freqüências
superiores a 6000 Hz a sensibilidade tende a cair novamente.
Para compensar essa peculiaridade do ouvido humano, foram introduzidos nos
medidores de nível de pressão sonora os filtros eletrônicos com a finalidade de aproximar a resposta do
instrumento à resposta do ouvido humano.
São chamadas “Curvas de Ponderação” ( A, B, C ).
Destas curvas a curva “A” é a que mais se aproxima da resposta do ouvido humano. É a
que melhor correlaciona Nível Sonoro com Probabilidade de Dano Auditivo. Portanto, é comumente
utilizada em avaliações de ruído industrial.
A curva “C” tem grande importância na avaliação nos estudos de eficiência de protetores
auriculares, através do método NIOSH número 2, índice Rc.
Na verdade as curvas representam a forma como escutamos.
RESPOSTAS DINÂMICAS
“impulse” - resposta de impulso - para avaliação de ruído de impacto com ponderação linear.
Exemplo : Lt+ n = 60 dB e Rf = 53 dB
Lt+n - Rf = 7 dB , então o ∆L = 1 dB (dado do gráfico)
Nc = Lt+n - ∆L = 60 - 1 = 59 dB
DOSE DE RUÍDO
D = C1 + C2 + ............... + Cn
T1 T2 Tn
onde:
D = dose de ruído
Cn= tempo de exposição a determinado nível
Tn= tempo de exposição permitido pela Legislação (NR-15, ANEXO 1) para o mesmo
nível n.
Exemplo:
Numa casa de força (KF), o pessoal expõem-se diariamente, durante 8 horas, a seguinte situação:
A exposição está acima do Limite de Tolerância, tendo em vista que o valor encontrado de Cn/Tn,
excedeu a unidade (1,50).
Na mesma empresa, Gamão trabalha toda a jornada (8 horas) exposta a 95 dB(A). Qual a dose de
Gamão ?
Qual a conclusão?
É o nível ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como nível de pressão
sonoro contínuo, em regime permanente, que apresenta a mesma energia acústica total que o ruído real,
flutuante, no mesmo período de tempo. Baseia-se no princípio de igual energia. No caso dos limites de
tolerância da NR-15, a fórmula simplificada de cálculo é :
Lavg ou Leq = 80 + 16,61 log (0,16.CD/TM)
sendo:
Outra maneira de se obter o Lavg ou Leq, com menor precisão, porém com mais agilidade é através da
utilização do nomograma.
Imaginemos que pelo método do cálculo de dose manual, chegamos ao resultado final da equação = 4,
portanto, 400% de dose.
Utilizando-se da fórmula realizaremos a substituição dos dados, sendo que neste caso o tempo a ser
considerado é para uma jornada de 8 horas.
Podemos realizar a mesma operação, a partir da dose obtida, transformada em %, e, a partir daí, através
do nomograma, da esquerda para a direita cruzaremos as informações, quais sejam:
Segundo a Lei 6514, Portaria 3214/78, NR-15 - Anexo 2, são definidos os máximos níveis de
ruído de impacto conforme tabela abaixo:
Para complementar a abordagem dos limites de tolerância para ruído de impacto, é interessante
consultar também o que é recomendado pela ACGIH.
ACGIH 1995/1996
“Para intervalos menores que 1 segundo, deve ser considerado como contínuo”
EQUIPAMENTOS ELETROACÚSTICOS
Microfones
Os microfones são dispositivos que transformam uma onda sonora em força eletromotriz de
mesma variação.
Quando o vento bate no microfone, há criação de turbulência que ocasiona uma flutuação da
pressão ambiente a qual gera ruído.
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Com o protetor de vento o fluxo de ar também gera ruído, entretanto, a turbulência se localiza
longe do microfone, desta forma o ruído fica atenuado, portanto, não mascara a medição.
O instrumento básico para medições sonoras é o medidor de nível sonoro. Esse instrumento
mostra níveis de pressão sonora, em relação a pressão de referência padrão ( 20 uPa) dos sinais
captados pelo microfone.
Sem dúvida os integradores de dose de ruído, são os equipamentos mais sofisticados e precisos
para a avaliação da exposição ocupacional a ruído, quando existirem um ou mais períodos de exposição
a diferentes níveis de ruído.
Parâmetros de Programação
Nível Base do Critério (Criterion Level) : sem dúvida o equipamento deve possuir as seguintes opções -
80, 85 e 90 dB;
Fator Duplicativo de Dose/Fator de Dobra (Exchange Rate) : deverá possuir as seguintes opções - 3, 4, 5
dB;
Limiar Mínimo de Leitura (Threshold Level) : deverá possuir as seguintes opções - 80, 85 ou 90 dB;
Nível Teto (Upper Limit) : deverá possuir as seguintes opções - 90, 115 ou 140 dB;
Curva de Ponderação : deverá possuir as seguintes curvas de ponderação - “A” e/ou “C” ou impulse;
Constante de Tempo ou Resposta (Time Constant) : deverá ter as opções fast e slow.
Nível base do limiar mínimo de leitura fator duplicativo de dose nível teto
critério
85 dB(A) 85 dB(A) 5 dB 115 dB(A)
* para constatar se os níveis de ruído estão substancialmente acima dos limites de tolerância.
Para que um som seja entendido pelo ouvido é necessário um tempo médio de 40 a 70
milisegundos. O fato do ouvido apresentar essa inércia de audibilidade não significa que o dano auditivo
é necessariamente menor.
Simplesmente conhecidas por slow, fast e impulse, essas constantes de tempo foram
definidas para que os instrumentos de medição tivessem uma resposta de leitura padronizada.
Quando um som varia muito rápido, o erro de leitura de um medidor pode ser acentuado
pela dificuldade de acompanhamento do ponteiro, que tende a se movimentar na mesma velocidade, no
caso dos equipamentos analógicos.
Posição Tempo
SLOW 1 segundo
FAST 125 milisegundos
IMPULSE 35 milisegundos
Criterion Level ou Nível Base do Critério - Refere-se ao nível de ruído que associado a
uma exposição de oito horas corresponde a uma dose de 100%.. A ANSI sugere as seguintes opções:
90, 85, 84, 80;
Upper Limit ou Nível Teto - Entende-se como valor teto da tabela de limites de
tolerância, acima do qual se configuraria o risco grave e iminente de surdez ocupacional. Normalmente se
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adota 115 dB (A). Embora a palavra dose não seja mencionada da NR-15, Anexo 1, toda a sua
conceituação está claramente demonstrada através dos seguintes parâmetros :
AS NORMAS BRASILEIRAS
As normas técnicas da FUNDACENTRO, tanto a NHT 6 R/E/85 como a RHT 9 R/E, estabelecem como
especificações mínimas as do tipo 2, dos padrões ANSI/IEC.
NHT 6 R/E/85 - Norma de Higiene do Trabalho para Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído.
SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS
Objetivos
Exatidão e Precisão
Há no mercado muitos instrumentos que não seguem qualquer norma, e, portanto, seus
erros de leitura são desconhecidos. Alguns chegam a confundir o usuário com expressões do tipo
“Designed against IEC” ou “Designed t intend the IEC”, que levam o profissional desavisado a acreditar
que o medidor segue algum padrão. Pura balela ! Quando o produto é bom, o fabricante, divulga
claramente no manual e no material de publicidade o número, item e subitem da norma seguida,
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afirmando “attends”ou “meets ANSI S1.4 type 1, IEC”. Aparelhos que não atendem normas técnicas são
BRINQUEDOS.
Modernidade e Intercambialidade
De outra parte há também a própria atualização dos critérios de avaliação que exigirão
equipamentos versáteis ou adaptáveis às novas solicitações. Um exemplo disso é a tendência
internacional de fazer dosímetria com Fator Duplicativo de Dose de 3 dB, que exigirá alterações nos
dosímetros futuramente.
Manutenção
O custo de um instrumento não pode ser calculado somente pelo valor de compra, mas
incluindo as despesas de conservação, desde a calibração-aferição periódica em laboratórios
credenciados, peças de reposição, principalmente, microfones e baterias.
Fonte : Revista Proteção-Instrumentação número 26, JAN/94, Marcos Domingos (Consultor de Higiene
Ocupacional e Higienista, membro da ACGIH e Gerente da DOULOS - Ensino e Consultoria/Assessoria
Técnica.
MEDIDAS DE CONTROLE
O controle de ruído pode ser alcançado de três maneiras distintas, quais sejam :
controle na fonte;
controle na trajetória;
controle no pessoal ou receptor.
Controle na Fonte
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Controlar o ruído na fonte, significa alterar ou eliminar a mesma. Esta medida de controle
é uma atividade técnica complexa, portanto, qualquer tentativa de redução do nível de ruído gerado por
máquinas e equipamentos requer estudos detalhados e específicos dos seus funcionamentos, além do
envolvimento no processo produtivo.
2. Controle na Trajetória
Não sendo possível o controle do ruído na fonte, como segundo passo deve-se estudar a
viabilidade de controlá-lo no meio que o conduz. Desta forma, o controle de ruído na trajetória pode ser
realizado segundo dois princípios básicos : evitar a propagação através de isolamento; conseguindo um
máximo de perdas energéticas por absorção.
Portanto, o controle na trajetória consiste, fundamentalmente, no uso de
barreiras/confinamentos que impeçam que parte da energia sonora, gerada na fonte, atinja o receptor. A
eficiência da atenuação oferecida por uma barreira ou confinamento acústico depende da adequada
combinação de materiais isolantes e absorventes.
Uma regra básica a ser considerada na concepção de um confinamento/barreira é a
colocação de material absorvente na face que está voltada para a fonte e material isolante na outra face.
Os meios administrativos que podem ser utilizados para reduzir a dose diária de
exposição podem ser :
protetores de inserção,
protetores circum-auriculares.
Protetores de Inserção
São protetores que devem ser colocados no interior do canal auditivo, constituindo uma
barreira acústica entre o ouvido e o ambiente.
Atualmente existe uma grande variedade de marcas e modelos de protetores de
inserção, podendo apresentar durabilidade variável. Há protetores feitos de fibras minerais, embaladas
em membranas, que são utilizados uma só vez. Os protetores de inserção que possuem maior vida útil
são aqueles constituídos de silicone ou outros polímeros, porém suas dimensões são fixas e
padronizadas (peq., méd., grande), sendo necessário, para cada usuário, o conhecimento das dimensões
do conduto auditivo, a fim de se utilizar o protetor que ofereça maior isolamento e conforto.
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O material deve ser tal que permita esterilização sempre que necessária. Devem ser
acondicionados em caixas protetoras, para que possam ser carregados no traje de trabalho. O conjunto
(caixa/tampões) deve ser esterilizado uma vez por semana. Isto é feito colocando-se os tampões e a
caixa num recipiente com água fervendo por, pelo menos, 15 minutos.
Os protetores pré moldados, perdem suas propriedades elásticas com o tempo, e por
isso devem ser substituídos periodicamente.
Um outro modelo mais recente de protetor de inserção é constituído de espuma acústica
de expansão lenta que não necessita de adequação ao conduto auditivo (tamanho único). Este modelo
oferece, em geral, os melhores resultados em termos de ajustes, conforto e aceitação.
Protetores Circum-Auriculares