Tese Vanessa Webber
Tese Vanessa Webber
Tese Vanessa Webber
ESPUMANTES
Vanessa Webber
ESPUMANTES
Biotecnologia.
ESPUMANTES
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Orientadora: Profa. Dra. Regina Vanderlinde
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Co-orientadora: Profa. Dra. Valéria Weiss Angeli
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Co-orientadora: Dra. Sandra Valduga Dutra
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Profa. Dra. Neidi Garcia Penna
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Profa. Dra. Cláudia Alberici Stefenon
___________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Echeverrigaray Laguna
Dedico esta tese aos meus primeiros mentores,
meu pai Valter e minha mãe Ivete,
que nunca mediram esforços para me ajudar
e sempre incentivaram meu aprendizado.
Ao meu marido, Maurício e minha filha Julia,
pela paciência e companheirismo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela proteção e por me dar força, serenidade e equilíbrio para
Ao meu marido Maurício e minha filha Julia pelo amor e carinho que me dão força e
A minha família, especialmente minha mãe, Ivete, meu pai, Valter e meus irmãos
À Profa. Dra. Regina Vanderlinde pela orientação, pelos ensinamentos, pela confiança
de iniciação científica.
À Profa. Dra. Valéria Weiss Angeli pela co-orientação, pela exigência, pelo bom
por dedicar até mesmo seu tempo de licença para minha orientação.
espumantes.
especial aos professores Dr. Sergio Echeverrigaray e Dra. Mirian Salvador e Dr. Aldo J. P.
Dillon pelo acompanhamento e sugestões que deixaram este trabalho melhor e a secretária
Aos meus colegas e amigos Ângela Rossi Marcon, Carlos Roani, Fernanda Spinelli,
Gilberto João Carnieli, Júlio Meneguzzo, Plínio Manosso, Susiane Leonardelli, Sandra
Valduga Dutra, pelo auxílio, incentivo e amizade, que foram essenciais para a realização deste
trabalho.
Às bolsistas de iniciação científica Letícia Pederiva, Cristiane Leonardelli, Pâmela
Neto, Giovana Modelski e Bruna Lizot Trentin; e aos colegas de pós-graduação Daniel de
Siqueira Ferreira e Cátia Branco pela ajuda prática na realização dos experimentos e análises
Ao Prof. Dr. Pedro Luiz Manique Barreto, meus sinceros agradecimentos por estar
sempre pronto a me ajudar, deixar sempre seu laboratório de portas abertas para me receber e
pesquisa.
trabalho.
Agradeço a todas aquelas pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS
GSH – glutationa
CD – ciclodextrina
PPO – polifenoloxidase
POD – peroxidase
DTT – ditiotreitiol
NDA – naftaleno-2,3-dicarboxaldeído
UV – ultravioleta
EE – eficiência de encapsulação
RESUMO
Vinhos espumantes, assim como os vinhos brancos, são muito susceptíveis a oxidação nas
etapas de elaboração e durante o armazenamento e envelhecimento. A glutationa (GSH),
antioxidante naturalmente presente nas uvas e derivados, contribui positivamente na
preservação de aromas, prevenção do escurecimento e outros defeitos decorrentes do
armazenamento prolongado em vinhos brancos. A molécula de GSH é muito reativa, devido a
seu grupo sulfidrila. Neste sentido, uma alternativa para preservá-la e manter suas
propriedades antioxidantes por um maior período durante o armazenamento dos espumantes
seria a microencapsulação em um sistema polimérico. A microencapsulação também poderia
evitar um aspecto negativo da utilização de GSH em vinhos, que é indução da formação de
H2S (off-flavour), visto que, se a GSH for liberada lentamente poderia evitar o efeito redutor
de oxigênio no vinho. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da
adição de GSH livre em espumantes e preparar microcápsulas contendo glutationa para adição
em vinhos e/ou espumantes. A GSH livre (10, 20 e 30 mg L-1) foi adicionada em diferentes
etapas da elaboração (mosto, vinho base e espumante) de espumantes pelo método tradicional.
Foram avaliados os efeitos da adição de GSH sobre compostos aromáticos, os compostos
fenólicos relacionados ao escurecimento de vinhos brancos e as concentrações de SO2 livre.
As análises dos compostos fenólicos e da glutationa total e reduzida foram realizadas por
cromatografia líquida de alta eficiência e espectrofotometria UV e, as análises dos compostos
aromáticos foram realizadas por cromatografia gasosa. As micropartículas contendo GSH
como composto ativo foram preparadas por spray-dryer com quitosana ou β-ciclodextrina (β-
CD), como polímeros e sua caracterização foi realizada por microscopia eletrônica de
varredura (MEV), análise termogravimétrica (TGA), calorimetria exploratória diferencial
(DSC), espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourrier (FT-IR),
difratometria de raios-X (DRX). Além disso, foram realizados testes para verificar a
recuperação da GSH, a eficiência de encapsulação e a cinética de liberação da GSH em vinho
modelo. A adição de GSH ao mosto influenciou mais na composição do espumante do que a
adição ao vinho base. Entretanto, a adição de GSH ao vinho base manteve níveis elevados de
SO2 na forma livre. A adição de 10 mg L-1 de GSH no mosto é suficiente para assegurar
menores concentrações de ácidos cafeico, cumárico e ferrúlico nos espumantes. A adição de
20 mg L-1 de GSH no espumante junto com o liquor de expedição resultou em menor índice
de cor, maiores quantidades de SO2 na forma livre, menores concentrações de acetaldeído e
mesma quantidade de compostos fenólicos até 12 meses de armazenamento em garrafas. A
quantidade de GSH adicionada no espumante pronto decaiu em um mês de armazenamento e
estabilizou nos primeiros seis meses, porém a quantidade de glutationa total permaneceu
maior no espumante com adição de 30 mg L-1, até 12 meses de armazenamento. Apesar de
somente a GSH ter propriedade antioxidante, a quantidade de glutationa total teve maior
correlação com os resultados obtidos e, por isso, o nível de glutationa total pode ser um
melhor indicador da condição antioxidante do vinho. Foi possível encapsular glutationa tanto
utilizando β-CD, quanto utilizando quitosana. A caracterização das microcápsulas
comprovaram um microrrevestimento do composto ativo e uma interação entre a GSH e os
polímeros utilizados. A β-CD foi mais eficiente para encapsular a GSH, permitindo a
liberação gradativa da molécula em solução de vinho modelo e maior proteção da molécula,
conferindo melhor estabilidade térmica para GSH.
ABSTRACT
Sparkling wine, white wines as well, are very susceptible to oxidation in the processing stages
and during storage and aging. Glutathione (GSH), present naturally in grapes and derivatives,
is an antioxidant which positively contributes to the preservation of aromas, prevention of
browning and other defects resulting from prolonged storage of white wines. The GSH
molecule is very reactive due to its sulfhydryl group. In this sense, an alternative to preserve it
and maintain its antioxidant properties for a longer period during the storage of sparkling
wine would be the microencapsulation of GSH into a polymeric system. Microencapsulation
of GSH could also prevent a negative aspect of the use of GSH in wine, which is inducing the
formation of H2S (off-flavor), once the GSH is released slowly avoid oxygen reduced
conditions in wine. In this context, this study aimed to evaluate the effect of adding free GSH
in sparkling wine and prepare microcapsules containing glutathione to addition to the wine
and/or sparkling wine. The free GSH (10, 20 and 30 mg L-1) was added at different stages
(must, base wine and sparkling wine) of sparkling wine elaboration by the traditional method.
The effects of the addition of GSH on aromatics compounds, phenolic compounds related to
browning of white wines and on the free SO2 concentrations were evaluated. The analysis of
phenolic compounds and the total and reduced glutathione were performed by high-
performance liquid chromatography and UV spectrophotometry and; the analyzes of the
aromatic compounds were made by gas chromatography. The microparticles containing GSH
as active compound were prepared by spray-dryer with chitosan or β-cyclodextrin as
polymers and their characterization was performed by scanning electron microscopy (SEM),
thermal gravimetric analysis (TGA), differential scanning calorimetry (DSC), spectroscopy in
the infrared with Fourier transform (FT-IR), X-ray diffraction (XRD). Furthermore, tests were
performed to verify the recovery of GSH, the encapsulation efficiency and release kinetics of
GSH in a model wine. The addition of GSH to the must influenced more in the sparkling wine
composition than the addition to the base wine. However, the addition of GSH to the base
wine appears to maintain higher levels of SO2 in its free form. The addition of 10 mg L-1 of
GSH in the mus is sufficient for lower concentrations of caffeic acid, coumaric acid and
ferulic in sparkling wine. The addition of 20 mg L-1 of GSH in the sparkling wine toghether
with the expedition liqour resulted in lower color index, larger amounts of SO2 in free form,
lower acetaldehyde concentration and same amount of phenolic compounds up to 12 months
storage in bottle. The amount of GSH added to the ready sparkling wine declined in one
month storage and stabilized within the first six months, but the amount of total glutathione
remained higher in sparkling wine with addition of 30 mg L-1 until 12 months of storage.
Although only GSH have antioxidant property, the total amount of glutathione had a higher
correlation with the results obtained and therefore, the overall glutathione levels are a better
indicator of wine antioxidant condition than GSH itself. It was possible to encapsulate
glutathione using both, β-CD or chitosan. The characterization of microcapsules proved the
micro surfacing of the active compound and an interaction between GSH and the polymers as
well as improvement of the thermal stability of the molecule. The β-CD was more efficient for
encapsulating GSH, allowing a gradual release of the molecule into model wine solution and
added protection of the molecule, giving improved thermal stability for GSH.
1. INTRODUÇÃO
Gaúcha apresenta diversos fatores naturais que propiciam a elaboração de um vinho base com
aromas primários finos e delicados, boa acidez e baixo teor alcoólico, resultando em
final que após duas fermentações permanece por um período amadurecendo com as leveduras
dentro da garrafa. Este método resulta em espumantes com aroma complexo caracterizado por
elaborados predominantemente com as uvas Chardonnay e Pinot Noir, embora a uva Riesling
de oxidação, o que leva a perda dos aromas característicos do vinho, formação de aromas
ainda são considerados as ferramentas mais eficazes para controlar reações de oxidação em
alternativas para reduzir o uso de SO2, visto que a busca de uma alimentação saudável através
do consumo de produtos naturais é uma tendência mundial. Embora a eliminação total do SO2
reduzir significativamente seu uso nas etapas iniciais de vinificação. Entretanto, é mais difícil
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A glutationa é um antioxidante que está naturalmente presente em uvas. Ela pode estar
na forma reduzida (GSH) ou na forma oxidada (GSSG) dependendo do meio, sendo que sua
molécula é muito reativa. Apenas na forma reduzida ela apresenta propriedades antioxidantes,
varietais. A glutationa reduzida (GSH) pode sofrer reações de adição com compostos
fenólicos oxidados (o-quinonas), converter eles de volta a sua forma reduzida e menos reativa,
além disso, a GSH pode ligar compostos aldeídos relevantes para vinho, assim como o SO2,
cultivar, o local de cultivo (solo, clima, altitude) e conforme as práticas enológicas utilizadas.
influenciado pelo conteúdo de GSH extracelular. A adição de GSH vem sendo muito
discutida atualmente pelos órgãos regulamentadores de diversos países, por isso, estudos
sobre a adição de GSH em vinhos espumantes são necessários para elucidar qual a
concentração de GSH deveria ser adicionada e em que etapa da elaboração, para possibilitar a
A GSH é uma molécula muito reativa e logo que adicionada ao vinho se combina com
GSH contra agentes químicos e/ou degradação enzimática e, para evitar que ela se esgote na
forma livre, combinando com outros compostos rapidamente, uma alternativa interessante
para a adição de GSH em vinhos seria a sua proteção em micro ou nanocápsulas. Dessa
compostos do vinho por um maior tempo durante seu armazenamento em garrafas. A micro
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Neste contexto, este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da adição de
borras e durante o tempo de armazenamento. Além disso, este trabalho tem também como
vinhos.
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2. OBJETIVO
3.1.Objetivo Geral
elaboração de vinhos espumantes, pelo método tradicional, sobre a manutenção dos compostos
armazenamento, bem como encapsular GSH e estudar sua liberação em vinho modelo.
3.2.Objetivos específicos
Avaliar a concentração de GSH e de glutationa total nos vinhos espumantes com adição
Estudar o efeito da adição de GSH sobre concentração dos ácidos cafeico, cumárico e
Avaliar o efeito da adição de GSH sobre o índice de cor e o SO2 livre nos vinhos
modelo.
11
processo de amadurecimento são realizados na garrafa que será comercializado. Esta técnica
2009).
diferenças entre estes tipos de vinhos são as variedades de uvas utilizadas na preparação do
vinho base, a zona de produção (área geográfica) e o tempo em contato com as leveduras,
cada um regulado por legislação própria de cada país (Ough, 1992; Hidalgo, 2003).
favoráveis para a produção de uvas para elaboração de espumantes, pois durante os meses de
dezembro, janeiro e fevereiro, que são determinantes do ciclo vegetativo das videiras visando
enquanto as noites são frescas com temperaturas noturnas menores que de 20°C (Mével,
2006). Estes dois fatores fazem que as uvas não maturem completamente, o que lhes confere
elevado teor de acidez e teores moderados de açúcar, um perfil perfeito para uvas destinadas à
muito finos e delicados, fator também essencial para a qualidade do espumante (Azevedo &
Velloso, 2006). Estes fatores climáticos da região resultam em uvas com baixo potencial
alcoólico (9,5 a 10,5% v/v), acidez titulável relativamente elevada (75 a 85 meq/L) e pH
baixo (3,10 a 3,25), condições necessárias para garantir o frescor, fator importante para a
As uvas Chardonnay, entre as brancas, e Pinot Noir, entre as tintas, são as mais
utilizadas para elaboração de vinhos espumantes. Além dessas, são utilizadas também as
Pinot Noir são originárias da França. A primeira origina um vinho equilibrado e aporta aromas
de maçã verde, abacaxi e cítricos maduros, reforçando a complexidade aromática e a acidez, além
película tinta vinificada em branco para elaboração de vinho espumante que apresenta
excelente acidez e sútil aromas de frutas vermelhas, com toques de especiarias, além de conferir
mais corpo e estrutura ao espumante (Rizzon et al., 2000; Azevedo & Velloso, 2006).
13
fermentação, produzido através das técnicas usuais utilizadas na obtenção de vinhos brancos,
é transvasado para garrafas e adicionado do liquor de tirage. O vinho base pode ser
oxigênio para que as leveduras se multipliquem, conteúdo de álcool moderado e baixa acidez
estabilização tartárica. Depois de introduzido na garrafa, ela é fechada com uma tampa
O liquor de tirage é uma solução formada por leveduras responsáveis pela segunda
fermentação, sacarose e mosto de uva, nas proporções corretas para produzir uma pressão
causando a liberação de muitos compostos importantes para a qualidade dos espumantes e que
Torresi et al., 2011). As garrafas são então submetidas a um processo de movimentação para
o que o sedimento se desloque para o gargalo da garrafa. Este processo foi originalmente
volta por dia durante aproximadamente quinze ou mais dias, dependendo do tipo de vinho, de
sua estrutura coloidal, do tipo de levedura e da capacidade desta formar grumos (Ribéreau-
Gayon et al., 2003; Torresi et al., 2011). Hoje, este sistema vem sendo substituído por
sistemas automatizados que podem mover todas as garrafas simultaneamente (Torresi et al.,
2011). Após, este depósito de leveduras no gargalo das garrafas é congelado através da
degorgement, uma quantidade de vinho pode ser perdida, a qual pode ser compensada na
adição do licor de expedição. Este liquor deve ser composto do próprio vinho espumante ou
por sacarose, mosto de uva, mosto parcialmente fermentado, ou mosto corrigido ou não, o
vinho base, ou uma mistura desses produtos, com adição, quando relevante, de vinhos
destilados. Dessa maneira, pode ser dado ao vinho espumante o grau de doçura desejável.
Finalmente, a garrafa é fechada com a rolha final (Martínez-Rodríguez & Pueyo, 2009).
sensorial do vinho final. É durante este processo que ocorre a autólise das leveduras, através
da qual são liberados compostos intracelulares para o vinho que podem alterar
significativamente sua composição final (Torresi et al., 2011). A autólise das leveduras
poderia ser definida como a hidrólise dos biopolímeros sob a ação de enzimas hidrolíticas que
associado à morte celular. Quando os açúcares e outros nutrientes são consumidos, as células
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elementos. Uma vez que estas reservas se tornam insuficientes para a demanda de energia da
hidrolíticas são liberadas no espaço intracelular devido à degradação das endoestruturas das
células. Inicialmente estas enzimas são inibidas por inibidores citoplasmáticos específicos,
que após são degradados provocando a ativação proteolítica dessas enzimas. Quando o espaço
liberados ao meio extracelular. Por fim, uma maior degradação de compostos mais
As pesquisas realizadas sobre autólise em enologia são realizadas com dois enfoques:
um sobre a quebra da parede celular através da análise das mudanças nos seus componentes
vinhos espumantes elaborados pelo método tradicional não são ótimas e por isso pode levar
aminoácidos para o meio extracelular antes que a autólise inicie. Esta liberação ocorre como
concentração de aminoácidos aumenta apenas alguns miligramas por litro. Duas possíveis
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explicações são sugeridas para esta observação: primeiro, a protease A é uma endoprotease
que produz peptídeos ao invés de aminoácidos, e, segundo, que os aminoácidos liberados são
que a concentração de aminoácidos livres, demonstrando que primeiro são liberados peptídeos
concentração final de peptídeos presentes nos vinhos espumantes pode ser influenciada por
Outros compostos, liberados durante a autólise, estão presentes em quantidades menores, tais
como lipídios e ácidos nucléicos, podem ter um papel importante nas características sensoriais
do vinho final (Pueyo et al., 2000; Martínez-Rodríguez & Pueyo, 2009). Lipídios podem
aumentar os componentes voláteis com baixo limiar de percepção, tanto diretamente como
através de derivados tais como ésteres, cetonas e aldeídos (Charpeniter & Feuillat, 1993).
Além disso, vários compostos voláteis são formados ou liberados durante a autólise (Hidalgo
et al., 2004), alguns com baixos níveis de percepção. Os ésteres são a maior família de
Martínez-Rodríguez & Pueyo, 2009). Diferentes autores relacionam a qualidade dos vinhos
2003; Pueyo et al., 1995). Embora seja aceito que a segunda fermentação e o amadurecimento
17
em contato com as leveduras alteram o perfil aromático dos vinhos espumantes (Francioli et
al., 2003; Riu-Aumatell et al., 2006), o impacto destes compostos nas propriedades sensoriais
Apesar dos baixos níveis de oxigênio disponíveis no meio devido à presença de CO2,
O processo oxidativo dos vinhos inclui alterações como a perda de aromas frutados e
(Silva Ferreira et al., 2003; Li et al., 2008; Hosry et al., 2009; Comuzzo & Zironi, 2013).
O aroma dos vinhos constitui uma das mais importantes características organolépticas
da sua qualidade e tipicidade. Nos vinhos jovens, o aroma é essencialmente determinado pelos
conservação, devido à hidrólise destes ésteres (Ribéreau-Gayon et al., 2003). Neste sentido,
18
vários compostos fermentativos (ésteres etílicos de ácidos graxos, acetatos, ácidos graxos e
derivados de furfural, aumentam (Lavigne et al., 2008; Papadopoulou & Roussis, 2008;
como SO2 e ácido ascórbico (Silva Ferreira et al., 2002). Ela é caracterizada pela perda de
do vinho, como naftalina, amadeirado, feno, ração, querosene (Vaimakis & Roussis, 1996;
Escudero et al., 2002; Silva Ferreira et al., 2002; Papadopoulou & Roussis, 2008; Roussis &
Sergianitis, 2008). A presença destes aromas atípicos têm sido atribuída a compostos como 3-
amaciante de roupa, verniz ou naftalina (Hoenicke et al., 2002; Shneider, 2007). O seu limiar
de percepção sensorial situa-se entre 0,7 e 1,0 μg.L-1. Os vinhos de uvas Vitis vinifera contêm
teores entre 0,02 e 0,3 μg.L-1, porém em vinhos alterados, esse teor pode chegar até 10 μg.L-1.
Já nos vinhos de uvas da espécie Vitis labrusca, a aminoacetofenona participa do seu aroma
característico, não sendo considerado um aroma atípico ou defeito aromático (Dubourdieu &
concentrações elevadas, também pode ser considerado característico de vinhos oxidados. Este
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aldeído pode estar presente no vinho depois da fermentação primária como um resíduo do
etanol em condições aeróbias. Depois de formado, este composto pode combinar-se com os
escuros (Sonni et al., 2011b; Comuzzo & Zironi, 2013). Em baixas concentrações, o
transforma em um aroma vegetal irritante lembrando grama verde ou maçã (Liu & Pilone,
2000).
quantidade nos mostos e vinhos brancos são os ácidos benzóicos e cinâmicos, catequinas,
procianidinas e flavonóis. Entre os ácidos cinâmicos presentes nos vinhos brancos estão o
ácido p-cumárico e o ácido cafeico, e, em menor quantidade o ácido ferrúlico. Estes ácidos
cinâmicos existem em estado livre e na forma combinada com o ácido tartárico (ácidos
oxidados no mosto (Comuzzo & Zironi, 2013). A hidroxilação dos monofenóis resulta na
quando oxidados formam as orto-quinonas (du Toit et al., 2006; Li et al., 2008; Sonni et al.,
2011). As quinonas podem polimerizar e condensar com muitos outros compostos (incluindo
20
ou fenóis em alimentos (Li et al., 2008). É um dos principais problemas encontrados durante
2002; Silva Ferreira, et al., 2002) e perda do valor nutricional do vinho (Sioumis et al., 2006).
naturais trans, ainda que as conformações cis estejam presentes em pequenas quantidades. Os
substratos preferidos das PPO, entre os compostos fenólicos do mosto, são o ácido caftárico e,
1985; Li et al., 2008). A oxidação enzimática do ácido caftárico e do cutárico conduz ao ácido
caftárico-o-quinona, que participa da degradação oxidativa dos mostos devido sua alta
21
2008).
outros constituintes do vinho, incluíndo acetaldeído e ácido glioxílico também podem originar
pigmentos escuros. Os compostos mais susceptíveis são o ácido cafeico e seus ésteres,
catequina, epicatequina, antocianinas e seus derivados, e ácido gálico (Li et al., 2008). Os
reativas de oxigênio (ROS), tais como o radical superóxido e sua forma protonada, o radical
hidroperoxil. Os grupos funcionais catecol podem reagir com esses radicais, formando
semiquinonas, quinonas e peróxido de hidrogênio; este último pode formar radicais hidroxil
através da reação de Fenton. Esses radicais hidroxil são muito reativos e instáveis; eles
redox do vinho, que é dependente do seu status antioxidante. Esse status está diretamente
relacionado aos níveis de antioxidantes tais como fenólicos, GSH, ácido ascórbico e SO2. A
relação entre estes componentes pode retardar a oxidação do vinho (Sioumis et al., 2006;
3.3. Glutationa
sintetase (Noctor & Foyer, 1998). Sua forma monomérica é conhecida como glutationa
reduzida (GSH) e seu dímero, como glutationa oxidada (GSSG) (Figura 1). A GSSG é
formada em consequência da oxidação da GSH, mas pode ser reduzida novamente a GSH
2013).
Figura 1 – Estrutura química das moléculas de glutationa reduzida (A) com a presença do
grupo sulfídrico e glutationa oxidada (B) com a presença da ponte dissulfeto
importantes são o controle redox e no metabolismo do enxofre (Noctor & Foyer, 1998). A
importância biológica da GSH está relacionada a seu grupo sulfidrila livre (SH) do resíduo de
cisteína, que confere a propriedade redox e nucleofílica. Assim, a GSH pode reduzir radicais
23
livres devido à sua capacidade de transferir um átomo de hidrogênio do seu grupo sulfidrila e
Roussis et al., 2007). A GSH foi quantificada primeiramente em uvas em 1989, por Cheynier
et al. (1989). Neste estudo, o conteúdo de GSH em uvas de 28 variedades Vitis vinifera e seus
respectivos mostos variou entre 56 e 372 μmol kg-1 (17-114 mg kg-1). Essa grande variação
foi atribuída não somente a variedade, mas também a safra, localização, condições e zonas de
cultivo e práticas enológicas (Cheynier et al., 1989). Neste sentido, diversos fatores estão
relacionados com o conteúdo de GSH nas uvas, por exemplo, o status de nitrogênio da videira
– estimado como conteúdo de nitrogênio assimilável pela levedura do mosto (Kritzinger et al.,
2013).
disso, foi observada uma forte correlação entre os níveis de GSH e de sólidos solúveis nas
bagas até 16º Brix, após, a GSH se manteve estável (Adams & Liyanage, 1993; Okuda &
Yokotsuka, 1999). Okuda e Yokotsuka (1999) estabeleceram que a glutationa presente nas
bagas durante a maturação está, em sua maioria (>90%), na forma reduzida. Segundo os
autores, o aumento nos níveis de GSH em bagas no início do amadurecimento pode ser
atribuído a uma maior contribuição dos componentes do floema de fontes como folhas
maduras para a baga. Entretanto, ainda é incerto se a GSH pode ser sintetizada na própria
detectáveis até 100 mg L-1 foram relatados (Cheynier et al., 1989; Park et al., 2000). Muitos
pressão aplicada na sua extração (du Toit et al., 2007; Maggu et al., 2007; Comuzzo & Zironi,
2013). Segundo du Toit et al. (2007) que estudaram o efeito dos tratamentos oxidativos e
seus vinhos resultantes, o tratamento redutivo (<0,3 mg L-1 de O2 dissolvido, obtido durante a
oxigênio dissolvido adicionado). Estes resultados estão de acordo com outro estudo realizado
por Maggu et al. (2007), no qual a utilização de pressões maiores na etapa de extração e um
maior tempo de maceração com as cascas (maior contato com oxigênio) levou a redução na
controle (Maggu et al., 2007). A utilização de práticas enológicas oxidativas, além de reduzir
permanecem baixos (< 2 mg L-1) (Kritzinger, 2012). A GSH está envolvida em muitos
químicos (Penninckx, 2002). Durante a fermentação alcoólica, a GSH pode ser absorvida ou
Lavigne et al. (2007) propuseram que a quantidade de GSH presente após a fermentação
al. (2010), a influência da cepa de levedura foi considerada insignificante. Algumas leveduras
inexplicadas. Entretanto, sabe-se que muitas uvas e metabólitos de levedura são tanto
assimilados como liberados pela levedura durante a fermentação dependendo das interações
não lineares entre a composição inicial do mosto, a base genética da cepa de levedura e os
muitos parâmetros ambientais que afetam o crescimento das leveduras, tais como,
(Marchand & de Revel, 2010; Janes et al., 2010; Fracassetti et al., 2011; Roland & Schneider,
2015); em vinhos tintos, até aproximadamente 2 mg L-1 (Marchand & de Revel, 2010; Roland
& Schneider, 2015); e em sucos de uva até 40 mg L-1 (du Toit et al., 2007; Fracassetti et al.,
2011). Foram observados níveis tanto maiores quanto menores de GSH nos vinhos em
comparação aos seus mostos (Park et al., 2000; du Toit et al., 2007; Kritzinger, 2012; Lavigne
et al., 2007; Andújar-Ortiz et al., 2012) e, níveis maiores de GSH foram observados em
vinhos jovens, ainda em tanques, antes do engarrafamento (Fracassetti et al., 2011). Janes et
al. (2010) reportaram que a média dos níveis de GSH em 28 vinhos jovens Sauvignon Blanc
foi de 12,5 mg L-1. Em outro estudo realizado por Fracassetti et al. (2015) foi observado que
influenciar a concentração de GSH em vinho. Vinhos Sauvignon Blanc expostos a níveis mais
26
de GSH em comparação àqueles expostos a níveis mais altos de oxigênio, o que foi atribuído
ao grau de oxidação inferior em vinhos com níveis mais baixos de oxigênio (Ugliano et al.,
2011).
Os resultados sobre o efeito de borras de leveduras nos níveis de GSH no vinho são
barril de vinhos Sauvignon Blanc. Além disso, o esgotamento da GSH foi mais rápido em
vinhos que foram envelhecidos em barricas novas como resultado do maior efeito de oxidação
de madeira nova. Por outro lado, Kritzinger (2012) mostrou claramente uma significativa
redução no teor de GSH durante o envelhecimento, ainda que em condições redutoras, que
fariam limitar a oxidação de GSH. Segundo Dubourdieu & Lavigne-Cruège (2004), a GSH
não é liberada a partir das células de levedura autolisadas. Fracassetti & Tirelli (2015) não
observaram liberação de GSH pelas borras de leveduras. A perda da GSH observada durante o
envelhecimento sob as borras pode estar relacionada com a capacidade das borras ligarem-se
aos tióis, responsáveis pelos defeitos organolépticos (reduzido) (Fracassetti & Tirelli, 2015).
durante vinificação pode alterar drasticamente e a concentração pode ser manipulada pelo
formação do chamado Grape Reaction Product (GRP), ou produto da reação da uva, que se
27
mosto (Figura 2), como o-difenóis, especialmente o ácido caftárico. A oxidação do ácido
caftárico por ação da enzima PPO forma a orto-quinona do ácido que, em um meio que
contenha glutationa, reage espontaneamente com esta para formar o composto ácido 2-(S)-
eletrofílicas e, por isso, ligam-se facilmente com moléculas nucleofílicas, como a GSH
(Nikolantonaki et al., 2014). A formação do GRP, que é incolor, praticamente inerte e não é
substrato da PPO, supõe um processo de paralisação das reações de oxidação, o que evita a
formação de polímeros escuros e previne o escurecimento até certo ponto (Singleton et al.,
1985). Além disso, enquanto um mol de um fenol simples pode consumir 3,4 átomos de
oxigênio, o mesmo fenol combinado com a glutationa, sob a forma de GRP, pode consumir
Entretanto, o GRP pode ser oxidado pela lacase ou pelas quinonas do ácido caftárico
correspondente o-quinona, seguida da oxidação do GRP por esta mesma quinona. A interação
28
entre PPO e SO2 pode prevenir a produção de GRP o que manterá muito mais ácidos
al., 2008). Portanto, a razão entre ácidos hidroxicinâmicos e GSH de um mosto deve
apresentar uma boa indicação da sua susceptibilidade à oxidação, sendo que razões maiores
levam a obtenção de mostos mais escuros. Uma proporção de 0,9-2,2 caracteriza um mosto
levemente escuro e, mostos de cor média ou muito escuro são caracterizados por razões de
enzimático em sucos de uva. Foi avaliada a ação de GSH em diferentes concentrações (de 100
a 600 mg L-1) na inibição da atividade enzimática de PPOs extraídas de sucos de uva. A partir
da concentração de 400 mg L-1, a GSH inibiu 99,4% da atividade das PPOs, por isso esta
concentração foi utilizada para ser adicionada em sucos de uva logo após sua obtenção e em
obtidos da mesma forma, porém sem adição de GSH. O escurecimento observado nos sucos
com adição de GSH foi significativamente menor que observados nos ensaios controle até o
oxidação de vinhos brancos mantidos sob condições de oxidação, nos quais foi adicionada
GSH em diferentes concentrações. Concluíram que a estabilidade destes vinhos pode ser
realçada pela adição de GSH e sugerem a sua adição no momento do engarrafamento a fim de
O estudo realizado por Sonni et al. (2011a), em um vinho branco modelo, relaciona o
ocorre inicialmente e, eventualmente, após, pode levar a formação de pigmentos escuros. Isto
porque, no período inicial, durante o qual a glutationa ofereceu um efeito protetor, a produção
redução do ácido ascórbico e inibir a reação dos produtos da degradação do ácido ascórbico
poliméricos diferentes.
Sonni et al. (2011b) mostraram que a inibição inicial que ocorreu no estudo citado
anteriormente foi devido à capacidade de GSH para formar produtos de adição com
compostos de carbonila, tais como o ácido glioxílico. Além disso, estes autores provaram que
o efeito inibidor da GSH sobre a formação de dímeros derivados de ácido glioxílico foi
relataram também a formação de outro produto no qual GSH reage com um composto
indesejados, tais como o amarelo cátion xantílio, o qual pode induzir mudanças de cores que
participam e quais produtos podem ser resultantes destas reações, Nikolantonaki et al., (2014)
comparando os redimentos dos produtos de reação, o ácido ascórbico foi o que reagiu mais
rápido, seguido pelo dióxido de enxofre e pela glutationa, nesta ordem. O local do ataque
nucleofílico na orto-quinona modelo ocorreu nas três posições possíveis para os três
semelhantes e a reatividade em cada posição é afetada pelo caráter nucleofílico. Ainda neste
estudo, foi avaliada a existência de interações sinérgicas entre estes conservantes. A análise
quantitativa dos produtos da reação mostrou que o dióxido de enxofre teve uma reatividade
similar sozinho ou em misturas com ácido ascórbico e/ou glutationa. Este resultado
demonstrou a falta de efeito sinérgico entre estes três conservantes em condições ácidas como
proporções dos compostos variam. Porém, as taxas rápidas de reação dos conservantes do
vinho com as quinonas sugerem que essas substâncias poderiam proteger o vinho mesmo
relação à oxidação de vinhos brancos engarrafados com duas concentrações de SO2 (20 mg L-
1
e 60 mg L-1), durante 6 meses de armazenamento. A adição de GSH, assim como obervado
por, Nikolantonaki et al. (2014), não proporcionou nenhum efeito em relação ao SO2.
Entretanto, contrariando outros estudos (Hosry et al., 2009; Dubourdieu & Lavigne-Cruege,
2004, Sonni et al., 2011a) nenhum efeito protetor contra o escurecimento foi observado.
31
Panero et al. (2015) também estudaram o efeito da adição GSH em níveis mais elevados de
garrafa, o que está de acordo com os resultados obtidos por Ugliano et al. (2011), no qual
vinhos Sauvignon Blanc expostos a níveis mais baixos de oxigênio durante envelhecimento
níveis mais altos de oxigênio. Entretanto, no estudo realizado por Panero et al. (2015), após
um ano, não foram observados efeitos sobre o processo de oxidação. Segundo Panero et al.
SO2, porém a perda rápida e quase completa de GSH foi observada durante os primeiros
ótimas para controlar a degradação oxidativa de certos aromas voláteis (Roussis et al., 2007).
No caso das variedades aromáticas, a glutationa parece limitar a redução de ésteres voláteis
(Roussis et al., 2007; Papadopoulou & Roussis, 2008) e no caso específico de vinhos
pode levar a redução das associações orto-quinonas e outros tióis, pois compete pelas o-
quinonas, dessa forma leva a um aumento de aromas relacionados aos compostos tióis e seus
Ugliano et al. (2011) demonstraram que os vinhos com adição de GSH (20 mg L-1)
32
em garrafas de vinho Sauvignon Blanc comparados com os vinhos em que não foi adicionado
GSH. Esse efeito foi ampliado em condições de baixo oxigênio e em elevadas concentrações
de cobre (II). Os autores atribuíram o acumulo de H2S a capacidade antioxidante da GSH, que
causa condição redutora no vinho que promove a produção de H2S, mas afirmam ser preciso
(GEC, glutathione equivalent capacity). A GEC é um critério quantitativo que pode ser
utilizado, juntamente com outros critérios, para avaliar a estabilidade do vinho branco,
especialmente em relação ao aroma do vinho. É calculada através da soma das áreas dos picos
dos aminotióis em relação à área do pico de uma solução padrão de glutationa (1μM) obtidos
Riesling e, além disso, foi obsvervada uma redução gradual de 55% da GEC durante um
período de 29 dias de envelhecimento. A GEC foi cerca de cinco vezes maior nos mostos do
que nos vinhos, entretanto observou-se uma perda de 66% da GEC em 30 min de exposição
ao ar em temperatura ambiente.
A GSH pode exercer um efeito protetor sobre a cor nas diversas etapas da eleboração
dos vinhos e sobre os aromas do vinho durante o envelhecimento. No entanto, a maior parte
dos estudos foram realizados em meios sintéticos e/ou sob condições extremas de oxidação,
portanto, outros estudos nas condições reais do vinho são necessários para obtermos
com compostos fenólicos oxidados, explica porque poucos estudos são realizados para
33
dessas substâncias com aplicações eficazes nos campos da medicina e farmácia (Huertas et
2008).
A GSH livre presente no vinho pode sofrer hidrólise tanto química como enzimática
ou ainda, o grupo tiol da GSH pode ser oxidado a GSSG, assim as propriedades antioxidantes
da GSH seriam perdidas. A encapsulação de GSH em um sistema polimérico parece ser uma
alternativa promissora para proteger a molécula de GSH contra agentes químicos e/ou
enzimáticos (Lopedota et al., 2009; Trapani et al., 2010; Kafedjiiski et al., 2005) durante o
poderia evitar a formação do H2S, que, segundo Ugliano et al. (2011) é formado com a
presença de GSH, provavelmente, devido a condição redutora que a GSH livre ocasiona no
meio.
Micro e nanopartículas são definidas como partículas sólidas que formam um sistema
34
enquanto que as micro/nanoesferas possuem uma estrutura do tipo matriz onde a substância
ativa pode ser adsorvida na superfície da esfera ou retida na matriz polimérica (Huertas et al.,
2010; Rao et al., 2011). No caso das micro/nanocápsulas a cavidade pode conter a substância
ativa sob a forma líquida ou sólida como uma dispersão/emulsão molecular. Esta cavidade
serve como reservatório e tem caráter lipofílico ou hidrofílico, de acordo com o caráter de
relação ao meio de liberação. A difusão do agente ativo na matriz polimérica é definida como
deseja obter (Bansode et al., 2010). Em termos gerais, os métodos de encapsulação são
dividos em três tipos: químicos (ex: polimerização interfacial e in sito), físico-químicos (ex:
35
perfumes, óleos e sabores. Neste método as partículas do material ativo são dispersas numa
solidifica sobre as partículas do material ativo enquanto o solvente evapora de tal forma que
outros (Jyothi et al., 2010). Diferentes tipos de revestimentos ou materiais de parede podem
ser utilizados, entretanto, para uso em alimentos estes materiais devem ser cuidadosamente
escolhidos para evitar riscos à saúde dos consumidores. O material de parede adequado para
aplicação na indústria vinícola deve ter pré-requisitos adicionais, tais como, grau de pureza
propriedades mecânicas (Koo et al., 2011). A quitosana é obtida pela reação de desacetilação
estrutura cristalina altamente organizada, tem baixa reatividade química e é insolúvel em meio
aquoso e na maioria dos solventes orgânicos, porém pode se dissolver facilmente em soluções
de ácidos fracos diluídos, como o ácido acético (Laranjeira & Fávare, 2009). Micropartículas
de quitosana podem ser facilmente obtidas por gelificação iônica entre grupos catiônicos da
36
quitosana e ânions multivalentes (Koo et al., 2011). Kafedjiiski et al. (2005) sintetizaram e
nanopartículas de quitosana (Trapani et al., 2010; Jingou et al., 2011). A inclusão de CDs em
estruturas de micro ou nano partículas foi realizada visando melhorar a capacidade dessas
mostraram que micropartículas de CD podem também carrear moléculas hidrofílicas com alta
eficiência (Lopedota et al., 2009; Jingou et al., 2011). As CDs são obtidas a partir do amido, e
são adequadas para microencapsulação por inclusão molecular. São formadas por um número
variável de glucose unidas entre si por ligações α-1,4. As mais comuns são α-CD, β-CD e γ-
com uma cavidade hidrofóbica no centro e uma camada externa hidrofílica, portanto, solúveis
em água (Del Valle, 2004). As CDs são capazes de interagir com a parte hidrofóbica das
cadeias laterais de compostos peptídeos ou proteínas e assim, impedir em certa medida sua
degradação (Irie & Uekama, 1999). Lopedota et al. (2009) sugerem uma fraca interação entre
GSH e CDs, sendo que a espinha dorsal do peptídeo pode ser parcialmente incluída na
cavidade da CD, enquanto grupos de ácido carboxílico e amina polares e o grupo tiol
permanecem fora da cavidade. Essa interação, mesmo sendo fraca, é capaz de evitar a
aplicadas principalmente como método para imobilização de células de levedura (Silva et al.,
2002; Martynenko &. Gracheva, 2003; Servetas et al., 2013), de bactérias ácido-lácticas
(Kosseva et al., 1998; Maicas, 2001; Kosseva & Kennedy, 2004 ) e de enzimas (Spagna et al.,
37
amplamente utilizada (Kourkoutas et al., 2004; Torresi et al., 2011). No entanto, a utilização
de alginatos e de hidrogéis de polissacarídeos, em geral, não é uma boa escolha industrial por
causa do alto custo e baixa estabilidade química e mecânica. Apenas a aplicação de géis de
de facilitar e tornar mais rápido o processo de remuage e facilitar a remoção das células no
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
brancos
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
espumantes
Vanessa Webbera*, Daniel de Siqueira Ferreiraa, Pedro Luis Manique Barretob, Sabrina
Matos de Carvalhob, Valéria Weiss Angelia, Regina Vanderlindea, c
a
Instituto de Biotecnologia, Universidade de Caxias do Sul, 95070-560 Caxias do Sul – RS,
Brasil
b
Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Santa
Catarina, 88034-001 Florianópolis – SC, Brasil
c
Laboratório de Referência Enológica, Instituto Brasileiro do Vinho, 95084-470 Caxias do
Sul – RS, Brasil
* e-mail: [email protected]
The aim of this work was to prepare and characterize spray-dried microparticles using β-
cyclodextrin (β-CD) or chitosan as polymers for encapsulation of glutathione (GSH) for its
addition to wine to prevent oxidation. SEM showed spherical microparticles, with wrinkled
surfaces for β-CD/GSH and smooth surfaces for chitosan/GSH microparticles. A wide
distribution of particle size was observed and, β-CD/GSH showed an average diameter
smaller than the chitosan/GSH microparticles. FT-IR showed a possible interaction between
GSH and both polymers. DSC and DRX showed that encapsulation process produced a
marked decrease in GSH crystallinity. The encapsulation efficiency was 25.0 % for
chitosan/GSH and 62.4 % for β-CD/GSH microparticles. The GSH release profiles from
microparticles showed that β-CD can control the release behaviors of GSH better than
chitosan in a model wine. Cumulative release data were fitted to an empirical equation to
compute diffusional exponent (n), which indicated the non-Fickian trend for GSH release.
INTRODUÇÃO
PARTE EXPERIMENTAL
Materiais
Análise morfológica
As curvas de DSC foram obtidas com um DSC-60 – modelo DAC-60 da Shimadzu. Alíquotas
de 5 mg de cada amostra foram colocadas em panelas de alumínio. As medidas por DSC
foram realizadas por aquecimento das amostras até 250 ºC a uma taxa de 5 ºC min-1. Esta
análise foi realizada para as amostras de GSH, β-CD, quitosana, micropartículas de β-
CD/GSH e quitosana/GSH, e da mistura dos componentes das micropartículas nas mesmas
proporções utilizadas nas suas preparações.
As curvas termogravimétricas das amostras dos padrões GSH, β-CD, quitosana, destes
mesmos padrões dissolvidos e submetidos a secagem por srpay dryer, e micropartículas de β-
71
A GSH total teórica é a quantidade de GSH na microcápsula supondo que toda a GSH
adicionada no seu preparo esteja presente na alíquota de micropartícula utilizada e a GSH
medida é a quantidade de GSH recuperada lida em espectrofotômetro, após a diluição total do
polímero e do fármaco.
Eficiência de Encapsulação
secagem em spray dryer, dividida pela GSH total teórico (GSH adicionada na preparação das
micropartículas) e é expressa em porcentagem de GSH encapsulada, calculada utilizando a
Equação 1 exposta a seguir.13,30
Quantificação de GSH
tampão fosfato foi preparada com Na2HPO4. 12H2O (10 mM) em água ultrapura; com pH
ajustado a 7,5 usando solução de ácido ortofosfórico. A solução de DNTB é composta de 2
mg de DNTB em 3 mL de tampão fosfato. As concentrações de GSH presente nas amostras
foram calculadas através de curva analítica em solução hidroalcoólica com pH 3,8 feita no
mesmo dia em que as amostras foram analisadas e nas seguintes concentrações de GSH 10,
20, 30, 40, 50, 75, 100 mg L-1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise morfológica
Figura 1. Micrografias obtidas por MEV das micropartículas de (a) quitosana/GSH, (b)
quitosana, (c) β-CD/GSH, (d) β-CD, (e) GSH
A Figura 1 (1b e 1d) mostra as micrografias dos materiais de parede (quitosana e β-CD,
respectivamente) secos em spray dryer sem adição do composto ativo. Comparando as
morfologias das micropartículas com as dos polímeros sem adição do composto ativo
podemos observar algumas diferenças. A micrografia da micropartícula de quitosana/GSH
apresentou morfologia diferente da morfologia do polímero de quitosana, que apresentou
depressões superficiais contínuas. Porém a morfologia da micropartícula de quitosana/GSH
foi similar a morfologia da GSH pura submetida diluição em água e posterior secagem em
spray dryer (Figura 1e), o que pode ser indicativo de uma baixa interação entre a quitosana e a
GSH. Por outro lado, a morfologia da micropartícula de β-CD/GSH mostrou diferenças tanto
em relação a morfologia da β-CD quanto a da GSH que foram submetidas ao mesmo processo
de secagem das micropartículas. A micrografia de β-CD mostrou grandes cavidades e uma
forma não esférica e a da GSH mostrou-se esférica e lisa, enquanto as micropartículas
mostraram forma esférica não regular com algumas depressões superficiais. Estes resultados
demonstram uma possível interação entre o polímero, β-CD, e o composto ativo, GSH.
Os espectros de FTIR da GSH, da quitosana e da β-CD puras, assim como das micropartículas
e da mistura física dos componentes das micropartículas foram registrados (Figura 2 e 3,
respectivamente). Os espectros obtidos para a quitosana, para a β-CD e para a glutationa
75
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 2. Espectros na região do infravermelho para (a) GSH, (b) quitosana, (c)
micropartículas quitosana/GSH, (d) mistura física quitosana e GSH
As bandas características da quitosana são a 3426 cm-1 (estiramentos -OH e -NH2), 2922 cm-1
e 2872 cm-1 (estiramento -CH), 1601 cm-1 (estiramento -NH2), 1078 cm-1 (estiramento C-O-C)
e 601 cm-1 (vibração do estiramento do anel piranosídico) (Figura 2b).24 A estrutura química
da quitosana apresenta dois grupamentos polares capazes de formar ligações de hidrogênio, o
grupo hidroxila e o grupo amino. No espectro da micropartícula quitosana/GSH (Figura 2c) a
banda na região do estiramento OH e NH desloca-se para valores menores (3300 cm-1),
sugerindo interações via ligações de hidrogênio entre os componentes na micropartícula. O
espectro das micropartículas quitosana/GSH mostra uma banda sobreposta em 2525 cm-1
referente ao grupo - SH da GSH. O espectro obtido da mistura física de quitosana e GSH
(Figura 2d) foi similar ao espectro da GSH pura e diferente do espectro da micropartícula
quitosana/GSH, sugerindo uma possível interação entre o polímero e a GSH.
76
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 3. Espectros na região do infravermelho para (a) GSH, (b) β-CD, (c) micropartículas
β-CD/GSH, (d) mistura física β-CD e GSH
Os perfis de DSC da quitosana, da β-CD, da GSH e das duas formulações das micropartículas
são mostrados na Figura 4. O perfil da GSH pura exibiu um único pico endotérmico a 196 ºC,
correspondente à fusão da GSH. Nos perfis de DSC das micropartículas contendo GSH o pico
77
em 196 ºC não esteve presente e os termogramas são semelhantes aos dos polímeros,
principalmente com relação às micropartículas de quitosana. Estes resultados, tomados em
conjunto, estão de acordo com os resultados obtidos por Lopedota et al.16 no qual o processo
de encapsulação também produziu uma diminuição acentuada na cristalinidade de GSH e
conferiu a ela um estado quase amorfo. Provavelmente causado pela intercalação das cadeias
de GSH e as cadeias poliméricas. No caso do sistema β-CD/GSH, outra causa provável é a
pequena concentração de GSH na formulação da micropartícula, quando comparada a
concentração do polímero.
(g)
(f)
Fluxo de calor
(e)
(d)
(c)
(b)
(a)
endo
Figura 4. Termogramas de DSC: (a) GSH, (b) quitosana, (c) β-CD, (d) β-CD/GSH, (e)
quitosana/GSH, (f) mistura física quitosana e GSH, (g) mistura física β-CD e GSH
100
90
80
Perda de Massa (%)
70
60
50
40
(a)
30 (b)
(c)
20
(d)
10
(e)
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
o
Temperatura ( C)
Figura 5. Termogramas das amostras de (a) quitosana, (b) GSH, (c) micropartículas de
quitosana/GSH, (d) micropartículas de β-CD/GSH, (e) β-CD
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
0 10 20 30 40
2
dryer,32,34,48, sendo previamente esperada uma perda significativa dos componentes que ficam
retidos no equipamento devido ao processo de secagem. O rendimento do processo de
secagem depende muito da configuração do equipamento, por isso estes dados não são
relatados na maioria dos estudos32 e também por isso são de difícil comparação com os
demais estudos.
Através do doseamento da GSH após a dissolução das micropartículas (Tabela 1) foi possível
recuperar totalmente a GSH adicionada a ambas formulações, β-CD/GSH e quitosana/GSH.
Os resultados sugerem que o processo de preparação não ocasionou perda e/ou degradação do
composto ativo, considerando que as variações que ocorreram para mais ou para menos de
100% podem ser explicadas devido a heterogeneidade das alíquotas retiradas do pó de
micropartículas, tendo em vista que as eficiências de encapsulação foram menores que 100 %.
A capacidade da quitosana e da β-CD reter a GSH foi determinada através da eficiência de
encapsulação (Tabela 1). Podemos observar que a GSH apresentou menor afinidade com a
quitosana do que com a β-CD, provavelmente devido a baixa massa molar do peptídeo e a
presença de somente um grupo de carga negativa na sua estrutura.17. Ikeda et al.49 utilizaram
a β-CD para formar complexos de inclusão com captopril, e os resultados mostraram a
inclusão total da molécula na cavidade da β-CD com o ácido carboxílico localizado dentro da
cavidade e a parte terminal tiol para fora da cavidade. Com a GSH, provavelmente a parte
interna da cavidade de β-CD se liga a uma porção do L-glutamato da cadeia lateral da GSH
assim como ocorreu com a GSH e a α-CD em estudo anterior.27 Dados obtidos por RMN
mostram que a associação entre GSH e α-CD ocorre na ordem de 55-70 M-1 a 25 ºC e,27
apesar de alguns sinais sobrepostos impedirem uma medida precisa das constantes de
complexação entre GSH e uma ciclodextrina quimicamente modificada (sulphobutyl ether-β-
cyclodextrin), Trapani et al.17 sugerem uma afinidade semelhante. Em estudo recente
realizado por Cutrignelli et al.,50 a eficiência de encapsulação da GSH em lipossomas
contendo GSH ou complexos de inclusão contendo GSH/ciclodextrinas (β e quimicamente
modificadas) foi entre 13,6 e 23,7 %.
82
Em relação a conjugação entre quitosana e GSH, uma das formas possíveis seria pelo método
de polimerização de radicais, através da formação da ligação amida entre os grupos
carboxílicos da glicina da GSH e os grupos amina da quitosana.13,18 Provavelmente, a
eficiência de encapsulação da micropartícula de quitosana/GSH não foi maior porque não
foram adicionados catalisadores para reação e, o tempo de reação foi curto quando comparado
a outros estudos.13,18 Além disso, o pH da solução não foi ajustado para valores próximos a
neutralidade; o que pode ter dificultado a conjugação através da polimerização de radicais.
Em pH 7 o resíduo de glicina de GSH é particularmente móvel, enquanto a parte glutamina da
GSH é a mais rígida.51 Portanto, em pH de 4,5, resultante da mistura da solução de quitosana
com a solução de GSH no preparo das micropartículas, a mobilidade da glicina deve ter sido
um pouco reduzida, dificultando ligação entre os dois compostos. Koo et al.13 encontraram
eficiências de encapsulação entre 20 e 65 % na obtenção de nanopartículas de quitosana/GSH
preparadas através do método de gelificação iônica com tripolifosfato de sódio, com ajuste de
pH à 6 e diversas proporções variáveis de GSH e tripolifosfato de sódio. A baixa eficiência
de encapsulação da micropartícula quitosana/GSH também pode-se dever ao fato de que a
quitosana utilizada neste estudo possui baixo peso molecular e, por isso, as moléculas de GSH
são imobilizadas em posições mais próximas e, portanto a GSH pode se auto-oxidar através
da formação de ligações dissulfeto intramoleculares, apresentando menos grupos tiois livres,52
tendo em vista que não foram adicionados agentes redutores durante o preparo das
micropartículas.
até o equilíbrio. Essa fase inicial de liberação mais rápida pode ser atribuída à GSH presente
na superfície da micropartícula. Esse efeito pode ser denominado efeito burst. Nesse caso a
liberação de cerca de 90% da GSH presente na amostra quitosana/GSH para o meio aconteceu
no primeiro dia, seguido de um pequeno aumento nessa porcentagem no segundo dia. Para as
micropartículas de β-CD/GSH essa liberação ocorreu mais lentamente e até uma hora, a
concentração de GSH liberada ao meio foi menor do que 10 mg L-1 (limite de quantificação
do método). Sendo a liberação inicial menos acentuada e o efeito burst menor para as
micropartículas de β-CD/GSH do que para as micropartículas de quitosana/GSH, indicando
baixo índice de GSH superficial na amostra, ou seja, a liberação se dá pela difusão da GSH do
interior da matriz de β-CD através do intumescimento da rede polimérica.
100
80
GSH (%)
60
Quitosana
40 β-CD
20
0
0 10 20 30 40 50
Tempo (h)
Figura 7. Perfil de liberação da GSH em vinho modelo (solução hidroalcoólica 12 %, pH
3,5) à 25 ºC (n=3)
𝑀𝑡
= 𝐾 𝑡𝑛 (Equação 2)
𝑀∞
Figura 8. Liberação da GSH pela razão Mt/M∞ em função do tempo para as micropartículas
β-CD/GSH e quitosana/GSH
esta formulação, a liberação da GSH seguiu uma liberação não-Fickiana. Portanto, no caso da
micropartícula β-CD/GH, além da liberação da GSH por difusão, ocorreu a expansão da
cadeia do polímero ocasionando penetração de fluido para dentro da matriz.24 Contudo, as
micropartículas β-CD/GH apresentaram uma liberação da GSH mais lenta quando
comparadas as micropartículas quitosana/GSH.
CONCLUSÃO
Foi possível encapsular glutationa tanto utilizando β-CD quanto utilizando quitosana. Os
métodos utilizados neste estudo são de fácil preparação, não envolvem a presença de
tensoativos e, no caso das micropartículas de β-CD/GSH, nem solventes orgânicos. A
caracterização das microcápsulas comprovaram um microrrevestimento do composto ativo e
uma interação entre a GSH e os polímeros utilizados, além de melhorar a estabilidade térmica
da molécula. A β-CD foi mais eficiente para encapsular a GSH, permitindo a liberação lenta
da molécula em solução de vinho modelo e maior proteção da molécula, conferindo melhor
estabilidade térmica para GSH. Outros estudos devem ser realizados a fim de melhorar a
estabilidade da GSH e liberando-a mais lentamente em meios hidroalcoólicos com pHs
baixos, como vinhos e espumantes, além de avaliar a viabilidade de utilização de GSH
encapsulada nestes produtos.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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applications, Nova Science Publishers: New York, 2011.
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89
5. DICUSSÃO GERAL
Com os resultados desta tese podemos observar que a adição de GSH evita tanto a
oxidação enzimática, que ocorre principalmente no mosto, quanto à oxidação química, que
de GSH foram maiores no mosto que no vinho base, uma vez que o mosto se encontra em
condições mais vulneráveis à oxidação. Porém, a adição de GSH no vinho base influenciou na
manutenção dos níveis de SO2 livre e dessa forma a GSH pode ser uma alternativa promissora
GSH adicionadas. O efeito da adição de GSH sobre compostos aromáticos e fenólicos foi
maior quando a GSH foi adicionada no mosto. Já no vinho base, a adição de GSH mostrou
maior influência na preservação dos níveis de SO2 livre, dos ésteres etílicos e acetato de
manutenção dos níveis de SO2 livre, dos compostos fenólicos ou aromáticos, porém, teve
formação de acetaldeído.
quinona evitando que a cadeia de reações de oxidação que levam à formação de compostos
vinho espumante. Apesar da adição de GSH no mosto ter proporcionado condições reduzidas
90
Quando a GSH é adicionada ao vinho base ela evita que o SO2 combine com outros
compostos do vinho, mantendo-o na forma livre, o que permite que o mesmo atue como
conservante e antioxidante por um tempo maior e, por consequência, ajuda a prevenir a perda
de compostos aromáticos, como ésteres etílicos e acetato de isoamila. Quando a GSH foi
reação de adição entre a GSH e o acetaldeído, embora este seja principalmente ligado ao SO2.
Portanto, a GSH evitou que o acetaldeído combinasse com outros compostos como a
catequina, para formar polímeros maiores, os quais podem causar o escurecimento do vinho.
Devido a isso, e ao fato de a GSH reagir com compostos o-quinona, sua adição após o
armazenamento em garrafas.
Os níveis de glutationa total nos vinhos espumantes foram maiores quando a GSH foi
espumante durante o armazenamento. Por isso, a concentração de glutationa total parece ser
evitar que a GSH esgote rapidamente do meio, combinando com outros compostos presentes
no vinho, a mesma foi encapsulada em um sistema polimérico para ser liberada gradualmente,
evitando assim, a formação de H2S que ocorre em condições fortemente reduzidas, ou seja,
mais lenta em vinho modelo por dissolução do polímero. Após 48 horas toda a GSH
encapsulada foi liberada ao vinho modelo. A adição da micropartícula contendo GSH antes da
fermentação pode ser uma alternativa promissora para obtermos maior quantidade de GSH
após a fermentação alcoólica, evitando que a mesma seja absorvida ou consumida pelas
leveduras. Porém, outros agentes encapsulantes devem ser testados para obtermos uma
liberação mais lenta da GSH no vinho, a fim de preservá-lo contra a oxidação durante o
armazenamento.
92
6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
adição ao vinho base. Entretanto, a adição de GSH ao vinho base pareceu manter níveis mais
em menor índice de cor, maiores quantidades de SO2 na forma livre, menores concentrações
em garrafas.
armazenamento e estabilizou nos primeiros seis meses, porém a quantidade de glutationa total
total teve maior correlação com os resultados obtidos e, por isso, os níveis de glutationa total
Foi possível encapsular glutationa tanto utilizando β-CD, quanto utilizando quitosana.
térmica da molécula. A β-CD foi mais eficiente para encapsular a GSH, permitindo a
continuação do trabalho:
2. Elucidar o papel da GSH nos níveis de SO2 livre e se uso de GSH como antioxidante
GSH, liberando-a mais lentamente em meios hidroalcoólicos com pHs baixos, como
7. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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8. ANEXOS
(Tabela 1).
degorgement (Tabela 2). Neste experimento foi avaliada a oxidação e a preservação dos
Cada tratamento foi realizado em 3 garrafas, as análises foram realizadas em triplicata para
cada garrafa.