Aula 20-06 - Juventude Globalizada

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TER ATITUDE: JUVENTUDE LÍQUIDA NA PAUTA 1

Um estudo sobre mídia e cultura jovem global

Sarai Schmidt2

Resumo A mídia impressa foi o foco central deste estudo, que se


centrou na análise de revistas e, simultaneamente, na discussão das
mesmas por um grupo de acadêmicos de Comunicação Social. A
pesquisa busca compreender como uma expressão ambivalente
como “ter atitude” — disseminada amplamente na mídia — acaba
por mostrar as fraturas de um conceito historicamente construído
como o de “juventude”..Tendo como referência teórica privilegiada
os estudos de Zygmunt Bauman, desenvolvi análises que colocam
em relevo a estreita relação entre a cultura jovem e a globalização.
A investigação evidenciou de que maneira uma expressão
ambivalente como “ter atitude” encontra num universo
igualmente ambivalente (o dos jovens) um lócus notável para sua
efetivação, e analisou de que forma e por quais caminhos ela acaba
por encontrar no universo jovem um meio singular e sugestivo para
seu implemento.

Palavras-Chave: Cultura jovem1. Atitude 2. Mídia 3

Este estudo discute a relação da expressão “ter atitude” e a cultura jovem


contemporânea, privilegiando a análise de revistas e, simultaneamente, a
discussão das mesmas por um grupo de acadêmicos do curso de Comunicação
Social. Baseada nos estudos de Zigmunt Bauman a pesquisa busca compreender
como uma expressão ambivalente como “ter atitude” acaba por mostrar as
fraturas de um conceito historicamente construído como o de “juventude”; ou
seja, busco analisar a importância da expressão “ter atitude”, na medida em que,
por meio dela, podemos observar o quanto características dadas como
“imutáveis” para os jovens, vêm de se modificando, vêm se dissolvendo. No
espaço que aí se abre, outras características acabam por se fazer presentes e outra
configuração do que entendemos por “juventude” parece ganhar lugar: é, por

1
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Recepção, Usos e Consumo Midiáticos” do XVI
Encontro da Compós, na UTP, em Curitiba, PR, em junho de 2007.
2
Centro Universitário FEEVALE. [email protected].
fim, a juventude líquida que irrompe deste espaço que interessa-me, igualmente,
investigar3.
A pesquisa contemplou discussões com acadêmicos de Comunicação
Social sobre o que significa “ter atitude” para eles e análise da Revista MTV.
Foram criados dois grupos de discussão, formados por alunos com idade em sua
maioria entre 18 e 30 anos. Ao apresentar a proposta de trabalho, busquei
discutir coletivamente o que significa “ter atitude” para estes jovens, que são
interpelados diariamente pela mídia de diferentes formas.

Na primeira sessão realizada com cada grupo foi apresentada uma síntese
do projeto de pesquisa e a proposta para a participação dos acadêmicos. Nestas
duas primeiras sessões com o Grupo 1 e Grupo 2, os acadêmicos demonstraram
interesse em defender suas posições sobre o que a expressão “ter atitude”
significava e curiosidade sobre a visão dos colegas em relação à mesma
expressão. Nas palavras de um jovem acadêmico, ao referir-se a Revista MTV
:“esta revista traz cultura, os caras da MTV têm atitude mesmo e é disto que
precisamos.”4

No segundo encontro com os grupos foram apresentadas em datashow


inúmeras e diversificadas páginas da Revista MTV. Após a apresentação inicial,
foi lançado o questionamento: o que é ter atitude? Para responder à questão,
cada turma recebeu uma caixa com jornais e revistas variados, folhas brancas,
cola e tesoura. Cada aluno assumiu a tarefa de produzir individualmente uma
resposta através de um texto, uma frase ou uma colagem com o material
oferecido. Cada um deveria encontrar a sua resposta e expressá-la livremente,
utilizando o material disponibilizado.

O terceiro encontro com os grupos iniciou com a apresentação em


datashow das respostas produzidas pelos alunos. Cada resposta foi projetada
individualmente e, ato contínuo, o autor ou autora argumentava e explicava para

3
As discussões apresentadas neste artigo foram desenvolvidas na pesquisa Ter Atitude: Escolhas
da Juventude Líquida. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PPGEDU, 2006. Tese de
Doutorado.
4
Os depoimentos dos alunos do grupo de discussão da pesquisa serão colocados em itálico e
entre aspas.

2
os colegas os possíveis significados de sua produção. Depois da manifestação
inicial dos autores (texto, fragmento, colagem, desenho), foi aberta a discussão
para o grupo. Foram duas sessões que oportunizaram um “caloroso” debate
sobre o que significa “ter atitude” para os jovens acadêmicos. As discussões de
cada encontro foram gravadas em fitas-cassete e depois transcritas.

Com o objetivo de compreender a movimentação polissêmica de tal


expressão nos dias de hoje, busco, situar a noção de “ter atitude” no interior de
um contexto ambivalente. A intenção, portanto, é mostrar de que maneira “ter
atitude” acaba por encontrar no universo jovem um lócus privilegiado para sua
produtividade. Primeiramente, talvez seja importante ressaltar em que sentido,
estarei utilizando-me do conceito de ambivalência. Mais do que “ambivalência”
como conceito relativo a uma palavra ou a um vocábulo qualquer (ou seja, de
sentidos ambivalentes que certo termo comportaria), Bauman nos fala de uma
ambivalência cultural, relativa, especialmente, a grupos culturais.
Observo o quanto a noção de “ambivalência cultural” está evidenciada
nas manifestações dos grupos de discussão, especialmente quando discutem os
diferentes significados de “ter atitude” ou no espaço editorial e publicitário das
revistas ao convocar os jovens leitores para adotar uma postura de acordo “com
o seu tempo”.

Para Bauman (1999), o processo pelo qual grupos culturais passam a ser
designados como “ambivalentes” envolve, de início, um complexo sistema de
“assimilação”. Para a discussão que interessa aqui em relação ao sistema de
assimilação, privilegiarei três de seus elementos constituidores: a assimilação
como apagamento de um estigma coletivo; a assimilação como processo cujo
objetivo é “tornar semelhante”; e, por fim, a assimilação como fator que supõe (e
que impõe), para seu efetivo funcionamento, a superioridade de uma forma de
vida. No caso deste estudo, esses três elementos, inseparáveis entre si, serão
tratados de forma a entender como, na ânsia de afastar e mesmo apagar um
estigma coletivo (marcado, sobretudo, pela evidência de sua não conformidade
com os padrões universais preconizados pela modernidade), a “assimilação”
procede de modo a fazer com que o jovem (o estranho, o outro) se torne
semelhante, senão igual, a mim. Entende-se que aquilo que importa destacar

3
neste momento é a maneira pela qual as características de um grupo são
reconduzidas e reinterpretadas, ou seja, como tais características ganham uma
nova roupagem em tempos de neoliberalismo – vale lembrar que essa questão
será analisada a partir da expressão “ter atitude”, ampla e polissimicamente
enunciada tanto pelas revistas, como pelos próprios jovens, em relação a si
mesmos.

Talvez a proliferação discursiva da expressão “ter atitude” (que pode,


paradoxalmente, estar presente seja na voz do adolescente, da professora, do
presidente, do empresário e/ou do militante do MST), seja ilustrativa, e ao
mesmo tempo categórica, da falência dos projetos da modernidade no que dizem
respeito ao estabelecimento da ordem social via “distribuição assimétrica da
atuação – isto é, a divisão da sociedade em atores e objetos de suas ações”
(Bauman, 1999, p. 111). Ou seja, os efeitos do decesso de grandiosos projetos,
como aqueles ligados à postura cirúrgica cultural, à engenharia social, à
“jardinagem5” acabam por constituir a forma mesma da diluição das posturas
dos atores sociais. Em relação à postura cirúrgica e à engenharia social, tivemos
no holocausto o maior exemplo dessas tentativas: a exclusão, a extirpação do
estranho. No processo de jardinagem, cabia ao Estado o papel de “jardineiro
coletivo, empenhado na tarefa de cultivar sentimentos e habilidades improváveis
de serem desenvolvidos de outra forma” (Bauman, 1999, p. 74) nos indivíduos.
Aos Estados, portanto, competia a tarefa de “artificialmente consertar as falhas
da natureza (criar intencionalmente o que a natureza não conseguiu
espontaneamente” (ibidem, p. 73). Os três processos têm em comum o fato de
constituírem-se como mecanismos de produção da “homogeneidade livre de
ambivalência que a sociedade opaca e confusa não conseguiu produzir” (ibidem,
p. 46).

5
A postura de um Estado jardineiro (Bauman, 1999, p. 29) é aquela que deslegitima uma certa
condição original da população (que, como tal, seria selvagem, indócil e inculta) e enfraquece os
mecanismos de auto-equilíbrio da mesma. Em função disso, aposta na Razão como um valor
inquestionável para promover a distinção da população entre plantas úteis (que merecem ser
cultivadas, tratadas e multiplicadas) e as ervas daninhas (que devem ser extirpadas e extintas). A
questão principal desta lógica é tornar tanto uma categoria quanto a outra “objetos de ação” e
destituir de ambas o “direito de agente com autodeterminação” (ibidem, grifos do autor).

4
Talvez seja possível dizer que, atualmente, e numa sistemática de
“privatização da ambivalência”, cabe ao indivíduo a escolha, a disposição e
mesmo a opção em relação às posturas individuais a serem seguidas entre o
vasto leque de alternativas que culturalmente lhe são dadas. Ou seja,
paralelamente aos processos que fazem do indivíduo sujeito pelo modo do “ser”
(o que, de certa forma, o alia a outros por sentimentos de pertença) – ou seja, sou
branco, sou homem, sou índio –, ele agora passar a ser objetivado também por
características, muitas vezes inigualáveis, derivadas do “ter”, ou seja, tenho
iniciativa, tenho força de vontade, tenho ousadia, tenho um diferencial, tenho,
finalmente, atitude.

De certa forma, pode-se dizer que se inverte a lógica moderna, na qual a


“vontade autônoma” é plenamente deslegitimada: a mesma vontade que antes
era desconsiderada em função, especialmente, da “superioridade da razão sobre
as paixões, da conduta racional sobre os impulsos irracionais” (Bauman, 1999, p.
111), recebe outro status. “Ter atitude”, algo plenamente desejável, é, no
depoimento dos alunos, “quando tu faz algo para te satisfazer”; “é fazer as
coisas sem ficar se importando com o que os outros vão falar a respeito”; é “tu
poder fazer aquilo que tu quer, a hora que tu quer, sem ter que olhar para os
outros e fazer o que os outros fazem”; “ter atitude” é, antes de mais nada,
“acreditar nos sonhos, seguir em frente até realizar”.

Características basicamente de origem dos projetos modernos (que vão


desde as ambições uniformizantes à intolerância do que é da ordem do
“peculiar”), implicam, antes de mais nada, uma “aceitação convicta do padrão
geral”. Ao fazer isso, acabam por colocar em jogo “o papel do próprio indivíduo
na sua consecução” (Bauman, 1999, p. 158, grifos meus). Como se pode
observar, “ter atitude”, nesse caso, envolve o esforço individual: “o esforço é
pessoal. E igualmente o fracasso do esforço. E a culpa pelo fracasso. E a
conseqüente sensação de culpa” (Bauman, 1999, p. 207). Esforço que se
manifesta na voz dos jovens: “eu batalho por aquilo que eu quero, corro atrás e
tudo, mas eu não tenho atitude. Olha nós aqui, a gente tá falando, aí eu podendo
falar, eu não falo. Isso é uma coisa que eu podia mudar...”.

5
O que se torna cada vez mais claro e explícito é a forma mesma de como
se dá a construção de uma “identidade” jovem. Paradoxal por excelência, o
conceito de identidade, tal como tratado por Bauman (2006, s/p), opera sobre a
cisão entre a – impossível – emancipação individual (individualidade absoluta) e
a integração a um grupo (a entrega absoluta). Neste sentido, “ter atitude” acaba
por expor, de forma inequívoca, os perigos que sofrem, em nosso tempo, os
conceitos de individualidade e de coletividade. O caminho seguido para a
definição da identidade se dá por trilhas nas quais a presença de “batalhas
intermináveis entre o desejo de liberdade e o desejo de segurança” é irrefutável.
Por essa razão, a “guerra pela identidade” é sempre inconclusa e, mais do que
isso é também provavelmente “uma guerra sem vencedores” (ibidem).

Ao constituírem-se como um grupo ambivalente, os jovens acabam por


assumir e serem portadores de características que não são apenas “suas”. Não se
pode afirmar que “ter atitude” seja algo específico da juventude e que permaneça
restrito a ela. Talvez a expressão seja um resultado, um efeito de características
previamente administradas, e que provém do “estigma coletivo” que o jovem
vem carregando, pelo menos, desde a década de 60. Aí, sim, nessa condição, tais
características passam a ser reconduzidas e aplicadas (ou não) a todos e a cada
um (jovem ou não). Pergunta-se, com isso, com base nas afirmações, descritas
acima, sobre o conceito de identidade: que perspectivas de individualidade e de
coletividade podem, nessa conjuntura, julgar-se concluídos, fechados e mesmo
singulares?

“Qualquer coisa que compromete a ordem, a harmonia, o plano,


rejeitando assim um propósito e significado, é Natureza. E, sendo Natureza, deve
ser tratada como tal” (Bauman, 1999, p. 49). A rebeldia, o espírito aventureiro, a
displicência são incansavelmente tratadas e repetidas como qualidade “naturais”
dos jovens e como que lhes é peculiar. E como algo que faz parte do domínio da
Natureza, trata-se de características que devem ser subordinadas à razão. Como
se fosse um “objeto passivo de ação”, prestes a obedecer e receber os propósitos
e fins que lhe forem embutidos. “O natural é o oposto do sujeito dotado de
vontade e capacidade moral”, e, por isso, deve expelir tais características
“naturais”, reorganizá-las, superá-las, acima de tudo, com atitude.

6
Trata-se aqui de um fenômeno de ambivalência na medida em que
observo o quanto a expressão “ter atitude” torna-se emblemática para tornar
visível a negação daquilo que a ordem se esforça em ser, ou seja, tornar visível o
“outro da ordem”. A partir de seu emprego, de seus usos e atribuições no
universo jovem, a expressão “ter atitude” percorre os mais variados espaços no
afã de afastar o que é da ordem do indeterminado e do imprevisível. Mais do que
reconstruir um “outro mundo” possível por aqueles que “têm atitude”, cabe
construir, repetidamente, “o outro”, o avesso, desse mesmo mundo (Bauman,
1999). E é justamente isso que acaba por caracterizar o fenômeno da
ambivalência.

Assim, os jovens acabam por examinar e censurar outros “portadores do


estigma” que eles próprios desejam apagar (Bauman, 1999 p. 146): “‘ah, ter
atitude é passar por cima dos outros!’, muita gente acha isso. Eu não acho. Eu
acho que ter atitude é tu respeitar o outro, respeitar o espaço do outro e
respeitar o teu espaço, saber respeitar as pessoas e seguir em frente”. No caso
da expressão em questão, a questão passa a ser a do exercício: “eu acho que todo
mundo tem atitude, mas uns exercem mais e outros exercem menos”.

Contudo, mesmo assim, a suposta “autonomia” e o caráter individual são


tomados como atributos não naturais, como algo que necessita de um “esforço
consciente a ser gerado e sustentado” (Bauman, 1999, p. 208), portanto, como
algo a ser construído. Melhor dizendo, “ter atitude” envolve uma longa
empreitada. Nesse sentido, “o sucesso da assimilação devia ser avaliado e
considerado individualmente, mas o estigma de que deveria livrar a assimilação
bem sucedida era coletivo, atribuído à comunidade como um todo” (Bauman,
1999, p. 143). “Ter atitude” é resultado de um progressivo e complexo exercício
individual e para os jovens acadêmicos: “é fazer aquilo que acredita sem se
importar com a opinião dos outros”; é “vencer preconceitos próprios”; “é não
ter medo de expressar o que pensa”; é “tentar abrir os olhos das pessoas sobre
os assuntos polêmicos”; “é ficar com alguém que realmente ama e ser fiel a
ela”; “é fazer além do esperado, do necessário”; é “ser bom no que tu faz e,
ainda, ser ágil, rápido, é fazer o que precisa antes mesmo que te peçam”.

7
O processo de assimilação tratado por Bauman, e que retorno agora, é
baseado em algo mais (muito mais) do que na mera mudança, ironicamente, de
atitude. Ela vai além de uma alteração de códigos, sejam eles lingüísticos,
comportamentais e de relacionamento cotidiano, na medida em que são
definidos “padrões aparentemente unívocos do que é próprio ou impró prio”
(Bauman, 1999, p. 163). No caso da juventude hoje, plenamente identificável
com a expressão “ter atitude”, o movimento não é centrado no pleno apagamento
de características até hoje entendidas como “essenciais” dos jovens (afinal, seria
plenamente equivocado afirmar que a identidade jovem não é desejável, ainda
mais quando fenômenos como o da “adultescência6” se mostram cada vez mais
intensos). De fato, a questão é de administrar tais características, controlá-las e,
acima de tudo, assimilá-las. O processo de assimilação se dá, então, de forma
não a ignorar ou desprezar um conjunto de características que, por muito tempo,
vêm sendo identificadas como pertencentes ao universo jovem. Antes disso, a
questão proposta é a da re-utilização das mesmas, de sua re-condução. Da
mesma forma, assimilar as marcas que historicamente foram reconhecidas como
“dos jovens” tem a ver, por exemplo, com o fato de a “vontade de mudar o
mundo”, ser dissolvida e remodelada, já que matéria-prima para a “inovação”.
Inovação, no “glossário” neoliberal, é plenamente identificada com a capacidade
(ou não) de ter “iniciativa”.

Desta forma, “manchas” são diluídas. Poderíamos dizer “vontade de


mudar o mundo”, “inconformidade” e “rebeldia” tenderiam, em sua composição,
à irresponsabilidade ou, utilizando nosso “glossário”, à falta de planejamento.
Cabe, então, afastar os jovens de sua irresponsabilidade “original” e afastar o
Estado ou mesmo a cultura da irresponsabilidade dos jovens. Ou seja, não se
trata mais de conscientizar os jovens, de apelar para sua salvação ou de
promover sua “emancipação”; trata-se, sim, de mostrar a importância que
assume, nos dias de hoje, uma pessoa que “tem atitude”.

6
Em relação a esse fenômeno da adultescência, cabe apontar a pergunta que faz Bauman,
citando T. H. Marshall: “quando muitas pessoas correm na mesma direção, é preciso perguntar
duas coisas: atrás de quê e do quê estão correndo?” (Bauman, 2001, p. 95, grifos do autor).

8
Nesse processo, na medida em que implicam condições convenientes e
subtraem outras, inconvenientes, os usos da expressão “ter atitude” acabam
constituindo o jovem como pertencente, de certa forma, ao grupo dos
“indefiníveis” (Bauman, 1999, p. 65). Ora, no momento em que qualidades e
características historicamente construídas para esse grupo acabam sendo
administradas de outra forma (e, algumas delas, até apagadas), eles acabam não
sendo mais nem uma coisa, nem outra. Não são nem “adultos” (responsáveis,
administradores de decisões), nem “jovens” (displicentes, rebeldes). Antes disso,
o próprio universo jovem acaba por nos “expor o fracasso da própria oposição”
(Bauman, 1999, p. 69). Pela expressão “ter atitude” é possível observamos nas
manifestações dos jovens ditos como: “ter atitude” é ser “um cidadão consciente,
(...), que cumpre com direitos e deveres, que conhece o que pode e o que não
pode fazer”; “ter atitude” significa, ainda, “ser educado, gentil e mostrar o
verdadeiro caráter”. Ou, que uma pessoa “de atitude” é “bem vista pela família,
pelos amigos e pela sociedade”. “Ter atitude” pode ser também “saber curtir e
ser feliz com coisas simples. (...) É não fazer o que se tem vontade ou o que se
quer, mas saber aproveitar e aprender com tudo o que fazemos”.

Nas imagens escolhidas pelos jovens, para a montagem de suas


composições, podemos ver circular como exemplos, como expressão daquilo
que é “ter atitude”, Bob Marley, Gisele Bündchen, Sharon Stone, Fidel Castro,
Ivete Sangalo, Willian Bonner ao lado de Bill Gates, Janis Joplin, Supla, Zeca
Pagodinho, Bin Laden, Elke Maravilha, José Sarney, John Galliano, Daine dos
Santos, Márcio Siprinano (presidente do Banco Bradesco) e Roberto Setúbal
(presidente do Banco Itaú). Ícones das mais variadas esferas se misturam, numa
mélange tal que não se pode mais dizer, com segurança, de que grupo provêm,
de que grupo se originaram os ditos e seleções de imagens. A oposição que aqui
está em jogo (jovem X adulto, ou jovem X criança), que, como tal, é nascida do
terror da ambigüidade, torna-se a fonte principal da ambivalência (Bauman,
1999).

Contudo, identidades que eram então tomadas e dadas naturalmente,


acabam sendo tensionadas pela expressão “ter atitude” e pela forma com que ela
é definida (ou pelo fato de ela não ser definida). “Ter atitude” opera no limite

9
entre o natural e o não-natural, entre o “espontâneo” e o “produzido”. E aquilo
que é artificialmente formado, acaba sendo precário, e, portanto, objeto de
minuciosa atenção (Bauman, 1999).

Ao se deslocarem (e serem deslocados) de um ponto a outro, carregados


pelos múltiplos sentidos da expressão “ter atitude”, os jovens acabam por
colocar em jogo “a oposição como tal, o próprio princípio da oposição, a
plausibilidade da dicotomia que ela sugere e a factibilidade da separação que
exige” (Bauman, 1999, p. 68). Portanto, não há qualquer tom negativo em
caracterizar os jovens como “indefiníveis” ou, mais do que isso, como
“ambivalentes”, uma vez que justamente “sua subdeterminação é a sua força:
porque nada são, podem ser tudo” (Bauman, 1999, p. 65).

● Juventude líquida ●

Em seu livro Modernidade líquida, Bauman efetua um outro (e novo)


olhar sobre a modernidade. Para tanto, o autor utiliza-se das metáforas da
“fluidez” e da “liquidez”, e o faz no intuito de compreender os processos de
redistribuição e realocação de grandes “ideais”, de grandes “projetos”, enfim, de
“sólidos” e o modo como esses são, neste momento preciso da história,
constantemente redirecionados, reconduzidos e reorganizados agora em “novos e
aperfeiçoados sólidos”, não mais passíveis de alterações (Bauman, 2001, p. 9).

Interessa aqui, a apropriação das idéias lançadas por Bauman sobre a (e


para pensar a) “modernidade líquida”, a fim de poder entender tanto os
movimentos, como as alterações históricas que vêm atravessando esse grupo
denominado “juventude”. Neste sentido, a partir de agora, a idéia aqui é mostrar
de que modo as alterações e deslocamentos de certas características desse grupo
cultural ambivalente podem ser melhor compreendidas a partir das profundas
alterações a que vimos presenciando nos últimos tempos. Trata-se não de
fenômenos isolados, mas de desdobramentos, de fenômenos contíguos entre si.

Assim, cabe, então, evidenciar como esse grupo ambivalente converge


para o entendimento de uma “juventude líquida”, ou seja, considerando, desta
forma, aspectos mais amplos. Cabe destacar ainda que a juventude é considerada
a partir desta perspectiva – líquida – não porque se trata de um grupo

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ambivalente, mas porque ela se constitui como efeito-superfície da modernidade
líquida. Contudo, como veremos a seguir, as discussões entre juventude líquida e
grupo ambivalente não se separam, mas, antes, remetem-se umas às outras. Em
poucas palavras, o trabalho aqui, ao falarmos de “juventude líquida”, é o de
promover uma aproximação com idéias difundidas por pesquisadores como
Abramo (1997), que nos indicam o quanto a juventude pode ser entendida como
uma espécie de síntese da cultura; ou, talvez, em outras palavras, trata-se de
idéias que nos indicam o modo como os jovens representam, de certa forma,
“uma espécie de lente de aumento” sobre as profundas mudanças culturais que
caracterizam o mundo contemporâneo.

Bauman afirma que “a sociedade que entra no século XXI não é menos
´moderna´ que a que entrou no século XX” (Bauman, 2001, p. 36). O que se
pode dizer, talvez, é que a sociedade “é moderna de um modo diferente”
(ibidem). E o que diferencia uma da outra é que a primeira seria sólida, e a
segunda líquida.

Baseado em acepções extraídas da Enciclopédia Britânica, Bauman


ressalta que, como qualidade dos líquidos e dos gases, aquilo que é fluido se
distingue dos sólidos, especialmente, porque não pode suportar uma força
pressionante sem, com isso, sofrer uma mudança contínua de forma. Ou seja,
“diferentemente dos sólidos, [os fluidos] não mantêm sua forma com
facilidade”: antes disso, eles “não fixam o espaço nem prendem o tempo”
(Bauman, 2001, p. 8). Para os sólidos, o espaço é definido por suas dimensões
claras e mensuráveis; o tempo, nessa conjuntura, pouco importa; na condição de
sólidos, mais do que sofrer com as marcas deixadas pelo tempo, eles as
absorvem, as superam ou as suprimem. Os líquidos, por sua vez, dependem do
tempo para sua descrição e compreensão; e o espaço, nesse caso, tem pouca
importância, já que está sujeito à alteração constante, já que é preenchido apenas
momentaneamente (ibidem, p. 8).

Nesse sentido, sobre os fluidos, compreendemos que sua característica


fundamental reside na mobilidade, de modo que retratá-los, descrevê-los implica
sempre em um movimento de apreensão momentânea, imediata – e nada além

11
disso. Sugerir algo além do momentâneo e do imediato, nos leva,
invarialvemente, ao que é da ordem do obsoleto.

Assim, caracterizar a “juventude líquida” supõe tratar, portanto, de um


grupo que, para afirmar-se como tal, precisou, em determinados momentos
históricos, romper, ou talvez fosse melhor dizer, dissolver, derreter certos
“sólidos”. Nesse processo de dissolução, a juventude acabou por constituir-se
como “rebelde”, “irreverente”, “obstinada”, “inconformada”. Com isso, acabou
criando novos “sólidos” para si. E são eles que, contemporaneamente, vão sendo
despejados no cadinho para serem novamente reformados, reformulados e
refeitos.

As marcas que se constituíram (e que de modo algum desapareceram)


como aquilo que hoje, no senso comum, definimos como “juventude”, foram
cuidadosamente trabalhadas; aliás, talvez se possa dizer que tanto o processo de
liquefação de “sólidos”, como seu resultado, foram aquilo que caracterizou (e
vem caracterizando) a “juventude líquida”.

Contudo, o momento agora parece ser o de dissolver também os sólidos


que foram moldados a partir daí. Jamais considerada como apartada da
“modernidade líquida”, mas antes como parte de sua superfície de atuação, a
“juventude líquida” sofre, de forma pungente, da necessidade de recriação de
“novos e aperfeiçoados sólidos” (Bauman, 2001, p. 9). De fato, tal recriação faz
parte de uma estratégia que objetiva “substituir o conjunto herdado de sólidos
deficientes e defeituosos por outro conjunto, aperfeiçoado e preferivelmente
perfeito, e por isso não mais alterável”(ibidem) e se relaciona diretamente com a
questão da ambivalência que discuti anteriormente.

Como efeito-superfície da “modernidade líquida”, a juventude líquida


coloca em cheque, talvez de forma mais incisiva do que outros grupos, “os elos
que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas - os padrões
de comunicação e coordenação entre as políticas de vida conduzidas
individualmente, de um lado, e as ações políticas de coletividades humanas de
outro” (Bauman, 2001, p, 12)

12
A noção de liberdade, tão cara à de juventude, foi “conquistada” a partir
da dissolução de outras noções (talvez se possa dizer, por exemplo, que na
década de 1970, a noção de liberdade teve que ocupar espaços antes preenchidos
por fortes valores ligados à família, religião e “bons costumes”). Uma vez que se
tornaram “sólidas” (já reconduzidas por algo mais próximo de uma “liberdade de
expressão”, “liberdade sexual”), precisam ser novamente dissolvidas,
reformuladas, remoldadas: “numa sociedade de consumo, compartilhar a
dependência de consumidor – a dependência universal das compras – é a
condição sine qua non de toda liberdade individual; acima de tudo da liberdade
de ser diferente, de “ter identidade’ ” (Bauman, 2001, p. 98, grifos do autor).

Se a modernidade líquida é marcada pelo advento do capitalismo leve e


flutuante, o qual é caracterizado pelo “(...) desengajamento e enfraquecimento
dos laços que prendem o capital ao trabalho” (idem, p. 171), talvez se possa
dizer que, na juventude líquida, o fator mais marcante seja o enfraquecimento
dos laços que ligam a idéia de juventude à idade, a uma etapa de vida
determinada, passível de ser definida cronologicamente.

Justamente por ser tão deslizante, escorregadia, a juventude líquida acaba


se constituindo como uma “pletora de problemas”, e “um mundo que se
desintegra numa pletora de problemas é um mundo governável” (Bauman, 1999,
p. 20) – por mais paradoxal que possa parecer tal afirmação. Um mundo onde é
sempre preciso intervir, onde é sempre válida a resposta àquela dúvida, onde a
instrução, a orientação, a educação parecem sempre adequadas; enfim, um
mundo sobre o qual há sempre algo a dizer.

“Uma vez que a infinidade de possibilidades esvaziou a infinitude do


tempo de seu poder sedutor, a durabilidade perde sua atração e passa de um
recurso a um risco” (Bauman, 2001, p. 146). Ou seja, conforme o depoimento do
aluno: “Não sei se é só na nossa profissão, todo mundo, principalmente na
Publicidade e Propaganda, só espera o novo, o novo, o novo. Mais do que algo
a ser esperado, o “novo” é uma questão de compromisso: Sabe, é cobrado
demais o novo. A gente não tem muita noção do que é o novo, ainda, e é muito
cobrado isso”.

13
Por algum tempo, a sólida “necessidade” abriu novos espaços para o
fluido “desejo”. A necessidade, uma vez definida e delimitada, torna-se fixa,
inquestionável e irrefutável, em contradição ao desejo, algo mais propenso à
dilatação e à variação. Contudo, mesmo o desejo tende, em tempos de
modernidade líquida, a ceder espaço para o “querer”, que se constitui como algo
ainda mais imediato, instantâneo e fugaz. Se o desejo apela para uma expansão
que a necessidade não tem, o querer dissolve o planejamento e a contigüidade do
desejo e joga ainda com artifícios improváveis tanto por parte da “necessidade”
como por parte do “desejo”: ele “aparece sob o disfarce do livre-arbítrio, em vez
de revelar-se como força externa” (Bauman, 2001, p. 101).

O que se observa, em tempos de modernidade líquida, é a busca ávida de


um exemplo a ser seguido, de uma palavra ou expressão a ser imitada, um
conselho e/ou uma “dica” sempre prontos a serem aplicados na “minha”
situação. “No mundo dos indivíduos há sempre outros indivíduos cujo exemplo
seguir na condução das tarefas da própria vida, assumindo toda a
responsabilidade pelas conseqüências de ter investido a confiança nesse e não
em qualquer outro exemplo” (Bauman, 2001, p. 39). Não é por acaso que cerca
de 90% das imagens produzidas pelos jovens dos grupos da pesquisa apresentam
imagens de celebridades e mesmo de anônimos para ilustrar o que é “ter
atitude”. Como efeito do fato de serem um grupo ambivalente – o que implica
em observarmos os efeitos de um processo de realocação de determinadas
características –, a juventude líquida explora o caráter individual. Sobrecarrega-
se o sujeito e se incide nele as responsabilidades por seus atos. Afinal, “ter
atitude” é isso: ou se tem, ou não se tem.

(...) se ficam doentes, supõe-se que foi porque não foram


suficientemente decididos e industriosos para seguir seus
tratamentos; se ficam desempregados, foi porque não
aprenderam a passar por uma entrevista, ou porque não
se esforçaram o suficiente para encontrar trabalho ou
porque são, pura e simplesmente, avessos ao trabalho; se
não estão seguros sobre as perspectivas de carreira e se
agoniam sobre o futuro, é porque não são
suficientemente bons em fazer amigos e influenciar
pessoas e deixaram de aprender e dominar, como

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deveriam, as artes da auto-expressão e da impressão que
causam (Bauman, 2001, p. 43).

É possível observar, com isso, que a expressão “ter atitude” encarna de


modo absoluto os atributos e predicados dados à esfera individual na
modernidade líquida. Ao assumir para si um amplo conjunto de
responsabilidades e, de modo incisivo, um amplo conjunto de responsabilidades,
a juventude líquida torna-se inseparável do tempo e da cultura que a produziu.
“(...) ser um indivíduo de jure significa não ter ninguém a quem culpar pela
própria miséria, significa não procurar as causas das próprias derrotas senão da
própria indolência e preguiça, e não procurar outro remédio senão tentar com
mais e mais determinação” (Bauman, 2001, p. 48). “Ter atitude” parece uma
espécie de “inclinação”, uma questão de “aptidão” que o indivíduo possui, mas
que, mesmo nessa condição, precisa ser aprimorada e desenvolvida; caso ele não
a possuir, o exercício e a insistência precisam ser redobrados – embora em cada
um dos casos se saiba que o encargo da falha ou a insuficiência é de sua
responsabilidade:

[...] quando eu quis fazer vestibular, eu fiz. Fui lá batalhei e


consegui passar. E batalho para passar em todas as matérias.
Eu acho que isso é ter atitude.

[...] Quando eu penso em atitude, eu penso no jeito que tu é.


Se eu estou sentada assim, é porque meu jeito é assim, então
não tem como mudar. E iniciativa, pra mim, é mais ligado ao
profissional. Tipo, eu entro num lugar pra trabalhar, eu tenho
que fazer aquilo ali, eu vou fazer aquilo ali, tenho que ter a
iniciativa, e tal. Agora, tem pessoas que têm atitude e não têm
iniciativa pra determinadas coisas.

Num mundo em que o tempo perde seu espaço para a duração, onde as
oportunidades e escolhas avançam umas sobre as outras, “poucas coisas são
irrevogáveis”. A noção de progresso torna-se individualizada e, como tal,
irregular. Entendido como uma “medida temporária”, o progresso passa a ser
transitório e não mais um fim a que se chega, um estado de perfeição a ser
buscado: trata-se de progressos, e, como tal, constantes, múltiplos e variáveis e
não mais “do” progresso. À medida que privatizado, o progresso emerge:

[...] porque a questão do aperfeiçoamento não é mais um


empreendimento coletivo, mas individual; são os homens

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e mulheres individuais que a suas próprias custas deverão
usar, individualmente, seu próprio juízo, recursos e
indústria para elevar-se a uma condição mais
satisfatória” (Bauman, 2001, p. 155).

Para tanto, o trabalho deve ser satisfatório – se possível agradável – “por


si mesmo e em si mesmo” (ibidem, p. 160). Na modernidade líquida, ele passa
não mais a ser medido pelos “efeitos genuínos ou possíveis que traz a nossos
semelhantes na humanidade ou ao poder da nação e do país e menos ainda à
bem-aventurança das futuras gerações” (ibidem).

Assim, posso dizer que o que me interessou discutir neste artigo foi,
primeiramente, o modo como os murmúrios da modernidade (sólida) produzem
este grupo ambivalente e, em seguida, a forma como a juventude se configura
em tempos de modernidade líquida. Longe de buscar uma mera “aplicação”
entre modernidade líquida e juventude líquida, procurei, por um lado, analisar os
efeitos das novas roupagens trazidas pelo processo de ambivalência que a
juventude sofreu (ou sofre); por outro, ao fazer isso, utilizei-me de uma
abordagem mais ampla, que diz respeito à análise dos processos culturais,
sociais e históricos que vivemos nos últimos tempos. Destaco que as discussões
relativas à noção de tempo (e, com ela, à de progresso, longo/curto prazo, futuro
e planejamento), bem como à de individualidade foram meus focos centrais –
justamente porque acredito que são essas categorias que, de modo mais
contundente, operam na modernidade líquida. Buscando, a todo o momento, não
sugerir uma visão nostálgica da juventude, interessa-me os efeitos das alterações
de um tempo em que mesmo “os medos, ansiedades e angústias contemporâneos
são feitos para serem sofridos em solidão. Não se somam, não se acumulam
numa ‘causa comum’, não têm endereço específico, e muito menos óbvio”
(Bauman, 2001, p. 170).

Referências Bibliográficas:

ABRAMO, Helena. A apatia da juventude é um mito. Disponível em:


<http://www.multirio.rj.gov.br/seculo21>. Acesso em: 20 jan. 2006.
BAUMAN, Zygmunt. O Mal Estar da Pós-Modernidade. Trad. Mauro Gama e Claudia
Martinelli Gama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

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BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Trad. Marcus Penchel. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização. As conseqüências humanas. Trad. Marcus
Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999a.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001.
BAUMAN, Zygmunt. Comunidade. A busca por segurança no mundo atual. Trad.
Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2005.
BAUMAN, Zygmunt. Europa. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2006.

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