7-História Da América I
7-História Da América I
7-História Da América I
Apresentação
Nesta aula, conheceremos a dinâmica das reformas bourbônicas e o seu impacto no processo de colonização.
Objetivos
Identificar os motivos que levaram à troca da Dinastia Habsburgo pelos Bourbons no trono espanhol.
Identificar as diferenças entre os obstáculos que impediram o sucesso da colonização inglesa no século XVI.
Compreender o Tratado de Utrecht (1713), que culminou na perda de diversas possessões espanholas.
Entender as necessidades que levaram à criação dos vice-reinos de Buenos Aires e Nova Granada.
Foi na década de 1680, quando uma série de más colheitas geraram fome em Castela, que foram tomadas as primeiras
medidas para resolver os problemas financeiros da monarquia, através de uma rejeição parcial do pesado ônus das dívidas
herdadas de reinados anteriores.
Ao mesmo tempo, a inflação progressiva causada pela repetida depreciação da moeda foi detida por um retorno ao ouro e à
prata como padrão de valor. Por outro lado, alguns indícios sugerem que a Catalunha e Valência deram sinais de recuperação
econômica muito antes da entrada em cena da nova dinastia.
Para compreender a magnitude da tarefa, temos que destacar os anos sombrios a partir de 1680. Foi nessa época que:
os franceses avançaram para o Sul a partir do Canadá para fundar Nova Orleans;
os bucaneiros ingleses e franceses queimaram e saquearam, em sua passagem pelo istmo, Cidade do Panamá,
Cartagena, Veracruz e Guayaquil.
no Novo México, os índios pueblos se rebelaram e expulsaram os colonos e missionários de uma província que
esteve sob ocupação efetiva por quase um século.
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Por mais desesperadora que a situação econômica pudesse parecer, foi o enfraquecimento da Coroa que ameaçou a
sobrevivência do país. Derrotado pela França na luta pelo domínio na Europa, o Estado Habsburgo caiu vítima de adversários
internos.
O papel relativamente passivo que a Espanha desempenhou na guerra que decidiu seu destino tornou-se totalmente manifesto
no tratado de Utrecht, pois, em uma compensação de sua renúncia ao trono espanhol, o imperador da Áustria recebeu os
Países-Baixos, Milão, Sardenha e Nápoles, e o Rei de Sabóia foi agraciado com a Sicília. Pior ainda, a Grã-Bretanha conservou
Gibraltar e Minorca e obteve o asiento por um período de trinta anos.
Com essa cláusula, foi dado a Grã-Bretanha o monopólio de tráfico de escravos africanos para todo o império espanhol e, mais
ainda, foi-lhe garantido o direito de enviar um navio com quinhentas toneladas de mercadorias para negociar com as colônias
espanholas do novo mundo.
Finalmente, Sacramento, uma colônia à margem leste do rio da Prata, situada num local ideal para contrabando, foi cedida a
Portugal, fiel aliado da Grã-Bretanha. Se o tratado despojou a Espanha de suas possessões europeias que haviam enredado a
monarquia numa guerra constante, a quebra de seu monopólio comercial deveria revelar-se uma fonte poderosa de conflitos
futuros.
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Fonte: Wikimedia
Dica
Para se ter ideia das consequências da divisão entre Portugal e Espanha, assista ao filme “A Missão”, de 1986, com Robert De
Niro, Jeremy Irons, Liam Neeson.
Nos primeiros anos, vários desses cargos foram agrupados nas mãos de um ministro poderoso. Assim, não está claro quando
cada secretariado adquiriu um corpo permanente de funcionários. Em nível provincial, o intendente era a figura mais
importante, o símbolo da nova ordem.
Empregados, inicialmente, em tarefas específicas, somente em 1749 que esses funcionários passaram a ser designados em
toda Espanha, encarregados do recolhimento de taxas, do serviço de intendência do exército, da execução de obras públicas e
do incentivo geral à economia.
O novo tipo de funcionário provou sem dúvida o seu valor, pois a receita pública subiu progressivamente de meros cinco
milhões de pesos em 1700 para cerca de dezoito milhões na década de 1750, para depois subir uma média de 36
milhões de pesos entre os anos 1785-1790.
Fonte: Pixabay.
É a partir desses números que encontramos o segredo do
renascimento político e econômico da Espanha. Era de
conhecimento de todos os ministros e secretários que a
chave para manutenção e um pujante incremento nesse
renascimento deveria ser buscado no Novo Mundo, mas as
aventuras italianas de Isabel Fernace impediram que esses
políticos levassem a cabo muitas mudanças no império
americano.
Retrato de José Del Campillo y Cossío. Retratos de Españoles ilustres, Real Imprenta
de Madrid.
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No Paraguai, haviam estabelecido um virtual Estado dentro do Estado, governando 96 mil índios guaranis, protegidos por sua
própria milícia armada. Em outros lugares como Sonora e as províncias amazônicas de Quito, a ordem dirigia uma série de
unidades missionárias. Igualmente importante, em todas as principais cidades do império, os colégios jesuítas educavam a
elite crioula. Além disso, ao contrário de outras ordem religiosas, os jesuítas preservavam uma relativa harmonia entre seus
membros americanos e europeus.
No todo, exerciam uma enorme influência sobre a sociedade colonial, sustentada pela riqueza que aumentava em decorrência
da administração eficiente de uma série de haciendas localizadas em cada uma das províncias importantes.
O resultado foi uma mudança radical no equilíbrio geopolítico do continente, pois com seu monopólio comercial já rompido
pela abertura da rota comercial através do cabo Horn, Lima, a antiga capital de todo o império da América do Sul, sofreu uma
grande perda de prestígio.
A inclusão do Peru no novo vice-reino, com o propósito de fornecer a Buenos Aires os lucros fiscais de Potosí, preparou o
caminho para a divisão política permanente de toda a zona andina.
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Não restam dúvidas de que o século XVIII testemunhou um papel notável na expansão do comércio transoceânico com a
Europa. Algumas províncias, como o Chile e a Venezuela, até então isoladas e esquecidas, eram agora colocadas em contato
direto com a Espanha através da abertura de novas rotas comerciais.
Ao mesmo tempo, indústria de mineração situadas ao longo das cordilheiras de Sierra Madre e dos Andes experimentaram um
acentuado reflorescimento de sua prosperidade. A base tradicional da expansão do comércio transatlântico precisa ser
ressaltada.
01
A região andina caracterizou-se por igual dependência do metal precioso para financiar seu comércio ultramarino, com uma
produção total de mais de 9 milhões de pesos que fluíam diretamente dos portos de Lima e Buenos Aires, pois, se o último
porto, elevado à condição de capital do vice-reino, podia vangloriar-se de exportações no valor de 5 milhões de pesos em
1796, apenas um quinto provinha das estâncias dos pampas na forma de couros, carne seca e chifres, o restante consistia
de moedas enviadas da fundição de Potosí.
02
No Chile, a história era muito parecida: de um valor total de um milhão de pesos em exportações, o ouro e a prata eram
responsáveis por 856 mil contra 120 mil pesos representados pelo cobre. Mais ao norte, na Colômbia, o ouro respondia por
90% das exportações, num valor de dois milhões.
03
Na América central, no entanto, as remessas de anil da Guatemala contribuíam com 1,2 milhão de pesos, uma soma
próxima dos 1,4 milhão de pesos conseguidos com a cochonilha mexicana e que excedia, em muito, os 250 mil pesos da
produção anual estimada das minas de prata de Honduras. Deixando de lado os corantes, foi o crescimento da produção de
açúcar, cacau e fumo que desafiou o predomínio dos metais no comércio atlântico da Espanha.
04
Na década de 1790, o valor das exportações da Venezuela havia se elevado em mais de 3 milhões de pesos, distribuídos
entre cacau, anil e café.
05
Mas a grande história de sucesso desses últimos anos do século foi a de Cuba, em que, junto ao tradicional cultivo de fumo,
a produção de açúcar se expandiu extraordinariamente após a revolução de Saint-Domingue (Haiti – 1789-1792). Se no
início da década de 1790 as exportações eram estimadas em mais de 3 milhões de pesos, nos anos entre 1815-1819,
atingiram uma média de cerca de 11 milhões, um total que equiparava ao das exportações de prata da Nova Espanha.
Para finalizar, faz-se necessário um último comentário. Nos meados do século XVIII, Campillo havia apontado que as ilhas do
mar dos Caraíbas produtoras de açúcar eram o padrão pelo qual se podia medir o desempenho comercial do império espanhol.
Falta-nos até agora um levantamento geral do comércio colonial, uma tarefa dificultada muito mais pelos frequentes bloqueios
em período de guerra que interrompiam o fluxo regular das mercadorias.
À guisa de comparação internacional, talvez seja útil lembrar que nos anos de 1783 a 1787 a Grã-Bretanha importou das ilhas
das Índias Ocidentais produtos no valor de 3.471,673 libras esterlinas por ano, uma soma equivalente a 17,3 milhões de pesos.
De modo análogo, em 1789, as exportações de açúcar, algodão e café de Saint-Domingue eram estimadas em 27 milhões
de pesos e uma outra fonte avaliava o valor total de produtos enviados das ilhas das Índias Ocidentais francesas em 30,5
milhões de pesos.
Esses números dão uma ideia das realizações dos Bourbons, pois se reunirmos todas as estatísticas das províncias do império
espanhol no Novo Mundo, a soma total das exportações no início da década de 1790 não excede 34 milhões de pesos.
Atividade Objetiva
1. No século XVIII, os Bourbons trataram de assumir uma política de recuperação nacional, visando:
a) a criação de fundos.
b) o aumento populacional e investimentos em guerras.
c) o fortalecimento da Coroa e suas relações com os demais países asiáticos.
d) a modernização econômica do país e restauração dos vínculos monopolistas com a América.
2. Carlos III, rei da Espanha entre 1759 e 1788, implementou profundas reformas – conhecidas como bourbônicas – que tiveram
grandes repercussões sobre as colônias espanholas na América.
Cite, pelo menos, três medidas tomas por meio dessa reforma.
Notas
Carlos II 1
Parece que os sucessivos casamentos entre consanguíneos na família real provocaram tal degeneração que Carlos cresceu
atrofiado, doentio e curto de inteligência, além de estéril.
Suspeitava-se estar sofrendo da síndrome de Klinefelter, o que levou a um sério conflito de sucessão, pois morreu sem filhos e
sem deixar herdeiros para o ramo espanhol dos Habsburgos.
Referências
BETHELL, Leslie; CESCATO,Maria Clara. História da América Latina. São Paulo: EdUSP, 1997.
BLACKBURN, Robin. A construção do escravismo no novo mundo: do Barroco ao Moderno (1492-1800). Rio de Janeiro: Record,
2003.
FURTADO, Celso. A economia latino-americana: formação histórica e problemas contemporâneos. 4. ed. São Paulo: Cia. das
Letras, 2007.
KARNAL, Leandro. Estados Unidos - a formação da nação. São Paulo: Contexto, 2007.
KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007.
PINSKY, Jaime et al. História da América através de textos.10. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
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