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Adubação para Altas Produtividades de Soja

Giulia Ribeiro e Nicolas Sauerwein em


https://blog.agromove.com.br/adubacao-altas-produtividades-soja/

Atualmente, a soja (Glycine max) é a cultura agrícola mais importante do país. A produção
nacional é responsável pelo abastecimento do mercado interno, atuando em variados setores
como indústria alimentícia, produção de óleo vegetal, biocombustíveis e dietas animais, além de
contribuir fortemente com o mercado externo, que representa uma excelente e crescente
oportunidade de negócios para o país (CONTINI et al., 2018). De acordo com Dall ́ Agnol (2016),
no contexto mundial, o Brasil possui significativa participação na oferta e na demanda de
produtos do complexo agroindustrial da soja. Essa participação une-se à responsabilidade social
de se alimentar a crescente população de nosso planeta e com isso, a maior demanda por
alimentos.
Desta forma, e pensando-se também no ganho econômico advindo da cultura, tem-se que o
cuidado com todas as etapas de produção do grão são de extrema importância. Nesse aspecto,
coloca-se que a adubação representa grande parte do sucesso ou insucesso da cultura, por isso,
é necessário que a mesma seja realizada de forma assertiva para obtenção de bons resultados.

Introdução
Dentre os principais fatores que influenciam na produtividade da soja, destacam-se:

• Clima;
• Fertilidade;
• Genética;
• Manejo.
Questões climáticas não podem, em grande parte, serem alteradas, com exceção de casos como
adoção de irrigação e suplementação luminosa, ambos aspectos ainda bem limitados em
contexto nacional. A questão genética deve ser definida anteriormente à instalação da cultura e
após esse fato, também não será possível a intervenção a favor do agricultor. Restam assim, as
decisões de manejo e fertilidade do solo sob responsabilidade do agricultor.
A fertilidade do solo é um dos aspectos de maior impacto na produção e está sempre associada
ao manejo adotado pela propriedade. Ambos, portanto, devem ser realizados com máximo
cuidado para que os nutrientes que a planta necessita sejam fornecidos no momento certo e de
forma correta, facilitando sua absorção e incorporação em seu ciclo.
Nutrientes são definidos como elementos essenciais para que o processo de crescimento e
desenvolvimento de um ser vivo ocorra, eles são passíveis de serem absorvidos pelas estruturas
das plantas, para posteriormente serem utilizados em seu metabolismo. A disponibilização
desses nutrientes ocorre tanto de maneira natural através de reações de disponibilização quanto
por ação antrópica, visando a suplementação dos mesmos, quando necessário.
Os elementos essenciais podem ser divididos em macro e micronutrientes. Os macronutrientes
são aqueles que são exigidos em maiores concentrações pelas plantas, enquanto os
micronutrientes são exigidos em menor concentração, porém todos são elementos essenciais
indispensáveis para que o vegetal complete seu ciclo (FAQUIN, 2005).
Dessa forma, para desenvolvimento de uma agricultura viável e sustentável é de grande
importância que fatores de manejo que envolverão plantio direto, rotação de culturas, mínimo
revolvimento do solo, utilização de plantas de cobertura etc., sejam unidos à aplicação correta
de fertilizantes para se alcançar uma alta produtividade em sua lavoura.
Para isso, veja abaixo as principais recomendações a se considerar nesse processo:

Práticas Corretivas
As práticas corretivas visam melhorar o ambiente edáfico nos quais as plantas se desenvolvem.
Deste modo, para melhorar o aproveitamento da aplicação dos fertilizantes no solo, deve-se
atentar a todos os fatores que necessitam ser corrigidos anteriormente da aplicação dos
mesmos, seja para adequar o pH, aumentar a disponibilização de macro e micronutrientes além
de reduzir a atividade dos elementos tóxicos. Ao corrigir o solo de forma adequada, garante-se
indiretamente uma melhor distribuição das raízes, além de selecionar os organismos benéficos,
em detrimento daqueles que podem causar problemas às culturas (QUAGGIO, 2000).
Dentre as práticas corretivas, temos a calagem, gessagem, fosfatagem e potassagem.

Calagem
A calagem é uma prática indispensável para a obtenção de altas produtividades em solos ácidos
tropicais (PEARSON, 1975). Sua importância deve-se aos seus efeitos sobre a neutralização da
acidez do solo, ao aumento do pH (RAIJ et al., 1977), à redução do alumínio tóxico
(MASCARENHAS et al., 1984), ao aumento da absorção de nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre
(QUAGGIO et al., 1993), ou ainda pelo fato de fornecer cálcio e magnésio como nutrientes
(MASCARENHAS et al., 1976). Além disso, a calagem promove um aumento da saturação de bases
do solo (V%), elevando assim o teor de nutrientes retidos nos coloides do solo.
Para soja, recomenda-se calagem pelos seguintes critérios:

✓ Teores de Ca e Mg < 30 mmolc.dm-3; (camada 20 - 40)

✓ V% menor que 60;


Cálculos da necessidade de calagem:
O cálculo da necessidade de calagem pode ser realizado de duas maneiras, sendo elas a partir do
valor do V% ou o teor de Ca e Mg. A escolha de qual utilizar dependerá do resultado de ambas,
sendo que será utilizado a que atingir maior valor.

• Método de cálculo de acordo com V%


Neste método de cálculo da necessidade de calagem (NC) será calculada a dose necessária em
cada profundidade (0 - 20) e (20 - 40) e, ao fim, realizar a somatória dos dois valores.

Em que:
NC = Necessidade de calagem (t ha⁻¹)
V₂ = Saturação por bases almejada (60%)
V₁ = Saturação por bases atual do solo (%)
CTC = Capacidade de Troca de Cátions em mmolc dm⁻³ [0 - 20 cm]
PRNT = Poder relativo de neutralização total do corretivo (90%)

• Método de cálculo de acordo com teores de Ca e Mg


Neste método, o cálculo está baseado nos teores de Cálcio e Magnésio presentes no solo. Almeja-
se, desta forma, elevar o teor da somatória destes dois nutrientes a 30, de acordo com a seguinte
fórmula:
Em que:
NC = Necessidade de calagem (t ha⁻¹)
Ca = Teor de cálcio no solo dado pela análise [mmolc dm⁻³]
Mg = Teor de magnésio no solo dado pela análise [mmolc dm⁻³]
PRNT = Poder relativo de neutralização total do corretivo (90%)

Entre os principais benefícios da Calagem está a correção do pH do solo e o fornecimento de


cálcio, magnésio e fósforo. Você sabe calcular a Necessidade de Calagem para a sua área? Você
pode aprender no “Guia Prático para melhorar a Produtividade da sua Lavoura – Calagem e
Gessagem”!

e-book Calagem e Gessagem

Gessagem
Os solos tropicais apresentam problemas com acidez subsuperficial e a incorporação profunda
do calcário não é suficiente para controlar essas condições, por isso, recomenda-se a gessagem.
A gessagem atua na correção dos solos de subsuperfície aumentando o teor de Cálcio e Enxofre
e reagindo com o Al3+, deixando-o em uma forma não tóxica às plantas. Com a aplicação, diminui-
se a toxidez causada pelo alumínio e, com isso, há maior desenvolvimento radicular nas camadas
mais profundas e, consequentemente, maior absorção de nutrientes.
Cálculos da necessidade de gessagem:
Há diversas fórmulas para recomendação da dose de gesso, dentre elas, pode- se utilizar o teor
de argila, conforme mostrado a seguir (SOUZA; LOBATO, 1992 apud CHINELATO, 2018):
NG = 5 x teor de argila (g.kg−1) ou NG = 50 x teor de argila (%)

Textura do Solo Dose de Gesso Agrícola (kg.ha-1)

Arenosa (<15% de argila) 700


Média (16% a 35% de argila) 1.200
Argilosa (36% a 60% de argila) 2.200
Muito Argilosa (>60% de argila) 3.200
Tabela 1: Recomendação de gessagem em função da classificação textural do solo para culturas
anuais. Fonte: Adaptado de Sousa, Lobato e Rein (2005).

Caso a saturação por bases em subsuperfície esteja abaixo do necessário para a cultura, pode-se
calcular a dose de gesso com base nela, conforme a fórmula a seguir (VITTI et al., 2004 apud
CHINELATO, 2018).

Em que:
NG = Necessidade de gesso (t.ha-1);
V2 = Saturação por bases desejada (%);
V1 = Saturação por bases atual na camada 20 - 40 cm (%);
CTC = Capacidade de troca catiônica na camada de 20 - 40 cm (mmolc.dm-3).
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Fosfatagem
O fósforo tem alto poder de fixação nos coloides, devido a isso, pequena porção do nutriente fica
disponível à planta. A fosfatagem tem por objetivo fornecer fósforo ao solo para ocupar os sítios
de adsorção que estão livres, favorecendo assim, o aproveitamento da fonte solúvel, que será
aplicada posteriormente.
Cálculos da necessidade de fosfatagem:
A dose de fostatagem (P2O5) deve ser calculada de acordo com a seguinte fórmula:

Para definir o nível crítico de P no solo e a capacidade tampão deve-se consultar a tabela abaixo:

Teor de argila Nível crítico de P Capacidade tampão de P (CTP)


% mg.dm-3 (kg P2O5.ha-1)/(mg.dm-3 de P)
<15 20 5
16-35 20 10
35-60 20 15
>60 20 20
Tabela 2: Tabela de nível crítico (sequeiro) e capacidade tampão de fósforo (resina).
Fonte: Adaptado de Souza et al., (2006).
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Adubação Corretiva de Potássio ou Potassagem


A adubação corretiva de potássio visa elevar o teor de K no solo para níveis adequados para que,
posteriormente, a planta realize melhor aproveitamento do fertilizante aplicado.
Cálculos da necessidade de potássio:
Assim como ocorre na calagem e gessagem, a necessidade de fertilizante a ser utilizado pode ser
calculada por dois métodos. A escolha de qual modo usar dependerá dos resultados, sendo
adotado aquele que obter uma dosagem maior.

• Método de saturação por potássio


O primeiro cálculo para definição de dose de potássio leva em conta o teor de K no solo na
camada 0 - 20 e a CTC do solo. A fórmula é a seguinte:

* Os valores de CTC e K devem ser apresentados em cmolc dm-3.

• Método por nível crítico de K


Essa fórmula, como demonstrado pelo próprio nome, leva em conta o teor crítico de K no solo,
visando elevá-lo. A fórmula para cálculo é a seguinte:
* Os valores de K devem ser apresentados em cmolc dm-3.

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Exigências Nutricionais da Soja e Recomendação por Exportação


A fertilidade do solo é um dos fatores mais importantes para qualquer cultura de interesse
agronômico. A soja, assim como outras leguminosas, possui uma alta demanda por nutrientes e
por água, mas, em um manejo adequado, pode ser autossuficiente no quesito de nitrogênio. A
tabela a seguir apresenta a extração e exportação de nutrientes de um cultivar de crescimento
indeterminado de soja:

Tabela 3: Extração e exportação de macronutrientes primários por cultivar de soja com tipo de
crescimento indeterminado, em equivalentes de N, P2O5 e K2O.
Fonte: Adaptada de Oliveira Júnior et al. (2014).
Tabela 4: Quantidades médias de micronutrientes exportados pela cultura da soja (grãos).
Fonte: Embrapa – Soja 2000; Altman Et Pavinato, 2001.

Tabela 5: Extração e exportação de nutrientes pela soja.


Fonte: EMBRAPA. (2008).

Tabela 6: Extração e exportação de micronutrientes pela soja.


Fonte: Embrapa (2008).

Como pode-se observar nas tabelas acima, a extração e exportação da cultura irá variar conforme
condições genéticas do cultivar e condições do solo, por isso, é necessário utilizar uma tabela de
extração que represente bem as condições de sua lavoura. Para calcular a dose a ser aplicada
utilizamos o cálculo:
Dose = produtividade esperada x extração de nutrientes pelos grãos
Como forma de exemplificar o cálculo a ser feito para recomendação de doses de N, P2O5 e K2O,
utilizando aos dados da tabela 5, para produção de 4,5 t de soja, temos:

• Dose de N = 4,5 (produtividade esperada) x 51 (exportação) = 230 kg


• Dose de P2O5 = 4,5 (produtividade esperada) x 10 (exportação) = 45 kg
• Dose de K2O = 4,5 (produtividade esperada) x 20 (exportação) = 90 kg
Os resultados acima representam quanto a planta retirou do solo, porém, a eficiência dos
fertilizantes não é relativa a 100%, por isso, é necessária a aplicação de uma dose superior. Esse
resultado deverá ser ajustado de acordo com o fator de eficiência (F) de cada nutriente. Porém,
para definir este fator, vários pontos devem ser considerados, como por exemplo, nutriente em
questão e fonte que será utilizada. Para definição exata do fator a se utilizar, deve-se analisar
cada situação separadamente. De maneira simplificada, a tabela abaixo representa o fator F para
alguns nutrientes.

Tabela 7: Fator F para alguns nutrientes.


A tabela abaixo representa outros exemplos de extração e exportação de nutrientes por algumas
variedades de soja, levando-se em conta a produtividade que foi obtida:

Tabela 8: Extração e exportação de macro e micronutrientes em diferentes cultivares de soja.


Fonte: Embrapa.
Fases de desenvolvimento e relação com nutrientes
A atenção aos estágios de desenvolvimento das plantas, divididos em estádios fenológicos, é
fundamental para que se conheça o momento em que a planta mais exige determinado
nutriente, garantindo assim, uma boa nutrição durante todo seu ciclo.

Figura 1: Fases de desenvolvimento da soja.


Fonte: Disponível em https://www.agro.bayer.com.br/
Segundo Vitti, (s.d.), as adubações devem ser realizadas nas épocas de maior exigência de acordo
com a cultura, além de sempre considerar a dinâmica do nutriente no solo e na planta. Os gráficos
abaixo representam as marchas de absorção dos macronutrientes na cultura, segundo dados da
Embrapa:
Gráficos: Marchas de absorção dos macronutrientes na cultura. Fonte: Embrapa.

Dados de extração dos micronutrientes e definição detalhada dos estádios fenológicos podem
ser consultados através do link: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-
/publicacao/1047123/estadios-fenologicos-e-marcha-de-absorcao-de-nutrientes-da-soja.
Uma das formas de analisar se a planta está com todos os nutrientes nos teores adequados para
uma boa produtividade se dá pela análise foliar. A época e a forma de fazer essas análises variam
por cultura: para a soja, recomenda-se retirar o terceiro trifólio totalmente expandido contado a
partir do ápice da planta, no início do florescimento. Para uma amostragem correta, recomenda-
se analisar pelo menos 30 plantas por talhão.
A análise visual também auxilia na detecção de problemas nutricionais na planta. Para isso, é
necessário entender qual sintoma está relacionado a cada nutriente, a tabela abaixo resume
estes pontos:
Nutriente Sintoma de deficiência Importância nutricional

- Está associado ao crescimento


- Amarelecimento das folhas velhas
vegetativo das plantas
- Morte prematura de folhas e/ou plantas
- Participa ativamente da fotossíntese
Nitrogênio - Vagens pequenas
- Participa da síntese de proteínas
- Grãos leves
- Aumenta peso (densidade de grãos)
- Tombamento de plantas
- Aumenta porcentagem de óleo
- Estimula o desenvolvimento das
raízes
- Coloração verde escura ou arroxeada - Aumenta o teor de proteínas nos
das folhas novas grãos
Fósforo
- Vagens frágeis e finas - Atua na fotossíntese e respiração
- Dificulta absorção de N e K - Participa no processo de
transferência de energia e no
enchimento de grãos
- É responsável pelo uso eficiente da
água (regula abertura e fechamento de
- Margens das folhas inferiores (velhas)
estômatos)
amareladas, alaranjadas ou bronzeada
Potássio - Aumenta a resistência das plantas ao
- Manchas marrons pela planta
acamamento
- Clorose internerval amarelada
- Aumenta a tolerância a pragas e
doenças
- Clorose nas folhas novas
- É essencial para o crescimento e
- Redução do crescimento radicular
aprofundamento das raízes
- Senescência prematura e pontos
- Vital para a germinação do grão de
Cálcio marrons pela planta
pólen
- Diminuição do crescimento em áreas
- Faz parte da parede celular dos
meristemáticas
tecidos vegetais

- É essencial para a fotossíntese


- Folhas inferiores (velhas) com clorose
internerval - É componente da clorofila (pigmento
Magnésio participante ativo do processo
- Crescimento reduzido da planta
fotossintético)
- Problemas na fixação biológica de N
- Auxilia na absorção de fósforo
- Participa na composição das
- Amarelecimento das folhas novas proteínas
- Crescimento reduzido da planta - Auxilia na síntese de enzimas e
Enxofre vitaminas
- Diminuição de absorção de N
- Participa na formação dos grãos
- Atua no processo de divisão celular
- Folhas avermelhadas no final do ciclo
- Auxilia no transporte de carboidratos
- Plantas menores e contorcidas
Boro - Participa na formação dos grãos
- Manchas amarelas em folhas
superiores - Importante para a germinação das
sementes
- Folhas com clorose internerval e pontos
- Participa no crescimento das plantas
necróticos
Zinco - É ativador de inúmeras enzimas
- Crescimento reduzido da planta
- Participa na formação dos grãos
- Encurtamento dos internódios
- Atua no sistema enzimático

- Clorose internerval nas folhas novas - Têm ação relevante na fotossíntese


(sintomas semelhantes à deficiência de - Acelera a germinação da semente
Manganês magnésio)
- Favorece a maturação das plantas
- Menor crescimento das plantas
- Favorece reversão de “Yellow
Flashing”

- Auxiliam na fixação biológica de N


- Diminuição da fixação biológica de N - Mais importantes nas culturas de
Cobalto e Molibdênio - Clorose em margens foliares e necrose leguminosas
internerval. - Formam enzimas e vitaminas
essenciais às plantas

Tabela 9: Nutrientes, deficiências e importância.

Raio X: veja a sua Planta com outros olhos!


Identifique a deficiência nutricional da sua lavoura de acordo com os sintomas apresentados,
região em que aparecem os sintomas, cor, características dos sintomas.

e-book Raio X
Adubação N-P-K
Fixação biológica - N
A soja é uma planta autossuficiente quando se trata de adubação nitrogenada, devido à sua
capacidade de possuir simbiose com organismos capazes de fixar nitrogênio da atmosfera. Desta
forma, é importante ressaltar que, para a simbiose ocorrer, é necessário que o ambiente
radicular esteja propício à infecção pelas bactérias, além do solo possuir essas bactérias em
quantidades adequadas. O processo de adicionar as bactérias fixadoras de N ao solo é
denominado de inoculação.
Segundo Câmara (2019) a fixação biológica de N pode garantir à cultura de 250 a 375 kg.ha-1 de
nitrogênio, que representa cerca de 75% do N total requerido pela cultura. O restante, ainda
segundo Câmara, provém da matéria orgânica do solo e também da fixação proporcionada por
descargas elétricas, que representam até 40 kg.ha-1 de nitrogênio por ano.
Porém, para que a FBN ocorra de maneira correta alcançando seu máximo potencial é necessária
a presença de outros nutrientes. Segundo Câmara ([20--?]), tanto macro quanto micronutrientes
podem influenciar na melhor nodulação e maior fornecimento de N às plantas. Suas
especificidades estão reportadas a seguir:

• Fósforo (P): fornecimento de ATP para os processos da FBN, como a nitrogenase;


• Cálcio (Ca): crescimento radicular;
• Potássio (K): translocação e regulação osmótica;
• Magnésio (Mg): clorofila e fotossíntese;
• Enxofre (S): formação de nódulos e grupos Fe - S;
• Ferro (Fe): transporte de elétrons e composição da leghemoglobina;
• Cobalto (Co): cobalamina, formadora da vitamina B12 que é importante na formação da
leghemoglobina;
• Níquel (Ni): urease e hidrogenase;
• Boro (B): divisão celular;
• Zinco (Zn): síntese de leghemoglobina;
• Molibdênio (Mo): nitrogenase, constituinte da molibdato - ferro - proteína;
• Cobre (Cu): ativador enzimático.
O fornecimento desses elementos dependerá especificamente do nutriente em questão e do
manejo adotado pelo agricultor, mas no geral são adicionados ao sistema através das práticas
corretivas, tratamento de sementes, adubação de plantio e adubação foliar.
Figura 2: Variação da nodulação durante o ciclo fenológico da soja.
Fonte: Câmara (2014).
Além dos pontos relacionados à inoculação eficiente e realizada de maneira correta, boa nutrição
das plantas e fornecimento dos nutrientes necessários à nodulação, a coinoculação com
Azospirillum brasiliensi é um terceiro fator relacionado ao tema, com relação direta no sucesso e
contribuindo para melhores resultados da fixação biológica de N.
Adubação de plantio - P
A disponibilidade de fósforo no solo deve ser corrigida pela fosfatagem, após essa ação os valores
ficarão adequados para receber a adubação fosfatada. A recomendação de dose será calculada
pela exportação da cultura, como já explicado, ou por meio das recomendações técnicas dos
boletins. Recomenda-se que o produto seja aplicado na linha de plantio da cultura em busca de
se aumentar a eficiência do fertilizante fosfatado, visto que o fósforo é um nutriente com alto
poder de fixação. Diminuindo-se a área de contato, diminuirá a retenção e aumentará o teor de
P2O5 disponível à planta.
Junto ao fósforo recomenda-se a aplicação de 1 kg de boro e 2 kg de zinco na operação de
adubação no sulco de plantio.
Adubação em área total - Potássio
A disponibilidade de potássio deve ser corrigida anteriormente por meio da potassagem, como
já explicado anteriormente, após essa ação os valores ficarão adequados para receber esta
adubação. A recomendação de dose é calculada de acordo com a exportação da cultura, que
varia em média, de 20 a 24 kg.ha-1 de K2O por tonelada de soja que se deseja produzir. Como
fonte de potássio indica-se o uso de KCl, esse produto apresenta garantia de 60% e é o mais
utilizado na agricultura. Nesta operação recomenda-se também a aplicação de 1,5 kg de boro
junto à aplicação do fertilizante potássico.
Adubação Ca, Mg e S
O fornecimento destes macronutrientes secundários, geralmente, já está associado ao uso dos
corretivos do solo, em que, por meio da calagem será fornecido Ca e Mg para a cultura e através
da gessagem o fornecimento de S.
No caso do S, pode ser requerida a complementação por meio de uma aplicação extra de alguma
fonte de enxofre. A recomendação, assim como dos demais nutrientes, baseia-se na extração da
cultura. Para a soja utiliza-se um valor médio de 5 a 7 kg/ha para cada tonelada de grão
produzida.

Recomendação com base em boletins


A recomendação de adubação por meio das extrações de nutrientes pela planta é apenas um dos
meios disponíveis para se fazer uma boa adubação. Outro meio disponível é a recomendação
com base nos boletins de adubação de cada região. Por meio deles será possível interpretar os
níveis de fertilidade de seu solo e com isso definir em qual faixa o mesmo se encontra. Unindo-
se essa informação com a produtividade esperada será possível definir a quantidade de
fertilizante a ser utilizada em sua lavoura. É importante lembrar que cada região tem seus
métodos de análises e, por isso, seus boletins regionais. Utilize o mais adequado para sua
localidade.
O boletim 100 e o Boletim Cerrado são alguns dos mais utilizados no Brasil, eles estão disponíveis
para consulta e download nos respectivos links:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5330749/mod_resource/content/1/Boletim%20T%C3
%A9cnico%20100%20-
%20Recomenda%C3%A7%C3%B5es%20de%20Aduba%C3%A7%C3%A3o%20e%20Calagem%20p
ara%20o%20Estado%20de%20S%C3%A3o%20Paulo.pdf
e
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/555355/1/Cerrado-Correcao-
solo-adubacao-ed-02-8a-impressao-2017.pdf.
Demais boletins, como por exemplo, Boletim Paraná não estão disponíveis na versão web, para
seu uso é necessário adquirir a versão impressa do mesmo.

Adubação micronutrientes
A aplicação de micronutrientes é essencial para se atingir altas produtividades na cultura. Dentre
os micronutrientes, recomenda-se, segundo a EMBRAPA a aplicação de 1 a 2 kg ha-1 de boro; de
4,0 a 6,0 kg ha-1 de zinco; de 2,5 a 6,0 kg ha-1 de manganês e de 0,5 a 2,0 kg ha-1 de cobre via solo.
Esta adubação pode ser complementada através da adubação foliar.
A adubação foliar está, na maioria das vezes, associada ao complemento (quando parte já foi
adicionada ao tratamento de sementes ou ao fertilizante utilizado no plantio ou cobertura) ou à
aplicação total para suprimento de determinado micronutriente demandado pela cultura.
É importante se atentar às doses recomendadas, às fontes que serão utilizadas e ao período ideal
de aplicação dos mesmos para evitar problemas de toxidez que podem ser causados. A tabela
abaixo apresenta uma recomendação de aplicação foliar de micronutrientes e complementação
de P para a cultura da soja, feita pelo Dr. Godofredo César Vitti:

Tabela 10: Adubação foliar. Fonte: Dr. Godofredo César Vitti.

Conclusão
Conforme visto, é imprescindível que os nutrientes estejam presentes no cultivo de forma
correta, com boa disponibilidade no solo, em quantidades adequadas e fornecidas no momento
correto para que a cultura exerça seu potencial produtivo. Tudo isso aliado a boas práticas de
manejo do solo. Assim, a adubação, e no caso da soja, a inoculação são processos fundamentais
para que a cultura alcance bons patamares produtivos, e um bom retorno financeiro ao produtor.
Caso tenha interesse em se aprofundar mais no tema acesse outros posts já publicados a
respeito de conteúdos complementares a este texto, como “Práticas corretivas para a cultura
da soja”. Em breve também lançaremos o tema: “Adubação para altas produtividades de
pastagens”, fiquem ligados!
Site: www.gape-esalq.com.br Telefone: (19)
3417-2138. e-mail: [email protected]
Instagram: @gape.esalq
>> As práticas corretivas (calagem, gessagem e fosfatagem) e adubação corretiva com potássio
melhoram o ambiente, visando a correção do perfil do solo, para aumento na absorção de água
e de nutrientes na cultura da soja. Acesse o artigo "Práticas corretivas para a Cultura da Soja" e
saiba mais a respeito das principais práticas corretivas para a cultura da soja!
>> A adubação fluida é uma modalidade de adubação que apresenta diversas vantagens para os
produtores rurais e futuro promissor no contexto da agricultura nacional, sendo cada vez mais
adotada. Assim, para saber mais a respeito de adubação fluida, acesse o artigo "Fertilizantes
Fluidos"!
>> A dessecação da soja é uma interferência essencial na cultura para casos em que a colheita
deve ser antecipada, tanto para garantir a qualidade do grão e ter uma homogeneidade na
colheita, quanto para poder realizar o plantio da segunda safra com uma melhor janela de
chuvas. Acesse o artigo "Dessecação da Soja: qual o melhor momento" e aprenda um pouco
mais sobre este processo!
>> As práticas corretivas têm por objetivo melhorar o ambiente edáfico ao desenvolvimento de
plantas. Além disso, são capazes de fornecer nutrientes, aumentar a disponibilidade destes e a
eficiência de futuras adubações. Acesse o artigo "Práticas Corretivas em Pastagens" para saber
mais sobre as diferentes práticas corretivas realizadas em pastagens!
>> Quer saber mais sobre Mercado Futuro? Leia o artigo "Mercado Futuro do Boi Gordo e
Commodities: 7 cuidados básicos" do Alberto Pessina.

Você quer aprender sobre Mercado Futuro e Opções de Futuros na Pecuária de Corte?
Aprender a proteger sua produção 🐂 das oscilações do mercado! Como garantir uma
reposição de animais utilizando o Mercado Futuro?

>> Leia mais em: “Por que devo saber o meu custo?”. Onde Alberto Pessina responde as
principais dúvidas sobre gestão de custos.
>> Leia mais entrevistas em: “Margem Bruta e Eficiência Comercial”. Onde Alberto
Pessina explica sobre Margem Bruta e Eficiência Comercial.
>> Leia mais entrevistas em: “Como melhorar os resultados da empresa rural?”. Onde Alberto
Pessina explica que precisamos analisar uma série de fatores que influenciam na produtividade
e rentabilidade do negócio para atingir bons resultados. E é fundamental se ter uma boa gestão
das atividades da propriedade rural.
>> Assista nossos webinars em https://blog.agromove.com.br/webinars/

Referências
CAMARA, Gil. SOJA: INOCULAÇÃO e COINOCULAÇÃO Agroadvance, [S. l.], p. 1-49, 14 ago. 2019.
FAQUIN, Valdemar. Nutrição mineral de plantas. 2005.
QUAGGIO, José Antonio. Acidez e calagem em solos tropicais. Instituto Agronômico, 2000.
VITTI, Godofredo Cesar; SGARBIERO, Eduardo. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE SOJA E MILHO.
Piracicaba: Esalq, [s.d ]. 268 slides, color, 25 x 20.

>> Você conhece os Simuladores


Econômicos da Agromove? Eles ajudam a
preparar um bom planejamento e simular
cenários.

Simulador para Cria, Recria e Engorda de Bovinos


Simulador para Confinamentos

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