Projeto de Implantação de Lavoura de Café

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA


CAMPUS RIO PARANAÍBA
AGR 402 – Culturas II
Professor Leonardo Aquino

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE LAVOURA DE CAFÉ

Gabriel Henrique Coutinho 3884


Erik Augusto Pereira – 4483
Antônio Sérgio Souza - 2213

Rio Paranaíba, 2019.


INTRODUÇÃO

Este projeto trata do levantamento da implantação de uma lavoura de 50 hectares


de café na região do Alto Paranaíba, no município de Rio Paranaíba, próximo ao distrito
de Chaves, na Fazenda Gloria, Figura 1. Neste projeto será considerado a demanda de
mudas de acordo com o espaçamento ideal para a cultivar Catuaí Vermelho IAC 144,
sendo detalhado a correção e preparo inicial do solo, assim como a adubação de
implantação e manutenção dos três primeiros anos, sendo esperado uma produtividade
inicial de 50 sacas por hectare, sendo considerado os principais manejos fitossanitários.

Figura 1 – Imagem de satélite da Fazenda Gloria com indicação do local de implantação.

CLIMA

O município de Rio Paranaíba, na mesorregião do Alto Paranaíba Minas Gerais,


apresenta um clima quente e temperado. Sendo o clima um dos principais aliados do
produtor de cafés especiais, mas também é um dos fatores limitantes da cultura.
Segundo descrito no manual de implantação de café da EMATER 2016, a temperatura
média de aptidão para o cafeeiro arábica está entre 18 ºC e 23 ºC.
Sendo que regime de chuvas considerado ideal está entre 1.200 mm e 1.800 mm
anuais, para permitir a exploração comercial da cultura. É importante que a precipitação
esteja distribuída de forma que atinja os períodos de desenvolvimento vegetativo e
frutificação.
O cafeeiro da espécie arábica pode suportar um déficit hídrico de até 150 mm,
sem grandes prejuízos, desde que ocorra no período de repouso vegetativo. Em termos
de altitude para o café arábica, recomenda-se o plantio em áreas entre 600 m e 1.200 m
de altitude, pela influência que exerce na longevidade, na produtividade da lavoura e na
qualidade da bebida.
As terras de Rio Paranaíba atendem este requisito de sendo que há muito menos
pluviosidade no inverno que no verão. O clima é classificado como Cwa de acordo com
a Köppen e Geiger, com altitude média de 1100 m, e pluviosidade média anual de 1533
mm, Gráfico 1.

Gráfico 1 - Fonte: pt.climate-data.org

O mês mais seco é junho e tem 12 mm de precipitação. Apresentando uma média


de 308 mm, o mês de dezembro é o mês de maior precipitação.
O mês mais quente do ano é fevereiro com uma temperatura média de 22.3 °C.
Ao longo do ano Junho tem uma temperatura média de 17.6 °C. Durante o ano é a
temperatura média mais baixa.

(°C) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura 22.2 22.3 21.3 19.7 18.1 17.6 18.6 20.1 21.3 21.5 21.4 20.7
média
Temperatura 16.9 16.8 15.8 13.8 11.5 10.6 11.5 13.2 15 16.1 16.6 15.4
mínima
Temperatura 27.6 27.9 26.8 25.6 24.7 24.6 25.8 27 27.6 27 26.3 26.1
máxima
Chuva (mm) 278 197 182 80 32 12 14 13 49 152 216 308
Fonte: pt.climate-data.org
A diferença entre a precipitação do mês mais seco e do mês mais chuvoso é de
296 mm. As temperaturas médias, durante o ano, variam 4.7 °C.

ESPAÇAMENTO

Espaçamento entre linhas: 3,80 m


Espaçamento entre plantas: 0,60 m

MUDAS
1 planta --- 2,28 m²
X --- 10.000 m²
X = 4378 plantas/hectare

Considera se 5% da área para carreadores, assim esse percentual de mudas


que são desconsiderados serão destinadas a replanta.

CORREÇÃO DO SOLO

O solo pressente na área de plantio é classificado como Latossolo Vermelho-


Amarelo distrófico com textura argilosa, tendo as seguintes características químicas
representadas na tabela abaixo:

Tabela 1: Analise química do solo

Pronf pH MO P K Ca Mg Al H+Al V SB

(cm) CaCl2 % mg/dm³ cmolc cmolc cmolc cmolc cmolc (%) cmocl

0-20 4,8 6,2 2,0 0,17 3,4 0,9 0,1 6,8 39 4,4

CALAGEM

A calagem em área total visa corrigir a camada de solo de 0 a 20 cm de


profundidade, aplicando-se a quantidade de calcário necessária para elevar a 60% o
índice de saturação de bases na referida camada. Pode ser feita em duas etapas,
compreendendo a distribuição seguida da incorporação do corretivo. A forma de
incorporação dependerá da disponibilidade de máquinas e da topografia do terreno,
sendo que a mais utilizada é a incorporação por meio da aração e da gradagem.
NC = [T * (V2 – V1)] / 100
NC = [11,2 * (60 – 39) / 100
NC = 2,352 t / ha
QC= (100/PRNT) * NC
QC = (100/90) * 2,352
QC = 2,6 t / ha

PREPARO DO SOLO

SUBSOLAGEM

Antes de iniciar o sulcamento, deve ser feita uma avaliação das condições físicas
do solo para verificar possível ocorrência de compactação, relacionada ao uso
inadequado de implementos, como arado e grade, no preparo do terreno, tráfego intenso
ou de adensamento, relacionado às características naturais do solo. Para facilitar o
desenvolvimento radicular do cafeeiro e a infiltração de água em solos com esses tipos
de barreiras, é feita a subsolagem, utilizando -se de subsoladores de 3 ou 5 hastes.

ARAÇÃO

É necessário realizar aração do terreno para a incorporação dos corretivos de solo


aplicados em área total, além de recortar o solo até por volta de 20 cm permitindo bom
desenvolvimento radicular.

GRADAGEM

A gradagem niveladora é utilizada após a aração, com o objetivo de destorroar,


nivelar e adensar o solo.

SULCAGEM

Após a marcação das niveladas básicas e dos carreadores em nível, é feito o


sulcamento do terreno. Normalmente são necessárias duas passadas do sulcador, a
primeira mais rasa e a segunda aprofundando o sulco. Nesse caso, o bambu usado como
medida da largura das ruas deve ficar posicionado apenas de um lado do trator. A largura
e a profundidade do sulco devem ser de, no mínimo, 40 centímetros, podendo ser
aumentadas, dependendo dos equipamentos e das máquinas disponíveis.

ADUBAÇÃO DE PLANTIO

ADUBAÇÃO ORGÂNICA

Varia com a disponibilidade da matéria na região do plantio, sendo necessário


uma aplicação de 10 a 20 L esterco curral curtido por metro de sulco. Como foi
disponibilizado 18 toneladas de esterco por hectare para o plantio aproxima se de 12 l/m
linear.

CALAGEM DE SUCO

Segundo recomendações usais de pesquisadores da cafeicultura o ideal de


aplicar de calcário moído por metro linear de sulco é de 300 g.

FOSFATAGEM

Dentre as adubações de plantio, a fósforo tem relevâncias acentuada na boa


formação do cafezal. Devido a todas características que impedem a mobilidade do
fósforo (P) em adubações de cobertura, sua facilidade de adsorção pelos solos de
cerrado, além de sua importância no crescimento inicial da planta, faz com que o plantio
exigem uma fosfatagem em linha de suco com fontes menos reativas, para que seja
fornecido P ao longo dos anos inicias da lavoura. Recomenda-se aplicação de 1 tonelada
do fertilizante Yoorin Master 1S (P2O5 16, Ca 16,0; Mg 6,50; S 6,0; B 0,10; Cu 0,05; Mn
0,30; Si 9,0; Zn 0,55) / ha, pois além de fornecer o P também contém outros nutrientes
importantes para o cafeeiro.

OUTROS
K
Como o solo se apresenta pobre em potássio deve se realizar aplicação cautelosa
para evitar excessos do mesmo que pode vir a causar desiquilíbrios nutricionais. Com
isso, deve se aplicar 50 g/ metro linear de KCl (K2O 60%), correspondendo a 120 Kg/ha.

No plantio deve se fornecer o nitrogênio necessário para o desenvolvimento da


planta no seu primeiro ano de formação. Portanto, deve se utilizar adubos que
contenham a tecnologias de liberam lenta para garantir o fornecimento gradual evitando
uma possível fitoxides por excessos ou até deficiência nutricional. Junto a essa aplicação
pode se fornecer uma fonte de P para o crescimento inicial da planta. Assim
recomendando 50 g/cova do fertilizante Agroblen max – fc 20-30-00 + 5,5 S; 1,0 Ca; 0,3
Mg.

ADUBAÇÃO DE 1º E 2º ANO PÓS-PLANTIO

No período subsequente à implantação da lavoura, e ainda na fase de formação,


compreendido entre o 1º e 2º ano pós-plantio, recomenda-se aplicar o nitrogênio e
potássio nas dosagens sugeridas a seguir, em 3 a 4 parcelamentos durante o período
chuvoso. Os fertilizantes recomendados devem ser aplicados na superfície do solo,
espalhados sob a “saia” do cafeeiro, região onde está a maior parte das raízes
absorventes. No primeiro e segundo anos do pós-plantio do cafezal, fica dispensada a
adubação fosfatada, desde que o fósforo tenha sido fornecido nas doses recomendadas,
no plantio.

ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO

No plantio deve se fornecer o nitrogênio necessário para o desenvolvimento da


planta no seu primeiro ano de formação. Portanto, deve se utilizar adubos que
contenham a tecnologias de liberam lenta para garantir o fornecimento gradual evitando
uma possível fitoxides por excessos ou até deficiência nutricional. Junto a essa aplicação
pode se fornecer uma fonte de P para o crescimento inicial da planta.
• 50 g/cova do fertilizante Agroblen max – fc (20-30-00 + 5,5 S; 1,0 Ca; 0,3 Mg)
A adubação de cobertura após plantio será em parcela única aos 60 DAP:
• 20 g / planta de sulfato de amônio.

ADUBAÇÃO PRIMEIRO ANO

Na adubação de primeiro ano, deverá ser executada em 3 parcelas, nos meses


de setembro na pré-florada, novembro e janeiro, sendo aplicado 210 kg/ha de N e 158
kg/ha de K2O, ou seja:
1ª setembro: 60 g/planta de 20-00-15
2ª novembro: 80 g/planta de 20-00-15
3ª janeiro: 100 g/cova de 20-00-15

ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO

De acordo com a Fundação Procafé a demanda para produção/saca de café


beneficiado, está na ordem de 6,2 kg de N, 0,61 kg de P2O5 e 5,9 kg de K2O, tendo em
vista a maior demanda e considerando as perdas provenientes durante o processo de
adubação, neste projeto estamos adotando a seguinte demanda de 8,5 kg de N, 0,86 kg
de P2O5 e 6,5 kg de K2O para cada saca produzida, sendo previsto a produção de 50
sacas de café a partir no 3º ano, a adubação recomendada será de 425 kg de N, 96 Kg
de S, 43 kg de P2O5, 325 kg de K2O, sendo aplicados de 3 a 4 parcelas.

MANUTENÇÃO

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS

A capina de forma sistemática e em área total tem sido substituída pelo uso de
roçadas nas entrelinhas, sendo a linha de plantio mantida sempre no limpo, por meio de
enxada ou pela aplicação de herbicidas. A largura da trilha deve ser de pelo menos 40
cm de cada lado, devendo ser aumentada, acompanhando a expansão da projeção da
copa. Durante o período seco, o mato nas entrelinhas deve ser mantido baixo, para
reduzir a transpiração e para evitar a concorrência por água. Já no período chuvoso,
quando a disponibilidade de água não é limitante, admitem- -se roçadas mais leves, sem
prejuízos para o cafeeiro.
MANUAL

Os métodos de controle manuais interventivo das plantas daninhas,


(plantas que escaparam), são a capina com enxada e a roçada com
foice, cuja aplicação correta no período adequado, promove a redução
da população e das interferências dessas espécies sobre a lavoura
cafeeira.

MECÂNICO

ROÇADA DA ENTRE LINHA

Indica-se a utilização da roçadora ecológica, sendo o implemento mais


utilizado na cafeicultura atualmente, pois diminui a disseminação de
sementes de plantas daninhas, sendo usada em qualquer época antes
do seu florescimento e frutificação, evitando a formação de processo de
erosão do solo. Deve ser utilizada no período chuvoso e quente do ano
em cafezais com espaçamentos mais largos. Com manejo adequado é
possível manter as plantas daninhas vegetando com porte controlado e
ter a deposição de resíduos vegetais após o corte, formando cobertura
morta sobre a superfície do solo.

0 A 1° ANO

QUÍMICO
PRÉ-EMERGENTE

• Oxifluorfen (Goal BR) – Dose aplicada: 4 L/ha.

Observação: Não atingir as mudas novas diretamente, caso aconteça


deve-se lavar com água após a aplicação.

PÓS-EMERGENTE

Plantas de folha estreita (gramíneas)


• Haloxifope metílico (Verdict) – Dose aplicada: 0,8 L/ha.
Observação: Faz o controle de folhas estreitas em pós-emergência,
sendo muito seletivo para cafeeiros, mesmo sobre mudas em pós-
plantio.
Plantas de folha larga
• Chlorimuron ethil (Classic) – Dose aplicada: 0,15 Kg/ha.
Observação: Tem pouca toxidade para o cafeeiro e pode ser usado em
associação com herbicidas de folha estreita.

1° ANO

• Glifosato (ZAPP QI 620) – Dose aplicada: 2,0 L/há + Flumioxazina


(FLUMYZIN 500) - Dose aplicada: 250 g/ha

Observação: Cuidado com aplicação, evitar derivas pois causara


intoxicação do cafeeiro.

2° ANO

QUÍMICO
• Glifosato (ZAPP QI 620) – Dose aplicada: 2,0 L/ha

Observação: Cuidado com aplicação, evitar derivas pois causara


intoxicação do cafeeiro.

Deve ser feito aplicação de 150 ml/ha de Indaziflam 500 g/L em faixa,
com uma distância de 0,5 m a partir da copa do cafeeiro para o controle
de plantas daninhas. Sendo preservada a faixa central da linha do café
onde será plantado Brachiaria ruziziensis, que terá controle com
roçadora ecológica.

MANEJO FITOSSANITÁRIO
PRAGAS

Bicho mineiro

• Abamectina e Clorantraniliprole (Voliam Targo). Dose aplicada: 0,5


L/400 litros de calda. Realizar no máximo 2 aplicações com
intervalos de no mínimo 60 dias.
Época de aplicação: Fazer a aplicação assim que a praga for
identificada, ou fazer aplicações foliares no período de intenso
crescimento vegetativo, preferencialmente até fevereiro, ou quando
necessário, no início da infestação nas primeiras folhas com sintomas
de ataque.
• Tiametoxan (Actara 250 WG)
Época de aplicação: aplicar no período de novembro a março
dependendo do histórico de ataque da praga na área. Usar a menor
dose em períodos de baixa infestação. Fazer aplicação através de
esguicho no solo sob a copa do cafeeiro com 50 mL / planta (dose de
1400 a 200 g p.c./ha) ou através de gotejo no solo sob a copa do
cafeeiro via água de irrigação (dose de 2000 g p.c./ha), considerando a
área abrangida por turno de rega, através do cálculo e administração da
quantidade de produto necessária para a aplicação da dose
recomendada por hectare e seguindo as instruções do fabricante para
a regulagem do equipamento dosador

DOENÇAS

Olho Pardo – Cercospora coffeicola

• Piraclostrobina (Comet) – Dose indicada: 0,6 a 0,8 L / 400 litros de


calda. Realizar no máximo 2 aplicações em intervalos de 60 dias.
Época de aplicação: Aplicar preventivamente no mês de novembro um
fungicida cúprico, seguindo-se com a aplicação em dezembro de Comet na dose
de 0,8 L/400 litros de calda em condições de alta infecção por Cercospora e
reaplicar na dose de 0,6 L/400 litros de calda caso a infecção torne a subir.
Seca dos ponteiros – Phoma costaricensis

• Boscalida (Cantus) – Dose indicada: 150g/400 litros de calda.


Realizar 3 aplicações.
Época de Aplicação: Iniciar as aplicações no aparecimento dos primeiros
sinais da doença.

Mancha areolada – Ascochyta coffea

• Mancozebe e Oxicloreto de Cobre- Dose aplicada: 2 kg/400 litros de


calda + Tebutiurom (Cuprozeb + Viper). Dose aplicada: 0,75 L/400
litros de calda. Realizar 2 aplicações com no máximo 30 dias de
intervalo.
Época de Aplicação: A aplicação deverá acontecer assim que os primeiros
sinais da doença forem encontrados.

Ferrugem do cafeeiro – Hemileia vastatrix

• Azoxistrobina e Ciproconazol – Dose aplicada: 0,75 l/ 400 litros de


calda.
Época de Aplicação: Iniciar as aplicações preventivamente, antes do
aparecimento dos sintomas da doença. Repetir as aplicações a cada 60
dias.

REFERÊNCIAS

CLIMA RIO PARANAÍBA. Disponível em: <https://pt.climate-data.org/america-do-


sul/brasil/minas-gerais/rio-paranaiba-24965/>.Acesso em 05/05/2019.

MESQUITA, Carlos Magno de et al. Manual do café: implantação de cafezais Coffea


arábica L. Belo. Horizonte: EMATER-MG, 2016. 50 p. il. CDU 633.73(021).

SANTOS, Júlio César Freitas et al. Manejo agroecológico de plantas daninhas da cultura
do café. Porto Velho, RO: Embrapa Rondônia, 2014.

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