Tecnica Protocolo All On Four Esp Isaac Pereira Coelho

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TÉCNICA PROTOCOLO ALL-ON-FOUR


Isaac Pereira Coelho

Porto Alegre
2019
2

Trabalho de especialização de curso em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial


como requisito parcial a obtenção de título de especialista.

Orientador professor Dr. Carlos Henrique Arenhardt

Porto Alegre
2019
3

Dedico este trabalho a minha família por sua capacidade de acreditar em mim.
4

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo, a Deus que sempre está ao meu lado, privilegiando-me a


exercer esta profissão.
Agradeço aos meus professores e ao meu orientador prof. Carlos Henrique
Arenhardt, por me proporcionar e compartilhar o conhecimento e sua amizade.
5

RESUMO

Os implantes osseointegrados em protocolo de carga imediata, feitos em maxilares


ou mandíbulas edêntulas, vêm sendo embasados pela literatura como um
tratamento de sucesso em casos clínicos. Entretanto, a odontologia apresenta
desafios diários na busca pela reabilitação oral. O conceito all-in-four apresenta-se
como uma opção de tratamento de menor complexidade às cirurgias de enxerto
ósseo e na economia de tempo do tratamento. Esta técnica consiste na disposição
de dois implantes axiais na região anterior e dois implantes inclinados na região
posterior, suportando uma prótese. O objetivo deste estudo, é realizar uma revisão
de literatura sobre o sistema all-in-four na reabilitação com carga imediata e a
viabilidade desta técnica.

Palavras-chave: All-on-four, implantes, prótese, carga imediata, protocolo.


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ABSTRACT

Immediate loading osseointegrated implants made in the jaws or edentulous


mandibles have been based on the literature as a successful treatment in clinical
cases. However, the dentistry practice presents daily challenges in the search for
oral rehabilitation. The all-in-four concept presents itself as a treatment option of
less complexity to the bone graft surgeries and in the time saving of the treatment.
This technique consists of the arrangement of two axial implants in the anterior
region and two inclined implants in the posterior region, supporting a prosthesis.
The objective of this study is to perform a literature review on the all-on-four system
in immediate-load rehabilitation and the feasibility of this technique.

Key-words: All-on-four, implants, prosthesis, immediate loading, protocol.


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LISTA DE ABREVIATURAS

Et al. E outros
mm Milímetros
% Porcentagem
N Newton
cm Centímetros
8

LISTA DE FIGURAS

FIG. 1 Radiografia após instalação da prótese protocolo. 11


FIG. 2 Prótese fixa total implantossuportada. 12
FIG. 3 Radiografia de reabilitação com técnica All on four 19
FIG. 4 Moldagem de implantes. 21
FIG. 5 Carga imediata sobre implantes. 25
FIG. 6 Reabilitação mandibular. 29
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INTRODUÇÃO

A modernização da odontologia possibilitou novas linhas de tratamento oral


para pacientes idosos. No Brasil a crescente expectativa de vida aumenta o
mercado de trabalho na área de odontogeriatria, pacientes portadores de prótese
total removíveis e parciais removíveis, demonstram insatisfação com o tratamento
convencional e buscam cada vez mais o conforto e segurança proporcionado pelos
implantes.
O professor Branemark na década de 1960 começou a utilizar implantes
osteointegrados para tratamento de pacientes edêntulos. Na literatura temos a
constatação do sucesso desde o seu princípio. O método utilizado por Branemark
(1969) foi aprimorado no seguimento dos anos assim como suas indicações e
aplicações. Com isso, podem ser observado fatores limitantes para o uso de
implante em reabilitações odontológicas.
O processo de reabsorção óssea alveolar ocorre após a exodontia, sendo
distinto na maxila e na mandíbula. Áreas como o canal mandibular, forame
mentoniano e seio maxilar acabam sendo superficializados devido a atrofia óssea
das arcadas, limitando a indicação da colocação de implante.
Atualmente existem múltiplas técnicas para a reabilitação de pacientes com
maxilares atróficos, o conceito “All-on-four" é uma alternativa a inviabilização de
enxertos ósseos ou uso de membrana para levantamento de seio maxilar. A
técnica consiste na inserção de dois implantes axiais na região anterior e dois
angulados na região posterior, possuindo boa previsibilidade clínica como prevê
Maló (2015).
Diante disto o trabalho tem finalidade de rever a bibliografia pertinente do
conceito all-on-four, e argumentar sobre a segurança e viabilização da técnica.
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REVISÃO DE LITERATURA

A cirurgia de implantes tem mudado de várias maneiras devido às melhorias


de tecnologia de computador. Inicialmente, de acordo com os procedimentos
originais dos implantes do sistema Branemark, onde são estabelecidas linhas guia
na realização da prótese suportada por implante na colocação de aparelhos em
posição vertical, após a elevação do assoalho do seio maxilar. Por outro lado, no
caso da reabilitação interforaminal, um implante distal vertical pode ser colocado
anteriormente ao forame medial sem lesão ao nervo, como também o envolvimento
da região molar/tuberosidade como áreas alternativas confiáveis e previsíveis às
próteses de cantiléver distal ou procedimentos de elevação do seio conforme
Branemark et al.(1969).
Ultimamente, o carregamento imediato de implantes inclinados com uma
restauração provisória foi proposto para o tratamento de maxila atrófica. Estudos
também mostram resultados excelentes para implantes posteriores inclinados e
axiais, de fato, esse protocolo permite o uso de implantes mais longos, melhora a
ancoragem óssea e evita procedimentos de enxerto ósseo, como demonstra
Spinelli et al.(2013), em seu estudo clínico, que apresentou resultados importantes
ao usar dois implantes posteriores inclinados e dois anteriores não inclinados na
chamada técnica All-on-four. Ao invés de grande perda óssea (qualidade e
quantidade) a longo prazo, o software de implantodontia assistida por computador,
é capaz, através de implantes posteriores inclinados, melhorar a distribuição de
carga. Muitos autores relatam que a redução da invasão cirúrgica possibilita menor
tempo de tratamento, menor custo, perfis estéticos naturais e mordida funcional.

Fig. 1. Radiografia após instalação da prótese protocolo


11

Para Rossi et al. 2010, as próteses fixas implantáveis de acordo com os


princípios do All-on-four (Nobel Biocare), tornaram-se uma modalidade de
tratamento aceita em pacientes totalmente desdentados, enquanto o efeito
funcional dessa terapia é limitado. Com o objetivo de avaliar a função muscular de
pacientes totalmente reabilitados All-on-four os autores realizaram um estudo onde
foram avaliados 63 pacientes. Foram reabilitados com sucesso 21 pacientes
utilizando a técnica All-on-four maxilar e mandibular, com prótese estética e
funcional satisfatória, outros 21 pacientes foram reabilitados com dupla prótese
total e outros 21 pacientes eram dentados. A eletromiografia foi realizada durante a
mordida, a mastigação habitual e não habitual e o repouso. Todos os valores foram
padronizados como porcentagem de uma contração voluntária máxima. Os dados
foram analisados através do ANOVA para comparar os grupos e o teste t pareado
foi utilizado para comparação entre os lados dentro de cada grupo. Quanto aos
resultados, todos os grupos apresentaram atividade muscular simétrica. Os grupos
all-on-four e dentados apresentaram padrão de contração da eletromiografia de
superfície (EMG) similar, ou seja, maior a atividade de EMG do músculo masseter
do que dos músculos temporais, diferindo (p<0,05) dos do grupo prótese. Nenhuma
diferença estatística foi encontrada entre os grupos All-on-four e dentados. Tal
similaridade da função muscular mostra que, esse conceito de tratamento, é uma
boa opção para a reabilitação oral.

Em 2011 Maló et al., com bases nas altas taxas de sucesso dos protocolos
de implantes em mandíbulas desdentadas, realizaram um estudo para acompanhar
e documentar pacientes com protocolo cirúrgico e protético com função imediata,
utilizando quatro implantes para apoiar uma prótese fixa de conceito All-on-four
(Nobel Biocare). Esse estudo longitudinal foi realizado em 245 pacientes com
mandíbulas desdentadas com tratamento de restaurações fixas de implantes em
um total de 980 implantes, sendo quatro por pacientes, suportando as próteses
mandibulares fixas de arco completo. Em 13 pacientes falharam 21 implantes
apresentaram taxas de sucesso cumulativas ao paciente de 94,8% e aos implantes
de 98,1% em 5 anos. Após 10 anos de acompanhamento, 93,8% e 94,8%, ao
paciente e aos implantes, respectivamente, com taxa de sobrevivência das
próteses de 99,2%. Os estudos concluíram que o conceito All-on-four de implantes
12

de cara imediata apresenta bons resultados em mandíbulas dêntulas, com altas


taxas de sobrevida nas próteses fixas de arco completo na mandíbula.

Fig. 2. Prótese fixa total implantossuportada

Patzelt et al. 2013, realizaram um estudo afim de avaliar o conceito de


tratamento All-on-four e suas taxas de sobrevida dos implantes e próteses
dentárias fixas e possíveis alterações temporais nos níveis ósseos proximais. Os
autores realizaram uma revisão sistemática de publicações e artigos nas bases
bibliográficas do MEDLINE, a biblioteca Cochrane e o Google, relacionados de
forma independente, extraindo dados e avaliando a qualidade. Tais dados foram
submetidos à análise ponderada pelo quadrado mínimo. Foram identificados 487
artigos relacionados ao assunto, dentre estes, apenas 13 preencheram os critérios
de inclusão do estudo. Um total de 4804 implantes, inicialmente, dos quais 74
apresentaram falha, sendo a maioria (74%) nos primeiros 12 meses. Um total de
1201 próteses foram incorporadas dentro de 48 horas após a cirurgia. A fratura do
FDP totalmente acrílico foi a principal causa de complicação protética. A perda
óssea média foi de 1,3 a 0,4mm em 36 meses. Não houveram dados estatísticos
significativos ao comparar os arcos maxilares vs. mandibulares e axiais vs.
inclinados. Os dados apresentados apontaram resultados positivos a curto prazo
para o conceito All-on-four, porém as evidências são limitadas, pois os dados são
escassos e a qualidade disponível dos estudos clínicos em prazo de 5 anos. Para
uma odontologia baseada em evidências, recomendam-se ensaios clínicos
controlados randomizados e relatados de acordo com CONSORT.

Babbush et al. 2013, desempenhou um estudo sobre uma nova abordagem


pelo conceito de tratamento All-on-four usando implantes Narrow Platform Nobel
13

Active. Mesmo após o desenvolvimento de diversas abordagens para reabilitação


suportada por implantes de maxila e mandíbula atróficas, a maioria destes
tratamentos é cara e demorada. O conceito All-on-four, que é uma exceção dessas
abordagens, usa apenas quatro implantes para suportar uma prótese provisória de
acrílico, aparafusada, sendo entregue no dia da colocação do implante, seguida de
uma prótese definitiva colocada aproximadamente quatro meses depois. Após a
introdução de um novo desenho de implante em 2008, um novo protocolo foi
desenvolvido para o tratamento provisório de pacientes com rebordo severamente
atrófico, usando o conceito All-on-four e implantes 3,5mm de diâmetro. Esse artigo
descreve o protocolo e relata os resultados de 227 implantes após um a três anos
de acompanhamento. A taxa de sobrevivência acumulativa (TSA) foi de 98,7% no
final de três anos com uma taxa de sobrevivência protética (TSP) de 100%. A
associação do conceito All-on-four com os implantes Nobel Active (3,5mm de
diâmetro) possui um alto potencial de tornar-se o tratamento padrão para pacientes
seriamente comprometidos.

Di et al. 2013, em seu artigo, teve como objetivo avaliar o resultado das
reabilitações de carga imediata sobre implantes usando o conceito All-on-four em
pacientes chineses totalmente ou parcialmente edêntulos. Foram observados 69
pacientes com idade média de 56,7 anos, com carga imediata e prótese provisória
protética de arcada total entre os anos de 2008 a 2011. O total de implantes foi de
344 (192 mandibulares e 152 maxilares), destes 240 foram em local de extração
fresca e 104 em locais curados. Foram registradas as complicações e
especificações dos implantes. Desse modo, a taxa de sobrevida dos implantes foi
de 96,2% aos 33,7 meses de seguimento médio (intervalo 12-56 meses). A taxa de
sobrevivência do implante, estatisticamente superior, observou-se na mandíbula
(99% vs. 98,8%; p<0,05). Não houve diferença significativa nas taxas de
sobrevivência para implantes colocados em locais de pós extração e locais
curados. A taxa de perda óssea marginal peri-implantar em implantes verticais e
inclinados foi de 0,7-0,2mm e 0,8-0,4mm, respectivamente. Todos os pacientes
relataram resultados satisfatórios do tratamento. Concluíram que o conceito de
tratamento All-on-four fornece resultados previsivelmente favoráveis em pacientes
desdentados. Além disso, é um tratamento que atende as necessidades
sociodemográficas dos pacientes avaliados. O uso de guia cirúrgica foi restringido
14

devido à limitação de abertura de boca, e foram necessários abutments angulados


nos implantes axiais da maxila.

O objetivo de Barrio et al. 2013, foi fornecer uma documentação detalhada, a


respeito do conceito All-on-four, analisando dados clínicos de cirurgia de
reabilitação em mandíbula, tendo o foco nos resultados clínicos, radiográficos e
eventuais complicações. Foram analisados 16 pacientes sendo 10 mulheres e 6
homens, com idade média de 59 anos, tendo um volume ósseo suficiente.
Registraram dados clínicos, radiográficos e complicações durante o período de 3, 6
e 12 meses. Diante disso, foi encontrado um total de 90% de falha nos implantes
curtos. Após 12 meses de função, a média do nível ósseo foi de 0,83mm com
máximo de 1,07mm. Foram comuns complicações técnicas (15/16 pacientes),
relacionadas, principalmente com desajustes entre o suporte da prótese pré-
fábricadas. Portanto, carregamento de próteses sobre implantes deve ser realizado
na impressão real dos implantes no transoperatório.

Peñarrocha et al. 2013, realizaram uma revisão de literatura em cima de


evidências do uso de implantes inclinados na reabilitação de pacientes com atrofia
maxilar. Foram revisados estudos no período de 1990 a 2010, em pacientes com
maxila atrófica reabilitada. Incluíram-se séries de casos de 10 pacientes
reabilitados com implantes inclinados com acompanhamento de 12 meses após a
cara protética. Os aspectos avaliados foram técnica cirúrgica, tipo de prótese,
tempo de carregamento do implante, taxa de sucesso, perda óssea marginal de
implantes inclinados e axiais, complicações e nível de satisfação do paciente.
Treze estudos foram incluídos, com um total de 782 implantes axiais e 666
inclinados em 319 pacientes. As taxas de sucesso superaram 91,3% em implantes
axiais e 92,1% para implantes inclinados, houve uma taxa de perda óssea marginal
de 0,4mm para 0,92mm nos implantes inclinados e 0,35mm para 1,21mm nos
implantes axiais. Foram relatadas pequenas complicações protéticas e nenhuma
complicação cirúrgica. Verificou-se um alto índice de satisfação em todos os tipos
de prótese (arco fixo, parcial e sobre dentaduras) sobre implantes inclinados. A
literatura demonstra que implantes inclinados isoladamente ou combinados com
implantes axiais em diferentes opções protéticas, apresentam altas taxas de
sucesso, complicações mínimas e alta satisfação do paciente. Cabe ressaltar que,
15

as evidências dos resultados dessa revisão, são limitadas pelo curto período de
acompanhamento, dificultando uma revisão sistemática.

Papaspyridakos P. et al, 2014, descreveu em seu artigo o efeito do


carregamento imediato do implante com próteses fixas em comparação com o
carregamento precoce e convencional na sobrevida, falha e complicações do
implante e da prótese. Foi realizada uma busca eletrônica e manual para
reconhecer ensaios clínicos randomizados controlado (ECR), assim como estudos
prospectivos abrangendo implantes de superfície ásperas e prótese total fixa
implantada para pacientes edêntulos. De 62 estudos selecionados que
preencheram os critérios de inclusão apresentaram 4 ECRs, 2 estudos caso-
controle prospectivo, 22 estudos de coorte retrospectivo e 34 estudos de coorte
prospectivo. Este estudo gerou dados de 2.695 pacientes (2.757 arcos edêntulos)
com 13.653 implantes. Foram agrupados de acordo com o protocolo de
carregamento aplicado; 45 artigos descrevem sobre o carregamento imediato, 8 no
carregamento precoce e 11 no carregamento convencional. As taxas de sobrevida
do implante e da prótese para o protocolo de carga imediata variaram de 90,1% a
100% e 93,75% a 100%, respectivamente (dentro do período de 1 a 10 anos). Ao
combinar carga imediata com colocação guiada de implantes sem retalho, as taxas
de sobrevivência do implante e da prótese variam de 90% a 99,4%. Para casos
feitos com o protocolo de carga convencional, as taxas de sobrevivência do
implante e da prótese variam de 94,95% a 100% e 87,5% a 100%, respectivamente
(dentro do período de 2 a 15 anos). Em casos de protocolo de carga precoce, as
taxas de sobrevivência do implante e da prótese variam de 94,74% a 100% e
93,75% a 100%., respectivamente (dentro do período de 1 a 10 anos). Não foi
verificada nenhuma diferença entre entre maxila e mandíbula. Conclui-se que nos
casos que se faz uso de implantes dentários com superfície áspera, o
carregamento imediato com próteses fixas em pacientes edêntulos resulta em
taxas de sobrevivência e falha semelháveis tanto pata implantes quanto para
próteses, feitos com carga precoce e convencional. A maior parte dos estudos
recomendou, para carga imediata, um torque mínimo de inserção de 30Ncm. Com
todos os protocolos de carregamento de carregamento, a sobrevida foi estimada
em 1 ano do implante foi superior a 99%. Assim mesmo, é necessário ter cautela
16

ao examinar esses dados, pois existem muitos fatores que podem confundir e que
afetam os desfechos do tratamento em cada um dos protocolos de carregamento.

Amoroso et al. 2014, realizou um estudo avaliando a distribuição das


tensões em próteses do tipo All-on-four. Devido ao aumento crescente e contínuo
da demanda por tratamentos protéticos reabilitadores sobre implantes, juntamente
com o sucesso dos implantes ósseo integrados, faz se necessário mais pesquisas
científicas para fortalecer esse tipo de tratamento, principalmente, relacionadas a
distribuição das forças. Diante esse objetivo, analisaram a distribuição das tensões
geradas em diferentes configurações da prótese tipo protocolo, através do método
dos elementos finitos tridimensionais. Foi utilizado dois modelos mandibulares com
auxílio dos programas de modulagem gráfica SolidWorks 2010 (SolidWork Corp.,
Massachusetts, EUA) e Rhinocerus 3D 4.0 (NURBS Modeling for Windows, EUA).
O modelo 1 consiste em uma prótese com quatro implantes dispostos
perpendiculares à crista do rebordo e o modelo 2 em uma prótese All-on-four
(implantes inclinados em 30 graus). A representação da prótese foi em resina
acrílica e a infraestrutura metálica em NICR. Os desenhos tridimensionais foram
exportados ao programa de elementos finitos FEMAP 11.0 para geração da malha.
A carga axial imposta foi de 300N, bilateral sendo 75N em cada dente, oblíqua
150N, unilateral sendo 75N em cada dente, ambos primeiros pré-molares e
primeiros molares. Após a análise no programa NEiNastran 9.2 (Noran
Engineering, Inc., EUA), os resultados foram gerados através de mapas de tensões
de von Mises e tensão máxima principal diferenciados entre cada modelo proposto.
Sendo assim, conclui-se que as próteses do modelo 2, tipo All-on-four,
apresentaram as maiores concentrações de tensões, principalmente, na região do
implante distal.

Balshi 2014, teve como objetivo estudar a avaliação retrospectiva das taxas
de sobrevida do implante em pacientes reabilitados com o protocolo All-on-four de
acordo com os seguintes critérios: mandíbulas desdentadas, sexo e orientação do
implante (inclinado versus axial). Foram selecionados pacientes que tiveram todos
os seus implantes do sistema Branemark colocados por meio do protocolo All-on-
four em um consultório particular após as seguintes classificações: maxila vs.
mandíbula, masculino vs. feminino e inclinados vs. axial, sendo isto realizado
17

diante uma revisão retrospectiva do prontuário dos pacientes. O critério de inclusão


baseava-se em todo implante Brainemark incorporado com protocolo All-on-four do
período de maio de 2005 até dezembro de 2011. Foram construídas tabelas para
determinar as taxas cumulativas de sobrevivência do implante (TCSI). Os arcos,
gêneros e orientações dos implantes foram comparados estatisticamente com
ANOVA. Foram contabilizados 152 pacientes, compreendendo 200 arcos (800
implantes), durante o período pré-determinado para inclusão no estudo. A TCSI
geral foi de 97,3% (778 de 800), a TCSI dos implantes maxilares foi 96,3% (289 de
300) e a TCSI dos implantes mandibulares foi de 97,8% (489 de 500). Já os
pacientes masculinos obtiveram uma taxa de 98,1% (251 de 256) e os femininos
96,9% (527 de 554). Quanto a orientação do implante, os inclinados possuíram
97,3% (389 de 400) sendo a mesma dos axiais. Foram consideradas insignificantes
todas as diferenças estatisticamente. A taxa de sobrevida da prótese foi
estabelecida em 99%. Portanto, os resultados sugeriram que mandíbula edêntula,
gênero e orientação do implante não são parâmetros de grande significância na
formulação de um plano de tratamento All-on-four. Apesar disso, as altas taxas
cumulativas de sobrevivência do implante encontradas em cada varíavel
observada, indicam que o tratamento All-on-four seja uma opção viável aos
protocolos mais extensos existentes em nossa prática clínica, tendo em vista a
reabilitação de maxilares e/ou mandíbulas edêntulos.

Maló et al. 2014, escreveu em seu estudo avaliativo os resultados a longo


prazo do tratamento feito pelo conceito All-on-four (Nobel Biocare AB) para a
reabilitação de mandíbula desdentada, avaliando níveis de osso marginal e os
indicadores de risco de falha. Foram observados os resultados clínicos e
radiográficos, após o protocolo All-on-four, em um acompanhamento com duração
de sete e cinco anos, respectivamente, através de uma análise retrospectiva dos
casos. Os desfechos primários foram feitos sobre a sobrevida do implante e da
prótese, utilizando o paciente como unidade de análise (estimador limite de produto
de Kaplan-Meier). O desfecho secundário foi feito através do nível ósseo marginal
(NOM) aos cinco anos após o tratamento. As variáveis associadas a falha do
implante foram analisadas utilizando o modelo de regressão de riscos
proporcionais de Cox para contabilizar as taxas de risco (HR) com intervalo de
confiança de 95% (IC). Para avaliar a odds ratio (OR), utilizou-se a regressão
18

logística binária com ICs de 95% para as variáveis associadas ao NOM de 32,8mm
aos cinco anos. Para gerar o resultado, selecionou-se um total de 324 pacientes,
dentre estes 194 mulheres e 130 homens (média de idade 58,9 anos), reabilitados
com 1296 implantes apoiando 324 próteses mandibulares fixas de arco fixo com
carga total. Foram perdidos 64 pacientes (19,8%) durante o estudo. A sobrevida
protética foi de 97,7% (323 de 324), 14 pacientes perderam 18 implantes, com uma
taxa de sobrevida cumulativa estimada de 95,4 aos sete anos. As variáveis
relacionadas à falha do implante foram o efeito da curva de aprendizado (0,69 <
HR < 0,33 para os níveis mais experientes) e o tabagismo (HR = 5,28; IC95%:
1,33; 20,91). A média da NOM aos 5 anos foi de 1,81mm (IC95%: 1,70; 1,92), e o
tabagismo foi associado ao NOM 32,8mm (OR =2,4; 95%: 1.02; 5,62). Desse
modo, as taxas de sobrevida do implante e da prótese, juntamente com o resultado
excelente de NOM, confirmam a segurança e previsibilidade do tratamento pelo
conceito All-on-four, tendo em vista sua eficácia, inclusive em um prazo mais longo
do que já fora descrito.

Fig. 3. Radiografia de reabilitação com técnica All on four

Silva LACB 2014, dissertou a respeito da comparação entre diferentes


técnicas de moldagem utilizando transferentes específicos para implantes de
hexágono interno no conceito All-on-four. Por causa das diferentes técnicas de
moldagem utilizadas para obter o assentamento passivo na reabilitação em
conceito All-on-four, existe uma ausência na literatura em estabelecer qual obtém a
melhor precisão. Para isso o trabalho feito in vitro, analisa a precisão da moldagem
em implantes de hexágono interno em um modelo metálico da maxila edêntula, nas
técnicas: aberta, fechada e index. Os transferentes: cônicos sem união, quadrados
inteligentes unidos com bastões de resina Pattern pré-fabricados e transferentes e
transferentes quadrados inteligentes unidos com bastões metálicos de cianocrilato
19

e resina Pattern. Obtido os moldes (tipo ExpressTM XT 3M/ESPE), foram utilizados


40 modelos: para cada grupo de quatro, 10 modelos. O gesso utilizado foi do tipo
IV e espatulado mecanicamente a vácuo. Parafusada uma estrutura metálica sobre
o modelo mestre com assentamento passivo, também nos modelos de estudo
obtido para os análogos A, foram feitas medições nos análogos C e D, e
parafusados no análogo D. Nos análogos A e B se utilizou o programa leica QWIN
com lupa 100x para medições. Constatou-se uma diferença significativa entre as
técnicas de moldagens e o modelo mestre, o grupo que apresentou menor
distorção foi o Quadrado inteligente / metal + Pattern (G2) com fenda média de 65
micrômetros. O grupo index apresentou as menores desadaptações (38
micrômetros).

Pimentel et al 2014, analisou in vitro a precisão de técnicas de esplintagem


na moldagem de implantes no esquema All-on-four. A moldagem de transferência é
um dos principais fatores para uma boa adaptação dos componentes. Entre as
técnicas de moldagens existentes, não existe um consenso para determinar a de
melhor precisão. O objetivo da tese in vitro foi avaliar a precisão de diferentes
técnicas de união transferentes quadrados na moldagem de implantes paralelos e
inclinados em curva. Matrizes metálicas confeccionas em alumínio foram utilizadas
para o modelo mestre com 4 perfurações em curva, sendo paralelo e inclinado (no
esquema all-on-four). Após a fixação dos análogos foram confeccionadas barras
metálicas. Os grupos divididos entre os implantes retos foram: transferente
quadrado sem união (GSU-R), transferente quadrado unido com bastões de resina
acrílica auto polimerizável pré-fabricados (GUR-R), transferentes unidos com haste
metálica, cianocrilato e resina acrílica auto polimerizável (GUM-R). Os grupos
divididos entre os implantes inclinados foram semelhantes aos retos porem
inclinados: GSU-A, GUR-A, GUM-A; foi utilizado silicone de adição para moldagem
e moldeira rosqueada, os modelos foram padronizados e vazados com gesso tipo
IV, mantidos sobre temperatura ambiente por no mínimo 120 horas, até que as
medidas das fendas estivessem prontas. Com o programa leica QWIN, foi usado
uma lupa para as medições. Feito o teste de Kruskal-walls e teste de Dunn para
complementar, com significância de 5%. Observou-se entre os implantes retos uma
diferença estatisticamente significativa no teste de Dunn, nos grupos: GUR-R
(186,7 micrômetros) e o modelo mestre (110,40 micrômeros) e entre GUR-R e os
20

demais grupos: 108,27 micrômetros e GUN-R 92,98 micrômetros. Para os grupos


dos implantes angulados sem atraso não foi observado uma diferença
estatisticamente relevantes: MMA 68,62 micrômetros, GSU-A 60,80 micrômetros,
GRU-A 56,54 micrômetros e GUM-A 69,33 micrômetros. A conclusão do estudo
determinou que os implantes com transferente de união se resina acrílica
demostraram maior grau de deformação em relação ao modelo mestre,
relacionando a menor precisão da moldagem. Para os implantes angulados ao
conceito “All-on-four", as técnicas de moldagens testadas não diferiram uma das
outras em seus resultados.

Fig. 4. Moldagem de implantes

Asawa et al. 2015, descreve em seu estudo que o uso de implantes para
reabilitação de pacientes totalmente desdentados é considerado um desafio para
os profissionais, devido à redução da quantidade de osso remanescente e/ou a
pneumatização do seio maxilar. Para obter tratamentos com sucesso,
anteriormente a colocação do implante, o paciente deve passar por procedimentos
invasivos como elevação de seio e/ou aumento ósseo, o que, muitas vezes, não é
possível. Esse estudo priorizou um procedimento de tratamento alternativo, no qual
dois implantes posteriores são colocados em um ângulo e dois implantes anteriores
são colocados axialmente, tendo em vista, eliminar a necessidade de elevação de
seio e/ou aumento ósseo. O artigo disserta amplamente sobre o conceito all-on-
four em todos os aspectos: seus efeitos no osso, sobrevivência da prótese, forças
atuantes, juntamente com vários outros assuntos associados.

Sannino et al. 2015, realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o


comportamento biomecânico de uma prótese implantosuportada All-on-four,
21

comparando implantes distais com três diferentes graus de inclinação. Foram


confeccionados modelos tridimensionais de uma maxila e dêntula reabilitada com
uma prótese suportada por quatro implantes, em três configurações de diferentes
graus de inclinação dos implantes distais, 15 graus, 30 graus e 45 graus,
respectivamente, em simulações de carga. Foram comparadas as tensões em
torno dos implantes. Concluíram que não houve dados estatísticos relevantes nos
valores das tensões nos modelos em 15 e 30 graus. No modelo de 45 graus, houve
um aumento do grau de inclinação proporcional ao aumento da concentração da
tensão.

Em um estudo clínico retrospectivo, Maló 2015, incluiu uma coorte de 43


pacientes com 172 implantes (74 implantes de curta duração inseridos em baixa
quantidade óssea), em acompanhamento entre 4 meses e 6 anos. Os aspectos
analisados no resultado foram sobrevivência do implante, remodelação ósseo
marginal, complicações biológicas e mecânicas. Houve uma perda no primeiro ano
de dois pacientes com quatro implantes de curta duração. Treze implantes curtos e
três longos falharam em quatro pacientes, gerando um índice de sobrevivência
acumulado global e nível de paciente de 95-7% e 95-1% para implantes curtos,
100% para implantes regulares e 96-6% e 95-2% para implantes longos. A
remodelação óssea marginal média em 1 e 3 anos foi de 0,97-1,25mm para os
implantes curtos, 0,82-0,87mm para implantes regulares e 0,87-0,98mm para
implantes longos. Três pacientes apresentarem quatro implantes de curta duração
com bolsas peri-implantares (três implantes em dois pacientes eram pseudobolsas.
Foram registradas complicações mecânicas em treze pacientes (sete fraturas de
próteses provisórias e seis afrouxamentos de parafusos de pilares). Foram tratadas
todas as complicações e adquirido sucesso. Dentre as limitações deste estudo
clínico, comprovam-se ser viáveis a curto prazo as reabilitações de próteses totais
completas de maxilares com próteses fixas suportadas por implantes de curta
duração inseridos em áreas de baixa quantidade óssea. São necessários estudos
clínicos de longo prazo a fim de avaliar os resultados desses implantes.

Sannino et al. 2015, realizaram um estudo clínico retrospectivo de 2 anos de


acompanhamento para investigar e avaliar o uso de um sistema de barras pré-
fabricadas para implantes com carga imediata em conceito All-on-four. Foram
22

avaliados um total de 51 pacientes, 31 homens e 20 mulheres, com idade média de


63 anos. Os pacientes apresentavam mandíbulas parcialmente ou totalmente
edêntulas, com atrofia grave das regiões posteriores todos os pacientes com
prótese fixa de arco completo (28 maxilares, 34 mandibulares), cada um suportado
por quatro implantes, dois verticais e dois inclinados, seguidos por carga imediata.
Cada prótese era suportada por uma barra de metal pré-fabricada combinada com
resina acrílica de alta densidade. Exames radiográficos (em imagem digital), níveis
ósseos marginais, taxas de sobrevida e sucesso dos implantes e próteses 5foram
acompanhados e verificados aos 6, 12 e 24 meses. A satisfação do paciente foi
avaliada em uma escala analógica visual (EAV) de 100mm. Os dados foram
comparados por meio do teste de Mantel-Haenszel. Os resultados concluíram que
as taxas de sobrevida foram de 100% para os implantes verticais e 98,38% para os
inclinados. Duas das 62 próteses fixas foram perdidas devido à falha nos
implantes. Não houve taxa estatística significativa nos níveis ósseos marginais
entre os implantes verticais e inclinados. Todos os pacientes apresentaram altos
índices de satisfação (função mastigatória 99,7%; função fonética 99,5%; estética
99,2%). Apesar dos resultados indicarem que a carga imediata em implantes
usando o sistema de barras pré-fabricadas seja uma solução viável, mais ensaios
clínicos em longo prazo são necessários para afirmar a eficácia deste protocolo
cirúrgico protético.

Em 2015, Maló et al. relataram o resultado de um estudo de coorte


retrospectivo, com duração de 5 anos, do conceito de tratamento All-on-four
comparando grupos de duplo arco (G1) e arco único (G2). Foram avaliados 110
pacientes, sendo 68 mulheres e 42 homens, tendo idade média de 55 anos, um
total de 440 implantes (Nobel Speed) e 165 próteses com carregamento imediato
com acompanhamento por 5 anos. O G1 foi compostado por 55 pacientes
reabilitados com arco duplo e prótese fixa implantosuportada e o G2 com 55
pacientes reabilitados com arco único maxilar e próteses removíveis, ambos
pareados por idade e sexo. Os defechos primários demonstraram a sobrevida
protética, tanto provisória quanto definitiva, e do implante. Por outro lado, os
secundários foram os níveis médios ósseos marginais após 5 anos foram de
1,56mm (G1 = 1,45mm; G2 = 1,67mm). As complicações foram comparadas entre
os dois grupos e as taxas de complicações mecânicas foram G1 0,16% e G2
23

0,13% (p = 0.032). A taxa de complicações biológicas foi G1 0,06% e G2 0,05% (p


= 0,669). Sendo assim concluíram que a reabilitação de pacientes edêntulos de
arco duplo ou único não apresentaram diferenças significativas nas curvas de
sobrevida. As complicações mecânicas foram maiores nos pacientes com arcada
dupla, mas não afetaram a sobrevida das próteses ou dos implantes.

Spazzin et al. 2015, em seu estudo relacionou as diferentes possibilidades


de materiais protéticos dentários, sobre o conceito All-on-four. O comportamento
biomecânico de materiais odontológicos proporcionou novas alternativas para o
uso em tratamentos odontológicos. O artigo tem como objetivo apresentar um caso
clínico de reabilitação oral com implantes. A arcada superior foi reabilitada com
carga imediata em conceito All-on-four; a arcada inferior foi reabilitada com duas
próteses parciais fixas sobre implante tendo cerâmica termo-prensada sobre o
metal, e na região dos dentes anteriores inferiores, foram confeccionadas
restaurações de dissilicato de lítio. O resultado foi uma estética satisfatória, e um
procedimento de baixa complexidade com boa previsibilidade clínica.

Francetti et al. 2015, descreveu um artigo cujo objetivo foi realizar uma
investigação retrospectiva para levantar a incidência de complicações biológicas e
técnicas em pacientes com arcadas edêntulas reabilitadas com implantes de carga
imediata. Foram utilizados os dados médicos como os que apresentarem mucosite
peri-implantar e peri-implantite; e os dados clínicos como combinação de implantes
verticais e angulados. Usando o prontuário de 86 pacientes, foram constatadas 61
reabilitações mandibulares e 34 maxilares com carga imediata depois de 8 a 48
horas após o procedimento cirúrgico. Foram observadas as complicações
biológicas mais comuns, estas foram provenientes a má higiene bucal. As
complicações técnicas foram relacionadas a parte protética, sendo a mais comum o
descolamento de um elemento da prótese definitiva, e a maioria destas reversíveis.
Desse modo, a conclusão do trabalho foi que, em pacientes saudáveis e
conservados, as complicações técnicas e biológicas de reabilitação, com carga
imediata sobre implantes, se mostraram em menor quantidade do que previamente
visto na literatura. Porém, seriam necessários mais estudos para comprovação do
resultado.
24

Fig. 5.Carga imediata sobre implantes

Nejad et al. 2016, observaram em um relato de caso de um paciente do sexo


feminino, 66 anos, cor branca, edêntula superior e parcialmente edêntula inferior, a
reabilitação com uma prótese superior total removível e uma prótese total fixa
inferior sobre quatro implantes, instalada imediamente após cirurgia. Foram
confeccionados modelos guias cirúrgicos em resina acrílica previamente a cirurgia
com a localização dos dentes remanescentes e do nervo mentual. Foram
instalados dois implantes centrais paralelos entre si e dois implantes com
inclinação distal. Para finalização do caso, foi instalada uma prótese fixa inferior
sobre os quatro implantes na técnica All-on-four. Conforme os exames
radiográficos do caso, concluiu-se que o tratamento alcançou a adaptação dos
implantes com a prótese de carga imediata e a reabilitação pretendida com o
tratamento.

Abdulmajeed et al. em 2016 escreve sobre as próteses de zircônia


monolítica que surgiram como uma opção promissora nas reabilitações através de
implantes em pacientes edêntulos, porém seu desempenho clínico não está
totalmente documentado. Esse estudo teve como objetivo analisar o desempenho
clínico de próteses dentárias fixas de zircônia monolítica de implantes em arco
completo, onde foram usadas as bases de dados eletrônicas PubMed, Scientia
Direct e Cochrane Library a fim de pesquisar sobre o tema. Os estudos
selecionados foram os realizados em humanos com seguimento médio de pelo
menos um ano e publicados em um periódico com revisão em inglês até julho de
2015. A pesquisa gerou 903 títulos e, dentre estes, 18 estudos de qualificação
25

foram colocados para avaliação de texto completo. Diante os critérios pré-


estabelecidos, nove estudos foram selecionados, oito estudos obtiveram resultados
estéticos e clínicos satisfatórios e um estudo atestou falha na prótese. Ainda faltam
estudos clínicos sobre o resultado a longo prazo de prótese de zircônia monolítica
sobre implantes de arco completo. Dessa forma, conclui-se que as restaurações do
implante dentário de arco completo com zircônia monolítica possuem um alto
sucesso a curto prazo. Apesar das muitas vantagens e relatos favoráveis descritos,
serão necessários estudos de maior duração para validar a sua aplicação na
prática clínica.

Soto-Peñaloza et al. 2017, relatou em um estudo o conceito de tratamento


All-on-four através de uma revisão sistemática de literatura, relacionada a suas
indicações, procedimentos cirúrgicos, protocolos protéticos e complicações
técnicas e biológicas após três anos de uso. Selecionou-se três principais bases de
dados: EMBASE, MEDLINE (via PubMed) e a Biblioteca Cochrane da colaboração
Cochrane. Também, realizaram uma triagem eletrônica da "literatura cinza”
utilizando o sistema de informação sobre literatura cinza na Europa – cinza aberta,
no período de janeiro de 2005, até abril de 2016. Contabilizaram a partir do
processo inicial de triagem um total de 728 artigos, destes, 24 preencheram o
critério de inclusão. A avaliação metodológica da qualidade do estudo revelou que
o cálculo do tamanho da amostra foi relatado por apenas um artigo, e o
acompanhamento incluiu um pequeno número de participantes – o que pode
induzir viés e levar a interpretações errôneas do resultado do estudo. Portanto,
tratamentos feitos por meio do conceito All-on-four oferecem uma maneira eficaz
de reabilitar mandíbulas, especialmente, em pacientes que escolhem não optar por
procedimentos regenerativos, que por consequência aumentam a morbidade e as
taxas de tratamento pelo conceito All-on-four. Obteve-se resultados que indicam
uma taxa de sobrevida maior de 24 meses de 99,8%. Porém, as evidências atuais
são limitadas devido à escassez de informação referente a qualidade metodológica,
à falta de acompanhamento adequado e à restrição da amostra. Após o período de
dois anos, complicações biológicas (peri-implantite), são relatadas em poucos
pacientes. Portanto, é necessária, para os critérios de sucesso, uma definição mais
adequada devido à alta prevalência de casos da doença peri-implatite.
26

Conforme Borgioli et al. 2017, a reabilitação de arcada completa em


implantes de carga imediata está bem documentada na literatura por muitos
autores e é considerada uma boa opção terapêutica. Os autores realizaram um
estudo clínico retrospectivo de 10 anos com objetivo de avaliar a eficiência da
reabilitação com todas as quatro técnicas em pacientes com mandíbula
reabsorvente grave, usando uma conexão plana entre o abutment e a estrutura
protética em 40 pacientes tratados com 160 implantes de carga imediata (intraloc)
suportando uma prótese total fixa. Em cada paciente foram inseridos quatro
implantes, sendo estes dois axiais e dois inclinados de 4mm de diâmetro e 10-
13mm de comprimento. Em 33 pacientes a abordagem cirúrgica foi de retalho
aberto com osteoplastia crestal significativa e em 7 pacientes a abordagem
cirúrgica foi realizada sem retalho. Um sistema de pilar plano foi usado para a
conexão da estrutura protética a fim de obter a passiva ação perfeita do dispositivo
inclinado em mais planos. Dentre os 40 pacientes, 5 foram tratados imediatamente
com as próteses definitivas. Os outros 35 pacientes receberam próteses
temporárias sem qualquer catilever durante o tempo de osteointegração,
recebendo o definitivo após 4 meses. Os pacientes foram estudados com
acompanhamento da mídia por 54 meses. A sobrevivência dos implantes
cumulativos foi de 100%. A média de reabsorção óssea foi de 0,6mm aos 36
meses de seguimento e 0,8mm aos 72 meses. No entanto, a altura óssea residual
permanece estável no seguimento de 120 meses. No grupo tratado com retalho
aberto, observamos uma melhor cicatrização gengival e a ausência de recessão no
nível gengival com maior estabilidade da reabilitação. A conexão plana permite
obter uma estrutura protética passiva no implante inclinado que minimiza a
reabsorção e aumenta a sobrevivência do implante.

Para Ling et al. 2017, a maioria dos edêntulos apresenta uma grande falha
óssea. A técnica All-on-four possibilita a reabilitação rápida e satisfatória. Os
autores realizaram um estudo baseado em um questionário sobre a satisfação dos
pacientes reabilitados com All-on-four e próteses provisórias imediatas de acrílico e
resina plástica e após o período de ósseo integração dos implantes, receberam
próteses “MaloBridge”, que é feita a partir de um escaneamento intraoral e
confeccionada com barra de metal ou zircônia e dentes de porcelana. Foram
respondidas seis perguntas sobre função e estética, pontuadas de 1 a 7 conforme
27

satisfação dos pacientes em 6 meses e 12 meses de reabilitação. Houveram 16


pacientes com a maxila reabilitada e 23 com a mandíbula reabilitada. Avaliou-se
perguntas sobre função mastigatória, função fonética, higiene pessoal, estética dos
dentes e da gengiva e harmonia facial. Concluiu-se que quanto a função
mastigatória, a prótese definitiva apresentou maior força, porém profissionais não
indicam utilizá-la como carga imediata pós-cirúrgica, devido à força resultando
sobre os implantes. Alguns pacientes queixaram-se do peso da prótese. Quanto a
função fonética de pacientes com severa perda óssea, houve uma baixa pontuação
em relação a prótese acrílica devido ao volume. A higiene também foi relacionada
com perda óssea. Além disso, a pontuação da estética dos dentes foi influenciada
pela direção do parafuso protético que melhorou com a prótese definitiva. A
estética da gengiva foi satisfatória, diminuindo a exposição dos abutmans, porém
reduziu a pontuação da higiene e da função fonética. A harmonia facial não foi
relacionada com os diferentes materiais utilizados na prótese.

Fig. 6. Reabilitação mandibular

Hopp et al. 2017, em um de estudo de relevância clínica, observaram o uso


de implantes em pacientes com maxila desdentada, usando dois implantes
inclinados e dois axiais. Técnica conhecida como All-on-four. Apesar de oferecer
um maior suporte, não necessitando enxerto ósseo na maioria das vezes, esse
conceito necessita ser avaliado quanto as chances de sucesso no resultado do
tratamento. Os pesquisadores realizaram uma retrospectiva comparando os efeitos
da orientação dos implantes na perda óssea marginal e nos resultados dos
tratamentos dos pacientes na reabilitação com All-on-four na maxila. Foram
28

avaliados 891 pacientes com 3564 implantes. O percentual de implantes bem


sucedidos foi de 96%, sem diferenças entre os implantes axiais e inclinados. O
percentual de próteses bem sucedidas foi de 99,8%. Os pacientes com implantes
inclinados apresentaram mais complicações biológicas que os axiais. Dados de
626 pacientes e 2379 implantes que haviam sido radiografados após 5 anos
mostraram que não houve diferenças na perda óssea marginal entre implantes,
axiais e inclinados. Alguns implantes apresentaram perda óssea marginal maior
que 2mm em 5 anos. Alguns fatores como tabagismo, sexo e condições
cardiovasculares ocasionaram uma perda óssea marginal independente da
inclinação dos implantes. Não foram conclusivos os efeitos da orientação nos
resultados das próteses e implantes. No entanto, o estudo foi válido aos
pesquisadores para realizar tal comparação entre duas alternativas diferentes em
seus efeitos. Entre os pacientes com opção de implantes inclinados ou axiais, há
de ser realizado um estudo clínico randomizado. Na estratégia All-on-four, requer-
se que os implantes posteriores sejam inclinados por padrão, não diferenciando em
resultados. Portanto o estudo apresenta, relevância apenas sobre os efeitos dos
resultados de implantes e próteses em pacientes com a estratégia All-on-four após
5 anos de tratamento, demonstrando um alto nível de sucesso nos implantes e
próteses e baixa perda óssea marginal.
29

DISCUSSÃO

Os implantes osseointegrados vêm cada vez mais se consagrando como


alternativa de sucesso na reabilitação oral total apesar de cada dia surgirem novas
opções de tratamento reabilitador, devido aos aspectos de minimizar custos, maior
rapidez e menos tempo no tratamento. Diante disso, torna-se uma alternativa, sem
dúvidas, com alta taxa de satisfação dos pacientes. Tal demanda apresenta um
crescimento elevado de pacientes com necessidade de reabilitação oral que exige
um cuidado e atenção especiais para fatores estéticos e mastigatórios (Branemark
et al. 1969; Maló et al. 2011).
Atualmente, os profissionais vêm aderindo aos tratamentos mais eficazes
para reabilitação oral de pacientes desdentados. Em função desta busca de
resultados, o protocolo All-on-four vem ganhando espaço como resolução protética
dos edêntulos totais ou pacientes com apenas alguns elementos com sobrevida,
dificultando outras alternativas de tratamento (Abdulmajeed et al. 2016; Amoroso et
al. 2014).
A técnica de aumento no grau de inclinação dos dois implantes distais,
possibilita a colocação de menos implantes, sendo proporcional ao aumento da
concentração e tensão (Balshi 2013; Maló et al. 2015), melhorando também a
distância interimplantar e a ancoragem no osso (Sannino et al. 2015; Soto-
Peñaloza et al. 2017; Asawa et al. 2015).
Para a maioria dos autores, seu melhor uso seria em uma mandíbula
edêntula baixa em relação à crista alveolar, inclinando-se os implantes distais de
medial para distal, buscando maior dimensão na barra para ancoragem, utilizando-
se implantes mais longos, em áreas de maior densidade óssea, tornando possível,
otimizar a disposição geométrica do conjunto prótese implante (Borgioli et al. 2017;
Rossi et al. 2010).
Os estudos in vitro tem demonstrado que os implantes inclinados podem
aumentar a tensão e estresse no osso marginal. Entretanto, um implante inclinado,
inserido em uma prótese suportada por implantes múltiplos, tem sua rigidez
reduzida ou uma mudança na natureza da flexão das forças. Ainda sim, diversos
autores, sugeriram ser necessário realizar mais pesquisas para avaliar esse
estresse em diferentes tipos de implantes (Ling et al. 2017; Hopp et al. 2017.
30

Contudo, a densidade do osso, a seleção dos implantes quanto ao


comprimento e diâmetro podem auxiliar a contornar limitações anatômicas e na
estabilidade dos implantes (Patzelt et al. 2013; Maló 2015).
Quanto a sobrevida dos implantes inclinados em maxila estudos têm
demonstrado alta previsibilidade de sucesso das fixações e próteses (Sannino et al.
2015; Barrio et al. 2013); sendo esta taxa semelhante a implantes verticais.
O sistema All-on-four tem apresentado taxas próximas a 100% no que se
refere ao travamento alcançado para implantes inclinados, com longas fixações
(acima de 5mm de comprimento), possibilitando uma ancoragem tricortical: parede
anterior do seio maxilar, assoalho da fossa nasal junto ao pilar canino e na cortical
alveolar (Papaspyridakos et al. 2014; Spazzin et al. 2015).
Além disso, estudos biomecânicos sugerem que a inclinação dos implantes
por si não geraria problemas, já que as tensões geradas estariam abaixo do limite
de forças (Pimentel et al. 2014; Francetti et al. 2015).
Também, estudos clínicos têm demonstrado que quatro implantes podem
fornecer igualmente bom suporte como cinco ou mais implantes (Silva LACB 2014;
Di et al. 2013).
Igualmente, estudos comprovam o resultado de uma maior estabilidade,
retenção, fala, função e qualidade de vida na colocação de implantes nos alvéolos,
preservando a altura do osso alveolar e
desta mesma forma, constatou-se que o protocolo All-on-four para mandíbulas
edêntulas, mesmo após 5 anos, não foram perdidas taxas significativas nos
implantes, e a grande maioria dos pacientes estavam satisfeitos com o resultado
estético (Peñarrocha et al. 2013; Babbush et al. 2013).
A reabilitação maxilar e mandibular, simultânea, com fixação imediata da
prótese é uma opção viável, rápida e eficaz para pacientes desdentados, portanto,
a literatura e casos clínicos demonstram que o sistema All-on-four, usando quatro
implantes, dois inclinados distais e dois axiais, fixados em uma prótese de carga
imediata, apresentam altas taxas de sucesso, mínimas complicações cirúrgicas e
alta satisfação do paciente. Cabe ressaltar que, a sobrevida deste tratamento,
apresentou índices seguros até após 5 anos (Maló et al. 2014; Nejad et al. 2016).
31

CONCLUSÃO

Conforme os diferentes autores e seus estudos citados nesta revisão de


literatura, pode-se inferir que existe uma grande demanda de pacientes edêntulos
para reabilitação oral, principalmente, em uma faixa etária mais avançada. Neste
contexto, a técnica All-on-four apresenta-se muito segura, com cirurgias menos
invasivas, uma redução no tempo de tratamento, trazendo benefícios ao paciente
de melhor estética, funcionalidade fonética, funcionalidade e aspectos psicológicos
como autoestima. Este conceito demonstra altas taxas de sobrevivência e poucas
complicações cirúrgicas, reduzindo o desconforto pós-cirúrgico. Entretanto, os
resultados obtidos de tal trabalho, indicam que estudos com maior tempo de
acompanhamento em um número maior de pacientes são necessários para se
estabelecer um protocolo definitivo na realização dessa técnica.
32

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