Banco Mundial Como Promotor de Boa Governança

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Olhando para a afirmação e os acontecimentos no mundo que envolvem as instituições de

Bretton Woods podemos notar ocorrências dos dois fenómenos. Mas olhando para a génese da
criação das instituições de Bretton Woods e com o passar do tempo as funções foram mudando,
isso ocorre logo em 1948, com o Plano Marshall a substituir o Banco Internacional para
Reconstrução (BIRD) na reconstrução da Europa devastada pela 2ª Guerra Mundial, em contra
parte a actuação do BIRD fica direccionada à promoção do desenvolvimento nos países do sul
(Fujishima e Sarnaglia, 2014, p.171). “Quanto ao FMI, no ano 1971 o presidente Richard Nixon
decide acabar com a conversibilidade de dólar em ouro. Dois anos mais tarde tal medida leva a
uma flutuação generalizada das moedas, o que retira o FMI sua função controlador do sistema de
paridade monetária” (Fujishima e Sarnaglia, 2014, p.172).

Pese embora a ocorrência dois fenómenos, mas irei defender a segunda, que diz “[…] estas
instituições contribuem, de alguma forma, para a boa governação e combate à corrupção nestes
Estados”. E se for bem aproveitado e gerido, porquê não o desenvolvimento? A organização em
análise é o Banco Mundial.

Segundo Office of Executive Director – EDS21 “o Banco Mundial tem como objectivo
institucional reduzir a pobreza e melhorar as condições de vida nos países em desenvolvimento e
actua através de financiamento (empréstimos e doações) e assistência técnica” (p.2). É a partir da
sua área de actuação que entram em acção os programas de ajustes, em que a aderência ao
financiamento está condicionada à adopção de medidas de reforma estrutural dos países
solicitantes. Estás medidas são entendida por diversos actores como sendo ingerência nos
assuntos internos dos Estados e violação da soberania dos mesmos. Pois, “os programas de ajuste
definem a política orçamentária, a emissão de moedas; a taxa de câmbio; a política comercial e
os pagamentos internos” (Fujishima e Sarnaglia, 2014, p.172).

Em que ao meu entender, essas medidas servem de garantia ao BM, que o país solicitante poderá
liquidar a sua dívida frente a organização. Isso pode ser vista no realismo clássico na concepção
racionalista, onde os Estados calculam sempre todos os custos e benefícios de suas acções (Maia,
2011).

É através de boa governação e combate a corrupção que BM sente-se confortável em conceder


assistência financeira aos Estados, pois este tem maior probabilidade de pagar as dívidas. Porque

Aerovaldo Dhlakama
Organizações Internacionais
o BM como qualquer outro banco está preocupado em obter ganhos e através do mesmo se
mantem viva, e o mais gratificante é o BM ver seus objectivos de desenvolvimento económico e
o combate a pobreza a ser alcançado pelo Estado solicitante do empréstimo.

Os estatutos do acordo do BM, proíbem que a organização exerça actividade política ou levem
em consideração questões políticas quando da decisão de empréstimo a países-membros, como
se pode ver no artigo IV, 10ª Secção do articles of agreement:

The Bank and its officers shall not interfere in the political affairs of any
member; nor shall they be influenced in their decisions by the political character
of the member or members concerned. Only economic considerations shall be
relevant to their decisions, and these considerations shall be weighed impartially
in order to achieve the purposes stated in Article I. (Banco Mundial, 2012,
p.10).
Segundo Banco Mundial (1994, citado por Lima, 2010) Na década de 1990 o Banco Mundial
distingue em seu relatório três aspectos que envolvem a boa governação: i) a forma de regime
político; ii) o processo pelo qual a autoridade é exercida no gerenciamento de recursos sociais e
económicos para o desenvolvimento; iii) e a capacidade dos governos em esboçar, formular e
implementar políticas e funções (p.161). E em alguns casos estes aspectos passaram a ser
considerados como requisitos para obtenção da assistência financeira e os Estados precisando de
financiamento do BM viram-se obrigados a fazerem formas de suas políticas, onde vão envergar
esforços para melhorar a transparência, reduzir a corrupção, promoção da democracia, protecção
dos direitos humanos, e desta forma o BM estará contribuindo para a boa governação e combate
a corrupção. Miranda (2013) enfatiza que o desenvolvimento deste conjunto de actividades levou
o BM a adquirir competências de regulador que originalmente não possuía.

Contribuição do Banco Mundial na boa governação e combate à corrupção nos Estados no


debate da teoria Institucionalismo Liberal

A escolha do institucionalismo liberal como uma lente de análise para o meu posicionamento se
deve pelo facto desta teoria defender a cooperação entre os Estados e as instituições
internacionais espalhadas pelo mundo fora. E é por via disto que o BM coopera com os seus
Estados-membros na concessão de empréstimos. Segundo Keohane (1998, citado por Maia,
2011) as instituições internacionais têm consigo uma grande importância, uma vez que reduzem
os custos de transacção, descentralizam o poder, optimizam os arranjos cooperativos, ajudam a

Aerovaldo Dhlakama
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coordenar os conflitos distributivos e asseguram a distribuição dos ganhos a longo prazo. O
institucionalismo liberal revela que as instituições moldam o comportamento, isto limitando
certas acções e incentivando outras, de acordo com as regras estabelecidas.

Assim, usando esta teoria para analisar o contributo do BM na boa governação e combate a
pobreza dos Estados, enquadra-se na perspectiva que através da qual a cooperação das
instituições internacionais com os Estados molda o comportamento humano e estas vão
limitando acções e incentivados outras que promoveriam a boa governação e redução da
corrupção.

Referências bibliográficas

Banco Mundial. (2012). International Bank For Reconstruction and Development: Articles of
Agreement. Recuperado em: https://thedocs.worldbank.org/en/doc/722361541184234501-
0330022018/original/IBRDArticlesOfAgreementEnglish.pdf
Fujishima, S, A., & Sarnaglia, P. (2014). FMI e o Banco Mundial – a promoção ou coerção da
democracia e dos direitos humanos. Revista Onis Ciência, 7, 169-178.
Maia, C, L, S. (2011). Adopção internacional: alternativa viável ou exportação de problemas? –
Uma Interpretação do Caso do Haiti no Pós-terramoto. Revista Académica de Relações
Internacionais, v.1, 2, 6-50.
Miranda, L, R. (2013). O Grupo Banco Mundial e a regulação internacional do financiamento de
projectos (Project Finance). Tese de doutoramento. Universidade de São Paulo, Faculdade de
Direito, São Paulo Brasil. Recperado em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2135/tde-25112016-110230/publico/
Luiz_R_Miranda_Tese_integral_USP.pdf

Lima, J, A, S. (2011). O Banco Mundial e a Good Governance: uma análise teórica e histórica
para o desenvolvimento económico. Revista Académica de Relações Internacionais, v.1, 2,
157-176. Recuperado em: https://rari.ufsc.br/files/2011/03/RARI2.pdf#page=157
Office of Executive Director – EDS21 (SD). Oportunidades para empresas portuguesas.
Washington, DC 20433 EUA: Banco Mundial. Recuperado em:
https://thedocs.worldbank.org/en/doc/839221481583649084-0330022016/original/
BusinessOpportunitiesPortuguese.pdf

Aerovaldo Dhlakama
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