Solução - Matemática

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a solução para o seu concurso!

SEE-MG
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

Professor de Educação Básica


(PEB) - Matemática

EDITAL SEPLAG/SEE Nº 03/2023

CÓD: SL-047JH-23
7908433237174
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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INTRODUÇÃO

O concurso SEE-MG é uma oportunidade única para quem deseja ingressar no serviço público como servidor da
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Por isso, é importante se preparar adequadamente para enfrentar
essa prova desafiadora. A Editora Solução se orgulha de apresentar uma apostila exclusiva para Conhecimentos
Específicos - Especialidade, a fim de auxiliar os estudantes a alcançar seus objetivos.
Nosso material foi organizado de forma a introduzir o aluno no que é cobrado pelo edital e nas principais
bibliografias indicadas para o concurso. Ressaltamos que a apostila é uma ferramenta introdutória e complementar
aos estudos. Para obter um conhecimento completo, é fundamental que o estudante vá atrás de cada bibliografia e
documento oficial indicado no edital.
Nossa apostila visa auxiliar na compreensão dos principais pontos cobrados no edital, assim como fornecer uma
base teórica sólida para a resolução de questões. Acreditamos que, com dedicação e empenho, nossos alunos terão
sucesso nesse desafio.
É importante lembrar que, além do conteúdo abordado na apostila, o edital do concurso SEE-MG também
exige conhecimentos específicos em outras áreas. Por isso, é fundamental que o estudante busque informações
complementares em outras fontes.
Por fim, ressaltamos a importância do estudo sério e constante, bem como a dedicação ao aprendizado.
Desejamos a todos um excelente preparo e sucesso no concurso SEE-MG A Editora Solução está à disposição para
auxiliar no que for preciso.

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ÍNDICE

Fundamentos da Educação
1. Concepções e tendências pedagógicas contemporâneas............................................................................................................ 7
2. Relações socioeconômicas e político-culturais da educação...................................................................................................... 16
3. Educação em direitos humanos, democracia e cidadania.......................................................................................................... 24
4. A função social da escola............................................................................................................................................................ 30
5. Inclusão educacional e respeito à diversidade........................................................................................................................... 33
6. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica.......................................................................................................... 42
7. Currículo Referência de Minas Gerais......................................................................................................................................... 49
8. Didática e organização do ensino............................................................................................................................................... 49
9. Saberes, processos metodológicos e avaliação da aprendizagem.............................................................................................. 64
10. Novas tecnologias da informação e comunicação, e suas contribuições com a prática pedagógica.......................................... 66
11. Projeto político-pedagógico da escola e o compromisso com a qualidade social do ensino...................................................... 71
12. Gestão escolar democrática e participativa................................................................................................................................ 73

Matemática
1. Aritmética e conjuntos: Os conjuntos numéricos (naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais); operações básicas, proprie-
dades, divisibilidade, contagem e princípio multiplicativo; proporcionalidade.......................................................................... 83
2. Álgebra: Equações de 1º e 2º graus; funções elementares, suas representações gráficas e aplicações: lineares, quadráticas,
exponenciais, logarítmicas e trigonométricas............................................................................................................................ 85
3. progressões aritméticas e geométricas...................................................................................................................................... 97
4. polinômios.................................................................................................................................................................................. 99
5. números complexos.................................................................................................................................................................... 101
6. matrizes, sistemas lineares e aplicações na informática............................................................................................................. 102
7. fundamentos de matemática financeira..................................................................................................................................... 109
8. Espaço e forma: Geometria plana, plantas e mapas; geometria espacial; geometria métrica; geometria analítica.................. 111
9. Análise combinatória e probabilidade........................................................................................................................................ 118
10. Análise e interpretação de informações expressas em gráficos e tabelas.................................................................................. 121

Ensino de Matemática
1. Ensino da matemática: modelagem matemática........................................................................................................................ 135
2. Resolução de problemas............................................................................................................................................................. 138
3. História da matemática............................................................................................................................................................... 140
4. Jogos e ensino de matemática.................................................................................................................................................... 143
5. Etnomatemática.......................................................................................................................................................................... 144
6. Tecnologias no Ensino da Matemática........................................................................................................................................ 144

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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. É


CONCEPÇÕES E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS CONTEM- a predominância da palavra do professor, das regras impostas, do
PORÂNEAS cultivo exclusivamente intelectual.

Papel da escola - consiste na preparação intelectual e moral


Genericamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se dos alunos para assumir sua posição na sociedade. O compromisso
traduz pelas pedagogias liberais e a perspectiva transformadora pe- da escola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à so-
las pedagogias progressistas.1 ciedade. O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para
todos os alunos, desde que se esforcem. Assim, os menos capazes
Assim vamos organizar o conjunto das pedagogias em dois gru- devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar seu lugar
pos: junto aos mais capazes. Caso não consigam, devem procurar o ensi-
no mais profissionalizante.

Pedagogia Liberal Conteúdos de ensino - são os conhecimentos e valores sociais


Pedagogia Progressista
- Tradicional acumulados pelas gerações adultas e repassados ao aluno como
- Libertadora
- Renovada Progressivista verdades. As matérias de estudo visam preparar o aluno para a
- Libertária
- Renovada Não Diretiva vida, são determinadas pela sociedade e ordenadas na legislação.
- Crítico-Social dos Conteúdos
- Tecnicista Os conteúdos são separados da experiência do aluno e das realida-
des sociais, valendo pelo valor intelectual, razão pela qual a peda-
É evidente que tanto as tendências quanto suas manifestações gogia tradicional é criticada como intelectualista e, às vezes, como
não são puras nem mutuamente exclusivas o que, aliás, é a limi- enciclopédica.
tação principal de qualquer tentativa de classificação. Em alguns
casos as tendências se complementam, em outros, divergem. De Métodos - baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou
qualquer modo, a classificação e sua descrição poderão funcionar demonstração. Tanto a exposição quanto a análise são feitas pelo
como um instrumento de análise para o professor avaliar a sua prá- professor, observados os seguintes passos:
tica de sala de aula. - Preparação do aluno (definição do trabalho, recordação da
matéria anterior, despertar interesse);
Pedagogia Liberal - Apresentação (realce de pontos-chaves, demonstração);
A Pedagogia Liberal é voltada para o sistema capitalista e es- - Associação (combinação do conhecimento novo com o já co-
conde a realidade das diferenças entre as classes sociais. Nessa pe- nhecido por comparação e abstração);
dagogia, a escola tem que preparar os indivíduos para a sociedade, - Generalização (dos aspectos particulares chega-se ao concei-
de acordo com as suas aptidões individuais, por isso os indivíduos to geral, é a exposição sistematizada);
precisam aprender a se adaptar aos valores e às normas vigentes - Aplicação (explicação de fatos adicionais e/ou resoluções de
na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura in- exercícios).
dividual.
A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferen- A ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas
ças de classes, pois, embora difunda a ideia de igualdade de opor- na memorização visa disciplinar a mente e formar hábitos.
tunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. Histori-
camente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional Relacionamento professor-aluno - predomina a autoridade do
e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu professor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer
para a pedagogia renovada (também denominada Escola Nova ou comunicação entre eles no decorrer da aula. O professor transmite
Ativa), o que não significou a substituição de uma pela outra, pois o conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; em consequência,
ambas conviveram e convivem na prática escolar. a disciplina imposta é o meio mais eficaz para assegurar a atenção
e o silêncio.
Tendência Liberal Tradicional
Caracteriza-se por acentuar o ensino humanístico, de cultura Pressupostos de aprendizagem - a ideia de que o ensino con-
geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, siste em repassar os conhecimentos para o espírito da criança é
sua plena realização como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos acompanhada de uma outra: a de que a capacidade de assimilação
didáticos, a relação professor-aluno não tem nenhuma relação com da criança é idêntica à do adulto, apenas menos desenvolvida. Os
programas, então, devem ser dados numa progressão lógica, esta-
1 LUCKESI C. Tendências Pedagógicas na Prática escolar. 2011 belecida pelo adulto, sem levar em conta as características próprias
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de cada idade. A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para Método de ensino - a ideia de “aprender fazendo” está sempre
o que se recorre frequentemente à coação. A retenção do material presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a
ensinado é garantida pela repetição de exercícios sistemáticos e re- descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução
capitulação da matéria. A transferência da aprendizagem depende de problemas. Embora os métodos variem, as escolas ativas ou no-
do treino; é indispensável a retenção, a fim de que o aluno possa vas (Dewey, Montessori, Decroly, Cousinet e outros) partem sempre
responder às situações novas de forma semelhante às respostas da- de atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu
das em situações anteriores. desenvolvimento. Na maioria delas, acentua-se a importância do
trabalho em grupo não apenas como técnica, mas como condição
Avaliação - se dá por verificações de curto prazo (interrogató- básica do desenvolvimento mental. Os passos básicos do método
rios orais, exercício de casa) e de prazo mais longo (provas escritas, ativo são:
trabalhos de casa). O esforço é, em geral, negativo (punição, notas - Colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um
baixas, apelos aos pais); às vezes, é positivo (emulação, classifica- interesse por si mesma;
ções). - O problema deve ser desafiante, como estímulo à reflexão;
- O aluno deve dispor de informações e instruções que lhe per-
Manifestações na prática escolar - a pedagogia liberal tradicio- mitam pesquisar a descoberta de soluções;
nal é viva e atuante em nossas escolas, predominante em nossa - Soluções provisórias devem ser incentivadas e ordenadas,
história educacional. com a ajuda discreta do professor;
- Deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à pro-
Tendência Liberal Renovada va, a fim de determinar sua utilidade para a vida.
A Tendência Liberal Renovada acentua, igualmente, o sentido
da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. A edu- Relacionamento professor-aluno - não há lugar privilegiado
cação é a vida presente, é a parte da própria experiência humana. para o professor; antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento
A escola renovada propõe um ensino que valorize a autoeducação livre e espontâneo da criança; se intervém, é para dar forma ao
(o aluno como sujeito do conhecimento), a experiência direta sobre raciocínio dela. A disciplina surge de uma tomada de consciência
o meio pela atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo. dos limites da vida grupal; assim, aluno disciplinado é aquele que
é solidário, participante, respeitador das regras do grupo. Para se
A Tendência Liberal Renovada apresenta-se, entre nós, em garantir um clima harmonioso dentro da sala de aula é indispen-
duas versões distintas: sável um relacionamento positivo entre professores e alunos, uma
forma de instaurar a “vivência democrática” tal qual deve ser a vida
- a Renovada Progressivista, ou Pragmatista, principalmen- em sociedade.
te na forma difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os
quais se destaca Anísio Teixeira (deve-se destacar, também a influ- Pressupostos de aprendizagem - a motivação depende da força
ência de Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); de estimulação do problema e das disposições internas e interesses
do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta,
- a Renovada Não Diretiva orientada para os objetivos de auto é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio esti-
realização (desenvolvimento pessoal) e para as relações interpesso- mulador. É retido o que se incorpora à atividade do aluno pela des-
ais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers. coberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura
cognitiva para ser empregado em novas situações.
Tendência Liberal Renovada Progressivista
Papel da escola - a finalidade da escola é adequar as necessi- Avaliação - é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e
dades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar os êxitos são prontos e explicitamente reconhecidos pelo professor.
de forma a retratar, o quanto possível, a vida. Todo ser dispõe den-
tro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao meio Manifestações na prática escolar - os princípios da pedagogia
e de uma consequente integração dessas formas de adaptação no progressivista vêm sendo difundidos, em larga escala, nos cursos
comportamento. Tal integração se dá por meio de experiências que de licenciatura, e muitos professores sofrem sua influência. Entre-
devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as exi- tanto, sua aplicação é reduzidíssima, não somente por falta de con-
gências sociais. À escola cabe suprir as experiências que permitam dições objetivas como também porque se choca com uma prática
ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstru- pedagógica basicamente tradicional. Alguns métodos são adotados
ção do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indiví- em escolas particulares, como o método Montessori, o método dos
duo e estruturas do ambiente. centros de interesse de Decroly, o método de projetos de Dewey.
O ensino baseado na psicologia genética de Piaget tem larga acei-
Conteúdos de ensino - como o conhecimento resulta da ação a tação na educação pré-escolar. Pertencem, também, à tendência
partir dos interesses e necessidades, os conteúdos de ensino são es- progressivista muitas das escolas denominadas “experimentais”,
tabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente as “escolas comunitárias” e mais remotamente (década de 60) a
a desafios cognitivos e situações problemáticas. Dá-se, portanto, “escola secundária moderna”, na versão difundida por Lauro de Oli-
muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do veira Lima.
que a conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de “aprender
a aprender”, ou seja, é mais importante o processo de aquisição do
saber do que o saber propriamente dito.

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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

Tendência Liberal Renovada Não Diretiva cadores e professores, principalmente orientadores educacionais e
Papel da escola - formação de atitudes, razão pela qual deve psicólogos escolares que se dedicam ao aconselhamento. Menos
estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com recentemente, podem-se citar também tendências inspiradas na
os pedagógicos ou sociais. Todo esforço está em estabelecer um escola de Summerhill do educador inglês A. Neill.
clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma
adequação pessoal às solicitações do ambiente. Rogers2 considera Tendência Liberal Tecnicista
que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele A tendência Liberal Tecnicista subordina a educação à socieda-
os procedimentos didáticos, a competência na matéria, as aulas, de, tendo como função a preparação de “recursos humanos” (mão-
livros, tudo tem muito pouca importância, face ao propósito de -de-obra para a indústria). A sociedade industrial e tecnológica es-
favorecer à pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização tabelece (cientificamente) as metas econômicas, sociais e políticas,
pessoal, o que implica estar bem consigo próprio e com seus seme- a educação treina (também cientificamente) nos alunos os compor-
lhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao tamentos de ajustamento a essas metas.
de uma boa terapia. No tecnicismo acredita-se que a realidade contém em si suas
próprias leis, bastando aos homens descobri-las e aplicá-las. Dessa
Conteúdos de ensino - a ênfase que esta tendência põe nos pro- forma, o essencial não é o conteúdo da realidade, mas as técnicas
cessos de desenvolvimento das relações e da comunicação torna (forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia (aproveitamento
secundária a transmissão de conteúdos. Os processos de ensino ordenado de recursos, com base no conhecimento científico) é o
visam mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si meio eficaz de obter a maximização da produção e garantir um óti-
mesmos os conhecimentos que, no entanto, são dispensáveis. mo funcionamento da sociedade; a educação é um recurso tecno-
lógico por excelência.
Métodos de ensino - os métodos usuais são dispensados, pre- Ela “é encarada como um instrumento capaz de promover, sem
valecendo quase que exclusivamente o esforço do professor em contradição, o desenvolvimento econômico pela qualificação da
desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos mão-de-obra, pela redistribuição da renda, pela maximização da
alunos. Rogers explicita algumas das características do professor produção e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da ‘consci-
“facilitador”: aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser con- ência política’ indispensável à manutenção do Estado autoritário”3.
fiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesen- Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia educa-
volvimento do estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno cional e da análise experimental do comportamento.
a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os sen-
timentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças. Assim, Papel da escola - a escola funciona como modeladora do com-
o objetivo do trabalho escolar se esgota nos processos de melhor portamento humano, através de técnicas específicas. À educação
relacionamento interpessoal, como condição para o crescimento escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades,
pessoal. atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que
os indivíduos se integrem na máquina do sistema social global. Tal
Relacionamento professor-aluno - propõe uma educação cen- sistema social é regido por leis naturais (há na sociedade a mesma
trada no aluno, visando formar sua personalidade através da vi- regularidade e as mesmas relações funcionais observáveis entre os
vência de experiências significativas que lhe permitam desenvolver fenômenos da natureza), cientificamente descobertas. Basta aplicá-
características inerentes à sua natureza. O professor é um especia- -las. A atividade da “descoberta” é função da educação, mas deve
lista em relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento ser restrita aos especialistas; a “aplicação” é competência do pro-
pessoal e autêntico. “Ausentar-se” é a melhor forma de respeito e cesso educacional comum.
aceitação plena do aluno. Toda intervenção é ameaçadora, inibido- A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vi-
ra da aprendizagem. gente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sis-
tema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de com-
Pressupostos de aprendizagem - a motivação resulta do desejo portamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse
de adequação pessoal na busca da auto realização; é, portanto, um imediato é o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado
ato interno. A motivação aumenta, quando o sujeito desenvolve o de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas,
sentimento de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas objetivas e rápidas.
pessoais, isto é, desenvolve a valorização do “eu”. Aprender, portan- A pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise expe-
to, é modificar suas próprias percepções; daí que apenas se apren- rimental do comportamento garante a objetividade da prática es-
de o que estiver significativamente relacionado com essas percep- colar, uma vez que os objetivos instrucionais (conteúdos) resultam
ções. Resulta que a retenção se dá pela relevância do aprendido em da aplicação de leis naturais que independem dos que a conhecem
relação ao “eu”, ou seja, o que não está envolvido com o “eu” não é ou executam.
retido e nem transferido.
Conteúdos de ensino - são as informações, princípios científi-
Avaliação - perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a cos, leis etc., estabelecidos e ordenados numa sequência lógica e
autoavaliação. psicológica por especialistas. É matéria de ensino apenas o que é
redutível ao conhecimento observável e mensurável; os conteúdos
Manifestações na prática escolar - o inspirador da pedagogia decorrem, assim, da ciência objetiva, eliminando-se qualquer sinal
não diretiva é C. Rogers, na verdade mais psicólogo clínico que 3 KUENZER, Acácia A; MACHADO, Lucília R. S. “Pedagogia Tecnicista”, in
educador. Suas ideias influenciam um número expressivo de edu- Guiomar N. de MELLO (org.), Escola nova, tecnicismo e educação compensatória.
2 ROGERS, Carl. Liberdade para aprender. 1969 2012
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

de subjetividade. O material instrucional encontra-se sistematizado modo a que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de
nos manuais, nos livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dis- como entrou. Ou seja, o ensino é um processo de condicionamento
positivos audiovisuais etc. através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter.
Assim, os sistemas instrucionais visam ao controle do comporta-
Métodos de ensino - consistem nos procedimentos e técnicas mento individual face objetivos preestabelecidos.
necessárias ao arranjo e controle nas condições ambientais que Trata-se de um enfoque diretivo do ensino, centrado no con-
assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira trole das condições que cercam o organismo que se comporta. O
tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos objetivo da ciência pedagógica, a partir da psicologia, é o estudo
instrucionais, a principal é conseguir o comportamento adequado científico do comportamento: descobrir as leis naturais que presi-
pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia educacio- dem as reações físicas do organismo que aprende, a fim de aumen-
nal. tar o controle das variáveis que o afetam.
Os componentes da aprendizagem - motivação, retenção,
A Tecnologia Educacional é a “aplicação sistemática de princí- transferência - decorrem da aplicação do comportamento operan-
pios científicos comportamentais e tecnológicos a problemas edu- te. Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma resposta a
cacionais, em função de resultados efetivos, utilizando uma meto- estímulos externos, controlados por meio de reforços que ocorrem
dologia e abordagem sistêmica abrangente”4. com a resposta ou após a mesma: “Se a ocorrência de um (com-
portamento) operante é seguida pela apresentação de um estímulo
Qualquer sistema instrucional (há uma grande variedade deles) (reforçador), a probabilidade de reforçamento é aumentada”. Entre
possui três componentes básicos: objetivos instrucionais operacio- os autores que contribuem para os estudos de aprendizagem des-
nalizados em comportamentos observáveis e mensuráveis, procedi- tacam-se: Skinner, Gagné, Bloon e Mager.
mentos instrucionais e avaliação.
Manifestações na prática escolar5 - a influência da pedagogia
As etapas básicas de um processo de ensino e de aprendizagem tecnicista remonta à 2ª metade dos anos 50 (PABAEE - Programa
são: Brasileiro-americano de Auxílio ao Ensino Elementar). Entretanto
- Estabelecimento de comportamentos terminais, através de foi introduzida mais efetivamente no final dos anos 60 com o obje-
objetivos instrucionais; tivo de adequar o sistema educacional à orientação político-econô-
- Análise da tarefa de aprendizagem, a fim de ordenar sequen- mica do regime militar: inserir a escola nos modelos de racionaliza-
cialmente os passos da instrução; ção do sistema de produção capitalista.
- Executar o programa, reforçando gradualmente as respostas Quando a orientação escolanovista cede lugar à tendência tec-
corretas correspondentes aos objetivos. nicista, pelo menos no nível de política oficial; os marcos de im-
plantação do modelo tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que
O essencial da tecnologia educacional é a programação por reorganizam o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus.
passos sequenciais empregada na instrução programada, nas técni- A despeito da máquina oficial, entretanto, não há indícios se-
cas de microensino, multimeios, módulos etc. O emprego da tecno- guros de que os professores da escola pública tenham assimilado a
logia instrucional na escola pública aparece nas formas de: plane- pedagogia tecnicista, pelo menos em termos de ideário. A aplicação
jamento em moldes sistêmicos, concepção de aprendizagem como da metodologia tecnicista (planejamento, livros didáticos progra-
mudança de comportamento, operacionalização de objetivos, uso mados, procedimentos de avaliação etc.) não configura uma pos-
de procedimentos científicos (instrução programada, audiovisuais, tura tecnicista do professor; antes, o exercício profissional continua
avaliação etc., inclusive a programação de livros didáticos). mais para uma postura eclética em torno de princípios pedagógicos
assentados nas pedagogias tradicional e renovada.
Relacionamento professor-aluno - são relações estruturadas e
objetivas, com papéis bem definidos: o professor administra as con- Pedagogia Progressista
dições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucio- “Formulação de inspiração marxista que influenciou diversos
nal eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o pedagogos brasileiros em fins de 1970. Trabalha com a educação na
aluno recebe, aprende e fixa as informações. O professor é apenas perspectiva da luta de classes, ou seja, a escola pode e deve servir
um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe na luta contra o sistema capitalista, visando a construção do socia-
empregar o sistema instrucional previsto. O aluno é um indivíduo lismo. Dessa forma, sua metodologia tem inspiração na teoria do
responsivo, não participa da elaboração do programa educacional. conhecimento marxista, pela dialética materialista, pelo movimen-
Ambos são espectadores frente à verdade objetiva. A comunicação to de continuidade e ruptura.
professor-aluno tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de Na sala de aula, parte-se da necessidade e aspirações dos es-
garantir a eficácia da transmissão do conhecimento. Debates, dis- tudantes, com seu cotidiano, com o objetivo de estimular rupturas,
cussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco sair do imediato e chegar ao teórico e abstrato. Depois desse mo-
importam as relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no vimento, espera-se um retorno ao real com uma nova visão que
processo de ensino e de aprendizagem. possibilite uma nova ação sobre ele.

Pressupostos de aprendizagem - as teorias de aprendizagem


que fundamentam a pedagogia tecnicista dizem que aprender é
uma questão de modificação do desempenho: o bom ensino de- 5 FREITAG, Barbara. Escola, Estado e Sociedade; GARCIA, Laymert G. S.
pende de organizar eficientemente as condições estimuladoras, de Desregulagens - Educação, planejamento e tecnologia como ferramenta social;
4 AURICCHIO, Lígia O. Manual de tecnologia educacional, 1978. CUNHA, Luis A. Educação e desenvolvimento social no Brasil. 1978.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

Foi proposta pelo educador francês Georges Snyders6 em pelo questiona concretamente a realidade das relações do homem com
menos quatro de suas obras: Pedagogia progressista, Para onde a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação
vão as pedagogias não-diretivas? Alegria na escola e Alunos felizes. - daí ser uma educação crítica.
Opõe-se ao ensino tecnicista, de linha autoritária, adotado por
volta de 1970, em que professores e alunos executam projetos ela- Conteúdos de ensino - denominados “temas geradores”, são
borados em gabinetes e desvinculados do contexto social e político. extraídos da problematização da prática de vida dos educandos.
Ou seja, a pedagogia progressista procura formar cidadãos cons- Os conteúdos tradicionais são recusados porque cada pessoa, cada
cientes e participativos na vida da sociedade, que leve o aluno a grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda
refletir, a desenvolver o espírito crítico e criativo e a relacionar o que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se
aprendizado a seu contexto social.”7 parte. O importante não é a transmissão de conteúdos específicos,
A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendên- mas despertar uma nova forma da relação com a experiência vivida.
cias: A transmissão de conteúdos estruturados a partir de fora é consi-
- A libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo derada como “invasão cultural” ou “depósito de informação” por-
Freire; que não emerge do saber popular. Se forem necessários textos de
- A libertária, que reúne os defensores da autogestão pedagó- leitura estes deverão ser redigidos pelos próprios educandos com a
gica; orientação do educador.
- A crítico-social dos conteúdos que, diferentemente das ante- Em nenhum momento o inspirador e mentor da pedagogia li-
riores, acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as bertadora Paulo Freire, deixa de mencionar o caráter essencialmen-
realidades sociais. te político de sua pedagogia, o que, segundo suas próprias palavras,
impede que ela seja posta em prática em termos sistemáticos, nas
As versões libertadora e libertária têm em comum o antiauto- instituições oficiais, antes da transformação da sociedade. Daí por-
ritarismo, a valorização da experiência vivida como base da rela- que sua atuação se dê mais a nível da educação extraescolar. O que
ção educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Em função disso, não tem impedido, por outro lado, que seus pressupostos sejam
dão mais valor ao processo de aprendizagem grupal (participação adotados e aplicados por numerosos professores.
em discussões, assembleias, votações) do que aos conteúdos de
ensino. Como decorrência, a prática educativa somente faz senti- Métodos de ensino - “Para ser um ato de conhecimento o pro-
do numa prática social junto ao povo, razão pela qual preferem as cesso de alfabetização de adultos demanda, entre educadores e
modalidades de educação popular “não-formal”. educandos, uma relação de autêntico diálogo; aquela em que os
A tendência da pedagogia crítico-social dos conteúdos propõe sujeitos do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo obje-
uma síntese superadora das pedagogias tradicional e renovada, to a ser conhecido” (...) “O diálogo engaja ativamente a ambos os
valorizando a ação pedagógica enquanto inserida na prática social sujeitos do ato de conhecer: educador-educando e educando-edu-
concreta. Entende a escola como mediação entre o individual e o cador”.
social, exercendo aí a articulação entre a transmissão dos conteú- Assim sendo, a forma de trabalho educativo é o “grupo de dis-
dos e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto (inserido cussão a quem cabe autogerir a aprendizagem, definindo o conteú-
num contexto de relações sociais); dessa articulação resulta o saber do e a dinâmica das atividades. O professor é um animador que, por
criticamente reelaborado. princípio, deve descer ao nível dos alunos, adaptando-se às suas ca-
racterísticas ao desenvolvimento próprio de cada grupo. Deve cami-
Tendência Progressista Libertadora8 nhar ‘junto’, intervir o mínimo indispensável, embora não se furte,
Papel da escola - não é próprio da pedagogia libertadora fa- quando necessário, a fornecer uma informação mais sistematizada.
lar em ensino escolar, já que sua marca é a atuação “não-formal”.
Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar Os passos da aprendizagem - codificação-decodificação, e pro-
vêm adotando pressupostos dessa pedagogia. Assim, quando se blematização da situação - permitirão aos educandos um esforço
fala na educação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde pro- de compreensão do “vivido”, até chegar a um nível mais crítico de
fessores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da conhecimento e sua realidade, sempre através da troca de experi-
qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de ência em torno da prática social. Se nisso consiste o conteúdo do
consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num trabalho educativo, dispensam um programa previamente estrutu-
sentido de transformação social. rado, trabalhos escritos, aulas expositivas assim como qualquer tipo
Tanto a educação tradicional, denominada “bancária” - que de verificação direta da aprendizagem, formas essas próprias da
visa apenas depositar informações sobre o aluno, quanto a educa- “educação bancária”, portanto, domesticadoras. Entretanto admi-
ção renovada - que pretenderia uma libertação psicológica individu- te-se a avaliação da prática vivenciada entre educador-educandos
al - são domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a no processo de grupo e, às vezes, a auto avaliação feita em termos
realidade social de opressão. A educação libertadora, ao contrário, dos compromissos assumidos com a prática social.

Relacionamento professor-aluno - no diálogo, como método


6 SNYDERS, Georges. Pedagogia progressista. Lisboa, Ed. Almedina. 1974. básico, a relação é horizontal, onde educador e educandos se po-
7 MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete peda- sicionam como sujeitos do ato de conhecimento. O critério de bom
gogia progressista. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São relacionamento é a total identificação com o povo, sem o que a re-
Paulo: Midiamix, 2001. http://www.educabrasil.com.br/pedagogia-progressista/ lação pedagógica perde consistência. Elimina-se, por pressuposto,
8 FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade; Pedagogia do Oprimido e toda relação de autoridade, sob pena de esta inviabilizar o trabalho
Extensão ou Comunicação?, 1978. de conscientização, de “aproximação de consciências”. Trata-se de
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uma “não diretividade”, mas não no sentido do professor que se Conteúdos de ensino - as matérias são colocadas à disposição
ausenta (como em Rogers), mas que permanece vigilante para as- do aluno, mas não são exigidas. São um instrumento a mais, porque
segurar ao grupo um espaço humano para “dizer sua palavra” para importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas
se exprimir sem se neutralizar. pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participa-
ção crítica. “Conhecimento” aqui não é a investigação cognitiva do
Pressupostos de aprendizagem - a própria designação de “edu- real, para extrair dele um sistema de representações mentais, mas
cação problematizadora” como correlata de educação libertadora a descoberta de respostas às necessidades e às exigências da vida
revela a força motivadora da aprendizagem. A motivação se dá a social. Assim, os conteúdos propriamente ditos são os que resultam
partir da codificação de uma situação-problema, da qual se toma de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são,
distância para analisá-la criticamente. “Esta análise envolve o exer- necessária nem indispensavelmente, as matérias de estudo.
cício da abstração, através da qual procuramos alcançar, por meio
de representações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos”. Método de ensino - é na vivência grupal, na forma de autoges-
Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, tão, que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias
isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se de sua própria “instituição”, graças à sua própria iniciativa e sem
resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. O que é apren- qualquer forma de poder. Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos
dido não decorre de uma imposição ou memorização, mas do nível tudo o que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a orga-
crítico de conhecimento, ao qual se chega pelo processo de com- nização do trabalho no interior da escola (menos a elaboração dos
preensão, reflexão e crítica. O que o educando transfere, em termos programas e a decisão dos exames que não dependem nem dos
de conhecimento, é o que foi incorporado como resposta às situa- docentes, nem dos alunos)”. Os alunos têm liberdade de trabalhar
ções de opressão - ou seja, seu engajamento na militância política. ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas ne-
cessidades ou das do grupo.
Manifestações na prática escolar - a pedagogia libertadora tem
como inspirador e divulgador Paulo Freire, que tem aplicado suas O progresso da autonomia, excluída qualquer direção de fora
ideias pessoalmente em diversos países, primeiro no Chile, depois do grupo, se dá num “crescendo”: primeiramente a oportunidade
na África. Entre nós, tem exercido uma influência expressiva nos de contatos, aberturas, relações informais entre os alunos. Em se-
movimentos populares e sindicatos e, praticamente, se confunde guida, o grupo começa a se organizar, de modo que todos possam
com a maior parte das experiências do que se denomina “educação participar de discussões, cooperativas, assembleias, isto é, diversas
popular”. Há diversos grupos desta natureza que vêm atuando não formas de participação e expressão pela palavra; quem quiser fa-
somente no nível da prática popular, mas também por meio de pu- zer outra coisa, ou entra em acordo com o grupo, ou se retira. No
blicações, com relativa independência em relação às ideias originais terceiro momento, o grupo se organiza de forma mais efetiva e, fi-
da pedagogia libertadora. Embora as formulações teóricas de Paulo nalmente, no quarto momento, parte para a execução do trabalho.
Freire se restrinjam à educação de adultos ou à educação popular
em geral, muitos professores vêm tentando colocá-las em prática Relação professor-aluno - a pedagogia institucional visa “em
em todos os graus de ensino formal. primeiro lugar, transformar a relação professor-aluno no sentido
da não diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e
Tendência Progressista Libertária9 a nocividade de todos os métodos à base de obrigações e amea-
Papel da escola - a pedagogia libertária espera que a escola ças”. Embora professor e aluno sejam desiguais e diferentes, nada
exerça uma transformação na personalidade dos alunos num senti- impede que o professor se ponha a serviço do aluno, sem impor
do libertário e autogestionário. A ideia básica é introduzir modifica- suas concepções e ideias, sem transformar o aluno em “objeto”. O
ções institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, professor é um orientador e um catalisador, ele se mistura ao grupo
vão “contaminando” todo o sistema. A escola instituirá, com base para uma reflexão em comum.
na participação grupal, mecanismos institucionais de mudança (as- Se os alunos são livres frente ao professor, também este o é em
sembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal relação aos alunos (ele pode, por exemplo, recusar-se a responder
forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições “externas”, uma pergunta, permanecendo em silêncio). Entretanto, essa liber-
leve para lá tudo o que aprendeu. dade de decisão tem um sentido bastante claro: se um aluno resol-
Outra forma de atuação da pedagogia libertária, correlata a pri- ve não participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo
meira, é - aproveitando a margem de liberdade do sistema - criar tem responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão;
grupos de pessoas com princípios educativos autogestionários (as- quando o professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio
sociações, grupos informais, escolas autogestionários). Há, portan- tem um significado educativo que pode, por exemplo, ser uma aju-
to, um sentido expressamente político, à medida que se afirma o in- da para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada. No
divíduo como produto do social e que o desenvolvimento individual mais, ao professor cabe a função de “conselheiro” e, outras vezes,
somente se realiza no coletivo. de instrutor-monitor à disposição do grupo. Em nenhum momento
A autogestão é, assim, o conteúdo e o método; resume tanto esses papéis do professor se confundem com o de “modelo”, pois
o objetivo pedagógico quanto o político. A pedagogia libertária, na a pedagogia libertária recusa qualquer forma de poder ou autori-
sua modalidade mais conhecida entre nós, a “pedagogia institu- dade.
cional”, pretende ser uma forma de resistência contra a burocracia
como instrumento da ação dominadora do Estado, que tudo con- Pressupostos de aprendizagem - as formas burocráticas das ins-
trola (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia. tituições existentes, por seu traço de impessoalidade, comprome-
9 LOBROT, Michel. Pedagogia instotucional, la escuela hacia la autogestión. tem o crescimento pessoal. A ênfase na aprendizagem informal, via
1999. grupo, e a negação de toda forma de repressão visam favorecer o
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desenvolvimento de pessoas mais livres. A motivação está, portan- Conteúdos de ensino - são os conteúdos culturais universais
to, no interesse em crescer dentro da vivência grupal, pois supõe-se que se constituíram em domínios de conhecimento relativamente
que o grupo devolva a cada um de seus membros a satisfação de autônomos, incorporados pela humanidade, mas permanentemen-
suas aspirações e necessidades. te reavaliados face às realidades sociais. Embora se aceite que os
Somente o vivido, o experimentado é incorporado e utilizável conteúdos são realidades exteriores ao aluno, que devem ser assi-
em situações novas. Assim, o critério de relevância do saber siste- milados e não simplesmente reinventados eles não são fechados e
matizado é seu possível uso prático. Por isso mesmo, não faz senti- refratários às realidades sociais. Não basta que os conteúdos sejam
do qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos em apenas ensinados, ainda que bem ensinados, é preciso que se li-
termos de conteúdo. guem, de forma indissociável, à sua significação humana e social.
Essa maneira de conceber os conteúdos do saber não estabele-
Outras tendências pedagógicas correlatas - a pedagogia liber- ce oposição entre cultura erudita e cultura popular, ou espontânea,
tária abrange quase todas as tendências antiautoritárias em edu- mas uma relação de continuidade em que, progressivamente, se
cação, entre elas, a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos, e passa da experiência imediata e desorganizada ao conhecimento
também a dos professores progressistas. Embora Neill e Rogers sistematematizado. Não que a primeira apreensão da realidade seja
não possam ser considerados progressistas (conforme entendemos errada, mas é necessária a ascensão a uma forma de elaboração
aqui), não deixam de influenciar alguns libertários, como Lobrot. superior, conseguida pelo próprio aluno, com a intervenção do pro-
Entre os estrangeiros devemos citar Vasquez y Oury entre os mais fessor.
recentes, Ferrer y Guardia entre os mais antigos. Particularmente
significativo é o trabalho de C. Freinet, que tem sido muito estu- A postura da pedagogia “dos conteúdos” - ao admitir um co-
dado entre nós, existindo inclusive algumas escolas aplicando seu nhecimento relativamente autônomo - assume o saber como tendo
método. um conteúdo relativamente objetivo, mas, ao mesmo tempo, intro-
Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária po- duz a possibilidade de uma reavaliação crítica frente a esse conte-
de-se citar Maurício Tragtenberg, apesar da tônica de seus traba- údo. Como sintetiza Snyders, ao mencionar o papel do professor,
lhos não ser propriamente pedagógica, mas de crítica das institui- trata-se, de um lado, de obter o acesso do aluno aos conteúdos,
ções em favor de um projeto autogestionário. ligando-os com a experiência concreta dele - a continuidade; mas,
de outro, de proporcionar elementos de análise crítica que ajudem
Tendência Progressista “Crítico Social dos Conteúdos”10 o aluno a ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões di-
Papel da escola - a difusão de conteúdos é a tarefa primordial. fusas da ideologia dominante - é a ruptura.
Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, indisso- Dessas considerações resulta claro que se pode ir do saber ao
ciáveis das realidades sociais. A valorização da escola como instru- engajamento político, mas não o inverso, sob o risco de se afetar a
mento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta própria especificidade do saber e até cair-se numa forma de peda-
aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir gogia ideológica, que é o que se critica na pedagogia tradicional e
para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. na pedagogia nova.
Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é
também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que de- Métodos de ensino - a questão dos métodos se subordina à dos
fine uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes conteúdos: se o objetivo é privilegiar a aquisição do saber, e de um
histórico-sociais, a função da pedagogia “dos conteúdos” é dar um saber vinculado às realidades sociais, é preciso que os métodos fa-
passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das voreçam a correspondência dos conteúdos com os interesses dos
condições existentes. alunos, e que estes possam reconhecer nos conteúdos o auxílio ao
Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses po- seu esforço de compreensão da realidade (prática social). Assim,
pulares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação nem se trata dos métodos dogmáticos de transmissão do saber da
dos conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida pedagogia tradicional, nem da sua substituição pela descoberta, in-
dos alunos. Entendida nesse sentido, a educação é “uma atividade vestigação ou livre expressão das opiniões, como se o saber pudesse
mediadora no seio da prática social global”, ou seja, uma das me- ser inventado pela criança, na concepção da pedagogia renovada.
diações pela qual o aluno, pela intervenção do professor e por sua
própria participação ativa, passa de uma experiência inicialmente Os métodos de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos
confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais or- não partem, então, de um saber artificial, depositado a partir de
ganizada e unificada. fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com
Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do alu- a experiência do aluno, confrontada com o saber trazido de fora.
no para, o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um O trabalho docente relaciona a prática vivida pelos alunos com os
instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socializa- conteúdos propostos pelo professor, momento em que se dará a
ção, para uma participação organizada e ativa na democratização “ruptura” em relação à experiência pouco elaborada. Tal ruptura
da sociedade. apenas é possível com a introdução explícita, pelo professor, dos
elementos novos de análise a serem aplicados criticamente à prá-
tica do aluno.
Em outras palavras, uma aula começa pela constatação da
10 SAVIANI, Dermeval, Educação: do senso comum à consciência filosófica. prática real, havendo, em seguida, a consciência dessa prática no
2013. sentido de referi-la aos termos do conteúdo proposto, na forma de
MELLO, Guiomar N de, Magistério de 1° grau. 1982. um confronto entre a experiência e a explicação do professor. Vale
CURY, Carlos R. J. Educação e contradição: elementos. 1985.
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dizer: vai-se da ação à compreensão e da compreensão à ação, até Resulta com clareza que o trabalho escolar precisa ser avalia-
a síntese, o que não é outra coisa senão a unidade entre a teoria e do, não como julgamento definitivo e dogmático do professor, mas
a prática. como uma comprovação para o aluno de seu progresso em direção
a noções mais sistematizadas.
Relação professor-aluno - se o conhecimento resulta de trocas
que se estabelecem na interação entre o meio (natural, social, cul- Manifestações na prática escolar11 - o esforço de elaboração de
tural) e o sujeito, sendo o professor o mediador, então a relação pe- uma pedagogia “dos conteúdos” está em propor modelos de ensino
dagógica consiste no provimento das condições em que professores voltados para a interação conteúdos-realidades sociais; portanto,
e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas. O pa- visando avançar em termos de uma articulação do político e do
pel do adulto é insubstituível, mas acentua-se também a participa- pedagógico, aquele como extensão deste, ou seja, a educação “a
ção do aluno no processo. Ou seja, o aluno, com sua experiência serviço da transformação das relações de produção”. Ainda que a
imediata num contexto cultural, participa na busca da verdade, ao curto prazo se espere do professor maior conhecimento dos conte-
confrontá-la com os conteúdos e modelos expressos pelo professor. údos de sua matéria e o domínio de formas de transmissão, a fim
Mas esse esforço do professor em orientar, em abrir perspec- de garantir maior competência técnica, sua contribuição “será tanto
tivas a partir dos conteúdos, implica um envolvimento com o estilo mais eficaz quanto mais seja capaz de compreender os vínculos de
de vida dos alunos, tendo consciência inclusive dos contrastes entre sua prática com a prática social global”, tendo em vista (...) “a de-
sua própria cultura e a do aluno. Não se contentará, entretanto, em mocratização da sociedade brasileira, o atendimento aos interesses
satisfazer apenas as necessidades e carências; buscará despertar das camadas populares, a transformação estrutural da sociedade
outras necessidades, acelerar e disciplinar os métodos de estudo, brasileira”.
exigir o esforço do aluno, propor conteúdos e modelos compatíveis
com suas experiências vividas, para que o aluno se mobilize para Tendências Pedagógicas Pós-LDB 9.394/9612
uma participação ativa. Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.
Evidentemente o papel de mediação exercido em torno da aná- º 9.394/96, revalorizam-se as ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon.
lise dos conteúdos exclui a não diretividade como forma de orienta- Um dos pontos em comum entre esses psicólogos é o fato de serem
ção do trabalho escolar, por que o diálogo adulto-aluno é desigual. interacionistas, porque concebem o conhecimento como resultado
O adulto tem mais experiência acerca das realidades sociais, dispõe da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. De acordo com
de uma formação (ao menos deve dispor) para ensinar, possui co- Aranha13, o conhecimento não está, então, no sujeito, como que-
nhecimentos e a ele cabe fazer a análise dos conteúdos em confron- riam os inatistas, nem no objeto, como diziam os empiristas, mas
to com as realidades sociais. resulta da interação entre ambos.
A não diretividade abandona os alunos a seus próprios dese-
jos, como se eles tivessem uma tendência espontânea a alcançar Para citar um exemplo no ensino da língua, segundo essa pers-
os objetivos esperados da educação. Sabemos que as tendências pectiva interacionista, a leitura como processo permite a possibi-
espontâneas e naturais não são “naturais”, antes são tributárias das lidade de negociação de sentidos em sala de aula. O processo de
condições de vida e do meio. Não são suficientes o amor, a acei- leitura, portanto, não é centrado no texto, ascendente, bottom-up,
tação, para que os filhos dos trabalhadores adquiram o desejo de como queriam os empiristas, nem no receptor, descendente, top-
estudar mais, de progredir: é necessária a intervenção do professor -down, segundo os inatistas, mas ascendente/descendente, ou seja,
para levar o aluno a acreditar nas suas possibilidades, a ir mais lon- a partir de uma negociação de sentido entre enunciador e receptor.
ge, a prolongar a experiência vivida. Assim, nessa abordagem interacionista, o receptor é retirado da sua
condição de mero objeto do sentido do texto, de alguém que esta-
Pressupostos de aprendizagem - por um esforço próprio, o alu- va ali para decifrá-lo, decodificá-lo, como ocorria, tradicionalmente,
no se reconhece nos conteúdos e modelos sociais apresentados no ensino da leitura.
pelo professor; assim, pode ampliar sua própria experiência. O co-
nhecimento novo se apoia numa estrutura cognitiva já existente, As ideias desses psicólogos interacionistas vêm ao encontro da
ou o professor provê a estrutura de que o aluno ainda não dispõe. concepção que considera a linguagem como forma de atuação so-
O grau de envolvimento na aprendizagem dependa tanto da pron- bre o homem e o mundo e das modernas teorias sobre os estudos
tidão e disposição do aluno, quanto do professor e do contexto da do texto, como a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a Semân-
sala de aula. tica Argumentativa e a Pragmática, entre outros.
Aprender, dentro da visão da pedagogia dos conteúdos, é de-
senvolver a capacidade de processar informações e lidar com os De acordo com esse quadro teórico de José Carlos Libâneo,
estímulos do ambiente, organizando os dados disponíveis da expe- deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a tradi-
riência. Em consequência, admite-se o princípio da aprendizagem cional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca
significativa que supõe, como passo inicial, verificar aquilo que o assumiram compromisso com as transformações da sociedade, em-
aluno já sabe. O professor precisa saber (compreender) o que os
alunos dizem ou fazem, o aluno precisa compreender o que o pro- 11 SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. 1983.
fessor procura dizer-lhes. A transferência da aprendizagem se dá a 12 SILVA, Delcio Barros da. As Principais Tendências Pedagógicas na Prática
partir do momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua Escolar Brasileira e seus Pressupostos de Aprendizagem.
visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola,
1990.
13 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora
Moderna, 1998.
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bora, na prática, procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista. No ensino da língua, predominaram os métodos
de base ora empirista, ora inatista, com ensino da gramática tradicional, ou sob algumas as influências teóricas do estruturalismo e do
gerativismo, a partir da Lei 5.692/71, da Reforma do Ensino.

Já as tendências pedagógicas progressistas, em oposição às liberais, têm em comum a análise crítica do sistema capitalista. De base
empirista (Paulo Freire se proclamava um deles) e marxista (com as ideias de Gramsci), essas tendências, no ensino da língua, valorizam
o texto produzido pelo aluno, a partir do seu conhecimento de mundo, assim como a possibilidade de negociação de sentido na leitura.

A partir da LDB 9.394/96, principalmente com a difusão das ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, numa perspectiva socio-histórica,
essas teorias buscam uma aproximação com modernas correntes do ensino da língua que consideram a linguagem como forma de atuação
sobre o homem e o mundo, ou seja, como processo de interação verbal, que constitui a sua realidade fundamental.

QUADRO SÍNTESE DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS


Nome da
Papel da Professor x Aprendiza- Manifesta-
tendência peda- Conteúdos Métodos
escola Aluno gem ções
gógica
São conheci-
A aprendiza-
mentos e valores Exposição
Preparação gem é receptiva Nas escolas
sociais acumula- e demonstra- Autoridade
Tendência intelectual e moral e mecânica, sem que adotam filo-
dos através dos ção verbal da do professor que
Liberal Tradi- dos alunos para se considerar as sofias humanis-
tempos e repas- matéria e /ou exige atitude re-
cional assumir seu papel características tas clássicas ou
sados aos alunos por meio de ceptiva do aluno.
na sociedade. próprias de cada científicas.
como verdades modelos.
idade.
absolutas.
Os conteúdos
É baseada
são estabelecidos Por meio Montessori,
A escola deve O professor na motivação e
Tendência a partir das expe- de experiências, Decroly, Dewey,
adequar as neces- é auxiliador no na estimulação
Liberal Renovada riências vividas pesquisas e mé- Piaget, Cousinet,
sidades individuais desenvolvimento de problemas. O
Progressivista pelos alunos todo de solução Lauro de Oliveira
ao meio social. livre da criança. aluno aprende
frente às situações de problemas. Lima.
fazendo.
problema.
Educação
centralizada no
Tendência Baseia-se na Método aluno; o professor Aprender
Carl Rogers,
Liberal Renovada Formação de busca dos conhe- baseado na deve garantir um é modificar as
“Sumerhill”,
Não Diretiva atitudes. cimentos pelos facilitação da clima de relacio- percepções da
escola de A. Neill.
(Escola Nova) próprios alunos. aprendizagem. namento pessoal e realidade.
autêntico, baseado
no respeito.
É Proce-
São informa- Relação Skinner,
modeladora do dimentos e
ções ordenadas objetiva em que o Aprendiza- Gagné, Bloon,
Tendência comportamento técnicas para
numa sequência professor transmi- gem baseada no Mager. Leis
Liberal Tecnicista humano através a transmissão
lógica e psicoló- te informações e o desempenho. 5.540/68 e
de técnicas e recepção de
gica. aluno deve fixá-las. 5.692/71.
específicas. informações.
Não atua em
Valorização
escolas, porém
da experiência
visa levar profes-
Temas gera- vivida como base
sores e alunos a
Tendência dores retirados da A relação é de da relação educa-
atingir um nível Grupos de
Progressista problematização igual para igual, tiva. Codificação- Paulo Freire.
de consciência da discussão.
Libertadora do cotidiano dos horizontalmente. -decodificação.
realidade em que
educandos. Resolução da
vivem na busca
situação proble-
da transformação
ma.
social.

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Também Lobrot, C.
Transforma-
É não diretiva, prima pela valori- Freinet, Miguel
Tendência ção da personali- As matérias Vivência
o professor é zação da vivência Gonzales, Vas-
Progressista dade num sentido são colocadas, grupal na forma
orientador e os cotidiana. Apren- quez, Oury, Mau-
Libertária libertário e auto- mas não exigidas. de autogestão.
alunos livres. dizagem informal rício Tragtenberg,
gestionário.
via grupo. Ferrer y Guardia.
Conteúdos O método
Tendência Papel do aluno Makarenko,
culturais uni- parte de uma Baseadas
Progressista como participador B. Charlot,
versais que são relação direta da nas estruturas
“Crítico-social Difusão dos e do professor Suchodolski,
incorporados experiência do cognitivas já
dos conteúdos conteúdos. como mediador Manacorda, G.
pela humanidade aluno confronta- estruturadas nos
ou histórico-crí- entre o saber e o Snyders Demer-
frente à realidade da com o saber alunos.
tica” aluno. val Saviani.
social. sistematizado.

RELAÇÕES SOCIOECONÔMICAS E POLÍTICO-CULTURAIS DA EDUCAÇÃO

Conceitos de Raça e Etnia


Os conceitos de raça e etnia diferem-se na forma de abordagem das diferenças entre os grupos humanos. As teorias sobre as diferentes
raças humanas surgiram inicialmente no final do século XVIII e início do século XIX, tendo como autor principal Paul Gilroy14, que argu-
menta sobre a não existência de raça, em termos biológicos, ou seja, não há um mundo físico e material nada que possa ser corretamente
classificado como raça com contorno definido, apenas um grande número de variações físicas entre os seres humanos. De acordo, com
as teorias raciais surgiram como forma de tentar justificar a ordem social, que surgia à medida que países europeus tornavam-se nações
imperialistas, submetendo outros territórios e suas populações ao seu domínio. E o termo raça foi amplamente adotado em todo o mundo
até o período da Segunda Guerra Mundial, quando o surgimento da ameaça nazista elevou a proporções astronômicas o preconceito e o
ódio em relação a grupos humanos específicos.
Diante dos fatos, os autores da Sociologia praticamente abandonaram o uso do termo raça e concordam que o conceito de raça é
apenas uma noção socialmente construída e perpetuada pelo preconceito ou pelo valor conceitual que alguns acreditam existir ligados
a essa diferença. E nesse sentido, o conceito de raça é utilizado para tratar de problemas ligados ao valor socialmente atribuído a certas
características físicas, como casos de discriminação ou segregação racial que ainda hoje observamos.
Dentre desse contexto, o movimento negro brasileiro e, mas ciências sociais, utilizam-se desse termo de forma estratégica, pois assim,
consegue valorizar o legado deixado pelos africanos, inclusive, informando como que nas relações sociais brasileiras, que algumas carac-
terísticas físicas, por exemplo, o formato do nariz e da boca, cor da pele, tipo de cabelo, e dentre outras, exercem ascendência, e intervém
até decidem o rumo e o espaço que os sujeitos ocuparão na sociedade. E esse entendimento de que o conceito de raça, no campo social
existe, foi confirmado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana, que definem a raça como “a construção social forjada nas tensas relações entre brancos e negros, mui-
tas vezes simuladas como harmoniosas, nada tendo a ver com o conceito biológico de raça no século XVIII e hoje sobejamente superado.
Enquanto o conceito de raça está ligado à ideia errônea ligada a traços biológicos definitivos, o conceito de etnia baseia-se a um gru-
po que possui algum grau de coerência, solidariedade, origens e interesses comuns, um grupo étnico é mais do que um ajuntamento de
pessoas, e nesse sentido as pessoas devem ser agregado ao seu pertencimento histórico e cultural. De acordo Gomes15 “o uso do termo
etnia ganhou força para se referir aos povos diferentes tais como, os judeus, índios, negros, e entre outros. A intenção era enfatizar que
os grupos humanos não eram marcados por características biológicas herdadas dos seus ancestrais, mas sim, por processos históricos e
culturais”. E vale destacar, que ao serem subjugados, totalmente ou parcialmente, esses povos passam por provações e carências, que vão
desde material, cultural, política e econômica. Quando esses povos tomam consciência destas adversidades, se estabilizam, e apoiam e se
conformam para com àqueles que passaram pelas mesmas experiências. Portanto, o grupo étnico é um fenômeno cultural, mesmo sendo
baseado originalmente numa percepção comum e numa experiência de circunstâncias materiais desfavoráveis.
Assim, o termo raça diz respeito aos atributos dos grupos sociais, e relação ao grupo étnico, refere a uma resposta original de um povo
em alguma situação, sente marginalizado pela sociedade. Entretanto, no Brasil um novo vocábulo passou a ser utilizado e merece destaque
é a expressão etnicorracial, que determina que as tensas relações raciais estabelecidas no país, vão para além das diferenças na cor da pele
e os traços fisionômicos, que correspondem à raiz cultural baseada na ancestralidade afro-brasileira que difere em visão de mundo, valores
e princípios da origem europeia. É nesse contexto histórico, político, social e cultural que os negros brasileiros constroem suas identidades
e, dentre elas, a identidade negra. Essa identidade negra é uma construção pessoal e social, é elaborada individualmente e socialmente
através de forma diversa. No caso brasileiro, essa tarefa torna-se ainda mais complexa, pois se realiza na articulação entre a classe, gênero
e raça no contexto da ambiguidade do racismo brasileiro e da crescente desigualdade social. Por fim, raça e etnia são expressões que se

14 GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes - Centro de Estudos Afro-Asiáti-
cos, 2001.
15 GOMES. Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil. Uma breve discussão. S.D.
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fundem no contexto social, visto que ambos os termos são carrega- povos indígenas e dos descendentes de asiáticos, além das de
dos de significações e podem determinar o pensamento, atitude e raiz africana e europeia. É preciso ter clareza que o artigo 26-A
a forma de ser e pensar no mundo que o cercam. acrescido à Lei 9.394/1996 provoca a inclusão de novos conteúdos,
exige que se repensem relações étnico-raciais, sociais, pedagógicas,
A Distinção entre Preconceito - Discriminação - Racismo procedimentos de ensino, condições oferecidas para aprendizagem,
Existe muito preconceito, racismo e discriminação no contexto objetivos tácitos e explícitos da educação oferecida pelas escolas.
educacional e este é um grande problema de todos nós. Vamos es- Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de
clarecer um pouco sobre cada conceito: ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo
da história e cultura afro-brasileira e indígena.        
- Preconceito: é uma opinião que formamos das pessoas antes § 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo
de conhecê-las. É um julgamento apressado e superficial e muito incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam
perigoso, pois ao invés de melhorar a nossa vida e da sociedade, a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos
acaba trazendo muitas situações complicadas e até mesmo violen- étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos,
tas. a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra
- Racismo: as pessoas que não conseguem deixar de ser pre- e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade
conceituosas podem vir a se tornar racistas. Um racista acredita nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
que existe raças superiores às outras, o que é grande tolice, pois econômica e política, pertinentes à história do Brasil.          
na espécie humana, não podemos dizer que existam raças; a cor § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira
da pele, a forma do nariz, o tipo do cabelo, o tipo do sangue, o e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito
formato e cor dos olhos, a espessura dos lábios, não são suficientes de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação
para estabelecer diferentes tipos de raças entre os seres humanos, artística e de literatura e história brasileiras.         
que biologicamente são iguais em quase tudo , restando pequenas
diferenças externas pouco importantes e que não servem para fazer Em relação a autonomia dos estabelecimentos de ensino para
com que uns sejam superiores ou inferiores aos outros e vice versa. compor os projetos pedagógicos, permite que se valham da cola-
- Discriminação: a pessoa que faz isso, geralmente, quer valo- boração das comunidades a que a escola serve, do apoio direto
rizar a si próprio e diminuir os demais mesmo “de brincadeira”. É ou indireto de profissionais e do Movimento Negro, com os quais
insegura porque não tem capacidade de conviver com os outros e estabelecerão canais de comunicação e encontrarão formas pró-
aceitar as diferenças naturais entre os seres humanos. Os precon- prias de incluir nas vivências promovidas pela escola, inclusive em
ceituosos e racistas têm dificuldades em aceitar e conviver com a conteúdos de disciplinas, as temáticas em questão. E caberá, aos
diferença e. às vezes, suas atitudes chegam ao delírio e como são sistemas de ensino, às mantenedoras, à coordenação pedagógica e
medrosos e inseguros, projetam sobre os outros que são inferiores aos professores, estabelecer conteúdos de ensino, unidades de es-
a eles e que não podem ter os mesmos direitos - quando os racistas tudos, projetos e programas, abrangendo os diferentes componen-
e preconceituosos agem dessa maneira estão tratando os que eles tes curriculares. E aos administradores dos sistemas de ensino e das
julgam como inferiores a ele de maneira discriminatória. Discrimi- mantenedoras caberá material bibliográfico e materiais didáticos,
nação é portanto tratar os outros com inferioridade, se julgando além de acompanhar os trabalhos desenvolvidos, a fim de evitar
superior. que questões tão complexas, muito pouco tratadas, tanto na for-
mação inicial como continuada de professores, sejam abordadas de
Educação nas relações étnico-raciais - Obrigatoriedade do En- maneira resumida, incompleta, com erros. Em outras palavras, aos
sino de História e Cultura Afro-Brasileiras - Determinações16 estabelecimentos de ensino está sendo atribuída responsabilidade
A obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasilei- de acabar com o modo falso e reduzido de tratar a contribuição dos
ra e Africana nos currículos da educação básica trata-se de questão africanos escravizados e de seus descendentes para a construção da
política, com repercussões pedagógicas, inclusive na formação de nação brasileira, e de fiscalizar para que os alunos negros deixem
professores. Com esta medida, reconhece-se que, além de garantir de sofrer os primeiros e continuados atos de racismo de que são
vagas para negros nos bancos escolares, é preciso valorizar devida- vítimas, e assumir estas responsabilidades implica compromisso
mente a história e cultura de seu povo, buscando reparar danos, com o entorno sociocultural da escola, da comunidade onde esta
que se repetem há cinco séculos, à sua identidade e a seus direitos. se encontra e a que serve, compromisso com a formação de cida-
A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cul- dãos atuantes e democráticos, capazes de compreender as relações
tura afro-brasileira e africana não se restringe à população negra, sociais e étnico-raciais de que participam e ajudam a manter e/ou
ao contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem a reelaborar, capazes de decodificar palavras, fatos e situações a
educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade partir de diferentes perspectivas, de desempenhar-se em áreas de
multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma nação demo- competências que lhes permitam continuar e aprofundar estudos
crática. em diferentes níveis de formação.
É importante destacar que não se trata de mudar um foco O Brasil, país multiétnico e pluricultural, de organizações esco-
etnocêntrico marcadamente de raiz europeia por um africano, lares em que todos se vejam incluídos, em que lhes seja garantido o
mas de ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade direito de aprender e de ampliar conhecimentos, sem ser obrigados
cultural, racial, social e econômica brasileira. E nesta perspectiva, a negar a si mesmos, ao grupo étnico racial a que pertencem e a
cabe às escolas incluir no contexto dos estudos e atividades, que adotar costumes, ideias e comportamentos que lhes são adversos.
proporciona diariamente as contribuições histórico-culturais dos E estes, certamente, serão indicadores da qualidade da educação
16 Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico-raciais que estará sendo oferecida pelos estabelecimentos de ensino de
e para o ensino da história afrobrasileira e africana. Brasília: SECAD/ME, 2004. diferentes níveis.
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Para conduzir suas ações, os sistemas de ensino, os estabeleci- É a união de vários povos numa mesma sociedade. Etnia
mentos e os professores terão como referência, entre outros perti- é um grupo de indivíduos que possuem afinidades de origem,
nentes às bases filosóficas e pedagógicas que assumem, os princí- história, idioma religião e cultura, independente do país em que se
pios a seguir explicitados. encontrem.
O sucesso das políticas públicas de Estado, institucionais e pe- O Brasil é um país com grande diversidade étnica, sua popula-
dagógicas, visando a reparações, reconhecimento e valorização da ção é composta da miscigenação de vários povos que juntos forma-
identidade, da cultura e da história dos negros brasileiros depen- ram uma nova identidade cultural. De acordo com o último censo, a
de necessariamente de condições físicas, materiais, intelectuais e população negra conta com percentual de 54% que auto classificam
afetivas favoráveis para o ensino e para aprendizagens e em outras como negros.
palavras, todos os alunos e os professores, precisam sentir-se va- A diversidade étnico-racial, é considerada como princípio de en-
lorizados e apoiados. Depende também, de maneira decisiva, da sino com a entrada em vigor da Lei nº 12.796/1317, que alterou a Lei
reeducação das relações entre negros e brancos, o que aqui esta- de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e tornou obrigatório o
mos designando como relações étnico-raciais. Depende do trabalho ensino de história e cultura afro-brasileiras nos estabelecimentos
conjunto, de articulação entre processos educativos escolares, po- de ensinos fundamental e médio, oficiais e particulares. Conforme
líticas públicas, movimentos sociais, visto que as mudanças éticas, consta:
culturais, pedagógicas e políticas nas relações étnico-raciais não se Artigo 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
limitam à escola. cípios:
Se não é fácil ser descendente de seres humanos escravizados XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
e forçados à condição de objetos utilitários ou a semoventes, tam-
bém é difícil descobrir-se descendente dos escravizadores, temer, A reflexão sobre o lugar das tradições africanas no redesenho
embora veladamente, revanche dos que, por cinco séculos, têm cultural da escola brasileira incentiva professores e professoras a
sido desprezados e massacrados. relacionarem-se com o mundo de possibilidades que a sociabilida-
Para reeducar as relações étnico-raciais, no Brasil, é necessário de negra criou, para além das referências e práticas eurocêntricas,
fazer emergir as dores e medos que têm sido gerados. É preciso cujas reiteração e reprodução na escola brasileira ainda fazem desta
entender que o sucesso de uns tem o preço da marginalização e mais um problema do que uma solução para os desafios de nossa
da desigualdade impostas a outros. E então decidir que sociedade sociedade. E essa posição adotada pelo Estado representa uma das
queremos construir daqui para frente. grandes inovações em relação à educação das relações étnico-ra-
Como bem salientou Frantz Fanon, os descendentes dos merca- ciais, representando novas posições a serem adotadas pela estru-
dores de escravos, dos senhores de ontem, não têm, hoje, de assu- tura da educação brasileira. Portanto, a diversidade étnico-racial na
mir culpa pelas desumanidades provocadas por seus antepassados. condição de princípio do ensino vem afirmar, que deverá constar
No entanto, têm eles a responsabilidade moral e política de com- em todos os níveis do ensino, inclusive na estrutura da Educação
bater o racismo, as discriminações e, juntamente com os que vêm brasileira.
sendo mantidos à margem, os negros, construir relações raciais e A cultura afro-brasileira já estava consagrada na Constituição
sociais sadias, em que todos cresçam e se realizem enquanto seres Federal, agora como princípio geral do ensino, revela a importância
humanos e cidadãos. Não fossem por estas razões, eles a teriam de dada ao tema, representa que nos diversos níveis da Educação há
assumir, pelo fato de usufruírem do muito que o trabalho escravo de ser realizada inclusive nas áreas representadas pelas atividades-
possibilitou ao país. -fim como de controle governamental e meio, nas formações inicial
Assim sendo, a educação das relações étnico-raciais impõe e continuada dos profissionais da Educação. Perceber a diversidade
aprendizagens entre brancos e negros, trocas de conhecimentos, étnico-racial como princípio proporcionará uma nova dimensão das
quebra de desconfianças, projeto conjunto para construção de uma interpretações e valorização da identidade cultural, necessariamen-
sociedade justa, igual, equânime. Para combater o racismo, tem te quando aliada ao propósito da desconstrução do racismo.
como objetivo o trabalho pelo fim da desigualdade social e racial, Esse reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, ci-
empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas vis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade
exclusivas da escola. As formas de discriminação de qualquer natu- daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem
reza não têm o seu nascedouro na escola, porém o racismo, as desi- a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, racio-
gualdades e discriminações correntes na sociedade perpassam por cínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras.
ali. Para que as instituições de ensino desempenhem a contento o Porém, requer também que se conheça a sua história e cultura
papel de educar, é necessário que se constituam em espaço demo- apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente descons-
crático de produção e divulgação de conhecimentos e de posturas truir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este
que visam a uma sociedade justa. que difunde crença de que, se os negros não atingem os mesmos
patamares que os não negros, é por falta de competência ou inte-
Diversidade étnico racial como princípio da lei de Diretrizes e resse, desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura
Bases da Educação Nacional social hierárquica cria com prejuízos para o negro.
A questão diversidade é muito ampla e estudos sobre o referido
tema vão desde conceitos, às questões de raça, etnia e gênero, até Para que haja realmente a construção de um país democráti-
as mais abrangentes pelo fato de se considerar a diversidade como co, faz-se necessário que todos tenham seus direitos garantidos e
diferença individual entre os indivíduos. sua identidade valorizada, a começar pela escola que, infelizmente,
Diversidade étnico racial: 17 BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Alteração das Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm
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continua desenvolvendo práticas preconceituosas detectadas no O desafio da escola é de possibilitar a essa grande maioria o
currículo, no material didático, nas relações entre os alunos, nas acesso à escola, mas garantindo-lhes permanecer e ter sucesso
relações entre alunos, e não poucas vezes até professores. no processo de ensino e aprendizagem, pois o acesso ao conheci-
mento historicamente elaborado é que poderá dar a esses alunos,
A educação é o fato de maior eficácia para contribuir para a muitas vezes excluídos do sistema e da sociedade, condições para
promoção dos excluídos. Por isso, muitas ações têm sido desenca- transformar suas vidas e possibilitar uma maior inserção na comu-
deadas no sentido de reconhecimento e valorização do negro, ga- nidade, podendo atuar como cidadãos, capazes de transformá-la.
rantindo a eles as mesmas condições, numa constante luta contra
o racismo e o preconceito. Luta esta que deve ser de todos que O sistema escolar e os professores precisam reconhecer nesses
acreditam num país democrático, justo e igualitário. alunos os seres humanos que ali estão e clamam por uma oportu-
nidade, que sonham com uma perspectiva de vida melhor e que
Atualmente, a Lei nº 12.796/13 que alterou o artigo 3º, inciso XII querem ter seus direitos de cidadãos garantidos. É preciso destruir
da LDB já retratava a preocupação na reflexão acerca do preconcei- o histórico de exclusão e desigualdade do sistema escolar públi-
to e da discriminação, buscando democratizar e universalizar o ensi- co, reconhecendo em cada aluno suas potencialidades e precisa
no, garantindo a todos os alunos o reconhecimento e valorização de se preocupar em oferecer um ensino público de maior qualidade,
sua cultura, de sua história, de sua identidade, e, assim, combater o que possa compensar, pelo menos parcialmente, as dificuldades de
racismo e as discriminações, educando cidadãos orgulhosos de seu aprendizagem. É preciso que se fique claro que as crianças que vi-
pertencimento étnico racial tendo seus direitos garantidos e sua vem em ambientes desfavoráveis também podem ter um nível de
identidade valorizada. aprendizagem satisfatória. E cabe à escola oportunizar essas con-
dições, oferecendo o apoio necessário aos alunos em condições
A escola é responsável por trabalhar esse sentido de promover socioeconômicas e culturais desfavoráveis, ajudando-os a superar
a inclusão e a cidadania de todos os alunos, visando a eliminar todo as dificuldades e carências do contexto onde vivem, procurando
tipo de injustiça e discriminação, enxergando os seres humanos destruir o histórico de exclusão e desigualdade do sistema escolar
dotados de capacidades e valorizando-os como pessoas, principal- público.
mente dos afrodescendentes, marcados por um histórico triste na
educação e na sociedade brasileira de discriminação, racismo e pre- A Diversidade Cultural e o Fortalecimento de Identidades e Di-
conceito. O ensino tem o papel importante na transformação da reitos como Princípio Educativo
humanidade e ao desenvolver seu trabalho de forma democrática, Consciência Política e Histórica da Diversidade
comprometendo-se com o ser humano em sua totalidade e respei- - À igualdade básica de pessoa humana como sujeito de direitos;
tando-o em suas diferenças. - À compreensão de que a sociedade é formada por pessoas que
pertencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura
Em relação aos afrodescendentes, esses devem ser reconheci- e história próprias, igualmente valiosas e que em conjunto cons-
dos em nossa sociedade com as mesmas igualdades de oportunida- troem, na nação brasileira, sua história;
des que são concedidas a outras etnias e grupos sociais, buscando - Ao conhecimento e à valorização da história dos povos afri-
assim eliminar todas as formas de desigualdades raciais e resgatar canos e da cultura afro-brasileira na construção histórica e cultural
a contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira e, brasileira;
assim, valorizando a história da cultura dos afro-brasileiros e afri- - À superação da indiferença, injustiça e desqualificação com
canos. que os negros, os povos indígenas e também as classes populares
às quais os negros, no geral, pertencem, são comumente tratados;
Diversidade Socioeconômica e Cultural - À desconstrução, por meio de questionamentos e análises
A escola pública possui em sua grande maioria alunos prove- críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias, comportamentos
nientes de uma classe socioeconômica cultural desfavorecida, de veiculados pela ideologia do branqueamento, pelo mito da demo-
famílias que possuem uma condição de vida desfavorável e que, na cracia racial, que tanto mal fazem a negros e brancos;
maioria, possuem dificuldades de aprendizagem. São alunos filhos - À busca, da parte de pessoas, em particular de professores
da classe trabalhadora, cujo pais permanecem a maior parte do dia não familiarizados com a análise das relações étnico-raciais e sociais
fora de casa trabalhando como empregados em indústrias, lojas, com o estudo de história e cultura afro-brasileira e africana, de in-
casas de família, em trabalhos sazonais como boias-frias na zona formações e subsídios que lhes permitam formular concepções não
rural, cortadores de cana, pedreiros, garis, empregadas domésticas, baseadas em preconceitos e construir ações respeitosas;
etc., e muitos pais encontram-se até desempregados. - Ao diálogo, via fundamental para entendimento entre diferen-
tes, com a finalidade de negociações, tendo em vista objetivos co-
Esses alunos que compõem a maioria na escola pública atende muns, visando a uma sociedade justa.
e que precisa dar conta, oportunizando condições de aprendiza-
gem, num processo de qualidade. São alunos que estão à margem Fortalecimento de Identidades e de Direitos
da sociedade, e que muitas vezes passam por diversas circunstân- - O desencadeamento de processo de afirmação de identidades,
cias perversas, como a fome, situações de violência, problemas com de historicidade negada ou distorcida;
alcoolismo e drogas, situações de abandono, entre outros, e esses - O rompimento com imagens negativas forjadas por diferentes
são os verdadeiros excluídos da sociedade que estão na escola cla- meios de comunicação, contra os negros e os povos indígenas;
mando por ajuda. E as condições socioeconômicas e culturais é um - O esclarecimentos a respeito de equívocos quanto a uma iden-
dos fatores que podem interferir, e muito, no desempenho escolar tidade humana universal;
dos alunos. - O combate à privação e violação de direitos;
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- A ampliação do acesso a informações sobre a diversidade da deiras, piadas sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços
nação brasileira e sobre a recriação das identidades, provocada por físicos, a textura dos cabelos, fazendo pouco de suas tradições, re-
relações étnico-raciais; ligião e cultura.
- As excelentes condições de formação e de instrução que preci- A discriminação e o preconceito reproduzidos na escola apre-
sam ser oferecidas, nos diferentes níveis e modalidades de ensino, sentam um quadro de agressões materiais ou simbólicas, de cará-
em todos os estabelecimentos, inclusive os localizados nas chama- ter não apenas físico ou moral, mas psíquico, sobre o aluno negro,
das periferias urbanas e nas zonas rurais. repercutindo sobre sua vida social e intrapsíquica, podendo ser um
desencadeador ou um entrave ao seu pleno desenvolvimento. Por
A Desigualdade Racial no Contexto Escolar18 isso, torna-se fundamental professores capacitados para lidarem
A escola é um espaço privilegiado onde acontece boa parte do com essa situação, afim de desnaturalizar o discurso preconceituo-
processo de socialização das crianças e adolescentes, de diferentes so e promover o respeito à diversidade étnico-racial e cultural da
núcleos familiares, estabelecem relações no convívio com a diversi- sociedade brasileira. Nessa perspectiva, cabe aos professores es-
dade. A escola torna-se o primeiro contato de vivência das tensões tarem bem preparados para assumirem o papel de interventores
raciais, que podem acontecer de forma natural ou conflituosa, se- para transformar essa realidade, faz necessária como produto de
gregando e excluindo, fazendo com que a criança negra tenha em uma reflexão que permita ao professor perceber o papel que de-
alguns momentos uma postura introvertida. Isso pode acontecer sempenha nessa questão. É também a capacidade de perceber que
por medo de ser discriminada ou ridicularizada, iniciando assim um tem o que trabalhar em si mesmo, e isso não o impede de trilhar,
processo de desvalorização de seus atributos individuais, que vão junto com seus alunos, o caminho da superação do preconceito e
de alguma forma interferir na construção de sua identidade, favo- da discriminação. Trata-se de ter a certeza de que cada um de seus
recendo a disseminação do preconceito. E nesse sentido, a cons- gestos pode fazer a diferença entre o esforço de atitudes inadequa-
trução da identidade, assim como sua manutenção, se constituirá das e a chance de abrir novas possibilidades de diálogo, respeito e
dentro do processo social, quando o olhar do outro poderá ou não solidariedade.
proporcionar o reconhecimento ou sentimento de pertença positi- A necessidade de subsidiar o trabalho dos professores deve-se
va ao grupo social. a dificuldade que os docentes encontram de como tornar a cultura
Ao abordar o tema sobre discriminação e preconceito racial no um eixo central do processo curricular e introduzir uma abordagem
ambiente escolar não é só realizar um discurso de vitimização, mas multicultural nas práticas pedagógicas. Diante disso, é essencial as
enfrentar os desafios, dando visibilidade à problemática envolvida e iniciativas de formação de professores no interior das escolas con-
promovendo uma ampla discussão, motivando a reflexão individual forme afirmam os autores.
e coletiva na transformação de mentalidades e práticas de qualquer Dessa maneira, possibilitar que professores reflita sobre seus
tratamento preconceituoso, através de ações conjuntas no contexto conceitos, amplie seus conhecimentos, analisem e reconheçam a
educacional para a reversão da discriminação e das desigualdades organização da sociedade da qual os alunos fazem parte, tornará o
em nossa sociedade, desenvolvendo nos alunos a autoconsciência. processo educativo democrático e livre de atos opressores, precon-
Por isso, é fundamental que os educandos sejam orientados em ceituosos e discriminatórios.
seu processo de aprendizagem por professores qualificados e com Pressupondo que toda e qualquer proposta de Educação de
formação para lidarem com as tensas relações produzidas pelo ra- qualidade e verdadeiramente democrática, que promova a cida-
cismo e preconceito, que sejam sensíveis e capazes de conduzir a dania e diminuição das desigualdades, passa pelos desafios da for-
reeducação nas relações étnico-raciais. mação diferenciada para os professores, devido o importante papel
Portanto, isso requer estratégias pedagógicas, mudança nos que exercem na efetivação das políticas públicas educacionais, a
discursos, posturas, formas de tratar as pessoas, reconhecimento formação dos mesmos deve abordar as relações de preconceito e
dos processos históricos de resistência negra desencadeados pelos discriminação de modo dinâmico, participativo e inclusivo.
africanos escravizados no Brasil e por seus descendentes na con- Dessa forma será possível proporcionar aos educadores condi-
temporaneidade, e a desconstrução do mito da democracia racial ções de serem críticos e reflexivos, com potencial para promove-
e envolvimento de todos na construção de um projeto de escola, rem projetos e ações transformadores no ambiente educacional. E
de educação voltada para um trabalho coletivo de articulação entre nesse contexto, promover oficinas interativas a fim de proporcio-
os processos educativos escolares, políticas públicas e movimentos nar aos educadores debater a ampliar os conhecimentos acerca
sociais. das questões étnico-raciais é possibilitar que os mesmos tenham
condições de formar cidadãos livres para pensar no nosso país na
O Papel do Professor perspectiva da afirmação de sua identidade nacional.
No âmbito educacional é possível observar as tensas relações
étnico-raciais envolvendo a cultura e o padrão estético negro este- Ações Afirmativas19
reotipado, embora 54% da população brasileira seja formada por Introdução
negros, segundo o censo do IBGE de 2015, não têm sido suficientes A demanda por reparações visa a que o Estado e a sociedade
para eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas e tomem medidas para ressarcir os descendentes de africanos ne-
preconceituosos. Não que seja na escola a origem de formas de dis- gros, referentes aos danos psicológicos, materiais, sociais, políticos
criminação, entretanto, o preconceito na sociedade perpassa por e educacionais sofridos sob durante o regime escravista, bem como
ali, e assim sendo, se dá através de apelidos depreciativos, brinca- em virtude das políticas explícitas ou tácitas de branqueamento da
população, de manutenção de privilégios exclusivos para grupos
19 PRÁTICAS pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na
18 ZEBRAL, D. F. Rompendo barreiras do preconceito racial no ambiente escolar, perspectiva da lei n. 10.639/03. Brasília/Belo Horizonte: MEC/Secad/PROGRAMA
2012. AÇÕES AFIRMATIVAS NA UFMG, 2010 (Relatório final).
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com poder de governar e de influir na formulação de políticas, no explorados como escravos, não sejam desencorajados de prosse-
pós-abolição, e visa também que tais medidas se concretizem em guir estudos, de estudar questões que dizem respeito à comunida-
iniciativas de combate ao racismo e a de discriminações. de negra;
Cabe ressaltar que o Estado tem que promover e incentivar po- - Reconhecer exige que os estabelecimentos de ensino, frequen-
líticas de reparações, no que cumpre ao disposto na Constituição tados em sua maioria por população negra, contem com instalações
Federal, no artigo 205, que assinala o dever do Estado de garantir e equipamentos sólidos, atualizados, com professores competentes
indistintamente, por meio da educação, iguais direitos para o pleno no domínio dos conteúdos de ensino, comprometidos com a educa-
desenvolvimento de todos e de cada um, enquanto pessoa, cida- ção de negros e brancos, no sentido de que venham a relacionar-se
dão ou profissional. E essa intervenção do Estado, mostram que as com respeito, sendo capazes de corrigir posturas, atitudes e pala-
políticas de reparações voltadas para a educação dos negros devem vras que impliquem desrespeito e discriminação.
oferecer garantias a essa população de ingresso, permanência e
sucesso na educação escolar, de valorização do patrimônio histó- Objetivos das Ações Afirmativas20
rico-cultural afro-brasileiro, de aquisição das competências e dos Embora as políticas de ação afirmativa já tenham sido utilizadas
conhecimentos tidos como indispensáveis para continuidade nos em diversas partes do mundo, estas foram, uma criação pioneira do
estudos, de condições para alcançar todos os requisitos tendo em Direito nos Estados Unidos, representando uma mudança de postu-
vista a conclusão de cada um dos níveis de ensino, bem como para ra do Estado no sentido de abandonar a suposta neutralidade que
atuar como cidadãos responsáveis e participantes, além de desem- prevalecia na aplicação das políticas governamentais.
penharem com qualificação uma profissão. A decisão de passar a considerar a importância de fatores como
A demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimen- sexo, raça, cor e origem nacional na implementação das políticas
to, valorização e afirmação de direitos, no que diz respeito à edu- ocorreu com o objetivo de impedir que a discriminação, que tem
cação, passou a ser particularmente apoiada com a promulgação um fundo histórico e cultural e, muitas vezes, não permite com fa-
da Lei 10.639/2003, que alterou a Lei 9.394/1996, estabelecendo cilidade o enquadramento nas categorias jurídicas clássicas, perpe-
a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e tue as iniquidades sociais.
africanas. As políticas de reparações e de reconhecimento formarão pro-
gramas de ações afirmativas, isto é, conjuntos de ações políticas
- Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, dirigidas à correção de desigualdades raciais e sociais, orientadas
culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade da- para oferta de tratamento diferenciado com vistas a corrigir des-
quilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a vantagens e marginalização criadas e mantidas por estrutura social
população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, racio- excludente e discriminatória, atendem ao determinado pelo Pro-
cínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras. grama Nacional de Direitos Humanos, bem como a compromissos
Requer também que se conheça a sua história e cultura apresenta- internacionais assumidos pelo Brasil, com o objetivo de combate
das, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir o mito ao racismo e a discriminações, tais como: a Convenção da UNESCO
da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde de 1960, direcionada ao combate ao racismo em todas as formas
a crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares de ensino, bem como a Conferência Mundial de Combate ao Ra-
que os não negros, é por falta de competência ou de interesse, des- cismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Discriminações Correlatas
considerando as desigualdades seculares que a estrutura social hie- de 2001.
rárquica cria com prejuízos para os negros; Assim sendo, sistemas de ensino e estabelecimentos de dife-
- Reconhecimento requer a adoção de políticas educacionais e rentes níveis converterão as demandas dos afro-brasileiros em po-
de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de líticas públicas de Estado ou institucionais, ao tomarem decisões e
superar a desigualdade étnico-racial presente na educação escolar iniciativas com vistas a reparações, reconhecimento e valorização
brasileira, nos diferentes níveis de ensino; da história e cultura dos afro-brasileiros, à constituição de progra-
- Reconhecer exige que se questionem relações étnico-raciais mas de ações afirmativas, medidas estas coerentes com um projeto
baseadas em preconceitos que desqualificam os negros e salien- de escola, de educação, de formação de cidadãos que explicitamen-
tam estereótipos depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou te se esbocem nas relações pedagógicas cotidianas. Medidas que,
explicitamente violentas, expressam sentimentos de superioridade convém, sejam compartilhadas pelos sistemas de ensino, estabe-
em relação aos negros, próprios de uma sociedade hierárquica e lecimentos, processos de formação de professores, comunidade,
desigual; professores, alunos e seus pais.
- Reconhecer é também valorizar, divulgar e respeitar os proces-
sos históricos de resistência negra desencadeados pelos africanos Medidas que repudiam, como prevê a Constituição Federal21
escravizados no Brasil e por seus descendentes na contemporanei- nos seguintes artigos:
dade, desde as formas individuais até as coletivas;
- Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas negras, “Artigo 3º, inciso IV: o “preconceito de origem, raça, sexo, cor,
à sua descendência africana, sua cultura e história. Significa buscar, idade e quaisquer outras formas de discriminação” e o artigo 208,
compreender seus valores e lutas, ser sensível ao sofrimento cau- inciso IV reconhecem que todos são portadores de singularidade
sado por tantas formas de desqualificação: apelidos depreciativos, 20 GOMES, Joaquim Barbosa. “O debate constitucional sobre as ações afirmati-
brincadeiras, piadas de mau gosto sugerindo incapacidade, ridicula- vas”. In: SANTOS, Renato Emerson; LOBATO, Fátima (orgs.). Ações Afirmativas.
rizando seus traços físicos, a textura de seus cabelos, fazendo pouco Políticas públicas contra as desigualdades raciais. Rio de Janeiro: DP&A Editora.
das religiões de raiz africana. Implica criar condições para que os 2003.
estudantes negros não sejam rejeitados em virtude da cor da sua 21 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. http://www.
pele, menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm
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irredutível e que a formação escolar tem de estar atenta para o - O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a
desenvolvimento de suas personalSão princípios que mostram as educação das relações étnico-raciais, tal como explicita o presente
exigências de mudança de mentalidade, de maneiras de pensar e parecer, se desenvolverão no cotidiano das escolas, nos diferentes
agir dos indivíduos em particular, assim como das instituições e de níveis e modalidades de ensino, como conteúdo de disciplinas, par-
suas tradições culturais. É neste sentido que se fazem as seguintes ticularmente, Educação Artística, Literatura e História do Brasil, sem
determinações: prejuízo das demais , em atividades curriculares ou não, trabalhos
em salas de aula, nos laboratórios de ciências e de informática, na
- A conexão dos objetivos, estratégias de ensino e atividades utilização de sala de leitura, biblioteca, brinquedoteca, áreas de re-
com a experiência de vida dos alunos e professores, valorizando creação, quadra de esportes e outros ambientes escolares.
aprendizagens vinculadas às suas relações com pessoas negras, - O ensino de História Afro-Brasileira abrangerá, entre outros
brancas, mestiças, assim como as vinculadas às relações entre ne- conteúdos, iniciativas e organizações negras, incluindo a história
gros, indígenas e brancos no conjunto da sociedade; dos quilombos, a começar pelo de Palmares, e de remanescentes
- A crítica pelos coordenadores pedagógicos, orientadores edu- de quilombos, que têm contribuído para o desenvolvimento de
cacionais, professores, das representações dos negros e de outras comunidades, bairros, localidades, municípios, regiões (exemplos:
minorias nos textos, materiais didáticos, bem como providências associações negras recreativas, culturais, educativas, artísticas, de
para corrigi-las; assistência, de pesquisa, irmandades religiosas, grupos do Movi-
- Condições para professores e alunos pensarem, decidirem, mento Negro). Será dado destaque a acontecimentos e realizações
agirem, assumindo responsabilidade por relações étnico-raciais po- próprios de cada região e localidade.
sitivas, enfrentando e superando discordâncias, conflitos, contesta- - Datas significativas para cada região e localidade serão de-
ções, valorizando os contrastes das diferenças; vidamente assinaladas. O 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia
- Valorização da oralidade, da corporeidade e da arte, por exem- contra o Racismo, será tratado como o dia de denúncia das reper-
plo, como a dança, marcas da cultura de raiz africana, ao lado da cussões das políticas de eliminação física e simbólica da população
escrita e da leitura; afro-brasileira no pós-abolição, e de divulgação dos significados da
- Educação patrimonial, aprendizado a partir do patrimônio cul- Lei Áurea para os negros. No 20 de novembro será celebrado o Dia
tural afro-brasileiro, visando a preservá-lo e a difundi-lo; Nacional da Consciência Negra, entendendo-se consciência negra
- O cuidado para que se dê um sentido construtivo à participa- nos termos explicitados anteriormente neste parecer. Entre outras
ção dos diferentes grupos sociais, étnico-raciais na construção da datas de significado histórico e político deverá ser assinalado o 21
nação brasileira, aos elos culturais e históricos entre diferentes gru- de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discrimina-
pos étnico-raciais, às alianças sociais; ção Racial.
- Participação de grupos do Movimento Negro, e de grupos cul- - Em História da África, tratada em perspectiva positiva, não só
turais negros, bem como da comunidade em que se insere a esco- de denúncia da miséria e discriminações que atingem o continen-
la, sob a coordenação dos professores, na elaboração de projetos te, nos tópicos pertinentes se fará articuladamente com a história
político-pedagógicos que contemplem a diversidade étnico-racial. dos afrodescendentes no Brasil e serão abordados temas relativos:
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, evitan- - ao papel dos anciãos e dos gritos como guardiões da memória his-
do-se distorções, envolverá articulação entre passado, presente e tórica; - à história da ancestralidade e religiosidade africana; - aos
futuro no âmbito de experiências, construções e pensamentos pro- núbios e aos egípcios, como civilizações que contribuíram decisi-
duzidos em diferentes circunstâncias e realidades do povo negro. É vamente para o desenvolvimento da humanidade; - às civilizações
um meio privilegiado para a educação das relações étnico-raciais e e organizações políticas pré-coloniais, como os reinos do Mali, do
tem por objetivos o reconhecimento e valorização da identidade, Congo e do Zimbabwe; - ao tráfico e à escravidão do ponto de vista
história e cultura dos afro-brasileiros, garantia de seus direitos de dos escravizados; - ao papel de europeus, de asiáticos e também de
cidadãos, reconhecimento e igual valorização das raízes africanas africanos no tráfico; - à ocupação colonial na perspectiva dos africa-
da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas. nos; - às lutas pela independência política dos países africanos; - às
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana se fará ações em prol da união africana em nossos dias, bem como o papel
por diferentes meios, em atividades curriculares ou não, em que: - da União Africana, para tanto; - às relações entre as culturas e as
se explicitem, busquem compreender e interpretar, na perspectiva histórias dos povos do continente africano e os da diáspora; - à for-
de quem o formule, diferentes formas de expressão e de organi- mação compulsória da diáspora, vida e existência cultural e históri-
zação de raciocínios e pensamentos de raiz da cultura africana; - ca dos africanos e seus descendentes fora da África; - à diversidade
promovam-se oportunidades de diálogo em que se conheçam, se da diáspora, hoje, nas Américas, Caribe, Europa, Ásia; - aos acordos
ponham em comunicação diferentes sistemas simbólicos e estru- políticos, econômicos, educacionais e culturais entre África, Brasil e
turas conceituais, bem como se busquem formas de convivência outros países da diáspora.
respeitosa, além da construção de projeto de sociedade em que - O ensino de Cultura Afro-Brasileira destacará o jeito próprio de
todos se sintam encorajados a expor, defender sua especificidade ser, viver e pensar manifestado tanto no dia-a-dia, quanto em cele-
étnico-racial e a buscar garantias para que todos o façam; - sejam brações como congadas, moçambiques, ensaios, maracatus, rodas
incentivadas atividades em que pessoas - estudantes, professores, de samba, entre outras.
servidores, integrantes da comunidade externa aos estabelecimen- - O ensino de Cultura Africana abrangerá: - as contribuições do
tos de ensino - de diferentes culturas interatuem e se interpretem Egito para a ciência e filosofia ocidentais; - as universidades africa-
reciprocamente, respeitando os valores, visões de mundo, raciocí- nas Timbuktu, Gao, Djene que floresciam no século XVI; - as tecno-
nios e pensamentos de cada um. logias de agricultura, de beneficiamento de cultivos, de mineração

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e de edificações trazidas pelos escravizados, bem como a produção pectiva da reeducação das relações étnico-raciais e do ensino e
científica, artística (artes plásticas, literatura, música, dança, tea- aprendizagem da História e Cultura dos Afro-brasileiros e dos Afri-
tro), política, na atualidade. canos.
- O ensino de História e de Cultura Afro-Brasileira, se fará por - Inclusão de discussão da questão racial como parte integrante
diferentes meios, inclusive, a realização de projetos de diferentes da matriz curricular, tanto dos cursos de licenciatura para Educação
naturezas, no decorrer do ano letivo, com vistas à divulgação e estu- Infantil, os anos iniciais e finais da Educação Fundamental, Educa-
do da participação dos africanos e de seus descendentes em episó- ção Média, Educação de Jovens e Adultos, como de processos de
dios da história do Brasil, na construção econômica, social e cultural formação continuada de professores, inclusive de docentes no En-
da nação, destacando-se a atuação de negros em diferentes áreas sino Superior.
do conhecimento, de atuação profissional, de criação tecnológica - Inclusão, respeitada a autonomia dos estabelecimentos do
e artística, de luta social (tais como: Zumbi, Luiza Nahim, Aleijadi- Ensino Superior, nos conteúdos de disciplinas e em atividades cur-
nho, Padre Maurício, Luiz Gama, Cruz e Souza, João Cândido, André riculares dos cursos que ministra, de Educação das Relações Étnico-
Rebouças, Teodoro Sampaio, José Correia Leite, Solano Trindade, -Raciais, de conhecimentos de matriz africana e/ou que dizem res-
Antonieta de Barros, Edison Carneiro, Lélia Gonzáles, Beatriz Nas- peito à população negra. Por exemplo: em Medicina, entre outras
cimento, Milton Santos, Guerreiro Ramos, Clóvis Moura, Abdias do questões, estudo da anemia falciforme, da problemática da pressão
Nascimento, Henrique Antunes Cunha, Tereza Santos, Emmanuel alta; em Matemática, contribuições de raiz africana, identificadas
Araújo, Cuti, Alzira Rufino, Inaicyra Falcão dos Santos, entre outros). e descritas pela Etno-Matemática; em Filosofia, estudo da filosofia
- O ensino de História e Cultura Africana se fará por diferentes tradicional africana e de contribuições de filósofos africanos e afro-
meios, inclusive a realização de projetos de diferente natureza, no descendentes da atualidade.
decorrer do ano letivo, com vistas à divulgação e estudo da partici- - Inclusão de bibliografia relativa à história e cultura afro-bra-
pação dos africanos e de seus descendentes na diáspora, em episó- sileira e africana às relações étnico-raciais, aos problemas desen-
dios da história mundial, na construção econômica, social e cultural cadeados pelo racismo e por outras discriminações, à pedagogia
das nações do continente africano e da diáspora, destacando-se a antirracista nos programas de concursos públicos para admissão de
atuação de negros em diferentes áreas do conhecimento, de atua- professores.
ção profissional, de criação tecnológica e artística, de luta social. - Inclusão, em documentos normativos e de planejamento dos
- Para tanto, os sistemas de ensino e os estabelecimentos de estabelecimentos de ensino de todos os níveis - estatutos, regimen-
Educação Básica, nos níveis de Educação Infantil, Educação Funda- tos, planos pedagógicos, planos de ensino - de objetivos explíci-
mental, Educação Média, Educação de Jovens e Adultos, Educação tos, assim como de procedimentos para sua consecução, visando
Superior, precisarão providenciar: ao combate do racismo, das discriminações, e ao reconhecimento,
- Registro da história não contada dos negros brasileiros, tais valorização e respeito das histórias e culturas afro-brasileira e afri-
como em remanescentes de quilombos, comunidades e territórios cana.
negros urbanos e rurais. - Previsão, nos fins, responsabilidades e tarefas dos conselhos
- Apoio sistemático aos professores para elaboração de planos, escolares e de outros órgãos colegiados, do exame e encaminha-
projetos, seleção de conteúdos e métodos de ensino, cujo foco seja mento de solução para situações de racismo e de discriminações,
a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e a Educação das Re- buscando-se criar situações educativas em que as vítimas rece-
lações Étnico-Raciais. bam apoio requerido para superar o sofrimento e os agressores,
- Mapeamento e divulgação de experiências pedagógicas de orientação para que compreendam a dimensão do que praticaram
escolas, estabelecimentos de ensino superior, secretarias de edu- e ambos, educação para o reconhecimento, valorização e respeito
cação, assim como levantamento das principais dúvidas e dificul- mútuos.
dades dos professores em relação ao trabalho com a questão racial - Inclusão de personagens negros, assim como de outros grupos
na escola e encaminhamento de medidas para resolvê-las, feitos étnico-raciais, em cartazes e outras ilustrações sobre qualquer tema
pela administração dos sistemas de ensino e por Núcleos de Estu- abordado na escola, a não ser quando tratar de manifestações cul-
dos Afro-Brasileiros. turais próprias, ainda que não exclusivas, de um determinado grupo
- Articulação entre os sistemas de ensino, estabelecimentos de étnico-racial.
ensino superior, centros de pesquisa, Núcleos de Estudos Afro-Bra- - Organização de centros de documentação, bibliotecas, midio-
sileiros, escolas, comunidade e movimentos sociais, visando à for- tecas, museus, exposições em que se divulguem valores, pensa-
mação de professores para a diversidade étnico-racial. mentos, jeitos de ser e viver dos diferentes grupos étnico-raciais
- Instalação, nos diferentes sistemas de ensino, de grupo de tra- brasileiros, particularmente dos afrodescendentes.
balho para discutir e coordenar planejamento e execução da forma- - Identificação, com o apoio dos Núcleos de Estudos Afro-Bra-
ção de professores para atender ao disposto neste parecer quanto sileiros, de fontes de conhecimentos de origem africana, a fim de
à Educação das Relações Étnico-Raciais e ao determinado nos Art. selecionarem-se conteúdos e procedimentos de ensino e de apren-
26 e 26A da Lei 9.394/1996, com o apoio do Sistema Nacional de dizagens;
Formação Continuada e Certificação de Professores do MEC. - Incentivo, pelos sistemas de ensino, a pesquisas sobre proces-
- Introdução, nos cursos de formação de professores e de outros sos educativos orientados por valores, visões de mundo, conheci-
profissionais da educação: de análises das relações sociais e raciais mentos afro-brasileiros e indígenas, com o objetivo de ampliação e
no Brasil; de conceitos e de suas bases teóricas, tais como racismo, fortalecimento de bases teóricas para a educação brasileira.
discriminações, intolerância, preconceito, estereótipo, raça, etnia, - Identificação, coleta, compilação de informações sobre a po-
cultura, classe social, diversidade, diferença, multiculturalismo; de pulação negra, com vistas à formulação de políticas públicas de Es-
práticas pedagógicas, de materiais e de textos didáticos, na pers- tado, comunitárias e institucionais.

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- Edição de livros e de materiais didáticos, para diferentes níveis No caso da diversidade étnico-racial, é importante entender
e modalidades de ensino, que atendam ao disposto neste parecer, que os avanços que essa tem vivenciado no campo da política edu-
em cumprimento ao disposto no Art. 26A da LDB, e, para tanto, cacional e na construção da igualdade e da equidade mantêm re-
abordem a pluralidade cultural e a diversidade étnico-racial da na- lação direta com as lutas políticas da população negra em prol da
ção brasileira, corrijam distorções e equívocos em obras já publica- educação ao longo dos séculos, pois trata-se de uma demanda po-
das sobre a história, a cultura, a identidade dos afrodescendentes, lítica do Movimento Negro nos dias atuais e de outros movimentos
sob o incentivo e supervisão dos programas de difusão de livros sociais partícipes da luta antirracista na construção da democracia.
educacionais do MEC - Programa Nacional do Livro Didático e Pro- Uma democracia que assuma o direito à diversidade como par-
grama Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE). te constitutiva dos direitos sociais e assim equacione de forma mais
- Divulgação, pelos sistemas de ensino e mantenedoras, com o sistemática a diversidade étnico-racial, a igualdade e a equidade.
apoio dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, de uma bibliografia
afro-brasileira e de outros materiais como mapas da diáspora, da
África, de quilombos brasileiros, fotografias de territórios negros EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS, DEMOCRACIA E
urbanos e rurais, reprodução de obras de arte afro-brasileira e afri- CIDADANIA
cana a serem distribuídos nas escolas da rede, com vistas à forma-
ção de professores e alunos para o combate à discriminação e ao
racismo. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
- Oferta de Educação Fundamental em áreas de remanescentes Estamos vendo como os Direitos Humanos ocupam, em nossos
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de quilombos, contando as escolas com professores e pessoal ad- dias, lugar de destaque tanto nas agendas governamentais como
ministrativo que se disponham a conhecer física e culturalmente, a nos movimentos da sociedade civil, tornando-se condição imperati-
comunidade e a formar-se para trabalhar com suas especificidades. va à consideração da dignidade da pessoa humana. No processo de
- Garantia, pelos sistemas de ensino e entidades mantenedoras, afirmação desses direitos, a educação representa papel importante,
de condições humanas, materiais e financeiras para execução de ao possibilitar a conscientização, a reflexão e a proposição de ações
projetos com o objetivo de Educação das Relações Étnico-Raciais e que podem e devem ser implementadas nas escolas. Educar em Di-
estudo de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, assim como reitos Humanos é exigência colocada às escolas e demais espaços
organização de serviços e atividades que controlem, avaliem e redi- educativos, cabendo aos Conselhos Escolares, juntamente com ou-
mensionem sua consecução, que exerçam fiscalização das políticas tras instituições da comunidade escolar, estimular a sua permanen-
adotadas e providenciem correção de distorções. te reflexão e apontar formas e mecanismos para sua viabilização. Os
- Realização, pelos sistemas de ensino federal, estadual e mu- Conselhos Escolares podem contribuir nesse processo educativo,
nicipal, de atividades periódicas, com a participação das redes das por meio, por exemplo:
escolas públicas e privadas, de exposição, avaliação e divulgação - Do incentivo e apoio à organização de reuniões, palestras, de-
dos êxitos e dificuldades do ensino e aprendizagem de História e bates sobre te- mas como discriminação, violência escolar, igualda-
Cultura Afro-Brasileira e Africana e da Educação das Relações Étni- de de gênero, igualdade étnico/ racial, entre outros;
co-Raciais; assim como comunicação detalhada dos resultados ob- - Do acompanhamento e discussão das situações de desrespeito
tidos ao Ministério da Educação, à Secretaria Especial de Promoção aos Direitos Humanos, para a busca de soluções conjuntas;
da Igualdade Racial, ao Conselho Nacional de Educação, e aos res- - Da participação, junto com outros segmentos da escola, em
pectivos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, para que campanhas informativas e de conscientização sobre os direitos e
encaminhem providências, quando for o caso. deveres dentro da escola.
- Adequação dos mecanismos de avaliação das condições de - Da iniciativa de realização de atividades educativas, organiza-
funcionamento dos estabelecimentos de ensino, tanto da educação das junto com a comunidade escolar, em datas significativas, como
básica quanto superior, ao disposto neste Parecer; inclusive com a o Dia Internacional da Mulher, o Dia do Trabalho, o Dia da Consciên-
inclusão nos formulários, preenchidos pelas comissões de avalia- cia Negra, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, entre outras.
ção, nos itens relativos a currículo, atendimento aos alunos, projeto
pedagógico, plano institucional, de quesitos que contemplem as Declaração Universal dos Direitos Humanos23
orientações e exigências aqui formuladas.
- Disponibilização deste parecer, na sua íntegra, para os pro- Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Uni-
fessores de todos os níveis de ensino, responsáveis pelo ensino de das (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.
diferentes disciplinas e atividades educacionais, assim como para
outros profissionais interessados a fim de que possam estudar, in- Preâmbulo
terpretar as orientações, enriquecer, executar as determinações Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
aqui feitas e avaliar seu próprio trabalho e resultados obtidos por todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
seus alunos, considerando princípios e critérios apontados. inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
mundo.
Ao analisar as políticas educacionais no país não pode negligen-
ciar os marcos históricos, políticos, econômicos e a relação com o
Estado e a sociedade, apontam uma série de ações realizadas pe- 22 Conselho Escolar e Direitos Humanos - Brasília: Presidência da República,
las escolas públicas na implementação das leis n. 10.639/03 e a Lei Secretaria Especial dos Direitos Humanos; Ministério da Educação, Secretaria de
12.796/2013, representam a implementação de ações afirmativas Educação Básica, 2008. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
voltadas para a população negra brasileira, as quais são desenvolvi- Escolares.
das juntamente com as políticas públicas de caráter universal. 23 https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm
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Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu- Artigo 5


manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e go cruel, desumano ou degradante.
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a Artigo 6
mais alta aspiração do ser humano comum. Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, re-
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro- conhecido como pessoa perante a lei.
tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe-
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão. Artigo 7
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de re- Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
lações amistosas entre as nações. tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na digni- contra qualquer incitamento a tal discriminação.
dade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e Artigo 8
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla. Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni- fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a lei.
observância desses direitos e liberdades.
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e Artigo 9
liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
desse compromisso.
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla- Artigo 10
ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de e pública audiência por parte de um tribunal independente e im-
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual-
mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa- quer acusação criminal contra ele.
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio- Artigo 11
nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni- 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito
versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem- de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido
bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te-
nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
Artigo 1 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela- ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que
ção uns aos outros com espírito de fraternidade. aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 2 Artigo 12
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual- família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua
quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen- contra tais interferências ou ataques.
to, ou qualquer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con- Artigo 13
dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e re-
pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sidência dentro das fronteiras de cada Estado.
sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi- 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclu-
tação de soberania. sive o próprio e a esse regressar.

Artigo 3 Artigo 14
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de
pessoal. procurar e de gozar asilo em outros países.
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição
Artigo 4 legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
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2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
nem do direito de mudar de nacionalidade. ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
Artigo 16 acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri- 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma- ingressar para proteção de seus interesses.
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação
ao casamento, sua duração e sua dissolução. Artigo 24
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con- Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limi-
sentimento dos nubentes. tação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas perió-
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e dicas.
tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Artigo 25
Artigo 17 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie- assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen-
dade com outros. tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen-
ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
Artigo 18 subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons- 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên-
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli- cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri-
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença mônio, gozarão da mesma proteção social.
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
Artigo 26
Artigo 19 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
niões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por será acessível a todos, bem como a instrução superior está baseada
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
Artigo 20 mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
ciação pacífica. instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
Artigo 21 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo instrução que será ministrada a seus filhos.
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre-
mente escolhidos. Artigo 27
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú- 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da
blico do seu país. vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; progresso científico e de seus benefícios.
essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo-
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá-
assegure a liberdade de voto. ria ou artística da qual seja autor.

Artigo 22 Artigo 28
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacio-
segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera- nal em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente De-
ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada claração possam ser plenamente realizados.
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo 29
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na
Artigo 23 qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de sível.
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano
contra o desemprego. estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva-
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
remuneração por igual trabalho.

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dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigên- A palavra-chave da EDH, desse modo, é transformação. O que
cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade ela faz é transformar as crenças, as condutas e as atitudes para
democrática. criar novas práticas sociais que facilitem a compreensão de que
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, toda pessoa deve ser respeitada pela dignidade que lhe é inerente
ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações e criem práticas coerentes com esses valores. Tudo isso dentro de
Unidas. um processo de educação crítico-ativo, que não se desenvolve pela
imposição dos valores, mas por meios democráticos de construção
Artigo 30 e de participação que buscam possibilitar a experiência cotidiana
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter- desses direitos. Nesse trabalho, vemos que a Educação em Direi-
pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes- tos Humanos e a gestão democrática andam de mãos dadas e que,
soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer nesse processo, é necessário estimular ações e iniciativas como, por
ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades exemplo: a implementação de novas formas de organização e de
aqui estabelecidos. gestão na escola; a construção coletiva do seu projeto político-pe-
dagógico; a criação e consolidação de grêmios estudantis; a criação
Os Princípios E Diretrizes Da Educação Em Direitos Humanos e o fortalecimento dos Conselhos Escolares etc.
A Educação em Direitos Humanos deve estar pautada nos valo-
res de respeito ao ser humano e à sua dignidade, visando à forma- A afirmação da Educação em Direitos Humanos
ção de uma cultura que priorize a igualdade entre todas as pessoas A EDH ocorre dentro de um processo educativo contínuo e per-
e, ao mesmo tempo, a tolerância à diversidade. A educação nessa manente, no qual a responsabilidade compartilhada entre a socie-
direção tem como finalidade principal a afirmação dos princípios dade, o Estado e a comunidade internacional é peça fundamental.
e valores necessários à construção de uma cultura de respeito aos Além disso, ela necessita de regulamentação em documentos na-
Direitos Humanos e de uma vivência nas reivindicações de direitos cionais e internacionais, como também de ações efetivas para sua
que não estão materializados. E essa finalidade deve estar aliada ao aplicação. A afirmação da EDH, portanto, depende de um conjunto
entendimento de que as pessoas precisam atuar com- partilhando de fatores que contribuem para a sua realização no âmbito interna-
as responsabilidades para garantir a promoção dos Direitos Huma- cional e de cada país.
nos.
Qual a importância da EDH? A Educação em Direitos Humanos Como vem se desenvolvendo a EDH na esfera internacional?
está relacionada ao direito à educação. Essa é uma questão defen- A Educação em Direitos Humanos vem tendo seu processo de
dida tanto pela ONU, quando instituiu a Década da Educação em evolução ampliado na esfera internacional a partir de documen-
Direitos Humanos, como pelo Instituto Interamericano de Direitos tos da ONU e do trabalho realizado em cada país. Em 1993, a De-
Humanos, em seu relatório de 2002 sobre o tema, com base em vá- claração de Viena considerou que “a educação, a capacitação e a
rios documentos internacionais de Direitos Humanos. Além disso, informação pública em Direitos Humanos são indispensáveis para
a ONU considera que existe um consenso da comunidade interna- estabelecer e promover relações estáveis e harmoniosas entre as
cional de que a EDH contribui decisivamente para a realização dos comunidades, e para fomentar a compreensão mútua, a tolerância
Direitos Humanos, uma vez que ela promove o entendimento de e a paz”. Entre 1995 e 2004, dentro do Decênio das Nações Unidas
que cada pessoa é responsável pela concretização do respeito a tais para a Educação na Esfera dos Direitos Humanos, seu Plano de Ação
direitos. e as Diretrizes para a Elaboração de Planos Nacionais de EDH pro-
A EDH está, portanto, centrada nos princípios de liberdade, moveram avanços nessa área. No final de 2004, o Programa Mun-
igualdade, respeito à dignidade do ser humano, na tolerância, nas dial para a Educação em Direitos Humanos, que está estruturado
bases dos valores democráticos, e consegue atuar na forma de sen- em fases sucessivas, tendo sua primeira etapa guiada por um plano
tir e de agir das pessoas. Em outras palavras, promove a autonomia de ação para 2005-2007, passa a apresentar as orientações para
e uma atuação dirigida à exigibilidade dos direitos. Igualmente é os próximos anos e estabelecer os compromissos que devem ser
preciso destacar o papel da EDH na promoção da universalidade, assumidos pelos países.
indivisibilidade e interdependência dos Direitos Humanos, assim O Brasil tem ações nessa área? A Educação em Direitos Huma-
como na prevenção às violações desses direitos. E não esquecer nos no Brasil é um debate recente, especialmente no ensino formal,
que, por meio dela, é possível promover uma educação intercultu- mas que vem sendo desenvolvida de modo mais sistemático por
ral, ou seja, que favoreça a interação entre as culturas. organizações da sociedade civil no campo da educação não-formal.
Por que a EDH possibilita a construção de uma cultura de Direi- Ao mesmo tempo em que essas experiências foram se ampliando, o
tos Humanos? Porque ela estabelece as condições da prática cidadã país foi avançando também no terreno da institucionalização dessa
no cotidiano social, pelo conhecimento dos direitos e deveres, e das prática. Vários programas e planos governamentais foram construí-
leis e normas que protegem os Direitos Humanos, assim como a dos, acompanhando os documentos elaborados na esfera interna-
forma de ampliá-los e de exigi-los. Essa prática cidadã significa o cional.
exercício de uma cidadania ativa, em que as pessoas são conscien- No Programa Nacional de Direitos Humanos de 1996, por exem-
tes do seu papel na sociedade e reivindicam a igualdade do acesso plo, já estava presente um item dedicado à educação e à cidada-
aos direitos, rompendo, assim, com práticas autoritárias e discrimi- nia, compreendendo-as como bases para uma cultura de Direitos
natórias. Nesse contexto, a EDH pode potencializar, nas pessoas, os Humanos. Nessa parte do Programa, estavam previstas ações de
valores democráticos e a convivência dentro das regras do Estado produção e distribuição de informações e conhecimento, de cons-
de Direito. cientização e mobilização pelos Direitos Humanos. O PNDH de
2002, em uma nova versão, dá destaque à educação, enfatizando
a conscientização e a mobilização. Propõe fortalecer programas de
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Educação em Direitos Humanos nas escolas de ensino fundamen- cação um meio privilegiado na promoção dos Direitos Humanos.
tal e médio; incentivar campanhas nacionais sobre a importância Por isso, a primeira questão que precisa ser definida num processo
do respeito aos Direitos Humanos; apoiar programas de formação, de EDH é a sua finalidade, que é a de construção de uma cultura de
educação e treinamento em Direitos Hu- manos para profissionais Direitos Humanos. O segundo passo nesse processo é compreender
de Direito (advogados, promotores, procuradores, juízes, desem- que educar em Direitos Humanos não é apenas ter conhecimento
bargadores), policiais, agentes penitenciários e lideranças sindicais, do tema. É imprescindível ter uma prática coerente com o discurso
associativas e comunitárias, entre outros. Em 2003, com a criação e utilizado, pois é impossível pensar num educador e numa educado-
a implantação do Comitê Nacional de Educação em Direitos Huma- ra em Direitos Humanos que se relaciona de forma autoritária com
nos, no âmbito da SEDH, foi iniciado o processo de elaboração do seus educandos e educandas. Como podemos querer que estudan-
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que contou com tes sejam protagonistas na construção de uma cultura de Direitos
a participação de diversas instituições políticas e da sociedade civil Humanos se eles não puderem se identificar com um discurso posto
em uma ampla discussão em todos os estados. Esse processo foi em prática? Nessa área, portanto, educar com o exemplo é a for-
desenvolvido em etapas, a partir da elaboração de versões do docu- ma mais eficaz. Assim, é preciso desenvolver atitudes positivas, que
mento que foram sendo modificadas e melhoradas com a discussão estimulem o respeito ao ser humano, a tolerância à diferença, às
nos estados. A última versão do PNEDH é de 2006. relações democráticas e solidárias, de forma a quebrar o ciclo de
Vejamos os pontos principais do PNEDH: desigualdade, violência, discriminação e exclusão. Partindo dessas
- Conceito de Educação em Direitos Humanos A EDH é enten- questões, todas as demais ações que compõem um processo de
dida como um processo sistemático e de variadas dimensões, que EDH devem ser elaboradas por meio de uma metodologia partici-
orienta a formação do sujeito de direitos, incluindo conhecimentos pativa, democrática e baseada no diálogo, ou seja, uma metodolo-
e habilidades, valores, atitudes e comportamentos, e ação. Ou seja, gia de ensino e aprendizagem em que o aluno e a aluna participem
é composta pela conexão: conhecimento-valores-ação. Por isso, a diretamente da construção das informações.
EDH precisa do desenvolvimento de processos participativos e de Como a EDH deve estar presente no dia-a-dia, nas diversas si-
construção coletiva, e do fortalecimento de práticas individuais e tuações e relações cotidianas, a escola precisa ter um compromisso
sociais que favoreçam a apreensão de conhecimentos, a formação com os Direitos Humanos e promover o desenvolvimento de uma
de uma consciência cidadã e a afirmação de uma cultura de Direitos prática pedagógica democrática, coerente e articulada com seus
Humanos. valores.
- Objetivos Seus principais objetivos são: destacar o papel estra- É importante lembrar que a EDH não é tarefa exclusiva da escola.
tégico da Educação em Direitos Humanos para o fortalecimento da Ela acontece nos diversos campos de formação e convivência, mas
democracia no país, e orientar políticas educacionais direcionadas é no âmbito da educação formal, ou seja, no âmbito da escola, que
para a constituição de uma formação e de uma cultura de Direitos as condições são mais favoráveis para a socialização dos conteúdos
Humanos. e valores relacionados aos Direitos Humanos. Por isso mesmo, um
- Áreas temáticas São cinco as áreas temáticas: educação bási- dos objetivos do PNEDH é o de orientar as políticas educacionais
ca (compreendendo educação infantil, ensino fundamental, ensino para a constituição de uma cultura de Direitos Humanos. Lógico que
médio); educação superior; educação não-formal; educação dos para trabalhar essa questão na escola é preciso redefinir seu papel,
profissionais dos sistemas de justiça e segurança; educação e mídia. a partir da elaboração de um projeto político-pedagógico que seja
- Linhas gerais de ação No total, são sete: 1) desenvolvimen- participativo e construído de forma democrática, a fim de que a
to normativo e institucional (responsável pela criação de normas formação dos educandos seja assumida pelo coletivo (Silva, 2000).
e pela inserção da questão no cotidiano das instituições educacio- Os conteúdos de Direitos Humanos devem ser trabalhados de
nais); 2) produção de informação e conhecimento; 3) produção e várias maneiras e de forma prazerosa, por meio da música, teatro,
divulgação de materiais; 4) formação e capacitação de profissionais, poesia, literatura, etc., aproveitando o que cada comunidade tem
5) gestão de programas e projetos; 6) realização de parcerias e in- de riqueza cultural.
tercâmbios internacionais; 7) avaliação e monitoramento. Qual deve ser o direcionamento da Educação em Direitos Hu-
- Processo de implementação O processo de implementação manos? Dentro desse contexto, é preciso enfatizar que educar em
compreende ações de: divulgação do documento; articulação de Direitos Humanos não se restringe meramente a informar. Ao con-
parcerias e intercâmbios no âmbito internacional e nacional; inte- trário, é uma ação recíproca no processo ensino-aprendizagem.
gração de esferas de governo nos níveis federal, estadual e muni- Também não pode ser reduzida à introdução de alguns conhecimen-
cipal; implementação e apoio a projetos de Educação em Direitos tos na área dos Direitos Humanos, mas constituir-se num processo
Humanos; formação e capacitação de promotores de Direitos Hu- que possibilite uma ação transformadora, especialmente porque
manos; formulação e divulgação de estudos, pesquisas e produção envolve a questão dos valores. É nesse sentido que o PNEDH defen-
de materiais relativos à Educação em Direitos Humanos; monitora- de a dimensão da afirmação de valores, atitudes e práticas sociais
mento e avaliação da implementação do PNEDH. que expressem a cultura de Direitos Humanos em todos os espaços
sociais. A postura do educador e da educadora frente a esse traba-
Aspectos Conceituais e Metodológicos da Educação em Direi- lho é essencial. Ele não pode ser um mero transmissor dos conteú-
tos Humanos na Escola dos, mas ter a convicção de que o respeito aos Direitos Humanos é
A Educação em Direitos Humanos, para ser realizada de forma fundamental para todas as pessoas. Lembrando que é necessário
efetiva, precisa ser desenvolvida por meio de uma prática pedagó- educar com o exemplo, pois o discurso não pode estar desconec-
gica coerente e articulada com seus valores. Em outras palavras, tado da prática. Assim, o princípio didático mais importante nesse
deve ser uma prática pedagógica em Direitos Humanos. Para isso, âmbito é o de que não basta refletir sobre os Direitos Humanos,
alguns passos iniciais são fundamentais nesse trabalho. O PNEDH, é preciso vivenciá-los e praticar os valores que os fundamentam.
documento de referência para essa área no país, considera a edu-
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Dessa forma, será possível fortalecer as práticas individuais e sociais Construção Coletiva
que gerem ações e instrumentos em favor da promoção e proteção É importante que as pessoas analisem em grupo a informação
dos Direitos Humanos, conforme estabelecido no PNEDH. recebida sobre Direitos Humanos e deixem de ser receptoras
Que metodologias devem guiar esse processo? As metodolo- passivas, transformando-se em produtoras de conhecimentos.
gias e estratégias adotadas no desenvolvimento da EDH no ensino Por meio dela, a pessoa se apropria do discurso e o recria, ou seja,
formal devem propiciar sua incorporação de forma transversal e reelabora as várias mensagens e as traduz num discurso próprio,
transdisciplinar15, seguindo a proposta do PNEDH. Isso é o que vai que passa a orientar as atuações da sua vida.
garantir um gradual processo de consolidação da EDH em todos os Algumas das técnicas pedagógicas sugeridas para o ensino
âmbitos da escola. na área de Direitos Humanos a partir dessa metodologia são:
Para a educação básica, o PNEDH define os seguintes princípios intercâmbio livre de ideias; estudos de caso; debate; expressão
norteadores da Educação em Direitos Humanos: criativa (utilização de técnicas como a poesia, a expressão gráfica,
- A educação deve ter a função de desenvolver uma cultura de a escultura, o teatro, as canções, a dança, etc.); excursões/visitas à
Direitos Hu- manos; comunidade; entrevistas; projetos de investigação; jogos/simula-
- A escola deve assegurar que os objetivos e práticas sejam coe- ções; material visual (cartazes, fotografias, vídeos, etc.).
rentes com os valores e princípios da Educação em Direitos Huma-
nos, possibilitando que a EDH ocorra em espaços marcados pelo A Educação Como Direito Humano
entendimento mútuo, respeito e responsabilidade; O ato de educar-se permanentemente é inerente ao ser huma-
- A EDH deve estruturar-se na diversidade cultural e ambiental, no. Por isso, podemos afirmar que a educação é um Direito Huma-
garantindo a cidadania, o acesso ao ensino, permanência e conclu- no básico, condição para o exercício da cidadania. É uma condição
são, a equidade e a qualidade da educação; para a realização do ser humano.
- A EDH deve ser um dos eixos fundamentais da educação bá- A educação como um Direito Humano assume um sentido am-
sica e estar presente no currículo, na formação inicial e continuada plo, que vai além da educação formal, da educação escolar que,
dos profissionais da educação, no projeto político-pedagógico da apesar de sua inegável contribuição à formação dos seres humanos,
escola, nos materiais didático-pedagógicos, no modelo de gestão não é tarefa e não acontece apenas na escola. Essa ação se proces-
e avaliação; sa em diferentes espaços: na família, nas instituições, nas práticas
- A prática escolar deve ser orientada para a EDH, assegurando sociais e políticas, na convivência social, no trabalho, no lazer, nas
o seu caráter transversal e a relação de diálogo entre os diversos práticas culturais.
atores sociais. Além disso, outros princípios relacionados à prática Por outro lado, a escolarização como Direito Humano é, na atua-
pedagógica em Direitos Humanos contribuem para o desenvolvi- lidade, reconhecida na maioria dos países. Entretanto, em grande
mento da metodologia específica para essa área. parte dos países em desenvolvimento, o direito à escolarização, de
forma universal, que atenda a todas as pessoas, ainda é um ideal a
Por outro lado, os fundamentos metodológicos para a EDH de- conquistar. Na condição de um Direito Humano, a educação é re-
vem estar baseados na compreensão de que esse é um processo conhecida internacional- mente, figurando no Pacto Internacional
contínuo, no qual a estratégia da oficina pedagógica é fundamental. dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (artigo 13). Da mesma
Essa deve ser vivenciada como espaço de análise da realidade, de forma, o direito à educação está declarado na nossa Constituição
intercâmbio de experiências, de forma a possibilitar um processo Federal de 1988, artigo 6º, como um direito subjetivo, que pode
de construção coletiva do saber. As dinâmicas adotadas nas ofi- ser reclamado por qualquer cidadão e cidadã quando não ofertado,
cinas – aulas dialogadas, discussão de textos, reflexão e debate a ou a oferta não for de forma adequada, estabelecendo um avanço
partir de vídeos e dramatizações de situações concretas – devem substantivo na legislação educacional. Além disso, é importante
igualmente propiciar a socialização da palavra, a participação e a lembrar que a LDB define, entre as finalidades da educação, o pre-
criatividade. Complementando esses passos, as Nações Unidas ela- paro dos educandos para o exercício da cidadania (artigo 2º).
boraram um conjunto de orientações para que a inserção da EDH Na qualidade de um Direito Humano, a realização da educação
nos sistemas educacionais tenha sustentabilidade e seja completa não pode estar dissociada de todos os outros direitos. Isso é o que
e eficaz, quais sejam: explica o princípio da indivisibilidade dos Direitos Humanos. E o Di-
- A incorporação do ensino dos Direitos Humanos nas leis nacio- reito Humano à educação favorece a realização dos demais direitos,
nais que regulam a educação que se ministra nas escolas; pois, por meio da educação, desenvolve-se o empoderamento18
- A modificação dos programas de estudo e dos livros de texto; das pessoas. Por exemplo, participar do Conselho Escolar, do Grê-
- A inclusão da capacitação em Direitos Humanos nas metodo- mio Estudantil, da Associação de Pais e Mestres, de movimentos
logias didáticas correspondentes na formação de professores/as comunitários ou de bairros, de movimentos sociais como os femi-
antes e depois de sua entrada no sistema de ensino; nistas, os ecológicos, os étnicos, de GLBTT, de negros, etc., constitui
- A organização de atividades extracurriculares tanto nas escolas formas de empoderamento, porque as pessoas passam a ter um
como no âmbito da família e da comunidade; poder de pressão maior, tendo em vista o exercício e a conquista de
- A preparação do material didático; direitos políticos, econômicos e sociais.
- O estabelecimento de redes de apoio de professores e outros A educação, portanto, deve ser tratada e realizada como um di-
profissionais (tais como grupos de Direitos Humanos, sindicatos de reito, e não como um serviço. E, como tal, não deve resumir-se a
docentes, organizações não governamentais, etc.). ofertas de vagas nas escolas públicas. Não é apenas o acesso à es-
cola que garante a realização do direito à educação. É preciso asse-
gurar a qualidade do ensino, a permanência e a aprendizagem dos
alunos na escola, a formação continuada dos professores e demais
trabalhadores em educação e também da família, com a realização
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de palestras promovidas pelo Conselho Escolar, além de investir em Essa escola, como local de mediação da cidadania, deve desen-
uma educação de princípios e valores democráticos que responda volver a tarefa de preparar os alunos para assumir a sua condição
aos interesses da comunidade. De igual forma, é necessário assegu- de sujeitos construtores da história, na medida em que intervêm
rar que a gestão da escola esteja respaldada por uma legislação que na realidade em que vivem, como atores das práticas sociais. Uma
assegure a promoção dos Direitos Humanos. escola, portanto, preocupada com o exercício da cidadania e que,
Não seria interessante fazer uma pesquisa junto à comunidade por isso, cria condições para que os alunos se apropriem de conhe-
escolar sobre o conhecimento e a vivência da legislação que rege a cimentos relevantes e possam produzir novos saberes e fazeres,
escola? Como conselheiros, em ação conjunta com a direção, vocês de forma solidária e articulada com o contexto social e político da
podem, dentre outras ações, propor: sociedade. Quando estamos defendendo a escola como espaço de
- Colocar essas legislações à disposição da comunidade escolar, exercício da cidadania é porque estamos certos de que a cidadania
na biblioteca; é uma condição da própria existência humana, pois o homem só
- Colocar, quinzenalmente, no mural da escola, alguns artigos de consegue ser plenamente humano quando exerce a sua cidadania,
legislação que tratem da questão dos Direitos Humanos; que implica na garantia e efetivação de direitos civis, políticos, so-
- Afixar o regimento em áreas de circulação da escola para que ciais, culturais, econômicos e ambientais. Estamos falando, assim,
todos possam ler; na cidadania plena, uma cidadania que envolve a garantia dos direi-
- Estudar com os alunos o Estatuto da Criança e do Adolescente. tos em todos os seus sentidos e dimensões. É por isso que cidadania
A concepção de educação como um Direito Humano necessi- deve constituir um tema central numa escola que tem como obje-
ta do esforço conjunto do governo e da sociedade para atender a tivo formar pessoas/sujeitos de direitos. Significa que a escola deve
todos os brasileiros, indistintamente, situando-o como um direito incluir, em sua proposta pedagógica, o estudo e a reflexão crítica so-
público e subjetivo. A efetivação do direito à educação depende, de bre os Direitos Humanos, uma condição indispensável para que ela
um lado, da vontade política dos governantes, ao situá-la como um possa formar cidadãos. Não podem ser cidadãos de direitos quem
imperativo na definição das políticas públicas e, de outro da força não conhece os direitos do cidadão, os direitos da pessoa humana.
da mobilização da sociedade civil organizada, sobretudo, dos seg-
mentos educacionais, na medida em que se conscientizam do seu
status de Direito Humano. Um direito, portanto, imperativo. A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
A educação como um Direito Humano nos impõe considerar a
diferença como um de seus indicadores. O reconhecimento das di-
ferenças é um elemento indispensável ao respeito à pessoa huma- A escola tem como função criar uma forte ligação entre o for-
na. São muitos os movimentos da sociedade civil que vêm lutando mal e teórico, ao cotidiano e prático. Reúne os conhecimentos com-
pela constituição de novos direitos a partir do respeito às diferenças provados pela ciência ao conhecimento que o aluno adquire em sua
existentes entre as pessoas e grupos sociais, e pela urgente neces- rotina, o chamado senso comum. Já o professor, é o agente que
sidade de eliminação das enormes desigualdades produzidas pela possibilita o intermédio entre escola e vida, e o seu papel principal
nossa sociedade. é ministrar a vivência do aluno ao meio em que vive.

A Escola Como Espaço De Mediação Da Cidadania Função social da escola


Nos últimos anos, temos observado que a educação é convoca- A escola, principalmente a pública, é espaço democrático den-
da a ocupar papel relevante nas agendas governamentais, devido, tro da sociedade contemporânea. Servindo para discutir suas ques-
sobretudo, às rápidas e profundas mudanças que vêm ocorrendo tões, possibilitar o desenvolvimento do pensamento crítico, trazer
no mundo, em decorrência dos impactos produzidos pelos avanços as informações, contextualizá-las e dar caminhos para o aluno bus-
da ciência e da tecnologia, isto é, das novas invenções como a robó- car mais conhecimento. Além disso, é o lugar de sociabilidade de
tica, a computação, a biotecnologia e a automação industrial, que jovens, adolescentes e também de difusão sóciocultural. Mas é pre-
requerem a formação de um novo tipo de profissional. A virada do ciso considerar alguns aspectos no que se refere a sua função social
século está marcada por exigências que demandam a efetiva con- e a realidade vivida por grande parte dos estudantes brasileiros.
tribuição da educação, sobretudo quando defendemos a formação Na atualidade alguns discursos tenham ganhado força na teoria
de indivíduos autônomos, críticos, criativos, capazes de assumir a da educação. Estes discursos e teorias, centrados na problemática
sua condição de sujeitos de direitos. Por conseguinte, uma educa- educacional e na contradição existente entre teoria e prática pro-
ção para a cidadania. É nessa perspectiva que situamos o impor- duzem certas conformações e acomodações entre os educadores.
tante papel da escola como um espaço privilegiado de educação Muitos atribuem a problemática da educação às situações as-
formal, na medida em que ela seja capaz de oferecer um ensino sociadas aos valores humanos, como a ausência e/ou ruptura de
de qualidade e que tenha, em seu projeto político-pedagógico, a valores essenciais ao convívio humano. Assim, como alegam des-
preocupação com o desenvolvimento pleno das potencialidades do preparo profissional dos educadores, salas de aula superlotadas,
indivíduo, valorizando a dimensão do trabalho, do lazer e das ar- cursos de formação acelerados, salários baixos, falta de recursos,
tes. Um espaço, portanto, de formação e exercício da cidadania, da currículos e programas pré-elaborados pelo governo, dentre tantos
prática da participação e da construção da democracia. Isso porque outros fatores, tudo em busca da redução de custos.
a tarefa de qualificar as novas gerações para a sociedade da infor- Todas essas questões contribuem de fato para a crise educa-
mação ou do conhecimento, de forma vinculada ao exercício pleno cional, mas é preciso ir além e buscar compreender o núcleo dessa
de sua cidadania, requer a urgente reconstrução de sua forma de problemática, encontrar a raiz desses fatores, entendendo de onde
ser, tornando-a um espaço vivo e prazeroso, em que a prática da eles surgem. A grande questão é: qual a origem desses fatores que
criatividade, do senso crítico, da participação, seja uma constante impedem a qualidade na educação?
em seu cotidiano.
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Certamente a resposta para uma discussão tão atual como essa Para Duarte (2003) assim como para Saviani (1997) o trabalho
surja com o estudo sobre as bases que compõem a sociedade atual. educativo produz nos indivíduos a humanidade, alcançando sua fi-
Pois, ao analisar o sistema capitalista nas suas mais amplas esferas, nalidade quando os indivíduos se apropriam dos elementos cultu-
descobre-se que todas essas problemáticas surgem da forma como rais necessários a sua humanização.
a sociedade está organizada com bases na propriedade privada, lu- O essencial do trabalho educativo é garantir a possibilidade do
cro, exploração do ser humano e da natureza e se manifestam na homem tornar-se livre, consciente, responsável a fim de concretizar
ideologia do sistema. sua humanização. E para issotanto a escola como as demais esfe-
Um sistema que prega a acumulação privada de bens de pro- ras sociaisdevem proporcionar a procura, a investigação, a reflexão,
dução, formando uma concepção de mundo e de poder baseada buscando razões para a explicação da realidade, uma vez que é atra-
no acumular sempre para consumir mais, onde quanto mais bens vés da reflexão e do diálogo que surgem respostas aos problemas.
possuir, maior será o poder que exercerá sobre a sociedade, acaba Saviani (2000, p.35) questiona “(...) a educação visa o homem;
por provocar diversos problemas para a população, principalmen- na verdade, que sentido terá a educação se ela não estiver voltada
te para as classes menos favorecidas, como: falta de qualidade na para a promoção do homem?” E continua sua indagação ao refle-
educação, ineficiência na saúde, aumento da violência, tornando os tir “(...) uma visão histórica da educação mostra como esta esteve
sistemas públicos, muitas vezes, caóticos. sempre preocupada em formar determinado tipo de homem. Os
Independentemente do discurso sobre a educação, ele sempre tipos variam de acordo com as diferentes exigências das diferentes
terá uma base numa determinada visão de homem, dentro e em épocas. Mas a preocupação com o homem é uma constante.”
função de uma realidade histórica e social específica. Acredita-se Os espaços educativos, principalmente aqueles de formação de
que a educação baseia-se em significações políticas, de classe. Frei- educadores devem orientar para a necessidade da relação subjeti-
tag (1980) ressalta a frequente aceitação por parte de muitos estu- vidade-objetividade, buscando compreender as relações, uma vez
diosos de que toda doutrina pedagógica, de um modo ou de outro, que, os homens se constroem na convivência, na troca de experi-
sempre terá como base uma filosofia de vida, uma concepção de ências. É função daqueles que educam levar os alunos a romperem
homem e, portanto, de sociedade. com a superficialidade de uma relação onde muitos se relacionam
Ainda segundo Freitag (1980, p.17) a educação é responsável protegidos por máscaras sociais, rótulos.
pela manutenção, integração, preservação da ordem e do equilí-
brio, e conservação dos limites do sistema social. E reforça “para A educação, vista de um outro paradigma, enquanto mecanis-
que o sistema sobreviva, os novos indivíduos que nele ingressam mo de socialização e de inserção social aponta-se como o caminho
precisam assimilar e internalizar os valores e as normas que regem para construção da ética. Não usando-a para cumprir funções ou
o seu funcionamento.” realizar papéis sociais, mas para difundir e exercitar a capacidade de
A educação em geral, designa-se com esse termo a transmissão reflexão, de criticidade e de trabalho não-alienado.
e o aprendizado das técnicas culturais, que são as técnicas de uso, (...) sem ingenuidade, cabe reconhecer os limites impostos pela
produção e comportamento, mediante as quais um grupo de ho- exploração, pela exclusão social e pela renovada força da violência,
mens é capaz de satisfazer suas necessidades, proteger-se contra a da competição e do individualismo. Assim, se a educação e a ética
hostilidade do ambiente físico e biológico e trabalhar em conjunto, não são as únicas instâncias fundamentais, é inegável reconhecer
de modo mais ou menos ordenado e pacífico. Como o conjunto des- que, sem a palavra, a participação, a criatividade e apolítica, muito
sas técnicas se chama cultura, uma sociedade humana não pode so- pouco, ou quase nada, podemos fazer para interferir nos contextos
breviver se sua cultura não é transmitida de geração para geração; complexos do mundo contemporâneo. Esse é o desafio que diz res-
as modalidades ou formas de realizar ou garantir essa transmissão peito a todos nós. (RIBEIRO; MARQUES; RIBEIRO 2003, p.93)
chama-se educação. (ABBAGNANO, 2000, p. 305-306) A escola não pode continuar a desenvolver o papel de agência
Assim a educação não alienada deve ter como finalidade a for- produtora de mão de obra. Seu objetivo principal deve ser formar o
mação do homem para que este possa realizar as transformações educando como homem humanizado e não apenas prepará-lo para
sociais necessárias à sua humanização, buscando romper com o os o exercício de funções produtivas, para ser consumidor de produ-
sistemas que impedem seu livre desenvolvimento. tos, logo, esvaziados, alienados, deprimidos, fetichizados.24
A alienação toma as diretrizes do mundo do trabalho no seio
da sociedade capitalista e no modo como esse modelo de produção Função social do educador
nega o homem enquanto ser, pois a maioria das pessoas vive ape- Quando se fala na função social do professor, observa-se que
nas para o trabalho alienado, não se completa enquanto ser, tem existe um conjunto de situações relacionadas como atitudes, valo-
como objetivo atingir a classe mais alta da sociedade ou, ao menos, res, éticas, que formam itens fundamentais para o seu desenvolvi-
sair do estado de oprimido, de miserável. Perde-se em valores e mento no papel da educação. No primeiro momento ira se fazer um
valorações, não consegue discernir situações e atitudes, vive para análise sobre as atitudes e valores de ensino, e em seguida sobre o
o trabalho e trabalha para sobreviver. Sendo levado a esquecer de papel da educação no desenvolvimento de competências éticas e
que é um ser humano, um integrante do meio social em que vive, de valores.
um cidadão capaz de transformar a realidade que o aliena, o exclui. Percebe-se que existe uma série de fatores que se relacionam
Há uma contribuição de Saviani (2000, p.36) que a respeito do com o processo de aprendizagem, que envolvem professor, aluno
homem considera “(...) existindo num meio que se define pelas co- e escola. Esses fatores são: Atitudes e valores vão se formando ao
ordenadas de espaço e tempo. Este meio condiciona-o, determina- longo da vida, através de influências sociais; A escola tem papel
-o em todas as suas manifestações.” Vê-se a relação da escola na fundamental no desenvolvimento das atitudes e valores através de
formação do homem e na forma como ela reproduz o sistema de um modelo pedagógico eficiente; O ensino e a aprendizagem estão
classes. relacionados num processo de desenvolvimento das atitudes e va-
24 Fonte: www.webartigos.com
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lores de acordo com a diversidade cultural; O Professor como ponte Segundo Trillo ( 2000, p.44) o professor tem que ter a habili-
de ligação entre a escola e o aluno, proporcionando o desenvolvi- dade de estimular os alunos através de trabalhos dinâmicos de ex-
mento das atitudes no processo de aprendizagem. pressão pessoal, em meio a diversidade e perspectivas diferentes,
Quando se fala em atitude, é comum escutar frases como: ela acompanhando e valorizando os pontos dos trabalhos, de modo a
é uma pessoa de atitude, ou não vejo que ela tenha atitude. Mas enriquecer as atitudes dos aluno.
afinal o que é atitude. [...] O professor /a que procura nos trabalhos a expressão pes-
De acordo com Trilo (2000, p.26) atitude é algo interno que se soal dos seus estudantes, e que os adverte valorará a originalidade
manifesta através de um estado mental e emocional, e que não tem como um dos pontos importantes dos seus trabalhos, esta a estabe-
como ser realizadas medições para avaliação de desempenho e não lecer as bases de uma atitude de expressão livre. E se isto ampliar,
esta exposto de forma que possam ser visualizados de maneira cla- no sentido em que, numa fase posterior do processo, cada um de-
ra. verá ir expondo e justificando as suas conclusões pessoais, parece
[...] Que se trata de uma dimensão ou de um processo inte- provável que a atitude de trabalho pessoal será enriquecida com
rior das pessoas, uma espécie de substrato que orienta e predispõe a componente de reflexão e a que diz respeito a diversidade e as
atuar de uma determinada maneira. Caso se trate de um estado diferentes perspectivas sobre as coisas [...]
mental e emocional interior, não estará acessível diretamente (não As atitudes de valores de ensino é um processo dinâmico e
será visível de fora e nem se poderá medir) se não através de suas construtivo, e cada vez mais necessita da presença da escola, pro-
manifestações internas. [...] fessor, aluno e demais ambientes sociais, visto que o processo de
aprendizagem se torna eficiente e eficaz, quando todos os envolvi-
A atitude é um processo dinâmico que vai se desenvolvendo no dos tenham discernimento de trabalhar o conhecimento tomando
decorrer da vida mediante situações que estão em sua volta como atitudes corretas de acordo com os valores éticos, morais e sociais.
escola, família, trabalho. Trillo(2000) relata que “atitude é mas uma O Papel da Educação no Desenvolvimento de Competências
condição adaptável as circunstâncias: surgem e mantém-se intera- Éticas e de Valores
ção que individuo tem com os que o rodeiam”. Desenvolver a educação alinhada a ferramentas como ética e
A escola é fator importante no desenvolvimento da atitude, valores não é tarefa fácil quando se depara com uma diversidade de
pois no decorrer de nossa vida se passa boa parte do tempo numa situações que se encontra na sociedade do mundo de hoje.
unidade de ensino, o que proporciona uma inserção de conheci- A educação não é a única alternativa para todas as dificuldades
mento. que se encontra no mundo atual. Mas, a educação significa um im-
Segundo Trillo (2000, p.28) a escola através ações educativas, portante caminho para que o conhecimento, seja uma semente de
proporciona os estímulos necessários na natureza para a constru- uma nova era para ser plantada e que cresça para dar bons frutos
ção de valores. para sociedade.
[...] Do ponto de vista da teoria das atitudes, pelo nos casos em De acordo com Johann (2009, p.19) a ética é um fator primor-
que se acedeu ao seu estudo a partir de casos de delineamentos dial na educação, pois já é parte do principio da existência humana.
vinculados a educação, não surgem controvérsias importantes no [...] Se a educação inclui a ética como uma condição para que
que se refere ao facto de se tratar ou não natureza humana suscep- ela se construa de acordo com a sua tarefa primordial, antes de
tíveis de serem estimulados através da ação educativa. Ou seja, pa- tudo, buscaremos compreender o que se entende por educar e de
rece existir um acordo geral segundo o qual as atitudes e os valores que tarefa se trata aqui. Para explicitar o conceito de educação que
poderiam se ensinados na escola [...] assumimos ao relacioná-la com a ética, começaremos por contex-
As ações das atitudes começam a se desenvolver logo na tualizar a existência humana, razão da emergência do fenômeno
criança quando ela esta rodeada de exemplos de família, amigos e educativo e das exigências éticas [...]
principalmente pelos ensinamentos da escola. É interessante que Percebe-se a importância da ética no processo de aprendiza-
quando se tem um ambiente favorável e principalmente dos pais, gem, onde alunos professores e escolas, devem selar este principio
acompanhando e orientando a criança, percebe-se a construção de na troca de informações para o crescimento do conhecimento.
boas atitudes. Os valores a serem desenvolvidos como uma competência edu-
De acordo com Trillo (200, p.35) as crianças imitam os compor- cacional, é um desafio para escolas, professores e alunos devido a
tamentos em sua volta, de maneira que são estimuladas através de diversidade social, em que tem que ter um alinhamento flexível do
exemplos de atitudes positivas, o que proporciona a autoestima. modelo pedagógico das escolas e da didática do professor.
[...] Nesta perspectiva, os mecanismos básicos da aquisição Segundo Araujo e Puig ( 2007, p.35) os valores mundo educa-
são a imitação e o esforço. As crianças pequenas vão imitando os cional devem ser construídos com base num envolto de ferramen-
comportamentos que observam a sua volta e, desta forma, esses tas como democracia, cidadania e direitos humanos, de modo que
comportamentos vão se fixando ou desaparecendo, como conse- estes valores a todo instante se relacionam com a diversidade social
quência do reforço positivo ou negativo que recebem (em forma de no ambiente interno e externo da escola.
aprovação e reconhecimento dos outros ou em forma de autograti- [...] Assim o universo educacional em que os sujeitos vivem de-
ficação: sentir-se bem, reforçar a própria autoestima, etc [...] vem estar permeados por possibilidades de convivência cotidiana
Um ponto importante no processo de construção das atitudes com valores éticos e instrumentos que facilitem as relações inter-
esta o papel do professor. Ele tem a função de criar um processo de pessoais pautadas em valores vinculados a democracia, a cidada-
aprendizagem dinâmico entendendo a necessidade e diversidade nia e aos direitos humanos. Com isso, fugimos de um modelo de
do aluno, mostrando os caminhos corretos para o desenvolvimento educação em valores baseado exclusivamente baseado em aulas de
das atitudes. religião, moral ou ética e compreendemos que a construção de va-
lores se da a todo instante, dentro e fora da escola. Se a escola e a

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sociedade propiciarem possibilidades constantes e significativas de • estar ciente de que seu trabalho no interior das escolas exige,
convívio com temáticas éticas, haverá maior probabilidade de que na sua essência, um domínio mais aprofundado das questões edu-
tais valores sejam construídos pelo sujeitos [...] cacionais e pedagógicas, transcendendo a espontaneidade trivial e
Contudo, a função social do professor é um ambiente bem o imediatismo reinante na cultura escolar.  
complexo de se analisar, visto que ela esta relacionada a situações • atuar de forma concreta nos diversos âmbitos da prática edu-
como atitudes, valores e éticas, estes itens de grande importância cativa, como mediador e articulador na construção do Projeto Po-
para o desenvolvimento além do professor, mas para escolas e alu- lítico Pedagógico (PPP) da escola e do Plano de trabalho Docente
nos, pois a sociedade em que se vive, é cada vez mais diversificada, (PTD) dos professores, direcionando para uma proposta pedagógica
exigindo do professor flexibilidade de métodos de ensino, e das es- de educação inclusiva de forma que a flexibilidade curricular trans-
colas modelos pedagógicos mais dinâmicos, para satisfazer a neces- ponha a teoria e se efetive na prática docente atendendo as especi-
sidade dos alunos diversificados a fim de construir uma sociedade ficidades de todos os alunos.
com conhecimento.25 • enquanto orientador do processo inclusivo, o pedagogo deve
trabalhar a questão da superação ao preconceito em relação às di-
ferenças no espaço escolar, preconizando a valorização do ser hu-
INCLUSÃO EDUCACIONAL E RESPEITO À DIVERSIDADE mano, sua identidade e suas necessidades.
• pensar a interação social dos sujeitos é imprescindível en-
tender e reconhecer a importância de interagir uns com os outros;
Todas as crianças são capazes de aprender e têm direito a um segundo a abordagem Histórico-Cultural, que tem como precursor
ensino de qualidade para que alcancem todo o seu potencial. Por- Vygotsky, o desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas
tanto, é essencial que todos os professores se envolvam com as entre parceiros sociais, pelos processos de interação e mediação.
complexas questões de diversidade e inclusão.  O objetivo da peda- • entender o processo de inclusão deve ser entendido a partir
gogia inclusiva é ampliar o que geralmente é oferecido a todos os do pressuposto que o desenvolvimento da criança com deficiência
alunos, em vez de oferecer algo diferente ou adicional para alunos é igual ao das crianças sem deficiência, interagindo com crianças
com dificuldades de aprendizagem. iguais e diferentes, a diferença é que necessita de condições especí-
ficas às suas particularidades.
Educação Especial X Educação Inclusiva • ser mediador do processo de inclusão, oferecendo condições
Apesar de semelhantes, as abordagens têm peculiaridades concretas para que a deficiência seja significada através de expe-
muito diferentes. Na educação especial, o ensino é totalmente vol- riências em que a criança possa construir sua identidade e estru-
tado para alunos com deficiência. Já na educação inclusiva, todos os turas psicológicas de forma a sentir-se valorizada nos processos de
alunos com e sem deficiência têm a oportunidade de conviverem e ação e interação com os demais.
aprenderem juntos.  
A ideia da inclusão é mais do que somente garantir o acesso à Educação Inclusiva
entrada de alunos nas instituições de ensino. O objetivo é eliminar Os movimentos a favor da educação inclusiva tiveram como
obstáculos que limitam a aprendizagem e participação no processo meta a reestruturação das escolas de modo que atendessem às
educativo. No caso das instituições especializadas, os professores necessidades de todas as crianças, ampliando as oportunidades de
possuem formação complementar e, em geral, há equipamentos acesso ao ensino e participação social (Ainscow, Porter, & Wang,
para atender algumas demandas dos alunos. Assim, os objetivos 1997).
da educação especial são os mesmos da educação em geral. O que Foi assinalada por esses autores a relevância da participação
difere, entretanto, é o atendimento, que passa a ser de acordo com em equipe, dos professores e dos gestores, para a organização da
as necessidades individuais de cada aluno. programação cultural e estrutural da instituição e dos papéis dos
especialistas na reconceptualização das necessidades educativas
Diversidade especiais. Três fatores chave foram apontados para a viabilização
É importante destacar que a diversidade, por si só, não caracte- da inclusão educacional: o aproveitamento da energia dos alunos;
riza uma Educação Inclusiva. Uma escola pode ser um espaço diver- a organização de classes que encorajassem o processo social de
so, que acolhe crianças com diferentes vivências e realidades, mas aprendizagem e da capacidade de respostas do professor ao fee-
ela só será inclusiva se desenvolver um senso de pertencimento e dback dado pelos alunos: a capacidade do professor e da instituição
de participação entre os seus alunos.   de modificar planos e atividades.
O que difere uma educação inclusiva de uma não inclusiva
O papel do pedagogo
De acordo com a pedagogia inclusiva, para que os objetivos Abordagem da educação
estabelecidos sejam alcançados, o primeiro passo é reconsiderar o Abordagem da educação
não inclusiva Focalização no
papel do pedagogo no espaço educacional, sua atuação para a com- inclusiva Focalização na classe
aluno
preensão da dignidade humana e o respeito às diferenças no am- Avaliação das condições
Avaliação do aluno por
biente escolar. Seu papel não pode resumir-se às incontáveis tarefas de ensino-aprendizagem
especialistas Resultados das
burocráticas que lhe são designadas. Assim, é papel do pedagogo: Resolução cooperativa de
avaliações traduzidos em
• pensar a organização das práticas pedagógicas sendo media- problemas
diagnóstico/ prescrição
dor do processo de ensino e aprendizagem de forma a garantir a Estratégias para os
Programa para os alunos
consistência das ações e intenções do fazer pedagógico. professores Adaptação e apoio
Colocação em um
na classe regular
programa apropriado
25 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br
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O sistema educacional brasileiro passou por grandes mudan- De acordo com Carvalho (2000, p. 111) “A proposta inclusiva
ças nos últimos anos e tem conseguido cada vez mais respeitar a pressupõe uma ‘nova’ sociedade e, nela, uma escola diferente e
diversidade, garantindo a convivência e a aprendizagem de todos melhor do que a que temos.” E diz ainda,
os alunos. “Mas aceitar o ideário da inclusão, não garante ao bem inten-
As práticas educacionais desenvolvidas nesse período e que cionado mudar o que existe, num passe de mágica. A escola inclusi-
promovem a inclusão na escola regular dos alunos com deficiên- va, isto é, a escola para todos deve estar inserida num mundo inclu-
cia (física, intelectual, visual, auditiva e múltipla), com transtorno sivo onde as desigualdades não atinjam os níveis abomináveis com
global do desenvolvimento e com altas habilidades, revelam a mu- os quais temos convivido.”
dança de paradigma incorporada pelas equipes pedagógicas. Essas A escola é o espaço primordial para se oportunizar a integração
ações evidenciam os esforços dos educadores em ensinar a turma e melhor convivência entre os alunos, os professores e possibilita o
toda e representam um conjunto valioso de experiências. acesso aos bens culturais.Portanto é preciso que a escola busque
A educação especial como modalidade de ensino ainda está trabalhar de forma democrática, oferecendo oportunidades de uma
se difundindo no contexto escolar. Para que se torne efetiva, preci- vida melhor para todos independente de condição social, econômi-
sarão dispor de redes de apoio que complementem o trabalho do ca, raça, religião, sexo, etc. Todos os alunos têm direito de estarem
professor. Atualmente, as redes de apoio existentes são compostas: na escola, aprendendo e participando, sem ser discriminado ou ter
- pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) e que enfrentar algum tipo de preconceito por motivo algum.
-pelos profissionais da educação especial (intérprete, professor Segundo Haddad (2008) “[...] o benefício da inclusão não é
de Braille, etc.) da saúde e da família. apenas para crianças com deficiência, é efetivamente para toda
a comunidade, porque o ambiente escolar sofre um impacto no
De acordo com o Mini-dicionário Aurélio (2004), incluir (inclu- sentido da cidadania, da diversidade e do aprendizado.” Na Consti-
são) significa: 1Conter ou trazer em si; compreender, abranger. 2Fa- tuição Federal (1988) a educação já era garantida como um direito
zer tomar parte; inserir, introduzir. 3Fazer constar de lista, de série, de todos e um dos seus objetivos fundamentais era, “promover o
etc; relacionar.” bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
Para Monteiro (2001): “[...] A inclusão é a garantia, a todos, do quaisquer outras formas de discriminação.”
acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, uma so- No (artigo 3º, inciso IV) da Constituição Federal (1988), como
ciedade mais justa, mais igualitária, e respeitosa, orientada para o também no artigo 205, a educação é declarada como um direito de
acolhimento a diversidade humana e pautada em ações coletivas todos, devendo ela garantir o pleno desenvolvimento da pessoa, o
que visem a equiparação das oportunidades de desenvolvimento seu exercício de cidadania e a qualificação para o trabalho. A educa-
das dimensões humanas (MONTEIRO, 2001, p. 1).” ção inclusiva é reconhecida como uma ação política, cultural, social
De acordo com Mantoan (2005), inclusão: e pedagógica a favor do direito de todos a uma educação de quali-
“É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, as- dade e de um sistema educacional organizado e inclusivo.
sim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas dife- À escola cabe a responsabilidade em atender as diferenças,
rentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem considerando que para haver qualidade na educação é necessário
exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm assegurar uma educação que se preocupe em atender a diversida-
comprometimento mental, para os superdotados, para todas as de.
minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro Segundo Mantoan (2005, p.18), se o que pretendemos é que a
motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, escola seja inclusiva, é urgente que seus planos se redefinam para
no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. uma educação voltada para a cidadania global, plena, livre de pre-
Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.” conceitos e que reconhece e valoriza as diferenças.
Em se tratando de educação partimos do pressuposto de que A educação inclusiva visa desenvolver valores educacionais e
inclusão é a idéia de que todas as crianças têm o direto de se educar metodologias que permitam desenvolver as diferenças através do
juntos em uma mesma escola, sem que esta escola exija requisitos aprender em conjunto, buscando a remoção de barreiras na apren-
para ingresso e não selecione os alunos, mas, sim, uma escola que dizagem e promovendo a aprendizagem de todos, principalmente
garanta o acesso e a permanência com sucesso, dando condições dos que se encontram mais vulneráveis, em contraposição com a
de aprendizagem a todos os seus alunos. escola tradicional, que sempre foi seletiva, considerando as diferen-
ças como uma anormalidade e, desenvolvendo um ensino homoge-
Tudo isso é possível na medida em que a escola promova mu- neizado Carvalho (2000). Corroborando a afirmação de Carvalho,
danças no seu processo de ensinar e aprender, reconhecendo o va- Araújo (1988, p. 44) diz:
lor de cada criança e o seu estilo de aprendizagem, reconhecendo “[...] a escola precisa abandonar o modelo no qual se esperam
que todos possuem potencialidades e que estas potencialidades alunos homogêneos, tratando como iguais os diferentes, e incor-
devem ser desenvolvidas. porar uma concepção que considere a diversidade tanto no âmbito
Quando pensamos em uma escola inclusiva, é necessário pen- do trabalho com os conteúdos escolares quanto no das relações in-
sar em uma modificação da estrutura, do funcionamento e da res- terpessoais. É preciso que a escola trabalhe no sentido de mudar
posta educativa, fazendo com que a escola dê lugar para todas as suas práticas de ensino visando o sucesso de todos os alunos, pois o
diferenças e não somente aos alunos com necessidades especiais. fracasso e o insucesso escolar acabam por levar os alunos ao aban-
A fim de mudar a sua prática educativa, a escola deverá desen- dono, contribuindo assim com um ensino excludente.”
volver estratégias de ensino diferenciadas que possibilitem o aluno A educação inclusiva, dentro de um processo responsável, pre-
a aprender e se desenvolver adequadamente. cisa garantir a aprendizagem a todas as pessoas, dando condições
para que desenvolvam sentimentos de respeito à diferença, que se-
jam solidários e cooperativos. De acordo com Mantoan, (2008, p.2):
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“Temos de combater a descrença e o pessimismo dos acomo- do-se das aulas de Ensino Religioso para estar fazendo este trabalho
dados e mostrar que a inclusão é uma grande oportunidade para ou de quaisquer outras situações em suas áreas de conhecimen-
que alunos, pais e educadores demonstrem as suas competências, to, tomando o cuidado em refletir com os alunos o maior número
poderes e responsabilidades educacionais. As ferramentas estão possível de expressões religiosas existentes na sociedade, buscando
aí, para que as mudanças aconteçam, urgentemente, e para que garantir o direito de livre expressão de culto, evitando-se o proseli-
reinventemos a escola, desconstruindo a máquina obsoleta que a tismo ou intolerância religiosa.
dinamiza, os conceitos sobre os quais ela se fundamenta os pilares Ao estar abordando estas questões religiosas, especialmente
teórico-metodológicos em que ela se sustenta.” nas aulas de Ensino Religioso, é preciso que se tome o cuidado para
Em busca de uma escola de qualidade, objetivando uma edu- não realizar catequese dentro da escola, pois a escola pública não é
cação voltada para a emancipação e humanização do aluno, é fun- confessional e, portanto, não pode se reduzir a nenhum tipo especí-
damental que o sistema educacional prime por uma educação para fico de religião, o que pode causar crime de discriminação. Segundo
todos, onde o enfoque seja dado às diferenças existentes dentro da a LDB 9394/96, em seu artigo 33º podemos encontrar o seguinte
escola. Uma tarefa nada fácil, que exige transformações acerca do esclarecimento,
sistema como um todo e mudanças significativas no olhar da escola, “O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante
pensando a adaptação do contexto escolar ao aluno. da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários
Com o objetivo de construir uma proposta educacional inclusi- normais das escolas públicas do ensino fundamental, assegurando
va e responsável é fundamental que a equipe escolar tenha muito o respeito a diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quais-
claro os princípios norteadores desta proposta que devem estar cal- quer formas de proselitismo.” (BRASIL, 1996)
cados no desenvolvimento da democracia. De acordo com o docu- A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da huma-
mento Diretrizes Nacionais para a Educação Especial (2001, p. 23) nidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos Humanos
os princípios norteadores de uma educação inclusiva são: (1948) em seu art. XVIII:
- Preservação da dignidade humana; Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consci-
- Busca de identidade; ência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião
- Exercício de cidadania. ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coleti-
ALGUMAS DIVERSIDADES NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA vamente, em público ou particular.(NACÕES UNIDAS, 1948.)
A realidade que permeia as escolas públicas apresenta desafios A própria Constituição Brasileira (1988) em seu art. 5º, inciso
a serem enfrentados, ou pelo menos, a serem colocados como re- VI diz:
flexão aos professores e a toda a comunidade escolar, preocupada “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo as-
com os novos rumos e um novo caminhar do processo de ensino e segurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma
aprendizagem. da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.” (BRASIL,
A seguir, o presente texto apresentará as diversidades normal- 1998, p. 5).
mente encontradas na escola e que hoje despontam como desafios É preciso cuidar para que não seja realizado dentro da escola
para a ação docente do educador. discriminação quanto as diversidades religiosas existentes man-
tendo equilíbrio e imparcialidade, em busca de uma educação de
DIVERSIDADES RELIGIOSAS qualidade. É um grande desafio para a escola pública levar os alu-
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por nos a reflexão sobre a diversidade de nossa cultura, marcada pela
sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e se podem religiosidade.
aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar. Nelson Mandela Segundo Heerdt, (2003, p. 34)
O respeito à diversidade é um dos valores de cidadania mais “É fundamental que as escolas incentivem os educandos a co-
importantes, sendo fundamental valorizar cada pessoa, indepen- nhecer a sua própria religião, a ter interesse por outras formas de
dente de qual religião pertença, tendo consciência de que cada uma religiosidade, valorizando cada uma e respeitando a diversidade re-
teve e tem sua contribuição ao longo da história. ligiosa, sem nenhum tipo de preconceito.”
Assim, as diferentes expressões religiosas devem ser considera- A escola pública deve trabalhar no sentido de ampliar os limi-
das na escola, especialmente na escola pública. tes quanto aos vários tipos de culturas religiosas, desmontando os
Para melhor entender este novo universo conceitual e de con- preconceitos, fazendo com que todos sejam ouvidos e respeitados,
teúdo, Silva (2004, p. 140) esclarece dizendo, “Ensino de religiões, pois intolerância religiosa é desrespeito aos direitos humanos. De
estudo de diversidades, exercícios de alteridade: estes sim podem acordo com o Código Penal Brasileiro constitui crime (punível com
ser conteúdos trabalhados na escola pública. Da mesma forma que multa e até detenção), zombar publicamente de alguém por moti-
o professor de literatura faz referência a diversas escolas literárias; vo de crença religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou culto, e
da mesma forma que o professor de História enfatiza diversos po- ofender publicamente imagens e outros objetos de culto religioso.
vos, assim o ensino de religiões deve enfatizar diversas expressões Assim, cada cidadão precisa assumir a postura do respeito pelo ser
religiosas, considerando que as religiões fazem parte da aventura humano, independente de religião ou crença, tendo consciência de
humana.“ que cada pessoa pode fazer sua opção religiosa e manifestar-se li-
A escola precisa valorizar os fenômenos religiosos como patri- vremente de acordo com os princípios de cada cultura.
mônio cultural e histórico, buscando discutir princípios, valores, di-
ferenças, tendo em vista a compreensão do outro. Diversidades de gênero
Por isso é importantíssimo que o professor trabalhe com os alu- Vivemos em uma sociedade pluralista, onde o respeito à indivi-
nos atitudes de tolerância e respeito às diferenças desenvolvendo dualidade e o direito de expressão devem ser considerados.
um trabalho com a diversidade religiosa. E ele pode estar utilizan-
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A escola pública deve ser o espaço das liberdades democráti- ro, buscando afirmar o respeito pelo outro, bem como o interesse
cas. pelos sentimentos dos outros, independente das suas diferenças, É
preciso que cada um reconheça no outro: homem, mulher, homos-
Segundo Gomes (1998, p.116), “Entre preconceitos e discrimi- sexual, etc, pessoas com necessidades, interesses, sentimentos... e
nações, cabe à escola pública o importante papel de proporcionar a que estas possuem seu valor na sociedade e precisam ser valori-
seus alunos um modelo de tolerância a ser aplicado na sociedade.” zados e terem os mesmos direitos garantidos a qualquer cidadão.
Ao se abordar a questão de gênero, logo vem a idéia de gênero
ligada aos sexos masculino e feminino, enfatizando a questão da Diversidades do campo
exclusão da mulher, sempre desprivilegiada na sociedade ao lon- A escola atende em seu cotidiano, muitos alunos advindos de
go da história. Essa exclusão é marcada na sociedade em diversas diversos grupos, entre eles, possui os alunos do campo com sua
situações, como mercado de trabalho, política etc, privilegiando o cultura e seus valores que precisam ser reconhecidos e valorizados,
homem, e enxergando-o com capacidade de liderança, força física, pois são muitas as influências e contribuições trazidas por eles,
virilidade, capaz de garantir o sustento da família e atender ao mer- principalmente em relação ao trabalho, a história, o jeito de ser, os
cado de trabalho, etc, em contraposição a mulher vista como repro- conhecimentos e experiências, etc.
dutora, com a responsabilidade por cuidar dos filhos, da família, das A LDB 9394/96 (1996), reconhece a diversidade do campo e as
atividades domésticas, etc. suas especificidades, estabelecendo as normas para a educação do
Muitas transformações vêm ocorrendo nas relações de sexo na campo em seu artigo 28.
sociedade, fazendo com que essa visão sobre a mulher seja des- A escola precisa refletir sobre a educação para as pessoas do
mistificada e dando oportunidades às mulheres para dividirem os campo, que muitas vezes são obrigados a aceitar e desenvolver seu
mesmos espaços profissionais e pessoais com os homens, apesar processo educativo dentro de um currículo totalmente urbano, que
de ainda haver uma grande desproporção e divisão de poderes que desconhece a realidade e as necessidades do campo.
favorecem mais aos homens, discriminando, por sua vez, o sexo fe- As pessoas que vivem no campo têm sua cultura, seus saberes
minino. de experiência, seu cotidiano, que acabam sendo esquecidos, fa-
Mas quando se trata a questão de gênero na sociedade não zendo com que percam sua identidade, supervalorizando somente
podemos relacionar somente ao sexo feminino ou masculino, pois o espaço urbano, quando eles têm muitos conhecimentos a serem
atualmente abrange também outras formas culturais de construção considerados e aproveitados pela escola.
de sexualidade humana, vistos muitas vezes com desprezo e com Na maioria das vezes esses alunos advindos do campo preci-
atitudes discriminatórias na sociedade e, mesmo, na escola, como sam deixar seu habitat para irem estudar nas cidades. Seria muito
os homossexuais, um grupo que, assim como as mulheres, sofreram importante que a educação desses alunos fosse realizada no e do
e continuam sofrendo discriminações ao longo dos séculos e, tem campo, privilegiando a cultura ali no seu espaço, de acordo com
sofrido com os estigmas, estereótipos e preconceitos. sua realidade. Porém esses alunos são retirados do seu espaço e
É preciso desconstruir os preconceitos e estereótipos em ter- trazidos para os centros urbanos para que o seu processo de esco-
mos de diferença sexual, possibilitando a inclusão de todas as pes- larização aconteça, o que acaba colocando em risco suas vidas em
soas, sejam elas do sexo feminino ou masculino e, considerando as meios de transportes precários e estradas rurais ruins. O povo do
múltiplas formas em que estes podem se desdobrar, pois a diferen- campo quer ver garantido o seu direito à educação, mas que este
ça na orientação sexual e nas formas como as diferenças de gêne- seja assegurado ali no ambiente em que vivem, atendendo as suas
ro se estabelecem, não justificam a exclusão. É preciso enxergar o especificidades.
mundo presente nas relações humanas e aceitar que a diversidade De acordo com Caldart (2002, apud DCE Educação do Campo,
baseada na igualdade e na diferença é possível. 2006, p. 27) “[...] o povo tem o direito de ser educado no lugar onde
A escola precisa levar a reflexão sobre as diferenças e precon- vive; o povo tem o direito a uma educação pensada desde o seu
ceitos de gênero, buscando sensibilizar a todos os envolvidos na lugar e com sua participação, vinculada à sua cultura e às suas ne-
educação para as situações que produzem preconceitos e resultam cessidades humanas e sociais.”
em desigualdades, muito presentes no cotidiano escolar, onde mui- Já que este direito de ter a educação ali onde vive deixou de
tas vezes preponderam falas ou situações diversas de distinção de existir e, enquanto essa realidade permanece, é necessário que se
sexo entre os alunos. É preciso ter consciência que o enaltecimento promovam reflexões e discussões acerca da vida no campo, valori-
da diferença de gênero traz aspectos negativos, desconsiderando zando os alunos do campo que frequentam a escola urbana, que
muitas vezes o direito, a habilidade e a capacidade de cada pessoa. não podem ser marginalizados ou discriminados por sua condição
geográfica.
De acordo com Vianna e Ridenti (1998, p. 102) Muitos assuntos relacionados à vida no campo podem ser
“O ambiente escolar pode reproduzir imagens negativas e abordados pelos professores em seu dia-a-dia da sala de aula como
preconceituosas, por exemplo, quando professores relacionam o reforma agrária, MST, desenvolvimento sustentável, cultura, produ-
rendimento de suas alunas ao bom comportamento, ou quando as ção agrícola, entre outros, primando por fazer com que estes alunos
tratam como esforçadas e quase nunca como potencialmente bri- sintam-se valorizados dentro da escola e que tenham sua cultura,
lhantes, capazes de ousadia e lideranças. O mesmo pode ocorrer forma e estilo de vida valorizados .
com os alunos quando estes não correspondem a um modelo mas- Segundo Caldart (2005, apud DCE Educação do Campo, 2006)
culino predeterminado.” “[...] A escola precisa cumprir sua vocação universal de ajudar no
A escola, como bem aponta o material pedagógico “Educar processo de humanização, com as tarefas específicas que pode
para a diversidade – um guia para professores sobre orientação se- assumir nesta perspectiva.” Ao mesmo tempo, é chamada a estar
xual e identidade de gênero”, tem a função de contribuir para o
fortalecimento da autoestima dos alunos, independente do gêne-
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atenta às particularidades dos processos sociais do seu tempo his- e sim da educação especial, onde terão os chamados especialistas
tórico e ajudar na formação das novas gerações trabalhadoras e de para atendê-los. A escola, enquanto instituição aberta a todos, pre-
militantes sociais. cisa superar o sentimento de rejeição que os alunos com neces-
Os alunos advindos do campo precisam se sentir parte do pro- sidades especiais enfrentam e, lutar para que tenham as mesmas
cesso e terem o seu valor reconhecido pela sociedade, a começar oportunidades que são oferecidas aos outros alunos assegurando-
pela escola, que trabalha no sentido de desenvolver a humanização -lhes o desenvolvimento da aprendizagem. Assim é preciso algumas
e a emancipação dos cidadãos. modificações no sistema e na escola como:
Alunos com necessidades educacionais especiais - no currículo e nas adaptações curriculares;
Aos alunos com necessidades educacionais especiais devem - na avaliação contínua do trabalho;
ser garantidos os mesmos direitos e as mesmas oportunidades dos - na intervenção psicopedagógica;
alunos ditos “normais”, pois a escola é o espaço de formação para - em recursos materiais;
todos. Segundo Carvalho (2000, p. 106) “Enquanto espaço de for- - numa nova concepção de especial em educação, etc.
mação, diz respeito ao desenvolvimento, nos educandos, de sua
capacidade crítica e reflexiva, do sentimento de solidariedade e de Diversidade etnico-racial e cultura afro-brasileira e africana
respeito às diferenças, dentre outros valores democráticos.” Somos uma sociedade sem preconceitos? Há igualdade de di-
O movimento pela inclusão oportuniza o direito de todos os reitos entre negros e brancos em nossa sociedade? Presenciamos
alunos de estarem juntos aprendendo, tendo suas especificidades situações de preconceito em nosso dia-a- -dia, evidenciadas em fra-
atendidas. ses como estas: “pessoa de cor “, “a coisa tá preta”, “olha o cabelo
Assim, a Lei abre espaço também aos alunos com necessidades dela”, “olha a cor do fulano”, “tem o pezinho na senzala”, “serviço
educacionais especiais a serem atendidos em escolas especiais ou de preto”, etc?
escolas regulares, de acordo com suas especificidades. A escola é responsável por trabalhar no sentido de promover a
A Constituição Federal de 1988 define, em seu artigo 205, a inclusão e a cidadania de todos os alunos, visando a eliminar todo
educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvol- tipo de injustiça e discriminação, enxergando os seres humanos
vimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o dotados de capacidades e valorizando-os como pessoas, principal-
trabalho. mente dos afro-descendentes, marcados por um histórico triste na
No artigo 206, inciso 1, estabelece a “igualdade de condições educação e na sociedade brasileira de discriminação, racismo e pre-
de acesso e permanência na escola”, como um dos princípios para conceito.
o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta do atendimen- A escola tem o importante papel de transformação da huma-
to educacional, preferencialmente na rede regular do ensino (art. nidade e precisa desenvolver seu trabalho de forma democrática,
208). comprometendo-se com o ser humano em sua totalidade e res-
A atual LDB 9394/96 (1996) também assegura aos alunos com peitando-o em suas diferenças. De acordo com Ribeiro (2004, p. 7)
necessidades educacionais especiais o atendimento, em seu arti- “[...] a educação é essencial no processo de formação de qualquer
go 4, inciso 3 “atendimento educacional especializado gratuito aos sociedade e abre caminhos para a ampliação da cidadania de um
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede povo.”
regular de ensino.” Os afrodescendentes devem ser reconhecidos em nossa socie-
A escola é a responsável em oportunizar aos alunos o acesso dade com as mesmas igualdades de oportunidades que são con-
aos conhecimentos historicamente produzidos, principalmente a cedidas a outras etnias e grupos sociais, buscando eliminar todas
escola pública regular, considerada o local preferencial para a es- as formas de desigualdades raciais e resgatar a contribuição dos
colarização formal dos alunos com necessidades especiais, tendo negros na formação da sociedade brasileira e, assim, valorizar a his-
como forma de complementação curricular os apoios e serviços tória e cultura dos afro-brasileiros e africanos.
especializados. Segundo as DCN para a Educação das Relações Étnicos- Ra-
É chegada a hora de a escola oferecer oportunidades a todos ciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana
os alunos indiscriminadamente, como um direito essencial na vida (2003, p. 5)
de cada cidadão, inclusive os com necessidades especiais. Assim, “Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis,
a escola regular precisa se preocupar em refletir com seus alunos culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade da-
o conceito de diferença e de especial, salientando que não são so- quilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a
mente os alunos com necessidades especiais que são diferentes e população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, racio-
especiais, mas todos nós e que, as mesmas oportunidades devem cínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras.
ser dadas a todos, para que possam obter sucesso em sua vida es- Requer também que se conheça a sua história e cultura apresenta-
colar e pessoal e assim, exercer a cidadania. das, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir o mito
Há a necessidade de criar dentro da escola espaços para diá- da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde
logos, trocas de idéias e experiências, a fim de reconhecer os alu- crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que
nos considerados como especiais e valorizá-los dentro do ensino os não negros, é por falta de competência ou interesse, desconside-
regular, visando remover barreiras frente à diferença e reconhecer rando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica
que cada aluno possui as suas potencialidades e, a eles, devem ser cria com prejuízos para o negro.”
oportunizadas, condições de acesso, permanência e sucesso na es- Para que haja realmente a construção de um país democráti-
cola regular. co, faz-se necessário que todos tenham seus direitos garantidos e
Carvalho (2006) afirma que é necessário desmontar o mito de sua identidade valorizada, a começar pela escola que, infelizmente,
que os professores do ensino regular não estão preparados para continua desenvolvendo práticas preconceituosas detectadas no
trabalhar com esses alunos e que não são alunos do ensino regular currículo, no material didático, nas relações entre os alunos, nas
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relações entre alunos, e não poucas vezes até professores. Segun- mento historicamente elaborado é que poderá dar a esses alunos,
do Pinto (1993, apud Rosemberg, 1998, p. 84) “[...] “ao que tudo muitas vezes excluídos do sistema e da sociedade, condições para
indica, a escola, que poderia e deveria contribuir para modificar transformar suas vidas e possibilitar uma maior inserção na comu-
as mentalidades antidiscriminatórias ou pelo menos para inibir as nidade, podendo atuar como cidadãos, capazes de transformá-la.
ações discriminatórias, acaba contribuindo para a perpetuação das
discriminações, seja por atuação direta de seus agentes, seja por O sistema, a escola, os professores, precisam reconhecer nes-
sua omissão perante os conteúdos didáticos que veicula, ou pelo ses alunos os seres humanos que ali estão e clamam por uma opor-
que ocorre no dia-a-dia da sal de aula.” tunidade, que sonham com uma perspectiva de vida melhor e que
Corroborando o que diz Pinto, Silva (2002, p. 140) afirma que: querem ter seus direitos de cidadãos garantidos.
“Os dados mostram claramente que o sistema educacional bra-
sileiro é seletivo e discriminatório, porque seleciona em especial os É preciso destruir o histórico de exclusão e desigualdade do
pobres, os negros, os mulatos os nordestinos.” “[...] sistema escolar público, reconhecendo em cada aluno suas poten-
Assim sendo, a marginalização cultural e o racismo estão entre cialidades.
as principais razões que explicam as grandes taxas de evasão e re- A escola precisa se preocupar em oferecer um ensino público
petência na escola básica.” de maior qualidade, que possa compensar, pelo menos parcialmen-
A educação é o fato de maior eficácia para contribuir para a te, as dificuldades de aprendizagem. É preciso que se fique claro
promoção dos excluídos. Por isso, muitas ações têm sido desenca- que as crianças que vivem em ambientes desfavoráveis também
deadas no sentido de reconhecimento e valorização do negro, ga- podem ter um nível de aprendizagem satisfatória.
rantindo a eles as mesmas condições, numa constante luta contra o Cabe à escola oportunizar essas condições, oferecendo o apoio
racismo e o preconceito. Luta esta que deve ser de todos, todos que necessário aos alunos em condições sócioeconômicas e culturais
acreditam num país democrático, justo e igualitário. desfavoráveis, ajudando-os a superar as dificuldades e carências do
Atualmente, a escola e a sociedade têm se preocupado com a contexto onde vivem, procurando destruir o histórico de exclusão e
criação de representações positivas sobre o negro, possibilitando desigualdade do sistema escolar público.
uma inserção social do negro em alguns setores da sociedade, mu-
dando aos poucos a situação do negro. Diversidade indígena
Um exemplo real e recente disso é a Presidência dos Estados Uma outra diversidade verificada no interior da escola pública,
Unidos, sendo conquistada por um negro: Barako Obama. O próprio que vem sendo muito valorizada atualmente é com relação à edu-
estabelecimento da Lei nº 10.639/03 que altera a LDB 9394/96 já cação escolar indígena. Os indígenas também clamam por proces-
retrata a preocupação na reflexão acerca do preconceito e da discri- sos educacionais que lhes permitam o acesso aos conhecimentos
minação, buscando democratizar e universalizar o ensino, garantin- universais, mas que valorize também suas línguas e saberes tradi-
do a todos os alunos o reconhecimento e valorização de sua cultura, cionais.
de sua história, de sua identidade, e, assim, combater o racismo e A Constituição de 1988 reconheceu o direito dos índios (autóc-
as discriminações, educando cidadãos orgulhosos de seu pertenci- tones) de permanecerem índios e de terem suas tradições e modos
mento étnico-racial tendo seus direitos garantidos e sua identidade de vida respeitados. Em seu art. 210 fica assegurado aos povos in-
valorizada. dígenas o direito de utilizarem suas línguas maternas e processos
próprios de aprendizagem buscando transformar a instituição es-
Diversidade sócio-econômica e cultural colar em um instrumento de valorização e sistematização de sabe-
A escola pública possui em sua grande maioria alunos prove- res e práticas tradicionais, ao mesmo tempo em que possibilita aos
nientes de uma classe sócio-econômica cultural desfavorecida, de índios o acesso aos conhecimentos universais e a valorização dos
famílias que possuem uma condição de vida desfavorável e que, na conhecimentos étnicos.
maioria, possuem dificuldades de aprendizagem. A partir da Constituição de 1988 e mais fortemente na LBB
São alunos filhos da classe trabalhadora, cujo pais permane- 9394/96 os indígenas passaram a ser reconhecidos legalmente em
cem a maior parte do dia fora de casa trabalhando como empre- suas diferenças e peculiaridades. A LDB 9394/96 (1996) estabele-
gados em indústrias, lojas, casas de família, em trabalhos sazonais ce em seu artigo 78, que aos índios devem ser proporcionadas a
como bóias-frias na zona rural, cortadores de cana, pedreiros, garis, recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas
empregadas domésticas, etc. Muitos pais encontram- se até de- identidades étnicas e a valorização de suas línguas e ciências. Aos
sempregados, realizando um “bico” aqui ou ali. Esses compõem a índios, suas comunidades e povos devem ser garantidos o acesso
maioria dos alunos que a escola pública atende e que precisa dar às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade
conta, oportunizando condições de aprendizagem, num processo nacional e das demais sociedades indígenas e não-índias. O Plano
de qualidade. Nacional de Educação (2001) estabelece objetivos e metas para o
Eles são alunos que estão à margem da sociedade, e que mui- desenvolvimento da educação escolar indígena diferenciada, inter-
tas vezes passam por diversas circunstâncias perversas, como a cultural, bilíngüe e de qualidade. Muitas ações em relação à edu-
fome, situações de violência, problemas com alcoolismo e drogas, cação escolar dos indígenas já foram realizadas, porém ainda se
situações de abandono, entre outros. Esses são os verdadeiros ex- percebe um quadro desigual, fragmentado e pouco estruturado de
cluídos da sociedade que estão na escola clamando por ajuda. E as oferta e atendimento educacional aos índios.
condições sócioeconômicas e culturais é um dos fatores que podem A diversidade dos povos indígenas precisa ser considerada de
interferir, e muito, no desempenho escolar dos alunos. fato, exigindo iniciativas diferenciadas por serem portadores de tra-
O desafio da escola é este: possibilitar a essa grande maioria dições culturais específicas. A escolarização dos indígenas precisa
o acesso à escola, mas garantindo-lhes permanecer e ter sucesso
no processo de ensino e aprendizagem, pois o acesso ao conheci-
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acontecer a partir do paradigma da especificidade, da diferença, da Portanto é preciso haver uma transformação da realidade com
interculturalidade e da valorização da diversidade lingüística desen- o objetivo de diminuir a exclusão dos alunos, especiais ou não do
volvendo assim, ações culturais, históricas e lingüísticas. sistema educacional. É necessário que se proponha ações e medi-
Os indígenas precisam ser respeitados e incluídos nos sistemas das que visem assegurar os direitos conquistados, a melhoria da
de ensino do país, tendo a sua diversidade étnica valorizada e que qualidade da educação, o investimento em uma ampla formação
entre os indígenas e não indígenas haja um diálogo tolerante e ver- dos educadores, a remoção de barreiras físicas e atitudinais, a pre-
dadeiro. visão e provisão de recursos materiais e humanos entre outras pos-
A proposta é por uma educação escolar indígena diferencia- sibilidades.
da, que possibilite a inclusão deste grupo no sistema educacional, Como diz Mantoan (2008, p. 20)
tendo respeitadas as suas peculiaridades. Por isto, muitos inves- “O essencial, na nossa opinião, é que todos os investimen-
timentos têm sido realizados com relação a educação escolar dos tos atuais e futuros da educação brasileira não repitam o passado
indígenas, principalmente em relação aos professores, capacitando e reconheçam e valorizam as diferenças na escola. Temos de ter
professores indígenas que conhecem a realidade, a história e a cul- sempre presente que o nosso problema se concentra em tudo o
tura do seu grupo ao longo de todo o processo histórico brasileiro. que torna nossas escolas injustas, discriminadoras e excludentes,
A questão da educação escolar indígena é uma grande evolu- e que, sem solucioná-lo, não conseguiremos o nível de qualidade
ção e conquista. Muitas reflexões e muitas ações ainda precisam ser de ensino escolar, que é exigido para se ter uma escola mais que
desencadeadas com o objetivo de valorização e preservação da cul- especial, onde os alunos tenham o direito de ser (alunos), sendo di-
tura indígena, propiciando o reconhecimento dos indígenas como ferentes.” (grifo nosso). Precisamos ser otimistas e transformar em
sujeitos da história e que a eles devem ser garantidos o acesso aos realidade o sonho de uma educação para todos, nos convencendo
direitos de qualquer cidadão. das potencialidades e capacidades dos seres humanos, acreditando
A lei preconiza a universalização da educação para todos, ga- que, somando nossas diferenças, poderemos provocar mudanças
rantindo o direito ao acesso, a permanência e ao sucesso dos alu- significativas na educação e na sociedade, diminuindo preconceitos
nos. No entanto, a realidade educacional contemporânea coloca a e estereótipos e tornando nosso país mais humano, fraterno, justo
escola pública como o palco da diversidade, pois ali se encontram e solidário.
alunos de diferentes grupos. A diferença entre os grupos é visível e
o trabalho pedagógico precisa voltar-se à diferença, oportunizando INCLUSÃO
o direito de educação para todos. Nos debates atuais sobre inclusão, o ensino escolar brasileiro
Vale destacar que o trabalho com a diversidade está ligado à tem diante de si o desafio de encontrar soluções que respondam à
proposta de inclusão, que emerge como um grande desafio para a questão do acesso e da permanência dos alunos nas suas institui-
educação, pois, pensar em inclusão pressupõe uma série de fatores, ções educacionais. Algumas escolas públicas e particulares já ado-
principalmente os que dizem respeito aos alunos. taram ações nesse sentido, ao proporem mudanças na sua organi-
Assim, pensar em inclusão, não é só dirigir o olhar para os zação pedagógica, de modo a reconhecer e valorizar as diferenças,
alunos com necessidades especiais, mas sim, para todos aqueles sem discriminar os alunos nem segregá-los.
alunos que estão nas salas de aula, que muitas vezes sofrendo pre- Com a intenção de explorar esse debate sobre inclusão e esco-
conceitos e discriminações por pertencer a este ou aquele grupo. laridade, mais do que avaliar os argumentos contrários e favoráveis
Trabalhar com uma proposta de diversidade, propiciando opor- às políticas educacionais inclusivas, é abordada nesta obra, a com-
tunidades de inclusão a todos os alunos na escola, não é uma tarefa plexa relação de igualdade- diferenças, que envolve o entendimen-
fácil, uma vez que não se resume apenas na garantia do direito de to e a elaboração de tais políticas e de todas as iniciativas visando à
acesso. É preciso que lhes sejam garantidas as condições de perma- transformação das escolas, para se ajustarem aos princípios inclu-
nência e sucesso na escola. sivos da educação.
Para que o processo de inclusão ocorra satisfatoriamente é pre-
ciso que haja investimento em educação, senão é um projeto fada- A Questão Igualdade – Diferenças
do ao insucesso, pois a escola precisa oferecer estrutura adequada A inclusão escolar está articulada a movimentos sociais mais
para que ele ocorra. A dura realidade das condições de trabalho e amplos, que exigem maior igualdade e mecanismos mais equitati-
os limites da formação profissional, o número elevado de alunos vos no acesso a bens e serviços. A inclusão propõe a desigualdade
por turma, a rede física inadequada, o despreparo para ensinar de tratamento como forma de restituir uma igualdade que foi rom-
“alunos especiais” ou diferentes são fatores a ser considerados no pida por formas segregadoras de ensino especial regular.
processo de inclusão que garanta a participação de todos os alunos Quando entendemos que não é a universalidade da espécie
e o sucesso, evitando- se assim o alto número de alunos evadidos e que define um sujeito, mas suas peculiaridades, ligadas a sexo,
até os retidos no ano letivo. etnia, origem, crenças, tratar as pessoas diferentemente pode en-
É de extrema relevância que a escola, especialmente a pública, fatizar suas diferenças, assim como tratar igualmente os diferen-
reconheça as diferenças, valorizando as especificidades e potencia- tes pode esconder as suas especificidades e excluí-los do mesmo
lidades de cada um, reconhecendo a importância do ser humano, modo; portanto, ser gente é correr sempre o risco de ser diferente.
lutando contra os estereótipos, as atitudes de preconceito e discri- Para instaurar uma condição de igualdade nas escolas não se
minação em relação aos que são considerados diferentes dentro da concebe que todos os alunos sejam iguais em tudo, como é o caso
escola. do modelo escolar mais reconhecido ainda hoje. Temos de consi-
É preciso que todos tenham clareza de que sempre vai haver derar as suas desigualdades naturais e sociais, e só estas últimas
diferenças, mas é possível minimizá-las, desde que haja interesse podem e devem ser eliminadas. Se a igualdade trás problemas, as
em propiciar uma educação de qualidade a todos. diferenças podem trazer muito mais.

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As políticas educacionais atuais confirmam em muitos momen- agora, muitos entraves nesse sentido: a resistência das instituições
tos o projeto igualitarista e universalista da Modernidade. especializadas a mudanças de qualquer tipo; a neutralização do de-
O discurso da Modernidade estendeu suas precauções contra o safio à inclusão por meio de políticas públicas que impedem que as
imprevisível, à ambiguidade e demais riscos à ordem e a unicidade, escolas se mobilizem para rever suas práticas homogeneizadoras,
repetindo que todos são iguais, todos são livres, mas um “todo” meritocráticas, condutistas, subordinadoras e, em consequência,
padronizado, dentro de seus pressupostos disciplinadores. excludentes; o preconceito, o paternalismo em relação aos grupos
Esse discurso sustenta a organização pedagógica escolar e, socialmente fragilizados, como o das pessoas com deficiência.A lei
por seus parâmetros, o aluno diferente desestabiliza o pensamen- de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 96) deixa claro que
to moderno da escola, na sua ânsia pelo lógico, pela negação das o ensino especial é uma modalidade e, como tal, deve perpassar o
condições que produzem diferenças, que são as, atrizes da nossa ensino comum em todos os seus níveis, da escola básica ao ensino
identidade. superior.
A diferença propõe o conflito, o dissenso e a imprevisibilidade, Se ainda não é do conhecimento geral, é importante que se
a impossibilidade do cálculo, da definição, a multiplicidade incon- saiba que as escolas especiais complementam e não substituem a
trolável e infinita. Se ela é recusada, negada, desvalorizada, há que escola comum. As escolas especiais se destinam ao ensino do que
assimilá-la ao igualitarismo essencialista e, se aceita e valorizada, há é diferente da base curricular nacional, mas que garante e possi-
que mudar de lado e romper com os pilares nos quais a escola tem bilita ao aluno com deficiência a aprendizagem desses conteúdos
se firmado até agora. quando incluídos nas turmas comuns de ensino regular; oferecem
Em Uma teoria da justiça (2002), Rawls opõe-se às declarações atendimento educacional especializado, que não tem níveis seria-
de direito do mundo moderno, que igualaram os homens em seu ções, certificações.
instante de nascimento e estabeleceram o mérito e o esforço de Nossa obrigação é fazer valer o direito de todos à educação
cada um como medida de acesso e uso dos bens, recursos disponí- e não precisamos ser corajosos para defender a inclusão, porque
veis e mobilidade social. estamos certos de que não corremos nenhum risco ao propor que
Na mesma direção das propostas escolares inclusivas, o referi- alunos com e sem deficiência deixem de frequentar ambientes edu-
do autor defende que a distribuição natural de talentos ou a posi- cacionais à parte, que segregam, discriminam, diferenciam pela de-
ção social de cada indivíduo ocupa não são justas nem injustas. O ficiência, excluem – como é próprio das escolas especiais.
que as torna justas ou não são as maneiras pelas quais as institui-
ções fazem uso delas. O que falta às escolas especiais é o ambiente apropriado de
A esse propósito é fundamental a contribuição de Joseph Jaco- formação do cidadão. Se a inclusão for uma das razões fortes de
tot. Ele nos trouxe um olhar original sobre a igualdade. Ele afirmava mudanças, temos condições de romper com os modelos conser-
que a igualdade não seria alcançada a partir da desigualdade, como vadores da escola comum brasileira e iniciar um processo gradual,
se espera atingi-la, até hoje, nas escolas; acreditava em uma outra porém firme, de redirecionamento de suas práticas para melhor
igualdade, a igualdade de inteligências. qualidade de ensino para todos.
Em outras palavras, a emancipação da inteligência proviria des- Muitas escolas, tanto comuns como especiais, já estão assegu-
sa igualdade da capacidade de aprender, que vem antes de tudo e rando aos alunos com deficiência o atendimento educacional espe-
é ponto de partida para qualquer tipo ou nível de aprendizagem. cializado, em horário diferente do da escola comum.
Segundo Jacotot, a igualdade não é um objetivo a atingir, mas O processo de transformação da escola comum é lento, para
um ponto de partida, uma suposição a ser mantida em qualquer que haja um processo de mudança. Cujo movimento ruma para no-
circunstância. vas possibilidades para o ensino comum e especial, há que existir
A escola insiste em afirmar que os alunos são diferentes quan- uma ruptura com o modelo antigo da escola.
do se matriculam em uma série escolar, mas o objetivo escolar, no Em resumo, a inclusão não pode mais ser ignorada. Ela está
final desse período letivo, é que eles se igualem em conhecimentos tão presente que motiva pressões descabidas, que pretendem nos
a um padrão que é estabelecido para aquela série, caso contrário desestabilizar a qualquer custo.
serão excluídos por repetência ou passarão a frequentar os grupos
de reforço e de aceleração da aprendizagem e outros programas Atendimento Escolar de alunos com necessidades educacio-
embrutecedores da inteligência. A indiferença às diferenças está nais especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação
acabando, passando da moda. Nada mais desfocado da realidade no Brasil
atual do que ignorá-las. Mas é preciso estar atento, pois combinar As instituições escolares, ao reproduzirem constantemente o
igualdade e diferenças no processo escolar é andar no fio da nava- modelo tradicional, não têm demonstrado condições de responder
lha. O certo, porém, é que os alunos jamais deverão ser desvaloriza- aos desafios da inclusão social e do acolhimento às diferenças nem
dos e inferiorizados pelas suas diferenças, seja nas escolas comuns, de promover aprendizagens necessárias à vida em sociedade, par-
seja nas especiais. ticularmente nas sociedades complexas do século XXI. Assim, nes-
te século em que o próprio conhecimento e nossa relação com ele
Fazer valer o direito à educação no caso de pessoas com de- mudaram radicalmente, não se justifica que por parte expressiva
ficiência da sociedade continue apegada à representação da escola trans-
O ensino escolar brasileiro continua aberto a poucos. A inclu- missora de conhecimentos e de valores fixos e inquestionáveis. A
são escolar tem sido mal compreendida, principalmente no seu partir de meados da década de 1990, a escolarização de pessoas
apelo a mudanças nas escolas comuns e especiais.Artigos, livros, com necessidades educacionais especiais em classes comuns está
palestras que tratam devidamente do tema insistem na transforma- na pauta da legislação brasileira sobre educação, nos debates e nas
ção das práticas de ensino comum e especial para a garantia da in- publicações acadêmicas. No plano ético e político, a defesa de sua
clusão. Há apoio legal suficiente para mudar, mas só temos tido até igualdade de direitos, com destaque para o direito à educação, pa-
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rece constituir-se um consenso. Atualmente coexistem pelo menos Se as imagens da educação inclusiva, da educação especial,
duas propostas para a educação especial: uma, em que os conhe- bem como a população elegível para o atendimento educacional
cimentos acumulados sobre educação especial, teóricos e práticos, especializado, os tipos de recursos educacionais especiais e locais
devem estar a serviço dos sistemas de ensino e, portanto, das es- de atendimento escolar do referido alunado ainda levante questio-
colas, e disponíveis a todos os professores, alunos e demais mem- namento conceitual para que não restem dúvidas quanto às diretri-
bros da comunidade escolar; outra, em que se deve configurar um zes da política educacional brasileira a serem seguidas, é inegável
conjunto de recursos e serviços educacionais especializados, dirigi- que o atendimento escolar de alunos com necessidades educacio-
dos apenas à população escolar que apresente solicitações que o nais especiais deve ser universalizado, que os sistemas de ensino
ensino comum não tem conseguido contemplar. O planejamento e precisam responder melhor às demandas de aprendizagem desses
a implantação de políticas educacionais para atender a alunos com alunos, que aos professores deve ser garantida a formação continu-
necessidades educacionais especiais requerem domínio conceitual ada, entre outras ações.
sobre inclusão escolar e sobre as solicitações decorrentes de sua
adoção enquanto princípio ético político, bem como a clara defini- As condições de atendimento escolar para os estudantes com
ção dos princípios e diretrizes nos planos e programas elaborados, necessidades educacionais especiais no Brasil
permitindo a (re) definição dos papéis da educação especial e do A política educacional brasileira tem deslocado progressiva-
lugar do atendimento deste alunado. mente para os municípios parte da responsabilidade administrativa,
financeira e pedagógica pelo acesso e permanência de alunos com
Princípios, concepções e relações entre inclusão e integração necessidades educacionais especiais, em decorrência do processo
escolar de municipalização do ensino fundamental. Com isso, em alguns
É importante salientar que mudanças na educação brasileira, estudos, tem indicado que a tendência dos municípios brasileiros
nessa perspectiva, dependem de um conjunto de ações em nível é pela organização de auxílios especiais, sob diferentes denomina-
de sistema de ensino que tem que se movimentar a fim de garantir ções e com estrutura e funcionamento distintos. Cabe registrar que
que todas as unidades que o compõem ultrapassem o patamar em há ausência de dados sobre quantas pessoas no Brasil apresentam
que se encontram. de fato necessidades educacionais especiais. Quanto ao apoio pe-
No Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, foram estruturadas pro- dagógico oferecido a alguns desses alunos matriculados nas classes
postas de atendimento educacional para pessoas com deficiência. A comuns, não há declaração sobre o tipo de apoio, sua frequência,
integração escolar tinha como objetivo “ajudar pessoas com defici- que profissionais prestam esse atendimento e qual sua formação,
ência a obter uma existência tão próxima ao normal possível, a elas divulgados em publicações oficiais atuais.
disponibilizando padrões e condições de vida cotidiana próximas as Uma ação que deve marcar as políticas públicas de educação
normas e padrões da sociedade”. é a formação dos profissionais da educação. Nesse sentido Xavier
Com o objetivo de contrapor este modelo, a meta na inclu- (2002) considera que: a construção da competência para respon-
são escolar é tornar reconhecida e valorizada a diversidade como der com qualidade as necessidades educacionais especiais de seus
condição humana favorecedora da aprendizagem. Nesse caso, as alunos em uma escola inclusiva, pela mediação da ética, responde
limitações dos sujeitos devem ser consideradas apenas como uma a necessidade social e histórica de superação das práticas pedagó-
informação sobre eles que, assim, não pode ser desprezada na ela- gicas que discriminam, segregam e excluem, e, ao mesmo tempo,
boração dos planejamentos de ensino. A ênfase deve recair sobre a configura, na ação educativa, o vetor da transformação social para
identificação de suas possibilidades, culminando com a construção a equidade, a solidariedade, a cidadania.
de alternativas para garantir condições favoráveis à sua autonomia Todo plano de formação deve servir para que os professores se
escolar e social, enfim, para que se tornem cidadãos de iguais di- tornem aptos ao ensino de toda a demanda escolar. Dessa forma,
reitos. seu conhecimento deve ultrapassar a aceitação de que a classe co-
A educação inclusiva tem sido caracterizada como um “novo mum é, para os alunos com necessidades educacionais especiais,
paradigma”, que se constitui pelo apreço à diversidade como con- um mero espaço de socialização.
dição a ser valorizada, pois é benéfica à escolarização de todas as “... O primeiro equívoco que pode estar associado a essa idéia
pessoas, pelo respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem e é o de que alguns vão para a escola para aprender e outros uni-
pela proposição de outras práticas pedagógicas, o que exige uma camente para se socializar. Escola é espaço de aprendizagem para
ruptura com o instituído na sociedade e, consequentemente, nos todos...”.
sistemas de ensino. Cabe ressaltar que o conjunto de questionamentos e ideias
Sem desprezar os embates atuais sobre educação inclusiva a apresentadas nesta obra reflete algumas das inquietações que
proposta de atender a alunos com necessidades educacionais espe- podem resultar da análise das normatizações em vigência para a
ciais nessas classes implica atentar para mudanças no âmbito dos educação brasileira. Essas normatizações, por permitirem, tal como
sistemas de ensino, das unidades escolares, da prática de casa pro- estão elaboradas, diferentes desdobramentos na sua implantação,
fissional da educação em suas diferentes dimensões e respeitando indicam a necessidade de ampliarmos o debate e investirmos em
suas particularidades. produções de registros que avaliem o atual perfil das políticas pú-
Para a implantação do referido atendimento educacional espe- blicas de atendimentos a alunos com necessidades educacionais
cializados, a LDB prevê serviços especializados e serviços de apoio especiais. Precisamos de mais estudos sobre os impactos das ações
especializados e assegura “recursos e serviços educacionais espe- no âmbito dos sistemas de ensino, e que estes orientem também os
ciais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, programas de formação continuada de professores.
suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais
comuns...”

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Considerações Finais: orientações assegurando a integração curricular das três etapas se-
Uma das constatações possíveis neste momento da reflexão quentes desse nível da escolarização, essencialmente para compor
é que nossas tarefas ainda são inúmeras, mas devemos identificar um todo orgânico.
prioridades, denunciar ações reprodutoras de iguais atitudes so- Além das avaliações que já ocorriam assistematicamente, mar-
ciais para com essas pessoas, acompanhar ações do poder público cou o início da elaboração deste Parecer, particularmente, a Indi-
em educação, cobrar compromissos firmados pelos governantes cação CNE/CEB no 3/2005, assinada pelo então conselheiro da CEB,
em suas campanhas eleitorais e em seus planos de governo, além Francisco Aparecido Cordão, na qual constava a proposta de revisão
de ampliar e sedimentar espaços de participação coletiva e juntar das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e para
forças para resistir e avançar na construção de uma sociedade justa, o Ensino Fundamental. Nessa Indicação, justificava-se que tais Dire-
cujos valores humanos predominem sobre os de mercado. trizes encontravam-se defasadas, segundo avaliação nacional sobre
O que se deve evitar é “...o descompromisso do poder públi- a matéria nos últimos anos, e superadas em decorrência dos últimos
co com a educação e que a inclusão escolar acabe sendo traduzida atos legais e normativos, particularmente ao tratar da matricula no
como mero ingresso de alunos com necessidades educacionais es- Ensino Fundamental de crianças de 6 (seis) anos e consequente
peciais nas classes comuns...”. ampliação do Ensino Fundamental para 9 (nove) anos de duração.
Dois grandes desafios de imediato estão colocados para os sis- Imprescindível acrescentar que a nova redação do inciso I do artigo
temas de ensino e para a sociedade brasileira: 208 da nossa Carta Magna, dada pela Emenda Constitucional no
1- Fazer que os direitos ultrapassem o plano do meramente ins- 59/2009, assegura Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos
tituído legalmente e 17 anos de idade, inclusive a sua oferta gratuita para todos os que a
2- Construir respostas educacionais que atendam às necessi- ela não tiveram acesso na idade própria.
dades dos alunos. As mudanças a serem implantadas devem ser Nesta perspectiva, o processo de formulação destas Diretrizes
assumidas como parte da responsabilidade tanto da sociedade ci- foi acordado, em 2006, pela Câmara de Educação Básica com as en-
vil quanto dos representantes do poder público, já que a educação tidades: Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, Un-
escolar pode propiciar meios que possibilitem transformações na ião Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, Conselho dos
busca da melhoria da qualidade de vida da população. Secretários Estaduais de Educação, União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação, e entidades representativas dos profissio-
Fonte: MANTOAN, M. T. Egler, PRIETO, R. Gavioli, ARANTES V. Amorim nais da educação, das instituições de formação de professores, das
(Org.). Inclusão escolar: pontos e contrapontos, 1ed., São Paulo: Sum- mantenedoras do ensino privado e de pesquisadores em educação.
mus, 2006. Para a definição e o desenvolvimento da metodologia desti-
nada a elaboração deste Parecer, inicialmente, foi constituída uma
comissão que selecionou interrogações e temas estimuladores dos
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCA- debates, a fim de subsidiar a elaboração do documento preliminar
ÇÃO BÁSICA visando as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Bási-
ca, sob a coordenação da então relatora, conselheira Maria Beatriz
Luce. (Portaria CNE/CEB no 1/2006)
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica A comissão promoveu uma mobilização nacional das diferentes
A necessidade de definição de Diretrizes Curriculares Nacionais entidades e instituições que atuam na Educação Básica no País, me-
Gerais para a Educação Básica está posta pela emergência da atual- diante:
ização das políticas educacionais que consubstanciem o direito de I – encontros descentralizados com a participação de Municí-
todo brasileiro a formação humana e cidadã e a formação profis- pios e Estados, que reuniram escolas públicas e particulares, me-
sional, na vivencia e convivência em ambiente educativo. Tem estas diante audiências publicas regionais, viabilizando ampla efetivação
Diretrizes por objetivos: de manifestações;
I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação II – revisões de documentos relacionados com a Educação Bási-
Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos le- ca, pelo CNE/CEB, com o objetivo de promover a atualização mo-
gais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar tivadora do trabalho das entidades, efetivadas, simultaneamente,
a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos com a discussão do regime de colaboração entre os sistemas ed-
que dão vida ao currículo e a escola; ucacionais, contando, portanto, com a participação dos conselhos
II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar estaduais e municipais.
a formulação, execução e avaliação do projeto político-pedagógico Inicialmente, partiu-se da avaliação das diretrizes destinadas
da escola de Educação Básica; a Educação Básica que, até então, haviam sido estabelecidas por
III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de etapa e modalidade, ou seja, expressando-se nas Diretrizes Curric-
profissionais – docentes, técnicos, funcionários - da Educação Bási- ulares Nacionais para a Educação Infantil; para o Ensino Fundamen-
ca, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as es- tal; para o Ensino Médio; para a Educação de Jovens e Adultos; para
colas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam. a Educação do Campo; para a Educação Especial; e para a Educação
Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Escolar Indígena.
a Educação Básica visam estabelecer bases comuns nacionais para Ainda em novembro de 2006, em Brasília, foi realizado o Sem-
a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem inário Nacional Currículo em Debate, promovido pela Secretaria de
como para as modalidades com que podem se apresentar, a partir Educação Básica/MEC, com a participação de representantes dos
das quais os sistemas federal, estaduais, distrital e municipais, por Estados e Municípios. Durante esse Seminário, a CEB realizou a sua
suas competências próprias e complementares, formularão as suas trigésima sessão ordinária na qual promoveu Debate Nacional so-
bre as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, por etapas.
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Esse debate foi denominado Colóquio Nacional sobre as Diretriz- III – o penúltimo ano de vigência do Plano Nacional de Edu-
es Curriculares Nacionais. A partir desse evento e dos demais que cação (PNE), que passa por avaliação, bem como a mobilização
o sucederam, em 2007, e considerando a alteração do quadro de nacional em torno de subsídios para a elaboração do PNE para o
conselheiros do CNE e da CEB, criou-se, em 2009, nova comissão re- período 2011-2020;
sponsável pela elaboração dessas Diretrizes, constituída por Adeum IV – a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
Hilario Sauer (presidente), Clelia Brandao Alvarenga Craveiro (rela- da Educação Básica e de Valorização dos Professores da Educação
tora), Raimundo Moacir Mendes Feitosa e Jose Fernandes de Lima (FUNDEB), regulado pela Lei no 11.494/2007, que fixa percentual
(Portaria CNE/CEB no 2/2009). Essa comissão reiniciou os trabalhos de recursos a todas as etapas e modalidades da Educação Básica;
já organizados pela comissão anterior e, a partir de então, vem V – a criação do Conselho Técnico Cientifico (CTC) da Educação
acompanhando os estudos promovidos pelo MEC sobre currículo Básica, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
em movimento, no sentido de atuar articulada e integradamente Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC);
com essa instancia educacional. VI – a formulação, aprovação e implantação das medidas ex-
Durante essa trajetória, os temas considerados pertinentes a pressas na Lei no 11.738/2008, que regulamenta o piso salarial
matéria objeto deste Parecer passaram a se constituir nas seguintes profissional nacional para os profissionais do magistério público da
ideias-forca: Educação Básica;
I – as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação VII – a criação do Fórum Nacional dos Conselhos de Educação,
Básica devem presidir as demais diretrizes curriculares especificas objetivando pratica de regime de colaboração entre o CNE, o Fórum
para as etapas e modalidades, contemplando o conceito de Edu- Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação e a União Nacional
cação Básica, princípios de organicidade, sequencialidade e artic- dos Conselhos Municipais de Educação;
ulação, relação entre as etapas e modalidades: articulação, inte- VIII – a instituição da política nacional de formação de profis-
gração e transição; sionais do magistério da Educação Básica (Decreto no 6.755, de 29
II – o papel do Estado na garantia do direito a educação de qual- de janeiro de 2009);
idade, considerando que a educação, enquanto direito inalienável IX – a aprovação do Parecer CNE/CEB no 9/2009 e da Resolução
de todos os cidadãos, e condição primeira para o exercício pleno CNE/CEB no 2/2009, que institui as Diretrizes Nacionais para os
dos direitos: humanos, tanto dos direitos sociais e econômicos Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério
quanto dos direitos civis e políticos; da Educação Básica Publica, que devem ter sido implantados ate
III – a Educação Básica como direito e considerada, contextu- dezembro de 2009;
alizadamente, em um projeto de Nação, em consonância com os X – as recentes avaliações do PNE, sistematizadas pelo CNE,
acontecimentos e suas determinações historicosociais e políticas no expressas no documento Subsídios para Elaboração do PNE Consid-
mundo; erações Iniciais. Desafios para a Construção do PNE (Portaria CNE/
IV – a dimensão articuladora da integração das diretrizes cur- CP no 10/2009);
riculares compondo as três etapas e as modalidades da Educação XI – a realização da Conferencia Nacional de Educação (CONAE),
Básica, fundamentadas na indissociabilidade dos conceitos referen- com o tema central “Construindo um Sistema Nacional Articulado
ciais de cuidar e educar; de Educação: Plano Nacional de Educação – Suas Diretrizes e Es-
V – a promoção e a ampliação do debate sobre a política cur- tratégias de Ação”, tencionando propor diretrizes e estratégias para
ricular que orienta a organização da Educação Básica como sistema a construção do PNE 2011-2020;
educacional articulado e integrado; XII – a relevante alteração na Constituição, pela promulgação
VI – a democratização do acesso, permanência e sucesso esco- da Emenda Constitucional no 59/2009, que, entre suas medidas,
lar com qualidade social, cientifica, cultural; assegura Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos
VII – a articulação da educação escolar com o mundo do tra- de idade, inclusive a sua oferta gratuita para todos os que a ela
balho e a pratica social; não tiveram acesso na idade própria; assegura o atendimento ao
VIII – a gestão democrática e a avaliação; estudante, em todas as etapas da Educação Básica, mediante pro-
IX – a formação e a valorização dos profissionais da educação; gramas suplementares de material didático-escolar, transporte,
X – o financiamento da educação e o controle social. alimentação e assistência a saúde, bem como reduz, anualmente,
Ressalte-se que o momento em que estas Diretrizes Curricu- a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das
lares Nacionais Gerais para a Educação Básica estão sendo elab- Receitas da União incidente sobre os recursos destinados a ma-
oradas e muito singular, pois, simultaneamente, as diretrizes das nutenção e ao desenvolvimento do ensino.
etapas da Educação Básica, também elas, passam por avaliação, por Para a comissão, o desafio consistia em interpretar essa real-
meio de continua mobilização dos representantes dos sistemas ed- idade e apresentar orientações sobre a concepção e organização
ucativos de nível nacional, estadual e municipal. A articulação entre da Educação Básica como sistema educacional, segundo três di-
os diferentes sistemas flui num contexto em que se vivem: mensões básicas: organicidade, sequencialidade e articulação. Dis-
I – os resultados da Conferencia Nacional da Educação Básica por sobre a formação básica nacional relacionando-a com a par-
(2008); te diversificada, e com a preparação para o trabalho e as práticas
II – os 13 anos transcorridos de vigência da LDB e as inúmeras sociais, consiste, portanto, na formulação de princípios para outra
alterações nela lógica de diretriz curricular, que considere a formação humana de
introduzidas por várias leis, bem como a edição de outras leis sujeitos concretos, que vivem em determinado meio ambiente,
que repercutem nos currículos da Educação Básica; contexto histórico e sociocultural, com suas condições físicas, emo-
cionais e intelectuais.

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Este Parecer deve contribuir, sobretudo, para o processo de im- I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Educação
plementação pelos sistemas de ensino das Diretrizes Curriculares Básica contidos na Constituição, na Lei de Diretrizes e Bases da Ed-
Nacionais especificas, para que se concretizem efetivamente nas ucação Nacional (LDB) e demais dispositivos legais, traduzindo-os
escolas, minimizando o atual distanciamento existente entre as di- em orientações que contribuam para assegurar a formação básica
retrizes e a sala de aula. Para a organização das orientações conti- comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao cur-
das neste texto, optou-se por enuncia-las seguindo a disposição que rículo e à escola;
ocupam na estrutura estabelecida na LDB, nas partes em que ficam II - estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidi-
previstos os princípios e fins da educação nacional; as orientações ar a formulação, a execução e a avaliação do projeto político-ped-
curriculares; a formação e valorização de profissionais da educação; agógico da escola de Educação Básica;
direitos a educação e deveres de educar: Estado e família, incluin- III - orientar os cursos de formação inicial e continuada de do-
do-se o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei no 8.069/90 centes e demais profissionais da Educação Básica, os sistemas edu-
e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essas referências cativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram,
levaram em conta, igualmente, os dispositivos sobre a Educação indistintamente da rede a que pertençam.
Básica constantes da Carta Magna que orienta a Nação brasileira, Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais específicas para
relatórios de pesquisas sobre educação e produções teóricas ver- as etapas e modalidades da Educação Básica devem evidenciar o
sando sobre sociedade e educação. seu papel de indicador de opções políticas, sociais, culturais, ed-
Veja o Parecer na íntegra acessando: ucacionais, e a função da educação, na sua relação com um proje-
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=- to de Nação, tendo como referência os objetivos constitucionais,
download&alias=5367-pceb007-10&category_slug=maio-2010-pdf&I- fundamentando-se na cidadania e na dignidade da pessoa, o que
temid=30192 pressupõe igualdade, liberdade, pluralidade, diversidade, respeito,
justiça social, solidariedade e sustentabilidade.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO TÍTULO II
CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA REFERÊNCIAS CONCEITUAIS
RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 (*)
Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto nacional de
Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Edu- educação responsabilizam o poder público, a família, a sociedade e
cação Básica. a escola pela garantia a todos os educandos de um ensino ministra-
do de acordo com os princípios de:
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Na- I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanên-
cional de Educação, no uso de suas atribuições legais, e de confor- cia e sucesso na escola;
midade com o disposto na alínea “c” do § 1º do artigo 9º da Lei nº II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultu-
4.024/1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131/1995, nos artigos ra, o pensamento, a arte e o saber;
36, 36- A, 36-B, 36-C, 36-D, 37, 39, 40, 41 e 42 da Lei nº 9.394/1996, III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
com a redação dada pela Lei nº 11.741/2008, bem como no Decreto IV - respeito à liberdade e aos direitos;
nº 5.154/2004, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 7/2010, V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da Edu- VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
cação, publicado no DOU de 9 de julho de 2010. VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma da legis-
RESOLVE: lação e das normas dos respectivos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
Art. 1º A presente Resolução define Diretrizes Curriculares X - valorização da experiência extraescolar;
Nacionais Gerais para o conjunto orgânico, sequencial e articula- XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práti-
do das etapas e modalidades da Educação Básica, baseando-se no cas sociais.
direito de toda pessoa ao seu pleno desenvolvimento, à preparação Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce indis-
para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho, na pensável para o exercício da cidadania em plenitude, da qual de-
vivência e convivência em ambiente educativo, e tendo como fun- pende a possibilidade de conquistar todos os demais direitos,
damento a responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a definidos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Ado-
sociedade têm de garantir a democratização do acesso, a inclusão, lescente (ECA), na legislação ordinária e nas demais disposições que
a permanência e a conclusão com sucesso das crianças, dos jovens consagram as prerrogativas do cidadão.
e adultos na instituição educacional, a aprendizagem para continui- Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar as di-
dade dos estudos e a extensão da obrigatoriedade e da gratuidade mensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, buscando
da Educação Básica. recuperar, para a função social desse nível da educação, a sua cen-
tralidade, que é o educando, pessoa em formação na sua essência
TÍTULO I humana.
OBJETIVOS

Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Ed-


ucação Básica têm por objetivos:

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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

TÍTULO III IX - realização de parceria com órgãos, tais como os de assistên-


SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO cia social e desenvolvimento humano, cidadania, ciência e tecnolo-
gia, esporte, turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente.
Art. 7º A concepção de educação deve orientar a institucion- Art. 10. A exigência legal de definição de padrões mínimos de
alização do regime de colaboração entre União, Estados, Distrito qualidade da educação traduz a necessidade de reconhecer que a
Federal e Municípios, no contexto da estrutura federativa brasileira, sua avaliação associa-se à ação planejada, coletivamente, pelos su-
em que convivem sistemas educacionais autônomos, para assegu- jeitos da escola.
rar efetividade ao projeto da educação nacional, vencer a fragmen- § 1º O planejamento das ações coletivas exercidas pela escola
tação das políticas públicas e superar a desarticulação institucional. supõe que os sujeitos tenham clareza quanto:
§ 1º Essa institucionalização é possibilitada por um Sistema Na- I - aos princípios e às finalidades da educação, além do recon-
cional de Educação, no qual cada ente federativo, com suas peculi- hecimento e da análise dos dados indicados pelo Índice de Desen-
ares competências, é chamado a colaborar para transformar a Edu- volvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou outros indicadores, que
cação Básica em um sistema orgânico, sequencial e articulado. o complementem ou substituam;
§ 2º O que caracteriza um sistema é a atividade intencional e II - à relevância de um projeto político-pedagógico concebido e
organicamente concebida, que se justifica pela realização de ativi- assumido colegiadamente pela comunidade educacional, respeita-
dades voltadas para as mesmas finalidades ou para a concretização das as múltiplas diversidades e a pluralidade cultural;
dos mesmos objetivos. III - à riqueza da valorização das diferenças manifestadas pelos
§ 3º O regime de colaboração entre os entes federados pres- sujeitos do processo educativo, em seus diversos segmentos, res-
supõe o estabelecimento de regras de equivalência entre as funções peitados o tempo e o contexto sociocultural;
distributiva, supletiva, normativa, de supervisão e avaliação da edu- IV - aos padrões mínimos de qualidade (Custo Aluno-Qualidade
cação nacional, respeitada a autonomia dos sistemas e valorizadas Inicial – CAQi);
as diferenças regionais. § 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-se um
padrão mínimo de insumos, que tem como base um investimento
TÍTULO IV com valor calculado a partir das despesas essenciais ao desenvolvi-
ACESSO E PERMANÊNCIA PARA mento dos processos e procedimentos formativos, que levem, grad-
A CONQUISTA DA QUALIDADE SOCIAL ualmente, a uma educação integral, dotada de qualidade social:
I - creches e escolas que possuam condições de infraestrutura e
Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com pleno acesso, adequados equipamentos;
inclusão e permanência dos sujeitos das aprendizagens na escola II - professores qualificados com remuneração adequada e
e seu sucesso, com redução da evasão, da retenção e da distorção compatível com a de outros profissionais com igual nível de for-
de idade/ano/série, resulta na qualidade social da educação, que é mação, em regime de trabalho de 40 (quarenta) horas em tempo
uma conquista coletiva de todos os sujeitos do processo educativo. integral em uma mesma escola;
Art. 9º A escola de qualidade social adota como centralidade III - definição de uma relação adequada entre o número de
o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe atendimento aos alunos por turma e por professor, que assegure aprendizagens rel-
seguintes requisitos: evantes;
I - revisão das referências conceituais quanto aos diferentes es- IV - pessoal de apoio técnico e administrativo que responda às ex-
paços e tempos educativos, abrangendo espaços sociais na escola igências do que se estabelece no projeto político-pedagógico.
e fora dela;
II - consideração sobre a inclusão, a valorização das diferenças TÍTULO VI
e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, resgatando e ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
respeitando as várias manifestações de cada comunidade;
III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela CAPÍTULO I
aprendizagem e na avaliação das aprendizagens como instrumento ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
de contínua progressão dos estudantes;
IV - inter-relação entre organização do currículo, do trabalho Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes momentos
pedagógico e da jornada de trabalho do professor, tendo como ob- constitutivos do desenvolvimento educacional:
jetivo a aprendizagem do estudante; I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, engloban-
V - preparação dos profissionais da educação, gestores, profes- do as diferentes etapas do desenvolvimento da criança até 3 (três)
sores, especialistas, técnicos, monitores e outros; anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com duração de 2 (dois)
VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a infraestru- anos;
tura entendida como espaço formativo dotado de efetiva disponibi- II - o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com duração
lidade de tempos para a sua utilização e acessibilidade de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em duas fases: a dos 5
VII - integração dos profissionais da educação, dos estudantes, (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos finais;
das famílias, dos agentes da comunidade interessados na educação; III - o Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) anos. Pará-
VIII - valorização dos profissionais da educação, com programa grafo único. Essas etapas e fases têm previsão de idades próprias, as
de formação continuada, critérios de acesso, permanência, remu- quais, no entanto, são diversas quando se atenta para sujeitos com
neração compatível com a jornada de trabalho definida no projeto características que fogem à norma, como é o caso, entre outros:
político-pedagógico; I - de atraso na matrícula e/ou no percurso escolar
II - de retenção, repetência e retorno de quem havia abandona-
do os estudos;
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III - de portadores de deficiência limitadora; disponíveis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em ger-
IV - de jovens e adultos sem escolarização ou com esta incom- al, e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado
pleta; desses bens
V - de habitantes de zonas rurais; Art. 24. Os objetivos da formação básica das crianças, definidos
VI - de indígenas e quilombolas; para a Educação Infantil, prolongam-se durante os anos iniciais do
VII - de adolescentes em regime de acolhimento ou internação, Ensino Fundamental, especialmente no primeiro, e completam-se
jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabe- nos anos finais, ampliando e intensificando, gradativamente, o pro-
lecimentos penais cesso educativo, mediante:
Seção I I - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
Educação Infantil meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três) primeiros
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o desenvolvimen- anos;
to integral da criança, em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, III - compreensão do ambiente natural e social, do sistema
intelectual, social, complementando a ação da família e da comu- político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e dos va-
nidade. lores em que se fundamenta a sociedade;
§ 1º As crianças provêm de diferentes e singulares contextos IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo
socioculturais, socioeconômicos e étnicos, por isso devem ter a em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação
oportunidade de ser acolhidas e respeitadas pela escola e pelos de atitudes e valores;
profissionais da educação, com base nos princípios da individuali- V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de soli-
dade, igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade. dariedade humana e de respeito recíproco em que se assenta a vida
§ 2º Para as crianças, independentemente das diferentes social.
condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas, étnico-raciais, Art. 25. Os sistemas estaduais e municipais devem estabelecer
socioeconômicas, de origem, de religião, entre outras, as relações especial forma de colaboração visando à oferta do Ensino Funda-
sociais e intersubjetivas no espaço escolar requerem a atenção inten- mental e à articulação sequente entre a primeira fase, no geral as-
siva dos profissionais da educação, durante o tempo de desenvolvi- sumida pelo Município, e a segunda, pelo Estado, para evitar ob-
mento das atividades que lhes são peculiares, pois este é o momento stáculos ao acesso de estudantes que se transfiram de uma rede
em que a curiosidade deve ser estimulada, a partir da brincadeira para outra para completar esta escolaridade obrigatória, garantindo
orientada pelos profissionais da educação. a organicidade e a totalidade do processo formativo do escolar.
§ 3º Os vínculos de família, dos laços de solidariedade humana
e do respeito mútuo em que se assenta a vida social devem ini- CAPÍTULO II
ciar-se na Educação Infantil e sua intensificação deve ocorrer ao MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
longo da Educação Básica
§ 4º Os sistemas educativos devem envidar esforços promoven- Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode corresponder
do ações a partir das quais as unidades de Educação Infantil sejam uma ou mais das modalidades de ensino: Educação de Jovens e
dotadas de condições para acolher as crianças, em estreita relação Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica,
com a família, com agentes sociais e com a sociedade, prevendo Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e Educação a Dis-
programas e projetos em parceria, formalmente estabelecidos. tância
§ 5º A gestão da convivência e as situações em que se torna
necessária a solução de problemas individuais e coletivos pelas Seção I
crianças devem ser previamente programadas, com foco nas moti- Educação de Jovens e Adultos
vações estimuladas e orientadas pelos professores e demais profis-
sionais da educação e outros de áreas pertinentes, respeitados os Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se aos
limites e as potencialidades de cada criança e os vínculos desta com que se situam na faixa etária superior à considerada própria, no nív-
a família ou com o seu responsável direto. el de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio
§ 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de cursos
Seção II gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionando-lhes oportuni-
Ensino Fundamental dades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
Art. 23. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duração, cursos, exames, ações integradas e complementares entre si, estru-
de matrícula obrigatória para as crianças a partir dos 6 (seis) anos turados em um projeto pedagógico próprio
de idade, tem duas fases sequentes com características próprias, § 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Educação
chamadas de anos iniciais, com 5 (cinco) anos de duração, em regra Profissional articulada com a Educação Básica, devem pautar-se
para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos finais, pela flexibilidade, tanto de currículo quanto de tempo e espaço,
com 4 (quatro) anos de duração, para os de 11 (onze) a 14 (qua- para que seja(m):
torze) anos. I - rompida a simetria com o ensino regular para crianças e ado-
Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher significa lescentes, de modo a permitir percursos individualizados e conteú-
também cuidar e educar, como forma de garantir a aprendizagem dos significativos para os jovens e adultos;
dos conteúdos curriculares, para que o estudante desenvolva inter- II - providos o suporte e a atenção individuais às diferentes ne-
esses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais cessidades dos estudantes no processo de aprendizagem, mediante
atividades diversificadas;
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III - valorizada a realização de atividades e vivências socializa- § 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a de seus
doras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras de enriqueci- sujeitos, articular a formulação do projeto político-pedagógico com
mento do percurso formativo dos estudantes; os planos de educação – nacional, estadual, municipal –, o contex-
IV - desenvolvida a agregação de competências para o trabalho; to em que a escola se situa e as necessidades locais e de seus es-
V - promovida a motivação e a orientação permanente dos tudantes.
estudantes, visando maior participação nas aulas e seu melhor § 3º A missão da unidade escolar, o papel socioeducativo,
aproveitamento e desempenho; artístico, cultural, ambiental, as questões de gênero, etnia e diver-
VI - realizada, sistematicamente, a formação continuada, desti- sidade cultural que compõem as ações educativas, a organização e
nada, especificamente, aos educadores de jovens e adultos. a gestão curricular são componentes integrantes do projeto políti-
co-pedagógico, devendo ser previstas as prioridades institucion-
Seção II ais que a identificam, definindo o conjunto das ações educativas
Educação Especial próprias das etapas da Educação Básica assumidas, de acordo com
as especificidades que lhes correspondam, preservando a sua artic-
Art. 29. A Educação Especial, como modalidade transversal a ulação sistêmica
todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é parte integrante Art. 44. O projeto político-pedagógico, instância de construção
da educação regular, devendo ser prevista no projeto político-ped- coletiva que respeita os sujeitos das aprendizagens, entendidos
agógico da unidade escolar. como cidadãos com direitos à proteção e à participação social, deve
§ 1º Os sistemas de ensino devem matricular os estudantes contemplar:
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas I - o diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do processo
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e educativo, contextualizados no espaço e no tempo;
no Atendimento Educacional Especializado (AEE), complementar ou II - a concepção sobre educação, conhecimento, avaliação da
suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos multi- aprendizagem e mobilidade escolar;
funcionais ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições III - o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens e adultos – que
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. justificam e instituem a vida da e na escola, do ponto de vista in-
§ 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições para que telectual, cultural, emocional, afetivo, socioeconômico, como base
o professor da classe comum possa explorar as potencialidades de da reflexão sobre as relações vida-conhecimento-cultura profes-
todos os estudantes, adotando uma pedagogia dialógica, interativa, sor-estudante e instituição escolar;
interdisciplinar e inclusiva e, na interface, o professor do AEE deve IV - as bases norteadoras da organização do trabalho pedagógi-
identificar habilidades e necessidades dos estudantes, organizar e co;
orientar sobre os serviços e recursos pedagógicos e de acessibili- V - a definição de qualidade das aprendizagens e, por conse-
dade para a participação e aprendizagem dos estudantes. quência, da escola, no contexto das desigualdades que se refletem
§ 3º Na organização desta modalidade, os sistemas de ensino na escola;
devem observar as seguintes orientações fundamentais: VI - os fundamentos da gestão democrática, compartilhada e
I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudantes no participativa (órgãos colegiados e de representação estudantil);
ensino regular; VII - o programa de acompanhamento de acesso, de permanên-
II - a oferta do atendimento educacional especializado; cia dos estudantes e de superação da retenção escolar;
III - a formação de professores para o AEE e para o desenvolvi- VIII - o programa de formação inicial e continuada dos profis-
mento de práticas educacionais inclusivas; sionais da educação, regentes e não regentes;
IV - a participação da comunidade escolar; IX - as ações de acompanhamento sistemático dos resultados
V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e infor- do processo de avaliação interna e externa (Sistema de Avaliação da
mações, nos mobiliários e equipamentos e nos transportes; Educação Básica – SAEB, Prova Brasil, dados estatísticos, pesquisas
VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais. sobre os sujeitos da Educação Básica), incluindo dados referentes
ao IDEB e/ou que complementem ou substituam os desenvolvidos
Título Vii pelas unidades da federação e outros;
Elementos Constitutivos Para A Organização Das Diretrizes X - a concepção da organização do espaço físico da instituição
Curriculares Nacionais Gerais Para A Educação Básica escolar de tal modo que este seja compatível com as características
de seus sujeitos, que atenda as normas de acessibilidade, além da
Capítulo I natureza e das finalidades da educação, deliberadas e assumidas
O Projeto Político-Pedagógico E O Regimento Escolar pela comunidade educacional.
Art. 45. O regimento escolar, discutido e aprovado pela comu-
Art. 43. O projeto político-pedagógico, interdependentemente nidade escolar e conhecido por todos, constitui-se em um dos in-
da autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira da strumentos de execução do projeto políticopedagógico, com trans-
instituição educacional, representa mais do que um documento, parência e responsabilidade.
sendo um dos meios de viabilizar a escola democrática para todos Parágrafo único. O regimento escolar trata da natureza e da fi-
e de qualidade social. nalidade da instituição, da relação da gestão democrática com os
§ 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se na busca órgãos colegiados, das atribuições de seus órgãos e sujeitos, das
de sua identidade, que se expressa na construção de seu projeto suas normas pedagógicas, incluindo os critérios de acesso, pro-
pedagógico e do seu regimento escolar, enquanto manifestação de moção, mobilidade do estudante, dos direitos e deveres dos seus
seu ideal de educação e que permite uma nova e democrática orde-
nação pedagógica das relações escolares.
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sujeitos: estudantes, professores, técnicos e funcionários, gestores, V - a instauração de relações entre os estudantes, proporcio-
famílias, representação estudantil e função das suas instâncias co- nando-lhes espaços de convivência e situações de aprendizagem,
legiadas. por meio dos quais aprendam a se compreender e se organizar em
equipes de estudos e de práticas esportivas, artísticas e políticas;
Capítulo Iii VI - a presença articuladora e mobilizadora do gestor no cotidi-
Gestão Democrática E Organização Da Escola ano da escola e nos espaços com os quais a escola interage, em bus-
ca da qualidade social das aprendizagens que lhe caiba desenvolver,
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho pedagógico com transparência e responsabilidade.
e da gestão da escola conceber a organização e a gestão das pes-
soas, do espaço, dos processos e procedimentos que viabilizam o CAPÍTULO IV
trabalho expresso no projeto político-pedagógico e em planos da O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA
escola, em que se conformam as condições de trabalho definidas
pelas instâncias colegiadas. Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a fundamentação da
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as do seu ação docente e os programas de formação inicial e continuada dos
sistema de ensino, têm incumbências complexas e abrangentes, profissionais da educação instauram, refletese na eleição de um ou
que exigem outra concepção de organização do trabalho pedagógi- outro método de aprendizagem, a partir do qual é determinado o
co, como distribuição da carga horária, remuneração, estratégias perfil de docente para a Educação Básica, em atendimento às di-
claramente definidas para a ação didático-pedagógica coletiva mensões técnicas, políticas, éticas e estéticas.
que inclua a pesquisa, a criação de novas abordagens e práticas § 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas de forma-
metodológicas, incluindo a produção de recursos didáticos ade- ção dos profissionais da educação, sejam gestores, professores ou
quados às condições da escola e da comunidade em que esteja ela especialistas, deverão incluir em seus currículos e programas:
inserida a) o conhecimento da escola como organização complexa que
§ 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino público e tem a função de promover a educação para e na cidadania;
prevista, em geral, para todas as instituições de ensino, o que im- b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investi-
plica decisões coletivas que pressupõem a participação da comuni- gações de interesse da área educacional;
dade escolar na gestão da escola e a observância dos princípios e c) a participação na gestão de processos educativos e na orga-
finalidades da educação. nização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino;
§ 3º No exercício da gestão democrática, a escola deve se em- d) a temática da gestão democrática, dando ênfase à constru-
penhar para constituir-se em espaço das diferenças e da plurali- ção do projeto políticopedagógico, mediante trabalho coletivo de
dade, inscrita na diversidade do processo tornado possível por meio que todos os que compõem a comunidade escolar são responsá-
de relações intersubjetivas, cuja meta é a de se fundamentar em veis.
princípio educativo emancipador, expresso na liberdade de apren- Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação nacional
der, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e está a valorização do profissional da educação, com a compreensão
o saber de que valorizá-lo é valorizar a escola, com qualidade gestorial, edu-
Art. 55. A gestão democrática constitui-se em instrumento de cativa, social, cultural, ética, estética, ambiental.
horizontalização das relações, de vivência e convivência colegiada, § 1º A valorização do profissional da educação escolar vincula-
superando o autoritarismo no planejamento e na concepção e or- -se à obrigatoriedade da garantia de qualidade e ambas se associam
ganização curricular, educando para a conquista da cidadania plena à exigência de programas de formação inicial e continuada de do-
e fortalecendo a ação conjunta que busca criar e recriar o trabalho centes e não docentes, no contexto do conjunto de múltiplas atri-
da e na escola mediante: buições definidas para os sistemas educativos, em que se inscrevem
I - a compreensão da globalidade da pessoa, enquanto ser que as funções do professor.
aprende, que sonha e ousa, em busca de uma convivência social § 2º Os programas de formação inicial e continuada dos pro-
libertadora fundamentada na ética cidadã; fissionais da educação, vinculados às orientações destas Diretrizes,
II - a superação dos processos e procedimentos burocráticos, devem prepará-los para o desempenho de suas atribuições, consi-
assumindo com pertinência e relevância: os planos pedagógicos, os derando necessário:
objetivos institucionais e educacionais, e as atividades de avaliação a) além de um conjunto de habilidades cognitivas, saber pes-
contínua; quisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é, interpretar e
III - a prática em que os sujeitos constitutivos da comunidade reconstruir o conhecimento coletivamente;
educacional discutam a própria práxis pedagógica impregnando-a b) trabalhar cooperativamente em equipe;
de entusiasmo e de compromisso com a sua própria comunidade, c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os instru-
valorizando-a, situando-a no contexto das relações sociais e bus- mentos produzidos ao longo da evolução tecnológica, econômica e
cando soluções conjuntas; organizativa;
IV - a construção de relações interpessoais solidárias, geridas d) desenvolver competências para integração com a comunida-
de tal modo que os professores se sintam estimulados a conhecer de e para relacionamento com as famílias.
melhor os seus pares (colegas de trabalho, estudantes, famílias), a Art. 58. A formação inicial, nos cursos de licenciatura, não es-
expor as suas ideias, a traduzir as suas dificuldades e expectativas gota o desenvolvimento dos conhecimentos, saberes e habilidades
pessoais e profissionais; referidas, razão pela qual um programa de formação continuada
dos profissionais da educação será contemplado no projeto políti-
co-pedagógico.

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Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir orientações Prezado(a),


para que o projeto de formação dos profissionais preveja:
a) a consolidação da identidade dos profissionais da educação, A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
nas suas relações com a escola e com o estudante; será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área
b) a criação de incentivos para o resgate da imagem social do é reservada para a inclusão de materiais que complementam a
professor, assim como da autonomia docente tanto individual como apostila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos
coletiva; relacionados a este material, e que, devido a seu formato ou ta-
c) a definição de indicadores de qualidade social da educação manho, não cabem na estrutura de nossas apostilas.
escolar, a fim de que as agências formadoras de profissionais da
educação revejam os projetos dos cursos de formação inicial e con- Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
tinuada de docentes, de modo que correspondam às exigências de organizados de acordo com o título do tópico a que se referem
um projeto de Nação. e podem ser acessados seguindo os passos indicados na página
Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publi- 2 deste material, ou por meio de seu login e senha na Área do
cação. Aluno.

Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha


CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS melhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação
da apostila.

O Currículo Referência de Minas Gerais é um documento que Se preferir, indicamos também acesso direto ao documento
orienta a prática pedagógica nas escolas do estado. Elaborado em:
pela Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), o currículo bus-
ca promover uma educação de qualidade, que valorize a diversi- http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curri-
dade, os saberes e as competências necessárias para a formação culos_estados/documento_curricular_mg.pdf
integral dos estudantes.
O Currículo Referência de Minas Gerais parte de uma concep- file:///C:/Users/User/Downloads/CRMG%20-%20Infantil%20e%20Ensi-
ção ampla de currículo, entendendo-o como um conjunto de ex- no%20Fundamental%20_Vers%C3%A3o%20atualizada%20(1).pdf
periências de aprendizagem que ocorrem no ambiente escolar e
que contribuem para o desenvolvimento dos estudantes em todas https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/
as dimensões: cognitiva, socioemocional, ética e estética. Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20do%20Ensino%20M%-
O documento está organizado em diferentes áreas do co- C3%A9dio.pdf
nhecimento, contemplando os componentes curriculares obri-
gatórios, como língua portuguesa, matemática, ciências, história, Bons estudos!
geografia, entre outros, além de abordar temas transversais e a
educação em tempo integral.
Uma das características do Currículo Referência de Minas Ge- DIDÁTICA E ORGANIZAÇÃO DO ENSINO
rais é a sua abordagem interdisciplinar, que busca integrar os dife-
rentes campos do conhecimento e promover uma aprendizagem
significativa. Além disso, o currículo valoriza a diversidade cultural A organização didática do processo de ensino-aprendizagem
e o respeito às diferenças, visando uma educação inclusiva e que passa por três momentos importantes: o planejamento, a exe-
promova a equidade. cução e a avaliação. Como processo, esses momentos sempre
O documento também destaca a importância da participação se apresentam inacabados, incompletos, imperfeitos, flexíveis
dos estudantes, dos professores, das famílias e da comunidade no e abertos a novas reformulações e contribuições dos professo-
processo educativo. Busca-se promover práticas pedagógicas que res e dos próprios alunos, com a finalidade de aperfeiçoá-los de
estimulem a autonomia dos estudantes, o protagonismo juvenil e maneira continua e permanente à luz das teorias mais contem-
o diálogo entre todos os atores envolvidos na educação. porâneas. Como processo, esses momentos também se apresen-
O Currículo Referência de Minas Gerais está em constante tam interligados uns ao outros, sendo difícil identificarem onde
processo de atualização e adequação às demandas e desafios termina um para dar lugar ao outro e vice-versa. Há execução
contemporâneos. Sua implementação e desenvolvimento são rea- e avaliação enquanto se planeja; há planejamento e avaliação
lizados em parceria com as escolas, professores e gestores educa- enquanto se executa; há planejamento e execução enquanto se
cionais, visando uma educação de qualidade e em sintonia com as avalia. No texto pretendemos estudar o Planejamento, deixando
necessidades e realidades locais. claro que separar o planejamento dos demais momentos da or-
Em suma, o Currículo Referência de Minas Gerais é um docu- ganização didática do processo, apenas responde a uma questão
mento norteador que visa orientar a prática pedagógica nas es- metodológica para seu melhor tratamento.
colas do estado. Com uma abordagem interdisciplinar, inclusiva e No universo da educação, especialmente no ambiente esco-
participativa, busca promover uma educação de qualidade, valori- lar a palavra didática está presente de forma imperativa, afinal
zando a diversidade e o desenvolvimento integral dos estudantes. são componentes fundamentais do cotidiano escolar os mate-
Sua implementação é realizada em parceria com as escolas e tem riais didáticos, livros didáticos, projetos didáticos e a própria
como objetivo principal a melhoria da aprendizagem e o fortaleci- didática como um instrumento qualificador do trabalho do pro-
mento do sistema educacional mineiro.
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fessor em sala de aula. Afinal, a partir do significado atribuído à “A técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da
didática no campo educacional, é comum ouvir que o professor aprendizagem, a formação do homem”. (AGUAYO)
x ou y é um bom professor porque tem didática.
Para as teorias da educação, porém, a didática é mais do Didática Geral e Especial
que um termo utilizado para representar a dicotomia entre o A Didática Geral estuda os princípios, as normas e as técni-
bom e o mal professor ou para designar os materiais utilizados cas que devem regular qualquer tipo de ensino, para qualquer
no ambiente escolar. Termo de origem grega (didaktiké), a di- tipo de aluno.
dática foi instituída no século XVI como ciência reguladora do A Didática Geral nos dar uma visão geral da atividade do-
ensino. Mais tarde Comenius atribuiu seu caráter pedagógico ao cente.
defini-la como a arte de ensinar. A Didática Especial estuda aspectos científicos de uma de-
Nos dias atuais, a definição de didática ganhou contornos terminada disciplina ou faixa de escolaridade. A Didática Es-
mais amplos e deve ser compreendida enquanto um campo de pecial analisa os problemas e as dificuldades que o ensino de
estudo que discute as questões que envolvem os processos de cada disciplina apresenta e organiza os meios e as sugestões
ensino. Nessa perspectiva a didática pode ser definida como um para resolve-los. Assim, temos as didáticas especiais das línguas
ramo da ciência pedagógica voltada para a formação do aluno em (francês, inglês, etc.); as didáticas especiais das ciências (Física,
função de finalidades educativas e que tem como objeto de estu- Química, etc.).
do os processos de ensino e aprendizagem e as relações que se
estabelecem entre o ato de ensinar (professor) e o ato de apren- Didática e Metodologia
der (aluno). Nesta perspectiva a didática passa a abordar o ensino Tanto a Didática como a metodologia estudam os métodos
ou a arte de ensinar como um trabalho de mediação de ações de ensino. Há, no entanto, diferença quanto ao ponto de vista
pré-definidas destinadas à aprendizagem, criando condições e es- de cada uma. A Metodologia estuda os métodos de ensino, clas-
tratégias que assegurem a construção do conhecimento. sificando-os e descrevendo-os sem fazer juízo de valor.
Nesse contexto, a Didática enquanto campo de estudo visa A Didática, por sua vez, faz um julgamento ou uma crítica do
propor princípios, formas e diretrizes que são comuns ao ensino valor dos métodos de ensino. Podemos dizer que a metodologia
de todas as áreas de conhecimento. Não se restringe a uma prá- nos dá juízos de realidades, e a Didática nos dá juízos de valor.
tica de ensino, mas se propõe a compreender a relação que se • Juízos de realidade são juízos descritivos e constatati-
estabelece entre três elementos: professor, aluno e a matéria a vos.
ser ensinada. Ao investigar as relações entre o ensino e a apren- Exemplos:
dizagem mediadas por um ato didático, procura compreender •Dois mais dois são quatro.
também as relações que o aluno estabelece com os objetos do • Acham-se presentes na sala 50 alunos.
conhecimento. Para isso privilegia a análise das condições de
ensino e suas relações com os objetivos, conteúdos, métodos e • Juízos de valor são juízos que estabelecem valores ou
procedimentos de ensino. normas.
Entretanto, postular que o campo de estudo da Didática é Exemplo:
responsável por produzir conhecimentos sobre modos de trans- • A democracia é a melhor forma de governo.
missão de conteúdos curriculares através de métodos e conhe- • Os velhos merecem nosso respeito.
cimentos não deve reduzir a Didática a visão de estudo mera-
mente tecnicista. Ao contrário, a produção de conhecimentos A partir dessa diferenciação, concluímos que podemos ser
sobre as técnicas de ensino oriundos desse campo de estudo metodologistas sem ser didáticos, mas não podemos ser didá-
tem por objetivo tornar a pratica docente reflexiva, para que ticos sem ser metodologistas, pois não podemos julgar sem co-
a ação do professor não seja uma mera reprodução de estraté- nhecer. Por isso, o estudo da metodologia é importante por uma
gias presentes em livros didáticos ou manuais de ensino. Não razão muito simples: para escolher o método mais adequado de
basta ao professor reproduzir pressupostos teóricos ou progra- ensino precisamos conhecer os métodos existentes.
mas disciplinares pré-estabelecidos, as informações acumuladas
na prática ao longo do processo ensino-aprendizagem devem Educação escolar, pedagogia e Didática
despertar a capacidade crítica capaz de proporcionar questio- A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e
namentos e reflexões sobre essas informações a fim de garantir ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto
uma transformação na prática. Como um processo em constante grau de organização, ligado intimamente as demais práticas so-
transformação, a formação do educador exige esta interligação ciais. Pela educação escolar democratizam-se os conhecimentos,
entre a teoria e a prática como forma de desenvolvimento da sendo na escola que os trabalhadores continuam tendo a oportu-
capacidade crítica profissional.26 nidade de prover escolarização formal aos seus filhos, adquirindo
conhecimentos científicos e formando capacidades de pensar cri-
A didática, o processo de aprendizagem e a organização do ticamente os problemas e desafios postos pela realidade social.
processo didático A Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a
A didática é uma disciplina técnica e que tem como objeto natureza das finalidades da educação numa determinada socie-
específico a técnica de ensino (direção técnica da aprendiza- dade, bem como os meios apropriados para a formação dos indi-
gem). A Didática, portanto, estuda a técnica de ensino em todos víduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social.
os aspectos práticos e operacionais, podendo ser definida como:

26 Fonte: www.infoescola.com
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Uma vez que a prática educativa é o processo pelo qual são Há uma estreita ligação da Didática com os demais campo
assimilados conhecimentos e experiências acumulados pela prá- do conhecimento pedagógico. A Filosofia e a História da Edu-
tica social da humanidade, cabe à Pedagogia assegura-lo, orien- cação ajudam a reflexão em torno das teorias educacionais, in-
tando-o para finalidades sociais e políticas, e criando um conjun- dagando em que consiste o ato educativo, seus condicionantes
to de condições metodológicas e organizativas para viabiliza-lo. externos e internos, seus fins e objetivos; busca os fundamentos
O caráter pedagógico da prática educativa se verifica como da prática docente.
ação consciente, intencional e planejada no processo de for- A Sociologia da Educação estuda a educação com processo
mação humana, através de objetivos e meios estabelecidos social e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre
por critérios socialmente determinados e que indicam o tipo o trabalho docente e a sociedade. Ensina a ver a realidade social
de homem a formar, para qual sociedade, com que propósitos. no seu movimento, a partir da dependência mútua entre seus
Vincula-se pois a opções sociais. A partir daí a Pedagogia pode elementos constitutivos, para determinar os nexos constitutivos
dirigir e orientar a formulação de objetivos e meios do processo da realidade educacional. A partir disso estuda a escola como
educativo. “fenômeno sociológico”, isto é, uma organização social que tem
Podemos, agora, explicar as relações entre educação esco- a sua estrutura interna de funcionamento interligada ao mes-
lar. Pedagogia e ensino: a educação escolar, manifestação pe- mo tempo com outras organizações sociais(conselhos de pais,
culiar do processo educativo global: a Pedagogia como determi- associações de bairros, sindicatos, partidos políticos). A própria
nação do rumo desse processo em suas finalidades e meios de sala de aula é um ambiente social que forma, junto com a escola
ação; o ensino como campo específico da instrução e educação como um todo, o ambiente global da atividade docente organi-
escolar. Podemos dizer que o processo de ensino-aprendizagem zado para cumprir os objetivos de ensino.
é, fundamentalmente, um trabalho pedagógico no qual se con- A Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do
jugam fatores externos e internos. De um lado, atuam na for- processo de ensino e da aprendizagem, como as implicações
mação humana como direção consciente e planejada, através das fases de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os
de objetivos/conteúdos/métodos e formas de organização pro- mecanismos psicológicos presentes na assimilação ativa de co-
postos pela escola e pelos professores; de outro, essa influência nhecimentos e habilidades. A psicologia aborda questões como:
externa depende de fatores internos, tais como as condições fí- o funcionamento da atividade mental, a influência do ensino
sicas, psíquicas e sócio-culturais do alunos. no desenvolvimento intelectual, a ativação das potencialidades
A Pedagogia sendo ciência da e para a educação, estuda a mentais para a aprendizagem, organização das relações profes-
educação, a instrução e o ensino. Para tanto compõe-se de ra- sor-alunos e dos alunos entre si, a estimulação e o despertamen-
mos de estudo próprios como a Teoria da Educação, a Didática, to do gosto pelo estudo etc.
a Organização Escolar e a História da Educação e da Pedagogia. A Estrutura e Funcionamento do Ensino inclui questões da
Ao mesmo tempo, busca em outras ciências os conhecimentos organização do sistema escolar nos seus aspectos políticos e le-
teóricos e práticos que concorrem para o esclarecimento do seu gais, administrativos, e aspectos do funcionamento interno da
objeto, o fenômeno educativo. São elas a Filosofia da Educação, escola como a estrutura organizacional e administrativa, planos
Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Biologia da Edu- e programas, organização do trabalho pedagógico e das ativida-
cação, Economia da educação e outras. des discentes etc.27
A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela
investiga os fundamentos, condições e modos de realização da O Processo Didático Pedagógico de Ensinar e Aprender
instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-po- Didática é considerada como arte e ciência do ensino, o
líticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar con- objetivo deste artigo é analisar o processo didático educativo
teúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os e suas contribuições positivas para um melhor desempenho no
vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desen- processo de ensino-aprendizagem. Como arte a didática não ob-
volvimento das capacidades mentais dos alunos. A Didática está jetiva apenas o conhecimento por conhecimento, mas procura
intimamente ligada à Teoria da Educação e à Teoria da Organi- aplicar os seus próprios princípios com a finalidade de desen-
zação Escolar e, de modo muito especial, vincula-se a Teoria do volver no individuo as habilidades cognoscitivas, tornando-os
Conhecimento e à Psicologia da Educação. críticos e reflexivos, desenvolvendo assim um pensamento in-
A Didática e as metodologias específicas das matérias de dependente.
ensino formam uma unidade, mantendo entre si relações recí- Nesse Artigo abordamos esse assunto acerca das visões de
procas. A Didática trata da teoria geral do ensino. As metodolo- Libâneo (1994), destacando as relações e os processos didáticos
gias específicas, integrando o campo da Didática, ocupam-se dos de ensino e aprendizagem, o caráter educativo e crítico desse
conteúdos e métodos próprios de cada matéria na sua relação processo de ensino, levando em consideração o trabalho docen-
com fins educacionais. A Didática, com base em seus vínculos te além da organização da aula e seus componentes didáticos
com a Pedagogia , generaliza processos e procedimentos obti- do processo educacional tais como objetivos, conteúdos, méto-
dos na investigação das matérias específicas, das ciências que dos, meios de ensino e avaliação. Concluímos o nosso trabalho
dão embasamento ao ensino e a aprendizagem e das situações ressaltando a importância da didática no processo educativo de
concretas da prática docente. Com isso, pode generalizar para ensino e aprendizagem.
todas as matérias, sem prejuízo das peculiaridades metodoló-
gicas de cada uma, o que é comum e fundamental no processo
educativo escolar.

27 Fonte: www.pedagogiadidatica.blogspot.com.br
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Processos Didáticos Básicos, Ensino e Aprendizagem. lações (Libâneo, 1994). De acordo com esse contexto podemos
A Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia, pois despertar uma aprendizagem autônoma, seja no meio escolar
ela situa-se num conjunto de conhecimentos pedagógicos, in- ou no ambiente em que estamos.
vestiga os fundamentos, as condições e os modos de realização Pelo meio cognitivo, os indivíduos aprendem tanto pelo
da instrução e do ensino, portanto é considerada a ciência de contato com as coisas no ambiente, como pelas palavras que
ensinar. Nesse contexto, o professor tem como papel principal designam das coisas e dos fenômenos do ambiente. Portanto as
garantir uma relação didática entre ensino e aprendizagem atra- palavras são importantes condições de aprendizagem, pois atra-
vés da arte de ensinar, pois ambos fazem parte de um mesmo vés delas são formados conceitos pelos quais podemos pensar.
processo. Segundo Libâneo (1994), o professor tem o dever de O ensino é o principal meio de progresso intelectual dos
planejar, dirigir e controlar esse processo de ensino, bem como alunos, através dele é possível adquirir conhecimentos e habi-
estimular as atividades e competências próprias do aluno para a lidades individuais e coletivas. Por meio do ensino, o professor
sua aprendizagem. transmite os conteúdos de forma que os alunos assimilem esse
A condição do processo de ensino requer uma clara e segu- conhecimento, auxiliando no desenvolvimento intelectual, re-
ra compreensão do processo de aprendizagem, ou seja, deseja flexivo e crítico.
entender como as pessoas aprendem e quais as condições que
influenciam para esse aprendizado. Sendo assim Libâneo (1994) Por meio do processo de ensino o professor pode alcançar
ressalta que podemos distinguir a aprendizagem em dois tipos: seu objetivo de aprendizagem, essa atividade de ensino está li-
aprendizagem casual e a aprendizagem organizada. gada à vida social mais ampla, chamada de prática social, por-
a. Aprendizagem casual: É quase sempre espontânea, surge tanto o papel fundamental do ensino é mediar à relação entre
naturalmente da interação entre as pessoas com o ambiente em indivíduos, escola e sociedade.
que vivem, ou seja, através da convivência social, observação de
objetos e acontecimentos. O Caráter Educativo do Processo de Ensino e o Ensino Crítico.
b. Aprendizagem organizada: É aquela que tem por finalida- De acordo com Libâneo (1994), o processo de ensino, ao
de específica aprender determinados conhecimentos, habilida- mesmo tempo em que realiza as tarefas da instrução de crianças
des e normas de convivência social. Este tipo de aprendizagem e jovens, também é um processo educacional.
é transmitido pela escola, que é uma organização intencional, No desempenho de sua profissão, o professor deve ter em
planejada e sistemática, as finalidades e condições da apren- mente a formação da personalidade dos alunos, não apenas no
dizagem escolar é tarefa específica do ensino (LIBÂNEO, 1994. aspecto intelectual, como também nos aspectos morais, afeti-
Pág. 82). vos e físicos. Como resultado do trabalho escolar, os alunos vão
Esses tipos de aprendizagem tem grande relevância na assi- formando o senso de observação, a capacidade de exame obje-
milação ativa dos indivíduos, favorecendo um conhecimento a tivo e crítico de fatos e fenômenos da natureza e das relações
partir das circunstâncias vivenciadas pelo mesmo. sociais, habilidades de expressão verbal e escrita. A unidade
O processo de assimilação de determinados conhecimentos, instrução-educação se reflete, assim, na formação de atitudes
habilidades, percepção e reflexão é desenvolvido por meios ati- e convicções frente à realidade, no transcorrer do processo de
tudinais, motivacionais e intelectuais do aluno, sendo o profes- ensino.
sor o principal orientador desse processo de assimilação ativa, O processo de ensino deve estimular o desejo e o gosto pelo
é através disso que se pode adquirir um melhor entendimento, estudo, mostrando assim a importância do conhecimento para a
favorecendo um desenvolvimento cognitivo. vida e o trabalho, (LIBÂNEO, 1994).
Através do ensino podemos compreender o ato de aprender Nesse processo o professor deve criar situações que estimu-
que é o ato no qual assimilamos mentalmente os fatos e as rela- le o indivíduo a pensar, analisar e relacionar os aspectos estu-
ções da natureza e da sociedade. Esse processo de assimilação dados com a realidade que vive. Essa realização consciente das
de conhecimentos é resultado da reflexão proporcionada pela tarefas de ensino e aprendizagem é uma fonte de convicções,
percepção prático-sensorial e pelas ações mentais que caracteri- princípios e ações que irão relacionar as práticas educativas dos
zam o pensamento (Libâneo, 1994). Entendida como fundamen- alunos, propondo situações reais que faça com que os individuo
tal no processo de ensino a assimilação ativa desenvolve no indi- reflita e analise de acordo com sua realidade (TAVARES, 2011).
viduo a capacidade de lógica e raciocínio, facilitando o processo Entretanto o caráter educativo está relacionado aos objeti-
de aprendizagem do aluno. vos do ensino crítico e é realizado dentro do processo de ensino.
Sempre estamos aprendendo, seja de maneira sistemática È através desse processo que acontece a formação da consciên-
ou de forma espontânea, teoricamente podemos dizer que há cia crítica dos indivíduos, fazendo-os pensar independentemen-
dois níveis de aprendizagem humana: o reflexo e o cognitivo. O te, por isso o ensino crítico, chamado assim por implicar direta-
nível reflexo refere-se às nossas sensações pelas quais desenvol- mente nos objetivos sócio-políticos e pedagógicos, também os
vemos processos de observação e percepção das coisas e nossas conteúdos, métodos escolhidos e organizados mediante deter-
ações físicas no ambiente. Este tipo de aprendizagem é respon- minada postura frente ao contexto das relações sociais vigentes
sável pela formação de hábitos sensório motor (Libâneo, 1994). da prática social, (LIBÂNEO, 1994).
O nível cognitivo refere-se à aprendizagem de determinados È através desse ensino crítico que os processos mentais são
conhecimentos e operações mentais, caracterizada pela apreen- desenvolvidos, formando assim uma atitude intelectual. Nes-
são consciente, compreensão e generalização das propriedades se contexto os conteúdos deixam de serem apenas matérias, e
e relações essenciais da realidade, bem como pela aquisição de passam então a ser transmitidos pelo professor aos seus alunos
modos de ação e aplicação referentes a essas propriedades e re-

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formando assim um pensamento independente, para que esses Dentro da organização da aula destacaremos agora seus
indivíduos busquem resolver os problemas postos pela socieda- Componentes Didáticos, que são também abordados em alguns
de de uma maneira criativa e reflexiva. trabalhos como elementos estruturantes do ensino didático. São
eles: os objetivos (gerais e específicos), os conteúdos, os méto-
A Organização da Aula e seus Componentes Didáticos do dos, os meios e as avaliações.
Processo Educacional
A aula é a forma predominante pela qual é organizado o Objetivos
processo de ensino e aprendizagem. É o meio pelo qual o profes- São metas que se deseja alcançar, para isso usa-se de diver-
sor transmite aos seus alunos conhecimentos adquirido no seu sos meios para se chegar ao esperado. Os objetivos educacionais
processo de formação, experiências de vida, conteúdos específi- expressam propósitos definidos, pois o professor quando vai
cos para a superação de dificuldades e meios para a construção ministrar a aula já vai com os objetivos definidos. Eles têm por
de seu próprio conhecimento, nesse sentido sendo protagonista finalidade, preparar o docente para determinar o que se requer
de sua formação humana e escolar. com o processo de ensino, isto é prepará-lo para estabelecer
É ainda o espaço de interação entre o professor e o indi- quais as metas a serem alcançadas, eles constituem uma ação
víduo em formação constituindo um espaço de troca mútua. A intencional e sistemática.
aula é o ambiente propício para se pensar, criar, desenvolver Os objetivos são exigências que requerem do professor um
e aprimorar conhecimentos, habilidades, atitudes e conceitos, posicionamento reflexivo, que o leve a questionamentos sobre
é também onde surgem os questionamentos, indagações e res- a sua própria prática, sobre os conteúdos os materiais e os mé-
postas, em uma busca ativa pelo esclarecimento e entendimen- todos pelos quais as práticas educativas se concretizam. Ao ela-
to acerca desses questionamentos e investigações. borar um plano de aula, por exemplo, o professor deve levar em
Por intermédio de um conjunto de métodos, o educador conta muitos questionamentos acerca dos objetivos que aspira,
busca melhor transmitir os conteúdos, ensinamentos e conheci- como O que? Para que? Como? E Para quem ensinar?, e isso só
mentos de uma disciplina, utilizando-se dos recursos disponíveis irá melhorar didaticamente as suas ações no planejamento da
e das habilidades que possui para infundir no aluno o desejo aula.
pelo saber.
Deve-se ainda compreender a aula como um conjunto de Não há prática educativa sem objetivos; uma vez que estes
meios e condições por meio das quais o professor orienta, guia e integram o ponto de partida, as premissas gerais para o proces-
fornece estímulos ao processo de ensino em função da atividade so pedagógico (LIBÂNEO, 1994- pág.122). Os objetivos são um
própria dos alunos, ou seja, da assimilação e desenvolvimento guia para orientar a prática educativa sem os quais não haveria
de habilidades naturais do aluno na aprendizagem educacional. uma lógica para orientar o processo educativo.
Sendo a aula um lugar privilegiado da vida pedagógica refere-se Para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de
às dimensões do processo didático preparado pelo professor e modo mais organizado faz-se necessário, classificar os objetivos
por seus alunos. de acordo com os seus propósitos e abrangência, se são mais
Aula é toda situação didática na qual se põem objetivos, amplos, denominados objetivos gerais e se são destinados a de-
conhecimentos, problemas, desafios com fins instrutivos e for- terminados fins com relação aos alunos, chamados de objetivos
mativos, que incitam as crianças e jovens a aprender (LIBÂNEO, específicos.
1994- Pág.178). Cada aula é única, pois ela possui seus próprios a. Objetivos Gerais: exprimem propósitos mais amplos acer-
objetivos e métodos que devem ir de acordo com a necessidade ca do papel da escola e do ensino diante das exigências postas
observada no educando. pela realidade social e diante do desenvolvimento da personali-
A aula é norteada por uma série de componentes, que vão dade dos alunos (LIBANÊO, 1994- pág. 121). Por isso ele também
conduzir o processo didático facilitando tanto o desenvolvimen- afirma que os objetivos educacionais transcendem o espaço da
to das atividades educacionais pelo educador como a compreen- sala de aula atuando na capacitação do indivíduo para as lutas
são e entendimento pelos indivíduos em formação; ela deve, sociais de transformação da sociedade, e isso fica claro, uma
pois, ter uma estruturação e organização, afim de que sejam vez que os objetivos têm por fim formar cidadãos que venham a
alcançados os objetivos do ensino. atender os anseios da coletividade.
Ao preparar uma aula o professor deve estar atento às quais b. Objetivos Específicos: compreendem as intencionali-
interesses e necessidades almeja atender, o que pretende com dades específicas para a disciplina, os caminhos traçados para
a aula, quais seus objetivos e o que é de caráter urgente na- que se possa alcançar o maior entendimento, desenvolvimento
quele momento. A organização e estruturação didática da aula de habilidades por parte dos alunos que só se concretizam no
têm por finalidade proporcionar um trabalho mais significativo decorrer do processo de transmissão e assimilação dos estudos
e bem elaborado para a transmissão dos conteúdos. O estabe- propostos pelas disciplinas de ensino e aprendizagem. Expres-
lecimento desses caminhos proporciona ao professor um maior sam as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos
controle do processo e aos alunos uma orientação mais eficaz, alunos no decorrer do processo de ensino. Têm sempre um ca-
que vá de acordo com previsto. ráter pedagógico, porque explicitam a direção a ser estabeleci-
As indicações das etapas para o desenvolvimento da aula, da ao trabalho escolar, em torno de um programa de formação.
não significa que todas elas devam seguir um cronograma rígido (TAVARES, 2001- Pág. 66).
(LIBÂNEO, 1994-Pág. 179), pois isso depende dos objetivos, con-
teúdos da disciplina, recursos disponíveis e das características
dos alunos e de cada aluno e situações didáticas especificas.

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Conteúdos ações responde ao proposto produzindo assim conhecimentos.


Os conteúdos de ensino são constituídos por um conjunto O papel do professor é levar o aluno a desenvolver sua autono-
de conhecimentos. É a forma pela qual, o professor expõem mia de pensamento.   
os saberes de uma disciplina para ser trabalhado por ele e pe-
los seus alunos. Esses saberes são advindos do conjunto social Métodos de Ensino
formado pela cultura, a ciência, a técnica e a arte. Constituem Métodos de ensino são as formas que o professor organiza
ainda o elemento de mediação no processo de ensino, pois per- as suas atividades de ensino e de seus alunos com a finalidade
mitem ao discente através da assimilação o conhecimento his- de atingir objetivos do trabalho docente em relação aos con-
tórico, cientifico, cultural acerca do mundo e possibilitam ainda teúdos específicos que serão aplicados. Os métodos de ensino
a construção de convicções e conceitos. regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem,
O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da professor e os alunos, na qual os resultados obtidos é assimila-
matéria para ajudar os alunos a desenvolverem competências ção consciente de conhecimentos e desenvolvimento das capa-
e habilidades de observar a realidade, perceber as propriedades cidades cognoscitivas e operativas dos alunos.
e características do objeto de estudo, estabelecer relações en- Segundo Libâneo (1994) a escolha e organização os méto-
tre um conhecimento e outro, adquirir métodos de raciocínio, dos de ensino devem corresponder à necessária unidade obje-
capacidade de pensar por si próprios, fazer comparações entre tivos-conteúdos-métodos e formas de organização do ensino e
fatos e acontecimentos, formar conceitos para lidar com eles no as condições concretas das situações didáticas. Os métodos de
dia-a-dia de modo que sejam instrumentos mentais para aplicá- ensino dependem das ações imediatas em sala de aula, dos con-
-los em situações da vida prática (LIBÂNEO 2001, pág. 09). Neste teúdos específicos, de métodos peculiares de cada disciplina e
contexto pretende-se que os conteúdos aplicados pelo profes- assimilação, além disso, esses métodos implica o conhecimento
sor tenham como fundamento não só a transmissão das infor- das características dos alunos quanto à capacidade de assimi-
mações de uma disciplina, mas que esses conteúdos apresentem lação de conteúdos conforme a idade e o nível de desenvolvi-
relação com a realidade dos discentes e que sirvam para que os mento mental e físico e suas características socioculturais e in-
mesmos possam enfrentar os desafios impostos pela vida co- dividuais.
tidiana. Estes devem também proporcionar o desenvolvimento A relação objetivo-conteúdo-método procuram mostrar
das capacidades intelectuais e cognitivas do aluno, que o levem que essas unidades constituem a linhagem fundamental de
ao desenvolvimento critico e reflexivo acerca da sociedade que compreensão do processo didático: os objetivos, explicitando os
integram. propósitos pedagógicos intencionais e planejados de instrução e
Os conteúdos de ensino devem ser vistos como uma relação educação dos alunos, para a participação na vida social; os con-
entre os seus componentes, matéria, ensino e o conhecimento teúdos, constituindo a base informativa concreta para alcançar
que cada aluno já traz consigo. Pois não basta apenas a seleção os objetivos e determinar os métodos; os métodos, formando
e organização lógica dos conteúdos para transmiti-los. Antes os a totalidade dos passos, formas didáticas e meios organizativos
conteúdos devem incluir elementos da vivência prática dos alu- do ensino que viabilizam a assimilação dos conteúdos, e assim,
nos para torná-los mais significativos, mais vivos, mais vitais, de o atingimento dos objetivos.
modo que eles possam assimilá-los de forma ativa e consciente No trabalho docente, os professores selecionam e organizam
(LIBÂNEO, 1994 pág. 128). Ao proferir estas palavras, o autor seus métodos e procedimentos didáticos de acordo com cada ma-
aponta para um elemento de fundamental importância na pre- téria. Dessa forma destacamos os principais métodos de ensino
paração da aula, a contextualização dos conteúdos. utilizado pelo professor em sala de aula: método de exposição
a. Contextualização dos conteúdos pelo professor, método de trabalho independente, método de
A contextualização consiste em trazer para dentro da sala elaboração conjunta, método de trabalho em grupo. Nestes mé-
de aula questões presentes no dia a dia do aluno e que vão con- todos, os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentados,
tribuir para melhorar o processo de ensino e aprendizagem do explicadas e demonstradas pelo professor, além dos trabalhos
mesmo. Valorizando desta forma o contexto social em que ele planejados individuais, a elaboração conjunta de atividades entre
está inserido e proporcionando a reflexão sobre o meio em que professores e alunos visando à obtenção de novos conhecimen-
se encontra, levando-o a agir como construtor e transformador tos e os trabalhos em grupo. Dessa maneira designamos todos os
deste. Então, pois, ao selecionar e organizar os conteúdos de meios e recursos matérias utilizados pelo professor e pelos alunos
ensino de uma aula o professor deve levar em consideração a para organização e condução metódica do processo de ensino e
realidade vivenciada pelos alunos. aprendizagem (LIBÂNEO, 1994 Pág. 173).

b. A relação professor-aluno no processo de ensino e Avaliação Escolar


aprendizagem: A avaliação escolar é uma tarefa didática necessária para
O professor no processo de ensino é o mediador entre o o trabalho docente, que deve ser acompanhado passo a passo
indivíduo em formação e os conhecimentos prévios de uma no processo de ensino e aprendizagem. Através da mesma, os
matéria. Tem como função planejar, orientar a direção dos con- resultados vão sendo obtidos no decorrer do trabalho em con-
teúdos, visando à assimilação constante pelos alunos e o de- junto entre professores e alunos, a fim de constatar progressos,
senvolvimento de suas capacidades e habilidades. É uma ação dificuldades e orientá-los em seus trabalhos para as correções
conjunta em que o educador é o promotor, que faz questiona- necessárias. Libâneo (1994).
mentos, propõem problemas, instiga, faz desafios nas atividades
e o educando é o receptor ativo e atuante, que através de suas

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A avaliação escolar é uma tarefa complexa que não se re- porque entendemos que a organização curricular dos cursos de
sume à realização de provas e atribuição de notas, ela cumpre licenciatura nas novas propostas para os cursos de licenciatu-
funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em ras expressa a relação social básica do sistema nesse momento
relação ao rendimento escolar. histórico. Data de 1972 o I Encontro Nacional de Professores de
A função pedagógico-didática refere-se ao papel da avaliação Didática realizado na Universidade de Brasília, período pós-64,
no cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação momento histórico em que o planejamento educacional é con-
escolar. Ao comprovar os resultados do processo de ensino, evi- siderado “área prioritária”, integrado ao Plano Nacional de De-
dencia ou não o atendimento das finalidades sociais do ensino, de senvolvimento, e a educação passa a ser vista como fator de
preparação dos alunos para enfrentar as exigências da sociedade desenvolvimento, investimento individual e social. Nesse mo-
e inseri-los ao meio social. Ao mesmo tempo, favorece uma atitu- mento discute-se a necessidade de formar um novo professor
de mais responsável do aluno em relação ao estudo, assumindo-o tecnicamente competente e comprometido com o programa
como um dever social. Já a função de diagnóstico permite identifi- político-econômico do país. E a formação do professor passa a
car progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor se fazer por meio de treinamentos, em que são transmitidos os
que, por sua vez, determinam modificações do processo de ensi- instrumentos técnicos necessários à aplicação do conhecimento
no para melhor cumprir as exigências dos objetivos. A função do científico, fundado na qualidade dos produtos, eficiência e efi-
controle se refere aos meios e a frequência das verificações e de cácia. A racionalização do processo aparece como necessidade
qualificação dos resultados escolares, possibilitando o diagnóstico básica para o alcance dos objetivos do ensino e o planejamento
das situações didáticas (LIBÂNEO, 1994). tem papel central na sua organização.
No entanto a avaliação na pratica escolar nas escolas tem Dez anos depois, em 1982, realiza-se no Rio de Janeiro o
sido bastante criticada sobre tudo por reduzir-se à sua função I Seminário A Didática em Questão num período marcado pela
de controle, mediante a qual se faz uma classificação quantita- abertura política do regime militar instalado em 1964 e pelo
tiva dos alunos relativa às notas que obtiveram nas provas. Os acirramento das lutas de classe no país.
professores não tem conseguido usar os procedimentos de ava- Nesse momento histórico, enfatiza-se a necessidade de for-
liação que sem dúvida, implicam o levantamento de dados por mar educadores críticos e conscientes do papel da educação na
meio de testes, trabalhos escritos etc. Em relação aos objetivos, sociedade, e mais, comprometidos com as necessidades das ca-
funções e papel da avaliação na melhoria das atividades esco- madas populares cada vez mais presentes na escola e cedo dela
lares e educativas, tem-se verificado na pratica escolar alguns excluídos. A dimensão política do ato pedagógico torna-se obje-
equívocos. (LIBÂNEO, Pág. 198- 1994). to de discussão e análise, e a contextualização da prática peda-
O mais comum é tomar a avaliação unicamente como o ato gógica, buscando compreender a íntima relação entre a prática
de aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos. O profes- escolar e a estrutura social mais ampla, passa a ser fundamental.
sor reduz a avaliação à cobrança daquilo que o aluno memorizou Esses desafios marcaram a década de oitenta como um período
e usa a nota somente como instrumento de controle. Tal ideia de intenso movimento de revisão crítica e reconstrução da Di-
é descabida, primeiro porque a atribuição de notas visa apenas dática no Brasil.
o controle formal, com objetivo classificatório e não educativo; Ao longo da década de oitenta, as produções teóricas dos
segundo porque o que importa é o veredito do professor so- educadores expressam tentativas de dar conta dessa nova si-
bre o grau de adequação e conformidade do aluno ao conteúdo tuação. Tomando como parâmetro a questão da relação teoria-
que transmite. Outro equívoco é utilizar a avaliação como re- -prática, podemos identificar processos distintos que procuram
compensa aos bons alunos e punição para os desinteressados, ampliar a discussão da Didática, iniciada por Candau (1984), em
além disso, os professores confiam demais em seu olho clínico, reação ao modelo pedagógico centrado no campo da instrumen-
dispensam verificações parciais no decorrer das aulas e aqueles talidade.
que rejeitam as medidas quantitativas de aprendizagem em fa- A autora propõe uma Didática Fundamental, que, nas pala-
vor de dados qualitativos (LIBÂNEO, 1994). vras de Freitas (1995, p.22), “(...) mais do que um enfoque pro-
O entendimento correto da avaliação consiste em considerar priamente dito, foi um amplo movimento de reação a um tipo de
a relação mútua entre os aspectos quantitativos e qualitativos. didática baseada na neutralidade”.
A escola cumpre uma função determinada socialmente, a de in- Desta forma, o movimento que inicialmente incluiu uma
troduzir as crianças, jovens e adultos no mundo da cultura e do crítica e uma denúncia ao caráter meramente instrumental da
trabalho, tal objetivo não surge espontaneamente na experiência Didática avançou em seguida para a busca de alternativas e re-
das crianças, jovens e adultos, mas supõe as perspectivas traça- construção do conhecimento da área. E, em oposição ao modelo
das pela sociedade e controle por parte do professor. Por outro pedagógico centrado no campo da instrumentalidade, grupos
lado, a relação pedagógica requer a independência entre influên- de educadores passam a discutir a importância de formar uma
cias externas e condições internas do aluno, pois nesse contexto o consciência crítica nos professores para que estes coloquem em
professor deve organizar o ensino objetivando o desenvolvimento prática as formas mais críticas de ensino, articuladas aos interes-
autônomo e independente do aluno (LIBÂNEO, 1994).28 ses e necessidades práticas das camadas populares, tendo em
vista garantir sua permanência na escola pública.
Didática e Organização Do Ensino Propostas expressivas como a Pedagogia Históricocrítica,
Um breve resgate histórico da Didática no Brasil é de fun- de Dermeval Saviani (1983), base teórica da Pedagogia Crítico-
damental importância para compreender o lugar que essa área -social dos Conteúdos, sistematizada por José Carlos Libâneo
do conhecimento ocupa na formação do professor hoje. Isso (1985), caminham nessa direção. Do ponto de vista didático, o
28 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br - Elieide Pereira dos ensino orienta-se pelo eixo da transmissão-assimilação ativa de
Santos/Isleide Carvalho Batista/Mayane Leite da Silva Souza conhecimentos. Dirá Libâneo (1985 p. 127-128):
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A pedagogia crítico-social dos conteúdos valoriza a instru- professores já se compreendem e se posicionam como trabalha-
ção enquanto domínio do saber sistematizado e os meios de en- dores, assalariados; organizam-se em sindicatos, participam de
sino, enquanto processo de desenvolvimento das capacidades movimentos reivindicatórios. Na escola, vão quebrando normas,
cognitivas dos alunos e viabilização da atividade de transmis- tomando iniciativas que consolidem novas formas de organiza-
são/assimilação ativa de conhecimentos. ção da escola e da relação professor, aluno e conhecimento.
Nessa proposta, o elemento central está calcado na concep- À medida que se verificam alterações no interior da orga-
ção segundo a qual a aprendizagem se faz fundamentalmente nização escolar, por iniciativa de seus agentes, intensifica-se a
a partir do domínio da teoria. A prática decorre da teoria. Daí busca da produção e sistematização coletivas de conhecimento
a importância do racional, do cognitivo, do pensamento. Nes- e a ênfase na problemática do aluno como sujeito vai se apro-
sa concepção, a ação prática é guiada pela teoria. Valoriza-se o fundando. No período 1994/2000, o aluno passa a ser concebido
pensamento sobre a ação. como um ser historicamente situado, pertencente a uma deter-
Por outro lado, grupos mais radicais se voltam para a alte- minada classe, portador de uma prática social com interesses
ração dos próprios processos de produção do conhecimento; próprios e um conhecimento que adquire nessa prática, os quais
das relações sociais. A Pedagogia dos Conflitos Sociais, de Oder não podem mais ser ignorados pela escola.
José dos Santos (1992), base teórica da Sistematização coletiva Esse período se relaciona com os anteriores através da pro-
do conhecimento, proposta por Martins (1998), caminha nessa blemática da interdisciplinaridade, que passa a ser uma questão
direção. importante.
Passa-se a discutir a importância de se romper com o eixo Com efeito, o movimento histórico do final do século passa-
da transmissão-assimilação dos conteúdos, ainda que críticos, do provocou uma alteração na concepção de conhecimento que
buscando um processo de ensino que altere, na prática, suas deu um passo à frente em relação aos modelos anteriores. Tra-
relações básicas na direção da sistematização coletiva do conhe- ta-se de um processo didático pautado numa concepção de co-
cimento. Dirá Martins, (2009, p.175) nhecimento que tem a prática como elemento básico, fazendo a
Um dos pontos-chave da nova proposta pedagógica encon- mediação entre a realidade e o pensamento. Nessa concepção a
tra-se na alteração do processo de ensino e não apenas na alte- teoria não é entendida como verdade que vai guiar a ação prá-
ração do discurso a respeito dele. (...) não basta transmitir ao tica, mas como expressão de uma relação, de uma ação sobre a
futuro professor um conteúdo mais crítico; (...) é preciso romper realidade, que pode indicar caminhos para novas práticas; nun-
com o eixo da transmissão-assimilação em que se distribui um ca guiá-la. Desse princípio básico, delineia-se um modelo aberto
saber sistematizado falando sobre ele. Não se trata de falar so- de Didática que vai além de compreender o processo de ensino
bre, mas de vivenciar e refletir com. em suas múltiplas determinações para intervir nele e reorientá-
Desse movimento resultaram alterações na organização das -lo na direção política pretendida (MARTINS, 2008, p.176); ela
escolas, nos cursos de formação de professores, nas produções vai expressara ação prática dos professores, sendo uma forma
acadêmicas dos estudiosos da área e fundamentalmente na prá- de abrir caminhos possíveis para novas ações.
tica pedagógica dos professores de todos os níveis de ensino. Acompanhando esse movimento, nesse momento histórico,
Nesse período, os professores intensificaram suas iniciativas algumas questões se colocam: quais são as prioridades estabele-
para fazer frente às contradições do sistema e produziram sabe- cidas pelos cursos de licenciaturas para a formação de professo-
res pedagógicos nas suas próprias práticas. res nesse início de século? Que espaço da didática ocupa nesse
Nesse contexto, uma pesquisa-ensino longitudinal realizada processo de formação?
por Martins (1998) acompanhando durante dez anos as iniciati-
vas dos professores de todos os níveis de ensino, além da produ- A didática nas propostas curriculares das licenciaturas
ção da área, resultou na sistematização de três momentos fun- Com relação à didática nesse processo de formação em de-
damentais, com ênfases específicas, nas discussões e práticas senvolvimento nas universidades investigadas, o que se verifica
da didática na formação de professores. Esses momentos, que numa primeira aproximação com a estruturação desses cursos é
não se anulam, mas se interpenetram, devem ser entendidos a perda de espaço dessa área do conhecimento e a mudança na
como uma parte de um todo, quais sejam: (i) a Dimensão política sua abordagem. Em outros termos, a didática tende a priorizar
do ato pedagógico (1985/88); (ii) a organização do trabalho na aspectos específicos do fazer pedagógico, perdendo a dimensão
escola (1989/93); (iii) a produção e sistematização coletivas de de totalidade conquistada na década de oitenta do século pas-
conhecimento (1994/2000). sado.
O primeiro momento a Dimensão política do ato pedagó- Os dados coletados nos projetos pedagógicos dos cursos
gico é marcado por intensa movimentação social no Brasil, que de licenciaturas das universidades investigadas mostram que a
consolida novas formas de organização e mobilização quando maioria dos cursos deixa de oferecer a disciplina Didática Geral
os grupos sociais se definem como classe. Passa-se, então, a dar e volta a trabalhar o processo de ensino – seu objeto de estudo
ênfase à problemática política. Os professores, no seu dia-a-dia, – em disciplinas específicas voltadas para as metodologias das
na sala de aula e na escola reclamam da predeterminação do áreas de conhecimento. Essa tendência também se manifesta na
seu trabalho por instâncias superiores, estão querendo partici- produção acadêmica da última década, conforme estudo realiza-
par e essa participação tem um caráter eminentemente político. do sobre o estado do conhecimento (MARTINS e ROMANOWSkI,
A centralidade do planejamento passa a ser questionada. 2008).
Já no final da década de oitenta e início dos anos noventa,
avança-se para as discussões em torno da organização do tra-
balho na escola (1989/93), segundo momento. Ocorre uma in-
tensificação da quebra do sistema organizacional da escola. Os
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Em uma universidade pública do interior do Estado, por A vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situa-
exemplo, dos 15 (quinze) cursos oferecidos, apenas os cursos ções bastante questionáveis nesse sentido. Percebeu-se, de
de Física, Química e Música apresentam a disciplina de Didática início, que os objetivos educacionais propostos nos currículos
Geral. Ela é encontrada também no curso de Pedagogia com ou- dos cursos apresentam-se confusos e desvinculados da realida-
tras denominações: de social. Os conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, são
a) Didática: Trabalho Pedagógico Docente; definidos de forma autoritária, pois os professores, via de regra,
b) Didática: Organização do Trabalho Pedagógico; não participam dessa tarefa. Nessas condições, tendem a mos-
c) Didática: Avaliação e Ensino. trarem-se sem elos significativos com as experiências de vida
dos alunos, seus interesses e necessidades.
Também no curso de Filosofia encontramos uma disciplina Percebe-se também que os recursos disponíveis para o de-
denominada Didática e Teoria da Educação. Nos demais cursos, senvolvimento do trabalho didático tendem a ser considerados
o processo de ensino – objeto de estudo da didática – é desen- como simples instrumentos de ilustração das aulas, reduzindo-
volvido através das didáticas específicas, metodologias especí- -se dessa forma a equipamentos e objetos, muitas vezes até ina-
ficas, nas disciplinas de práticas de ensino e nas propostas de dequados aos objetivos e conteúdos estudados.
estágio supervisionado. Isso se repete com alguma variação, nas
demais universidades investigadas. Com relação à metodologia utilizada pelo professor, ob-
Com relação à articulação da disciplina Didática com as es- serva-se que esta tem se caracterizado pela predominância de
colas de Educação Básica, observa-se uma variação significativa atividades transmissoras de conhecimentos, com pouco ou ne-
nas iniciativas desses cursos. Há uma busca pela aproximação nhum espaço para a discussão e a análise crítica dos conteúdos.
da universidade com as escolas de Educação Básica em que es- O aluno sob esta situação tem se mostrado mais passivo do que
ses egressos irão atuar. Contudo, pode-se observar que a lógica ativo e, por decorrência, seu pensamento criativo tem sido mais
subjacente à organização desses cursos, via de regra, valoriza bloqueado do que estimulado. A avaliação da aprendizagem, por
a preparação do futuro professor com recursos técnicos, tendo outro lado, tem sido resumida ao ritual das provas periódicas,
em vista posterior aplicação na prática de ensino no espaço es- através das quais é verificada a quantidade de conteúdos assi-
colar. Essa lógica se verifica nas disciplinas que compõem o cur- milada pelo aluno.
rículo, incluindo as que focalizam o ensino, tais como: Didática Completando esse quadro de desacertos, observa-se ainda
Geral, didática específica, metodologias específicas por área de que o professor, assumindo sua autoridade institucional, ter-
conhecimento. mina por direcionar o processo ensino-aprendizagem de forma
Em decorrência, no que tange à articulação da Didática, isolada dos condicionantes históricos presentes na experiência
geral e/ou específicas, com as práticas pedagógicas desenvolvi- de vida dos alunos.
das nas escolas de Educação Básica, numa primeira leitura dos No contexto acima descrito, o planejamento do ensino tem
programas e pela entrevista com professores, verifica-se que o se apresentado como desvinculado da realidade social, caracte-
espaço da escola de Educação Básica são tidos como forma de rizando-se como uma ação mecânica e burocrática do professor,
ilustração, exemplos práticos que reafirmam os conteúdos tra- pouco contribuindo para elevar a qualidade da ação pedagógica
balhados nas disciplinas; ou ainda, como espaço de aplicação desenvolvida no âmbito escolar.
dos preceitos teóricos trabalhados na universidade. Com efeito, No meio escolar, quando se faz referência a planejamento
o que se observa é que a formação de professores está centra- do ensino, a ideia que passa é aquela que identifica o processo
da no aprender a aprender habilidades específicas que garan- através do qual são definidos os objetivos, o conteúdo pragmá-
tam competência no fazer. Há uma valorização da prática, não tico, os procedimentos de ensino, os recursos didáticos, a siste-
mais como campo de problematização, explicação e compreen- mática de avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia
são dos processos de ensinar e aprender, tendo em vista a sua básica a ser consultada no decorrer de um curso, série ou disci-
transformação, mas sim como espaço de demonstração de ha- plina de estudo. Com efeito, este é o padrão de planejamento
bilidades e competências técnicas no exercício profissional. Isso adotado pela grande maioria dos professores e que, em nome
implica valorização de procedimentos específicos, vinculados às da eficiência do ensino disseminada pela concepção tecnicista
áreas de conteúdo e trabalhadas nas metodologias e didáticas de educação, passou a ser valorizado apenas em sua dimensão
específicas. Verifica-se que a didática geral, enquanto área do técnica.
conhecimento que tem como objeto de estudo o processo de Ao que parece, essa situação dos componentes do plano de
ensino numa dimensão de totalidade, buscando compreendê-lo ensino de uma maneira fragmentária e desarticulada do todo
em suas múltiplas determinações para intervir nele e reorientá- social é que tem gerado a concepção de planejamento incapaz
-lo na direção pretendida, (MARTINS, 2008, p.176) vem perden- de dinamizar e facilitar o trabalho didático. Consideramos, con-
do espaço.29 tudo, que numa perspectiva trasformadora, ou seja, o processo
de planejamento visto sob uma perspectiva crítica de educação,
Planejamento da ação didática passa a extrapolar a simple tarefa de se elaborar um documento
Na prática pedagógica atual o processo de planejamento do contendo todos os componentes tecnicamente recomendáveis.
ensino tem sido objeto de constantes indagações quanto à sua
validade como efetivo instrumento de melhoria qualitativa do Após analisarmos os aspectos do processo de planejamento,
trabalho do professor. As razões de tais indagações são múlti- faremos agora uma síntese do didatismo no planejamento.
plas e se apresentam em níveis diferentes na prática docente. Quando falamos em planejar o ensino, ou a ação didática, es-
29 Fonte: www.webartigos.com – Texto adaptado de Lourival De tamos prevendo as ações e os procedimentos que o professor vai
Oliveira Santos realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades dis-
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centes e da experiência de aprendizagem, visando atingir os obje- ideia concebe a mediação como o resultado da aproximação
tivos educacionais estabelecidos. Nesse sentido, o planejamento entre dois termos que, embora distintos no início, quando to-
de ensino torna-se a operacionalização do currículo escolar. talmente separados, tendem a igualar-se à medida que se apro-
Assim, no que se refere ao aspecto didático, segundo HAIDT ximam um do outro.
(1995), planejar é: Em estudos desse contexto discute-se o conceito de media-
• Analisar as características da clientela (aspirações, ne- ção local, indicando que mediar implica solucionar conflitos por
cessidades e possibilidades dos alunos); meio de ações educativas. Assim, a mediação restringe-se a uma
• Refletir sobre os recursos disponíveis; ação pragmática, circunscrita a uma situação de conflito. Este
• Definir os objetivos educacionais considerados mais entendimento da mediação não é muito distante daquele em
adequados para a clientela em questão; que ela é compreendida na situação da sala de aula.
• Selecionar e estruturar os conteúdos a serem assimi- A mediação na sala de aula é também pragmática, pois pre-
lados, distribuídos ao longo do tempo disponível para o seu de- tende que o aluno aprenda de modo imediato. Nos dois casos,
senvolvimento; em que mediar é agir de modo pragmático, todo conflito pode
• Prever e organizar os procedimentos do professor, ser “solucionado”, e o aluno pode “aprender”.
bem como as atividades e experiências de construção do conhe- Para compreendermos a mediação na sala de aula, é pre-
cimento consideradas mais adequadas para a consecução dos ciso, em primeiro lugar, estabelecermos que o estudante está
objetivos estabelecidos; sempre no plano do imediato, e o professor está, ou deveria es-
• Prever e escolher os recursos de ensino mais adequa- tar, no plano do mediato. Assim, entre eles se estabelece uma
dos para estimular a participação dos alunos nas atividades de mediação que visa, como já o dissemos, a superação do imediato
aprendizagem; no mediato. Em outras palavras, o estudante deve superar a sua
• E prever os procedimentos de avaliação mais condizen- compreensão imediata e ascender a outra que é mediata. E isso
tes com os objetivos propostos. só pode ocorrer pela ação do professor que medeia com o aluno,
O planejamento didático também é um processo que envol- estabelecendo com ele uma tensão que implica negar o seu coti-
ve operações mentais, como: analisar, refletir, definir, selecio- diano. Por outro lado, o aluno tentará trazer o professor para o
nar, estruturar, distribuir ao longo do tempo, e prever formas de cotidiano vivido por ele, aluno, negando, assim, o conhecimento
agir e organizar. O processo de planejamento da ação docente é veiculado pelo professor. Nessa luta de contrários – professor
o plano didático. Em geral, o plano didático assume a forma de e aluno, conhecimento sistematizado pela humanidade e expe-
um documento escrito, pois é o registro das conclusões do pro- riência cotidiana – é que se dá a mediação; e ela ocorre nos dois
cesso de previsão das atividades docentes e discentes. sentidos, tanto do professor para o aluno quanto do a É uma luta
Outro aspecto a ser lembrado é que o plano é apenas um de contrários.
roteiro, um instrumento de referência e, como tal, é abreviado, Esse modo de compreender a mediação não aceita a ideia
esquemático, sem colorido e aparentemente sem vida. Compete do professor mediador do conhecimento, tampouco a noção de
ao professor que o confeccionou dar-lhe vida, relevo e colorido professor facilitador da aprendizagem.
no ato de sua execução, impregnando-o de sua personalidade Essas duas acepções são equivocadas, porque, em primeiro
e entusiasmo, enriquecendo-o com sua habilidade e expressi- lugar, o professor não é o único mediador, pois o aluno também
vidade.30 medeia, e, em segundo lugar, a mediação não se estabelece com
o conhecimento e sim entre o aluno e o professor. Trata-se de
A sala de aula e a aprendizagem uma automediação no segundo sentido atribuído por Mészáros;
Quando entendida na perspectiva do senso comum, a re- ou seja, a mediação entre o homem e os outros homens: aluno
lação ensino-aprendizagem é linear; assim, quando há ensino, para o professor. Em outros termos, a mediação, na escola, é
deve necessariamente haver aprendizagem. um processo que ocorre a sala de aula e promove a superação
Ao inverso, quando não houve aprendizagem, não houve do imediato no mediato por meio de uma tensão dialética entre
ensino. Desse modo, o ensino é subordinado à aprendizagem. pólos opostos.
Essa subordinação é expressa em concepções que compreen- A relação entre o homem e a natureza é ‘automediadora’
dem o professor como facilitador da aprendizagem, ou ainda num duplo sentido.
como mediador do conhecimento. Primeiro, porque é a natureza que propicia a mediação en-
Aqui a proposta é discutir referências teóricas e metodoló- tre si mesma e o homem; segundo, porque a própria atividade
gicas que possam revelar uma concepção não linear da relação mediadora é apenas um atributo do homem, localizado numa
em foco, bem como criticar as concepções de professor facilita- parte específica da natureza. Assim, na atividade produtiva, sob
dor e professor mediador. o primeiro desses dois aspectos ontológicos a natureza faz a me-
A mediação no campo educacional é geralmente considera- diação entre si mesma e a natureza; e, sob o segundo aspecto
da como o produto de uma relação entre dois termos distintos ontológico - em virtude do fato de ser a atividade produtiva ine-
que, por meio dela podem ser homogeneizados. Essa homo- rentemente social - o homem faz a mediação ente si mesmo e os
geneização elimina a diferença entre eles e, por conseguinte, demais homens. (Mészáros, 1981, p.77-78)
a possibilidade de conflito entre ambos. Portanto, quando se Sendo a mediação na sala de aula uma automediação, não
compreende a mediação como o resultado, como um produto, a podemos abrir mão da relação direta entre professor e aluno.
necessária relação entre dois termos se reduz à sua soma, o que Desse modo, não podemos substituí-la por falsos mediadores,
resulta na sua anulação mútua, levando-os ao equilíbrio. Essa como por exemplo, a exibição de filmes quando a temática não
30 Fonte: www.educador.brasilescola.uol.com.br – Por Eliane da Costa corresponde àquela tratada pelo professor, ou a execução alea-
Bruini tório de atividades de ensino. Os professores que se utilizam
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com frequência desses recursos nutrem a esperança de que es- professor de História, ao abordar a Revolução francesa, preocu-
sas práticas sejam capazes de estabelecer mediações que eles, pa-se com detalhes da vida privada de Maria Antonieta ou com
os professores, talvez não se sintam seguros para desenvolver. a moda ditada por Luís XV. Ainda exemplificando, o mesmo pode
Alguns professores precisam ser lembrados de que sala de aula ocorrer com o professor de Literatura que expõe aos alunos os
não é sala de cinema nem oficina de terapia ocupacional. períodos literários e seus principais expoentes sem apresentar
Os professores que se utilizam desses artifícios o fazem muitas as relações entre os autores, bem como entre os períodos literá-
vezes no intuito de facilitar a aprendizagem; porém, sendo a rela- rios, ocultando assim a historicidade inerente à literatura.
ção entre o ensino e a aprendizagem uma luta de contrários, não há A erudição balofa pode também estar presente nas discipli-
como facilitá-la. Ao inverso, o professor deve dificultar a vida cotidia- nas ligadas às ciências naturais; ela tem levado os professores a
na do aluno inserindo nela o conhecimento, e, dessa forma, negan- acreditar que quanto maior a quantidade de informações mais
do-a. Pois, na vida cotidiana não há conhecimento e sim experiência. os alunos sabem.
Desse modo, não há como facilitar o que é difícil. Aprender é difícil. A segunda atividade desenvolvida pelo professor é a organi-
será sempre necessário que ela [criança] se fatigue a fim de zação, ou seja, diante da seleção feita a partir de um tema é pre-
aprender e que se obrigue a privações e limitações de movimen- ciso organizar esta seleção para apresentá-la aos alunos. Des-
to físico isto é que se submeta a um tirocínio psicofísico. Deve-se de o momento em que fazemos a seleção já não podemos falar
convencer a muita gente que o estudo é também um trabalho e mais em temas; devemos preocupar-nos com os conceitos que
muito fatigante com um tirocínio particular próprio, não só mus- os constituem. Agora o que o professor deve fazer é organizar
cular-nervoso mas intelectual: é um processo de os conceitos e as relações entre eles. Esse processo, de acordo
adaptação, é um hábito adquirido com esforço, aborreci- com Lefebvre (1983), implica dois movimentos: a retrospecção
mento e mesmo sofrimento. (Gramsci, 1985, p. 89) e a prospecção.
Como assinala Gramsci, a aprendizagem depende do esfor- A retrospecção permite que o estudante compreenda o pro-
ço pessoal de cada estudante. É claro que o professor sempre cesso de formação e desenvolvimento do conceito abordado
poderá intervir, de modo direto, neste processo, auxiliando o e a prospecção possibilita o entendimento do estado atual do
aluno. Ele deve esforçar-se para que os estudantes aprendam, conceito a partir das relações que o conceito estudado estabe-
mas não pode minimizar nem esconder as dificuldades inerentes lece com outros, tanto com aqueles que o corroboram quanto
à aprendizagem. com os que a ele se opõem. A prospecção do conceito permite
Quando se compreende a relação ensino-aprendizagem na o estabelecimento de relações interdisciplinares, a que temos
sala de aula como mediação, o ensino e aprendizagem são opos- chamado de interdisciplinaridade conceitual para distingui-la
tos entre si e se relacionam por meio de uma tensão dialética. daquela que é corrente na escola, a interdisciplinaridade temá-
Desse modo, esses termos, apesar de negarem-se mutuamente, tica. Não podemos ensinar por meio do tema, devemos fazê-lo
se completam, mas, como já o dissemos, essa unidade não se por meio do conceito. Evitamos o uso da expressão conteúdo de
estabelece de modo linear. ensino em virtude da sua imprecisão. Quando a organização do
Neste artigo, conceituaremos primeiro o ensino e, pela ensino é baseada nos processos de retrospecção e prospecção
sua negação, conceituaremos aprendizagem. Sabemos da difi- de conceitos, o fundamental são as relações que se estabelecem
culdade de conceituar esses dois termos, pois de modo geral nos dois processos. No primeiro, elas dizem respeito ao desen-
os estudiosos da área de educação e os professores, talvez por volvimento do conceito, à oposição entre a sua origem e o esta-
influência das pedagogias contemporâneas, não o fazem; pois do atual, no segundo, elas tratam dos vínculos entre conceitos.
preocupam-se quase exclusivamente com o “como ensinar”, ou Assim, podemos afirmar que ensinar é fazer relações. Por isso,
mais precisamente como facilitar a aprendizagem dos alunos. ensinar é tão difícil quanto aprender.
A ideia principal que informa o nosso conceito de ensino é A terceira tarefa do professor é transmitir aos alunos aquilo
a de que ele expressa a relação que o professor estabelece com que foi previamente selecionado e organizado. Dessa forma, a
o conhecimento produzido e sistematizado pela humanidade. transmissão é a única etapa do processo de ensino que ocorre
Assim, o ensino constitui-se de três atividades distintas a serem efetivamente na sala de aula. Em que pese o preconceito sobre
desenvolvidas pelo professor. a palavra transmissão, não abrimos mão dela, porque é isso o
A primeira consiste em, diante de um tema, selecionar o que o professor faz na sala de aula. É na transmissão do conhe-
que deve ser apresentado aos alunos; por exemplo, no tema cimento que ocorrem as mediações entre professores e alunos.
“Revolução Francesa”, próprio da História, selecionar o que é Se o ensino é a relação que o professor estabelece com o co-
mais importante ensinar aos alunos da 5ª série (nomenclatura nhecimento, a aprendizagem ao contrário é a relação que o es-
brasileira). Já o professor do 1º ano do Ensino Médio deve de- tudante estabelece com o conhecimento e, portanto, é nela que
frontar-se com a mesma pergunta; a mesma situação se coloca a mediação se efetiva: pela superação do imediato no mediato.
ao professor universitário encarregado de abordá-lo. Dessa for- Não é possível discutir a aprendizagem como fizemos com o
ma, o docente deve preocupar-se em compatibilizar a seleção ensino, porque ela é de cunho singular e, dessa forma, ocorre de
do conhecimento a ser ensinado com a possibilidade de apren- modo diverso em cada estudante. A discussão da aprendizagem
dizagem dos alunos. Nos dias de hoje, é bastante comum que a na perspectiva deste texto, ou seja, em oposição ao ensino, ain-
seleção seja abrangente; e isso pode levar os professores a apre- da deve ser elaborada e, certamente, não poderá sê-lo pela psi-
sentarem aos seus alunos informações supérfluas, que, quan- cologia, mas sim pela filosofia. A única possibilidade, ainda que
do confundidas com conhecimento, não lhes permitem fazer as remota no âmbito da psicologia, estaria no desenvolvimento do
sínteses necessárias para a superação do cotidiano, produzindo pensamento de Vigotski, desde que compreendido numa pers-
neles uma “erudição balofa” que pode ao contrário encerrá-los pectiva filosófica, pois a psicologia como ciência tem por objeto
na vida cotidiana. Esse equívoco ocorre, por exemplo, quando o o comportamento, e aprender não é o mesmo que comportar-
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-se, em que pese o esforço das pedagogias contemporâneas em lors, publicado com título “Educação: um tesouro a descobrir”,
desenvolver esta associação. Do nosso ponto de vista, o que a que desenvolve propostas na perspectiva do aprender a apren-
psicologia, no seu estado atual, pode fazer é controlar a apren- der, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver,
dizagem, o que é diferente de compreendê-la. aprender a ser.
Quando a relação ensino-aprendizagem é tomada na pers- Além disso, Saviani (2007) escreve que o lema “aprender a
pectiva da mediação no seu sentido original, ao mesmo tempo em aprender” está ligado às ideias escolanovistas, mas na perspec-
que não há uma relação direta entre ensino e aprendizagem, não tiva da constante atualização para ampliar as possibilidades de
há também uma desvinculação desses dois processos. Ou seja, empregabilidade. Com efeito, trata-se da flexibilidade do traba-
para haver aprendizagem, necessariamente deve haver ensino. lhador para ocupar vários tipos de trabalho, o que exige educa-
Porém, eles não ocorrem de modo simultâneo. Dessa forma, ção ao longo da vida para responder aos desafios das mudanças
o professor pode desenvolver o ensino – selecionar, organizar constantes da reorganização dos processos produtivos, com in-
e transmitir o conhecimento – e o aluno pode não aprender. serção de novas tecnologias e de novos processos de gestão das
Para que o aluno aprenda, ele precisa desenvolver sua síntese empresas.
singular do conhecimento transmitido, e isso se dá pelo con- Refletindo sobre esse momento histórico, Santos (2005)
fronto, por meio da negação mútua, desse conhecimento com aponta um novo modo de exigência da organização do trabalho,
a vida cotidiana do aluno. Como cada aluno tem um cotidiano, e em que além da força produtiva, do tempo para a produção, há
o conhecimento é aprendido por meio da síntese já explicitada, especulação das capacidades cognitivas dos trabalhadores para
o conhecimento não pode ser aprendido igualmente por todos a melhoria do processo de produção.
os alunos, embora aquele transmitido pelo professor seja úni- Tais exigências solicitam capacidades de adaptabilidade, fle-
co. Assim, a relação ensino-aprendizagem na perspectiva aqui xibilidade, iniciativa e inovação para a melhoria dos resultados
apresentada expressa o vínculo dialético entre unidade e di- da cadeia de produção.
versidade. Por isso, o conhecimento transmitido pelo professor Estas capacidades atrelam-se a um tipo de cognição e apren-
pode ser uno e aquele aprendido pelo aluno pode ser diverso. A dizagem para o imprevisível, para a solução de problemas, pla-
unidade e a diversidade são opostos que se completam, ou e é nejar, tomar decisões, uso estratégico dos recursos, regulação
próprio do humano.31 do processo, relacionados ao aprender a aprender.
Nesse sentido, entendemos que a perda de espaço da Didá-
A didática e o docente tica, numa dimensão mais ampla, e a valorização das didáticas
Tendência da didática nos processos de formação de pro- específicas e metodologias específicas das áreas de conhecimen-
fessores no momento atual to nas atuais propostas de formação de professores expressam
Numa primeira aproximação com os dados da pesquisa, po- o novo momento do capitalismo no qual “as novas formas de
demos dizer que enquanto no período de 1985 a 1988 a didática exploração e controle da força de trabalho exigem um novo tipo
trouxe como ênfase a dimensão política do ato pedagógico; no de trabalhador, uma vez que a produtividade repousa cada vez
período de 1989 a 1993 a área trouxe para o centro das dis- mais na utilização do trabalho complexo” (SANTOS, 2005, p.42).
cussões a questão da organização do trabalho na escola e no Ainda que os indicadores sejam desfavoráveis para a área,
período de 1994 a 2000 focalizou a questão da produção e siste- ampliar a compreensão desse momento da didática é o nosso
matização coletiva de conhecimento (MARTINS, 1998). desafio. Auscultar e sistematizar os processos de formação de
Nesse início de século, esboça-se um quarto momento ca- professores e o lugar da didática no conjunto dessas ações.32
racterizado pela ênfase na aprendizagem: “aprender a apren- Quanto a organização do ensino veremos abaixo os entraves
der”, que tem sua centralidade no aluno como sujeito, não mais que a educação infantil tem enfrentado em busca de maiores
como um ser historicamente situado, portador de um conheci- investimentos e valorização deste nível de ensino, por se tratar
mento que adquire na prática laboral, mas um sujeito intelec- da primeira etapa que o indivíduo tem com as instituições de
tualmente ativo, criativo, produtivo, capaz de dominar os pro- ensino, a educação infantil deveria ser inclusa no ensino obri-
cessos de aprender (MARTINS, 2004). gatório previsto na Constituição Federal de 1988. Será aborda-
A questão central é que o aluno aprenda a aprender habi- da também a significativa melhoria ao atendimento do ensino
lidades específicas, definidas como competências, que são pre- fundamental segunda etapa da educação básica e de acordo
viamente definidas nos programas de aprendizagem em sintonia com a Lei 9394/96, em seu artigo nº 32 obrigatório, e gratuito
com as demandas do mercado de trabalho. com duração de nove anos e matrícula a partir dos seis anos de
Assim, verifica-se que a expressão “aprender a aprender” do idade, levando em consideração o antigo Fundo de Valorização
final do século XIX e início do século XX retorna em outras bases. do Ensino Fundamental (FUNDEF), e veremos também sobre a
Não mais centrada no sujeito psicológico, mas no sujeito produ- educação de jovens e adultos (EJA), um programa do governo
tivo, na perspectiva neoliberal. Articula-se ao aprender fazer da federal destinado a erradicar o analfabetismo no Brasil, pois são
segunda metade do século XX. (MARTINS, 2008). inúmeros os esforços nesse sentido, atualmente o governo tem
Sobre essa tendência, Saviani (2007), referindo-se ao final investido no programa Brasil Alfabetizado (educação de jovens
do século XX, registra que os movimentos em prol da educação e adultos), programa este que pode ser desenvolvido em parce-
popular perderam o vigor. rias com instituições não governamentais, além, das secretarias
Durante a década de 1990, o autor destaca os movimentos estaduais e municipais de educação.
da Escola Cidadã, vinculados ao Instituto Paulo Freire; a Escola
Plural em Belo Horizonte, inspirados no Relatório Jacques De-
31 Fonte: Revista Lusófona de Educação/ Texto adaptado de José Luís 32 Texto adaptado de Pura Lúcia Oliver Martin; Joana Paulin Roma-
Vieira de Almeida e Teresa Maria Grubisich nowski
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Prioridades estabelecidas para a formação dos professores licenciaturas, já que tais disciplinas eram trabalhadas de forma
nos cursos de licenciaturas isolada e em tempos diferentes de acordo com o colegiado de
Para compreender a tendência atual da formação de pro- cada curso.
fessores e o lugar da didática nessa formação, trabalhando com Com relação à proposta de práticas de ensino e de estágio,
a concepção da teoria como expressão de uma determinada percebemos que a instituição busca manter essa integração, ar-
prática e não de qualquer prática, desenvolvemos uma pesquisa ticulando teoria e prática entre as disciplinas de fundamentos e
tomando como campo de investigação os cursos de licenciatura a ação do aluno na escola.
de cinco universidades de grande porte do estado do Paraná. Há uma preocupação de estabelecer a estreita relação entre
Por meio de análise documental e entrevistas semiestrutu- as disciplinas teóricas com as didáticas específicas e metodolo-
radas, numa abordagem qualitativa de pesquisa buscamos anali- gias específicas por área de conhecimento.
sar as tensões e prioridades dessas universidades nos processos Contudo numa perspectiva de aplicação prática: “de que
de formação de professores. forma a aprendizagem de determinado conteúdo é aplicado na
Assim, nosso estudo apoia-se no entendimento de que a prática...”.
prática não é dirigida pela teoria, mas a teoria vai expressar a Já o contato direto com a escola – o estágio – mantém o
ação prática dos sujeitos. São as formas de agir que vão deter- formato usual dessas práticas, qual seja: a observação, a partici-
minar as formas de pensar dos homens. pação em sala de aula junto ao professor regente e finalmente a
“A teoria pensa e compreende a prática sobre as coisas, não regência. Esses estágios ocorrem em escolas conveniadas e pre-
a coisa. Daí, a sua única função é indicar caminhos possíveis, ferencialmente públicas.
nunca governar a prática.” (BRUNO 1989, p.18). A base do co- Com efeito, a criação de uma coordenação geral das licen-
nhecimento é a ação prática que os homens realizam através ciaturas, forma encontrada pela instituição A para reorganizar
de relações sociais, mediante instituições. O pressuposto básico as licenciaturas tendo em vista as novas exigências do CNE, tem
é que “o homem não reflete sobre o mundo, mas reflete a sua favorecido alguns avanços na busca da articulação teoria e prá-
prática sobre o mundo” (BERNARDO, 1977, v. 1, p.86). tica. Os agentes envolvidos tentam minimizar a dicotomia teo-
Dessa forma, “(...) o conhecimento é sempre o conhecimen- ria-prática existentes nessa formação. Contudo, observa-se que
to de uma prática, nunca da realidade natural ou social” (SAN- não se altera a lógica da aplicação prática e a valorização do
TOS 1992, p.29). como aplicar esse conhecimento na prática.
Desse ponto de vista, buscamos analisar os cursos de for- Já na Universidade B criou-se o espaço do Fórum de Licen-
mação de professores procurando entender à tendência da sua ciaturas para discutir as novas exigências do CNE, buscando a
organização. Procedemos a um mapeamento das propostas cur- observância das horas exigidas. Nesse espaço os professores
riculares dos cursos para, em seguida, buscar junto aos agentes discutem seus projetos de curso, as disciplinas que integram o
envolvidos no planejamento e desenvolvimento dessas propos- currículo de cada licenciatura e a integração entre elas. Obser-
tas as formas e práticas dessa formação. va-se uma preocupação de adequar as horas exigidas na nova
Uma primeira aproximação com os dados revelam que as legislação e também de viabilizar a inserção do aluno nas escolas
instituições de educação superior estão em processo de alte- onde irão atuar desde o primeiro semestre do curso. Essa busca
ração de suas propostas de cursos de licenciaturas, tendo em de inserção dos alunos desde o início do curso tem sido a marca
vista as determinações legais do Parecer 09/2001 e Resoluções dessa instituição. Na fala de um coordenador de curso:
01/2002 e 02/2002, aprovados pelos Conselho Nacional de Edu- O aluno tem a formação pedagógica desde o primeiro pe-
cação. Há um movimento que busca atender à nova proposta ríodo. Ele sempre vai ter algo relacionado com a formação pe-
para os cursos de formação de professores não atrelada ao ba- dagógica e a escola. Todo um eixo que é ministrado pelo pessoal
charelado com iniciativas dos seus agentes, que vão desde a da educação e depois tem outra vertente que é ministrada pelos
criação de uma coordenação geral para os cursos de Licenciatu- próprios professores da área específica com experiência na área
ras, fóruns de Licenciaturas até simples ajustes e redistribuição da escola e da licenciatura.
de carga horária das disciplinas. Observa-se que essa solução encontrada pelo grupos de
Uma das universidades particulares, aqui identificada pela professores e coordenadores de curso discutidas no Fórum de
letra A, por exemplo, criou uma coordenação geral dos cursos Licenciaturas mantido pela instituição constitui um avanço na
de Licenciaturas, que tem um papel articulador nas discussões e busca de articulação teoria-prática.
proposições para esses cursos. A coordenadora das Licenciatu- Contudo, a ênfase da formação pedagógica continua no fi-
ras da universidade A informa que das 800 horas regulamenta- nal do curso, o estágio a partir do 5º Período. A base episte-
das para estágios, 400 são distribuídas durante o curso, enquan- mológica da organização desses cursos mantém a concepção da
to as outras 400 horas são destinadas ao estágio supervisionado. teoria como guia da ação prática.
Nas palavras da coordenadora: Em média, 10% de cada Já nas instituições públicas, as alterações ficam a cargo dos
uma das disciplinas devem articular suas disciplinas com práti- departamentos e é mais evidente a manutenção da cisão: peda-
ca. Quando ele aprende morfologia, por exemplo, de que forma gógico e conteúdos específicos, teoria e prática. Uma das uni-
essa aprendizagem é aplicada na prática.(...) Também temos versidade públicas, aqui identificada pela letra c, embora tenha
grupos de estudo interdisciplinar onde nossos alunos são leva- criado uma coordenação geral para os cursos de licenciaturas,
dos à reflexão. manifesta dificuldade de viabilizar a integração almejada. Assim
Observamos uma iniciativa de trabalhar a relação teoria e ela se expressa:
prática ao longo do curso e no interior de cada disciplina que
compõe o currículo. Além disso, o grupo está buscando uma
integração das disciplinas de fundamentos comum a todas as
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

Convocamos o CEP, convidamos pessoas das licenciaturas, da a carga horária de estágio nos dois últimos anos. A coorde-
convidamos coordenadores, convocamos também o pessoal da nadora do curso de Letras aponta que a carga horária das disci-
educação, o pessoal de métodos, chamamos todas as pessoas e plinas teóricas foi reduzida em função do aumento das horas de
algumas pessoas ficaram. estágio.
A maioria regista que o currículo foi alterado e as mudanças
Porém, outras saíram do processo dizendo: “essa lei não vai estão em processo de implantação a partir de 2009.
pegar”, é o que ocorre sempre por aí. Na fala de um coordenador fica clara a preocupação com os
Não obstante essas dificuldades, observamos que a institui- fundamentos teóricos nos anos iniciais para posterior formação
ção faz um movimento para articular teoria e prática, inserindo, pedagógica, implicando opção do aluno após dois anos e meio
nas disciplinas de conteúdo específico da área, uma articulação de curso. Assim ele se expressa:
com a prática de ensino daquela área. A coordenadora explica: Aqui na Universidade nós oferecemos duas habilitações: ba-
Quanto àquele intem, a prática como componente curricu- charelado e licenciatura... como uma recomendação da própria
lar, existem mil e uma interpretações de como fazer aqui (...) estrutura curricular tivemos de pensar nos núcleos de formação
toda disciplina nós sabemos que tem uma dimensão prática, de base e depois nos núcleos de formação específica. Os dois
tudo isso é perfeito, tudo bem, tudo certo. Você vai me conven- primeiros anos são comuns para qualquer uma das habilitações
cer que vai criar dentro da disciplina (...) uma ponte com a edu- e na passagem da segunda para a terceira série o aluno faz a
cação básica. opção pela sua habilitação – bacharelado ou licenciatura.
No entanto, não se pode ter garantia de que o professor Não obstante essa lógica dos três mais um, há uma tenta-
individualmente vá fazer isso, embora seja o desejável. Então, tiva de distribuir a prática, que antes era concentrada em dois
a comissão achou por bem criar uma disciplina de 1ª a 4ª séries semestres de estágio no final do curso, ao longo do curso. Nas
denominada disciplina articuladora, que contempla 400 horas. palavras do coordenador:
Esta deverá estar articulada à escola de educação básica e ficou Com o aumento da carga horária, procuramos contemplar
a cargo da cada colegiado de curso a definição da ementa e sua às 800 horas e distribuir melhor a prática ao longo do curso. Tan-
forma de realização. Cada curso buscou a articulação com a prá- to é que a oficina 1 e 2 surge com essa finalidade. Ela tem um
tica das escolas, respeitando as peculiaridades de cada área do caráter prático que é de criar a identidade do estudante com a
conhecimento. área de atuação. (...) Nós dividimos os estágios em estágio I e 2
A coordenadora explica: que é de formação mais conceitual; o estágio 3 que tem a finali-
Os colegiados foram achando suas peculiaridades. Você tem dade da regência de classe, tem a finalidade de integrar teoria e
matéria de instrumentação no ensino de matemática, matérias prática na licenciatura.
como laboratório de física e ciências e tem ensino de biologia. O Observa-se que a tentativa de tratar da prática ao longo do
mais bonito foi que eles foram chegando, sem imposição, a cer- curso mantém a lógica do esquema três mais um garantindo a
tos denominadores comuns. Eles estudam toda a legislação per- articulação teoria e prática no último estágio do curso.
tinente à educação, os PCNs e fazem uma ligação com a escola Também a Universidade pública e, para atender as 800 ho-
básica. Essa disciplina envolve todos os professores da série. (...) ras de estágio regulamentadas pelo CNE, evidencia que alguns
era sempre o que se quis: que as licenciaturas pensassem sempre cursos tendem a aumentar a quantidade de disciplinas que pro-
em educação básica e em ensino. Não se bacharelassem. movem a prática dos alunos, enquanto outros procuram desen-
Com relação aos estágios, estes acontecem da metade do volver no interior das disciplinas de conteúdos específicos al-
curso para o final e, segundo a coordenadora, alguns cursos es- gum tipo de relação com a prática de ensino. Há uma ênfase na
tão indo muito bem, enquanto outros têm encontrado muitas formação teórica sólida para garantir uma prática consequente.
dificuldades. Nas palavras dela: Nas palavras de uma coordenadora:
Isso é um calcanhar de Aquiles. (...) o estágio é da segunda Nós temos 240 horas de estágio de docência e 240 horas de
metade do curso para frente. Então em alguns cursos está indo estágio na função propriamente dita do pedagogo nas dimen-
muito bem e em alguns cursos está indo muito mal. (...) Pelo sões de organizações de trabalhos pedagógicos de passes esco-
pouco que eu sei a universidade já tem uma caminhada de con- lares e não escolares e temos outras dimensões que é a questão
quistas com a escola. (...) Primeiro a universidade conquistou as da pesquisa (...) o pedagogo pesquisador. (...) Além desses es-
escolas e depois foi para dentro das escolas. tágios que dá um total de 480 horas, nós temos algumas disci-
Observa-se uma preocupação e um movimento no sentido plinas facilmente ligadas à prática... Não abrimos mão de uma
de aproximar os professores em formação com as escolas de sólida formação teórica. Essa lógica está presente na totalidade
educação básica, e cada curso a seu modo vai buscando essa dos cursos e os estágios concentram-se no final dos cursos. Ob-
aproximação. No entanto a prática ali desenvolvida não avan- serva-se que as ações para adequar os cursos às novas normas
ça no sentido de promover uma reflexão a partir das iniciativas ficam a cargo dos colegiados de cursos e não há um espaço, uma
dos professores na busca de equacionar os problemas que en- coordenação geral onde essas discussões possam ocorrer, tendo
frentam nesse espaço escolar. Além disso, a manutenção dos em vista uma integração entre os cursos.
estágios no final do curso indica a manutenção da lógica das es- Com efeito, as discussões nesses espaços – fóruns, coorde-
colas como espaço de aplicação dos conteúdos das disciplinas nações de Licenciaturas – indicadas pelos entrevistados, as for-
teóricas. mas como encaminham a ampliação de tempo de estágio na de-
Dentre as universidades públicas pesquisadas, a Universida- terminação das 800 horas, nos possibilitam perceber a estrutura
de D é a que deixa clara a manutenção do esquema três mais do pensamento educacional que está na base da organização
um. A maioria dos coordenadores de cursos afirmou que para desses cursos e a forma como concebem e encaminham a arti-
atender a resolução foram criadas disciplinas práticas e amplia- culação teoria e prática na formação do professor.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

Nesse sentido, percebemos que ainda é marcante a concep- A Didática e o Trabalho Docente
ção de que uma formação teórica sólida garante uma prática Como vimos anteriormente à didática estuda o processo de
consequente. Os encaminhamentos, com raras exceções, inva- ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos fazem
riavelmente situam o momento da prática nos anos finais do parte, de modo a criar condições que garantam uma aprendiza-
curso, antecedida pela formação teórica. gem significativa dos alunos. Ela ajuda o professor na direção,
orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, dando a
A Didática e a formação profissional do professor ele uma segurança profissional. Segundo Libâneo (1994), o tra-
balho docente também chamado de atividade pedagógica tem
A formação do professor abrange, pois, duas dimensões: como objetivos primordiais:
a formação teórico-científica, incluindo a formação acadêmica • Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e dura-
específica nas disciplinas em que o docente vai especializar-se douro possível dos conhecimentos científicos;
e a formação pedagógica, que envolve os conhecimentos da Fi- • Criar as condições e os meios para que os alunos de-
losofia, Sociologia, História da Educação e da própria Pedagogia senvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que
que contribuem para o esclarecimento do fenômeno educativo dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando
no contexto histórico-social; a formação técnico-prática visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e independência
a preparação profissional específica para a docência, incluindo a de pensamento;
Didática as metodologias específicas das matérias, a Psicologia • Orientar as tarefas de ensino para objetivo educativo
da Educação, a pesquisa educacional e outras. de formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a esco-
A organização dos conteúdos da formação do professor em lherem um caminho na vida, a terem atitudes e convicções que
aspectos teóricos e práticos de modo algum significa conside- norteiem suas opções diante dos problemas e situações da vida
ra-los isoladamente. São aspectos que devem ser articulados. real (LIBÂNEO, 1994, Pág. 71).
As disciplinas teórico-científicas são necessariamente referidas Além dos objetivos da disciplina e dos conteúdos, é funda-
a prática escolar, de modo que os estudos específicos realizados mental que o professor tenha clareza das finalidades que ele
no âmbito da formação acadêmica sejam relacionados com os tem em mente, a atividade docente tem a ver diretamente com
de formação pedagógica que tratam das finalidades da educa- “para que educar”, pois a educação se realiza numa sociedade
ção e dos condicionantes históricos, sociais e políticos da escola. que é formada por grupos sociais que tem uma visão diferente
Do mesmo modo, os conteúdos das disciplinas específicas preci- das finalidades educativas.
sam ligar-se às suas exigências metodológicas. As disciplinas de Para Libâneo (1994), a didática trata dos objetivos, condi-
formação teórico-prática não se reduzem ao mero domínio de ções e meios de realização do processo de ensino, ligando meios
técnicas e regras, mas implicam também os aspectos teóricos, pedagógico-didáticos a objetivos sócio-políticos. Não há técni-
ao mesmo tempo que fornecem à teoria os problemas e desafios ca pedagógica sem uma concepção de homem e de sociedade,
da prática. A formação profissional do professor implica, pois, sem uma competência técnica para realiza-la educacionalmen-
uma contínua interpenetração entre teoria e prática, a teoria te, portanto o ensino deve ser planejado e ter propósitos claros
vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática sobre suas finalidades, preparando os alunos para viverem em
orientada teoricamente. sociedade.
Nesse entendimento, a Didática se caracteriza como media- É papel de o professor planejar a aula, selecionar, organizar
ção entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prá- os conteúdos de ensino, programar atividades, criar condições
tica docente. Ela opera como que uma ponte entre o “o que” e o favoráveis de estudo dentro da sala de aula, estimular a curio-
“como” do processo pedagógico escolar. Para isso recorre às con- sidade e criatividade dos alunos, ou seja, o professor dirige as
tribuições das ciências auxiliares da Educação e das próprias me- atividades de aprendizagem dos alunos a fim de que estes se
todologias específicas. É, pois, uma matéria de estudo que integra tornem sujeitos ativos da própria aprendizagem.
e articula conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas discipli- Entretanto é necessário que haja uma interação mútua en-
nas de formação acadêmica, formação pedagógica e formação tre docentes e discentes, pois não há ensino se os alunos não
técnico-prática, provendo o que é comum, básico e indispensável desenvolverem suas capacidades e habilidades mentais.
para o ensino de todas as demais disciplinas de conteúdo. Podemos dizer que o processo didático se baseia no conjun-
A formação profissional para o magistério requer, assim, to de atividades do professor e dos alunos, sob a direção do pro-
uma sólida formação teórico-prática. Muitas pessoas acreditam fessor, para que haja uma assimilação ativa de conhecimentos e
que o desempenho satisfatório do professor na sala de aula de- desenvolvimento das habilidades dos alunos. Como diz Libâneo
pende de vocação natural ou somente da experiência prática, (1994), é necessário para o planejamento de ensino que o pro-
descartando-se a teoria. É verdade que muitos que muitos pro- fessor compreenda as relações entre educação escolar, os obje-
fessores manifestam especial tendência e gosto pela profissão, tivos pedagógicos e tenha um domínio seguro dos conteúdos ao
assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no qual ele leciona, sendo assim capaz de conhecer os programas
desempenho profissional. Entretanto, o domínio das bases teó- oficiais e adequá-los ás necessidades reais da escola e de seus
rico-científicas e técnicas, e sua articulação com as exigências alunos.
concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de Um professor que aspira ter uma boa didática necessita
modo que o docente ganhe base para pensar sua prática e apri- aprender a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno,
more sempre mais a qualidade do seu trabalho.33 sua linguagem, suas percepções e sua prática de ensino. Sem
essas condições o professor será incapaz de elaborar problemas,
desafios, perguntas relacionadas com os conteúdos, pois essas
33 Fonte: www.pedagogiadidatica.blogspot.com.br são as condições para que haja uma aprendizagem significativa.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

No entanto para que o professor atinja efetivamente seus obje- - Avaliação processual: é a avaliação continua.
tivos, é preciso que ele saiba realizar vários processos didáticos - Avaliação pontual: é a avaliação de resultado.
coordenados entre si, tais como o planejamento, a direção do Segundo Libâneo (2017) ao analisar os resultados obtidos, por
ensino da aprendizagem e da avaliação (LIBÂNEO, 1994). meio da avaliação, percebe-se se os objetivos propostos foram
alcançados para que o trabalho docente seja reorientado, logo a
A Profissão Docente e sua Repercussão Social avaliação é uma reflexão do processo educativo que abrange aluo
Segundo Libâneo (1994) o trabalho docente é a parte inte- e professor. Os dados coletados são mensurados em quantitativos
grante do processo educativo mais global pelo qual os membros da e qualitativos.
sociedade são preparados para a participação da vida social. Com
essas palavras Libâneo deixa bem claro o importante e essencial pa- Avaliação quantitativo e qualitativo
pel do professor na inserção e construção social de cada individuo - Avaliação quantitativo: é o que pode ser mensurado por meio
em formação. O educador deve ter como principal e fundamental de nota e informações. Ela é classificatória.
compromisso com a sociedade formar alunos que se tornem cida- - Avaliação qualitativa: é o que não pode ser mensurável, ob-
dãos ativos, críticos, reflexivos e participativos na vida social. serva-se o processo de ensino-aprendizagem de forma contínua e
O docente no processo de ensino e aprendizagem é a ponte global.
de mediação entre o aluno em formação e o meio social no qual
está inserido; uma vez que ele vai através de instruções, con- Vamos ver o que a LDB 9.394/96 fala sobre a avaliação?
teúdos e métodos orientar aos seus alunos a viver socialmente.   Art. 24. V – a verificação do rendimento escolar observará os
Sendo a educação um fenômeno social necessário à existência e seguintes critérios:
funcionamento de toda a sociedade, exige-se a todo instante do a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
professor as competências técnicas e teóricas para a transmis- com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e
são desses conhecimentos que são essenciais para a manuten- dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
ção e progresso social. finais;
O processo educacional, notadamente os objetivos, conteú- Perceba que os aspectos abordados na lei não são notas, mas
dos do ensino e o trabalho do professor são regidos por uma registros de acompanhamento das atividades alunos. A avaliação
série de exigências da sociedade, ao passo que a sociedade re- contínua e cumulativa demonstra que ela é diária, transparente,
clama da educação a adequação de todos os componentes do assim possui uma aparência diagnóstica. Os aspectos qualitativos
ensino aos seus anseios e necessidades. Porém a prática edu- devem sobrepor os aspectos quantitativos.
cativa não se restringe as exigências da vida em sociedade, mas
também ao processo de promover aos indivíduos os saberes e Princípios da avaliação:
experiências culturais que o tornem aptos a atuar no meio social Integralidade: a avaliação deve perceber o estudante como um
e transformá-lo em função das necessidades econômicas, sociais todo, considerando todos os envolvidos no processo.
e políticas da coletividade (LIBÂNEO, 1994 pág.17). O professor - Funcionalidade: relaciona a avaliação aos objetivos educacio-
deve formar para a emancipação, reflexão, criticidade e atuação nais.
social do indivíduo e não para a submissão ou o comodismo. - Orientação: direciona a prática escolar. Ela não pode assumir
Com este conteúdo podemos perceber o importante papel um caráter excludente.
que a didática desempenha no processo de ensino e aprendiza- - Sistematicidade: a avaliação deve ser muito bem planejada,
gem. Como vimos ela proporciona os meios, as condições pelos integrando todo o trabalho educativo.
quais a prática educacional se concretiza. Ela orienta o traba- A avaliação é um processo contínuo, por isso deve ser projeta-
lho do professor fazendo-o significativo para que possa guiar de da para acompanhar a aprendizagem, identificando as conquistas
forma competente, expressiva e coerente as práticas de ensino. diante do desenvolvimento real do aluno. Uma avaliação inicial traz
Através dos componentes que constituem o processo de ensino, para o professor as características e o suporte necessário para que
visa propiciar os meios para a atividade própria de cada aluno, ele possa desenvolver o planejamento de acordo com as caracterís-
busca ainda formá-los para serem indivíduos críticos, reflexivos ticas de seus alunos.
capazes de desenvolverem habilidades e capacidades intelec- Segue abaixo, as principais características da avaliação escolar
tuais.34 conforme Libâneo:
- Reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos
- Possibilita a revisão do plano de ensino
SABERES, PROCESSOS METODOLÓGICOS E AVALIAÇÃO DA - Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades
APRENDIZAGEM - Volta-se para a atividade dos alunos
- Deve ser objetiva
- Ajuda na percepção do professor
A avaliação escolar é um componente do processo de ensino e - Reflete valores e expectativas do professor em relação aos
aprendizagem que busca comparar o que foi adquirido com o que alunos
se pretende alcançar. Esse autor ainda nos traz como tarefas da avaliação a verifica-
Podemos dizer que a avaliação tem como objetivo diagnosticar ção, a qualificação e a apreciação qualitativa.
como a escola e o professor estão contribuindo para o desenvolvi- - Verificação: coleta de dados por meio de provas, exercícios e
mento dos alunos. tarefas ou outros meios auxiliares.
34 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br - Elieide Pereira dos - Qualificação: comprovação dos resultados alcançados e con-
Santos/Isleide Carvalho Batista/Mayane Leite da Silva Souza forme o caso, atribuição de notas.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

- Apreciação Qualitativa: avaliação propriamente dita, referin- Agora que já sabemos desses conceitos, vamos analisar as fun-
do-se aos padrões de desempenho esperados. ções da avaliação escolar na perspectiva de José Carlos Libâneo que
Muita atenção nas funções da avaliação (que mudam de acor- também é muito cobrado.
do com alguns autores) e que sempre caem nas provas. O conceito
abaixo é um dos mais cobrados por nossas bancas examinadoras. Libâneo classifica a avaliação em três funções:
Funções da avaliação Pedagógico-didática: está relacionada ao cumprimento dos
A avaliação apresenta três funções, sendo elas: objetivos educacionais. Essa avaliação ajuda na compreensão acer-
- Função diagnóstica: é realizada no início do processo para ca do alcance dos objetivos educacionais.
direcionar o trabalho do professor. Nessa fase é estudado e levan- Diagnóstica: apresenta os avanços e os problemas dos alunos
tado os conhecimentos prévios dos alunos para que o professor junto com a atuação do professor.
possa verificar como colocará em prática o seu planejamento, de Ocorre em três fases:
forma a atender as características dos alunos. - Início: para sondar os conhecimentos.
- Função formativa ou processual: é realizada durante o proces- - Durante: para acompanhar o desenvolvimento dos professo-
so para acompanhar o desenvolvimento dos alunos. A função for- res e alunos.
mativa proporciona ao professor e aos estudantes as informações - Final: para verificar o resultado do trabalho desenvolvido.
necessárias para corrigir as possíveis falhas, estimulando todos a Com essas informações o professor poderá propor modifica-
continuarem o trabalho. Nessa fase encontra-se o famoso feedback ções durante o processo de ensino e aprendizagem.
que reorienta os envolvidos em suas tarefas de forma positiva. Controle: está relacionada aos meios e a frequência das veri-
- Função somativa (classificatória): é realizada no final do pro- ficações e de qualificação dos resultados escolares, permitindo o
cesso, classificando os alunos quanto ao nível de desenvolvimento. diagnóstico das situações didáticas.
Esta fase oferece também as informações necessárias para o regis- Essas três funções atuam de forma interdependentes, não po-
tro das atividades que foram desempenhadas pelos alunos. dendo ser isoladas!
Em resumo, segue simplificação da visão apresentada acima:
Outros conceitos da avaliação escolar
Avaliação Diagnóstica Vamos conhecer um pouquinho mais sobre alguns fatores que
- Realiza-se no início do curso, do ano letivo, do semestre/tri- envolvem a avaliação escolar e que não foram conceituados:
mestre, da unidade ou de um novo tema. A observação: é muito importante durante o acompanhamen-
- Verifica pré-requisitos. to dos alunos. Com ela o professor pode modificar as dificuldades
identificadas que influenciam a aprendizagem dos estudantes.
Avaliação Formativa A entrevista: ajuda e busca conhecer o aluno em seu desempe-
- Ocorre ao longo do ano letivo. nho escolar. Contribui com as informações que o professor já tem,
- Localiza deficiências/dificuldades. tratando assim problemas mais específicos, esclarecendo dúvidas
quanto às atitudes e hábitos de determinada criança.
Avaliação Somativa Existem também outras formas de avaliação que já caíram em
- Classifica os alunos no fim de um semestre/trimestre, do cur- concursos, vamos conhecer um pouquinho mais:
so, do ano letivo, segundo níveis de aproveitamento. - Avaliação informal: faz parte do processo desenvolvido pelo
- Tem a função Classificadora (classificação final). Avaliação es- professor que consiste em elogios, castigos, ameaças entre outros
colar na visão dos principais autores. aspectos em que o educador traça sobre o perfil do aluno durante
o processo de ensino. Para Freitas, esse tipo de avaliação consiste
Vejamos como alguns autores abordam sobre a avaliação: na construção, pelo professor, “de juízos gerais sobre o aluno, cujo
O momento de avaliar é também para diagnosticar dificulda- processo de constituição está encoberto e é aparentemente assis-
des e mostrar caminhos de superação. (ANDRADE 2014, p. 21). temático”.
Nenhuma avaliação dá resultados absolutos, mas informações - Avaliação formal: é formada por instrumentos específicos de
sobre o que e como o aluno aprendeu. E a função da avaliação é avaliação como provas, trabalhos e tarefas organizadas. Compõe-
diagnosticar o processo de aprendizagem, não a capacidade do alu- -se das práticas “que envolvem o uso de instrumentos explícitos de
no. (TAVARES, 2011, p. 108) avaliação, cujos resultados podem ser examinados objetivamente
O processo de avaliação tem início quando: São levantados os pelo aluno, à luz de um procedimento claro” (Freitas).
conhecimentos prévios dos alunos. A partir disso é possível esta-
belecer objetivos e metas, escolher conteúdos e aplicar métodos. O papel da avaliação na prática escolar
(SANTOS, 2011, p. 106) Que tal lembrarmos o papel da avaliação que está presente em
Tendo um ponto de partida, a avaliação torna-se auxiliadora, cada prática pedagógica? Vamos para elas:
quantitativamente e principalmente qualitativamente, do processo - Função da avaliação tradicional: é exercida de forma classifi-
de ensino-aprendizagem em que progresso ou fracasso são impor- catória com memorização e reprodução através de provas e exer-
tantes para se repensar as estratégias com vistas a auxiliar o desen- cícios.
volvimento do aluno. (SANTOS, 2011, p. 106) - Avaliação – escola nova: há a valorização dos aspectos afeti-
Assim sendo, a avaliar os alunos representa incluí-la no mundo vos. A auto avaliação está presente priorizando o desenvolvimento
do conhecimento. Assim caracteriza-se o tipo de avaliação que é individual do aluno.
preparada para ensinar, reforçar o processo de aprendizagem, e - Avaliação – tecnicista: é analisada através do comportamento
não apenas para atribuir notas, medindo o que foi memorizado. desejado. Há o apego aos livros didáticos, a produtividade do aluno
(ANDRADE 2014, p. 21). com exercícios programados.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

- Avaliação – libertária: não há uma avaliação dos conteúdos. -prática, jogos educacionais, programas de simulação, linguagem de
- Avaliação – libertadora: busca a emancipação do grupo. programação entre outros, despertando assim um grande interesse
- Avaliação – histórico-crítica: existe a tomada de decisão para do aluno.
a transformação da sociedade. Função diagnóstica.35 Conforme observado por Valente (1993), o computador não é
mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com
a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre
NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICA- pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do com-
ÇÃO, E SUAS CONTRIBUIÇÕES COM A PRÁTICA PEDA- putador. O processo de interação se torna mais agradável com a
GÓGICA presença da multimídia na aprendizagem, pois naquele momento o
aluno está descobrindo o novo, o contemporâneo.

A mídia pode ser inserida em sala de aula através dos Recursos Educação, Mídia e Tecnologia
de Ensino. Estes segundo Gagné (1971, p. 247) “são componentes A aplicação de novas tecnologias na educação vem modifican-
do ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação para do o panorama do sistema educacional e, por isso, pode-se falar
o aluno”. Estes componentes são, além do professor, todos os tipos de um tipo de aula antes e depois da difusão de mídias integradas
de mídias que podem ser utilizadas em sala de aula, tais como, re- e tecnologias avançadas de comunicação digital. Os resultados das
vistas, livros, mapas, fotografias, gravações, filmes etc. aplicações de tais tecnologias estão criando condições objetivas
A utilização de recursos de ensino diminui o nível de abstração para questionarem a real necessidade de se preparar para o ensino
dos alunos, pois eles vêem na prática o que estão aprendendo na virtual. Hoje, há a percepção de algumas tendências relativas aos
escola, e podem relacionar a matéria aprendida com fatos reais do novos modelos de ensino e aprendizagem de idiomas mediados por
seu cotidiano. Desta forma é mais fácil eles absolverem os conteú- computador. Uma dessas tendências é a aprendizagem por meio de
dos escolares. Redes Sociais ou Comunidades Virtuais de Aprendizagem.
Dale (1966) criou uma classificação de recursos de ensino que Afirma-se que a Educomunicação apresenta-se, hoje, como
é bastante utilizada. Ele nos trouxe o “cone de experiências”, que um paradigma, um conceito orientador de caráter sociopolítico e
mostra que o ensino verbalizado, uso de palavras sem experiência, educacional a partir da interface Comunicação/Educação. Mais do
não deve mais ser usado pelo professor, pois os alunos aprendem que como uma metodologia, no âmbito da didática, o neologismo
mais quanto mais pratica experiências em torno do que está sendo tem sido visto como um parâmetro capaz de mobilizar consciências
ensinado. em torno de metas a serem alcanças coletivamente nas diferentes
Segundo Dale (1966), os objetivos do uso dos recursos de en- esferas da leitura e da construção do mundo, como propunha Paulo
sino são: Freire.
• motivar e despertar o interesse dos alunos; O fato permite e facilita um diálogo permanente entre os que
• favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação; buscam dar respostas tanto às questões vitais anunciadas e des-
• aproximar o aluno da realidade; critas nas diretrizes propostas pelo poder público quanto às “ex-
• visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem; periências escolares” inovadoras e multidisciplinares, previstas na
• oferecer informações e dados; reforma do ensino
• permitir a fixação da aprendizagem; Trata-se de um percurso que leva em conta a sociedade da in-
• ilustrar noções mais abstratas; formação e o papel da mídia na geração de conteúdos, mensagens
• desenvolver a experimentação concreta. e apelos comportamentais.
Segundo a justificativa do CNE que embasa o documento, se,
Para utilização dos recursos de ensino é preciso estar atento de um lado, “é importante a escola valer-se dos recursos midiáti-
aos seus objetivos, eficácia e função em relação à matéria ensinada. cos é, igualmente, fundamental submetê-los aos seus propósitos
Todos esses objetivos podem ser alcançados através de recursos de educativos”. Nesse sentido, o texto propõe que valores — presen-
ensino, midiáticos, como, por exemplo, computador, internet, em tes muitas vezes de forma conflituosa no convívio social e assim
que o aluno além de conhecer novas tecnologias, faz também inte- reproduzidos pela mídia — sejam identificados e revisitados pela
ração com o mundo e novas informações. O aluno busca algo novo, educação. É o caso, por exemplo, do consumismo e de uma pouco
algo atrativo, e a educação deve acompanhar essa busca. Mas não disfarçada indiferença com relação aos desequilíbrios que ocorrem
basta apenas usar a tecnologia, no ambiente de ensino/aprendiza- no mundo; indiferença essa que leva, com certa naturalidade, à ba-
gem temos que rever o uso que fazemos de diferentes tecnologias nalização dos acontecimentos por parte significativa dos meios de
enquanto estratégias, tendo clareza quanto à função do que esta- informação.
mos utilizando, não basta trocar o livro por um computador se na Em relação ao universo da comunicação, a Resolução CNE/CEB
prática não promovemos a inclusão do aluno, no que se refere aos nº. 7, de 14/12/2010, que estipula as diretrizes para o ensino de
processos de aprendizagem. nove anos, não permanece, contudo, apenas num denuncismo inó-
O computador é conhecido como uma tecnologia da informa- cuo. Ao contrário, estabelece metas a serem cumpridas.
ção devido a sua grande capacidade na solução de problemas rela- É necessário, por exemplo, que a escola contribua para trans-
cionados a armazenamento, organização e produção de informa- formar os alunos em consumidores críticos dos produtos midiáticos
ção de várias áreas do conhecimento. A utilização dessa tecnologia (meta número 1), ao mesmo tempo em que passem a usar os re-
pode ser usada de varias formas, como programas de exercício-e- cursos tecnológicos como instrumentos relevantes no processo de
aprendizagem (meta número 2). É dessa criticidade do olhar e da
criatividade no uso dos recursos midiáticos que pode surgir uma
35 Fonte: www.pedagogiaparaconcurso.com.br
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nova aliança entre o aluno e o professor (meta número 3), favore- E é aí que entra o papel fundamental do professor e do profis-
cida justamente pelo diálogo que a produção cultural na escola é sional da educação no emprego da Tecnologia Educacional: definir
capaz de propiciar. quais são os recursos e ferramentas mais adequados para a realida-
No caso do docente, o parecer que justificou o documento do de de seus alunos, e também a forma mais relevante de os utilizar
CNE entende que “muitas vezes terá que se colocar na situação de em suas práticas pedagógicas. Ainda assim, pode surgir a dúvida:
aprendiz e buscar junto com os alunos as respostas para as ques- com que objetivo um profissional da educação deveria inserir a tec-
tões suscitadas”. Surge, aqui, a meta número 4: reconhecer o aluno nologia nas práticas pedagógicas e no dia a dia da sua instituição
como partícipe e corresponsável por sua própria educação, sujeito de ensino?
que é de um direito muito especial: o de expressar-se numa socie-
dade plural. Tecnologia Educacional: por que usar?
Assim como a tecnologia, a comunicação envolvida no proces- Ao longo das últimas décadas praticamente todas as áreas da
so de ensino e aprendizagem também está em constante transfor- sociedade têm experimentado uma grande evolução tecnológica.
mação. Por esse motivo, não é mais possível estar diante de uma Toda evolução compreende uma mudança na comunicação, nas re-
sala de aula com a expectativa de captar a atenção de toda uma lações sociais e, é claro, no processo de ensino e aprendizagem.
turma de crianças e adolescentes e utilizando uma linguagem do Mas, como dissemos no tópico acima, a utilização da Tecnologia
século passado. Hoje, não é mais possível falar sobre ecologia, sem Educacional nem sempre é bem recebida – inclusive por educado-
falar sobre sustentabilidade e tecnologias limpas. Ou falar sobre res. A raiz dessa resistência talvez esteja na desinformação sobre as
linguagens, sem mencionar os memes e as fake news. E esses são diferentes possibilidades que ela oferece à educação.
apenas alguns dos exemplos possíveis. Listamos aqui alguns dos motivos para utilizar a Tecnologia
Para estabelecer uma comunicação verdadeira com a realidade Educacional em sua escola.
dos estudantes das novas gerações, o processo de ensino e apren- - Ampliar o acesso à informação.
dizagem necessita, invariavelmente, levar em conta e valer-se da - Facilitar a comunicação escola – aluno – família.
tecnologia. Dessa necessidade emergiu a Tecnologia Educacional. - Automatizar processos de gestão escolar.
Pensada especificamente para trazer inovação e facilitar o processo - Estimular a troca de experiências.
de ensino e aprendizagem, ela aparece nas salas de aula de diversas - Aproximar o diálogo entre professor e aluno.
maneiras: em novos dispositivos ou gadgets, softwares e soluções - Possibilitar novas formas de interação.
educacionais. - Melhorar o desempenho dos estudantes.
É raro ver qualquer tipo de interação entre professor e alunos
em sala de aula que ignore completamente as novas tecnologias. Vamos analisar alguns motivos por que o uso da tecnologia di-
Mesmo em uma sala de aula desprovida de equipamentos de últi- gital em sala de aula pode melhorar o desempenho dos seus alunos.
ma geração, com o professor mais tradicional, a interação é sempre
permeada por ela. E não poderia deixar de ser: além dos avanços 1. A tecnologia digital desperta maior interesse e prende a
tecnológicos que conquistaram as gerações X e Y (você se lembra atenção dos alunos.
como enviava mensagens e fazia planos com os amigos antes do O uso da tecnologia digital na educação contribui enorme-
smartphone?), os estudantes das novas gerações são nativos digi- mente para o engajamento dos estudantes na dinâmica de aula. A
tais. Isso significa que a maioria deles nunca conheceu um mundo mente humana é apaixonada por novidades. Por isso, é importante
sem internet, celular, Google ou redes sociais, dessa forma, o uso variar a rotina de estudos, fazer pequenas mudanças no local e, es-
de tecnologias educacionais se tornou fundamental para potencia- pecialmente, experimentar diferentes ferramentas e recursos tec-
lizar o ensino e principalmente, gerar maior interesse e interação nológicos. Quando se buscam novas formas de ensinar e aprender,
dos alunos. coloca-se uma aura de novidade sobre a rotina de estudos, tornan-
A Tecnologia Educacional é um conceito que diz respeito à utili- do-a mais interessante e prazerosa. Consequentemente, crescem a
zação de recursos tecnológicos para fins pedagógicos. Seu objetivo atenção e o interesse dos alunos pelo assunto em pauta.
é trazer para a educação – seja dentro ou fora de sala de aula – prá-
ticas inovadoras, que facilitem e potencializem o processo de en- 2. A tecnologia digital auxilia na percepção e na resolução de
sino e aprendizagem. O uso da TE tem sido amplamente discutido problemas reais.
no meio acadêmico, na mídia e nos círculos sociais, espaços onde Grande parte dos artigos e discussões recentes na área da edu-
nem sempre é bem recebido. As maiores críticas dizem respeito à cação (inclusive a recém-aprovada Base Nacional Comum Curricu-
sua relação com o papel da escola e do professor e à dificuldade de lar) diz que é preciso aproximar o conteúdo estudado da realidade
acesso à tecnologia, especialmente nas escolas da rede pública e dos alunos. Experimente dar um sentido mais prático à sua discipli-
entre estudantes com menor renda familiar. na, seja por meio da contextualização da informação (aplicação em
Mas, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, o foco situações reais, apresentação de casos locais) ou dos meios utiliza-
principal da Tecnologia Educacional não está sobre os dispositivos dos para transmiti-la (tecnologias digitais, canais frequentemente
tecnológicos (a escola não precisa, obrigatoriamente, contar com utilizados pelas novas gerações). Isso auxilia não apenas na com-
os equipamentos mais modernos para trabalhar a TE), e sim sobre preensão do conteúdo, mas também na visualização e na resolução
as práticas que o seu uso possibilita. Em outras palavras: ter bem de problemas reais que se apresentam no dia a dia do estudante.
definida a finalidade do uso da tecnologia em sala de aula é mais
importante que os meios e recursos tecnológicos que serão empre-
gados para tal prática.

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3. A tecnologia digital insere os jovens no debate social e con- Exemplos de usos da Tecnologia Educacional
tribui para a formação do senso crítico. A Tecnologia Educacional pode estar presente na educação de
Uma das principais vantagens da aplicação da tecnologia digital diversas maneiras, algumas delas são:
na educação é a possibilidade de acessar informações atualizadas, - em gadgets (dispositivos), como a lousa digital, os tablets e as
em tempo real. Não é mais preciso aguardar pela atualização do mesas educacionais;
livro didático impresso para ter acesso a temas contemporâneos, - em softwares, como os aplicativos, os jogos e os livros digitais;
questões recentes de vestibulares, dados atualizados e debates so- - e em outras soluções educacionais, como a realidade aumen-
ciais relevantes. Trabalhar com informações hiperatualizadas con- tada, os ambientes virtuais de aprendizagem e as plataformas de
tribui para inserir o estudante no debate social e desenvolver seu vídeo.
senso crítico e de argumentação, preparando-o simultaneamente
para os desafios da vida social e acadêmica. Diversas práticas e iniciativas educacionais apenas tornaram-se
realidade com o uso da TE. A seguir, vamos falar um pouco sobre
4. A tecnologia digital trabalha a responsabilidade na utiliza- as possibilidades do uso da Tecnologia Educacional e as diferentes
ção da internet e dos recursos digitais. formas de como ela vem transformando a educação.
A tecnologia digital está presente na vida das novas gerações
desde muito cedo. É extremamente comum ver crianças em idade Ensino híbrido
pré-escolar utilizando tablets e smartphones, por exemplo. A inser- A prática de combinar o estudo on e offline, conhecido como
ção da tecnologia no ambiente escolar ajuda a estabelecer regras ensino híbrido, é uma grande tendência possibilitada pela Tecnolo-
de convivência e segurança nos ambientes virtuais. Também é uma gia Educacional. Ela confere maior autonomia aos estudantes, para
boa oportunidade para trabalhar a responsabilidade no manuseio e que trilhem seus próprios roteiros de estudo, desenvolvam proje-
na conservação dos equipamentos digitais. tos ou atividades de sistematização e de reforço. Também é uma
prática que incentiva e facilita que o aluno desenvolva o hábito do
5. A tecnologia digital contribui para democratizar o acesso estudo diário, fora do ambiente escolar.
ao ensino.
Hoje existem diversas ferramentas e metodologias desenvolvi- Sala de aula invertida
das com o objetivo de ajudar os profissionais da educação a promo- Na sala de aula invertida, o aluno traz para a aula o conhecimen-
ver a democratização do acesso ao ensino e a trabalhar a favor de to prévio sobre o tema que será estudado, adquirido a partir de tex-
uma educação mais inclusiva. O uso da tecnologia digital em sala de tos, vídeos, jogos e outros formatos de conteúdo recomendados pelo
aula (na forma de recursos sonoros, visuais e de escrita, por exem- professor – quase sempre no meio digital. A construção e significação
plo) pode dar mais autonomia aos estudantes portadores de defi- deste conhecimento, no entanto, acontecem em conjunto, na sala de
ciência, transtornos ou problemas de aprendizagem, ajudando-os a aula. Assim como o ensino híbrido, a proposta da sala de aula inverti-
superar limitações e a desenvolver ao máximo seu potencial. da tem como objetivo colocar o estudante no papel de protagonista
de seu processo de aprendizagem e da sua própria evolução, enga-
6. A tecnologia digital oferece feedback imediato e constante jando também os outros membros do seu núcleo familiar.
a professores, alunos e responsáveis. Gamificação
Nas escolas que utilizam um ambiente virtual de aprendizagem A gamificação, assunto muito comentado no meio educacional
(AVA), transferir as tarefas e avaliações para o meio digital é uma nos últimos anos, consiste em utilizar elementos de jogos digitais
maneira de gerar dados de desempenho imediatos para professo- (como avatares, desafios, rankings, prêmios etc.) em contextos que
res, alunos e responsáveis. Dessa maneira, o aluno pode corrigir diferem da sua proposta original – como na educação. A principal
equívocos enquanto o conteúdo continua “fresco” na memória, em vantagem apontada pelos profissionais da educação no uso da ga-
vez de descobrir dias depois (ou apenas no final do bimestre) que, mificação é o aumento no interesse, na atenção e no engajamento
durante todo o tempo, seu desempenho esteve abaixo do espera- dos alunos com o conteúdo e as práticas propostas.
do. Além disso, professores e responsáveis acompanham de perto a
evolução de cada estudante, intervindo e direcionando os estudos Personalização do ensino
conforme necessário. A geração de dados educacionais é extremamente beneficiada
pelo uso da TE, pois simplifica a aferição do desempenho e dos re-
7. A tecnologia digital permite traçar um plano de ensino ade- sultados de avaliações objetivas. A partir desses dados, é possível
quado a cada aluno. criar modelos de ensino personalizados, que estejam em sintonia
A tecnologia digital permite gerar uma grande quantidade de com o momento real de aprendizagem de cada estudante. Assim, o
dados educacionais. É possível identificar temas e conceitos nos professor tem uma noção mais clara do panorama da turma e pode
quais os estudantes apresentam maior facilidade ou dificuldade de agir individualmente e de forma personalizada sobre os pontos po-
compreensão, bem como verificar o desempenho da turma e de tenciais e de maior dificuldade de cada estudante.
cada aluno, individualmente. A análise desses dados dá autonomia
para que professores, pais e alunos tracem um plano de ensino per- Microlearning
sonalizado, mais adequado a cada turma e estudante. Também pos- Tanto para as novas gerações quanto para as anteriores, a enor-
sibilita que o próprio aluno, nas etapas mais avançadas da educação me quantidade de informações com as quais temos contato diaria-
básica, direcione seu aprendizado para suas áreas de interesse e da mente ocasionou uma transformação na forma como consumimos
formação que pretende seguir. conteúdo. Para que a atenção não seja desviada de pronto, este
conteúdo aparece em nosso dia a dia de forma muito mais frag-
mentada, em vídeos e mensagens breves. Daí surge a expressão
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microlearning, que consiste na fragmentação de conteúdo educa- aprendizagem, baseado em uma mudança de hábitos e paradig-
cional para que este seja melhor assimilado pelos alunos. O meio mas estabelecidos nas relações diárias entre alunos e professores.
digital favorece este tipo de interação, por meio de vídeos, jogos, Não basta esperar que a transformação chegue até a sala de aula,
animações, apresentações interativas etc. ela precisa ter um ponto de partida dentro do ambiente escolar.
Que tal ser um agente dessa mudança na sua escola, começando
Como inserir a tecnologia na minha escola? pelo plano de aula?
Existem medidas essenciais para inserir a Tecnologia Educacio- A chegada da Base Nacional Comum Curricular deixa ainda
nal de maneira relevante no dia a dia de sua instituição de ensino. mais evidente a necessidade de trazer a tecnologia para dentro da
Elencamos algumas delas a seguir: realidade das escolas. Segundo a BNCC, os estudantes devem de-
senvolver ao longo da Educação Básica a competência para:
Diagnóstico Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e
Antes de mais nada, é preciso entender os alunos e professores comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas di-
da sua escola. Em que momentos eles estão conectados? A partir versas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar
de quais dispositivos? Quais são as redes sociais em que estão pre- por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimen-
sentes e os sites que acessam? Essa investigação é essencial caso tos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
sua instituição pretenda estabelecer uma conexão verdadeira com (BNCC)
os seus públicos e propor usos significativos para a Tecnologia Edu-
cacional. A seguir, apresentamos 6 ideias para atualizar seu plano de
aula e trabalhar a tecnologia de maneira relevante e integrada ao
Documentos normativos dia a dia da turma.
As possibilidades para o uso da TE, bem como o destaque da
sua importância, devem estar previstas dentro do PPP e em outros 1. Interação em ambientes virtuais
documentos normativos da instituição de ensino. Desde a primeira infância, os estudantes da Geração Z estão
navegando em ambientes virtuais. Eles comunicam-se com desen-
Investimento voltura no meio digital, às vezes mais do que seus pais e professo-
É importante relacionar tudo aquilo que a escola possui de su- res. Incentivar e orientar a interação nesses espaços tem muito a
porte para o uso da tecnologia, para daí desenvolver planos reais acrescentar à prática pedagógica. Procure identificar as tarefas que
sobre as práticas que podem ser adotadas. Essa relação também podem ser transpostas, facilitadas ou repensadas para o meio di-
deixa claro aquilo que é preciso melhorar e o investimento que gital.
pode ser feito com esta finalidade. As ferramentas para isso são abundantes: é possível criar gru-
pos e comunidades nas redes sociais; fóruns de discussão com te-
Capacitação máticas específicas relacionadas ao conteúdo que está sendo estu-
De nada adiantam os recursos tecnológicos sem uma equipe de dado; ou mesmo utilizar um ambiente virtual de aprendizagem,
professores e profissionais capacitados para extrair deles as melho- caso a sua escola ou sistema de ensino disponha de um.
res práticas pedagógicas. Por isso, a formação dos educadores para
a tecnologia é primordial. 2. Textos em formato digital
O consumo de textos em formato digital é baseado na lingua-
gem hipertextual e em uma forma de leitura não linear. O texto em
Diálogo formato digital permite ampliar o conhecimento acerca de uma te-
Uma ação importante é estimular o diálogo e a troca de expe- mática, elucidar e ilustrar conceitos, contextualizar momentos his-
riências entre as equipes. Os professores sentem-se mais seguros, tóricos, esclarecer vocabulários específicos, entre diversas outras
dispostos e motivados a utilizar a tecnologia quando compartilham possibilidades. A leitura deixa de ser apenas receptiva para tornar-
das experiências de seus pares. -se um processo interativo.
Muitos materiais didáticos já possuem uma versão digital que
Segurança pode ser aproveitada como recurso em sala de aula ou em casa.
É preciso estimular o uso consciente e seguro dos recursos digi- Explore também as funcionalidades oferecidas por portais de no-
tais, por parte tanto das equipes da escola quanto dos estudantes. tícia online, e-books, PDFs interativos etc. O hipertexto permite
adicionar links, imagens, vídeos, referências e diversos formatos de
Atualização conteúdo adicional ao corpo do texto, transformando a forma como
A partir do momento em que o professor identifica uma prática lemos e aprendemos. Quando se transforma a forma de ler, modifi-
ou rotina que poderia ser inovada com o uso da tecnologia, tam- ca-se também a forma de produzir conteúdo.
bém é importante pensar na atualização dos planos de aula que O hipertexto, pela sua natureza não sequencial e não linear,
irão nortear essas práticas. afeta não só a maneira como lemos, possibilitando múltiplas entra-
das e múltiplas formas de prosseguir, mas também afeta o modo
Plano de Aula X tecnologia como escrevemos, proporcionando a distribuição da inteligência e
A partir da modernização de espaços, ferramentas e práticas cognição. De um lado, diminui a fronteira entre leitor e escritor, tor-
educacionais, profissionais da educação em todo o mundo estão nando-os parte do mesmo processo; do outro, faz com que a escrita
trabalhando por uma transformação cada vez mais profunda e efe- seja uma tarefa menos individual para se tornar uma atividade mais
tiva no processo de ensino e aprendizagem. Essa transformação coletiva e colaborativa. O poder e a autoridade ficam distribuídos
é um processo nascido e desenvolvido dentro de cada espaço de pelas imensas redes digitais, facilitando a construção social do co-
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nhecimento.(MARCUSCHI, Luiz A. O hipertexto como um novo espa- Caso a sua escola utilize um sistema de ensino, uma dica é veri-
ço de escrita em sala de aula. Linguagem e Ensino, Rio Grande do ficar se ele disponibiliza avaliações em formato digital, como ativi-
Sul, 2001. v.4, n. 1, p. 79-111.) dades de fixação e reforço, provas e simulados. Você também pode
desenvolver suas próprias avaliações, pesquisas e questionários uti-
A BNCC e os gêneros digitais lizando ferramentas gratuitas como o Google Forms.
A tecnologia está presente ao longo de todo o texto da Base
Nacional Comum Curricular. Ela aparece especialmente na leitura, 6. Aplicativos e softwares educacionais
interpretação e produção dos novos gêneros digitais, como: Utilizar elementos lúdicos para facilitar o entendimento de
- Blogs; conceitos, além de estimular e engajar os estudantes para a realiza-
- Tweets; ção de tarefas, das mais simples as mais complexas, não é nenhu-
- Mensagens instantâneas; ma novidade na área da educação. No entanto, o desenvolvimento
- Memes; tecnológico ocorrido nos últimos anos possibilitou que essa prática
- GIFs; fosse transportada para o meio digital e amplamente difundida nas
- Vlogs; salas de aula em diferentes partes do mundo. Nas pautas mais re-
- Fanfics; centes, esse fenômeno é conhecido como gamificação.
- Entre diversos outros. Ao buscar no App Store ou Play Store, na categoria “Educação”,
é possível encontrar inúmeros jogos e aplicativos – muitos deles
Se engana quem pensa que os novos gêneros digitais devem gratuitos – que podem ser aproveitados dentro do contexto edu-
ser trabalhados apenas pelo professor de Língua Portuguesa. O tra- cacional.
balho com esses gêneros pode ser explorado em diferentes áreas
do conhecimento, valorizando também o trabalho interdisciplinar O que inserir em seu plano
– como sugere, inclusive, a própria BNCC. … e como?
de aula…
3. Métodos colaborativos de produção de conteúdo - Grupos e comunidades nas
Uma maneira de engajar os estudantes com o plano de aula redes sociais;
da sua disciplina é torná-los parte da construção do conhecimento. 1. Interação em ambientes - Fóruns de discussão;
Mobilize a criação de um blog para a turma e estimule a interação virtuais - Ambiente virtual de
por meio dos comentários; organize e deixe disponível para con- aprendizagem;
sulta um banco de textos e artigos com as produções dos alunos; - Etc.
desenvolva projetos interdisciplinares. - Portais de notícia;
O Google Docs, por exemplo, é uma ferramenta gratuita, que per- - E-books;
mite construir textos de maneira colaborativa, editando, adicionando 2. Textos em formato digital
- PDFs interativos;
comentários e enviando feedback em tempo real. No entanto, existem - Etc.
diversas outras ferramentas disponíveis. Procure pelas melhores solu-
ções que conversem com a realidade e as necessidades da turma. - Blog/vlog;
3. Métodos colaborativos de
- Banco de textos e artigos;
produção de conteúdo
4. Apresentações em formatos multimídia - Etc.
É importante empregar recursos tecnológicos ao seu plano - Vídeos;
de aula, uma vez que o uso de materiais em diferentes formatos 4. Apresentações em - Slides;
(como vídeos, apresentações em slides, mapas mentais etc.) co- formatos multimídia - Mapas mentais;
labora para o engajamento da turma. Além disso, pode servir para - Etc.
enriquecer tanto a aula do professor quanto as apresentações dos
- Avaliações online;
próprios alunos.
5. Diferentes formatos de - Atividades de fixação e reforço;
Algumas ferramentas que apresentam essas funcionalidades
avaliação - Simulados;
são o YouTube (edição e compartilhamento de vídeos), o Google Sli-
- Etc.
des e o Prezi (apresentação de slides e construção de mapas men-
tais), o PowToon (construção de vídeos e animações – em inglês), - Jogos
6. Aplicativos e softwares
entre outras. Busque também compartilhar experiências e conhe- - Aplicativos educacionais;
educacionais
cer as ferramentas utilizadas por outros professores. - Etc.

5. Diferentes formatos de avaliação Pensar novas formas de utilização da tecnologia a favor da edu-
A tecnologia também pode convergir para o plano de aula no cação é uma missão de todo profissional que atua hoje nessa área.
modo de avaliação. Por mais que a prova em papel e caneta – com Procure manter-se atualizado sobre as tendências em tecnologia
os alunos em fila e vigiados pelo professor – continue sendo o mé- educacional, acompanhando blogs, revistas e portais de notícia so-
todo de avaliação mais comum, existem formas diferentes de verifi- bre o assunto. Troque experiências com outros profissionais e des-
car a aprendizagem dos estudantes. cubra novas práticas, soluções e ferramentas que estão surgindo a
cada dia.36

36 Fonte: www.blog.sae.digital/www.revistas.usp.br/www.administra-
dores.com.br
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Pedagógico
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA E O COM- O termo “pedagógico” também serve para que a escola nun-
PROMISSO COM A QUALIDADE SOCIAL DO ENSINO ca se esqueça de que todos os seus objetivos, métodos, técnicas e
estratégias devem ser voltados ao processo de ensino e aprendiza-
gem, que decorre justamente do contato constante e cotidiano com
O projeto político-pedagógico, também chamado de PPP, é um os alunos da instituição.
documento que definirá diretrizes, metas e métodos para que a
instituição de ensino consiga atingir os objetivos a que se propõe. Integração e democracia no processo de elaboração
O PPP visa melhorar a capacidade de ensino da escola como uma Cabe à escola construir sua proposta pedagógica, de modo a
entidade inserida em uma sociedade democrática e de interações atender aos membros da comunidade em que se localiza. Para atin-
políticas. gir os resultados esperados e necessários, o projeto político-peda-
O documento traz, em detalhes, todos os objetivos, diretrizes e gógico precisa ser elaborado de forma democrática e colaborativa.
ações que devem ser valorizados durante o processo educativo, fim Isso significa permitir e estimular a presença e a participação
último da escola. Nesse sentido, o PPP precisa expressar claramente da comunidade, dos alunos, das famílias e de demais agentes nos
a síntese das exigências sociais e legais da instituição e os indicado- debates relacionados à fixação das metas e objetivos. Essa própria
res e expectativas de toda a comunidade escolar. integração entre diversos setores sociais no processo de produção e
Em outras palavras, a cultura da escola precisa estar demons- consolidação do PPP já é, por si só, um exercício de democracia que
trada nesse documento, no qual devem constar, com clareza, os só tem a engrandecer o trabalho final e aprimorar os resultados das
valores da instituição, sua situação presente e caminhos para me- estratégias adotadas.
lhorar os pontos negativos. O PPP funciona como um guia para as Com essa discussão participativa e aberta, a equipe de gestão
ações a serem desenvolvidas na escola. escolar, prefeituras e secretarias de educação tendem a cobrar mais
Esse documento tem elaboração anual obrigatória pela legisla- de si mesmas, a fim de atingir os objetivos. Sendo assim, permitem-
ção, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -se também abrir espaço para as críticas construtivas da sociedade,
(LDBEN 9.394/96). Essa obrigatoriedade tem como pano de fundo a o que faz com que os resultados sejam alcançados.
possibilidade de que todos os membros envolvidos na comunidade
escolar tenham acesso ao projeto, podendo dele participar e nele Como se constitui o PPP
interferir sempre que necessário, a fim de que seja fruto de uma Se elaborado da maneira adequada, o PPP adquire um caráter
construção democrática. de guia, que indica o norte das ações de professores, alunos, colabo-
Apesar de obrigatório, o projeto político-pedagógico costuma radores, família e de toda a comunidade escolar. É importante que
ser ignorado por muitos gestores, que não compreendem o seu al- ele seja preciso o suficiente para não deixar dúvidas aos agentes da
cance e, por isso, não dedicam a ele a devida importância. As conse- educação sobre como implementar as mudanças necessárias.
quências para quem incorre nessa prática são terríveis: o documen- Um projeto político-pedagógico precisa contemplar os seguin-
to é escrito às pressas, apenas para o cumprimento da legislação, e tes itens:
serve de enfeite na estante do diretor.
Esse é um grande equívoco que tem como preço a diminuição Identificação da escola
ou a estagnação da educação oferecida por aquela escola. Não é A identificação é o primeiro elemento a compor o projeto. Su-
necessário grande esforço para perceber do que se trata e de como gere-se que, nessa parte inicial, constem o nome e o CNPJ da insti-
é importante se dedicar com afinco à elaboração do projeto polí- tuição, bem como o local em que ela funciona. Também é indicado
tico-pedagógico. Basta se ater às três palavras que formam o con- inserir o nome da entidade mantenedora, do diretor e do coorde-
ceito: nador pedagógico.
É possível, ainda, colocar o nome dos membros participantes
Projeto da equipe de elaboração do PPP.
Refere-se a um documento escrito que registra, de maneira
formal, objetivos, estratégias e métodos para a realização de deter- Missão
minadas ações. Dessa forma, escolas, creches, prefeituras e secre- Na sequência, é descrita a missão da escola: os valores, as cren-
tarias de educação devem estabelecer essas metas e propor meios ças e os princípios sobre os quais se processa a educação naquele
de transformá-las em realidade, com o envolvimento de toda a co- ambiente. É interessante, nesse item, iniciar contando a história da
munidade escolar. instituição, desde o seu surgimento, que alterações sofreu ao longo
do tempo etc. Isso é importante porque demonstra a gênese desse
Político princípios e valores citados no parágrafo anterior.
Esse termo é fundamental, porque traz a função social da esco- Como eles tendem, ao longo do tempo, a se consolidar, essa é
la e a insere em um processo democrático e de interações sociais. uma parte do PPP que não precisa ser ajustada todos os anos — a
Notadamente, a escola também é uma instituição política, e seu en- não ser que mudanças significativas venham a ocorrer na escola.
sino precisa ter essa característica como norte para formar cidadãos
preocupados e responsáveis em relação ao mundo em que vivem. Contexto
O contexto em que a escola está situada e a comunidade que
é atendida por ela são pontos fundamentais para a definição de
metas e objetivos no projeto político-pedagógico. A missão pouco
significará se não estiver condizente com a realidade da instituição
e das famílias que ela atende.
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Por isso, faz-se necessário, para orientar as ações que serão de- Por consequência, esse processo de gestão se torna muito mais
senvolvidas, conhecer o panorama da comunidade. Isso pode ser simplificado, ágil e fácil. Assim, escolas, diretores, gestores e outros
feito de várias formas. A equipe de elaboração do PPP pode, por profissionais responsáveis tomam suas atitudes da maneira mais
exemplo, fazer um levantamento de dados utilizando os documen- adequada e coerente com o pensamento vigente na instituição.
tos da matrícula dos alunos ou, então, elaborar uma pesquisa, a fim Não é fácil engajar toda a comunidade e contar com a parti-
de obter informações mais específicas, como a situação socioeco- cipação de todos os agentes sociais envolvidos no processo, mas,
nômica das famílias. quanto mais pessoas participarem dos debates relativos à elabora-
Aqui, também deve ser descrita a participação das famílias no ção do PPP e se envolverem com a questão, melhor será para os re-
processo de ensino e aprendizagem: o que se espera delas e quais sultados pretendidos e para a comunidade escolar como um todo.
compromissos e parcerias elas podem assumir com a escola. Dessa forma, a instituição adquire mais identidade, rumo, força
e coesão para desenvolver seu trabalho pedagógico da melhor for-
Dados sobre o aprendizado ma possível. Em uma primeira discussão, poucos podem aparecer,
Muito interessa a pais e responsáveis saber a média de apro- mas a tendência é que esses indivíduos se tornem transformadores
vação de determinada série, por exemplo. Esse tipo de informação, e multiplicadores, atraindo mais pessoas para as conversas, que se-
em conjunto com outros dados internos da instituição, também rão, de fato, as responsáveis pelos ajustes ao projeto político-peda-
deve constar no PPP. gógico e, consequentemente, pela sua evolução.
O número de alunos que a escola tem (total e por segmento),
taxas de reprovação, médias de notas e avaliações: todos esses in- Erros comuns que escolas cometem ao elaborar o projeto
dicativos, aliados a dados mais amplos (regionais, municipais etc.), Como vimos no primeiro tópico, o PPP é um documento funda-
colaboram para fortalecer a imagem e a transparência da gestão mental e deve estar presente e disponível para toda a comunidade
escolar. educativa. Porém, elaborá-lo da forma adequada, com a participa-
ção de todos os segmentos, é um desafio.
Recursos Alguns descuidos podem ser evitados, a fim de fazer com que
Quando se fala em recursos, o primeiro pensamento que vem ele seja muito mais efetivo para a instituição de ensino. Seleciona-
à mente é relacionado à gestão financeira, certo? Mas ela é apenas mos alguns erros que sua escola pode e deve prevenir ao elaborar o
uma parte desse item, que inclui, ainda, recursos humanos, físicos projeto político-pedagógico. Confira:
e tecnológicos.
É fundamental que seja feita uma descrição minuciosa da es- Projeto político-pedagógico feito por terceiros
trutura física, dos colaboradores e dos recursos tecnológicos de que Como muitas escolas ainda não dão a devida atenção à elabo-
a escola dispõe. Só assim será possível partir da realidade, com suas ração do PPP, ou pior, o negligenciam, reduzindo o documento à
faltas e seus problemas, em busca de soluções possíveis. mera obrigação formal, acabam por encomendar e comprar PPPs
prontos.
Diretrizes pedagógicas E esses documentos “terceirizados” são elaborados por consul-
As diretrizes de um projeto assemelham-se ao percurso de um tores ou especialistas de fora, o que não faz sentido algum, já que
caminho. Por onde seguir, e como seguir, são as perguntas a serem eles não estão inseridos na realidade da instituição. A comunidade
feitas na hora de elaborar esse item do PPP. Os conteúdos ministra- precisa participar do processo para que ele seja realmente eficaz.
dos e o método de ensino que a escola adota devem ser descritos.
Lembre-se de que existe uma base curricular nacional, mas “Reciclar” todos os anos o mesmo PPP
cada instituição tem liberdade para construir sua grade de discipli- É verdade que ações que deram certo merecem ser replicadas
nas de acordo com a cultura local. Imprescindível se faz a colabora- no futuro. No entanto, não é o que muitas escolas fazem com seus
ção dos professores, visto que o conhecimento específico de cada PPPs. É comum — e altamente não recomendável — que algumas
área pode ajudar a definir as diretrizes de toda a escola. instituições mantenham o mesmo projeto por anos, sem se atenta-
rem às mudanças econômicas, tecnológicas e até socioculturais da
Planos de ação comunidade.
O PPP não é composto apenas por ideias e propostas. Para que Os gestores que são coniventes com essa prática fazem apenas
ele de fato funcione, deve conter planos de ação, isto é, as estra- pequenas modificações para enviar o documento anualmente à se-
tégias que serão implantadas para atingir os objetivos. Devem ser cretaria municipal de educação. Quem paga por isso são os alunos
elencadas as ações a serem desenvolvidas, os setores responsáveis e toda a comunidade.
pela execução das tarefas e os recursos necessários para isso.
Dificultar e burocratizar o acesso ao projeto político-pedagó-
O que a escola ganha ao investir no documento gico
Ao tornar esse guia formal e claro sobre como a escola precisa Infelizmente, é comum, também, que as escolas, mesmo tendo
se posicionar na sociedade, o plano político-pedagógico pode ser o cuidado de elaborar seu PPP, o deixem guardado em arquivos físi-
consultado por profissionais, alunos, pais, prefeitura e secretarias cos ou em pastas de computador. A transparência é fundamental. E
de educação. Isso deve ser feito periodicamente, a cada tomada de esse documento precisa estar facilmente disponível a todas as pes-
decisão importante e estratégica para o rumo do aprendizado nas soas, de dentro ou fora da escola.
instituições de ensino. Uma sugestão é imprimir o projeto e deixá-lo em um lugar
acessível ou, ainda, enviá-lo por e-mail a pais, professores e fun-
cionários.

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Não levar em conta conflitos de ideias em debates porém se trabalharem em cooperação, a escola trará resultados
Durante as reuniões pedagógicas ou, também, nas discussões positivos muito maiores do que se esses setores trabalhassem
que eventualmente surgirem na elaboração do PPP, podem emergir independentes um do outro.
ideias contrastantes que provoquem conflitos. Não arquive um de-
bate mal resolvido — incentive a chegada a um consenso de forma Setores da Gestão Escolar
democrática.
Desse modo, cada sujeito participante desenvolverá um sen- Gestão Pedagógica
timento de pertencimento àquela comunidade, e saberá que sua Esta área é considerada a principal, está relacionada com a or-
participação foi relevante. ganização e com o planejamento de todo o sistema educacional,
além da elaboração e execução de projetos pedagógicos.
Confundir os tipos de documentos Esta gestão tem como principal foco melhorar as práticas educa-
Pode parecer um erro bobo, mas ainda existem muitas escolas cionais e sempre explorar novas maneiras de ensinar mais e melhor.
que confundem — ou trocam deliberadamente — o projeto políti- Os líderes educacionais são fundamentais para que toda essa didá-
co-pedagógico por portfólios ou outros documentos institucionais tica inovadora funcione. As ações elementares que os responsáveis
de marketing. Esses documentos devem estar presentes, mas não por esse tipo de gestão devem exercer, incluem:
podem compreender todo o PPP, muito menos substituí-lo. - Articular as concepções, estratégias métodos e conteúdos no
É bom lembrar que o projeto político-pedagógico não é um ambiente educacional;
documento estanque. Ao contrário, ele deve ser marcado pela fle- - Definir as metas necessárias para otimização dos processos
xibilidade e sua elaboração precisa ser periódica para que objetivos pedagógicos;
e metas sejam reavaliados de tempos em tempos e os resultados - Conseguir fazer com que os profissionais de ensino e a comu-
sirvam, dessa forma, para a melhoria da atuação da escola.37 nidade escolar assumam esse compromisso como seu próprio obje-
tivo de melhorar a educação;
- Despertar no professor a vontade de ensinar e no aluno a von-
GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA tade de aprender;
- Avaliar o trabalho pedagógico exercido por professores e pra-
ticados na instituição;
GESTÃO ESCOLAR - Estabelecer formas de envolver mais os docentes na educação;
38
A gestão escolar foi criada com o intuito de diferenciar e inte- - Criar um ambiente estimulante e motivador para a comunida-
gralizar o contexto educacional, sua função é otimizar os processos de escolar.
diários e aumentar e melhorar a eficiência do ensino dentro da ins-
tituição. Nesse sentido, ela visa a proporcionar organização e arti- Gestão Administrativa
culação de premissas que asseguram o processo educacional nas Como já dito, a gestão administrativa cuida dos recursos físi-
instituições de ensino e desburocratizar atividades cotidianas. cos, financeiros e materiais da instituição. Sempre buscando zelar
Ela é diferente da Administração Escolar, que é a responsável por todos os bens que serão utilizados em função do ensino. Para
pelos recursos materiais e financeiros que devem garantir a qua- que ela funcione, é necessário estar atento às rotinas da secretaria,
lidade de ensino. A gestão escolar é a forma de administrar uma legislação educacional, processos educacionais, manutenção patri-
escola em sua totalidade, portanto o responsável por ela deve ter monial e várias outras tarefas e atribuições fundamentais para que
habilidades de gerenciamento que vão desde o plano pedagógico tudo flua bem e para que os professores tenham tudo o que preci-
até os recursos financeiros. sam para ensinar com qualidade.
Seu principal objetivo é buscar o aprimoramento institucional e Entre as principais atribuições da gestão administrativa nas es-
pessoal de todos os setores da escola devendo fortalecer a lideran- colas e cursos estão:
ça, motivar a equipe ao alcançar seus objetivos, aumentar a quali- - Organizar e administrar os recursos físicos, materiais e finan-
dade do currículo e estimular cada vez mais a participação dos pais ceiros da escola ou curso;
e da comunidade na escola. Sempre com a ambição da excelência - Organizar a necessidade de compras, consertos e manutenção
no processo de ensino-aprendizagem. dos bens patrimoniais;
A gestão escolar pode englobar vários setores, dentre estes os - Manter o inventário dos bens e patrimônios da instituição
considerados mais importantes são: Gestão Pedagógica, Gestão Ad- atualizados;
ministrativa, Gestão Financeira, Gestão de Recursos Humanos, Ges- - Manter o ambiente limpo e organizado;
tão da Comunicação, Gestão de Tempo e Eficiência de Processos. - Garantir a correta utilização dos materiais da instituição de
Assim posto, entende-se que cada instituição tem suas pecu- ensino;
liaridades e cabe a cada uma elaborar e aplicar sua proposta pe- - Garantir o cumprimento das leis, diretrizes e estatuto do colé-
dagógica, administrar a escola como um todo, zelar pela qualidade gio ou curso,
de ensino para o discente, oferecer condições de trabalho para o - Utilizar as tecnologias da informação para melhorar os proces-
docente e sempre promover a integração entre a escola e a comu- sos de gestão em todos os segmentos da escola.
nidade.
É interessante pensar na Instituição como um organismo vivo, Gestão Financeira
onde cada setor pode representar uma funcionalidade vital para o A Gestão Financeira cuida do orçamento da instituição, obser-
sucesso da escola. Cada um desses “órgãos” tem suas diferenças, vando atentamente os gastos, as oportunidades de melhoria e ana-
37 Fonte: www.proesc.com lisando recursos e investimentos. Entre os benefícios obtidos, um
38 https://bit.ly/2IeXswl ; https://bit.ly/2ztIJrY sistema financeiro bem organizado permite tomadas de decisões
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mais ágeis e garante que as demais áreas funcionem corretamen- Gestão de Tempo e Eficiência de Processos
te, sem surpresas. Assim, o planejamento financeiro é fundamental Esta gestão é relacionada com a produtividade e como o nome
para uma estratégia educacional de sucesso e uso correto dos re- já diz, a eficiência de cada setor e da instituição como um todo. Os
cursos. setores da escola funcionam como as engrenagens de um relógio e,
Quando bem realizada, a Gestão Financeira de uma instituição se algo não funciona, ou funciona mal, gera atrasos ou até a parada
de ensino possibilita o controle das contas a pagar e a receber, e dos ponteiros.
da inadimplência dos alunos, evitando situações mais graves. Assim Como os bons relojoeiros, os gestores precisam manter os olhos
sendo, a gestão financeira deve andar em sintonia com a gestão e ouvidos bem atentos e prestar atenção em todas as etapas do
administrativa e com o plano pedagógico, proporcionando uma si- processo para conseguir mapear e identificar quais engrenagens
tuação confortável para a instituição de ensino. que atrasam ou prejudicam cada setor. Esse é um trabalho árduo,
Para ajudar nessa tarefa, uma boa solução é o investimento em afinal essas engrenagens podem ser tarefas, processos, modo de
softwares de gestão escolar para integralizar os setores na contínua execução e até mesmo pessoas. Mas fazendo as perguntas certas,
busca pelo sucesso do planejamento educacional. tudo fica mais fácil
Vamos fazer um exercício. Pense em cada setor da sua institui-
Gestão de Recursos Humanos ção e pergunte-se:
Assim como as demais áreas, a Gestão de Recursos Humanos - Quais são os maiores problemas da minha escola ou curso
tem que ser uma preocupação constante, porque devido à grande hoje?
quantidade de interação entre os alunos, funcionários, docentes, os - A quais setores esses problemas estão relacionados?
pais e a comunidade ela é uma área “sensível” da gestão. - Quais tarefas demandam mais tempo para serem concluídas?
Está área tem como papel manter o bom relacionamento entre - Quais tarefas envolvem muitos colaboradores?
todos os setores, assim como, motivar toda a equipe de colabora- - Quais colaboradores estão envolvidos com essas tarefas?
dores, mantendo sempre todos a todo vapor cumprindo com o que - Quais tarefas trazem mais retorno para a instituição?
o projeto pedagógico exige. Para garantir um bom entrosamento - Quais tarefas podem ser automatizadas?
entre sua equipe, os líderes escolares devem: - Como posso tornar esses processos mais eficientes?
- Engajar os docentes com o ensino, a proposta da instituição e
os resultados; Esse é um exercício básico de reflexão que você pode realizar
- Saber distribuir as tarefas entre os setores e pessoas; diariamente e com certeza vai ajudar muito a melhorar a sua gestão
- Investir em ferramentas que facilitem o trabalho da equipe; escolar. Sabemos que fazer tudo funcionar em compasso depende
- Incentivar a formação continuada e investir no aprimoramento da boa administração de muitos fatores e que isso demanda tem-
dos colaboradores; po. Mas gerir com excelência é se manter na busca constante pelo
- Avaliar os funcionários e orientá-los sobre como corrigir seus desenvolvimento da equipe e pela melhoria dos processos e quanto
erros; mais você se esforçar, melhor serão os resultados da sua instituição.
- Ressaltar os pontos fortes e parabenizar os colaboradores por
seus acertos; Gestão Democrática
- Manter um clima de cooperação, entrosamento e respeito en- E por falar em gestão, como proceder de forma mais democráti-
tre os colaboradores. ca nos sistemas de ensino e nas escolas públicas? 39
A participação é educativa tanto para a equipe gestora quanto
Gestão da Comunicação para os demais membros das comunidades escolar e local. Ela per-
Este setor está diretamente ligado ao setor de recursos huma- mite e requer o confronto de ideias, de argumentos e de diferen-
nos, indo além de apenas motivar e garantir que todos os envolvi- tes pontos de vista, além de expor novas sugestões e alternativas.
dos com a escola estejam sempre satisfeitos. Ele vai mais adiante Maior participação e envolvimento da comunidade nas escolas pro-
das paredes das escolas e procurem sempre estar em contato com duzem os seguintes resultados:
toda a sua comunidade participativa. - Respeito à diversidade cultural, à coexistência de ideias e de
Uma boa comunicação garante que: concepções pedagógicas, mediante um diálogo franco, esclarece-
- Os professores estejam alinhados com a proposta da institui- dor e respeitoso;
ção; - Formulações de alternativas, após um período de discussões
- Os setores saibam quais são suas prioridades; onde as divergências são expostas
- Os colaboradores entendam que suas tarefas influenciam na - Tomada de decisões mediante procedimentos aprovados por
realização do todo; toda a comunidade envolvida;
- Os alunos se mantenham engajados e focados no aprendizado; - Participação e convivência de diferentes sujeitos sociais em um
- Os pais entendam a importância do seu papel no processo de espaço comum de decisões educacionais.
ensino.
A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas pú-
Além disso cabe a este setor mostrar para os pais, o quanto vale blicas requer a participação coletiva das comunidades escolar e
a pena sempre investir e apoiar a instituição que os seus filhos fre- local na administração dos recursos educacionais financeiros, de
quentam. Por envolver e integrar todos os setores, realizar uma boa pessoal, de patrimônio, na construção e na implementação dos
gestão da comunicação ajuda escolas e cursos a acabarem com pro- projetos educacionais.
blemas conhecidos na rotina escolar e desenvolver a sua instituição 39 DOURADO, L. F. Progestão: como promover, articular e envolver a ação das
de ensino. pessoas no processo de gestão escolar? Brasília: CONSED - Conselho Nacional
de Secretários de Educação, 2001.
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Mas para promover a participação e deste modo implementar - A redefinição das tarefas e funções da associação de pais e
a gestão democrática da escola, procedimentos prévios podem ser mestres, na perspectiva de construção de novas maneiras de se par-
observados: tilhar o poder e a decisão nas instituições.
- Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu comprometi-
mento com a alternativa de ação escolhida; O processo de participação na escola produz, também, efeitos
- Responsabilizar pessoas pela implementação das alternativas culturais importantes. Ele ajuda a comunidade a reconhecer o pa-
acordadas; trimônio das instituições educativas - escolas, bibliotecas, equipa-
- Estabelecer normas prévias sobre como os debates e as deci- mentos - como um bem público comum, que é a expressão de um
sões serão realizados; valor reconhecido por todos, o qual oferece vantagens e benefícios
- Estabelecer regras adequadas à igualdade de participação de coletivos. Sua utilização por algumas pessoas não exclui o uso pelas
todos os segmentos envolvidos; demais. É um bem de todos; todos podem e devem zelar pelo seu
- Articular interesses comuns, ideias e alternativas complemen- uso e sua adequada conservação.
tares, de forma a contribuir para organizar propostas mais coleti-
vas; Em síntese, a gestão democrática do ensino pressupõe uma ma-
- Esclarecer como a implementação das ações serão acompa- neira de atuar coletivamente, oferecendo aos membros das comu-
nhadas e supervisionadas; nidades local e escolar oportunidades para:
- Criar formas de divulgação das ideias e alternativas em debate - Reconhecer que existe uma discrepância entre a situação real
como também do processo de decisão. (o que é) e o que gostaríamos que fosse (o que pode vir a ser);
- Identificar possíveis razões para essa discrepância;
Gestão democrática implica compartilhar o poder, descentrali- - Elaborar um plano de ação para minimizar ou solucionar esses
zando-o. Como fazer isso? problemas.
- Incentivando a participação e respeitando as pessoas e suas
opiniões; Práticas de Organização e Gestão
- Desenvolvendo um clima de confiança entre os vários segmen-
tos das comunidades escolar e local; - Em relação aos professores: boa formação profissional, au-
- Ajudando a desenvolver competências básicas necessárias tonomia profissional, capacidade de assumir responsabilidade pelo
à participação (por exemplo, saber ouvir, saber comunicar suas êxito ou fracasso de seus alunos, condições de estabilidade profis-
ideias). sional, formação profissional em serviço, disposição para aceitar
inovações com base nos seus conhecimentos e experiências; capa-
A participação proporciona mudanças significativas na vida das cidade de análise crítico-reflexiva.
pessoas, na medida em que elas passam a se interessar e se sentir
responsáveis por tudo que representa interesse comum. Assumir - Quanto à estrutura organizacional: sistema de organização e
responsabilidades, escolher e inventar novas formas de relações gestão, plano de trabalho com metas bem definidas e expectativas
coletivas faz parte do processo de participação e trazem possibili- elevadas; competência específica e liderança efetiva e reconhecida
dades de mudanças que atendam a interesses mais coletivos. da direção e coordenação pedagógica; integração dos professores e
A participação social começa no interior da escola, por meio da articulação do trabalho conjunto e participativo; clima de trabalho
criação de espaços nos quais professores, funcionários, alunos, pais propício ao ensino e à aprendizagem; práticas de gestão participa-
de alunos e demais envolvidos possam discutir criticamente o coti- tiva; oportunidades de reflexão conjunta e trocas de experiências
diano escolar. entre os professores;

Nesse sentido, a função da escola é formar indivíduos críticos, - Autonomia da escola, criação de identidade própria, com pos-
criativos e participativos, com condições de participar criticamente sibilidade de projeto próprio e tomada de decisões sobre proble-
do mundo do trabalho e de lutar pela democratização da educação. mas específicos; planejamento compatível com as realidades locais;
A escola, no desempenho dessa função, precisa ter clareza de que o decisão e controle sobre uso de recursos financeiros; planejamento
processo de formação para uma vida cidadã e, portanto, de gestão participativo e gestão participativa, bom relacionamento entre os
democrática passa pela construção de mecanismos de participação professores e responsabilidades assumidas em conjunto.
da comunidade escolar, como: Conselho Escolar, Associação de Pais
e Mestres, Grêmio Estudantil, Conselhos de Classes, etc. - Prédios adequados e disponibilidade de condições materiais,
recursos didáticos, biblioteca e outros, que propiciem aos alunos
Para que a tomada de decisão seja partilhada e coletiva, é ne- oportunidades concretas para aprender.
cessária a efetivação de vários mecanismos de participação, tais
como: - Quanto à estrutura curricular: adequada seleção e organiza-
- O aprimoramento dos processos de escolha ao cargo de diri- ção dos conteúdos; valorização das aprendizagens acadêmicas e
gente escolar; não apenas das dimensões sociais e relacionais; modalidades de
- A criação e a consolidação de órgãos colegiados na escola avaliação formativa; organização do tempo escolar de forma a ga-
(conselhos escolares e conselho de classe); rantir o máximo de tempo para as aprendizagens e o clima para o
- O fortalecimento da participação estudantil por meio da cria- estudo; acompanhamento de alunos com dificuldades de aprendi-
ção e da consolidação de grêmios estudantis; zagem.
- A construção coletiva do projeto político-pedagógico da esco-
la;
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- Participação dos pais nas atividades da escola; investimento Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a organização e
em formar uma imagem pública positiva da escola. gestão escolar e nas experiências levadas a efeito nos últimos anos,
é possível apresentar, de forma esquemática, três das concepções
Essas características reforçam a ideia de que a qualidade de de organização e gestão: a técnico-científica (ou funcionalista), a
ensino depende de mudanças no âmbito da organização escolar, autogestionária e a democrático-participativa.
envolvendo a estrutura física, as condições de funcionamento, a es-
trutura organizacional, a cultura organizacional, as relações entre Concepção Técnico-Científica
alunos, professores, funcionários, as práticas colaborativas e parti- Tem como base a hierarquia de cargos e funções visando a ra-
cipativas. É a escola como um todo que deve responsabilizar-se pela cionalização do trabalho, a eficiência dos serviços escolares. Tende
aprendizagem dos alunos, especialmente em face dos problemas a seguir princípios e métodos da administração empresarial. Algu-
sociais, culturais, econômicos, enfrentados atualmente. mas características desse modelo são:
- Prescrição detalhada de funções, acentuando-se a divisão téc-
As Concepções de Organização e Gestão Escolar, segundo José nica do trabalho escolar (tarefas especializadas);
Libâneo40 - Poder centralizado do diretor, destacando-se as relações de
subordinação em que uns têm mais autoridades do que outros;
O estudo da escola como organização de trabalho não é novo, - Ênfase na administração (sistema de normas, regras, procedi-
há toda uma pesquisa sobre administração escolar que remonta mentos burocráticos de controle das atividades), às vezes descui-
aos pioneiros da educação nova, nos anos 30. Esses estudos se de- dando-se dos objetivos específicos da instituição escolar;
ram no âmbito da Administração Escolar e, frequentemente, estive- - Comunicação linear (de cima para baixo), baseada em normas
ram marcados por uma concepção burocrática, funcionalista, apro- e regras;
ximando a organização escolar da organização empresarial. - Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas;
Estes estudos eram identificados com o campo de conhecimen- Atualmente, esta concepção também é conhecida como gestão
tos denominado Administração e Organização Escolar ou, simples- da qualidade total.
mente Administração Escolar.
Nos anos 80, com as discussões sobre reforma curricular dos Concepção Autogestionária
cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou em mui- Baseia-se na responsabilidade coletiva, ausência de direção
tos lugares a ser denominada de Organização do Trabalho Peda- centralizada e acentuação da participação direta e por igual de to-
gógico ou Organização do Trabalho Escolar, adotando um enfoque dos os membros da instituição. Outras características:
crítico, frequentemente restringido a uma análise crítica da escola - Ênfase nas inter-relações mais do que nas tarefas;
dentro da organização do trabalho no Capitalismo. Houve pouca - Decisões coletivas (assembleias, reuniões), eliminação de to-
preocupação, com algumas exceções, com os aspectos propriamen- das as formas de exercício de autoridade e poder;
te organizacionais e técnico-administrativos da escola. - Vínculo das formas de gestão interna com as formas de auto-
É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, um enfoque -gestão social (poder coletivo na escola para preparar formas de
científico-racional e um enfoque crítico, de cunho sócio-político. auto-gestão no plano político);
Não é difícil aos futuros professores fazerem distinção entre essas - Ênfase na auto-organização do grupo de pessoas da institui-
duas concepções de organização e gestão da escola. No primeiro ção, por meio de eleições e alternância no exercício de funções;
enfoque, a organização escolar é tomada como uma realidade - Recusa a normas e sistemas de controle, acentuando-se a res-
objetiva, neutra, técnica, que funciona racionalmente; portanto, ponsabilidade coletiva;
pode ser planejada, organizada e controlada, de modo a alcançar - Crença no poder instituinte da instituição.
maiores índices de eficácia e eficiência.
As escolas que operam nesse modelo dão muito peso à estrutu- Concepção Democrática-Participativa
ra organizacional: organograma de cargos e funções, hierarquia de Tem base na relação orgânica entre a direção e a participação
funções, normas e regulamentos, centralização das decisões, baixo do pessoal da escola. Acentua a importância da busca de objeti-
grau de participação das pessoas que trabalham na organização, vos comuns assumidos por todos. Defende uma forma coletiva de
planos de ação feitos de cima para baixo. Este é o modelo mais co- gestão em que as decisões são tomadas coletivamente e discutidas
mum de funcionamento da organização escolar. publicamente. Entretanto, uma vez tomadas as decisões coletiva-
O segundo enfoque vê a organização escolar basicamente como mente, advoga que cada membro da equipe assuma a sua parte
um sistema que agrega pessoas, importando bastante a intenciona- no trabalho, admitindo-se a coordenação e avaliação sistemática da
lidade e as interações sociais que acontecem entre elas, o contexto operacionalização das decisões tomada dentro de uma tal diferen-
sócio-político etc. ciação de funções e saberes. Outras características desse modelo:
A organização escolar não seria uma coisa totalmente obje- - Definição explícita de objetos sócio-políticos e pedagógicos da
tiva e funcional, um elemento neutro a ser observado, mas uma escola, pela equipe escolar;
construção social levada a efeito pelos professores, alunos, pais e - Articulação entre a atividade de direção e a iniciativa e partici-
integrantes da comunidade próxima. Além disso, não seria carac- pação das pessoas da escola e das que se relacionam com ela;
terizado pelo seu papel no mercado, mas pelo interesse público. A - A gestão é participativa mas espera-se, também, a gestão da
visão crítica da escola resulta em diferentes formas de viabilização participação;
da gestão democrática, conforme veremos em seguida. - Qualificação e competência profissional;
- Busca de objetividade no trato das questões da organização e
40 LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - Teoria e Prática. gestão, mediante coleta de informações reais;
Editora Heccus. 6ª Edição. Goiânia. 2013.
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- Acompanhamento e avaliação sistemáticos com finalidade pe- Evidentemente a forma do organograma reflete a concepção
dagógica: diagnóstico, acompanhamento dos trabalhos, reorienta- de organização e gestão. A estrutura organizacional de escolas se
ção dos rumos e ações, tomada de decisões; diferencia conforme a legislação dos Estados e Municípios e, obvia-
- Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são avaliados. mente, conforme as concepções de organização e gestão adotada,
Atualmente, o modelo democrático-participativo tem sido in- mas podemos apresentar a estrutura básica com todas as unidades
fluenciado por uma corrente teórica que compreende a organiza- e funções típicas de uma escola.
ção escolar como cultura. Esta corrente afirma que a escola não é O Conselho de Escola tem atribuições consultivas, deliberativas
uma estrutura totalmente objetiva, mensurável, independente das e fiscais em questões definidas na legislação estadual ou municipal
pessoas, ao contrário, ela depende muito das experiências subjeti- e no Regimento Escolar. Essas questões, geralmente, envolvem as-
vas das pessoas e de suas interações sociais, ou seja, dos significa- pectos pedagógicos, administrativos e financeiros.
dos que as pessoas dão às coisas enquanto significados socialmente Em vários Estados o Conselho é eleito no início do ano letivo.
produzidos e mantidos. Em outras palavras, dizer que a organiza- Sua composição tem uma certa proporcionalidade de participação
ção é uma cultura significa que ela é construída pelos seus próprios dos docentes, dos especialistas em educação, dos funcionários,
membros. dos pais e alunos, observando-se, em princípio, a paridade dos in-
Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a presen- tegrantes da escola (50%) e usuários (50%). Em alguns lugares o
ça de elementos objetivos, tais como as ferramentas de poder, a Conselho de Escola é chamado de “colegiado” e sua função básica é
estrutura organizacional, e os próprios objetivos sociais e culturais democratizar as relações de poder.
definidos pela sociedade e pelo Estado. O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da
Uma visão sociocrítica propõe considerar dois aspectos interli- escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de especia-
gados: por um lado, compreende que a organização é uma constru- listas e técnicos-administrativos, atendendo às leis, regulamentos
ção social, a partir da Inteligência subjetiva e cultural das pessoas, e determinações dos órgãos superiores do sistema de ensino e às
por outro, que essa construção não é um processo livre e volun- decisões no âmbito da escola e pela comunidade. O assistente de
tário, mas mediatizado pela realidade sociocultural e política mais diretor desempenha as mesmas funções na condição de substituto
ampla, incluindo a influência de forças externas e internas marca- eventual do diretor.
das por interesses de grupos sociais, sempre contraditórios e às O setor técnico-administrativo responde pelas atividades-meio
vezes conflitivas. que asseguram o atendimento dos objetivos e funções da escola.
Busca relações solidárias, formas participativas, mas também A Secretaria Escolar cuida da documentação, escrituração e cor-
valoriza os elementos internos do processo organizacional, o pla- respondência da escola, dos docentes, demais funcionários e dos
nejamento, a organização, a gestão, a direção, a avaliação, as res- alunos. Responde também pelo atendimento ao público. Para a rea-
ponsabilidades individuais dos membros da equipe e a ação orga- lização desses serviços, a escola conta com um secretário e escri-
nizacional coordenada e supervisionada, já que precisa atender a turários ou auxiliares da secretaria. O setor técnico-administrativo
objetivos sociais e políticos muito claros, em relação à escolarização responde, também, pelos serviços auxiliares (Zeladoria, Vigilância
da população. e Atendimento ao público) e Multimeios (biblioteca, laboratórios,
As concepções de gestão escolar refletem, portanto, posições videoteca etc.).
políticas e concepções de homem e sociedade. O modo como uma A Zeladoria, responsável pelos serventes, cuida da manutenção,
escola se organiza e se estrutura tem um caráter pedagógico, ou conservação e limpeza do prédio; da guarda das dependências, ins-
seja, depende de objetivos mais amplos sobre a relação da escola talações e equipamentos; da cozinha e da preparação e distribuição
com a conservação ou a transformação social. da merenda escolar; da execução de pequenos consertos e outros
A concepção funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e a serviços rotineiros da escola.
autoridade, exercida unilateralmente. Enfatizando relações de su- A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em todas
bordinação, determinações rígidas de funções, hipervalorizando a as dependências do edifício, menos na sala de aula, orientando-os
racionalização do trabalho, tende a retirar ou, ao menos, diminuir quanto a normas disciplinares, atendendo-os em caso de aciden-
nas pessoas a faculdade de pensar e decidir sobre seu trabalho. te ou enfermidade, como também do atendimento às solicitações
Com isso, o grau de envolvimento profissional fica enfraquecido. dos professores quanto a material escolar, assistência e encaminha-
As duas outras valorizam o trabalho coletivo, implicando a par- mento de alunos.
ticipação de todos nas decisões. Embora ambas tenham entendi- O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os laborató-
mentos das relações de poder dentro da escola, concebem a parti- rios, os equipamentos audiovisuais, a videoteca e outros recursos
cipação de todos nas decisões como importante ingrediente para a didáticos.
criação e desenvolvimento das relações democráticas e solidárias. O setor pedagógico compreende as atividades de coordenação
Adotamos, neste livro, a concepção democrático-participativa. pedagógica e orientação educacional. As funções desses especia-
Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de orga- listas variam confirme a legislação estadual e municipal, sendo que
nização interna, geralmente prevista no Regimento Escolar ou em muitos lugares suas atribuições ora são unificadas em apenas uma
legislação específica estadual ou municipal. O termo estrutura tem pessoa, ora são desempenhadas por professores. Como são fun-
aqui o sentido de ordenamento e disposição das funções que asse- ções desses especializadas, envolvendo habilidades bastante espe-
guram o funcionamento de um todo, no caso a escola. Essa estru- ciais, recomenda-se e seus ocupantes sejam formados em cursos de
tura é comumente representada graficamente num organograma Pedagogia ou adquiram formação pedagógico-didática específica.
- um tipo de gráfico que mostra a inter-relações entre os vários se-
tores e funções de uma organização ou serviço.

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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

O coordenador pedagógico ou professor coordenador supervi- De fato, a organização e gestão, refere-se aos meios de reali-
siona, acompanha, assessora, avalia as atividades pedagógico-curri- zação do trabalho escolar, isto é, à racionalização do trabalho e à
culares. Sua atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico- coordenação do esforço coletivo do pessoal que atua na escola, en-
-didático aos professores em suas respectivas disciplinas, no que diz volvendo os aspectos, físicos e materiais, os conhecimentos e quali-
respeito ao trabalho ao trabalho interativo com os alunos. ficações práticas do educador, as relações humano-interacionais, o
Há lugares em que a coordenação se restringe à disciplina em planejamento, a administração, a formação continuada, a avaliação
que o coordenador é especialista; em outros, a coordenação se do trabalho escolar.
faz em relação a todas as disciplinas. Outra atribuição que cabe ao Tudo em função de atingir os objetivos, ou seja, como toda ins-
coordenador pedagógico é o relacionamento com os pais e a comu- tituição as escolas também buscam resultados, o que implica em
nidade, especialmente no que se refere ao funcionamento pedagó- uma ação racional, estruturada e coordenada. Ao mesmo tempo,
gico-curricular e didático da escola e comunicação e interpretação sendo uma atividade coletiva, não depende apenas das capacida-
da avaliação dos alunos. des e responsabilidades individuais, mas sim de objetivos comuns e
O orientador educacional, na instituição que essa função existe, compartilhados, e de ações coordenadas e controladas pelos agen-
cuida do atendimento e do acompanhamento escolar dos alunos e tes do processo.
também do relacionamento escola-pais-comunidade.
O Conselho de Classe ou Série é um órgão de natureza delibe-
rativa quanto à avaliação escolar dos alunos, decidindo sobre ações QUESTÕES
preventivas e corretivas em relação ao rendimento dos alunos, ao
comportamento discente, às promoções e reprovações e a outras
medidas concernentes à melhoria da qualidade da oferta dos ser- 1. FGV - 2022 - PEDAGOGO (SEAD AP)
viços educacionais e ao melhor desempenho escolar dos alunos. Considerando as tendências pedagógicas descritas e comenta-
Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas man- das na literatura pertinente ao tema, assinale a afirmativa incorreta.
têm Instituições Auxiliares tais como: a APM (Associação de Pais e (A) Na tendência pedagógica tradicional, o papel da escola é
Mestres), o Grêmio Estudantil e outras como Caixa Escolar, vincula- o de proporcionar a transmissão de conteúdos, com base no
das ao Conselho de Escola (onde este existia) ou ao Diretor. pressuposto de que a condição subalterna de um indivíduo na
A APM reúne os pais de alunos, o pessoal docente e técnico-ad- sociedade está diretamente ligada à falta de conhecimentos.
ministrativo e alunos maiores de 18 anos. Costuma funcionar me- (B) A tendência pedagógica tecnicista é articulada à lógica da
diante uma diretoria executiva e um conselho deliberativo. produção, com o objetivo de aperfeiçoamento do sistema ca-
O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos alunos pitalista, a fim de promover a formação de indivíduos para o
criada pela lei federal nº 7.398/85, que lhe confere autonomia para mercado de trabalho, de acordo com as exigências da socieda-
se organizarem em torno dos seus interesses, com finalidades edu- de industrial e tecnológica.
cacionais, culturais, cívicas e sociais. (C) Para a tendência renovada progressivista, o importante não
Ambas as instituições costumam ser regulamentadas no Regi- é a transmissão de conteúdos específicos, mas a nova forma de
me Escolar, variando sua composição e estrutura organizacional. relação com a experiência vivida.
Todavia, é recomendável que tenham autonomia de organização (D) A concepção histórico-crítica ou dialética incorpora ideias
e funcionamento, evitando-se qualquer tutelamento por parte da das tendências liberais e considera que a sociedade só será
Secretaria da Educação ou da direção da escola. equilibrada quando o que a escola transmitir for compreendido
Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras um se- e seguido por todos.
tor de assistência ao estudante, que presta assistência social, eco- (E) A pedagogia progressista libertadora propõe uma educa-
nômica, alimentar, médica e odontológica aos alunos carentes. ção crítica a serviço da transformação social. Nessa corrente,
O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos professores o papel da escola está voltado para a formação da consciência
em exercício na escola, que tem como função básica realizar o obje- política do discente para agir e modificar a realidade.
tivo prioritário da escola, o ensino. Os professores de todas as dis-
ciplinas formam, junto com a direção e os especialistas, a equipe 2. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO
escolar. Além do seu papel específico de docência das disciplinas, os Concepção surgida na segunda metade do século XIX, que pro-
professores também têm responsabilidades de participar na elabo- põe uma pedagogia ativa ao colocar o aluno no centro da aprendi-
ração do plano escolar ou projeto pedagógico-curricular, na realiza- zagem, atribuindo-lhe papel fundamental na aquisição de conheci-
ção das atividades da escola e nas decisões dos Conselhos de Escola mento.
e de classe ou série, das reuniões com os pais (especialmente na O trecho acima refere-se à concepção pedagógica conhecida
comunicação e interpretação da avaliação), da APM e das demais
como:
atividades cívicas, culturais e recreativas da comunidade.
(A) Escola Nova;
A gestão democrática-participativa valoriza a participação da
(B) Escola Tradicional;
comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe
(C) Tendência Tecnicista;
à docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva
dos objetivos e funcionamento da escola, por meio da dinâmica in- (D) Tendência Libertadora;
tersubjetiva, do diálogo, do consenso. (E) Pedagogia Histórico-Crítica.
Nos itens interiores mostramos que o processo de tomada de
decisão inclui, também, as ações necessárias para colocá-la em prá-
tica. Em razão disso, faz-se necessário o emprego dos elementos ou
processo organizacional, tal como veremos adiante.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

3. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO Assinale a opção que indica a relação correta, de cima para bai-
Historicamente, a função social atribuída à escola depende das xo.
concepções pedagógicas dominantes e dos valores atribuídos ao (A) 4 – 1 – 7
processo educativo. (B) 4 – 2 – 1
Sobre o papel da educação para a sociedade brasileira, relacio- (C) 3 – 2 – 5
ne as concepções listadas com a função social que cada uma atri- (D) 2 – 1 – 7
buía à escola. (E) 4 – 1 – 6
1. Pedagogia Tradicional (meados do século XIX a 1930)
2. Pedagogia Nova (1930 a 1970) 5. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO
3. Pedagogia Tecnicista (1970 a 1980) O objetivo do estudo da didática é o processo de ensino, enten-
4. Pedagogia Histórico-Crítica (1980 em diante) dido como sequência de atividades do professor e dos alunos, ten-
( ) Instrumento de correção da marginalização e de adaptação do em vista a assimilação de conhecimentos e habilidades. Assim
dos indivíduos às normas sociais, mas respeitando as individualida- sendo, o processo didático está centrado na relação entre ensino e
des e incentivando a aceitação mútua. aprendizagem.
( ) Meio para discutir os conteúdos culturais e historicamente Com base no exposto, NÃO apresenta um componente do pro-
atribuídos ao currículo, inclusive substituindo os conteúdos formais cesso didático:
por conteúdos reais, dinâmicos e concretos. (A) o conteúdo das matérias;
( ) Dispositivo para formar indivíduos eficientes, capazes de (B) a ação de ensinar;
contribuir para o aumento da produtividade da sociedade, investin- (C) o nível cultural;
do em escolas técnicas. (D) a ação de aprender;
( ) Antídoto à ignorância para todos, difundindo a instrução e (E) o método de ensino.
transmitindo de forma sistematizada e gradual conhecimentos acu-
mulados pela humanidade. 6. FGV - 2019 - PROFESSOR (PREF SALVADOR)/HISTÓRIA
A sequência correta, de cima para baixo, é: Relacione os materiais do trabalho docente às suas caracterís-
(A) 1, 4, 3 e 2; ticas.
(B) 3, 2, 4 e 1; 1. Metodologia de Ensino
(C) 2, 4, 3 e 1; 2. Plano de Curso
(D) 4, 1, 2 e 3; 3. Planejamento Curricular
(E) 2, 1, 3 e 4. ( ) Está relacionado ao como o docente irá desenvolver as ati-
vidades e os conteúdos propostos nos diferentes instrumentos de
4. FGV - 2015 - TÉCNICO EM DESENVOLVIMENTO INFANTIL planejamento.
(PREF CUIABÁ)/MAGISTÉRIO OU PEDAGOGIA ( ) É o processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da
As tendências pedagógicas da Educação são categorizadas de ação escolar. É a previsão sistemática e ordenada de toda a vida
acordo com a posição que adotam em relação às finalidades sociais escolar do aluno. Essa modalidade de planejar é o instrumento que
da escola, como apresentado a seguir. orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é com a pro-
posta geral das experiências de aprendizagem que a escola deve
Pedagogia Pedagogia Progressista oferecer ao estudante.
( ) É o instrumento de trabalho que tem como objetivo refe-
1. Tradicional renciar os conteúdos, as metodologias, os procedimentos e as téc-
2. Renovada progressivista 5. Libertadora nicas a serem utilizadas no processo de ensinoaprendizagem.
3. Renovada não-diretiva 6. Libertária Assinale a opção que mostra a relação correta, segundo a or-
dem apresentada.
4. Tecnicista 7. Crítico-social dos con- (A) 1 – 3 – 2.
teúdos
(B) 2 – 1 – 3.
(C) 3 – 2 – 1.
Associe as características a seguir às tendências pedagógicas (D) 1 – 2 – 3.
citadas. (E) 3 – 1 – 2.
( ) Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia
educacional e da análise experimental do comportamento.
( ) O professor transmite o conteúdo na forma de verdade a
ser absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o meio mais
eficaz para assegurar a atenção e o silêncio.
( ) A condição para que a escola sirva aos interesses populares
é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conte-
údos escolares básicos que tenham ressonância na vida dos alunos.

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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

7. FGV - 2018 - PROFESSOR (PREF BOA VISTA)/LICENCIADO 11. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO
EM PEDAGOGIA Sobre o Projeto Político-Pedagógico da escola, é correto afir-
A escola refletiu sempre o seu tempo e não podia deixar de mar que:
refleti-lo; sempre esteve a serviço das necessidades de um regime (A) confere identidade à instituição de ensino na medida em
social determinado e, se não fosse capaz disso, teria sido eliminada que divide os alunos de acordo com suas capacidades físicas e
como um corpo estranho inútil. (Pistrak) cognitivas;
Entre as definições da função social da escola apresentadas a (B) decorre da participação coletiva da comunidade que, con-
seguir, a que mais se relaciona ao texto acima é: juntamente, elabora o marco legal, independentemente dos
(A) ser histórica e contextualmente definida; poderes públicos;
(B) formar um cidadão que seja conhecedor da situação social (C) resulta da autonomia da comunidade interna e externa em
na qual vive; planejar a identidade e a gestão da instituição de ensino, tendo
(C) ter como aspecto central democratizar o conhecimento; em vista a base legal;
(D) visar à apropriação do saber sistematizado; (D) é concebido pelo corpo diretivo que, em casos excepcio-
(E) garantir a igualdade de oportunidades. nais, consulta os professores, de modo a adaptar as diretrizes
legais às realidades locais;
(E) relativiza os critérios qualitativos, ao descentralizar a con-
8. FGV - 2018 - PEDAGOGO (NITERÓI)/(SASDH NITERÓI)
cepção e a gestão do ensino, tornando o mérito um assunto
Uma das funções sociais da escola é a transmissão do conheci-
secundário na avaliação dos estudantes.
mento produzido historicamente e socialmente pela humanidade.
Eis uma função que se realiza em meio aos seguintes movimentos:
12. FGV - 2016 - PROFESSOR (SEE PE)/BIOLOGIA
(A) hegemônicos e contra-hegemônicos;
A elaboração do Projeto Político-Pedagógico é indicada na Lei
(B) de ampliação e de universalização;
de Diretrizes e Bases da Educação como uma forma de exercer a
(C) de fluxos e de influxos;
gestão democrática na escola, sendo uma oportunidade para “o
(D) contraditórios e parciais;
gestor reconhecer e concretizar a participação de todos na defini-
(E) de assistência e de acompanhamento.
ção de metas e na implementação de ações. Além disso, a equipe
assume a responsabilidade de cumprir os combinados e estar aber-
9. FGV - 2022 - PEDAGOGO (SEAD AP)
ta a cobranças”.
A questão da avaliação é amplamente discutida e abordada em
As afirmativas a seguir apresentam possíveis encaminhamen-
todos os segmentos internos da escola e nos externos a ela. Nos úl-
tos para a elaboração do Projeto Político-Pedagógico nas escolas.
timos anos, as escolas buscam constantemente ressignificar o papel
I. Adotar modelos prontos ou encomendar o PPP a consultores
da avaliação e a sua função social.
externos.
Com base nessa informação, assinale a opção que não se en-
II. Convidar representantes de todos os setores da escola para
quadra no papel atribuído à avaliação na atualidade.
pensarem a elaboração do documento.
(A) A avaliação pode servir para identificar o que de positivo foi
III. Desconsiderar os conflitos de ideias que surgem durante os
feito e ratificar o que existe.
debates.
(B) Tanto para os estudantes como para os professores, a
avaliação pode servir para que se compreenda o processo de Assinale a(s) afirmativa(s) contrária(s) ao caráter proposto para
aprendizagem. o documento pela legislação citada.
(C) A avaliação pode servir para fixar um norte e buscar refe- (A) Apenas I.
renciais. (B0 Apenas I e III.
(D) O processo de avaliação precisa relacionar-se com os obje- (C) Apenas I e II.
tivos da disciplina. (D) Apenas II e III.
(E) A avaliação serve basicamente para analisar o aluno de for- (E) I, II e III.
ma pontual, pois não se pode avaliá-lo de forma diferenciada.
13. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO
10. FGV - 2019 - PROFESSOR (PREF SALVADOR)/HISTÓRIA O uso da Internet na escola é exigência da cibercultura, isto é,
Com relação à avaliação formativa, analise as afirmativas a se- do novo ambiente comunicacional-cultural que surge com a inter-
guir. conexão mundial de computadores em forte expansão no início do
I. Ela é conduzida pelo estudante. século XXI. Novo espaço de sociabilidade, de organização, de infor-
II. Ela se caracteriza por ser inteiramente baseada em critérios. mação, de conhecimento e de educação. A educação do cidadão
III. Os erros são vistos como elementos norteadores de uma não pode estar alheia ao novo contexto socioeconômico-tecnoló-
ação e intervenção pedagógica. gico, cuja característica geral não está mais na centralidade da pro-
Está correto o que se afirma em dução fabril ou da mídia de massa, mas na informação digitalizada
(A) I, somente. como nova infraestrutura básica, como novo modo de produção.
(B) II, somente. SILVA, Marco “Internet na escola e inclusão”, in Tecnologias na
(C) III, somente. Escola, apud http://portal.mec.gov.br.
(D) I e III, somente. A partir do texto, assinale a afirmativa que indica uma estraté-
(E) II e III, somente. gia apta a incluir os alunos no ciberespaço e desenvolver a intera-
tividade:
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a solução para o seu concurso!
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

(A) transitar da mídia clássica para a mídia online, o que implica 17. FGV - 2018 - ASSISTENTE CUIDADOR ESCOLAR (PREF
fixar, reproduzir e transmitir as mensagens; BOA VISTA)
(B) usar interfaces como chat, fórum e lista, para disponibilizar Para garantir a plena inclusão das pessoas com deficiência nas
em formato digital o conteúdo escolar impresso; escolas, é necessário:
(C) comunicar-se na modalidade interativa, o que resulta na li- “aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a ga-
gação unilateral emissor – mensagem – receptor; rantir condições de _________, permanência, participação e
(D) navegar na internet em sala para confirmar informações ___________, por meio da oferta de serviços e de recursos de
contidas no livro didático ou pesquisar dados adicionais; acessibilidade que eliminem as ____________ e promovam a
(E) elaborar hipertextos, o que supõe o domínio de uma escrita ___________ plena”
não sequencial e a montagem de conexões em rede. A alternativa que completa adequadamente a frase acima é:
(A) acesso – aprendizagem – conquistas – inclusão;
14. FGV - 2019 - PROFESSOR (PREF SALVADOR)/HISTÓRIA (B) acesso – aprendizagem – barreiras – segmentação;
Carla é professora dos anos finais do ensino fundamental e está (C) acesso – segmentação – barreiras – inclusão;
desenvolvendo um projeto de trabalho com Tecnologias de Infor- (D) acesso – aprendizagem – barreiras – inclusão;
mação e Comunicação (TICs) para potencializar o processo educa- (E) segmentação – aprendizagem – barreiras – inclusão.
cional e favorecer o ensino e a aprendizagem.
Assinale a opção que apresenta uma estratégia de articulação 18. FGV - 2019 - PROFESSOR (PREF SALVADOR)/HISTÓRIA (E
entre as TICs e a Educação. MAIS 11 CONCURSOS)
(A) Aulas utilizando o projetor multimídia em sala e depois dis- Com relação aos objetivos do Plano Nacional de Educação em
ponibilizando as aulas em plataformas online, porque, assim, Direitos Humanos, analise as afirmativas a seguir.
os alunos não precisam copiar o conteúdo do quadro.
I. Contribuir para a efetivação dos compromissos internacionais
(B) Utilização do laboratório de informática para games e jogos
e nacionais com a educação em Direitos Humanos.
online.
II. Estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ação para a ela-
(C) WebQuest, uma ferramenta de demanda na web, isto é,
boração de programas e projetos na área da educação em direitos
uma atividade orientada para a pesquisa por meio de recursos
da Internet, potencializando o aprendizado do aluno. humanos.
(D) Aulas de informática, que ensinem os alunos os processos III. Enfatizar o papel dos Direitos Humanos na construção de
de edição de textos, imagens e vídeos, instrumentalizando-os uma sociedade justa, equitativa e democrática.
para a inserção no mercado de trabalho. Está correto o que se afirma em
(E) Vídeo aulas, em que os estudantes poderão assistir a dife- (A) I, somente.
rentes conteúdos de seu interesse. (B) II, somente.
(C) I e II, somente.
15. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO (D) II e III, somente.
O conceito de escola inclusiva está embasado no princípio da: (E) I, II e III.
(A) integração progressiva dos portadores de necessidades es-
peciais ao convívio social;
(B) igualdade de oportunidades educacionais e sociais a que
todos os alunos têm direito;
(C) disciplinarização dos alunos com deficiência para sua adap-
tação à vida em sociedade;
(D) adequação à realidade social dos alunos com deficiência
para torná-los economicamente funcionais;
(E) convivência com a diversidade como experiência fraterna e
humanizadora para os outros alunos.

16. FGV - 2018 - ASSISTENTE CUIDADOR ESCOLAR (PREF


BOA VISTA)
Na escola de ensino regular em que Marta trabalha, a equipe
está reestruturando o projeto pedagógico, considerando também o
trabalho com crianças com deficiência.
Nesse sentido, o projeto pedagógico deve prever:
(A) o encaminhamento desses alunos para as escolas especiais;
(B) a elaboração do Plano de Atendimento Educacional Espe-
cializado;
(C) o atendimento a esses alunos em espaço padrão;
(D) que esses alunos seguirão o cronograma comum da escola;
(E) a adaptação das necessidades desses alunos aos materiais
já disponíveis na escola.

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a solução para o seu concurso!
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

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GABARITO
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1 D
______________________________________________________
2 A
3 C ______________________________________________________
4 A ______________________________________________________
5 C
______________________________________________________
6 A
______________________________________________________
7 A
8 A ______________________________________________________
9 E ______________________________________________________
10 C
______________________________________________________
11 C
12 B ______________________________________________________

13 E ______________________________________________________
14 C
______________________________________________________
15 B
______________________________________________________
16 B
17 D ______________________________________________________
18 E ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não po-
ARITMÉTICA E CONJUNTOS: OS CONJUNTOS NUMÉRICOS sitivos.
(NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS, IRRACIONAIS E REAIS); Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negati-
OPERAÇÕES BÁSICAS, PROPRIEDADES, DIVISIBILIDADE, vos e não nulos, ou seja, sem o zero.
CONTAGEM E PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO; PROPORCIO- Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não posi-
NALIDADE tivos e não nulos.

Conjunto dos Números Racionais (Q)


— Conjuntos Numéricos Números racionais são aqueles que podem ser representados
em forma de fração. O numerador e o denominador da fração preci-
O grupo de termos ou elementos que possuem características sam pertencer ao conjunto dos números inteiros e, é claro, o deno-
parecidas, que são similares em sua natureza, são chamados de minador não pode ser zero, pois não existe divisão por zero.
conjuntos. Quando estudamos matemática, se os elementos pare- O conjunto dos números racionais é representado pelo Q. Os
cidos ou com as mesmas características são números, então dize- números naturais e inteiros são subconjuntos dos números racio-
mos que esses grupos são conjuntos numéricos1. nais, pois todos os números naturais e inteiros também podem ser
Em geral, os conjuntos numéricos são representados grafica- representados por uma fração. Além destes, números decimais e
mente ou por extenso – forma mais comum em se tratando de ope- dízimas periódicas também estão no conjunto de números racio-
rações matemáticas. Quando os representamos por extenso, escre- nais.
vemos os números entre chaves {}. Caso o conjunto seja infinito, ou Vejamos um exemplo de um conjunto de números racionais
seja, tenha incontáveis números, os representamos com reticências com 4 elementos:
depois de colocar alguns exemplos. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3, 4…}. Qx = {-4, 1/8, 2, 10/4}
Existem cinco conjuntos considerados essenciais, pois eles são
os mais usados em problemas e questões no estudo da Matemáti- Também temos subconjuntos dos números racionais:
ca. São eles: Naturais, Inteiros, Racionais, Irracionais e Reais. Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado
pelos números racionais sem o zero.
Conjunto dos Números Naturais (N) Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos, forma-
O conjunto dos números naturais é representado pela letra N. do pelos números racionais positivos.
Ele reúne os números que usamos para contar (incluindo o zero) e Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado
é infinito. Exemplo: pelos números racionais positivos e não nulos.
N = {0, 1, 2, 3, 4…} Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, forma-
do pelos números racionais negativos e o zero.
Além disso, o conjunto dos números naturais pode ser dividido Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
em subconjuntos: pelos números racionais negativos e não nulos.
N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números natu-
rais não nulos, ou sem o zero. Conjunto dos Números Irracionais (I)
Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números natu- O conceito de números irracionais é dependente da definição
rais pares. de números racionais. Assim, pertencem ao conjunto dos números
Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais irracionais os números que não pertencem ao conjunto dos racio-
ímpares. nais.
P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos. Em outras palavras, ou um número é racional ou é irracional.
Não há possibilidade de pertencer aos dois conjuntos ao mesmo
Conjunto dos Números Inteiros (Z) tempo. Por isso, o conjunto dos números irracionais é complemen-
O conjunto dos números inteiros é representado pela maiús- tar ao conjunto dos números racionais dentro do universo dos nú-
cula Z, e é formado pelos números inteiros negativos, positivos e o meros reais.
zero. Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…} Outra forma de saber quais números formam o conjunto dos
O conjunto dos números inteiros também possui alguns sub- números irreais é saber que os números irracionais não podem ser
conjuntos: escritos em forma de fração. Isso acontece, por exemplo, com deci-
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não nega- mais infinitos e raízes não exatas.
tivos. Os decimais infinitos são números que têm infinitas casas de-
cimais e que não são dízimas periódicas. Como exemplo, temos
1 https://matematicario.com.br/ 0,12345678910111213, π, √3 etc.
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Conjunto dos Números Reais (R) – O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que,
O conjunto dos números reais é representado pelo R e é forma- multiplicado por 7, resulta em 49.
do pela junção do conjunto dos números racionais com o conjunto 49 = 7 · 7
dos números irracionais. Não esqueça que o conjunto dos racionais
é a união dos conjuntos naturais e inteiros. Podemos dizer que en- – O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro
tre dois números reais existem infinitos números. que, multiplicado por 3, resulta em 324.
Entre os conjuntos números reais, temos: 324 = 3 · 108
R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos.
R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos. – O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número
R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos. inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523.
R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos. 523 = 2 · ?”
R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos.
• Múltiplos de 4
— Múltiplos e Divisores Como vimos, para determinar os múltiplos do número 4, deve-
Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural mos multiplicar o número 4 por números inteiros. Assim:
estendem-se para o conjunto dos números inteiros2. Quando tra- 4·1=4
tamos do assunto múltiplos e divisores, referimo-nos a conjuntos 4·2=8
numéricos que satisfazem algumas condições. Os múltiplos são en- 4 · 3 = 12
contrados após a multiplicação por números inteiros, e os divisores 4 · 4 = 16
são números divisíveis por um certo número. 4 · 5 = 20
Devido a isso, encontraremos subconjuntos dos números in- 4 · 6 = 24
teiros, pois os elementos dos conjuntos dos múltiplos e divisores 4 · 7 = 28
são elementos do conjunto dos números inteiros. Para entender o 4 · 8 = 32
que são números primos, é necessário compreender o conceito de 4 · 9 = 36
divisores. 4 · 10 = 40
4 · 11 = 44
Múltiplos de um Número 4 · 12 = 48
Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número a é
múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k tal que ...
a = b · k. Desse modo, o conjunto dos múltiplos de a é obtido multi-
plicando a por todos os números inteiros, os resultados dessas mul- Portanto, os múltiplos de 4 são:
tiplicações são os múltiplos de a. M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … }
Por exemplo, listemos os 12 primeiros múltiplos de 2. Para isso
temos que multiplicar o número 2 pelos 12 primeiros números in- Divisores de um Número
teiros, assim: Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que
2·1=2 b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão
2·2=4 entre b e a é exata (deve deixar resto 0).
2·3=6 Veja alguns exemplos:
2·4=8 – 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
2 · 5 = 10 – 63 é múltiplo de 3, logo, 3 é divisor de 63.
2 · 6 = 12 – 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121.
2 · 7 = 14
2 · 8 = 16 Para listar os divisores de um número, devemos buscar os nú-
2 · 9 = 18 meros que o dividem. Veja:
2 · 10 = 20 – Liste os divisores de 2, 3 e 20.
2 · 11 = 22 D(2) = {1, 2}
2 · 12 = 24 D(3) = {1, 3}
D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20}
Portanto, os múltiplos de 2 são:
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24} Observe que os números da lista dos divisores sempre são di-
visíveis pelo número em questão e que o maior valor que aparece
Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas nessa lista é o próprio número, pois nenhum número maior que ele
poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista de será divisível por ele.
múltiplos é dada pela multiplicação de um número por todos os Por exemplo, nos divisores de 30, o maior valor dessa lista é o
inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito. próprio 30, pois nenhum número maior que 30 será divisível por
Para verificar se um número é ou não múltiplo de outro, de- ele. Assim:
vemos encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação D(30) = {1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30}.
entre eles resulte no primeiro número. Veja os exemplos:

2 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
Editora
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MATEMÁTICA

Propriedade dos Múltiplos e Divisores Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as divi-
Essas propriedades estão relacionadas à divisão entre dois in- sões com os próximos números primos menores que o número até
teiros. Observe que quando um inteiro é múltiplo de outro, é tam- que:
bém divisível por esse outro número. – Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número
Considere o algoritmo da divisão para que possamos melhor não é primo.
compreender as propriedades. – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o quo-
N = d · q + r, em que q e r são números inteiros. ciente for menor que o divisor, então o número é primo.
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
Lembre-se de que: quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
N: dividendo;
d, divisor; Exemplo: verificar se o número 113 é primo.
q: quociente; Sobre o número 113, temos:
r: resto. – Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é
divisível por 2;
– Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N – r) – A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número
é múltipla do divisor, ou o número d é divisor de (N – r). divisível por 3;
– Propriedade 2: (N – r + d) é um múltiplo de d, ou seja, o nú- – Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5.
mero d é um divisor de (N – r + d).
Veja o exemplo: Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber
Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a
resto r = 5. operação de divisão.
Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que
as propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível Divisão pelo número primo 7:
por 8 e:
528 = 8 · 66

— Números Primos
Os números primos são aqueles que apresentam apenas dois
divisores: um e o próprio número3. Eles fazem parte do conjunto
dos números naturais.
Por exemplo, 2 é um número primo, pois só é divisível por um
e ele mesmo.
Quando um número apresenta mais de dois divisores eles são
chamados de números compostos e podem ser escritos como um Divisão pelo número primo 11:
produto de números primos.
Por exemplo, 6 não é um número primo, é um número com-
posto, já que tem mais de dois divisores (1, 2 e 3) e é escrito como
produto de dois números primos 2 x 3 = 6.
Algumas considerações sobre os números primos:
– O número 1 não é um número primo, pois só é divisível por
ele mesmo;
– O número 2 é o menor número primo e, também, o único Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente
que é par; é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
– O número 5 é o único número primo terminado em 5;
– Os demais números primos são ímpares e terminam com os
ÁLGEBRA: EQUAÇÕES DE 1º E 2º GRAUS; FUNÇÕES ELE-
algarismos 1, 3, 7 e 9.
MENTARES, SUAS REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS E APLICA-
ÇÕES: LINEARES, QUADRÁTICAS, EXPONENCIAIS, LOGA-
Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando
RÍTMICAS E TRIGONOMÉTRICAS
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo, veja
alguns critérios de divisibilidade:
– Divisibilidade por 2: todo número cujo algarismo da unidade
é par é divisível por 2; EQUAÇÕES DO 1º GRAU
– Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 se a soma
dos seus algarismos é um número divisível por 3; — Equação do 1° Grau
– Divisibilidade por 5: um número será divisível por 5 quando o Na Matemática, a equação é uma igualdade que envolve uma
algarismo da unidade for igual a 0 ou 5. ou mais incógnitas4. Quem determina o “grau” dessa equação é
o expoente dessa incógnita, ou seja, se o expoente for 1, temos a
equação do 1º grau. Se o expoente for 2, a equação será do 2º grau;
se o expoente for 3, a equação será de 3º grau. Exemplos:
3 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/ 4 https://escolakids.uol.com.br/matematica/equacao-primeiro-grau.
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MATEMÁTICA

4x + 2 = 16 (equação do 1º grau)
x² + 2x + 4 = 0 (equação do 2º grau)
x³ + 2x² + 5x – 2 = 0 (equação do 3º grau)

A equação do 1º grau é apresentada da seguinte forma:

4° exemplo:
É importante dizer que a e b representam qualquer número Esse exemplo envolve números negativos e, antes de passar o
real e a é diferente de zero (a 0). A incógnita x pode ser representa- número para o outro lado, devemos sempre deixar o lado da incóg-
da por qualquer letra, contudo, usualmente, utilizamos x ou y como nita positivo, por isso vamos multiplicar toda a equação por -1.
valor a ser encontrado para o resultado da equação. O primeiro
membro da equação são os números do lado esquerdo da igualda-
de, e o segundo membro, o que estão do lado direito da igualdade.

Como resolver uma equação do primeiro grau


Para resolvermos uma equação do primeiro grau, devemos Passando o número 3, que está multiplicando x, para o outro
achar o valor da incógnita (que vamos chamar de x) e, para que isso lado, teremos:
seja possível, é só isolar o valor do x na igualdade, ou seja, o x deve
ficar sozinho em um dos membros da equação.
O próximo passo é analisar qual operação está sendo feita no
mesmo membro em que se encontra x e “jogar” para o outro lado
da igualdade fazendo a operação oposta e isolando x.
1° exemplo:
— Propriedade Fundamental das Equações
A propriedade fundamental das equações é também chamada
de regra da balança. Não é muito utilizada no Brasil, mas tem a van-
tagem de ser uma única regra. A ideia é que tudo que for feito no
Nesse caso, o número que aparece do mesmo lado de x é o 4 e primeiro membro da equação deve também ser feito no segundo
ele está somando. Para isolar a incógnita, ele vai para o outro lado membro com o objetivo de isolar a incógnita para se obter o resul-
da igualdade fazendo a operação inversa (subtração): tado. Veja a demonstração nesse exemplo:

2° exemplo: Começaremos com a eliminação do número 12. Como ele está


somando, vamos subtrair o número 12 nos dois membros da equa-
ção:

O número que está do mesmo lado de x é o 12 e ele está sub-


traindo. Nesse exemplo, ele vai para o outro lado da igualdade com Para finalizar, o número 3 que está multiplicando a incógnita
a operação inversa, que é a soma: será dividido por 3 nos dois membros da equação:

3° exemplo:

EQUAÇÃO DO 2° GRAU
Vamos analisar os números que estão no mesmo lado da incóg-
nita, o 4 e o 2. O número 2 está somando e vai para o outro lado da Toda equação que puder ser escrita na forma ax2 + bx + c = 0
igualdade subtraindo e o número 4, que está multiplicando, passa será chamada equação do segundo grau5. O único detalhe é que
para o outro lado dividindo. a, b e c devem ser números reais, e a não pode ser igual a zero em
hipótese alguma.
Uma equação é uma expressão que relaciona números conhe-
cidos (chamados coeficientes) a números desconhecidos (chama-
dos incógnitas), por meio de uma igualdade. Resolver uma equação
htm#:~:text=Na%20Matem%C3%A1tica%2C%20a%20equa%C3%A7%- 5 https://escolakids.uol.com.br/matematica/equacoes-segundo-grau.
C3%A3o%20%C3%A9,equa%C3%A7%C3%A3o%20ser%C3%A1%20 htm#:~:text=Toda%20equa%C3%A7%C3%A3o%20que%20puder%20
de%203%C2%BA%20grau. ser,a%20zero%20em%20hip%C3%B3tese%20alguma.
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é usar as propriedades dessa igualdade para descobrir o valor nu- — Quantidade de soluções de uma equação
mérico desses números desconhecidos. Como eles são representa- As equações do segundo grau podem ter até duas soluções re-
dos pela letra x, podemos dizer que resolver uma equação é encon- ais7. Por meio do discriminante, é possível descobrir quantas solu-
trar os valores que x pode assumir, fazendo com que a igualdade ções a equação terá. Muitas vezes, o exercício solicita isso em vez
seja verdadeira. de perguntar quais as soluções de uma equação. Então, nesse caso,
não é necessário resolvê-la, mas apenas fazer o seguinte:
— Como resolver equações do 2º grau? Se Δ < 0, a equação não possui soluções reais.
Conhecemos como soluções ou raízes da equação ax² + bx + c = Se Δ = 0, a equação possui apenas uma solução real.
0 os valores de x que fazem com que essa equação seja verdadeira6. Se Δ > 0, a equação possui duas soluções reais.
Uma equação do 2º grau pode ter no máximo dois números reais
que sejam raízes dela. Para resolver equações do 2º grau comple- Isso acontece porque, na fórmula de Bhaskara, calcularemos a
tas, existem dois métodos mais comuns: raiz de Δ. Se o discriminante é negativo, é impossível calcular essas
- Fórmula de Bhaskara; raízes.
- Soma e produto.
3) Encontrar as soluções da equação
O primeiro método é bastante mecânico, o que faz com que Para encontrar as soluções de uma equação do segundo grau
muitos o prefiram. Já para utilizar o segundo, é necessário o conhe- usando fórmula de Bhaskara, basta substituir coeficientes e discri-
cimento de múltiplos e divisores. Além disso, quando as soluções minante na seguinte expressão:
da equação são números quebrados, soma e produto não é uma
alternativa boa.

— Fórmula de Bhaskara

1) Determinar os coeficientes da equação Observe a presença de um sinal ± na fórmula de Bhaskara. Esse


Os coeficientes de uma equação são todos os números que não sinal indica que deveremos fazer um cálculo para √Δ positivo e outro
são a incógnita dessa equação, sejam eles conhecidos ou não. Para para √Δ negativo. Ainda no exemplo 4x2 – 4x – 24 = 0, substituire-
isso, é mais fácil comparar a equação dada com a forma geral das mos seus coeficientes e seu discriminante na fórmula de Bhaskara:
equações do segundo grau, que é: ax2 + bx + c = 0. Observe que o
coeficiente “a” multiplica x2, o coeficiente “b” multiplica x, e o coe-
ficiente “c” é constante.
Por exemplo, na seguinte equação:
x² + 3x + 9 = 0

O coeficiente a = 1, o coeficiente b = 3 e o coeficiente c = 9.

Na equação:
– x² + x = 0

O coeficiente a = – 1, o coeficiente b = 1 e o coeficiente c = 0.


2) Encontrar o discriminante
O discriminante de uma equação do segundo grau é represen-
tado pela letra grega Δ e pode ser encontrado pela seguinte fór-
mula: Então, as soluções dessa equação são 3 e – 2, e seu conjunto de
Δ = b² – 4·a·c solução é: S = {3, – 2}.

Nessa fórmula, a, b e c são os coeficientes da equação do se- — Soma e Produto


gundo grau. Na equação: 4x² – 4x – 24 = 0, por exemplo, os coefi- Nesse método é importante conhecer os divisores de um nú-
cientes são: a = 4, b = – 4 e c = – 24. Substituindo esses números na mero. Ele se torna interessante quando as raízes da equação são
fórmula do discriminante, teremos: números inteiros, porém, quando são um número decimal, esse
Δ = b² – 4 · a · c método fica bastante complicado.
Δ= (– 4)² – 4 · 4 · (– 24) A soma e o produto é uma relação entre as raízes x1 e x2 da
Δ = 16 – 16 · (– 24) equação do segundo grau, logo devemos buscar quais são os possí-
Δ = 16 + 384 veis valores para as raízes que satisfazem a seguinte relação:
Δ = 400

6 https://www.preparaenem.com/matematica/equacao-do-2-grau. 7 https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/discriminante-u-
htm ma-equacao-segundo-grau.htm
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Como Resolver Equações do 2º Grau Incompletas


Para encontrar as soluções de uma equação do 2º grau, é bas-
tante comum a utilização da fórmula de Bhaskara, porém existem
métodos específicos para cada um dos casos de equações incom-
pletas, a seguir veremos cada um deles.

Exemplo: Encontre as soluções para a equação x² – 5x + 6 = 0. Quando c = 0


1º passo: encontrar a, b e c. Quando o c = 0, a equação do 2º grau é incompleta e é uma
a=1 equação do tipo ax² + bx = 0. Para encontrar seu conjunto de solu-
b = -5 ções, colocamos a variável x em evidência, reescrevendo essa equa-
c=6 ção como uma equação produto. Vejamos um exemplo a seguir.
Exemplo: Encontre as soluções da equação 2x² + 5x = 0.
2º passo: substituir os valores de a, b e c na fórmula. 1º passo: colocar x em evidência.
Reescrevendo a equação colocando x em evidência, temos que:
2x² + 5x = 0
x · (2x + 5) = 0

2º passo: separar a equação produto em dois casos.


Para que a multiplicação entre dois números seja igual a zero,
um deles tem que ser igual a zero, no caso, temos que:
x · (2x + 5) = 0
x = 0 ou 2x + 5 = 0

3º passo: encontrar as soluções.


Já encontramos a primeira solução, x = 0, agora falta encontrar
3º passo: encontrar o valor de x1 e x2 analisando a equação. o valor de x que faz com que 2x + 5 seja igual a zero, então, temos
Nesse caso, estamos procurando dois números cujo produto que:
seja igual a 6 e a soma seja igual a 5. 2x + 5 = 0
Os números cuja multiplicação é igual a 6 são: 2x = -5
I. 6 x 1 = 6 x = -5/2
II. 3 x 2 =6
III. (-6) x (-1) = 6 Então encontramos as duas soluções da equação, x = 0 ou x =
IV. (-3) x (-2) = 6 -5/2.

Dos possíveis resultados, vamos buscar aquele em que a soma Quando b = 0


seja igual a 5. Note que somente a II possui soma igual a 5, logo as Quando b = 0, encontramos uma equação incompleta do tipo
raízes da equação são x1 = 3 e x2 = 2. ax² + c = 0. Nesse caso, vamos isolar a variável x até encontrar as
possíveis soluções da equação. Vejamos um exemplo:
— Equação do 2º Grau Incompleta Exemplo: Encontre as soluções da equação 3x² – 12 = 0.
Equação do 2º grau é incompleta quando ela possui b e/ou c Para encontrar as soluções, vamos isolar a variável.
iguais a zero4. Existem três tipos dessas equações, cada um com um 3x² – 12 = 0
método mais adequado para sua resolução. 3x² = 12
Uma equação do 2º grau é conhecida como incompleta quando x² = 12 : 3
um dos seus coeficientes, b ou c, é igual a zero. Existem três casos x² = 4
possíveis de equações incompletas, que são:
- Equações que possuem b = 0, ou seja, ax² + c = 0; Ao extrair a raiz no segundo membro, é importante lembrar
- Equações que possuem c = 0, ou seja, ax² + bx = 0; que existem sempre dois números e que, ao elevarmos ao quadra-
- Equações em que b = 0 e c = 0, então a equação será ax² = 0. do, encontramos como solução o número 4 e, por isso, colocamos
o símbolo de ±.
Em cada caso, é possível utilizar métodos diferentes para x = ±√4
encontrar o conjunto de soluções da equação. Por mais que seja x = ±2
possível resolvê-la utilizando a fórmula de Bhaskara, os métodos Então as soluções possíveis são x = 2 e x = -2.
específicos de cada equação incompleta acabam sendo menos tra-
balhosos. A diferença entre a equação completa e a equação in- Quando b = 0 e c = 0
completa é que naquela todos os coeficientes são diferentes de 0, Quando tanto o coeficiente b quanto o coeficiente c são iguais
já nesta pelo menos um dos seus coeficientes é zero. a zero, a equação será do tipo ax² = 0 e terá sempre como única
solução x = 0. Vejamos um exemplo a seguir.
Exemplo:
3x² = 0
x² = 0 : 3
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x² = 0 - O conjunto imagem é {2, 4, 6, 8}.


x = ±√0
x = ±0 Tipos de Funções
x=0 As funções recebem classificações de acordo com suas proprie-
dades. Confira a seguir os principais tipos.

FUNÇÕES Função Sobrejetora


Na função sobrejetora o contradomínio é igual ao conjunto
Na Matemática, função corresponde a uma associação dos ele- imagem. Portanto, todo elemento de B é imagem de pelo menos
mentos de dois conjuntos, ou seja, a função indica como os elemen- um elemento de A.
tos estão relacionados8. Notação: f: A → B, ocorre a Im(f) = B
Por exemplo, uma função de A em B significa associar cada ele-
mento pertencente ao conjunto A a um único elemento que com- Exemplo:
põe o conjunto B, sendo assim, um valor de A não pode estar ligado
a dois valores de B.

Notação para função: f: A → B (lê-se: f de A em B). Para a função acima:


- O domínio é {-4, -2, 2, 3};
— Representação das Funções - O contradomínio é {12, 4, 6};
Em uma função f: A → B o conjunto A é chamado de domínio - O conjunto imagem é {12, 4, 6}.
(D) e o conjunto B recebe o nome de contradomínio (CD).
Um elemento de B relacionado a um elemento de A recebe o Função Injetora
nome de imagem pela função. Agrupando todas as imagens de B Na função injetora todos os elementos de A possuem corres-
temos um conjunto imagem, que é um subconjunto do contrado- pondentes distintos em B e nenhum dos elementos de A comparti-
mínio. lham de uma mesma imagem em B. Entretanto, podem existir ele-
mentos em B que não estejam relacionados a nenhum elemento
Exemplo: observe os conjuntos A = {1, 2, 3, 4} e B = {1, 2, 3, 4, 5, de A.
6, 7, 8}, com a função que determina a relação entre os elementos
f: A → B é x → 2x. Sendo assim, f(x) = 2x e cada x do conjunto A é Exemplo:
transformado em 2x no conjunto B.

Para a função acima:


Note que o conjunto de A {1, 2, 3, 4} são as entradas, “multipli- - O domínio é {0, 3, 5};
car por 2” é a função e os valores de B {2, 4, 6, 8}, que se ligam aos - O contradomínio é {1, 2, 5, 8};
elementos de A, são os valores de saída. - O conjunto imagem é {1, 5, 8}.
Portanto, para essa função:
- O domínio é {1, 2, 3, 4};
- O contradomínio é {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8};
8 https://www.todamateria.com.br/funcao/
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Função Bijetora Os pontos escolhidos e o gráfico da f (x) são apresentados na


Na função bijetora os conjuntos apresentam o mesmo número imagem abaixo:
de elementos relacionados. Essa função recebe esse nome por ser
ao mesmo tempo injetora e sobrejetora.

Exemplo:

Para a função acima:


No exemplo, utilizamos vários pontos para construir o gráfico,
- O domínio é {-1, 1, 2, 4};
entretanto, para definir uma reta bastam dois pontos.
- O contradomínio é {2, 3, 5, 7};
Para facilitar os cálculos podemos, por exemplo, escolher os
- O conjunto imagem é {2, 3, 5, 7}.
pontos (0,y) e (x,0). Nestes pontos, a reta da função corta o eixo Ox
e Oy respectivamente.
Função Afim
A função afim, também chamada de função do 1º grau, é uma
Coeficiente Linear e Angular
função f: ℝ→ℝ, definida como f(x) = ax + b, sendo a e b números
Como o gráfico de uma função afim é uma reta, o coeficiente
reais9. As funções f(x) = x + 5, g(x) = 3√3x - 8 e h(x) = 1/2 x são exem-
a de x é também chamado de coeficiente angular. Esse valor repre-
plos de funções afim.
senta a inclinação da reta em relação ao eixo Ox.
Neste tipo de função, o número a é chamado de coeficiente de
O termo constante b é chamado de coeficiente linear e repre-
x e representa a taxa de crescimento ou taxa de variação da função.
senta o ponto onde a reta corta o eixo Oy. Pois sendo x = 0, temos:
Já o número b é chamado de termo constante.
y = a.0 + b ⇒ y = b
Gráfico de uma Função do 1º grau
O gráfico de uma função polinomial do 1º grau é uma reta oblí-
Quando uma função afim apresentar o coeficiente angular
qua aos eixos Ox e Oy. Desta forma, para construirmos seu gráfico
igual a zero (a = 0) a função será chamada de constante. Neste caso,
basta encontrarmos pontos que satisfaçam a função.
o seu gráfico será uma reta paralela ao eixo Ox.
Abaixo representamos o gráfico da função constante f (x) = 4:
Exemplo: Construa o gráfico da função f (x) = 2x + 3.
Para construir o gráfico desta função, vamos atribuir valores
arbitrários para x, substituir na equação e calcular o valor corres-
pondente para a f (x).
Sendo assim, iremos calcular a função para os valores de x
iguais a: - 2, - 1, 0, 1 e 2. Substituindo esses valores na função, te-
mos:
f (- 2) = 2. (- 2) + 3 = - 4 + 3 = - 1
f (- 1) = 2 . (- 1) + 3 = - 2 + 3 = 1
f (0) = 2 . 0 + 3 = 3
f (1) = 2 . 1 + 3 = 5
f (2) = 2 . 2 + 3 = 7

Ao passo que, quando b = 0 e a = 1 a função é chamada de


função identidade. O gráfico da função f (x) = x (função identidade)
é uma reta que passa pela origem (0,0).
9 https://www.todamateria.com.br/funcao-afim/
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MATEMÁTICA

Além disso, essa reta é bissetriz do 1º e 3º quadrantes, ou seja, divide os quadrantes em dois ângulos iguais, conforme indicado na
imagem abaixo:

Temos ainda que, quando o coeficiente linear é igual a zero (b = 0), a função afim é chamada de função linear. Por exemplo as funções
f (x) = 2x e g (x) = - 3x são funções lineares.
O gráfico das funções lineares são retas inclinadas que passam pela origem (0,0).
Representamos abaixo o gráfico da função linear f (x) = - 3x:

Função Crescente e Decrescente


Uma função é crescente quando ao atribuirmos valores cada vez maiores para x, o resultado da f (x) será também cada vez maior.
Já a função decrescente é aquela que ao atribuirmos valores cada vez maiores para x, o resultado da f (x) será cada vez menor.
Para identificar se uma função afim é crescente ou decrescente, basta verificar o valor do seu coeficiente angular.
Se o coeficiente angular for positivo, ou seja, a é maior que zero, a função será crescente. Ao contrário, se a for negativo, a função será
decrescente.
Por exemplo, a função 2x - 4 é crescente, pois a = 2 (valor positivo). Entretanto, a função - 2x + - 4 é decrescente visto que a = - 2 (ne-
gativo). Essas funções estão representadas nos gráficos abaixo:

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FUNÇÃO QUADRÁTICA

A função quadrática, também chamada de função polinomial de 2º grau, é uma função representada pela seguinte expressão10:
f(x) = ax² + bx + c

Onde a, b e c são números reais e a ≠ 0.

Exemplo:
f(x) = 2x² + 3x + 5,

sendo,
a=2
b=3
c=5

Nesse caso, o polinômio da função quadrática é de grau 2, pois é o maior expoente da variável.

— Como resolver uma função quadrática


Confira abaixo o passo-a-passo por meio um exemplo de resolução da função quadrática:

Exemplo: Determine a, b e c na função quadrática dada por: f(x) = ax² + bx + c, sendo:


f (-1) = 8
f (0) = 4
f (2) = 2

Primeiramente, vamos substituir o x pelos valores de cada função e assim teremos:


f (-1) = 8
a (-1)² + b (–1) + c = 8
a - b + c = 8 (equação I)

f (0) = 4
a . 0² + b . 0 + c = 4
c = 4 (equação II)

f (2) = 2
a . 2² + b . 2 + c = 2
4a + 2b + c = 2 (equação III)

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92
92
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MATEMÁTICA

Pela segunda função f (0) = 4, já temos o valor de c = 4. Substituindo esses valores na fórmula de Bhaskara, temos:
Assim, vamos substituir o valor obtido para c nas equações I e
III para determinar as outras incógnitas (a e b):

(Equação I)
a-b+4=8
a-b=4
a=b+4
Já que temos a equação de a pela Equação I, vamos substituir
na III para determinar o valor de b:

(Equação III)
4a + 2b + 4 = 2
Portanto, as raízes são 2 e 3.
4a + 2b = - 2
Observe que a quantidade de raízes de uma função quadrática
4 (b + 4) + 2b = - 2
vai depender do valor obtido pela expressão: Δ = b² – 4. ac, o qual é
4b + 16 + 2b = - 2
chamado de discriminante.
6b = - 18
b=-3
Assim,
- Se Δ > 0, a função terá duas raízes reais e distintas (x1 ≠ x2);
Por fim, para encontrar o valor de a substituímos os valores de
- Se Δ < 0, a função não terá uma raiz real;
b e c que já foram encontrados. Logo:
- Se Δ = 0, a função terá duas raízes reais e iguais (x1 = x2).
(Equação I)
— Gráfico da Função Quadrática
a-b+c=8
O gráfico das funções do 2º grau são curvas que recebem o
a - (- 3) + 4 = 8
nome de parábolas. Diferente das funções do 1º grau, onde conhe-
a=-3+4
cendo dois pontos é possível traçar o gráfico, nas funções quadráti-
a=1
cas são necessários conhecer vários pontos.
A curva de uma função quadrática corta o eixo x nas raízes ou
Sendo assim, os coeficientes da função quadrática dada são:
zeros da função, em no máximo dois pontos dependendo do valor
a=1
do discriminante (Δ). Assim, temos:
b=-3
- Se Δ > 0, o gráfico cortará o eixo x em dois pontos;
c=4
- Se Δ < 0, o gráfico não cortará o eixo x;
- Se Δ = 0, a parábola tocará o eixo x em apenas um ponto.
— Raízes da Função
As raízes ou zeros da função do segundo grau representam aos
Existe ainda um outro ponto, chamado de vértice da parábola,
valores de x tais que f(x) = 0. As raízes da função são determinadas
que é o valor máximo ou mínimo da função. Este ponto é encontra-
pela resolução da equação de segundo grau:
do usando-se a seguinte fórmula:
f(x) = ax² +bx + c = 0

Para resolver a equação do 2º grau podemos utilizar vários


métodos, sendo um dos mais utilizados é aplicando a Fórmula de
Bhaskara, ou seja: O vértice irá representar o ponto de valor máximo da função
quando a parábola estiver voltada para baixo e o valor mínimo
quando estiver para cima.
É possível identificar a posição da concavidade da curva anali-
sando apenas o sinal do coeficiente a. Se o coeficiente for positivo,
a concavidade ficará voltada para cima e se for negativo ficará para
Exemplo: Encontre os zeros da função f(x) = x² – 5x + 6. baixo, ou seja:
Sendo:
a=1
b=–5
c=6

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MATEMÁTICA

Assim, para fazer o esboço do gráfico de uma função do 2º grau, podemos analisar o valor do a, calcular os zeros da função, seu vértice
e o ponto em que a curva corta o eixo y, ou seja, quando x = 0.
A partir dos pares ordenados dados (x, y), podemos construir a parábola num plano cartesiano, por meio da ligação entre os pontos
encontrados.

FUNÇÃO EXPONENCIAL

Função Exponencial é aquela que a variável está no expoente e cuja base é sempre maior que zero e diferente de um11.
Essas restrições são necessárias, pois 1 elevado a qualquer número resulta em 1. Assim, em vez de exponencial, estaríamos diante de
uma função constante.
Além disso, a base não pode ser negativa, nem igual a zero, pois para alguns expoentes a função não estaria definida.
Por exemplo, a base igual a - 3 e o expoente igual a 1/2. Como no conjunto dos números reais não existe raiz quadrada de número
negativo, não existiria imagem da função para esse valor.

Exemplos:
f(x) = 4x
f(x) = (0,1)x
f(x) = (⅔)x

Nos exemplos acima 4, 0,1 e ⅔ são as bases, enquanto x é o expoente.

— Gráfico da Função Exponencial


O gráfico desta função passa pelo ponto (0,1), pois todo número elevado a zero é igual a 1. Além disso, a curva exponencial não toca
no eixo x.
Na função exponencial a base é sempre maior que zero, portanto, a função terá sempre imagem positiva. Assim sendo, não apresenta
pontos nos quadrantes III e IV (imagem negativa).
Abaixo representamos o gráfico da função exponencial.

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MATEMÁTICA

— Função Crescente ou Decrescente


A função exponencial pode ser crescente ou decrescente.
Será crescente quando a base for maior que 1. Por exemplo, a função y = 2x é uma função crescente.

Para constatar que essa função é crescente, atribuímos valores para x no expoente da função e encontramos a sua imagem. Os valores
encontrados estão na tabela abaixo.

Observando a tabela, notamos que quando aumentamos o valor de x, a sua imagem também aumenta. Abaixo, representamos o
gráfico desta função.

Por sua vez, as funções cujas bases são valores maiores que zero e menores que 1, são decrescentes. Por exemplo, f(x) = (1/2)x é uma
função decrescente.

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MATEMÁTICA

Calculamos a imagem de alguns valores de x e o resultado en-


contra-se na tabela abaixo.

Exemplos:
f (x) = log3 x

g (x) =

h (x) = log10 x = log x

— Gráfico da Função Logarítmica


De uma forma geral, o gráfico da função y = loga x está localiza-
do no I e IV quadrantes, pois a função só é definida para x > 0.
Além disso, a curva da função logarítmica não toca o eixo y e
corta o eixo x no ponto de abscissa igual a 1, pois y = loga 1 = 0, para
Notamos que para esta função, enquanto os valores de x au-
qualquer valor de a.
mentam, os valores das respectivas imagens diminuem. Desta for-
ma, constatamos que a função f(x) = (1/2)x é uma função decres-
Abaixo, apresentamos o esboço do gráfico da função logarít-
cente.
mica.
Com os valores encontrados na tabela, traçamos o gráfico des-
sa função. Note que quanto maior o x, mais perto do zero a curva
exponencial fica.

— Função Crescente e Decrescente


Uma função logarítmica será crescente quando a base a for
maior que 1, ou seja, x1 < x2 ⇔ loga x1 < loga x2. Por exemplo, a fun-
ção f (x) = log2 x é uma função crescente, pois a base é igual a 2.
— Função Logarítmica Para verificar que essa função é crescente, atribuímos valores
A função logarítmica de base a é definida como f (x) = loga x, para x na função e calculamos a sua imagem. Os valores encontra-
com a real, positivo e a ≠ 112. A função inversa da função logarítmica dos estão na tabela abaixo.
é a função exponencial.
O logaritmo de um número é definido como o expoente ao qual
se deve elevar a base a para obter o número x, ou seja:

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MATEMÁTICA

Notamos que, enquanto os valores de x aumentam, os valores das


respectivas imagens diminuem. Desta forma, constatamos que a
função é uma função decrescente.

Com os valores encontrados na tabela, traçamos o gráfico des-


sa função. Note que quanto menor o valor de x, mais perto do zero
a curva logarítmica fica, sem, contudo, cortar o eixo y.

Observando a tabela, notamos que quando o valor de x au-


menta, a sua imagem também aumenta. Abaixo, representamos o
gráfico desta função.

PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E GEOMÉTRICAS

— Sequência Numérica
Na matemática, a sequência numérica ou sucessão numérica
corresponde a uma função dentro de um agrupamento de núme-
ros.
De tal modo, os elementos agrupados numa sequência numéri-
ca seguem uma sucessão, ou seja, uma ordem no conjunto13.
Por sua vez, as funções cujas bases são valores maiores que zero e
menores que 1 são decrescentes, ou seja, x1 < x2 ⇔ loga x1 > loga — Classificação
x2. Por exemplo, é uma função decrescente, pois As sequências numéricas podem ser finitas ou infinitas, por
exemplo:
a base é igual a .
SF = (2, 4, 6, ..., 8).
SI = (2,4,6,8...).
Calculamos a imagem de alguns valores de x desta função e o
resultado encontra-se na tabela abaixo:
Note que quando as sequências são infinitas, elas são indicadas
pelas reticências no final. Além disso, vale lembrar que os elemen-
tos da sequência são indicados pela letra a. Por exemplo:
1° elemento: a1 = 2.
4° elemento: a4 = 8.

O último termo da sequência é chamado de enésimo, sendo


representado por an. Nesse caso, o an da sequência finita acima se-
ria o elemento 8.
Assim, podemos representá-la da seguinte maneira:
SF = (a1, a2, a3,...,an).
SI = (a1, a2, a3, an...).

— Lei de Formação
A Lei de Formação ou Termo Geral é utilizada para calcular
qualquer termo de uma sequência, expressa pela expressão:
an = 2n² - 1

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MATEMÁTICA

— Lei de Recorrência Onde, n é o número de termos da sequência, a1 é o primeiro


A Lei da Recorrência permite calcular qualquer termo de uma termo e an é o enésimo termo. A fórmula é útil para resolver ques-
sequência numérica a partir de elementos antecessores: tões em que são dados o primeiro e o último termo.
an = an-1, an-2,...a1 Quando um problema apresentar o primeiro termo e a razão
da PA, você pode utilizar a fórmula:
— Progressão Aritmética (PA)

Uma progressão aritmética é uma sequência formada por ter-


mos que se diferenciam um do outro por um valor constante, que
recebe o nome de razão, calculado por14:
r = a2 – a1 Essas duas fórmulas são utilizadas para somar os termos de
uma PA finita.
Onde:
r é a razão da PA; Termo médio da PA
a2 é o segundo termo; Para determinar o termo médio ou central de uma PA com um
a1 é o primeiro termo. número ímpar de termos calculamos a média aritmética com o pri-
meiro e último termo (a1 e an):

Sendo assim, os termos de uma progressão aritmética podem


ser escritos da seguinte forma:

Já o termo médio entre três números consecutivos de uma PA


Note que em uma PA de n termos a fórmula do termo geral (an) corresponde à média aritmética do antecessor e do sucessor.
da sequência é: Exemplo: Dada a PA (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14) vamos determinar a
an = a1 + (n – 1) . r razão, o termo médio e a soma dos termos.
1. Razão da PA
Alguns casos particulares são: uma PA de 3 termos é represen-
tada por (x - r, x, x + r) e uma PA de 5 termos tem seus componentes
representados por (x - 2r, x - r, x, x + r, x + 2r).

Tipos de PA 2. Termo médio


De acordo com o valor da razão, as progressões aritméticas são
classificadas em 3 tipos:
1. Constante: quando a razão for igual a zero e os termos da
PA são iguais.
Exemplo: PA = (2, 2, 2, 2, 2, ...), onde r = 0

2. Crescente: quando a razão for maior que zero e um termo a


partir do segundo é maior que o anterior;
Exemplo: PA = (2, 4, 6, 8, 10, ...), onde r = 2 3. Soma dos termos

3. Decrescente: quando a razão for menor que zero e um termo


a partir do segundo é menor que o anterior.
Exemplo: PA = (4, 2, 0, - 2, - 4, ...), onde r = - 2

As progressões aritméticas ainda podem ser classificadas em


finitas, quando possuem um determinado número de termos, e in-
finitas, ou seja, com infinitos termos.
— Progressão Geométrica (PG)
Soma dos Termos de uma PA Uma progressão geométrica é formada quando uma sequência
A soma dos termos de uma progressão aritmética é calculada tem um fator multiplicador resultado da divisão de dois termos con-
pela fórmula: secutivos, chamada de razão comum, que é calculada por:

14 https://www.todamateria.com.br/pa-e-pg/
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MATEMÁTICA

Onde,
q é a razão da PG;
a2 é o segundo termo;
a1 é o primeiro termo.
Termo Médio da PG
Uma progressão geométrica de n termos pode ser representa- Para determinar o termo médio ou central de uma PG com um
da da seguinte forma: número ímpar de termos calculamos a média geométrica com o pri-
meiro e último termo (a1 e an):

Sendo a1 o primeiro termo, o termo geral da PG é calculado


por a1.q(n-1). Exemplo: Dada a PG (1, 3, 9, 27 e 81) vamos determinar a razão,
o termo médio e a soma dos termos.
Tipos de PG 1. Razão da PG
De acordo com o valor da razão (q), podemos classificar as Pro-
gressões Geométricas em 4 tipos:
1. Crescente: com a razão q > 1 e termos positivos ou, 0 < q < 1
e termos negativos;

Exemplos:
PG: (3, 9, 27, 81, ...), onde q = 3. 2. Termo médio
PG: (-90, -30, -15, -5, ...), onde q = 1/3.

2. Decrescente: com a razão q > 1 e termos negativos ou, 0 < q


< 1 e os termos positivos;

Exemplo:
PG: (-3, -9, -27, -81, ...), onde q = 3.
PG: (90, 30, 15, 5, ...), onde q = 1/3.

3. Oscilante: a razão é negativa (q < 0) e os termos são números Soma dos termos
negativos e positivos;
Exemplo: PG: (3, -6, 12, -24, 48, -96, …), onde q = - 2.

4. Constante: a razão é sempre igual a 1 e os termos possuem


o mesmo valor.

Exemplo: PG: (3, 3, 3, 3, 3, 3, 3, ...), onde q = 1.

Soma dos Termos de uma PG


A soma dos termos de uma progressão geométrica é calculada
pela fórmula:

Sendo a1 o primeiro termo, q a razão comum e n o número de


termos.
Se a razão da PG for menor que 1, então utilizaremos a fórmula
a seguir para determinar a soma dos termos. POLINÔMIOS

Os polinômios são expressões algébricas formadas por núme-


ros (coeficientes) e letras (partes literais)15. As letras de um poli-
nômio representam os valores desconhecidos da expressão. Exem-
Essas fórmulas são utilizadas para uma PG finita. Caso a soma plos:
pedida seja de uma PG infinita com 0 < q < 1, a fórmula utilizada é: a) 3ab + 5
b) x³ + 4xy - 2x²y³
c) 25x² - 9y²
15 https://www.todamateria.com.br/polinomios/
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— Monômio, Binômino e Trinômio Subtração de Polinômios


Os polinômios são formados por termos. A única operação en- O sinal de menos na frente dos parênteses inverte os sinais de
tre os elementos de um termo é a multiplicação. dentro dos parênteses. Após eliminar os parênteses, devemos jun-
Quando um polinômio possui apenas um termo, ele é chamado tar os termos semelhantes.
de monômio. (4x² - 5xk + 6k) - (3xk - 8k)
Exemplos: 4x² - 5xk + 6k - 3xk + 8k
a) 3x 4x² - 8xk + 14k
b) 5abc
c) x²y³z4 Multiplicação de Polinômios
Na multiplicação devemos multiplicar termo a termo. Na multi-
Os chamados binômios são polinômios que possuem somen- plicação de letras iguais, repete-se e soma-se os expoentes.
te dois monômios (dois termos), separados por uma operação de (3x² - 5x + 8) . (-2x + 1)
soma ou subtração. -6x³ + 3x² + 10x² - 5x - 16x + 8
-6x³ + 13x² - 21x + 8
Exemplos:
a) a² – b² Divisão de Polinômios
b) 3x + y
c) 5ab + 3cd²

Já os trinômios são polinômios que possuem três monômios


(três termos), separados por operações de soma ou subtração.

Exemplos:
a) x² + 3x + 7
b) 3ab - 4xy - 10y
c) m³n + m² + n4

— Grau dos Polinômios


O grau de um polinômio é dado pelos expoentes da parte li-
teral.
Para encontrar o grau de um polinômio devemos somar os ex-
poentes das letras que compõem cada termo. A maior soma será o
grau do polinômio.
Obs.: Na divisão de polinômios utilizamos o método chave. Pri-
Exemplos: meiramente realizamos a divisão entre os coeficientes numéricos e
a) 2x³ + y depois a divisão de potências de mesma base. Para isso, conserva-
O expoente do primeiro termo é 3 e do segundo termo é 1. -se a base e subtraia os expoentes.
Como o maior é 3, o grau do polinômio é 3.
— Fatoração de Polinômios
b) 4 x²y + 8x³y³ - xy4 Para realizar a fatoração de polinômios temos os seguintes ca-
Vamos somar os expoentes de cada termo: sos:
4x²y => 2 + 1 = 3
8x³y³ => 3 + 3 = 6 Fator Comum em Evidência
xy4 => 1 + 4 = 5 ax + bx = x (a + b)

Como a maior soma é 6, o grau do polinômio é 6. Exemplo:


Obs.: o polinômio nulo é aquele que possui todos os coeficien- 4x + 20 = 4 (x + 5)
tes iguais a zero. Quando isso ocorre, o grau do polinômio não é
definido. Agrupamento
ax + bx + ay + by = x . (a + b) + y . (a + b) = (x + y) . (a + b)
— Operações com Polinômios
Confira abaixo exemplos das operações entre polinômios. Exemplo:
8ax + bx + 8ay + by = x (8a + b) + y (8a + b) = (8a + b) . (x + y)
Adição de Polinômios
Fazemos essa operação somando os coeficientes dos termos Trinômio Quadrado Perfeito (Adição)
semelhantes (mesma parte literal). a² + 2ab + b² = (a + b)²
(- 7x³ + 5 x²y - xy + 4y) + (- 2x²y + 8xy - 7y)
- 7x³ + 5x²y - 2x²y - xy + 8xy + 4y - 7y Exemplo:
- 7x³ + 3x²y + 7xy - 3y x² + 6x + 9 = (x + 3)²

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MATEMÁTICA

Trinômio Quadrado Perfeito (Diferença) — Forma Algébrica de um Número Complexo


a² - 2ab + b² = (a - b)² A forma mais usual de representar números complexos é utili-
zando a forma algébrica ou, binomial.
Exemplo: A forma algébrica, de um número complexo z é:
x² - 2x + 1 = (x - 1)² z = x + yi

Diferença de Dois Quadrados Onde:


(a + b) . (a - b) = a² - b² - x é um número real indicado por: x = Re (Z), sendo a parte
real de z.
Exemplo: - y é um número real indicado por: y = Im (Z), sendo a parte
x² - 25 = (x + 5) . (x - 5) imaginária de z.

Cubo Perfeito (Adição) Exemplos:


a³ + 3ª²b + 3ab² + b³ = (a + b)³ z = 4 + 3i, onde 4 é a parte real e 3i a imaginária.
z = 8, onde 8 é a parte real e 0 a imaginária.
Exemplo: z = 16i, onde 0 é a parte real e 16i a imaginária. (Neste caso,
x³ + 6x² + 12x + 8 = x³ + 3 . x² . 2 + 3 . x . 22 + 23 = (x + 2)³ chama-se z de imaginário puro).

Cubo Perfeito (Diferença) — Conjugado de um Número Complexo


a³ - 3a²b + 3ab² - b³ = (a - b)³ O conjugado de um número complexo z = a + bi é definido por:

Exemplo:
y³ - 9y² + 27y - 27 = y³ - 3 . y² . 3 + 3 . y . 32 - 33 = (y - 3)³
Assim, troca-se o sinal de sua parte imaginária.
Exemplos:
Se z = 5 + 2i, então .
NÚMEROS COMPLEXOS Se z = 1 - 3i, então .
Se z = -15i, então .
Se z = 4. então .
Os números complexos são números compostos por uma parte
real e uma imaginária16.
Quando multiplicamos um número complexo por seu conjuga-
Eles representam o conjunto de todos os pares ordenados (x,
do, o resultado será um número real.
y), cujos elementos pertencem ao conjunto dos números reais (R).
O conjunto dos números complexos é indicado por reto núme-
— Igualdade entre Números Complexos
ros complexos, onde se definem as operações:
Sendo dois números complexos Z1 = (a, b) e Z2 = (c, d), eles são
Igualdade: (a, b) = (c, d) ↔ a = c e b = d
iguais quando a = c e b = d. Isso porque eles possuem partes reais e
Adição: (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d)
imaginárias idênticas. Assim:
Multiplicação: (a, b) . (c, d) = (ac – bd, ad + bc)
a + bi = c + di quando a = c e b = d
— Unidade Imaginária (i)
Indicado pela letra i, a unidade imaginária é o par ordenado (0,
Exemplo:
1). Logo:

Assim, i é a raiz quadrada de –1, pois: Então, = .

— Operações com Números Complexos


Com os números complexos é possível realizar as operações de
adição, subtração, multiplicação e divisão. Confira as definições e
exemplos:
Exemplo: Adição
Z1 + Z 2

(a + bi) + (c + di) = (a + c) + i (b + d)

16 https://www.todamateria.com.br/numeros-complexos/#:~:text=- Exemplo:
Os%20n%C3%BAmeros%20complexos%20s%C3%A3o%20n%C3%BA- (2 +3i) + (–4 + 5i)
meros,dos%20n%C3%BAmeros%20reais%20(R). (2 – 4) + i (3 + 5)
Editora
101
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

–2 + 8i :
2 – 5i/i
Subtração 2 – 5i/ . (– i)/ (– i)
Z1 – Z 2 –2i +5i²/–i²
5 – 2i
(a + bi) – (c + di) = (a – c) + i (b – d)
— Plano Complexo ou Plano de Argand-Gauss.
Exemplo: Os números complexos podem ser representados geometrica-
(4 – 5i) – (2 + i) mente no plano complexo.
(4 – 2) + i (–5 –1)
2 – 6i Dado um número complexo em sua forma algébrica, z = a + bi,
Multiplicação um ponto P no plano complexo tem as coordenadas P(a, b) repre-
Usamos a propriedade distributiva: senta este número complexo.
(a + bi) . (c + di) = ac + adi + bci + bdi² (lembre que i² = –1)
(a + bi) . (c + di) = ac + adi + bci – bd

Juntando as partes reais e imaginárias:


(a + bi) . (c + di) = (ac – bd) + i (ad + bc)

Exemplo:

— Módulo de um Número Complexo


O módulo ou, medida de comprimento, de um número complexo
é a distância entre a origem do sistema de coordenadas e o ponto
que o define no plano complexo. É representado por entre barras
verticais, |z| ou pela letra grega e definido como:

(4 + 3i) . (2 – 5i)
8 – 20i + 6i – 15i²
8 – 14i + 15 Esta definição vem do teorema de Pitágoras, aplicado no triân-
23 – 14i gulo retângulo OPa. |z| é a hipotenusa do triângulo.

Divisão
Z1/Z2 = Z3 MATRIZES, SISTEMAS LINEARES E APLICAÇÕES NA INFOR-
Z1 = Z 2 . Z 3 MÁTICA

Na igualdade acima, se Z3 = x + yi, temos:


Z1 = Z 2 . Z 3 — Matriz
Matriz é uma representação matemática que inclui em linhas
a + bi = (c + di) . (x + yi) (horizontais) e colunas (verticais) alguns números naturais não-nu-
a + bi = (cx – dy) + i (cy + dx) los17.
Os números, chamados de elementos, são representados entre
Pelo sistema das incógnitas x e y temos: parênteses ou colchetes.
cx – dy = a
dx + cy = b

Logo,
x = ac + bd/c² + d²
y = bc – ad/c² + d² 17 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-matrizes/
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102
102
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Matriz Oposta
Na matriz oposta, os elementos entre duas matrizes apresen-
tam sinais diferentes, por exemplo:

— Classificação das Matrizes


Há quatro tipos de matrizes especiais:

Matriz Linha: formada por uma única linha, por exemplo:


Matriz Identidade
A matriz identidade ocorre quando os elementos da diagonal
principal são todos iguais a 1 e os outros elementos são iguais a 0
(zero):

Matriz Coluna: formada por uma única coluna, por exemplo:

Matriz Inversa
A matriz inversa é uma matriz quadrada. Ela ocorre quando o
produto de duas matrizes for igual a uma matriz identidade quadra-
da de mesma ordem.

Matriz Nula: formada por elementos iguais a zero, por exem- A . B = B . A = In (quando a matriz B é inversa da matriz A)
plo:

Matriz Quadrada: formada pelo mesmo número de linhas e


colunas, por exemplo:

Obs.: Para encontrar a matriz inversa utiliza-se a multiplicação


de matrizes.

A é uma matriz quadrada 2 x 2 ou A é quadrada de ordem 2 — Igualdade de Matrizes


Quando temos matrizes iguais, os elementos das linhas e das
Matriz Transposta colunas são correspondentes:
A matriz transposta (indicada pela letra t) é aquela que apre-
senta os mesmos elementos de uma linha ou coluna comparada
com outra matriz.
No entanto, os elementos iguais entre as duas são invertidos,
ou seja, a linha de uma apresenta os mesmos elementos que a colu-
na de outra. Ou ainda, a coluna de uma possui os mesmos elemen- Para que as matrizes A e B sejam iguais os valores devem ser:
tos da linha de outra. a=3
b = -5
c=2
d=1

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103
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

— Multiplicação de Matrizes
A multiplicação de matrizes corresponde ao produto entre
duas matrizes18. O número de linhas da matriz é definido pela letra
m e o número de colunas pela letra n.
Já as letras i e j representam os elementos presentes nas linhas
e colunas respectivamente.

Exemplo: A3x3 (a matriz A possui três linhas e três colunas).

Assim, a matriz C genérica é:


Obs.: Importante ressaltar que na multiplicação de matrizes, a
ordem dos elementos afeta o resultado. Ou seja, ela não é comu-
tativa:
A.B≠B.A

— Cálculo: Como Multiplicar Matrizes? Inicialmente, vamos multiplicar os elementos da linha 1 de A


com os da coluna 1 de B. Encontrados os produtos, somamos esses
valores:
Sejam as matrizes: c11 = 2 . 1 + 3 . 0 + 1 . 4 = 6
Por conseguinte, vamos multiplicar e somar os elementos da
linha 1 de A com a coluna 2 de B:
c12 = 2 . (-2) + 3 . 5 + 1 . 1 = 12
Depois disso, vamos passar para a linha 2 de A e multiplicar e
Onde: somar com a coluna 1 de B:
c21 = (-1) . 1 + 0 . 0 + 2 . 4 = 7
Ainda na linha 2 de A, vamos multiplicar e somar com a coluna
2 de B:
— Quando é Possível Multiplicar Matrizes? c22 = (-1) . (-2) + 0 . 5 + 2 . 1 = 4
Para ser possível multiplicar matrizes, é primordial que o nú- Por fim, temos que a multiplicação de A . B é:
mero de colunas da primeira matriz seja igual ao número de linhas
da segunda matriz.

Multiplicação de um Número Real por uma Matriz


No caso de multiplicar um número real por uma matriz, deve-
-se multiplicar cada elemento da matriz por esse número:

A matriz C, resultado da multiplicação A . B, tem as dimensões


m x p, ou seja, o número de linhas da primeira matriz e o número
de colunas da segunda.

Exemplo de Multiplicação de Matrizes


No exemplo abaixo, temos que a matriz A é do tipo 2x3 e a
matriz B é do tipo 3x2. Portanto, o produto entre elas (matriz C) — Determinantes
resultará numa matriz 2x2. O determinante é um número associado a uma matriz quadra-
da19. Esse número é encontrado fazendo-se determinadas opera-
ções com os elementos que compõe a matriz.

18 https://www.todamateria.com.br/multiplicacao-de-matrizes/
Editora
104
104
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Indicamos o determinante de uma matriz A por det A. Pode-


mos ainda, representar o determinante por duas barras entre os
elementos da matriz.

Determinantes de 1.ª Ordem


O determinante de uma matriz de Ordem 1, é igual ao próprio
elemento da matriz, pois esta apresenta apenas uma linha e uma
coluna.

Exemplos:
Para calcular o determinante desse tipo de matriz, utilizamos a
Regra de Sarrus, que consiste em repetir as duas primeiras colunas
logo a seguir à terceira:

Determinantes de 2.ª Ordem


As matrizes de Ordem 2 ou matriz 2x2, são aquelas que apre-
sentam duas linhas e duas colunas.
O determinante de uma matriz desse tipo é calculado, primeiro
multiplicando os valores constantes nas diagonais, uma principal e
outra secundária.
A seguir, subtraindo os resultados obtidos dessa multiplicação.

Exemplos:
Matriz A = Seguimos os seguintes passos:
1) Calculamos a multiplicação em diagonal. Para tanto, traça-
mos setas diagonais que facilitam o cálculo.
As primeiras setas são traçadas da esquerda para a direita e
correspondem às diagonais principais:

Matriz B =

Determinantes de 3.ª Ordem


As matrizes de Ordem 3 ou matriz 3x3, são aquelas que apre-
sentam três linhas e três colunas:

Editora
105
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

2) Calculamos a multiplicação do outro lado da diagonal. Assim, Sistemas lineares homogêneos são aqueles cujo termo inde-
traçamos novas setas. pendente é igual a 0 (zero): a1x1 + a2x2 = 0.
Agora, as setas são traçadas da direita para a esquerda e cor- Portanto, aqueles que apresentam termo independente dife-
respondem à diagonal secundária: rente de 0 (zero) indica que o sistema não é homogêneo: a1x1 + a2x2
= 3.
Matriz A = As matrizes associadas a um sistema linear podem ser comple-
tas ou incompletas. São completas as matrizes que consideram os
termos independentes das equações.
Os sistemas lineares são classificados como normais quando o
número de equações é o mesmo que o número de incógnitas. Além
disso, quando o determinante da matriz incompleta desse sistema
não é igual a zero.

— Classificação
Os sistemas lineares podem ser classificados conforme o nú-
mero de soluções possíveis. Lembrando que a solução das equa-
ções é encontrada pela substituição das variáveis por valores.
Sistema Possível e Determinado (SPD): há apenas uma solu-
ção possível, o que acontece quando o determinante é diferente de
zero (D ≠ 0). Isso acontecerá quando:

3) Somamos cada uma delas:

Sistema Possível e Indeterminado (SPI): as soluções possíveis


são infinitas. A condição para que um sistema seja desse tipo é:

Sistema Impossível (SI): não é possível apresentar qualquer


4) Subtraímos cada um desses resultados: tipo de solução. Nesse tipo de sistema temos:

Logo, o determinante é: .

— Sistemas Lineares
Exemplo: Classificando o sistema abaixo:
Sistemas Lineares são conjuntos de equações associadas entre
elas que apresentam a forma a seguir20:

Para identificar o tipo de sistema, vamos calcular a razão entre


os coeficientes das equações:

A chave do lado esquerdo é o símbolo usado para sinalizar que


as equações fazem parte de um sistema. O resultado do sistema é
dado pelo resultado de cada equação.
Os coeficientes am, am2, am3, ... , an3, an2, an1 das incógnitas x1, xm2,
xm3, ... , xn3, xn2, xn1 são números reais.
Ao mesmo tempo, b também é um número real que é chamado
de termo independente.
20 https://www.todamateria.com.br/sistemas-lineares/
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MATEMÁTICA

Como , então o sistema é impossível.

— Como Resolver um Sistema de Equações do 1º Grau?


Podemos resolver um sistema de equações do 1º grau, com
duas incógnitas, usando o método da substituição ou o da soma.21 Assim, a solução para o sistema dado é o par ordenado (8, 4).
Repare que esse resultado torna ambas as equações verdadeiras,
Método da Substituição pois 8 + 4 = 12 e 3.8 - 4 = 20.
Esse método consiste em escolher uma das equações e isolar-
mos uma das incógnitas, para determinar o seu valor em relação a Método da Adição
outra incógnita. Depois, substituímos esse valor na outra equação. No método da adição buscamos juntar as duas equações em
Desta forma, a segunda equação ficará com uma única incóg- uma única equação, eliminando uma das incógnitas.
nita e, assim, poderemos encontrar o seu valor final. Para finalizar, Para isso, é necessário que os coeficientes de uma das incóg-
substituímos na primeira equação o valor encontrado e, assim, en- nitas sejam opostos, isto é, devem ter o mesmo valor e sinais con-
contramos também o valor da outra incógnita. trários.
Exemplo: Para exemplificar o método da adição, vamos resol-
Exemplo: Resolva o seguinte sistema de equações: ver o mesmo sistema anterior:

Solução: Vamos começar escolhendo a primeira equação do Note que nesse sistema a incógnita y possui coeficientes opos-
sistema, que é a equação mais simples, para isolar o x. Assim temos: tos, ou seja, 1 e - 1. Então, iremos começar a calcular somando as
duas equações, conforme indicamos abaixo:

Ao anular o y, a equação ficou apenas com o x, portanto agora,


podemos resolver a equação:

Após substituir o valor de x, na segunda equação, podemos re- Para encontrar o valor do y, basta substituir esse valor em uma
solvê-la, da seguinte maneira: das duas equações. Vamos substituir na mais simples:

Note que o resultado é o mesmo que já havíamos encontrado,


usando o método da substituição.
Quando as equações de um sistema não apresentam incógni-
tas com coeficientes opostos, podemos multiplicar todos os termos
por um determinado valor, a fim de tornar possível utilizar esse mé-
todo.
Por exemplo, no sistema abaixo, os coeficientes de x e de y não
são opostos:
Agora que encontramos o valor do y, podemos substituir esse
valor da primeira equação, para encontrar o valor do x:

21 https://www.todamateria.com.br/sistemas-de-equacoes/
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107
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MATEMÁTICA

Portanto, não podemos, inicialmente, anular nenhuma das in- - Uma linha com todos os elementos nulos, deve estar abaixo
cógnitas. Neste caso, devemos multiplicar por algum número que de todas as outras.
transforme o coeficiente em um número oposto do coeficiente da
outra equação. Exemplo 1: Um sistema 2x2 escalonado, com duas equações e
Podemos, por exemplo, multiplicar a primeira equação por - 2. duas incógnitas, x e y. Na segunda equação o 1.º termo é nulo (x =
Contudo, devemos ter o cuidado de multiplicarmos todos os termos 0).
por - 2, para não modificarmos a igualdade.
Assim, o sistema equivalente ao que queremos calcular é:

Exemplo 2: Um sistema 3x3 escalonado, com três equações e


três incógnitas: x, y e z. A primeira equação possui todos os termos
Agora, é possível resolver o sistema por adição, conforme apre- não-nulos (diferentes de zero). A segunda equação tem o 1.º termo
sentado abaixo: nulo (x=0) e, a terceira equação possui x e y iguais a zero.

Repare que os sistemas escalonados estão na forma de escada,


diminuindo a quantidade de termos a cada linha.

Como Escalonar um Sistema Linear


Logo, x = - 12, não podemos esquecer de substituir esse valor Para escalonar um sistema linear podemos utilizar as seguintes
em uma das equações para encontrar o valor do y. Substituindo na operações:
primeira equação, temos: - Troca da ordem das equações.

Podemos passar a equação da linha 2 para a linha 1.

Assim, a solução para o sistema é o par ordenado (- 12, 60) - Multiplicação (ou divisão) de todos os termos de uma equação
por um mesmo número real diferente de zero.
— Escalonamento de Sistemas Lineares Podemos multiplicar todos os termos de uma equação qual-
Escalonamento é um método para resolver sistemas de equa- quer do sistema.
ções lineares, quando existe solução22. Também é usado para classi-
ficar estes sistemas que podem possuir quaisquer ordens.

Escalonar um sistema linear é modificar suas equações e ter- Multiplicando todos os termos por 3:
mos de modo a obter um novo sistema, escalonado, em que ambos
são equivalentes, pois possuem as mesmas soluções.

Forma Escalonada de Sistemas


Um sistema linear de equações está na forma escalonada
quando: - Multiplicação dos termos de uma equação por um número
- As incógnitas das equações são escritas na mesma ordem; real e, soma (ou subtração) do resultado aos termos corresponden-
- O 1.º elemento diferente de zero de uma equação, está à es- tes de outra equação do sistema.
querda do 1.º elemento diferente de zero da linha seguinte;

22 https://www.todamateria.com.br/escalonamento-de-sistemas-li-
neares/
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MATEMÁTICA

Podemos multiplicar todos os elementos da equação da pri-


meira linha por 2:

- Número de equações menor que o número de incógnitas.

Exemplo: 2 equações e 3 incógnitas.


Somamos a equação obtida termo a termo com a equação da
segunda linha e substituímos na segunda linha o resultado.

1. Identificamos a variável livre


Variável livre é aquela que não inicia equações, no exemplo, é
a variável z.
Obtemos o sistema escalonado.
2. Transpomos a variável livre para o outro lado da igualdade,
no segundo membro da equação.

Devemos realizar tantas transformações quanto forem neces-


sárias, até obtermos um sistema na forma escalonada, equivalente
3. Atribuímos para z um valor numérico real k parêntese es-
ao primeiro.
querdo k pertence reto números reais parêntese direito, z=k.
Resolução de Sistemas Lineares Escalonados
Resolver um sistema de equações é determinar seu conjunto
solução, os valores numéricos que ao substituí-los pelas incógnitas,
tornam verdadeiras as igualdades.
Para resolver sistemas lineares escalonados consideramos dois
casos e realizamos as seguintes estratégias: 4. Substituímos y na primeira equação pelo segundo membro
da segunda equação e resolvemos para x.
- Número de equações igual o número de incógnitas.

5. O conjunto solução é: .
Começamos a resolução a partir da última equação, de baixo Como k pode assumir qualquer valor real, o sistema é possível
para cima. e indeterminado.
Substituindo z na segunda equação:
FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

As operações financeiras na sua maioria, se apoiam em duas


formas de capitalização: a simples e a composta. Muitas decisões
O procedimento continua até a primeira equação, determinan- tomadas pelo Banco Central (Bacen), por exemplo, afetam direta-
do todas as incógnitas. mente tais operações.
Substituindo y e z na primeira equação: A taxa básica de juros divulgada a cada reunião do Copom (Con-
selho de Política Monetária) representa o custo básico do dinheiro
na economia. Quanto mais alta for essa taxa, maior será o custo do
Editora
109
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

dinheiro, tanto para o consumidor quanto para as empresas. A con- - Valor dos juros: juro incide sobre o saldo devedor do período
trapartida está na remuneração das aplicações, que também se ele- anterior. Uma parcela de juros é obtida pela multiplicação do valor
va e pode desestimular o consumo e os investimentos na produção. Presente P, ou de origem, pela taxa i e pelo tempo n.
- Valor Futuro : o montante pago/recebido em n períodos é
Aplicações no cotidiano composto pelo valo Presente P, ou de origem, mais juros.
- Capitalização: quando o período de capitalização dos juros for
A capitalização simples está mais relacionada às operações igual a 1, os sistemas de juros simples e compostos apresentarão o
com períodos de capitalização inferiores a 1 e a descontos de títulos mesmo valor Futuro .
junto aos agentes financeiros. Por exemplo: a taxa de juros do che-
que especial cobrada dentro de um mês e o desconto de cheques Diagrama das operações financeiras
pré-datados nos bancos.
O regime de capitalização composta está mais ligado aos casos Para que uma operação financeira exista, é necessário a pre-
em que o período de capitalização é superior a 1. Por exemplo: um sença de dois agentes: o tomador e o financiador: O tomador de
empréstimo de CDC (crédito direto ao consumidor) disponibilizado um empréstimo geralmente recebe recurso no início do período, ou
pelos bancos, o financiamento de um móvel ou veículo e a remune- seja, no instante ‘zero’. O financiador concede o empréstimo para
ração das aplicações capitalizadas mensalmente dentro de um ano. recebe-lo mais tarde, acrescido dos juros.
Em ambos os casos mais exemplos poderiam ser adicionados. A compreensão de uma situação que envolva valor Presente,
Tenha em mente que esses dois regimes de capitalização estão pre- tempo e taxa de juros pode ser apresentada em forma de diagrama.
sentes em sua vida financeira pessoal. Tal diagrama é chamado de fluxo de caixa e é composto por: linha
do tempo, valores de entradas e valores de saídas.
Principais variáveis de um problema financeiro
Método para a resolução de qualquer problema de matemática
- Terminologia. Consiste na identificação das variáveis comuns financeira. O bom estudo da matemática financeira pede uma in-
aos problemas propostos que devem ser extraídas no ato de sua terpretação seguida de uma organização de dados dos problemas.
leitura inicial. Para que isso ocorra, existe um método, aqui proposto.

- Diagrama das operações financeiras. Os dados nomeados Embora a matemática seja uma disciplina da área das ciências
devem ser representados em um diagrama. Sugere-se que todos exatas, em muitas situações ela depende bastante de interpretação
os problemas sejam diagramados, pois isso facilita a organização do do leitor. Quando um problema é apresentado, ele deve ser inter-
raciocínio e a compreensão da situação proposta. pretado para que seus dados sejam extraídos e trabalhados de for-
ma correta. Portanto, pode-se elaborar um método de resolução de
Terminologia exercícios que envolve essencialmente quatro etapas:

Qualquer operação financeira deve estar estruturada em fun- - Coleta de dados: consiste na separação dos elementos cen-
ção do tempo e de uma taxa de juros (remuneração). Os componen- trais do problema.
tes de uma operação, seja a juros simples, seja a juros compostos, - Terminologia: relaciona os elementos extraídos com as no-
têm nome. Veja a seguir. menclatura específicas da matemática financeira.
- Diagrama: é o principal ponto a ser montado, pois é um re-
P: valor Presente. É o valor inicial de uma operação. Está repre- trato de como o problema foi interpretado. Mostra a organização
sentado no instante ‘zero’. Também pode ser chamado de valor de da situação, quais os elementos envolvidos e aonde se quer chegar.
origem O, valor Principal P ou mesmo de Capital C. - Cálculo: esta é realmente a última etapa, e sua importância é
I: taxa de juros periódica. Vem do inglês interest rate (taxa de complementar. Se o problema estiver devidamente interpretado, o
juros). Geralmente, está relacionada à sua forma de incidência. resultado encontrado concluirá o processo. O cálculo pode ser feito
Pode ser diária, semanal, quinzenal, mensal, semestral, anual, en- pelo menos de três maneiras distintas: por fórmula, pela calculado-
tre outras. Essa taxa é expressa em forma percentual. Exemplo: 5%. ra HP 12c ou pelo software Excel – mas como você candidato não
i: a letra ‘i’ minúscula indica que a taxa I foi dividida por cem. poderá utilizar de recursos tecnológicos/eletrônicos, nós apresen-
Exemplo: 0,05 tamos em todo o conteúdo dessa apostila somente a resolução por
n: número de períodos envolvidos na operação. É o tempo, que meio das fórmulas.
deve estar em acordo com a taxa de juros.
: valor Futuro, representado no instante n. É composto de Uma grande importância é dada às três primeiras etapas do
amortização mais juros. Também pode ser chamado de valor de processo. Não que o cálculo também não seja importante, mas vale
resgate, montante M ou saldo futuro S. ressaltar que ele, por si só, não representa nada. Um cálculo é fruto
de um processo que o exigiu. Os resultados encontrados têm de
O que é comum tanto aos juros simples quanto aos juros com- ter coerência com as situações propostas. Em síntese, não adianta
postos calcular sem saber o porquê.

Principais itens: Para que o método possa ser melhor entendido vamos aplica-
- Fórmula: ao se trabalhar com fórmulas, a taxa de juros deve -lo no exemplo a seguir.
ser expressa em sua forma centesimal i.

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Você toma emprestado de um amigo R$ 1.000,00. Você deverá devolver daqui a 5 meses. Se o regime de capitalização for de juros
compostos e a taxa combinada, de 10% ao mês, quanto você deverá pagar a seu amigo?

c. Diagrama

d. Cálculo (método por fórmula)

ESPAÇO E FORMA: GEOMETRIA PLANA, PLANTAS E MAPAS; GEOMETRIA ESPACIAL; GEOMETRIA MÉTRICA; GEOMETRIA
ANALÍTICA

A geometria é uma área da matemática que estuda as formas geométricas desde comprimento, área e volume23. O vocábulo geome-
tria corresponde a união dos termos “geo” (terra) e “metron” (medir), ou seja, a “medida de terra”.
A Geometria é dividida em três categorias:
- Geometria Analítica;
- Geometria Plana;
- Geometria Espacial;

Assim, a geometria analítica, também chamada de geometria cartesiana, une conceitos de álgebra e geometria através dos sistemas
de coordenadas. Os conceitos mais utilizados são o ponto e a reta.
Enquanto a geometria plana ou euclidiana reúne os estudos sobre as figuras planas, ou seja, as que não apresentam volume, a geo-
metria espacial estuda as figuras geométricas que possuem volume e mais de uma dimensão.

— Geometria Plana
É a área da matemática que estuda as formas que não possuem volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são
alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)24.
Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o perímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os ângu-
los e as outras medidas da forma geométrica.
Algumas fórmulas de geometria plana:

— Teorema de Pitágoras
Uma das fórmulas mais importantes para esta frente matemática é o Teorema de Pitágoras.
Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é igual
ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).
Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²

23 https://www.todamateria.com.br/matematica/geometria/#:~:text=A%20geometria%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea,Geometria%20
Anal%C3%ADtica
24 https://bityli.com/BMvcWO
Editora
111
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

— Lei dos Senos Para um triângulo retângulo, sua altura relativa à hipotenusa e
Lembre-se que o Teorema de Pitágoras é válido apenas para as projeções ortogonais dos catetos, temos o seguinte:
triângulos retângulos. A lei dos senos e lei dos cossenos existe para - Onde a é hipotenusa;
facilitar os cálculos para todos os tipos de triângulos. - b e c são catetos;
Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo. - m e n são projeções ortogonais;
Para qualquer triângulo ABC inscrito em uma circunferência de - h é altura.
centro O e raio R, temos que:

— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.

— Lei dos Cossenos


A lei dos cossenos pode ser utilizada para qualquer tipo de tri-
ângulo, mesmo que ele não tenha um ângulo de 90º. Basta conhe-
cer o cosseno de um dos ângulos e o valor de dois lados (arestas)
do triângulo.
Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
Para qualquer triângulo ABC, temos que:

Se as retas CC’, BB’ e AA’ são paralelas, então:

— Relações Métricas do Triângulo Retângulo


As relações trigonométricas no triângulo retângulo são fórmu-
las simplificadas. Elas podem facilitar a resolução das questões em
que o Teorema de Pitágoras é aplicável.
Editora
112
112
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

— Fórmulas Básicas de Geometria Plana

Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.
Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:

Editora
113
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Fórmulas da Circunferência

Conversão para radiano, comprimento e área do círculo:


Conversão de unidades: π rad corresponde a 180°.
Comprimento de uma circunferência: C = 2 · π · R.
Área de uma circunferência: A = π · R²

— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: comprimento,
largura e altura.
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em geometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângulos,
e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas. Veja a
aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.

— Fórmulas de Geometria Espacial


Fórmula do Poliedro: Relação de Euler
Para saber a quantidade de vértices e arestas de uma figura espacial, utilize a Relação de Euler:
Onde V é o número de vértices, F é a quantidade de faces e A é a quantidade de arestas, temos:

V+F=A+2

Fórmulas da Esfera

Editora
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114
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H

Fórmulas do cilindro

Área da base de um cilindro: Ab = π · r².


Área da superfície lateral de um cilindro: Al = 2 · π · r · h.
Volume de um cilindro: V = Ab · h = π · r² · h.
Secção meridiana: corte feito na “vertical”; a área desse corte será 2r · h.

Fórmulas do Prisma
O prisma é um sólido formado por laterais retangulares e duas bases. Na imagem a seguir, o prisma tem base retangular, sendo um
paralelepípedo. O cubo é um paralelepípedo e um prisma.

Editora
115
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

h² + r² = t²

h² + a² = g²

Fórmulas do Tetraedro Regular


Para o tetraedro regular de aresta medindo a, temos:

Diagonal de um paralelepípedo: .
Área total de um paralelepípedo:
.
Volume de um paralelepípedo: .
Prismas retos são sólidos cujas faces laterais são formadas por
retângulos.
Volume de um prisma:

Fórmulas da Pirâmide Regular

Altura da face =

Altura do tetraedro =

Área da face: AF =

Área total: AT =

Volume do tetraedro:

— Geometria Analítica
A geometria analítica utiliza coordenadas e funções do plano
cartesiano para solucionar perguntas matemáticas. É a área da ma-
temática que relaciona a álgebra com a geometria. A álgebra utiliza
Para uma pirâmide regular reta, temos: variáveis para representar os números e u utiliza fórmulas mate-
Área da Base (AB): área do polígono que serve de base para a máticas.
pirâmide. Conhecer essa frente da matemática também é importante
Área Lateral (AL): soma das áreas das faces laterais, todas trian- para resolver questões de Física. Por exemplo, o cálculo da área em
gulares. um plano cartesiano pode informar o deslocamento (ΔS) se o eixo x
Área Total (AT): soma das áreas de todas as faces: AT = AB + AL. e o eixo y informarem a velocidade e o tempo.
O primeiro passo para estudar essa matéria é aprender o con-
Volume (V): V = . AB . h.
ceito de ponto e reta.
- Um ponto determina uma posição no espaço.
E sendo a (apótema da base), h (altura), g (apótema da pirâ-
- Uma reta é um conjunto de pontos.
mide), r (raio da base), b (aresta da base) e t (aresta lateral), temos
- Um plano é um conjunto infinito com duas dimensões.
pela aplicação de Pitágoras nos triângulos retângulos.
Entender a relação entre ponto, reta e plano é importante para
resolver questões com coordenadas no plano cartesiano, mas tam-
bém para responder perguntas sobre a definição de ponto, reta e
plano, e a posição relativa entre retas, reta e plano e planos.

Editora
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116
a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Para representar um ponto (A, por exemplo) em um plano car- Tabelas de frequência
tesiano, primeiro você deve indicar a posição no eixo x (horizontal) Ao dispor de uma lista volumosa de dados, as tabelas de frequ-
e depois no eixo y (vertical). Assim, segue as coordenadas seguem ência servem para agrupar informações de modo que estas possam
o modelo A (xa,ya). ser analisadas. As tabelas podem ser de frequência simples ou de
frequência em faixa de valores.
— Equação Fundamental da Reta
A equação fundamental da reta que passa pelo ponto P (x0, y0) Gráficos
e tem coeficiente angular m é: O objetivo da representação gráfica é dirigir a atenção do ana-
lista para alguns aspectos de um conjunto de dados. Alguns exem-
y – y0 = m . (x – x0) plos de gráficos são: diagrama de barras, diagrama em setores,
Equação Reduzida e Equação Geral da Reta histograma, boxplot, ramo-e-folhas, diagrama de dispersão, gráfico
• Equação reduzida: y = mx + q e m = tgα. sequencial.
• Equação geral: ax + by + c = 0.
Resumos numéricos
Por meio de medidas ou resumos numéricos podemos levantar
importantes informações sobre o conjunto de dados tais como: a
tendência central, variabilidade, simetria, valores extremos, valores
discrepantes, etc.

Estatística inferencial (Indutiva)


Utiliza informações incompletas para tomar decisões e tirar
conclusões satisfatórias. O alicerce das técnicas de estatística infe-
rencial está no cálculo de probabilidades. Fazemos uso de:

— Distância entre Dois Pontos Estimação


O ponto médio M do segmento de extremos A(xA, yA) e B(xB, yB) A técnica de estimação consiste em utilizar um conjunto de da-
é dado por: dos incompletos, ao qual iremos chamar de amostra, e nele calcular
estimativas de quantidades de interesse. Estas estimativas podem
ser pontuais (representadas por um único valor) ou intervalares.

Teste de Hipóteses
O fundamento do teste estatístico de hipóteses é levantar su-
posições acerca de uma quantidade não conhecida e utilizar, tam-
bém, dados incompletos para criar uma regra de escolha.
A distância d entre os pontos A(xA, yA) e B(xB, yB) é dada por:
População e amostra

Estatística descritiva
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos
e resumos numéricos.

Noções de estatística
A estatística torna-se a cada dia uma importante ferramenta de É o conjunto de todas as unidades sobre as quais há o interesse
apoio à decisão. Resumindo: é um conjunto de métodos e técnicas de investigar uma ou mais características.
que auxiliam a tomada de decisão sob a presença de incerteza.
Variáveis e suas classificações
Estatística descritiva (Dedutiva) Qualitativas – quando seus valores são expressos por atribu-
O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca- tos: sexo (masculino ou feminino), cor da pele, entre outros. Dize-
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos mos que estamos qualificando.
e resumos numéricos. Fazemos uso de: Quantitativas – quando seus valores são expressos em núme-
ros (salários dos operários, idade dos alunos, etc). Uma variável
quantitativa que pode assumir qualquer valor entre dois limites
recebe o nome de variável contínua; e uma variável que só pode
assumir valores pertencentes a um conjunto enumerável recebe o
nome de variável discreta.
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MATEMÁTICA

Fases do método estatístico “quando um evento é composto por n etapas sucessivas e inde-
— Coleta de dados: após cuidadoso planejamento e a devida pendentes, de tal modo que as possibilidades da primeira etapa é
determinação das características mensuráveis do fenômeno que se x e as possibilidades da segunda etapa é y, resulta no número total
quer pesquisar, damos início à coleta de dados numéricos necessá- de possibilidades de o evento ocorrer, dado pelo produto (x) . (y)”.
rios à sua descrição. A coleta pode ser direta e indireta.
— Crítica dos dados: depois de obtidos os dados, os mesmos Em resumo, no princípio fundamental da contagem, multiplica-
devem ser cuidadosamente criticados, à procura de possível falhas -se o número de opções entre as escolhas que lhe são apresentadas.
e imperfeições, a fim de não incorrermos em erros grosseiros ou Exemplo: Uma lanchonete vende uma promoção de lanche a
de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. A um preço único. No lanche, estão incluídos um sanduíche, uma be-
crítica pode ser externa e interna. bida e uma sobremesa. São oferecidas três opções de sanduíches:
hambúrguer especial, sanduíche vegetariano e cachorro-quente
— Apuração dos dados: soma e processamento dos dados ob- completo. Como opção de bebida pode-se escolher 2 tipos: suco
tidos e a disposição mediante critérios de classificação, que pode de maçã ou guaraná. Para a sobremesa, existem quatro opções:
ser manual, eletromecânica ou eletrônica. cupcake de cereja, cupcake de chocolate, cupcake de morango e
— Exposição ou apresentação de dados: os dados devem ser cupcake de baunilha. Considerando todas as opções oferecidas, de
apresentados sob forma adequada (tabelas ou gráficos), tornando quantas maneiras um cliente pode escolher o seu lanche?
mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento
estatístico. Solução: Podemos começar a resolução do problema apresen-
— Análise dos resultados: realizadas anteriores (Estatística tado, construindo uma árvore de possibilidades, conforme ilustrado
Descritiva), fazemos uma análise dos resultados obtidos, através abaixo:
dos métodos da Estatística Indutiva ou Inferencial, que tem por
base a indução ou inferência, e tiramos desses resultados conclu-
sões e previsões.

Censo
É uma avaliação direta de um parâmetro, utilizando-se todos os
componentes da população.

Principais propriedades:
- Admite erros processual zero e tem 100% de confiabilidade;
- É caro;
- É lento;
- É quase sempre desatualizado (visto que se realizam em perí-
odos de anos 10 em 10 anos);
- Nem sempre é viável. Acompanhando o diagrama, podemos diretamente contar
quantos tipos diferentes de lanches podemos escolher. Assim, iden-
Dados brutos: é uma sequência de valores numéricos não or- tificamos que existem 24 combinações possíveis.
ganizados, obtidos diretamente da observação de um fenômeno Podemos ainda resolver o problema usando o princípio multi-
coletivo. plicativo. Para saber quais as diferentes possibilidades de lanches,
basta multiplicar o número de opções de sanduíches, bebidas e so-
Rol: é uma sequência ordenada dos dados brutos. bremesa.
Total de possibilidades: 3.2.4 = 24.
Portanto, temos 24 tipos diferentes de lanches para escolher
ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE na promoção.

— Tipos de Combinatória
A análise combinatória ou combinatória é a parte da Matemá- O princípio fundamental da contagem pode ser usado em gran-
tica que estuda métodos e técnicas que permitem resolver proble- de parte dos problemas relacionados com contagem. Entretanto,
mas relacionados com contagem25. em algumas situações seu uso torna a resolução muito trabalhosa.
Muito utilizada nos estudos sobre probabilidade, ela faz análise Desta maneira, usamos algumas técnicas para resolver proble-
das possibilidades e das combinações possíveis entre um conjunto mas com determinadas características. Basicamente há três tipos
de elementos. de agrupamentos: arranjos, combinações e permutações.
Antes de conhecermos melhor esses procedimentos de cálcu-
— Princípio Fundamental da Contagem lo, precisamos definir uma ferramenta muito utilizada em proble-
O princípio fundamental da contagem, também chamado de mas de contagem, que é o fatorial.
princípio multiplicativo, postula que: O fatorial de um número natural é definido como o produto
deste número por todos os seus antecessores. Utilizamos o símbolo
! para indicar o fatorial de um número.
Define-se ainda que o fatorial de zero é igual a 1.
25 https://www.todamateria.com.br/analise-combinatoria/ Exemplo:
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MATEMÁTICA

0! = 1. — Combinações
1! = 1. As combinações são subconjuntos em que a ordem dos ele-
3! = 3.2.1 = 6. mentos não é importante, entretanto, são caracterizadas pela na-
7! = 7.6.5.4.3.2.1 = 5.040. tureza dos mesmos.
10! = 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1 = 3.628.800. Assim, para calcular uma combinação simples de n elementos
tomados p a p (p ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão:
Note que o valor do fatorial cresce rapidamente, conforme
cresce o número. Então, frequentemente usamos simplificações
para efetuar os cálculos de análise combinatória.

— Arranjos
Nos arranjos, os agrupamentos dos elementos dependem da Exemplo: A fim de exemplificar, podemos pensar na escolha de
ordem e da natureza dos mesmos. 3 membros para formar uma comissão organizadora de um evento,
Para obter o arranjo simples de n elementos tomados, p a p (p dentre as 10 pessoas que se candidataram.
≤ n), utiliza-se a seguinte expressão De quantas maneiras distintas essa comissão poderá ser for-
mada?
Note que, ao contrário dos arranjos, nas combinações a ordem
dos elementos não é relevante. Isso quer dizer que escolher Maria,
João e José é equivalente a escolher João, José e Maria.
Exemplo: Como exemplo de arranjo, podemos pensar na vo-
tação para escolher um representante e um vice-representante de
uma turma, com 20 alunos. Sendo que o mais votado será o repre-
sentante e o segundo mais votado o vice-representante.
Dessa forma, de quantas maneiras distintas a escolha poderá
ser feita? Observe que nesse caso, a ordem é importante, visto que Observe que para simplificar os cálculos, transformamos o fato-
altera o resultado. rial de 10 em produto, mas conservamos o fatorial de 7, pois, desta
forma, foi possível simplificar com o fatorial de 7 do denominador.
Assim, existem 120 maneiras distintas formar a comissão.

— Probabilidade e Análise Combinatória


A Probabilidade permite analisar ou calcular as chances de
obter determinado resultado diante de um experimento aleatório.
Logo, o arranjo pode ser feito de 380 maneiras diferentes.
São exemplos as chances de um número sair em um lançamento de
dados ou a possibilidade de ganhar na loteria.
— Permutações
A partir disso, a probabilidade é determinada pela razão en-
As permutações são agrupamentos ordenados, onde o número
tre o número de eventos possíveis e número de eventos favoráveis,
de elementos (n) do agrupamento é igual ao número de elementos
sendo apresentada pela seguinte expressão:
disponíveis.
Note que a permutação é um caso especial de arranjo, quando
o número de elementos é igual ao número de agrupamentos. Desta
maneira, o denominador na fórmula do arranjo é igual a 1 na per-
mutação.
Assim a permutação é expressa pela fórmula: Sendo:
P (A): probabilidade de ocorrer um evento A.
n (A): número de resultados favoráveis.
n (Ω): número total de resultados possíveis.
Exemplo: Para exemplificar, vamos pensar de quantas maneiras
diferentes 6 pessoas podem se sentar em um banco com 6 lugares. Para encontrar o número de casos possíveis e favoráveis, mui-
Como a ordem em que irão se sentar é importante e o número tas vezes necessitamos recorrer as fórmulas estudadas em análise
de lugares é igual ao número de pessoas, iremos usar a permuta- combinatória.
ção: Exemplo: Qual a probabilidade de um apostador ganhar o prê-
mio máximo da Mega-Sena, fazendo uma aposta mínima, ou seja,
apostar exatamente nos seis números sorteados?

Logo, existem 720 maneiras diferentes para as 6 pessoas se Solução: Como vimos, a probabilidade é calculada pela razão
sentarem neste banco. entre os casos favoráveis e os casos possíveis. Nesta situação, temos
apenas um caso favorável, ou seja, apostar exatamente nos seis nú-
meros sorteados.

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MATEMÁTICA

Já o número de casos possíveis é calculado levando em consi- n(Ω): número total de casos possíveis.
deração que serão sorteados, ao acaso, 6 números, não importando
a ordem, de um total de 60 números. O resultado calculado também é conhecido como probabilida-
Para fazer esse cálculo, usaremos a fórmula de combinação, de teórica.
conforme indicado abaixo: Para expressar a probabilidade na forma de porcentagem, bas-
ta multiplicar o resultado por 100.

Exemplo: Se lançarmos um dado perfeito, qual a probabilidade


de sair um número menor que 3?

Solução: Sendo o dado perfeito, todas as 6 faces têm a mesma


Assim, existem 50 063 860 modos distintos de sair o resultado. chance de caírem voltadas para cima. Vamos então, aplicar a fórmu-
A probabilidade de acertarmos então será calculada como: la da probabilidade.
Para isso, devemos considerar que temos 6 casos possíveis (1,
2, 3, 4, 5, 6) e que o evento “sair um número menor que 3” tem 2
possibilidades, ou seja, sair o número 1 ou 2. Assim, temos:

— Probabilidade
A teoria da probabilidade é o campo da Matemática que estu-
da experimentos ou fenômenos aleatórios e através dela é possível
analisar as chances de um determinado evento ocorrer26.
Quando calculamos a probabilidade, estamos associando um
grau de confiança na ocorrência dos resultados possíveis de expe-
rimentos, cujos resultados não podem ser determinados antecipa-
damente. Probabilidade é a medida da chance de algo acontecer.
Desta forma, o cálculo da probabilidade associa a ocorrência de Para responder na forma de uma porcentagem, basta multipli-
um resultado a um valor que varia de 0 a 1 e, quanto mais próximo car por 100.
de 1 estiver o resultado, maior é a certeza da sua ocorrência.
Por exemplo, podemos calcular a probabilidade de uma pessoa
comprar um bilhete da loteria premiado ou conhecer as chances de
um casal ter 5 filhos, todos meninos. Portanto, a probabilidade de sair um número menor que 3 é
de 33%.
— Experimento Aleatório
Um experimento aleatório é aquele que não é possível conhe- — Ponto Amostral
cer qual resultado será encontrado antes de realizá-lo. Ponto amostral é cada resultado possível gerado por um expe-
Os acontecimentos deste tipo quando repetidos nas mesmas rimento aleatório.
condições, podem dar resultados diferentes e essa inconstância é
atribuída ao acaso. Exemplo: Seja o experimento aleatório lançar uma moeda e ve-
Um exemplo de experimento aleatório é jogar um dado não vi- rificar a face voltada para cima, temos os pontos amostrais cara e
ciado (dado que apresenta uma distribuição homogênea de massa) coroa. Cada resultado é um ponto amostral.
para o alto. Ao cair, não é possível prever com total certeza qual das
6 faces estará voltada para cima. — Espaço Amostral
Representado pela letra Ω(ômega), o espaço amostral corres-
— Fórmula da Probabilidade ponde ao conjunto de todos os pontos amostrais, ou, resultados
Em um fenômeno aleatório, as possibilidades de ocorrência de possíveis obtidos a partir de um experimento aleatório.
um evento são igualmente prováveis. Por exemplo, ao retirar ao acaso uma carta de um baralho, o
Sendo assim, podemos encontrar a probabilidade de ocorrer espaço amostral corresponde às 52 cartas que compõem este ba-
um determinado resultado através da divisão entre o número de ralho.
eventos favoráveis e o número total de resultados possíveis: Da mesma forma, o espaço amostral ao lançar uma vez um
dado, são as seis faces que o compõem:
Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.

A quantidade de elementos em um conjunto chama-se cardi-


nalidade, expressa pela letra n seguida do símbolo do conjunto en-
Sendo: tre parênteses.
P(A): probabilidade da ocorrência de um evento A. Assim, a cardinalidade do espaço amostral do experimento lan-
n(A): número de casos favoráveis ou, que nos interessam çar um dado é n(Ω) = 6.
(evento A).
26 https://www.todamateria.com.br/probabilidade/
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— Espaço Amostral Equiprovável


Equiprovável significa mesma probabilidade. Em um espaço
amostral equiprovável, cada ponto amostral possui a mesma pro-
babilidade de ocorrência.
Onde o evento B não pode ser vazio.
Exemplo: Em uma urna com 4 esferas de cores: amarela, azul,
preta e branca, ao sortear uma ao acaso, quais as probabilidades de Exemplo de caso de probabilidade condicional: Em um encon-
ocorrência de cada uma ser sorteada? tro de colaboradores de uma empresa que atua na França e no Bra-
sil, um sorteio será realizado e um dos colaboradores receberá um
Sendo experimento honesto, todas as cores possuem a mesma prêmio. Há apenas colaboradores franceses e brasileiros, homens
chance de serem sorteadas. e mulheres.

— Tipos de Eventos Como evento de probabilidade condicional, podemos associar


Evento é qualquer subconjunto do espaço amostral de um ex- a probabilidade de sortear uma mulher (evento A) dado que seja
perimento aleatório. francesa (evento B).
Neste caso, queremos saber a probabilidade de ocorrer A (ser
Evento certo mulher), apenas se for francesa (evento B).
O conjunto do evento é igual ao espaço amostral.
Exemplo: Em uma delegação feminina de atletas, uma ser sor-
teada ao acaso e ser mulher. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE INFORMAÇÕES EXPRESSAS
EM GRÁFICOS E TABELAS
Evento Impossível
O conjunto do evento é vazio.
— Gráficos
Exemplo: Imagine que temos uma caixa com bolas numeradas Os gráficos são representações que facilitam a análise de da-
de 1 a 20 e que todas as bolas são vermelhas. dos, os quais costumam ser dispostos em tabelas quando se realiza
pesquisas estatísticas27. Eles trazem muito mais praticidade, prin-
O evento “tirar uma bola vermelha” é um evento certo, pois cipalmente quando os dados não são discretos, ou seja, quando
todas as bolas da caixa são desta cor. Já o evento “tirar um número são números consideravelmente grandes. Além disso, os gráficos
maior que 30”, é impossível, visto que o maior número na caixa é também apresentam de maneira evidente os dados em seu aspecto
20. temporal.

Evento Complementar Elementos do Gráfico


Os conjuntos de dois eventos formam todo o espaço amostral, Ao construirmos um gráfico em estatística, devemos levar em
sendo um evento complementar ao outro. consideração alguns elementos que são essenciais para sua melhor
compreensão. Um gráfico deve ser simples devido à necessidade
Exemplo: No experimento lançar uma moeda, o espaço amos- de passar uma informação de maneira mais rápida e coesa, ou seja,
tral é Ω = {cara, coroa}. em um gráfico estatístico, não deve haver muitas informações, de-
vemos colocar nele somente o necessário.
Seja o evento A sair cara, A = {cara}, o evento B sair coroa é As informações em um gráfico devem estar dispostas de ma-
complementar ao evento A, pois, B={coroa}. Juntos formam o pró- neira clara e verídica para que os resultados sejam dados de modo
prio espaço amostral. coeso com a finalidade da pesquisa.”

Evento Mutuamente Exclusivo Tipos de Gráficos


Os conjuntos dos eventos não possuem elementos em comum. Em estatística é muito comum a utilização de diagramas para
A intersecção entre os dois conjuntos é vazia. representar dados, diagramas são gráficos construídos em duas di-
mensões, isto é, no plano. Existem vários modos de representá-los.
Exemplo: Seja o experimento lançar um dado, os seguintes A seguir, listamos alguns.
eventos são mutuamente exclusivos
A: ocorrer um número menor que 5, A = {1, 2, 3, 4}. • Gráfico de Pontos
B: ocorrer um número maior que 5, A = {6}. Também conhecido como Dotplot, é utilizado quando possuí-
mos uma tabela de distribuição de frequência, sendo ela absoluta
— Probabilidade Condicional ou relativa. O gráfico de pontos tem por objetivo apresentar os da-
A probabilidade condicional relaciona as probabilidades entre dos das tabelas de forma resumida e que possibilite a análise das
eventos de um espaço amostral equiprovável. Nestas circunstân- distribuições desses dados.
cias, a ocorrência do evento A, depende ou, está condicionada a
ocorrência do evento B. Exemplo: Suponha uma pesquisa, realizada em uma escola de
A probabilidade do evento A dado o evento B é definida por: educação infantil, na qual foram coletadas as idades das crianças.
Nessa coleta foi organizado o seguinte rol:
27 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/graficos.htm
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MATEMÁTICA

Rol: {1, 1, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 4, 4, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6}

Podemos organizar esses dados utilizando um Dotplot.

Observe que a quantidade de pontos corresponde à frequência de cada idade e o somatório de todos os pontos fornece-nos a quanti-
dade total de dados coletados.

• Gráfico de linha
É utilizado em casos que existe a necessidade de analisar dados ao longo do tempo, esse tipo de gráfico é muito presente em análises
financeiras. O eixo das abscissas (eixo x) representa o tempo, que pode ser dado em anos, meses, dias, horas etc., enquanto o eixo das
ordenadas (eixo y) representa o outro dado em questão.
Uma das vantagens desse tipo de gráfico é a possibilidade de realizar a análise de mais de uma tabela, por exemplo.

Exemplo: Uma empresa deseja verificar seu faturamento em determinado ano, os dados foram dispostos em uma tabela.

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Veja que nesse tipo de gráfico é possível ter uma melhor noção a respeito do crescimento ou do decrescimento dos rendimentos da
empresa.

• Gráfico de Barras
Tem como objetivo comparar os dados de determinada amostra utilizando retângulos de mesma largura e altura. Altura essa que deve
ser proporcional ao dado envolvido, isto é, quanto maior a frequência do dado, maior deve ser a altura do retângulo.

Exemplo: Imagine que determinada pesquisa tem por objetivo analisar o percentual de determinada população que acesse ou tenha:
internet, energia elétrica, rede celular, aparelho celular ou tablet. Os resultados dessa pesquisa podem ser dispostos em um gráfico como
este:

• Gráfico de Colunas
Seu estilo é semelhante ao do gráfico de barras, sendo utilizado para a mesma finalidade. O gráfico de colunas então é usado quando
as legendas forem curtas, a fim de não deixar muitos espaços em branco no gráfico de barra.

Exemplo: Este gráfico está, de forma genérica, quantificando e comparando determinada grandeza ao longo de alguns anos.

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• Gráfico de Setor
É utilizado para representar dados estatísticos com um círculo dividido em setores, as áreas dos setores são proporcionais às frequên-
cias dos dados, ou seja, quanto maior a frequência, maior a área do setor circular.

Exemplo: Este exemplo, de forma genérica, está apresentando diferentes variáveis com frequências diversas para determinada gran-
deza, a qual pode ser, por exemplo, a porcentagem de votação em candidatos em uma eleição.

• Histograma
O Histograma é uma ferramenta de análise de dados que apresenta diversos retângulos justapostos (barras verticais)28.
Por esse motivo, ele se assemelha ao gráfico de colunas, entretanto, o histograma não apresenta espaço entre as barras.

28 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-graficos/
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• Infográficos
Os infográficos representam a união de uma imagem com um texto informativo. As imagens podem conter alguns tipos de gráficos.

— Tabelas
As tabelas são usadas para organizar algumas informações ou dados. Da mesma forma que os gráficos, elas facilitam o entendimento,
por meio de linhas e colunas que separam os dados.

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Sendo assim, são usadas para melhor visualização de informa- (B)1547 unidades.
ções em diversas áreas do conhecimento. Também são muito fre- (C)1552 unidades.
quentes em concursos e vestibulares. (D)1557 unidades.
(E)1562 unidades.

QUESTÕES 5.(FGV - SOLD (PM CE)/PM CE/2021)


Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme-
ros naturais
1.(FGV - SOLD (PM AM)/PM AM/2022) Em um grupo de 218 soldados, 147 são do sexo masculino e
Assunto: Número de elementos da união, da intersecção, do 71 do sexo feminino. Para um treinamento, esses 218 soldados são
complemento e da diferença agrupados, aleatoriamente, formando 109 pares de soldados. Sabe-
Em um grupo de 45 soldados, 27 gostam de marchar e 38 gos- -se que, exatamente, 21 pares têm dois soldados do sexo feminino.
tam de praticar tiro ao alvo. O número de pares de soldados que têm dois soldados do sexo
Sejam: masculino é
X: o número de soldados desse grupo que gostam de marchar (A) 61.
e também de praticar tiro ao alvo; (B) 59.
Y: o número de soldados desse grupo que não gostam nem de (C) 57.
marchar nem de praticar tiro ao alvo. (D) 55.
Nesse caso, é correto afirmar que (E) 53.
(A) X é no máximo 20.
(B) Y é no mínimo 7. 6.(FGV - ATA (IMBEL)/IMBEL/ALMOXARIFE/2021)
(C) quando X = 23, tem-se Y = 7. Assunto: Adição, subtração, multiplicação e divisão de núme-
(D) quando Y = 7, tem-se X = 20. ros naturais
(E) quando Y = 5, tem-se X = 25. Uma lanterna, incluindo as duas pilhas alcalinas necessárias
para seu funcionamento custa R$ 50,00. A lanterna, sozinha, custa
2.(FGV - TEC (FUNSAÚDE CE)/FUNSAÚDE CE/ENFERMAGEM R$ 8,00 a mais do que uma pilha.
SAÚDE DO TRABALHADOR/2021) O preço do par de pilhas é
Assunto: Número de elementos da união, da intersecção, do (A) R$ 14,00.
complemento e da diferença (B) R$ 20,00.
Em um grupo de pessoas, 28 falam espanhol e 20 falam inglês. (C) R$ 22,00.
Sabe-se que 4 pessoas não falam nenhum desses idiomas e que 24 (D) R$ 28,00.
pessoas falam apenas um desses idiomas. (E) R$ 30,00.
O número de pessoas desse grupo é
(A) 40. 7.(FGV - AAO (IMBEL)/IMBEL/AJUDANTE GERAL/2021)
(B) 42. Assunto: Divisibilidade, números primos, fatores primos, divi-
(C) 44. sor e múltiplo comum (MMC)
(D) 46. O número N é par, está entre 57 e 97, é múltiplo de 7, mas não
(E) 48. é múltiplo de 5.
A soma dos algarismos de N é
3.(FGV - ADV (FUNSAÚDE CE)/FUNSAÚDE CE/2021) (A) 7.
Assunto: Números naturais: introdução, representação, pro- (B) 10.
priedades (C) 12.
Seja N a quantidade de números inteiros pares, de dois algaris- (D) 15.
mos, tais que o algarismo das dezenas é maior do que o algarismo (E) 16.
das unidades.
O valor de N é 8.(FGV - AO (SSP AM)/SSP AM/2022)
(A) 45. Assunto: Números inteiros (propriedades, operações, módulo
(B) 40. etc)
(C) 30. Considere uma operação entre números inteiros maiores do
(D) 25. que zero, representada pelo símbolo & e definida como:
(E) 20 a&b =3a+b, sendo a e b números inteiros positivos.
Considere também o conjunto C cujos elementos são os núme-
4(FGV - AG (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/APOIO OPERA- ros inteiros x, maiores do que zero, tais que x&2 seja múltiplo de 4
CIONAL/2021) e menor do que 40.
Assunto: Números naturais: introdução, representação, pro- O número de elementos do conjunto C é igual a
priedades (A) 1.
No nosso sistema de numeração decimal, a soma de 22 unida- (B) 2.
des com 13 dezenas e meia e com 14 centenas é igual a (C) 3.
(A)1452 unidades. (D) 4.
(E) 5.
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9.(FGV - ADV (IMBEL)/IMBEL/2021) 13.(FGV - AAO (IMBEL)/IMBEL/AJUDANTE GERAL/2021)


Assunto: Análise combinatória (princípio fundamental da con- Assunto: Porcentagem
tagem, arranjos, combinações, permutações) Dois aumentos sucessivos, um de 30% e outro de 40%, é equi-
Considere as cinco letras da sigla IMBEL. Deseja-se arrumar es- valente a dar um único aumento de
sas cinco letras em sequência, de modo que tanto as vogais quanto (A) 70%.
as consoantes apareçam na ordem alfabética, isto é, as vogais na (B) 76%.
ordem E, I e as consoantes na ordem B, L, M. Por exemplo, uma (C) 80%.
dessas arrumações é BELMI. (D) 82%.
O número de arrumações diferentes é (E) 120%.
(A) 18.
(B)) 12. 14.(FGV - ASS ADM (MPE GO)/MPE GO/2022)
(C) 10. Assunto: Interpretação de gráficos e tabelas
(D) 8. A tabela a seguir mostra o número de funcionários de uma em-
(E) 6. presa por sexo e por nível de escolaridade.

10.(FGV - TEC (FUNSAÚDE CE)/FUNSAÚDE CE/ENFERMA- Homens Mulheres Total


GEM SAÚDE DO TRABALHADOR/2021
Assunto: Análise combinatória (princípio fundamental da con- Com nível 20 X
tagem, arranjos, combinações, permutações) superior
Em um setor de uma empresa trabalham 6 pessoas. Dessas Sem nível Y 70
pessoas, duas serão escolhidas para trabalhar em um projeto novo. superior
Com essas pessoas, o número de pares diferentes que podem
Total 45 100
ser formados é
(A) 10.
(B) 12. O valor de Y – X é
(C) 13. (A) 20.
(D) 14. (B) 25.
(E) 15. (C) 30.
(D) 35.
11.(FGV - ATCE (TCE-AM)/TCE-AM/AUDITORIA DE TECNO- (E) 40.
LOGIA DA INFORMAÇÃO/2021)
Assunto: Sistemas de numeração (decimal, binário, hexadeci- 15.(FGV - AG (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/APOIO AD-
mal, octal, romano, conversão entre sistemas). MINISTRATIVO/2021)
A representação binária complemento a dois do número deci- Assunto: Interpretação de gráficos e tabelas
mal -32 é: De certo concurso para funcionários de um hospital temos os
(A) 00100000 dados a seguir:
(B) 10100000
(C) 11011111 Profissão Carga horária Remuneração Remuneração
(D) 01111111 por hora de
(E) 11100000 trabalho
Técnico de 30 h R$ 5.100,00 X
12.(FGV - TNS (SSP AM)/SSP AM/2022) enfermagem
Assunto: Porcentagem
Em um saco há 180 bolinhas, umas brancas, outras pretas e Técnico de 20 h R$ 3.600,00 Y
não há bolinhas de outra cor. Das bolinhas do saco, 60% são pretas. radiologia
São retiradas N bolinhas brancas do saco e, então a porcentagem de Técnico admi- 40 h R$ 6.000,00 Z
bolinhas pretas do saco passou a ser de 80%. nistrativo
O valor de N é
(A) 20. Em relação à remuneração por hora de trabalho é correto afir-
(B) 25. mar que
(C) 30. (A) X > Y > Z.
(D) 40. (B) Y > X > Z.
(E) 45. (C) X > Z > Y.
(D) Y > Z > X.
(E) Z > X > Y.

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MATEMÁTICA

16.(FGV - ALUN OF (PM SP)/PM SP/2021) (B) 9 ocorrências.


Assunto: Proporções. Grandezas proporcionais. Divisão em (C) 12 ocorrências.
partes proporcionais (D) 15 ocorrências.
Em certa cidade, verificou-se que a quantidade de assaltos (E) 16 ocorrências.
ocorridos em cada mês era inversamente proporcional ao número
de policiais presentes no patrulhamento das ruas nesse mês. 21(FGV - SOLD (PM CE)/PM CE/2021)
Sabe-se que, em abril, 400 policiais estiveram presentes no pa- Assunto: Unidades de Medida (distância, massa, volume, tem-
trulhamento e 30 assaltos ocorreram, e que, em maio, o número de po, etc)
assaltos caiu para 24. Em uma prova de natação, os tempos costumam ser apresen-
O número de policiais que estiveram presentes no patrulha- tados no formato 1:23.45, indicando, nesse caso, um tempo de 1
mento no mês de maio foi minuto, 23 segundos e 45 centésimos de segundo.
(A) 320. Em uma prova de natação de 400 metros, 4 estilos, César ob-
(B) 360. teve nos 4 estilos, respectivamente, os tempos 0:52.50, 1:02.12,
(C) 420. 1:05.42 e 0:54.10.
(D) 460. O tempo total de César, nessa prova, foi de
(E) 500. (A) 3:54.14
(B) 3:44.24
17.(FGV - 2º TEN (CBM AM)/CBM AM/2022) (C) 3:14.44
Assunto: Regra de três simples (D) 2:44.04
Um avião de passageiros está voando a 11900 m de altitude (E) 2:24.54
quando inicia o procedimento de descida. A descida é feita a uma
razão constante de 600 metros por minuto até a altitude de 2000 m 22.(FGV - ATA (IMBEL)/IMBEL/ALMOXARIFE/2021)
quando estabiliza sua altitude. Assunto: Unidades de Medida (distância, massa, volume, tem-
A duração dessa descida foi de: po, etc)
(A) 15min 3s. Neuza trabalha em uma fábrica, mas almoça fora. Certo dia, o
(B) 15min 45s. relógio de ponto da fábrica registrou no cartão de Neuza:
(C) 16min 5s.
(D) 16min 30s. Dia Entrada Saída
(E) 16min 50s.
02/09/2021 07:56 12:08
18.(FGV - TJ (TJ RO)/TJ RO/2021) 02/09/2021 13:16 17:42
Assunto: Regra de três simples
Três funcionários de um escritório foram designados para di- Nesse dia, Neuza permaneceu na fábrica
gitalizar todos os documentos de um processo antigo, e levaram, (A)7h24min.
nessa tarefa, 8 horas e 40 minutos. (B)7h38min.
Se dois funcionários a mais tivessem sido convocados para se (C)8h12min.
juntar aos outros nesse trabalho, o tempo de digitação teria sido (D)8h24min.
reduzido em: (E)8h38min.
(A) 3 horas e 28 minutos;
(B) 3 horas e 42 minutos; 23.(FGV - ASS (FUNSAÚDE CE)/FUNSAÚDE CE/2021
(C) 4 horas e 12 minutos; Assunto: Sistema Monetário
(D) 4 horas e 38 minutos; Na bolsa de moedas de Maria há, apenas, moedas de 10, 25 e
(E) 5 horas e 12 minutos. 50 centavos, perfazendo o total de 2 reais e 5 centavos.
O menor número de moedas que Maria pode ter em sua bolsa
19.(FGV - 2º TEN (CBM AM)/CBM AM/2022) é:
Assunto: Regra de três composta (A)5.
3 caminhões removem 600 toneladas de terra em 8 dias. (B)6.
A quantidade de terra que 5 caminhões removerão em 7 dias é (C)7.
(A) 750 toneladas. (D)8.
(B) 785 toneladas. (E)9.
(C) 825 toneladas.
(D) 850 toneladas. 24.(FGV - ALUN OF (PM SP)/PM SP/2021)
(E) 875 toneladas. Assunto: Logaritmo
Ao resolver certo problema, encontramos a equação exponen-
20.(FGV - APC (FUNSAÚDE CE)/FUNSAÚDE CE/2021) cial ax = 100. Sabendo que o logaritmo decimal de a é igual a 0,54,
Assunto: Regra de três composta o valor de x é, aproximadamente,
Três profissionais de enfermagem atendem, em média, 12 (A) 2,8.
ocorrências em 2 horas. Com a mesma eficiência, duas profissionais (B) 3,1.
de enfermagem atendem, em 4 horas, em média, (C) 3,4.
(A) 8 ocorrências.
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MATEMÁTICA

(D) 3,7. 30.(FGV - ALUN OF (PM SP)/PM SP/2021)


(E) 4,2. Assunto: Progressão aritmética
Um sargento organizou um grupo de soldados em 16 filas, com
25.(FGV - AUX POL NEC (PC RJ)/PC RJ/2022 2 soldados na primeira fila e 3 soldados a mais em cada fila subse-
Assunto: Equações de primeiro grau quente: 2, 5, 8, 11, ... Se o sargento organizasse o mesmo grupo de
Uma delegacia recebeu 55 camisetas para dividir igualmente soldados em filas de 14 soldados cada uma, o número total de filas
entre seus policiais. O delegado Saraiva percebeu que, dando 3 ca- seria
misetas a cada policial, sobravam ainda 13 camisetas, e que, dando (A) 14.
5 camisetas a cada policial, no final da distribuição, 3 policiais nada (B) 16.
receberiam. (C) 24.
O número de policiais dessa delegacia é: (D) 28.
(A) 14; (E) 32.
(B) 15;
(C) 16; 31.(FGV - PROF (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/EDUCA-
(D) 17; ÇÃO BÁSICA II/MATEMÁTICA/2021)
(E) 18. Assunto: Função de segundo grau
Uma função quadrática f(x) = x2 + bx + c tem um valor mínimo
26.(FGV - AG (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/APOIO OPE- no ponto em que x = −2 e o seu gráfico passa pelo ponto (−1, 3). O
RACIONAL/2021) valor de f(1) é:
Assunto: Equações de primeiro grau (A) −1.
O dobro do sucessor de 13 é o sucessor do triplo de (B)0.
(A)6. (C)8.
(B)7. (D)9.
(C)8. (E) 11.
(D)9.
(E) 10. 32.(FGV - PROF (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/EDUCA-
ÇÃO BÁSICA II/MATEMÁTICA/2021)
27.(FGV - ALUN OF (PM SP)/PM SP/2021) Assunto: Funções modulares, equações modulares e inequa-
Assunto: Equações de segundo grau e equações biquadradas ções modulares
Considere a equação x2 + x − 3 = 0. A soma dos valores inteiros pares de x que satisfazem |x + 2|
A soma dos cubos das raízes dessa equação é < 4π é:
(A) −1. (A) −26.
(B) −10. (B) −12.
(C) −27. (C) 0.
(D )um número real irracional. (D) 14.
(E)um número complexo imaginário. (E) 22.

28.(FGV - PROF (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/EDUCA- 33.(FGV - PROF (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/EDUCA-
ÇÃO BÁSICA II/MATEMÁTICA/2021) ÇÃO BÁSICA II/MATEMÁTICA/2021
Assunto: Equações logarítmicas Assunto: Matrizes
Seja N a solução da equação Considere a equação matricial A2 X−1 B−1 = AC, onde A, B, C e
log9(log4 N) = log16 (log2 16). X são matrizes quadradas invertíveis e de mesma ordem.
A soma dos algarismos de N é A solução X é igual a
(A)3. (A)AB−1 C −1
(B)7. (B)AC −1C −1
(C)9. (C) CA−1 B
(D) 10. (D) A−1 BC
(E) 12. (E) B−1 C −1A

29.(FGV - SOLD (CBM AM)/CBM AM/2022) 34.(FGV - TFFC (CGU)/CGU/2022)


Assunto: Progressão aritmética Assunto: Sistemas lineares
A soma de 8 números inteiros consecutivos é 5764. Considere o sistema linear x − 2y + z = 4
O maior desses números é −3x + y + 2z = 3
(A) 724. Sabe-se que x + y > 100.
(B) 723. O menor valor inteiro de z que satisfaz as condições dadas é:
(C) 720. (A) 52;
(D) 717. (B) 53;
(E) 707 (C) 54;
(D) 55;
(E) 56.
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MATEMÁTICA

35.(FGV - INV POL (PC AM)/PC AM/4ª CLASSE/2022) 39.(FGV - SOLD (CBM AM)/CBM AM/2022)
Assunto: Sistemas lineares Assunto: Área e Perímetro do triângulo
Madalena comprou, numa certa semana, 2 kg de carne (pati- As cidades A, B e C são ligadas por três estradas. De A até B são
nho) e 1 kg de frango (coxas), e pagou R$ 92,00. Na semana seguin- 12 km, de B até C são 16 km e de C até A são 10 km. Não há outros
te, os preços ainda eram os mesmos e ela comprou 1 kg da mesma caminhos.
carne e 3 kg do mesmo frango, pagando R$ 76,00.
Se Madalena comprasse 1 kg de carne e 1 kg de frango pagaria
(A) R$ 48,00.
(B) R$ 50,00.
(C) R$ 52.00.
(D) R$ 54,00.
(E) R$ 56,00.

36.(FGV - PROF (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/EDUCA-


ÇÃO BÁSICA II/MATEMÁTICA/2021) Mário está na estrada BC em um ponto tal que, para ir à cida-
Assunto: Números complexos de A é indiferente passar por B ou por C, pois percorrerá a mesma
Os números complexos z1 = 20 + 21i e z2 = 20 − 21i são rotacio- distância.
nados de 90º no sentido anti-horário em torno da origem, obtendo- Jorge está na estrada AB em um ponto tal que, para ir à cidade
-se, respectivamente, os números complexos z3 e z4 . C é indiferente passar por B ou por A, pois percorrerá a mesma dis-
O número complexo z3 + z4 é: tância. Para que Mário encontre Jorge deverá percorrer, no mínimo,
(A) 0. (A) 9 km.
(B) 40. (B) 10 km.
(C) 40i. (C) 11 km.
(D) 42. (D) 12 km.
(E) 42i. (E) 13 km.

37.(FGV - PROF (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/EDUCA- 40.(FGV - AUX POL NEC (PC RJ)/PC RJ/2022)
ÇÃO BÁSICA II/MATEMÁTICA/2021) Assunto: Relações métricas no triângulo retângulo (Inclui Teo-
Assunto: Polinômios e equações polinomiais. Expansão de bi- rema de Pitágoras)
nômios. Triângulo de Pascal A figura abaixo mostra uma linha poligonal desde o ponto A
Sabe-se que todas as raízes do polinômio P(x) = x4 − 8x3 + Cx2 até o ponto B desenhada sobre um quadriculado. O lado de cada
+ Dx + 8 são números inteiros positivos. quadradinho do quadriculado mede 1 unidade.
O valor de D é
(A) −19.
(B) −20.
(C) −21.
(D) −22.
(E) −23.

38.(FGV - ATA (IMBEL)/IMBEL/ALMOXARIFE/2021)


Assunto: Congruência e semelhança de triângulos. Razão de
semelhança O comprimento dessa linha poligonal é:
Considere a figura: (A) 26;
Sabe-se que a razão a/b é igual a 3⁄2. (B) 28;
(C) 30;
(D) 31;
(E) 32.

A razão x/y é igual a


(A) 3/2.
(B) 2/3
(C) 2/5.
(D) 3/5.
(E) 5/3.

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MATEMÁTICA

41.(FGV - TFFC (CGU)/CGU/2022) O diâmetro desse cano mede, aproximadamente,


Assunto: Lei dos senos e Lei dos cossenos (A)14 mm.
Um avião percorria a trajetória reta XY da figura abaixo, de X (B)16 mm.
para Y, quando o piloto percebeu turbulências à frente. Para evi- (C)18 mm.
tá-las fez, no ponto A, um giro na trajetória para a esquerda e per- (D)20 mm.
correu 10 km. No ponto B fez um giro de 53o para a direita e, ao (E)40 mm.
percorrer mais 10 km, percebeu que tinha atingido o ponto C da
trajetória inicial. 45.(FGV - TNS (SSP AM)/SSP AM/2022)
Assunto: Geometria espacial
Uma pirâmide de base retangular tem volume igual a 36. As
arestas da base da pirâmide são então duplicadas e a altura, tripli-
cada.
O volume da nova pirâmide é
(A) 108.
Dados: (B) 216.
Use o necessário, (C) 324.
sen37°=0,6 cos37°=0,8 (D) 396.
√5 = 2, 24 (E) 432.
A distância entre os pontos A e C é, aproximadamente:
(A) 16,4;
(B) 16,7; GABARITO
(C) 17,1;
(D) 17,5;
(E) 17,9.
1 E
42.(FGV - AUX POL NEC (PC RJ)/PC RJ/2022) 2 A
Assunto: Quadriláteros (propriedades, área, perímetro, soma
dos ângulos etc) 3 D
Modificamos um retângulo, aumentando sua base em 32% e 4 D
diminuindo sua altura em 32%.
Então, sua área: 5 B
(A)não se alterou; 6 D
(B)diminuiu cerca de 10%;
(C)aumentou cerca de 10%; 7 C
(D)diminuiu cerca de 20%; 8 C
(E)aumentou cerca de 20%.
9 C
43.(FGV - PROF (PREF PAULÍNIA)/PREF PAULÍNIA/EDUCA- 10 E
ÇÃO BÁSICA II/MATEMÁTICA/2021)
Assunto: Quadriláteros (propriedades, área, perímetro, soma 11 E
dos ângulos etc) 12 E
Uma praça quadrada com área igual a 10000 m2 é representa-
da em uma maquete por um quadrado de lado 5 cm. Nessa mesma 13 D
maquete, um quadrado de lado 6 cm representa, em metros qua- 14 D
drados, uma região com área igual a:
(A) 6000. 15 B
(B) 12000. 16 E
(C) 14400.
(D) 15600. 17 D
(E) 16000. 18 A
44.(FGV - AAO (IMBEL)/IMBEL/AJUDANTE GERAL/2021) 19 E
Assunto: Definição, elementos e propriedades (circunferência
20 E
e círculo)
Em uma fábrica há um cano de cobre com diâmetro de 5/8 de 21 A
polegada que precisa ser trocado, mas os fabricantes nacionais só
possuem canos desse tipo com diâmetros especificados em milí-
22 E
metros. 23 C
Sabe-se que 1 polegada é equivalente a 2,54 cm.

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MATEMÁTICA

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24 D
25 A ______________________________________________________

26 D ______________________________________________________
27 B ______________________________________________________
28 D
______________________________________________________
29 A
______________________________________________________
30 E
31 E ______________________________________________________

32 A ______________________________________________________
33 E ______________________________________________________
34 B
______________________________________________________
35 C
______________________________________________________
36 C
37 D ______________________________________________________

38 D ______________________________________________________
39 B ______________________________________________________
40 D
______________________________________________________
41 E
______________________________________________________
42 B
43 C ______________________________________________________

44 B ______________________________________________________
45 E ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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ENSINO DE MATEMÁTICA

também defendida por pesquisadores como Ole Skovsmose, da


ENSINO DA MATEMÁTICA: MODELAGEM MATEMÁTICA Universidade de Aalborg na Dinamarca, e Jonei Cerqueira Barbosa,
da Universidade Católica de Salvador no Brasil.
Skovsmose coloca que o ambiente de aprendizagem que ca-
— Modelagem Matemática racteriza a modelagem faz um convite aos alunos que são estimu-
A modelagem matemática é uma técnica que pode ser aplicada lados a desenvolver atividades. Destaca que o convite por si só não
no ensino da Matemática em todos os níveis, com relatos de utiliza- garante o envolvimento dos alunos nas atividades propostas. Isto
ção anteriores à década de 1980. Quando utilizada, muitos questio- só acontecerá se os seus interesses forem abordados no ambiente.
namentos são feitos no contexto de sua adequação aos programas Também, Barbosa ressalta que esse ambiente de aprendiza-
curriculares e também em nível metodológico. gem estimula explorações e investigações matemáticas de situa-
Atualmente a modelagem matemática tem sido usada com ções de outras áreas que não a Matemática. O autor concorda com
frequência em experimentos nos cursos de pós-graduação, criando Skovsmose que, para um maior envolvimento dos alunos, é impor-
muitas expectativas referentes ao seu uso. Ainda não se constata tante trabalhar com situações ligadas aos seus interesses. Assim, o
uma sistemática geral de utilização, mas podemos encontrar vários trabalho com situações fictícias ou artificiais, mesmo que envolva
exemplos de aplicações bem-sucedidas. os alunos em ricas discussões, não deve ser privilegiado.
Ao contrário do que se possa imaginar, o uso da modelagem O trabalho com situações reais colocará os alunos frente a
matemática não é recente. Pesquisadores buscam as raízes da problemas que efetivamente dizem respeito a um contexto social
modelagem analisando a história da ciência e seus grandes pensa- e cultural vivenciado em determinado momento da história da hu-
dores. Por exemplo, Biembengut mostra textos históricos de apro- manidade. Pode-se enfatizar a importância da modelagem quando
ximadamente 1200 a.C., que apontam problemas cujas soluções possibilita a conexão de conteúdos matemáticos com outras áreas
culminaram com a elaboração dos primeiros modelos matemáticos. do conhecimento.
Porém, foi no início do século XX que a modelagem foi muito Trabalha-se numa das questões importantes do processo ensi-
utilizada na resolução de problemas de Biologia e de Economia. A no-aprendizagem da Matemática, que diz respeito ao interesse do
partir da década de 1980 encontram-se vários exemplos de utiliza- aluno em visualizar aplicações práticas, ligadas ao seu dia-a-dia. O
ção da modelagem nas aulas de Matemática. Neste período a mo- uso da modelagem pode propiciar esta conexão, além de ampliar
delagem se consolidou como uma abordagem pedagógica. o conhecimento matemático, ajudando a estruturar a maneira de
Chegamos mais perto da definição de modelagem matemáti- pensar e agir do aluno.
ca que, de maneira bem simples, nada mais é do que o processo A modelagem pode ser utilizada em dois contextos específicos:
utilizado para a obtenção de modelos matemáticos. A seguir apre- como ferramenta na resolução de problemas e como metodologia
sentam-se algumas definições de autores para a modelagem ma- para o processo ensino-aprendizagem da Matemática.
temática:
Para Bienbemgut e Hein, modelagem é a arte de expressar, por
intermédio da linguagem matemática, situações-problema reais. É
um processo que emerge da própria razão e participa da nossa vida
como forma de constituição e de expressão do conhecimento.
Para Bassanezi, modelagem é uma nova forma de encarar a
Matemática e consiste na arte de transformar problemas da reali-
dade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas
soluções na linguagem do mundo real.
Para Lopes e Borba, é uma maneira de tentar entender a mate-
mática no cotidiano, de traduzir um problema real para a linguagem https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANI-
matemática. MA/22126/1/fulltext.pdf
Para Davis, a modelagem é caracterizada como a forma com
que fazemos as coisas e é um processo fundamental para o sucesso Modelo Matemático
da humanidade nos diferentes segmentos da sociedade. Conforme o contexto, a palavra modelo possui vários signifi-
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, publicados em 1998 cados. De forma geral, pode-se dizer que um modelo é uma repre-
pelo Ministério da Educação, mencionam a modelagem como um sentação simplificada de algum fenômeno ou situação real. Mas e
ambiente de aprendizagem no qual os alunos têm a possibilidade o modelo matemático?
de utilizar a Matemática para indagar e/ou investigar situações
oriundas de outras áreas da realidade. A abordagem, que conside-
ra a modelagem como um ambiente de aprendizagem, vem sendo
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a solução para o seu concurso!
ENSINO DE MATEMÁTICA

O modelo matemático é uma representação simplificada, porém tendo como característica o uso de um conjunto de símbolos e re-
lações matemáticas. Desta forma, representa o objeto ou fenômeno estudado, ou ainda, o problema proveniente de uma situação real.
Muitas situações do mundo real podem apresentar problemas que precisam ser resolvidos. Por exemplo, o problema de cálculo do
juro cobrado por uma instituição financeira em razão de determinado empréstimo, contém fatos matemáticos relativamente simples e
envolve uma matemática elementar.
Um modelo matemático pode ser formulado a partir de expressões numéricas ou fórmulas, diagramas ou tabelas, expressões algébri-
cas ou ainda representações gráficas. Os programas computacionais podem ajudar muito na apresentação e obtenção de um modelo. É
importante, porém, que tenha uma linguagem concisa e que expresse as ideias de maneira clara e sem ambiguidades.
Vejamos alguns modelos de aeronaves. Observa-se que, a partir de cada modelo podemos delinear somente algumas características
do objeto real.
Percebe-se que estes não são modelos matemáticos:

https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/22126/1/fulltext.pdf

Agora veja-se um modelo matemático. Trata-se de um modelo para a dinâmica populacional de uma nova colmeia de abelhas.
É descrito da seguinte forma: o crescimento populacional de uma colmeia é proporcional à diferença entre a população máxima sus-
tentável e a população dada em cada instante.

https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/22126/1/fulltext.pdf

Para se chegar neste modelo é necessário resolver uma equação diferencial de primeira ordem. No contexto da modelagem matemá-
tica, um modelo fica inserido num processo de decisão, na solução de um problema real, permitindo relacionar os diversos elementos de
forma mais simples que o real.

https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/22126/1/fulltext.pdf

Diante de um problema do mundo real é possível selecionar variáveis e delinear o modelo. Por sua vez, o modelo produz informações
importantes para a criação de alternativas de solução. A partir de referenciais teóricos, pode-se escolher a melhor alternativa, obtendo
assim uma solução.
Como a solução é encontrada a partir de um modelo é necessária a validação, ou seja, a verificação da solução encontrada. A ideia é
responder a perguntas como:

A solução é efetivamente apropriada para o problema?


Poderá ser usada de forma efetiva?
Existem etapas metodológicas a serem seguidas para todo o processo. Desta forma, fica mais fácil a obtenção de um modelo mate-
mático.

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a solução para o seu concurso!
ENSINO DE MATEMÁTICA

Etapas da Modelagem Matemática


A modelagem matemática pode ser vista como um processo que envolve a obtenção de um modelo, sendo um meio de fazer com que
Matemática e realidade possam interagir. Na construção de um modelo são necessárias criatividade e intuição, além do conhecimento
de Matemática, visto que é importante interpretar o contexto, identificar as variáveis e o conteúdo matemático que melhor se adapte a
determinada situação.
O processo de interação entre a Matemática e a realidade não é trivial para muitos professores e alunos. Então, a obtenção de um
modelo matemático passa a ser um desafio quando se trabalha com a modelagem matemática.
Pode-se visualizar o processo da modelagem matemática pelo esquema, sendo a Matemática e a realidade representadas por dois
conjuntos disjuntos e a modelagem como um meio de fazê-las interagir.

https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/22126/1/fulltext.pdf

Com o intuito de sistematizar este processo, Biembengut e Hein propõem procedimentos que podem ser agrupados em três etapas:

Etapa 1: Interação
Num primeiro momento é importante que se reconheça a situação-problema, bem como se levante o referencial teórico relativo ao
assunto que será modelado. Esta etapa não termina com o início da próxima, visto que a situação-problema torna-se mais clara à medida
que se interage com os dados.

Etapa 2: Matematização
É uma etapa desafiante e complexa pois é nela que se expressa o problema em linguagem matemática. Nesta etapa identificam-se os
fatos envolvidos, classificando as informações como relevantes ou não.
Levantam-se as hipóteses, se selecionam variáveis e constantes envolvidas e descrevemos as relações em termos matemáticos. Após
a formulação do problema, passamos à resolução ou à análise com as ferramentas matemáticas disponíveis.
Esta etapa exige um conhecimento considerável dos objetos matemáticos e muitas vezes o uso do computador pode-se tornar im-
prescindível.

Etapa 3: Modelo Matemático


Para concluir e validar o modelo é necessário avaliar e definir o quanto ele se aproxima da situação-problema representada, bem
como o grau de confiabilidade de sua utilização.

https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/22126/1/fulltext.pdf

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ENSINO DE MATEMÁTICA

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

A resolução de problemas na matemática é um processo que envolve a aplicação de conceitos matemáticos para solucionar questões
ou situações que requerem raciocínio lógico e análise quantitativa. É um processo criativo que requer habilidades de pensamento crítico
e estratégias específicas para chegar a uma solução.
Aqui estão algumas etapas comuns que podem ajudar a resolver problemas matemáticos:
Compreensão do problema: Leia cuidadosamente o enunciado do problema e certifique-se de entendê-lo completamente. Identifi-
que os dados fornecidos, as incógnitas a serem encontradas e as restrições dadas.
Planejamento: Desenvolva um plano ou estratégia para resolver o problema. Isso pode envolver a identificação de fórmulas ou con-
ceitos matemáticos relevantes, a criação de diagramas ou representações visuais, a divisão do problema em etapas menores ou a consi-
deração de casos específicos.
Execução: Implemente o plano que você desenvolveu, realizando os cálculos e aplicando as estratégias escolhidas. Organize suas
informações e seja cuidadoso com os cálculos para evitar erros.
Verificação: Após chegar a uma solução, verifique se ela faz sentido e está de acordo com as restrições do problema. Faça uma revisão
dos cálculos e verifique se a resposta obtida é razoável.
Comunicação: Expresse sua solução de forma clara e coerente, utilizando termos matemáticos apropriados e explicando o raciocínio
utilizado. Se necessário, apresente sua solução em um formato compreensível para outras pessoas.
Dentro deste prisma vamos elencar a técnica abaixo:
TECNICA PARA INTERPRETAR PROBLEMAS DE MATEMÁTICA
A linguagem matemática para algebrizar problemas:

Linguagem da questão Linguagem Matemática


Preposição da, de, do Multiplicação
Preposição por divisão
Verbos Equivale, será, tem, e, etc. igualdade
Pronomes interrogativos qual, quanto x?
Um número x
O dobro de um número 2x
O triplo de um número 3x
A metade de um número x/2
A terça parte de um número x/3
Dois números consecutivos x, x + 1
Três números consecutivos x, x + 1, x + 2
Um número Par 2x
Um número Ímpar 2x - 1
Dois números pares consecutivos 2x, 2x + 2
Dois números ímpares consecutivos 2x -1, 2x -1 + 2 (2x + 1)
O oposto de X ( na adição ) -x
O inverso de X ( na multiplicação) 1/x
Soma Aumentar, maior que, mais, ganhar, adicionar
Subtração menos, menor que, diferença, diminuir, perder, tirar
Divisão Razão

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ENSINO DE MATEMÁTICA

Abaixo temos a aplicação da técnica para a resolução de pro- Solução:


blemas A + V + B = 108
A = 2x
Exemplos de aplicação da técnica para a resolução de proble- V=x
mas: B = 3 . 2x = 6x
1- O dobro de um número somado ao triplo do mesmo número V=?
é igual a 7. Qual é esse número ? Continuando...
Vamos verificar a tabela para algebrizar este problema: A + V + B = 108
Solução: 2x + x + 6x = 108
2x + 3x = 7 9x = 108
5x =7
x=
x= x = 12
x = 1,4 V = x = 12
Resposta: x = 1,4 Resposta: Alternativa B

2 - Um relatório contém as seguintes informações sobre as tur- 4. Um fazendeiro dividirá seu terreno de modo a plantar soja,
mas A, B e C: trigo e hortaliças. A parte correspondente à soja terá o dobro da
• as três turmas possuem, juntas, 96 alunos; área da parte em que será plantado trigo que, por sua vez, terá o
• a turma A e a turma B possuem a mesma quantidade de alu- dobro da área da parte correspondente às hortaliças. Sabe-se que
nos; a área total desse terreno é de 42 ha, assim a área em que se irá
• a turma C possui o dobro de alunos da turma A. plantar trigo é de:
Estas informações permitem concluir que a turma C possui a (A) 6 ha
seguinte quantidade de alunos: (B) 12 ha
A) 48 (C) 14 ha
B) 42 (D) 18 ha
C) 28 (E) 24 ha
D) 24
Solução;
Solução: S+T+H=42
A + B + C = 96 S = 2 . 2x = 4x
A=x T = 2x
B=x H=x
C = 2x T=?
C=? Continuando...
Continuando... S + T + H = 42
A + B + C = 96 4x + 2x + x = 42
x + x + 2x = 96 7x = 42
4x = 96 x=

x=
x = 24 x=6
Continuando Continuando…
C = 2x T = 2x
C= 2 . 24 T = 2,6
C=48 T = 12
Resposta: Alternativa A Resposta: Alternativa B

3-Uma urna contém bolas azuis, vermelhas e brancas. Ao todo 5. Maria e Ana se encontram de três em três dias, Maria e Jo-
são 108 bolas. O número de bolas azuis é o dobro do de vermelhas, ana se encontram de cinco em cinco dias e Maria e Carla se encon-
e o número de bolas brancas é o triplo do de azuis. Então, o número tram de dez em dez dias. Hoje as quatro amigas se encontraram. A
de bolas vermelhas é: próxima vez que todas irão se encontrar novamente será daqui a:
(A)10 (A)15 dias
(B) 12 (B) 18 dias
(C) 20 (C) 28 dias
(D) 24 (D) 30 dias
(E) 36 (E) 50 dias

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ENSINO DE MATEMÁTICA

Conforme mencionado a resolução de problemas é a aplicação 5K – 3K = 500


de vários conceitos de matemática. Aqui uma questão onde envolve 2K = 500
o MMC. K=
Solução:
Calculando o MMC de 3 – 5 - 10 : K = 250
3 – 5 – 10 | 2 Continuando...
3–5–5 |3 A = 3K
1–5–5 |5 A = 3 . 250
1 – 1 – 1 | 30 dias. A = 750
Resposta: Alternativa D Resposta: Alternativa C

6. Uma doceria vendeu 153 doces dos tipos casadi- 8. Uma pessoa possui o triplo da idade de uma outra. Daqui
nho e brigadeiro. Se a razão entre brigadeiros e casadinhos a 11 anos terá o dobro. Qual é a soma das idades atuais dessas
foi de 217, determine o número de casadinhos vendidos. pessoas?
a) 22
a) 139 b) 33
b) 119 c) 44
c) 94 d) 55
d) 34 e) 66
Solução:
Razão é a mesma coisa que divisão Solução:
Total = 153 Presente:
= A=x
B = 3x
Futuro: ( + 11 anos)
B = 2A
C=? 3x + 11 = 2 (x + 11)
Continuando... Continuando...
Colocando o K (constante de proporcionalidade) para descobrir 3x + 11 = 2 (x + 11)
seu valor. 3 x + 11 = 2x + 22
= 3x – 2x = 22 -11
x = 11
Continuando...
Soando as idades.
2K + 7K = 153 A+B=?
9K = 153 A = x = 11
K= B = 3x = 3 . 11 = 33
A + B = 11+ 33 = 44
K = 17 Resposta: Alternativa C
Continuando...
C= 7K
C= 7 . 17 = 119 HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
Resposta: Alternativa B

7. Na venda de um automóvel, a comissão referente a essa ven- A Matemática, como a conhecemos hoje, surgiu no Antigo Egi-
da foi dividida entre dois corretores, A e B, em partes diretamente to e no Império Babilônico, por volta de 3500 a.C1.
proporcionais a 3 e 5, respectivamente. Se B recebeu R$ 500,00 a Porém, na pré-história, os seres humanos já usavam os concei-
mais que A, então o valor total recebido por A foi: tos de contar e medir.
a) R$ 550,00. Por isso, a matemática não teve nenhum inventor, mas foi cria-
b) R$ 650,00. da a partir da necessidade das pessoas em medir e contar objetos.
c) R$ 750,00. A matemática surge a partir da relação do ser humano com a
d) R$ 850,00. natureza.
Solução: Na pré-história, o homem primitivo necessitava medir a distân-
Colocando a proporcionalidade cia entre fontes de água ou para saber se seria capaz de capturar
A= 3K um animal etc.
B = 5K
B – A = 500
A=?
Continuando
B - A = 500 1 BEZERRA, J. História da Matemática.
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ENSINO DE MATEMÁTICA

Posteriormente, a partir do momento em que se tornou sedentário, precisou saber a quantidade de alimentos que necessitaria para comer.
Também deveria entender como e quando ocorriam as estações do ano, pois isso significava saber em que época deveriam plantar e colher.
Desta forma percebemos que a matemática nasce com a própria humanidade.

— Origem da Matemática

No mundo ocidental, a Matemática tem sua origem no Antigo Egito e no Império Babilônico, por volta de 3500 a.C.
Ambos os impérios desenvolveram um sistema de contagem e medição a fim de poder cobrar impostos dos seus súditos, organizar o
plantio e a colheita, construir edificações, entre outras funções.
Outros povos americanos, como os incas e astecas, também criaram um sistema de contagem sofisticado com os mesmos objetivos.

Matemática no Antigo Egito


A história do Egito está intimamente ligada com o rio Nilo, pois o povo egípcio precisava aproveitar as vantagens das suas cheias.
Assim, é ali que se desenvolveram modelos para determinar o tamanho das terras. Para isso, eles usaram partes do corpo humano
para estabelecer medidas como os pés, o antebraço e o braço.
Igualmente, elaboraram uma escrita onde cada símbolo correspondia 10 ou a múltiplos de 10. Importante lembrar que este sistema
corresponde aos dez dedos que temos nas mãos.

Observe abaixo o sistema de numeração egípcia:

Os egípcios empregaram a matemática para observar os astros e criar o calendário que usamos no mundo ocidental.
A partir do movimento do Sol e da Terra, eles distribuíram os dias em doze meses ou 365 dias. Igualmente, estabeleceram que um dia
tem duração aproximada de vinte e quatro horas.

Matemática no Império Babilônico


A formação da matemática na Babilônia está ligada à necessidade controlar os impostos arrecadados.
Os babilônicos não utilizaram o sistema decimal, pois não usavam apenas os dedos das mãos para contar. Eles se serviam das falanges
da mão direita e continuavam a contagem na mão esquerda, e assim contabilizavam até 60.
Este sistema é chamado sexagenal e é a origem da divisão das horas e dos minutos em 60 partes. Até hoje, dividimos um minuto por
60 segundos e uma hora, por 60 minutos.
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ENSINO DE MATEMÁTICA

Por sua vez, os babilônicos criaram um sistema de numeração cuneiforme e o escreviam os símbolos em tábuas de argila.

Veja a tabela abaixo com números babilônicos:

Matemática na Grécia Antiga


A matemática na Grécia Antiga engloba o período do séc. VI a.C. até o séc. V d.C.
Os gregos usaram a matemática tanto para fins práticos como para fins filosóficos. Aliás, um dos requisitos do estudo da filosofia era
o conhecimento da matemática, especialmente da geometria.
Eles teorizaram a respeito da natureza dos números, classificando-os em pares e ímpares, primos e compostos, números amigos e
números figurados.
Desta maneira, os gregos conseguiram fazer da matemática uma ciência com teoria e princípios. Vários matemáticos gregos criaram
conceitos que são ensinados até hoje como o Teorema de Pitágoras ou o Teorema de Tales.

Matemática na Roma Antiga


Os romanos continuaram a aplicar todas as descobertas dos gregos em suas construções, como os aquedutos, na enorme rede de
estradas ou no sistema de cobrança de impostos.
Os números romanos eram simbolizados por letras e seu método de multiplicação facilitou o cálculo de cabeça. Atualmente, os núme-
ros romanos estão presentes nos capítulos de livros e para indicar os séculos.
Veja abaixo os algarismos e sua equivalência escrita em números romanos:

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ENSINO DE MATEMÁTICA

Matemática na Idade Média


Durante o período conhecido como Alta Idade Média, a ma- JOGOS E ENSINO DE MATEMÁTICA
temática foi confundida com superstição e não era um campo do
saber valorizado pelos estudiosos.
No entanto, isso se modifica a partir do séc. XI. Por isso, longe Os jogos podem desempenhar um papel significativo no ensino
de ser uma “idade as trevas”, neste período os seres humanos con- da matemática, pois podem tornar o aprendizado mais divertido,
tinuaram a produzir conhecimento. envolvente e prático. Eles oferecem uma maneira interativa de ex-
Um dos mais destacados matemáticos foi o uzbeque Al-Kho- plorar conceitos matemáticos, resolver problemas e praticar habi-
wârizmî, que traduziu as obras de matemática dos hindus para a lidades numéricas. Aqui estão algumas informações sobre jogos e
Casa da Sabedoria, em Bagdá. Suas obras popularizaram entre os seu uso no ensino da matemática:
árabes os números como os escrevemos hoje. Jogos de tabuleiro: Existem muitos jogos de tabuleiro que en-
Acredita-se que os comerciantes árabes os apresentaram aos volvem matemática, como xadrez, damas, gamão e quebra-cabeças
europeus através de suas transações comerciais. matemáticos. Esses jogos estimulam o pensamento estratégico, a
tomada de decisões e o raciocínio lógico-matemático.
Idade Moderna Jogos digitais: Com os avanços na tecnologia, há uma ampla
Na Idade Moderna, foram estabelecidos os sinais de adição e variedade de jogos digitais disponíveis para ensinar matemáti-
subtração, expostos no livro “Aritmética Comercial” de João Wid- ca. Esses jogos podem ser jogados em computadores, tablets ou
man d’Eger, em 1489. smartphones, e muitos deles têm uma abordagem educativa. Eles
Antes, as somas eram indicadas pela letra “p”, da palavra latina abrangem desde jogos que ensinam números e operações básicas
“plus”. Por outro lado, a subtração era sinalizada pela palavra “mi- até jogos que envolvem álgebra, geometria e cálculo.
nus” e mais tarde, sua abreviação “mus” com um traço em cima. Quebra-cabeças matemáticos: Quebra-cabeças são uma ótima
A matemática acompanhou as mudanças que as ciências passa- maneira de desenvolver habilidades matemáticas, como resolução
ram no período conhecido como Revolução Científica. de problemas, lógica e pensamento crítico. Jogos como Sudoku,
Um dos grandes inventos será a calculadora, realizada pelo palavras cruzadas numéricas e quebra-cabeças de lógica requerem
francês Blaise Pascal. Além disso, ele escreveu sobre geometria no raciocínio matemático para serem resolvidos.
seu “Tratado do Triângulo Aritmético” e sobre fenômenos físicos Jogos de cartas: Os jogos de cartas podem ser usados para
teorizados no “Princípio de Pascal”, sobre a lei das pressões num ensinar conceitos matemáticos, como contagem, probabilidade e
líquido. estratégia. Jogos como “Blackjack” e “Poker” envolvem habilidades
Igualmente, o francês René Descartes contribuiu para o apro- numéricas e cálculo de probabilidades, enquanto jogos como “Uno”
fundamento da geometria e do método científico. Suas reflexões fi- e “Batalha” podem ajudar a desenvolver habilidades de contagem e
caram expostas no livro “Discurso do Método”, onde defendia o uso comparação de números.
da razão e da comprovação matemática para chegar às conclusões Jogos de simulação: Jogos de simulação permitem aos alunos
sobre a causa dos fenômenos naturais. experimentar situações do mundo real e aplicar conceitos mate-
Por sua parte, o inglês Isaac Newton descreveu a lei da gravi- máticos em um contexto prático. Por exemplo, jogos de construção
dade através dos números e da geometria. Suas ideias consagraram de cidades ou gerenciamento de negócios podem envolver plane-
o modelo heliocêntrico e até hoje são estudadas como as Leis de jamento financeiro, cálculos de lucro e prejuízo, e tomada de deci-
Newton. sões com base em dados numéricos.
Ao usar jogos no ensino da matemática, é importante criar
Matemática da Idade Contemporânea atividades que sejam adequadas ao nível de habilidade dos alunos
Com a Revolução Industrial, a matemática se desenvolveu de e que estejam alinhadas aos objetivos de aprendizado. Os jogos
forma extraordinária. devem ser desafiadores o suficiente para estimular o pensamento
As indústrias e as universidades se tornaram um vasto campo matemático, mas também devem ser acessíveis e divertidos para
para o estudo de novos teoremas e invenções de todo tipo. manter o interesse dos alunos.
Na álgebra, os matemáticos se debruçaram no desenvolvimen- Além disso, os jogos podem ser usados como uma ferramenta
to de resolução de equações, quatérnios, grupos de permutações e de avaliação, permitindo aos professores observar as habilidades
grupo abstrato. matemáticas dos alunos em ação e identificar áreas que precisam
Já no século XX, as teorias de Albert Einstein reformularam o de mais atenção. Os jogos também podem promover a colaboração
que se entendia como Física. Deste modo, os matemáticos viram-se e a competição saudável entre os alunos, incentivando a participa-
diante de novos desafios para expressar em número as ideias do ção ativa e o engajamento no aprendizado da matemática.
genial cientista. Os jogos podem ser uma maneira eficaz e envolvente de en-
A teoria da relatividade supôs uma nova perspectiva sobre a sinar matemática, fornecendo aos alunos uma abordagem prática
compreensão do espaço, do tempo e mesmo do ser humano. e concreta para explorar os conceitos matemáticos. Ao participar
de jogos, os alunos podem desenvolver habilidades matemáticas,
como resolução de problemas, pensamento crítico, raciocínio lógi-
co, habilidades numéricas e compreensão dos princípios matemá-
ticos subjacentes.

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ENSINO DE MATEMÁTICA

informar, via teclado, as instruções de execução de operações e


ETNOMATEMÁTICA funções, e isso exige conhecimentos de Matemática. Por exemplo:
é a habilidade em estimar mentalmente resultados de operações
que identifica, de imediato, um erro de digitação, quando se obtém
Etnomatemática é hoje considerada uma subárea da História 0,354 como resultado da multiplicação “35,4 * 0,1”; é o conheci-
da Matemática e da Educação Matemática, com uma relação muito mento sobre porcentagem que habilita para o uso da tecla “%”; é
natural com a Antropologia e as Ciências da Cognição. É evidente a o conhecimento sobre funções que explica por que na calculadora
dimensão política da Etnomatemática. tem-se sen (30) = - 0,99, ou que explica a mensagem “valor inváli-
Etnomatemática é a matemática praticada por grupos culturais, do para a função” recebida, após aplicar-se a tecla “sqrt” (raiz qua-
tais como comunidades urbanas e rurais, grupos de trabalhadores, drada) ao número (-5). Em calculadoras gráficas, é o conhecimento
classes profissionais, crianças de uma certa faixa etária, sociedades sobre funções que permite analisar a pertinência ou não de certos
indígenas, e tantos outros grupos que se identificam por objetivos e gráficos que são desenhados na tela. Como as calculadoras traba-
tradições comuns aos grupos. lham com expansões decimais finitas, às vezes essas aproximações
Além desse caráter antropológico, a etnomatemática tem um afetam a qualidade da informação gráfica.
indiscutível foco político. A etnomatemática é embebida de ética, As planilhas eletrônicas são programas de computador que ser-
focalizada na recuperação da dignidade cultural do ser humano. vem para manipular tabelas cujas células podem ser relacionadas
A dignidade do indivíduo é violentada pela exclusão social, que por expressões matemáticas. Para operar com uma planilha, em um
se dá muitas vezes por não passar pelas barreiras discriminatórias nível básico, é preciso conhecimento matemático similar àquele ne-
estabelecidas pela sociedade dominante, inclusive e, principalmen- cessário ao uso de calculadora, mas com maiores exigências quanto
te, no sistema escolar. à notação de trabalho, já que as operações e as funções são defi-
Mas também por fazer, dos trajes tradicionais dos povos mar- nidas sobreas células de uma tabela em que se faz uso de notação
ginalizados, fantasias, por considerar folclore seus mitos e religiões, para matrizes. Assim, é importante conhecer bem a notação mate-
por criminalizar suas práticas médicas. E por fazer, de suas práticas mática usada para expressar diferentes conceitos, em particular o
tradicionais e de sua matemática, mera curiosidade, quando não conceito de função.
motivo de chacota. Além disso, a elaboração ração de planilhas mais complexas
A etnomatemática: é o lidar com a matemática de acordo com requer raciocínio típico dos problemas que exigem um processo de
a sua cultura, desta forma conseguimos visualizar povos que utili- solução em diferentes etapas.
zam a matemática de acordo com a sua etnia-cultural. Já se pensando na Tecnologia para a Matemática, há progra-
Esta forma de utilização matemática foi utilizada por diversos mas de computador (softwares) nos quais os alunos podem explo-
povos da antiguidade em suas construções, arquiteturas, etc.. Ain- rar e construir diferentes conceitos matemáticos, referidos a seguir
da hoje existem povos que usam suas características próprias para como programas de expressão.2 Os programas de expressão apre-
praticar a ciência matemática. sentam recursos que provocam, de forma muito natural, o processo
A palavra é composta por três palavras com raízes gregas: que caracteriza o “pensar matematicamente”, ou seja, os alunos fa-
“ETNO” + “MATEMA” + “TICA” que significam arte ou técnica de zem experimentos, testam hipóteses, esboçam conjecturas, criam
entender, explicar e aplicar a matemática dentro de um contexto estratégias para resolver problemas. São características desses pro-
cultural próprio. gramas:
Por fim a educação matemática estuda as ferramentas, mé- a) conter um certo domínio de saber matemático – a sua base
todos e abordagens para o ensino da matemática. Dentro des- de conhecimento;
te contexto a etnomatemática é um tema importante levado em b) oferecer diferentes representações para um mesmo objeto
consideração na educação matemática devido a sua relevância na matemático – numérica, algébrica, geométrica;
aprendizagem dessa disciplina. c) possibilitar a expansão de sua base de conhecimento por
meio de macroconstruções;
d) permitir a manipulação dos objetos que estão na tela.
TECNOLOGIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA.
Para o aprendizado da geometria, há programas que dispõem
de régua e compasso virtuais e com menu de construção em lin-
guagem clássica da geometria – reta perpendicular, ponto médio,
Não se pode negar o impacto provocado pela tecnologia de in-
mediatriz, bissetriz, etc. Feita uma construção, pode-se aplicar mo-
formação e comunicação na configuração da sociedade atual. Por
vimento a seus elementos, sendo preservadas as relações geomé-
um lado, tem-se a inserção dessa tecnologia no dia a dia da socieda-
tricas impostas à figura – daí serem denominados programas de
de, a exigir indivíduos com capacitação para bem usá-la; por outro
geometria dinâmica.
lado, tem-se nessa mesma tecnologia um recurso que pode sub-
Esses também enriquecem as imagens mentais associadas às
sidiar o processo de aprendizagem da Matemática. É importante
propriedades geométricas. Por exemplo: para o Teorema de Pitá-
contemplar uma formação escolar nesses dois sentidos, ou seja, a
goras, partindo do triângulo retângulo e dos quadrados construídos
Matemática como ferramenta para entender a tecnologia, e a tec-
sobre seus lados, podemos construir uma família de “paralelogra-
nologia como ferramenta para entender a Matemática.
mos em movimento” que, conservando a área, explica por que a
Considerando a Matemática para a Tecnologia, deve-se pensar
área do quadrado construído sobre a hipotenusa é igual à soma
na formação que capacita para o uso de calculadoras e planilhas
das áreas construídas sobre os catetos. Com a geometria dinâmica
eletrônicas, dois instrumentos de trabalho bastante corriqueiros
também se pode fazer modelação geométrica. Isso significa captar,
nos dias de hoje. No trabalho com calculadoras, é preciso saber
com a linguagem geométrica, o movimento de certos mecanismos
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a solução para o seu concurso!
ENSINO DE MATEMÁTICA

(uma porta pantográfica, um ventilador, um pistão) ou os movimentos corporais (o caminhar, o remar, o pedalar). Identificar o elemento
que desencadeia o movimento e, a partir dele, prosseguir com uma construção sincronizada, em que se preserva a proporção entre os
elementos, exige, além de conhecimento em geometria, uma escolha de estratégia de resolução do problema, com a elaboração de um
cronograma de ataque aos diferentes subproblemas que compõem o problema maior. É uma atividade que coloca em funcionamento
diferentes habilidades cognitivas – o pensar geométrico, o pensar estratégico, o pensar hierárquico.
Para o estudo das funções, das equações e das desigualdades da geometria analítica (retas, círculos, cônicas, superfícies), tem-se uma
grande variedade de programa de expressão. Em muitos desses programas, pode-se trabalhar tanto com coordenadas cartesianas como
com coordenadas polares. Os recursos neles disponibilizados facilitam a exploração algébrica e gráfica, de forma simultânea, e isso ajuda
o aluno a entender o conceito de função, e o significado geométrico do conjunto-solução de uma equação – inequação.
Para trabalhar com poliedros, existem também programas interessantes. Neles, há poliedros em movimento, sob diferentes vistas,
acompanhados de planificação. São programas apropriados para o desenvolvimento da visualização espacial.
As planilhas eletrônicas, mesmo sendo ferramentas que não foram pensadas para propósitos educativos, também podem ser utiliza-
das como recursos tecnológicos úteis à aprendizagem matemática. Planilhas oferecem um ambiente adequado para experimentar sequên-
cias numéricas e explorar algumas de suas propriedades, por exemplo, comparar o comportamento de uma sequência de pagamentos sob
juros simples e juros compostos. Também oferecem um ambiente apropriado para trabalhar com análises de dados extraídos de situações
reais. É possível organizar atividades em que os alunos têm a oportunidade de lidar com as diversas etapas do trabalho de análise de dados
reais: tabular, manipular, classificar, obter medidas como média e desvio padrão e obter representações gráficas variadas.
As planilhas eletrônicas também são muito apropriadas para introduzir a noção de simulação probabilística, importante em diversos
campos de aplicação. Ao se usar a função “ALEATÓRIO( )”, podem-se simular experimentos aleatórios de variados níveis de complexidade,
contribuindo, assim, para que o aluno atribua um significado intuitivo à noção de probabilidade como frequência relativa observada em
uma infinidade de repetições.
No uso de tecnologia para o aprendizado da Matemática, a escolha de um programa torna-se um fator que determina a qualidade
do aprendizado. É com utilização de programas que oferecem recursos para a exploração de conceitos e ideias matemáticas que está se
fazendo um interessante uso de tecnologia para o ensino da Matemática. Nessa situação, o professor deve estar preparado para inte-
ressantes surpresas: é a variedade de soluções que podem ser dadas para um mesmo problema, indicando que as formas de pensar dos
alunos podem ser bem distintas; a detecção da capacidade criativa de seus alunos, ao ser o professor surpreendido com soluções que nem
imaginava, quando pensou no problema proposto; o entusiástico engajamento dos alunos nos trabalhos, produzindo discussões e trocas
de ideias que revelam uma intensa atividade intelectual.

USO DO SOFTWARE GEOGEBRA


O uso de recursos tecnológicos digitais no contexto escolar constitui uma linha de trabalho que necessita se fortalecer na medida em
que há uma considerável distância entre os avanços tecnológicos na produção de softwares educacionais livres ou proprietários e a acei-
tação, compreensão e utilização desses recursos nas aulas pelos professores.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) já enfatizam a importância dos recursos tecnológicos para a educação, visando a
melhoria da qualidade do ensino aprendizagem. Afirmam que a informática na educação “permite criar ambientes de aprendizagem que
fazem sugerir novas formas de pensar e aprender” (p. 147).
Criado por Markus Hohenwarter, o GeoGebra é um software gratuito de matemática dinâmica desenvolvido para o ensino e aprendi-
zagem da matemática nos vários níveis de ensino (do básico ao universitário). O GeoGebra reúne recursos de geometria, álgebra, tabelas,
gráficos, probabilidade, estatística e cálculos simbólicos em um único ambiente. Assim, o GeoGebra tem a vantagem didática de apresen-
tar, ao mesmo tempo, representações diferentes de um mesmo objeto que interagem entre si. Além dos aspectos didáticos, o GeoGebra é
uma excelente ferramenta para criar se ilustrações profissionais para serem usadas no Microsoft Word, no Open Office ou no LaTeX. Escrito
em JAVA e disponível em português, o GeoGebra é multiplataforma e, portanto, ele pode ser instalado em computadores com Windows,
Linux ou Mac OS.
Este software é educativo, pois oferece:
Suporte as concretizações e ações mentais do aluno; isto se materializa na representação dos objetos matemáticos na tela do compu-
tador e na possibilidade de manipular estes objetos via sua representação. (GRAVINA, 1998)
É uma ferramenta que desperta o interesse pela busca do conhecimento matemático através da dinamicidade presente no Geogebra.
Segundo as orientações do MEC (1998), o computador deveria facilitar a Educação e deveria tornar as coisas mais fáceis para o educando
aprender. O aluno sente prazer em produzir algo que considerava impossível até então, este prazer motiva-o a compreender e buscar
soluções para outros problemas que vier a encontrar futuramente, isto graças ao raciocínio e à consciência de sua competência e não por
adivinhação ou descoberta ao acaso.
Conforme Gerônimo (2010, p.11) pode-se substituir o caderno ou as folhas quadriculadas onde antigamente eram feitos os desenhos
geométricos, porém com rapidez e sem perda de tempo, pois com apenas um clique obtém o plano cartesiano ou as retas e indo assim,
direto ao assunto proposto. Ao apresentar o programa, o educando verá a interface do Geogebra, composta de dois grandes campos: à
esquerda, a coluna algébrica, e à direita, o plano onde mostra os eixos coordenados (geométrica).

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ENSINO DE MATEMÁTICA

A barra de ferramentas é de acesso rápido. Cada ícone, quando selecionado, dá acesso a um grupo de ferramentas de desenho relacio-
nadas com as funções descritas no desenho do ícone.
As principais ferramentas disponíveis e seus ícones são:

Quando acionado no canto direito, abaixo de cada ícone (flechinha) abre uma nova tela com os comandos e uma breve descrição.

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ENSINO DE MATEMÁTICA

O campo de entrada (parte inferior do Geogebra) é usado para escrever uma função. Pressionando enter, a figura surge na janela geomé-
trica e sua descrição algébrica na janela respectiva. Abaixo e à direita, vê-se parte dos itens que estão em ordem alfabética:

Cada vez que é usada a Janela Geométrica para criar um ponto, uma reta ou uma figura geométrica, na Janela Algébrica fica registrada o
nome e sua representação algébrica.

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ENSINO DE MATEMÁTICA

Clicando sobre a janela geométrica, com o botão direito do mouse, pode ser ativada/desativada a janela de visualização.

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ENSINO DE MATEMÁTICA

a comunicar a solução dos problemas para os demais colegas.


QUESTÕES
5. (CESPE / CEBRASPE - SEDUC-AL) - No ensino de matemática
há três aspectos relevantes que podem ser trabalhados nas aulas
1. (PREFEITURA DE SANTA LEOPOLDINA/ES - PROFESSOR DE de matemática: as situações-problemas, a comunicação e o uso de
MATEMÁTICA - IDCAP/2021) A história da matemática nos ensina jogos. Com relação a esse assunto, julgue o item a seguir.
sobre variados sistemas numéricos que tiveram importante papel O professor de matemática deve incentivar diversos aspectos
no desenvolvimento de algumas civilizações. Entre os itens abaixo, da comunicação entre os seus alunos. A produção de material oral,
qual NÃO denomina um destes sistemas? escrito e pictórico pelos estudantes pode auxiliar na avaliação do
(A) Egípcio professor, bem como na transmissão de conhecimento entre os
(B) Indo-arábico próprios estudantes.
(C) Anglo-saxão ( ) CERTO
(D) Romano ( ) ERRADO
(E) Sumério
6. ( CESPE / CEBRASPE - ABIN ) - O uso de ferramentas tecno-
2. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO CEDRO/SC - PROFESSOR DE lógicas interativas garante por si só o compartilhamento e a cons-
MATEMÁTICA - AMEOSC/2021) Os estudos sobre a história da ma- trução do sentimento de pertencimento entre os envolvidos em um
temática contam como seu ponto de partida no mundo ocidental processo de formação.
o Egito e o Império Babilônico e atribui seu surgimento à relação ( ) CERTO
do homem com a natureza. Qual das opções abaixo cita a principal ( ) ERRADO
justificativa para o surgimento desta ciência?
(A) O desejo de explicar os fenômenos naturais. 7. ( CESPE / CEBRASPE - ABIN ) - Ensinar com mídias será uma
(B) A criação de uma moeda para que o rei pudesse receber inovação se, simultaneamente, forem mudados os paradigmas con-
seus impostos. vencionais de ensino, que mantêm o afastamento entre professores
(C) O desenvolvimento de um método de censo humano para e estudantes.
controle populacional. ( ) CERTO
(D) A necessidade de aprender a medir e de contar que o ho- ( ) ERRADO
mem teve com o seu desenvolvimento.
8. AV MOREIRA - 2020 - Prefeitura de Nossa Senhora de Nazaré
3. (PREFEITURA DE UBERLÂNDIA/MG - PROFESSOR - FUNDEP - PI - Professor de Matemática - 6º ao 9º ano- Sobre a abordagem
(GESTÃO DE CONCURSOS)/2019) Uma curiosidade histórica sobre a da Etnomatemática é incorreto afirmar que:
fórmula de Bhaskara, como ficou conhecida a fórmula para resolu- (A) A Etnomatemática surgiu na década de 1970 e foi baseada
ção da equação de segundo grau, é que se acredita que quase 3 mil em críticas sociais sobre o ensino tradicional de matemática.
anos antes da vida do matemático indiano, o método já possuía seu (B) Tem como pilar relacionar a matemática ao cotidiano do
precursor, utilizado na antiguidade. aluno.
A afirmação encontra respaldo em ideias matemáticas que se- (C) Defende o ensino de matemática formalista, priorizando os
riam atribuídas a rigores e precisões que lhes são peculiares
(A) Euclides. (D) Afirma que a construção do conhecimento matemático está
(B) Pitágoras. intimamente vinculada à tradição vivenciada.
(C) Eratóstenes. (E) Reconhece a cultura plural valorizando saberes ainda não
(D) Al-Khwarizmi. formalizados.

4. (VUNESP – Pref. De Birigui) - Os jogos exercem um papel 9. FUVEST - 2022 - USP - Professor - Matemática- Uma etno-
importante na construção de conceitos matemáticas por se cons- matemática do cotidiano é o fazer matemático não aprendido nas
tituírem em desafios aos alunos. Conforme Starepravo (2009), na escolas. Atividades como comparar, classificar, quantificar, medir,
solução dos problemas apresentados pelos jogos matemáticos, os explicar, generalizar e inferir são saberes/fazeres matemáticos que
alunos podem nascer do ambiente familiar, no ambiente dos brinquedos
(A) - fazem atividades que se limitam ao âmbito intelectual, ou no do trabalho. Embora seja inegável que o emprego da arit-
diretamente relacionadas ao conteúdo escolar propriamente mética feita pela representação de algarismos indo-arábicos tenha
dito. permitido o avanço do raciocínio quantitativo (D’AMBROSIO, 2013),
(B) - interagem com os demais sem a preocupação de seguir na visão da etnomatemática, o saber/fazer matemático pode estar
regras ou de enfrentar desafios como ocorre em jogos não ma- presente, de forma viva no cotidiano das pessoas, muito antes da
temáticos. formalização conceitual apresentada na escola. Levando em con-
(C) - levantam hipóteses, testam sua validade, modificam seus sideração essa ideia, assinale a alternativa que apresenta uma et-
esquemas de conhecimento e avançam cognitivamente. nomatemática do cotidiano, aplicando-se conceitos de aritmética.
(D) - realizam cálculos mentais desafiadores, interessantes e (A) Práticas matemáticas de cirurgiões cardíacos, que focam
desvinculados de um contexto maior. em tomadas de decisão sobre tempo e risco e noções topológi-
(E) - se divertem e deixam de ser tímidos ao se verem forçados cas na manipulação de nós de sutura.

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(B) Vendedores de suco de frutas que realizam um modelo pro- 13. IDECAN - 2019 - IF Baiano - Professor - Matemática- A res-
babilístico para definir a quantidade de suco de cada fruta a ser peito da estratégia de aprendizagem Modelagem Matemática, assi-
disponibilizada na sua barraca para atender as demandas da nale a afirmativa correta.
freguesia de forma satisfatória. (A) A aula expositiva, na qual o aluno tem o papel de expecta-
(C) As práticas matemáticas de crianças ajudando os pais na fei- dor e receptor de informações, é estimulante ao desenvolvi-
ra-livre que lidam, de forma sofisticada, com dinheiro, preparar mento das tendências de Modelagem Matemática.
o troco e ser capaz de oferecer desconto sem levar prejuízo. (B) A Modelagem Matemática pode ser concebida como uma
(D) Maneira como crianças da periferia se organizam para cons- atividade essencialmente cooperativa, em que cooperação e
truir um campo de futebol, obedecendo, em escala, às dimen- interação entre os alunos e entre professor e aluno possuem
sões oficiais. papel preponderante na construção do conhecimento confor-
(E) Utilização de instrumentos de percussão como parte inte- me Almeida e Dias (2004).
grante das tradições originárias da África, estudando-se o ritmo (C) Modelagem Matemática é uma estratégia de aprendiza-
que acompanha os instrumentos de percussão para auxiliar na gem, na qual o mais importante é chegar imediatamente a um
compreensão de razões. modelo bem-sucedido a partir da problemática inicial.
(D) A Modelagem Matemática ressalta a importância da Mate-
10. FADESP - 2018 - IF-PA - Professor - Matemática- Um dos mática na formação de professores para uma atuação especí-
fatores que mais dificultam a inserção da Etnomatemática como es- fica na sociedade, tornando-os capazes de resolver problemas
tratégia metodológica no ensino de Matemática é que tenham alto grau de complexidade.
(A) a postura tradicional e conservadora do sistema escolar. (E) Segundo Bassanezi (2009, p. 24), a Modelagem Matemática
(B) excessos de práticas sociais em diferentes contextos. é um processo estático que consiste “na arte de transformar
(C) a natureza universal do pensamento matemático. problemas matemáticos em situações da realidade cujas solu-
(D) a complexidade da Matemática. ções devem ser interpretadas na linguagem formal”.
(E) a complexidade sociocultural.
14. FADESP - 2018 - IF-PA - Professor - Matemática- Podemos
11. IDHTEC - 2019 - Prefeitura de Maragogi - AL - Professor de citar como uma das principais características da Modelagem no en-
Matemática- Pode-se dizer que a modelagem matemática é uma sino de Matemática
interação entre a realidade e a matemática que permite expressar (A) a aula expositiva dialogada.
uma situação real através de um modelo matemático. Ou seja, mo- (B) a análise de textos.
delagem matemática consiste na arte (ou tentativa) de descrever (C) a análise crítica das soluções propostas.
matematicamente um fenômeno e, para tanto, são necessários (D) a avaliação diagnóstica.
alguns procedimentos. A respeito desses procedimentos, não está (E) a sala de aula invertida.
entre eles:
(A) Reconhecimento da situação-problema. 15. IDECAN - 2016 - Prefeitura de Damianópolis - GO - Profes-
(B) Familiarização com o assunto a ser modelado (referencial sor- “As mudanças tecnológicas das últimas décadas repercutiram
teórico). de forma evidente na matemática, com o advento de novos recur-
(C) Formulação do problema (hipótese). sos de armazenamento e comunicação de informações, de compu-
(D) Formulação de um modelo matemático. tação e de criação de realidades virtuais.”
(E) Publicação do modelo. Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir.
I.O emprego da calculadora, ou do computador, deve ser enca-
12. FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - INB - Engenheiro de rado como limitador do desenvolvimento das habilidades ma-
Produção- A modelagem matemática consiste na arte (ou tentativa) temáticas para operar com números.
de descrever um fenômeno pela representação de sistemas a fim II.O uso da calculadora torna indispensável desenvolver no es-
de prever o comportamento deles ou mesmo propor soluções não tudante a capacidade de efetuar cálculos mentais e estimati-
previstas. Com relação ao processo de modelagem matemática em vas.
Pesquisa Operacional, assinale a alternativa INCORRETA. III.As novas tecnologias de ensino e aprendizagem não atuam
(A) A qualidade da solução do modelo depende da qualidade por si só e não podem sozinhas fazer com que os estudantes
dos dados de entrada no modelo. aprendam matemática.
(B) A solução de um problema por meio da pesquisa opera- Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
cional consiste na definição do problema, na construção do (A) I, II e III.
modelo, na solução do modelo, na validação do modelo e na (B) II, apenas.
implementação da solução. (C) I e III, apenas.
(C) A vantagem da Pesquisa Operacional é que ela possui um (D) II e III, apenas.
foco empírico para tomada de decisões.
(D) Modelos matemáticos são objetos abstratos que procuram
representar as principais características de um objeto real.

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GABARITO
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1 C
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2 D
3 D ______________________________________________________
4 C ______________________________________________________
5 CERTO
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6 ERRADO
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7 CERTO
8 C ______________________________________________________
9 C ______________________________________________________
10 A
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11 E
12 C ______________________________________________________
13 B ______________________________________________________
14 C
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15 D
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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