Material de Apoio Bio 9 Novo

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COMPLEXO ESCOLAR Nº 9022 “Dom Moisés Alves de Pinho”

Material de Apoio - Biologia/ 9ªclasse


Ano lectivo: 2022/2023

Nome: ____________________________________________________ Nº________

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A importância do estudo da Biologia
A Biologia tem como objeto de estudo os seres vivos e as suas interações com o meio. É a ciência
que estuda a vida dos seres vivos nos seus mais variados aspectos. O estudo da biologia é muito
importante, pois, com ela aprenderemos como lidar com a Natureza e conheceremos as fontes que
servem de subsistência, para que se viva melhor.

Aprenderemos como se estruturam e funcionam os seres vivos, as relações que se estabelecem


entre eles e com o meio ambiente, bem como as relações entre seres vivos de ambientes diferentes.

O ensino da Biologia está praticamente relacionado com o nosso cotidiano, pois relaciona-se com
muitos dos grandes problemas sociais, tecnológicos e ambientais de hoje.

Por esta razão, o ensino da Biologia deve, sempre proporcionar, valores e princípios de ética, tais
como: o respeito pela vida, a preservação do meio ambiente, o controlo da taxa de natalidade, as
carências e os excessos alimentares, assim, como evitar e prevenir doenças, prever os
desequilíbrios ecológicos, entender os processos biológicos (conhecer a história evolutiva dos
seres vivos) e assim, promover acções que contribuem para uma boa biodiversidade. Isto é fazer
previsões sobre o impacto que o ser humano tem sobre a natureza e como as suas acções pode
prejudicar a própria vida, tais como as emissões de gases poluentes, a desertificação provocando o
aquecimento global, a extinção das espécies, entre outros.

Tema 1 - A Célula como unidade estrutural e funcional dos seres vivos

1.1 A invenção do microscópio e a descoberta da célula.


Desde a antiguidade, muitos cientistas têm se dedicado às observações das características externas
e internas dos seres vivos, para os puder distinguir e classificar. Só no século XVII, com o
aperfeiçoamento das lentes e do microscópio é que foi possível passar de observações
macroscópicas (olho nu) a observações microscópicas.

A descoberta da célula foi um processo lento que envolveu a colaboração de muitos investigadores
e dependeu de vários processos tecnológicos. Com a invenção do microscópio, eles puderam
verificar que todos os seres vivos são constituídos por pequenas unidades denominadas células.

No ano de 1300, descobriu-se que certo tipo de lentes específicas tinha capacidade para aumentar
o tamanho das imagens dos corpos. Com a invenção dos óculos, as propriedades de lentes passaram
a ser muito estudadas e os métodos de fabricos e polimento melhoraram.

1.1.2 Alguns cientistas que se destacaram para a invenção do microscópio:

Galileu Galilei = no final do século XVI construiu o 1º Telescópio para a visualização de objetos
distantes e do lado oposto, permitia observar objetos pequenos, invisíveis a olho nu, ou seja,
funcionava como microscópio.

Antonie Van Leeuwenhoek (1632 – 1723) = era um abastado comerciante de tecidos holandeses.
Polir lentes e construir microscópios era o seu Passa-Tempo. Porém, a sua curiosidade levou a
construir um microscópio (com apenas uma lente) com a capacidade de ampliação na ordem de
(40 a 270X), que usou na observação de bactérias e protozoários numa gota de água. Contribuiu

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ainda com a descrição dos capilares que ligam as artérias e as veias dos vertebrados, da estrutura
microscópica dos músculos, dos dentes e de outros órgãos.

►Outros microscopistas importantes da época foram Marcello Malpighi e Robert Hooke

Malpighi (1628 – 1694) = foi um médico, anatomista e biólogo italiano que realizou uma série de
estudos sobre a anatomia microscópica dos animais e plantas. Foi ele que descobriu a camada mais
interna da pele, as papilas da língua e os glóbulos vermelhos do sangue, entre outros…

Hooke (1635 – 1703) = foi um dos maiores cientistas experimentais ingleses do século XVII.
Estudou entre outras coisas, a estrutura das penas das aves, das patas das moscas e da cortiça. Foi
com ele que surgiu pela 1ª vez o conceito célula (1665) = que designou de pequena “cela” ou
pequenas cavidades. Com Hooke surge também pela primeira vez um sistema de duas lentes uma
ocular e outra objetiva = que serviu de base aos modernos microscópios ópticos compostos
(MOC).

Depois desta primeira descoberta, os estudos microscópicos progrediram muito pouco, e nos
duzentos anos seguintes nenhuma descoberta importante foi feita. Em 1830, começaram a produzir
lentes de melhor qualidade que, ao fornecerem melhores imagens, permitiram o desenvolvimento
científico.

Dutrochet (1824) = depois de comparar sistematicamente tecidos animais e vegetais, concluiu que
a célula é a unidade de constituição de todos os organismos vivos. Esta teoria teve dificuldade em
se impor, já que implicava uma modificação da concepção básica dos organismos.
Em 1833, Robert Brown = encontrou em células de orquídeas uma formação densa e globosa,
que denominou núcleo. Brown admitiu que estes núcleos se encontravam também nas células de
outras plantas.

NOTA: Acredita-se que o microscópio tenha sido inventado no final do século XVI por Hans
Janssen e seu filho Zacharias Janssen, dois holandeses fabricantes de óculos. Porém, tudo indica
que o primeiro a fazer observações microscópicas de materiais biológicos foi Leeuwenhoek.

1.2 Teoria celular

A Teoria celular é um dos conhecimentos fundamentais da Biologia. Essa teoria indica que todos
os seres vivos são constituídos por células. Seus idealizadores foram Schleiden e Schwann
(alemães), marcando um dos momentos mais significativos na história da Biologia ao elaborarem
essa teoria.

Mathias Jakob Schleiden (Botânico) em 1838 fez a seguinte generalização: «as plantas inferiores
são todas constituídas por uma única célula, enquanto as superioras por muitas células».

No ano seguinte, o Fisiologista Theodor Schwann, estendeu a generalização anterior para os


animais, ao concluir que também os «animais são constituídos por partículas elementares
correspondentes às células das plantas».

Em 1958 Rudolf Virchow postulou que a célula não só é a unidade estrutural dos seres vivos, mas
também a sua fisiologia, onde ocorrem em conjunto de reações químicas necessárias para a
manutenção da vida. Acrescentou ainda o seguinte princípio: «toda a célula tem origem em outra

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célula pré-existente» que teve grande importância no estudo da Biologia celular (Citologia) –
ciência que estuda as células.

Recentemente foi acrescentada a Teoria celular uma outra generalização: «todas as células
contêm material hereditário através do qual as características específicas passam de uma célula -
mãe para as células – filhas».

A Teoria celular tem os seguintes princípios, ou seja, Teorias que sustentam as ciências
biológicas:

1- A célula é a unidade básica de estrutura e função de todos os seres vivos;

2- Todos os seres vivos, dos mais simples aos mais complexos são constituídos por
células, nas quais ocorrem um conjunto de reações químicas necessárias á manutenção da vida;

3- Todas as células provêm de células pré-existentes pois, qualquer célula se forma por
divisão de uma outra;

4- A célula é a unidade de reprodução e de desenvolvimento dos seres vivos, sendo a


sua unidade hereditária, pois nela está contida a informação genética.

A Teoria celular veio renovar todos os conceitos biológicos, possibilitando o desenvolvimento de


novos caminhos e concepções em áreas diversificadas como a Genética (que estuda a
hereditariedade e as suas variações) e a Embriologia (que estuda a formação e o desenvolvimento
do embrião).

1.3 Constituição do microscópio óptico

Estrutura do microscópio óptico

Por possuírem um tamanho muito reduzido, a maioria das células são microscópicas, isto é, só se
consegue observar com ajuda de um instrumento chamado microscópio. Os microscópios
dividem-se basicamente em duas categorias: microscópio óptico (amplia imagens transpassada
por um feixe de luz) e microscópio eletrónico (amplia imagens por meio de feixes de elétrons –
é um equipamento com potencial de aumento muito superior ao óptico. Foi inventado pelo físico
alemão “Ernest Ruska”), mas a nossa atenção estará voltada para o estudo do Microscópio óptico.

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O Microscópio óptico é um instrumento com a capacidade de ampliar imagens de objectos
pequenos graças ao seu poder de resolução.

Este pode ser simples (com apenas uma lente) ou composto (com duas ou mais lentes associadas).
Está composto por uma Parte óptica e outra mecânica:

1- A Parte óptica (permite a iluminação e a ampliação da imagem). Está composta por um sistema
de iluminação e por um sistema de ampliação:

►O sistema de iluminação tem os seguintes componentes:

Lâmpada = ilumina a preparação;

Diafragma = regula a intensidade de luz que passa para o condensador;

Condensador = concentra a luz que atinge a preparação;

Espelho = tem a função de refletir para a preparação a luz que recebe da fonte luminosa exterior.

►O sistema de ampliação tem os seguintes componentes:

Ocular = lente que amplia a imagem dada pela objectiva;

Objectiva = lente que amplia a imagem do objecto.

2- A Parte mecânica (com os seguintes componentes):

Base ou pé = parte que apoia o microscópio sobre a mesa;

Parafuso macrométrico = foca a preparação com um movimento rápido da platina;

Parafuso micrométrico = foca a preparação com o movimento lento da platina;

Pinças = segura a preparação;

Platina = placa onde se coloca a preparação;

Braço ou coluna = suporta todos os componentes. É por onde se segura para o transportar;

Revólver = suporta as objectivas e permite que elas rodem.

Canhão ou tubo = suporta a ocular.

1.3.1 Manuseamento do microscópio óptico: cuidados a ter após a utilização do


microscópio óptico (ver página 13-16)

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1.3.2 Características da imagem obtidas em microscopia óptica.

Uma das características da imagem obtida em microscopia óptica diz respeito a sua ampliação,
permitindo a observação de estruturas invisíveis à vista desarmada. O aumento proporcional dado
pelo microscópio deve-se a conjugação de dois poderes ampliadores: Objectiva e a Ocular.

Se ampliarmos demasiadamente uma imagem, esta pode apresentar-se pouco nítida, mas se for
menor terá uma excelente nitidez. Dito de outra forma, quando maior for a ampliação utilizada
nos sistemas de lentes, menor será a superfície que é possível observar.

A nitidez de uma imagem, depende de factores como o poder de resolução do microscópio


(menor distância que separa dois pontos muito próximos e que se podem distinguir nitidamente).
A distância mínima a que os dois pontos devem estar para que através do microscópio se possam
observar separadamente chama-se limite de resolução.

- Se duas partículas se encontram separadamente por 0,4µm (micrómetro) = vão aparecer


individualizados num sistema óptico com o limite de resolução de 0,25µm;

- Se o limite de resolução for 0,5µm = aparecerão fundidas como se de uma só se tratasse.

Micrómetro (µm) é 1000 vezes menor que o mm.

Nanómetro (nm) é 1000 vezes menor que o µm.

- Uma outra característica da imagem dada pelo microscópio é de ser duplamente invertida (sentido
oposto). Ex: F Ⅎ …

- A focagem de um objecto inicia-se sempre utilizando a objectiva de menor ampliação. Para se


obter maior pormenor da imagem, substitui-se gradualmente de objectiva até conseguir focar
perfeitamente a imagem que se pretende.

- O que torna possível a observação de objectos microscópicos é a ampliação total dada pelo
microscópio óptico. Esta ampliação resulta do valor da ampliação da ocular e do valor da
ampliação da objectiva. Estes valores, por norma estão escritos na própria ocular e em cada uma
das objectivas do microscópio.

Fórmula:

Ampliação total = Ampliação da ocular X Ampliação da objectiva

Exercícios:

1- Calcula a ampliação de uma imagem, sabendo que o valor da ocular é 10X e da


objectiva é de 40X.

2- Num microscópio óptico existem 3 objectivas com valores de ampliação diferentes:


Obj1=10X; Obj2=40X; Obj3=100X.
a) Sabendo que a ocular do microscópio tem uma ampliação de 10X. Calcula o valor
Da ampliação total da imagem para cada uma das objectivas.
b) Qual das três objectivas dará um maior pormenor da imagem do objecto e
Porquê?

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1.3.4 Técnicas citológicas para a microscopia óptica

A observação em microscopia óptica exige a preparação do material biológico, seguida da


utilização de diversas técnicas. As preparações utilizadas podem ser temporárias ou definitivas.

►Preparações temporárias = são aquelas feitas com células vivas, montadas no seu meio natural
de vida ou numa substância inofensiva como água doce ou salgada, soro fisiológico, sangue, etc.
(Neste tipo de preparação, observa-se o material vivo, numa curta duração de tempo, por causa da
degradação ou autodestruição da célula).

► Preparações definitivas = são aquelas feitas com células mortas. Nesta preparação as células
são fixadas ou mortas instantaneamente e coradas para melhor a observação dos seus componentes.
(Neste tipo de preparação, observa-se o material por longa duração de tempo).

As técnicas citológicas são: fixação, desidratação, esfregaço, esmagamento, corte, inclusão,


hidratação e coloração.

- Fixação e desidratação constituem a primeira etapa para a obtenção de uma preparação


definitiva. Consiste, por um lado, num processo que mata as células rapidamente, impedindo o
processo de destruição das células, e por outro lado, endurece parcialmente os tecidos, de modo
a poderem suportar as etapas seguintes.

- Inclusão e corte consistem na imersão do material biológico numa substância chamada parafina,
posteriormente cortadas com o micrómetro para a devida análise. Mas como a parafina e a água
não são miscíveis, vai ser necessário proceder a desidratação do material através da remoção
gradual da água dos tecidos, sendo esta substituída por álcool.

- Esfregaço e coloração consistem em misturar o material com líquidos orgânicos (sangue, soro
fisiológico) e colonias de bactérias. Depois deixar secar numa lamela. Depois de seco pode ser
fixado e colorado.
- Esmagamento é uma técnica usada quando as células a animais ou vegetais têm uma fraca
aderência (ex.: células da cebola). Esmaga-se o tecido, formando uma camada fina que facilita a
passagem da luz durante a observação no MOC.

- Hidratação consiste em hidratar o material com água e colorá-lo para pôr em evidência as
estruturas celulares.

Para pôr em evidência certas estruturas celulares deve-se proceder a coloração do material,
utilizando diferentes corantes. Para a preparação temporária deve-se utilizar corantes vitais que
permitem que as células continuem vivas.

Cada corante reage apenas com certos elementos celulares, facilitando a observação.

Não existe uma técnica de coloração que sozinha ponha em evidência todas as estruturas celulares.
É necessário conhecer a morfologia de todos os constituintes de um determinado tipo de célula,
para evidenciar a cada estrutura.

Corantes Estruturas celulares

Oceína acética Cromossomas

Agua iodada Núcleo, grãos de amido

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Eosina Citoplasma

Soluto de lugol Parede celulósica, grãos de amido

Vermelho neutro Vacúolos

Azul – de – Núcleo
metileno

Existem dois tipos de corantes: naturais e artificiais.

- Corantes naturais = são extraídos de animais e plantas. Ex: carmim; hisnotoxilina; licopénio.

- Corantes artificiais = são sintetizadas em laboratório. Ex: eosina; azul-de-metileno.

1.4 A célula como unidade estrutural e funcional dos seres vivos


A célula é a unidade de estrutura e funcional dos seres vivos. Caracteriza-se por possuir uma
estrutura e organização própria necessária a vida. É uma estrutura muito pequena, mas
extremamente complexa, que precisa de mecanismos que lhe permita obter energia como é o caso
da reprodução, ingestão, digestão e excreção de alimentos. Todas estas funções devem ser
executadas e coordenadas, fazendo da célula uma unidade independente, mesmo em seres
pluricelulares.
Exemplos de células: neurónio (célula nervosa), espermatozoides (célula masculina), óvulo
(célula feminina), glóbulos vermelhos e brancos (células do sangue); célula muscular (lisa,
cardíaca e estriada), bactéria, leveduras, amiba, paramécia, plasmódio, euglena…

- Existem dois grandes grupos de células designadas de acordo com a sua organização, que são:
procariotas e eucariotas.

1.4.1 Estudo da célula Procariota

O termo procariota vem do grego, onde “pro” significa «antes» e “karyon” «núcleo». O material
nuclear designa-se por nucleoide (com o ADN), pois não constitui um verdadeiro núcleo
individualizado.

São chamadas de células procariotas por não se verificar a existência de núcleo individualizado.
Os seres constituídos por células procarióticas são designados por seres procariontes. O
citoplasma (com pucos organelos) é desprovido de organelos como mitocôndrias, plastos,
complexo de Golgi e outros. São células simples e estão associadas as bactérias e as
cianobactérias (algas azuis).

Razões da fácil adaptabilidade das bactérias:

- Tamanho pequeno (em média 0,5 a 1µm);

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- Rápida reprodução;

- Diversas formas de nutrição;

- Capacidade de resistir em condições ambientais desfavoráveis;

- Formar esporos resistentes que lhes possibilitam a sobrevivência.

Estrutura da célula Procariota

1.4.2 Estudo da célula Eucariota

A designação da célula eucariota vem do grego onde o (“eu” significa «verdadeiro» e “karyon”
«núcleo». Os seres vivos constituídos por células eucarióticas são designados por seres
eucariontes.

São células complexas. Ao observarmos uma célula eucariota ao microscópio, pode notar-se uma
estrutura geralmente arredondada – o núcleo (com o ADN). Aparece ainda um líquido homogéneo
– o citoplasma (com vários organelos), e a membrana citoplasmática. Os vacúolos,
mitocôndrias, plastos, centrómeros, complexos de Golgi e reticulo endoplasmáticos são outros
constituintes da célula eucariota, que apresentam diferentes funções. Estão associados os animais,
as plantas, os fungos e protistas.

Existem organismos eucariotas unicelulares como o plasmódio, a ameba, a paramécia, etc. e


organismos eucariotas pluricelulares como todos os vertebrados e invertebrados, plantas
superiores e inferiores.

Nos organismos eucariotas pluricelulares distinguem-se as células animais e vegetais,


correspondendo respectivamente a célula animal e a célula vegetal.
Organelos ou organitos = estruturas que desempenham diferentes funções na actividade da célula.

ADN ou DNA = Ácido Desoxirribonucleico

Fungos= grupo específicos de seres vivos, onde se encontram os cogumelos e as leveduras.

Protistas = grupo específicos de seres vivos ao qual pertencem as algas e o plasmódio (parasita causador da malária)

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1.4.3 Comparação estrutural da célula animal com a célula vegetal

As células eucariotas são constituídas por um grande número de organelos. Estes na sua maioria
são comuns as células animais e vegetais, como é o caso das mitocôndrias, núcleo, retículo
endoplasmático, ribossomas, complexo de Golgi, citoplasma e membrana celular.

No entanto, há organelos que, apenas se encontram presentes num tipo de células: as células
vegetais contêm: parede celular, cloroplastos e vacúolos de grandes dimensões. Já as células
animais possuem centríolos, os vacúolos são pequenos e numerosos. Apesar de existir uma
estrutura básica comum a todas as células eucariotas, existem algumas diferenças entre a célula
animal e a células vegetal. A estrutura seguinte sumaria uma comparação entre esses dois tipos de
células.

1.4.4 Estruturas comuns a todas células


Apesar da grande diversidade de células eucariotas, em todas elas existem três constituintes
fundamentais que são membrana, citoplasma e núcleo.

1.4.5 Organelos celulares:

►Membrana celular, plasmática ou citoplasmática = limita o citoplasma e regula a entrada e


saída de substâncias. (gases, água, nutrientes e produtos de excreção). A propriedade que a
membrana possui de permitir a passagem de determinadas substâncias em determinadas alturas
denomina-se permeabilidade selectiva, que consiste na regulação do intercâmbio de materiais
entre a célula e o meio.

►Citoplasma = é onde se encontram diversos organelos ou organitos celulares. É constituído por


uma substância transparente – o hialoplasma ou citoplasma fundamental.

- O hialoplasma apresenta uma certa viscosidade, variável em diferentes tipos de célula e dentro
da mesma célula, em função da idade e da actividade celular. Entre os organitos existentes no
hialoplasma, podem destacar:

►Núcleo = é o centro coordenador de todas as actividades celulares. Contém todas as instruções


que regulam a actividade celular (material genético – ADN ou DNA). O núcleo aparece como uma
vesícula esférica ou ovoide envolvida pelo invólucro nuclear. Através deste invólucro ocorre o

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intercâmbio de substâncias entre o citoplasma e o nucleoplasma. No suco nuclear ou
nucleoplasma, podes observar os nucléolos, formações mais ou menos esféricas, e muitas
granulações irregulares que no seu conjunto tomam o nome de cromatina.

- A cromatina faz parte dos elementos nucleares chamados cromossomas. Estes só se podem
observar nitidamente aquando da divisão celular. A estrutura do núcleo varia, conforme é observado
no decorrer da divisão nuclear ou durante o período que separa duas divisões.

- Dá-se o nome de cariótipo ou constituição cromossómica ao conjunto de cromossomas de uma


célula.

Em todas as células somáticas de uma mesma espécie, o número de cromossomas é constante. Por
exemplo:

- A Lombriga tem 4 cromossomas; o Milho com 20; a Rã com 24; a Mosca-do-vinagre 8; o


Homem 46 cromossomas; a Batata 48; a Cana-de-açúcar 80 e certos fetos com 100
cromossomas.

►Centrossoma – é uma região mais ou menos amorfa, localizada perto do núcleo em células
animais e em algumas células de plantas, não tendo sido nunca observada nas células das plantas
superiores (angiospérmicas). O centro desta zona está um par de estruturas cilíndricas designadas
centríolos e dispostas perpendicularmente, formando um L.

►Centríolos - intervém na divisão celular. Estão intimamente relacionados com o movimento


celular, seja por meio de flagelos ou de cílios. Esta relação é confirmada pelo facto de, muitas vezes,
os flagelos ou cílios serem absorvidos e os seus corpos deslocados para o interior da célula, passando
a funcionar como centríolos. A estrutura do centríolo é formada por nove grupos de três
microtúbulos fundidos (9X3).

►Nucleoide – contém o material genético (célula procariota).

►Vacúolos cavidades limitadas por uma membrana contendo produtos inorgânicos (água e sais
minerais) e produtos orgânicos (absorvidas ou elaboradas pela célula – armazenamento de
substancias). Os vacúolos são pequenos e numerosos nas células animais e nas células vegetais
jovens; nas células mais diferenciadas das plantas, apresentam-se bastante desenvolvidos
(grandes), chegando a ocupar quase todo o interior da célula.

►Mitocôndrias são os centros respiratórios da célula. Estão presentes em todas as células


eucariotas. Apresentam forma e posição variável no citoplasma. O seu número é variável, segundo
a necessidade da célula. Nas mitocôndrias é produzida a energia necessária a todos os processos
vitais da célula. Estes organitos são considerados como verdadeiros centrais de energia, pois são
responsáveis pela transformação da energia contida nos alimentos em energia metabólica (ATP).

►Ribossomas – intervêm na produção das proteínas (em todas as células)

►Peroxissomos – digerir e armazenar substâncias (célula animal e vegetal)

►Mesossomo – secreta enzimas, replicação, divisão celular (respiração das bactérias – só nas
procariotas).

►Plastos são organitos típicos das células vegetais. Eles elaboram e acumulam determinadas
substâncias. De acordo com a função nos plastos encontram-se as seguintes estruturas:

- Cloroplastos – onde se encontram localizados os pigmentos verdes (as clorofilas). Os cloroplastos


são muito importantes para as células vegetais e para toda a biosfera, já que a clorofila é a sede da
fotossíntese.

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- Cromoplastos - onde estão localizados outros pigmentos não verdes que são responsáveis pelas
diversas cores das flores e frutos.

- Amiloplastos – onde é armazenada uma substância de reserva, o amido.

Existem ainda outros organitos que só com técnicas especiais são observáveis ao microscópio
óptico. Estão neste caso o retículo endoplasmático, o complexo de Golgi, e o centrossoma.

►Retículo endoplasmático faz parte do sistema endomembranar que compõe a maioria do


citoplasma de uma célula eucariota. Pode ser contínuo a membrana celular. O retículo pode ser
funcional e estruturalmente dividido em retículo endoplasmático rugoso e liso.

- Reticulo endoplasmático rugoso – deve o seu nome ao facto de as suas membranas conterem
ribossomas, locais da síntese proteica. As proteínas são lançadas para o interior das membranas,
onde serão transformadas ou dirigidas a outras localizações da célula.

- Reticulo endoplasmático liso – não apresenta ribossomas nas suas membranas. Nele, as proteínas
sintetizadas no retículo rugoso são quimicamente alteradas. No entanto, intervém na síntese de
lípidos e de algumas glicoproteínas e polissacarídeos.

►Complexo de Golgi – deve o seu nome ao cientista italiano que primeiro o observou ao
Microscópio óptico composto. É formado por sacos membranosos designados cisternas e por
pequenas vesículas.

1.4.6 Aspectos comparativos da célula procariota e da célula eucariota


Estruturas Célula procariótica Célula eucariótica

Núcleo Não individualizado Presente individualizado

Invólucro nuclear Ausente Presente, envolvendo o núcleo

Citoplasma Presente Presente

Membrana citoplasmática Presente Presente

Outros organelos Ausência de organelos com Existem muitos organelos


membranas, como plastos, membranares, como o retículo
mitocôndrias, complexo de Golgi, endoplasmático, complexo de Golgi,
vacúolos, centríolos e outros. mitocôndrias e plastos (em células
vegetais).

Estruturas respiratórias Hialoplasma e membrana Mitocôndrias e hialoplasma


plasmática.

Estruturas fotossintéticas Não existe plastos – a fotossíntese Existem cloroplastos, onde tem lugar
realiza-se em lamelas fotossintética. o processo da fotossíntese- só
existem nas plantas.

Estruturas locomotoras Organelos locomotores simples, não Responsáveis pelo movimento da


incluídos na membrana plasmática. célula. Organelos locomotores
complexos, rodeados por membranas
plasmáticas. (flagelos ou cílios).

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1.5 Seres unicelulares e seres pluricelulares

- Designam-se por seres unicelulares, todos os seres vivos constituídos apenas por uma célula.
São exemplos as bactérias, alguns fungos (como as leveduras), os protozoários (como o
tripanossoma, ameba, plasmódio), entre outros…

Apesar de só terem uma célula, os seres unicelulares conseguem realizar todas as actividades
essenciais a vida, tais como respiração, alimentação, crescimento e reprodução, nalguns casos,
locomovem-se. Podem ter vida livre ou serem parasitas de animais e vegetais, provocando nestes
sérios transtornos e, em muitos casos, a morte.

Cada ser unicelular é a própria célula, estando bem delimitado. Os seres unicelulares podem ser
procariontes ou eucariontes.

- Chamam-se seres pluricelulares, todos os seres vivos constituídos por mais de uma célula.
Exemplos: as plantas, os animais, a maioria dos fungos e alguns protistas, como as algas.

A maioria dos seres pluricelulares contém células especializadas, isto é, existe uma divisão de
trabalho entre as células (divisão celular) – processo em que, a partir de uma célula-mãe, se
formam duas células-filhas, em que cada uma tem uma função específica. Esta divisão de funções
resultou no processo de diferenciação celular (processo que permite que as células se
especializem numa função específica).

1.5.1 Vantagens e desvantagens da pluricelularidade

Pode-se, assim, dizer que a divisão celular é o primeiro passo para a diferenciação celular. Esta
diferenciação, que pela divisão, conduz á especialização, arrasta consigo vantagens e
desvantagens:

Vantagens

1- Num organismo pluricelular, a divisão celular provoca o aumento do número de


Células;
2- Com a divisão celular, aparece a divisão de trabalho, especializando-se cada célula para uma
determinada função, formando-se assim os tecidos que compõem os órgãos e os sistemas de
órgãos. São exemplo as células especializadas que realizam a função da divisão (as células que
constituem o olho);
3- A divisão celular nos organismos pluricelulares garante a sucessão contínua de conteúdos
celulares similares, permitindo a perpetuação das espécies através da reprodução.

Desvantagens

1- Quanto mais especializada for uma célula para a realização de uma determinada função,
menor será a sua capacidade de divisão. Por exemplo, as células nervosas (neurónios), são tão
especializadas na condução de impulsos nervosos que não se podem dividir.

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1.6 Metabolismo celular(movimento da matéria).

Para a realização dos processos vitais a nível celular são utilizadas as moléculas e nutrientes
absorvidos no tubo digestivo. Nos processos vitais celulares ocorrem numerosas reações químicas
ou bioquímicas.

O conjunto de todas as reações químicas que têm lugar em todas as células vitais constitui o
metabolismo celular. As reações químicas implicam que haja intercâmbio de substâncias com o
ambiente onde o organismo se desenvolve. O metabolismo assegura a manutenção das estruturas
celulares, o crescimento, o desenvolvimento, divisão e a transferência de energia necessária á
manutenção da vida. No metabolismo celular há a considerar dois tipos de reações metabólicas:
Anabolismo e Catabolismo.

1.6.1 Anabolismo

O Anabolismo é a reação de síntese (construção) de compostos orgânicas indispensáveis ao


crescimento e renovação celular. As moléculas simples vão se transformar em moléculas
complexas e é necessário fornecer energia.

Ex: biossíntese de proteínas e fotossíntese.

a) Biossíntese de proteínas

A Biossíntese das proteínas ou composto orgânico é um processo intracelular mediante o qual se


sintetizam as proteínas necessárias para as células, a partir, de moléculas existente no núcleo.

É a partir das moléculas mais simples e recorrendo a energia utilizável (ATP – Adenosina
Trifosfato) que as células constroem moléculas mais complexas. Essas moléculas são essenciais
para a renovação dos materiais celulares, para o crescimento e a multiplicação celular e para
substituição das células que vão morrendo no organismo.

No material genético está a informação necessária para ordenar os aminoácidos (a.a). Esta
informação é transportada do núcleo (local onde se encontra o material genético) para o
citoplasma. No citoplasma encontra-se os organelos responsáveis pela síntese de proteínas (os
ribossomas). Estes ordenam e ligam os aminoácidos para obter a proteína pretendida.

Todas as proteínas são formadas por sequências de aminoácidos (a.a) - (unidades básicas das
proteínas), ou seja, moléculas orgânicas simples que são nutrientes obtidos na alimentação e outros
sintetizados pelo organismo. Conhecem-se apenas cerca de 20 (a.a) diferentes que fazem parte das
proteínas biológicas. O modo como os (a.a) estão ordenados determina a existência de diferentes
proteínas. Suponhamos três (a.a) diferentes, representados pelas letras A, M e E. podem existir
diferentes sequências desses (a.a), como, por exemplo, AME, MAE ou EMA. A cada sequência
corresponde uma porção de proteína diferente.

A captação da energia pelos seres vivos pode ser realizada através de dois processos:
Quimiossíntese e fotossíntese.

- Quimiossíntese é um processo de síntese de compostos orgânicos sem utilizar a energia


luminosa, mas sim, a energia libertada em certas reacções químicas (ATP). Ex: todos os animais,
a maioria das bactérias e fungos. Os seres vivos usam a energia metabólica como fonte de energia
são chamados de seres quimiotróficos.

14
b) Fotossíntese
A vida na Terra depende da energia luminosa do sol. As plantas superiores, as algas e
determinadas bactérias são capazes de captar energia luminosa solar e convertê-la em energia
química, que fica armazenada em compostos orgânicos constituídos a partir de substâncias
minerais simples, como, por exemplo, a água e o dióxido de carbono (CO2).

No decurso do processo fotossintético, as plantas, em presença da luz solar, utilizam dióxido de


carbono (CO2) e água (H2O) do meio e produzem compostos orgânicos, nomeadamente glicose
(C6H12O6), libertando oxigénio (O2). Para além da glicose, pode-se sintetizar outros compostos
orgânicos como os aminoácidos, entre outros e podem ser tóxicos para o organismo.

A fotossíntese é o processo que permite aos seres vivos autotróficos produzir matéria orgânica a
partir de matérias inorgânicas, na presença da luz solar. Ocorre nos cloroplastos das células. Os
seres vivos que recorrem a este processo para a obtenção de energia luminosa denominam-se seres
fototróficos. Ex: plantas, algas e algumas bactérias.

Em termos globais, o processo fotossintético pode ser traduzido na seguinte equação:


12 H2O + 6 CO2 ---→Luz solar e Clorofila C6H12O6 +6 O2 + 6 H2O

É sabido que, para realizar a fotossíntese, as plantas precisam de água, dióxido de carbono,
energia luminosa (luz do sol) e pigmentos fotossintéticos. Quando existe variação de alguns
destes factores, a fotossíntese é directamente influenciada.

►Os Factores que influenciam a actividade fotossintética são: intensidade da luz; concentração
de dióxido de carbono; temperatura; quantidade de água disponível no meio.

- Intensidade de luz – a medida que a intensidade de luminosa aumenta, a actividade fotossintética


aumenta também. Ex.: se durante o dia houver nuvens, a intensidade fotossintética pode diminuir,
por falta de luminosidade suficiente. A intensidade de luz não funciona como factor limitante.

- Concentração do dióxido de carbono – Em concentrações baixas de CO2, a fotossíntese


depende da quantidade deste gás disponível. Quando há muito gás carbónico, a velocidade
dependerá da intensidade luminosa. O CO2 funciona como factor limitante.

- Temperatura – quando a temperatura aumenta, as folhas murcham e os estomas fecham, o que


torna escassa a quantidade de CO2 que entra. A temperatura funciona também como factor
limitante porque são controlados por enzimas.

- Água disponível no meio- é pouco provável que o funcionamento de água afecte directamente
a fotossíntese. Pode, no entanto, ter efeitos indirectos. A água não funciona como factor limitante.

►Factor limitante é quando vários factores interferem simultaneamente num mesmo processo
(na reacção da fotossíntese), o factor que estiver em menor quantidade é o que vai limitar a
eficiência desse processo.

A água, o dióxido de carbono e a luz solar são fornecidos pelo ambiente e indefinidamente
renováveis, enquanto as clorofilas e outras moléculas implicadas no processo são sintetizadas
pelas plantas.

15
O processo da fotossíntese é muito importante, para a vida, já que é durante o processo
fotossintéticos que a planta liberta o oxigénio, importante para o processo de respiração e absorve
o dióxido de carbono resultante dos processos metabólicos dos seres vivos. é fundamental para
manutenção da vida quer dos produtores quer dos consumidores e dos outros níveis tróficos das
cadeias alimentares: os decompositores.

Através de várias experiências sabe-se actualmente, que o oxigénio provém da água. A água por
Accão da luz solar é dissociada em oxigénio e hidrogénio e a este processo dá-se o nome de
hidrólise da água.

Equação que resume a reacção da hidrólise da água:

H2O ----→2 H+1/2 O2

- Depois de fazer a fotossíntese, a planta realiza ainda outros processos como a respiração (as
plantas absorvem oxigénio do ar e eliminam gás carbónico e libertam energia).

O terceiro fenómeno realizado pelas folhas é a transpiração (eliminação do vapor de água).

Nas plantas superiores são as folhas os órgãos fotossintéticos mais importantes, pois é nelas que
se encontra a maior densidade de cloroplastos, e, consequentemente maior quantidade de
pigmentos fotossintéticos (substâncias que existem em alguns seres vivos que absorvem a luz).
Nos cloroplastos estão contidos todas as enzimas e pigmentos fotossintéticos, nomeadamente as
clorofilas.

Os pigmentos fotossintéticos mais importantes são:

Tipo de pigmentos: Cor Localização

-A - Verde intensa - Todas as plantas superiores e algas.


- Plantas superiores e algas verdes.
-B - Verde amarela - Algas castanhas e diatomáceas. -
Algumas algas vermelhas
-C - Verde
Clorofila

-D - Verde

- Caroteno - Cor de laranja - Todos os organismos fotossintéticos


excepto as bactérias.
Carotenoides - Xantofilas - Amarela - Algas castanhas e diatomáceas.

- - Azul - Cianobactérias e algas vermelhas


Filocinina
Ficobilinas - Vermelha
-
Ficoeritrina

1.6.2 Catabolismo

O Catabolismo é a relação que leva a degradação (destruição) de moléculas de nutrientes, com


transferência de energia e eliminação de resíduos. Ao serem degradadas, as moléculas libertam
energia que é transferida e armazenada na molécula (ATP). As moléculas complexas vão se
transformar em moléculas simples – ocorre libertação de energia.

16
Todas as actividades desenvolvidas pelos seres vivos necessitam de energia. Existem
fundamentalmente dois processos pelos quais as células mobilizam e transferem a energia dos
nutrientes: respiração aeróbia e a fermentação.

a) Respiração aeróbia

Em 1870, o cientista francês Paul Bert realizou numerosas investigações para compreender as
principais alterações que acompanham a respiração aeróbia «concluiu que na respiração aeróbia
as células vivas de um órgão (músculos) consomem oxigénio e libertam dióxido de carbono».
A respiração aeróbia é um processo catabólico com rendimento energético elevado, que ocorre
na presença de oxigénio em que compostos orgânicos (glicose) são decompostos, originando
compostos inorgânicos muito simples, dióxido de carbono e água, com libertação de energia sob
forma de (ATP). - Ocorre a nível das mitocôndrias.

Os produtos resultantes da degradação lenta da glicose são o dióxido de carbono e o hidrogénio.


As células podem recorrer á vários nutrientes para obter energia, mas é principalmente a glicose,
o nutriente mais utilizado. Se forem utilizados (a.a) na respiração, forma-se amoníaco (altamente
toxico), que é eliminado pela urina, sob a forma de ácido úrico e ureia.

Equação que resume a reacção da respiração aeróbia.

Glicose + oxigénio → dióxido de carbono + água + energia ATP + calor.

b) Fermentação
A fermentação é um processo catabólico em que na degradação de nutrientes não intervém o
oxigénio, mas resulta um produto orgânico. Existem dois tipos de fermentação: alcoólica e láctica.

A fermentação alcoólica consiste na degradação da glicose provocada por leveduras que existem
nos frutos. Durante a reacção ocorrem transferências de energia, havendo formação de moléculas
de (ATP) e libertação de calor. Os produtos resultantes da degradação da glicose na fermentação
alcoólica são o dióxido de carbono, o álcool etílico e (ATP).

No fabrico de pão ocorre também uma fermentação alcoólica. O amido do pão é desdobrado em
glicose, que por fermentação, origina dióxido de carbono e álcool. O dióxido de carbono forma
bolhas que fazem o pão aumentar de volume e torna-o mais fofo, enquanto o álcool evapora-se.

Equação que resume a reacção da fermentação alcoólica

Glicose presença de levedura →dióxido de carbono + álcool etílico + energia ATP + calor.

A fermentação láctica acontece no fabrico dos derivados de leite, como o queijo e o iogurte. O
açúcar do leite é transformado em ácido láctico. Os produtos resultantes da degradação da glicose
na fermentação láctica são ácido láctico e ATP.

A fermentação láctica também ocorre nas células do homem. Sempre que os músculos são
solicitados a fazer grande esforço, poderá desencadear num produto de fermentação láctica,
porque a quantidade de oxigénio fornecida pelo sangue não é suficiente para ocorrer a respiração
aeróbia.

Equação que resume a reacção da fermentação láctica

17
Glicose →ácido láctico + energia ATP.

Tanto o catabolismo como o anabolismo, são processos simultâneos: cada um agrupa um


conjunto de reacções químicas enzimáticas mediante as quais se degrada ou se sintetiza uma
determinada biomolécula. Todos os compostos químicos intermediários que aparecem no
desenvolvimento destes processos denominam-se metabolitos.

18
Tema2 - Organização das plantas
2.1 Estrutura e funções dos Tecidos vegetais

As plantas superioras classificam-se em


gimnospérmicas e angiospérmicas. Neste
capítulo vamos apenas estudar o plano
estrutural das angiospérmicas.

As angiospérmicas são constituídas por


diferentes órgãos com estruturas próprias e
funções especializadas. Apesar das
diferenças existentes entre as monocotiledóneas e as dicotiledóneas, todas as angiospérmicas são
constituídas por raiz, caule, folhas, flor e frutos.

Estes órgãos são formados por diversos tipos de células especializadas, que se organizam em
tecidos (conjunto de células estruturalmente idênticas, especializadas em determinada função).
Os tecidos podem ser simples (constituído apenas por um tipo de célula) ou complexos
(constituído por diferentes tipos de células).

Diferentes tecidos associam-se para formar os vários órgãos que constituem uma planta (raízes,
caules, folhas, peças florais, frutos e sementes).

Numa planta em desenvolvimento, certos órgãos, como as folhas e as flores têm um crescimento
limitado. Contudo, outros órgãos como as raízes e o caule podem crescer continuamente durante
toda a vida da planta.

O crescimento contínuo da planta torna-se possível devido á existência de tecidos de formação


chamados meristemas, cujas células não perdem a capacidade de se dividirem. Essas células
experimentam posteriormente, um processo de diferenciação celular especializando -se em
determinadas funções.

Os tecidos vegetais incluem os meristemas (formados por células não especializadas e por esse
motivo, têm a capacidade de se dividir, permitindo assim, o crescimento contínuo da planta) como
também, pelos tecidos definitivos que resultam da diferenciação das células meristemáticas.

Os meristemas podem ser classificados quanto a sua origem e localização.

►Quanto a origem os meristemas podem ser apicais, primários e secundários:

- Meristemas apicais: localizam-se na ponta das raízes e do caule. Permitem o crescimento da


planta em comprimento. Na raiz existe a coifa que protege o meristema apical do atrito do solo
durante o alongamento da raiz.

- Meristemas primários: resultam da actividade dos meristemas apicais da raiz e do caule,


formando tecidos imaturos.

- Meristemas secundários: localizam-se na posição lateral (crescimento em diâmetro), são


responsáveis pelo engrossamento da planta. Nele encontra-se o câmbio vascular (responsável
pela formação dos tecidos vasculares: xilema e floema) e felogénio (responsável pela formação
do súber ou cortiça).

19
►Quando as células meristemáticas perdem a capacidade de se dividir e passam por um processo
de diferenciação celular que dão origem aos Tecidos definitivos.

Os Tecidos definitivos são classificados em: Dérmicos, Fundamentais e Condutores.

2.1.1Tecidos dérmicos

Revestem os diferentes órgãos da planta. Têm como funções principais proteger a planta e permitir
a troca com o meio. A epiderme e a periderme fazem parte deste tecido.

a) A epiderme é um tecido vivo constituído por uma camada de células que reveste certos
órgãos, como as folhas, caule, raízes jovens, peças florais, frutos e sementes. As células da
epiderme dos órgãos aéreos apresentam membranas externas mais espessas devido á existência
de uma cutícula formada por uma substância impermeável chamada cutina (celulose da planta).

Nas epidermes cutinizadas existem estruturas chamadas estomas, que controlam as trocas
gasosas com o meio. (quer dize, que nas células da epiderme encontram-se a cutina e os
estomas). Um estoma é constituído por duas células labiais ou células - guardas que delimitam
uma abertura chamada ostíolo. O ostíolo dá acesso a um pequeno espaço chamado câmara
estomacal.

A epiderme da raiz não possui cutícula pelo que as suas células são permeáveis. A epiderme por
vezes, contém pêlos que podem realizar várias funções.

b) A Periderme substitui a epiderme na raiz e no caule, a nível de zonas não tão jovens. A
zona mais externa da periderme é constituída por células mortas de parede impregnadas de uma
substância impermeável, a suberina. Por esse facto, esse tecido denomina-se súber, que pode se
tornar muito espesso em alguns vegetais como é o caso do sobreiro, constituindo a cortiça.

2.1.2Tecidos fundamentais

São tecidos simples que fazem parte da planta. São classificados em parênquima, colênquima e
esclerênquima. Localizam-se nos diferentes órgãos da planta e desempenham várias funções,
tais como suporte, secreção, armazenamento e fotossíntese.

a) Parênquima: são tecidos formados por células vivas. A forma da célula é variável, desde
a prismática á esférica. Se a forma da célula for esférica, o tecido apresenta espaços entre as
células que se designa por meatos (se forem pequenas) e por lacunas (se forem grandes).

►Os parênquimas podem ser: clorofilino, de reserva e secretora.

- Parênquima clorofilino: desempenham funções de reserva e fotossíntese. Encontram-se nas


folhas e caules jovens. Podem ser diferentes na forma e número. As células podem ter a forma
prismática e justapostas (parênquima em paliçada) ou apresentar células mais ou menos
esféricas e separadas por espaços (parênquima lacunosos).

- Parênquima de reserva: apresentam diferentes substâncias armazenadas, como é o caso do


amido e prótido. Encontram-se nas raízes e rizomas (caule subterrâneo).

20
- Parênquima secretor: com funções secretoras, elaboram substâncias que são utilizadas na
nutrição da planta. Nele encontram-se o parênquima resinífero (que produz a resina – existente
no pinheiro) e o parênquima lactífero (que produz látex – existente na borracheira).

b) Colênquima: são formados por células vivas. Possui parede com espessura
variada, devido ao depósito da celulose (um dos principais constituintes da parede
celular da planta). Tem a função de suporte e resistência e encontram-se nas raízes,
caules jovens e folhas abaixo da epiderme. No colênquima a disposição da celulose
pode se verificar de modos diferentes:

- Se as células iniciais apresentam a forma esférica, o depósito da celulose faz-se tanto no interior
como no exterior da parede celular, preenchendo os meatos.

- Se as células iniciais são de forma prismática e sem meatos, o espessamento verifica-se ao longo
das arestas do prisma, formando um colênquima angular.

- Noutros casos ainda, o espessamento verifica-se nas paredes tangenciais, ficando as radiais
sem espessamento.

c) Esclerênquima: formadas por células mortas, com paredes muito espessas


devido a disposição da lenhina (uma substância que lhe confere resistência e rigidez).
Tem a função de suporte e resistência. Encontram-se nas raízes e caules de plantas
adultas abaixo da epiderme, a rodear o xilema e o floema. As suas células podem ser
divididas em escleritos (com formas variáveis e curtas) e fibras (células alongadas).

2.1.3Tecidos condutores ou transporte

São tecidos complexos, formados por células em forma de tubos, especializados em funções
específicas como o transporte de água, sais minerais, hormonas e outras substâncias produzidas
pelas plantas. Quando os tecidos de transporte são agrupados, designam-se por feixes condutores.
Existem dois tipos de tecidos de transportes o xilema e o floema.

►Xilema (também conhecido por lenho ou tecido traqueano) = especializado na condução da


seiva bruta (água e sais minerais). O xilema é constituído por quatro tipos de células que são:

- Elementos de vasos: constituído por células mortas, alongadas, com parede lenhificadas e
colocada topo a topo. A sua função é conduzir a água e os sais minerais.

- Traqueídos ou tracoides: constituídos por células mortas, com parede lenhificadas, longas e
pontiaguda nas extremidades. A sua função é conduzir água e sais minerais.

- Fibras lenhosas: constituídas por células mortas, semelhantes as fibras do esclerênquima. Tem a
função de resistência e suporte.

- Parênquima lenhoso: constituídas por células vivas e desempenham funções de reserva.

21
►Floema (também conhecido por líber ou tecido crivoso) = especializado no transporte da seiva
elaborada (água e substâncias orgânicas). Este tecido também é constituído por quatro tipos de
células:

- Células do tecido crivoso: constituído por células vivas, alongadas e ligadas topo a topo. As
células comunicam entre si através dos poros (placas crivosas).

- Células de companhia: constituídas por células vivas e alongadas. Encontram-se associados aos
tubos crivosos e ajudam na condução da seiva elaborada.

- Fibras liberinas: constituídas por células mortas semelhantes as fibras do esclerênquima.


Conferem resistência e suporte.

- Parênquima liberino: constituídas por células vivas pouco diferenciadas, tem a função de reserva.

2.2 Estrutura e funções dos órgãos vegetais

Os tecidos das plantas estão associados aos diferentes órgãos, como a raiz, o caule, as folhas entre
outros. Estes são especializados diferentemente de órgãos para órgãos.

2.2.1 A raiz

As raízes constituem os órgãos subterrâneos da planta. Fixam a planta ao solo; absorvem água e
sais minerais; permite a condução dessas substâncias às outras partes da planta situadas acima
do solo. Servem ainda em muitos casos, local de armazenamento de substâncias de reserva
produzidas a partir do processo da fotossíntese. Algumas raízes são comestíveis como é o caso
da mandioca, inhame, cenoura, batata – doce, etc.

A partir da semente, por desenvolvimento da radícula do embrião, forma-se a raiz principal, da qual
se originam outras raízes chamadas secundárias. As raízes apresentam três zonas distintas: Zona de
ramificação, Zona pilosa (ou zona de diferenciação) Zona de alongamento (crescimento ou
meristema apical)

22
As principais diferenças observáveis ao (MOC) entre a estrutura celular da raiz de uma
monocotiledónea e de uma dicotiledónea é a nível da epiderme e da disposição do xilema e do
floema no cilindro central.

A secção transversal de uma raiz mostra também que os tecidos estão organizados em três zonas
que são: Epiderme, Zona cortical, Cilindro central

- Epiderme = revestimento externo formado por uma só camada de células. A nível da zona
pilosa, as células da epiderme são providas de pêlos radiculares que intervém na absorção da
água e sais minerais e aumentam a área de contacto com o solo.

- Zona cortical = formada por parênquima com células mais ou menos esféricas deixando alguns
espaços entre elas. A célula do parênquima cortical tem a função de reserva. A camada mais
interna da zona cortical designa-se por endoderme e é constituído por células que apresentam
espessamento de substâncias impermeável a lenhina ou suberina.

►Nas dicotiledóneas: o espessamento forma um anel sobre as paredes radiais e transversais das
células. Esses espessamentos constituem as bandas de caspary, que em corte transversal,
aparecem com uma forma lenticular, designadas pontuações de caspary.

►Nas monocotiledóneas: as células da endoderme apresentam, geralmente, as paredes internas e


radiais suberificadas (espessamento em U) Entre as células espessadas existem células
desprovidas de qualquer espessamento da parede celular, chamada células de passagem, que
permite a passagem da seiva bruta da zona cortical para o cilindro central.

- Cilindro central = começa no periciclo. No seu interior possui vasos condutores xilema e
floema. É a partir do periciclo que se desenvolvem as raízes secundárias, ligadas directamente a
raiz principal. Tanto nas monocotiledóneas como nas dicotiledóneas, os feixes condutores são
simples e alternos. O número de feixes nas monocotiledóneas é superior em relações as
dicotiledóneas.

►Característica que permitem distinguir a estrutura primária e secundária da raiz:

-Estrutura primária: epiderme, zona cortical, cilindro central, endoderme e feixes condutores.

- Estrutura secundária: tecidos secundários (periderme, floema, xilema secundário.

2.2.2 O caule

O caule suporta as folhas, flores e frutos. Através dele, circula a seiva. Na sua organização,
apresentam: nós, entrenós e gomos laterais. Estes podem desenvolver-se, originando ramos com
folhas e flores.

23
Num corte transversal do caule é possível observar três zonas: epiderme, zona cortical e cilindro
central.

- Epiderme = formadas por células cuja membrana está coberta por cutícula que impede a perda de
água. Também pode apresentar estomas.

- Zona cortical= constituído por parênquima clorofilino e tecidos de suporte.

- Cilindro central= muito desenvolvido em relação a zona cortical. É constituído por esclerênquima
e parênquima medular, que envolve os tecidos condutores (xilema e floema). Os tecidos condutores
desenvolvem-se em feixes duplos, lado a lado, em que o xilema ocupa a parte interna e o floema a
parte externa.

►Diferenças entre o caule das monocotiledóneas e das dicotiledóneas:

Nas monocotiledóneas = os feixes condutores formam várias séries entre os tecidos fundamentais,
os feixes condutores estão dispersos por todo o parênquima.

Nas dicotiledóneas = os feixes condutores organizam-se numa única série que separa os tecidos
fundamentais nas zonas externas e medular. Os feixes condutores estão organizados em círculo.

►Característica que permitem distinguir a estrutura primária e secundária do caule:

- Estrutura primária: epiderme sempre cutinizada e com estomas; parênquima cortical; feixes
condutores duplos e colaterais; diferenciação centrífuga do xilema.

- Estrutura secundária: existência de tecidos secundários como o periderme, floema e xilema


secundário.

24
2.2.3 Folhas

As folhas são os órgãos importantes para as plantas. É constituído por três estruturas principais:
limbo, pecíolo e bainha. Cada uma destas estruturas tem a sua função especifica, apresentando
diferenças nas monocotiledóneas e nas dicotiledóneas.

A principal função das folhas é captar a luz solar e fazer as trocas gasosas a partir do processo da
fotossíntese. É no limbo, que ocorre a maior parte do processo da fotossíntese da planta. Através
do pecíolo, os tecidos condutores o limbo comunica-se com o caule.
O limbo possui duas páginas (superior e inferior) – na página inferior existem nervuras onde se
encontram os vasos condutores e tecidos de suporte.

- Nas monocotiledóneas as nervuras são paralelas entre si e - nas dicotiledóneas as nervuras são
ramificadas. Nas folhas é possível distinguir três zonas: epiderme, mesofilo foliar e feixes
condutores:

Tecidos Características Dicotiledóneas Monocotiledóneas


Epiderme - Divide-se em - Os estomas localizam-se - Os estomas estão
epiderme superior e epiderme normalmente na epiderme distribuídos de formas
inferior. - É cutinizada inferior da folha. idênticas nas duas
(constituída por cutina).
páginas.
- Possui estomas, que
facilitam as trocas gasosas com
o meio.
Mesofilo foliar - Constituído essencialmente - É assimétrico: na página - É simétrico: as lacunas
por parênquima clorofilino. superior possui parênquima em do parênquima clorofilino
paliçada (células alongadas) e estão distribuídas nas
na página inferior possui duas páginas de igual
parênquima lacunoso (com forma.
espaços entre as células).
Feixes - São duplos e colaterais - São constituídos pelo xilema e - São constituídos pelo
condutores (paralelos): o xilema está floema e estão rodeados pelos xilema e pelo floema,
voltado para a página superior tecidos de suporte fazendo parte das
da folha e floema para a página (esclerênquima e colênquima), nervuras.
inferior. que constituem a nervura das
folhas.

25
Tema 3 - Organização dos animais
3.1 Estruturas e funções dos Tecidos animais.

Os animais são multicelulares, constituídos por diferentes conjuntos de células especializadas


em determinadas funções. Conjunto esses caracterizados pela forma, dimensão e estrutura das
respectivas células designadas por tecidos. Qualquer órgão é constituído por uma diversidade de
tecidos que funcionam em cooperação. Consideremos, por exemplo o caso da pele:

- A pele forma a superfície externa do organismo. Está em contacto com variadíssimos agentes
agressivos existentes no meio exterior, como as substâncias químicas diversas, bactérias
patogénicas, vírus, fungos patogénicos, radiações prejudiciais, entre outros.

A sua função de protecção contra agentes agressivos é essencial. Além desta importante função, a
pele é também o principal órgão de regulação da temperatura do corpo e ainda de sensibilidade. A
pele possui vários anexos como: pêlos, unhas, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas.

Existem também os receptores nervosos variados relacionados com o tacto, pressão, dor e
temperatura.

3.1.1 Classificação dos tecidos animais:

Na estrutura da pele podemos distinguir uma zona superficial a epiderme (constituído pelo
tecido epitelial) e a derme (camada mais profunda constituída pelo tecido conjuntivo). Considera-
se quatro tipos de tecidos básicos que são: tecidos epiteliais, conjuntivos, muscular e nervoso.

1- Tecido epitelial
Tecido epitelial é o conjunto de células que se encontram encostadas uma das outras, sem deixar
qualquer espaço entre si. Estas células formam uma camada contínua, que reveste a superfície do
corpo e a cavidade interna dos órgãos. De acordo com a função que desempenham no
organismo, os tecidos epiteliais classificam-se em três tipos: revestimento, glandular e
neuroepitélios.

a) Tecido epitelial de revestimento

Apresentam células com diferentes disposições. Estes epitélios revestem a superfície externa do
organismo constituindo a epiderme, assim como cavidades internas dos órgãos do tubo
digestivo, respiratório e dos vasos sanguíneos.

Devido a justaposição das células e as fortes ligações entre elas, os epitélios de revestimento
desempenham funções de protecção, difusão, absorção e secreção. Os epitélios de
revestimento são classificados atendendo a dois critérios: quanto ao número de células e quanto
a forma das células da camada superficiais:

26
Quanto ao número de camada Quanto á forma das células da Localização no corpo humano
camada superficial (alguns exemplos)
Simples (apenas uma camada de Pavimentoso (células achatadas) Alvéolos pulmonares, parede dos
células) capilares
Cúbico Tubos uriníferos
Cilíndrico ou prismático Intestinos
Estratificado (mais de uma Pavimentoso Epiderme
camada de células) Cúbico Bexiga
Cilíndrico Uretra

b) Tecidos epiteliais glandulares

Os epitélios glandulares são constituídos por células que produzem secreções. As secreções
produzidas são levadas para o exterior ou interior das células secretoras, podendo intervir em
vários processos. As glândulas podem ser classificadas atendendo ao local onde o produto de
secreção é lançado. Assim, podem ser:

- Glândulas endócrinas = os produtos de secreção designam-se por hormonas e são lançadas nos
vasos capilares envolventes. Exemplos: tiroide, hipófise, fígado, pâncreas.

- Glândulas exócrinas = os produtos de secreção são lançados para o exterior através de canais
excretores. Exemplos: glândulas sudoríparas, sebáceas, salivares…

- Glândulas mistas = com funções endócrinas e exócrinas. Ex: o pâncreas.

c) Neuroepitélios

Os neuroepitélios são formados por células especializadas em receber estímulos. Existem vários
tipos de células receptores, cada um sensível a determinado agente e localizados nos órgãos de
sentidos. Exemplos:

Órgãos de sentidos Localização Estimulo


Olfato Nariz Cheiro
Paladar Boca Sabor
Audição Ouvido Som
Visão Olhos Luz
Tato Pele Pressão

2- Tecido conjuntivo
Tecido conjuntivo é um grupo muito diversificado com origem mesodérmica, tornando as células
menos notórias. Tem como funções: o suporte, revestimento, armazenamento, protecção e defesa
imunitária. Todos os tecidos conjuntivos são constituídos pelos elementos básicos que são:
células, fibras e matriz.

- As células são de diferentes tipos, separadas por uma grande quantidade de material extracelular.
Este material é constituído por fibras (formações longas e finas formadas por proteínas de vários
tipos de tecidos elásticos ou resistentes a atracção) e por uma substancia fundamental ou matriz

27
(lugar onde gera alguma coisa). A quantidade e a qualidade destes componentes definem os
diversos tipos de tecidos conjuntivos.

►Os tecidos conjuntivos são classificados pelo tecido conjuntivo propriamente dito que são:
(laxo, denso e elástico) e pelo tecido conjuntivo especializado que são: (ósseo, adiposo,
cartilaginoso, sanguíneo).

a) Tecido conjuntivo propriamente dito (laxo, denso e elástico) - Os tecidos conjuntivos


propriamente ditos localizam-se em todos os órgãos e desempenham diversas funções: unem os
vários órgãos, preenchem os espaços entre os tecidos, suportam e defendem o organismo.
Principais características:
Tecidos conjuntivos Características:
propriamente ditos
Tecido conjuntivo - Tecido conjuntivo mais comum
laxo - Contém todos os elementos típicos dos tecidos conjuntivos (células, fibras e matriz) sem
predomínio de um deles
- As células mais comuns são: fibroblastos (células com forma de estrelas, que produzem e
mantem o material extracelular) e os macrófagos (células grandes e moveis com capacidade
de realizar a fagocitose, ou seja, envolvem e destroem os corpos estranhos ao organismo.
- Contém fibras elásticas, reticulares e de colagénios.
Tecido conjuntivo - Tecido flexível, mas resistente às acções mecânicas. Ex: masséteres (permitem a mastigação)
denso - Contém todos os elementos típicos dos tecidos conjuntivos (células, fibras e matriz) -
Predominam as fibras de colagénio.
Tecido conjuntivo - Contem todos os elementos típicos dos tecidos conjuntivos (células, fibras e matriz) - Rico
elástico em fibras elásticas. Ex: costureiro, glúteos.

b). Tecidos conjuntivos especializados (ósseo, cartilaginoso, adiposo, sanguíneo)

2.1 Tecido ósseo


Caracteriza-se por ser um tecido muito rígido e bastante resistente. Este tecido contém sais
minerais como fósforo e cálcio, formando a chamada matriz óssea ou osseína. Tem como
função: sustentar o corpo, proteger os órgãos vitais, apoia os músculos esqueléticos e amplia as
forças produzidas por eles, aloja e protege a medula óssea, armazena substâncias como o cálcio e
o ferro. As células que fazem parte do tecido ósseo são três:

1- Osteoblastos = produzem matriz e fibras. Depois de 8 dias entram nas células osteócitos.

2- Osteócitos = são células fusiformes, cada célula localiza-se numa cavidade na osseína designada,
osteoblastos.

3- Osteoclastos = encontram-se em contacto com o osso, no qual o destroem para retirar o fósforo
e o cálcio.

- A osteona ou sistema de havers é a unidade estrutural dos ossos longos. No seu interior,
encontra-se o canal de havers por onde passa os vasos sanguíneos e os nervos. Em redor do canal
de havers estão localizadas as lamelas ósseas, onde se encontram os osteócitos (tecido ósseo
esponjoso).

- O Periósteo é a membrana dupla que reveste os ossos. Rica em fibroblastos (células que
produzem matriz e fibras) e colagénio (fibras responsáveis pelos vários processos de
envelhecimento – faz a regeneração).

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2.2 Tecido cartilaginoso
É formado por células de forma quase arredondada ou oval. Tem como funções: suportar os
tecidos moles, amortecer os choques mecânicos, facilitar o deslizamento dos ossos nas
articulações. A matriz do tecido cartilaginoso é abundante, constituída essencialmente por água,
sais minerais de sódio e matéria proteica. Este tecido é muito resistente e elástico. Encontra-se
tecido cartilaginoso no nariz, orelha, no esterno, entre as vertebras, na traqueia do homem. Neste
tecido encontram-se dois tipos de células:
a) Condroblastos = formadas por água, sais minerais de sódio e uma substância chamada
albuminoide (tipo gelatina) com a combinação de compostos orgânicos como carbono,
oxigénio e hidrogénio.

b) Condroplastos = ricos de colagénio.

2.3 Tecido adiposo


É constituído por células denominadas adipócitos que acumulam lípidos no seu interior e estão
separados por uma redução da quantidade da matriz. É um tecido de reserva energética que se
encontra abaixo da pele. Tem como funções: reserva energética, protecção contra choques
mecânicos, isolamento térmico (os lípidos são maus condutores de calor.

2.4 Tecido sanguíneo


O sangue é um tecido composto por um conjunto de diferentes células (elementos celulares do
sangue ou células do sangue) que estão suspensas num meio líquido denominado plasma. O
sangue tem as seguintes funções: transportar o oxigénio, nutrientes e produtos de excreção; defesa
do organismo; reparar os tecidos feridos; regular o pH e a temperatura corporal; intervir na
coagulação.

►As Células do sangue são: (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas sanguíneas

a) Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos = transportam oxigénio e dióxido de carbono;


possuem forma de disco bicôncavo. Contém a hemoglobina, pigmento responsável pelo
transporte dos gases respiratórios e pela cor vermelha do sangue. Não possuem núcleo nem
organelos citoplasmáticos e existem cerca de 4 – 6 milhões de hemácias por mm3 de sangue.
Tem origem na medula vermelha dos ossos.

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b) Glóbulos brancos ou leucócitos = são de dois tipos:

- Granulares como os eosinófilos, basófilos e os neutrófilos. Que tem como função a defesa do
organismo contra infecções. Possuem núcleo com forma diversificada; apresentam grânulos no
citoplasma. Tem origem na medula vermelha dos ossos.

- Agranulares como os monócitos e os linfócitos. Defendem o organismo contra as infecções.


Apresentam um núcleo de grande dimensão e não possuem grânulos no citoplasma. Tem origem
na medula vermelha dos ossos.

c) Plaquetas sanguíneas = são fragmentos celulares de pequenas dimensões. Produzem


substâncias necessárias para a coagulação do sangue como o fibrinogénio e a fibrina. Não
possuem núcleo e tem origem na medula óssea.

►Plasma
O quadro seguinte sumaria as características e funções dos diferentes componentes do plasma:

Componentes do plasma Função Origem


Água (90 – 92%) - Mantém o volume do sangue e transporta as Absorção no intestino
moléculas de iões.
Proteínas (7-8%); albumina, - Mantém o volume e a pressão do sangue. Fígado
fibrinogénio e globulinas. - Coagulação.
- Defesa do organismo.
Sais (menos 1%) - Mantém a pressão e o pH. Absorção no intestino
Gases, oxigénio, dióxido de - Respiração celular. Pulmões e tecidos
carbono. - Produto final da respiração.
Lípidos, glícidos e aminoácidos. - Nutrientes para as células. Absorção no intestino
Ureia - Resíduo azotado. Fígado
Hormonas, vitaminas, etc. - Intervém no metabolismo. Variada

3- Tecido muscular
Os tecidos musculares são constituídos por células alongadas designadas por fibras musculares.
Tem como função: permitir a movimentação do corpo e a contração dos órgãos. As fibras
musculares possuem elasticidade, o que lhes permite após uma contração voltar á sua posição
inicial. De acordo com a sua forma e função, os tecidos musculares classificam - se em: tecido
muscular liso, estriado esquelético e estriado cardíaco.

a) Tecido muscular liso: Não possuem estrias. São pequenas se alongadas com extremidades
estreitas; possuem um único núcleo, localizado no centro; realiza contrações involuntárias
contínuas e de fraca potência; origina movimentos lentos. Localizam-se nos vasos sanguíneos,
órgãos do tubo digestivo.

b) Tecido muscular estriado esquelético: Possuem estrias transversais. Estão dispostos


paralelamente; são longas, com forma cilíndrica; possuem vários núcleos e muitas mitocôndrias;
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têm vários filamentos no citoplasma (miofibrilas) constituído por proteínas que originam estrias
longitudinais; realizam contrações voluntárias que podem ser rápidas e forte; é responsável pelo
movimento do esqueleto e de outros órgãos. Localizam-se ao longo de todo o esqueleto e em
outros órgãos (globo ocular, língua…).

c) Tecido muscular estriado cardíaco: Possuem estrias transversais; são longas e cilíndricas
ramificadas em forma de Y; possuem um núcleo, que se situa no centro; unem-se às células
vizinhas longitudinalmente através de discos intercalares; realizam contrações potentes (com
gasto de muita energia) contínuas e involuntárias. Localiza-se no coração.

4-Tecido nervoso
O tecido nervoso é constituído pelos neurónios (células especializadas em coordenar todo o
organismo) e pela glia ou nevróglia (estrutura constituída por células cuja função é sustentar e
defender os neurónios). Apesar de existir diferentes tipos de neurónios, quanto á estrutura, todos
são constituídos pelo corpo celular, dendrites e axónios. Ao conjunto formado pelo axónio e
pelo seu revestimento, dá-se o nome de fibras nervosas.

- Corpo celular = contém todos os organelos da célula, incluindo o núcleo. Tem como função:
assegurar a vida do neurónio, armazenar a energia da célula.

- Dendrites = são prolongamentos do corpo celular, finos e muito ramificado. Tem como função.
Receber informações (estímulos nervosos) do meio ambiente e de outras células e transmitem-na
ao corpo celular.

- Axónios = são prolongamento único em forma de tubo, que existe em cada neurónio, inicia no
corpo celular e termina de forma ramificada. O seu comprimento é variável. Conduz os estímulos
do corpo celular para outras células (neurónios, fibras musculares ou glândulas através das
Sinapses (contacto que um neurónio estabelece com o outro neurónio ou com uma célula
muscular).

Estrutura de um neurónio

Os neurónios podem ser de diferentes tipos: unipolar, bipolar, pseudo-unipolar ou multipolar

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4- Estrutura e funções dos Sistemas de órgãos dos animais

Os animais vertebrados são constituídos por vários tecidos que se organizam e formam os órgãos.
Os órgãos cooperam entre si exercendo determinadas funções, constituindo assim, os sistemas de
órgãos. Para que um organismo tenha um funcionamento pleno, é necessário que vários sistemas
de órgãos comuniquem entre si, ou seja, nenhum funciona de forma independente.

Nos animais vertebrados encontram.se os seguintes sistemas de órgãos: Tegumentar, Muscular,


Esquelético, Digestivo, Respiratório, Circulatório, Excretor, Endócrino, Nervoso e
Reprodutor.

4.1 Sistema Tegumentar

O Sistema tegumentar reveste toda a superfície externa do organismo e a sua principal função é
de proteger o organismo dos agentes físicos existentes no meio exterior; actua como uma barreira
natural contra os microorganismos; regula a temperatura corporal; protege o corpo da
desidratação; possibilita a realização de hematose cutânea nos anfíbios (trocas gasosas através da
pele); permite que o organismo tenha sensibilidade; liberta excreções, em alguns vertebrados.
Este sistema é formado pela pele e pelos anexos (pêlos, unhas, penas, escamas e glândulas):

- Na pele dos mamíferos existem pêlos, glândulas sudoríparas (produtoras de suor), glândulas
sebáceas (produtoras de sebo) e glândulas mamárias (produtoras de leite).

- Nos peixes a pele é coberta por escamas e alguns possuem glândulas mucosas, cuja função é
proteger e lubrificar os órgãos.

- Os anfíbios têm a pele húmida com inúmeras glândulas mucosas.

- As aves têm uma pele seca e fina. Com apenas uma glândula (glândula uropigial), que se localiza
na zona dorsal da cauda.

►A pele é considerada o maior órgão que reveste o organismo e é composta por dois tecidos entre
si – a epiderme e a derme. Nos mamíferos e nas aves verifica-se ainda a presença de outro tecido
a hipoderme.

- Epiderme = zona mais externa da pele constituída por tecido epitelial estratificado pavimentoso.

- Derme = constituída por tecido conjuntivo sobre o qual se apoia a epiderme.

- Hipoderme = constituída por tecido conjuntivo e rica em tecido adiposo.

4.2 Sistema Muscular

Os animais vertebrados têm a capacidade de se movimentar e deslocar de um local para o outro.


Este processo é complexo, pois reque a interligação de três sistemas: muscular, esquelético e
articular. É, portanto, o SOMA (Sistema Osteomioarticular) o responsável pelo movimento e
locomoção dos animais.

O Sistema muscular é constituído por três tipos de tecido muscular: tecido muscular liso, tecido
muscular estriado cardíaco e tecido muscular estriado esquelético. Os responsáveis pela

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movimentação do corpo são os músculos esqueléticos. Para que os movimentos corporais
ocorram, é necessário que estes músculos estejam ligados ao esqueleto articulado.
Nas suas extremidades, os músculos prolongam-se e formam os tendões, que são porções
esbranquiçadas e resistentes, unidas fortemente aos ossos. Os ossos têm a capacidade de se mover
uns em relação aos outros, devido á presença de articulações. Quando os músculos se distendem
ou contraem, vão provocar movimentos nos tendões, que transferem a força gerada para as
articulações e permitem que o animal se mova.

Articulações = zonas de contacto entre os ossos. As articulações podem ser móveis (como as do
joelho), semimóveis (como as da coluna vertebral) ou imóveis (como as do crânio).

Afecções do SOMA
Na tabela seguinte são apresentadas algumas afecções do SOMA:

Artrite reumatoide Inflamação nas articulações dos dedos, punhos, tornozelos, cotovelos e joelhos, que
causam dor e inchaço.

Osteoporose Diminuição da massa óssea, que aumenta fragilidade do osso e provoca fractura com
facilidade. Atinge principalmente as mulheres após a menopausa.

Luxação Deslocamento do osso em relação a uma articulação.

Raquitismo infantil Amolecimento dos ossos em crianças, que pode levar á ocorrência de deformação
esquelética e fracturas. A principal causa é a falta de vitamina D, no entanto, a carência de
cálcio também pode levar ao aparecimento do raquitismo.

Fractura Quebra de um osso, provocada por traumatismo, osteoporose, entre outras causas.

Cãibra Contração involuntária do músculo-esquelético, que se deve á formação e acumulação de


ácido láctico nas fibras musculares. Ocorre geralmente após uma intensa actividade física.

Deformações da Escoliose – desvio lateral da coluna vertebral para a esquerda ou direita, que resulta num
Coluna vertebral formato de S ou C.

Lordose – aumento anormal da curva lombar.

Cifose – aumento anormal da concavidade posterior da coluna vertebral.

Cuidados a ter com o SOMA:

As afecções do SOMA são uma importante causa de procura dos serviços médicos, por isso é
necessário ter alguns cuidados para o seu bom funcionamento e manutenção:

- Adoptar uma postura correcta; consumir alimentos ricos em cálcio, vitaminas D e ferro; realizar
uma dieta equilibrada; praticar exercícios físicos regularmente e de acordo com o peso e a idade;
fazer um aquecimento de cerca de 15 minutos, antes da actividade física, para evitar lesões;
carregar e transportar objectos pesados com os devidos cuidados.

4.3 Sistema Esquelético ou ósseo

O Sistema esquelético ou ósseo dos vertebrados é constituído por um esqueleto interno


(endosqueleto) – formado na maioria dos casos por ossos e, por uma pequena quantidade de
cartilagens.

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Este sistema desempenha várias funções importantes, tais como dar forma e sustentação ao corpo;
apoiar e proteger os órgãos vitais; armazenar minerais (Ex: cálcio e fósforo) e intervir na produção
de células sanguíneas. Para além destas funções, o sistema esquelético em conjunto com o sistema
muscular e articular, é responsável pelo movimento do organismo.
Nos animais vertebrados o sistema esquelético divide-se em:

►Esqueleto axial = constituído pelo crânio (que protege o encéfalo) e pela caixa torácica (que
inclui a coluna vertebral, as costelas e o esterno).

A coluna vertebral, para além de proteger a medula espinal, sustenta o corpo e permite que alguns
animais se mantenham em pé. Alguns vertebrados não possuem esterno. Nas aves e mamíferos
voadores, o esterno é muito desenvolvido e apresenta uma lâmina vertical e saliente (a quilha),
onde se apoiam os músculos peitorais responsáveis pelo batimento das asas.

►Esqueleto apendicular = formado pelos membros superiores e inferiores.

A união com o esqueleto axial faz-se através de cinturas: os membros superiores ligam-se através
da cintura escapular e os membros inferiores através da cintura pélvica.

Nos peixes o esqueleto apendicular é constituído pelos elementos de sustentação das barbatanas.
Alguns répteis, como por exemplo as serpentes, não apresentam esqueleto apendicular. Nas aves,
os membros superiores estão transformados em asas, para estas poder voar.

4.4 Sistema Digestivo

A função do sistema digestivo é transformar os nutrientes complexos, que se encontram nos


alimentos, em nutrientes simples (digestão) para serem absorvidos para o meio interno e utilizados
pelas células (absorção).

O Sistema digestivo dos vertebrados é formado pelo tubo digestivo e pelas glândulas ou órgãos
anexos. O tubo digestivo possui duas aberturas: uma por onde ocorre a ingestão dos alimentos (a
boca), no caso das aves (o bico) e por outra, onde saem os resíduos alimentares (o ânus) – nos
mamíferos ou (a cloaca) – nas aves, nos anfíbios e nos répteis.

►Órgãos do tubo digestivo e as respectivas funções:

Boca (nas aves bico) = local de entrada dos alimentos, onde ocorre a mastigação e insalivação dos
alimentos. No interior da cavidade bucal encontra-se a língua e os dentes. Os dentes têm grande
importância para a mastigação e trituração dos alimentos (as aves, a tartaruga, alguns peixes e
alguns mamíferos não possuem dentes). Todos os vertebrados possuem língua, excepto certas
rãs.

Faringe = serve como via de passagem tanto para o sistema digestivo como para o sistema
respiratório. As cavidades orais e nasais terminam na faringe.

Esófago = possibilita a passagem do bolo alimentar para o estômago. Nas aves, apresenta uma
dilatação denominada papo, cuja função é armazenar e hidratar alimentos.

Estômago = possui dois esfíncteres (a cárdia) – que comunica com o esófago e (o piloro) – que
comunica com o duodeno. Armazena e mistura o bolo alimentar com o suco gástrico ou estomacal.

- As aves granívoras (alimentam-se de grãos), o esófago apresenta uma dilatação (o papo) e o


estômago está dividido em dois compartimentos: o proventrículo e a moela. O proventrículo ou

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estômago mecânico – que serve para triturar os alimentos. No interior da moela encontra-se
pequenas pedras cuja finalidade e auxiliar na trituração dos alimentos.
- Nos mamíferos, anfíbios e répteis em geral, o estômago é constituído apenas por um
compartimento ou cavidade.

- Nos ruminantes como o boi, búfalo, girafa, ovelhas, entre outros, o estômago está dividido em
quatro compartimentos: pança ou rúmen, barrete, folhoso e coalheira. Após a ingestão, os
alimentos vão para a pança e de seguida deslocam-se para o barrete onde o alimento é
comprimido. Quando estão em repouso, os alimentos voltam á boca para serem mastigados e
insalivados (ruminação). Após a deglutição os alimentos passam da pança (onde a celulose é
degradada), para o folhoso e posteriormente para a coalheira (onde é produzido o suco gástrico).

Intestino delgado = Quando os alimentos saem do estômago e vão para o intestino delgado. Este
é composto por três partes: duodeno (que recebe a bílis e o suco pancreático para decompor a
maior parte dos nutrientes); o jejuno e o íleo (onde ocorre a finalização da digestão e a absorção
dos nutrientes para o sangue e para a linfa. Os animais herbívoros possuem um intestino delgado
mais longo do que os carnívoros, pois os vegetais são mais difíceis de digerir do que a carne. As
substâncias que não foram absorvidas no intestino delgado passam para o intestino grosso, onde
ocorre a absorção de água e sais minerais e se formam as fezes.

Intestino grosso = nos mamíferos, o intestino grosso é constituído por três partes: ceco, cólon e
recto. Este intestino é curto nos vertebrados, excepto nos mamíferos. O ceco é mais desenvolvido
em certos mamíferos roedores, nele ocorre a absorção da água e dos sais minerais, formando-se
fazes sólidas ou semi-sólidas. Nos peixes ósseos e mamíferos, o recto comunica com o exterior
através do ânus por onde são expulsas as fezes. Nos anfíbios, répteis e aves, o recto abre numa
cavidade chamada cloaca.

►Glândulas ou órgãos anexos e as respectivas funções:

Os órgãos anexos não fazem parte do tubo digestivo. A sua função é produzir secreções, que são
lançadas no interior do tubo digestivo, para auxiliar na digestão dos alimentos. Eles são:

- Glândulas salivares = apenas existem nos animais vertebrados terrestres. Produzem a saliva,
que é lançada para a boca. A saliva mistura-se com os alimentos, humedecendo-os e origina o bolo
alimentar.

- Fígado = existe em todos os vertebrados, tem a cor vermelha-escura e é dividido em lobos.


Produz a bílis, que é armazenada na vesícula biliar. Do fígado parte o canal hepático, e da
vesicula biliar o canal cístico que se unem, formando o canal colédoco, que se abre no duodeno,
onde é lançada a bílis para separar os lípidos.

- Pâncreas = existe quase em todos os vertebrados, é uma glândula mista pois tem funções
endócrinas e exócrinas. Produz o suco pancreático, que é lançado no duodeno e actua sobre os
nutrientes, decompondo-os. Também produz a insulina e glucagon, que têm a função de regular
o teor do açúcar no sangue.

4.5 Sistema Respiratório

A respiração é um fenómeno que ocorre nas células vivas. Para que ela se realize é necessário
oxigénio, e durante o processo forma-se dióxido de carbono. O sistema respiratório tem como
função o fornecimento de oxigénio ao sangue e a eliminação do dióxido de carbono presente no

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mesmo. Essas trocas são efetuadas entre o ar e o sangue, a nível dos pulmões. O oxigénio é
importante na respiração porque permite a renovação constante do ar a nível dos alvéolos
pulmonares. Transforma o sangue venoso em sangue arterial.

A esta dupla troca gasosa (entrada de oxigénio e saída de dióxido de carbono) nas superfícies
respiratórias denomina-se hematose. Após a hematose o sangue venoso (rico em dióxido de
carbono) é convertido em sangue arterial (rico em oxigénio). O processo pelo qual o oxigénio e o
dióxido de carbono passam do meio onde existem em maior concentração para o meio onde
existem em menor concentração designa-se por difusão.

O Sistema respiratório é constituído pelas vias respiratórias e pelos pulmões. As vias


respiratórias incluem as fossas nasais, a laringe, a traqueia, os brônquios e os bronquíolos. E
os pulmões são dois (direito e esquerdo).

Existem três tipos de superfícies respiratórias nos vertebrados: tegumento ou pele, brânquias ou
guelras e pulmões.

- A hematose que ocorre através do tegumento denomina-se hematose cutânea. Para que isso
ocorra é necessário que o tegumento permaneça húmido, passando o oxigénio para o sangue e
libertando o dióxido de carbono. Ex: os anfíbios, a minhoca.

- A hematose branquial ocorre através das brânquias. As brânquias são estruturas constituídas
por filamentos delgados, onde uma fina camada de células percorre uma rede de vasos sanguíneos.
As trocas gasosas consistem na permuta entre o oxigénio da água e do dióxido de carbono que
chega as brânquias através dos vasos sanguíneos. Ex: os peixes, os girinos.

- A hematose pulmonar é realizada nos pulmões que realizam as trocas gasosas no meio aéreo.
Existem pulmões nos vertebrados terrestres desde os anfíbios até aos mamíferos. Os pulmões são
órgãos ocos e vascularizados de cor rosada revestido por uma membrana (a pleura).

- Nos anfíbios apresentam-se como bolsas simples.

- Nos répteis apresentam subdivisões internas e muitos alvéolos.

- Nas aves não são de tipo alveolar, apresentam grande rede de canais que permitem o arejamento
e uma oxigenação eficiente do sangue.

- Nos mamíferos com enormes superfícies alveolares.

Os alvéolos são sacos de pequeno tamanho cujas paredes são revestidas por uma rede capilar, na
qual ocorrem as trocas gasosas com sangue. O espaço interno dos pulmões liga-se ao meio externo
por canais, que permitem a entrada e a saída do ar, ou seja, permite a ventilação pulmonar.
Ventilação pulmonar é a entrada e saída do ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares.

-Os anfíbios possuem hematose cutânea, hematose branquial e hematose pulmonar. A branquial
na fase larval; a cutânea a mais desenvolvida que a pulmonar na fase adulta. Os sapos, as rãs
apresentam laringe e duas cordas vocais que lhes permitem coaxar.

- Os répteis apresentam hematose pulmonar.

- Nos ofídios (cobras e serpentes), o pulmão direito é atrofiado (enfraquecido).

- Nas aves a hematose é pulmonar em comunicação com os pulmões. Existem cinco pares de
bolsas denominados sacos aéreos, que têm a função de diminuir o peso, promover o contínuo
arejamento dos pulmões e refrigerar o corpo.

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- Nos mamíferos, a hematose é pulmonar. O diafragma separa a cavidade torácica do abdómem.

A ventilação pulmonar é realizada através de dois processos (inspiração e expiração)

- Pela inspiração o ar penetra nos pulmões. Ocorre a contração do diafragma e dos músculos
intercostais. Ou seja, o ar entra nos pulmões, aumenta a caixa torácica porque a pressão
atmosférica é maior que a pressão alveolar.

- Na expiração ocorre o relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais. O ar sai dos


pulmões para o exterior, diminui a caixa torácica porque a pressão alveolar é maior que a pressão
atmosférica.

4.6 Sistema Circulatório

O Sistema circulatório constitui um circuito fechado, pois, o sangue em toda a trajectória flui nos
vasos sanguíneos. Tem como função o transporte de substâncias pelo corpo, garante a chegada de
nutrientes e oxigénio á todas as células e faz a remoção de produtos nocivos produzidos pelo
metabolismo celular. O Sistema circulatório é constituído pelo Sistema circulatório sanguíneo e
pelo Sistema circulatório linfático.

►O Sistema circulatório sanguíneo é constituído pelo coração e por um conjunto de vasos


sanguíneos que são as (artérias, veias e capilares), que permitem que o fluido chegue a todas as
células do organismo.

►O Sistema circulatório linfático é constituído pela linfa (líquido circulante a nível tecidual)) e
tem como componentes: os capilares, as veias, os gânglios linfáticos, o timo e o baço. A linfa
circula graças aos movimentos dos músculos. Na trajectória dos vasos linfáticos existem gânglios
linfático no pescoço, nas axilas e virilhas. No interior destes gânglios existem linfócitos que têm
a função de defesa imunitária.

O sangue e a linfa mantêm sempre húmido o meio interior e desempenham um papel importante
no transporte de substâncias e na defesa do organismo contra os agentes patogénicos.

O sangue sai do coração através das artérias, que se ramificam em vasos menores e regressa ao
coração através das veias. Ao estabelecer a ligação entre as artérias e as veias existem os capilares
sanguíneos. Todo o percurso do sague é realizado no interior dos vasos sanguíneos e por esse
motivo diz-se o que o sistema circulatório dos vertebrados é fechado.

►Na circulação pulmonar, o sangue venoso sai do coração pela artéria pulmonar e vai para os
pulmões para ser oxigenado e regressa ao coração sob a forma de sangue arterial pelas veias
pulmonares. Nos anfíbios, a oxigenação do sangue ocorre nos pulmões e na pele.

►Na circulação sistémica, o sangue arterial sai do coração pela artéria aorta e vai para todos
os órgãos (onde passa o oxigénio para os fluidos que banham as células e recolhe o dióxido de
carbono) e regressa ao coração sob a forma de sangue venoso através das veias cavas.

Apesar de possuírem características comuns, os vertebrados apresentam algumas diferenças


estruturais e funcionais no que diz respeito ao seu sistema circulatório: nos vertebrados, o coração
apresenta duas, três ou quatro cavidades:

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Sistema Trajecto do sangue:
circulatório dos:

A circulação é simples: o sangue passa uma só vez no coração sob a forma de sangue venoso.
O coração apresenta duas cavidades (uma aurícula e um ventrículo).
Peixes
A circulação é dupla: o coração apresenta três cavidades duas aurículas e um ventrículo.
A circulação é incompleta, pois há possibilidade do sangue venoso se misturar com o sangue
Anfíbios arterial no ventrículo.

O coração possui quatro cavidades: duas aurículas e dois ventrículos. A circulação é dupla
e completa: os ventrículos estão totalmente separados pelo septo interventricular, não
havendo mistura de sangue venoso com sangue arterial. Do lado direito do coração circula
o sangue venoso e no lado esquerdo circula o sangue arterial.

Aves e Mamíferos - Uma diferença significativa do sistema circulatório das aves e mamíferos consiste na
curvatura da artéria aorta que sai do ventrículo esquerdo. Nas aves, a artéria aorta curva-
se á direita, enquanto que nos mamíferos, a curva apresenta-se á esquerda.

SIDA – doença infeciosa do sangue

O vírus da SIDA, como já sabes, pode existir no sangue do homem, destruindo o seu sistema
imunitário. O doente infectado pelo VIH fica progressivamente débil, frágil e pode contrair várias
doenças que podem levar á morte. Esta doença normalmente, não atacam as pessoas com o sistema
imunitário que funcione bem, pelo que são designadas por «doenças oportunistas».

O que é a SIDA? A sigla SIDA representa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.


- Síndrome refere ao grupo de sintomas que coletivamente caracterizam uma doença. No caso da
SIDA pode incluir o desenvolvimento de determinadas infecções e tumores, tal como a
diminuição de determinadas células do sistema imunitário (defesa).

- Imunodeficiência quer dizer que é caracterizada pelo enfraquecimento do sistema imunitário.

- Adquirida quer dizer que a doença não é hereditária e se desenvolve após o nascimento por
contacto com um agente no caso (VIH/SIDA). Portanto, a SIDA é uma doença causada por um
vírus. Vírus da imunodeficiência humana (VIH ou HIV, na língua inglesa), que ataca o sistema
imunitário do nosso organismo, destruindo a nossa capacidade de defesa em relação a muitas
doenças.

A epidemia de VIH/SIDA encontra-se em fase de crescimento exponencial no nosso país, logo é


uma doença cada vez mais problemática, sendo por isso a sua prevenção essencial. Alguns anos
atrás, quando uma pessoa descobrisse que era seropositiva só tinha pela frente uma fraca qualidade
de vida e a morte. Actualmente, a terapia antirretroviral oferece uma mensagem positiva, pois,
em pouco tempo a saúde das pessoas melhora visivelmente e estas podem continuar a ter uma vida
de qualidade.

Os medicamentos para doentes com vírus da SIDA permitem ter uma vida mais longa, porque
reduzem a carga viral no organismo e protegem o sistema imunológico, quando são tomados
regularmente. Mas nalguns doentes pode aparecer efeitos colaterais, uma vez que estes
medicamentos são muito fortes. Esses efeitos podem levar dias ou semanas até diminuírem ou até
mesmo desaparecerem.

Ao tomar qualquer medicamento devem-se ter sempre em conta os efeitos colaterais. Quase todas
as drogas para tratamento de doenças causam estes efeitos, como, por exemplo, os medicamentos
tomados para a gripe, pode provocar sonolência (efeito colateral – reacção ou sintoma que
apresentam quando se toma os medicamentos.
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É relevante que o doente seja esclarecido sobre as consequências de não tomar regularmente os
medicamentos. Saltar doses, pode fazer com que o medicamento deixe de funcionar
completamente. Também é importante que o doente conheça bem o medicamento e o efeito
colateral que este pode ter. *Para tal, pode questionar o médico ou o enfermeiro que o acompanha.

A infecção pelo VIH/SIDA é transmissível. A sua transmissão pode acontecer de três formas:
relações sexuais sem protecção; contacto com o sangue infectado; de mãe para filho durante o
parto. As formas de transmissão são conhecidas; por isso, podem e devem ser evitadas.

►Os programas de sensibilização e de educação são a base de todo o processo de intervenção


para a preservação desta doença:

- Na fase de prevenção primária = constituem elementos estratégicos a informação, educação e


comportamento correcto e responsável em relação ao sexo (uso do preservativo);

- Na fase de prevenção secundária = além dos tratamentos que possam ser aplicados é importante
que exista atenção a solidariedade para com as pessoas infectadas pelo VIH/SIDA; - Na fase
terciária = é crucial a recuperação dos doentes de SIDA.

“Têm - se visto muito, no nosso país, jovens que foram violadas e que, por uma questão de
vergonha, não comentam com ninguém. Em alguns casos, passado algum tempo, descobrem que
são seropositivas e não lhes ocorrem como foi possível isso acontecer. É bom que saibas, que se
alguma vez isso acontecer, a jovem deve ir de imediato ao hospital. Já existem tratamentos com
antirretrovirais que podem ser aplicados no espaço de as 24horas após o acontecimento, durante
um período de quatro semanas, e que garantem uma certa segurança para não contração do vírus”.

* SE GOSTAS DA VIDA, TEM CUIDADO COM A SIDA! *

4.7 Sistema excretor (ou urinário)

Todas as células, ao realizarem o metabolismo, produzem substâncias tóxicas que podem


comprometer o seu funcionamento, sendo necessário à sua excreção (eliminação).

A excreção é um processo de eliminação do meio interno de produtos prejudiciais ao organismo


resultante do metabolismo como o ácido úrico, amoníaco, o dióxido de carbono e outros.

Dependendo do tipo de animal e da substância a excretar, existem vários órgãos cuja função é
eliminar resíduos. É o caso dos pulmões, das brânquias e da pele (através das glândulas
sudorípara).

- Nos vertebrados a maior parte das excreções é eliminada através dos rins, (que são as unidades
funcionais do sistema urinário ou excretor). Os rins têm como principal função eliminar os
resíduos azotados (substâncias que resultam do metabolismo das proteínas), presentes na corrente
sanguínea e controlar as concentrações de água e de sais minerais no organismo, de modo a manter
as características do meio interno – a homeostasia (capacidade de o organismo manter o seu
equilíbrio dinâmico).

►Nos vertebrados podem ser identificados três tipos de rins, classificados de acordo com o
período de vida em que surgem, com o tipo de resíduos que eliminam e com a sua localização
corporal:

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Rim prónefro = localizado na região anterior do corpo e está presente durante o desenvolvimento
embrionário de todos os vertebrados, no entanto não é funcional na fase adulta. Encontra-se activo
em peixes jovens e girinos (nome dado aos anfíbios, na sua fase embrionária – aquática).

Rim mesonefro = localizada na região intermédia do corpo e está presente em peixes e anfíbios
adultos. Nos répteis, aves e mamíferos funcionam apenas durante a vida embrionária.

Rim metânefro = localizado na região posterior do corpo. Está presente nos répteis, aves e
mamíferos. É totalmente evoluído e composto por milhões de nefrónios que recolhem do sangue
todo o material de excreção resultante do metabolismo.

Os rins podem variar de forma, de tamanho e de posição entre as espécies animais. No entanto,
são sempre constituídos por unidades básicas funcionais – os nefrónios.

- Nos mamíferos os rins estão ligados aos ureteres, que transportam a urina para a bexiga e daqui
para o exterior através da uretra.

- Nos anfíbios, répteis e aves os ureteres abrem directamente na cloaca.

4.8 Sistema Endócrino

A sobrevivência de um animal depende da regulação e coordenação das actividades dor órgãos


e tecidos (o metabolismo, o crescimento e a reprodução requerem uma coordenação prolongada e
rígida por reguladores químicos transportados pelo sangue, denominados hormonas). Hormona
é uma palavra grega (hormon – hormona) que significa “excitante”. Este termo foi empregue pela
primeira vez por Starling, em 1905.

O Sistema endócrino, em conjunto com o Sistema nervoso, regula e coordena todas as


actividades do organismo dos animais vertebrados. É constituído por glândulas endócrinas que
segregam hormonas, isto é, mensageiros químicos que são lançados para a corrente sanguínea.
Ou seja, as hormonas são substâncias produzidas pelas glândulas endócrinas e que através do
sangue são transportadas para todos os órgãos do corpo. Tendo a capacidade de actuar longe do
local onde são produzidas.

As hormonas são importantes pois intervêm no desenvolvimento e funcionamento do organismo:


metabolismo celular, crescimento, reprodução, entre outras funções.

Há também, em contraste com as glândulas endócrinas, os órgãos exócrinos ou (glândulas


exócrinas) que expelem o seu produto para o exterior.

*As glândulas endócrinas são aquelas que produzem substâncias (hormonas) que são enviadas
directamente para a corrente sanguínea (Ex. a adrenalina). Já as glândulas exócrinas são as que
produzem secreções, que através de canais são lançadas para outros órgãos ou para o exterior do
organismo (como por exemplo o suco pancreático, que vai para o duodeno para completar a
digestão, ou o suor que é libertado para o exterior do organismo através da pele).

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No seguinte quadro indica as principais glândulas e as respectivas hormonas e funções:

Glândulas Hormonas Funções

Hipotálamo Neuro-hormonas Regula a secreção da hipófise e actua no controlo da fome, sede e


da temperatura.

Hipófise Várias hormonas É controlada pelo hipotálamo e regula a produção de hormonas


noutras glândulas (tiroide, ovários e testículos).

Tiroxina e - Regula os processos metabólicos e é responsável pelo


crescimento.
Tiroide Calcitonina
- Regula a concentração de sais minerais no sangue.
Glândulas Adrenalina Responsável pela resposta ao stress. Acelera o ritmo cardíaco e
suprarrenais aumenta a pressão arterial.

Pâncreas Insulina Regulam a concentração ou teor de glicose (açúcar) no sangue

Glucagon

Ovários Estrogénios e Responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais


secundários femininos. Controlam o ciclo menstrual e intervêm na
Progesterona reprodução.

Testículos Testosterona Responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais


masculinos. Intervêm na reprodução.

4.9 Sistema Nervoso

Tal como o sistema endócrino, o sistema nervoso é responsável pelo funcionamento e regulação
do organismo. É através dele que o corpo recebe os estímulos do meio e controla os movimentos
e as funções dos diferentes sistemas de órgãos. Este sistema tem essencialmente três funções:

- Sensitiva (captação dos estímulos provenientes do exterior e do interior do organismo e a sua


transmissão ao sistema nervoso central),

- Integradora (processamento e interpretação da informação recebida) e

- Motora (resposta aos estímulos já processados pelo sistema nervoso central, através dos músculos
ou secreções glandulares).

As células especializadas do sistema nervoso (neurónios) através de suas cadeias se propagam


os impulsos nervosos. Estes impulsos são gerados por estímulos que podem ter origem química,
eléctrica, térmica, entre outras. O local de ligação entre dois neurónios chama-se sinapse e ocorre
entre o axónio de um neurónio e as dendrites ou corpo celular de outro neurónio. Durante a
sinapse, é libertada uma substância química designada por neurotransmissor. A transmissão dos
impulsos nervosos pode ser feita a partir de um neurónio para o outro neurónio, para um músculo
ou para uma célula glandular.

Existem diferentes tipos de sistema nervoso no que respeita á estrutura e organização dos animais,
no entanto, os animais vertebrados apresentam um sistema nervoso tubular, que se encontra
dividido em: Sistema Nervoso Central (SNC) e pelo Sistema Nervoso Periférico (SNP).

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►Sistema Nervoso Central (SNC)

O Sistema Nervoso Central é constituído pelo encéfalo e pela medula espinal. Nos vertebrados, o
encéfalo divide-se em:

- Telencéfalo ou cérebro (uma massa grande, encerrada na caixa craniana. É protegida por três
membranas denominadas meninges. Possui dois hemisférios (direito e esquerdo). Na superfície
dos hemisférios existem numerosos sulcos que dividem o cérebro em quatro lobos (frontal,
parietal, temporal e occipital). Num corte longitudinal do cérebro identificam-se duas substâncias
branca (no centro) e cinzenta (na periferia), formando o córtex cerebral. A função do córtex nos
seres humanos está relacionada com a memoria, pensamento, consciência, atenção, percepção e
linguagem.

- Diencéfalo - na parte superior é constituída pelo tálamo - local por onde passa a maior parte da
informação que chega ao córtex cerebral e a parte inferior pelo hipotálamo - para além da função
endócrina, é onde se localizam os centros que regulam, entre outros estados, a emoção, a fome, a
sede e o sono.

- Mesencéfalo (também designado por cérebro médio, é constituído por dois grandes lobos
ópticos, onde chegam os nervos ópticos – centro visual. Possui funções sensoriais e motoras).

- Metencéfalo (constituído pelo cerebelo) está situado abaixo do cérebro, cuja função é coordenar
o equilíbrio, algumas habilidades motoras, as contrações musculares e a postura.

- Mielencéfalo ou (bolbo raquidiano) = prolonga-se pelo buraco occipital da caixa craniana e faz
ligação com a medula espinal. É onde se situa o centro cardiovascular, que controla os batimentos
cardíacos, a pressão arterial, regula a respiração, a digestão e outras funções involuntárias.
Dele saem vários pares de nervos cranianos.

►A Medula espinal está na continuação do bolbo raquidiano. É a primeira a formar-se durante o


desenvolvimento embrionário. Comunica-se se com os órgãos do tronco e dos membros graças
aos trinta e um pares de nervos raquidianos. Tem a função de conduzir impulsos sensitivos para
o cérebro e trazer impulsos motores.

É o centro nervoso responsável por uma série de actos reflexos, nomeadamente os que estão
relacionadas com o instinto de autoconservação e defesa. Além de estar protegida pela coluna
vertebral, a medula tal como acontece com o encéfalo, está envolvida por três membranas
denominadas meninges (dura-máter, aracnoide e pia-máter). Através de um corte transversal
também é possível distinguir duas zonas:

- Na parte interna a substância é cinzenta (apresenta a forma da letra H, local onde se situam os
corpos celulares dos neurónios) é percorrida por um canal, onde circula o líquido
cefalorraquidiano. A sua função é produzir os impulsos nervosos.

- Na parte externa a substância é branca formada por fibras nervosas mielinizadas (fibras
nervosas constituídas por neurónios, cujos axónios são revestidos por uma bainha de mielina). A
sua função é conduzir os impulsos nervosos do corpo para o cérebro.

►Sistema Nervoso Periférico (SNP)

O SNP é formado pelos nervos (cranianos e raquidianos) e pelos gânglios nervosos. Os nervos
são constituídos por feixes de fibras nervosas cuja função é conduzir os impulsos nervosos através
de duas vias:

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- Via aferente ou sensitiva = conduz a informação dos órgãos sensoriais (situados na periferia do
organismo) até ao SNC.

- Via eferente ou motora = transmite a informação do SNC até aos outros órgãos (como por
exemplo os músculos e as glândulas).

►Os Nervos que têm origem no encéfalo designam-se por (Nervos cranianos) Nos peixes e
anfíbios, encontram-se dez pares de nervos cranianos. Os répteis, aves e mamíferos possuem
doze pares de nervos cranianos.

►Os Nervos que têm origem na medula espinal designam-se por (Nervos espinais ou
raquidianos) e no ser humano existem trinta e um pares.

Fazem parte das vias eferentes do SNP o Sistema Nervoso Autónomo (SNA) - responsável pelas
respostas involuntárias do organismo: contracção da pupila, batimentos cardíacos…

E pelo Sistema Nervoso Somático (SNS) - que intervém nas respostas voluntárias do organismo
através da acção dos músculos esqueléticos: falar, escrever, pegar num objecto, atender o
telemóvel…

►O Sistema nervoso autónomo divide-se em:

- Sistema Nervoso Simpático = tem origem nas regiões torácica e lombar da medula. A sua
função é de excitação. Prepara o organismo para a situação de stress físico e psíquico.

- Sistema Nervoso Parassimpático = tem origem no encéfalo e na zona inicial da medula. Actua
de forma oposta ao sistema nervoso simpático. Restabelece o funcionamento para conservar a
energia., activando a recuperação das condições normais do organismo.

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4.10 Sistema Reprodutor

O Sistema reprodutor é formado por um conjunto de órgãos que têm como função permitir a
formação de novos seres. Nos vertebrados a reprodução é sexuada, ou seja, resulta da fusão de
duas células sexuais (as gâmetas) originados geralmente, a partir de indivíduos de sexos diferentes
(o macho e a fêmea). Os gâmetas são produzidos nas gónadas (órgãos que produzem as células
sexuais). Os espermatozoides nos testículos e os óvulos nos ovários.

A união do espermatozoide com o óvulo dá-se o nome de fecundação, da qual resulta a formação
do ovo ou zigoto, que se desenvolve, originando um novo ser.

►Existem dois tipos de fecundação: externa e interna.

- Fecundação externa: os gâmetas são libertados para o exterior, normalmente para a água, onde
se dá a sua união. Exemplo: os peixes e anfíbios.

- Fecundação interna: ocorre no interior do corpo materno. Muitas vezes, o macho possui um
órgão copulador que permite a transferência de espermatozoides para a fêmea. Exemplo: aves,
répteis e mamíferos.

►Os animais podem ser classificados de acordos com as condições em que o novo ser se
desenvolve a partir do ovo em:

- Ovíparos (o embrião desenvolve-se dentro do ovo, mas fora do corpo materno. O ovo contém
reservas alimentares para o embrião se nutrir até a eclosão - abertura natural de um ovo, fora do
corpo da mãe, após ter terminado o desenvolvimento embrionário) Ex: as aves, a tartaruga e
algumas cobras.
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- Vivíparos (o embrião desenvolve-se dentro do corpo materno, alimentando-se das substâncias
produzidas pela placenta) Ex: a maioria dos mamíferos.

- Ovovíparos (os ovos ficam dentro do corpo da mãe até os filhotes se desenvolverem e saírem para
o exterior) Ex: as víboras.

►Após o nascimento, o desenvolvimento do novo indivíduo pode ser:

- Directo (quando este apresenta características semelhantes aos progenitores) como é o caso dos
mamíferos, ou

- Indirecto (quando este nasce com um aspectos diferente do progenitor) - sofre um conjunto de
transformações (metamorfoses) até atingir a forma adulta, como acontece com os anfíbios.

Elaborado pela Professora: Amélia Lopes

4ª Tiragem: 2022/2023

Fonte: Manual de Biologia 9ª classe; Atlas básico de botânica; Atlas do corpo humano.

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