TCC - Vitor Bez Gouveia 2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Vitor Bez Gouveia

Comparação entre os métodos as built tradicional e com modelagem BIM sobre nuvem
de pontos

Florianópolis
2020
Vitor Bez Gouveia

Comparação entre os métodos as built tradicional e com modelagem BIM sobre nuvem
de pontos

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em


Engenharia Civil do Centro Tecnológico da Universidade
Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Civil
Orientadora: Prof. Leticia Mattana
Coorientador: Eng. Rafael Fernandes Teixeira da Silva

Florianópolis
2020
Vitor Bez Gouveia

Comparação entre os métodos as built tradicional e com modelagem BIM sobre nuvem
de pontos

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
“Engenheiro Civil” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Engenharia Civil

Florianópolis, 15 de setembro de 2020.

Profa. Luciana Rohde, Dra.


Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

________________________
Profa. Leticia Mattana
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina

Eng. Rafael Fernandes Teixeira da Silva


Coorientador
IMA-SC

Profa. Cristine do N. Mutti, PhD.


Avaliadora
Universidade Federal de Santa Catarina

Eng. Matheus Körbes Bracht


Avaliador
Portal Engenharia
Este trabalho é dedicado aos meus amigos, namorada e à minha
querida família.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que tiveram algum papel positivo ao longo de toda minha
graduação, com certeza foi fundamental para chegar até este momento.
Aos meus pais Sandra e Egmilson que sempre me apoiaram nas minhas escolhas e
fizeram eu alcançar o tudo o que almejei.
À minha irmã Eduarda por estar presente durante toda minha jornada, desde pequeno,
sempre me dando forças para atingir meus objetivos.
À minha vó Bernadette, que não apenas me apoiou ao longo da graduação, mas sempre
esteve ao meu lado, em todas as minhas escolhas, sempre com muito carinho e motivação.
À minha vó Maria por fazer parte dos momentos mais marcantes, mesmo quando não
podia comparecer pessoalmente,
Ao meu vô Ludiz que infelizmente não irá conseguir ver minha formatura e ver eu me
tornar um engenheiro civil, mas que, com certeza, fez parte essencial nesta trajetória e foi, e
sempre será, um grande exemplo para mim.
À minha namorada Victoria pela parceria e carinho e que há mais de 3 anos me apoia
e me incentiva a ir atrás de meus sonhos, bem como a evoluir cada vez mais pessoalmente e
profissionalmente.
À professora Leticia por ter sido uma ótima orientadora, além das minhas expectativas,
e que, durante todo o processo, esteve sempre disponível para ajudar e guiar.
Ao Rafael Fernandes, responsável pela minha motivação inicial em fazer algo
relacionado à BIM e autor da ideia por trás desse TCC, bem como facilitador da maioria das
parcerias conseguidas para realização deste trabalho.
Aos meus grandes amigos da UFSC que estiveram presentes nos melhores momentos
da graduação e foram papel fundamental para tornar essa jornada mais leve e divertida.
À banca examinadora, professora Cristine Mutti e Matheus Bracht, por toparem
participar da avaliação deste TCC e compartilharem seus conhecimentos e experiência.
Aos professores Eduardo Costa e Fernando Cabral, peças importantes no aumento da
minha paixão por inovação.
Ao Adriano Scheuer, profissional da FARO que proporcionou o levantamento com o
equipamento laser scanner, essencial a este trabalho.
À Engenheira Késia por ter ajudado na escolha do objeto de estudo, além de ter criado
o projeto social “De Olho na Obra” junto ao observatório social, no qual pude contribuir através
de algumas etapas trabalho.
Ao pessoal da Creche CEI Roda Viva, pela disponibilidade e gentileza.
À bolsista de arquitetura, Danielli Spricigo, por ter feito a modelagem BIM sobre a
nuvem de pontos, e ao Proex, programa de bolsas da UFSC que viabilizou o trabalho dela.
RESUMO

A engenharia civil é composta de algumas grandes áreas, com diversas ramificações, onde o
profissional graduado pode atuar. Uma delas é retratada neste trabalho de conclusão de curso,
a construção civil, através do as built. Ele exerce um papel essencial na construção civil, pois
por meio dele é possível garantir o registro das informações da obra para as futuras alterações
que uma edificação pode estar sujeita ao longo de sua vida útil. Com isso, permitindo reformas
e outras modificações, além de conferir a qualidade da obra concluída. A tecnologia evoluiu
muito ao longo dos anos e, com ela, novas técnicas e métodos de levantamento e produção de
projetos as built foram desenvolvidas, com o apoio de inovações tecnológicas, como exemplo,
o método de modelagem BIM sobre nuvem de pontos, levantada com o equipamento laser
scanner. Este trabalho tem como objetivo comparar os métodos as built tradicional, com trena
laser e trena convencional, e as built “inovador” com modelagem BIM sobre nuvem de pontos,
com dados oriundos de um laser scanner. Para isso, adotou-se um caso para estudo em um
centro de educação infantil da cidade de Palhoça/SC, no qual os procedimentos da pesquisa
foram realizados durante o segundo semestre de 2019. Foram realizadas medições in loco,
usando o método tradicional e o método inovador, a fim de comparar, nos âmbitos da
produtividade, da precisão e dos custos, as etapas de levantamento de dados e modelagem da
informação. Os resultados demonstram que, ao comparar ambas as etapas, para a etapa de
levantamento de dados, o laser scanner provou-se levar 79% menos tempo e com uma precisão
maior quando comparada com o método tradicional, aliado a um acréscimo no custo de 57%.
A etapa de modelagem BIM, necessitou 93% mais tempo sobre a nuvem de pontos, teve uma
melhor precisão das informações, entretanto obteve um custo 78% maior em relação ao método
tradicional. Ao final, foi possível concluir que o método inovador aplicado a este caso de estudo,
apesar de mais custoso, pode ajudar os profissionais da área de construção civil a ganhar uma
melhora no tempo de levantamento, com uma maior precisão dos dados e da modelagem em
seus as builts.

Palavras-chave: As built. Laser Scanner. BIM.


ABSTRACT

Civil engineering is composed of some large areas, with several branches, in which the engineer
can act . One of them is portrayed in this work, the civil construction. The as built design
produced plays an essential role in civil construction, as it is possible to check the final quality
of the completed work, as well as to guarantee the record of the changes that a building
undergoes during its lifetime, allowing for refurbishments and other modifications.
Nervertheless, technology has evolved a lot over the years and, with it, new techniques and
methods for as built have been developed. As examples, we can mention the BIM modeling
method on point cloud, gathered using the laser scanner equipment. This work has the objective
to compare the as built traditional methods, with laser metric tape and conventional metric tape,
and the “innovative” built methods with BIM modeling over point cloud, with data resulting
from a laser scanner equipment. For this, a study case was defined, a child education center in
the city of Palhoça/SC. The research procedures were carried out during the second semester
of 2019. Measurements were made in loco, using the traditional method and the innovative
method, considering for both, the aspects of productivity, precision and costs for the stages of
data collection and information modeling. The results show that, for the data collection stage,
the laser scanner proved to be 79% more productive and with greater precision when compared
to the traditional method, combined with an increase in the cost of 57%. The BIM modeling
step, required 93% more time with the point cloud, had better accuracy and obtained a cost 58%
lower than the traditional method. In the end, it was possible to conclude that the innovative
method applied to this study case, although more expensive during the field work stage, can
help professionals in the civil construction area to gain an increase their productivity in the field
and their data accuracy and modeling in the as built designs.

Keywords: As built. Laser Scanner. BIM.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – As built tradicional .................................................................................................. 20


Figura 2 - Equipamento Laser Scanner .................................................................................... 21
Figura 3 - FARO Laser Scanner Focus S 350 .......................................................................... 23
Figura 4 - Drone aliado à engenharia ....................................................................................... 24
Figura 5 - Tela que captura a nuvem no equipamento FARO Laser Scanner Focus S 350 ..... 26
Figura 6 - Nuvem de Pontos da Creche CEI Roda Viva no AUTODESK RECAP ................. 26
Figura 7 - Aproximação da Nuvem de Pontos da Creche CEI Roda Viva ............................... 27
Figura 8 – Aplicações de levantamentos com laser scanners na engenharia ........................... 28
Figura 9 – Representação visual do conceito do BIM .............................................................. 29
Figura 11 - Modelo de criação BIM em edificações novas ou já existentes ............................ 31
Figura 12 - Visão geral da técnica de captura e levantamento de dados de edificações existentes
................................................................................................................................................................ 31
Figura 13 - Experiência profissional dos pesquisados ............................................................ 33
Figura 14 – Experiência de uso do BIM dos pesquisados ........................................................ 34
Figura 15 – Localização da CEI Roda Viva ............................................................................. 35
Figura 16 – Fachada da CEI Roda Viva ................................................................................... 36
Figura 17 - Imagem da CEI Roda Viva .................................................................................... 36
Figura 18 - Requadro fora do esquadro na esquadria da sala GT2........................................... 37
Figura 19 - Método de Trabalho ............................................................................................... 39
Figura 20 – Trena laser Stanley TLM 330 ............................................................................... 41
Figura 21 – Trena convencional ............................................................................................... 41
Figura 22 - Planta construída pelo laser scanner ..................................................................... 44
Figura 23 - Nuvem de pontos simplificada da cena “CEI_RODA_VIVA_Scan_011” ........... 45
Figura 24 - Imagem panorâmica da cena “CEI_RODA_VIVA_Scan_011” ........................... 45
Figura 25 - Primeira parte da modelagem BIM da nuvem de pontos....................................... 49
Figura 26 - Modelo BIM da primeira parte da nuvem de pontos ............................................ 50
Figura 27 - Ângulo alternativo do modelo parcialmente modelado ......................................... 50
Figura 28 - Cozinha no projeto original ................................................................................... 56
Figura 29 - Cozinha no projeto as built .................................................................................... 56
Figura 30 – Imagem do dia de levantamento com laser scanner ............................................. 58
Figura 31 - Imagem do dia de levantamento com laser scanner.............................................. 58
Figura 32 - Imagem do dia de levantamento com laser scanner.............................................. 59
Figura 33 - Imagem do dia de levantamento com laser scanner.............................................. 59
Figura 34 - Nuvem de pontos da CEI Roda Viva na plataforma Autodesk RECAP ............... 60
Figura 35 – Modelo sobre o projeto bidimensional .................................................................. 61
Figura 36 - Modelo BIM sobre a nuvem de pontos .................................................................. 61
Figura 37 – Medidas da sala de aula GT3 no “.dwg” e no FARO Box .................................... 67
Figura 38 – Medidas sala soneca no “.dwg” e no FARO Box ................................................. 67
Figura 39 – Medidas do banheiro BWC3 no “.dwg” e no FARO Box .................................... 68
Figura 40 – Medidas da cozinha no “.dwg” e no FARO Box .................................................. 68
Figura 41 – Medidas sala de aula GT3 em ambas as modelagens ........................................... 72
Figura 42 – Medidas Diretoria em ambas as modelagens ........................................................ 72
Figura 43 – Medidas sala soneca em ambas as modelagens .................................................... 73
Figura 44 – Medidas sala de aula GT2 em ambas as modelagens ........................................... 73
Figura 45 - Comparação direta da precisão angular de ambas as modelagens......................... 74
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese das Principais Etapas do Trabalho ............................................................ 39


Quadro 2 – Áreas e suas datas do levantamento através do método tradicional ...................... 42
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Benefícios do uso do BIM em projetos ................................................................... 30


Tabela 2 – Tempos do levantamento do as built tradicional em campo .................................. 62
Tabela 3 – Tempo de desenho e modelagem tradicional.......................................................... 62
Tabela 4 - Tempos do levantamento com equipamento laser scanner em campo ................... 63
Tabela 5 – Tempo de modelagem BIM sobre nuvem de pontos .............................................. 64
Tabela 6 - Comparativo entre o tempo de levantamento entre ambos os métodos .................. 65
Tabela 7 – Medidas lineares do levantamento em campo ........................................................ 66
Tabela 8 - Custos do levantamento de campo .......................................................................... 69
Tabela 9 - Comparativo de custos de 1 dia de trabalho ............................................................ 69
Tabela 10 – Medida das áreas das modelagens ........................................................................ 71
Tabela 11 – Custos de modelagem de ambos os métodos........................................................ 74
Tabela 12 - Síntese dos resultados ............................................................................................ 76
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


CEI Centro de Educação Infantil
BIM Building Information Modeling
GT Grupo de Trabalho
LaBIM Laboratório BIM do Estado de Santa Catarina
GEBIM Grupo de Extensão em BIM
AEC Architecture, Engineering and Construction
RFID Radio Frequency Identification
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
CAD Computer Aided Design
OSB Observatório Social do Brasil
GH Giga Hert
GB Giga Byte
RAM Random Access Memory
GPU Graphics Processing Unit
HD Hard Drive
BWC Bathroom Water Closet (Banheiro)
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO............................................. 15

1.2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA ..................................................................... 16

1.3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 17

1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 17

1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 17

1.4 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA ....................................................................... 18

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 19


2.1 AS BUILT NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................ 19

2.2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS......................................................................... 21

2.2.1 Laser Scanner ....................................................................................................... 22

2.2.2 Drones ................................................................................................................... 24

2.2.3 Nuvem de Pontos.................................................................................................. 25

2.3 BUILDING INFORMATION MODELING - BIM ................................................ 28

2.3.1 Relação entre BIM, Inovações Tecnológicas e As Built .................................... 30

3 MÉTODO E PROCEDIMENTOS..................................................................... 35
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO ............................................... 35

3.2 PROCEDIMENTOS .............................................................................................. 38

3.2.1 Levantamento de informações de forma tradicional........................................ 40

3.2.2 Levantamento de informações com laser scanner............................................. 42

3.2.3 Modelagem do as built sobre o projeto bidimensional ..................................... 46

3.2.4 Modelagem BIM sobre nuvem de pontos .......................................................... 47

3.2.5 Tempo do levantamento e da modelagem do as built tradicional ................... 51

3.2.6 Tempo do levantamento e da modelagem sobre a nuvem de pontos .............. 52

3.2.7 Estimativa dos custos envolvidos em cada etapa .............................................. 52


3.2.8 Comparação dos resultados: tempo, precisão e custos..................................... 53

3.2.8.1 Levantamento em campo ....................................................................................... 53

3.2.8.2 Modelagem ............................................................................................................ 53

4 RESULTADOS .................................................................................................... 55
4.1.1 Levantamento de informações de forma tradicional........................................ 55

4.1.2 Levantamento de informações com laser scanner............................................. 57

4.1.3 Modelagem do as built sobre o projeto bidimensional ..................................... 60

4.1.4 Modelagem BIM sobre nuvem de pontos .......................................................... 61

4.1.5 Tempo do levantamento e da modelagem do as built tradicional ................... 62

4.1.6 Tempo do levantamento e da modelagem sobre a nuvem de pontos .............. 63

4.1.7 Estimativa dos custos envolvidos em cada levantamento ................................ 64

4.1.8 Comparação e discussão dos resultados ............................................................ 64

4.1.8.1 Levantamento em campo ....................................................................................... 64

4.1.8.1.1 Tempo .................................................................................................................... 64

4.1.8.1.2 Precisão .................................................................................................................. 66

4.1.8.1.3 Simulações de Custos para o Caso em Estudo ...................................................... 69

4.1.8.2 Modelagem ............................................................................................................ 70

4.1.8.2.1 Tempo .................................................................................................................... 70

4.1.8.2.2 Precisão .................................................................................................................. 70

4.1.8.2.3 Simulações de Custos para o Caso em Estudo ...................................................... 74

4.1.8.3 Tabela Síntese dos resultados................................................................................ 76

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 77
REFERÊNCIAS................................................................................................... 79

APÊNDICE A – Modelo 3D método tradicional .............................................. 86

APÊNDICE B – Projeto As Built Bidimensional .............................................. 87

APÊNDICE C – Croquis ..................................................................................... 88

ANEXO A – Faro Box ......................................................................................... 91


ANEXO B – Projeto Original em CAD ............................................................. 92
15

1 INTRODUÇÃO

A construção remete aos primórdios da humanidade, quando os primeiros habitantes na


terra faziam suas habitações com técnicas rústicas. À medida que a humanidade evoluiu, as
técnicas construtivas também foram se aprimorando, até chegarmos na idade contemporânea.
Hoje, a construção civil é um dos principais setores comerciais do Brasil, movimenta
bilhões de reais todos os anos, gera emprego e é responsável pelo desenvolvimento econômico
do país e crescimento de sua infraestrutura urbana.
A construção civil e o desenvolvimento econômico estão intrinsecamente ligados, a
indústria da construção promove incrementos capaz de elevar o crescimento
econômico. Isso ocorre principalmente pela proporção do valor adicionado total das
atividades, como também pelo efeito multiplicador de renda e sua interdependência
estrutural (TEIXEIRA APUD OLIVEIRA et al., 2012, p. 2).

Entretanto, após se consolidar, o setor da construção civil não se modernizou na mesma


proporção que outros setores e, ainda hoje, conta com procedimentos e processos de produção
artesanais. Apesar de caracterizar um importante setor para a economia do país, a construção
civil possui problemas relacionados aos modos de produção e à cultura do trabalho do setor.
Dentre esses problemas, destacam-se a falta de comunicação entre projetistas das
diferentes disciplinas, os erros repetitivos, a falta de automatização e otimização, além de
diferenças gritantes entre o projeto e o que foi executado.
Atualmente, apesar de a trena laser ter ajudado na produtividade dessa área de aplicação,
o método ainda é muito artesanal para os padrões de tecnologia atual e ainda se faz uso da trena
convencional, do papel e da caneta para viabilizar levantamentos de informações de edifícios
já executados.

1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Algumas inovações tecnológicas como o BIM (Building Information Modeling), o uso


de drones e de nuvem de pontos, e outras tecnologias digitais, podem entrar nos processos de
produção do setor para promover melhorias e diminuir essa comunicação falha entre projetos e
canteiro de obras, visando otimizar e ajudar a analisar melhor as diferenças do construído para
o projetado (TONDELO; BARTH, 2019).
16

Métodos como o da nuvem de pontos, feita através de um equipamento chamado laser


scanner, ou escâner a laser, vieram para mudar o mercado em muitos aspectos. Um deles é o
as built, ou Como Construído, procedimento que denomina o levantamento que verifica uma
obra já construída. Esse artifício pode ter diversas utilidades, seja para verificar as
incongruências com o projeto básico, ou para conferir a situação atual de uma edificação antes
de uma reforma, ou, ainda, verificar se a edificação está adequada no caso de alguma nova
norma entrar em vigor (DODL, 2018).
O BIM, também conhecido como Building Information Modeling, ou Modelagem da
Informação da Construção, se caracteriza, segundo Eastman et al. (2008), como:
“... uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e construtores (AEC)
na elaboração de um modelo virtual preciso, que gera uma base de dados que contém
tanto informações topológicas como os subsídios necessários para orçamento, cálculo
energético e previsão de insumos e ações em todas as fases da construção (EASTMAN
et al., 2008).

Nesse sentido, é uma metodologia favorável à comunicação entre os projetistas de todas


as disciplinas envolvidas na concepção da obra para a criação de um modelo mais conciso,
interativo e preciso.
A combinação entre as inovações do BIM e da nuvem de pontos traz uma oportunidade
interessante para o as built, pois pode encaminhar boa parte do setor da construção para a
inovação. Portanto, o assunto abordado neste Trabalho de Conclusão de Curso será uma
comparação entre os métodos as built tradicional, com trena a laser e trena convencional; e
inovador, com laser scanner, nuvem de pontos e BIM.

1.2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA

Essa comparação, pretendida neste trabalho, será relevante para auxiliar no processo
de mudança do paradigma da Engenharia Civil no que diz respeito ao as built. Devido ao
método artesanal ainda utilizado para medições na construção civil, é necessário muito tempo
para se levantar informações de uma edificação. Acrescenta-se, ainda, a possibilidade do erro
humano no processo de medição convencional. À medida que a equipe, normalmente composta
de duas pessoas, vai pegando todas as medidas, referências e afins, ela fica mais suscetível ao
erro. Além disso, outra desvantagem é a precisão, é complicado representar cada ponto de luz,
cada tomada, cada lavatório, cada item do levantamento, com a mesma precisão almejada com
17

o suporte da tecnologia. Muitas vezes o erro chega a alguns centímetros nas medições
convencionais, mesmo para um profissional experiente.
O laser scanner, por outro lado, elimina a maioria dos empecilhos, problemas e
possibilidades de erros trazidos pelo método tradicional. Através de seu laser que bate e volta
em cada superfície, é gerada uma nuvem de pontos com uma resolução que varia de
equipamento para equipamento, mas que no geral é bem alta e mais que suficiente para fins de
engenharia. Com essa tecnologia, é possível gerar As builts com precisão milimétrica, alta
produtividade e grande riqueza em detalhes. Isso possibilita a criação de um modelo 3D em
BIM fiel à realidade. Esse modelo, criado com uma nuvem de pontos advinda de um laser
scanner, é comumente chamado de Bentley de Digital Twin, ou Gêmeo Digital.

1.3 OBJETIVOS

Nas seções abaixo estão descritos o objetivo geral e os objetivos específicos deste
TCC.

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo do trabalho é comparar os métodos as built tradicional e as built com


modelagem BIM sobre nuvem de pontos.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Realizar medições in loco usando trena laser e trena convencional;


• Realizar medições in loco usando equipamento laser scanner;
• Adaptar o projeto bidimensional à edificação construída segundo o levantamento
tradicional;
• Realizar a modelagem do projeto as built tradicional;
• Realizar a modelagem BIM do as built com nuvem de pontos;
• Analisar o tempo de ambos os levantamentos e na modelagem BIM;
• Analisar a precisão dos diferentes levantamentos e na modelagem BIM;
• Analisar custos envolvidos em cada levantamento e na modelagem BIM;
18

• Elaborar uma planilha para comparação dos resultados (tempo, custos e precisão
dos dados).

1.4 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA

Os resultados das pesquisas foram divididos em duas etapas (levantamento e


modelagem), as quais foram separadas nos dois métodos (tradicional e BIM sobre nuvem de
pontos).
Na primeira etapa, de levantamento, foram obtidas as medidas do projeto arquitetônico
e dos projetos complementares, tanto no método tradicional, quanto no inovador. Por esse
motivo, no método tradicional, foram necessários dois dias de trabalho para levantar-se todo o
escopo previsto. No entanto, observa-se que a qualidade das informações dos projetos
complementares obtidas no levantamento com trena laser e trena tradicional não foram
satisfatórias para representar a precisão esperada na modelagem.
Portanto, na etapa de modelagem, devido a limitações de tempo, hardware e qualidade
das informações, utilizou-se apenas o projeto arquitetônico para se fazer a comparação.
Ademais, os custos e o tempo obtidos nessa etapa foram simulados para poderem ser
comparados. A comparação de tempo de modelagem foi realizada de forma simplificada, sem
medição da influência do nível de detalhamento dos modelos, da diferença de experiência dos
modeladores envolvidos e de diferentes configurações nos computadores usados no
experimento. Por isso, o resultado desta etapa da pesquisa refere-se a este caso escolhido para
estudo.
Além disso, a modelagem sobre a nuvem de pontos, utilizada neste trabalho,
contemplou apenas 2/3 da totalidade do objeto de estudo, pois essa atividade faz parte de um
projeto de extensão da UFSC, que ainda se encontra em andamento.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho é dividido em 5 capítulos, em que o 1 e 5 consistem na introdução e


conclusão respectivamente. No capítulo 2 é contemplada a revisão bibliográfica do tema deste
TCC, bem como os principais assuntos adjacentes. O capítulo 3 demonstra a metodologia
utilizada para buscar os resultados, que são apresentados no capítulo 4.
19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica abrange temas que são diretamente e indiretamente necessários


para o embasamento deste trabalho de conclusão de curso. A fim de uma melhor compreensão
e organização, seguir-se-á uma ordem preestabelecida, sendo inicialmente discorrido sobre o
tema as built. Em seguida, há a tratativa de inovações tecnológicas no geral, sendo
caracterizadas as principais inovações tecnológicas da construção civil relacionadas com o tema
desta pesquisa, em especial, o laser scanner e a nuvem de pontos. A última parte da revisão
compreende o tema BIM, que devido a sua importância e papel já bastante consolidado, será
tratado separadamente em outra seção.

2.1 AS BUILT NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Conforme descrito pela NBR 14645-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2001), as built, ou “como construído”, é um levantamento topográfico de obras,
que faz parte de um procedimento fiscal de execução de obras na construção civil e industrial,
que amarrado ao sistema tridimensional de referência espacial adotado no projeto da obra e
utilizando instrumentalmente todos os processos indicados pelo procedimento fiscal, realiza a
medição espacial de determinada construção ou empreendimento.
Este levantamento as built determina uma precisão adequada no seu desenvolvimento,
como por exemplo o posicionamento espacial dos detalhes específicos da configuração da
construção, ou de elementos desta obra, considerada em relação a pontos notáveis existentes no
terreno e/ou às divisas de imóveis que lhe são contíguos. Esses pontos notáveis são escolhidos
como amarração da construção visando sua medição a partir de uma referência, quando da
elaboração do projeto as built (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2001).
Essa Norma que trata do as built descreve os procedimentos para a elaboração do
“como construído” (as built) para edificações, e divide-se em três partes, que são: (1) Parte 1:
Levantamento planialtimétrico e cadastral de imóvel urbanizado com área até 25.000m2, para
fins de estudos, projetos e edificação – Procedimento; (2) Parte 2: Levantamento
planialtimétrico para registro público, para retificação de imóvel urbano – Procedimento; e (3)
Locação topográfica e controle dimensional da obra – Procedimento. A primeira parte foi
20

publicada em 2001, a segunda parte em 2005 e a terceira parte foi publicada em 2005 sendo
corrigida em 2011.
A parte 1 da Norma “fixa as condições exigíveis para a execução de levantamento
topográfico planialtimétrico e cadastral de imóvel urbanizado com área até 25.000 m², para fins
de estudos, projetos e edificação” e tem como objetivo obter informações sobre as
características do terreno. A parte 2 da NBR 14645 refere-se aos requisitos necessários da
edificação, conseguidos através do levantamento topográfico, para fins legais de registro de
imóveis junto ao cartório. Por fim, a última parte da Norma “estabelece os requisitos exigíveis
para a locação e o controle dimensional da obra, com as anotações de todas as alterações
ocorridas no transcorrer da obra.” Além disso, ela “indica os procedimentos para se chegar ao
projeto executado, a partir de um projeto executivo.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2001).
O as built é essencial para registrar e manter as informações da obra construída para
seus proprietários ou profissionais. As utilidades de um projeto as built são as mais variadas,
desde manutenção de pontes e outras obras de infraestrutura, que utilizam os dados levantados
para planejar uma possível reforma ou manutenção (ABUDAYYEH; AL-BATTAINEH, 2013),
até o uso aplicado em edificações, na maioria das vezes usado para indicar posicionamento de
instalações nas vedações (Figura 1).

Figura 1 – As built tradicional

Fonte: Intrusul (2019)


21

Incentiva-se, hoje em dia, que os projetos não sejam mais elaborados de forma manual,
mas sim digitalmente, porém os projetos de as built que são elaborados usando essas
tecnologias digitais como o BIM, ainda são levantados de formas manuais (HAJIAN;
BRANDOW, 2012). Percebe-se, que com o advento de inovações tecnológicas na construção
civil, como os drones e lasers scanners (Figura 2), que vêm sendo usados para levantamento as
built e se relacionam com as ferramentas BIM, será necessária uma revisão das Normas
Técnicas para estes trabalhos de as built na construção civil.

Figura 2 - Equipamento Laser Scanner

Fonte: Acervo do autor (2019)

2.2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

A fim de expor as tecnologias usadas neste trabalho, é necessário antes definir


inovação e tecnologia. Segundo Massa e Testa (2008) e Costa (2016), inovação é muitas vezes
confundida com ideias ou inventos, no entanto, não é nenhuma das anteriores, mas sim uma
melhoria que traz um retorno financeiro, ou seja, algo que se consolide no mercado. Ademais,
inovação é um dos instrumentos fundamentais de estratégias de empresas para entrar no
22

mercado e firmas que investem em sua capacidade de inovar tem aumentos significativos em
performance econômica (GUNDAY et al., 2011).
Entretanto muitas vezes há uma hesitação das empresas frente à inovação, nesse
sentido, Rosenbusch, Brinckmann e Bausch (2011) mostram empiricamente que uma
orientação em inovação e atividades inovadoras geram valores para pequenas e médias
empresas. Embora sejam necessários um maior custo inicial e um constante investimento, os
benefícios da inovação costumam superar esses possíveis empecilhos e trazer prosperidade à
empresa.
Percebe-se, portanto, a importância da inovação no mercado e, por conseguinte, o valor
da inovação na construção civil. Podendo esta, trazer bons frutos para o setor, visto que ele é
dito como conservador, tradicionalista e pouco acostumado com inovações (HALPIN;
WOODHEAD, 2004).
Apesar de muitas empresas se conformarem com esses baixos níveis de desempenho
tecnológico na construção civil, há um movimento de pesquisadores e empresas no sentido da
inovação com uso de BIM, realidade aumentada, treinamento de operários de obras com novas
tecnologias, entre outros (GRANJA, 2015).
Além do BIM citado por Granja (2015), este trabalho contemplou o uso de outras
inovações tecnológicas no setor em questão: o laser scanner e a nuvem de pontos. Por isso, nas
próximas seções serão esclarecidos conceitos destas tecnologias digitais utilizadas no trabalho
e de outras possíveis alternativas para uso similar.

2.2.1 Laser Scanner

Laser Scanner, ou escaneamento a laser, refere-se a uma inovação muito útil ao setor
da construção civil e arquitetura, que faz o levantamento de dados espaciais em um tempo
relativamente curto e com uma alta precisão, sendo essa sua grande vantagem (RANDALL,
2011). O equipamento, chamado de laser scanner e exemplificado na Figura 3, utiliza um raio
laser que bate no objeto ou na cena a ser capturada e reflete de volta para o scanner, permitindo
que ele calcule a distância com base no tempo e velocidade do feixe. Com isso, e devido ao
aparelho fazer essa medição em diversas direções, é possível mapear cada ponto do objeto
levantado, criando a chamada nuvem de pontos (FARO BROCHURE, 2017).
23

Figura 3 - FARO Laser Scanner Focus S 350

Fonte: Faro Technologies Inc. (2016)

Os Laser Scanners são chamados também de sistemas de imagem tridimensional (3D),


e tem a capacidade de realizar rapidamente milhares de medições por segundo das posições de
coordenadas 3D de objetos em uma região de interesse e geram uma representação digital do
que foi levantado (U.S. GENERAL SERVICES ADMINISTRATION, 2009).
As aplicações desta tecnologia são muito pertinentes para as mais diversas áreas,
inclusive dentro da própria Engenharia Civil, sendo possível levantar as builts, analisar
patologias e incongruências construtivas, além de ser usada em restaurações de prédios
históricos. No geral, o Laser Scanning (escaneamento a laser), pode fornecer uma visão ampla
quantitativa e qualitativa de um trabalho (ALIZADEHSALEHI; KOSEOGLU; CELIKAG,
2015).
A tecnologia do Laser Scanner captura informações de as built de um modo muito
mais preciso e rápido se comparado aos levantamentos topográficos tradicionais. Os produtos
gerados pelos lasers scanners são compatíveis com diversas ferramentas de autoria BIM, e,
permitem até criar um modelo as built em BIM preciso. Entretanto, destaca-se que o
procedimento para modelagem BIM sobre a nuvem de pontos gerada usando o laser scanner é
bastante suscetível a erros, necessitando de um profissional treinado para tal. Uma automação
deste processo de levantamento das informações de obras poderia diminuir mais ainda os erros
e aumentar a precisão e qualidade do produto gerado (BRILAKIS et al., 2010).
24

Segundo Tzedaki e Kamara (2013), normalmente as edificações novas são mais


propensas a ter um modelo BIM, enquanto edificações já existentes não, pois foram construídas
em um momento pré BIM onde o as built também era comumente feito de forma manual, com
os levantamentos topográficos convencionais. Nesse sentido, o Laser Scanner oferece uma
oportunidade para a criação desse modelo as built BIM de edificações já existentes e de uma
forma rápida e precisa, quando comparada com métodos tradicionais de levantamento.

2.2.2 Drones

Quando o assunto é escaneamento a laser, hoje é comum ter outras tecnologias


envolvidas, como os drones (Figura 4), também conhecidos como Remotely Piloted Aircraft
(RPA) ou Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) (TONDELO; BARTH, 2019).

Figura 4 - Drone aliado à engenharia

Fonte: Itatiaia (2019)


25

É importante salientar que o uso desses equipamentos ainda não é normalizado, no


entanto, há alguns estudos que indicam uma padronização de seu uso (TONDELO; BARTH,
2019; ESCHMANN et al., 2012).
O escaneamento de edificações usando drones ocorre pelo levantamento de imagens
aéreas, com recursos de fotogrametria, como a sobreposição de 70% de uma imagem para a
outra. Após a coleta de imagens, deve-se utilizar um software para captura da realidade, como
o AUTODESK RECAP ou o BENTLEY CONTEXTCAPTURE, que permitem a formação da
nuvem de pontos a partir das imagens levantadas pelos drones (BEDIN, 2019).
Diferente do laser scanner, a vantagem de adotar o drone da digitalização de um
edifício existente está no alcance de locais difíceis, onde a instalação de um laser scanner seria
complexa, a exemplo de edifícios com grande altura ou coberturas inacessíveis (BEDIN, 2019).

2.2.3 Nuvem de Pontos

Nuvem de pontos é o resultado do escaneamento com um aparelho Laser Scanner ou


de um levantamento de imagens realizado com drones. Por meio da nuvem de pontos, forma-
se um conjunto de vértices em um sistema tridimensional de coordenadas que representam a
superfície externa de um determinado objeto, que na construção civil, refere-se a uma
edificação ou infraestrutura. Alguns softwares conectam essa nuvem de pontos diretamente ao
BIM, criando um modelo 3D com mais confiança e precisão, como no caso das ferramentas
AUTODESK REVIT e do GRAPHISOFT ARCHICAD (ALIZADEHSALEHI; KOSEOGLU;
CELIKAG, 2015).
Para gerar a nuvem de pontos, pode-se utilizar as ferramentas dos próprios
fornecedores de equipamentos laser scanner (Figura 5) ou adotar outras alternativas como o
AUTODESK RECAP (Figura 6) e o BENTLEY CONTEXT CAPTURE, que geram a nuvem
a partir da fotogrametria das cenas do laser scanner ou a partir das fotos do drone. Destaca-se
que os formatos de arquivos de nuvens de pontos podem variar dependendo da ferramenta de
autoria BIM que será adotado no projeto as built. O formato utilizado na ferramenta
AUTODESK REVIT é o “.rcp” e o formato utilizado no GRAPHISOFT ARCHICAD é o
“.e57” (BEDIN, 2019).
26

Figura 5 - Tela que captura a nuvem no equipamento FARO Laser Scanner Focus S
350

Fonte: Acervo próprio (2019)

Figura 6 - Nuvem de Pontos da Creche CEI Roda Viva no AUTODESK RECAP

Fonte: Acervo próprio (2019)

A Figura 6 mostra um exemplo de uma nuvem de pontos gerada no software


AUTODESK RECAP, com informações oriundas de um levantamento a laser scanner. Neste
caso, a criação da nuvem de pontos ocorreu por meio das mais de 70 cenas que foram geradas
27

no equipamento laser scanner da FARO. Após finalizar a digitalização da edificação, a nuvem


de pontos pode ser exportada para uma ferramenta de autoria BIM para a modelagem completa
do as built da edificação sobre a nuvem de pontos. A Figura 7 apresenta uma imagem
aproximada da nuvem de pontos, onde pode-se visualizar a precisão das informações do
levantamento usando laser scanner.

Figura 7 - Aproximação da Nuvem de Pontos da Creche CEI Roda Viva

Fonte: Acervo próprio (2019)

É importante salientar que mesmo com uma nuvem de pontos levantada, ainda é
necessário trabalhá-la em um software específico para filtrar possíveis pontos errados ou
interferências, que são conhecidos como “ruídos”. Dados não estruturados e densos demais
podem dificultar muito a análise por não ter distinção entre objetos ou ter pontos muito além
do necessário para a modelagem. É interessante ter algum sistema de qualidade manual e
automático para adaptar a melhor situação dos dados e obter-se um melhor resultado
(RANDALL, 2011).
Alguns métodos foram criados para automatizar a extração de recursos geométricos
da nuvem de pontos, com eliminação de vegetações e edificações desnecessárias à cena, os
chamados ruídos (AXELSSON, 2000; KRAUS; PFEIFER, 2001). Após o controle de qualidade
e a classificação dos pontos da nuvem, é possível criar um modelo BIM (RANDALL, 2011).
28

A Figura 8 apresenta a acurácia, a distância ao objeto e a densidade de pontos


recomendadas para diferentes aplicações de engenharia envolvendo levantamentos com lasers
scanners. A exemplo, para uma análise e inspeção estrutural, necessita-se de uma precisão
menor que 1 cm. Para tal, o objeto deve estar a uma distância menor que 10 m do equipamento
de escaneamento e deve ser capaz de gerar uma densidade de pontos maior que 25 pt/m², para
garantir a qualidade do produto que será gerado pelo levantamento.

Figura 8 – Aplicações de levantamentos com laser scanners na engenharia

Fonte: Adaptado de Randall (2011)

2.3 BUILDING INFORMATION MODELING - BIM

Segundo Eastman et al. (2008), BIM é um processo de trabalho que integra todos os
profissionais das áreas de arquitetura e engenharia nas diversas etapas de elaboração de um
projeto, criando um modelo virtual preciso que traz melhorias de produtividade e diminuição
de custos. Ainda segundo Bazjanac (2004), uma modelagem da informação da construção pode
ser usada para demonstrar o ciclo de vida completo de uma edificação, caracterizada pela
geometria, informações geográficas e espaciais, quantitativos, propriedades dos materiais,
estimação de custos, dados para manutenção e operação do edifício, as builts para reformas,
dentre outros. Portanto, é importante enfatizar que BIM não é um software ou modelo
tridimensional, mas sim uma representação virtual de toda a edificação (LOBANOVA, 2017).
Além disso, o BIM torna-se muito efetivo por incorporar, além da comunicação,
colaboração, interoperabilidade e outras vantagens associadas ao processo, uma quarta
dimensão de tempo, uma quinta de custo e ainda outras “n” possíveis dimensões que envolvem
29

a sustentabilidade e manutenção das edificações. Tudo isso em um único modelo que cobre
cada aspecto do projeto (MCCUEN, 2008).
Segundo Azhar (2012), BIM está presente em todas as etapas do edifício, desde seu
projeto até sua demolição. Na Figura 9 é possível ver quais elementos Azhar (2012) consideram
em cada significado da sigla BIM. No âmbito da construção, representada pela letra “B” de
“Building”, tem-se construções residenciais, comerciais, de saúde, institucionais, esportivas e
de entretenimento, contemplando uma diversidade de usos. Já em informação, representada
pela letra “I”, há a consideração sobre o espaço, os elementos, os sistemas, os quantitativos, o
cronograma e as operações, sendo esta categoria essencial para que BIM possa ter uso nas
diversas fases do ciclo de vida da edificação. Finalmente, no que diz respeito ao modelo,
representado pela letra “M”, de Modeling, tem-se o local, a arquitetura, os projetos estrutural e
complementares, a sustentabilidade e a gestão. Todos esses conceitos em conjunto foram a
modelagem da informação da construção.

Figura 9 – Representação visual do conceito do BIM

Fonte: Azhar (2012)

Bryde, Broquetas e Volm (2013) analisaram 9 critérios relativos ao BIM em 35 estudos


de caso para mostrar que seu uso em projetos de engenharia é vantajoso. Na Figura 10 encontra-
se a tabela feita pelos autores com os resultados, que serão discutidos na sequência.
30

Tabela 1 - Benefícios do uso do BIM em projetos

Fonte: Bryde, Broquetas e Volm (2013)

Segundo os resultados encontrados pelos autores, a redução de custos foi o item mais
frequentemente encontrado como vantagem na adoção de BIM, sendo mencionado em 60% dos
estudos como um item positivo ao processo que adota BIM. O critério com o segundo maior
benefício positivo do uso de BIM foi o tempo, pois doze dos 35 estudos (34,29%) citaram que
a redução de tempo foi um fator favorável à modelagem da informação da construção nos
projetos analisados. Outro fator muito importante advindo do uso da mencionada tecnologia
BIM, é a comunicação e, segundo os resultados de Bryde, Broquetas e Volm (2013), ela foi
citada 15 vezes nos estudos de caso como potencialidade da adoção de BIM.
Pelas vantagens que estão sendo elencadas à adoção de BIM no setor da construção
civil, muitos países adotaram como obrigação seu uso em alguns tipos de projetos (MCGRAW-
HILL CONSTRUCTION, 2014). No Brasil, mais especificadamente em Santa Catarina, foi
criado o Caderno BIM, cujo objetivo é o uso obrigatório do BIM em obras públicas, gerando
assim, um maior incentivo à utilização da tecnologia no setor privado também (SANTA
CATARINA, 2014). No ano de 2018, foi assinado o Decreto Federal nº 9.377 com a finalidade
de disseminar o uso do BIM no Brasil. Em 2019, ele foi revogado, pois o novo decreto nº 9.983
atualizou o texto do antigo e manteve o mesmo objetivo principal. Essas ações demonstram que
a adoção de BIM é incentivada pelas instituições governamentais.

2.3.1 Relação entre BIM, Inovações Tecnológicas e As Built


Nas últimas duas décadas, o uso do BIM cresceu bastante, junto com suas aplicações
nas diversas etapas de uma construção, como planejamento, design, as built, entre outras
(BRYDE, BROQUETAS E VOLM, 2013).
É importante mencionar o uso do BIM para edificações já existentes. Como ilustrado
na Figura 10, o modelo BIM pode ser atualizado constantemente durante o ciclo de vida da
31

edificação, visando maior incorporação de informações e a manutenção e operação futuras


(AKCAMETE et al., 2009), ou criando processos como escaneamento com nuvem de pontos,
com informações oriundas de uma edificação existente e com finalidade de as built, ou
manutenção ou então uma reforma, por exemplo (VALERO et al., 2011).

Figura 10 - Modelo de criação BIM em edificações novas ou já existentes

Fonte: Haijan e Becerik-Gerber (2010)

Quando o processo de criação do BIM encontra-se no caso III da Figura 10, escolhe-
se um dos métodos da Figura 11 para se fazer o as built e criar o modelo da informação da
construção escolhida (EASTMAN et al., 2008).

Figura 11 - Visão geral da técnica de captura e levantamento de dados de edificações

Fonte: Eastman et al. (2008)


32

As técnicas baseadas em imagens e em escaneamento a laser extraem majoritariamente


informações de espaço, cor e refletividade (HAJIAN; BECERIK-GERBER, 2010) e, apesar de
essas técnicas requererem um maior processamento de dados, exigindo melhores hardwares e
expertises para modelar, elas apresentam uma precisão maior (MILL; ALT; LIIAS, , 2014).
As técnicas manuais capturam majoritariamente informações espaciais, enquanto as
baseadas em informações preexistentes são mais utilizadas para complementar e as que fazem
uso de sensores RFID são raramente utilizadas (VOLK; STENGEL; SCHULTMANN., 2014)
De acordo com Hajian e Becerik-Gerber (2010), criar um modelo BIM através de um
escaneamento com laser scanner, envolve três processos: escaneamento, registro e modelagem,
e para atingir cada vez menores custos e melhores resultados, tem-se algumas ressalvas.
O primeiro processo, que faz uso do laser scanner, pode ser melhorada a tecnologia
de escaneamento para poupar tempo, aumentar ainda mais a produtividade e baixar custos.
Ainda há o fato de necessitar de um operador para posicionar o escâner no local certo, caso
contrário a cena não é levantada corretamente (HAJIAN; BECERIK-GERBER, 2010).
No processo de registro, percebe-se que ter-se-ia uma vantagem caso o posicionamento
do equipamento fosse automatizado. Finalmente, na modelagem, nota-se que a criação do
modelo 3D a partir da nuvem de pontos é algo bem manual e sujeito a erro humano, depende
da experiência e formação do profissional que estará neste trabalho, além de envolver um alto
custo devido aquisição de bons computadores, softwares e treinamentos (HAJIAN; BECERIK-
GERBER, 2010).
Ainda segundo Hajian e Becerik-Gerber (2010), após a criação do modelo BIM do
objeto de estudo, percebe-se a falta de informações técnicas resultantes do levantamento,
forçando o operador do equipamento a fazer anotações manuais dos detalhes construtivos e
constituição da edificação.
Além de tudo, o BIM é uma tecnologia com alto potencial de ser utilizado como parte
de uma cidade inteligente e sustentável (MARZOUK; OTHMAN, 2020). Nesse sentido, Wang
(2015), fez um dos primeiros estudos que consideravam a implementação de tal tecnologia nas
cidades inteligentes. Em seu estudo, ele construiu um modelo de Smart City instalando sensores
nas mais diversas infraestruturas de uma região. Ho e Rajabifard (2016), tentaram utilizar o
BIM em escala urbana em Singapura. Eles enfrentaram alguns desafios, como falta de demanda
e obrigação do uso da tecnologia por parte do governo, práticas enraizadas do uso do 2D, curva
longa de aprendizado, falta de mão de obra especializada e afins.
33

Embora haja todos esses desafios na implementação da Modelagem da Informação da


Construção tanto na infraestrutura, quanto nas edificações comuns, Eadie et al. (2013) dizem
que a resistência cultural existente no setor da construção civil tem enorme influência nas
dificuldades de colocar em prática o uso do BIM.
Ma et al. (2020), também destacam que apesar das dificuldades e desafios encontrados
no uso do Building Information Modeling no setor da construção civil, oriundas normalmente
da já consolidada experiência de muitos profissionais com tecnologias anteriores, como o CAD,
e da resistência à mudança do Modus Operandi de trabalho, a adoção de BIM já tem uma boa
aderência.
As Figura 12 e Figura 13 evidenciam o resultado da pesquisa feita por Ma et al. (2020).
Do total de 116 profissionais da área da construção civil e arquitetura que responderam os
questionários dos autores, 75% tem 11 anos ou mais de experiência de trabalho e dentre todos,
39,7% já trabalha com o BIM há mais de 5 anos. Isso demonstra que, apesar de todos os desafios
mencionados, os profissionais estão aderindo à nova tecnologia.

Figura 12 - Experiência profissional dos pesquisados

Fonte: Ma et al. (2020)


34

Figura 13 – Experiência de uso do BIM dos pesquisados

Fonte: Ma et al. (2020)


35

3 MÉTODO E PROCEDIMENTOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO


O estudo foi realizado em uma edificação pública da cidade de Palhoça, Santa Catarina
(SC). A edificação escolhida foi o Centro de Educação Infantil (CEI) Roda Viva localizada no
bairro São Sebastião e que atende por volta de 160 crianças de 0 a 5 anos de idade. Inaugurada
em 14/08/2018, a creche tem aproximadamente 670 m² construídos, sendo 5 salas de aula, 4
banheiros para as crianças, 2 banheiros para os funcionários, copa, cozinha, 3 depósitos, sala
do servidor, sala dos funcionários, diretoria, pátio e 4 áreas externas cercadas.
Na Figura 15 tem-se a localização da creche, na Rua dos Açores e na Figura 16 tem-
se uma imagem da sua fachada frontal. A Figura 17 mostra uma foto aérea da edificação da
creche, onde se pode perceber que se trata de uma edificação térrea.

Figura 14 – Localização da CEI Roda Viva

Fonte: Google Maps (2020)


36

Figura 15 – Fachada da CEI Roda Viva

Fonte: Acervo do autor (2019)

Figura 16 - Imagem da CEI Roda Viva

Fonte: NSC Total (2019)

Essa edificação faz parte de um projeto conhecido como “De olho na obra”, que tem
como objetivo fiscalizar obras públicas em Palhoça/SC, por meio do uso de tecnologias como
a de escaneamento a laser, cujo objetivo final é de mostrar o benefício da metodologia BIM
para melhorar a qualidade dos projetos e obras, gerando mais economia e evitando desperdícios
para os cofres públicos (OSBRASIL, 2019). Nesta edificação estudada neste TCC, ocorreu
grande quantidade de problemas construtivos e, por isso, optou-se por realizar esta pesquisa
neste caso de estudo.
Por exemplo, na primeira visita ao empreendimento, para a realização de um dos
levantamentos de dados para este TCC, foi possível notar visualmente algumas incongruências
construtivas devidas à execução da obra. Dentre elas, destaca-se um problema envolvendo o
requadro das esquadrias, que em algumas áreas, foi executado fora do esquadro, gerando folga
37

entre o requadro executado e a esquadria da janela e, com isso, permitindo que intempéries
entrem no ambiente. A Figura 17 apresenta uma imagem na qual é possível observar a folga de
aproximadamente 1 centímetro entre o requadro da janela e a esquadria de uma sala de aula
infantil.

Figura 17 - Requadro fora do esquadro na esquadria da sala GT2

Fonte: Acervo do autor (2019)

A fim de mitigar problemas construtivos, de gestão e de orçamento em edificações


públicas como essa, foi criado o Observatório Social do Brasil, ou OSB, que esteve presente
durante o dia de levantamento de informações da creche com o laser scanner. O OSB é uma
instituição não governamental, sem fins lucrativos e seu sistema é formado por voluntários
engajados na causa da justiça social visando contribuir para a melhoria da gestão pública
(OBSERVATÓRIO SOCIAL DO BRASIL, 2020)
O Observatório Social da Palhoça (2019), um dos braços do OSB, é um dos parceiros
para viabilização deste trabalho de conclusão de curso, juntamente com as empresas FARO
38

Technologies, AltoQI e Graphisoft, além do apoio do Laboratório BIM do Estado de Santa


Catarina (LaBIM).
Destaca-se que nos três dias de levantamento de dados do TCC em campo não havia
crianças na creche. No primeiro dia, com o equipamento laser scanner, estavam a equipe do
levantamento e alguns funcionários da CEI durante o dia todo, além dos representantes do
Observatório Social de Palhoça e a imprensa no período da manhã. No segundo e no terceiro
dia de levantamento em campo estavam presentes apenas a equipe do levantamento e alguns
funcionários da CEI.

3.2 PROCEDIMENTOS

O levantamento de dados da creche ocorreu por meio de dois métodos mencionados na


introdução, o as built tradicional e o as built com suporte de tecnologias digitais como o BIM
e o laser scanner, para que pudesse ser feita a comparação de tempo, custo e precisão dos dados.
O parâmetro que serviu de base para poder ser feita a comparação entre os dois métodos
estudados foi o levantamento de dados parcial da edificação, contendo as informações a seguir:
● Arquitetura: ambientes, áreas, esquadrias, níveis etc.;
● Elétrico: tomadas, interruptores, quadros, luminárias etc.;
● Hidrossanitário: registros, torneiras, misturadores, lavatórios, vasos, chuveiros,
ralos etc.

As informações acima serviram de base para o levantamento de dados as built


convencional. O equipamento laser scanner levantou todas as informações possíveis com o uso
desta tecnologia. Após o levantamento, foram criados os modelos BIM, com todas as
informações que foram capturadas, além de uma tabela para fins de comparação das
informações obtidas.
É importante salientar que, em ambos os métodos, levantou-se apenas o que é aparente,
pois os dutos, tubos e cabos dentro de paredes, boa parte da estrutura, fundação e afins não são
possíveis de captar com nenhum dos tipos de métodos apresentados neste trabalho. A Figura
18 apresenta o método adotado para elaboração deste TCC e o Quadro 1 apresenta uma síntese
das principais etapas realizadas nesta pesquisa e respectivas informações.
Ademais, as modelagens que foram consideradas para a comparação são as do projeto
arquitetônico como construído.
39

Figura 18 - Método de Trabalho

Fonte: Elaborado pelo autor (2020)

Quadro 1 – Síntese das Principais Etapas do Trabalho


Períodos e/ou Pessoas Experiência dos Softwares e
Atividades
Datas envolvidas / dia envolvidos Equipamentos
Trena manual e
02/08/2019 Estudantes
Levantamento digital
2
Tradicional Estudante e Trena manual e
05/10/2019
Professora digital
Levantamento Engenheiro Laser Scanner
03/07/2019 1
Laser Scanner FARO FARO S 350
40

Adaptação CAD 18/05/2020 a Estudante Eng.


1 AutoCAD
Projeto Original 25/06/2020 Civil
Modelagem 26/06/2020 a Estudante Eng.
1 ARCHICAD
Tradicional 18/07/2020 Civil
Modelagem Março a julho Estudante
1 ARCHICAD
Nuvem de Pontos de 2020 ARQ&URB
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)

3.2.1 Levantamento de informações de forma tradicional

O levantamento do objeto de estudo utilizando a forma tradicional foi feito através do


uso de uma trena laser (Figura 19), uma trena tradicional (Figura 20), uma prancheta e plantas
do projeto executivo original impressas.
A trena laser é a principal ferramenta para o as built tradicional, pois proporciona a
aferição das medidas das áreas com mais rapidez e precisão em comparação à trena comum.
Contudo, para que a medida seja computada neste equipamento, é necessário um anteparo na
extremidade do laser para que ele calcule a distância da trena até este obstáculo.
Mesmo com a grande vantagem do uso da ferramenta a laser, a trena tradicional ainda
é essencial para o levantamento, pois auxilia principalmente em medidas pequenas ou onde não
há um anteparo para se fazer a medida com a trena laser.
A prancheta é um item simples, porém imprescindível no as built tradicional, visto que
ela proporciona estabilidade para o profissional desenhar o croqui em qualquer lugar do
empreendimento, sem necessitar de uma mesa, por exemplo.
Finalmente, o projeto executivo serve, muitas vezes, como grande acelerador da
produtividade deste método de levantamento, pois evita que o profissional tenha que desenhar
todo o croqui do zero e possa conferir as áreas já impressas no papel com mais rapidez. É
necessário salientar que, em áreas da edificação onde o as built esteja muito diferente do projeto,
o uso deste pode atrapalhar e, portanto, recomenda-se desenhar o croqui do zero.
41

Figura 19 – Trena laser Stanley TLM 330

Fonte: Acervo próprio (2019)

Figura 20 – Trena convencional

Fonte: Acervo próprio (2019)

Abaixo, no Quadro 2, tem-se todas as áreas levantadas através do método tradicional


e sua respectiva data, além de informar que o levantamento foi realizado por 2 pessoas.
42

Quadro 2 – Áreas e suas datas do levantamento através do método tradicional



Data Área Pessoas
GT3 2
GT4 2
BWC1 2
Correções Luzes 2
Intervalo Almoço 2
GT2 + Varandas 2
GT1 + Sala Soneca+ Sala Banho 2
02/08/2019
Varandas da GT3 e GT4 2
Banheiro adulto 2
Sala da diretora 2
Depósito diretoria 2
GT5 2
Cozinha 2
Copa 2
GT5 2
Depósito 1 2
Intervalo 2
Copa 2
Depósito 2 2
05/10/2019
BWC Masculino 2
BWC Feminino 2
Intervalo 2
Lavanderia e Depósito 3 2
Cozinha e Depósito 4 2

Fonte: Acervo próprio (2020)

3.2.2 Levantamento de informações com laser scanner

Para o levantamento do objeto de estudo utilizando o método mais inovador, utilizou-


se o equipamento laser scanner FARO Focus S 350 da empresa estadunidense Faro. Para fins
de comparação e com o objetivo de demarcar os pontos e a ordem de varredura do aparelho,
fez-se uso também de uma prancheta com um croqui da edificação. Salienta-se, no entanto, que
o próprio laser scanner já indica todos os pontos georreferenciados em uma planta baixa
construída por ele, com o nome de “cenas”.
A metodologia utilizada pelo profissional da FARO Technologies foi baseada em sua
boa experiência neste tipo de levantamento. Antes de mais nada, era necessário retirar o
43

equipamento de sua maleta de proteção, montá-lo e ligá-lo. Com ele devidamente ligado e com
um cartão SD inserido, criava-se um nome para o projeto, ajustava-se a resolução de interesse
e habilitava-se as cores para uma melhor distinção na nuvem de pontos. Finalmente, ao escolher
o local de varredura, bastava tocar no botão de play. Nota-se que, ao trocar de lugar, podia-se
mudar a resolução de acordo com a necessidade.
Com relação à escolha dos locais, o profissional posicionava o equipamento no centro
das áreas de interesse, em seguida, colocava o laser scanner embaixo do batente da porta de
cada área, de modo que ele conseguisse captar metade da área externa do ambiente e metade da
área interna, com o intuito de fazer a amarração das cenas internas e externas. Segundo o
profissional, isso servia para conectar as cenas feitas no centro dos cômodos.
Para a captura de cada ponto eram necessários tempos de espera distintos, que variavam
de acordo com a resolução necessária. Os pontos externos, que continham mais informações e
dados, precisavam de uma maior resolução e quando ajustados no equipamento, duravam 4
minutos e 8 segundos, enquanto os internos, 2 minutos e 36 segundos. O ponto em cima da
caixa d'água, que teve por objetivo levantar a cobertura da creche, durou 6 minutos por
necessitar de mais pontos na nuvem. Essas durações eram pré-definidas de acordo para a
respectiva resolução escolhida no equipamento laser scanner.
Durante o escaneamento, é importante desobstruir qualquer tipo de obstáculo ou
barreiras que possam interferir na boa captação dos dados, que são puramente visuais. No dia
em questão, a creche estava relativamente vazia e quando alguma cena estava sendo criada,
todos saíam do campo de visão do Focus S 350, se locomovendo para outros cômodos, visto
que a visão do aparelho é 360º.
Após o levantamento, o profissional retirou os dados do cartão SD e transferiu tudo para
uma plataforma online da FARO, a FARO Box, a fim de viabilizar a realização deste trabalho
de conclusão de curso e do projeto “De Olho na Obra”. Foram 75 arquivos referentes às 75
cenas varridas e disponíveis nos formatos “.e57” e “.fls”. O primeiro formato é a nuvem de
pontos compatível com o software ARCHICAD e o segundo formato é uma extensão da própria
FARO.
Além dos arquivos, o profissional da FARO também disponibilizou uma pré-
visualização da nuvem através de uma url (ANEXO A), onde é possível ver as cenas coletadas,
a planta construída pelo laser scanner e a nuvem de pontos simplificada e fotos panorâmicas
de todos as cenas coletadas. A Figura 21 apresenta uma imagem obtida deste visualizador da
FARO.
44

Figura 21 - Planta construída pelo laser scanner

Fonte: FARO Box (2019)

Na Figura 21, cada símbolo em formato de gota significa uma cena capturada, a qual
contém uma foto panorâmica, ou 360º, e uma pequena demonstração da nuvem de pontos. Já o
círculo azul indica que naquela região existem outros pontos varridos, por exemplo, onde
contém o número 8, significa que ao dar um zoom, 8 novos símbolos em formato de gota irão
aparecer em seus devidos lugares representando, cada um, uma cena distinta.
A Figura 22 ilustra a visualização da nuvem de pontos simplificada da 11ª cena
capturada no dia, referente ao projeto CEI Roda Viva. Nela observa-se que há um baixo número
de pontos, visto que o objetivo desta imagem na web é de servir apenas como uma pré-
visualização. Destaca-se que, apesar de simples e impeditivo de criar uma modelagem em cima
desta url em um navegador, ela mostrou-se útil para capturar distâncias reais, pois o site contém
uma ferramenta de medida.
45

Figura 22 - Nuvem de pontos simplificada da cena “CEI_RODA_VIVA_Scan_011”

Fonte: FARO Box (2019)

Figura 23 - Imagem panorâmica da cena “CEI_RODA_VIVA_Scan_011”

Fonte: FARO Box (2019)

O quadro 2 apresenta todas as áreas levantadas pelo equipamento laser scanner, além
da data e do número de pessoas, que diferentemente do levantamento tradicional, levou apenas
1 dia e 1 pessoa.
46

Quadro 2 - Áreas e suas datas do levantamento com o equipamento laser scanner


Data Área Nº pessoas
Área externa 1
BWC 1 1
BWC 2 1
BWC 3 1
BWC 4 1
BWC 5 1
BWC 6 1
BWC 7 1
Caixa d'água 1
Copa 1
Cozinha 1
Déposito 1 (GT5) 1
Depósito 2 1
04/08/2019 Depósito Diretoria 1
Diretoria 1
GT1 1
GT2 1
GT3 1
GT4 1
GT5 1
Lavanderia 1
Pia fora da cozinha 1
Sala dos funcionários 1
Sala Soneca 1
Servidor PC 1
Varanda GT2 1
Varanda GT3 e GT4 1
Fonte: Acervo próprio (2020)

3.2.3Modelagem do as built sobre o projeto bidimensional

A metodologia de modelagem do as built iniciou entre os dois dias de levantamentos


em campo. Primeiramente, após o primeiro dia de trabalho, adequaram-se, no arquivo “.dwg”,
algumas das áreas mais críticas, que estavam mais diferentes com relação à realidade da
edificação, a fim de ganhar tempo no segundo dia de levantamento. Percebeu-se que a execução
da obra estava diferente do projeto executivo original. Para o segundo dia, foram levados
impressos esses ambientes corrigidos conforme o executado.
47

Após a total conclusão do levantamento, adaptaram-se todas as áreas de todos os


projetos em “.dwg”, conforme o construído, através do uso do software AutoCAD da Autodesk.
Para tal, foram transferidos todos os croquis e projetos editados em papel para o modelo
bidimensional digital.
Assim que o arquitetônico estava devidamente atualizado conforme o as built, pode-se
iniciar a modelagem tridimensional do projeto. Nesta etapa foi utilizado o software ArchiCAD
da empresa Graphisoft.
Com o propósito de verificar o tempo, todos as durações de adaptação do projeto no
AutoCAD e da modelagem no ArchiCAD foram contabilizados e serão apresentados no
capítulo de resultados.
Salienta-se que a ideia neste trabalho foi de recriar o modelo do projeto arquitetônico da
creche de forma genérica para comparações de precisão das medidas, de tempo e dos custos.
Portanto, não foram levadas em consideração as camadas internas das paredes, como emboço
e chapisco, ou as aparências e cores da edificação, tampouco os projetos elétricos e
hidrossanitários. Observa-se, ainda, que as coberturas apresentadas no modelo final, no
Apêndice A, são apenas para fins estéticos de apresentação deste TCC e não refletem as
coberturas reais do objeto de estudo.
O Anexo B contempla o projeto original antes de qualquer modificação, já o Apêndice
B mostra o desenho bidimensional da creche após as alterações devidas ao as built.

3.2.4 Modelagem BIM sobre nuvem de pontos

Em março de 2020, foi feita a junção de todas as 75 cenas capturadas pelo laser
scanner através do programa RECAP, da Autodesk, que possui uma ferramenta de união de
arquivos point cloud e permite sua exportação em diferentes formatos. Com isso, foi possível
exportar uma nuvem de pontos consolidada no formato “.e57”, permitindo, assim, a modelagem
do objeto de estudo.
Essa junção permitiu a modelagem BIM sobre a nuvem de pontos, que foi realizada
por uma bolsista do Grupo de Extensão em BIM (GEBIM) da Universidade Federal de Santa
Catarina, por meio de um Projeto de Extensão vinculado ao Programa Probolsas 2020,
intitulado “Digitalização de Edifícios Públicos” (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA, 2020).
48

Segundo a bolsista, a modelagem ocorreu de forma não muito produtiva devido à


necessidade de um hardware potente para manipular e modelar a nuvem de pontos de forma
satisfatória. (UFSC, 2020) O computador utilizado pela bolsista tem um processador Pentium
de 1,8 GHz de 2 núcleos, 4 GB de memória RAM e uma GPU integrada Intel HD Graphics. As
especificações mínimas para rodar um software de manipulação de nuvem de pontos, como o
FARO Scene, é um processador quad-core (4 núcleos) com pelo menos 2 GHz, 32 GB de
memória RAM e uma placa de vídeo dedicada de pelo menos 4 GB. (KNOWLEDGE FARO,
2020)
Entretanto, percebeu-se que, ao utilizar o ArchiCAD, havia um ganho de performance,
pois o formato de nuvens de pontos compatível por ele, o “.e57” e seus requisitos mínimos são
menores que o do FARO Scene com a extensão “.fls”. Portanto, a bolsista utilizou o software
da Graphisoft para fazer a modelagem da nuvem de pontos da creche. Nota-se que, pela
complexidade da creche não ser muito grande, o manuseio da mesma em computadores com
hardwares inferiores é menos exigente. Ademais, a bolsista separou a nuvem em duas partes,
uma de 2,25 GB e outra de 2,21 GB, facilitando a manipulação do arquivo pelo seu computador
e aumentando sua produtividade, compensando, assim, o hardware.
A modelagem da primeira parte iniciou no dia 18/03/2020 e foi finalizada no dia
19/06/2020. Durante este período, foram trabalhadas sobre a nuvem aproximadamente 12h por
semana, sendo 60% ocupadas aguardando o processamento do programa, devido ao hardware
do computador da bolsista e a complexidade da nuvem de pontos (UFSC, 2020).
A primeira parte que foi modelada englobou os ambientes listados abaixo e
representados na Figura 24 pelo hachurado.
• Sala de aula GT4;
• BWC;
• Sala de aula GT3;
• BWC;
• Sala soneca;
• Parte da sala de aula GT1.
49

Figura 24 - Primeira parte da modelagem BIM da nuvem de pontos

Fonte1: Acervo do autor (2020)

A modelagem de ambas as partes foi realizada através da visualização da nuvem de


pontos em planta baixa, elevações, cortes e com o modelo 3D, buscando manter a modelagem
o mais próximo da realidade construída possível. As Figura 25 e Figura 26 ilustram a primeira
parte.
50

Figura 25 - Modelo BIM da primeira parte da nuvem de pontos

Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (2020)

Figura 26 - Ângulo alternativo do modelo parcialmente modelado

Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (2020)

No dia 22/06/2020 foi iniciada a modelagem da segunda parte do projeto. Para tal,
primeiramente inseriu-se a segunda parte da nuvem de pontos inteira no arquivo já existente,
porém, o arquivo ficou demasiadamente pesado, dificultando a modelagem. Portanto, dividiu-
se essa segunda parte em outras duas, tornando assim o arquivo mais leve.
Até a elaboração deste trabalho de conclusão de curso, a modelagem BIM sobre a
nuvem de pontos do objeto de estudo não havia sido concluída em sua totalidade, mas cerca de
51

2/3. Portanto, para os resultados e comparações, foi considerado 2/3 do modelo, que já eram
suficientes para a análise.

3.2.5 Tempo do levantamento e da modelagem do as built tradicional


Para a realização do as built tradicional, foi combinada uma data com a diretora da
CEI Roda Viva no dia do levantamento com o laser scanner.
O primeiro dia de levantamento com o uso das trenas, em 02/08/2019, contou com
duas pessoas para uma maior produtividade. O trabalho foi feito de modo que uma pessoa
ficasse responsável pelas anotações das medidas e pelos desenhos enquanto a outra fez uso das
trenas para fazer as medições. Os equipamentos utilizados foram uma trena convencional, uma
trena laser, uma prancheta, plantas do projeto original, lapiseira e borracha.
Devido à necessidade de fazer o as built do hidrossanitário e do elétrico aparentes,
além do arquitetônico, foi preciso um segundo dia para terminar o levantamento. Portanto, no
dia 05/10/2019, as medidas restantes foram obtidas com um time de duas pessoas novamente.
É importante salientar que, devido as grandes divergências encontradas em algumas
das áreas do objeto de estudo, a produtividade no primeiro dia do levantamento foi diminuída
para desenhar-se croquis. Após, as áreas diferentes foram passadas para o projeto no AutoCAD
e, no segundo dia de levantamento, foram levadas novas plantas impressas com os layouts
ajustados, aumentando a produtividade.
Após o trabalho de campo, iniciou-se a adaptação total do projeto original no
AutoCAD para tornar-se o projeto de as built e, finalmente, o modelo 3D feito no ArchiCAD.
Todo esse processo foi feito por apenas uma pessoa, o autor deste TCC, que possui uma boa
experiência no AutoCAD e algum conhecimento no software da Graphisoft. Devido ao
hardware não muito exigente para ambos os programas no que diz respeito a desenho e
modelagem em cima de planta bidimensional, e pelo fato do computador utilizado apresentar
os requisitos mínimos para tal, o tempo não foi afetado. Salienta-se que, pela modelagem do
objeto de estudo com o método tradicional poder ser genérica, sem considerar as camadas,
interiores, cores e afins, houve um ganho de tempo.
Todos os tempos de levantamento, projeto e modelagem serão apresentados no
capítulo de resultados.
52

3.2.6 Tempo do levantamento e da modelagem sobre a nuvem de pontos

O levantamento com laser scanner ocorreu em apenas um dia, em 04/06/2019, com


apenas um profissional operando o equipamento. Dada as boas condições climáticas necessárias
para a captura dos pontos externos, o baixo fluxo de pessoas no dia e a boa experiência do
operador, a produtividade foi excelente.
O tempo de modelagem sobre a nuvem de pontos esteve diretamente ligada à
experiência da bolsista e ao seu hardware disponível. Devido às grandes exigências de hardware
para se trabalhar com uma nuvem de pontos e dada a complexidade deste método inovador,
houve um aumento de tempo utilizado. Por outro lado, pela manipulação inteligente da nuvem,
dividindo-a em duas partes menores, bem como a utilização de um software um pouco menos
exigente em termos de computador, conseguiu-se um ganho de tempo.
Salienta-se que o profissional da FARO que utilizou o laser scanner em campo possui
anos de experiência na área. A bolsista responsável pela modelagem do projeto sobre a nuvem
de pontos é graduanda da 5ª fase de Arquitetura e Urbanismo e possui uma capacitação em
ArchiCAD adquirida através da plataforma online “Projetou”. Ela tem, ainda, um diploma
técnico em informática no IFSC, que interfere em sua produtividade positivamente, pois ajuda
em sua assimilação e rápida aprendizagem com o software utilizado. Observa-se que a bolsista
focou apenas na modelagem do projeto arquitetônico.
Todos os tempos de levantamento, projeto e modelagem serão apresentados no
capítulo de resultados.

3.2.7 Estimativa dos custos envolvidos em cada etapa

Para fazer a comparação de custos de levantamento, utilizou-se um salário piso de um


Engenheiro Civil com regime de 8h diárias (BRASIL, 1966) e um salário médio de um
estagiário com regime de 30h semanais para a grande Florianópolis (GLASSDOOR, 2020) para
o levantamento tradicional.
Para o levantamento com laser scanner foi considerado um salário de um profissional
que trabalha com o laser scanner bem como o custo de aluguel do equipamento por um dia de
trabalho.
Para os custos de modelagem com método tradicional, foi considerado o mesmo
salário de um estagiário de Engenharia Civil utilizado nas despesas com o levantamento. Já
53

para a modelagem em BIM sobre a nuvem de pontos, neste trabalho considerou-se o valor de
uma bolsista de graduação da UFSC de março de 2020 para condizer com o tempo encontrado.
Para ambos também foi considerado o custo de uma licença de um mês do software ArchiCAD.
Para fins mais realistas do mercado de trabalho, também foi feita uma comparação usando o
salário piso de um arquiteto com regime de 8 horas diárias (BRASIL, 1966).

3.2.8 Comparação dos resultados: tempo, precisão e custos

3.2.8.1 Levantamento em campo

A fim de comparar o tempo gasto nos levantamentos através dos métodos tradicional
e em BIM com nuvem de pontos, foram feitas tabelas no software Excel com os dados de
tempo que foram anotados no levantamento convencional e dados de tempo capturados pelo
equipamento laser scanner disponíveis em uma plataforma online da FARO, a FARO Box.
Para a comparação de precisão, foi feita uma tabela no software Excel com os dados
de 4 áreas do objeto de estudo. Os dados referentes ao levantamento tradicional foram obtidos
no “.dwg” já pronto do as built e os dados do levantamento com laser scanner foram aferidos
na plataforma FARO Box, que possui uma planta baixa da varredura completa conforme a
Figura 21. Para as medidas vindas da plataforma da FARO, foi necessário usar um conversor
online de medidas, de pés para metros.
Na comparação de custos, para o método tradicional utilizou-se o piso de um salário
de um Engenheiro Civil com regime de 8 horas diárias e uma média salarial de um estagiário
com regime de 30 horas semanais em Florianópolis, SC. Já para o método que utiliza o laser
scanner, foi utilizado o valor de um dia de serviço de um profissional habilitado a utilizar o
equipamento, bem como o valor do aluguel, que foram relatados pelo colaborador da FARO.

3.2.8.2 Modelagem

Para poder ser feita a comparação das modelagens, para o método tradicional foi
adaptado o projeto bidimensional original para o as built no AutoCAD e, em seguida modelado
em 3D com o software ArchiCAD. Para o método inovador, foram utilizadas as cenas
capturadas com o equipamento laser scanner para criar-se a nuvem de pontos consolidada e
poder, então, fazer a modelagem 3D em cima dela.
54

Os tempos de trabalho de ambos os métodos, bem como as medidas lineares e de áreas


foram obtidas e colocadas em uma tabela do Microsoft Excel para fins de comparação.
55

4 RESULTADOS

4.1.1 Levantamento de informações de forma tradicional

O resultado do levantamento através do método tradicional, com trena laser e trena


comum, está representado no arquivo “.dwg”, apresentado no Apêndice B como imagem, com
as devidas medidas e itens do escopo como construído e com o arquitetônico, hidrossanitário e
elétrico compatibilizados. Após, fez-se o modelo tridimensional do projeto arquitetônico as
built no ArchiCAD a fim de compará-lo com o modelo BIM gerado através da nuvem de pontos.
Antes da comparação entre os dois métodos, primeiramente é importante confrontar o
projeto original e o projeto as built desenhados no AutoCAD, pois isso influencia diretamente
no tempo gasto. Para isso, pode-se observar a cozinha da creche, por exemplo, ilustrada na
Figura 27 originalmente e na Figura 28, após a aferição das medidas in loco. Esta área em
questão foi uma das que mais apresentou divergência em relação ao projeto original, pois como
se observa nas Figura 27 e Figura 28, o depósito encontra-se um uma posição completamente
diferente, há uma divisão no original, que não existe no como construído, além de diferenças
em posicionamentos de janelas e portas. Essas incoerências levam a medidas diferentes da área
e de medidas lineares da cozinha, que no projeto original tem 6,03m de ponta a ponta e no as
built 4,65m. Esses fatores levam a um aumento de tempo do profissional na etapa de
levantamentos, caso esteja utilizando como base a planta original, forçando-o a desenhar um
croqui a parte. Nota-se, portanto, uma ausência de fiscalização na execução da obra, pois há
diferenças significativas entre a execução e o projeto licitado.
56

Figura 27 - Cozinha no projeto original

Fonte: Acervo próprio (2020)

Figura 28 - Cozinha no projeto as built

Fonte: Acervo próprio (2020)


57

Como resultado do levantamento, tem-se também os croquis e anotações, que estão no


Apêndice C.
É importante destacar que, para o levantamento do projeto hidrossanitário e do elétrico,
houve dificuldades que os tornaram imprecisos, diferentemente do arquitetônico, cuja precisão
é bem satisfatória, ficando na casa dos milímetros. Os fatores que levaram a essa menor
confiabilidade dos projetos complementares foram:
• Impossibilidade de aferir partes internas das paredes e dos pisos para averiguar
os dutos, tubos e cabos;
• Má instalação das lâmpadas, que estavam tortas e instaladas de forma não
padronizada;
• Difícil acesso aos registros devido a obstruções e alturas;
• Difícil acesso as instalações de água fria e esgoto devido a obstruções;
• Inconsistência nos materiais utilizados. Por exemplo, ralos muito diferentes
uns dos outros.

4.1.2 Levantamento de informações com laser scanner

O resultado do levantamento da creche com o equipamento laser scanner gerou uma


série de arquivos, as chamadas cenas, que foram então unidas para gerar a nuvem de pontos e
o modelo BIM. A seguir, tem-se as Figura 29, Figura 30, Figura 31 e Figura 32 que mostram
algumas capturas do laser scanner neste dia de levantamento, bem como a Figura 33 que ilustra
a nuvem de pontos criada a partir das cenas obtidas pelo equipamento.
58

Figura 29 – Imagem do dia de levantamento com laser scanner

Fonte: Acervo próprio (2020)

Figura 30 - Imagem do dia de levantamento com laser scanner

Fonte: Acervo próprio (2020)


59

Figura 31 - Imagem do dia de levantamento com laser scanner

Fonte: Acervo próprio (2020)


Figura 32 - Imagem do dia de levantamento com laser scanner

Fonte: Acervo próprio (2020)


60

Figura 33 - Nuvem de pontos da CEI Roda Viva na plataforma Autodesk RECAP

Fonte: Acervo próprio (2020)

4.1.3 Modelagem do as built sobre o projeto bidimensional

A Figura 34 contempla o modelo tridimensional do as built feito no software


ArchiCAD da Graphisoft. Para o modelo, foi considerado apenas o projeto arquitetônico e,
como a ideia deste trabalho era de recriar o modelo da creche de forma genérica para
comparações de precisão das medidas, de tempo gasto e dos custos, não foram levadas em
consideração as camadas internas das paredes, como emboço e chapisco, ou as aparências e
cores da edificação. Observa-se, ainda, que as coberturas apresentadas no modelo final são
apenas para fins estéticos de apresentação deste TCC e não refletem as coberturas reais do
objeto de estudo.
61

Figura 34 – Modelo sobre o projeto bidimensional

Fonte: Acervo próprio (2020)

4.1.4 Modelagem BIM sobre nuvem de pontos

A Figura 35 contempla o modelo BIM sobre a nuvem de pontos do as built feito no


software ArchiCAD da Graphisoft. Para o modelo, foi considerado apenas o projeto
arquitetônico. Acrescenta-se, ainda, que o modelo BIM sobre a nuvem de pontos não foi
totalmente finalizado a tempo de ser incluído neste TCC, no entanto, foi realizado o suficiente
para serem feitas as comparações.

Figura 35 - Modelo BIM sobre a nuvem de pontos

Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina (2020)


62

4.1.5 Tempo do levantamento e da modelagem do as built tradicional

A Tabela 2 traz os tempos de levantamento em campo pelo método tradicional.

Tabela 2 – Tempos do levantamento do as built tradicional em campo


Tempo de levantamento tradicional em campo
Área Tempo (hr:min) Nº Pessoas
BWC 1 00:54 2
BWC 3 00:15 2
BWC 6 00:15 2
BWC 7 00:18 2
Copa 00:35 2
Cozinha e Depósito 4 00:53 2
Depósito 1 00:14 2
Depósito 2 00:10 2
Depósito diretoria 00:03 2
GT1 + Sala Soneca+ Sala Banho 01:30 2
GT2 + Varandas 00:30 2
GT3 00:56 2
GT4 00:33 2
GT5 01:04 2
Lavanderia e Depósito 3 00:09 2
Diretoria 00:09 2
Varandas da GT3 e GT4 00:05 2
Total 08:33 2
Fonte: Acervo próprio (2020)

Para a modelagem, a Tabela 3 traz os tempos de desenho do as built no AutoCAD, que


contemplou todos os projetos, e o tempo de modelagem, que contemplou o arquitetônico.

Tabela 3 – Tempo de desenho e modelagem tradicional


Tempo desenho e modelagem tradicional
Etapa Projeto Tempo (hr:min) Nº Pessoas
Arquitetônico 03:22 1
Elétrico 01:47 1
Desenho no AutoCAD
Hidrossanitário 00:44 1
Compatibilização 00:10 1
Modelagem no ArchiCAD Arquitetônico 02:40 1
Total 08:43 1
Fonte: Acervo próprio (2020)
63

4.1.6 Tempo do levantamento e da modelagem sobre a nuvem de pontos

A Tabela 4 mostra os tempos de levantamento com o equipamento de laser scanner.

Tabela 4 - Tempos do levantamento com equipamento laser scanner em campo


Tempo de levantamento Laser Scanner em campo
Área Tempo (hr:min:seg) Nº Pessoas
BWC 1 00:05:12 1
BWC 2 00:05:12 1
BWC 3 00:05:12 1
BWC 4 00:05:12 1
BWC 5 00:07:48 1
BWC 6 00:07:48 1
BWC 7 00:07:48 1
Caixa d'água 00:06:00 1
Copa 00:05:12 1
Cozinha e Depósito 4 00:13:00 1
Déposito 1 (GT5) 00:02:36 1
Depósito 2 00:05:12 1
Depósito Diretoria 00:02:36 1
Diretoria 00:05:12 1
GT1 + Sala Soneca + Sala Banho 00:10:24 1
GT2 + Varandas 00:13:00 1
GT3 00:05:12 1
GT4 00:05:12 1
GT5 00:05:12 1
Lavanderia e Depósito 3 00:05:12 1
Sala dos funcionários 00:05:12 1
Servidor PC 00:02:36 1
Varandas GT3 e GT4 00:05:12 1
Área externa 01:30:56 1
Total 03:52:08 1
Fonte: Acervo próprio (2020)

A Tabela 5 mostra o tempo de modelagem BIM com nuvem de pontos total,


considerando o tempo efetivo e de espera. Segundo a bolsista do projeto de extensão,
aproximadamente 60% das 216 horas totais de levantamento foram ocupadas aguardando o
processamento do software, ou seja, houve uma perda de cerca de 130 horas, impactando
profundamente no tempo. Por esse motivo, o tempo efetivo foi de 86 horas.
64

Tabela 5 – Tempo de modelagem BIM sobre nuvem de pontos


Tempo modelagem BIM com nuvem de pontos
Etapa Projeto Tempo Nº Pessoas
Tempo Efetivo 86 h 1
Tempo espera Arquitetônico 130 h 1
Total 216 h 1
Fonte: Acervo próprio (2020)

4.1.7 Estimativa dos custos envolvidos em cada levantamento

Para o levantamento tradicional, considerando o salário de dois dias de trabalho de um


Engenheiro Civil e um estagiário, bem como o custo das trenas laser e convencional, ter-se-ia
um custo total de R$1.728,41. Por outro lado, para o levantamento com o equipamento laser
scanner o custo seria de R$4.000,00, incluindo o valor do profissional e do equipamento.
Para os custos de modelagem do levantamento tradicional, utilizou-se o mesmo valor
de um estágiário em Engenharia Civil, de R$1.000,00. Já para da modelagem BIM sobre a
nuvem de pontos, utilizou-se o valor de uma bolsa de graduação da UFSC vigente em março
de 2020, de R$ 420,00, pois o modelo foi criado por uma bolsista.

4.1.8 Comparação e discussão dos resultados

Dadas as imprecisões do hidrossanitário e do elétrico, e visto que a modelagem BIM


da nuvem de pontos não levou em consideração esses projetos complementares, a comparação
da modelagem tridimensional levou em conta apenas o projeto arquitetônico. No entanto, as
comparações de tempo, precisão e custo do levantamento utilizando o método tradicional e o
com laser scanner levaram em conta todos os projetos.

4.1.8.1 Levantamento em campo


4.1.8.1.1 Tempo

A Tabela 2 traz os tempos de levantamento em campo através do método tradicional,


assim como a Tabela 4 mostra os tempos de levantamento com o equipamento de laser scanner.
Nota-se que com o laser scanner foi possível levantar mais áreas. Isso se deve ao fato de que
no dia em questão todas as salas, sem exceção, estavam abertas, o que não ocorreu nos outros
65

dois dias de levantamento convencional, com trena laser e trena comum. Além disso, a caixa
d’água e as áreas externas foram capturadas apenas pelo equipamento de laser scanner, com
objetivo de pegar a nuvem de pontos da cobertura do objeto de estudo e o contorno da edificação
através das áreas externas.
Por esse motivo, para se fazer a comparação direta, foi feita a Tabela 6, que contempla
todas as áreas levantadas em ambos os métodos. Com isso, consegue-se observar que através
do método as built tradicional levaram-se 8 horas e 33 minutos para levantar a mesma área que
o método as built com modelagem BIM sobre nuvem de pontos, através do equipamento laser
scanner, que levou pouco menos de uma hora e 50 minutos. Salienta-se que, a fim de ter uma
comparação mais direta, esses tempos levam em consideração apenas o tempo de trabalho, sem
deslocamentos, instalação de equipamentos ou intervalos. Portanto, em termos de tempo para
este caso em estudo, o levantamento utilizando equipamento laser scanner consegue levar cerca
de 79% menos tempo do que o levantamento com trena laser e convencional.

Tabela 6 - Comparativo entre o tempo de levantamento entre ambos os métodos


Tempo de levantamento em campo
Área Tradicional (hr:min:seg) Laser Scanner (hr:min:seg)
BWC 1 00:54:00 00:05:12
BWC 3 00:15:00 00:05:12
BWC 6 00:15:00 00:07:48
BWC 7 00:18:00 00:07:48
Copa 00:35:00 00:05:12
Cozinha e Depósito 4 00:53:00 00:13:00
Déposito 1 (GT5) 00:14:00 00:02:36
Depósito 2 00:10:00 00:05:12
Depósito Diretoria 00:03:00 00:02:36
Diretoria 00:09:00 00:05:12
GT1 + Sala Soneca + Sala Banho 01:30:00 00:10:24
GT2 + Varandas 00:30:00 00:13:00
GT3 00:56:00 00:05:12
GT4 00:33:00 00:05:12
GT5 01:04:00 00:05:12
Lavanderia e Depósito 3 00:09:00 00:05:12
Varandas GT3 e GT4 00:05:00 00:05:12
Total 08:33:00 01:49:12
Fonte: Acervo próprio (2020)
66

4.1.8.1.2 Precisão

Para comparar a precisão dos levantamentos, foram utilizadas algumas medidas de


locais específicos de ambos os levantamentos, as quais foram retiradas do projeto bidimensional
“.cad” para o método tradicional, e das cenas disponíveis no site da FARO Box para o método
com laser scanner. Foram escolhidos os itens a seguir:
• Medida longitudinal da sala GT3
• Medida longitudinal do BWC 3
• Medida longitudinal da Sala Soneca
• Medida transversal da cozinha
A comparação entre as medidas encontra-se na Tabela 7, e as Figura 36,Figura
37,Figura 38 e Figura 39, ilustram os locais escolhidos. Através dos resultados obtidos,
percebe-se uma diferença de 1 cm na sala GT3, 4 cm no BWC 3, na Sala Soneca e na Cozinha.
Salienta-se que, nas figuras, a medida convencional extraída do AutoCAD está em metros e a
retirada do FARO Box está em pés. Por esse motivo, foi usada uma ferramenta de conversão
de pés para metros do Google.
Devido à sabida precisão do equipamento laser scanner de 1 mm para distâncias
lineares (FARO BROCHURE, 2017), e a precisão da trena laser de 1,5 mm, mas que pode
variar devido ao posicionamento do equipamento pelo usuário, pode-se concluir que os valores
encontrados na nuvem de pontos são mais exatos e retratam melhor a realidade. No entanto, a
diferença de precisão das duas modelagens não invalida o método tradicional, o qual apresentou
bons resultados nesta pesquisa.

Tabela 7 – Medidas lineares do levantamento em campo


Medidas lineares do levantamento em campo
Áreas Convencional (m) Laser Scanner (m) Diferença (cm)
GT3 7,69 7,68 1
BWC 3 2,26 2,22 4
Sala Soneca 4,74 4,78 4
Cozinha 4,64 4,60 4
Fonte: Acervo próprio (2020)
67

Figura 36 – Medidas da sala de aula GT3 no “.dwg” e no FARO Box

Fonte: Acervo próprio (2020)

Figura 37 – Medidas sala soneca no “.dwg” e no FARO Box


68

Fonte: Acervo próprio (2020)

Figura 38 – Medidas do banheiro BWC3 no “.dwg” e no FARO Box

Fonte: Acervo próprio (2020)

Figura 39 – Medidas da cozinha no “.dwg” e no FARO Box

Fonte: Acervo próprio (2020)


69

4.1.8.1.3 Simulações de Custos para o Caso em Estudo

Para fazer uma simulação e comparação de custos de levantamento, utilizou-se um


salário piso de um Engenheiro Civil com regime de 8h diárias (BRASIL, 1966) e um salário
médio de um estagiário com regime de 30h semanais para a grande Florianópolis
(GLASSDOOR, 2020) para o levantamento tradicional. Para o levantamento com laser scanner
foi considerado um salário de um profissional que trabalha com o laser scanner, bem como o
custo de aluguel do equipamento por um dia de trabalho. A Tabela 8 - Custos do levantamento
de campo traz os valores e a Tabela 9, o comparativo.

Tabela 8 - Custos do levantamento de campo


Período Custos do levantamento em campo
Mês Engenheiro Civil R$8.882,50
Mês Estagiário Engenharia Civil R$1.000,00
1ª Compra Trena laser e convencional R$415,00
Diária Profissional e aluguel Laser Scanner R$4.000,00
Fonte: Acervo próprio (2020)

Tabela 9 - Comparativo de custos de 1 dia de trabalho


Custo
Comparativo custos do levantamento em campo
aproximado
Diária Engenheiro Civil e Estagiário R$864,20
Diária Profissional e aluguel Laser Scanner R$4.000,00
Fonte: Acervo próprio (2020)

Portanto, o custo de um dia de trabalho de um profissional com o equipamento laser


scanner custa cerca de 78% a mais que um dia de trabalho do Engenheiro Civil juntamente do
estagiário, com uma trena laser e uma trena comum. Considerando que foram necessários dois
dias de trabalho para levantar o objeto de estudo de forma tradicional e um para o levantamento
com o laser scanner, o segundo é cerca de 57% mais custoso que o primeiro.
70

4.1.8.2 Modelagem

4.1.8.2.1 Tempo

Pelo fato de a modelagem em BIM conter mais informações do que a modelagem


tradicional BIM e ainda exigir um hardware muito mais poderoso e um profissional com
qualificações mais específicas, consequentemente seu tempo de desenvolvimento foi superior.
Isso é embasado pelos números das
Tabela 3 e Tabela 5, onde pode-se observar que a modelagem BIM sobre a nuvem de
pontos levou aproximadamente 90% a mais de tempo. Contudo, a modelagem feita pela bolsista
do projeto não foi 100% finalizada na presente data deste TCC, apenas 2/3 de sua totalidade, o
que implica em um número ainda mais elevado. Considerando 2/3 do tempo de modelagem
sobre o projeto bidimensional, tem-se cerca de 93% a mais de tempo para a modelagem BIM
sobre a nuvem de pontos neste trabalho.
Com a difusão do método da nuvem de pontos, um hardware melhor e um profissional
com bastante experiência neste trabalho, é possível que essa diferença de tempo seja menor,
quiçá igual se considerarmos ambas as modelagens em BIM.
Ainda segundo Castro (2019), o esforço e custo iniciais para se criar um modelo BIM
é muito maior, no entanto, o ganho posterior justifica e ultrapassa a perda inicial, justificando
o investimento com ganhos de custos e tempo, além de uma maior qualidade final. (CASTRO,
2019)

4.1.8.2.2 Precisão

Para comparar a precisão entre o resultado das duas modelagens, foram utilizadas
algumas medidas de locais específicos de ambos os modelos. Foram escolhidos os itens a
seguir:
• Medida longitudinal e área da sala GT3;
• Medida longitudinal e área da Diretoria;
• Medida longitudinal e área da Sala Soneca;
• Medida transversal e área da sala GT2.

A comparação entre as medidas encontra-se na Tabela 10, e as Figura 40, Figura 41,
Figura 42 e Figura 43, ilustram os locais escolhidos, sendo a parte de cima, ou da esquerda, da
71

modelagem do método tradicional e a de baixo, ou da direita, da modelagem BIM sobre a


nuvem de pontos. Através dos resultados obtidos, percebe-se uma diferença de distâncias de 1
cm na sala GT3, 4 cm na Diretoria e na Sala Soneca e 0 cm na sala GT2. A diferença em m²
entre as áreas das duas modelagens também ficou relativamente baixa.
Devido à sabida precisão do equipamento laser scanner de 1 mm para distâncias
lineares (FARO BROCHURE, 2017), e a precisão da trena laser de 1,5 mm (STANLEY, 2020),
mas que pode variar devido ao posicionamento do equipamento pelo usuário, pode-se concluir
que os valores encontrados na modelagem BIM sobre a nuvem de pontos são mais exatas e
retratam melhor a realidade. No entanto, a diferença de precisão das duas modelagens não
invalida o método tradicional, o qual apresentou bons resultados nesta pesquisa.

Tabela 10 – Medida das áreas das modelagens


Medidas das áreas das modelagens
Áreas Etapa 2A - Sobre projeto bidimensional Etapa 2B - BIM sobre nuvem de pontos
Distância(m) Área(m²) Distância(m) Área(m²)
GT3 7,69 31,13 7,68 31,04
Diretoria 4,65 16,04 4,68 16,27
Sala Soneca 4,74 10,66 4,79 10,64
GT2 5,26 33,96 5,26 34,01
Fonte: Acervo próprio (2020)
72

Figura 40 – Medidas sala de aula GT3 em ambas as modelagens

Etapa 2A

Etapa 2B

Fonte: Acervo próprio (2020)


Figura 41 – Medidas Diretoria em ambas as modelagens

A B

Fonte: Acervo próprio (2020)


73

Figura 42 – Medidas sala soneca em ambas as modelagens

Fonte: Acervo próprio (2020)


Figura 43 – Medidas sala de aula GT2 em ambas as modelagens

A B

Fonte: Acervo próprio (2020)

Uma segunda análise de precisão pôde ser feita comparando ambas as modelagens. Na
Figura 44, percebe-se que há uma diferença de ângulo entre os resultados do método tradicional
(representado pela cor vermelha) e do método inovador (representado pela cor branca), pois no
primeiro é sempre considerado um ângulo de 90º entre as paredes, simplificando o desenho. No
74

entanto, na prática as paredes não ficam perfeitamente perpendiculares entre si ou a execução


difere da angulação adotada em projeto. Essa imperfeição na angulação é possível de ser
capturada através do laser scanner e, então, modelada conforme o construído. Tal característica
confere uma precisão maior à modelagem BIM sobre a nuvem de pontos, com a finalidade de
as built.

Figura 44 - Comparação direta da precisão angular de ambas as modelagens

Fonte: Acervo próprio

4.1.8.2.3 Simulações de Custos para o Caso em Estudo

Para fazer a comparação de custos de modelagem, utilizou-se o salário médio de um


estagiário de Engenharia Civil com regime de 30h semanais para a grande Florianópolis
(GLASSDOOR, 2020) para a modelagem do levantamento tradicional, e o valor de uma bolsa
de graduação da UFSC vigente em março de 2020 para os custos da modelagem BIM sobre a
nuvem de pontos. Todos os valores estão na Tabela 11. Além disso, o custo da modelagem foi
proporcional a quantidade de horas trabalhadas em ambos os métodos e seu valor está
representado na última coluna da Tabela 11.

Tabela 11 – Custos de modelagem de ambos os métodos


75

Custos modelagem
Custo
Método Modelador BIM Custo/mês
Modelagem
Tradicional Estágio - Engenheiro Civil R$1.000,00 R$ 91,00
BIM sobre nuvem de pontos Bolsista UFSC R$420,00 R$420,00
Fonte: Acervo próprio (2020)

Portanto, tem-se que o custo da modelagem BIM sobre a nuvem de pontos deste
trabalho foi 78% maior que o da modelagem pelo método tradicional. Salienta-se que, assim
como no tempo gasto da modelagem, o valor do custo considerando um profissional mais
qualificado da área de modelagem BIM sobre a nuvem de pontos, pode ser maior. No entanto,
o valor de um profissional para a modelagem do método tradicional também poderia ser mais
caro. Por esse motivo, apenas para se ter uma comparação mais condizente com o mercado de
trabalho, é importante mencionar que o custo de ambas as modelagens iria depender do
valor/hora de um profissional especializado, seja Engenheiro ou Arquiteto, mais o custo das
licenças do software ArchiCAD. Nesse caso, o valor da modelagem em BIM sobre a nuvem de
pontos provavelmente se tornaria mais caro, devido ao maior nível de especialidade, ao fato de
ser uma inovação, ao hardware mais exigente e ao custo extra de softwares necessários para
manipular a nuvem de pontos.
76

4.1.8.3 Tabela Síntese dos resultados

Tabela 12 - Síntese dos resultados


Tempo Precisão Custos
Etapa Método
(hr:min:seg) linear (R$)
Levantamento Tradicional 08:33:00 1,5 mm* Diária: 864,20
em campo Laser Scanner 01:49:12 1 mm Diária: 4.000,00
Vínculo CAD 08:43:00** 1,5 mm* 91,00**
Modelagem Vínculo nuvem
86:00:00** 1 mm 420,00**
de pontos
* Pode variar muito com o posicionamento do equipamento pelo usuário
** Valores simulados apenas para este TCC
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
77

5 CONCLUSÃO

O levantamento em campo foi a etapa mais condizente com o mercado de trabalho,


pois, no método com laser scanner, teve a participação de um profissional que de fato atua com
a prestação de serviços de levantamento as built, e no método tradicional, refletiu bastante a
realidade com duas pessoas experientes em levantamentos as built com trena laser e
convencional. Além disso, em ambos os métodos os tempos foram rigorosamente aferidos, o
que conferiu uma grande precisão nos dados.
Portanto, pode-se afirmar empiricamente que, na etapa de levantamento, o laser
scanner provou-se 79% mais produtivo e com uma precisão maior, aliado a um acréscimo no
custo de 57% quando comparado com o método tradicional. Além disso, este equipamento
consegue captar não apenas o arquitetônico com suas cores e detalhes de forma precisa, mas
todos os projetos complementares que estiverem à vista também, conferindo a este método uma
enorme vantagem. Esses resultados indicam que, dependendo da necessidade de tempo e de
precisão do as built, convém sim contratar um serviço de levantamento com laser scanner.
Destaca-se que, além da precisão e da rapidez no levantamento usando o laser scanner, outra
vantagem diz respeito ao banco de dados de informações sobre a obra construída, que pode ser
utilizado futuramente para manutenções, para controle de operações e uso da edificação, dentre
outros benefícios, que justificam seu uso apesar do custo mais caro quando comparado com o
levantamento tradicional.
A etapa de modelagem consistiu em resultados específicos para este trabalho e menos
condizentes com a realidade do mercado de trabalho, pois no mercado haverá profissionais mais
experientes, hardwares melhores e custos atrelados ao uso dos softwares, os quais não foram
contabilizados neste trabalho devido à aplicação estudantil. No entanto, para criar-se uma
melhor ideia em uma aplicação real e ajudar no embasamento da escolha de um dos métodos,
foram simulados os custos envolvidos para esta pesquisa. Salienta-se, todavia, que apenas a
comparação de precisão linear que se manteve a mesma, visto que a origem das medidas vem
da etapa de levantamento.
Portanto, ao analisar os dados e os resultados da etapa de modelagem, percebe-se que,
neste trabalho, a modelagem BIM necessitou 93% mais tempo sobre a nuvem de pontos, teve
uma melhor precisão e obteve um custo 78% maior.
Ao imaginar uma situação mais real do mercado de trabalho, chegou-se à conclusão
de que o valor da modelagem em BIM sobre a nuvem de pontos provavelmente sairia mais cara,
78

devido ao maior nível de especialidade, ao fato de ser uma inovação, ao hardware mais exigente
e ao custo extra de softwares necessários para manipular a nuvem de pontos. A precisão manter-
se-ia maior, devido ao fato de ela estar atrelada ao levantamento e, finalmente, o tempo iria
depender do grau de especialidade do profissional, porém, considerando profissionais com o
mesmo nível de habilidade em ambas as modelagens, atingir-se-ia um tempo parecido. O custo
pode ser um fator determinante para a contratação ou não deste tipo de serviço, porém, cabe
destacar que a tecnologia existe e está em constante atualização e, pelos resultados obtidos nesta
pesquisa, sugere-se que é válido obter os dados precisos de uma edificação existente sobre uma
nuvem de pontos, pois há aumento na qualidade da informação, com precisão e a rapidez no
processo.
Contudo, os dados de levantamento deste trabalho são mais conclusivos do que os de
modelagem, entretanto, em ambas as etapas e métodos, percebeu-se uma maior conveniência e
precisão no uso do equipamento de laser scanner. Considerando o mesmo nível de habilidade
dos profissionais em seus respectivos métodos, resta a quem interessar contratar um deles,
decidir entre o método tradicional, com uma menor precisão, menor custo e maior tempo gasto,
ou o método BIM sobre a nuvem de pontos, com uma maior precisão, maior custo e menos
tempo gasto, destacando ainda o banco de dados com informação qualificada para uso futuro.
Finalmente, sugere-se uma pesquisa futura que estude a etapa de modelagem, com
adoção de nuvem de pontos, aplicada a novos estudos de casos, para comparar com os
resultados obtidos nesta pesquisa.
79

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Pró-reitoria de Extensão. Pró-


reitoria de Extensão. Centro Tecnológico. Departamento de Arquitetura e Urbanismo.
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86

APÊNDICE A – Modelo 3D método tradicional


87

APÊNDICE B – Projeto As Built Bidimensional


88

APÊNDICE C – Croquis
89
90
91

ANEXO A – Faro Box

Link para acesso ao escaneamento a laser da CEI Roda Viva, referente ao


levantamento em campo utilizando um equipamento de laser scanner FARO FOCUS 350 s,
em julho/2019.
92

ANEXO B – Projeto Original em CAD

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