SC Cosit N 33-2023

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Coordenação-Geral de Tributação

PROCESSO 00000.000000/0000-00

SOLUÇÃO DE 33 – COSIT
CONSULTA
DATA 3 de fevereiro de 2023

INTERESSADO CLICAR PARA INSERIR O NOME

CNPJ/CPF 00.000-00000/0000-00

Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep


NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. ATIVIDADE COMERCIAL
ATACADISTA DE CERVEJA, CHOPE E REFRIGERANTE. DESPESAS DIVERSAS.
IMPOSSIBILIDADE.
Para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para
o PIS/Pasep, somente podem ser considerados insumos bens e serviços
utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou
produtos destinados à venda, excluindo-se do conceito itens utilizados nas
demais áreas de atuação da pessoa jurídica, como administrativa, jurídica,
contábil, etc., bem como itens relacionados à atividade de revenda de bens.
Na atividade comercial de revenda de bens, as despesas com a depreciação,
com as peças de reposição, com o combustível, com os pneus, com os
lubrificantes e com os serviços de manutenção dos veículos utilizados para a
entrega das mercadorias não geram direito a crédito da Contribuição para o
PIS/Pasep, em razão de não serem consideradas insumos pela legislação de
regência.
SOLUÇÃO DE CONSULTA PARCIALMENTE VINCULADA AO PARECER
NORMATIVO COSIT RFB Nº 5, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2018, PUBLICADO NO
D.O.U. DE 18 DE DEZEMBRO DE 2018.
Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, art. 3º, II; Lei nº
13.097, de 2015; Parecer Normativo Cosit/RFB nº 5, de 17 de dezembro de
2018.

Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins


NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. ATIVIDADE COMERCIAL
ATACADISTA DE CERVEJA, CHOPE E REFRIGERANTE. DESPESAS DIVERSAS.
IMPOSSIBILIDADE.
Para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Cofins, somente
podem ser considerados insumos bens e serviços utilizados na prestação de
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serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda,


excluindo-se do conceito itens utilizados nas demais áreas de atuação da
pessoa jurídica, como administrativa, jurídica, contábil, etc., bem como itens
relacionados à atividade de revenda de bens.
Na atividade comercial de revenda de bens, as despesas com a depreciação,
com as peças de reposição, com o combustível, com os pneus, com os
lubrificantes e com os serviços de manutenção dos veículos utilizados para a
entrega das mercadorias não geram direito a crédito da Cofins, em razão de
não serem consideradas insumos pela legislação de regência.
SOLUÇÃO DE CONSULTA PARCIALMENTE VINCULADA AO PARECER
NORMATIVO COSIT RFB Nº 5, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2018, PUBLICADO NO
D.O.U. DE 18 DE DEZEMBRO DE 2018.
Dispositivos Legais: Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, art. 3º, II; Lei
nº 13.097, de 2015; Parecer Normativo Cosit/RFB nº 5, de 17 de dezembro de
2018.

RELATÓRIO

A consulente supramencionada formulou consulta (fls. 6 a 12), na forma da Instrução


Normativa (IN) RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013, atualmente disciplinada pela Instrução
Normativa RFB nº 2.058, de 9 de dezembro de 2021, objetivando sanar dúvida sobre a interpretação
da legislação tributária relativa a tributo administrado pela Secretaria Especial da Receita Federal do
Brasil (RFB).
2. Afirma que exerce como atividade o comércio atacadista de cerveja, chope e
refrigerante, efetuando a distribuição via transporte rodoviário, com frota própria e terceirizada, e que
“a operação inicia-se com a retirada via aquisição das bebidas já engarrafadas e acondicionadas no
engradado, da indústria fabricante, as quais são transportadas para as distribuidoras/revendedoras do
mesmo grupo empresarial onde permanecem em estoque. Em seguida, ocorre a distribuição para toda
cadeia comercial, composta por atacadistas, varejistas e consumidores finais. Os transportes efetuados
pela frota ocorrem tanto na fase de retirada do fabricante quando na distribuição para o consumidor
final. Portanto, a atividade principal da Consulente é desenvolvida com o auxílio indispensável do
transporte, tanto para as operações de compra quanto para as operações de venda” (fl. 6).
3. Nesse sentido, a consulente entende que “as despesas com atividades logísticas
integram o conceito de insumo trazido pela nova interpretação legislativa, como as despesas com a
depreciação, peças de reposição, combustível, pneu, lubrificante e manutenção”, uma vez que, “para
comercialização e entrega de seus produtos de revenda, desenvolve atividade de logística para
desempenhar suas funções como complemento a atividade de distribuição” (fl.7).
4. Cita, como fundamentação legal, o artigo 3º, II, VI, §2º, das Leis 10.833, de 2003, e
10.637, de 2002, o Parecer Normativo COSIT nº 5, de 2018, e o REsp 1.221.170/PR.

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5. Por fim, tece o seguinte questionamento, conforme fl. 12:


1) É permitida à Consulente a dedução de créditos de PIS/COFINS sobre sua atividade
de logística nas operações de venda e distribuição de mercadorias de sua atividade de
comércio atacadista de bebidas, assim entendidos como depreciação, peças de
reposição, combustível, pneu, lubrificante e serviços de manutenção?

FUNDAMENTOS

6. Preliminarmente, salienta-se que o instituto da consulta sobre a interpretação da


legislação tributária está previsto nos artigos 46 a 53 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972,
nos artigos 48 a 50 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e disciplinado nos arts. 88 a 102 do
Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, e na Instrução Normativa RFB nº 2.058, de 9 de
dezembro de 2021, destinando-se a conferir segurança jurídica ao sujeito passivo acerca da forma de
cumprimento de obrigações tributárias principais ou acessórias.
6.1 Nesse contexto, a consulta sobre a interpretação da legislação tributária não se presta
a ratificar informações ou classificações fiscais prestadas ou a atestar fatos declarados pela consulente,
sendo as análises feitas com base nas afirmações apresentadas, reservando-se sempre à administração
tributária o direito de, caso necessário, averiguar no caso concreto a realidade dos fatos.
6.2 Verificado o cumprimento dos requisitos de admissibilidade, conforme a Instrução
Normativa RFB n º 2.058, de 9 de dezembro de 2021, a presente consulta pode ser conhecida, sem
embargo de posterior análise acerca dos requisitos para produção de efeitos.
7. A dúvida da consulente, pessoa jurídica revendedora atacadista de cerveja, chope e
refrigerante, diz respeito à possibilidade de se apurar créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins com base no conceito de insumos a que se refere o art. 3º, II, das Leis nº 10.637, de 30 de
dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, calculados sobre suas despesas com
atividades de logística nas operações de venda e de distribuição de mercadorias. Em específico, em
relação às despesas com a depreciação, com as peças de reposição, com o combustível, com os pneus,
com os lubrificantes e com os serviços de manutenção dos veículos utilizados para a distribuição das
mercadorias.
8. A sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins
foi instituída pelas Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, e baseia-se em um sistema de
creditamento estabelecido no art. 3º dessas Leis, transcrito parcialmente a seguir:

Lei nº 10.833, de 2003.


Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos
calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos:
a) no inciso III do § 3º do art. 1º desta Lei; e

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b) nos §§ 1º e 1º-A do art. 2º desta Lei;


II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação
de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em
relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo
fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos
classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi;
(...)
§1º Observado o disposto no §15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação
da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor:
I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês;
Lei nº 10.637, de 2002.
Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos
calculados em relação a:
I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos:
a) no inciso III do § 3º do art. 1º desta Lei; e
b) nos §§ 1º e 1º-A do art. 2º desta Lei;
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação
de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em
relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo
fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos
classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi;
(...)
§ 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º
desta Lei sobre o valor:
I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês;

9. No caso específico da consulente, atacadista de bebidas frias, a apuração de créditos


sobre a aquisição de produtos a serem revendidos será feita de acordo com o art. 30 e § 1º da Lei nº
13.097, de 19 de janeiro de 2015:
Art. 30. A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa poderá
descontar créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS em relação à aquisição
no mercado interno ou à importação dos produtos de que trata o art. 14.
§ 1º Na hipótese de aquisição no mercado interno, os créditos de que trata
o caput correspondem aos valores informados na nota fiscal pelo vendedor, nos termos
do art. 36.

10. Sobre a apuração de créditos com base na aquisição de insumos a que se referem os
atos legais citados, deve-se atentar que, por meio do julgamento pela Primeira Seção do Superior

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Tribunal de Justiça do Recurso Especial 1.221.170/PR, consoante procedimento previsto para os


recursos repetitivos, cujo acórdão foi publicado no Diário da Justiça Eletrônico de 24 de abril de 2018,
sob a relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, a E. Corte deu entendimento próprio ao
conceito de insumos geradores de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e
da Cofins, na forma do inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de
2003. Transcreve-se, a seguir, a ementa do referido acórdão:

TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO.


CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS
247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU
ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS
DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE
CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543-C DO
CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015).
1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição
restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF,
efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3º, II, da Lei 10.637/2002 e da Lei
10.833/2003, que contém rol exemplificativo.
2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale
dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou
serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte.
3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão,
parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que
se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos
realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames
Documento: 82073880 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 24/04/2018 Página 1 de 2
Superior Tribunal de Justiça laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção
individual-EPI.
4. Sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentam-se as
seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da
SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não-
cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e
10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou
relevância, ou seja, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de terminado item
- bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo
Contribuinte.”

11. A decisão proferida pelo STJ tem efeito vinculante para esta RFB, em razão do disposto
nos arts. 19 e 19-A da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1, de
12 de fevereiro de 2014, e nos termos da Nota Explicativa correlata exarada pela Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional (PGFN).

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11.1. Diante disso, tornou-se necessária a edição do Parecer Normativo Cosit/RFB nº 5, de 17


de dezembro de 2018, publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 18 de dezembro de 2018
(disponível na íntegra no sítio eletrônico da RFB < http://idg.receita.fazenda.gov.br/>), para a correta
aplicação dos critérios definidos pelo Superior Tribunal de Justiça sobre o conceito de insumos. Nos
termos do art. 31 da Instrução Normativa RFB nº 2.058, de 9 de dezembro de 2021, o Parecer tem
efeito vinculante no âmbito da RFB em relação à interpretação a ser dada à matéria. A seguir,
transcrevem-se trechos do referido Parecer pertinentes à presente consulta:

Ementa. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE.


INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES.
Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial
1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade
ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a
prestação de serviços pela pessoa jurídica.
Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento:
a) o “critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente,
o produto ou o serviço”:
a.1) “constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do
serviço”;
a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência”;
b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à
elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja”:
b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”;
b.2) “por imposição legal”. Dispositivos Legais. Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, inciso II; Lei nº
10.833, de 2003, art. 3º, inciso II.
(...)
Fundamentos
(...)
14. Conforme constante da ementa do acórdão, a tese central firmada pelos Ministros da
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça acerca da matéria em comento é que “o conceito
de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja,
considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de terminado item -bem ou serviço -
para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte”.
15. Neste ponto já se mostra necessário interpretar a abrangência da expressão “atividade
econômica desempenhada pelo contribuinte”. Conquanto essa expressão, por sua generalidade,
possa fazer parecer que haveria insumos geradores de crédito da não cumulatividade das
contribuições em qualquer atividade desenvolvida pela pessoa jurídica (administrativa, jurídica,
contábil, etc.), a verdade é que todas as discussões e conclusões buriladas pelos Ministros

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circunscreveram-se ao processo de produção de bens ou de prestação de serviços desenvolvidos


pela pessoa jurídica.
16. Aliás, esta limitação consta expressamente do texto do inciso II do caput do art. 3º da Lei nº
10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003, que permite a apuração de créditos das
contribuições em relação a “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e
na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda”.
(...)
2. INEXISTÊNCIA DE INSUMOS NA ATIVIDADE COMERCIAL
40. Nos termos demonstrados acima sobre o conceito definido pela Primeira Seção do
Superior Tribunal de Justiça, somente há insumos geradores de créditos da não cumulatividade
da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins nas atividades de produção de bens destinados à
venda e de prestação de serviços a terceiros.
41. Destarte, para fins de apuração de créditos das contribuições, não há insumos na
atividade de revenda de bens, notadamente porque a esta atividade foi reservada a apuração
de créditos em relação aos bens adquiridos para revenda (inciso I do caput do art. 3º da Lei nº
10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003).
42. Em razão disso, exemplificativamente, não constituem insumos geradores de créditos
para pessoas jurídicas dedicadas à atividade de revenda de bens: a) combustíveis e lubrificantes
utilizados em veículos próprios de entrega de mercadorias 2; b) transporte de mercadorias entre
centros de distribuição próprios; c) embalagens para transporte das mercadorias; etc.
43. Sem embargo, cumpre frisar que, na esteira das disposições do inciso II do caput do art.
3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003, as considerações anteriores versam
sobre as “atividades” de “produção de bens ou prestação de serviços” e de “revenda de bens”, e
não sobre as “pessoas jurídicas” que desempenham uma ou outra atividade.
44. Assim, nada impede que uma mesma pessoa jurídica desempenhe atividades distintas
concomitante, como por exemplo “revenda de bens” e “produção de bens”, e possa apurar
créditos da não cumulatividade das contribuições na modalidade aquisição de insumos em
relação a esta atividade, conquanto lhe seja vedada a apuração de tais créditos em relação
àquela atividade.
2
Analisa-se aqui apenas a subsunção do item ao conceito de insumo (inciso II do caput do art.
3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003). Nada impede que o item possa se
enquadrar em outras modalidades de creditamento, como aquela estabelecido pelo inciso IX do
art. 3º c/c inciso II do art. 15 da Lei nº 10.833, de 2003.
(...)
Conclusão
166. Com base no exposto, conclui-se que, conforme estabelecido pela Primeira Seção do
Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de
apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (inciso
II do caput do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003) deve ser aferido à
luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens
destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica.

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167. Segundo a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o “critério da essencialidade


diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço”: a.1)
“constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do
serviço”; a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou
suficiência”; b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não
indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de
produção, seja”: b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”; b.2) “por imposição
legal”.
168. Como características adicionais dos bens e serviços (itens) considerados insumos na
legislação das contribuições em voga, destacam-se:
a) somente podem ser considerados insumos itens aplicados no processo de produção de bens
destinados à venda ou de prestação de serviços a terceiros, excluindo-se do conceito itens
utilizados nas demais áreas de atuação da pessoa jurídica, como administrativa, jurídica,
contábil, etc., bem como itens relacionados à atividade de revenda de bens;
(...)
(grifou-se).

12. Diante do Parecer Normativo supracitado, importa destacar que, para fins de apuração
de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, o conceito de insumos
deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para produção
de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica; e que somente podem
ser considerados insumos itens aplicados no processo de produção de bens destinados à venda ou de
prestação de serviços a terceiros, consoante art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833,
de 2003, excluindo-se do conceito itens utilizados nas demais áreas de atuação da pessoa jurídica,
como administrativa, jurídica, contábil, etc., bem como itens relacionados à atividade de revenda de
bens.
12.1 Portanto, para fins de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, não há
créditos sobre insumos na atividade comercial. Por conseguinte, para o caso exposto pela consulente,
cuja atividade consiste exclusivamente no comércio atacadista de cerveja, chope e refrigerante, as
despesas com a depreciação, com as peças de reposição, com o combustível, com os pneus, com os
lubrificantes e com os serviços de manutenção dos veículos utilizados para a entrega das mercadorias
não geram direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, em razão de não serem
consideradas insumos pela legislação de regência, notadamente porque a essa atividade foi reservada
a apuração de créditos em relação aos bens adquiridos para revenda (Art. 30, § 1º da Lei nº 13.097, de
2015). O fato de a consulente realizar o transporte das mercadorias utilizando frota própria não
descaracteriza a sua atividade de comércio atacadista.

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CONCLUSÃO

13. Diante do exposto, soluciona-se a presente consulta informando-se à consulente que:


13.1 Para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins, somente podem ser considerados insumos bens e serviços utilizados na
prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, excluindo-
se do conceito itens utilizados nas demais áreas de atuação da pessoa jurídica, como administrativa,
jurídica, contábil, etc., bem como itens relacionados à atividade de revenda de bens.
13.2 Na atividade comercial de revenda de bens, as despesas com a depreciação, com as
peças de reposição, com o combustível, com os pneus, com os lubrificantes e com os serviços de
manutenção dos veículos utilizados para a entrega das mercadorias não geram direito a crédito da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, em razão de não serem consideradas insumos pela
legislação de regência.
Assinado digitalmente
JOSÉ CARLOS DE SOUZA COSTA NEVES NETO
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil

De acordo. Encaminhe-se ao Coordenador da Cotri.

Assinado digitalmente Assinado digitalmente


HENRIQUE PINHEIRO TORRES RAUL KLEBER GOMES DE SOUZA
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Chefe da Disit01 Chefe da Direi

De acordo. À consideração do Coordenador-Geral da Cosit.

Assinado digitalmente
OTHONIEL LUCAS DE SOUSA JÚNIOR
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Chefe da Cotri

ORDEM DE INTIMAÇÃO

Aprovo a Solução de Consulta. Publique-se e divulgue-se nos termos do art. 43 da IN RFB


nº 2.058, de 9 de dezembro de 2021. Dê-se ciência ao consulente.

Assinado digitalmente
RODRIGO AUGUSTO VERLY DE OLIVEIRA
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Coordenador-Geral da Cosit Substituto

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