Arquivo 1 - Espaço Vetorial - AL - EngCiv - 2016

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Arquivo 1- Álgebra Linear - Engenharia Civil - Espaço vetorial sobre ℝ

Em Geometria Analítica conhecemos o conjunto dos vetores (um vetor é o conjunto de todos os
segmentos orientados equipolentes - podemos usar qualquer de seus representantes). Em relação a
esse conjunto, entre outras operações, foram definidas duas que nos interessam em nossa disciplina:
a adição e a multiplicação por escalar. Além disso, em relação a essas operações, foram estudadas
algumas propriedades, quatro da adição e quatro da multiplicação por escalar.
Qualquer conjunto em que se possam definir essas duas operações e em relação às quais valem as
mesmas propriedades, é denominado espaço vetorial sobre ℝ, em que ℝ representa o conjunto em
que os escalares estão definidos. Observamos que os escalares também podem ser definidos sobre
os coplexos (ℂ) e, nesse caso, dizemos espaço vetorial sobre ℂ. De modo geral, nos referiremos a
espaço vetorial sobre 𝑲, quando quisermos nos referir a qualquer dos dois.
Assim, dizemos que um conjunto 𝑽 é um espaço vetorial sobre um corpo 𝑲, quando:
(a) definimos uma operação, adição: ∀ 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑉, temos que 𝑢 + 𝑣 ∈ 𝑉, satisfazendo as
propriedades:
A1) 𝑢 + 𝑣 = 𝑣 + 𝑢 , ∀ 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑉 (comutativa)
A2) (𝑢 + 𝑣) + 𝑤 = 𝑢 + (𝑣 + 𝑤) , ∀ 𝑢, 𝑣, 𝑤 ∈ 𝑉 (associativa)
A3) ∀ 𝑢 ∈ 𝑉, ∃0𝑉 ∈ 𝑉 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑢 + 0𝑉 = 0𝑉 + 𝑢 = 𝑢 (existência do elemento neutro)
A4) ∀ 𝑢 ∈ 𝑉, ∃(−𝑢) ∈ 𝑉 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑢 + (−𝑢) = (−𝑢) + 𝑢 = 0𝑉 (todo elemento tem oposto)
(b) definimos uma operação, multiplicação por escalar: ∀ 𝑢 ∈ 𝑉, ∀𝛼 ∈ 𝐾 , temos que 𝛼𝑢 ∈ 𝑉,
satisfazendo as propriedades:
M1) (𝛼𝛽)𝑢 = 𝛼 (𝛽𝑢), ∀ 𝑢 ∈ 𝑉, ∀𝛼, 𝛽 ∈ 𝐾
M2) (𝛼 + 𝛽)𝑢 = 𝛼𝑢 + 𝛽𝑢, ∀ 𝑢 ∈ 𝑉, ∀𝛼, 𝛽 ∈ 𝐾
M3) 𝛼 (𝑢 + 𝑣) = 𝛼𝑢 + 𝛼𝑣, ∀ 𝑢, 𝑣 ∈ 𝑉, ∀𝛼 ∈ 𝐾
M4) 1. 𝑢 = 𝑢, ∀ 𝑢 ∈ 𝑉, 1 ∈ 𝐾
Sendo 𝑽 um espaço vetorial sobre 𝑲, os elementos de 𝑉 são denominados vetores, por analogia
aos vetores da Geometria Analítica.

Identificando espaços vetoriais sobre ℝ e suas representações:

ℝ = {𝒙 ∈ ℝ} conjunto dos números reais munido das operações usuais de adição: 𝑥 + 𝑦 e de


multiplicação: 𝑥𝑦 usuais.
ℝ𝟐 = {(𝒙, 𝒚) |𝒙, 𝒚 ∈ ℝ}. Conjunto dos pares ordenados de números reais, munido das operações
usuais de adição de pares ordenados: (𝑥, 𝑦 ) + (𝑧, 𝑤) = (𝑥 + 𝑧, 𝑦 + 𝑤) e da multiplicação de um par
ordenado por um escalar real: 𝛼 (𝑥, 𝑦 ) = (𝛼𝑥, 𝛼𝑦 ).

Profa. Dra. Maria Inez Miguel - PUC/SP


ℝ𝟑 = {(𝒙, 𝒚, 𝒛) |𝒙, 𝒚, 𝒛 ∈ ℝ}. Conjunto das ternas ordenadas de números reais, munido das
operações usuais de adição de ternas ordenadas: (𝑥, 𝑦, 𝑧 ) + (𝑤, 𝑡, 𝑠 ) = (𝑥 + 𝑤, 𝑦 + 𝑡, 𝑧 + 𝑠 ) e da
multiplicação de uma terna ordenada por um escalar real: 𝛼(𝑥, 𝑦, 𝑧 ) = (𝛼𝑥, 𝛼𝑦, 𝛼𝑧 ).
Podemos definir analogamente, ℝ𝒏 para qualquer 𝒏 natural.

ℂℝ = {𝒂 + 𝒃𝒊|𝒂, 𝒃 ∈ ℝ}. Conjunto dos números complexos, munido das operações usuais de
adição de números complexos: (𝑎 + 𝑏𝑖 ) + (𝑐 + 𝑑𝑖 ) = (𝑎 + 𝑐 ) + (𝑏 + 𝑑)𝑖 e de multiplicação de
um número complexo por um escalar real: 𝛼 (𝑎 + 𝑏𝑖 ) = (𝛼𝑎 ) + (𝛼𝑏 )𝑖.
Analogamente ao que fizemos para o conjunto dos números reais, podemos definir o conjunto dos
pares ordenados de números complexos (ℂℝ 𝟐 ), ou ainda, ternas ordenadas de números complexos
(ℂℝ 𝟑 ), ou qualquer n-upla de números complexos (ℂℝ 𝒏 ), para qualquer 𝒏 natural.
ℂℂ = {𝒂 + 𝒃𝒊|𝒂, 𝒃 ∈ ℝ}. Conjunto dos números complexos, munido das operações usuais de adição
de números complexos: (𝑎 + 𝑏𝑖 ) + (𝑐 + 𝑑𝑖 ) = (𝑎 + 𝑐 ) + (𝑏 + 𝑑)𝑖 e de multiplicação de um
número complexo por um escalar complexo: (𝛼 + 𝛽𝑖 )(𝑎 + 𝑏𝑖 ) = (𝛼𝑎 − 𝛽𝑏) + (𝛼𝑏 + 𝛽𝑎 )𝑖.
Analogamente, também podemos definir: (ℂℂ 𝟐 ), (ℂℂ 𝟑 ), (ℂℂ 𝒏 ).

𝒂 𝒃
𝓜𝟐 (ℝ) = {( ) |𝒂, 𝒃, 𝒄, 𝒅 ∈ ℝ}. Conjunto das matrizes quadradas de ordem 2, munido das
𝒄 𝒅
𝑎 𝑏 𝑒 𝑓 𝑎+𝑒 𝑏+𝑓
operações usuais de adição: ( )+( )=( ) e de multiplicação de uma
𝑐 𝑑 𝑔 ℎ 𝑐+𝑔 𝑑+ℎ
𝑏 𝑎 𝛼𝑎 𝛼𝑏
matriz por um escalar real: 𝛼 ( )=( ).
𝑑 𝑐 𝛼𝑐 𝛼𝑑
𝒂 𝒃 𝒄
Analogamente, definimos: 𝓜𝟑 (ℝ) = {(𝒅 𝒆 𝒇) |𝒂, 𝒃, 𝒄, 𝒅, 𝒆, 𝒇, 𝒈, 𝒉, 𝒊 ∈ ℝ}, ou 𝓜𝒏 (ℝ), para
𝒈 𝒉 𝒊
qualquer 𝒏 natural.
𝒂 𝒃 𝒄
Também podemos definir, por exemplo, 𝓜𝟐𝑿𝟑(ℝ) = {( ) |𝒂, 𝒃, 𝒄, 𝒅, 𝒆, 𝒇 ∈ ℝ}, ou
𝒅 𝒆 𝒇
ℳ𝑚𝑋𝑛 (ℝ) para qualquer 𝒏, 𝒎 naturais.

℘𝟏 (ℝ) = {𝒂 + 𝒃𝒕|𝒂, 𝒃 ∈ ℝ}. Conjunto dos polinômios reias de grau menor ou igual a um mais o
polinômio nulo, munido das operações usuais de adição de polinômios: (𝑎 + 𝑏𝑡 ) + (𝑐 + 𝑑𝑡 ) =
(𝑎 + 𝑐 ) + (𝑏 + 𝑑)𝑡 e de multiplicação de um polinômio por um escalar real: 𝛼 (𝑎 + 𝑏𝑡 ) = (𝛼𝑎 ) +
(𝛼𝑏)𝑡
Analogamente, definimos: ℘𝟐 (ℝ) = {𝒂 + 𝒃𝒕 + 𝒄𝒕𝟐 |𝒂, 𝒃, 𝒄 ∈ ℝ}, conjunto dos polinômios de grau
menor ou igual a dois, mais o polinômio nulo, ou : ℘𝒏 (ℝ) , para qualquer 𝒏 natural.
Observamos que não se define grau para o polinômio nulo.

Profa. Dra. Maria Inez Miguel - PUC/SP

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