Filosofia Politica Na Idade Moderna - 101442

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Filosofia politica na idade moderna – Introducao

É o período moderno, entretanto, aquele que estabeleceu as principais temáticas que


estão em questão ainda hoje. Distanciando-se de propostas anteriores, os filósofos desse
período argumentaram sobre a hipótese de um contrato social que seria o marco do
início da vida em sociedade.

A pretensa sociabilidade natural dos seres humanos é criticada por Thomas Hobbes, que
pensou a situação anterior à sociedade como instável e perigosa, propondo que apenas
um poder absoluto poderia garantir a segurança de todos em sociedade. O custo seria a
liberdade dos indivíduos (entendidos como seres naturalmente belicosos), a qual deveria
ser severamente diminuída para que um estado de paz pudesse ser instaurado.

John Locke, com sua defesa de uma visão liberal e democrática do Estado, pensou o
contrato como meio de assegurar certos direitos naturais, especialmente o de
propriedade, devendo o indivíduo ser submisso ao governo na medida em que esses
direitos forem respeitados.

O terceiro grande contratualista, Jean Jacques Rousseau, defendeu o ser humano como
naturalmente bondoso, sendo sua corrupção fruto do convívio social. Coube a esse
filósofo de origem genovesa a proposta de uma vontade geral, conceito ainda hoje
muito estudado.

É Nicolau Maquiavel, entretanto, que muitos identificam como o inaugurador do


pensamento político moderno. Sua ênfase sobre os fatos e as circunstâncias resultou em
uma visão menos idealizada da ação política. Criticou, principalmente, a relevância da
noção de virtude para que um governante tivesse êxito em suas ações.
1. Maquiavel e os principados

Com o fim do império cristão e com o enfraquecimento do poder politico do papado,


surgem, fora da Itália, os estados nacionais, e em Itália, as republicas e as senhorias.
Eram regimes onde se respirava o ar de liberdade e onde se procurava, acima de tudo, o
bem-estar material dos cidadãos, em detrimento do bem-estar espiritual. Na sua obra o
filosofo que viveu durante esta época em vivia em Florença possuía um pensamento
mais liberal e uma perspetiva mais pragmática em relação a republica e a monarquia
seus governos por eleição sendo Maquiavel um defensor do absolutismo monárquico.

Maquiavel acreditava nestes dois governos sendo os mais adequados de uma forma um
tanto separada pois para ele adoção de um ou outro variava de acordo com o contexto
político e social: se o momento fosse de tranquilidade, paz e estabilidade, a monarquia
seria o melhor governo; se de convulsão e de conflitos extremos, a república
corresponderia à melhor alternativa.

Maquiavel defende a ideia de que um estado forte depende de um governante eficaz, e


para que ele seja bom, ele deve ter boas habilidades políticas. Para ele, são
características relevantes de um bom príncipe, ser bondoso, caridoso, religioso e ter
moral. Porem este não deixava de acrescentar que estas características deviam ajudar o
governante a ser aquilo que o pensador chamou de “lobos em pele de cordeiro” o que
dizia que estes não podiam deixar de ser duros com o povo por fingirem agir com a
melhor das intenções.

Em sua concepção no que diz respeito ao estado de natureza do homem maquiavel tinha
uma visão um tanto pessimista em relação aos homens referindo que “O homem vive
numa situação constante de todos contra todos, pois, por natureza o homem é mau.

De acordo com Maquiavel os Estados, todos os governos que tiveram e têm autoridade
sobre os homens, foram e são ou repúblicas ou principados. Os principados são: ou
hereditários, quando seu sangue senhorial é nobre há já O Príncipe longo tempo, ou
novos. Os novos podem ser totalmente novos, como foi Milão com Francisco Sforza, ou
o são como membros acrescidos ao Estado hereditário do príncipe que os adquire, como
é o reino de Nápoles em relação ao rei da Espanha. Estes domínios assim obtidos estão
acostumados, ou a viver submetidos a um príncipe, ou a ser livres, sendo adquiridos
com tropas de outrem ou com as próprias, bem como pela fortuna ou por virtude
Em sua obra “O príncipe” Maquiavel fez menção aos principados e a suas
características tendo este dividido o principado em dois tipos sendo estes: os
principados hereditários e os principados mistos que ilustro por seguida.

Para Maquiavel a preservação dos Estados hereditários e afeiçoados à linhagem de seu


príncipe, as dificuldades são assaz menores que nos novos, pois é bastante não preterir
os costumes dos antepassados e, depois, contemporizar com os acontecimentos
fortuitos, de forma que, se tal príncipe for dotado de ordinária capacidade sempre se
manterá no poder, a menos que uma extraordinária e excessiva força dele venha a privá-
lo; e, uma vez dele destituído, ainda que temível seja o usurpador, volta a conquistá-lo.

Maquiavel que em Itália citou como exemplo, o Duque de Ferrara que não cedeu aos
assaltos dos venezianos em 1484 nem aos do Papa Júlio em 1510, apenas por ser antigo
naquele domínio. Na verdade, o príncipe natural tem menores razões e menos
necessidade de ofender: donde se conclui dever ser mais amado e, se não se faz odiar
por desbragados vícios, é lógico e natural seja benquisto de todos. E na antiguidade e
continuação do exercício do poder, apagam-se as lembranças e as causas das inovações,
porque uma mudança sempre deixa lançada a base para a ereção de outra.

Mas é nos principados novos que residem as dificuldades. Em primeiro lugar, se não é
totalmente novo, mas sim como membro anexado a um Estado hereditário (que, em seu
conjunto, pode chamar-se "quase misto"), as suas variações resultam principalmente de
uma natural dificuldade inerente a todos os principados novos: é que os homens, com
satisfação.

mudam de senhor pensando melhorar e esta crença faz com que lancem mão de armas
contra o senhor atual, no que se enganam porque, pela própria experiência, percebem
mais tarde ter piorado a situação. Isso depende de uma outra necessidade natural e
ordinária, a qual faz com que o novo príncipe sempre precise ofender os novos súditos
com seus soldados e com outras infinitas injúrias que se lançam sobre a recente
conquista; dessa forma, tens como inimigos O Príncipe todos aqueles que ofendeste
com a ocupação daquele principado e não podes manter como amigos os que te puseram
ali, por não poderes satisfazê-los pela forma por que tinham imaginado, nem aplicar-
lhes corretivos violentos uma vez que estás a eles obrigado; porque sempre, mesmo que
fortíssimo em exércitos, tem-se necessidade do apoio dos habitantes para penetrar numa
província.
Em sua obra o pensador também fez questão de ilustrar os meios de se alcançar o poder
por parte dos principados, tendo por muitas vezes em “O príncipe” se referido ao uso da
forca para o alcance de poder

DE QUE MODO SE DEVAM GOVERNAR AS CIDADES OU PRINCIPADOS QUE,


ANTES DE SEREM OCUPADOS, VIVIAM COM AS SUAS PRÓPRIAS LEI

Segundo Maquiavel, aqueles estados que se conquistam, como foi dito, estão habituados
a viver com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-los: o
primeiro, arruiná-los; o outro, ir habitá-los pessoalmente; o terceiro, deixá-los viver com
suas leis, arrecadando um tributo e criando em seu interior um governo de poucos, que
se conservam amigos, porque, sendo esse governo criado por aquele príncipe, sabe que
não pode permanecer sem sua amizade e seu poder, e há que fazer tudo por conservá-
los. Querendo preservar uma cidade habituada a viver livre, mais facilmente que por
qualquer outro modo se a conserva por intermédio de seus cidadãos.

Como exemplos, existem os espartanos e os romanos. Os espartanos conservaram


Atenas e Tebas, nelas criando um governo de poucos; todavia, perderam-nas. Os
romanos, para manterem Cápua, Cartago e Numância, destruíram-nas e não as
perderam; quiseram conservar a Grécia quase como o fizeram os espartanos, tornando-a
livre e deixando-lhe suas próprias leis e não o conseguiram: em razão disso, para
conservá-la, foram obrigados a destruir muitas cidades daquela província.

É que, em verdade, não existe modo seguro para conservar tais conquistas, senão a
destruição. E quem se torne senhor de uma cidade acostumada a viver livre e não a
destrua, espere ser destruído por ela, porque a mesma sempre encontra, para apoio de
sua rebelião, o nome da liberdade e o de suas antigas instituições, jamais esquecidas seja
pelo decurso do tempo, seja por benefícios recebidos. Por quanto se faça e se proveja, se
não se dissolvem ou desagregam os habitantes, eles não esquecem aquele nome nem
aquelas instituições, e logo, a cada incidente, a eles recorrem como fez Pisa cem anos
após estar submetida aos florentinos.

DOS QUE CHEGARAM AO PRINCIPADO POR MEIO DE CRIMES

Maquiavel também enunciou que, pode-se tornar príncipe ainda por dois modos que não
podem ser atribuídos totalmente à fortuna ou à virtude, não me parece acertado pô-los
de parte, ainda que de um deles se possa mais amplamente cogitar em falando das
repúblicas. Estes são, ou quando por qualquer meio criminoso e nefário se ascende ao
principado, ou quando um cidadão privado se torna príncipe de sua pátria pelo favor de
seus concidadãos. E, falando do primeiro modo, apontarei dois exemplos, um antigo e
outro atual, sem entrar, contudo, no mérito desta parte, pois penso seja suficiente, a
quem de tal necessitar, apenas imitá-los. Agátocles siciliano, não só de privada, mas
também de ínfima e abjeta condição, tornou-se rei de Siracusa. Filho de um oleiro, teve
sempre, no decorrer de sua juventude, vida celerada; todavia, acompanhou seus atos
delituosos de tanto vigor de ânimo e de corpo que, tendo ingressado na milícia, em
razão de atos de maldade, chegou a ser pretor de Siracusa. Uma vez investido nesse
posto, tendo deliberado tornar-se príncipe e manter pela violência e sem favor dos
outros aquilo que por acordo de todos lhe tinha sido concedido, depois de acerca desse
seu desejo ter estabelecido acordo com Amilcar cartaginês, que se encontrava em ação
com os seus exércitos na Sicilia, reuniu certa manhã o povo e o senado de Siracusa
como se tivesse de deliberar sobre assuntos pertinentes à República e, a um sinal
combinado, fez que seus soldados matassem todos os senadores e os mais ricos da
cidade; mortos estes, ocupou e manteve o principado daquela cidade sem qualquer
controvérsia civil. E, se bem por duas vezes os cartagineses tivessem com ele rompido e
estabelecido assédio, não só pode defender a sua cidade como ainda, tendo deixado
parte de sua gente na defesa contra o cerco, com o restante assaltou a África e em breve
tempo libertou Siracusa do sítio levando os cartagineses a extrema dificuldade: tiveram
de com ele estabelecer acordo e contentar-se com as possessões da África, deixando a
Sicília para Agátocle

2. Thomas Hobbes e o Absolutismo do poder

Thomas Hobbes foi um filósofo, teórico político e matemático inglês, considerado um


dos principais expoentes do pensamento contratualista na Filosofia Política. Hobbes foi
muito próximo da família real e defendeu, até o fim de sua vida, a monarquia. O
principal livro escrito por Hobbes foi Leviatã.

Hobbes via o homem como um ser egocêntrico, irracional e refém de seu semelhante.
Nesse cenário de extrema liberdade, ausência de paz e insegurança, refletindo em um
estado de guerra por não haver controle entre os homens, Hobbes relata o sentimento de
poder, perseguição, e de traição do homem em relação a outro.

Quanto ao estado de natureza, Hobbes afirma que, em seu estado de natureza, “o


homem é o lobo do homem”. O estado civil seria a solução para uma convivência
pacífica, em que o ser humano abriria mão de sua liberdade para obter a paz no convívio
social. O monarca como argumenta o filósofo, pode fazer o que for preciso para manter
a ordem social. Sendo o possuidor dos fins e assim dos seus meios

Para Hobbes o estado uma organização soberana. Que, depois de constituído, de


formalizado, tem poderes ilimitados de organizar a sociedade como melhor lhe julgar.
Sem Estado não há civilização, não há cidadania, não há paz.

Para Hobbes o objetivo do estado é o bem comum entre todos os indivíduos no qual o
poder de seu representante é absoluto, soberano. Com isso era notório que Hobbes
claramente defendia o absolutismo, pois para o filosofo inglês o poder é uno e
indivisível. Esse poder pode ser adquirido pela guerra ou pelo acordo entre os
indivíduos.

Em sua contribuição para a filosofia politica Thomas Hobbes afirma que os homens só
podem viver em paz se concordarem em submeter-se a um poder absoluto e
centralizado. O Estado não pode estar sujeito às leis por ele criadas pois isso seria
infringir sua soberania.

De acordo com Hobbes diz-se que um estado foi instituído quando uma multidão de
homens concordam e pactuam, cada um com cada um dos outros, que a qualquer
homem ou assembleia de homens a quem seja atribuído pela maioria o direito de
representar a pessoa de todos eles (ou seja, de ser seu representante ), todos sem
exceção, tanto os que votaram a favor dele como os que votaram contra ele, deverão
autorizar todos os atos e decisões desse homem ou assembleia de homens, tal como se
fossem seus próprios atos e decisões, a fim de viverem em paz uns com os outro e serem
protegidos dos restantes homens. É desta instituição do Estado que derivam todos os
direitos e faculdades daquele ou daqueles a quem o poder soberano é conferido
mediante o consentimento do povo reunido. Assim Hobbes ilustra em sua obra Leviatã
os seguintes pontos
Em primeiro lugar, na medida em que pactuam, deve entender-se que não se encontram
obrigados por um pacto anterior a qualquer coisa que contradiga o atual.
Consequentemente, aqueles que já instituíram um Estado, dado que são obrigados pelo
pacto a reconhecer como seus os atos e decisões de alguém, não podem legitimamente
celebrar entre si um novo pacto no sentido de obedecer a outrem, seja no que for, sem
sua licença. Portanto, aqueles que estão submetidos a um monarca não podem sem
licença deste renunciar à monarquia, voltando à confusão de uma multidão desunida,
nem transferir sua pessoa daquele que dela é portador para outro homem, ou outra
assembleia de homens. Pois são obrigados, cada homem perante cada homem, a
reconhecer e a ser considerados autores de tudo quanto aquele que já é seu soberano
fizer e considerar bom fazer. Assim, a dissensão de alguém levaria todos os restantes a
romper o pacto feito com esse alguém, o que constitui injustiça. Por outro lado, cada
homem conferiu a soberania àquele que é portador de sua pessoa, portanto se o
depuserem estarão tirando-lhe o que é seu, o que também constitui injustiça. Além do
mais, se aquele que tentar depor seu soberano for morto, ou por ele castigado devido a
essa tentativa, será o autor de seu próprio castigo, dado que por instituição é autor de
tudo quanto seu soberano fizer. E, dado que constitui injustiça alguém fazer coisa
devido à qual possa ser castigado por sua própria autoridade, também a esse título ele
estará sendo injusto. E quando alguns homens, desobedecendo a seu soberano,
pretendem ter celebrado um novo pacto, não com homens, mas com Deus, também isto
é injusto, pois não há pacto com Deus a não ser através da mediação de alguém que
represente a pessoa de Deus, e ninguém o faz a não ser o lugar-tenente de Deus, o
detentor da soberania abaixo de Deus.

Em segundo lugar, dado que o direito de representar a pessoa de todos é conferido ao


que é tornado soberano mediante um pacto celebrado apenas entre cada um e cada um, e
não entre o soberano e cada um dos outros, não pode haver quebra do pacto da parte do
soberano, portanto nenhum dos súditos pode libertar-se da sujeição, sob qualquer
pretexto de infração. É evidente que quem é tornado soberano não faz antecipadamente
qualquer pacto com seus súditos, porque iria ou que celebrá-lo com toda a multidão, na
qualidade de parte do pacto, ou que celebrar diversos pactos, um com cada um deles.
Com o todo, na qualidade que parte, é impossível, porque nesse momento eles ainda não
constituem uma pessoa. E se fizer tantos pactos quantos forem os homens, depois de ele
receber a soberania esses pactos serão nulos, pois qualquer ato que possa ser
apresentado por um deles como rompimento do pacto será um ato praticado tanto por
ele mesmo como por todos os outros, porque será um ato praticado na pessoa e pelo
direito de cada um deles em particular.

Em terceiro lugar, se a maioria, por voto de consentimento, escolher um soberano, os


que tiverem discordado devem passar a consentir juntamente com os restantes. Ou seja,
devem aceitar reconhecer todos os ates que ele venha a praticar, ou então serem
justamente destruídos pelos restantes. Aquele que voluntariamente ingressou na
congregação dos que constituíam a assembleia, declarou suficientemente com esse ato
sua vontade e, portanto, tacitamente fez um pacto? de se conformar ao que a maioria
decidir. Portanto, se depois recusar aceitá-la, ou protestar contra qualquer de seus
decretos, age contrariamente ao pacto, isto é, age injustamente. E quer faça parte da
congregação, quer não faça, e quer seu consentimento seja pedido, quer não seja, ou terá
que submeter-se a seus decretos ou será deixado na condição de guerra em que antes se
encontrava. e na qual pode, sem injustiça, ser destruído por qualquer um.

Em quarto lugar, dado que todo súdito é por instituição autor de todos os atos e decisões
do soberano instituído, segue-se que nada do que este faça pode ser considerado injúria
para com qualquer de seus súditos, e que nenhum deles pode acusá-lo de injustiça. Pois
quem faz alguma coisa em virtude da autoridade de um outro não pode nunca causar
injúria àquele em virtude de cuja autoridade está agindo. Por esta instituição de um
Estado, cada indivíduo é autor de tudo quanto o soberano fizer, por consequência aquele
que se queixar de uma injúria feita por seu soberano estar-se-á queixando daquilo de
que ele próprio é autor, portanto não deve acusar ninguém a não ser a si próprio; e não
pode acusar-se a si próprio de injúria, pois causar injúria a si próprio é impossível. É
certo que os detentores do poder soberano podem cometer iniquidade, mas não podem
cometer injustiça nem injúria em sentido próprio.

Em quinto lugar, e em consequência do que foi dito por último, aquele que detém o
poder soberano não pode justamente ser morto, nem de qualquer outra maneira pode ser
punido por seus súditos. Dado que cada súdito é autor dos atos de seu soberano, cada
um estaria castigando outrem pelos atos cometidos por si mesmo.

Visto que o fim dessa instituição é a paz e a defesa de todos, e visto que quem tem
direito a um fim tem direito aos meios, constitui direito de qualquer homem ou
assembleia que detenha a soberania o de ser juiz tanto dos meios para a paz e a defesa
quanto de tudo o que possa perturbar ou dificultar estas últimas. E o de fazer tudo o que
considere necessário ser feito, tanto antecipadamente, para a preservação da paz e da
segurança, mediante a prevenção da discórdia no interior e da hostilidade vinda do
exterior, quanto também, depois de perdidas a paz e a segurança, para a recuperação de
ambas. E em consequência.

Em sexto lugar, compete à soberania ser juiz de quais as opiniões e doutrinas que são
contrárias à paz, e quais as que lhe são propícias. E em consequência, de em que
ocasiões, até que ponto e o que se deve conceder àqueles que falam a multidões de
pessoas, e de quem deve examinar as doutrinas de todos os livros antes de serem
publicados. Pois as ações dos homens derivam de suas opiniões, e é no bom governo
das opiniões que consiste o bom governo das ações dos homens, tendo em vista a paz e
a concórdia entre eles. E embora em matéria de doutrina não se deva olhar a nada senão
à verdade, nada se opõe à regulação da mesma em função da paz. Pois uma doutrina
contrária à paz não pode ser verdadeira, tal como a paz e a concórdia não podem ser
contrárias à lei da natureza. É certo que, num Estado onde, devido à negligência ou
incapacidade dos governantes e dos mestres, venham a ser geralmente aceites falsas
doutrinas, as verdades contrárias podem ser geralmente ofensivas. Mas mesmo a mais
brusca e repentina irrupção de uma nova verdade nunca vem quebrantar a paz: pode
apenas às vezes despertar a guerra. Porque aqueles que são tão desleixadamente
governados que chegam a ousar pegar em armas para defender ou impor uma opinião,
esses se encontram ainda em condição de guerra. Sua situação não é a paz, mas apenas
uma suspensão de hostilidades por medo uns aos outros. É como se vivessem
continuamente num prelúdio de batalha. Portanto compete ao detentor do poder
soberano ser o juiz, ou constituir todos os juízes de opiniões e doutrinas, como uma
coisa necessária para a paz, evitando assim a discórdia e a guerra civil. Em sétimo lugar,
pertence à soberania todo o poder de prescrever as regras através das quais todo homem
pode saber quais os bens de que pode gozar, e ais as ações que pode praticar, sem ser
molestado por qualquer de seus concidadãos: é a isto que os homens chamam
propriedade. Porque antes da constitui) do poder soberano (conforme já foi mostrado)
todos os homens tinham direito todas as coisas, o que necessariamente provocava a
guerra. Portanto esta propriedade, dado que é necessária à paz e depende do poder
soberano, é um ato de poder tendo em vista a paz pública. Essas regras da propriedade
(ou meum e tuum), tal como o bom e o mau, ou o legítimo e o ilegítimo nas ações dos
súditos, são as leis civis. Quer dizer, as leis de cada estado em particular, embora hoje o
nome de direito civil se aplique apenas às antigas leis civis da cidade, pois sendo esta a
capital de uma grande parte do mundo, suas leis eram de tempo o direito civil dessa
região.

Em oitavo lugar, pertence ao poder soberano a autoridade judicial, quer dizer, o direito
de ouvir e julgar todas as controvérsias que possam surgir com respeito às leis, tanto
civis quanto naturais, ou com respeito aos fatos. Porque na decisão das controvérsias
não pode haver proteção de um súdito contra as árias de um outro. Serão em vão as leis
relativas ao meum e ao tuum. E cada homem detém, devido ao natural e necessário
apetite de sua própria conservação, o direito de proteger-se a si mesmo com sua força
individual, o que é uma condição de guerra, contrária aos fins que levaram à instituição
de todo Estado.

Em nono lugar, pertence à soberania o direito de fazer a guerra e a paz com outras
nações e estados. Quer dizer, o de decidir quando ela, a guerra, corresponde ao bem
comum, e qual a quantidade de forças que devem ser reunidas, oradas e pagas para esse
fim, e de levantar dinheiro entre os súditos, a fim de pagar suas despesas.

Em décimo lugar, compete à soberania a escolha de todos os conselheiros, ministros,


magistrados e funcionários, tanto na paz como na guerra. Dado que o soberano está
encarregado dos fins, que são a paz e a defesa comuns, entende-se que ele possui o
poder daqueles meios que considerar mais adequados para seu propósito.

Em décimo primeiro lugar, é confiado ao soberano o direito de recompensar com


riquezas e honras, e o de punir com castigos corporais ou pecuniários, ou com a
ignomínia, a qualquer súdito, de acordo com a lei que previamente estabeleceu. Caso
não haja lei estabelecida, de acordo com o que considerar mais capaz de conduzir ao
serviço do Estado, ou de desestimular a prática de desserviços ao mesmo.

4.Jean Jacque Rousseau e o contratualismo

Segundo Jean Jacque Rosseau o contrato social ee um acordo entre individuos para
criar-se uma sociedade, e so entao um estado, isto ee, o contrato ee um pacto de
associacao, e não de submissao.
Porem tal pensamento por parte do filosofo levantou algumas questoes dentre elas:
Como preservar a liberdade natural do homem e ao mesmo tempo garantir a segurancaa
e o bem-estar da vida em sociedade?

De acordo com Rosseau isso seria possivrel atraves de um contrato social, por meio do
qual prevaleceria a soberania da sociedade, soberania politica da vontade coletiva. Que
se referia a vontade da sociedade no contrato social ou seja a vontade do estado de
governo coletivo entre os homens que viviam em sociedade, dando fim ao estado de
natureza ou estado original.

Para o pensador Rosseau, o estado da natureza era o estado original, no qual os homens
viveriam sem governo. Os conflitos decorrentes das lutas individuais pela
autopreservacao. O contrato social seria responsavel pelo fim desse mesmo estado ou
seja pelo fim do estado de natureza.

Afinal como diz Rosseau: “ Suponhamos que o homem chegando a aquele ponto em
que os obstaculos prejudiciais a sua conservacao no estado de natureza sobrepujam pela
sua resistencia as forca de que cada individuo dispoe para manter-se nesse estado.
Entao, nesse estado primitivo já não pode substituir, e o genero humano perecia se não
mudasse de modo de vida”.

O enunciado de Rosseau ilustra o contrato social como a melhor forma de convivencia


social, na concepcao dos direitos individuais em nome do bem comum conduz a
organizacao politica da sociedade. Para o pensador, a organizacao social e politica
resulta das necessidades sociais humanas.

Desse modo, ao abandonar o estado de natureza, o homem perde a independência, mas


alcança uma forma de liberdade superior e elevada. Ao tornar-se cidadão de uma
sociedade, ele tem a oportunidade de aprimorar suas potencialidades humanas e,
portanto, desenvolver sua natureza e consciência racional. A virtude não é possível no
estado de natureza, uma vez que apenas em sociedade os homens podem ter consciência
de elementos morais.

Para o pensador, contrato social é o ato necessário para que a união preserve cada
indivíduo e seus respetivos bens, obedecendo a si próprio e livre como antes. As
cláusulas do contrato social, embora nunca enunciadas, são reconhecidamente iguais em
todos os lugares. Tais cláusulas são de tal modo determinadas pela natureza do ato que
qualquer alteração o anula e, infringindo o pacto social, os indivíduos voltam à
liberdade natural e perdem a liberdade contratada.

Segundo Rosseau, o problema do contrato social está em como fazer com que todos os
homens vivam a liberdade e ao mesmo tempo abram mão de seus direitos em favor da
liberdade coletiva e aceitem o pacto social.

A solução é dada pelo “Contrato Social”, de acordo com Rosseau que escreveu:
“Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja contra toda força comum, a
pessoa e os bens de cada associado e pela qual cada um, unindo-se a todos, apenas
obedeça a si próprio, e se conserve tão livre quanto antes”.

Jean Jacque Rosseau acreditava na democracia como melhor forma de governo, uma
vez que está diretamente ligada à natureza de associação dos homens. A espécie humana
necessita de união, por isso forma comunidades, para não perecer. Porém, é necessário
encontrar a melhor forma de associação, que defenda a liberdade natural enquanto meio
para essa finalidade, que é a união para a conservação mútua. No entanto, Rousseau
também afirma que a verdadeira democracia é impraticável. O interesse privado não
deve se sobrepor ao interesse geral. Existem muitas dificuldades nessa forma de
governo, que é a mais suscetível às guerras civis.

De maneira geral, Rousseau, admite a impossibilidade efetiva da democracia,


verdadeira, em função da dificuldade de haver uma assembleia popular permanente ou o
governo simultâneo de muitas pessoas investidas de um mesmo cargo. Ainda assim, o
autor procura conciliar aspetos como a liberdade, o direito e a soberania popular em um
modelo ideal de governo originado no pacto entre cidadãos interessados no bem comum
e no respeito à vontade da maioria.

3. John Locke e o Liberalismo

John Locke nasceu em 1632, no seio de uma família protestante com inclinações
puritanas. Seu pai, um modesto advogado, lutou a favor do Parlamento durante a Guerra
Civil. Locke realizou seus estudos de segundo grau na Westminster School, exercitando-
se nas línguas clássicas, e em seguida ingressou num instituto universitário de Oxford, o
Christ Church College, uma das mais prestigiosas instituições acadêmicas da Inglaterra.
Recebeu uma educação filosófica escolástica convencional, isto é, aristotélico-tomista,
com o tradicional curriculum de retórica, gramática, filosofia moral, lógica, geometria,
latim e grego, interessando-se também pelas ciências experimentais e pela medicina.

John Locke durante as suas incursões pela filosofia politica para alem das obras por si
escritas foi um dos responsáveis por promover o movimento Whig, movimento este que
se dedicava a apoiar a expulsão de Jaime II,

Para Locke como representante liberal individualismo liberal, defendeu a monarquia


constitucional e representativa, que foi a forma de governo estabelecida na Inglaterra,
depois da revolução de 1688, como o seu governo mais eficaz ou o melhor governo no
seu ponto de vista.

Os dois tratados sobre o governo civil são a obra política mais importante de John
Locke, originalmente escrita, no início da década de 1680, para promover o movimento
Whig liderado por Shaftesbury. Depois, modificou-a de acordo com as novas
circunstâncias e, no “prefácio” publicado em 1689, declarou abertamente que sua obra
era para justificar a Revolução Gloriosa de 1688 como continuação da luta de 1640-
1660 e “para consolidar o trono de nosso grande restaurador, o atual rei Guilherme”.

O PRIMEIRO TRATADO OU O DIREITO DIVINO A GOVERNAR

O Primeiro tratado critica especificamente os argumentos da bem-sucedida obra de Sir


Robert Filmer, “Patriarca ou o poder natural dos reis”, publicado em 1680, para
defender sua postura. Filmer era o porta-voz daqueles que apoiavam o absolutismo real
e a justificação do poder absoluto, muito mais do que Hobbes, autor rejeitado e pouco
importante entre os monárquicos por negar a origem divina do poder. Filmer afirmava
que Adão, pela autoridade que Deus lhe confiou, era o dono do mundo inteiro e
monarca de todos os seus descendentes, sendo o poder dos reis e pais idêntico e
ilimitado: os monarcas deviam ser vistos como substitutos de Adão e pais de seus
povos. A submissão dos filhos aos pais era o modelo de toda organização social
conforme a lei divina e natural. O poder monárquico absoluto de Adão foi transmitido
ao seu filho mais velho, e sucessivamente aos primogênitos homens entre seus
descendentes. De acordo com a crítica de Locke, “Seu sistema se encerra num pequeno
círculo que não vai alem do seguinte: Todo governo é uma monarquia absoluta. E a
proposição em que alicerça todo seu sistema é: “Nenhum homem nasce livre”
Por um lado, Locke nega que a autoridade real tenha sido concedida a Adão por Deus, e
aceita ainda menos que tenha sido transmitida por sucessão a seus herdeiros. Todos nós
descendemos de Adão e é impossível saber qual seria o seu filho mais velho. Além
disso, havia vários reis no mundo e não um só sucessor, e “se o próprio Adão ainda
estivesse em vida e à beira da morte, é certo que existe um homem, e apenas um no
mundo, que é seu herdeiro imediato”.

Locke se interroga acerca da “grande questão que conturbou em todas as épocas a


humanidade”: quem deve exercer o poder. O argumento de Locke contra Filmer visa
fundamentalmente não considerar o Estado como uma criação de Deus, e sim como uma
união política consensual e realizada a partir de homens livres e iguais. O Primeiro
Tratado é longo, porém muito efetivo em seus argumentos, baseados na razão e no senso
comum mais do que na teologia ou na tradição. Após terminar este trabalho preparatório
de demolição, Locke começa a construção de sua própria doutrina política. Sua intenção
originária era responder a pergunta: a quem devemos obedecer? Mas o Locke do
Primeiro tratado ainda não havia descoberto o que hoje consideramos os princípios
fundamentais do liberalismo. Esta primeira parte quer apenas refutar a obra de Filmer, e
é necessário ler o Segundo tratado para encontrar o pai da teoria liberal.

O SEGUNDO TRATADO OU OS FUNDAMENTOS DO LIBERALISMO

O Primeiro tratado demonstrou que nem Adão nem os seus herdeiros tinham domínio
algum sobre o mundo tal como pretendia a doutrina absolutista de Sir Robert Filmer. O
Segundo tratado, como o próprio subtítulo indica, versa sobre a “verdadeira origem, a
extensão e o fim do governo civil”, considerado como uma resposta às posições
absolutistas de Hobbes e dos monárquicos. As semelhanças entre os pensamentos de
Hobbes e Locke podem ser sintetizadas nos seguintes pontos: a concepção
individualista do homem, a lei natural como lei de autopreservação, a realização de um
pacto ou contrato para sair do estado de natureza, e por último, a sociedade política
como remédio contra os males e problemas do estado de natureza. As diferenças são
maiores e estão relacionadas às suas perspetivas acerca da condição humana (pessimista
o primeiro e otimista o segundo), o estado de natureza (violento e pacífico), o contrato
(um ou vários), o governo (absoluto ou restringido).

Para Locke o homem possuía os conhecidos direitos naturais que consistem em certas
regras da natureza que governam a conduta humana e que podem ser descobertas com o
uso da razão. Todos os indivíduos têm uma racionalidade implantada “pelo próprio
Deus” (através da qual podem discernir entre o bem e o mal, e cujo primeiro e mais
forte desejo “é o da autopreservação” e o de preservar a humanidade de fazer dano ao
outro pois a vida, a liberdade e os bens são propriedade de toda a pessoa.

O Segundo tratado é um texto clássico sobre a lei natural. No entanto, existe certa
contradição com o Ensaio sobre o entendimento humano, na primeira obra, Locke
afirma que é possível ter um conhecimento dedutivo das leis naturais através da razão,
na segunda, negava a possibilidade da existência de tais leis, dado que não podemos ter
conhecimento inato das mesmas e a experiência demonstrou que em diferentes épocas e
sociedades a humanidade divergia acerca dos verdadeiros conteúdos das mesmas. Se
nenhuma ideia é inata e não há prova empírica da lei natural, a existência desta é
insustentável.

O Segundo tratado começa com a grande pergunta da filosofia política “o que é o


poder?” Locke afirma que “é o direito de editar leis, com vista a regular e a preservar a
propriedade, e de empregar a força do Estado na execução de tais leis e na defesa da
sociedade política contra os danos externos, observando tão-somente o bem público

5.Charles Montesquieu e o espirito das leis

Apesar de nobre, Montesquieu era completamente contrário ao absolutismo. Ele era a


favor de um Estado politicamente liberal, onde houvesse um corpo de leis que regesse a
atuação daqueles que cuidam do estado e dos cidadãos em geral. Para que não houvesse
abusos, o estado deveria ser repartido em três esferas de poder, sendo estas: o poder
legislativo, o poder executivo das coisas, que se traduz no poder executivo propriamente
dito, e o poder executivo dependente do direito civil, que é o poder de julgar.
Em sua obra Montesquieu iniciou em definir as leis sendo que, para Montesquieu as leis
em seu significado mais extenso, são as relações necessárias que derivam da natureza
das coisas, e neste sentido, todos os seres tem suas leis, a divindade possui suas leis, o
mundo material possui suas leis, as inteligências superiores ao homem possuem suas
leis, os animais possuem suas leis, o homem possui suas leis.
Para Montesquieu aqueles que afirmam que uma fatalidade cega produziu todos os
efeitos que observamos no mundo proferiram um grande absurdo, pois o que poderia ser
mais absurdo do que uma fatalidade cega que teria produzido seres inteligentes?

Existente, portanto, uma razão primitiva, e as leis são as relações que se encontram
entre ela e os diferentes seres, e as relações destes diferentes seres entre si.

Segundo Montesquieu antes de todas estas leis, estão as leis da natureza, chamadas
assim porque derivam unicamente da constituição de nosso ser. Para bem conhecê-las,
deve-se considerar um homem antes do estabelecimento das sociedades. As leis da
natureza serão aquelas que receberia em tal estado.

Esta lei que, imprimindo em nos a ideia de um criador, nos leva em sua direção, é a
primeira das leis naturais por sua importância, mas não na ordem destas leis. O homem
no estado de natureza teria mais a faculdade de conhecer do que conhecimento.

Em sua obra Charles Montesquieu classificou os governos em três tipos sendo estes a
república quando o poder é exercido pelo povo; monarquia quando o poder é exercido
por um rei que se submete às leis e às tradições e despotismo quando o poder é exercido
por um indivíduo que obedece apenas à sua vontade.

Para Montesquieu o governo republicano é aquele que o povo em seu conjunto, ou


apenas parte do povo, possui o poder soberano; o poder monárquico, aquele onde um só
e apenas um governa, mas através de leis fixas e estabelecidas; ao passo que, no poder
despótico, um só, sem lei e sem regra, impõe tudo por forca e de sua vontade e de seus
caprichos.

Eis que de acordo ao filosofo, o que denomina a natureza de cada governo, precisa-se
ver quais são as leis que provem diretamente desta natureza e, que consequentemente,
são as primeiras leis fundamentais. Sendo estas:

Do governo republicano e das leis relativas a democracia

Segundo Montesquieu, quando na republica o povo em cônjuge possui o poder


soberano, trata-se de uma democracia. Quando o poder soberano esta nas mãos de uma
parte do povo, chama-se uma aristocracia

O povo, na democracia, é sob certos aspetos, o monarca e sob outros é o súbdito


Só pode ser monarca com seus sufrágios, que são suas vontades. A vontade do soberano
é o próprio soberano. Logo, as leis que estabelecem o direito de sufrágio são
fundamentais neste governo, assim neste contexto é essencial saber quando se trata de
uma monarquia, saber qual é o monarca e de que maneira deve governar.

Das leis relativas a aristocracia

Na aristocracia, o poder soberano esta nas mãos de certo numero de pessoas. São elas
que elaboram as leis e que mandam executa-las, e o resto do povo esta para elas, no
máximo, como súbditos estão para o monarca, numa monarquia.

Nela, não se deve dar o sufrágio por sorteio, só se teriam os seus inconvenientes. Com
efeito, num governo que já estabeleceu as mais tristes distinções, ainda que os cargos
fossem escolhidos por sorteio, isso não seria menos odioso, é do nobre que se tem
inveja, não do magistrado.

Das leis em sua relação com a natureza do governo monárquico

Os poderes intermediários, subordinados e dependentes, constituem a natureza do


governo monárquico, isto é, daquele onde um só governa com leis fundamentais. Eu
falei dos poderes intermediários subordinados e dependentes, de fato, na monarquia, o
príncipe é a fonte de todo poder politico e civil. Estas leis fundamentais supõem
necessariamente a existência de canais médios por onde flui o poder, pois, se existe num
estado apenas momentânea e caprichosa de um só, nada pode ser fixo e,
consequentemente, nenhuma lei pode ser fundamental.

O poder intermediário subordinado mais natural é o da nobreza. De alguma maneira ele


entra na essência da monarquia, cuja máxima fundamental é, sem monarca, não há
nobreza, sem nobreza não há monarca, mas tem déspota.

Das leis a natureza do estado despótico

Resulta da natureza do poder despótico que o único homem que exerce faça-o da mesma
forma exercida por um só. Um homem para o qual seus cinco sentidos dizem
incessantemente que ele é tudo e que os outros não são nada é naturalmente preguiçoso,
ignorante, voluptuoso. Logo, ele abandona os negócios. Mas, se os confiasse a vários
outros, haveria brigas entre eles, haveria intrigas para ser o primeiro escravo, o príncipe
seria obrigado a voltar para a administração. EE mais simples enta que ele a deixe para
um vizir, que teria, inicialmente, o mesmo poder que o príncipe. O estabelecimento vizir
ee, neste estado, uma lei fundamental.

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