Diversidade Religiosa Brasileira

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 19

- ESCON -

ESCOLA DE CURSOS ONLINE


CNPJ: 11.362.429/0001-45
Av. Antônio Junqueira de Souza, 260 - Centro
São Lourenço - MG - CEP: 37470-000

MATERIAL DO CURSO

ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS

APOSTILA

RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

OS DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS

“A presença das religiões de origem africana no Brasil se deve a entrada de


muitas pessoas, trazidas da África e submetidas à escravidão desde o século
XVI até o século XIX. Estima-se que cerca de 4 a 5 milhões de africanos foram
forçadas a migrar durante esse período, provenientes de diferentes regiões da
África e pertencentes a diferentes grupos étnicos.
Os africanos trazidos para o Brasil são originários de diversas regiões da
África:

África Ocidental: Yorubás (Nagô, Ketu, Egbá), Jejes (Ewê, Fon), Fanti-Ashanti
(conhecidos como Mina), povos islamizados (Peuhls, Mandingas e Hauçás);
África Central: Bantos: Bakongo, Mbundo, Ovimbundo, Bawoyo, Wili
(conhecidos como Angolas, Congos, Benguelas, Cabindas e Loangos);
Sudeste da África Oriental: Tongas e Changanas entre outros (conhecidos
como Moçambiques).

Cada grupo que aqui chegou tinha suas respectivas crenças e costumes
religiosos. Alguns eram muito mais cultos do que os colonizadores que se
tornavam seus proprietários.

Os sudaneses, que desembarcaram e permaneceram em Salvador (BA),


provinham de tribos que na África, haviam sido convertidas ao Islamismo.
Alguns deles eram profundos conhecedores do Alcorão, além de lê-lo
corretamente, conheciam-no de memória.

Para o Brasil foram trazidos muitos homens e mulheres do Senegal, Gâmbia,


Angola, Zaire, Moçambique e da Ilha de Madagascar.

A RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO

Enquanto existiu escravidão, existiu também a resistência contra o cativeiro,


apesar dos esforços dos senhores e das autoridades coloniais no sentido de
detê-la.
Haviam vários quilombos, o maior deles foi o de Palmares, cujo principal líder
foi Zumbi.
Esse quilombo desenvolveu-se no interior de Alagoas, durante o século XVII.
Chegou a ter cerca de 20.000 habitantes.
Zumbi, o líder do Quilombo de Palmares em 20 de novembro de 1695, depois
de traído por um homem de sua confiança, foi torturado e morto pelos homens
liderados por Domingos Jorge Velho.
Em 1978, o dia 20 de novembro passou a ser o Dia Nacional da Consciência
Negra. E Zumbi foi transformado em símbolo de luta contra o racismo e toda
forma de escravidão e discriminação não só de negros, mas de todas as
pessoas vítimas da exclusão social.
Assim sendo, Zumbi continua vivo através das lutas que muitos cidadãos
brasileiros organizam no sentido de superar os preconceitos, vencer toda forma
de opressão e fazer valer a justiça e igualdade de direitos para todos.

O Brasil tem uma enorme dívida social para com o povo negro afro brasileiro,
por seu trabalho não só braçal como também intelectual na construção da
Nação Brasileira e sua contribuição no âmbito cultural, social, econômico e
político.
O Brasil possui um vasto patrimônio cultural herdado das várias etnias
africanas que para cá foram trazidas. Tal patrimônio inclui as técnicas de
agricultura, mineração, arquitetura, a língua, a religião, a música, os
instrumentos musicais, a dança, os utensílios, o artesanato, a indumentária, a
culinária, o folclore, as festas populares, os folguedos, a linguagem corporal, a
oralidade e a maneira de viver - herança chamada de "africanidade", que deu
ao Brasil um colorido todo especial. São aspectos de uma história cultural a ser
preservada, valorizada e conhecida pelos cidadãos e cidadãs brasileiros.

OS GRUPOS RELIGIOSOS AFRO-BRASILEIROS

As tradições religiosas afro-brasileiras abrangem os vários grupos religiosos


nascidos das tradições culturais e religiosas trazidas da África, e que aqui se
mesclaram entre si, dando origem a diversos grupos ou denominações:

Candomblé: presente na Bahia e em outros Estados;


Umbanda: presente praticamente em todos os Estados brasileiros;
Xangô: no Recife;
Xambá e Catimbó: nos Estados do Nordeste; Tambor
de Mina: no Amazonas e Maranhão; Omolocô: no Rio
de Janeiro.
Batuque: no Rio Grande do Sul.

ALGUMAS RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS

JUREMA: em Pernambuco e Paraíba, se faz uso da bebida preparada com


raízes e sementes do vegetal denominado jurema. A música, o canto e a dança
do “toré” em louvor a entidades denominadas caboclos e mestres fazem parte
deste culto. Além da prática de rituais de cura semelhante à pajelança indígena.

TERECÓ: no Maranhão, seus sacerdotes são rezadores e curandeiros,


cultuam caboclos e integram elementos das tradições religiosas africanas.

BARBA-SOEIRA OU BABAÇUÊ: presente na Amazônia e Pará, são cultuados


orixás, voduns, santos católicos e espíritos locais, genericamente designados
como encantados.

CANDOMBLÉ
Candomblé é o culto aos Orixás e significa cantar e dançar em louvor, na língua
yorubá.
Surge durante a escravidão, a partir de uma mescla de diferentes cultos
africanos.

O Candomblé foi a primeira possível cerimônia religiosa organizada durante o


cativeiro, vindo a ser um dos símbolos de resistência à escravidão.

RITUAIS E CRENÇAS

Nas cerimônias religiosas ou rituais há música e dança ao ritmo de


instrumentos de percussão, três tambores, os atabaques. Os três atabaques
são chamados de "rum", "rumpi" e “lé".

O rum, o maior de todos, possui o som grave; o do meio, rumpi, som médio; o
lé, o menor, possui o som agudo.

O trio de atabaques executa, ao longo do xirê, uma série de toques de acordo


com os orixás que vão sendo evocados.

Suas crenças e práticas se fundamentam em mitos e ritos nos quais ocorrem


as manifestações dos Orixás, intermediários de Olorum ou Olodumare. Os
Orixás se manifestam para doar o Axé (força vital) aos participantes do culto.

Crença num Ser Superior, que criou o mundo e a vida, chamado Olorum ou
Olodumare na língua yoruba.
O culto aos Orixás é uma forma de monoteísmo, uma vez que a religião Nagô
admite a existência de um Deus supremo, Olorum (olo = sagrado e orum =
céu).
O contato com a divindade suprema se faz através dos Orixás.

A crença só pode ser entendida por meio da experiência participatória.

O culto é constituído de ritos, sacrifícios de animais e oferendas em


homenagem aos Orixás.

O canto, a música e a dança são a base do processo ritualístico.

Tem momentos de orientação por parte do pai ou mãe de santo aos que os
consultam.

LIDERANÇA RELIGIOSA
Babalorixá e Ialorixá são os sacerdotes e sacerdotisas que presidem o culto.
Também chamados pai ou mãe de santo.

EBO – rito de oferendas


O termo ebó tem dois significados práticos: processo de limpeza e o ato de
fazer uma oferenda.

O ebó é uma oferenda para homenagear um Orixá, agradecer por um benefício


recebido ou na intenção de resolver problemas, vencer obstáculos, abrir portas
e oportunidades.

Os itens de um ebó se compõem de frutas, água, bebidas, mel, azeite, entre


outros. Alguns tipos de ebó são colocados dentro de casa e outros são
colocados ao ar livre em contato direto com a natureza.

LÍNGUAS USADAS NOS RITUAIS

As línguas africanas, usadas nos rituais religiosos mantêm-se como veículo de


expressão dos cânticos, saudações e nomes dos iniciados.
A língua mais falada no Candomblé é o Yorubá, principalmente na nação Nagô-
ketu, Ewe-fon e nos cultos Jeje, Kimbundu e Kicongo.
Yorubá é um dos idiomas falados na África e entre descendentes
afrobrasileiros, atualmente cerca de 30 milhões de pessoas falam esse idioma
no mundo.

SIGNIFICADOS DA PALAVRA MACUMBA

Termo antigo com o qual se denominavam os cultos dos escravos nas


senzalas. No decorrer do tempo, esse termo passou a nomear práticas ligadas
à feitiçaria.
Nome (pejorativo) com que os leigos denominam “despacho” de rua e os rituais
de Umbanda, Quimbanda e demais cultos afro-brasileiros.
Nome de um instrumento musical de percussão de origem africana.
Macumbeiro é a pessoa que toca o instrumento chamado macumba.

ORIXÁS - ORI: cabeça e XA: rei

ALGUNS ORIXÁS DO CAMDOMBLÉ


Orixás são forças da natureza personificadas e ancestrais divinizados. Cada
Orixá tem seu símbolo, seu dia da semana, suas vestimentas, cores, elemento
da natureza, personalidade, sacrifício e oferendas de comida. Como os seres
humanos, os Orixás são temperamentais, podem ser calmos, maternais,
pacientes, atrevidos, bondosos, valentes, ciumentos, vingativos, etc.
Odudua – representa a terra-mãe, esposa de Olorum e geradora da vida.
Odudua não enxerga pelos olhos, mas por outros sentidos, dotada de
temperamento terrível, de difícil convivência. É senhora de grande inteligência,
de autoritarismo e poder de dominação pela força. Nunca se sabe como
agradá-la.
Ogum – é Orixá que forjou o ferro criando os instrumentos de trabalho, para
que os homens e mulheres transformassem a terra em um lugar de alegria e
prosperidade para todos.
Ogum é o Orixá da guerra, dos metais, das armas, do fogo e da tecnologia. No
Brasil é conhecido como deus guerreiro. Sabe trabalhar com metal e, sem sua
proteção, o trabalho não pode ser proveitoso.

1. Elemento: ferro.
2. Símbolo: espada.
3. Personalidade: impaciente e obstinado.
4. Dia da semana: terça-feira.
5. Colar: azul-marinho.
6. Roupa: azul, verde-escuro, vermelho ou amarelo.
7. Sacrifício: galo e bode avermelhados.
8. Oferendas: feijoada, xinxim, inhame.

Okô – Orixá das plantas cultivadas. Dá força aos alimentos para manterem a
vida das pessoas.

Divindade da agricultura, ligado a colheita dos inhames e a fertilidade da terra.

Traz um cajado de madeira que revela sua relação com as árvores, além de
uma flauta de osso que lembra sua relação com a sexualidade e a fertilidade.

Ossaê – Orixá das plantas medicinais e daquelas que são reservadas às


cerimônias rituais. Distribui o axé de Olorum, através da virtude que as plantas
têm de manter a saúde.

Xangô – Orixá das tempestades, do fogo e da justiça. Rei da cidade de Oyó. É


viril e violento, porém grande justiceiro, sempre castigando os ladrões e
malfeitores. Por este motivo diz que quem teve morte por raio, ou sua casa, ou
negócio queimado pelo fogo, foi vítima da ira ou cólera de Xangô.
Xangô é o Orixá do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de Oyó, cidade
da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos, protege
advogados e juízes.

1. Elemento: fogo.
2. Personalidade: atrevido e prepotente.
3. Símbolo: machado.
4. Dia da semana: quarta-feira.
5. Colar: branco e vermelho.
6. Roupa: branca e vermelha, com coroa de latão.
7. Sacrifício: galo, pato, carneiro e cágado.
8. Oferendas: amalá (quiabo com camarão seco e dendê).

Oxum – Orixá da água doce. Protetora dos rios, lagos e cachoeiras.

É a Orixá da riqueza, do amor, da prosperidade e da beleza.

Seus devotos buscam nela auxílio para a solução de problemas no amor e


também na vida financeira, a que se deve sua denominação de "Senhora do
ouro”.

Ibeji – Orixás gêmeos, protetores das crianças.

IBEJI – ORIXÁS GÊMEOS

Haviam num reino dois pequenos príncipes gêmeos que traziam sorte a todos.
Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles; em troca, pediam doces
balas e brinquedos. Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia,
brincando próximos a uma cachoeira, um deles caiu no rio e morreu afogado.
Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe. O gêmeo que
sobreviveu não tinha mais vontade de comer e vivia chorando de saudades do
seu irmão, pedia sempre a Orunmilá que o levasse para perto do irmão.
Sensibilizado pelo pedido, Orunmilá resolveu levá-lo para se encontrar com o
irmão no céu, deixando na terra duas imagens de barro. Desde então, todos
que precisam de ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para ter
seus pedidos atendidos.

Iansã – Orixá feminino, senhora dos temporais.

Iansã é a Orixá dos ventos e das tempestades. É a senhora dos raios e dona
da alma dos mortos.

1. Elemento: fogo.
2. Personalidade: impulsiva e imprevisível.
3. Símbolo: espada e rabo de cavalo (representando a realeza).
4. Dia da semana: quarta-feira.
5. Colar: vermelho ou marrom escuro.
6. Roupa: vermelha.
7. Sacrifício: cabra e galinha.
8. Oferendas: milho branco, arroz, feijão e acarajé.

Oxummaré – Orixá serpente, senhor dos venenos.

Oxummaré é o Orixá da chuva e do arco-íris. É, ao mesmo tempo, de natureza


masculina e feminina. Transporta a água entre o céu e a terra.

1. Elemento: água.
2. Personalidade: sensível e tranqüilo.
3. Símbolo: cobra de metal.
4. Dia da semana: quinta-feira.
5. Colar: amarelo e verde.
6. Roupa: azul claro, amarelo e verde claro.
7. Sacrifício: bode, galo e tatu.
8. Oferendas: milho branco, acarajé, coco, mel, inhame e feijão com ovos.

Yemanjá - chamada também de Janaína, Princesa de Atucá, Ianaê é a Orixá


feminino das águas salgadas. É a mais amada e cultuada. Protetora do mar, da
família e da vida.

Yemanjá é considerada a Orixá dos mares e oceanos. Mãe de todos os orixás,


é representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a
fecundidade.

1. Elemento: água salgada.


2. Personalidade: maternal e tranqüila.
3. Símbolo: leque (abebê).
4. Dia da semana: sábado.
5. Colar: transparente, verde ou azul claro.
6. Roupa: branco e azul.
7. Sacrifício: porco, cabra e galinha.
8. Oferendas: peixes do mar, arroz, milho, camarão com coco.

Oxóssi – Orixá caçador, protetor das matas e dos animais. Não permite a
violência e a destruição da natureza.
É o grande patrono do Candomblé brasileiro.
Elemento: florestas.
Personalidade: intuitivo e emotivo.
Símbolo: rabo de cavalo e chifre de boi.
Dia da semana: quinta-feira.
Colar: azul claro.
Roupa: azul, amarelo ou verde claro.
Sacrifício: galo e bode avermelhados e porco.
Oferendas: milho, peixe de escamas, arroz, feijão e abóbora.

Exú - De temperamento instável e ciumento. Intermediário entre os Orixás e os


adeptos. Guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Se não for acalmado e
mimado com oferendas não permite que os outros Orixás se comuniquem.

Elemento: fogo.
Personalidade: atrevido e agressivo.
Símbolo: ogó (um bastão adornado com cabaças e búzios).
Dia da semana: segunda-feira.
Colar: vermelho e preto.
Roupa: vermelha e preta.
Sacrifício: bode e galo preto.
Oferendas: farofa com dendê, feijão, inhame, água, mel e aguardente.

Logun Edé – Orixá da sexualidade, durante seis meses do ano é feminino e


nos seis meses seguintes é masculino.

Orixá da riqueza, da fartura, da beleza, das contradições, da surpresa e do


inesperado. É um dos orixás mais bonitos do Candomblé.

Caçador e pescador habilidoso, príncipe soberbo. Nele os opostos se alternam,


a dualidade masculino / feminino dá-se a nível comportamental, em
determinadas ocasiões pode ser risonho e em outras, sério.

Ifá ou Orunmilá-Ifá – Orixá do conhecimento oculto e da sabedoria, senhor dos


destinos, rege o plano onírico (dos sonhos), é aquele que tudo sabe e tudo vê
em todos os mundos que estão sob a tutela de Olorum, ele sabe tudo sobre o
passado, o presente e o futuro de todos habitantes da Terra e do Céu, é o
regente responsável e detentor dos oráculos.

TEXTO SAGRADO
O texto sagrado é transmitido na forma oral. Mitos, lendas, canções, contos,
danças, provérbios, adivinhações, perpetuam as crenças e tradições.

EXEMPLO DE UM MITO DA CRIAÇÃO

Olorum era uma massa infinita de ar. Um dia, como por encanto, lentamente,
começou a respirar, e uma parte dessa massa de ar transformou-se em água,
dando origem a Orixalá. O ar e a água continuavam a se mover, como uma
dança; e eles mesmos foram se misturando, se misturando e uma parte deles,
juntos e misturados, deu origem à lama. Dessa lama surgiu uma bolha
avermelhada. Olorum maravilhou-se com essa bolha e soprou sobre ela o seu
hálito Emi e deu-lhe vida. Essa forma, em permanente expansão e movimento,
foi a primeira dotada de existência individual. Era um rochedo avermelhado de
laterita: Exú. Assim a existência de todas as coisas é inaugurada pelo sopro do
hálito Emi ou ar divino Ofurufú, produzindo a vida nos planos visíveis e
invisíveis.

VIDA E COMPORTAMENTO ÉTICO

A maneira de encarar a vida se funde na convicção prática de que a pessoa


humana é “centro de relações”, ponto de passagem do invisível para o visível,
em direção aos demais seres, humanos ou não. Não fica sem retorno uma
ofensa feita a divindade, ao próximo ou à natureza. “Tudo está em tudo”, a
religiosidade se funde com a cultura e política. Vida, trabalho, religião, amor ou
afeto são formas de prestar culto a Deus. Daí a obrigação da comunhão para
que o grupo sobreviva.

ASPECTOS ESSENCIAIS DA CULTURA E TRADIÇÃO AFRICANA

A oralidade;
O símbolo; O
diálogo.

Através do diálogo os membros da comunidade têm ao seu dispor o


conhecimento dos mitos e das alegorias na biblioteca da oralidade.

O especialista do diálogo é mestre da palavra, é o ancião – chamado de pai ou


mãe de santo.

O ancião ou anciã é o ponto de referência vital para o grupo.


ORIGEM DA UMBANDA

Umbanda no idioma kimbundo significa a arte de curar.

Segundo alguns adeptos da Umbanda “...a Umbanda é uma religião milenar e


brasileira em suas origens.

O termo Umbanda nunca existiu em outro lugar fora do Brasil.


Esta palavra é derivada da palavra “AUM-BHAN-DAN que significa o Conjunto
das Leis Divinas”.

A Umbanda tem versões de origem variadas, dependendo da vertente que a


pratica.

Na versão de historiadores em meio as festas nas senzalas os negros


escravizados comemoravam os Orixás da África através da sincretização dos
Santos Católicos.

Nessas festas alguns participantes incorporavam além dos Orixás, os espíritos


dos ancestrais, os Preto-Velhos ou Pais Velhos (Babalorixás) que em vida
foram sábios conselheiros e que conheciam as antigas artes das tradições
religiosas da distante África.

Contudo houvesse certa resistência por parte de alguns, pois consideravam os


espíritos incorporados dos Pretos Velhos como Eguns (espíritos dos mortos),
também houve admiração e devoção por estas entidades espirituais.

Em alguns terreiros de Candomblés também aconteciam incorporações de


Caboclos (índios brasileiros como Pajés e Caciques) que foram elevados à
categoria de ancestrais e passaram a ser venerados nos terreiros.

A incorporação de guias (espíritos) ocorreu no Candomblé de Caboclos (desde


1865 - as primeiras manifestações de Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros,
Crianças e Preto-Velhos), no Catimbó e em Centros Espíritas (onde esses
espíritos não eram aceitos e, muitas vezes, expulsos ou pedidos a se retirar,
por serem vistos como espíritos não evoluídos, ou mesmo, como obsessões).

Aos poucos, a partir destas experiências a Umbanda foi se organizando como


uma nova religião tipicamente brasileira.
Uma das versões mais aceitas popularmente, mas não cientificamente, pois
não existe documentação da época para comprová-la, é a sobre o médium
Zélio Fernandino de Moraes como o precursor da Umbanda.

Zélio em 15 de novembro de 1908, acometido de doença misteriosa, foi a


Federação Espírita de Niterói e lá, durante uma sessão espírita,
manifestaramse através dele espíritos que diziam serem índios e escravos.

O dirigente da mesa pediu que se retirassem, por acreditar que eram espíritos
atrasados (sem doutrina). Mais tarde, os espíritos se nomearam como Caboclo
das Sete Encruzilhadas e Pai Antônio.

Devido a hostilidade e a forma como foram tratados, essas entidades


mediunicamente comunicaram a Zélio que resolveram iniciar uma nova forma
de culto no Brasil, em que qualquer espírito pudesse se manifestar para
trabalhar pela caridade.

No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, as entidades começaram a se


incorporar em Zélio e atender aos necessitados na residência deste, mais
tarde, orientaram-no a fundar a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.

Essa nova religião inicialmente foi chamada de Alabanda, mas acabou tomando
o nome de Umbanda.

Uma religião sem preconceitos que acolheria a todos que a procurassem:


encarnados e desencarnados, em todas as bandas.

Zélio Fernandino de Moraes foi o precursor de um "trabalho Umbandista


Básico" voltado à caridade assistencial, sem cobrança, e priorizando a prática
do bem.

Refere-se de um culto de cunho espiritualista, aberto a todas as pessoas sem


distinção.

Atualmente tem diversos grupos religiosos com o nome "Umbanda", com linhas
doutrinárias diferenciadas, mas que guardam raízes muito fortes das bases
iniciais.

As diversas maneiras de Umbanda absorveram características de outras


religiões e filosofias de vida, mas mantém a mesma essência doutrinária, cujo
objetivo é promover um serviço de caridade, com fé, humildade e respeito a
todas as pessoas.

Umbanda é uma religião eclética, sem preconceitos, ela reúne elementos dos
ritos africanos, crenças católicas, espíritas, esotéricas e pajelança indígena.
OS SETE MANDAMENTOS DA UMBANDA

1.Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti;
2.Não cobices o que não te pertence;
3.Ajuda os necessitados sem fazer perguntas;
4.Respeita todas as religiões, pois todas provêm de Deus;
5.Não critiques o que não compreendes;
6.Cumpre a tua missão, mesmo que isso signifique sacrifício pessoal;
7.Afasta-te dos que praticam o mal e resiste à tentação.

PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DA FÉ UMBANDISTA

Crença nos espíritos e entidades da natureza ligadas à terra, ao fogo, às


águas, ao ar e ao éter; Crença na reencarnação;
Crença na imortalidade do espírito;
Crença na lei do karma;
Crença na lei da caridade;
Crença num campo de vibrações;
Crença na Umbanda como modo de vida.

AS FALANGES NA UMBANDA

Na Umbanda não há a incorporação de Orixás e sim os falangeiros dos Orixás


que são entidades evoluídas espiritualmente que veem trabalhar nas giras de
Umbanda.

Falanges são agrupamentos de espíritos afins que possuem a mesma


vibração.

Sete são as falanges: pretos velhos, caboclos, exus, crianças, boiadeiros,


ciganos, orientais e mestres que trabalham na cura.

Pretos Velhos – São espíritos de velhos africanos que foram trazidos para o
Brasil como escravos e que trabalham na Umbanda como símbolos da fé, da
humildade e da sabedoria ancestral, eles ajudam aqueles que estão em
dificuldade material e espiritual.

Caboclos - São espíritos de índios brasileiros, que trabalham na caridade como


conselheiros, ensinando amar ao próximo e a natureza.
Exus - São entidades em evolução, seu trabalho é dirigido, principalmente a
defesa dos médiuns e a defesa do terreiro, porém, são muito procurados para
resolver os problemas da vida sentimental e material.

Crianças: Cosme, Damião e Doum – Entidades espirituais da alegria e da


honestidade são procurados para os casos de família e gravidez.

Boiadeiros – espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, eles


trabalham da mesma forma que os Caboclos nas giras, sessões de
incorporação.

Ciganos – Entidades que em vida foram na maioria andarilhos que viveram nos
séculos XIII, XIV, XV e XVI. Eles ajudam no bem-estar pessoal e social, são
entidades conhecidas popularmente como “encantados”.

Orientais e mestres - falanges dos hindus, árabes, japoneses, chineses,


mongóis, egípcios, gauleses, romanos, etc., formadas por espíritos que
encarnaram nesses povos e que ensinam ciências ocultas e a prática da
caridade.

LITURGIA DA UMBANDA

O culto da Umbanda tem como base a mediunidade e a magia, com sua liturgia
e rituais próprios.
Destacam-se na prática litúrgica os pontos riscados e os pontos cantados.

Os Pontos Riscados são desenhos feitos pelas entidades incorporadas em


seus médiuns e possuem uma função mágica, podendo ter significados
diferentes.

Cada entidade espiritual, cada vibração do Orixá possui um ponto de


identificação e vários outros pontos para suas magias e mirongas (segredos,
mistérios).

EXEMPLOS DE PONTOS RISCADOS

Pontos cantados são cantigas em louvor aos Orixás e às linhas de entidades


trabalhadoras.
Os pontos cantados são como mantras que evocam determinadas energias,
servem para trazer as entidades como para se despedir delas, além de outras
finalidades.

UM EXEMPLO DE PONTO CANTADO

Oxalá é quem governa o mundo Só ele pode governar;


Foi ele quem nos deu a luz Clareou a Umbanda;
Deu força aos Orixás;

RITUAIS DA UMBANDA

Na Umbanda os rituais incluem banhos de ervas sagradas, defumações, velas,


bebidas alcoólicas e a prática de passes nos consulentes para neutralizar a
negatividade.

Em vários templos da Umbanda é também usado no ritual o cachimbo ou


charuto, acredita-se que a fumaça do fumo pode neutralizar as más influências.

A maneira que se realizam os rituais difere de um templo para outro, mas em


síntese adotam-se os mesmos preceitos.

TERREIRO, TENDA, TEMPLO OU CENTRO DA UMBANDA

O Terreiro é dividido em duas partes, o Congá e a assistência;


CONGÁ é a sala dos médiuns;
ASSISTÊNCIA é a sala maior onde se acomodam as pessoas que vem em
busca de atendimento.

A ritualística de abertura de uma Gira de Umbanda é composta de danças para


os Orixás, canto dos pontos, defumações com ervas especiais e recitação de
orações, inclusive as orações católicas, como o Pai Nosso e a Ave Maria.

Em vários templos, os atabaques e outros instrumentos de origem africana se


somam às práticas familiares aos cultos católicos, mas o culto aos Orixás
sempre predomina, em muitos casos o Padê para o Orixá Exú, precede todas
as giras, prática herdado do Candomblé.
AS SETE VIBRAÇÕES DA UMBANDA

Segundo a Umbanda as sete linhas são que as sete vibrações cósmicas: o


éter, a água, o ar, o vegetal, o fogo, o mineral e a terra.

Cada um desses elementos possui a representação de um Orixá:

1° Linha da espiritualidade: Vibração do éter – representada por Oxalá que é o


elo entre os encarnados e a Divindade Suprema.
2º Linha da vida: Vibração da água – representada por Yemanjá.
3° Linha da ordenação: Vibração do ar – representada por Ogum.
4º Linha do conhecimento: Vibração do reino vegetal – representada por
Oxossi.
5º Linha do equilíbrio: Vibração do fogo – representada por Xangô.
6° Linha do amor: Vibração mineral – representada por Yori.
7º Linha da sabedoria: Vibração da terra – representada por Yorimá.

Cada representação tem sua correspondência:

Oxalá – Povo do oriente.


Yemanjá – Povo das águas.
Ogum – Guardiões dos caminhos.
Oxossi – Povo da mata.
Xangô – Caboclos da pedreira.
Yori – As crianças.
Yorimá – Pretos velhos e almas.
Os Orixás na Umbanda representam as vibrações da Criação do Ser Supremo.
"Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças”.

“O Paraná tem cerca de 2 mil terreiros de Candomblé e Umbanda, dos quais


pelo menos 600 estão instalados em Curitiba e na região metropolitana. Alguns
estão abertos oficialmente desde a década de 50, mas ainda hoje são alvo de
preconceito da sociedade. Isso acontece no Brasil, um país cosmopolita (em
que vivem pessoas de quase todas as partes do mundo), mestiço, mas cercado
de racismo, homofobia, intolerância religiosa e outras discriminações”.

“Hoje há um preconceito crescente nas escolas contra as religiões


afrobrasileiras por conta de alunos que são de família evangélica, seus pais,
coordenadores pedagógicos e diretores que não estão sequer interessados em
colocar as coisas em termos mais neutros em relação à própria cultura. Se
você tiver aula sobre a cultura da Grécia, vai aprender sobre os seus deuses.
Mas nenhum professor, ao ensinar mitologia grega, dirá aos seus alunos para
acreditar em Zeus ou Apolo”.
“Quando se trata de falar sobre as culturas e heranças africanas há professores
se negando a ensinar questões relativas aos orixás. Eles perguntam: “Como
vamos ensinar o que são os orixás, suas cores e domínios, se os orixás são
demônios?” Existe uma confusão entre o que é ensinar para fazer proselitismo
e o que é ensinar para a diversidade. Aí sim está ocorrendo uma mistura. “O
preconceito, a discriminação e o racismo que são típicos da sociedade
brasileira afloram de outra maneira: não mais no discurso do negro em si, mas
sim dizendo que os elementos que essa herança trouxe não são elementos
positivos”.

“Convivem, no Brasil, de maneira tensa, a cultura e o padrão estético negro e


africano e um padrão estético e cultural branco europeu. Porém, a presença da
cultura negra e o fato de (50,7% dado atualizado em 2011) de a população
brasileira ser composta de negros (de acordo com o último censo do IBGE) não
têm sido suficientes para eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos
racistas. Ainda persiste, em nosso país, um imaginário étnico-racial que
privilegia a brancura e valoriza principalmente as raízes européias da sua
cultura, ignorando ou pouco valorizando as outras, que são a indígena, a
africana e a asiática”.

BONS ESTUDOS E FELIZ PROVA-PE


Produção, Edição, Elaboração e Revisão de Texto:
ESCON - Escola de Cursos Online
Proibida a reprodução total ou parcial sem permissão expressa da ESCON. (Lei 9.610/98)

Você também pode gostar