Google

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

HOME > CULTURA > CULTURA AFRICANA

Cultura africana
Cultura africana, se considerada como um vasto conjunto de hábitos, costumes, religiões e
artes do continente africano, tem uma origem diversificada e rica em elementos.

Utilizamos cookies essenciais e


tecnologias semelhantes de
acordo com a nossa Política de
Privacidade e, ao continuar
navegando, você concorda com
estas condições.

OK

A cultura africana é vasta devido à grande diversidade de etnias que possui e à migração de
vários povos do mundo para o continente.

Cultura africana é vasta e diversificada, dotada de uma enorme riqueza


imaterial, fator que se explica tanto pela diversidade de etnias presentes na
África quanto pela influência de povos do Oriente Médio e europeus que tiveram
contato com os africanos ao longo da história. A combinação dos fatores
migratórios, da colonização europeia e da diversidade étnica no interior do
continente fez com que a África seja atualmente um continente em que se fala
vários idiomas e cultua-se várias religiões e que se caracteriza por ser
pluricultural.
Saiba mais: Cultura brasileira: da diversidade à desigualdade

Diversidade cultural da África

O continente africano pode ser dividido geopoliticamente em duas grandes


faixas de terra: a África saariana (região norte) e a África subsaariana (região
sul). Ambas são regiões de diversidade cultural, mas a porção sul do continente
é mais diversificada e contém a maior parte da população.

A região norte, saariana, manteve, ao longo da história, contatos forçados e


espontâneos com povos fenícios, turcos, árabes, romanos, gregos e do extremo
oriente. Ela é situada numa área árida, logo acima do Deserto do Saara, e é
composta por países como Egito, Marrocos, Tunísia, Líbia e Argélia.

Vivem nessa porção de terras cerca de 30% da população do continente, e a


maioria desses habitantes cultua o islamismo, seguida por uma minoria cristã. A
pessoas que lá vivem têm traços fenotípicos peculiares, oriundos da mistura
entre povos do Oriente Médio, negros e brancos, sendo que elas não são
brancas como os povos naturais da Europa ou negras como os povos naturais da
África subsaariana.

Antes de entendermos a diversidade cultural da África subsaariana, devemos


desfazer um preconceito que muitos carregam consigo sobre a porção sul do
continente. A miséria, a fome, as doenças e a desigualdade social não fazem
parte da história antiga da África.
A África subsaariana é composta por povos de várias etnias diferentes que
levavam um modo de vida tribal. Dentre as várias etnias, destacamos os povos
Bantos, Nagô e Jeje, trazidos para o Brasil durante o Período Colonial. Era comum
a guerra entre as tribos, e essas cultuavam diferentes religiões com uma matriz
parecida, baseada no culto aos orixás — entidades que na mitologia africana
têm um contato espiritual com a natureza e representam a ligação e a proteção
dos elementos naturais ou dos seres humanos.

Atualmente, há uma grande parcela da população do sul da África que mantém


as suas raízes e cultua as religiões tradicionais, mas também há um número
expressivo de muçulmanos e cristãos vivendo na região, o que causa conflitos
religiosos oriundos do preconceito e da intolerância, sobretudo por parte dos
cristãos e muçulmanos.

As mazelas que atingem o povo africano nos dias de hoje são resultantes do
processo de colonização em dois ciclos:

Colonialismo

Liderado sobretudo por Portugal e Espanha, buscou na África subsaariana


pessoas para serem escravizadas nas colônias e satisfazerem as
necessidades de mão de obra agrícola e da mineração. Nesse processo, assim
como os países europeus tomaram riquezas naturais de suas colônias situadas
nas Américas, também confiscaram riquezas naturais africanas.

Outra característica dessa primeira colonização foi o acirramento intencional,


por parte dos europeus, de conflitos internos entre as tribos africanas, a fim
de conseguir, por meio de acordos com as tribos vencedoras, a captura dos
escravos vencidos na guerra para que fossem enviados para as colônias. Era um
costume comum entre as tribos que os vencedores capturassem os vencidos
como escravos.

Esse sistema de escravidão era, no entanto, bem diferente da escravidão de viés


europeu, pois os africanos viam-se, mesmo em uma relação de senhor e
escravo, como iguais, enquanto os europeus enxergavam os africanos como
inferiores.

Neocolonialismo

O neocolonialismo (ou imperialismo) foi uma segunda onda de colonização que


literalmente dividiu a África subsaariana e alguns países da Ásia e Oceania entre
as principais potências europeias. A maior parte do continente africano ficou sob
o domínio da Inglaterra, havendo também países sob os domínios português
e francês. Esse fator ocasionou uma divisão de fronteiras e formação de Estados
nacionais na região.

O problema é que esses Estados abrigavam diversas etnias e tribos diferentes,


com religiões e culturas diferentes, e que eram historicamente inimigas. Isso
ocasionou diversos conflitos internos e guerras civis que marcaram a história do
continente e contribuíram para a pobreza da população local. Outros fatores que
ocasionaram a miséria foram a retirada desenfreada de recursos naturais
oriundos da mineração, como ouro e diamantes, e a caça, que esgotaram os
recursos naturais em diversos locais do continente.

Leia também: Etnocentrismo – um ponto de vista que valoriza uma etnia em detrimento
de outra

Tradições culturais da África


Dentre as tradições culturais, podemos destacar algumas como mais marcantes
e disseminadas. Separamos e expomos a seguir seções com as marcas
tradicionais dos povos africanos.

Hábitos e costumes
Dentre os povos do norte do continente, destacam-se os hábitos e costumes
tradicionalmente islâmicos, pois essa denominação religiosa é predominante
por lá. É comum nas sociedades, sobretudo a egípcia e a marroquina, a
prevalência do uso do véu para as mulheres muçulmanas e a instituição de um
modelo patriarcal de família, baseado nos costumes do islamismo.

Já os povos do sul têm uma cultura mais vasta e, consequentemente, mais


diversificada. Em alguns lugares, predomina-se a cultura cristã, sobretudo nos
que a colonização estabeleceu-se com maior força, como a África do Sul. Já
em outros, como o Congo, Moçambique, Serra Leoa, Somália e Quênia, a
prevalência do modo de vida tribal nos interiores ainda é marcante, o que nos
remete às religiões politeístas nativas ainda existentes.

Artes plásticas

Os povos africanos do sul desenvolveram diversas formas artísticas ligadas,


principalmente, às suas religiões. Trata-se de artefatos, como máscaras,
trançados de corda, estatuetas e outros, esculpidos em madeira, pedra ou
confeccionados com tecidos. O simbolismo dessas formas artísticas remete às
divindades ou a elementos do cotidiano e têm significados diferentes para cada
povo, representando o sagrado, o profano ou ações que fazem parte da
cultura, como a guerra e a coleta de alimentos (a maioria das tribos
subsaarianas possuía uma vida nômade, baseada na caça e na coleta, antes da
chegada dos europeus ao continente).
As máscaras são elementos da cultura africana que unem as artes plásticas e a
religiosidade.

As esculturas em marfim dos povos Bakongo evidenciam a tradicional caça de


elefantes, animais que já foram abundantes em alguns lugares da África, para a
alimentação. As presas desses animais são feitas de um material denso e
calcificado, o marfim, e eram utilizadas para fazer esculturas e adornos, como
colares.

Os povos que habitavam as regiões de Savana (bioma presente em grande parte


da África subsaariana) conheciam a metalurgia, fundindo metais para fabricar
armas de caça e de guerra, além de artefatos de decoração.

Música e dança

A música e a dança fazem parte das culturas tribais africanas. Embaladas por um
ritmo marcado por instrumentos de percussão, as danças africanas geralmente
têm ritmo e compasso rápidos, o que permite variações e movimentos
diferentes.

Ambas artes, muitas vezes, possuem conotações religiosas e são utilizadas


para marcar cultos tradicionais, sendo elementos que atraem e agradam os
orixás (ou os bons espíritos) e afastam os maus espíritos. A música e a dança
também são utilizadas nas tribos em comemorações e festivais, sendo
praticadas por todos os integrantes.

Alguns ritmos de origem africana são a capoeira (uma mistura de arte marcial
com dança), o batuque, o lundu e o coco. Muitos ritmos musicais ocidentais
originaram-se com base na música africana, como o samba, o axé e o maracatu
no Brasil; o reggae na Jamaica; e o jazz nos Estados Unidos.

São instrumentos típicos da cultura africana para a composição da música:

Atabaque: um instrumento de percussão fabricado com madeira e couro de


animais, geralmente tocado com as mãos, também pode ser tocado com
baquetas finas de madeira. É utilizado hoje na capoeira, no samba, no axé e
no maracatu, entre outros ritmos.
O atabaque é um instrumento muito utilizado em jogos de capoeira, cerimônias
religiosas e em outros contextos.

Berimbau: instrumento de origem angolana composto por um arco de


madeira, uma corda de arame e uma caixa de cabaça, que amplifica o som
que resulta da vibração da corda. O berimbau é tocado com uma vareta,
feita de algum graveto de madeira resistente, e normalmente é
acompanhado por um chocalho, que movimenta a vareta, e uma pedra, que
segura o berimbau e serve para interromper a vibração da corda. Em
Angola, o berimbau é conhecido como m’bolumbumba. O instrumento é
utilizado, desde a sua criação, na capoeira, para produzir os sons típicos
que entoam a dança dos capoeiristas.

Agogô: é um instrumento de metal que possui duas ou mais campânulas


(parte de fora de um sino sem a campainha, que é o pêndulo interno) de
metal e de tamanhos diferentes, presas por uma haste também de metal.
Uma baqueta de metal ou de madeira é utilizada para vibrar as campânulas,
que produzem o som.

Afoxé: é uma espécie de chocalho feito com uma cabaça e uma rede
trançada com linhas e sementes. A rede cobre a cabaça, mas fica solta, de
modo a permitir um atrito entre as sementes e a cabaça quando
movimentadas, o que gera o som amplificado pela cabaça.
Leia também: Patrimônio histórico cultural: legado cultural e científico de uma
sociedade

Cultura afrodescendente no Brasil


A cultura africana chegou às terras brasileiras pelos africanos trazidos para cá
para servirem de escravos. Os navios negreiros ou tumbeiros (grandes
embarcações europeias que traziam em seus porões dezenas e até centenas de
africanos em condições degradantes) carregavam pessoas de várias etnias
africanas, o que permitiu a pluralidade cultural de origem africana no Brasil.

Com a fusão entre a cultura africana e os vários elementos da cultura indígena e


europeia, nasceu no país uma cultura muito vasta. Se buscarmos em nossas
origens, diversos são os elementos que compõem a nossa formação tradicional
e têm origem no continente africano.

Candomblé e umbanda

São religiões originalmente brasileiras, mas que surgiram com base em


elementos religiosos africanos. O candomblé consiste no culto aos orixás da
cultura iorubá, enquanto a umbanda é uma forma sincrética entre o candomblé,
o catolicismo e o espiritismo kardecista.

As religiões afro-brasileiras estão presentes principalmente no estado da Bahia.


Culinária

Nossa culinária é repleta de pratos e ingredientes originários da cultura


africana ou criados por africanos no Brasil. Podemos listar o acarajé, o vatapá, o
abará e o caruru. Apesar da crença comum de que a feijoada tem sua raiz na
cultura dos africanos escravizados no Brasil, a sua origem incerta parece apontar
que, ao menos como é feita hoje, não foi uma criação dos escravos.

Em primeiro lugar, como defende o historiador e folclorista brasileiro Luís da


Câmara Cascudo, muitos escravos eram muçulmanos, e a religião islâmica
interdita o consumo da carne de porco pelos seus adeptos por considerá-lo
um animal impuro. Em segundo lugar, a carne seca e a carne de porco, mesmo
os pedaços menos cobiçados hoje, como a orelha, o rabo, o focinho e a pata,
eram de grande valor, devido à dificuldade em criar-se os animais e conservar
suas carnes no Período Colonial, o que distancia a tese de que esses pedaços
eram servidos aos escravos.

O historiador Carlos Alberto Dória aponta que a feijoada como conhecemos hoje
foi criada em restaurantes brasileiros no século XIX e tem sua origem no
“feijão gordo”, que consiste no feijão cozido com carne seca.

Dança

Temos hoje diversas danças brasileiras que foram trazidas por africanos ou
surgiram com base em elementos culturais dessas pessoas que viviam no Brasil.
São elas: a capoeira, que é também uma arte marcial utilizada como defesa dos
escravos fugitivos contra os capitães do mato; o samba; o axé, dança originária
do ritmo afoxé que tem origem nas tradicionais danças religiosas); o coco; e o
maracatu.

Veja mais: Dança – história, ritmo e movimento

Por Francisco Porfírio


Professor de Sociologia
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Cultura africana"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/cultura/cultura-africana.htm. Acesso em 02 de dezembro
de 2024.

De estudante para estudante

Mande sua pergunta

Ex: Quem descobriu o Brasil?

Enviar

Artigos Relacionados
Aspectos da população africana

Confira aqui alguns aspectos da triste realidade da população... Geografia

Características do Continente africano


Confira aqui as principais características do continente... Geografia

Cultura brasileira: da diversidade à desigualdade

Clique aqui para entender a relação entre diversidade cultural... Sociologia

Desigualdade social

Clique aqui para entender o que é a desigualdade social, como... Sociologia

Etnocentrismo

Clique aqui e saiba o que é etnocentrismo, como e quando essa... Sociologia

Intolerância religiosa

Acesse este link para entender o que é a intolerância... Sociologia

Música Sul-Africana

Os estilos musicais, festivais internacionais e a repercussão... África do Sul


Institucional

Quem Somos
Anuncie
Politica de Privacidade
Termos de Uso
Fale Conosco

Siga o Brasil Escola

Facebook

Instagram

Youtube

Copyright © 2024 Rede Omnia - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial sem prévia
autorização (Inciso I do Artigo 29 Lei 9.610/98)

Você também pode gostar