Controle Feixe Antenas
Controle Feixe Antenas
Controle Feixe Antenas
UBERLÂNDIA
2022
DANIEL LUIZ RIBEIRO
Orientador:
GILBERTO ARANTES CARRIJO, PhD
UBERLÂNDIA
2022
DANIEL LUIZ RIBEIRO
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Gilberto Arantes Carrijo, PhD
FEELT/ Universidade Federal de Uberlândia – MG
______________________________________
Prof. Lorenço Santos Vasconcelos, Dr.
FEELT/ Universidade Federal de Uberlândia – MG
______________________________________
Prof. Alexandre Coutinho Mateus, Dr.
FEELT/ Universidade Federal de Uberlândia – MG
______________________________________
Prof. Benedito Alencar de Arruda, Dr.
UFMT/Universidade Federal de Mato Grosso
______________________________________
Prof. Haroldo Benedito Tadeu Zattar, Dr.
UFMT/Universidade Federal de Mato Grosso
AGRADECIMENTOS
𝑆 Vetor de Poynting
Re Parte real
𝜂 Impedância intrínseca do meio
𝑈 Intensidade de radiação
𝐷 Diretividade
𝑒𝑜 Eficiência de uma antena
𝐺 Ganho
FC Frequência de ressonância
𝑄 Fator de qualidade
𝐴𝐹 Fator de Conjunto
𝑑𝑥 Distância entre os elementos do conjunto na direção x
𝑑𝑦 Distância entre os elementos do conjunto na direção y
𝜓 𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠 𝜃 + 𝛽
𝜑𝑖 Posição angular do i-ésimo elemento
𝑎̅(𝜃 ) Vetor de conjunto
𝑤
̅ Matriz de pesos
̅𝑇
𝑤 Matriz de pesos transposta
𝑁 Dimensão de Hausdorff-Besicovich
𝐴𝐹𝑃 Fator de conjunto de um conjunto fractal
𝐺𝐴(Ψ) Fator de conjunto associado ao subconjunto gerador
𝛿 Fator de escala
𝑤
̅𝐹 Matriz de pesos fractal
̅̅̅̅̅
𝐸𝑖𝑛𝑐 Campo elétrico incidente sobre uma antena
𝑐𝑒𝑓
̅̅̅̅ Comprimento efetivo de uma antena
𝑝 (𝑥 ) Função densidade de probabilidade
𝐸 [𝑋] Esperança ou valor esperado de uma variável aleatória 𝑋
𝐸 [𝑋 𝑛 ] 𝑛-ésimo momento de uma variável aleatória 𝑋
𝑥̅ Média de uma variável aleatória 𝑋
𝐸 [𝑋 − 𝑥̅ ] 𝑛-ésimo momento central de uma variável aleatória 𝑋
𝜎2 Variância
𝐸[𝑋𝑗 𝑌 𝑘 ] 𝑗𝑘-ésimo momento conjunto das variáveis aleatórias 𝑋 e 𝑌
𝐸[(𝑋 − 𝑥̅ )𝑗 (𝑌 − 𝑦̅)𝑘 ] 𝑗𝑘-ésimo momento conjunto das variáveis aleatórias 𝑋 e 𝑌
𝜌𝑥𝑦 Coeficiente de correlação entre as variáveis aleatórias 𝑋 e 𝑌
𝑅𝑋 (𝑡1 , 𝑡2 ) Autocorrelação de um sinal consigo mesmo, defasado no tempo
𝑅𝑥 (𝜏) Autocorrelação para um processo estacionário
𝑅̂𝑥 (𝜏) Autocorrelação estimada para um processo estacionário
𝑆𝑥 (𝑓 ) Densidade espectral de potência
̅̅̅
𝜖2 Erro quadrático médio
𝜎𝑥0 𝑥𝑛 Covariância entre as variáveis aleatórias 𝑥0 e 𝑥𝑛
𝑅̅𝑥𝑥 Matriz de correlação de conjunto
𝑠 (𝑡 ) Sinal incidente sobre um conjunto de antenas
𝜉𝑘+1 Autovetor referente ao menor autovalor da matriz de correlação
𝒴[𝑡] Amostras da densidade espectral de potência
𝑟̂ [𝑘] Correlograma
𝑝̂ 𝑐 (𝜔) Densidade espectral de potência estimada
𝑝̂ 𝑝𝑟𝑔 Periodograma
ℎ (𝜔 ) Filtro
𝑦𝐿 (𝑡) Matriz de amostras espaciais
𝐶𝑂𝑉(𝑋, 𝑌) Covariância entre as variáveis aleatórias 𝑋 e 𝑌
LMS Least Mean Square
𝐽 (𝑤 ) Função de custo
1. INTRODUÇÃO
25
Velocidades mais altas de download e upload, conexões massivas, latência
ultrabaixa e experiência melhorada são requisitos do sistema 5G que não podem ser
atendidos com antenas que irradiam um feixe fixo, como nos sistemas anteriores 3G
e 4G. O novo sistema necessita de feixes estreitos, com ajuste dinâmico e
supressão de lóbulos laterais para que os equipamentos possuam cobertura
máxima, sem lacunas ou experiências desagradáveis.
O controle de feixe dinâmico e inteligente é a solução encontrada pelos
pesquisadores da área de antenas. Chamadas de Antenas Inteligentes (Smart
Antennas), esse conjunto de antenas é capaz de recolher amostras do ambiente e,
utilizando um processador digital de sinais, direcionar o feixe para regiões
específicas do espaço, de acordo com a demanda da aplicação. O princípio que está
por trás dessa técnica é a teoria de conjunto de antenas e formação de feixe,
desenvolvido desde a Segunda Guerra Mundial, e aprimorado gradativamente,
principalmente com o desenvolvimento dos computadores.
Mas as antenas inteligentes devem ser capazes de atuar também em
multibanda, e não apenas promover o direcionamento espacial do feixe. De acordo
com a literatura, as antenas capazes de realizar transmissões em multibanda ou,
mais ainda, em banda larga, são as antenas independentes da frequência. Mas
quando são dispostas em conjunto, as antenas independentes da frequência
apresentam restrições como limitação do ângulo de varredura, exigência de pouca
profundidade e diagrama de elemento não balanceado rotacionalmente.
Para contornar este problema, é necessário utilizar um conjunto de antenas
inteligentes cujos elementos individuais sejam capazes de varrer dinamicamente o
espectro e, simultaneamente, operar em multibanda. Os formatos convencionais
parecem não ajudar muito neste propósito, sendo necessário buscar além da
geometria padrão.
As antenas fractais se enquadram nestes propósitos. Sua estrutura auto similar
permite que elas possuam várias frequências de ressonância, isto é, que operem em
multibanda, além de poderem ser utilizadas em projetos de miniaturização de
antenas. Mas a grande questão que se coloca no presente trabalho é saber se as
antenas fractais poderiam ser utilizadas como elementos individuais num conjunto
formador de feixe dirigido. O objetivo desta tese é utilizar a geometria fractal em
projetos de antenas inteligentes formadores de feixe.
26
1.2 Objeto de Estudo e Metodologia Utilizada
27
possível escolher qual seriam estes princípios. Então, o recorte feito aqui dos temas
essenciais que devem ser abordados é baseado no julgamento e experiência do
autor com o assunto em questão, e não em critérios fechados e inquestionáveis.
Dentre esses assuntos que mereceram destaque, além da teoria básica de
antenas, estão: a teoria básica de conjuntos, visto que o controle inteligente de feixe
supõe a existência de um conjunto e a familiaridade com o mesmo; processos
estocásticos, tendo em vista o fato de que os algoritmos utilizados por antenas
inteligentes se baseiam, em sua grande maioria, em conceitos retirados de
processos estocásticos; teoria da estimativa, já que os algoritmos para encontrar a
direção de chegada procuram justamente estimar essa direção, além de outros
parâmetros do sinal; e obviamente, um capítulo dedicado às antenas fractais, e outro
dedicado às antenas inteligentes, que são os dois grandes temas do presente
trabalho.
A antena fractal inteligente proposta e apresentada é analisada pelo programa
de simulação de estruturas de alta frequência, muito popular entre engenheiros e
projetistas, denominado HFSS e desenvolvido pela empresa Ansoft®. Embora haja
um erro entre resultados simulados e resultados medidos experimentalmente, a
utilização de modelagem é essencial dentro da área de engenharia, não apenas por
reduzir custos e fornecer uma visão geral sobre o fenômeno, mas avaliar as
estratégias relativas a sua operacionalização e viabilidade econômica. O uso de
software como o HFSS possibilita o uso de detalhes e minúcias jamais imaginados
há poucas décadas, além do fato de que a simulação pode ser realizada várias
vezes, ajustando-se em cada rodada pequenos parâmetros, até que se consiga uma
resposta ótima desejada. A análise através de elementos finitos, uma das
abordagens do HFSS, é mais fácil de aplicar do que métodos analíticos,
proporcionando uma melhor compreensão das variáveis do sistema e permitindo
que o projetista teste hipóteses sobre o problema.
Por fim, a antena fractal inteligente proposta é apresentada a partir de gráficos,
uma outra grande vantagens do uso de softwares do tipo citado. Espera-se que com
os resultados conseguidos seja possível avaliar a pertinência ou não da técnica aqui
apresentada, bem como as perspectivas para possíveis trabalhos futuros, caso o
presente trabalho atraia a atenção de futuros pesquisadores da área.
28
1.3 Estrutura da Tese
O capítulo 2 procura fornecer a visão geral sobre antenas e sua inserção num
sistema de comunicação, tendo em vista sua conexão com a linha de transmissão e
as características de radiação no espaço livre. Para isso, partiu-se da teoria básica
do eletromagnetismo que, a partir das equações de Maxwell, deduz as equações
telegráficas, a criação de ondas estacionárias e a propagação no espaço livre a
partir de uma linha de transmissão curvada. Os conceitos básicos de antenas são
tratados, e um destaque especial é dado às antenas dipolo, devido à sua maior
simplicidade em relação a outras e por serem ainda muito populares. Algumas
vezes, são feitas referências a fontes pontuais, embora estas não existam na
prática. O intuito é apenas fornecer uma visão mais didática sobre o fenômeno em
questão.
O capítulo 3 trata de conjunto de antenas, a partir de configurações simples até
chegar a conjuntos mais complexos generalizados. O principal na teoria de
conjuntos é a compreensão de como se encontra o fator de conjunto para diversas
configurações geométricas, e de que maneira o feixe de um conjunto de antenas
pode ser dirigido a partir do controle da fase de excitação de cada elemento,
individualmente. Esta é a essência do projeto de antenas inteligentes.
O capítulo 4 é dedicado ao entendimento das antenas fractais, desde suas
origens, buscando acompanhar seu desenvolvimento e descobertas iniciais, e por
que seu estudo despertou grande entusiasmo entre pesquisadores. Para isso, é feita
a análise matemática da geometria fractal em si, e posteriormente a integração com
a teoria eletromagnética. Algumas técnicas de síntese de antenas fractais são
analisadas, bem como as críticas que partiram de alguns pesquisadores em relação
à real eficácia das antenas fractais.
No capítulo 5 é feita uma revisão sobre a área de probabilidade e processos
estocásticos, destacando-se os principais conceitos como variável aleatória, função
densidade de probabilidade e seus tipos, ergodicidade e estacionaridade. Ainda
neste capítulo, são apresentadas as principais técnicas de estimativa espectral, com
ênfase na estimativa temporal. O correto estudo e entendimento destas técnicas
servirá de base para o entendimento da estimativa espectral espacial, o objetivo dos
algoritmos implementados em antenas inteligentes.
29
O capítulo 6 aborda o conceito de antenas inteligentes, sua lógica de
funcionamento, importância e desafios. São discutidos os algoritmos de
determinação de direção de chegada (DOA), bem como de formação adaptativa de
feixe, os quais, em conjunto, constituem o fundamento para o múltiplo acesso por
divisão espacial (SDMA), a grande revolução das telecomunicações do futuro.
Também são analisadas as técnicas de supressão de lóbulo lateral fixo, bem como a
relação entre as estimativas espectrais temporais abordadas no capítulo 5 e as
estimativas espectrais espaciais.
Por fim, no capítulo 7 é apresentada a antena fractal inteligente proposta, cujo
entendimento será amparado pelas apresentações dos capítulos anteriores.
Inicialmente os detalhes construtivos da antena são apresentados, e em seguida, os
resultados de várias simulações são colocados para análise. Alguns parâmetros são
propositalmente modificados para que se possa ter uma melhor visualização do
fenômeno de varredura e controle inteligente como um todo. Buscou-se fornecer um
ambiente de varredura amplo, visto que as antenas inteligentes devem operar,
principalmente, mas não exclusivamente, em sistemas 5G, cujas bandas de
frequência incluem desde mega-hertz até dezenas de giga-hertz. Então, os dados
são cuidadosamente analisados e verificados para que boas conclusões possam ser
buscadas.
O capítulo 8 encerra com uma breve conclusão de todo o processo. A partir
das análises realizadas no capítulo anterior, bem como das teorias básicas discutias
desde os primeiros capítulos, chega-se ao conhecimento maduro do sistema
proposto, das variáveis do problema, dos possíveis gargalos e das melhorias que
podem ser realizadas.
O tema proposto é complexo e amplo. A bibliografia utilizada é apresentada no
capítulo 9, tendo como referência os principais artigos e livros publicados nas
revistas e editoras de destaque. A maior parte dela está em inglês, mas sempre que
possível, optou-se por utilizar a versão traduzida em português, caso houvesse uma
boa tradução (o que nem sempre ocorre), para facilitar o acesso daqueles que não
possuem familiaridade com esta importante língua estrangeira.
30
2. ANTENAS E SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO
2.1 INTRODUÇÃO
31
⃗
𝜕𝐵
∇ × 𝐸⃗ = − (2.1𝑎)
𝜕𝑡
⃗
𝜕𝐷
⃗ =
∇×𝐻 (2.1𝑏)
𝜕𝑡
⃗ =𝜌
∇∙𝐷 (2.1𝑐)
⃗ =0
∇∙𝐵 (2.1𝑑)
32
estruturas fractais e as de feixe dirigido, o assunto principal desta pesquisa. Por isso,
tal consideração será mantida, embora não sejam ignorados os avanços realizados
na área da Física Quântica e do Eletromagnetismo sobre o assunto, bem como seus
impactos em toda a área de telecomunicações.
Voltando à figura 2.1, observamos que a onda eletromagnética irradiada é a
saída desejada; é o objetivo final de todo o processo. Obviamente, este sistema será
tão mais eficiente quanto maior for o seu desempenho. Em sistemas de controle
básicos, as duas principais medidas de desempenho de sistema são a resposta
transiente e o erro em regime estacionário. A resposta transiente diz respeito tanto à
maneira como o sistema responde a uma entrada particular, quanto ao
comportamento natural do mesmo. O erro em regime estacionário é aquele que se
estabelece, após o período transiente, a partir da diferença entre a entrada e a
saída, para uma entrada de teste, quando o tempo tende ao infinito.
As respostas transiente e estacionária de um sistema são encontradas após
uma análise da representação matemática, que é a modelagem de um fenômeno
feita geralmente via equações diferenciais. A resposta forçada é a solução particular,
e a resposta natural é a solução homogênea da equação. Mas em antenas, não
basta apenas modelar a estrutura irradiante, no caso, a própria antena, e depois
deduzir o desempenho do sistema. É necessário encontrar também, principalmente,
modelos que expliquem a propagação da onda eletromagnética no espaço devido
aos campos elétricos e magnéticos formados, tanto os próximos da antena, quanto
aqueles observados a grandes distâncias – estes últimos os mais importantes.
O objetivo deste capítulo é revisar os principais modelos matemáticos
envolvendo a teoria de antenas. A partir da análise de linhas de transmissão e
equações de Maxwell, desenvolver-se-á um equacionamento das estruturas
irradiantes mais simples, como uma fonte pontual e um dipolo. As fontes pontuais
são fictícias, isto é, só existem em teoria, e não podem ser encontradas na prática;
entretanto, prestam um importante serviço para a compreensão e dedução dos
principais parâmetros de antenas. As antenas dipolo, por outro lado, possuem
existência prática, não apenas teórica, e de todos os tipos de antenas, é a forma
mais elementar. Essas estruturas simples servirão de apoio para a análise das mais
complexas, como por exemplo, a dedução do fator de conjunto de um conjunto de
antenas.
33
2.2 LINHAS DE TRANSMISSÃO E ANTENAS
Uma visão intuitiva da antena pode ser adquirida considerando-a como uma
continuação de uma linha de transmissão, conforme ilustra a figura 2.2.
Figura 2.2 – Representação de uma linha de transmissão com ondas estacionárias e propagação de
ondas eletromagnéticas a partir de sua abertura.
34
refletida, que se propaga da carga de volta até a fonte. Este fenômeno ocorre
sempre que a distância entre a fonte e a carga torna-se suficientemente grande, de
modo a gerar atrasos na transmissão de energia entre um ponto e outro.
Na análise básica de circuitos elétricos, a distância entre os elementos entre si,
ou entre estes e a fonte, é considerada desprezível. Por isso, parâmetros como
resistência, impedância, admitância, etc. são tratados de forma pontual. Entretanto,
quando essa distância entre elementos e fonte começa a aumentar a partir de um
comprimento de onda, tais parâmetros se apresentam como distribuídos, e não mais
concentrados. Então, a tensão 𝑉, por exemplo, passa a depender da distância 𝑥, isto
é, 𝑉 = 𝑉 (𝑥 ). Além disso, a análise básica de circuitos considera que a tensão sobre
um elemento resistivo num ponto do circuito está exatamente em fase com a fonte
de tensão num ponto que esteja no outro lado oposto. Mas quando a distância entre
o gerador e a carga resistiva for demasiado grande, haverá um atraso de tempo que
não poderá mais ser ignorado. Isso leva à inclusão de uma fase no valor da tensão,
o que implica: 𝑉 = 𝑉 (𝑥 )𝑒 𝑗𝜔𝑡 . Como a tensão depende da distância x e do tempo t, é
mais correto escrever 𝑉 = 𝑉 (𝑥, 𝑡). Para sinais que variam no tempo, um atraso do
instante t para o instante t0 significa, no domínio da frequência temporal, a adição de
uma fase de 𝑒 𝑗𝜔𝑡0 . Para sinais que variam com a distância, um deslocamento na
distância de ∆𝑥 significa a adição de uma fase de 𝑒 𝑗𝜔∆𝑥 , na frequência espacial. Os
sinais numa linha de transmissão variam no tempo e no espaço.
Como consequência, uma parte ou toda a energia fornecida pela fonte irá
retornar, de modo que a tensão refletida de volta irá interagir com a tensão incidente
(a que vai da fonte até a carga), somando-se em alguns pontos e anulando-se em
outros. O resultado será a formação das ondas estacionárias.
Uma linha de transmissão pode ser analisada como uma associação em
cascata de inumeráveis seções de impedâncias em série e admitâncias em paralelo.
Se isolarmos uma destas seções, aplicarmos a análise de circuitos convencional e
depois fizermos a distância tender para zero, encontraremos a impedância
característica da linha de transmissão por unidade de comprimento, bem como o
comportamento da tensão e da corrente, tanto no sentido incidente quanto no
sentido contrário (refletido). Desta maneira, serão obtidos importantes parâmetros
utilizados na análise de antenas, os quais jamais poderão ser ignorados num projeto
que vise robustez e eficiência. Para mais detalhes, consultar: [HAYT, 2010].
35
2.2.1 Coeficiente de Reflexão
𝑉𝑟𝑒𝑓𝑙𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎
Γ= (2.3)
𝑉𝑖𝑛𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒
𝜕𝐼 (𝑥, 𝑡)
𝑉(𝑥, 𝑡) = 𝐼 (𝑥, 𝑡)𝑅∆𝑥 + 𝐿∆𝑥 + [𝑉(𝑥, 𝑡) + ∆𝑉(𝑥,𝑡) ] (2.4)
𝜕𝑡
36
variáveis, a distância ao longo da linha de transmissão e o tempo. Dessa maneira, a
equação 2.4 é reescrita de forma simplificada como:
𝜕𝐼
𝑉 = 𝐼𝑅∆𝑥 + 𝐿∆ + (𝑉 + ∆𝑉 ) (2.5)
𝜕𝑡 𝑥
∆𝑉 𝜕𝐼
= − (𝐼𝑅 + 𝐿) (2.6)
∆𝑥 𝜕𝑡
𝜕𝑉 𝜕𝐼
= − (𝐼𝑅 + 𝐿) (2.7)
𝜕𝑥 𝜕𝑡
𝜕𝐼 𝜕𝑉
= − (𝐺𝑉 + 𝐶 ) (2.8)
𝜕𝑥 𝜕𝑡
A equação 2.8 é a segunda das equações telegráficas. A partir das equações 2.7 e
2.8 é possível deduzir o comportamento da tensão e da corrente em toda a linha,
bem como a impedância característica da mesma.
Derivando a equação 2.7 em relação a 𝑥, resulta:
𝜕2𝑉 𝜕𝐼 𝜕2𝐼
= − ( 𝑅 + 𝐿) (2.9)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑥 𝜕𝑡𝜕𝑥
𝜕2𝐼 𝜕𝑉 𝜕2𝑉
= − (𝐺 + 𝐶 2) (2.10)
𝜕𝑥𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑡
𝜕 2𝑉 𝜕2𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
= 𝐿𝐶 + 𝐿𝐺 + 𝑅𝐶 + 𝑅𝐺𝑉 (2.11)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑡 2 𝜕𝑡 𝜕𝑡
37
Convertendo para a forma fasorial:
𝜕2𝑉
2
= 𝐿𝐶 (𝑗𝜔)2 𝑉 + 𝐿𝐺 (𝑗𝜔)𝑉 + 𝑅𝐶 (𝑗𝜔)𝑉 + 𝑅𝐺𝑉 (2.12)
𝜕𝑥
Rearranjando os termos:
𝜕2𝑉
= (𝑅 + 𝑗𝜔𝐿)(𝐺 + 𝑗𝜔𝐶 )𝑉 (2.13)
𝜕𝑥 2
𝜕2𝑉 𝜕𝐼 𝜕2𝐼
= − ( 𝑅 + 2 𝐿) (2.14)
𝜕𝑥𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑡
𝜕2𝐼 𝜕𝑉 𝜕2𝑉
= − (𝐺 + 𝐶 2) (2.15)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑥 𝜕𝑡
𝜕2𝐼 𝜕2𝐼 𝜕𝐼 𝜕𝐼
= 𝐿𝐶 + 𝐿𝐺 + 𝑅𝐶 + 𝑅𝐺𝐼 (2.16)
𝜕𝑥 2 𝜕𝑡 2 𝜕𝑡 𝜕𝑡
𝜕2𝐼
= (𝑅 + 𝑗𝜔𝐿)(𝐺 + 𝑗𝜔𝐶 )𝐼 (2.17)
𝜕𝑥 2
𝜕2𝑉
= 𝑍𝑌𝑉 (2.18)
𝜕𝑥 2
38
E a equação 2.17 se torna:
𝜕2𝐼
= 𝑍𝑌𝐼 (2.19)
𝜕𝑥 2
A equação 2.18 pode ser resolvida por vários métodos. Sua solução é da
forma:
𝑉 (𝑥 ) = 𝑉𝑖 𝑒 −𝛾𝑥 + 𝑉𝑟 𝑒 𝛾𝑥 (2.20)
𝐼 (𝑥 ) = 𝐼𝑖 𝑒 −𝛾𝑥 + 𝐼𝑟 𝑒 𝛾𝑥 (2.21)
𝛾 = 𝛼 + 𝑗𝛽 (2.22)
39
desloca o sinal ao longo da distância, o que significa adicionar uma fase ao mesmo.
Isso justifica o uso da expressão exponencial elevada a um número imaginário. Suas
unidades são radiano por metro ou graus por metro.
A figura 2.4 representa a atenuação da tensão de um sinal propagado numa
linha de transmissão com perdas.
Figura 2.4 – Atenuação de um sinal ao longo de uma linha de transmissão com perdas
O sinal em vermelho representa a tensão incidente sem atenuação, isto é, como ela
se comportaria ao longo da linha caso não fosse constantemente atenuada; o sinal
em azul representa a mesma tensão, mas desta vez com a atenuação progressiva
em função da distância; o sinal em verde representa uma exponencial de
decaimento, que é justamente o coeficiente de atenuação. Observe que esta
exponencial acompanha a envoltória do sinal atenuado, conforme pode ser
constatado pela expressão matemática que indica o decaimento da onda incidente,
na equação 2.20.
As equações 2.20 e 2.22 evidenciam que a constante de atenuação faz variar o
valor da tensão incidente e da tensão refletida em cada ponto. A partir da equação
2.3, concluímos que o coeficiente de reflexão também é função da distância na linha
de transmissão.
40
Substituindo os valores das tensões incidente e refletida encontrados em 2.20
na equação 2.3, obtemos o coeficiente de reflexão num ponto arbitrário:
𝑉𝑟 𝑒 𝛾𝑥 𝑉𝑟 𝑒 (𝛼+𝑗𝛽)𝑥 𝑉𝑟 𝑒 𝛼𝑥 𝑒 𝑗𝛽𝑥
Γ= = = (2.23)
𝑉𝑖 𝑒 −𝛾𝑥 𝑉𝑖 𝑒 −(𝛼+𝑗𝛽)𝑥 𝑉𝑖 𝑒 −𝛼𝑥 𝑒 −𝑗𝛽𝑥
𝑉𝑟 (𝑥 )𝑒 𝑗𝛽𝑥
Γ= = Γ(𝑥 )𝑒 2𝑗𝛽 (2.24)
𝑉𝑖 (𝑥 )𝑒 −𝑗𝛽𝑥
41
haja casamento de impedância, haverá reflexão de parte da potência, ou de toda
ela, da carga para a linha de volta, o que significa a existência de um coeficiente de
reflexão, Γ, cujas características físicas são previstas na equação 2.25.
A intensidade com que a impedância da carga e da linha estão descasadas é
indicada pelo grau do coeficiente de reflexão, que varia de – 1 até 1. Se Γ for igual a
– 1, então as tensões incidente e refletida estão defasadas de 180º; se Γ for igual a
1, a tensão incidente e refletida estão em fase; e se Γ for igual a zero, implica que
toda a potência transmitida incidente é absorvida pela carga.
A partir de 2.23, é conveniente considerar como referência o final da linha de
transmissão, isto é, a posição onde se localiza a carga, de modo que o valor de 𝑥
nesse ponto seja arbitrariamente tomado como o início (zero). Deste modo, temos:
Γ(𝑥 ) = Γ𝐶 (2.26)
Figura 2.5 – Linha de transmissão tomada à esquerda da carga como referencial negativo
42
2.2.2 Impedância Característica da Linha de Transmissão
𝑉 = 𝑉𝑖 𝑒 𝛾𝑥 𝑒 −𝑗𝜔𝑡 (2.28)
O termo 𝑒 𝛾𝑥 que acompanha a tensão incidente indica que ela possui um módulo e
uma fase que variam com a sua posição na linha. O termo 𝑒 −𝑗𝜔𝑡 mostra que essa
tensão também varia em função do tempo, possuindo módulo e fase.
Derivando a equação 2.28 em relação a 𝑥:
𝜕𝑉
= 𝛾𝑉𝑖 𝑒 𝛾𝑥 𝑒 −𝑗𝜔𝑡 (2.29)
𝜕𝑥
𝜕2𝑉
2
= 𝛾 2𝑉𝑖 𝑒 𝛾𝑥 𝑒 −𝑗𝜔𝑡 (2.30)
𝜕𝑥
𝜕2𝑉
2
= 𝛾 2𝑉 (2.31)
𝜕𝑥
𝛾 2 𝑉 = 𝑍𝑌𝑉 (2.32)
O que implica:
𝛾 = ±√𝑍𝑌 (2.33)
𝜕𝑉
= −(𝑅 + 𝑗𝜔𝐿)𝐼 = −𝑍𝐼 (2.34)
𝜕𝑥
𝜕𝐼
= −(𝐺 + 𝑗𝜔𝐶 )𝑉 = −𝑌𝑉 (2.35)
𝜕𝑥
𝜕
(𝑉 𝑒 −𝛾𝑥 + 𝑉𝑟 𝑒 𝛾𝑥 ) = −𝑍(𝐼𝑖 𝑒 −𝛾𝑥 + 𝐼𝑟 𝑒 𝛾𝑥 ) (2.36)
𝜕𝑥 𝑖
𝑉𝑖 𝑍 𝑉𝑖 𝑍
−𝛾𝑉𝑖 = −𝑍𝐼𝑖 ⟹ = ⟹ = (2.38)
𝐼𝑖 𝛾 𝐼𝑖 √𝑍𝑌
𝑉𝑖 𝑍
=√ (2.39)
𝐼𝑖 𝑌
𝑍
𝑍𝑜 = √ (2.40)
𝑌
44
𝑅 + 𝑗𝜔𝐿
𝑍𝑜 = √ (2.41)
𝐺 + 𝑗𝜔𝐶
𝜕𝑉
= −𝛾𝑉𝑖 𝑒 −𝛾𝑥 + 𝛾𝑉𝑟 𝑒 𝛾𝑥 (2.42)
𝜕𝑥
𝜕𝑉 1
𝐼=− ∙ (2.43)
𝜕𝑥 𝑍
𝑉𝐶 = 𝑉𝑖 𝑒 −𝛾0 + 𝑉𝑟 𝑒 𝛾0 ⟹ 𝑉𝐶 = 𝑉𝑖 + 𝑉𝑟 ⟹ 𝑉𝑟 = 𝑉𝐶 − 𝑉𝑖 (2.46)
45
Substituindo 2.33 e 2.46 em 2.45:
𝑍
𝑍𝐼𝐶 = √𝑍𝑌[𝑉𝑖 − (𝑉𝐶 − 𝑉𝑖 )] ⟹ 𝐼𝐶 = 𝑉𝑖 − 𝑉𝐶 − 𝑉𝑖 (2.47)
√𝑍𝑌
Desenvolvendo a expressão:
𝑍 1 𝑍
√ 𝐼𝐶 = 2𝑉𝑖 − 𝑉𝐶 ⟹ 𝑉𝑖 = (√ 𝐼𝐶 + 𝑉𝐶 ) (2.48)
𝑌 2 𝑌
𝑍
De acordo com a equação 2.40, o termo √ é a impedância característica.
𝑌
Portanto:
1
𝑉𝑖 = (𝑉 + 𝑍0 𝐼𝐶 ) (2.49)
2 𝐶
𝑉𝑖 = 𝑉𝐶 − 𝑉𝑟 (2.50)
1
𝑉𝑟 = (𝑉 − 𝑍0 𝐼𝐶 ) (2.51)
2 𝐶
1
𝑉 (𝑥 ) = [(𝑉 + 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 −𝛾𝑥 + (𝑉𝐶 − 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 𝛾𝑥 ] (2.52)
2 𝐶
46
Dividindo o numerador e o denominador por 𝐼𝐶 :
𝑍𝐶 − 𝑍0 −2𝛾𝑥
Γ= 𝑒 (2.54)
𝑍𝐶 + 𝑍0
𝑥 = 0 na equação 2.54:
𝑍𝐶 − 𝑍0
Γ𝐶 = (2.54)
𝑍𝐶 + 𝑍0
47
2.2.3 Perda de Retorno
𝑃𝑟
𝑆𝑡 = 10 log (𝑑𝐵) (2.55)
𝑃𝑖
48
2.2.4 VSWR – Voltage Standing Wave Ratio
49
2.2.5 Antena como Continuação da Linha de Transmissão
Conforme vimos na figura 2.2, uma abertura da linha de transmissão faz surgir
um campo variável que se propaga além do meio guiado. Este segmento modificado
da linha de transmissão pode ser definido, então, como uma antena.
A abertura assim considerada, isto é, a antena, é analisada como um elemento
à parte no conjunto transmissor. Apresenta impedância diferente da existente na
linha de transmissão e possui forma de propagação dos campos elétricos e
magnéticos que, embora se assemelhe matematicamente à maneira como tais
propriedades se manifestam na linha de transmissão, é essencialmente diverso.
Considere a figura 2.6.
50
apresentado na figura 2.6 possui uma grande descontinuidade entre a linha de
transmissão e a antena, o que resulta numa reflexão de parte da energia de volta à
fonte. A outra parte será irradiada no espaço livre.
Existe uma frequência na qual a antena irá irradiar a maior quantidade de
energia possível, e frequências nas quais haverá grande reflexão entre a linha de
transmissão e a antena. No primeiro caso, dizemos que a antena é ressonante.
Se a frequência do sinal for tal que o tamanho do dipolo seja menor do que
0,25 vezes o tamanho do comprimento de onda desse sinal, então o dipolo
apresentará uma reatância capacitiva. Isso pode ser demonstrado como segue.
1
𝑉 (𝑥 ) = [(𝑉 + 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 −𝛾𝑥 + (𝑉𝐶 − 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 𝛾𝑥 ]
2 𝐶
1
𝐼 (𝑥 ) = [(𝑉 + 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 −𝛾𝑥 − (𝑉𝐶 − 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 𝛾𝑥 ] (2.57)
2𝑍0 𝐶
1
𝑉 (𝑥 ) [(𝑉𝐶 + 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 −𝛾𝑥 + (𝑉𝐶 − 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 𝛾𝑥 ]
𝑍 (𝑥 ) = = 2 (2.58)
𝐼 (𝑥 ) 1
[( ) −𝛾𝑥 − (𝑉𝐶 − 𝑍0 𝐼𝐶 )𝑒 𝛾𝑥 ]
2𝑍0 𝑉𝐶 + 𝑍0 𝐼𝐶 𝑒
1 𝑉𝐶 𝐼 𝑉 𝐼
[( + 𝑍0 𝐶 ) 𝑒 −𝛾𝑥 + ( 𝐶 − 𝑍0 𝐶 ) 𝑒 𝛾𝑥 ]
2 𝐼𝐶 𝐼𝐶 𝐼𝐶 𝐼𝐶
𝑍 (𝑥 ) = (2.59)
1 𝑉𝐶 𝐼𝐶 −𝛾𝑥 𝑉𝐶 𝐼𝐶 𝛾𝑥
[( + 𝑍0 ) 𝑒 − ( − 𝑍 ]
2𝑍0 𝐼𝐶 𝐼𝐶 𝐼𝐶 0 𝐼𝐶 ) 𝑒
51
O que pode ser simplificado para
1
[(𝑍𝐶 + 𝑍0 )𝑒 −𝛾𝑥 + (𝑍𝐶 − 𝑍0 )𝑒 𝛾𝑥 ]
𝑍 (𝑥 ) = 2 (2.60)
1
[( ) −𝛾𝑥 − (𝑍𝐶 − 𝑍0 )𝑒 𝛾𝑥 ]
2𝑍0 𝑍𝐶 + 𝑍0 𝑒
𝑍𝐶 𝑒 −𝛾𝑥 + 𝑍0 𝑒 −𝛾𝑥 + 𝑍𝐶 𝑒 𝛾𝑥 − 𝑍0 𝑒 𝛾𝑥
𝑍(𝑥 ) = 𝑍0 (2.61)
𝑍𝐶 𝑒 −𝛾𝑥 + 𝑍0 𝑒 −𝛾𝑥 − 𝑍𝐶 𝑒 𝛾𝑥 + 𝑍0 𝑒 𝛾𝑥
Agrupando os termos 𝑍0 e 𝑍𝐶 :
𝑍𝐶 (𝑒 𝛾𝑥 + 𝑒 −𝛾𝑥 ) − 𝑍0 (𝑒 𝛾𝑥 − 𝑒 −𝛾𝑥 )
𝑍(𝑥 ) = 𝑍0 (2.62)
𝑍0 (𝑒 𝛾𝑥 + 𝑒 −𝛾𝑥 ) − 𝑍𝐶 (𝑒 𝛾𝑥 − 𝑒 −𝛾𝑥 )
(𝑒 𝛾𝑥 − 𝑒 −𝛾𝑥 )
𝑍𝐶 − 𝑍0
(𝑒 𝛾𝑥 + 𝑒 −𝛾𝑥 )
𝑍(𝑥 ) = 𝑍0 (2.63)
(𝑒 𝛾𝑥 − 𝑒 −𝛾𝑥 )
𝑍0 − 𝑍𝐶 ( 𝛾𝑥
𝑒 + 𝑒 −𝛾𝑥 )
𝑍𝐶 − 𝑍0 𝑡𝑔ℎ 𝛾𝑥
𝑍(𝑥 ) = 𝑍0 (2.64)
𝑍0 − 𝑍𝐶 𝑡𝑔ℎ 𝛾𝑥
𝑍𝐶 + 𝑍0 𝑡𝑔ℎ 𝛾𝑥
𝑍(𝑥 ) = 𝑍0 (2.65)
𝑍0 + 𝑍𝐶 𝑡𝑔ℎ 𝛾𝑥
52
Para linhas de transmissão de alta frequência, os efeitos reativos imperam
sobre os resistivos. Ou seja, o coeficiente de atenuação se reduz a:
𝛾 = 𝑗𝜔√𝐿𝐶 (2.66)
𝑍𝐶 + 𝑗𝑍0 𝑡𝑔 𝛽𝑥
𝑍(𝑥 ) = 𝑍0 (2.67)
𝑍0 + 𝑗𝑍𝐶 𝑡𝑔 𝛽𝑥
53
2.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ANTENAS
Figura 2.8 – Linhas de campo de um dipolo elétrico em movimento, nos vários instantes de tempo
Figura 2.9 – Linhas de campo de um dipolo elétrico em movimento acelerado, nos vários instantes de tempo
55
eletromagnética se propague na direção z. Pois os termos referentes ao rotacional
tanto do campo elétrico como do campo magnético se reduzem a um único termo.
𝜕𝐸𝑥 𝜕𝐻𝑦
= −𝜇0 (2.69)
𝜕𝑧 𝜕𝑡
𝜕𝐻𝑦 𝜕𝐸𝑥
= −𝜖0 (2.70)
𝜕𝑧 𝜕𝑡
57
esféricas. O plano de elevação corresponde àquele formado pelos eixos x e z do
sistema cartesiano, ou o plano 𝜙 = 0 em coordenadas esféricas.
58
2.3.2 Potencial Vetor Magnético
∇∙∇×𝐴=0 (2.71)
⃗ =0
∇∙𝐵 (2.72)
⃗ = ∇∙∇×𝐴=0
∇∙𝐵 (2.73)
⃗ =∇×𝐴
𝐵 (2.74)
⃗ = 𝜇𝐻
𝐵 ⃗ (2.75)
⃗:
Isolando 𝐻
⃗⃗⃗⃗
⃗ = ∇×𝐴
𝐻 (2.77)
𝜇
59
⃗
Invocando a equação de Maxwell 2.1a, podemos substituir o valor de 𝐵
expresso na equação 2.75, obtendo:
⃗⃗⃗⃗
𝜕𝜇𝐻
∇ × 𝐸⃗ = − (2.78)
𝜕𝑡
∇ × 𝐸⃗ = −𝑗𝜔𝜇𝐻
⃗ (2.79)
⃗⃗⃗⃗
𝑗𝜔𝜇∇×𝐴
∇ × 𝐸⃗ = − .= −𝑗𝜔∇ × 𝐴 (2.80)
𝜇
Organizando os termos
∇ × 𝐸⃗ + 𝑗𝜔∇ × 𝐴 = 0 (2.81)
∇ × ∇𝑉𝑒 = 0 (2.83)
∇ × (−∇𝑉𝑒 ) = 0 (2.84)
O sinal negativo não altera o valor da expressão.
Igualando (2.82) e (2.84):
60
𝐸⃗ + 𝑗𝜔𝐴 = −∇𝑉𝑒 (2.86)
Isolando 𝐸⃗ :
⃗ ) = ∇ × (∇ × 𝐴)
∇ × (𝜇𝐻 (2.88)
∇ × ∇ × 𝐴 = ∇(∇ ∙ 𝐴) − ∇2 𝐴 (2.89)
⃗ ) = ∇(∇ ∙ 𝐴) − ∇2 𝐴
∇ × (𝜇𝐻 (2.90)
⃗ = ∇(∇ ∙ 𝐴) − ∇2 𝐴
μ∇ × 𝐻 (2.91)
⃗ = 𝐽 + 𝑗𝜔𝜖𝐸⃗
∇×𝐻 (2.92)
Reorganizando os termos:
𝜇𝐽 + 𝑗𝜔𝜇𝜖𝐸⃗ = ∇(∇ ∙ 𝐴) − ∇2 𝐴 (2.94)
ou
61
𝜇𝐽 − ∇(𝑗𝜔𝜇𝜖𝑉𝑒 ) − 𝑗 2 𝜔2 𝜇𝜖𝐴 = ∇(∇ ∙ 𝐴) − ∇2 𝐴 (2.96)
𝜔
𝑘 =. (2.98)
𝑐
Sua unidade é radianos por metro (rad/m); é a frequência angular (rad/s) da onda
eletromagnética e c é a velocidade da luz (m/s)
1
𝑐 =. (2.99)
√𝜇𝜖
𝜔
𝑘 =. .= 𝜔√𝜇𝜖 (2.100)
1/√𝜇𝜖
o que equivale a
𝑘 2 = 𝜔2 𝜇𝜖 (2.101)
∇ ∙ 𝐴 = −𝑗𝜔𝜖𝜇𝑉𝑒 (2.103)
ou, de forma equivalente,
1
𝑉𝑒 =.− .∇ ∙ 𝐴 (2.104)
𝑗𝜔𝜇𝜖
∇2 𝐴 + 𝑘 2 𝐴 = −𝜇𝐽 (2.105)
62
O que corresponde a uma forma mais simplificada da equação (2.102). Essa
equação (2.105) é chamada de equação não-homogênea de Helmholtz.
Considere que uma fonte esteja posicionada na origem do sistema de
coordenadas cartesianas, e que exista uma densidade de corrente 𝐽 orientada na
direção do eixo z, no sentido crescente. Assim, somente existirá a componente na
direção 𝑎
⃗⃗⃗⃗𝑧 tanto para 𝐽 quanto para 𝐴. Então, a equação (2.105) é reescrita como
∇2 𝐴 + 𝑘 2 𝐴 = −𝜇𝐽 (2.106)
∇2 𝐴 + 𝑘 2 𝐴 = 0 (2.107)
1 𝜕 𝜕𝐴 1 𝜕 𝜕𝐴 1 𝜕2 𝐴
∇2 𝐴 =.. .(𝑟 2
. ) + .(𝑠𝑒𝑛𝜃.. ) + (2.108)
𝑟 2 𝜕𝑟 𝜕𝑟 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝜕𝜃 𝜕𝜃 𝑟 2𝑠𝑒𝑛2𝜃 𝜕𝜑2
E sabendo que o escalar A não é função de θ e , essa equação (2.108) pode ser
resumida para
1 𝜕 𝜕𝐴
∇2 𝐴 =.. 2 .(𝑟 2. ) (2.109)
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟
O escalar A na direção z é uma função do raio (r). Por isso, podemos substituir a
equação (2.109) em (2.107):
1 𝜕 𝜕𝐴
.. 2 .(𝑟 2. ) + 𝑘2 𝐴 = 0 (2.110)
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟
Sendo A função apenas de r, pode-se substituir a derivada parcial pela derivada
ordinária. Assim, a equação (2.110) pode ser rearranjada para
𝑑2 𝐴 2 𝑑𝐴
+ 𝑟 𝑑𝑟 + 𝑘 2𝐴 = 0 (2.111)
𝑑𝑟 2
𝑐1
𝐴.= (2.114)
𝑟
Essa equação difere de (2.112) apenas pelo fator 𝑒 −𝑗𝑘𝑟 . A presença deste fator
define uma solução variante no tempo.
Ainda para k = 0 e densidade de corrente J diferente de zero, a equação
(2.106) se torna
∇2 𝐴 = −𝜇𝐽 (2.115)
𝜇 .𝐽
𝐴 =.
4𝜋
∭. 𝑟
𝑑𝑣 (2.116)
𝜇 . 𝑒 −𝑗𝑘𝑟
𝐴 =.
4𝜋
∭. 𝐽 𝑟
𝑑𝑣 (2.117)
64
A equação (2.117) pode ser estendida para correntes nas outras direções do
plano cartesiano (x,y). Isso nos permite escrever a equação na forma vetorial como
𝜇 . 𝑒 −𝑗𝑘𝑟
𝐴 =.
4𝜋
∭. 𝐽 𝑟
𝑑𝑣 (2.118)
A) Dipolo Curto
Denomina-se dipolo curto aquele cujo comprimento (ℓ) é muito menor que o
comprimento de onda (𝜆) do sinal irradiado. Para se ter uma referência, a literatura
considera como dipolo curto ℓ < 𝜆/10 [KRAUS 1988] [STUTZMAN 1981]. Alguns
autores diferencial dipolo curto de infinitesimal. Segundo Balanis, se o dipolo tiver
um comprimento menor que 𝜆/50, será um dipolo infinitesimal; caso o comprimento
do dipolo esteja no intervalo 𝜆/50 < ℓ < 𝜆/10, será um dipolo curto [BALANIS 2009].
A figura 2.13 ilustra uma antena dipolo, localizada na origem do sistema de
coordenadas cartesiano, e sua distribuição de corrente. O comprimento é orientado
ao longo do eixo z. A espessura da antena é desprezível.
65
Figura 2.13 – Antena dipolo localizada na origem do sistema de coordenadas cartesianas
2
𝐼0 (1 − ℓ 𝑧) ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑧 , … … … 0 ≤ 𝑧 ≤ ℓ/2
𝐼={ 2
(2.119)
𝐼0 (1 + ℓ 𝑧) ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑧 , … … − ℓ/2 ≤ 𝑧 ≤ 0
𝜇 . 𝑒 −𝑗𝑘𝑟
𝐴 =. ∫ 𝐼 𝑑𝑙 (2.120)
4𝜋 𝐶 𝑟
Neste caso, a integral tripla foi substituída por uma integral simples cujo percurso de
integração é C. Substituindo (2.119) em (2.120), obtemos
Note que a variável de integração foi substituída por z. Integrando (2.121), resulta
1 𝜇𝐼0ℓ𝑒 −𝑗𝑘𝑟
⃗⃗⃗⃗𝑧 =. [
𝐴 = 𝐴𝑎 ] ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑧 (2.122)
2 4𝜋𝑟
Esta fórmula é o potencial vetor magnético de um dipolo curto. Ela representa uma
boa aproximação para a análise do campo distante.
66
⃗ e o vetor campo elétrico 𝐸⃗ devem ser encontrados
O vetor campo magnético 𝐻
a partir do potencial vetor magnético dado por (2.122). Devido a simetria do
problema, é mais conveniente utilizar coordenadas esféricas e depois determinar as
componentes r, , .
A equação (2.122) é expressa em coordenadas esféricas como
1 𝜇𝐼0 ℓ𝑒 −𝑗𝑘𝑟
𝐴𝑟 = . [ ] 𝑐𝑜𝑠𝜃 (2.123𝑎)
2 4𝜋𝑟
1 𝜇𝐼0 ℓ𝑒 −𝑗𝑘𝑟
𝐴𝜃 = −. [ 4𝜋𝑟 ] 𝑠𝑒𝑛𝜃 (2.123𝑏)
2
𝐴𝜑 = 0 (2.123𝑐)
1 𝜕 𝜕
⃗ =.
𝐻 .[𝜕𝑟 (𝑟𝐴𝜃 ) − 𝜕𝜃 𝐴𝑟 ] ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑎𝜑 (2.124)
𝜇𝑟
𝐻𝑟 = 0 (2.125𝑎)
𝐻𝜃 = 0 (2.125𝑏)
1 𝑘𝐼0 ℓ𝑠𝑒𝑛𝜃 1
𝐻𝜑 =. [𝑗 ] [₁ + ] 𝑒−𝑗𝑘𝑟 (2.125𝑐)
2 4𝜋𝑟 𝑗𝑘𝑟
1
𝐸⃗ = −𝑗𝜔𝐴 − 𝑗 𝜔𝜇𝜖 ∇(∇ ∙ 𝐴) (2.126)
67
1 𝐼0ℓ𝑐𝑜𝑠𝜃 1
𝐸𝑟 =. [𝜂 ] [₁ + ] 𝑒 −𝑗𝑘𝑟 (2.127𝑎)
2 2𝜋𝑟 2 𝑗𝑘𝑟
1 𝑘𝐼0 ℓ𝑠𝑒𝑛𝜃 1 1
𝐸𝜃 =. [𝑗𝜂 ] [₁ + 𝑗𝑘𝑟 − (𝑘𝑟)2] 𝑒 −𝑗𝑘𝑟 (2.127𝑏)
2 4𝜋𝑟
𝐸𝜑 = 0 (2.127𝑐)
1 𝑘𝐼0 ℓ𝑒 −𝑗𝑘𝑟
𝐸𝜃 =. [𝑗𝜂 ] 𝑠𝑒𝑛𝜃 (2.128)
2 4𝜋𝑟
Já que 𝐸⃗ e 𝐻
⃗ são perpendiculares, as componentes 𝐸𝜃 e 𝐻𝜑 são igualmente
𝑆 = 𝐸⃗ × 𝐻
⃗ (2.129)
Cuja unidade de medida é watts por metro quadrado (W/m2). Utilizando a forma
fasorial dos campos elétrico e magnético, temos
1
𝑆 = 2 𝑅𝑒(𝐸⃗ × 𝐻
⃗ ∗) (2.130)
Somente a parte real nos interessa na análise de campo distante, pois está
justamente relacionada à resistência de entrada. Por isso o símbolo Re na equação
⃗ indica a existência de um complexo conjugado.
2.130. O asterisco acima de 𝐻
Resolvendo o produto vetorial para coordenadas esféricas:
68
1 1
𝑆 = 2 𝑅𝑒[(𝐸𝑟 ⃗⃗⃗⃗ 𝑎𝜃 )] × (𝐻𝜑∗ ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑟 + 𝐸𝜃 ⃗⃗⃗⃗ 𝑎𝜑 ) = 2 𝑅𝑒(𝐸𝜃 𝐻𝜑∗ ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑟 − 𝐸𝑟 𝐻𝜑∗ ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝜃 ) (2.131)
1 1
𝑎𝜃 ) × (𝐻𝜑∗ ⃗⃗⃗⃗
𝑆 = 2 𝑅𝑒[(𝐸𝜃 ⃗⃗⃗⃗ 𝑎𝜑 )] = 2 𝑅𝑒(𝐸𝜃 𝐻𝜑∗ ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑟 ) (2.132)
1 𝜂 𝐼0ℓ 2 𝑠𝑒𝑛2𝜃 1
𝑆𝑟 =. [ | | ] [₁ − 𝑗 (𝑘𝑟)3] (2.133)
4 8 𝜆 𝑟2
Apenas a parte real interessa, sendo kr muito maior do que 1, o que nos leva
finalmente à seguinte expressão:
1 𝜂 𝐼0ℓ 2 𝑠𝑒𝑛2𝜃
𝑆𝑟 =. [ | | ] (2.134)
4 8 𝜆 𝑟2
.
𝑃 = ∯𝑆 𝑆 ∙ 𝑑𝑠 (2.135)
Cuja unidade é watts (W). De acordo com a simetria do problema, essa componente
aponta para a direção crescente do raio e a superfície de integração é uma esfera. O
que resulta em:
2𝜋 𝜋
𝑃 = ∫0 ∫0 𝑆𝑟 𝑎𝑟 ∙ 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃𝑑𝜑𝑎𝑟 (2.136)
1 𝜋 𝐼0ℓ 2
𝑃 =. 𝜂 ( ) | | (2.137)
4 3 𝜆
69
B) Dipolo de Meio Comprimento de Onda
Devido a essa semelhança, sua corrente linear possui uma amplitude que varia
conforme uma onda senoidal pela metade, e a tensão induzida pela onda
eletromagnética é máxima em suas extremidades, fazendo com que esta antena
possua a máxima corrente induzida no seu centro (I0), se comparada com outros
dipolos.
A distribuição de corrente de um dipolo /2 é mostrada abaixo.
𝜆
𝐼0 𝑠𝑒𝑛 [𝑘 (4 − 𝑧)] ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑧 , … … … 0 ≤ 𝑧 ≤ ℓ/2
𝐼={ 𝜆
(2.138)
𝐼0 𝑠𝑒𝑛 [𝑘 (4 + 𝑧)] ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑧 , … … − ℓ/2 ≤ 𝑧 ≤ 0
70
Da mesma forma que fizemos para a antena dipolo curto, integramos a
equação (2.139), convertemos para coordenadas esféricas, passamos a equação
(2.77) para coordenadas esféricas, eliminamos as componentes ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑟 e ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝜃 , restando:
𝜋
𝐼0 𝑒 −𝑗𝑘𝑟 𝑐𝑜𝑠( 2 𝑐𝑜𝑠𝜃)
𝐻𝜑 = 𝑗. .[ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ] (2.140)
2𝜋𝑟
𝜋
𝐼0𝑒 −𝑗𝑘𝑟 𝑐𝑜𝑠( 2 𝑐𝑜𝑠𝜃)
𝐸𝜃 = 𝑗𝜂. .[ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ] (2.141)
2𝜋𝑟
𝜋 2
|𝐼0|2 𝑐𝑜𝑠( 2 𝑐𝑜𝑠𝜃)
𝑆𝑚é𝑑 = 𝜂. .[ ] (2.142)
8𝜋2𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃
2𝜋 𝜋
𝑃 =.∫0 ∫0 𝑆𝑚é𝑑 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃𝑑𝜑 (2.143)
|𝐼0 |2
𝑃 = 2,435𝜂. (2.144)
8𝜋
71
2.3.4 Intensidade de Radiação
𝑃
𝑈= (2.145)
4𝜋
𝑈 = 𝑟 2 𝑆𝑟𝑎𝑑 (2.146)
𝑈
𝐷= (2.147)
𝑈0
73
2.3.6 Impedância de Entrada
Conforme foi visto na seção 2.2.5, uma antena dipolo pode ser vista como uma
linha de transmissão dobrada. Embora tenhamos determinado a impedância da
antena dipolo a partir da impedância característica de uma linha terminada em
circuito aberto, é mais conveniente utilizar elementos da teoria de circuitos e
considerar a antena como sendo constituída por elementos resistivos e reativos,
qualquer que seja o formato da mesma.
Da teoria básica de circuitos, pode-se expressar a impedância de entrada de
uma antena como:
74
|𝐼𝑖𝑛 |2 |𝐼𝑚𝑎𝑥|2
.𝑅𝑖𝑛 =. .𝑅𝑟𝑎𝑑 (2.149)
2 2
Sendo Iin a corrente de entrada, Imax o valor máximo de corrente, Rin a resistência de
radiação nos terminais de entrada e Rrad a resistência de radiação para o máximo de
corrente.
Para o caso específico de uma antena dipolo, sabe-se que a corrente de
entrada é associada ao valor máximo de corrente por
𝑘ℓ
𝐼𝑖𝑛 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛.( ) (2.150)
2
𝑅𝑟𝑎𝑑
𝑅𝑖𝑛 =. 𝑘ℓ (2.151)
𝑠𝑒𝑛2 ( 2 )
ℓ = 𝑛𝜆, 𝑛 = 1,2,3, …
a resistência de entrada apresenta valores muito altos. Nessa condição dizemos que
a antena é ressonante, o que significa que haverá uma frequência principal para a
qual a antena irá radiar maior energia. Essa característica tem sido bastante
utilizada no modo de transmissão, e rejeitada no modo de recepção, pois neste
último caso deseja-se receber sinais numa ampla faixa de frequências.
Em projetos práticos deseja-se realizar o casamento de impedâncias entre a
linha de transmissão e a antena, eliminando-se desta maneira a parte imaginária da
impedância de entrada da antena.
75
2.3.7 Ganho
𝑃𝑖𝑟𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑑𝑎
𝑒0 = (2.152)
𝑃𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎
𝐺 = 𝑒0 𝐷 (2.153)
𝑈
𝐺 = 4𝜋 (2.155)
𝑃𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 𝑖𝑠𝑜𝑡𝑟ó𝑝𝑖𝑐𝑎
77
Como exemplo, considere o gráfico da impedância de uma antena dipolo em
função da frequência, mostrado na figura 2.18. Ele foi gerado a partir da simulação
do software HFSS da Ansoft®.
Figura 2.18 – Impedância de entrada em função da frequência, para um dipolo. A parte em vermelho
corresponde à resistência (real) e a parte em azul indica a reatância (imaginária).
78
2.3.9 Largura de Banda
𝑃𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎
𝑄 =. (2.156)
𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎
𝐹𝑐
𝑄 =. (2.157)
𝐹𝐻 −𝐹𝐿
Figura 2.23 – Propagação da onda plana transverso eletro magnética linearmente polarizada.
81
A polarização circular ocorre quando o vetor campo elétrico é polarizado
circularmente ao longo do eixo de propagação, e cuja trajetória forma uma espiral. A
figura 2.24 ilustra esse tipo de polarização.
Neste caso, o vetor campo elétrico tem um comportamento girante. As ondas podem
estar circularmente polarizadas à direita ou à esquerda. Uma antena helicoidal é
capaz de propagar uma onda eletromagnética com polarização circular.
Por fim, a polarização elíptica é semelhante à polarização circular, em relação
à sua orientação espacial, com a diferença de que, agora, o vetor campo elétrico
descreve uma trajetória elíptica girante na direção ascendente à propagação. As
ondas também podem ser polarizadas à direita ou à esquerda.
O tipo de polarização deve ser levado em conta na consideração da antena
receptora utilizada. Na Inglaterra, por exemplo, as antenas transmissoras de sinal
analógico eram polarizadas linearmente na vertical, o que significa uma oscilação do
campo elétrico para cima e para baixo. Nos Estados Unidos, as antenas
transmissoras de sinal analógico eram polarizadas linearmente na horizontal, o que
significa uma oscilação do campo elétrico para a esquerda e para a direita. Portanto,
para captar de forma mais eficiente possível o sinal transmitido, uma antena
transmissora na Inglaterra deveria estar posicionada na vertical, enquanto que nos
Estados Unidos deveria estar posicionada na horizontal.
As ondas eletromagnéticas emitidas por uma fonte de luz são polarizadas
aleatoriamente. Isso significa que a direção de propagação do campo elétrico muda
aleatoriamente com o tempo, embora se mantenha perpendicular à direção de
propagação [HALLIDAY 1992].
82
3. CONJUNTO DE ANTENAS
3.1 INTRODUÇÃO
83
exibidas pelos conjuntos jamais seriam possíveis caso se utilizasse somente uma
antena; em alguns casos, ela deveria ter um tamanho elétrico muito maior, por vezes
inviável, ou ainda, deveria possuir um sistema mecânico que mudasse sua direção
pelo espaço, um procedimento ineficiente e arcaico.
Um conjunto ou arranjo de antenas pode ser formado tendo como elementos
individuais qualquer geometria de antenas: dipolo, quadro, abertura, etc. A escolha
do tipo depende da aplicação a que se destina.
O conjunto de antenas formador de feixe dinâmico é capaz de direcionar o
feixe em tempo real para a região de interesse e anular lóbulos laterais ou
secundários em regiões que não são de interesse. Para isso, basta modificar o
ângulo de fase entre cada elemento do conjunto, consecutivamente e
uniformemente. Por tal motivo, esses conjuntos são referidos na literatura como
conjuntos faseados (Phased Arrays) [VISSER 2005].
O conjunto pode ter vários tipos de distribuição: colinear, circular, plano,
hexagonal, etc. O tipo de distribuição também afeta as características de radiação e
seus correspondentes parâmetros, cabendo ao projetista escolher o tipo mais
conveniente de acordo com as especificações de projeto. A figura 3.2 ilustra alguns
tipos de distribuição utilizados em conjuntos.
84
3.2 INTERFERÊNCIAS: CONSTRUTIVA E DESTRUTIVA
85
aleatórias de cerca de uma vez a cada 10-8 segundos, e os efeitos destrutivos ou
construtivos de interferência não conseguem ser captados pelo olho humano neste
curto intervalo de tempo. Por outro lado, dois autofalantes emitindo som através de
um único amplificador são fontes coerentes, e as ondas sonoras podem desta forma
interferir uma na outra.
Para controlar o diagrama de radiação é necessário que as fontes radiem numa
única frequência ao mesmo tempo. Para o caso de fontes luminosas, isto é
conseguido utilizando-se fontes monocromáticas; para o caso de antenas, a
condição é automaticamente satisfeita utilizando-se um conjunto radiante
proveniente da mesma fonte de sinal, mas com defasagem de fase entre si.
Para verificar que o efeito de soma ou de subtração dos campos elétricos
depende da fase relativa no ponto de encontro entre as duas ondas irradiadas,
considere duas fontes pontuais posicionadas ao longo do eixo x, separadas por𝜆/2,
com amplitudes iguais e com fases idênticas. O conjunto terá o padrão de radiação
mostrado na figura 3.4 (a); essas mesmas duas fontes sob as mesmas condições
anteriores, mas com fases opostas, isto é, com defasagem entre uma e outra de
180°, terão o padrão de radiação mostrado na figura 3.4 (b).
Figura 3.4 – Padrão de radiação de duas fontes distanciadas de /2. (a) Mesma fase. (b) Fases opostas.
86
se fizermos com que o atraso de fase seja de 90°, o padrão de radiação resultante
será semelhante ao mostrado na figura 3.5.
Figura 3.5 – Padrão de radiação de duas fontes distanciadas de /4 e defasadas de 90°
87
A análise algébrica também pode ser facilmente verificada. Considere que cada
uma das duas fontes pontuais isotrópicas, mostrada na figura 3.6, irradie um campo
elétrico de intensidade 𝐸0 . De acordo com o princípio da superposição, o campo total
irradiado pelos dois elementos será igual à soma dos campos dos elementos
individuais.
𝑑 𝑑 𝑑
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐸1 + 𝐸2 = 𝐸0 𝑒 −𝑗𝛽( 2 ) cos 𝜃 + 𝐸0 𝑒 𝑗𝛽( 2 ) cos 𝜃 = 𝐸0 [2𝑐𝑜𝑠 (𝛽 cos 𝜃) ] (3.1)
2
Figura 3.6 – Duas fontes pontuais isotrópicas com a mesma intensidade de radiação
𝑑
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2 𝑐𝑜𝑠 (𝛽 cos 𝜃) (3.2)
2
Para o caso do exemplo da figura 3.4 (a), sabemos que 𝑑 = 𝜆/2 (distância de
meio comprimento de onda). Então, a equação 3.2 pode ser reescrita como
𝜋
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2 𝑐𝑜𝑠 ( cos 𝜃) (3.3)
2
𝜋
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑐𝑜𝑠 ( cos 𝜃) (3.4)
2
88
O gráfico da equação 3.4 será exatamente aquele mostrado na figura 3.4 (a).
Para o caso do exemplo mostrado na figura 3.4 (b), a equação 3.1 será
reescrita como:
𝑑 𝑑 𝑑
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = −𝐸0 𝑒 −𝑗𝛽( 2 ) cos 𝜃 + 𝐸0 𝑒 𝑗𝛽( 2 ) cos 𝜃 = 𝐸0 [2𝑗𝑠𝑒𝑛 (𝛽 cos 𝜃) ] (3.5)
2
𝜋
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑠𝑒𝑛 ( cos 𝜃) (3.6)
2
𝑑 𝜋 𝑑 𝜋 𝑑 𝜋
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐸0 𝑒 −𝑗𝛽( 2 ) cos 𝜃 + 𝐸0 𝑒 −𝑗( 2 ) 𝑒 𝑗𝛽( 2 ) cos 𝜃 = 𝐸0 [𝑒 −𝑗( 4 ) 2𝑐𝑜𝑠 (𝛽 cos 𝜃 − ) ] (3.7)
2 4
𝜋
𝐸𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = cos [ (cos 𝜃 − 1)] (3.8)
4
𝐼 = 𝐼0 ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑧 (3.9)
𝜇𝐼0 ℓ𝑒 −𝑗𝑘𝑟
⃗⃗⃗⃗𝑧 =.
𝐴 = 𝐴𝑎 ⃗⃗𝑧
𝑎 (3.10)
4𝜋𝑟
90
Passando para coordenadas esféricas, substituindo na equação (2.124),
utilizando a condição de Lorentz e aplicando operação de produto vetorial, da
mesma maneira como feito na seção 2.74, obtemos finalmente o campo elétrico do
dipolo infinitesimal na única direção que interessa para a análise de campo distante.
𝑘𝐼0 ℓ𝑒 −𝑗𝑘𝑟
𝐸𝜃 = 𝑗𝜂. 𝑠𝑒𝑛𝜃 (3.11)
4𝜋𝑟
91
Na análise de campo distante, a distância entre cada dipolo infinitesimal e o
ponto considerado é praticamente a mesma, e será tomada como 𝑟 . Além disso,
percebe-se que, para o atraso de fase em cada elemento, temos:
𝑟2 = 𝑟1 − 𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑟3 = 𝑟2 − 𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑟4 = 𝑟3 − 𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 (3.13)
…
𝑟𝑛 = 𝑟(𝑛−1) − 𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃}
𝑘𝐼0 ℓ𝑒 −𝑗𝑘𝑟1
⃗⃗⃗⃗
𝐸𝑅 = 𝑗𝜂. 𝑠𝑒𝑛𝜃[1 + 𝑒+𝑗(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃+𝛽) + 𝑒+𝑗2(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃+𝛽) + ⋯ + 𝑒+𝑗(𝑛−1)(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃+𝛽) ]⃗⃗
𝑎𝜃
4𝜋𝑟1
(3.14)
92
Utilizando a notação de somatório:
𝑛−1
𝐴𝐹 = ∑ 𝑒 𝑗𝑚𝜓 (3.17)
𝑚=0
𝑛−1
𝐴𝐹 = 𝐴0 ∑ 𝑒 𝑗𝑚𝜓 (3.18)
𝑚=0
𝓋 = 𝑎1 𝓋1 + 𝑎2 𝓋2 + 𝑎3 𝓋3 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝓋𝑛
93
Figura 3.8 – Conjunto com 10 elementos, d = , = 0°, = 45° e =90°.
1−𝑒 𝑗𝑛𝜓
𝐴𝐹 = . .𝐴0 (3.21)
1−𝑒 𝑗𝜓
𝑒 𝑗𝑛𝜓 −1
𝐴𝐹 = . .𝐴0 (3.22)
𝑒 𝑗𝜓 −1
𝑒𝑗𝑛𝜓/2 𝑒𝑗𝑛𝜓/2−𝑒−𝑗𝑛𝜓/2
𝐴𝐹 = .
𝑒𝑗𝜓/2 𝑒𝑗𝜓/2−𝑒−𝑗𝜓/2
.𝐴0 (3.23)
1
𝑠𝑒𝑛𝜃 =. .(𝑒 𝑗𝜃 − 𝑒 −𝑗𝜃 ) (3.24)
2𝑗
94
A equação (3.23) se torna
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜓/2)
𝐴𝐹 = 𝑒 𝑗(𝑛−1)𝜓/2 . .𝐴 (3.25)
𝑠𝑒𝑛(𝜓/2) 0
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜓/2)
𝐴𝐹 = . .𝐴 (3.26)
𝑠𝑒𝑛(𝜓/2) 0
O valor máximo dessa expressão ocorrerá quando =0. Substituindo este valor de
em (3.18), resulta
Para normalizar os resultados do fator de conjunto de tal maneira que seu máximo
valor seja igual à unidade, dividimos a equação (3.26) pela equação (3.27), esta
última representando o valor máximo de AF. O resultado é
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜓/2)
𝐴𝐹𝑁 =. (3.28)
𝑛 𝑠𝑒𝑛(𝜓/2)
𝜆 (−𝛽 ± 2𝑚𝜋)
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠.[ . ], 𝑚 = 0,1,2,3, … (3.29)
2𝜋𝑑 .
Quando m = n, 2n, 3n, etc. a função expressa na equação (3.28) atinge seu máximo,
por isso é necessário impor a condição m ≠ n, 2n, 3n, etc. A largura de feixe entre
nulos é encontrada uma vez que se determine os ângulos em que ocorrem o
primeiro nulo, o segundo, etc.
A largura de feixe de meia potência ocorre quando sen(n / 2) ≈ 1, ou seja,
𝜆 (2,782/𝑛)
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠.[ . ] (3.32)
2𝜋𝑑 .
Uma distribuição plana pode ser vista como um conjunto formado a partir de
duas distribuições lineares de radiadores ao longo de direções ortogonais entre si,
formando um plano. Conjuntos planos possuem uma grande abertura efetiva,
versatilidade de varredura em qualquer direção e capacidade de formação de
diagramas de radiação mais simétricos que possuam lóbulos laterais mais baixos. A
maior parte das antenas fractais pode ser considerada como formada por conjuntos
planos, assim como as antenas inteligentes que utilizam a varredura de feixe são
projetadas de acordo com a distribuição plana.
Um conjunto plano é mostrado na figura 3.10.
96
Figura 3.10 – Conjunto plano
em que AFx indica o fator de conjunto da distribuição linear na direção x, e AFy indica
o fator de conjunto da distribuição linear na direção y. Substituindo e adaptando a
equação (3.17) em (3.33) para as respectivas direções x e y, resulta:
𝐴𝐹 = ∑𝑛−1
𝑥=0 𝑒
𝑗𝑥𝜓𝑥 ∑𝑚−1 𝑗𝑦𝜓𝑦
∙ 𝑦=0 𝑒 (3.34)
𝐴𝐹 = ∑𝑛−1
𝑥=0 𝑒
𝑗𝑥(𝑘𝑑𝑥 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠𝜑+𝛽𝑥 ) ∑𝑚−1 𝑗𝑦(𝑘𝑑𝑦 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑠𝑒𝑛𝜑+𝛽𝑦 )
∙ 𝑦=0 𝑒 (3.35)
Essa equação também pode ser expressa numa forma mais compacta, normalizada
e conveniente, da mesma forma que foi feito no item anterior para a distribuição
linear. O resultado é apresentado como:
97
A figura 3.11 ilustra o gráfico do fator de conjunto para um conjunto planar de
20x20 elementos (a), bem como o diagrama de radiação para a diretividade relativa
desse conjunto (b). A distância entre os elementos é de meio comprimento de onda,
tanto na direção x quanto na direção y.
Figura 3.11 – Fator de conjunto para 20 elementos planos (a) e diretividade relativa (b)
Uma comparação da figura 3.11 com a figura 3.9 mostra que o feixe é mais
direcional no conjunto plano do que no conjunto linear. A diretividade pode aumentar
ainda mais se a distância entre os elementos nas direções x e y diminuir. Assim,
diminuem-se as amplitudes dos lóbulos laterais. Para as distâncias dx e dy iguais a
0,5, vários lóbulos secundários são formados em várias direções, formando novos
pontos de máximo de radiação.
Os pontos de máximo ocorrem quando:
98
1
Θ𝑇 = . 2 (3.38)
√𝑐𝑜𝑠2 𝜃 [(
𝑐𝑜𝑠𝜑0 2
) +(
𝑠𝑒𝑛𝜑0
) ]
0 𝜃𝑥 𝜃𝑦
1
Θ𝐿 = . 2 (3.39)
√[(𝑠𝑒𝑛𝜑0) 2 𝑐𝑜𝑠𝜑
+( 𝜃 0) ]
𝜃𝑥 𝑦
Θ
Θ 𝑇 =. (3.40)
𝑐𝑜𝑠𝜃0
Θ𝐿 = Θ (3.41)
99
Figura 3.12 – Radiação em 3D para três elementos (a) e representação bidimensional (b)
100
O fator de conjunto (AF) é uma função periódica, e pode ser expresso em
termos de série exponencial de Fourier por:
Figura 3.14 – Diretividade e Fator de Conjunto para 10 elementos circulares, raio igual a
Vale observar que, à medida que o raio do conjunto circular diminui, mais o
diagrama de radiação do conjunto circular se aproxima do diagrama de uma antena
de quadro. Entretanto, a diminuição do raio do conjunto circular resulta na
diminuição da distância entre os elementos do conjunto, ocasionando um
acoplamento entre as várias fontes. Neste caso, o software de simulação utilizado
deverá levar em conta esses efeitos, e os cálculos aqui realizados se tornam
ineficazes para analisar o comportamento do conjunto resultante.
Para efeito de simplicidade, considerou-se que as fontes dos conjuntos aqui
tratados estão longe o suficiente para que os efeitos de acoplamento mútuo possam
ser desprezados.
101
3.4 CONJUNTOS BROADSIDE E END-FIRE
102
3.5 VETOR DE CONJUNTO E MATRIZ DE PESOS
1
𝑗(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠 𝜃+𝛽)
𝑒
𝐴𝐹 = 𝑆𝑂𝑀𝐴 𝑒 2𝑗(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠
..
𝜃+𝛽)
(3.46)
.
[𝑒 𝑗(𝑛−1)(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠 𝜃+𝛽) ]
1
𝑗(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠 𝜃+𝛽)
𝑒
𝑎̅(𝜃 ) = 𝑒 2𝑗(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠
..
𝜃+𝛽)
(3.47)
.
[𝑒 𝑗(𝑛−1)(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠 𝜃+𝛽) ]
𝑇
𝑎̅(𝜃 ) = [1 𝑒 𝑗(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠 𝜃+𝛽) 𝑒 2𝑗(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠 𝜃+𝛽) … 𝑒 𝑗(𝑛−1)(𝑘𝑑𝑐𝑜𝑠 𝜃+𝛽) ] (3.48)
103
Figura 3.16 – Conjunto de antenas com os respectivos pesos
𝜋𝑑
em que 𝑢 = 𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝛽𝑛 . A excitação da amplitude é representada por 𝑤𝑛 , e a
𝜆
̅ 𝑇 ∙ 𝑎̅(𝜃 )
𝐴𝐹 = 𝑤 (3.50)
Em que 𝑤
̅ é a matriz de pesos do conjunto. Em sua forma transposta utilizada na
equação 3.50, a matriz de pesos é dada por:
̅ 𝑇 = [𝑤1
𝑤 𝑤2 𝑤3 … 𝑤𝑀 ] (3.51)
4.1 INTRODUÇÃO
105
4.2 PERSPECTIVA HISTÓRICA DA GEOMETRIA FRACTAL
106
A base da teoria não euclidiana é a revisão do quinto postulado de Euclides,
que pode ser enunciado modernamente da seguinte forma resumida: por um ponto
fora de uma reta só existe uma única reta paralela. Gauss, Lobachevsky e Bolyai
apresentaram uma geometria que considerava não apenas ser possível existir mais
do que uma reta paralela a outra dada, passando por um ponto, como também se
deduzia ser possível existir infinitas retas.
Alguns anos mais tarde, Bernhard Riemann desenvolveu uma geometria de
espaços curvos que corroborava a teoria da geometria não euclidiana. Numa
palestra apresentada a ilustres matemáticos da época, incluindo o próprio Gauss,
Riemann utilizou a linguagem proposta anteriormente por este para descrever a
geometria de superfícies curvas bi dimensionais. Além disso, propôs que o espaço
possuía não apenas três dimensões, mas quatro.
A geometria não euclidiana rompia com os fundamentos axiomáticos da
geometria euclidiana existente até então, o que causou rejeição por parte de muitos
matemáticos da época. O formalismo adotado por muitos matemáticos, entre eles
Hilbert, partia do pressuposto de que determinados axiomas utilizados na
matemática não eram passíveis de serem modificados a partir da produção de
conceitos, devendo ser apenas verificados a partir de sua consistência e não
contradição [SHAPIRO 2005] [HILBERT 1971].
Um pouco mais tarde, na segunda metade do século XIX, Weierstrass propôs
uma função que era contínua na reta ℝ, mas não tinha nenhuma derivada em todo o
domínio [MIRANDA 2012]. Essa função ficou conhecida como função de Weierstrass
e pode ser definida como:
𝑓 (𝑥 ) = ∑ ∞ 𝑛 𝑛
𝑛=0 𝑎 𝑐𝑜𝑠(𝑏 𝜋𝑥 ) (4.1)
107
Figura 4.2 – Função de Weierstrass
2 𝑘
lim ( ) = 0 (4.2)
𝑘→∞ 3
108
Ou seja, o comprimento total é zero. Deste modo, o comprimento total não é
uma maneira adequada de calcular o tamanho de 𝐶. Essa limitação sugere que a
dimensão de 𝐶 é estritamente menor do que 1.
Seja agora [𝑎, 𝑏] um dos intervalos fechados. Esse intervalo compõe uma das
aproximações de 𝐶𝑘 . Então, é possível dizer que as extremidades 𝑎 e 𝑏 pertencem a
todos os conjuntos futuros 𝐶𝑚 , 𝑚 ≥ 𝑘 . Portanto, pertencem à intersecção 𝐶 .
Considerando todas as aproximações 𝐶𝑘 e tomando todas as extremidades de todos
os intervalos de todas essas aproximações, chegaremos a um conjunto infinito de
pontos, todos eles pertencendo a 𝐶. Para mais detalhes, consultar: [EDGAR 2008].
O matemático francês Poincaré propôs outra importante visão alternativa à
geometria euclidiana, no final do século XIX. Concebeu um disco hiperbólico
[ANDERSON 1999], um disco do espaço bidimensional que possui geometria
hiperbólica e é definido como:
{𝑥 ∈ ℝ2 : |𝑥 | < 1}
𝑑𝑥 2 +𝑑𝑦 2
𝑑𝑠 2 =. (4.3)
(1−𝑥 2−𝑦 2)2
Como pode ser visto, uma linha é representada como um arco no círculo. As
extremidades do círculo são perpendiculares ao contorno do disco. Arcos que
satisfazem à condição de ortogonalidade correspondem a linhas perpendiculares, e
os que não satisfazem, são paralelos.
109
Também no final do século XIX, o matemático Giuseppe Peano realizou
importantes contribuições no sentido de afastamento da geometria euclidiana.
Definiu um tipo de curva como o “caminho de um ponto em movimento contínuo”, as
quais podem ser geradas pela simples partição recursiva do espaço. Hilbert,
descreveu uma curva similar, um tempo depois, como uma variação da curva de
Peano [BOYER, 1996]. Por isso as curvas que possuem essa característica de
preenchimento espacial são conhecidas como curvas de Peano-Hilbert. A figura 4.5
ilustra alguns exemplos.
Já no início do século XX, Helge von Koch criou uma curva a partir da ideia de
iteração: divide-se um segmento de reta em três partes iguais, substitui-se a parte
central por um triângulo equilátero, e repete-se o procedimento para os segmentos
de reta restantes, sucessivamente [SILVA 2010]. O resultado será a curva de Koch
mostrada na figura 4.6.
110
Para uma visualização matemática da curva de Koch, considere um triângulo
inicial, que corresponde à parte superior esquerda da figura 4.6. Para facilidade dos
cálculos, cada lado possui comprimento unitário. Tri seccionando cada lado é
possível criar novos triângulos equiláteros, idênticos ao anterior, com lados iguais à
metade do triângulo original. É o que mostra a parte superior do meio, na figura 4.6.
Prosseguindo com o mesmo processo, isto é, tri seccionando cada lado dos novos
triângulos assim formados, e depois de novo, e assim sucessivamente, o processo
se repetirá infinitamente.
A área do triângulo inicial é dada por:
1
𝐴∆𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 = √3 (4.4)
4
1 1 2 √3 1 2 √3 1 2 √3
√3 + ( 3) ( ) + 9 ( ) + ( 27) ( ) +⋯ (4.5)
4 3 4 9 4 27 4
√3 1 1
(1 + + + ⋯ ) (4.6)
4 3 9
O termo entre parênteses é uma série geométrica com razão igual a 1/3. Então,
aplicando a soma aos termos entre parênteses, a expressão 4.6 se torna:
√3 1 √3 3
∙( )= ∙ (4.7)
4 1 4 2
1−3
111
com a remoção da parte central. Para cada nova parte resultante (8 quadrados),
procede-se da mesma forma, e assim por diante [SILVA 2010]. Para a formação do
triângulo de Sierpinski, o processo é similar. A figura 2.6 ilustra essas duas figuras. A
figura 4.7(a) mostra o tapete, e a figura 4.7(b) o triângulo.
Ela foi formada simplesmente criando-se uma figura inicial simples, e depois
formando cada parte a partir da repetição recursiva de dessa parte inicial. A nova
figura assim formada, por sua vez, serve de base para que outra figura seja
construída, a partir de sua repetição. O processo prossegue indefinidamente.
113
Dessa maneira, Mandelbrot tornou possível a simulação computacional de
ambientes mais realísticos que envolvem complexidades que as formas euclidianas
não são capazes de reproduzir. Raios, paisagens, matas, folhas, nuvens, montanhas
e muitas outras, podem ser criados atualmente com a ajuda da computação gráfica
e da geometria fractal. Por exemplo, observe a figura 4.10.
Figura 4.10 – Paisagem com raios, plantas, terreno e montanhas ao fundo. Fonte: Reimund Bertrams por
Pixabay.
Mandelbrot deu o nome de fractais a essas formas. Embora elas tivessem sido
analisadas há séculos, foi somente com ele que um estudo sistemático sobre essas
figuras foi realizado e apresentado à academia. Assim como a matemática e as
figuras não euclidianas foram recebidas com resistência pela academia, no passado,
a geometria fractal proposta por Mandelbrot também foi motivo de deboche por parte
de alguns matemáticos. Principalmente porque, utilizando-se a geometria fractal, é
possível criar figuras absolutamente desconexas da realidade, como paisagens
abstratas e temas aberrantes, conforme pode ser ilustrado, por exemplo, na figura
4.11 abaixo.
114
Figura 4.11 – Figura formada a partir da iteração recursiva gerada computacionalmente, em formato
fractal. Fonte: alto2 por Pixabay.
𝐿 𝑑
𝑁 = .( ) (4.9)
𝑛
log 𝑁
𝑑= . 𝐿 (4.10)
log
𝑛
116
A equação 4.10 pode ser utilizada para se encontrar a dimensão fractal. O
triângulo de Sierpinski, por exemplo, tem dimensão fractal de 1,5849 para um
coeficiente de redução igual a 0.5 e 𝑁 igual a 3. Para mais detalhes: [SILVA 2010].
Por este motivo, Mandelbrot definiu um conjunto fractal como aquele em que a
dimensão de Hausdorff-Besicovitch excede estritamente a dimensão topológica.
Uma grande desvantagem do uso dessa dimensão é a dificuldade computacional
envolvida em seu cálculo. Entretanto, ela é fundamental para uma compreensão da
matemática existente nos fractais.
Existem métodos para determinação da dimensão fractal que utilizam uma
abordagem baseada na análise da imagem digitalizada, como o “box-counting
algorithm”, que é feito a partir do preenchimento da imagem bidimensional com
quadrados dispostos sucessivamente um após o outro até se cobrir a superfície da
figura [LONG 2013]. A partir deste método é possível obter a dimensão fractal de
formas irregulares encontradas na natureza como a do sistema fluvial do rio
Amazonas (1,85), dos relâmpagos no espaço tridimensional (1,51) ou da distribuição
das galáxias no universo (1,2).
A figura 4.13 ilustra a ideia do box-counting algorithm.
Figura 4.13 – Box-counting algorith utilizado para determinar a dimensão fractal de uma folha
117
4.4 GEOMETRIA FRACTAL APLICADA À ÁREA DE ANTENAS
“Em 1987, dei uma palestra em um encontro científico na Hungria. Meu tema
era algo exótico (lentes de gravidade), mas o assunto mais exótico discutido
foi a geometria fractal, apresentada por Benoit Mandelbrot. Naquela época, os
fractais ainda eram considerados estranhos e apenas lentamente ganharam
sua notoriedade agora bem estabelecida. Ninguém os considerava uma
ferramenta prática de engenharia (na verdade, as antenas fractais podem ser o
primeiro exemplo verdadeiro de ‘engenharia fractal’); mas, eles certamente
eram bonitos de se olhar.
Um ano depois, voltei ao FM de 2 metros e queria um link contínuo do meu
cluster de pacotes DX para o meu handie-talkie de 1 watt. K1EA ficava a 35
milhas de distância do meu apartamento no centro de Boston, então eu
precisava de uma antena razoável (sem patinhos) que seria aumentada por
minha elevação de 200 pés. Mais importante, a antena não poderia atrair a
atenção do proprietário de meu apartamento, com sua grotesca obsessão
com a ‘cláusula sem antena’ no meu contrato de aluguel.
Por que não um fractal?
Usando cola, papel de construção e papel alumínio, fiz uma antena de
microfita fractal de aparência complexa, com um motivo de ‘pagode’. (...). A
antena tinha cerca de quinze centímetros de lado. Faltando até mesmo um
medidor de SWR, eu não tinha ideia se iria ressoar. No entanto, preso ao
corrimão do meu pátio do 27º andar, ela entrou em silêncio total no K1EA.
Talvez uma vertical de 1/4 de onda tivesse feito muito melhor; eu não tinha
como saber. Certamente, eu não tinha motivação teórica para supor que iria
ressoar. Não parecia muito revolucionário na época. (...)
Um dia de inverno, notei que o PC estava desconectado do pacote. A antena
havia sido cortada diretamente do cabo coaxial fino, como se nunca tivesse
estado ali. Enquanto eu estava no trabalho, ensinando matemática contínua
aos meus alunos, o proprietário do meu apartamento havia cortado a
construção matemática discreta. Tudo o que posso dizer é que ele deve ter
uma visão excelente para ver a pequena mancha na varanda. No entanto, pelo
menos ele estava convencido de que esse quadrado parecido com um
guardanapo era uma antena.
Uma semana depois, por acaso, descobri o remanescente da pequena antena
perto das quadras de tênis abaixo. Era um pedaço de detrito encharcado de
neve com pedacinhos de papel alumínio ainda colados nele. Triste destino
para uma nova ideia.
Como todas as novas ideias, esse falso começo levou algum tempo para dar
frutos. Primeiro, eu tive que conseguir alguns imóveis, alguns atenuadores de
precisão, um analisador de SWR, ELNEC e algum tempo livre. Eu também
precisava de alguma garantia de que antenas de formas estranhas eram
possíveis.”
Nathan Cohen
[Cohen 1995]
Livre Tradução
118
A nova geometria apresentada por Mandelbrot atraiu a atenção de físicos,
biólogos, engenheiros e estudiosos diversos. Na área de telecomunicações e
antenas, não foi diferente. Mas as informações disponíveis sobre as novas formas
“estranhas” ou “aberrantes” eram quase inexistentes, por se tratar de um campo
ainda inexplorado. Foi preciso muito trabalho e dedicação para construir um capital
teórico sobre este fascinante tema que se colocava diante dos pesquisadores.
Desde o início do estudo da área de antenas, os principais parâmetros
analisados eram a ressonância e a potência. Vários formatos foram testados e esses
parâmetros explorados. Assim surgiram as antenas helicoidais, de quadro, de
abertura e tantas outras. Entretanto, o leque de opções continha formatos que se
enquadravam apenas dentro da geometria euclidiana. O motivo dessa escolha não
era o desconhecimento de formas não euclidianas ou aleatórias, mas a busca por
simplicidade. Segundo Nathan Cohen, o desejo por simplicidade dominou a
construção de antenas mais do que requisitos eletromagnéticos [COHEN 1995].
Na época da 2ª Guerra Mundial muitos teóricos, como Schelkunoff, Kandoian e
outros, realizaram pesquisas que caminharam no sentido oposto: estabelecer
determinadas características eletromagnéticas de radiação consideradas como
desejáveis, e somente depois encontrar o tipo de antena que moldasse tais
características. Este procedimento é conhecido como síntese de antenas, tendo
como principais exemplos o método de Woodward-Lawson e o método da
transformada de Fourier [BALANIS 2009] [STUTZMAN 1981]. Desta maneira,
surgiram antenas que quebravam um pouco a regularidade das formas euclidianas,
como as antenas complementares (que serão analisadas no próximo capítulo) e as
antenas log periódicas, consideradas como um tipo de fractal. Entretanto, a busca
por formatos da geometria convencional euclidiana ainda era o que preponderava, e
tal atitude limitava a descoberta no novos tipos.
Em 1983, Landstorfer e Sacher publicaram uma monografia, cujo conteúdo
pode ser encontrado na obra Optimization of Wire Antennas [LANDSTORFER 1985],
que questionava o uso da geometria euclidiana convencional na obtenção de
importantes parâmetros, como a ressonância. Analisando quais formatos de dipolo
satisfazem aos requisitos de alto ganho, concluíram que estes deveriam ser
dobrados aleatoriamente e com crimpagens onduladas, numa estrutura resultante
que diferia enormemente das já conhecidas figuras euclidianas. Ou seja, formas
119
geométricas euclidianas convencionais não produzem, necessariamente, os
melhores resultados em sistemas de antenas.
Em 1986, Kim e Jaggard [KIM 1986] aplicaram os conceitos de geometria
fractal ao problema de síntese de antenas, particularmente, na criação de conjuntos
de antenas randômicos (ou aleatórios). O objetivo era encontrar um novo
procedimento para criar estruturas auto semelhantes, chamadas de subarrays, ao
longo de uma linha, de modo que atendesse a determinados padrões de radiação
dentro da estrutura maior de um processo aleatório. O que chamou a atenção neste
trabalho é a comparação feita pelos autores entre arranjos uniformes e arranjos
aleatórios: os primeiros possuem lóbulos laterais relativamente baixos, mas são
sensíveis a erros de localização e aos valores das correntes de excitação, enquanto
que os segundos são robustos no que diz respeito a erros e falhas de localização de
elementos, mas possuem lóbulos laterais relativamente altos. Ao propor um conjunto
aleatório fractal, eles lograram criar uma estrutura híbrida, que possuía as vantagens
dos dois arranjos, uniforme e aleatório. Mais ainda: conseguiram abrir caminho para
que se pensassem determinados padrões, tidos como aleatórios, como sendo
formados por uma lógica fractal. Por exemplo, a função de Weierstrass, analisada no
capítulo 4 e ilustrada na figura 4.2, parece à primeira vista um amontoado de ruídos
aleatoriamente gerados; entretanto, obedece a um padrão rigoroso e previsível de
formação, com características de auto similaridade, conforme a equação 4.1. Segue,
portanto, um padrão fractal.
Kim e Jaggard utilizaram um gerador ou iniciador para formar os blocos do
conjunto de antenas fractais. Desta maneira, perceberam que uma antena fractal era
composta por “geradores de geradores”, estabelecendo uma conexão entre padrões
fractais e teoria de conjuntos, estes últimos chamados por Schelkunoff de “conjuntos
de conjuntos”, no caso de arranjos lineares de amplitude cônica. O resultado final foi
um melhor controle do lóbulo lateral através de um projeto de síntese de antenas
com conjuntos fractais, estes chamados de “quase aleatórios”.
Lakhtakia et. al. também se debruçaram sobre o problema da síntese de
antenas e sua relação com a geometria fractal, seguindo, porém um caminho
diverso. Utilizando uma tela no formato de tapete de Sierpinski, observaram que o
campo difratado por essa tela e detectado na região de campo distante exibia um
padrão de auto semelhança. Ora, como a tela fractal de Sierpinski também possui
120
padrões de auto semelhança, fica claro que existe uma íntima relação entre o
formato fractal da antena e o padrão de radiação fractal por ela formado. Desta
maneira, os autores conseguiram dar um grande passo ao mostrar que estruturas
fractais podem ser utilizadas em métodos de síntese de antenas, em especial,
conjuntos, ampliando assim a possibilidade de obtenção de melhores resultados
[LAKHTAKIA 1987a]. Além disso, analisaram em outro estudo um conjunto de
dipolos hertzianos, relacionando a transformada espacial e temporal de Fourier com
a função de arranjo de treliça do conjunto. Ao considerar um conjunto de dipolos
localizados em uma gaxeta Pascal-Sierpinski, utilizaram matematicamente o
iniciador e o gerador fractal, e a partir dessa demonstração constataram que a
resposta de campo distante, harmônico no tempo, também é bifractal, enquanto sua
resposta de campo distante, dependente do tempo, é unifractal. Os detalhes da
demonstração matemática podem ser encontrados em: [LAKHTAKIA 1987b].
Quando Nathan Cohen construiu, pela primeira vez na história, uma antena
fractal, o que o motivou não foram artigos acadêmicos sobre antenas fractais, mas
as possibilidades conjecturadas por ele quando tomou contato, pela primeira vez,
com a teoria dos fractais de Mandelbrot. Físico, rádio astrônomo e inovador, Cohen
não apenas percebeu as incontáveis possibilidades trazidas por esta nova
geometria, mas levou adiante o projeto e fundou a Fractal Antenna Systems Inc. Ao
longo de anos de estudos, Cohen procurou mostrar que as antenas com múltiplas
iterações fractais são capazes de ressoar e de radiar e, além disso, buscou
identificar quais tipos de fractais reduziriam o tamanho de uma antena, e em que
proporção. Desta maneira, dois campos de pesquisa são abertos dentro da área de
antenas fractais: em qual (ou quais) frequência (s) é capaz de ressoar, e em que
medida pode contribuir para a miniaturização de antenas.
Na década de 1990, uma quantidade enorme de estudos sobre antenas fractais
foi publicada [WERNER 2003]. A área da geometria fractal havia sido, finalmente,
combinada com a teoria eletromagnética, lançando nova luz sobre importantes
questões como: radiação, propagação, ganho e frequência de ressonância.
Neste contexto, Werner et. al. demonstraram matematicamente uma fórmula
para o fator de conjunto de antenas fractais [WERNER 1999b]. O desenvolvimento é
mostrado na seção seguinte, e sua importância é central para o projeto de antenas
fractais.
121
4.5 FATOR DE CONJUNTO DE ANTENAS FRACTAIS
122
4.5.1 Fator de Conjunto para Distribuição Linear
De acordo com o que foi visto sobre conjunto de antenas no capítulo 3, o fator
de conjunto de um conjunto linear de elementos isotrópicos igualmente espaçados é
dado por:
123
Cada nova aplicação recursiva representa uma escala de aumento,
simbolizada pela letra 𝑝.
O fator de conjunto do subconjunto gerador ternário de cantor para o exemplo
considerado pode ser encontrado a partir da equação 4.12. Como temos 3
elementos (ímpar), então 2𝑁 + 1 = 3 , o que implica 𝑁 = 1 . Além disso, 𝐼0 = 0 e
𝐼1 = 1. O resultado será:
124
E assim sucessivamente. Os valores normalizados para vários estágios de
crescimento e vários fatores de expansão são mostrados na tabela 4.1 abaixo.
Tabela 4.1 – Valores normalizados de AF para vários estágios de crescimento e fatores de expansão
Figura 4.17 – Diagramas de radiação para o conjunto ternário de Cantor, com três iterações.
𝛿+1
2 𝑠𝑒𝑛 [( 2 ) 𝜓]
𝐺𝐴(𝜓) = ( ) (4.18)
𝛿+1 𝑠𝑒𝑛 [𝜓]
𝐼11+2 ∑𝑀
𝑚=2{𝐼𝑚1 𝑐𝑜𝑠[𝑚𝜓𝑥 ]+𝐼1𝑚 𝑐𝑜𝑠[𝑚𝜓𝑦 ]}
+4 ∑𝑀 𝑀
𝑛=2 ∑𝑚=2 𝐼𝑚𝑛 𝑐𝑜𝑠[𝑚𝜓𝑥 ]𝑐𝑜𝑠[𝑛𝜓𝑦 ],
𝐴𝐹(𝜓𝑥 , 𝜓𝑦 ) =. 𝑝𝑎𝑟𝑎 (2𝑀−1)2 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 . (4.19)
4 ∑𝑀 𝑀
𝑛=1 ∑𝑚=1 𝐼𝑚𝑛𝑐𝑜𝑠[(𝑚−1/2)𝜓𝑥 ]𝑐𝑜𝑠[(𝑛−1/2)𝜓𝑦 ],
{ 𝑝𝑎𝑟𝑎 (2𝑀)2 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠
em que
𝜓𝑥 =𝑘𝑑𝑥(𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠𝜑)
. (4.20)
𝜓𝑦 =𝑘𝑑𝑦 (𝑠𝑒𝑛𝜃𝑠𝑒𝑛𝜑)
1 1 1
1 0 1
1 1 1
1
𝐺𝐴(𝑢𝑥 , 𝑢𝑦 ) = [cos(𝜋𝑢𝑥 ) + cos(𝜋𝑢𝑦 ) + 2 cos(𝜋𝑢𝑥 ) cos(𝜋𝑢𝑦 )] (4.21)
4
127
Em que 𝑢𝑥 = 𝑠𝑒𝑛 𝜃 cos 𝜙, 𝑢𝑦 = 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑠𝑒𝑛 𝜙
𝑃
1
𝐴𝐹𝑃 = 𝑃 ∏[cos(𝛿 𝑝−1 𝜋𝑢𝑥 ) + cos(𝛿 𝑝−1 𝜋𝑢𝑦 ) + 2 cos(𝛿 𝑝−1 𝜋𝑢𝑥 ) cos(𝛿 𝑝−1 𝜋𝑢𝑦 )] (4.22)
4
𝑝=1
Figura 4.18 – Diagrama de radiação e fator de conjunto do tapete de Sierpinski para 𝒅 = 𝝀/𝟐 e 𝑷 = 𝟑.
Foi visto no capítulo anterior que o conjunto com distribuição circular apresenta
características mistas entre os conjuntos lineares e planares, o que o torna bastante
versátil e atrativo, principalmente em aplicações de radares e navegação. Os fatores
de conjunto dos conjuntos fractais formados a partir de elementos distribuídos em
forma circular também se apresentaram muito versáteis e servem de base para a
determinação de inúmeros outros fatores de conjunto de geometrias fractais
diversas.
Considere um conjunto circular concêntrico com 𝑚 anéis, cada um com 𝑛
elementos. O fator de conjunto é dado por:
𝑀 𝑁
em que 𝜓𝑚𝑛 = 𝑘𝑟𝑚 𝑠𝑒𝑛 𝜃 cos(𝜙 − 𝜙𝑚𝑛 ) + 𝛼𝑚𝑛 , 𝑀 é o número total de anéis
concêntricos, 𝑁𝑚 é o número total de elementos nos m-ésimos anéis, 𝑟𝑚 é o raio do
m-ésimo anél, 𝐼𝑚𝑛 é a amplitude da corrente de excitação do n-ésimo elemento do
m-ésimo anel localizado em 𝜙 = 𝜙𝑚𝑛 e 𝛼𝑚𝑛 é a fase da corrente de excitação do n-
ésimo elemento no m-ésimo anel localizado em 𝜙 = 𝜙𝑚𝑛 .
Utilizando um procedimento similar ao das subseções anteriores, o fator de
conjunto para um estágio determinado de crescimento 𝑃 é dado por:
𝑃 𝑀 𝑁
𝛿𝑝−1 𝜓
𝐴𝐹𝑃 = ∏ { ∑ ∑ 𝐼𝑚𝑛 𝑒 𝑗 𝑚𝑛 } (4.24)
𝑝=1 𝑚=1 𝑛=1
129
Figura 4.19 – Processo de geração de um conjunto fractal a partir de um subconjunto gerador circular.
130
4.6 MATRIZ DE PESOS COM FUNÇÃO JANELA FRACTAL
Na seção 3.5 foi visto que os pesos de uma matriz de pesos podem ser
escolhidos de acordo com o critério desejado. Várias funções janelas fornecem
pesos específicos para a formação de conjuntos, todas elas visando diminuir o nível
dos lóbulos laterais e ao mesmo tempo não alterar sensivelmente a largura de feixe
de radiação: binomial, gaussiana, Kaiser-Bessel, etc.
Neste capítulo, ficou claro que a escolha dos elementos que serão ligados ou
desligados num conjunto fractal define o fator de conjunto resultante. Então, é
possível associar uma matriz de pesos fractal a um conjunto fractal, da mesma
maneira como foi feito para conjuntos de antenas, na referida seção 3.5.
Dado o vetor de conjunto indicado na equação 3.47, o fator de conjunto de uma
antena fractal pode ser escrito de uma forma mais prática como:
̅ 𝐹𝑇 ∙ 𝑎̅(𝜃 )
𝐴𝐹𝑃 = 𝑤 (4.25)
Em que 𝑤
̅𝐹 é a matriz de pesos fractal, ou seja, a matriz de pesos cuja função
janela obedece ao padrão fractal visto nas seções anteriores. O símbolo 𝑇 próximo à
matriz indica que ela é utilizada em sua forma transposta, da mesma maneira como
é feito na teoria de conjuntos de antenas. A ordem da matriz de pesos depende da
quantidade de estágios de crescimento, ou quantidade de iterações realizadas pelo
subconjunto gerador. Depende também da quantidade de elementos presentes no
subconjunto gerador inicial. Como o fator de escala está diretamente ligado à
quantidade de elementos iniciais, podemos dizer que a ordem da matriz de pesos
fractais é função de 𝑃 e de 𝛿. Lembrando que a matriz de pesos transposta é do tipo
linha, ou seja, formada por uma única linha. Em linguagem formal matemática:
131
4.7 TÉCNICA ITERATIVA DE FOURIER
𝑀−1 𝑁−1
𝑝 𝜆 𝐾 𝐾
𝑢𝑝 = , 𝑝=− … −1
𝐾 𝑑𝑥 2 2
(4.28)
𝑝 𝜆 𝐾 𝐾
𝑣𝑞 = , 𝑞 =− … −1
𝐾 𝑑𝑦 2 2
132
Os passos para a implementação da Técnica Iterativa de Fourier são descritos
a seguir:
Figura 4.21 – Fluxograma do algoritmo utilizado na técnica iterativa de Fourier. [Li 2012]
133
4.8 GEOMETRIA FRACTAL EM PROJETOS DE ANTENAS
ELETRICAMENTE PEQUENAS
A demanda por antenas cada vez menores cresceu muitos nas últimas
décadas. O advento de aparelhos de iPod, notebooks, tablets, smartphones e
pequenas máquinas com grande capacidade computacional em tamanho reduzido
necessitou da utilização de antenas capazes de atender aos requisitos mínimos de
ganho e diretividade da aplicação e ao mesmo tempo possuírem dimensão diminuta.
Quando Nathan Cohen utilizou pela primeira vez uma antena em formato
fractal, conseguiu obter um resultado semelhante ao que obteria se usasse uma
estrutura irradiadora maior. Esses resultados motivaram os pesquisadores a explorar
a miniaturização por meio da geometria fractal, mas a explicação para o fenômeno
ocorreu somente depois [HANSEN 2006] [HOHLFELD 1999].
A miniaturização de uma antena diz respeito à concepção de uma estrutura
eletricamente pequena. A estrutura assim concebida leva em conta não o
comprimento físico real, mas o comprimento efetivo [BALANIS 2009].
A diferença entre os dois tipos de comprimento existe porque a distribuição de
corrente não é uniforme ao longo da superfície condutora da antena. Por isso, o tipo
de geometria pode indicar um comprimento efetivo maior, sem necessariamente
apresentar um comprimento físico maior.
Rigorosamente falando, o comprimento efetivo está relacionado à quantidade
de tensão induzida nos terminais de um circuito aberto iluminado por radiação
eletromagnética, conforme indicado pela equação 4.29.
𝑉 = ̅̅̅̅̅
𝐸𝑖𝑛𝑐 ∙ ̅̅̅̅
𝑐𝑒𝑓 (4.29)
1 + 3𝑘 2 𝑟 2
𝑄= 3 3 (4.30)
𝑘 𝑟 (1 + 𝑘 2 𝑟 2 )
135
Isso indica que deve existir algum tipo de antena que se aproxime mais deste
limite. Ora, deve ficar claro que quanto maior o comprimento efetivo da antena, mais
eficientemente ela ocupará o espaço dentro da esfera imaginária da figura 4.22 e,
portanto, mais próxima estará de alcançar este limite.
Nos anos 1990, McLean reexaminou o limite expresso na equação 4.30 com o
intuito de obter uma mais alta precisão [MCLEAN 1996]. Traçando um caminho
alternativo que considerava os campos gerados pelo modo TM01, McLean chegou à
seguinte expressão:
1 1 2
𝑄= ( 3 3+ ) (4.31)
2 𝑘 𝑎 𝑘𝑎
A expressão 4.31 é mais exata que a expressão 4.30, de acordo Grimes et. al
[GRIMES 2001]. Estes autores utilizaram métodos numéricos e experimentais e
concluíram que o limite em 4.30 não é universalmente aplicável.
As antenas fractais são o tipo que mais se aproxima do limite fundamental de
antenas eletricamente pequenas expresso na equação 4.31. Esse tipo de estrutura
radiante utiliza mais eficientemente o volume correspondente à esfera que envolve a
antena em seu conjunto [BALANIS 2009] [DALARY 2014].
Baliarda et. al. utilizou uma curva de Koch para demonstrar essa propriedade.
A cada nova iteração, mais próxima a antenas ficava do limite expresso em 4.31
[BALIARDA 2000b]. Os diferentes estágios de interação são reproduzidos na figura
4.24 abaixo.
136
4.9 GEOMETRIA FRACTAL EM PROJETOS DE ANTENAS
INDEPENDNETES DA FREQUÊNCIA
137
Na prática, isso é conseguido se as correntes decaírem com a distância em
relação aos terminais de entrada. Então, o ponto ideal para a realização do
truncamento (corte) é onde a corrente estiver desprezível. Desta maneira, consegue-
se uma boa aproximação para antenas independentes da frequência.
Os dois principais tipos de antenas que atenderam o requisito de serem
determinadas predominantemente por ângulos foram as espirais equiângulo e as
log-periódicas. A figura 4.25 ilustra esses dois tipos, respectivamente, em (a) e (b).
138
4.10 CRÍTICAS AO USO DE ANTENAS FRACTAIS
139
violam o princípio de radiação de banda larga, pois são alimentadas na estrutura
grande e as correntes precisam percorrer a grande estrutura auto similar,
sucessivamente após cada iteração; diferentemente das antenas de banda larga
como a espiral ou corneta TEM, que são alimentadas na estrutura pequena,
primeiramente, de modo que as correntes são transmitidas para as estruturas
seguintes sem muita alteração, caso a primeira estrutura não entre em ressonância.
Em relação à supressão dos lóbulos laterais através do uso de geometria
fractal, também várias criticas surgiram. Ressaltou-se que conjuntos fractais de
Cantor resultam em lóbulos laterais mais altos do que muitos conjuntos com
espaçamento não uniforme, de formato não fractal [HANSEN 2006].
Apesar das inúmeras críticas, a controvérsia em torno da eficiência ou não das
antenas fractais está longe de ser solucionada em definitivo. E isso por vários
motivos. Primeiro, porque o desenvolvimento matemático da geometria fractal
precisa ser mais aprimorado para que conclusões mais precisas sejam tiradas; a
própria formulação matemática de fenômenos eletromagnéticos envolvendo antenas
não é tarefa das mais fáceis. Em segundo lugar, existem possibilidades infinitas de
se gerar um fractal, conforme foi visto nas seções anteriores: é possível controlar o
fator de expansão, a quantidade de iterações, a lógica de formação e mesmo o local
da alimentação da estrutura radiante. As experiências realizadas acima utilizaram
um número muito restrito de geometrias, e sob condições muito específicas, o que
impossibilita uma generalização para todas as antenas fractais possíveis. Em
terceiro lugar, o que se observou nas últimas décadas é um crescente interesse pelo
estudo das antenas fractais, a despeito das críticas realizadas pelos pesquisadores
acima mencionados. Embora este fato por si só não constitua uma fundamentação
indiscutível sobre a eficácia das antenas fractais, tal interesse crescente é pelo
menos um indicativo de que os argumentos dos críticos não foram aceitos (ou talvez
não foram levados em conta).
De qualquer maneira, somente o tempo irá dizer se a utilização de antenas
fractais é realmente algo inovador e promissor, ou se não passou de um puro
modismo que atraiu e ainda atrai pesquisadores de todas as partes do mundo. Um
dos objetivos deste trabalho é preencher mais um tijolo nesse edifício conceitual em
construção.
140
5. PROCESSOS ESTOCÁSTICOS E ESTIMATIVA
5.1 INTRODUÇÃO
141
5.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
142
5.3 FUNÇÃO DENSIDADE DE PROBABILIDADE
𝑥2
5.3.1 Gaussiana
1 (𝑥−𝑥0 )2
−
𝑝 (𝑥 ) = 𝑒 2𝜎2 (5.2)
√2𝜋𝜎 2
143
5.3.2 Rayleigh
𝑥 − 𝑥22
𝑝 (𝑥 ) = 𝑒 2𝜎 (5.3)
𝜎2
5.3.3 Uniforme
1
𝑝 (𝑥 ) = [𝑢(𝑥 − 𝑎) − 𝑢(𝑥 − 𝑏)] 𝑎≤𝑥≤𝑏 (5.4)
𝑏−𝑎
144
Figura 5.3 PDF uniforme
5.3.4 Exponencial
Os ângulos de chegada dos sinais recebidos por uma antena são descritos por
meio da PDF exponencial. Ela é definida por
1 −𝑥
𝑝 (𝑥 ) = 𝑒 𝜎 (5.5)
𝜎
5.3.5 Riccia
145
2 2
𝑥 −(𝑥 +𝐴 ) 𝑥𝐴
𝑝(𝑥 ) = 2 𝑒 2𝜎2 𝐼0 ( 2 ) 𝑥 ≥ 0, 𝐴 ≥ 0 (5.6)
𝜎 𝜎
5.3.6 Laplace
√2𝑥
1 −|
𝜎
|
𝑝 (𝑥 ) = 𝑒 (5.7)
√2𝜎
146
5.4 VALOR ESPERADO E MOMENTOS
𝜎 2 = ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
(𝑥 − 𝑥̅ )2 = ̅̅̅ ̅̅̅̅̅ + 𝑥̅ 2 = ̅̅̅
𝑥 2 − 2𝑥𝑥̅ 𝑥 2 − 2𝑥̅ 2 + 𝑥̅ 2 = ̅̅̅
𝑥 2 − 𝑥̅ 2 (5.12)
147
5.5 CORRELAÇÃO
∞ ∞
∞ ∞
𝐸 [(𝑋 − 𝑥̅ ), (𝑌 − 𝑦̅)]
𝜌𝑥𝑦 = (5.15)
𝐸 [𝑋 − 𝑥̅ ]𝐸 [𝑌 − 𝑦̅]
148
Quando o coeficiente de correlação é zero, isto é, quando as variáveis
aleatórias 𝑋 e 𝑌 estão descorrelacionadas, dizemos também que 𝑋 e 𝑌 são
ortogonais entre si. Num espaço vetorial de sinais, dois sinais são ortogonais entre si
quando o produto interno entre eles, ou produto escalar, é igual a zero [LATHI 1998]
[STEINBRUCH 1987].
Em que 𝑥 e 𝑦 são dois sinais quaisquer, e 𝜃 é ângulo entre eles. Como exemplo de
sinais vetoriais ortogonais entre si temos os campos 𝐸⃗ e 𝐻
⃗ expressos pelas
equações 2.1, nas famosas equações de Maxwell. O rotacional presente nessas
equações indica exatamente a existência de ortogonalidade entre os campos.
Os sinais 𝑥 e 𝑦 também variam no tempo, donde se torna mais conveniente
expressá-los como função de 𝑡 : 𝑥 (𝑡) e 𝑦(𝑡) . Em telecomunicações, a correlação
entre dois sinais é indicada pela energia existente em cada um. Para
estabelecermos uma correlação que não dependa da energia, é necessário
normalizar em termos da energia de 𝑥 e da energia de 𝑦 . Desta maneira, a
correlação entre dois sinais variantes no tempo é indicada por:
∞
1
𝜌= ∫ 𝑥 (𝑡)𝑦(𝑡)𝑑𝑡 (5.17)
√𝐸𝑥 𝐸𝑦 −∞
150
5.6 ERGODICIDADE E ESTACIONARIDADE
𝑇
1
𝑅̂𝑥 (𝜏) = ∫ 𝑥 (𝑡)𝑥 (𝑡 + 𝜏)𝑑𝑡 (5.20)
𝑇
0
𝑇
1
lim 𝑅̂𝑥 (𝜏) = lim ∫ 𝑥(𝑡)𝑥 (𝑡 + 𝜏)𝑑𝑡 = 𝑅𝑥 (𝜏) (5.21)
𝑇→∞ 𝑇→∞ 𝑇
0
151
5.7 ESTIMATIVA
𝑧 (𝑡 ) = 𝑔 (𝑠 (𝑡 ), 𝑣 (𝑡 ), 𝑡 ) (5.23)
em que 𝑔(. ) Representa a degradação que ocorre ao se gerar 𝑧(𝑡) a partir de 𝑠(𝑡). A
presença de 𝑡 no argumento de 𝑔(. ) indica que esta função depende do tempo
[KAMEN 1999].
152
Figura 5.8 – Efeito de multipercurso de um sinal e ruído
𝑧 (𝑡 ) = 𝑠 (𝑡 ) + 𝑣 (𝑡 ) (5.24)
Neste caso, 𝑧 (𝑡) será, simplesmente, a soma do sinal 𝑠(𝑡) com o ruído aditivo 𝑣(𝑡).
̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅2
𝜖 2 = (𝑠(𝑡) − 𝑠̂ (𝑡)) (5.25)
𝑥̂0 = 𝑎1 𝑥1 + 𝑎2 𝑥2 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝑥𝑛 (5.26)
Isso implica uma correlação entre todas essas variáveis. Onde há correlação,
há uma covariância associada. Define-se a covariância entre a variável aleatória 𝑥0 e
a variável aleatória 𝑥𝑛 como
𝜎𝑥0 𝑥𝑛 = ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
(𝑥0 − ̅̅̅
𝑥0 )(𝑥𝑛 − ̅̅̅
𝑥𝑛 ) (5.27)
em que ̅̅̅
𝑥0 e ̅̅̅
𝑥𝑛 são as médias, respectivamente, de 𝑥0 e 𝑥𝑛 .
Minimizando-se o erro quadrático médio ( 𝜖 ), encontramos as equações
simultâneas em forma matricial.
−1
𝑎1 𝑅11 𝑅12 … 𝑅1𝑛 𝑅01
𝑎2 … 𝑅2𝑛 ]
[ … ] = [𝑅…
21 𝑅22
… … … [𝑅…
02 ] (5.28)
𝑎𝑛 𝑅𝑛1 𝑅𝑛2 … 𝑅𝑛𝑛 𝑅0𝑛
154
5.8 MATRIZ DE CORRELAÇÃO DE CONJUNTO
Figura 5.10 – Conjunto bidimensional iluminado por uma onda plana incidente
O sinal total recebido pode ser escrito como um vetor 𝑥 (𝑡). Assim:
O vetor de direção de conjunto pode ser colocado para fora da média. Então:
Fazendo 𝐸 [|𝑠|2 ] = 𝑆:
𝑇
1
𝑅̂𝑥𝑥 = ∫ 𝑥̅ (𝑡) ∙ 𝑥̅ (𝑡)𝐻 𝑑𝑡 (5.34)
𝑇
0
𝑇
𝑎̅ ∙ 𝑎̅𝐻
𝑅̂𝑥𝑥 = ∫|𝑠(𝑡)|2 𝑑𝑡 (5.35)
𝑇
0
𝑇
1
lim 𝑅̂𝑥𝑥 (𝜏) = lim ∫ 𝑥̅ (𝑡) ∙ 𝑥̅ (𝑡)𝐻 𝑑𝑡 = 𝑅̅𝑥𝑥 (5.36)
𝑇→∞ 𝑇→∞ 𝑇
0
156
5.9 ESTIMATIVA ESPECTRAL
157
5.9.1 Estimativa Espectral Temporal
A) MÉTODOS PARAMÉTRICOS
1
𝑃𝑠𝑒𝑢𝑑𝑜𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑡𝑟𝑜(𝜔) = (5.40)
|𝑒 𝐻 (𝜔)𝜉𝐾+1 |2
158
𝑇
em que 𝑒(𝜔) = [1 𝑒 𝑗𝜔 𝑒 2𝑗𝜔 … 𝑒 𝐾𝑗𝜔 ] e 𝜉𝐾+1 é o autovetor correspondente ao
menor autovalor da matriz de correlação (𝐾 + 1)x(𝐾 + 1) dos dados.
Os processos com espectros racionais seguem o modelo da média móvel
autoregressiva:
𝑛 𝑚
159
O correlograma é um método não paramétrico que contém duas formas
padrões de calcular a estimativa de 𝑟[𝑘 ]. A primeira utiliza fórmula
𝑇−1
1
𝑟̂ [𝑘 ] = ∑ 𝑦[𝑡]𝑦 ∗ [𝑡 − 𝑘 ] , 𝑘 = 0,1, … , 𝑇 − 1 (5.42)
𝑇−𝑘
𝑡−𝑘
𝑇−1
1
𝑟̂ [𝑘 ] = ∑ 𝑦[𝑡]𝑦 ∗ [𝑡 − 𝑘 ] 𝑘 = 0,1, … , 𝑇 − 1 (5.43)
𝑇
𝑡=𝑙
𝑇−1
𝑇−1 2
1
𝑝̂ 𝑝𝑟𝑔 (𝜔) = |∑ 𝑦[𝑡]𝑒 −𝑗𝜔𝑡 | (5.45)
𝑇
𝑡=0
160
A função janela é uma sequência real com as seguintes propriedades:
𝑇−1
1
ℎ (𝜔 ) = 𝑒 (𝜔 ) (5.48)
𝑇
𝑇
em que 𝑒(𝜔) = [1 𝑒 𝑗𝜔 𝑒 𝑗2𝜔 … 𝑒 𝑗(𝑇−1)𝜔 ] , o periodograma pode ser reescrito
como:
161
em que 𝐻(𝜔) é a DTFT de ℎ(𝜔). Essa restrição resulta num filtro em torno de 𝜔0
sem distorção que minimize a potência total de saída. A solução para este filtro FIR
(resposta ao impulso finita) é dada por:
𝑅−1 𝑒(𝜔0 )
ℎ (𝜔 0 ) = (5.51)
𝑒 𝐻 (𝜔0 )𝑅−1 𝑒(𝜔0 )
𝑇
𝑝̂ 𝑚𝑣 (𝜔) = (5.52)
𝑒 𝐻 (𝜔)𝑅̂−1 𝑒(𝜔)
𝑟̂ [0] 𝑟̂ [1] … 𝑟̂ [𝑇 − 1]
𝑟̂ ∗ [1] 𝑟̂ [0] … 𝑟̂ [𝑇 − 2]
𝑅̂ = [ ⋮ ] (5.53)
⋮ ⋮ ⋮
𝑟̂ ∗ [𝑇 − 1] 𝑟̂ ∗ [𝑇 − 2] … 𝑟̂ [0]
𝐾
1
𝑝̂ 𝑚𝑤 (𝜔) = ∑ 𝑝̂ 𝑘 (𝜔) (5.54)
𝐾
𝑘=1
em que
𝑇−1 2
1
𝑝̂ 𝑘 (𝜔) = |∑ 𝑦[𝑡]𝑤𝑘 [𝑡]𝑒 −𝑗𝜔𝑡 | (5.55)
𝜆𝑘
𝑡=0
6.1 INTRODUÇÃO
Figura 6.1 – Ambiente composto por um sinal de interesse e por sinais que não são de interesse.
163
Como as antenas possuem diagrama de radiação fixo, somente um conjunto
de antenas é capaz de realizar tal feito, isto é, mudar o diagrama de radiação.
Conforme foi visto no capítulo 3, a excitação e/ou a fase de cada elemento do
conjunto pode alterar a direção e o aspecto do feixe, varrendo-o para qualquer
direção de interesse, teoricamente. Antenas inteligentes mapeiam o espaço, através
de amostras feitas em tempo real, e modificam o diagrama de radiação do conjunto
para que o mesmo maximize a recepção na direção desejada [ROY 1998].
No passado, utilizava-se o sistema de feixe comutado, em que vários padrões
de feixe eram fixados. Uma decisão era tomada em relação a qual feixe seria
acessado, a partir de determinados requisitos que dependeriam das circunstâncias.
Os valores de cada elemento do conjunto eram armazenados numa matriz de pesos,
𝑤
̅. Mudando-se a matriz, mudavam-se os pesos, e consequentemente, a direção do
lóbulo principal (CHRYSSOMALLIS 2000).
Nesses sistemas, as fases de cada elemento eram deslocadas
eletronicamente, através dos deslocadores de fase. Esse tipo de configuração,
embora aumentasse a eficiência, ainda não conseguia atender ao requisito de
seletividade, isto é, rejeitar sinais interferentes e direcionar o feixe para o sinal de
interesse. No máximo, conseguia escolher o feixe que melhor se adaptasse ao
usuário.
A figura 6.2 mostra um sistema de feixe comutado básico.
166
Cada formador de feixe procura, ao mesmo tempo, criar um máximo na direção
do usuário desejado e um nulo (ou vários nulos) na direção dos usuários
indesejados. Quando isso não é possível, procura-se atenuar o máximo na direção
indesejada e reforçar o máximo na direção desejada.
A tecnologia SDMA melhora a eficiência do canal de maneira nunca antes vista
com outras técnicas. Além de reduzir enormemente as interferências, aumenta o
reuso de frequências, o que significa projetar sistemas de comunicações com maior
capacidade de usuários, melhor transmissão e redução de custos, dentre outras
vantagens [KOVALYOV 2004].
Antenas inteligentes tornam possível a utilização desses sistemas SDMA.
Utilizando avançadas técnicas de processamento de sinal, são capazes de localizar
e rastrear terminais móveis e sinais de transmissão, com direção adaptada aos
usuários e longe de interferências. Isso porque as antenas inteligentes empregam
algoritmos que utilizam matriz com pesos adaptáveis, de modo que, por um
processo de realimentação, vai ajustando esses pesos até que aja a convergência
segundo algum critério específico, por exemplo, o erro quadrático médio mínimo
[STEYSKAL 1984].
Os principais algoritmos utilizados pela tecnologia SDMA se baseiam em
técnicas de estimativa espectral espacial. No capítulo anterior, foram vistas algumas
técnicas de estimativa espectral temporal, em que é realizada a amostragem no
tempo de sinais, e então são realizadas estimativas a partir dessas informações. O
múltiplo acesso por divisão no espaço realiza amostras espaciais realizadas pelos
elementos do conjunto, e a partir desses dados realiza a estimativa espectral
espacial.
O sistema SDMA permite que vários nós operem no mesmo intervalo de
frequência ou no mesmo intervalo de tempo, utilizando-se da antena inteligente para
separar os canais. Um sistema com M elementos é capaz de suportar M canais
espaciais para cada canal convencional.
Os sistemas do futuro serão estruturados levando-se em conta os princípios
SDMA. O crescimento vertiginoso da quantidade de usuários e o aumento crescente
por links mais rápidos e confiáveis torna impossível conceber outro tipo de
transmissão de ondas eletromagnéticas que não seja o compartilhamento do
espaço, além dos já existentes compartilhamentos de frequência e tempo.
167
6.3 CANCELAMENTO DE LÓBULO LATERAL FIXO – SLC
𝑇
𝑎̅(𝜃 ) = [𝑒 −𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 0 𝑒 𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 ] (6.1)
̅ 𝑇 = [𝑤1
𝑤 𝑤2 𝑤3 ] (6.2)
168
A saída total do conjunto, a partir do somatório, é dada por
̅ 𝑇 ∙ 𝑎̅ = 𝑤1 𝑒 −𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑤2 + 𝑤3 𝑒 𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃
𝑆=𝑤 (6.3)
𝑆𝐷 = 𝑤1 𝑒 −𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑤2 + 𝑤3 𝑒 𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 = 1
𝑆𝐼1 = 𝑤1 𝑒 −𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑤2 + 𝑤3 𝑒 𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 = 0 (6.4)
𝑆𝐼2 = 𝑤1 𝑒 −𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑤2 + 𝑤3 𝑒 𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 = 0
𝑒 −𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 1 𝑒 𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑤1 1
[𝑒 −𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 ] ∙ [𝑤2 ] = [0] (6.5)
1 𝑒
𝑒 −𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 1 𝑒 𝑗𝑘𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑤3 0
169
Uma forma de minimizar o problema foi apresentada por Hong e a figura é
mostrada no esquema abaixo.
Uma antena auxiliar capta os sinais interferentes, tanto pelo lóbulo principal
como pelo lóbulo lateral, e depois os envia para um processador adaptativo que,
utilizando um algoritmo, calcula os pesos de modo a minimizar a potência total.
Outro aperfeiçoamento se deve a Komjani et. al. [KOMJANI 2006]. Os autores
destacaram que se um sinal desejado tiver uma longa duração, comparado com o
tempo de adaptação do SLC, os componentes do sinal podem ser cancelados. Para
evitar que os sinais desejados sejam cancelados, propuseram um cancelamento de
lóbulo lateral fixo modificado baseado num algoritmo que impõe uma restrição nula
ao arranjo auxiliar na direção do sinal desejado, permitindo desta maneira que o uso
do algoritmo adaptativo sem restrições.
As técnicas de cancelamento de lóbulo lateral fixo podem ser aplicadas
conjuntamente com técnicas de detecção da direção de chegada. A importância
dessas últimas é central em sistemas de antenas inteligentes.
170
6.4 TÉCNICAS PARA DETECÇÃO DA DIREÇÃO DE CHEGADA E
FORMAÇÃO DINÂMICA DE FEIXE EM ANTENAS INTELIGENTES
171
O conjunto é formado por dois elementos receptores, R 1 e R2, na horizontal,
separados a uma distância d. O sinal incidente forma um ângulo 𝜃 com a linha
horizontal que une os dois receptores. A existência desse ângulo faz com que o sinal
que chega em R1 sofra um atraso temporal, pois deve percorrer uma distância
adicional de 𝑑 cos 𝜃. Se o ângulo 𝜃 fosse de 90º, então não haveria atraso nenhum.
Intuitivamente, percebe-se que quanto menor for o ângulo, maior será o atraso em
relação ao tempo.
O sinal que chega em R1 é ligado a um peso 1, e o sinal que chega em R2
ligado a outro peso 2. Esses pesos são capazes de controlar a fase de cada
elemento receptor individual, antes de enviar o sinal para o somatório.
Sabemos que um atraso no tempo de um sinal significa um deslocamento na
frequência. Isto é:
Σ = 𝑠1 𝑒 −𝑗𝜔𝑡 + 𝑠2 (6.7)
Para que a saída seja máxima, é necessário que os dois sinais estejam em
fase. Para isso, atrasamos o sinal que vem por R2, através do peso 𝜉2 . Se
atrasarmos o sinal s2 exatamente com a mesma fase de s1, teremos o valor máximo
no somatório.
A priori, não sabemos o ângulo de incidência 𝜃 do sinal. Entretanto, se
pudermos variar iterativamente o peso 𝜉2 até que a saída do sistema seja máxima,
poderemos determinar o ângulo de atraso necessário, e a partir dele, determinar o
ângulo de atraso do sinal que vem por R1, já que eles devem ser idênticos (dos
172
sinais s1 e s2). Então, sabendo qual é o ângulo de incidência, determinamos a
direção de chegada.
Uma maneira simples de realizar esse propósito é realimentar o sinal de saída
com o peso e variar este segundo um critério de parada, que pode ser um erro
estimado. O peso é variado iterativamente, e a cada nova iteração, o novo somatório
é comparado ao anterior. Quando o erro entre o novo e o anterior forem mínimos,
então a iteração se encerra e obtemos aproximadamente a direção de chegada do
sinal.
Considere um conjunto contendo i elementos receptores, conforme figura 6.8.
Figura 6.8 Conjunto com i elementos realimentados para determinação do ângulo de chegada
● Convencionais
● Baseados em Subespaço
● Máxima Verossimilhança
● Integrados
𝑇
𝑦̅[𝑡] = [𝑦1 [𝑡]𝑦2 [𝑡] … 𝑦𝐿 [𝑡]] (6.10)
175
em que
𝑇
𝑎̅(𝜏) = [𝑒 −𝑗𝜔𝑐 𝜏1 𝑒 −𝑗𝜔𝑐 𝜏2 … 𝑒 −𝑗𝜔𝑐 𝜏𝐿 ] (6.12)
𝜏̅ = [𝜏1 𝜏2 … 𝜏 𝐿 ]𝑇 (6.13)
𝑇
𝑎̅(𝜏) = [1 𝑒 −𝑗𝜔𝑐 𝜏1 … 𝑒 −𝑗𝜔𝑐 𝜏(𝐿−1) ] (6.14)
Como pode ser visto na figura 6.9, o ângulo de chegada 𝜃 é aquele entre a
direção de propagação e a linha normal à de localização do sensor. Por meio de
manipulações trigonométricas simples, é possível deduzir que
𝑑 (𝐿 − 1)
𝜏𝐿 = 𝑠𝑒𝑛 𝜃 (6.15)
𝑐
𝑑𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑇
−𝑗𝜔𝑐 ( )
𝑎̅(𝜃 ) = [1 𝑒 𝑐 −𝑗(𝐿−1)𝜔𝑐 (
𝑑𝑠𝑒𝑛 𝜃 ]
) (6.16)
… 𝑒 𝑐
176
𝜔𝑐 𝑑 𝑠𝑒𝑛 𝜃
comparação fique mais clara, fazemos igual a 𝜔𝑠 . Esse termo é entendido
𝑐
O vetor de ruído aditivo 𝜀̅[𝑡] foi adicionado para incluir o ruído real e os erros
devidos à imprecisão do modelo.
Podemos generalizar para um conjunto plano com 𝐿 x 𝐾 elementos, conforme
ilustrado na figura 6.10.
Nessa equação, 𝑦̅[𝑡] e 𝜀̅[𝑡] são vetores 𝐿 x 1, e 𝐴̅(𝜃 ) é uma matriz 𝐿 x 𝐾 cujas
colunas são o vetor de conjunto (ou vetor de direção), 𝑎̅(𝜃 ) , do conjunto acima
177
considerado, isto é, 𝐴̅(𝜃 ) = [𝑎̅(𝜃1 ) 𝑎̅(𝜃2 ) … 𝑎̅(𝜃𝐾 )] . O vetor 𝜃 é o vetor de
direção de chegada, com 𝜃̅ = [𝜃1 𝜃2 … 𝜃𝐾 ]𝑇 . O vetor de sinais é dado por 𝑠̅[𝑡],
de modo que 𝑠̅[𝑡] = [𝑠1 [𝑡] 𝑠2 [𝑡] … 𝑠𝐾 [𝑡]]𝑇 , em que 𝑠1[𝑡] é o sinal da primeira
fonte, 𝑠2 [𝑡] é o sinal da segunda fonte, e assim sucessivamente.
Em relação ao ruído, assume-se que é do tipo branco com matriz de
covariância dada por:
Para o sinal, considera-se que tenha média zero. Sua matriz de covariância é
dada por:
● Estimativa Bartlett
● Estimativa de Capon.
Adicionalmente, pode-se incluir também o método multitaper, de forma
semelhante como foi feito na estimativa espectral temporal.
178
6.4.2.1 Métodos Não Paramétricos
A) Estimativa Bartlett
1 𝐻
𝑝̂ 𝑏 (𝜃 ) = 𝑎̅ (𝜃 )𝑅̅𝑥𝑥 𝑎̅(𝜃 ) (6.22)
𝐿
B) Estimativa de Capon
1
𝑝̂ 𝑚𝑣 = (6.23)
𝑎̅𝐻 (𝜃 )𝑅̅𝑥𝑥 ̅ (𝜃 )
−1 𝑎
179
C) Método Multitaper
𝐾
1
𝑝̂ 𝑀𝑊 = ∑ 𝑝̂ 𝑘 (𝜃 ) (6.24)
𝐾
𝑘=1
𝑇−1
1 |𝑎̃𝑘 (𝜃 )𝐻 𝑦̅[𝑡]|2
𝑝̂ 𝑘 (𝜃 ) = ∑ (6.25)
𝑇𝜆𝑘 𝐿
𝑡=0
Se a maior parte dos sinais que chegam aos elementos do conjunto de antenas
possuir correlação, então são chamados de coerentes. Situações desse tipo
ocorrem quando um sinal é uma réplica atrasada e escalonada de outro sinal. Por
exemplo, em propagações multipercurso que sofrem reflexão em obstáculos. Neste
caso, os métodos paramétricos são mais eficientes.
Conforme já vimos, os métodos paramétricos são baseados em modelos
matemáticos que servem como parâmetro, assumindo-se que a densidade espectral
de potência pode ser expressa de acordo com esses modelos. Então, da mesma
maneira como foi feito na seção 5.9.1 para a estimativa espectral temporal, os
parâmetros do processo são estimados e depois a densidade espectral de potência
é calculada a partir desses parâmetros [HAYKIN 2009].
180
A) Método dos Mínimos Quadrados para Modelo Determinístico de Sinais
𝑇−1
̅ 𝐴̅)−1 𝐴𝐻
𝑠̅[𝑡] = (𝐴𝐻 ̅ 𝑦̅[𝑡] (6.27)
𝑇−1
𝑃̅⊥ = 𝐼 ̅ − 𝐴̅(𝐴𝐻
̅ 𝐴̅)−1 𝐴̅𝐻 = 𝐼 ̅ − 𝑃̅ (6.29)
𝑅̅𝑥𝑥 = 𝐸̅𝑠 Λ
̅ 𝑠 𝐸̅𝑠𝐻 + 𝐸̅𝜀 Λ
̅ 𝜀 𝐸̅𝜀𝐻 (6.34)
182
D) MUSIC
1
𝑝̂ 𝑚𝑢 (𝜃 ) = (6.36)
|𝑎̅(𝜃 )𝐻 𝐸̂𝜀 𝐸̂𝜀𝐻 𝑎̅(𝜃 )|
E) ESPRIT
183
6.4.3 Formação Dinâmica de Feixe
𝐶𝑂𝑉(𝑋, 𝑌)
𝜌𝑋,𝑌 = (6.38)
𝜎𝑋 𝜎𝑌
184
Em que 𝜎𝑋 e 𝜎𝑌 são o desvio padrão das variáveis aleatórias X e Y,
respectivamente. Se 𝜌𝑋,𝑌 for igual a 1, significa máxima correlação entre X e Y; se
for igual a 0, significa que X e Y são descorrelacionadas, conforme vimos no capítulo
5.
Sejam t1 e t2 processos estocásticos. Vimos também que a função
autocorrelação é definida pela equação
∞ ∞
𝑅𝑋 (𝑡1, 𝑡2 ) = ∫ ∫ 𝑥𝑦𝑝𝑋(𝑡1),𝑋(𝑡2) (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 (6.39)
−∞ −∞
̅ 𝐻 𝑥𝑖
𝜀 = 𝑑𝑘 − 𝑤 (6.40)
̅ = 𝑅̅𝑥𝑥
𝑤 −1
𝑟 (6.42)
185
Que é chamada de solução de Wiener.
De acordo com o método do gradiente descendente (steepest descent
method), os pesos são atualizados iterativamente por meio da equação
1
̅ (𝑘 + 1) = 𝑤
𝑤 ̅ (𝑘 ) − 𝜇∇𝑤 [𝐽(𝑤
̅ )]𝑘 (6.43)
2
𝑤 ̅ (𝑘 ) + 𝜇𝑒 ∗ (𝑘 )𝑥̅ (𝑘 )
̅ (𝑘 + 1) = 𝑤 (6.44)
1
0≤𝜇≤ (6.45)
2𝜆𝑚𝑎𝑥
186
7. PROPOSTA DE CONTROLE DE FEIXE EM ANTENAS
INTELIGENTES UTILIZANDO GEOMETRIA FRACTAL
7.1 INTRODUÇÃO
187
7.2 OTIMIZAÇÃO DE ANTENAS UTILIZANDO GEOMETRIA FRACTAL
Figura 7.1 – Plaquetas de Minkowski com nenhuma iteração (A0), uma iteração (A1) e duas iterações (A2).
Fonte: [OLIVEIRA 2010]
188
Os autores mediram a perda de retorno para cada iteração, varrendo uma faixa
de 1 a 3 GHz. O resultado é mostrado na figura 7.2.
A frequência de ressonância caiu de 2,45 GHz na antena A0 para 1,62 GHz na
antena M1 e finalmente para 1,42 GHz na antena M2, o que significa uma redução
na frequência de ressonância quando se aumenta o número de iterações fractais.
Mas a perda de retorno de -45 dB da antena A0 foi para -33 dB na antenas M2, o
que significa uma piora; além disso, a largura de banda de 60 MHz da antena A0
caiu para 21 MHz na antena M2.
189
Figura 7.3 – Antena patch proposta por GIANVITTORIO et. al. [ GIANVITTORIO 2002].
O ponto escuro em cada figura indica o local onde foi realizada a alimentação.
Os dois possuem a mesma largura, mas o fractal possui menor comprimento.
O resultado é que as duas antenas possuem a mesma frequência de
ressonância, mas a antena fractal é 38% mais curta. Por outro lado, a antena fractal
apresentou menor largura de banda: 0,4% contra 1,8% para a antena retangular, o
que era esperado. Isso pode ser visualizado na figura 7.4.
Figura 7.4 – Perda de Retorno da antena proposta por GIANVITTORIO et. al. (2002).
190
Krishna et al. apresentaram uma antena de microfita composta de triângulos de
Koch com 3 iterações, e simularam a perda de retorno para cada uma das iterações,
bem como para o triângulo equilateral. A antena fractal pode ser visualizada na
figura 7.5(a), enquanto que o gráfico das várias perdas de retorno pode ser visto em
7.5(b). Nota-se que houve uma redução da frequência de ressonância à medida que
se realizaram várias iterações, bem como um aumento da perda de retorno (Return
Loss) para a 3ª iteração. Além disso, a antena fractal pode operar em outras
frequências de ressonância, e não apenas em torno de 2,2 GHz [KRISHNA 2009].
Figura 7.5 – (a) Antena proposta por KRISHNA et. al. e (b) Perda de Retorno. [KRISHNA 2009]
Figura 7.6 – Antena DRAF (a) e sua Perda de Retorno (b). [ORAZI 2014]
Figura 7.7 – Triângulo Sierpinski com vários ângulos de alargamento. [BALIARDA 2000a].
192
À medida que o ângulo de alargamento aumenta, as frequências de
ressonância se tornam mais baixas. A partir do gráfico, pode-se observar também a
natureza inerentemente log-periódica da estrutura fractal.
De acordo com os princípios básicos visto no capítulo 2, se o coeficiente de
reflexão reduz, a perda de retorno também diminui.
Figura 7.9 – (a) Quadrado Fractal de Cantor Modificado. (b) Perda de Retorno. [MONDAL 2015].
193
utilização. O ganho total, considerando as interferências do corpo do próprio veículo,
chegou a 12 dB, o que é bastante satisfatório [MONDAL 2015].
Figura 7.10 – Estrutura inicial com vários estágios de iteração. [RIBEIRO 2017]
194
Abderrahmane e Brahimi simularam uma antena para aplicações via satélite
que utiliza mais eficientemente a largura de banda. A antena é mostrada na figura
7.11(a), enquanto a VSWR é apresentada na figura 7.11(b) para a 1ª e a 2ª iteração.
Figura 7.11 – (a) Antena proposta por ABDERRAHMANE et. al. (b) VSWR. [ABDERRAHMANE 2013]
Hamdouni et. al. inovaram utilizando uma concatenação entre formas circulares
e retangulares, com iterações justapostas, conforme pode ser visto na figura 7.12(a).
Figura 7.12 – (a) Antena concatenada. (b) Perda de Retorno. [HAMDOUNI 2015]
195
Azari também utilizou uma forma concatenada, mas desta vez justapondo
hexágonos um dentro do outro, iterativamente. Desta maneira, conseguiu não
apenas uma antena de banda larga, como era de se esperar (já que se trata de uma
estrutura autocomplementar), mas também atingiu a característica da multibanda. A
figura 7.13(a) mostra a forma da antena e a figura 7.13(b) a perda de retorno da
mesma, referida como Return Loss, em função da frequência.
Figura 7.13 – Fractal hexagonal (a) e sua perda de retorno (b). [AZARI 2008]
196
Figura 7.14 – Estrutura híbrida (a) e perda de retorno (b). [ARIF 2019]
Rengasamy et. al. propuseram uma antena fractal Minkowski modificada com
uma estrutura de ressonador de anel dividido em formato circular, conforme pode
ser visto na figura 7.15(a). A perda de retorno (S11) é mostrada em 7.15(b).
Figura 7.15 –Antena fractal Minkowski modificada (a) e perda de retorno (b). [RENGASAMY 2021]
197
7.3 EXPERIMENTOS COM ANTENAS FRACTAIS E SUAS
LIMITAÇÕES
Patil et. al. se basearam numa estrutura monopolo para modifica-la a partir de
sucessivas iterações fractais [PATIL 2015]. Assim, obtiveram frequências de
ressonância de aproximadamente 7 GHz e 13 GHz, com perdas de retorno de -31dB
e -25dB, respectivamente. A figura 7.16 mostra o formato da antena (a) e a perda de
retorno da mesma (b).
198
Figura 7.16 – Antena monopolo fractal (a) e perda de retorno (b). [PATIL 2015]
Embora tenham proposto uma antena fractal inteligente, a análise recaiu sobre
um elemento apenas, e não sobre o conjunto.
Outros autores fizeram uso de algoritmos comuns à área de antenas
inteligentes para criar a estrutura fractal, a partir de requisitos como supressão de
lóbulo lateral, largura de feixe, etc. Por exemplo, Khamy et. al. propuseram o
desenvolvimento de um conjunto fractal estimando quais elementos seriam ativos e
quais não seriam [KHAMY 2017]. Essa abordagem é interessante, e mostra como é
possível utilizar uma função janela do tipo fractal, conforme foi dito na seção 3.5 e
desenvolvido no capítulo 4. Entretanto, o conjunto assim formado não é nem
inteligente, nem adaptativo. Uma vez definidos os critérios para a sua síntese, ele
permanecerá operando da mesma maneira, sem modificar dinamicamente o seu
diagrama de radiação.
Portanto, além da pequena quantidade de pesquisas na literatura sobre
antenas fractais inteligentes, os trabalhados publicados se limitaram a analisar a
estrutura isolada, tomada individualmente, ao invés de realizar a análise do conjunto
como um todo. Isso constitui um grande obstáculo a ser vencido, pois a análise do
conjunto como um todo não pode ser deduzida a partir da mera justaposição de
elementos individuais, devido aos efeitos de franjamento de campo e interferência
mútua entre elementos.
199
7.4 PARTICULARIDADES DO SOFTWARE
200
desconhecida como funções de aproximação assumidas dentro de cada elemento
[MADENCI 2015].
O método dos momentos da equação integral utiliza uma equação integral para
resolver o problema de se encontrar a solução da densidade de corrente na
superfície da estrutura irradiadora, e depois transforma a equação diferencial num
sistema de equações algébricas através da utilização de funções de base ou se
expansão [BALANIS 2009].
O software HFSS usa o método dos elementos finitos no modo HFSS design, e
o método dos elementos finitos do modo HFSS-IE design, escolhidos previamente
antes de se iniciar o projeto. Tanto um quanto outro método realiza uma quantidade
muito grande de cálculos computacionais, o que exige a utilização de uma máquina
com requisitos mínimos de memória RAM e processamento. Para o caso de
estruturas mais complexas e com mais detalhes, como é o caso dos fractais, o custo
computacional aumenta consideravelmente. Por exemplo, a antena fractal inteligente
proposta demandou um tempo de 60 horas para ser analisada, numa máquina com
processador de 4 núcleos, cache L3 e frequência de 2,80GHz, com uma memória
RAM instalada de 16 Gb.
Outro ponto importante a ser destacado é que o projetista pode escolher dois
critérios para a solução numérica da equação: convergência ou erro máximo
aceitável. Para estruturas mais complexas, é necessário diminuir também o número
de passos até a convergência e/ou o erro aceitável, para não correr o risco de não
haver convergência, ou para que esta não se prolongue por um tempo
excessivamente grande.
A escolha da frequência de varredura é fundamental para a análise de
estruturas de antenas. No HFSS, é possível escolher a varredura por interpolação, a
varredura rápida e a discreta. A primeira é aconselhável quando a faixa de
frequências é grande com resposta suave. A rápida é mais apropriada para
espectros de frequência com mudanças bruscas. E a discreta é indicada para os
casos em que se necessita analisar apenas pontos específicos do espectro. É
possível também criar várias varreduras simultâneas para melhorar a confiabilidade
da análise. Entretanto, isso implicará em maior custo computacional.
A antena fractal inteligente proposta foi analisada com a varredura por
interpolação.
201
7.5 ANTENA FRACTAL INTELIGENTE PROPOSTA
202
individualmente, de modo que é possível controlar a excitação e a fase de cada um,
e desta maneira comandar o feixe de acordo com o diagrama de radiação requerido.
Este conjunto foi concebido de acordo com os princípios de geração de
antenas fractais vistos no capítulo 4, em especial na seção 4.5.2, que é a aplicação
sucessiva de um subconjunto gerador em vários processos iterativos.
Primeiramente, formou-se o subconjunto gerador, mostrado na figura 7.18.
203
Figura 7.19 – Figura com uma iteração fractal
204
7.6 SIMULAÇÃO E RESULTADOS
Figura 7.20 – Perda de Retorno para a faixa de 1 GHz a 10 GHz da antena proposta.
A antena apresentou picos em torno de 7,1 GHz e 8,0 GHz, com perda de
retorno mínima de -15,2dB.
A figura 7.21 mostra a perda de retorno para a faixa de frequências de 10 GHz
a 20 GHz.
Figura 7.21 – Perda de Retorno para a faixa de 10 GHz a 20 GHz da antena proposta.
205
Neste caso, podemos perceber a existência de vários picos negativos em
múltiplas frequências: 13,6 GHz, 16,2 GHz, 17,6 GHz, 18,9 GHz e 19,7 GHz, as
mais importantes.
Já a figura 7.22 apresenta a perda de retorno para a faixa de 20 GHz a 30
GHz.
Figura 7.22 - Perda de Retorno para a faixa de 20 GHz a 30 GHz da antena proposta
Para esta faixa, existem picos em 22,5 GHz, 26,2 GHz, 26,6 GHz, 26,8 GHz,
27, 2 GHz e 29,6 GHz, os mais importantes. A menor perda de retorno foi de
aproximadamente -13 dB.
Frequência 7,1 8,0 13,6 16,2 17,6 18,9 19,7 22,5 26,2 26,6 26,8 27,2 29,6
(GHz)
Perda de -11 - -12 -13 -11 -13 -13 -8 -13 -11 +10 -12 -8
Retorno 15,2
(dB)
Figura 7.23 – Impedância de entrada para a faixa de 1 GHz a 10 GHz da antena proposta.
Figura 7.24 – Impedância de entrada para a faixa de 10 GHz a 20 GHz da antena proposta.
Uma observação rápida indica que a estrutura possui uma impedância baixa,
com exceção de alguns pontos.
208
A figura 7.27 mostra o diagrama de radiação para a mesma frequência,
varredura em 𝜃 e 𝜙 = 0°.
209
Alterando a fase entre cada elemento na direção x para 𝛽𝑥 = 30° e mantendo a
fase entre cada elemento na direção y com 𝛽𝑦 = 0°, a direção do feixe irá se alterar.
Para o diagrama de radiação:
210
Mantendo agora a mesma fase para os elementos na direção x (𝛽𝑥 = 0°) mas
adicionando uma fase entre os elementos na direção y (𝛽𝑦 = 30°), temos:
211
Desta vez, alterando simultaneamente as defasagem entre os elementos na
direção x (𝛽𝑥 = 30°) e na direção y (𝛽𝑦 = 30°), obtemos:
Diagrama de radiação:
Diagrama 3D polar:
212
Como pode ser notado, é possível ajustar os ângulos de fase nas direções x e
y e, desta maneira, direcionar o feixe para a região de interesse. Como exemplo,
seja a diferença de fase entre os elementos na direção x igual a 55° (𝛽𝑥 = 55°) e a
diferença de fase entre os elementos na direção y igual a 78° (𝛽𝑦 = 78°). O diagrama
de radiação se torna:
213
Como um outro exemplo, para uma defasagem entre os elementos na direção
x de 𝛽𝑥 = 70° e entre os elementos na direção y de 𝛽𝑦 = 30°:
Diagrama de radiação:
Diagrama 3D:
Figura 7.39 - Diagrama de radiação varredura em 𝝓 e 𝜽 = 𝟒𝟓°, 𝜷𝒙 = 𝟕𝟎º e 𝜷𝜸 = 𝟑𝟎°, frequência de 15 GHz.
216
Para 𝛽𝑥 = 0° e 𝛽𝑦 = 30°:
217
Figura 7.44 – Diagrama de radiação e diagrama 3D para 𝒅 = 𝝀/𝟐, 𝜷𝒙 = 𝟑𝟎°, 𝜷𝒚 = 𝟑𝟎°.
218
Figura 7.46 – Diagramas de radiação para 𝒅 = 𝝀/𝟑 e 𝒅 = 𝝀/𝟐, 𝜷𝒙 = 𝟑𝟎°, 𝜷𝒚 = 𝟎°.
219
Figura 7.48 – Diagramas de radiação para 𝒅 = 𝝀/𝟑 e 𝒅 = 𝝀/𝟐, 𝜷𝒙 = 𝟎°, 𝜷𝒚 = 𝟑𝟎°.
220
Figura 7.50 – Diagrama de radiação e diagrama 3D para 𝒅 = 𝝀/𝟏𝟎, 𝜷𝒙 = 𝟑𝟎°, 𝜷𝒚 = 𝟎°.
221
7.7 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Analisando as figuras 7.20, 7.21 e 7.22, bem como a tabela 7.1, percebemos
que a antena proposta foi capaz de operar em multibanda, como era esperado para
antenas fractais. Os resultados da perda de retorno não foram adequados, pois não
houve a preocupação com o casamento de impedâncias entre a antena e a fonte,
mas sim em verificar os pontos do gráfico onde ocorre ressonância. A faixa de
frequência analisada na varredura foi bem ampla, de 1GHz a 30 GHz, e nessa faixa
pode-se notar a existência de múltiplas frequências ótimas de operação, que vão da
banda C com 7,1 GHz, banda X com 8 GHz, Ku com 13,6 GHz, 16,2 GHz, 17,6 GHz,
banda K com 18,9 GHz, 19,7 GHz, 22,5 GHz e 26,2 GHz, banda Ka com 26,6 GHz,
26,8 GHz, 27,2 GHz e 29,6 GHz.
Em relação à impedância, observou-se que a maior parte dela permaneceu
baixa, exceto em alguns valores de frequência de varredura, como em 3 GHz (figura
7.23), em que a parte real teve um pico máximo de 8k e a parte imaginária um pico
de reatância indutiva de 7,5 k. Para a frequência de 15,7 GHz (figura 7.24), a parte
real da impedância ficou em torno de 17,5k e a reatância indutiva, em torno de
10k. Por fim, a uma frequência de 21 GHz (figura 7.25), em que a parte real teve
um máximo de aproximadamente 1,3k e a reatância, agora capacitiva, de 1,5k
(ou -1,5k). Sabe-se que uma impedância de entrada muito baixa pode ser um
grande inconveniente, mas mudanças no tipo de alimentação e no substrato
utilizado podem aumentar a impedância, caso necessário.
Os diagramas de radiação mostrados nas figuras 7.27, 7.28 e seguintes
mostram que o conjunto é capaz de direcionar o feixe para várias regiões, alterando-
se o atraso de fase entre os elementos na direção x e na direção y. Com relação ao
ganho, aqueles obtidos conforme diagramas 3D das figuras 7.28, 7.30, 7.32 e 7.34,
obtiveram resultados muito satisfatórios, em torno de 16 dB, no entanto, os ganhos
obtidos conforme diagramas 3D das figuras 7.36, 7.38, tiveram resultados menores,
em torno de 12 dB.
Alterando o espaçamento entre os elementos de 2 cm para 3 cm a uma
frequência de 5GHz, o comprimento de onda é de 6 cm, por isso o espaçamento
entre os elementos foi de 𝜆/2. O ganho neste caso, obtidos conforme diagramas 3D
das figuras 7.40 a 7.44, tiveram resultados oscilando em torno de 16 dB.
222
Por fim, simulou-se um conjunto com espaçamento entre os elementos de 𝜆/10,
para vários ângulos de varredura de fase. O ganho neste caso, obtidos conforme
diagramas 3D das figuras 7.49 a 7.51, tiveram valores satisfatórios, com destaque
para o diagrama da figura 7.49 cujo valor ficou acima de 17 dB.
Um menor espaçamento entre os elementos do conjunto, em comprimentos de
onda, influencia na formação de lóbulos laterais, entretanto, proporciona um melhor
direcionamento de feixe, conforme figuras 7.45, 7.46, 7.47 e 7.48. No limite, quando
a distância entre os elementos se torna bem menor, o direcionamento do feixe de
torna maior, com o ganho se mantendo quase constante. Desta maneira, a
varredura de feixe é mais eficiente, permitindo que o conjunto direcione o feixe na
direção de interesse e suprima o feixe em regiões que não são de interesse.
Entretanto, o conjunto perde a capacidade de direcionamento à medida que a
distância entre os elementos se torna menor. Ou seja, embora a diretividade seja
maior, com consequente redução dos lóbulos laterais, a capacidade de orientação
espacial do feixe se torna menor. Alguns pontos do espaço, inclusive, não são
possíveis de serem atingidos, o que limita a utilização em algumas aplicações.
Isso significa que é necessário encontrar uma solução de equilíbrio entre a
capacidade de orientação espacial e a eficiência na redução do lóbulo lateral. Este
tipo de escolha deverá ser realizada pelo projetista de antenas, de acordo com o
sistema planejado e a aplicação prevista.
223
8. CONCLUSÃO
224
telefonia, internet, satélites e radares. Entretanto, como tudo o que é novo, essa
técnica deve ser analisada com bastante rigor e ser testada numa quantidade maior
de modelos fractais, e somente assim será possível chegar a resultados seguros e
concretos sobre o seu real efeito em sistemas de telecomunicações. Ainda que os
modelos apresentado neste trabalham possam ter apresentado um bom
desempenho, seria demasiado imprudente generalizar os resultados para todas as
antenas fractais inteligentes.
Uma antena fractal inteligente talvez seja capaz de aumentar, de maneira
eficiente e econômica, a capacidade dos sistemas de comunicações móveis,
concentrando a energia eletromagnética na direção de interesse e permitindo que as
estações-base setorizadas possam operar com maior capacidade. E por ser uma
antena fractal, é capaz de atuar em várias frequências de ressonância, ao mesmo
tempo em que ocupa um espaço menor do que antenas com outros formatos. Se as
antenas inteligentes permitem um reuso de frequência, uma antena fractal
inteligente eventualmente é capaz de potencializar ainda mais esta capacidade,
justamente devido a essa característica que as aproxima das chamadas antenas
independentes da frequência. O ponto é: encontrar a geometria fractal perfeita, ou
próxima do ideal almejado.
O número de elementos de um conjunto afeta a largura de feixe do diagrama
de radiação: mais elementos proporcionam menor largura de feixe, o que dará mais
precisão para se detectar os usuários de interesse e desprezar os sinais/ usuários
que não sejam do interesse.
Os formadores dinâmicos de feixe tendem a ser mais caros devido à
complexidade de hardware, embora os processadores digitais de sinais tendam a
ficar cada vez mais baratos e mais rápidos. Entretanto, esse é um aspecto prático
que deve ser levado em conta quando se for projetar um sistema SDMA.
Em se tratando das estruturas fractais, os maiores obstáculos encontrados
atualmente no projeto e análise de antenas fractais são as limitações
computacionais, a dificuldade de construção prática e a falta de um tratamento
matemático mais adequado. As limitações computacionais dizem respeito
principalmente à capacidade de processamento e às limitações de memória RAM,
embora grandes progressos tenham sido realizados nas últimas décadas. A
dificuldade de construção prática se refere às limitações tecnológicas no processo
225
de construção e implementação da estrutura real, ainda mais quando se tratar de
antenas muito reduzidas; mas esses obstáculos estão sendo vencidos
gradativamente, destacando-se o uso de nanotecnologia e de impressoras 3D. Por
fim, a falta de tratamento matemático mais adequado é uma alusão à relativamente
escassa literatura sobre o tema, à pouca preocupação com uma modelagem e
sistematização que permitam analisar, de forma ágil e intuitiva, os principais
parâmetros das antenas – perda de retorno, impedância de entrada, ganho, etc. –
relacionados às estruturas fractais; na maioria dos casos, a única modelagem que
se faz é através de métodos numéricos, com a ajuda dos computadores.
A antena fractal proposta e analisada no presente trabalho atingiu um ganho
maior do que muitas antenas fractais apresentadas na literatura, como por exemplo,
de Varnikha et. al. [VARNIKHA 2019] que, ao utilizarem uma estrutura decagonal
fractal, apresentaram um ganho máximo de 3dB para a frequência de 5GHz. Ou
maior do que o modelo de Venkatrao et. al. [VENKATRAO 2020] que atingiram um
ganho máximo de 4,9 dB, e mesmo assim, apenas numa estreita largura de banda.
Antenas inteligentes aliadas a elementos fractais podem resolver outro
problema que aflige a humanidade atualmente: a inundação do espaço com ondas
eletromagnéticas. Embora não haja estudos conclusivos sobre o assunto,
autoridades e cientistas têm demonstrado preocupação com a quantidade de
exposição das pessoas à radiação eletromagnética, buscando políticas para minar
esse efeito. Um feixe dinâmico de um sistema SDMA com elementos fractais seria
capaz de direcionar o feixe mais eficientemente para o usuário de interesse,
economizando muita energia por não precisar emitir radiação em direções
indesejadas, o que limparia bastante o espaço da “contaminação eletromagnética”, e
representaria um alívio para os que se preocupam com tal exposição.
O trabalho aqui desenvolvido prestou uma grande contribuição à comunidade
científica e espera-se que possa ser aprimorado, visando um desempenho cada vez
melhor. Os resultados aqui encontrados e os obtidos numa publicação paralela
[RIBEIRO et, al. 2022] podem indicar caminhos seguros para futuras pesquisas.
226
9. ANEXO
P = 360;
thetas = [[0:pi/P:pi-pi/P] [pi:-pi/P:0]];
N = 10; % Número de elementos
f = 1e9; % Frequência
lambda = 3e8/f; % Comprimento de onda
k = 2*pi/lambda; % Número de onda
d = lambda/2; % Espaço entre os elementos
beta = 0; % Atraso de fase
psi = k*d*cos(thetas) + beta;
AF = cos(psi).*cos(2*psi).*cos(4*psi); % Array factor
U = AF.^2;
step = thetas(2) - thetas(1);
U0 = 1/(4*pi)*(2*pi)*step*sum(AF(1:P).^2.*sin(thetas(1:P))); % Diretividade do AF
D = U/U0;
thetam = [pi/2-thetas(1:P) pi/2+thetas(P+1:end)];%
Offset = 20;
DdB = 10*log10(D) + Offset;
DdB(find(DdB < 0)) = 0; % Eliminando valores negativos
polar(thetam, DdB, 'b'); hold on; % Gráfico polar
227
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