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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA - UNICURITIBA - VOLUME 1 - NÚMERO 27/2022 - CURITIBA/PR - PÁGINAS 276 A 318

ANÁLISE DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE DA


CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA DO ESTADO DO PARÁ E
SUAS AÇÕES SUSTENTÁVEIS

ANALYSIS OF THE SUSTAINABILITY REPORTS OF THE ELECTRICITY


CONCESSIONAIRE OF THE STATE OF PARÁ AND ITS SUSTAINABLE
ACTIONS

RODRIGO FRAGA GARVÃO


Professor assistente da Universidade Federal Rural da Amazônia, doutorando em
Desenvolvimento e Agricultura Familiar pela UFPA, mestre em Desenvolvimento e meio
ambiente urbano pela UNAMA - Universidade da Amazônia.

CEZAR DOS SANTOS BELO


Graduado em Administração – Universidade Federal Rural da Amazônia

GILVANDRO FIGUEIREDO SOUZA


Mestre em Teoria do Comportamento – Universidade Federal do Pará

SIMONE ANDREA LIMA DO NASCIMENTO BAIA


Mestre em Gestão Pública – Universidade Federal do Pará

RESUMO
Devido à escassez dos recursos naturais e preocupação com a sobrevivência das futuras
gerações, as questões socioambientais tem sido uma constante preocupação das
empresas e permanente exigência da sociedade, governos e consumidores. A presente
pesquisa identificou e analisou ações de sustentabilidade que têm sido executadas
continuamente pela concessionária de energia elétrica paraense, baseadas em seus
relatórios de sustentabilidade. Essa pesquisa utilizou-se de autores como Barbieri (2016),
Dias (2017), Maximiano (2012), Elkington (1998), Todeschini e De Mello (2013). O
levantamento de dados foi obtido por meio da catalogação e análise dos programas de
gestão ambiental presentes nos relatórios dos anos de 2013 a 2020. O procedimento foi
delineado em três etapas. Na primeira, foi realizada a coleta de dados a partir dos
relatórios de sustentabilidade da concessionária de energia elétrica dos últimos dez anos.
Revista Administração de Empresas Unicuritiba.
[Received/Recebido: Janeiro 20, 2022; Accepted/Aceito: Fevereiro 22, 2022]
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
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Na segunda, foram listadas as informações e feita uma avaliação de dados dos relatórios
de gestão ambiental (2013-2020). Na terceira, foram apresentadas e discutidas cada
ação (projetos ou programas) segundo os registros da concessionária nos referidos
relatórios. Os resultados obtidos mostraram que 3 programas tiveram maior destaque,
seja por sua abrangência ou por sua relevância social. Conclui-se que apesar da
organização ter como foco principal o desenvolvimento econômico e financeiro, as ações
sustentáveis não deixam de ser implementadas e aprimoradas, apesar da
obrigatoriedade legal. E as essas ações realizadas, além de beneficiar milhares de
famílias, influencia diretamente nos resultados positivos alcançados pela organização.

Palavras-chave: Relatório de Sustentabilidade; Ações Sustentáveis; Recursos Naturais.

ABSTRACT
Due to the scarcity of natural resources and concern for the survival of future generations,
social and environmental issues have been a constant concern of companies and a
permanent demand from society, governments and consumers. This research identified
and analyzed sustainability actions that have been carried out continuously by the Pará
electric power utility, based on its sustainability reports. This research used authors such
as Barbieri (2016), Dias (2017), Maximiano (2012), Elkington (1998), Todeschini and De
Mello (2013). The data collection was obtained through the cataloging and analysis of
environmental management programs present in the reports for the years 2013 to 2020.
The procedure was outlined in three stages. In the first one, data was collected from the
sustainability reports of the electricity concessionaire for the last ten years. In the second,
the information was listed and an assessment of data from the environmental
management reports (2013-2020) was carried out. In the third, each action (projects or
programs) was presented and discussed according to the concessionaire's records in the
aforementioned reports. The results obtained showed that 3 programs had the greatest
prominence, either for their scope or for their social relevance. It is concluded that despite
the organization's main focus on economic and financial development, sustainable actions
are still implemented and improved, despite the legal requirement. And the actions carried
out, in addition to benefiting thousands of families, directly influence the positive results
achieved by the organization.

Keywords: Sustainability report; Sustainable Actions; Natural resources.

1 INTRODUCÃO

O mundo passa por um momento de esgotamento das riquezas naturais e essa


discussão é uma preocupação cada vez mais recorrente. Nesse contexto, é comum

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observar grandes empresas incluindo em seus valores práticas “politicamente corretas”


e sustentáveis. Esses novos valores, impostos pelas demandas sociais e pelo mercado,
ocupam-se no desenvolvimento de ações que contribuam com a preservação do
ambiente e estabelecimento de uma sociedade mais desenvolvida, justa e igualitária.
Um dos principais conceitos que delineiam as práticas de sustentabilidade foi
desenvolvido pelo sociólogo e consultor britânico John Elkington, que defende que uma
organização financeiramente viável deve ser sustentável e socialmente justa,
consagrando a ideia da relação entre Pessoas, Planeta e Lucro, conhecida como tripé da
sustentabilidade ou Triple Bottom Line (TBL). Assim, o propósito do TBL seria o de
compreender os impactos econômicos, sociais, ambientais e os seus padrões de
consumo dos produtos e serviços disponíveis no mercado (ELKINGTON, 1998).
A conferência RIO-92, realizada no Brasil, teve um papel fundamental na
conscientização de diversos países sobre a necessidade de repensar o modelo de
desenvolvimento capitalista. Por meio dela, foram assinados importantes acordos
ambientais que refletem sua influência até a atualidade, dentre eles a Agenda 21, as
Convenções do Clima e da Biodiversidade, a Declaração do Rio para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento e a Declaração de Princípios para as Florestas (PECCATIELLO, 2011).
Sob a perspectiva das mudanças de configuração no modelo sustentável, a partir
da ECO-92, a geração de energia sustentável passou a ser considerada uma pauta
importante dessas mudanças, principalmente entre as concessionárias de energia
elétrica. Diante desta perspectiva, o Brasil tornou-se referência em produção de energia
sustentável, uma vez que possui uma matriz energética constituída de 83% de fontes
renováveis, distribuídas em hidrelétrica (63,8%), eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%)
e solar centralizada (1,4%) (GOVERNO DO BRASIL, 2020). Segundo a Associação
Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades –
ABIFINA (2013), esse modelo de geração por fontes renováveis, representa em média
13% da energia produzida em países desenvolvidos e 6% nas nações em
desenvolvimento. A vantagem brasileira está na abundância de recursos naturais, que
lhe permitirá diversificar a matriz de forma sustentável.

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A partir desse contexto, o presente estudo levanta a seguinte questão: quais


ações de sustentabilidade têm sido executadas continuamente segundo os relatórios de
sustentabilidade da concessionária de energia elétrica paraense?
Neste caso, o presente estudo justifica-se por observar a realidade das práticas
de sustentabilidade, legais ou espontâneas, previstas nas ações estratégicas da
concessionária de energia elétrica operando no Estado do Pará. Esta análise pode
possibilitar a visualização da aplicação de práticas contínuas de atividades de
responsabilidade social e de práticas sustentáveis. Neste caso, é importante perceber
qual a realidade descrita pela empresa nos relatórios em relação ao atendimento das
obrigações legais de sustentabilidade e de projetos ou programas que indiquem a sua
contribuição social.
A documentação das práticas socioambientais das organizações são formas de
demonstrar à sociedade, governo e clientes que a organização além de manter seus
objetivos organizacionais perante a seus acionistas, também devolve aos stakeholders
externos uma soma contribuições sociais e sustentáveis, sejam aquelas previstas em lei
ou aquelas espontaneamente planejadas pela organização. Portanto, a análise das
práticas de gestão sustentável, registradas nos relatórios anuais de sustentabilidade,
além de promover a publicidade do exercício anual das operações da organização,
possibilitam o desenvolvimento socioambiental da região.
A importância de identificar e compreender as ações socioambientais são
elementos fundamentais para observar a condução da empresa perante aos seus
stakeholders. Além disso, essas ações devem ser conduzidas e implementadas sob a
tríade permanente do caráter social, econômico e sustentável, assim como, aumentar o
nível de informação, transparência e clareza dos resultados esperados pela organização.
Ligteringen (2012), sugere a análise e avaliação de relatórios de sustentabilidade para
ampliar a comunicação entre a empresa e os stakeholders, demonstrar compromisso
com a sociedade e gerar informações aos agentes de mercado, o desenvolvimento
organizacional e o controle do desempenho socioambiental.

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Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo geral identificar e analisar
ações de sustentabilidade que têm sido executadas continuamente pela concessionária
de energia elétrica paraense, baseado em seus relatórios de sustentabilidade.
Como objetivos específicos traçou-se (1) identificar as principais ações de
sustentabilidade registradas de forma contínuas nos relatórios de sustentabilidade da
concessionária, (2) apresentar cada uma das ações de sustentabilidade registradas, em
período contínuo, nesses relatórios, (3) apresentar o modo de operação, o público-alvo e
os resultados atingidos de cada ação (4) analisar as principais ações de sustentabilidade
registradas nesses relatórios de acordo com os pilares da sustentabilidade: ambiental,
social e econômico, e (5) Discutir os resultados a partir da relação entre o Índice de
Sustentabilidade Empresarial - ISE e Triple Bottom Line - TBL.

2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO ALTERNATIVA ECONÔMICA

O atual modelo de “desenvolvimento econômico” apresenta efeitos adversos, tais


como desigualdade social, destruição dos recursos naturais, crescimento demográfico
desmedido e sobreposição de culturas. Em contrapartida, surgem avanços tecnológicos,
econômicos e demográficos, possibilitando o surgimento de um modelo de
desenvolvimento que equilibre os avanços e as consequências. Desta forma, ressalta-se
a adoção de um desenvolvimento econômico alternativo, com objetivo de conciliar os
valores ambientais e sociais com os valores econômicos (DOS SANTOS, 2011).
O termo desenvolvimento sustentável foi elaborado no final da década de 1980,
ganhando força a partir da Conferência Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente,
realizada no Rio de Janeiro, em 1992. Após a Rio-92, a sociedade e as empresas
passaram a assimilar a necessidade de executar uma nova visão de desenvolvimento
econômico, garantindo a produção de bens e serviços, assim como atender às
necessidades básicas do ser humano e preservando o meio ambiente (NASCIMENTO,
2012).

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Para Albuquerque Neto et al. (2008), o termo Desenvolvimento Sustentável surgiu


das muitas reflexões sobre a sociedade e sua possibilidade de colapso, investigadas a
partir de estudos científicos e divulgadas nos diversos encontros internacionais na
década de 1970. Em 1987, conforme o Relatório de Brundtland ou também chamado de
“Nosso Futuro Comum”, o desenvolvimento sustentável refere-se a atender as presentes
necessidades sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Está ligado ao
crescimento econômico: o capital físico com relações demográficas e desenvolvimento
tecnológico das empresas, tanto com respeito à biodiversidade quanto a forma de
trabalho ministrados por estas (PEREIRA; CURI, 2012).
Para Dias (2017), o desenvolvimento sustentável apresenta diversas visões,
podendo ser a obtenção do crescimento econômico consecutivo, manuseando os
recursos naturais de forma mais racional, utilizando tecnologias mais eficientes e com
menos poluentes, também podendo ser caracterizado também como projeto social e
político designado a erradicar a pobreza, elevando a qualidade de vida e satisfazendo as
necessidades básicas humanas, orientando-os para um desenvolvimento harmônico da
sociedade e transformação sustentável dos recursos naturais, que por sua vez precisam
ser administrados com a maior eficácia possível.

3 O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Para Barbieri (2016), as demandas das soluções de problemas ambientais


implicam no desenvolvimento de tomadas de decisões viáveis às questões sustentáveis,
relativas ao controle da poluição, prevenção da poluição e abordagem estratégica.

Em relação ao controle da poluição, a empresa deve estabelecer práticas


administrativas e operacionais com a finalidade de evitar os efeitos da poluição originada
por um determinado processo produtivo. Na prevenção da poluição, deve evitar, modificar
ou reduzir a geração de poluição, poupando materiais e energia em todo o processo
produtivo e comercialização. Sob a perspectiva estratégica, deve obter vantagens

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competitivas capazes de proporcionar maior valor econômico e benefícios a seus


stakeholders (BARBIERI, 2016).

As preocupações ambientais são decorrentes da interação do de três conjuntos


de forças interagindo entre si: governo, sociedade e mercado. O resultado dessas
interações foi a criação dos órgãos reguladores do setor elétrico brasileiro (Ver Tabela
1). Esses órgãos controlam, fiscalizam regulam as operações, transmissões,
distribuições e comercialização de energia elétrica (AZEVEDO; DA CRUZ, 2007).

Tabela 1 - Órgãos norteadores do setor elétrico brasileiro.

Órgão Sigla Dispositivo Legal Objetivo Principal

Regular e fiscalizar a produção,


Agência Nacional de
ANEEL Lei n.º 9.427/96 transmissão, distribuição e
Energia Elétrica
comercialização de energia elétrica.

Operar o sistema elétrico interligado


Operador Nacional Lei n.º 9.648/98 e
ONS nacional e administrar a rede básica de
do Sistema Elétrico Decreto n.º 2.655/98
transmissão de energia no Brasil.

Câmara de Viabilizar a comercialização de energia


Lei nº 10.848/04 e
Comercialização de CCEE elétrica no mercado de energia
Decreto n.º 5.177/04
Energia Elétrica brasileiro.

Fonte: Adaptado de Azevedo e Da Cruz (2007)

É evidente que o acesso à energia elétrica propicia um aumento no bem-estar dos


indivíduos, pois possibilitará o funcionamento de inúmeros aparelhos eletroeletrônicos
capazes de proporcionar a conservação e preparo de alimentos, a iluminação,
refrigeração ou aquecimento de ambientes, o acesso ao lazer, e entretenimentos com o
funcionamento de TVs, rádios, smartphones, Internet. A energia elétrica também é
responsável pelo funcionamento de fábricas, hospitais, centros comerciais, ruas,

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avenidas, estradas e todo o complexo formador de uma cidade. Segundo Maximiano


(2012), todo processo administrativo deve ser avaliado, assim como, os resultados
relacionados à responsabilidade social das organizações. A avaliação de desempenho
organizacional por meio de indicadores é uma das maneiras de medir os resultados do
planejado e executado pela organização, qualificando e quantificando as ações em
relação ao alcance dos objetivos e metas.

4 AS DIMENSÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E ECONÔMICAS PREVISTAS PELO


ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL (ISE) E TRIPÉ DA
SUSTENTABILIDADE (TBL)

O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) foi constituído em 2005, pela Bolsa


de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), em conjunto com outras organizações
– Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar
(ABRAPP), Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID), Associação dos
Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC), Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Corporação Financeira Internacional (IFC),
Instituto ETHOS – sendo o primeiro Índice de Sustentabilidade da América Latina,
seguindo uma tendência das principais Bolsas de Valores do mundo, na premissa de que
empresas que se preocupam com questões envolvendo a sustentabilidade geram valor
ao acionista no longo prazo (TEIXEIRA; NOSSA; FUNCHAL, 2011).

O objetivo do ISE, segundo a BM&FBOVESPA (2018), é refletir o retorno de uma


carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a
responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial, assim como atuar como
promotor das boas práticas no meio empresarial brasileiro.

O ISE foi elaborado à luz do conceito de “Triple Bottom Line” (TBL), que abrange
avaliação de elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros de maneira
integrada. Além de incluir mais três indicadores: governança corporativa, características

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gerais e natureza do produto (DIAS, 2013). Considera o desempenho das companhias


em sete dimensões, às três que compõem o TBL, ambiental, econômica e social,
incorporando também as dimensões: geral, governança corporativa, mudança do clima e
natureza do produto (Ver Tabela 2).

Tabela 2 - Dimensões contempladas no ISE


Dimensão Descrição

Pontua a relação entre o processo produtivo e os danos causados ao


Ambiental
meio ambiente.

Avalia questões relativas à viabilidade dos empreendimentos e


Econômico-Financeira
geração de resultados financeiros.

Mensura a preocupação da organização com questões relacionadas


Social aos benefícios produzidos para a sociedade e o tratamento justo dos
trabalhadores.

Mede o comprometimento da empresa com relação ao


Geral desenvolvimento sustentável e sua transparência na elaboração dos
relatórios de sustentabilidade e divulgação dos relatórios.

Governança Corporativa Avalia o entendimento das organizações sobre o tema.

Avalia as estratégias da organização quanto à gestão de riscos e


Mudança do Clima
oportunidades referente a mudanças climáticas.

Observa questões relativas a possíveis danos à saúde dos


Natureza do Produto
consumidores e terceiros.

Fonte: Adaptado de Scheuermann (2019)

Para cada uma das descrições das dimensões contempladas no ISE, existe a
estruturação dos seus indicadores e, supostamente, o seu método de avaliação. Neste
caso, é necessário observar as relações entre as dimensões ambientais, sociais e
econômicas. Segundo Slapper e Hall (2011), é importante destacar que não existe um
método padrão universal para calcular o TBL, sendo visto como um ponto forte, porque

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permite que um usuário adapte a estrutura geral às necessidades de diferentes


entidades, sejam empresas ou organizações sem fins lucrativos, diferentes projetos ou
políticas de investimento em infraestrutura ou programas educacionais, ou diferentes
áreas geográficas. Portanto, tanto uma empresa quanto uma agência governamental
local podem avaliar a sustentabilidade ambiental de acordo com a essa proposta.

5 DIMENSÃO AMBIENTAL

Na Dimensão Ambiental identifica-se as interações entre o processo produtivo e


os danos causados ao meio ambiente. Além de identificar se a companhia possui uma
gestão ambiental estruturada, coerente e alinhada com seus valores e práticas
corporativas. Nesta dimensão, os temas que possuem maior enfoque são a gestão
ambiental, no cenário das organizações e sua relação com o meio ambiente: gestões
energéticas, atmosférica, residual e hídrica. Além disso, possui uma vertente destinada
à análise da gestão de saúde e segurança do trabalhador (ISE, 2019), representado por
16 indicadores (Ver Tabela 3).

Tabela 3 - Indicadores ambientais do ISE

Indicadores Descrição

A empresa possui uma política corporativa que ampara os seus


Compromisso, abrangência e
aspectos ambientais, das quais suas diretrizes são refletidas
divulgação
nos seus processos de planejamento e gestão

Indica a situação da companhia, havendo uma comunicação


Comunicação com partes
com as partes interessadas em relação ao meio ambiente,
interessadas
saúde e segurança no trabalho

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Comprova o atendimento à legislação, que se compreende


como: dispositivos constitucionais, leis, decretos, resoluções e
Emissões atmosféricas, normas técnicas aplicáveis, incluindo também o atendimento às
efluentes líquidos e resíduos exigências técnicas estabelecidas em atos administrativos
(licenças ambientais, pareceres técnicos, comunicações
formais dos órgãos competentes).

Verifica se a companhia dispõe em sua estrutura hierárquica,


Responsabilidade Ambiental deveres relacionados ao meio ambiente e Saúde e Segurança
no Trabalho (SST) na descrição formal dos cargos.

Identifica quais as ações da companhia quanto à avaliação


periódica de seus aspectos e impactos ambientais, à avaliação
Planejamento
periódica de perigos e riscos para a Saúde e Segurança no
Trabalho (SST) e Desempenho Ambiental.

Confere se a organização tem mapeado e avaliado seus


aspectos e impactos ambientais, riscos ocupacionais, os
Gerenciamento e
mecanismos de melhoria de desempenho ambiental na cadeia
monitoramento
de suprimento e suas ações quanto ao uso sustentável de seus
produtos/serviços.

A condição da companhia quanto a certificação ambiental, de


Certificações Saúde e Segurança no Trabalho (SST) e de responsabilidade
social.

Compromisso global:
Igualar a situação da companhia com relação aos impactos de
biodiversidade e serviços
suas atividades, produtos ou serviços sobre a biodiversidade:
ecossistêmicos

As operações da empresa envolvem o recebimento ou


Bem-estar animal
utilização de produtos, insumos ou materiais de origem animal.

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Certificar-se de que a organização possui padrões de consumo


Consumo de recursos
e esteja alinhada ao uso consciente dos recursos naturais em
ambientais – inputs
seus processos produtivos.

Adoção de procedimentos específicos para a gestão de


aspectos ambientais que, mesmo não estando contemplados
Aspectos ambientais críticos na legislação vigente, representam (ou há evidências
científicas de que podem representar) risco à saúde pública ou
ao meio ambiente.

Identificar a situação da companhia em relação às coberturas


Seguro ambiental de seguro ambiental contratadas para suas instalações e
operações.

Área de preservação Averiguar se a companhia atende os requisitos legais em


permanente e cadastro relação às suas Áreas de Preservação Permanente (APP) em
ambiental rural propriedades rurais.

A condição da companhia em relação à reserva legal em


Reserva legal
propriedades rurais.

Passivos ambientais Investiga se a companhia possui passivos ambientais

A situação da companhia em relação ao licenciamento


Requisitos administrativos ambiental de suas instalações e processos, e sua
conformidade legal.

Apura a situação da companhia quanto a sanções


Procedimentos administrativos administrativas de natureza ambiental e Termos de
Compromisso de Execução Extrajudicial.

Verifica a situação da companhia em relação a processos


Procedimentos judiciais
judiciais ambientais.

Fonte: Adaptado de BM&FBOVESPA (2020)

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No TBL, a dimensão ambiental prevê que as organizações devem orientar-se pela


ecoeficiência de seus processos produtivos, buscando uma produção mais limpa e
condições para o desenvolvimento ambiental organizacional, adotando uma postura de
responsabilidade ambiental (DIAS, 2017). Para Slapper e Hall (2011), a produção e
consumo dos bens e serviços atrelados ao processo de proteção e preservação do meio
ambiente e suas variáveis ambientais, devem representar medidas que indiquem as
influências potenciais que refletem sobre a viabilidade da utilização dos recursos naturais.
Pode incorporar nessas medidas a qualidade do ar e da água, consumo de energia,
recursos naturais, sólidos e resíduos tóxicos e uso ou cobertura do solo. Idealmente, ter
tendências de longo alcance disponíveis para cada uma das variáveis ajudariam as
organizações a identificar os impactos que um projeto ou política teria na área.

O Propósito do ISE sobre a dimensão ambiental é identificar como a companhia


trabalha a gestão ambiental de forma estruturada, consistente, coerente com suas
características operacionais e alinhada com as melhores práticas corporativas social
(ISE, 2019) e o TBL, de acordo com o Global Reporting Initiative – GRI, sinaliza os
seguintes indicadores relativos à qualidade do ar e água, energia utilizada e resíduos
produzidos (PAULETTE; STENZEL, 2010).

Os indicadores ambientais são ferramentas que auxiliam na gestão das


organizações, pois disponibilizam informações sobre os impactos ambientais que os
processos produtivos causam em relação ao meio ambiente, tais como a emissão
atmosférica, o consumo de água ou materiais como papel e plástico (BERTOLIN, 2020).
Assim como os indicadores sociais, que possibilitam um engajamento significativo quanto
aos assuntos de interesse social.

6 DIMENSÃO SOCIAL

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Visa identificar as medidas executadas pelas empresas em relação a questões


como tratamento justo dos trabalhadores e os benefícios produzidos para a sociedade.
Assim como, verifica se as companhias têm em seus modelos de negócios a
preocupação com questões ambientais e a sua abordagem quanto à sustentabilidade.
Nesta dimensão, os temas que possuem maior enfoque são a incorporação de questões
sociais nas estratégias empresariais, o engajamento dos gestores quanto a política de
incentivo nos modelos de negócios sendo o compromisso, sistemas de incentivo e a
cadeia de valor componentes dos modelos de negócio. Além de priorizar a transparência
dessas informações, bem como os seus resultados (ISE, 2019). Já no TBL, a dimensão
social estabelece que as organizações devem preocupar-se em proporcionar melhores
condições de trabalho aos seus colaboradores, buscando contemplar a diversidade social
e cultural, assim como favorecer oportunidades a deficientes de maneira geral (DIAS,
2017).

Esta dimensão inclui onze indicadores dos quais para a presente pesquisa
evidenciou-se três, conforme a Tabela 4.

Tabela 4 - Indicadores sociais do ISE.

Indicadores Descrição

Avalia o engajamento da companhia no enfrentamento da


Compromisso com princípios e
erradicação do trabalho infantil, do trabalho forçado ou
direitos fundamentais nas
compulsório. Combate à prática de discriminação em todas as
relações de trabalho
suas formas e valorização da diversidade

As operações da organização implicam em impactos


Relação com a comunidade
significativos sobre a comunidade local

Reconhecer se a companhia possui diretrizes de


Compromisso com comunidade relacionamento com a comunidade local e seu grau de
formalização.

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A organização possui política corporativa que busca impedir a


Respeito a privacidade, uso da
divulgação não autorizada de informações sobre
informação e marketing
clientes/consumidores ou outras partes interessadas.

Aplicação dos compromissos Apontar as medidas que a organização executa em relação


com princípios e direitos valorização da diversidade, prevenção ao assédio moral e o
fundamentais nas relações de assédio sexual em todas as suas formas e o cumprimento dos
trabalho direitos trabalhistas.

Identificar se a organização possui uma política de equidade e


Diversidade e equidade
diversidade em sua estrutura hierárquica.

Verificar se a organização mantém práticas de gestão de seus


Gestão de fornecedores fornecedores, identificando e acompanhando as suas ações
atendem parâmetros sustentáveis.

Resolução de demandas de A organização possui mecanismos de ouvidoria eficientes


clientes e consumidores atendendo a demanda dos consumidores.

Constatar se a organização cumpre os requisitos legais no que


Público interno tange a seus colaboradores e o cumprimento dos direitos
trabalhistas.

Averiguar se os produtos/serviços ofertados estão atendendo


Clientes e consumidores de maneira coerente o público alvo e se a organização possui
uma ouvidoria eficiente.

Analisar os cenários jurídicos, quanto a processos relacionados


Sociedade a trabalho forçado ou compulsório, trabalho infantil, assédio
moral, sexual e discriminação.

Fonte: Adaptado de BM&FBOVESPA (2020)

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O Propósito do ISE sobre a dimensão social é identificar em que medida uma


companhia é capaz de manter relacionamentos mutuamente positivos com segmentos
da sociedade que podem ser impactados por suas atividades, criando e compartilhando
valor (ISE, 2019) e o TBL, de acordo com o Global Reporting Initiative – GRI, sinaliza os
seguintes indicadores relativos práticas laborais, impactos na comunidade, direitos
humanos e responsabilidade pelo produto (PAULETTE; STENZEL, 2010).

Os indicadores sociais possibilitaram a verificação do engajamento da organização


em relação a assuntos como combate à prática de discriminação, impactos significativos
sobre a comunidade local, acompanhamento de fornecedores no que tange as práticas
de sustentabilidade e a erradicação do trabalho infantil (ISE, 2019). Diferentemente dos
indicadores econômicos que tem um foco voltado à viabilidade dos empreendimentos e
geração de resultados financeiros.

7 DIMENSÃO ECONÔMICA

Esta dimensão busca avaliar questões relativas à viabilidade dos


empreendimentos e geração de resultados financeiros, identificando sua preocupação
quanto aos impactos econômicos sobre a sociedade. Nesta dimensão, os temas que
possuem maior enfoque são: Gestão de ativos intangíveis, gestão de riscos e
oportunidades, publicação de informações a respeito dos aspectos socioambientais nos
relatórios, quantificação e incorporação de externalidades no processo de tomada de
decisão e agregação de valor compartilhado com a sociedade (ISE, 2019). Já no TBL, a
dimensão econômica trata para que os processos produtivos sejam viáveis, considerando
os aspectos de rentabilidade financeira (DIAS, 2017).

A dimensão econômica possui nove indicadores dos quais para a presente


pesquisa evidenciou-se três, conforme a Tabela 5.

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Tabela 5 – Indicadores econômicos.

Indicadores Descrição

A companhia prepara e publica demonstrações financeiras às


Demonstrações Financeiras
partes interessadas

Possui gestão de desempenho aliada ao planejamento


Gestão do Desempenho
estratégico

Contém uma Política Corporativa para a gestão de riscos e


Estratégia de Risco
oportunidades corporativas, abrangendo períodos de curto,
Corporativo
médio e longo prazo.

Detém processos e procedimentos implementados de gestão


Riscos e Oportunidades
de riscos corporativos, que são acompanhados pelo Conselho
Corporativas
de Administração.

Possui plano de contingência, cobertura de seguros


Crises e Plano de Contingência
emergenciais.

Incorporar em seus processos e procedimentos a gestão de


Ativos Intangíveis
ativos intangíveis, além dos registrados na contabilidade oficial.

Realiza a quantificação do lucro econômico ou outras medidas


Lucro Econômico
de geração de valor econômico.

Equilíbrio do Crescimento Efetua o cálculo do Equilíbrio do Crescimento e como realiza a


(razão g/g*) divulgação do mesmo.

Verificação do histórico de processos administrativos ou


Histórico
judiciários

Fonte: Adaptado de (BM&FBOVESPA, 2020)

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O Propósito do ISE sobre a dimensão econômico é identificar em que medida uma


companhia considera seus impactos econômico-financeiros diretos e indiretos sobre a
sociedade, além do desempenho demonstrado nos relatórios contábeis publicados (ISE,
2019) e o TBL, de acordo com o Global Reporting Initiative – GRI, sinaliza os seguintes
indicadores relativos vendas, lucros e retorno sobre o investimento, impostos pagos,
fluxos monetários e empregos criados (PAULETTE; STENZEL, 2010).

Os indicadores econômicos demonstraram que a organização possui um processo


de planejamento ativo, alinhado com os seus objetivos e valores. Assim como, como
avalia questões relativas à viabilidade dos empreendimentos e geração de resultados
financeiros. Já a dimensão geral tem um foco voltado para questões sustentáveis
mensurando o comprometimento das companhias quanto ao desenvolvimento
sustentável e elaboração de relatórios ambientais.

8 DIMENSÃO GERAL

Esta dimensão tem como objetivo verificar o comprometimento da empresa em


relação ao desenvolvimento sustentável, assim como sua transparência na elaboração
dos relatórios de sustentabilidade e divulgação dos relatórios. Avaliando também, a
gestão estratégica da companhia com a sustentabilidade, e sua política de destinação de
resíduos operacionais. Além disso, verifica a incorporação da sustentabilidade nos
modelos de negócios e seus componentes. Nesta dimensão, os temas que possuem
maior destaque são: a incorporação de questões ambientais nas estratégias
empresariais, o relacionamento e a transparência das informações quanto aos
compromissos e atitudes da organização, bem como aos seus resultados, o engajamento
dos gestores em relação à sustentabilidade nos modelos de negócios (ISE, 2019).

Segundo Dias (2017), na dimensão ambiental a empresa deve se guiar pela


ecoeficiência de seus processos produtivos, buscando uma produção mais limpa e
condições para o desenvolvimento ambiental organizacional, adotando uma postura de

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responsabilidade ambiental. Referente à dimensão social, a organização deve preocupar-


se em proporcionar melhores condições de trabalho aos seus colaboradores, buscando
contemplar a diversidade social e cultural, assim como favorecer oportunidades a
deficientes de maneira geral. Por fim, a dimensão econômica trata para que os processos
produtivos sejam viáveis, considerando os aspectos de rentabilidade financeira.
Ressaltando que para terem resultados eficientes, as dimensões devem interagir de
maneira holística (Ver Figura 1)

Figura 1 - O tripé da sustentabilidade

Fonte: GIOVANELLI (2015).

O TBL também pode ser denominado de 3P’s (People, Planet and Profit ou
Pessoas, Planeta e Lucro), sendo empregado de maneira macro, para um país ou o
próprio planeta, assim como microambientes – residências, empresas, vilas, entre outros.
São constituídos por três dimensões gerais, People, que se refere ao capital humano de
uma organização ou comunidade, Planet, trata-se do capital natural de uma empresa ou

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comunidade, e Profit, aborda o lucro, sendo um resultado econômico positivo a uma


organização (DIAS, 2017). Paulette e Stenzel (2010) apontam que o TBL é uma
ferramenta usada para examinar os efeitos das atividades empresariais na economia, na
justiça social e ambiente, além de discutir sobre o Global Reporting Initiative - GRI,
considerado um programa internacional que fornece métricas para avaliar as práticas de
alinhamento do TBL.

Segundo Ligteringens (2012), os relatórios de sustentabilidade consistem em


identificar, mensurar e divulgar o desempenho sustentável, publicadas periodicamente.
Além de representar interesse público, transparecem de maneira clara e objetiva os
impactos críticos de natureza ambiental, social ou econômica. Através disso, permitem
que as empresas desenvolvam estratégias de gestão direcionadas para o futuro, tendo
como base informações compactas acerca dos impactos positivos e negativos da
sustentabilidade, ocasionados pela empresa ou por fatores externos como clima, direitos
humanos, entre outros. Melhoria na interação entre os acionistas, auxiliando a identificar
riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade e mudança de mentalidade,
buscando o que faz sentido a empresa inserida em um mundo dinâmico, importando não
só o âmbito financeiro, mas como também o econômico, ambiental e social.

9 METODOLOGIA

9.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

O estudo trata-se de uma pesquisa documental, a qual Marconi e Lakatos (2017)


evidenciam como uma fonte de coleta de dados restrita a documentos, escritos ou não.
Gil (2017), relata que os documentos de uma pesquisa documental são aqueles que
ainda não receberam uma abordagem analítica, ou que podem ser refeitos de acordo
com o objeto da pesquisa.

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Para a presente pesquisa, descrita sob a abordagem qualitativa, foi realizada uma
análise do conteúdo dos relatórios de sustentabilidade da concessionária de energia
elétrica do Estado do Pará. Segundo Bardin (2010), a análise de conteúdo é definida
como um conjunto de técnicas de exame das comunicações, baseadas em
procedimentos sistemáticos que objetiva a descrição do conteúdo das mensagens. Com
o intuito de gerar indicadores (quantitativos ou não), permitindo a intervenção de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas
mensagens.

9.2 AMBIENTE DE COLETA DE DADOS

A empresa distribuidora de energia elétrica é autorizada da ANEEL a atuar no


território paraense, subdividida em cinco regiões e possui sedes em Belém, Castanhal,
Marabá, Santarém e Altamira, atendendo aos 144 municípios do estado.

Possui e aplica um modelo de gestão direcionado para aperfeiçoar os processos,


melhorar continuamente o fornecimento de energia elétrica e o atendimento aos clientes,
sem deixar de valorizar e reconhecer o empenho dos seus colaboradores.

Em 2012, a empresa estava em um processo de negociação, passando a outro


grupo de capital aberto sediada em Brasília (DF). Além de atuar no Estado do Pará, o
grupo também se faz presente nos estados do Maranhão, Piauí e Alagoas.

O sistema de distribuição é composto por 5 regionais conforme a Figura 2 abaixo,


englobando o estado do Pará, que são interligados por mais de 10.000 km de linhas de
distribuição.

Figura 2 - As Regionais do Sistema Empresa

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Fonte: Equatorial (2019).

Na década de 90, a empresa mais promissora para o interesse privado no Pará


era a distribuidora de energia elétrica do Estado. O processo de privatização da empresa
iniciou-se com o Decreto no. 1.946/97, de 21 de janeiro de 1997, que a inclui no Programa
Estadual de Desestatização – PED, instituído pela Lei Estadual no. 5.979, de 19 de julho
de 1996. O processo demonstrava as modalidades da desestatização que incluíam a
entrega do controle da empresa à iniciativa privada. Portanto, era a iniciativa de abertura
do capital da empresa, antes estatal, cujo valor, representado nas suas ações, era
determinado pelo valor do patrimônio vigente (CHAVES; FRAZÃO, 2009).

9.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados a partir dos relatórios anuais de sustentabilidade da


organização. Estes começaram a ser publicados em 2011 no site da empresa, sendo
disponibilizados anualmente de modo público e acessível. Neles, estão contidas as
informações acerca do desempenho econômico, dimensão ambiental, dimensão social e
setorial.

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9.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

O presente estudo foi configurado em três etapas. Na Etapa I, realizou-se a coleta


de dados a partir dos relatórios de sustentabilidade disponíveis da concessionária de
energia elétrica. O critério de seleção dos relatórios foi baseado no acesso público na
Internet, sendo levados em consideração para a presente pesquisa a sequência da
disponibilidade dos documentos para que a análise seja realizada de forma contínua,
sem sobreposições de informações de relatórios não publicados. Os tópicos de coleta de
dados são os projetos/programas de ações de sustentabilidade que utilizam práticas
relacionadas às dimensões econômica, social e ambiental, com a finalidade de
diagnosticar quais práticas a organização realiza no que tange a responsabilidade social
e sustentabilidade.

Na Etapa II, serão apresentados os resultados das ações (projetos ou programas)


executadas de forma contínua no período de investigação proposto na etapa anterior.

Na Etapa III, serão apresentadas e discutidas cada ação (projetos ou programas)


segundo os registros da concessionária nos referidos relatórios. Esses resultados serão
analisados segundo os pilares da sustentabilidade: ambiental, social e econômico.
Também serão apresentados e discutidos como cada ação foi originada, apresentar a
legislação envolvida, apontar o público-alvo envolvido, a forma de funcionamento,
resultados obtidos durante a execução e a relação das ações à margem do ISE e TBL.

10 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A configuração dos resultados de cada etapa está exposta conforme o quadro 1.

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Quadro 1 - Etapas da análise dos resultados

Fontes da Pesquisa (2021).

Etapas Descrição

Etapa 1 - Verificação das Diretrizes do ISE e TBL.

- Identificação das Dimensões do ISE e TBL.

- Criação de indicadores qualitativos de acordo com cada dimensão


selecionada.

Etapa 2 - Elaboração de uma tabela com os projetos/programas de sustentabilidade


com execução contínua nos relatórios.

Etapa 3 - Realização da análise comparativa das diretrizes do ISE e TBL.

- Discussão dos resultados da análise comparativa e os indicadores criados.

O resultado da Etapa I foi descrito a partir da relação entre ISE vs. TBL, com a
criação de indicadores qualitativos, analisados de acordo com o conteúdo de cada uma
das dimensões. É importante lembrar que o ISE apresenta as dimensões Ambiental,
Social, Econômica, Geral, Governança Corporativa, Mudança de Clima e Natureza do
Produto. O TBL é determinado pelas dimensões Social, Ambiental e Econômica.

Os resultados da Etapa II, serão apresentados em uma tabela que demonstrará o


resumo dos projetos/programas que envolvem ações contínuas de sustentabilidade
operacionalizadas pela concessionária de energia elétrica. Os resultados da Etapa III,
serão discutidos a partir de uma análise comparativa entre as ações estabelecidas nas
diretrizes do ISE e práticas estabelecidas pelo TBL, estabelecida pelos indicadores
criados na Etapa I.

11 RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Até a conclusão da presente pesquisa estavam disponíveis para consulta e leitura


os relatórios dos anos de 2011 e a sequência dos anos de 2013 a 2020. Para realização
do presente estudo e conclusão da análise, foi solicitado à empresa o relatório anual de
2012 devido a indisponibilidade no site e em nenhum outro canal da Internet. Como a
empresa não respondeu às solicitações até a finalização das análises, foram excluídos
da presente pesquisa os anos de 2011 e 2012, visto que, o critério de análise
estabelecido para este estudo foi a verificação de projetos ou programas de
implementação contínua registrados nos relatórios de sustentabilidade da
concessionária.

Supõe-se a indisponibilidade do relatório de 2012, pode ter sido promovida por


motivos de expansão do grupo mantenedor, que ampliou as atividades com mais três
companhias de distribuição de energia dos estados Maranhão, Piauí e Alagoas
(REVISTA EXAME, 2012). Sendo assim, a justificativa da exclusão do referido relatório
se faz pertinente pela ausência da disponibilidade do mesmo.

Os relatórios disponíveis são um resumo das ações realizadas pela empresa e


que tratam de assuntos de grande abrangência e relevância social, enquadrando-se nas
questões ambientais. Portanto, buscou-se analisar as ações de responsabilidade social,
econômica e ambiental da empresa, através dos relatórios de sustentabilidade. É
importante frisar que esta organização foi escolhida pela relevância dos seus serviços
para a sociedade, além de atuar na região a qual a pesquisa foi realizada.

Tendo como base os relatórios de sustentabilidade da organização, observa-se


que os relatórios dos anos de 2013 a 2015 apresentam títulos e informações relativos à
empresa antes da transição. A partir dos relatórios de 2016 a 2020 houve a união das
informações dos dois estados brasileiros: Pará e Maranhão. Neste caso, o relatório passa
a apresentar informações das duas unidades, assim como o título dos relatórios passou
a ser documentado com a marca do atual grupo gestor, alterando inclusive o padrão de

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apresentar as informações de ambas unidades. Todos os relatórios utilizados nesta


pesquisa estavam disponíveis no site do grupo até o final desta coleta de dados.

Os principais programas em execução contínua e registrados nos relatórios anuais


da concessionária de energia elétrica foram o Programa Tarifa Social, Programa Luz para
Todos e Programa de Eficiência Energética (Ver Tabela 6).

Tabela 6 – Programa de ações contínuas em execução dos Anos de 2013 à 2020

Programa Dimensão Público Atingido

Programa
Social Famílias de Baixa Renda
Tarifa Social

Programa Luz
Social Famílias de Baixa Renda
Para Todos

Programa de
Eficiência Ambiental Famílias de Baixa Renda
Energética

Fontes da Pesquisa (2021).

Como se pode observar dois dos programas são oriundos da dimensão social e
um sob a dimensão ambiental, embora o público alvo seja o mesmo para todos os
programas e dimensões.

12 O PROGRAMA TARIFA SOCIAL

Sobre as ações contínuas em execução nos anos de 2013 a 2020, o Programa


Tarifa Social está registrado nos relatórios da concessionária, sob o indicador da
dimensão social, atendendo as Famílias de Baixa Renda como público-alvo.

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O Programa Tarifa Social foi elaborado pelo Governo Federal por meio da Lei n°
10.438, de 26 de abril de 2002. Portanto, o valor pago pela energia elétrica adquirida na
primeira etapa do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica –
PROINFA, serão rateados com Eletrobrás em seus custos administrativos e financeiros
e os encargos tributários, desde que o consumidor beneficiado seja integrante da
Subclasse Residencial Baixa Renda, entre todas as classes de consumidores finais
atendidas pelo Sistema Elétrico Interligado Nacional.

A Tarifa Social é um benefício do governo que fornece descontos na conta de luz


para famílias de baixa renda, que estejam no Cadastro Único ou que tenham algum
membro beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Os benefícios variam
sobre o total de energia consumida, quanto menor for o consumo, maior é o desconto,
sendo estas reduções variantes entre 10% a 65%.

Os resultados das ações do Programa Tarifa Social demonstram que houve


continuidade na execução e padronização dos registros entre os anos de 2013 a 2020.
Contudo, no relatório de 2019 e 2020, os dados sobre este programa foram apresentados
em formato resumido e em padrão diferente dos registros anteriores, dificultando uma
análise mais refinada sobre este tópico. Uma possível explicação para a situação, seria
o aumento da complexidade da divulgação dos dados, devido a unificação dos dados das
unidades pertencentes ao novo grupo gestor. A concessionária tem apresentado
números significativos em relação ao programa beneficiando diversas famílias (Ver
Gráfico 1).

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Gráfico 1 – Número de cadastros realizados no Programa Tarifa Social de 2013 à 2020

Fontes: Elaborado a partir dos demonstrativos dos Relatórios de 2013 a 2020.

Segundo o Anuário Estatístico do Pará (2020) demonstra que a população do


estado é de 8.690.745 pessoas, sendo observado os resultados entre os anos de 2013 a
2017 para mais de 2 milhões de cadastros realizados no estado. É importante lembrar
que a partir de 2018, o relatório passou a ser avaliado em conjunto com os cadastros do
estado do Maranhão, o que gerou um salto de 22.390 para 245.000 cadastros. Em 2018,
os resultados atingiram a marca de mais expressiva, em um único ano foram realizados
mais de 2 milhões de cadastros, somando desta vez os quatro estados integrantes do
grupo: Pará, Maranhão, Piauí e Alagoas. Estes dois últimos passaram a fazer parte do
grupo, após leilão realizado em 2018 (RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE
EQUATORIAL, 2018). No ano de 2020, a empresa simplificou os resultados do relatório
e apontou o número de 157 mil novos cadastros. Pode-se observar que o efeito da fusão
da concessionária contribuiu com a oscilação dos resultados do programa que foram
ampliados a mais beneficiários.

Uma importante medida adotada pela organização atualmente, devido ao período


de pandemia do Covid-19, é a realização do cadastro no programa tarifa social via

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internet por meio de aplicativo, medida essa, que proporciona uma rapidez e agilidade no
processo de concessão do benefício.

O referido programa, tem como objetivo a geração de impactos significativos tanto


no campo social quanto no campo econômico do país. Além disso, nota-se a relação do
programa com as diretrizes social do ISE, estabelecendo a preocupação das
organizações com questões relacionadas aos benefícios produzidos para a sociedade.
Observa-se também, a ligação do programa com dimensão social do TBL, evidenciando
que as organizações devem desenvolver atividades que comtemplem a diversidade
social e cultural, estando ligada diretamente ao capital humano.

Sob a perspectiva social, os resultados do Programa Tarifa Social corroboram com


os indicativos de Azevedo e Da Cruz (2007) que sinalizam sobre a importância das
concessionárias de energia elétrica no contexto social, visto que suas ações podem gerar
impactos de diferentes dimensões na sociedade.

13 O PROGRAMA LUZ PARA TODOS

O Programa Luz para Todos foi elaborado pelo Governo Federal por meio do
Decreto nº 4.873, de 11 de novembro de 2003. Portanto, as verbas necessárias a
manutenção e ao desenvolvimento do programa são oriundas do governo federal a título
de subvenção, por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e dos agentes
executores, sendo de recursos próprios ou de financiamentos.
O Programa Luz para Todos tem a finalidade de promove o acesso à energia
elétrica de famílias residentes em áreas rurais, por meio de extensões de rede,
implantação de sistemas isolados e realização de ligações domiciliares. A princípio,
estipulou-se o atendimento aos domicílios identificados pelo IBGE até o ano de 2008.
Contudo, ao término do período do decreto, os agentes constataram um número maior
de famílias não beneficiadas com a energia elétrica. Este cenário, possibilitou a
prorrogação do programa até 2022, por meio da publicação dos decretos nº 6.442, de
25/04/2008, nº 7.324, de 05/10/2010, nº 7.520, de 08/07/2011, nº 7.656, de 23/12/2011,

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nº 8.387, de 30/12/2014 e nº 9.357 de 27/04/2018, que resultaram as alterações no prazo


e em seus objetivos.

Os resultados do Programa Luz Para Todos ilustram que as ações foram


executadas de forma contínua e regular nos anos de 2013 a 2018. Entretanto, no relatório
de sustentabilidade de 2019 e 2020, os dados deste programa foram suprimidos e não
divulgados em ambos os relatórios. Neste caso, foi somente citado a indicação de que o
projeto continua em vigor, mas sem informar a integralização de novos cadastros. Uma
possível explicação para a situação, seria o aumento da complexidade da divulgação dos
dados, devido a unificação dos dados das unidades pertencentes ao novo grupo gestor.
Através dos dados extraídos dos relatórios, foi elaborado um gráfico sobre o número de
beneficiários do programa (Ver Gráfico 2).

Gráfico 2 – Número de famílias beneficiadas no Programa Luz para Todos de 2013 à 2018

Fontes: Elaborado a partir dos demonstrativos dos Relatórios de 2013 a 2018.

O Gráfico 2 apresenta o total de famílias beneficiadas a cada ano, através dele


observou-se a evolução no número de beneficiários, principalmente nos anos de 2016,
2017 e 2018. É importante lembrar que a partir de 2018, o relatório passou a ser avaliado

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em conjunto com os registros do estado do Maranhão, o que gerou um aumento de


417.300 para 436.000 famílias beneficiadas.

No quesito social, o programa está presente em 143 municípios do Estado,


contribuindo para o desenvolvimento de áreas isoladas e geração de renda local. No
âmbito econômico, são realizados investimentos anuais ao programa, gerando expansão
de capacidade e cobertura da rede de distribuição, a fim de proporcionar a melhoria da
qualidade da energia fornecida.

A implantação do programa Luz para Todos no estado do Piauí, durante o período


de 2013 a 2018, executado pela Equatorial Piauí estipulou a meta de 149.600 novos
consumidores no meio rural com acesso à energia elétrica, tendo como parâmetro o
levantamento do IBGE por meio do Censo 2000 dos domicílios sem energia elétrica na
zona rural do Estado do Piauí. Ressalta-se que o Governo do Estado do Piauí foi
responsável pelo atendimento de 10% da meta prevista até o ano de 2008, que
corresponde a 14.960 consumidores, números muito baixos em comparações aos outros
estados.

Evidencia-se que não foram encontrados os registros sobre o Programa Luz para
Todos do período de 2013 a 2018, no estado do Pará. Por esse motivo, destacou-se as
informações do Estado do Piauí.

O Programa Luz para Todos, trouxe impactos significativos sobre as famílias


beneficiadas, pois é evidente que o acesso à energia elétrica propicia um aumento no
bem-estar dos indivíduos, uma vez que possibilita o funcionamento de inúmeros
aparelhos eletroeletrônicos, a iluminação, refrigeração ou aquecimento de ambientes,
entretenimentos com o funcionamento de TVs, rádios, smartphones, Internet. Além disso,
ressalta-se a relação do programa com a dimensão social do ISE, visto que esta
estabelece a preocupação das organizações com questões relacionadas aos benefícios
produzidos para a sociedade. Nota-se também, a similitude do programa com dimensão
social do TBL, evidenciando que as organizações devem desenvolver atividades que
contemplem a diversidade social e cultural.

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O programa Luz para Todos exerce uma função imprescindível na sociedade, visto
os benefícios que a energia elétrica tem no desenvolvimento da sociedade e no processo
de inclusão das famílias localizadas em zonas rurais, onde a energia elétrica é
inexistente.

14 O PROGRAMA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

O Programa de Eficiência Energética (também denominado como Mutirão Verde)


regido pela Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001, tem como objetivo proporcionar o
uso eficiente de energia elétrica, abrangendo todos os setores da economia através de
projetos que exponham a importância e viabilidade econômica de melhoria da eficiência
energética de equipamentos, processos e utilização final de energia, assim como também
desenvolve novas tecnologias, iniciando hábitos e práticas conscientes em relação ao
uso de energia elétrica (ANEEL, 2020). Foi elaborado com o objetivo de contribuir na
redução do consumo de energia elétrica da população de baixa renda, assim como visa
substituir geladeiras ineficientes por eletrodomésticos novos, troca de lâmpadas
incandescentes por fluorescentes. O Gráfico 3 abaixo apresenta o quantitativo de trocas
realizadas de geladeiras e lâmpadas.

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Gráfico 3 – Número de trocas do Programa de Eficiência Energética de 2013 à 2020.

Fontes: Elaborado dos Relatórios de 2013 a 2020.

Com base na análise dos dados sobre o programa, é possível observar variações
nas trocas de geladeiras e lâmpadas no decorrer dos anos analisados. O ano de 2020
possui o maior número de trocas de geladeiras (41.000 unidades) nos anos de 2014 e
2015 apresentaram menores números de trocas (3.000 unidades). No que diz respeito à
troca de lâmpadas, o ano de 2020 obteve maior índice (500.000 unidades), enquanto que
o ano de 2013 possui menor índice (11.706 unidades). Levando em consideração que os
dados dos anos de 2019 e 2020 foram avaliados em conjunto com as trocas dos quatro
estados integrantes do grupo: Pará, Maranhão, Piauí e Alagoas.

Neste programa, pode-se citar os projetos em execução o Bônus Eficiente, que


otimiza o consumo de energia e disseminação de equipamentos eficientes, o E+
Reciclagem, que oferece a troca de resíduos, papeis, plásticos, metal e vidro, por bônus
na conta de energia. Elevando a quantidade de material reciclado, principalmente dos
resíduos sólidos, promovendo a diminuição deste tipo de material no meio ambiente.

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Através de parceria com a concessionária, o governo do Pará realizou em 2020 a


entrega de 120 geladeiras no bairro da Cabanagem (Belém), com o intuito de mudanças
tanto em eletrodoméstico quanto a redução no consumo de energia elétrica
(TERRITÓRIOS PELA PAZ, 2020).

Os resultados do Programa de Eficiência Energética evidenciaram que as ações


foram executadas entre os anos de 2013 a 2020, de forma contínua e regular, estando
em conformidade com o objetivo de contribuir com a redução do consumo de energia
elétrica da população de baixa renda. Ressalta-se que além da troca dos equipamentos,
a organização busca orientar a população sobre o uso racional e seguro da energia
elétrica.

O referido programa, nos relatórios anuais, foi apresentado na dimensão ambiental


e, portanto, o foco no relacionamento e comunicação com stakeholders e meio ambiente
segue o princípio do indicador ambiental do ISE vs. TBL. No que tange o foco ambiental,
a empresa tem executado ações que promovam a conscientização da população quanto
a redução do consumo dos recursos não renováveis, o uso racional dos renováveis e a
preservação do meio ambiente.

Sob a perspectiva ambiental, os resultados do Programa de Eficiência Energética


corroboram com as premissas de Rico (2004) que dispõe sobre a conscientização das
empresas quanto a preservação dos recursos naturais e a redução das desigualdades
sociais e econômicas.

15 A INFLUÊNCIA DOS PROGRAMAS NO RESULTADO ECONÔMICO DA


CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA

A implementação dos programas de gestão sustentáveis, além contribuir com o


dever social e legal, também tem a função de promover as ações socioambientais da
organização, contribuindo com a visibilidade e maximização dos resultados. Uma das

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ferramentas utilizadas para se mensurar os resultados econômicos gerados pelas


organizações são os indicadores.

Os indicadores econômicos exercem uma função importante no âmbito das


organizações, são direcionados a avaliar questões relativas à viabilidade dos
empreendimentos e geração de resultados financeiros.

Por meio deles, constatou-se que a concessionaria apresentou um desempenho


positivo durante o período analisado e suas ações sustentáveis maximizaram o resultado
da companhia. Ressalta-se que o desempenho apresentado é o registrado após a fusão
da organização e os dados estão exposto de forma global (Ver Gráfico 4).

Gráfico 4 – Lucro Líquido da Concessionária de Energia

Fontes: Elaborado dos Relatórios de 2013 a 2020.

No âmbito econômico, esses projetos/programas além de contribuir com a


visibilidade de responsabilidade social e sustentável da organização, têm gerado
resultados positivos na lucratividade da empresa, sendo no ano de 2013, o início do
período analisado, a empresa apresentou um prejuízo de 228,7 milhões de reais, porém
nos anos subsequentes os resultados foram positivos, em 2014 obteve um lucro de 345,2

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milhões, e nos exercícios posteriores 2015, 2016 ,2017, 2018, 2019 e 2020, seguiram
respectivamente a tendência positivas nos resultados, 520,2 milhões, 352 milhões, 614
milhões, 918 milhões, 1,48 Bilhões e 2,82 Bilhões. Destaca-se que os resultados de 2018,
foram apresentados em conjunto com estado do Maranhão e nos anos posteriores, 2019
e 2020, foram avaliados de maneira conjunta, com informações dos quatro estados
integrantes do grupo: Pará, Maranhão, Piauí e Alagoas. Além disso, ressalta-se que as
informações apresentadas correspondem ao grupo de forma geral e ocorreram após a
fusão das empresas, constatando que o processo de fusão gerou resultados positivos.

Observa-se também, oscilações durante os períodos analisados, em 2013 houve


uma queda de 228,7 milhões de reais, e uma oscilação considerável nos resultados da
organização durante o período entre 2014 a 2016. Em 2015 o lucro obtido foi de 50,7%,
quando comparado com o ano de 2014. Em relação a 2016 a margem de lucro
permaneceu, contudo, foi de 32,3% a menos em relação ao ano anterior. Os lucros
obtidos em 2017 a 2020, apresentaram a maior variação, sendo um aumento de 360,3%
quando comparados.

Em comparação com o estudo de Bassetto (2010) realizou-se a identificação e


análise das ações sustentáveis executadas pela Companhia Paranaense de Energia
(COPEL), que segundo o estudo foi a empresa pioneira do setor de energia elétrica a
adotar práticas sustentáveis, apurou-se que em ambos os casos as organizações
reconhecem a importância da adoção de práticas que promovam o bem-estar de seus
funcionários e da comunidade em que estão inseridas, como forma de otimizar os
resultados econômicos. No entanto, nota-se que a COPEL se encontra em um estágio
bem avançado, diferente da empresa estudada, que ainda está em um processo de
consolidação de tais práticas.

16 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados encontrados, no presente estudo, destacam os diversos esforços


da organização em inserir-se como empresa de responsabilidade socioambiental,
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adotando uma cultura de resultados e estreitando sua relação com a comunidade,


através dos programas/projetos que beneficiam milhares de famílias. Os principais
programas executados pela organização, Programa Tarifa Social e Programa Luz para
Todos, apresentam caráter de execução legalmente imposto pelo governo federal, sendo
obrigatório à todas as concessionárias do setor elétrico o seu cumprimento. No entanto,
a organização executa o Programa de Eficiência Energética com caráter espontâneo de
execução.

Os relatórios de sustentabilidade utilizados como objeto de estudo indicam que a


concessionária de energia elétrica desenvolveu durante no período de 2013 a 2020 uma
série de ações de cunho ambiental, econômico e social. Os programas que apresentaram
uma continuidade de análise foram Programa Tarifa Social, Programa Luz para Todos e
Programa de Eficiência Energética, ressaltando que estes têm objetivos que priorizam os
impactos positivos no meio ambiente e sociedade.

Destaca-se que os objetivos propostos pela presente pesquisa foram alcançados


e discutidos, embora as dificuldades dos padrões dos relatórios dificultam a análise.
Portanto, sugere-se que estes relatórios busquem a maior padronização possível para
que se compreenda a evolução de todos os processos legais ou espontâneos realizados
pelo grupo empresarial.

É evidente que as ações sustentáveis executadas pela organização impactaram


nos resultados da companhia, em 2020 a companhia apresentou um lucro líquido de R$
2,82 Bilhões, além das parcerias com o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef) e outras instituições sociais do Pará, que beneficiaram cerca de 500 mil pessoas
(RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE EQUATORIAL, 2019). Sendo assim verificou-se
que a companhia se encontra em um estágio bem promissor na implementação da gestão
sustentável, tendo como parâmetro o ISE e TBL.

Diante das análises feitas, em caráter contínuo de execuções de projetos e


programas sustentáveis, pode-se observar que pelo menos os dois programas de base
legal têm gerado resultados significativos à população mais vulnerável da região em qual

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a concessionária está instalada. No entanto, em comparação com os resultados


alcançados pela empresa, o investimento em projetos sustentáveis ainda é baixo, sugere-
se uma revisão mais aprofundada sobre a implementação de novos projetos ou
programas de fluxo contínuo que atendam não só as demandas de pessoas em estado
de vulnerabilidade, mas também que proporcione aos outros públicos o atendimento de
novas demandas sociais, ambientais e econômicas.

Com base na análise dos relatórios, constatou-se que apesar da organização ter
como foco principal o desenvolvimento econômico e financeiro, as ações sustentáveis
não deixam de ser implementadas e aprimoradas, apesar da obrigatoriedade legal. Essas
questões, auxiliam na definição dos objetivos dando a organização maior visibilidade
entre seus clientes e fornecedores a fim de alcançar suas metas junto ao
desenvolvimento sustentável, contribuindo para redução das desigualdades
socioeconômicas.

Com base na pesquisa realizada, conclui-se que a empresa tem executado ações
sustentáveis de modo contínuo, seja por obrigatoriedade legal ou não, porém em
comparação com os resultados financeiros alcançados, o investimento em programas
sociais e ambientais poderia ser maior, visto que a pesquisa demonstrou que esses
programas refletem diretamente nos resultados financeiros da organização. Destaca-se
que objetivos foram alcançados e o tema no que se refere as ações sustentáveis das
companhias, é um assunto contemporâneo e relevante para todos os stakeholders.

Sugere-se que futuros estudos possam analisar mais profundamente cada um dos
projetos e programas de sustentabilidade das mais diversas áreas do setor elétrico, assim
como, realizar diagnósticos para novos atendimentos de demanda que este tipo de
concessionária poderia intervir. Conclui-se que os resultados de programas de
sustentabilidade, realizados de forma contínua em formato legal ou espontâneo, podem
contribuir para o aumento do número de pessoas com acesso aos serviços de energia
elétrica, melhorar a qualidade de vida das famílias, promover a utilização sustentável da
energia elétrica com maior nível de consciência ambiental e reduzir os impactos de

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desigualdade social existentes no Brasil, principalmente, quanto a utilização dos bens de


consumo que dependem de energia elétrica.

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