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A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO

INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE

ALEXANDRE VANZUITA
Instituto Federal Catarinense – IFC Campus Camboriú; Camboriú; Santa Catarina (SC); Brasil
[email protected]

INTRODUÇÃO

O tema formação de professores requer a contextualização do momento histórico em


que vive o trabalhador da educação. O momento atual é tratado por vários autores (FREIRE,
2000; MORIN, 2000; MORIN, 2001; NOZAKI, 2005) como sendo o de profundas
transformações no mundo do trabalho, em cuja política educacional se apresenta aos países
em desenvolvimento vinculada às orientações de seus financiadores, prejudicando os
interesses e necessidades para um projeto nacional de educação. Apesar do quadro proposto
pela maioria dos especialistas em educação, de forma contraditória, e em certo sentido
negando o quadro aqui apontado, a pesquisa e qualificação de nossos professores têm
avançado, e nesta perspectiva desenvolveremos nosso trabalho.
Partimos do reconhecimento crescente de parcela significativa de professores
qualificados, mesmo reconhecendo o contexto nefasto da educação em nosso país.
Entendemos a pertinência de investigar com mais detalhes os fazeres pedagógicos dos
professores de Educação Física, mais especificamente do Instituto Federal Catarinense (IFC),
no sentido de identificar como se estabelece os fazeres pedagógicos no ensino da sala de aula
na percepção dos próprios docentes.
Quando abordamos a questão dos fazeres pedagógicos como categoria desta pesquisa
significa afirmar não uma coesão entre os docentes no sentido de compartilhar das mesmas
ações ou modelos predeterminados a uma abordagem teórico-prática. Muito pelo contrário, os
fazeres pedagógicos vão ao encontro do pensamento de Holanda (1995, p. 37) quando o
mesmo aborda seus aspectos formais no sentido particular e plural da cultura brasileira,
indicando: “[...] Porque, na verdade, as doutrinas que apregoam o livre-arbítrio e a
responsabilidade pessoal são tudo, menos favorecedoras da associação entre os homens”.
Assim, os fazeres pedagógicos dos professores se caracterizam como sendo uno e plural ao
mesmo tempo. Para ser mais claro, os fazeres pedagógicos “encontram possibilidades de
ajuste” aos seus diversos contextos (IDEM, 1995, p. 40).
Os fazeres pedagógicos dos professores denotam dimensões, que segundo Serres
(1999, p. 90), em metáfora:

[...] significa justamente: transporte. Esse é o método de Hermes: ele ex-


porta e importa, portanto atravessa; ele inventa e pode se enganar, devi-
do à analogia; perigosa e mesmo, a rigor, proibida, não se conhece, con-
tudo outra via de invenção. O efeito de estranheza da mensagem provém
dessa contradição, de que o transporte é a melhor e a pior das coisas, a
mais clara e a mais obscura, a mais louca e a mais segura.

Então, os fazeres pedagógicos dos professores agregam valores como a liberdade de se


colocar, ao mesmo tempo, em condição de orientador e aprendiz no espaço educativo, tendo a
pesquisa e a produção do conhecimento como molas que impulsionam a releitura do que já foi
construído na área.

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Tendo como referência as produções científicas da área da educação disponíveis e pela
importância do tema no contexto dessa produção, o problema deste estudo centra-se mais
especificamente na seguinte ideia: Que fazeres pedagógicos os professores de Educação
Física do IFC tem desenvolvido na prática da sala de aula segundo a percepção dos
próprios docentes? Neste sentido, a prática cotidiana da pesquisa, seria o elemento de
significação maior para reconhecimento de nossos fazeres pedagógicos, superando assim
processos anacrônicos, ainda presentes na escola e universidade. Cabe ressaltar que a
pesquisa tomada em suas múltiplas experiências metodológicas, acolhe diferentes correntes
do pensamento e promove a participação ativa de docentes e discentes para a produção do
conhecimento e no caso da formação inicial dos estudantes pode ser o valioso espaço para
ressignificação dos fazeres pedagógicos destes professores.
Neste contexto alguns pontos foram se colocando como objetivos específicos da
pesquisa, entre eles: identificar que fazeres pedagógicos estão sendo desenvolvido pelos
professores de Educação Física no IFC; identificar quais os problemas e/ou obstáculos na
docência e fatores positivos dessa atividade na perspectiva dos professores de Educação
Física no IFC; compreender se os professores de Educação Física do IFC conseguem
estabelecer a relação entre o ensino e a pesquisa como procedimento para produção do
conhecimento e formação emancipada.
Neste sentido, investigar/compreender como se constrói os fazeres pedagógicos dos
professores de Educação Física do IFC, como ela se organiza, requer atentar para as
diferentes/múltiplas dimensões/fatores que constituem ou que vieram constituindo sua prática,
e por outro lado, tomar a pesquisa como o fio condutor que articula todas essas dimensões.
A pesquisa proposta foi alinhavada como exploratória. Esse estudo para Gil (2010, p.
27) procura:

[...] proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de um determi-


nado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o te-
ma escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipó-
teses precisas e operacionalizáveis.

Pelo arrolamento da problemática apresentada, definiu-se que a população a ser


pesquisada foi constituída por uma instituição pública (IFC) que contemplou em seus Câmpus
professores de Educação Física. Identificamos um total de 12 (doze) professores de Educação
Física efetivos em regime de dedicação exclusiva e 1 (um) professor substituto contratado em
regime de 40h.
Durante o primeiro semestre de 2013, foi executado o cronograma da pesquisa da
seguinte forma: no mês de fevereiro foi realizado o mapeamento dos professores de Educação
Física do IFC, logo após, realizamos contato através de e-mail com os professores de
Educação Física para esclarecimentos sobre a pesquisa e o pesquisador e a bolsista iniciaram
as leitura de livros e periódicos sobre o objeto da pesquisa para a construção do instrumento
de coleta de dados entre os meses de fevereiro a abril. Entre os meses de maio e junho
aconteceu a aplicação do instrumento de coleta de dados (questionário misto de 18 (dezoito)
perguntas enviado através de e-mail com link do google docs que foi respondido por 5
professores de Educação Física do IFC). Após a finalização da coleta de dados fizemos as
análises qualitativas das respostas conforme os critérios delimitados anteriormente dentro dos
objetivos específicos, no qual serão apresentadas a seguir.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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A formação continuada é um elemento importantíssimo para que o professor apresente
uma ação pedagógica adequada à realidade dos educandos. Entre os 05 (cinco) professores
do IFC entrevistados, 02 (dois) possuem especialização e 03 (três) contam com especialização
e mestrado.
Neste sentido foi importante verificar a especialidade dos professores. Entre os 02 (dois)
especialistas, um está ligado a área de metodologia do ensino da Educação Física e o outro
em gestão escolar. Com relação aos mestres, todos fizeram seu mestrado na área de
educação, contudo, um na área da Educação Física especificamente.
Um professor, além de atuar em sala de aula utilizando a pesquisa e a produção do
conhecimento como princípios educativos, deve buscar a formação continuada e atualizações
constantes (DEMO, 2005). Portanto, os professores de Educação Física do IFC demostraram o
interesse em buscar a formação continuada através dos programas de pós-graduação.
Fizemos o levantamento sobre a formação continuada dos professores, pois esta
influencia diretamente na prática pedagógica da sala de aula. Para um melhor esclarecimento
sobre a concepção de educação dos professores, questionamos qual o significado de
“Educação Física” no entendimento dos entrevistados no sentido de potencializar a
compreensão da própria área de conhecimento na percepção dos entrevistados. Dois deles
direcionaram sua compreensão para questões ligadas ao movimento na perspectiva da
promoção da saúde física e do bem-estar. Citaremos a compreensão do Professor 04 sobre o
significado de “Educação Física” na perspectiva citada anteriormente:

São práticas ou conjunto de atividades físicas que tem por objetivo


oportunizar à seus praticantes a promoção da saúde e seu bem-estar.
Cito bem-estar porque acredito que cada pessoa se propõe a um objetivo
quando da prática de atividades físicas, seja, por exemplo, em uma
simples recreação, caminhada, dança ou uma atividade de performance
(individual ou coletiva). Há de se considerar que, em qualquer situação, o
conhecimento/consciência do que e para que se está executando a
atividade se faz necessário, bem como a capacidade de
adaptação/alteração de suas práticas de acordo com suas concepções ou
conceitos, não em decorrência de modismos ou influências de uma mídia,
para citar exemplo (saúde mental).

Outro professor entrevistado argumentou sobre o significado de “Educação Física” numa


perspectiva “escolar”, como relatado abaixo:

Uma disciplina com saberes próprios e que está inserida na escola com o
objetivo de ensinar sobre o corpo e suas possibilidades de movimento,
proporcionando a reflexão sobre os benefícios e malefícios do movimento
ou da inatividade, possibilitando a ampliação da consciência corporal e
compreensão das possibilidades do corpo que se movimenta, se
comunica, se expressa, se diverte, trabalha... ou seja, uma disciplina que
deve ter o seu saber sistematizado e que promova o conhecimento não
apenas o fazer por fazer, de modo aleatório. (Professor 02)

A Educação Física se constrói a partir da "prática pedagógica" (BRACHT, 2003) no


sentido de buscar formar sujeitos através de uma visão transdisciplinar, ou seja, deve-se

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possibilitar através dos esportes, jogos, lutas, ginástica, dança, etc. a transformação social e a
formação de sujeitos críticos e emancipados. Podemos perceber no relato do Professor 05
essa concepção: “Assim, [...] é uma disciplina que tem como objeto de estudo o Corpo e o
Movimento. Ela é responsável pela Cultura Corporal, por meio de conteúdos historicamente
produzidos pela humanidade”.
Uma infraestrutura adequada também é um ponto de forte influência para uma boa
atuação do professor (porém não imprescindível). Quando questionados se o local de trabalho
possuía tal estrutura, 04 (quatro) dos 05 (cinco) entrevistados afirmaram que possuíam “sim”
infraestrutura adequada, enquanto somente 01 (um) disse que “não” possuía infraestrutura
adequada, alegando que seu câmpus está em construção. Por isso, este professor utiliza
material doado ou emprestado de outras instituições e o ginásio da associação dos moradores
do bairro. “Perdemos muito tempo nos deslocando até o referido local”. (Professor 01)
Com relação às preocupações e dificuldades encontradas ao trabalhar com os alunos de
nível médio técnico integrado podemos perceber grande interesse dos professores em ajudar
seus alunos. O relato abaixo explicita este argumento:

No geral considero muito interessante trabalhar com esse grupo de


alunos, pelo desafio em lidar com essa faixa etária, que ora se comportam
como "quase adultos", no sentido de iniciarem o processo em se
recusarem a se envolver em atividades lúdicas, que envolvam contato,
que tenham um caráter mais infantil, por vergonha, timidez, medo... entre
outros fatores. No entanto, também se deixam encantar e acabam
cooperando muito quando conquistados, quando entendem o sentido e o
significado dessas práticas. [...] A preocupação é me manter atualizada o
suficiente para que eles não julguem que a internet possa ser melhor do
que minhas aulas, em questão de aquisição de conhecimento. (Professor
02)

A questão de se “manter atualizada” levantada acima nos remete a outro ponto abordado
na entrevista. Todos os entrevistados consideram como uma necessidade atualizar-se
constantemente em qualquer área do conhecimento, seja através dos clássicos ou com o que
está sendo produzido na atualidade. Observamos que um dos professores citou o aspecto da
formação continuada como ponto relevante para o desenvolvimento de uma prática pedagógica
contextualizada.

Pela carga-horária de trabalho, por vezes ficamos sem tempo de


sistematizar um estudo aprofundado e corremos um sério risco de tornar
nossa prática pedagógica monótona e descontextualizada. Além do mais,
pelos limites que há na formação inicial no ensino superior e pela enorme
quantidade de conteúdos que fazem parte da Educação Física, é comum
nos aproximarmos de determinados conteúdos em detrimento de outros.
Assim, a formação contínua é indispensável. (Professor 05)

Com relação às formas de atualização, os entrevistados responderam que todos os tipos


de atualizações são relevantes, desde um curso de aperfeiçoamento de curta duração, até um
curso aprofundado de pós-graduação. Neste sentido, percebemos que a partir da formação
continuada os professores buscam inovar as suas práticas pedagógicas sendo a pesquisa uma
possibilidade. Constatamos que três entrevistados relataram o uso da pesquisa como princípio

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educativo: “Utilizo a pesquisa sob duas perspectivas: 1. Realizada por mim, para um maior
aprofundamento do conteúdo que será trabalhado; 2. Realizada pelos alunos, por meio de
atividade avaliativas” (Professor 05); “Entendo que o trabalho (categoria ontológica) e a
pesquisa são princípios educativos fundamentais para a apreensão do conhecimento”
(Professor 04); “Sim, sempre” (Professor 02).
Hoje em dia, não podemos considerar o professor apenas como um transmissor do
conhecimento, sabemos que o professor é um pesquisador e que desenvolve a construção do
conhecimento na sala de aula. Para tanto, questionamos sobre o método da pesquisa na
prática pedagógica. Os professores que responderam que não desenvolvem a pesquisa como
princípio educativo no ensino da sala de aula alegam falta de tempo em função de jogos
internos, seletivas, competições, etc. Já os professores que promovem, são os que também
pesquisam individualmente, através de projetos de pesquisa ou extensão.
Geralmente, a disciplina de Educação Física está envolvida em muitos projetos de
pesquisa e extensão dentro das escolas e universidades, uma vez que a Educação Física
trabalha com o movimento, jogos, esportes, lutas, etc e estes “conhecimentos” devem ser
problematizados e pensados de forma ampliada por meio da “atividade epistemológica” da área
(BRACHT, 2013, p. 28 apud GOMES; ALMEIDA; VELOZO, 2013). No campo dos projetos de
pesquisa, os entrevistados citaram quatro projetos desenvolvidos por eles: “A educação
ambiental - envolvendo as disciplinas de educação física, biologia, química e geografia com um
aluno bolsista” (Professor 01); “PIBIC/EM - Esporte e Capitalismo; A formação Profissional em
Educação Física e a regulamentação da profissão” (Professor 05); “Esporte adaptado e a visão
de corpo do pedagogo” (Professora 02). Sabemos que existem mais projetos de pesquisa e
extensão na área da Educação Física sendo desenvolvidos nos câmpus do IFC, porém para
esta pesquisa levamos em consideração apenas as respostas obtidas através do questionário,
portanto este levantamento não indica a realidade.
Ainda relacionado à perspectiva da pesquisa, questionou-se se o câmpus/coordenação
de ensino disponibiliza/incentiva tempo e espaço para o desenvolvimento dos projetos.
Constatamos que 03 (três) responderam: muitas vezes; e 02 (dois) responderam: sempre. A
maioria, além do apoio, recebe aporte financeiro. Contudo, um entrevistado coloca que não há
o incentivo, apenas a disponibilização de tempo, o que já é previsto em lei e resoluções dentro
do IFC.
Observamos que 03 (três) dos 05 (cinco) professores confirmaram a participação em
grupos de pesquisa na área da Educação, e ainda todos relatam que já foram ouvintes em
eventos e congressos nesta área. Não foram citadas produções de artigos.
Por isso, por meio da pesquisa os estudantes e professores podem superar a visão
fragmentada da produção do conhecimento incluindo a percepção emancipatória do sujeito
como fundamento da formação nas aulas de Educação Física no IFC.
Os professores foram questionados se incorporam a formação humana e cultural na
prática pedagógica. Todos responderam que “sim”: “Não há como, na nossa área, e pela
característica das atividades, não abordar estes temas, por mais que sejam debatidos
informalmente, ou na medida em que se trabalha determinadas situações em aula” (Professor
04).
Uma vez valorizada a formação humana e cultural, coube-nos verificar o que
responderam quanto à relação com seus alunos, no qual a maioria alegou ter uma boa relação.
Observamos que 04 (quatro) dos 05 (cinco) entrevistados afirmam ser essencial uma relação
de respeito e empatia com seus alunos, devendo trabalhar juntos para alcançar o sucesso,
porém um deles afirmou:

Considero importante uma boa relação com os alunos, no entanto não é o


que motiva minha prática pedagógica. Como meu objetivo é o ensino dos
conteúdos e possibilitar o que for necessário para que os alunos se

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apropriem deles, se conseguir fazer isso e ter uma boa relação com os
alunos, ótimo, se não, não há problema algum. (Professor 05)

Assim, alguns professores consideram seus alunos interessados e participativos, mas


com algumas dificuldades quanto ao comportamento. Os professores apontam também que as
limitações corporais poderiam ser menos evidentes se desenvolvidas desde o ensino
fundamental, como sugeri no relato abaixo:

O mais marcante é a dificuldade apresentada em algumas práticas


corporais, mesmo dentro dos esportes há muita especialização em
algumas modalidades, as experiências motoras são reduzidas,
especialmente nas meninas. Entendo isso como uma consequência da
segregação de gênero e da especialização precoce nas aulas de
educação física nos primeiros anos da educação infantil e fundamental,
um reflexo da sociedade em que vivemos. (Professor 01)

A citação acima aparece também como um dos problemas e/ou obstáculos encontrados
pelos professores na atividade acadêmica. Além disso, número de alunos por turma, número
reduzido de aulas, demora em resoluções de problemas burocráticos, professores
desvalorizados e a estrutura familiar frágil de alguns alunos são aspectos que geram
obstáculos, como aponta o Professor 01: “[...] os problemas cotidianos referentes a cultura
escolar, convivência com colegas que já tem os hábitos cristalizados e se revelam ser acríticos,
tecnicistas”.
Notamos que os aspectos positivos da ação docente tiveram maior destaque:

Possibilidade de contribuir na formação do indivíduo, do cidadão, não


somente do profissional; O retorno que nossos egressos dão. É
gratificante ouvir de um ex-aluno que fomos importantes na formação do
mesmo. (Professor 04); [...] o retorno dos alunos quando você percebe
que estes estão aprendendo formas mais elaboradas de conhecimento.
(Professor 01); Os fatores positivos são contribuições que possibilitamos
para que os alunos tenham a oportunidade de formular uma nova
compreensão da Educação Física e seus conteúdos. Podendo assim, não
só praticar uma atividade física fora do ambiente escolar sem precisar
pagar por isso, como criticar os meios de comunicação em massa que
socializam essa discussão sempre enraizada pelo viés burguês
(Professor 05).

Percebemos que o fazer diversificado desse coletivo docente produz o desdobramento


de diferentes subgrupos, identificados por interesses, conhecimentos e práticas específicas,
que se constituem em subáreas com conjuntos de professores de traços semelhantes, que a-
dotam marcos teórico-metodológicos diferenciados e demarcam o objeto temático de seu inte-
resse de formas diversas. Compreendemos que esse coletivo docente pode se identificar pelos
fazeres pedagógicos da pesquisa e produção de conhecimento, seja no ambiente especializa-
do do mundo do trabalho ou na prática pedagógica da educação formal.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos a necessidade dos professores buscarem a formação continuada como


elemento que favorece a leitura e a reconstrução de uma prática pedagógica por meio da
pesquisa e produção do conhecimento. Observamos que os professores entrevistados
promovem práticas que superam apenas o viés do conteudismo como única maneira de
ensinar. Não se limitam a socializar apenas o conhecimento já construído na área, mas
potencializam o questionamento reconstrutivo e a pesquisa como elementos da formação.
Em relação a prática pedagógica da pesquisa, identificamos que 03 (três) dos 05 (cinco)
professores entrevistados desenvolvem este tipo de prática. Os professores ao realizarem di-
versas tarefas, que exigem competências e características comuns, possibilitam que se reco-
nheçam entre si e se diferenciam dos demais trabalhadores. Neste sentido, a ação pedagógica
exercida na cultura possibilitará a construção de uma identidade profissional capaz de trans-
formar sujeitos com qualidade formal e política através do questionamento reconstrutivo per-
passado pelo processo educativo da pesquisa (DEMO, 2005).
Por estes aspectos entendemos a formação como um processo contínuo que tem uma
contribuição significativa na prática do professor. De forma análoga é possível dizer que a
construção da identidade profissional é um movimento em permanente construção e
reconstrução.

REFERÊNCIAS

BRACHT, V. Educação física e ciência: cenas de um casamento (in)feliz. 2. ed. Ijuí: Ed. Unijuí,
2003.

________. Epistemologia, ensino e crítica: desafios contemporâneos. In: GOMES, I. M.;


ALMEIDA, F. Q. de.; VELOZO, E. L. Epistemologia, ensino e crítica: desafios
contemporâneos para a Educação Física. Nova Petrópolis: Nova Harmonia, 2013, p. 19-30.

DEMO, P. Educar pela pesquisa. 7. ed. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2005.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 24. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

GIL, A, C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. 3. reimpr. São Paulo: Atlas, 2010.

HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.

________. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 3. ed. Rio de


Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

NOZAKI, H. T. Mundo do trabalho, formação de professores e conselhos profissionais. In:


FIGUEIREDO, Z. C. C. (Org.). Formação profissional em educação física e mundo do
trabalho. Vitória: Gráfica da Faculdade Salesiana, v. 1, p. 11-30, 2005.

SERRES, M. Luzes: cinco entrevistas com Bruno Latour/Michel Serres. São Paulo: Unimarco
Editora, 1999.

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