Agravo de Instrumento 01

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EXMO. SR. DES. DA 1ª VICE-PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


RIO DE JANEIRO.

MARCELO SOARES DE FIGUEIREDO, brasileiro, casado,


comerciante, portador da Carteira de Identidade nº 1282931-9 expedida pelo
DIC-RJ, inscrito no CPF sob o nº 077.237.837-10, residente e domiciliado à
Rua: Américo Dias Cerqueira, n.º 90, Mesquita, Rio de Janeiro, não se
conformando, data vênia, com a r. decisão interlocutória proferida pelo Juízo
da 7ª Vara Cível da Comarca de Nova Iguaçu / RJ, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO

na forma do art. 522 e seguintes do CPC, requerendo o seu recebimento e


provimento, pelas razões em anexo.

A Agravante requer e o benefício da Gratuidade de Justiça,


determinada pela Lei 1060/50, por não ter condições de arcar com o
pagamento das custas processuais sem o prejuízo do seu sustento e de sua
família, conforme cópia da afirmação de pobreza.

Requer, outrossim, a juntada das cópias das seguintes peças:

Petição inicial, procuração, substabelecimento, declaração de


hipossuficiência, a decisão agravada de fls. e sua certidão.

Espera Deferimento.
Nova Iguaçu, 02 de junho de 2010.

MARCELO PEREIRA DA SILVA


OAB/RJ 104542

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AGRAVANTE: MARCELO SOARES DE FIGUEIREDO

AGRAVADO: Decisão Interlocutória

Processo de Origem de nº. 0011542-47.2010.8.19.0038

7ª Vara Cível da Comarca de Nova Iguaçu / RJ.

Egrégia Câmara

Razões do Agravo

O Agravante sob afirmação de pobreza, nos termos da lei,


ajuizou Obrigação de Fazer com indenizatória, requerendo a concessão dos
benefícios da Gratuidade de Justiça, tendo o Juízo a quo, em despacho de
fls. indeferido o requerimento, ausentes os requisitos.

Não obstante ao que dispõe o art. 4º da Lei n.º 1060/50, e


desconsiderando a completa necessidade jurídica em que se encontra o
Agravante, o Juízo a quo, negou o benefício da Gratuidade de Justiça, sem
qualquer fundamento jurídico que pudesse justificar a referida decisão (artigo,
93, IX do CF/88).

Do Cabimento do Recurso

A regra contida no art. 17 da Lei n.º 1060/50, que indica o


recurso de Apelação, como sendo a via adequada para a impugnação das
decisões tomadas em conseqüência da referida Lei, a Jurisprudência, bem
demarcando a hipótese e buscando a harmonização do preceito com a
sistemática recursal vigente, tem estabelecido que quando o pedido de
assistência jurídica gratuita não recebe autuação apartada, a questão se
traduz num mero incidente, merecendo apreciação via decisão interlocutória,
desafiando, portanto, o Agravo de Instrumento.

Por outro lado, quando for por força do parágrafo 2º do art. 4º


da Lei n.º 1060/50, a questão for remetida para um procedimento inicial, em
autos apartados, em virtude de impugnação oferecida pela parte adversa, aí
sim, será cabível a apelação.

Com efeito, caso esta Egrégia Câmara entenda ser a apelação


o recurso cabível à presente hipótese, este poderá ser recebido como tal, face
ao princípio da fungibilidade.

DA SUSPENSIVIDADE DO RECURSO

Requer o Agravante, na forma do art. 527, II do CPC, seja


atribuído efeito suspensivo ao presente recurso, face à iminência de dano de
difícil reparação, visto que os obstáculos levantados para o gozo dos
benefícios da GRATUIDADE DE JUSTIÇA, inviabilizam o prosseguimento da
medida ajuizada junto à Vara de origem.

2
Do Mérito

Inicialmente, afirma sob as penas da lei e de acordo com o art.


4º da Lei n.º 1060/50, ser pessoa juridicamente necessitada, não dispondo de
meios para arcar com o pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo do seu próprio sustento e de sua família, razão pela
qual faz jus aos benefícios da Gratuidade de Justiça, o que requer desde já.

Assim, o Agravante comprovou nos Autos do processo que


não possui qualidade financeira para arcar com as custas processuais, ao
passo, que é recebedor de beneficio do INSS, inclusive cumpre com
pagamento de pensão alimentícia.

Outrossim, o Agravante não possui outros meio de sustento,


tendo a sua renda como orçamento de sua família, sendo inviável o
pagamento das custas sem o prejudico de seu rendimento.

Neste sentido, que o Magistrado não atentou a situação


financeira do Agravante, indeferindo o beneplácito da gratuidade.

Ora, a Carta Magna de 1988 e a Lei n.º 1060/50 com as


respectivas modificações, não impõem que, para gozar da Gratuidade de
Justiça, o beneficiário perceba 01 (um) ou 10 (dez) salários mínimos, nem que
seja mendigo ou maltrapilho, nem mesmo que sua pretensão seja de valor vil.

Cabe ressaltar, que o presente processo trata-se de


reparação de danos, tratando-se de serviço de valor parco, que quando em
diversidade com o real foi contestado junto ao judiciário, assim, não tem como
arcar com taxa e custas processuais, e principalmente com honorários
advocatícios para patrocinar o presente feito.

Cristalino é o dissenso entre a decisão recorrida, face à Lei n.º


1060/50, art. 4º, § 1º e a própria Constituição Federal, ou seja, contrariando Lei
Federal e o próprio texto constitucional, dispondo o texto legal de forma clara e
taxativa que "a parte gozará dos benefícios da assistência judiciária,
mediante simples afirmação, na própria petição inicial de que não está
em condição de pagar as custas do processo e os honorários
advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família". (grifo
nosso)

A exigência legal restringe-se tão somente à declaração do


pretendente à gratuidade quanto à sua hipossuficiência financeira,
independentemente de comprovação de sua pobreza que, na hipótese, se
presume juris tantum, o que só é vencível por prova em contrário que emirja
de elementos objetivos dos autos e não de conjecturas subjetivas.

Apesar de fazer expressamente a afirmação de que não tem


condições de arcar com as custas processuais e os honorários advocatícios
sem prejuízo de seu próprio sustento, em consonância com o Diploma Legal
que disciplina a matéria, a Agravante teve a concessão do necessário
benefício, indeferida sem fundamentação plausível.

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A Gratuidade de Justiça não é um favor prestado pelo Estado
aos juridicamente necessitados, trata-se de um direito amparado pela
Constituição Federal e que por constituir-se um direito, deve ser interpretado
extensivamente, amplamente, a men legis é que o candidato à concessão dos
benefícios da Gratuidade de Justiça não possua condições de arcar com as
custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio
ou de sua família,.

É indubitável a necessidade há que ser jurídica e não, que o


pretenso beneficiário seja um miserável. Nesta linha de raciocínio,
encontramos os seguintes Acórdãos:

"...A Lei de Assistência Judiciária, para a concessão do


benefício, não exige que o interessado seja um miserável, um indigente. O que
ela exige é o requisito necessidade, e necessitado é aquele que não pode
litigar sem prejuízo próprio ou de sua família. Mais necessitado ainda é aquele
que não pode litigar de forma alguma, porque o que percebe mal dá para a
própria sobrevivência". (grifo nosso) 1ª C.C. do TJMG, REL. Des. Caetano
Carelos, j. 28.06.93, unânime).

Assistência Judiciária

"... Pobre não é apenas o miserável, o faminto, mas aquele


que mal ganha para sustentar com alguma dignidade a família, provendo-a
com o suficiente para a habitação, a saúde, a educação, a alimentação, o
transporte e o lazer". (Ap. Cível n.º 5.620/92, 1ª C.C. do TJRJ, Rel. Martinho
Campos).

Importa citar a lição de NAGIB SLAIB FILHO, em sua obra


"Comentários à Nova Lei do Inquilinato, Ed. Forense, 6ª edição, pag. 309:

"A partir do momento que, em nome da organização social, o


Estado proíbe o exercício das próprias razões (Código Penal, art. 345),
exigindo do indivíduo a utilização dos meios processuais, é dever do próprio
Estado facilitar a todos o acesso à justiça...". (grifo nosso)

Importante, ainda, mencionar a lição de ADA PELEGRINI


GRINOVER, in verbis:

"...A garantia de assistência jurídica (que é mais que


assistência judiciária) constitui um direito do cidadão que dela necessite por
qualquer razão, e um dever do Estado. Não se trata de mera garantia jurídico
formal, mas sim de garantia real efetiva, que o Estado é obrigado a assegurar
em cada caso, vencendo os obstáculos que se antepõem à sua concreção.
Daí deriva a necessidade de as diversas esferas do poder político organizarem
adequadamente seus serviços de assistência jurídica, a partir das
necessidades do "consumidor". (grifo nosso)

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Inafastável, pois, a antijuridicidade da decisão recorrida onde
se afronta o princípio da isonomia, notadamente ao amplo acesso à Justiça,
uma vez que sem a concessão dos benefícios pleiteados, não poderá o
Agravante, ver reconhecido o seu direito sucessório, por não possuir
condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios.

Ante o exposto, requer seja dado provimento ao presente


recurso, reformando-se a r. decisão agravada, Deferindo o Direito à
Gratuidade de Justiça ao Agravante por ser medida da mais lídima JUSTIÇA.

Espera Deferimento.
Nova Iguaçu, 02 de junho de 2010.

MARCELO PEREIRA DA SILVA


OAB/RJ 104542

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