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RESUMO
A Índia, país com características semelhantes a do
Brasil e potência regional, desenvolveu uma ampla Base
Industrial de Defesa (BID) a partir de sua independência.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar a forma
como se desenvolveu o processo do estabelecimento da
infraestrutura indiana e os principais ensinamentos que
podem advir dele. Esse artigo é um estudo qualitativo,
assinala-se por ser uma pesquisa do tipo aplicada,
composto por uma revisão de literatura com a finalidade
de detectar conceitos-chaves e melhorar o entendimento
dos dados. Além disso, verifica-se que quanto aos
procedimentos técnicos foi empregada uma pesquisa
bibliográfica, documental e de levantamento, com base
na análise de sítios eletrônicos,de artigos,de dissertações,
de relatórios e de livros que abordam o referido tema.
Assim, este trabalho investiga a BID indiana, focando na
origem e na sua evolução, na política de offset, na busca
da autonomia tecnológica, nos problemas do setor e na
atualidade. As considerações finais esboçarão conclusões
a respeito da indústria de defesa indiana referentes aos
principais ensinamentos verificados na sua evolução.
Palavras-Chave: Industrial de Defesa. Autossuficiência.
Política de offset. Índia.
¹ Mestre em Ciência Militares pelo Instituto Meira Mattos da Escola de Comando e Estado-
Maior do Exército (ECEME).
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INTRODUÇÃO
A Índia se destaca por sua emergente economia e por ser, assim
como o Brasil, uma nação com grande população multiétnica e multicultural,
além de um vasto território a ser defendido.
Dentro do contexto da nova ordem mundial, a Índia tem apresentado
forte desenvolvimento industrial (com destaque para área da tecnologia da
informação) e cada vez maior participação na geopolítica mundial, sendo
uma potência nuclear com forte atuação junto à Organização das Nações
Unidas (ONU), orientada por seu desejo de maior inserção no sistema
internacional.
Entre seus anseios junto à comunidade internacional, está o objetivo
de possuir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU
(CSNU), que deve ser respaldados não somente no campo econômico, mas
principalmente no componente militar, por intermédio de Forças Armadas
profissionais e uma dissuasória indústria de defesa, cuja autossuficiência é
sempre uma capacidade desejável.
Frente a esse ambiente, a Índia busca manter dois tipos de
“dissuasão”, a nuclear e a convencional. A primeira já foi alcançada há alguns
anos e se centra no medo da destruição mútua assegurada, enquanto a
segunda, baseada no convencimento por parte de um provável oponente da
impossibilidade da vitória (na emergência de um conflito armado), deve ser
constantemente buscada, uma vez que a constante evolução da tecnologia
que essa dissuasão seja perdida rapidamente.
Nesse sentido, o desenvolvimento de uma Base Industrial de Defesa
(BID) é de vital importância para o poder militar de um país, principalmente
num entorno estratégico tão complexo quanto o do Sul da Ásia, que possui
duas potências nucleares antagonistas (Índia e Paquistão), além de países
com presença de terroristas como o Afeganistão.
Logicamente, o governo tem papel fundamental sobre a BID,
a fim de possibilitar o completo desenvolvimento da infraestrutura de
defesa nacional e, consequentemente, gerando reflexos positivos na própria
economia por meio das exportações.
Nesse cenário, o Stockholm International Peace Research Institute
(SIPRI) descreve que, de 2010 até 2015, a Índia concluiu a exportação, entre
outros produtos de defesa, de 24 (vinte e quatro) viaturas Mine Protective
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Vehicle (MPV) para o Nepal, 3 (três) helicópteros leves SA-315B Lama para
o Afeganistão, 3 (três) sonares HMS-X para Myanmar e 3 (três) helicópteros
leves SA-316B Alouette-3 para o Suriname, proporcionando incremento na
balança comercial indiana (SIPRI, 2016).
Em contrapartida, o referido país tem tido alguns óbices para
consolidar seus esforços em desenvolver uma indústria de defesa nos
moldes dos países desenvolvidos. Enquanto parte da Índia parece estar
alinhada com a globalização presente no século XXI, alimentada por uma
economia dinâmica orientada para o mercado aberto, a indústria de defesa
apresenta menor dinamismo devido à existência de empresas pouco
competitivas e com baixa inovação (BITZINGER, 2014, p. 1).
Nessa seara, o presente artigo pretende discutir a BID indiana,
buscando verificar as peculiaridades e os ensinamentos da indústria de
defesa desse importante ator mundial e parceiro do Brasil e justifica-se pela
importância do tema (Base Industrial de Defesa), trazendo um estudo de
caso com um país similar ao nosso e com crescente projeção internacional.
Esse trabalho é um estudo qualitativo, assinala-se por ser uma
pesquisa do tipo aplicada (geradora de conhecimento para aplicação
prática), composto por uma revisão de literatura com a finalidade de
detectar conceitos-chaves e melhorar o entendimento dos dados. Além
disso, verifica-se que, quanto aos procedimentos técnicos, foi empregada
uma pesquisa bibliográfica, documental e de levantamento, com base na
análise de sítios eletrônicos, artigos, dissertações, relatórios e livros que
abordam o referido tema.
Desse modo, o artigo foi dividido da seguinte forma:
primeiramente analisam-se os conceitos e as definições sobre o tema; em
seguida discorre-se sobre o caso indiano, sua origem e evolução, sobre a
autonomia tecnológica, sua base industrial de defesa, a política de offset, os
problemas do setor e sua atualidade, finalizando com breves considerações
finais.
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
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AUTONOMIA TECNOLÓGICA
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P OL ÍT IC A DE O F F S E T S
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e. transferência de tecnologia;
f. obtenção de materiais e meios auxiliares de instrução;
g. treinamento de recursos humanos; e
h. contrapartida comercial.” (BRASIL, 2002).
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Long Range
Surface-to-Air Não revi-
Maio/11 Dez/15 2606,02
Missile (LR- sionado
SAM)
Fonte: BEHERA, 2013, p. 30
ATUALIDADE
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ABSTRACT
India, a country with characteristics similar to Brazil and
regional power, has developed an extensive Defense
Industrial Base (DIB) from its independence. Thus,
the aim of this study is to analyze how developed the
process of establishing the Indian infrastructure and
the main lessons that can come of it. This article is a
qualitative study, characterized as one kind of applied
research, consists of a literature review in order to detect
key concepts and improve understanding of the data.
Moreover, was used a bibliographical, documentary
and survey research, based on the analysis of electronic
sites, articles, dissertations, reports and books. This paper
investigates the Indian’s DIB, focusing on the origin and
evolution of the same, the offset policy, in the search for
technological autonomy, the industry’s problems and
nowadays. The final consideration presents the findings
on the Indian defense industry related to the main
teachings checked in its evolution.
Keywords: Defense Industrial Base. Self-sufficiency;
Offset policy. India.
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