A Riqueza e A Pobreza Das Nações (Resenha)
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RESENHA
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Resenha
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entre meados do sculo XVI at incio do sculo XIX, a classe mercantil japonesa prosperou:
o Japo no teve o calvinismo, mas seus homens de negcio adotaram uma tica de trabalho
semelhante. A chave est no compromisso mais com o trabalho do que com a riqueza (...) no
tem que ser um protestante weberiano para comportar-se como um deles. (LANDES, 1998, p.
407). Landes ressalta no necessariamente que as virtudes de hoje devam ser as virtudes de
amanh, isto , quer dizer que os japoneses lutaram contra a petrificao e a nostalgia, sob
os Tokugawa, e lanaram-se num esforo nacional com Meiji e seus sucessores, mas que, por
trs de tudo, estaria um sentimento de dever e de obrigao coletiva, distinguindo o Japo do
individualismo do Ocidente, mas sem deixar de ser, uma adaptao de sua tese weberiana
(LANDES, 1998, pp. 438-439).
Seguindo uma linha de pensamento crist, bem verdade que o pensamento enobrece
o homem. Contudo, se Landes compara naes culturalmente distintas, afirmando que uma
(Japo) no sofreu influncia do weberianismo, como comparar a realidade destas naes
numa mesma causa de desenvolvimento? Ao que me parece, essa forma de capitalismo moderno descrita por Weber e Landes, surgiu aps a Revoluo Francesa no sculo XVIII e a
Revoluo Industrial na Inglaterra no sculo XIX. Calvino tambm no o progenitor do
individualismo moderno que se encontra na base do capitalismo. No sculo XVI, o conceito
de conscincia individual, e mesmo de indivduo, era relativamente desconhecido. Essa idia
toma corpo muito aps o Renascimento, mais precisamente l pelo sculo XVIII. Creio que
no se pode atribuir tica protestante do trabalho o surgimento de um processo econmico
to complexo quanto o capitalismo moderno, sobretudo porque o processo de secularizao
religiosa bem posterior ao movimento reformado, tendo se iniciado a partir das concepes
racionalistas do sculo XIX.
Crticas a parte, a leitura desta obra certamente inflama a reflexo e o entusiasmo pela
pesquisa do desenvolvimento das naes.
WOLFIUS | Rio de Janeiro, v.1 n.2, p.34-37, jul-dez 2011 | ISSN 2236-9422
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